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F órum DRS Boletim Eletrônico
Ano 4 | Edição 66 | Junho/2010
Entrevista
José Tonello, Diretor Executivo do Fundo Equatoriano Populorum Progressio (FEPP) e Presidente da Cooperativa de Poupança e Crédito de Desenvolvimento dos Povos (Codesarrollo).
Especial
IICA apresenta propostas de políticas públicas para o meio rural
IICA Novas perspectivas para o desenvolvimento
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[ nota
ao leitor ]
N
esta edição damos continuidade aos diálogos do IV Fórum com a entrevista do José Tonello, Diretor executivo do Fundo Equatoriano Populorum Progressio (FEPP) e Presidente da Cooperativa de Poupança e Crédito de Desenvolvimento dos Povos (Codesarrollo), que fala sobre as estratégias de financiamento para projetos sociais na América Latina, enfatizando a necessidade de criar uma cultura de poupança pelos pequenos agricultures. Apresenta ainda os resultados do Projeto realizado pelo I CA com o apoio do OPPA/CPDA que teve como objetivo a formulação de proposições de políticas públicas de desenvolvimento rural com uma visão territorial. Esta iniciativa será divulgada através de jornadas temáticas de discussão no âmbito do MDA e do CONDRAF. Boa Leitura. Coordenação do Fórum DRS.
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José Tonello, Diretor executivo do Fundo Equatoriano Populorum Progressio (FEPP) e Presidente da Cooperativa de Poupança e Crédito de Desenvolvimento dos Povos (Codesarrollo).
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IICA apresenta propostas de políticas públicas para o meio rural
Foto de Capa: Obras de Elias Vitalino - Feira de Caruaru-PE | Regina Santos/Arquivo MDA
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O Fóru m DRS tem como objetivo Contribuir para o desenvolvimento
da capacidade técnica, institucional e gerencial dos integrantes e parceiros, operando também como instru mento de integracao latino-americana para a gestão do conhecimento relacionado com o desenvolvimento rural sustentável e o combate a pobreza rural.
índice
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06 Entrevista
José Tonello, Diretor Executivo do Fundo Equatoriano Populorum Progressio (FEPP) e Presidente da Cooperativa de Poupança e Crédito de Desenvolvimento dos Povos (Codesarrollo).
19 Notícias do Fórum 23 Sobre DRS 26 Eventos 28 Especial
IICA apresenta propostas de políticas públicas para o meio rural
34 Internacional 38 Publicações 40 Câmara de Juventude Rural
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entrevista
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Fotos: Rodrigo Germano
En trevista JosĂŠ Tonello com
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“Diálogos do IV Fórum” debate a experiência do Equador na organização das comunidades rurais para a gestão das finanças populares e geração de trabalho e renda a partir da oferta de crédito a juros subsidiados Diretor Executivo do Fundo Equatoriano Populorum Progressio (FEPP) e presidente da Cooperativa de Poupança e Crédito de Desenvolvimento dos Povos (Codesarrollo), José Tonello fala sobre as dificuldades de financiamento a projetos sociais na América Latina, a necessidade de criação de uma cultura de poupança entre os camponeses e o combate à especulação. Ele também defende a capacitação das camadas populares como forma de promover o desenvolvimento sustentável com a retenção, no meio rural, de parte das riquezas geradas no campo. Nesta entrevista ao professor Ademir Cazella (OPPA/UFSC), José Tonello explica como a existência de um fundo e as formas de organização em cooperativas possibilitam a multiplicação do capital social no âmbito territorial.
Ademir Cazella - Interessa-me muito conhecer a experiência do Equador na área do microcrédito. José Tonello - Má palavra microcrédito. Ademir Cazella – Por que é má palavra? José Tonello - Porque não é nem micro nem crédito. Ou seja, para que sejamos sustentáveis, nós falamos em finanças. As finanças começam com a poupança e os pobres devem poupar se quiserem modificar sua situação. A nova Constituição do Equador já fala em finanças populares. No ano passado criou-se uma instituição. Queremos que os pobres produzam mais do que sejam capazes de absorver em suas comunidades e, então, se dirijam às grandes cidades e depois para Miami ou Nova York, ou seja, os pobres trabalham para aqueles que não são pobres também. Então, não tenho problema como o microcrédito. Diga-se de passagem: Reifeissen na Alemanha, Casse Rurali na Itália, Crédit Agrícole na França, Rabobank na Holanda, Cajas y Cashiers na Espanha. Ninguém pode sonhar em dizer que são micros, pois eram micros quando nasceram há cem anos. Penso que este é o destino de nosso processo de organização das finanças populares, se formos capazes de fazê-lo seriamente. www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2010
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Á esquerda: Ademir Cazella, à direita: José Tonello
Ademir Cazella – Por que as finanças populares no Equador trabalham com cooperativas de crédito? José Tonello - Sim, assim é. Vou um pouco mais além. Minha instituição se chama Fundo Equatoriano Populorum Progressio. Fundo, não Fundação. Fundo é dinheiro. Fundo é crédito. Começamos a dar crédito com duas finalidades: combater os juros excessivos. Há muitos especuladores desde 1970. Nascemos com a inspiração de uma encíclica de Paulo VI que se chama “Populorum Progressio”, de 1967, em dois momentos postconciliar no Equador, na Igreja Católica. Somos uma instituição de inspiração cristã que surgiu em um momento de muita efervescência, durante a teologia da libertação. Então, os camponeses eram vítimas dos especuladores e não tinham dinheiro para investir. Então, primeiro cria-se um fundo de crédito com essas finalidades, como já havíamos dito, para não termos vítimas dos especuladores e, segundo, produzir. Os balanços que publicamos todos os anos, inclusive com acesso aos camponeses, são entregues aos dirigentes das organizações camponesas que trabalham conosco. Indicamos com precisão todas as fontes de nossos financiamentos,
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e são muitas. Somos uma grande instituição, são muitas páginas (dos relatórios de balanços), mas se um camponês de Rio Bamba vê a doação de US$152 mil proveniente da Organização Intereclesiástica para o Desenvolvimento (ICCO), da Holanda, pode perguntar: o que se fez com todo esse dinheiro? Nesse caso, há um dever de transparência, mas uma coisa interessante é que, ainda que o montante não seja muito grande porque tudo isso é cooperação internacional, já são contratos e vendas de serviço de nosso pessoal. A América Latina é menos prioritária que a África para os países doadores. Em um país como Equador diminui muito o aporte de recursos externos. Então, estamos buscando encontrar novos mecanismos para nossos financiamentos. Ademir Cazella – O que aconteceu? José Tonello - Quando os camponeses vieram a nós para receber o crédito, sentimos que nos abriam suas portas para fazermos um trabalho muito mais intenso. Então, nos aproveitamos das portas que abre o crédito para capacitação, para formação profissional, para organização popular, para assistência técnica e, quando tudo isso começou a produzir bem estar e recursos excedentes, os recursos eram canalizados para os bancos. Bem, em comparação com a crise financeira da Argentina, nos fins dos anos 90, a do Equador foi mais profunda. Não foi conhecida porque o Equador não tinha tantos investimentos internacionais, isso foi por volta dos anos 98, 99 e 2000. Como você sabe, perdemos a moeda no Equador. Agora temos o dólar por causa de uma inflação e da desvalorização que ninguém controlava. Então, os camponeses vieram a nós dizendo que nos confiavam seu dinheiro, mas, legalmente, não poderíamos fazê-lo dentro do que chamamos de Grupo Social Fundo Equatoriano Populorum Progressio (GSFEPP). Se estivéssemos no mundo das empresas, isto se chamaria Holding FEPP. Constituímos o que é uma cooperativa controlada pela Superintendência de Bancos com cobertura em todo o Equador, cooperativas de poupança e crédito e todas as poupanças dos camponeses foram transferidas para lá. Esta é uma cooperativa de segundo nível, nós apoiamos 700 cooperativas de camponeses. Ademir Cazella - Quantos sócios?
