Educação para a Sustentabilidade julho de 2019
Julho 2019
Ficha técnica Coordenadora Susana Machado
Coordenadora-adjunta Cláudia Martins
Redatores Susana Machado Cláudia Martins Carina Rodrigues Ana Carvalho
Design e paginação Susana Machado
Design da capa e contracapa Patrícia Duarte Gonçalves
Contactos: fb.me/aarcadenoa m.me/aarcadenoa. https://issuu.com/formulas Os conteúdos e ideias publicados são da inteira responsabilidade dos autores dos artigos. 2
Conteúdo Nesta edição: Editorial Conto À Descoberta de Noa Transformar o Mundo…um objetivo de cada vez
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A importância do pequeno-almoço na infância, por Regina Correia Borges
14 16 20 24 28 34 38 42
A garfada de hoje é a saúde de amanhã por Elisabete Silva
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Desafios sustentáveis
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Sabias que? O Desperdício Alimentar por Cláudia Crespo Vamos fazer… Segredos das Abelhas : A solução vegetal
Entrevista: Animalife A fome além da comida por Teresa Ribeiro Sabes o que estás a comer? por Márcia Patrício
Ajudaram a tornar esta edição muito mais bonita É a brincar… Espreita a próxima edição
54 56 3
Editorial
A não perder nesta edição: O Desperdício Alimentar, por Cláudia Crespo, pág. 16 A fome além da comida, por Teresa Ribeiro, pág. 34 A importância do pequeno almoço na infância, por Regina Correia Borges, pág. 42 A Garfada de hoje é a saúde de amanhã, por Elisabete Silva,
Diz o 25º artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos que “ toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação…”. No entanto, por todo o mundo existem mais de 820 milhões de pessoas a passar fome… De certeza que todos nós, em qualquer altura das nossas vidas, já dissemos que tínhamos fome… mas a fome de que aqui vamos falar não é essa. O conceito de fome, segundo a FAO, referese a situações de privação intensa de alimentos ou nutrientes, habitualmente de forma crónica. Os motivos que estão na origem destas situações são de causas variadas—sociais, políticas, económicas e ambientais e tem repercussões nas faculdades mentais ou físicas das pessoas afetadas. E se muitas vezes somos levados a pensar que a fome é um problema que afeta apenas países em desenvolvimento, a verdade é que este é um problema que se sente também nos países mais desenvolvidos. O que gostaríamos também de transmitir nesta edição é que o direito à alimentação não só é comprometido quando existem situações de carência alimentar. 4
Muitas vezes e, sobretudo nas sociedades ocidentais, como a que vivemos, vivem-se situações de malnutrição por excessos no consumo de energia, proteínas e/ou outros nutrientes que originam também elas problemas a nível da saúde. O nosso desafio nesta edição, à semelhança do que tentamos sempre fazer, é trazer-te uma visão ampla (mais do que exaustiva) sobre o tema, permitindo que cries as tuas conclusões e que encontres pistas para construir as soluções que melhor se adequam à tua realidade. Até já! Susana Machado
www.instagram.com/susanamachado_autora www.facebook.com/susanamachado.autora susanamachado@formula-s.pt Www.formula-s.pt
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Conto
A Arca de Noa Escrito por Susana Machado
N
esse mesmo momento Noa toma uma decisão: ela vai descer à Terra Inferior e encontrar uma forma de salvar a mãe! Lucca assusta-se com a decisão de Noa.
- Não podes estar a falar a sério - diz Lucca – Tu não sabes os perigos que podes correr na Terra Inferior! Além disso, os mais velhos nunca permitirão que o faças! Mas Noa está decidida e não há argumentos para a convencer a ficar! – Confio em ti para guardares o meu segredo, Lucca, e acima de tudo, confio em ti para cuidares da minha mãe, como se fosse a tua, enquanto eu estiver lá em baixo! E passados três dias, enquanto todos estavam ocupados em correr atrás de uma nova nuvem, Noa deixou-se ficar para trás e desceu à Terra Inferior.
II Na Terra Inferior as coisas não têm o mesmo brilho que em Coelum, no entanto, aos olhos de Noa, tudo parece radiante e belo. Como é bom poder ver coisas novas e diferentes. E as cores… existem tantas cores cá em baixo que a nossa amiga sente dificuldade em adaptar-se nos primeiros momentos! Por onde começar a sua busca? Se ao menos tivesse
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a mesma certeza e coragem que sente cada vez que tem a mão da mãe junto à sua… ao pensar na mãe doente não consegue evitar uma lágrima, mas estranhamente é uma lágrima repleta de força que lhe dá um novo ânimo para lutar, para procurar respostas e soluções. Noa caminha durante horas decidida, mas perdida, até chegar a uma pequena aldeia. À primeira vista parecia deserta e tão calma como o Coelum, mas, depressa percebe que estárepleta de movimento e vida. O fumo nas chaminés, um gato que despreocupadamente dorme numa janela, o ruído quase imperceptível de uma serra a cortar lenha… aos poucos a aldeia parece ganhar vida diante dos seus olhos e, nesse momento, Noa entende o que os anciãos queriam dizer quando lhe explicavam que não podemos confiar nas aparências, que é preciso saber olhar para as coisas. Tal como ela inicialmente não conseguia ver a aldeia, parecia que esta também não a via mas, por trás de si, um par de olhos atentos observavam a sua presença. Noa assustou-se quando foi interpelada por uma voz suave: - Olá, como te chamas? Quando se voltou viu uma menina de longas tranças pretas e uns grandes olhos negros que a miravam com um sorriso sincero. - Olá - respondeu – chamo-me Noa e tu? - Tens o cabelo da cor da Lua…Eu sou a Clara. A minha mãe deu-me este nome por ter uma pele tão clara comparada 7
Conto
com o meu cabelo. – Sorriu novamente – Acho que foi porque nunca te viu! - Tu já viste a Lua? - Claro que já via Lua! Tu não?! Olha-a ali! Noa seguiu o braço de Clara até ao céu e viu a Lua que começava a surgir, indicando a noite que se aproximava.