José Tonello - Há de tudo. Existem cooperativas de 5 mil sócios, há outras que têm 30, 40, 50, etc. Bom, antes o mínimo era de 15, mas agora se requer 50 sócios para constituir uma cooperativa. Ademir Cazella - Somente camponeses ou também outros? José Tonello - Esta é uma realidade que está se transferindo também aos bairros pobres das cidades, como também aos povoados rurais. Nossa visão tem sido sempre de desenvolver os três setores da economia. Ademir Cazella - Há uma visão territorial? José Tonello - Sim, ou seja, não é possível manter o aumento da população rural, que é superior ao aumento da terra. A terra não se espalha e as famílias continuam tendo filhos, o que criou um processo migratório enorme para as cidades. Nós queremos que as pessoas fiquem no campo. Nosso estudo nos fez ver como do campo sai muita riqueza, muito dinheiro. Podemos demonstrar quanto dinheiro sai e é produto sem valor agregado, mão de obra sem profissionalização, ou seja, mão de obra que recebe apenas o salário mínimo. Então, ao juntarmos o fato de que há dinheiro no campo, que se pode profissionalizar os jovens para que saibam transformar seus produtos, cria-se uma realidade rural muito mais dinâmica e capaz de absorção, criam-se povoados onde se pode viver muito bem. Bom, isso foi o que nos sucedeu. Agora, o gerenciamento das finanças requer determinados conhecimentos. Há que se fazer as coisas muito bem feitas e isso obriga a uma melhor formação dos dirigentes que são camponeses, ainda que a lei tenda a exigir profissionais de alto gabarito nas estruturas financeiras em certos níveis. E não estamos de acordo porque o que se deve fazer é capacitar. Ademir Cazella - E se não se respeita a lei? José Tonello - É impossível não respeitar a lei porque existe uma superintendência de banco em certo tipo de cooperativa que é muito exigente, mas o tema das finanças populares já é visto como um dos instrumentos mais importantes para a promoção do desenvolvimento e uma das causas da pobreza rural é que o campo não foi capaz de reter as riquezas por ele criadas, tudo foi para as cidades. Então, nós falamos da inversão dos www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2010
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fluxos da economia onde há muito dinheiro, que é na cidade. Arrecadamos muito na cidade, inclusive através desta cooperativa, para logo mandar campo. Os bancos fazem o contrário, recolhem no campo e concentram na cidade ou no exterior. Então, as finanças chegam a ter um componente político, chegam a ter uma visão da sociedade que queremos, da criação de postos de trabalho, da agregação de valor, do respeito à cultura, que é mais que dar crédito e receber a devolução dos créditos. Outra diferença entre finanças populares e microcrédito é que o microcrédito é realizado pelas entidades, o banco, as fundações, associações, não é realizado pela população. Assim, são as palavras que existem por trás dos conceitos. Ademir Cazella - Havia uma tradição de cooperativas no Equador? José Tonello - Há. As primeiras cooperativas no Equador nascem nos anos 50, mas tiveram muitas dificuldades de desenvolvimento. Temos ainda uma legislação complicada e houve alguns problemas de corrupção no gerenciamento. Em algumas cooperativas houve roubo por parte dos dirigentes e isto prejudicou a imagem das cooperativas. Hoje em dia, a Constituição do Equador dá possibilidade de funcionamento às cooperativas, aos bancos comunitários, aos bancos rurais, às caixas de poupança, às poupanças juvenis, há uma gama de possibilidades, de acordo com uma legislação mais simplificada. Ainda não saiu a nova legislação porque a Constituição tem apenas um ano e são necessárias leis que se adaptem a isso, mas existe uma grande efervescência, quer dizer todo mundo quer fazer isto. Então, se requer muita capacitação de dirigentes, de pessoas que trabalham e não são dirigentes, o caixa, o tesoureiro e requer um esforço especial em um país como o Equador que recebe o efeito das remessas dos emigrantes para que os investimentos não sejam para o consumo. Do dinheiro dos emigrantes, 85% vai para o consumo. Eu digo que os filhos dos emigrantes atuais terão também que emigrar porque não estamos criando postos de trabalho. Então, existe essa situação, mas também boa parte dos créditos das caixas onde não existe uma reflexão profunda vai para o consumo e achamos que deveria ir para a produção e com o
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fruto da produção se compraria a televisão. Não há problema, eu não estou contra a televisão. Como se chega à televisão? Como se chega à casa nova? Como se chega à moto? Como se chega à geladeira? Isto é, 80% das carteiras dos bancos estão dirigidas ao consumo. Nós estamos chegando cerca de 70% ou 80% de nossa carteira dirigida diretamente à produção de bens ou serviços: produção agrícola, artesanal, agroindustrial, de laticínios, marmelada, salame, farinha em vez de vender o grão, produção pesqueira, produção de madeira, onde há sustentabilidade. Ademir Cazella - O Equador é o terceiro país da América Latina em micro finanças, finanças populares. O Brasil é o décimo-quarto. Como explicar essa diferença? José Tonello - Temos trabalhado muito e o tema das finanças nasce no mundo das ONGs. Nós, como Fundo, sempre o temos feito. Vou lhe dar apenas um número para você entender a potencialidade do Fundo. Quando nós tínhamos o nosso próprio fundo de crédito, com o dinheiro da cooperação internacional, no melhor momento de nosso Fundo tínhamos cinco milhões e meio de dólares. Hoje que trabalhamos através da cooperativa, estes cinco milhões e meio entraram na cooperativa como capital social e a cooperativa já tem hoje 45 milhões. Os outros 40 não são próprios, são do público, mas eu, com 5, reuni 40. E este é o potencial. Eu digo também que, amanhã, uma das formas de cooperação de melhor resultado é a capitalização dessas estruturas financeiras locais que podem ser cooperativas, caixas ou bancos comunitários. Como lhe falei, se você capitaliza isso e lhes dá assistência para que não destruam o capital, para que não o comam, você multiplica os impactos porque um aumento de capital social permite uma maior captação de poupança e, querendo, você também pode ir captar poupança nas cidades. Então, para nós, foi muito importante esse passo em função inclusive da cooperação internacional que nos dá menos do que dava anteriormente. Encontrar estes mecanismos é seguir adiante. Existem muitas ONGs equatorianas com a tendência a reduzir seu âmbito de atuação, de acordo com a diminuição da cooperação que recebem. Consequentemente, elas demitem pessoal, fecham áreas de trabalho e, com esses instrumentos
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em mãos, falar de empresas no mundo das ONGs resulta numa palavra escandalosa, mas nós desafiamos. Também colocamos o social para não sermos demasiadamente criticados, mas desafiamos um pouco esta opinião porque, ao final, devemos criar nossa própria sustentabilidade sobre bases éticas, não explorando ninguém, trabalhando. E nos parece que estamos alcançando. Ademir Cazella - Gostaria de falar sobre as alianças com o Estado e com os bancos. As alianças das cooperativas existem ou estão isoladas? José Tonello - Os bancos equatorianos descobriram que o microcrédito é um grande negócio. Não aumentaram seu amor pelos pobres porque o crédito comercial no Equador, com dólares, estão taxados em 12, 14, 15%. O microcrédito que os bancos dão aos pobres está na faixa de 30, 32, 34% em dólares, elevadíssimo, é usura legal. Quando este governo começou, estava em 48% e conseguiu baixar com um boicote claríssimo dos bancos que enfatizavam: “então, não daremos mais crédito aos pobres”. Bem, o que dizem os bancos é que dar um crédito de US$500 ou US$200 tem um custo muito alto e são muitas operações, com necessidade de muito pessoal. Mentira, porque nós damos crédito às pequenas cooperativas, damos crédito a 9% para ajudar. Damos crédito também a pessoas particulares e aí chegamos a uma taxa entre
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Eu digo também que, amanhã, uma das formas de cooperação de melhor resultado é a capitalização dessas estruturas financeiras locais que podem ser cooperativas, caixas ou bancos comunitários.
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Os bancos equatorianos descobriram que o microcrédito é um grande negócio. Não aumentaram seu amor pelos pobres porque o crédito comercial no Equador, com dólares, estão taxados em 12, 14, 15%. O microcrédito que os bancos dão aos pobres está na faixa de 30, 32, 34% em dólares, elevadíssimo, é usura legal.
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15 e 17%. Isso nos ajuda um pouco a subsidiar a outra taxa. O governo atual, no Equador, abriu muitas linhas de crédito e oferece muitos recursos. Nós também somos beneficiários de fundos do Estado e logramos receber mais ou menos a 5%. Com algumas linhas há uma coisa que se chama o Fundo do Migrante, por exemplo, um fundo consignado que constituiu o Estado, com o intuito de oferecer crédito em zonas de alta migração para prevenir. Há um fundo que se chama justamente Programa de Finanças Populares, cujo subsecretário é o antigo gerente de CODESARROLLO, um companheiro nosso, que também dá crédito em condições de extrema facilidade, ainda que com muita segurança. Falamos de muitos milhões de dólares em crédito. Contudo, há entidades estatais como o Banco do Fomento. Eu falei, há duas semanas, com o Ministro da Agricultura que é presidente do diretório, que estava super furioso porque o Banco de Fomento, aos pequenos agricultores, oferece menos de 10% de sua carteira. Querem ver como fazem para motivar, mas aí existe uma velha burocracia que não quer. Então, há esta situação. Os bancos estão invadindo um campo que até quatro ou cinco anos atrás era somente nosso, das ONGs. Agora estão competindo, o que não soa tão bem. Ademir Cazella - Há bancos públicos e bancos privados?
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José Tonello - Sim, assim é. Há grandes bancos públicos no Equador. Ainda existe o “Banco Ecuatoriano de la Vivienda”, Banco de Fomento, que é banco público e a Cooperação Financeira Nacional, que é um banco público. Ademir Cazella - Eles trabalham com a zona rural? José Tonello - Eu disse que o Banco de Fomento está oferecendo menos de 10% de sua carteira aos camponeses, pequenos produtores com dois hectares de terra ou meio hectare de terra. Então, sim, devem trabalhar em zonas rurais, mas com as grandes propriedades. Isso vem acontecendo há 50 anos e ninguém consegue modificar. Porém, há fenômenos importantes. O Estado oferece também recursos para financiar a capacitação, a formação profissional dos dirigentes das pequenas cooperativas. Nós realizamos muitos trabalhos de capacitação com o fundo do Estado. Ademir Cazella - Isso é recente, não? E antes? José Tonello - Sim, recente, com este governo. Antes não. Este governo tem uma clara orientação popular. Por isso é vitima de tantos ataques da imprensa. Nós, institucionalmente, somente nos anos 90, no governo que era de Rodrigo Borja, tivemos uma relação tão estreita. Não nos identificamos politicamente, embora possamos ter simpatias. Porém, iniciamos um grande programa agrário onde milhões de hectares de terra foram doados aos indígenas equatorianos. Um milhão de hectares no Equador não é como um milhão de hectares aqui no Brasil, porque aqui não é nada. No Equador é impactante. O governo de Rodrigo Borja, governo de centro-esquerda, nos deu muitos recursos e agora o governo outra vez nos dá muitos recursos para poder trabalhar. Ademir Cazella - Quais são os projetos para o futuro? José Tonello - Hoje somos 460 pessoas. Há dados muito interessantes. Esta parte aqui de cima (a Região Andina, com muitos indígenas e camponeses) depende mais da cooperação internacional. Esta parte de baixo, de uma empresa, como uma cooperativa que faz finanças, com uma empresa de comercialização dentro do conceito do comércio justo com muita exportação, uma escola de
formação profissional, uma construtora de projetos de construções civis e hidráulicas, uma importadora, uma provedora que atenda aos camponeses de produtos, sementes, ferramentas, uma impressora, um centro de informática, uma empresa para medição e legalização de terras, uma empresa para a sustentabilidade ambiental. Aqui, nós colocamos um capital inicial e as pessoas que estão aqui devem frutificar esse capital inicial. Hoje, um terço de nosso pessoal está aqui dependendo da cooperação internacional; dois terços já são sustentáveis, venha o que vier. Então, na pior das hipóteses, nós continuaremos como grupo social de uma forma mais desarticulada, mas o que é finança, comércio, escola, são coisas que vão além. Se você vê o quadro que temos aqui, este não é um livro para ler, é um livro muito antipático, é somente documentação. Não é uma coisa boa de se ver. No ano passado, nós éramos 441 mais 7 cooperados estrangeiros que não constam aqui: auto-financiamento, financiamento institucional e externo da cooperação internacional. Auto-financiamento, 53%; financiamento institucional, 13%; financiamento externo, 34%. Ou seja, de três pessoas, duas são autofinanciamento ou financiamento institucional. Ademir Cazella - O que vocês denominam financiamento institucional? José Tonello - Um pouco dos recursos acumulados em anos anteriores que estamos gastando neste processo, ou seja, essa gente em um ou dois anos, passa de um lado para o outro. Estamos “suando a camisa”, como se diz, mas esse é um processo de transição. Mas veja que interessante: até aqui são os escritórios regionais. Então, essa idéia das empresas nos custou bastante tempo. Não é uma idéia fácil porque não dá um salário fixo no fim do mês, oferecem salários variáveis, muitos dizem que são conceitos capitalistas. Sim, então está bem. Se isso é um conceito capitalista fechamos. Ficamos somente aqui com os que recebem dinheiro de fora, e tudo bem. Mas, sim, nós estamos trabalhando com cem mil famílias pobres neste momento, em 1.200 organizações das quais 700, como disse antes, fazem finanças, outras comércio. Cem mil famílias que são meio milhão de pessoas, se não tivéssemos isso teríamos que trabalhar com 50 mil. www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2010
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Digo sempre se alguém fizer mais e melhor que nós, no Equador, diremos “louvado seja Deus”. Daremos graças a Deus, mas não é fácil encontrar quem. Porque nossas áreas de trabalho são muito isoladas, cada um desses pontos é de equipes de pessoas residentes nas áreas. A maior concentração está na serra central, serra indígena, onde está concentrada a maior pobreza do Equador. Aqui está na Amazônia. Parece que há pouco mais, aqui há pouca população. Em intensidade de trabalho é como aqui, com um conflito muito grande porque estamos na fronteira com a Colômbia. Justamente nessa pontinha é onde se iniciou um bombardeio no ano passado. Em uma comunidade em que nós fizemos medição e legalização de terras com o PROTERRA, nas quais nossos topógrafos que foram fazer as medições, há três anos, jogavam vôlei de tarde com o pessoal das FARC, estavam lá há anos e todo mundo sabia disso. Essas equipes trabalhavam no território, nós temos nossos escritórios nas cidades, porque é nelas que chegam todos os camponeses, mas depois das cidades localizamos as equipes de trabalho, em zonas de difícil acesso, onde o Estado não chega. Esta é a nossa opção pelos pobres. Ademir Cazella - Entre todas as empresas, quais são as principais? José Tonello - Uma, a melhor de todas e a principal é a de crédito. Aqui há 130 pessoas. Ademir Cazella - A partir dela é que todos os outros trabalhos começam a ser fomentados? José Tonello - Não, a mais antiga é Camarie Comércio. Outra que vai bem é esta da escola, realmente uma maravilha, uma escola que não tem nenhuma sala e tem a autorização do Ministério da Educação para dar formação profissional. Temos as aulas, mas não temos nenhum bem próprio. É uma novidade no Equador, a única escola do Equador sem local, sem construção, mas com seus títulos reconhecidos porque sabem que trabalham com seriedade. Porém, o segredo da escola é escola ligada ao emprego, formação profissional ligada ao emprego, ao trabalho na comunidade. Então, temos crédito educativo, são estudantes indígenas aos quais damos um crédito para que possam terminar a universidade, mas, veja bem, no ano passado, trabalhamos com 3.300
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pessoas das quais, ao terminar o ano, 2.159 já tinham trabalho remunerado garantido na comunidade. Então, trata-se de unir a formação com a criação de postos de trabalho. Se eu crio agroindústria, queijarias, por exemplo, e formo profissionais para trabalhar nesse campo, eu devo saber se nessa comunidade existe potencial de leite para formar uma queijaria, senão formo um profissional para que acabe indo embora para a cidade. As demandas e as respostas que damos em capacitação, em formação profissional, estão ligadas às possibilidades diretas de que estas pessoas possam trabalhar em sua comunidade com remuneração. Ademir Cazella - E como acontece a formação sem escolas? Ou são feitas nas propriedades? José Tonello - Nós nos reunimos nas províncias uma semana por mês, as pessoas se inscrevem nos cursos de formação durante 5, 6, 8 ou 12 meses, segundo o tipo de profissão que estão seguindo. Então, nós os levamos para fora de seu habitat. Há casas de religiosos onde são feitos retiros, mas nós fazemos é capacitação e reunimos as pessoas ali durante uma semana, porque não podemos tirar os camponeses de sua terra por mais tempo, precisam cuidar de suas plantações e animais. Então, uma semana depois, regressam. No restante do mês há tarefas para cumprir e documentos para estudar. Quando regressam eles têm que informar o que fizeram e estudaram durante o tempo em que estiveram fora e têm outra semana. Há módulos que duram cinco meses, uma semana por mês e outros que chegam até doze. Estamos também fazendo formação a distância, um dia por mês, com um instrutor que vai aos lugares onde vivem as pessoas. Com isso logramos ter 3 mil inscritos e aí organizamos cursos aos sábados, quando as pessoas podem estudar. Um dia por mês eles se encontram em um lugar mais cômodo, um grupo de trinta pessoas, comandadas por um instrutor. Eles revisam o que estudaram, as provas que têm que fazer e nos mandam também por internet, fax etc. Aí recebem novo material para que sigam estudando. Temos também muitos servidores públicos que fazem também esses cursos. Ademir Cazella - E como se dá a parceria entre as diferentes empresas sociais e de formação?
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José Tonello - Não é um tema fácil, ainda que deva ser a maior fonte de nossa sustentabilidade. É o que nós chamamos de sinergia entre todos. Na prática, eles têm que se financiar. Então, você perde um pouco de vista o território, ou seja, a urgência do meu financiamento me obriga a buscar trabalho enquanto uma visão do território mais orgânica, completa e ordenada, diria que entramos em acordo. Mas, se nos colocamos de acordo e depois não temos financiamento, no fim do mês, como pago meu pessoal? Este é o problema, mas qual será a teoria? Temos muita sinergia, este pessoal é o que está nos territórios, conhece as realidades, faz os primeiros esforços de organização das comunidades, os primeiros diagnósticos, ouve o que as pessoas desejam. Portanto, a preparação para as intervenções necessitam de crédito, aqui está o crédito. Logo se dão conta que não há os conhecimentos para fazer o projeto que levantaram, aqui está a escola. Sim, com os créditos produzidos, aqui há agrônomos, veterinários que dão assistência técnica quando os problemas se apresentam. Entra depois Camarie, obrigatoriamente, para comercializar. Quando se comercializou e se ganhou, nós dizemos que vem o momento do bem estar que é a água canalizada, casa nova, educação dos filhos a níveis mais altos, mais saúde,
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Digo sempre se alguém fizer mais e melhor que nós, no Equador, diremos “graças a Deus”, mas não é fácil encontrar quem. Porque nossas áreas de trabalho são muito isoladas, cada um desses pontos é de equipes de pessoas residentes nas áreas. A maior concentração está na serra central, serra indígena, onde está concentrada a maior pobreza do Equador. Aqui está na Amazônia.
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Vocês brasileiros, podem ir aonde querem, mas nós andinos pobres temos que ter visto para qualquer lugar aonde queremos ir, nada detém a emigração se não há uma redistribuição de riqueza.
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documentação, maior cuidado com a natureza e entram essas empresas. Esta é a teoria. E quando funcionará? Há algumas formas que estão funcionando. Nós aqui já não fabricamos crédito, já passamos os créditos. Portanto, os técnicos daqui, quando falavam que vocês poderiam produzir leite, feijão e fruta tinham naturalmente que ir a CODESARROLLO. Podem também ir a outros lugares, são livres. Então, algumas coisas vêm naturalmente porque quando eu estou aqui no escritório central e necessito imprimir isso, que o faça na nossa impressora, não posso ir à reprografia e pedir que me imprima esse livro porque você é da FEPP e eu também. Eles me dizem: “eu aqui tenho 14 pessoas que trabalham e imprimir este livro custa tanto”. Eu estou seguro que imprimem por um preço melhor, que cuidam da qualidade, que entregam em tempo hábil e que fazem o mesmo com os camponeses, mas eu devo pagar pelos serviços. Se aparecem camponeses muito pobres que não podem pagar a medição de suas terras, eu posso dizer ao PROTERRA que o faça gratuitamente. Tenho que buscar o financiamento eu mesmo para pagar esta empresa, porque senão se rompe todo o esquema, mas até agora tem funcionado. Você vê a quantidade de pessoas que temos, pelo menos a metade do nosso pessoal está dentro desse esquema de empresa. Ademir Cazella - Sobre o funcionamento da cooperativa, falando de agentes de crédito. Qual é o papel dos agentes de crédito?