A noite…a sua primeira noite… De repente, Noa sentiu medo e pensou se teria agido da melhor forma ao deixar o Coelum. É sempre assim, quando enfrentamos o desconhecido, surge o medo, o receio, as dúvidas. Mas pensou na mãe, gostava tanto dela que estava disposta a enfrentar tudo e todos para a salvar. E agora já não estava sozinha… - Queres vir brincar para minha casa? Vai pedir à tua mãe!
- A minha mãe…eu…eu estou sozinha… - Sozinha?! Deve ser triste não ter ninguém…mas agora estás comigo. Vamos! Noa ficou com Clara essa noite. Brincaram, conversaram, conheceram-se melhor e perceberam que gostavam de muita coisa em comum, embora os seus mundos fossem diferentes. À hora do jantar a nossa amiguinha sentiu-se reconfortada. É claro que não era a comida da mãe, mas 8
conseguia sentir o calor de um verdadeiro lar pela primeira vez desde que tinha chegado.
(Continua na próxima edição)
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À Descoberta de Noa
“À hora do jantar a nossa amiguinha sentiu-se reconfortada. É claro que não era
a comida da mãe, mas conseguia sentir o calor de um verdadeiro lar pela primeira vez desde que tinha chegado.”
A alimentação, para além de ser uma necessidade elementar dos seres vivos, é também um ato cultural.
Faz uma lista dos teus alimentos/pratos preferidos.
Compara a tua lista com os teus colegas.
Que diferenças e semelhanças encontras?
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Agora faz uma pesquisa na internet. Tenta descobrir quais os pratos tradicionais:
Das diferentes regiões de Portugal;
De países distantes como, por exemplo, Índia, China, Japão,
México, Estados Unidos, Tailândia, Marrocos
Quais as principais diferenças relativamente à tua lista?
Escolhe o prato que te parecer interessante. Pesquisa a sua receita.
Desafia a tua família a experimentar!
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Transformar o Mundo Um objetivo de cada vez...
No mundo ainda existem mais de 820 mil pessoas que são afetadas pela fome. Este número tem tendência a aumentar e, por isso, acabar com a fome é o segundo dos objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pelas Nações Unidas. Conhece aqui as metas que fazem parte desse objetivo:
“Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em
particular os mais pobres e pessoas em situações vulnerável, incluindo crianças, a uma alimentação de qualidade, nutritiva e suficiente durante todo o ano;
Até 2030, acabar com todas as formas de desnutrição, incluindo atingir, até
2025, as metas acordadas internacionalmente sobre nanismo e caquexia em
crianças menores de cinco anos, e atender às necessidades nutricionais dos adolescentes, mulheres grávidas e lactantes e pessoas idosas
Até 2030, duplicar a produtividade agrícola e o rendimento dos pequenos
produtores de alimentos, particularmente das mulheres, povos indígenas, agricultores de subsistência, pastores e pescadores, inclusive através de garantia de acesso igualitário à terra e a outros recursos produtivos tais como conhecimento, serviços financeiros, mercados e oportunidades de agregação de valor e de emprego não agrícola 12
Até 2030, garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e
implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade
de
adaptação
às
alterações
climáticas,
às
condições
meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo
Até 2020, manter a diversidade genética de sementes, plantas cultivadas,
animais de criação e domesticados e suas respetivas espécies selvagens, inclusive por meio de bancos de sementes e plantas que sejam diversificados e bem geridos ao nível nacional, regional e internacional, e garantir o acesso e a repartição justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados, tal como acordado internacionalmente
Aumentar o investimento, inclusive através do reforço da cooperação
internacional, nas infraestruturas rurais, investigação e extensão de serviços agrícolas, desenvolvimento de tecnologia, e os bancos de genes de plantas e animais, para aumentar a capacidade de produção agrícola nos países em desenvolvimento, em particular nos países menos desenvolvidos
Corrigir e prevenir as restrições ao comércio e distorções nos mercados
agrícolas mundiais, incluindo a eliminação em paralelo de todas as formas de subsídios à exportação e todas as medidas de exportação com efeito equivalente, de acordo com o mandato da Ronda de Desenvolvimento de Doha
Adotar
medidas para garantir o funcionamento adequado dos mercados
de matérias-primas agrícolas e seus derivados, e facilitar o acesso oportuno à informação sobre o mercado, inclusive sobre as reservas de alimentos, a fim de ajudar a limitar a volatilidade extrema dos preços dos alimentos”
Fonte: https://www.unric.org/pt/ods-link-menu/31971-objetivo-2-erradicacao-da-fome
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Sabias que…? A
FAO (Food and Agriculture Organization) é
a agência especializada das Nações Unidas responsável pelo combate à fome a nível mundial? Subnutrição
= Nutrição má ou deficiente.
= SUBALIMENTAÇÃO ≠ SOBRENUTRIÇÃO, SUPERNUTRIÇÃO Caxequia
uma síndrome complexa e multifatorial que se
caracteriza pela perda de peso, atrofia muscular, fadiga, fraqueza Nanismo
é um transtorno que se caracteriza por uma deficiência
no crescimento Agricultura
de subsistência—aquela que tem como objetivo
garantir sobrevivência do agricultor e agregado familiar, sendo os produtos usados na sua alimentação e em alguns casos para venda de excedentes em mercados locais que permitem um rendimento extra. Entre
2016 e 2017 o número de pessoas a
passar fome aumentou em cerca de 6 milhões?! Segundo
o O Estado da Segurança
Alimentar e Nutrição no Mundo 2018 , em 2017, uma em cada nove pessoas no planeta foi vítima da fome; Os
principais motivos que estão na
base da subnutrição estão 14
"subnutrição", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https:// dicionario.priberam.org/subnutri%C3%A7%C3%A3o [consultado em 06-2019].
relacionados com crises económicas, conflitos armados e fenómenos meteorológicos extremos (como secas ou inundações); As
alterações no clima estão diretamente
relacionadas com o aumento de situações de fome, na medida em que afetam as culturas agrícolas, que estão na base da subsistência de muitas famílias? Em
2017 as secas foram responsáveis por 83% de todas as perdas e
danos à agricultura e as inundações por 17%? “Além
do tradicional indicador de fome relatado pelo
levantamento, a análise da FAO apresenta um indicador de insegurança alimentar grave, calculado a partir de pesquisas em domicílios.” Apesar
da subnutrição ser um problema que afecta gravemente
um número muito grande de crianças, em algumas regiões, a obesidade infantil começa a ser um problema preocupante.