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José Tonello - Primeiro, sobre a cooperativa, ela é uma forma legal para trabalhar com dinheiro de terceiros e, como lhe falei, nessa cooperativa que tem US$45 mil, somente US$5 mil são dos sócios. Os sócios dessa cooperativa, neste momento, são 23 ONGs, 130 cooperativas camponesas e algumas pessoas físicas. Ademir Cazella - Os camponeses são sócios também? José Tonello - Não, as cooperativas camponesas são sócias, é cooperativa de segundo nível. Os camponeses são sócios de suas cooperativas locais. Todo o nosso pessoal nasceu como um Fundo, embora tenhamos uma cooperativa. Temos a cultura do crédito e todo o nosso pessoal cria condições para que o crédito não tenha riscos maiores. Não substituímos os camponeses. Tem que ter, portanto, uma boa carteira. Não damos crédito a nenhuma cooperativa que tenha mais de 10% da carteira contaminada. Nas pequenas cooperativas, quem tem mais de 10% da carteira global contaminada, não somente carteira vencida, talvez seja 5%. Ademir Cazella – E a inadimplência? José Tonello - A inadimplência é a carteira vencida, mas quando eu tenho um crédito de mil dólares, peguei US$200, depois não paguei esses US$200, me ficam outros US$600. Esta é a carteira contaminada: US$200 mais US$600. Porque se não paguei esses US$200 significa que isto também está em risco. Não lhe damos crédito, porém, se alguém não tem pelo menos os 10% de capital próprio nas cooperativas. Se não há um rendimento anual que demonstre que se está ganhando para poder capitalizar, ainda que não se distribuam os lucros entre os membros, não damos crédito. Ou seja, há exigência. Não somente não damos crédito e eu estou aqui sentado e você não tem o que fazer, senão também nas cooperativas vemos como controlamos a carteira, os erros que cometeram, como aumentamos o capital social, como motivamos os sócios para que depositem não somente os lucros. Os lucros podem ser retirados a qualquer momento, mas o capital social não se move. Este é um pouco do trabalho que fazemos. Depois, há um trâmite burocrático que se faz nos escritórios. Aqui faltam mais três escritórios que abrimos
esse ano. E se você observar La Tacunga, Puerto Viejo, Coca etc., ou seja, quase todos os lugares são paralelos. Há um trâmite muito burocrático, muito administrativo. Nossa cooperativa é controlada pela Superintendência de Bancos que não entende nada ou, talvez, entenda muito e não deseja que façamos o trabalho que estamos fazendo e coloca obstáculos. Se você concede uma pequena liberdade de dar crédito a alguém que tem alguma debilidade, castigam e te obrigam a fazer mais reservas, ou seja, é a guerra com a Superintendência de Bancos. Não entendem. Ademir Cazella - Houve alguma mudança com o outro governo? José Tonello - A Superintendência de Bancos é autônoma. Algumas coisas se modificam, mas muito lentamente. Há uma burocracia que não entende ou não quer entender. Imagine, a Superintendência de Bancos nos castiga. Significa que eu também sou presidente da cooperativa? Porque o FEPP tem a maioria do capital. Enfim, é a nossa concepção e as pessoas me querem também, os camponeses me elegem. Nós os deixamos em paz se nos dão uma taxa de pelos menos 20%. É um mau exemplo dar taxas tão baixas como as nossas porque os camponeses dizem que se CODESARROLLO pode dar essas taxas. como os bancos dão 10 pontos a mais? Então, a Superintendência é aliada dos bancos. Nós preferimos guerra, mas mantemos as taxas que queremos, o que é possível. Este ano, nossa cooperativa - e tenho vergonha de dizer - termina o ano ganhando 550 mil dólares que extraímos da economia campesina. Não é muito, mas terminamos o ano com um rendimento de 11% sobre o capital dos sócios que são esses 5 milhões, que você não teria no sistema financeiro e a mim me aborrece. Bom, ao final, isto se capitaliza, não é para distribuir entre os sócios, isto permite crescer e fazer mais captações. Nós podemos captar oito vezes mais do que o nosso capital social. Portanto, se nesse ano capitalizamos 500 mil, no próximo ano poderemos captar 4 milhões adicionais de poupança, mas, finalmente, é uma extração de recursos da economia pobre que queremos ajudar. Ou seja, com essas taxas ganhamos dinheiro. Mas, nos bancos equatorianos, um gerente ganha US$20 mil ou US$30 mil mensais. Nosso gerente ganha US$2 mil sem nenhum outro benefício. Por isso é possível. www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2010
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[
entrevista
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Ademir Cazella - Todo o território nacional está coberto de terra livre? José Tonello - No Equador, sim. Em alguns lugares mais e, em outros, menos. A serra tem uma tradição, serra indígena, principalmente de comunidade, não de cooperativa, mas de comunidade, de muita solidariedade. A Amazônia também. A costa muito menos. Nós temos, por exemplo, os maiores problemas de morosidade na costa porque não há tradição comunitária. Ademir Cazella - Uma cooperativa tem vários postos de atendimento? José Tonello - Não, buscamos que as cooperativas sejam locais, ou seja, no sitio onde nascem, ali se alicerçam. Nós preferimos muitas cooperativas pequenas em vez de cooperativas grandes em uma cidade ou grande povoado. Ademir Cazella - Foi estimado algum custo ou não? José Tonello - Sim, há algumas que já têm agências, lamentavelmente também as cooperativas camponesas. Eu tenho observado e feito um estudo sobre isso, tendem a colocar suas agências em outros lugares, nascem em um povoado rural e a sua próxima agência vai para a cidade. Eu já demonstrei a eles que se vão à cidade para depositar dinheiro desta no campo ou o dinheiro do campo na cidade e, realmente, vão colocar o dinheiro do campo na cidade, ou seja, o que levam à cidade é mais do que o que arrecadam na cidade. Ademir Cazella - Há um controle sobre isso? José Tonello - Não, há liberdade absoluta, o tema é de concepção, de como você deseja, ou seja, onde se concentra o dinheiro, se concentra a gente, sem freio. Isto eu digo quando vou a Europa com todos os problemas de visto. Vocês brasileiros, podem ir aonde querem, mas nós andinos pobres temos que ter visto para qualquer lugar aonde queremos ir, nada detém a emigração se não há uma redistribuição de riqueza. Onde se concentra o capital? Os grandes movimentos de populações? Eu nasci na Itália. Chamávamos as invasões dos bárbaros a Roma de grandes fenômenos migratórios. Em Roma parecia que tudo era ouro, que tudo brilhava, que tudo
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era festa, era gente pobre que ia em busca de lugares melhores. A emigração é o mesmo, só aí se moviam a golpe de 10 mil com armas etc. Hoje se movimentam cinco em um barco, cinqüenta em outro, mas é o mesmo fenômeno. Onde há concentração de riqueza vai a população. Estamos buscando inverter o fluxo de dinheiro. Os camponeses me fizeram ver, por exemplo, como estão perdendo biomassa por estes mesmos fluxos de concentração nas cidades. Eu não sei se você tem idéia de quanto material orgânico jogam fora nos mercados de verduras e frutas do Rio de Janeiro. E toda essa biomassa saiu do campo e se joga fora depois, destrói-se e não retorna. Até nisso somos cada vez mais pobres. Pense em quantos campos se pode aplicar uma reflexão sobre os fluxos de bens, recursos e serviços.
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Projeto para capacitar gestores no Pará já está em realização no Marajó
Uma área de quase 105 mil quilômetros quadrados, composta por 16 municípios, compõe o Território da Cidadania do Arquipélago do Marajó (PA). Com uma população de 436.381 habitantes, dos quais 55,9% (243.921) vivem na área rural, o Arquipélago possui um contingente de 23.034 agricultores familiares, 14.618 famílias assentadas, 18 comunidades quilombolas e uma comunidade indígena. Em 2009, o Território Marajó registrou baixa execução de projetos. Estudos realizados pelo IICA demonstraram que faltam investimentos em capital social, o que poderia melhorar o desempenho da gestão municipal. Para reverter o quadro, o IICA formulou um projeto de capacitação em que são oferecidas três modalidades de cursos: o primeiro direcionado para lideranças políticas e gestores públicos; o segundo orientado para os atores sociais das áreas urbanas e o terceiro que tem por objetivo a capacitação de atores sociais das áreas rurais. O primeiro curso - para prefeitos, secretários e vereadores - terá como eixos temáticos o Desenvolvimento Sustentável e Planejamento Participativo; o Desenvolvimento Sustentável Municipal e Territorial; a Organização Social e Desenvolvimento Sustentável; o Planejamento do Desenvolvimento Municipal e Territorial e os Projetos Estratégicos em áreas diversas (educação, saúde, economia, transporte etc), além de uma avaliação diária dos conteúdos apresentados.
Já as lideranças da sociedade civil, professores da rede municipal de ensino, representantes dos Colegiados Territoriais e do Fórum de Desenvolvimento Rural Territorial, partindo das mesmas premissas, serão o públicoalvo do segundo curso. Para a concretização do projeto estão previstas a seleção dos facilitadores, contratação e elaboração do plano de atividades; oficina com a equipe para formulação da proposta metodológica da abordagem de cada evento de capacitação, bem como o conteúdo das publicações referentes a cada módulo; revisão da bibliografia e documentos técnicos disponíveis relacionados com os produtos do plano de trabalho; cursos, avaliações e elaboração dos informes técnicos. O IICA coordenará o trabalho, uma iniciativa que tem a parceria do Ministério Público Federal no Pará, por meio da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), da Associação Nacional dos Procuradores da República, da Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó (AMAM), da Defensoria Pública da União (PA) e da Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA). A cobertura completa sobre a realização do projeto estará disponível no próximo Boletim Eletrônico do Fórum DRS.
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Banco Mundial apresenta resultados de projetos de desenvolvimento sustentável implementados no Brasil Instituição financeira promove debate sobre financiamento de programas econômicos, sociais e ambientais e revela preocupação com a desigualdade na América Latina
Foto: Laurivan de Sousa
No Seminário de Desenvolvimento Local e Avaliação de Impacto, realizado entre os dias 9 e 11 de junho, em Natal (RN), o Banco Mundial (BM) apresentou alguns dos projetos que financiou em 23 estados das 5 regiões do país. Entre os convidados, clientes do banco (governos federal, estaduais e municipais), parceiros de organizações multilaterais e não-governamentais, funcionários e consultores do BM, além de beneficiários de alguns dos projetos. O IICA apresentou sua experiência em desenvolvimento local e territorial e os projetos de Inclusão Produtiva (cadeias) e A Nova Cara da Pobreza Rural.
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Dividido em 5 painéis e 3 sessões, o evento teve foco no intercâmbio de experiências ao mostrar as inovações de diversos projetos rurais, urbanos, sociais, ambientais, de transporte, saneamento e recursos naturais (água). Os participantes abordaram temas como o acesso ao mercado, infraestrutura, sustentabilidade e programas multissetoriais. Também foram debatidas as estratégias para o monitoramento de políticas públicas e a importância da avaliação de impacto, com os resultados alcançados e as conseqüências das intervenções realizadas. Durante o encontro, o Banco Mundial fez uma demonstração das mudanças legais e operacionais para negociação e implantação de seus projetos, com as ferramentas, diretrizes de licitação, tecnologia e transparência na disponibilização das informações. Com estrutura montada em departamentos voltados para o desenvolvimento humano, desenvolvimento sustentável e equidade, o BM revelou uma agenda centrada nos setores de infraestrutura (competitividade e crescimento), equidade (redução das desigualdades) e sustentabilidade (gestão de recursos naturais com geração de renda).
O Banco Mundial apresentou ainda o Índice de Oportunidade Humana (IOH), um indicador criado para medir a desigualdade na América Latina, já com a hipótese de que a pobreza na região tem diminuído, mas com a visão de que “essa redução da desigualdade não é sustentável”, em função da concentração de renda ainda muito elevada. O IOH mostra que os aspectos ligados à saúde, educação, moradia e nascimento são condições para reduzir a desigualdade. A reunião levantou questões centrais que servem de mote para reflexões e análises: quais lições e experiências podem ser replicadas em outros projetos e regiões? Quais os principais desafios para o estímulo da inclusão social, correção de equívocos e instrumentos para adaptação às mudanças climáticas? Diante de perguntas como essas, os participantes tiveram a chance de agregar elementos para futura implementação de projetos e suas tomadas de decisões.
Foto: Laurivan de Sousa
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Reunião do Condraf promove debate público da Política de Desenvolvimento do Brasil Rural No centro das discussões, o Brasil Rural. Nos dias 17 e 18 de junho, em Brasília, foi realizada a 42ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf ). Cerca de 170 pessoas participaram do encontro que deu seguimento ao debate público da Política de Desenvolvimento do Brasil Rural (PDBR).
Em destaque: Carlos Miranda , Humberto Oliveira e Vera Azevedo.
Na pauta da reunião, o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2010-2011 pelo presidente Lula, durante a VII Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária; o Brasil Rural em Debate; uma apresentação do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel; e um outro debate, de quase 3 horas de duração, sobre as conjunturas políticas e econômicas internacionais e os desafios do Brasil na agricultura, com o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Samuel Pinheiro Guimarães. Além disso, foram apresentados os informes da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT/MDA), dos Comitês, Grupos Temáticos e de Trabalho com a presença de conselheiros estaduais, órgãos públicos
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e entidades da sociedade civil. O Grupo de Trabalho de Mobilização e Elaboração do Projeto de Lei da PDBR levantou questões para plenária. Durante a reunião, o IICA apresentou o Projeto “A Nova Cara da Pobreza Rural no Brasil: transformações, perfil e desafios para as políticas públicas”. O projeto foi encaminhado e recebeu apoio do Comitê de Desenvolvimento Territorial, da Secretaria do Condraf, da Rede Nacional de Colegiados Territoriais e da Assessoria Especial de Gênero Raça e Etnia (AEGRE/MDA). A próxima reunião de coordenação do projeto está marcada para o dia 2 de julho, no auditório do IICA, em Brasília.
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“Projovem Campo” abre mais de 34 mil vagas para agricultores Programa Saberes da Terra oferece curso para jovens de 20 estados
Os agricultores alfabetizados que têm entre 18 e 29 anos de idade, mas sem o ensino fundamental completo, podem participar de um curso com dois anos de duração (são 2.400 horas/aula) com cinco temas no currículo: sistema de produção e processo de trabalho agrícola; desenvolvimento sustentável e solidário; economia solidária; cidadania, organização social e política pública; agricultura familiar, etnia, cultura e identidade. O conteúdo é voltado para a profissionalização do jovem no campo e os alunos também estudarão ciências exatas, linguagem e formação humana. O “Programa Projovem Campo – Saberes da Terra” concede o certificado de conclusão do ensino fundamental. O curso será oferecido em municípios de 20 estados brasileiros que aderiram ao projeto do Ministério da Educação (MEC), com edital de convocação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD).
O programa foi criado em 2005 e já certificou 5 mil agricultores em experiência piloto realizada em nove estados. Com a aprovação em universidades, secretarias estaduais de educação e movimentos sociais do campo, 65 mil vagas foram abertas em 2008 e 2009 e outras 34.800 vagas foram estimadas para este ano. Os participantes recebem uma bolsa de R$1.200,00 em 12 parcelas, desde que comprovem 75% de frequência. Os agricultores entre 15 e 17 anos e aqueles com mais de 29 anos poderão ser contemplados a partir de 2011, com metodologia e material didático semelhantes ao Projovem Campo, mas sem a bolsa mensal de R$100 dada pelo MEC. O objetivo é garantir a continuidade dos estudos e terão preferência os trabalhadores cadastrados no Brasil Alfabetizado, programa que registra 106 mil turmas de alfabetização no campo. Outras informações: http://portal.mec.gov.br/index. php?option=com_content&view=article&id=15378
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Consea alerta governo para o perigo da má alimentação no Brasil Entidade chama a atenção para problemas de saúde pública, pede rigor no controle de agrotóxicos e atenção a quilombolas e indígenas
Foto: Regina Santos
O Brasil atravessa um período de transição nutricional em que se manifestam dois graves problemas de saúde pública: a desnutrição e a obesidade. O excesso de peso já atinge 40% da população adulta e a desnutrição, apesar de registrar os menores índices da história, ainda prevalece em grupos como quilombolas e os índios. E de forma tão séria que 51,3% das crianças indígenas de 6 meses a 5 anos de idade sofrem de anemia. A avaliação é do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), responsável por assessorar a Presidência da República na formulação de políticas públicas sobre o tema e articular diretrizes entre governo e sociedade civil. Em documento encaminhado ao Presidente Lula, no dia 18 de maio, o Consea revela a preocupação com a exclusão social de grupos como os citados e com a não obediência da produção de alimentos aos princípios da agroecologia. De acordo com o texto, “a transgenia, o uso abusivo e indiscriminado dos agrotóxicos – o Brasil é o maior consumidor dessas substâncias no mundo – e os resíduos de produtos veterinários nos alimentos de origem animal trazem sérios riscos à saúde da população”. Como forma de combate ao problema, o Consea sugere ao governo o fortalecimento da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), implementada pelo Ministério da Saúde, e sua intermediação entre o Sistema de Segurança Alimentar Nutricional e o SUS. “O modelo de produção de alimentos priorizado pelo Estado brasileiro
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tem contribuído para a contaminação ambiental, deteriorando a qualidade da água e reduzindo a biodiversidade e, consequentemente, a diversidade alimentar, colocando em risco a saúde, a soberania alimentar e a segurança alimentar e nutricional da população brasileira”, diz a carta. Entre as medidas recomendadas pelo Consea destacam-se: a institucionalização da área de alimentação e nutrição no Ministério da Saúde e secretarias estaduais e municipais, com garantia de recursos humanos e orçamentários; fortalecimento do financiamento da alimentação e nutrição do SUS, com orçamento de R$ 155 milhões contra os atuais R$ 38 milhões; promoção da alimentação adequada e saudável com campanhas educativas; reforço do aleitamento materno, regulação da publicidade de alimentos e ações de marketing que promovam práticas prejudiciais à saúde e incentivo ao consumo de frutas, verduras e legumes.
produção local, a comercialização e o consumo de frutas e hortaliças nas instituições públicas”. Além disso, levanta a necessidade de monitoramento da qualidade nutricional de alimentos, controle de agrotóxicos com transição gradual para o modelo agroecológico, atenção primária à saúde, acompanhamento das condicionalidades do Bolsa Família com integração de ações de alimentação e nutrição ao programa, atenção aos povos e comunidades tradicionais, controle social e a realização de estudos e pesquisas. De acordo com o Consea, todas essas propostas são resultado de conferências e seminários realizados nos últimos anos com especialistas no assunto: “Este processo, que estimula o debate ampliado sobre as questões alimentares e nutricionais do Brasil, merece ser fortalecido, sendo necessário garantir que a nova versão da Política seja publicada ainda em 2010”.