Dados: https://nacoesunidas.org/
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O Desperdício Alimentar Por Cláudia Crespo Pesquisadora e autodidata em alimentação saudável, simples e alternativa. Da paixão por alimentação, iniciei o projecto cozinha integrativa*. www.cozinhaintegrativa.com
Um tema problemático mundial que começa a ganhar consciência na nossa sociedade, mas continua a ser um longo caminho a percorrer.
O que é o desperdício alimentar? O desperdício alimentar resulta de alimentos que são descartados ou não consumidos.
As causas do desperdício acontecem em todas as fases, desde a sua produção até ao consumidor final.
No entanto, a nossa realidade no mundo "desenvolvido", é que mais de 50% do desperdício de alimentos ocorre em nossas casas. Enquanto isso, milhões de pessoas vão para a cama com fome e malnutridas todas as noites, e um quarto da comida desperdiçada mundialmente, poderia alimentar suficientemente cada uma destas pessoas. 16
Esta é uma realidade problemática que acarreta igualmente problemas a nível ambiental. O lixo orgânico descartado nas lixeiras emite gases tóxicos muito fortes, pior que o dióxido de carbono, contribuindo para o aumento do ozono na atmosfera.
E como podemos minimizar o impacto que o desperdício, afecta a nível ambiental e social? Podemos todos contribuir individualmente com pequenas atitudes em casa e nas compras que fazemos para reduzir a quantidade de comida que desperdiçamos. Estas atitudes podem fazer uma enorme diferença, se feito pela maior parte da nossa população. Seria importante alertar e partilhar as seguintes técnicas com os nossos familiares, amigos, colegas, nas escolas, entre outros meios de comunicação. Estas técnicas podem ser feitas com pouco esforço por cada um de nós, o que irá certamente contribuir para um menor desperdício. 17
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E lembre-se que a sua comida está no seu melhor quando está no seu prato, pronta para ser saboreada. Perfeita no frigorifico pronta para ser consumida. Guardada e conservada no congelador para outra altura, mas no seu pior quando está no lixo. Pensar que cada alimento que nos é fornecido pela mãe natureza foi cuidadosamente energizado para nos nutrir e fortalecer o nosso corpo de forma a desenvolvermos de forma saudável.
Faz parte da sustentabilidade, retribuir de forma igual a nivel ambiental e social.
*O projecto cozinha integrAtiva ajuda a simplificar a prática de cozinhar em casa com ingredientes verdadeiros, planificar menus semanais com listas de compras, juntamente com organização de cozinhas, despensas e frigorifico. Minimizando o consumo a processados e industrializados assim como o desperdício alimentar.
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Vamos fazer… Por Carina Rodrigues Mãe a tempo inteiro. Acredita que com pouco se pode dar muito. Apaixonada por crianças, artes plásticas e trabalhos manuais, adora pegar em coisas aparentemente sem utilidade e transformá-las em diversão
Suporte para bolos ou docinhos ( pode ser usado em casa para uso diário, assim como para festas)
Material: - 2 bandejas de esferovite de tamanhos diferentes; - 1 rolo de papel (de papel alumínio ou película (são mais resistente) - 2 latas de atum - retalhos de tecido para forrar o suporte; - cola branca ou cola quente - tesoura - pincel - fita - Areia ou pedrinhas
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Cortamos o rolo de papel de acordo com a altura desejada. Em seguida cortamos dois pedaços de tecido suficiente para forrar as bandejas.
Passamos cola em toda a superfície da bandeja maior (que vai ficar em baixo, colamos o tecido na bandeja, não nos podemos esquecer de ir esticando o tecido sobre a cola. Cortamos excesso de tecido com uma tesoura (deixar cerca de 1 cm) que deve ser colado na parte de trás da bandeja. Agora cortamos e colamos um pedaço tecido na parte de trás da bandeja. Se precisarmos de retificar o tamanho do tecido termos de deixar a peça estiver completamente seca. Cortamos outro tecido com tamanho suficiente para forrar o rolo, passamos cola no rolo e cole o tecido. Cortamos mais dois pedaços de tecido o suficiente para forrar a outra bandeja. Fazemos para esta bandeja o mesmo que fizemos com a maior.
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Vamos agora fazer a base do suporte de doces, ( como nรฃo entra em contacto com a comida podemos pintar as latas de atum com a tinta que quisermos). Para dar estabilidade na peรงa vamos preencher com areia ou pedrinhas (que deverรก estar dentro de um saquinho). Passamos cola na latas e colamos a caixinha na parte de baixo da bandeja maior. Depois da bandeja pronta podemos deixรก-la assim simples ou decorar a gosto. Eu, como tinha ali uma fita azul que pouco ou nenhum uso tem, resolvi usar.
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Dispensador de especiarias rotativo Material: - 1 spinner - 1 prato - cola quente
Colocamos cola quente no centro do spinner e colamos na parte debaixo do prato (centrado).
E estรก pronto!
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Segredos das Abelhas Por Cláudia Martins Professora do 1º ciclo. É uma ativista, apaixonada por animais, desde o dia em que nasceu. Por eles, dedica-se a aprender mais sobre saúde e bem-estar. cpatmartins@gmail.com
A Solução vegetal Desengana-te se pensas que vais ler aqui um manifesto à vida vegan. Vegan, ou o veganismo, é um modo de vida, não uma dieta ou uma moda ou apenas uma opção de alimentação. Contudo, tendo em conta o tema d’A Arca desta edição, vamos analisar o impacto do consumo da carne não só no planeta, mas também nas pessoas que nele habitam. Falaremos de factos, não de suposições. Como te disse antes, isto não é uma defesa a um modo de vida. Servirá apenas de esclarecimento e para que possas ver que há alternativas menos nefastas ao meio que nos rodeia, nomeadamente no que concerne a alimentação.