O Consea também defende ações para prevenção e tratamento de doenças e carências nutricionais (as anemias, hipovitaminose A e Beribéri) e a revisão dos “mecanismos de compras públicas de forma a favorecer a
SENAR lança curso gratuito para mulheres da área rural O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) abriu vagas para o curso gratuito de educação a distância “Com licença vou à luta”, voltado para mulheres empreendedoras da área rural, com 30 horas/aula em um mês de duração. Realizado totalmente pela internet, no ambiente virtual de aprendizagem, os alunos terão como ferramentas uma biblioteca digital, fórum e chat para interação, tutoria diária com atendimento de especialistas nos assuntos abordados e monitoria para esclarecimento de dúvidas via e-mail.
O objetivo do curso é capacitar as produtoras rurais para gestão de negócios agropecuários. As atividades, ilustrações e dinâmicas foram separadas em seis módulos. O programa, divulgado pelo Senar, será disponibilizado em seis módulos: empreendedorismo, diagnóstico da propriedade, gestão financeira, elaboração do planejamento de negócio, legislação e liderança. Quem realizar todas as atividades obrigatórias receberá um certificado de 30 horas. Para inscrição e matrícula acesse: http://senar.canaldoprodutor.com.br/
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Manejo e Conservação do Solo e da Água “Novos caminhos para a agricultura conservacionista no Brasil” é o tema da 18ª Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, entre os dias 8 e 13 de agosto, em Teresina (PI). Organizado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), pela Universidade Federal do Piauí e pela Embrapa MeioNorte, o encontro terá cinco palestras específicas - uma para cada região do país – sobre a situação da água e do solo. Especialistas brasileiros e estrangeiros discutirão a integração entre lavoura e pecuária, o manejo de adubos orgânicos, o mercado de carbono, a transferência tecnológica e os indicadores de sustentabilidade. Outras informações: www.cpamn.embrapa.br/rbmcsa.
2o Congresso Pan-Americano de Plantas e Bioenergia Entre os dias 8 e 11 de agosto, a cidade de São Pedro, no interior de São Paulo, receberá conferencistas de universidades brasileiras, americanas, canadenses e francesas para debater os temas: “Bioenergia no Brasil”, “Diversidade vegetal no Brasil e potencialidades da produção de biodiesel”, “Biocombustível de microalgas” e “Mitigação dos impactos ambientais da produção de bioenergia”. O Congresso também apresentará resultados de pesquisas sobre a produção de energias renováveis a partir do uso de plantas e discutirá as formas de propagação de técnicas avançadas nos territórios rurais. Outras informações: www.plantsandbioenergy.com.br
Simpósio debate o uso da geotecnologia no Pantanal Troca de conhecimento sobre aplicação da geotecnologia em áreas úmidas, divulgação de trabalhos científicos, fomento da cooperação entre instituições e avaliação de estudos. São algumas das atrações do 3° Simpósio de Geotecnologias do Pantanal, em Cáceres, Mato Grosso. Os interessados em participar devem inscrever trabalhos com até dez páginas que poderão ser apresentados e publicados em periódico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os três melhores receberão um prêmio da organização, que levará em conta a pertinência do tema, originalidade, clareza e rigor científico. Pesquisadores, professores, estudantes, consultores, autoridades publicais, além de técnicos e fiscais ambientais formam o público-alvo. O evento, organizado pela Universidade do Estado de Mato Grosso, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e Embrapa Informática Agropecuária, será realizado entre os dias 16 e 20 de outubro, mas o prazo para inscrições termina no dia 31 de julho. Outras informações: www.geopantanal.cnptia.embrapa.br/2010
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[ eventos ]
Agricultura Orgânica é tema de curso da Embrapa Com o crescimento da demanda por assistência técnica, produção e comercialização de produtos orgânicos, a Embrapa Meio Ambiente oferece a quarta edição do “Curso Teórico e Prático-Demonstrativo em Agricultura Orgânica”. A proposta é capacitar os interessados com o desenvolvimento de conceitos, tecnologias e oficinas em quatro fins de semana (um módulo por mês e 64 horas no total). Agricultores, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, comerciantes e ambientalistas formam o público-alvo do curso. A comissão organizadora quer aproximar o sistema orgânico dos ideais de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente com garantia da viabilidade econômica dos produtos orgânicos por meio da conscientização do consumo responsável. Outras informações:http://www.cnpma.embrapa.br/nova/mostra2.php3?id=618
III Reunião Técnica da Cultura da Pereira Uma alternativa de diversificação da renda de pequenos agricultores no sul do país. Assim é vista a cultura da pereira, parte do sistema produtivo de frutas de clima temperado. Para difundir e aumentar a eficácia da produção, a Universidade do Estado de Santa Catarina e o Centro de Ciências Agroveterinárias de Lages, com o apoio da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural, realizarão, nos dias 29 e 30 de julho, a III Reunião Técnica da Cultura da Pereira. O manejo de produção da pêra Rocha, as tecnologias aplicadas, as experiências de Portugal e Espanha, as formas de poda, os fitorreguladores para ampliação produtiva e desenvolvimento da cultura e o panorama do mercado da pêra no Brasil estão entre os tópicos. Os interessados podem se inscrever pelo email: fruticulturaudesc@ yahoo.com.br. Outras informações: www.epagri.sc.gov.br. www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2010
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IICA apresenta propostas de políticas públicas para o meio rural Projeto finalizado revela as novas formas de gestão social, discute a questão da territorialidade e os meios de viabilizar seu desenvolvimento sustentável
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IICA apresentou o Projeto “Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial Rural: resultados de pesquisa”, realizado em parceria com o Observatório de Políticas Públicas para a Agricultura (OPPA), do Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA/UFRRJ). O trabalho dividiu-se em 5 eixos temáticos que revelam tanto os avanços obtidos no setor quanto os desafios e limitações encontrados para o desenvolvimento dos territórios no país.
o controle social das políticas implementadas ou em desenvolvimento.
Na avaliação dos consultores, a ideia de territorialidade e sustentabilidade nas ações de desenvolvimento rural está cada vez mais presente nas entidades brasileiras, o que traz à tona uma nova “institucionalidade”. As proposições de políticas de desenvolvimento territorial formuladas visam atender à diversidade geográfica, cultural e socioeconômica dos territórios.
Dessa maneira, o mundo rural brasileiro pode contribuir diretamente para orientar políticas, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Condraf ) e da Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA).
As formas – não governamentais - de organização da sociedade civil já são responsáveis por inúmeras atividades políticas, culturais e socioeconômicas de caráter público. A proliferação de conselhos, fóruns, associações comunitárias e outros tipos de colegiados, organizados em cidades, estados e territórios, fez surgir uma nova instância de governança. Ainda que, em muitos casos, sem normas legais, esta proposta de gestão social legitima-se pelos seus atores e organizações civis. O Projeto “Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial Rural” pesquisou, refletiu e analisou como Estado e a gestão social não governamental convivem e interagem. E, ainda, de que maneira essa gestão compartilhada interfere e modifica o papel dos governos, suas relações com os atores sociais e
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O Programa “Territórios da Cidadania”, iniciativa que coordena ações nos mais variados ministérios, permitiu a um conjunto de municípios juntar esforços, a partir da união de suas características econômicas e ambientais, bem como a coesão social, geográfica e de identidade cultural que apresentam.
As pesquisas realizadas apontam uma linha de estudos aplicados que demonstra a necessidade da incorporação do conceito de território de identidade, articulação de políticas setoriais com participação social nos territórios, desenvolvimento de sistemas de financiamento para projetos estratégicos, fortalecimento da capacidade de gestão social e construção de um marco jurídico-normativo para o desenvolvimento sustentável dos territórios rurais que assegure o “empoderamento” dos atores sociais para gestão em conjunto das políticas públicas. A elaboração dos 5 eixos temáticos citados acima, e descritos na sequência, tem como objetivo fornecer subsídios de apoio às ações do Condraf e da SDT para a formulação de uma nova geração de políticas públicas de desenvolvimento rural.
[ especial ]
Análise Comparativa das Políticas Públicas de Desenvolvimento Territorial
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Karina Kato
“Falta isso, dar visibilidade a alguns atores invisíveis e como fazer isso, esse é um obstáculo que considero central pra você combater a pobreza rural e ter, realmente, um processo de desenvolvimento que seja inclusivo”.
ma das responsáveis por este eixo, Karina Kato (CPDA/UFRRJ) afirma que o país necessita de um número maior de políticas do que possui hoje, mas avalia a diversidade de instrumentos existentes: “Acho que está aí como grande desafio a gente conseguir a articulação das políticas que, de certa forma, você tem nos últimos anos. Principalmente a partir dos territórios de identidade, você tem uma priorização, um olhar que valoriza os territórios rurais que sempre foram áreas muito marginalizadas pelas políticas públicas, então você ganha um pouco com isso, ainda não é a prioridade do governo, mas há toda uma estratégia de intervenção baseada no desenvolvimento territorial, só que você ainda não alcançou uma efetiva articulação, então você tem nos territórios da cidadania uma sobreposição ou uma concentração de políticas”. Segundo ela, o problema é fazer com que as ferramentas sejam devidamente aplicadas e direcionadas para os atores sociais que não dispõem de tantos recursos, em vez de favorecer os agricultores já incluídos no processo: “Falta isso, dar visibilidade a alguns atores invisíveis e como fazer isso, esse é um obstáculo que considero central pra você combater a pobreza rural e ter, realmente, um processo de desenvolvimento que seja inclusivo”.