Preparado/a? 24
Criar animais para alimentação em regime de pecuária intensiva ocupa actualmente mais de um terço do solo fértil do planeta. Imagina se todo este espaço fosse usado para cultivar plantas que efectivamente seriam usadas para alimentação! Para te explicar de outra forma, todos estes animais alimentados com plantações gigantescas de soja irão para abate, mas não chegarão às bocas dos cerca de 815 milhões de pessoas que não têm o suficiente para comer.
Porquê? Será que a produção animal não é suficiente?
Nada disso. É mesmo só uma questão de dinheiro. De dinheiro, de política, de guerras.
As pessoas que morrem à fome no mundo inteiro não têm meios económicos suficientes para comprar alimentos para que possam sobreviver.
Um estudo recente pela Lancaster University mostra que estas pl antações de que falei anteriormente seriam suficientes para alimentar os milhões de 25
Portanto, a indústria animal não é uma opção sustentável onde quase um bilião de pessoas não tem acesso a comida suficiente para sobreviver!
humanos à fome no mundo. Mesmo com o crescimento da população previsto até ao ano de 2050! Só uma nota antes de avançar: falei até aqui da pecuária intensiva, mas a actividade piscatória é também uma das que mais contribui para a destruição do habitat aquático e a poluição dos oceanos com as redes de pesca. Além de não respeitarem a quota atribuída a cada país para o número de animais que lhes são permitidos pescar e, por isso m esm o, as popul ações de determinadas espécies não têm tempo de crescer e de se reproduzirem, tornando-as em risco.
A famosa sardinha dos nossos Santos Populares é um excelente exemplo disso mesmo.
O gás metano originado dessa mesma indústria é também apontado como um dos maiores causadores do chamado efeito estufa, de que deves já ter ouvido falar, e que desempenha um papel relevante no aquecimento global da Terra.
Qual a solução então? A vegetal!
Não, sozinhos não podemos fazer muito, mas muitos podemos mudar alguma coisa. E talvez comece por ser o suficiente.
Os consumidores (tu és também consumidor, não te esqueças!) devem afastar-se da dependência de produtos de origem animal, como os ovos, carne e o leite (já sem falar do peixe).
E substituir estes ingredientes – porque é apenas isso que são na tua al imentação: simples 26
ingredientes! – por outros à base de plantas, que são óptimas fontes de proteína e outros nutrientes, como vegetais, grãos, nozes, sementes, legumes e frutas. Por outro lado, governos e legisladores também precisam assumir um papel relevante em criar uma dieta global capaz de alimentar toda a gente enquanto protege o ambiente. Os falhanços da industria animal, incluindo a sua contribuição para a fome e a emissão de gases do efeito estufa, podem não ter sido intencionais, mas nada disso nega a necessidade urgente de avançar para métodos de produção alimentar mais saudáveis e ambientalmente sustentáveis.
Porque não começas já tu? .
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Entrevista
O direito à alimentação é inerente a todos os seres vivos e não apenas aos humanos. No entanto, os animais são frequentemente privados deste direito, sobretudo quando os seus tutores se encontram em situações de carência económica ou exclusão social. De forma a conhecermos melhor esta realidade, nesta edição entrevistamos a Associação Animalife e o seu trabalho. www.animalife.pt
Como surgiu a ideia que esteve na base da criação da Animalife? A ideia surgiu da necessidade de ajudar as Associações de Proteção Animal a divulgarem de forma massiva os animais que têm para adoção, através da criação de uma Rede Social, que tornasse isso possível. Com a implementação da Rede Social Animalife, fomos adquirindo um maior conhecimento sobre as necessidades e dificuldades das Associações, assim como a procura constante de soluções que visem a diminuição do número de animais abandonados em Portugal.
Compreendemos que só é possível diminuir o número de animais abandonados em Portugal se atuarmos na raiz do problema, ou seja, nas suas causas, pelo que foi necessário a criação de programas que sejam um apoio às famílias carenciadas e pessoas em situação de sem abrigo, que não têm recursos para manter os seus animais. Pode-nos falar um pouco sobre o tipo de trabalho desenvolvido pela associação no quotidiano? A Animalife atua numa vertente de sensibilização e prevenção do abandono de animais. Temos vários programas de apoio 28
que englobam famílias, pessoas em situação de sem abrigo e associações. No caso das famílias carenciadas com animais de companhia que, de repente, se defrontam com uma situação de pobreza e acabam por deixar de ter meios para manter os seus animais, a ajuda da Animalife passa por assegurar que não tenham de se ver obrigados a abandoná-los num canil municipal ou numa associação. A nossa ajuda pode ocorrer de duas maneiras diferentes:
Por um lado, garantimos a esterilização dos animais, para evitar ninhadas indesejadas;
Por outro lado, garantimos um apoio regular dos animais destas famílias, quer ao nível da alimentação, quer ao nível da vacinação e desparasitação.
Já no caso das Pessoas em Situação de Sem Abrigo, muitas vezes, não pensamos no quão difícil pode ser o processo de 29
reintegração destes indivíduos na sociedade, já que muitas das estruturas que os procuram reintegrar não estão preparadas para receber os seus animais. Como tal, estas pessoas não saem da rua. A Animalife, em parceria com as instituições que ajudam as Pessoas em Situação de Sem Abrigo procura fazer uma avaliação das necessidades dos animais destas pessoas. De seguida, garantimos a alimentação, esterilização, vacinação, identificação eletrónica e desparasitação dos seus animais, bem como preparamos planos de ação que visam acompanhar o desenvolvimento das
necessidades destes animais e a evolução da situação destes agregados. Além disso, também temos associações inscritas no nosso programa de apoio. Estas associações estão presentes no Banco Solidário Animal (organizado pela Animalife)e todos os lucros que forem angariados pelas mesmas seguem diretamente para os seus abrigos, de forma a melhorar as condições de vida dos animais ao seu cuidado. Além disso, auxiliamos estas associações com a desparasitação, vacinação e esterilização.
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Quais foram as maiores dificuldades para conseguir implementar a Animalife? E quais as maiores dificuldades que sentem ainda, hoje em dia, a nível das recolhas e a nível dos beneficiários? As principais dificuldades desde o início, assim como atualmente, estão relacionadas com a obtenção de recursos suficientes (humanos, materiais e financeiros) para suprir as necessidades da Animalife, face aos pedidos de ajuda que recebemos diariamente. Atendendo ao facto da Animalife ser uma associação de apoio a animais, com um âmbito de atuação bastante diferente das restantes associações existentes (visto que não recolhemos animais), sentimos também uma maior necessidade de sensibilizar sobre a importância de apostar na prevenção e não somente nos resultados do problema do abandono. Sentimos igualmente uma enorme vontade de querer fazer mais e melhor, nomeadamente no que diz respeito às recolhas de bens alimentares, participar num maior número de lojas, situação que depende da participação de voluntários, para garantir o correto funcionamento das campanhas.
De que forma a pobreza das famílias afeta os animais de estimação? Vivemos num país, onde as pessoas têm acesso a cuidados básicos, saúde e educação de forma gratuita ou pelo menos comparticipada, com exceção das situações que dizem respeito aos animais. Verificamos que existem um conjunto de obrigações legais associadas à detenção de animais de companhia, como é o caso da vacinação antirrábica, identificação eletrónica, registo e licença. No entanto não estão previstas isenções, mesmo quando verificadas as situações de carência do agregado familiar, significando que as pessoas que são pobres são, na realidade, punidas por terem animais e não conseguirem garantir as obrigações legais. Todas as despesas relacionadas com os animais implicam sempre um desdobramento da vertente financeira e há casos 31
em que as pessoas não têm capacidades económicas para garantir a sua própria sobrevivência, quanto mais a dos seus animais. Nesses casos, a pobreza impede o acesso dos animais a cuidados básicos de saúde, como serem vacinados e/ ou desparasitados, ficando expostos a um maior risco de doenças. Nas situações de pobreza extrema, em que não existem meios sequer para garantir a alimentação dos animais de companhia, impõe a necessidade de entrega dos animais nos canis municipais ou nas associações locais.
Quais os objetivos para o futuro da Animalife? Esperamos que no futuro, a nossa resposta possa chegar a um maior número de utentes, para que se verifique uma redução significativa do número de animais abandonados. Estas metas andam lado a lado com um outro objetivo: ter mais centros de armazenagem e distribuição para que nos possamos aproximar da nossa população alvo.
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Esta publicação é direcionada a crianças e jovens. Que mensagem gostariam de lhes transmitir? O nosso apelo prende-se maioritariamente com o tema da adoção responsável. Aos jovens, pedimos que pensem bem antes de procederem à adoção de um animal. Isto porque os animais não servem só para brincar ou passear. Se o animal tiver de fazer alguma intervenção cirúrgica ou tiver alguma doença há sempre um maior volume de despesas. Da mesma maneira, os animais têm de se alimentar, têm de ser vacinados e desparasitados numa base constante, o que implica custos e dedicação para com o animal. Quando se adota, é preciso ter-se em conta que o abandono NÃO é uma opção. É preciso analisar-se todo o contexto da situação profissional e financeira da família que pretender adotar um animal, para se ponderar a adoção. É preciso uma maior envolvência dos jovens no trabalho das associações de proteção animal locais e uma maior ajuda na melhoria da realidade dos animais que precisam de um lar. Quem quiser tornar-se voluntário, ou apoiar a Animalife de outras formas, o que deverá saber antes de começar? A participação de voluntários é fundamental para o sucesso das iniciativas da Animalife, especialmente das campanhas de recolha de alimentos, que dependem da participação de mais de 4000 voluntários para fazer chegar alimentos aos animais que vivem nas associações de norte a sul do país. Para além da participação de voluntários, seja nas campanhas, seja na vida ativa da associação distribuindo os bens aos utentes mais carenciados, também é possível ajudar de forma pontual com bens, especialmente brinquedos e acessórios, como é o caso de mantas, transportadoras, medicamentos, essenciais para o bem-estar animal, que de outra forma estes animais não terão acesso. A contribuição financeira é também uma das formas de ajuda, que pode ser dada à Animalife, visto que a associação comparticipa todas as despesas médico-veterinárias dos animais dos nossos utentes, que não têm como suportá-las. Muito obrigada pela vossa disponibilidade! 33
Teresa (Tuka) Ribeiro Coach de Saúde e Nutrição Funcional, com foco em crianças e famílias. Fundadora da Sementte, projeto onde tem como missão transformar a alimentação e lifestyle de uma forma funcional e simples, ensinando estratégias para ter saúde e qualidade de vida. www.sementte.pt
A fome além da
comida!
A fome vai muito além daquilo que ingerimos como alimento físico, e nas crianças não é muito diferente. Devemos cada vez mais ter em atenção, o que temos à nossa disposição. Nesta nova era temos tudo à distância de um click, seja alimentos, emoções, sentimentos ou ações.
E tudo isto interfere alimentarmos.
na
decisão
final
de
nos
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Ora vejamos, se és uma criança bastante energética, vês mais de 3 horas de tv ou tablet por dia, que dormes tarde, não tens acesso à natureza, terás muita vontade de comer alimentos industrializados, com químicos, açúcares, corantes e conservantes. Porquê? Pois bem, todo este estilo de vida estimula ao aumento do nosso cortisol, à ansiedade e stress, pedindo alimentos, crocantes e doces, dando picos de adrenalina e exaustão. Assim é essencial que tenhamos ferramentas para cuidar melhor de nós, tendo melhores hábitos, tendo sempre em consideração a quantidade e qualidade dos alimentos físicos. O lema, descasca mais e abre menos, é uma boa ilustração, mas também, devemos entender a importância do sono no metabolismo e criar hábitos saudáveis como:
Diminuir a intensidade da luz apartir das 19:00 ou 20:00 Evitar ver tv ou tablet 2 horas antes de dormir
Evitar banho com as luzes brancas fortes pelo menos 45 minutos antes de dormir
Ter o hábito de ir para espaços ao ar livre, estar em contacto com a natureza e criando imunidade
Cuidar o máximo da microbiota (bactérias, fungos, virus, e fermentados)e introduzir probióticos como, kefir, kombucha, kimchi, ou próbiotico manupulado (quando necessário).