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[ especial ]
Gestão de Políticas Públicas de Desenvolvimento Rural no Contexto das Novas Institucionalidades
Nelson Delgado
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pesquisa de campo desse eixo foi realizada em três territórios. Os especialistas concluíram que a articulação social dos atores é determinante para o sucesso dos resultados e a consolidação dos movimentos estabelecidos em cada local. Nelson Delgado (CPDA/UFRRJ) considera essa questão de fundamental importância para avaliar se os segmentos da sociedade civil conseguem, além de participar dos espaços de controle social, formular alternativas para a implementação de políticas, o que varia conforme a região: “Há territórios, como o da Borborema, em
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que os atores têm claramente posturas em relação a como intervir para formular projetos estratégicos com definições claras. Em outras situações, não. É mais difícil e você vai ter que fazer um esforço de caminhar nessa direção e aí é possível que o governo federal possa ajudá-los nessa direção, no sentido de criar condições pra que esses encontros e essa preocupação passem a fazer parte de uma forma mais substantiva das agendas políticas desses movimentos”. Para ele, discutir as formas de protagonismo social dos atores envolvido pode ajudar na viabilização do desenvolvimento econômico do território: “O problema todo da questão do protagonismo é como você articula forças pra definir um projeto que interesse ao território, um projeto estratégico para o território. Aí, você vai usar as políticas necessárias, formular projetos necessários e, digamos, buscar a formulação, a criação de novas políticas. Agora, a questão central é onde está o protagonismo disso e, principalmente, numa ótica em que esse protagonismo não pode ser só da sociedade civil ou só do Estado. Temos que caminhar numa direção em que seja possível um protagonismo que, de alguma forma, e falando no que seria o ideal, aproxime Estado e sociedade civil nas ações de ambos nas políticas públicas e dos projetos territoriais”.
[ especial ]
Marco Jurídico-Normativo para o Desenvolvimento Rural com Enfoque Territorial
por outras mudanças do tipo reconhecer o território como entidade jurídica, uma entidade legal, mas é uma coisa complicada porque tem essa tensão com as prefeituras”.
Leonilde Medeiros
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ma dicotomia entre os meios urbano, tido como moderno e desenvolvido, e rural, considerado atrasado e sem progresso. Assim, Leonilde Medeiros (CPDA/UFRRJ) percebe a concepção do país sobre o tema, mas diz que ocorre uma renovação de conceitos para diferenciar o rural do agrícola, por exemplo, e compreender que a questão do campo não pode se restringir apenas à produção: “Está havendo, na prática, uma redefinição de conceitos, inclusive de política. A política territorial já aponta para isso, mas os marcos permanecem, a gente não tem muita sinalização de mudança. É óbvio que essa mudança conceitual é muito complicada porque como fazê-la, como gerá-la, passaria
De acordo com a pesquisadora, a legislação vigente é insuficiente para atender às demandas e particularidades do meio rural, o que impede, muitas vezes, que as populações tenham o campo como o lugar ideal para viver, sem acesso qualificado a bens e serviços básicos, como saneamento, saúde e educação. Quadro que novos marcos legais poderiam resolver, dando garantias ao direito que as populações rurais têm de permanecer onde estão: “Uma crescente mudança de linhas políticas no sentido de ampliar o conceito de rural, que é a política de desenvolvimento territorial, é a melhor sinalização disso e, ao mesmo tempo, uma história institucional, legal e uma cultura política que reforça o urbano como lugar do progresso e de acesso a bens e serviços e aí você tem um problema sério para o futuro de um país que tem uma população rural significativa e a luta por terra, nos últimos anos, é uma sinalização clara de que existe uma parcela da população que tem interesse em ficar, uma gente que tem articulação da sua vida com base nesse lugar, você vê tudo isso na forte ideia e interesse de permanecer no rural e aí essa redefinição é importante pra dar conta desse conjunto de demandas”.
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[ especial ]
Financiamento da Política de Financiamento Territorial
tem sido bastante razoável. Porém, nos itens relativos às despesas de capital (em especial investimentos), que dependem da anuência e adimplência dos entes federados (governo estadual e/ou municipal), é necessário, ainda, acelerar o trâmite dos projetos”, diz Sérgio Leite (CPDA/UFRRJ).
Sérgio Leite
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este eixo temático, um problema verificado em outras áreas se repete e se resume em uma palavra: concentração. Isso é o que acontece com o orçamento. Os pesquisadores mostram que 90% de todos os recursos distribuídos saem de 5 ministérios somente. “Do ponto de vista do financiamento é necessário ainda assegurar uma base, um lastro mais estável a médio e longo prazo para fazer jus às necessidades de gastos nos projetos de desenvolvimento territorial. Uma alternativa possível, a ser pensada, é a criação de um Fundo específico para essa finalidade. De uma forma geral, tendo como referência a experiência recente, a capacidade de gasto
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Outro debate que, segundo o pesquisador, deveria ser feito é sobre a vinculação dos recursos disponibilizados ao chamado ano orçamentário: “A questão, na realidade, é não vincular a elaboração dos projetos territoriais e, em especial os projetos de investimento, ao ano orçamentário, permitindo uma maior agilidade no trâmite dessas propostas e viabilizando uma antecipação da discussão sobre as prioridades e áreas a serem financiadas”. Para ele, o financiamento das políticas territoriais ainda deve ser aprimorado: “De uma forma geral ele atende aos atores envolvidos na estratégia de desenvolvimento territorial proposta pelos Programas “Territórios da Cidadania” e “Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais”. O desafio, que ainda permanece, é fazer com que os distintos setores e segmentos que integram a base territorial dessas unidades, especialmente aqueles setores ligados à sociedade civil que ainda se encontram mais desarticulados, de certa maneira, os chamados ‘invisíveis’, sejam incorporados nos Projetos Territoriais”.
[ especial ]
Instrumentos, Programas e Agentes do Financiamento Territorial
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s estudos apresentados sobre este eixo revelam uma contradição: apesar da sofisticação tecnológica do Sistema Financeiro Nacional, 77% dos ativos estão concentrados em apenas 5 bancos.
Fábio Búrigo
“Esse é um dilema que o Pronaf está enfrentando nos últimos anos em relação a um certo esgotamento da capacidade do perfil de público para o qual ele se organizou e conseguiu atender muito bem, que são aqueles agricultores familiares que têm o mínimo de inserção nos mercados, com capacidade de articulação e de tocar os negócios.”
Além disso, o Brasil encontra-se na 14ª colocação no ranking de micro-crédito da América Latina e Caribe. Para Fábio Búrigo (UFSC) é necessário atribuir maior importância às instituições financeiras em escalas regionais e locais para que toda a população seja satisfatoriamente atendida. O que poderia, inclusive, ampliar a oferta de crédito e, também, de instrumentos para as atividades da agricultura familiar: “Esse é um dilema que o Pronaf está enfrentando nos últimos anos em relação a um certo esgotamento da capacidade do perfil de público para o qual ele se organizou e conseguiu atender muito bem, que são aqueles agricultores familiares que têm o mínimo de inserção nos mercados, com capacidade de articulação e de tocar os negócios. O Pronaf B é uma linha de atuação do Pronaf que nós precisamos avançar, sob o ponto de vista de estruturar o sistema, de melhorar as metodologias, de criar políticas de reforço ao crédito porque o crédito em si não vai conseguir resolver esses problemas ligados a esse tipo de população”.
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[ internacio nal ]
III Curso Internacional de Turismo Rural Foto: Paula Simas
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aseado na plataforma de Educação a Distância, pela internet, o IICA Uruguai promove o curso sobre turismo rural, coordenado pela Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade da Empresa FCA-UDE. O programa se divide em módulos: turismo no agronegócio, gestão do turismo rural, principais componentes do turismo rural, comércio e marketing, projetos e planos de negócios, o turismo rural para o desenvolvimento local, mercados e possibilidades e, por fim, os exercícios de avaliação. O curso é dirigido a estudantes, professores, técnicos e produtores rurais, com carga de 60 horas/aula entre os dias 19 de julho e 17 de setembro. Por meio de uma senha pessoal, os alunos terão acesso ao material didático, consultas aos professores, fóruns de intercâmbio e aulas interativas com apresentações em texto, áudio e vídeo.