Baixar o consumo dos açúcares, mesmo os que estão “escondidos” nos iogurtes, gelatinas, bolachas, mousses (e outros produtos industrializados);
Diminuir o consumo de industrializados em geral;
Aumentar a ingestão de alimentos frescos;
Comer pelo menos 3 peças de fruta diariamente;
Nas refeições principais metade do prato deve ser de vegetais e/ou frutas
Aumentar a ingestão de grãos integrais , pseudogrãos, sementes e oleoginosas
Usar gorduras boas como óleo de coco, omega 3, ghee (manteiga clarificada)
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A fome vai além do que colocamos na boca todos os dias, ao ter todas estas ferramentas, mudanças irão surgir, acabaremos por entender que a fome está associada a tudo que fazemos, pensamos e como agimos. É fundamental fazer uma higiene mental diária nesses tópicos, e o que nos pode ajudar? Meditação, yoga, atividades em família em tempo de qualidade, sem aparelhos eletrónicos, um passeio à beira mar...é só usar a imaginação e entender o que é mais funcional para a nossa família. E lembrem-se: descasquem mais e abram menos!
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Receita de Nutrissinho de Manga Doses: 4 Tempo de Preparação: 45
Ingredientes
100 gr de inhame 100 gr de manga 1/2 banana ou duas tamaras caso querias adoçar 1 colher de chá de manteiga de amendoim 1 colher de sopa de canela 1 colher de chá de gengibre 4 colheres de sopa de água de cozer o inhame 1 colher de chá de proteina vegetal (opcional) 1/2 abacate (opcional)
Instruções Descascar o inhame, e cortar em pedaços pequenos Cozer o inhame por 20 minutos, eu cozi a vapor na bimby Após estar cozinhada, colocar no processador de cozinha o inhame, e todos os restantes ingredientes e bater até estar um creme bem suave. Se gostares do nutrissinho mais liquido acrescenta um pouco mais de água da cozedura. E está pronto, basta colocar em potinhos.
Mais sobre esta e outras deliciosas receitas em www.sementte.pt
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Márcia Patrício Mestre em Engenharia Zootécnica, pintora de banda desenhada e agricultora. Apaixonada por uma alimentação natural e sustentável. Autora do blog Temperos da Argas onde há 10 anos partilha a sua caminhada por uma alimentação cada vez mais saudável. Acredita que na cozinha se criam laços, tradições e se aprente a valorizar o alimento e quem o prepara, como tal, as suas filhas colocam muitas vezes a "mão na massa" e contribuem para a preparação de refeições e lanches.
www.temperosdaargas.wordpress.com
Sabes o que estás a comer? As embalagens de produtos infantis são apelativas e divertidas. Identificam-se facilmente e escondem no interior um produto de sabor que reconhecemos facilmente e nos fica gravado na memória. A maioria dos produtos embalados são ricos em açúcar, facilmente ultrapassando a quantidade de açúcar recomendada para uma vida saudável pela Organização Mundial de Saúde. São também ricos em farinhas de baixa qualidade, em aditivos e em gorduras hidrogenadas - gorduras transformadas industrialmente - com efeito na saúde do coração
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Aprender a ler rótulos Vamos analisar a lista de ingredientes deste produto-exemplo de croissants: Farinha de TRIGO, óleos e gorduras vegetais, açúcar invertido, dextrose, glicerina, soro de LEITE em pó, levedura, OVO, emulsionantes (E-471 e E-472e), sal, proteína do LEITE, conservantes (E-282 e E-202), aromas, estabilizadores, agente de tratamento da farinha (ácido ascórbico) e corante (caroteno). Pode conter vestígios de Frutos de casca rija, Soja, Sementes de sésamo.
A ordem dos ingredientes: Os ingredientes estão escritos no rótulo por ordem. Assim, o primeiro ingrediente é o que está presente em maior quantidade. 39
A maiúsculas e negrito surgem os alergénios: Os alimentos com maior probabilidade de causarem alergias, surgem em maiúsculas para que sejam mais facilmente identificados. Aditivos: Os
aditivos reconhecem-se facilmente por terem nomes que tu não conheces e alguns pode ter a letra “E” seguida de 3 números. Pretendem: Prolongar a validade do produto. Manter a textura fofa meses após a sua produção. Marcar a memória e ser facilmente identificados com a marca em questão. Vestígios: No final surge e a lista dos alimentos que se encontram numa quantidade pequena, que pode, no entanto ser de grande relevância em caso de alergias ou intolerâncias.
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Desafio: Vamos para a cozinha? A maioria dos ingredientes do produto-exemplo acima não se encontra disponível para compra pelo consumidor comum. Os ingredientes base dos croissants, bolachas e bolos são os que encontrarás facilmente na despensa da tua casa: Farinha, manteiga, açúcar, ovo, leite, baunilha e fermento.
Prepara com os teus pais os lanches da semana. É divertido e podes adaptá-los ao teu gosto:
Procura na net ou em livros de cozinha uma receita do que queres preparar;
Escreve a lista de compras;
Vai com os teus pais para a cozinha, e vais ver que é super-divertido preparar aquilo que comemos e a tua saúde agradece!
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Por Regina Correia Borges
Psicóloga clínica ou como as crianças a chamam “a doutora dos sentimentos”. Tem a importante missão de ajudar crianças, adolescentes e também adultos a compreender os seus sentimentos e pensamentos. Mãe de 2 crianças, educa os seus filhos com base numa parentalidade positiva e consciente: do ambiente que têm à sua volta e de que temos que fazer mais e melhor pelo meio ambiente.
A importância do pequeno almoço na infância
Todos nós beneficiamos em tomar o pequeno-almoço, no entanto, quando somos crianças e adolescentes esta refeição ainda é mais relevante, dado à fase de crescimento e desenvolvimento em que nos encontramos.
Assim nunca devemos sair de casa sem tomar um pequeno-almoço equilibrado, e este é um hábito que devemos adquirir desde pequenos, pois os benefícios são inúmeros e contribuem para a reposição da energia após o jejum noturno, para o aumento do nível de atenção, concentração, memória, estado de humor e desempenho escolar.
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“comer com Mindfulness”. Esta é, nada mais nada menos, do que uma prática focada no cultivar da “consciência do momento” durante as refeições.
Assim somos convidados a “prestar atenção” à comida com atenção plena, construindo-se uma consciência sobre alguns sinais físicos, tais como fome e
E como se cria o hábito de
saciedade.
tomar o pequeno-almoço? Cria-se em casa, sabemos que as manhãs são sempre uma correria..., mas é importante que nessa correria, se
com centros de prazer que se ativam quando
comemos
(mecanismo
que
assegura a sobrevivência).
aprenda a relaxar. Cabe
O nosso cérebro está programado
sobretudo
aos
pais
e
educadores agir com naturalidade, de forma, a não transmitir ansiedade para os seus filhos, pois estes comportamentos não ajudam em nada a relação que
Por
outro
lado
também
experienciamos a fome e, se repararem bem, quando sentimos fome é nos difícil direcionar
a
nossa
atenção
e
concentração para algo que não seja a comida. Por sua vez, após comermos e
estes têm com a comida.
A alimentação tem e deve de ser
algo natural.
se comermos algo que nos é prazeroso, a nossa energia é restabelecida e
voltamos a conseguir concentrar-nos.
É importante resgatar o sentar à mesa às refeições, sem televisões, tablets ou telemóveis. Sentem—se durante 10 a 15 minutos a desfrutar e saborear o pequeno-almoço e a companhia, de forma, a fortalecer os laços familiares. Vamos
ter
uma
perspetiva
Mindfulness em relação à comida ou
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De fato, existe uma ligação direta
Devemos evitar tudo o que sejam
entre o nível de satisfação com a
açúcares simples e refinados tais como
comida
concentração,
(bolachas, bolos, gelados, refrigerantes,
através do Mindfulness aprendemos a
etc.), fazendo a substituição por hidratos
desfrutar
de carbono complexos, tais como os
e
a
das
associadas
a
posteriormente
nossa
sensações cada
que
estão
alimento
aprendemos
a
para os alimentos de outra forma.
e
cereais integrais (arroz, aveia, millet, etc.)
olhar
e leguminosas (feijão, grão, lentilhas, etc.).
Os açúcares simples são absorvidos rapidamente pela corrente sanguínea, provocando um desequilíbrio químico que afeta a memória e a
concentração. 44
Assim, optemos por alimentos importantes para o cérebro e que ajudem a promover e melhorar os nossos níveis de atenção e concentração, tais como:
Ómega 3 (presente em alguns peixes), Frutas e Legumes, Frutos secos e sementes (são ricos em triptofano).
Não só é importante tomar o pequeno-almoço, como também levar os lanches (meio da manhã e tarde), e, porque “os olhos também comem” usemos de toda a nossa imaginação para criar formas lúdicas e divertidas de introduzir os alimentos.
https://www.facebook.com/psicologareginaborges/
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Por Elisabete Silva
Analista Clínica e de Saúde Pública. Apaixonada pela importância que a alimentação tem na nossa saúde e por ajudar os outros a iniciarem uma reeducação alimentar. Criadora do projeto "Garfadas de Saúde - A Ciência de comer bem"
https://www.facebook.com/garfadasdesaude/
A garfada de hoje é a saúde de amanhã Vivemos num mundo em que as doenças diretamente relacionadas com o estilo de vida, como as doenças cardiovasculares, a obesidade ou a diabetes, crescem a um ritmo assustadoramente preocupante e cada vez mais afetando crianças e jovens. Os benefícios de um pequeno almoço saudável são inquestionáveis, uma vez que este ajuda a repor os níveis de energia, melhora a memória e a concentração, promove a manutenção do peso adequado pela adoção de hábitos alimentares saudáveis e contribui para o convívio familiar.
Os alimentos devem ser celebrados e explorados, proporcionando momentos de partilha entre pais e filhos! 46
Ideias para pequenos almoços saudáveis e nutritivos: Ovos
cozidos ou mexidos (sem adicionar gordura ou apenas um pouco de óleo de côco)
Granola
caseira (frutos secos a gosto, flocos de aveia, canela, fio de mel)
Papas
de aveia com fruta (podem ser preparadas à noite e guardadas no frigorífico)
Sopas
(cremes de legumes com ou sem carne/peixe)
Frutos
secos (amêndoas, nozes, avelãs)
Panquecas
(com farinha de amêndoa, aveia, côco, linhaça, trigo serraceno ou quinoa). Podem ser preparadas antecipadamente e guardadas numa caixa hermética no frigorífico, para consumir nos dias seguintes.
Fruta
fresca cortada (não esquecer abacate e frutos vermelhos)
Queques Fatia
de farinha de aveia e fruta
ou tosta de pão integral (com sementes e de preferência sem trigo)
Muffins
de ovos e legumes frescos (espinafres, cenouras, curgete)
Sempre
que precisarem de adoçar alguma destas receitas, utilizem adoçantes naturais como banana, stevia, açúcar de côco ou até um fio de mel.
Contudo, vale a pena questionarmo-nos sobre o que é na realidade um pequeno almoço saudável, porque a grande maioria das vezes, o pequeno almoço que tomamos, pouco ou nada tem de saudável: Cereais açucarados, croissants, pães de leite, bolachas, leites achocolatados, sumos de compra, iogurtes infantis açucarados (ou com pedaços), bolos, papas industrializadas, pão branco e cremes de barrar… apenas alimentam as doenças e não a nossa saúde! 47
Um pequeno almoço saudável não tem uma fórmula mágica! É simplesmente uma refeição com alimentos verdadeiros (que a natureza nos dá) e não com produtos alimentares industrializados (processados).
É uma refeição onde devemos ingerir proteínas, gorduras saudáveis, vitaminas e minerais, hidratos de carbono complexos (evitar o trigo), fibra e água.
A nossa saúde está naquilo que comemos. Está nas nossas mãos. Cabe sobretudo aos pais a educação alimentar dos filhos, tornando a oferta alimentar diversificada, divertida, apelativa e sobretudo muito nutritiva, criando um modelo de pequenos almoços saudáveis para toda a família.
É urgente desmistificar o conceito generalizado que existe acerca desta primeira refeição do dia.
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Como o próprio nome indica, pode e deve ser encarado como um almoço numa dose menor – um “pequeno almoço”.
Como tal, pode conter ovos, hortícolas (sim, hortícolas!), sopas, frutos secos, bebidas vegetais sem açúcares, sementes, sumos naturais (fruta inteira, não apenas espremida) gordura saudável e frutas frescas. A natureza dá-nos o que de melhor tem para nos oferecer e nós muitas vezes trocamos essa oferta por produtos tóxicos como corantes, conservantes, aromatizantes, açúcares refinados e gorduras hidrogenadas, sem termos a noção que estamos a comprometer, muitas vezes de forma irreparável, a nossa saúde.
Alimentem a vossa saúde, comendo e ensinando a comer bem! É urgente educar para a saúde, sobretudo as gerações mais novas. Sermos conscientes do impacto que as nossas opções alimentares têm na nossa saúde futura e na sustentabilidade do planeta – a nossa casa!
Nota: as fotos que ilustram este artigo foram cedidas pela autora.
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Desafios Sustentáveis
Ao longo desta edição já te lançamos vários desafios, que te incentivam, sobretudo, a ir para a cozinha e colocar mãos à obra na altura de preparares as tuas refeições!
Agora, queremos desafiar-te a colocar “mãos à obra” noutro sentido e contribuir para diminuir as desigualdades no acesso à alimentação e a trabalhar para que realmente todos possam ter acesso à educação.
Como tal, deixamos-te dois desafios:
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Organizar ou participar numa recolha de alimentos Para isso, aconselhamos-te a consultar o artigo da edição passada “Como Organizar uma recolha solidária” e também a pesquisar e contactar as seguintes organizações:
Refood Banco Alimentar Animalife Caritas Paróquia Junta de Freguesia
Dia sem carne A segunda-feira sem carne é uma iniciativa que começou em 2003, nos EUA e desde então já se estendeu a vários países, sendo até uma prática já adoptada em várias escolas.
Como o próprio nome indica, consiste em eliminar produtos de origem animal do menu num dos dias da semana. No caso, estabeleceu-se que seria à segunda-feira, mas desde que o faças, em casa ou na escola, não nos interessa em que dia seja ;)!
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Ajudaram a tornar esta edição muito mais bonita:
Patricia Duarte Gonçalves Natural de Vagos-Aveiro, caracterizo-me como criativa por natureza desde pequena, e a melhor forma de alimentar a minha criança interior é trabalhar a minha criatividade através do design gráfico a tempo inteiro.
Em 2015 liguei-me às terapias alternativas, e tenho desenvolvido actividades em grupo (crianças e/ou adultos) e consultas individuais (adultos).
Gratidão por fazer parte desta revista que tem como objectivo alterar consciências e mentalidades com temas fantásticos adequados aos mais novos.
patriciaduartegoncalves@gmail.com https://www.facebook.com/patricia.d.goncalves.79?ref=br_rs https://www.facebook.com/AlquimiaDoSentir/ https://www.instagram.com/patriciaduartegoncalves/
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Catarina Araújo Ribeiro Socióloga de formação, pós -graduada em ciências criminais e mestre em sociologia do crime e violência.
Aprendi a fotografar com o meu avô (arquiteto e professor universitário de belas artes ) e com o meu pai (fotografo amador). complementei esta formação base com alguns cursos de curta duração sobre fotografia .
Não estou especializada em nenhum área da fotografia, faço fotografia de produto, fotografia de eventos, ensaios fotográficos de famílias ou fotografia lifestyle, Fotografo um pouco de tudo.
O projeto Caracool—Fotografia nasceu há 5 anos, e veio dar à paixão uma vertente mais profissional. Sou mãe de 3 rapazes com 9, 7 e 4 anos.
catarinaaraujoribeiro@gmail.com https://www.facebook.com/Caracool-590779287635894/ https://www.instagram.com/caracool.fotografia/ https://catarinaraujoribeiro.wixsite.com/caracoolfotografia? fbclid=IwAR2GNy9AVOF7icjOw9-UH2R-ZAZIghz7qwIsytEPkT8hrmJ1JG33jmtSRzc
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É a brincar que grande parte das aprendizagens acontecem A educação para o Desenvolvimento Sustentável não é uma exceção! E, por isso, temos de encontrar ferramentas que ajudem as crianças a descobrir soluções criativas, alternativas e sustentáveis para problemas do mundo que as rodeia, alicerçadas na imaginação e na criatividade.
O Ebook
Educar os
Adultos de Amanhã, para além de conter dicas para ajudar
a
definir
estratégia para
a
de
um a
educação
sustentabilidade,
contém ainda um variado leque de atividades para
fazer
com
crianças,
ajudando a contactar com estas temáticas desde cedo. Poderá
descarregar
gratuitamente o ebook em: www.formula-s.pt
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Carlota,a Bolota que sonhava ir até à Lua
Inspirado num dos setores mais produtivos e sustentáveis do nosso país, “Carlota, a Bolota que sonhava ir até à Lua”, é um livro que retrata as aventuras de uma bolota que não entendia a importância do seu papel, nem da floresta onde vivia e que aspirava um destino diferente das suas companheiras: desejava ir até ao céu, às estrelas e à lua.
Com esta história pretende-se: Sensibilizar os mais pequenos para a importância da floresta de sobro, enquanto habitat para diferentes espécies em risco de extinção; Apresentar o processo de descortiçamento e o ciclo de vida da cortiça, de uma forma simples e divertida; Dar a conhecer diferentes usos e aplicações da cortiça; Educar para as diferentes dimensões da sustentabilidade.
A bolsa de histórias da Carlota é um cenário
para
a
fantasia,
em
miniatura.
Inspirada nos tradicionais tapetes de histórias, esta bolsa, para além de um bonito acessório e
brinquedo,
ferramenta
constitui
para
uma
trabalhar
poderosa diferentes
competências com as crianças: Aumenta o interesse pela leitura e livros em geral; Estimula sensações e motricidade; Trabalha a criação oral e escrita, desenvolvendo o vocabulário, a criatividade e a imaginação; Desenvolve a concentração, atenção e memória; Reforça as competências de socialização e o envolvimento de grupo; 55
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A Arca de Noa é um projeto
Quer participar numa edição? Se já tem uma ideia ou um texto que se enquadre no tema da sustentabilidade? Contacte-nos! Já conhece a nossa página no facebook? https://www.facebook.com/aarcadenoa Já leu as edições anteriores? https://issuu.com/formulas
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