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O objetivo é fomentar a indústria do turismo rural em função dos seus recursos naturais nas mais diferentes regiões do mundo, suas particularidades em relação aos territórios urbanos e o desenvolvimento de atividades econômicas e culturais. Outras informações: http://www.iica.org.uy/index. php?option=com_content&view=article&id=203&Itemid=203
[ internacional ]
Representação do IICA no Uruguai lança novo Fórum Eletrônico
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ecnologia móvel no setor rural e agrário: experiências internacionais e oportunidades é o tema do Fórum Eletrônico que o IICA Uruguai promoverá entre os dias 6 e 19 de julho. Os organizadores pretendem apresentar, discutir e difundir conhecimentos sobre a utilização de tecnologias móveis no meio rural, tanto nas aplicações empresariais quanto na implementação de projetos sociais voltados para o desenvolvimento de comunidades rurais, tendo em vista o acesso às tecnologias e suas modalidades, o marco regulatório e os impactos previstos. O Fórum é dirigido aos produtores rurais e às populações do campo que usam ou gostariam de usar mecanismos como internet, celular, GPS e outras ferramentas que dão suporte às atividades agropecuárias e ajudam a melhorar a eficácia dos meios produtivos. Pela internet, os participantes poderão compartilhar documentos, participar de debates e trocar informações sobre os eixos temáticos em discussão. A inscrição é gratuita e pode ser feita pelo endereço eletrônico: http://www.iica.org.uy/index. php?option=com_ckforms&view=ckforms&id=1&Ite mid=131. Outras informações: gestionweb@iica.org. uy /mariana.fossatti@iica.org.uy
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[ internacio nal ]
III Fórum Hemisférico de Jovens Líderes em Agricultura
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agroempreendedorismo como alternativa de negócio nas zonas rurais. Essa é a proposta central da capacitação que será oferecida a profissionais de 22 a 40 anos de idade sobre gestão agrícola e liderança, uma realização do IICA e da Universidade de Nebraska. O III Fórum Hemisférico de Jovens Líderes em Agricultura, nos Estados Unidos, acontecerá entre os dias 2 e 6 de agosto. Com foco na melhoria das condições de vida das comunidades rurais para evitar a migração para os grandes centros, o fórum quer ampliar a participação dos jovens no processo de tomada de decisões e na formulação de políticas públicas. O IICA e a Universidade de Nebraska concederão duas bolsas por países. Hospedagem, passagens, alimentação, visitas de campo e seguro poderão ser custeados em parte ou integralmente. No encerramento do encontro, os ex-ministros de agricultura dos Estados Unidos, dos países da América Latina
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e o Diretor Geral do IICA, Víctor M. Villalobos, apresentarão o painel Oportunidades para gerar riquezas no setor rural. Durante o Fórum também está prevista a inauguração do Centro Engler de Empreendedorismo em Negócios Agrícolas, um organismo da Universidade de Nebraska fruto de um investimento inicial de 20 milhões de dólares. Os candidatos devem ter estudos concluídos nas áreas de Agronomia, Antropologia, Ciência Animal, Ciência da Computação, Ciência Política, Direito, Ecologia, Economia Agrícola, Estudos Ambientais, Políticas Públicas, Relações Internacionais e Veterinária. Fluência em inglês e espanhol, domínio da informática e comprometimento com o desenvolvimento do meio rural estão entre os requisitos. Outras informações: www.iica.org.br/Noticias/201005-27CentroLiderancaIICArealizaIIIForumHemisfericoJovensLideresAgricultura.html
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[ publicações ]
Guia para Gestão da Propriedade Intelectual
“A semente foi plantada: as raízes paulistas do movimento sindical camponês no Brasil, 1924-1964”
Com 90 páginas, o Guia para Gestão da Propriedade Intelectual em Consórcios Regionais de Pesquisa Agrícola apresenta informações sistematizadas sobre normas e aspectos jurídicos com ênfase no tema da titularidade dos projetos de pesquisa científica.
Esse é o título do livro recém lançado pelo brasilianista Clifford Andrew Welch. Professor de História Contemporânea do Brasil da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o autor revela a militância dos trabalhadores rurais na luta camponesa por transformações nas condições de vida dos agricultores de cana e café . O livro detalha a origem da mobilização nacional na região de Ribeirão Preto (SP) a partir da segunda metade do século XIX até meados da década de 60, com a organização das ligas camponesas e a formação de movimentos agrários.
De forma prática, a publicação traz os principais conceitos da regulamentação internacional, as estratégias para proteção dos estudos e os elementos da gestão de projetos agrícolas. Voltado para acadêmicos, universidades, empresas e produtores rurais, o livro também mostra como se organizam programas regionais e territoriais de desenvolvimento na América Latina e Caribe. Acesso disponível em: http://infoandina.org/node/29932
(coord. editorial: IICA)
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A obra, com apoio do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD/MDA) pode ser encontrada no site: http://www.expressaopopular.com.br/loja/
(coord. editorial: Expressão Popular)
Combatendo a Desigualdade Social: o MST e a Reforma Agrária no Brasil O livro analisa as causas, efeitos e reações às desigualdades da estrutura fundiária no Brasil. Desenvolvida por 19 especialistas brasileiros e estrangeiros, a publicação foi organizada pelo cientista político e professor da School of International Service da American University (EUA), Miguel Carter. Ele retrata com pesquisas e documentos a luta pela reforma agrária no país. O foco do trabalho está no combate ao padrões de desigualdade do Brasil rural e as consequências do flagelo social que a disparidade provoca. A publicação é fruto da parceria entre Editora Unesp e o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Outras informações: http://www.travessa.com.br/ COMBATENDO_A_DESIGUALDADE_SOCIAL_ O_MST_E_A_REFORMA_AGRARIA_NO_BRASIL/ artigo/e4eb0ef2-b579-4a54-b5e0-3ebb0fdf2652
(coord. editorial: Unesp)
[ publicações ]
Série Desenvolvimento Rural Sustentável
Livro que debate o futuro do campo ganha versão digital O que é reforma agrária? O que se pode aprender com as experiências já realizadas em outros países? São algumas das perguntas que os pesquisadores Sérgio Leite e Rodrigo Ávila respondem no livro “Um futuro para o campo: reforma agrária e desenvolvimento social”, lançado em 2007. A novidade é que o livro foi adaptado para o formato digital, seguindo a tendência do e-book. Os autores também abordam dilemas como a reforma agrária versus o agronegócio e sua situação no Brasil dos nossos dias. Eles mostram que a reforma agrária não se restringe à distribuição de terras e que suas consequências não são apenas econômicas, com melhoria nas condições de vida e alimentação da população assentada. A publicação está disponível para venda nas livrarias virtuais Gato Sabido e, em breve, na Saraiva. E poderá ser acessada pelo site:http://www.gatosabido.com.br/detalhe_livro.php?id=106390
A SÉRIE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL expressa a efetiva colaboração tanto da Representação do IICA no Brasil quanto do Fórum Permanente de Desenvolvimento Rural Sustentável em busca do desenvolvimento agrícola e do bem-estar das comunidades rurais. Reúne artigos assinados por renomados profissionais nacionais e internacionais com o objetivo de difundir e suscitar o intercâmbio de conhecimentos e de iniciativas bemsucedidas de desenvolvimento sustentável no meio rural, promovidos por instituições acadêmicas, instituições governamentais e nãogovernamentais e organizações da sociedade em geral.
(coord. editorial: Vieira e Lent)
Mais detalhes da Série no site: www.iicaforumdrs.org.br www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2010
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[ câmara
de juventude rural ]
Intercâmbio da Juventude Rural
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o dia 28 de junho terá início o III Intercâmbio da Juventude Rural Brasileira. A iniciativa proporcionará a cento e vinte jovens agricultores familiares a oportunidade de conhecer diferentes realidades rurais. Treze estados e onze organizações não-governamentais que investem em projetos de Educação do Campo apóiam a ação. O intercâmbio será dividido em dez etapas, e segue até 8 de dezembro. Nestes seis meses, os intercambistas terão uma vivência de 10 dias em outro meio rural, onde trocarão experiências, aprenderão novas técnicas agrícolas, conhecerão tecnologias alternativas, farão visitas a propriedades de agricultores familiares da região, entre outras atividades. No retorno para seus estados de origem, eles poderão adaptar os novos conhecimentos à sua realidade. Os estados onde serão realizadas as etapas do intercâmbio são: Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
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Paraná, Amazonas, Acre, Espírito Santo, Bahia e Paraíba. O III Intercâmbio é promovido pela Rede Jovem Rural, coordenada pelo Instituto Souza Cruz. Trata-se de um projeto coletivo formado por seis instituições que promovem ações de cooperação e defesa conjunta da causa do jovem rural brasileiro. São elas: Associação das Casas Familiares Rurais do Sul do Brasil (ARCAFAR-SUL); Centro de Desenvolvimento do Jovem Rural (CEDEJOR); Instituto Souza Cruz; Movimento de Educação Promocional do Estado do Espírito Santo (MEPES); Movimento de Organização Comunitária (MOC) e Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA). Além destas, as outras organizações que participam da iniciativa são: Associação das Casas Familiares Rurais do Amazonas (ARCAFAR/AM), Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Baixo-Sul da Bahia, Escola da Floresta (AC), Associação das Escolas Famílias Agrícolas do Centro- Oeste e Tocantins (AEFACOT) e Programa de Apoio à Educação Rural (PB).
[ câmara
de juventude rural ]
Novas perspectivas em Educação do Campo
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o dia 14 de junho foi realizada a primeira edição das Jornadas Temáticas da Câmara de Juventude Rural, uma parceria entre o Fórum de Desenvolvimento Rural Sustentável, do IICA, e a Rede Jovem Rural. Sob o tema “Novas perspectivas em Educação do Campo”, o encontro foi realizado no Pólo Universitário Jair Travassos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Angra dos Reis (RJ). A jornada começou com a apresentação do recémlançado filme “Juventude: trabalho e sustentabilidade do campo”, que utiliza como pano de fundo a III Jornada Nacional do Jovem Rural. Josiane Silva (ADJER-SC), Rubenildo Campos (PAER-PB), Joelnir Santana (MOC-BA), Nazaré Cola (Mepes-ES) e Rosieli Sousa (Aefacot-GO) falaram sobre suas instituições de origem, suas experiências pessoais e a participação nas ações da Rede Jovem Rural. “Nunca participei de uma mesa em um evento. Para mim, foi uma ocasião especial, pois pude falar sobre a minha realidade para pessoas interessadas em conhecer não só a meto-
dologia do Mepes, mas também saber sobre a minha história de vida”, orgulha-se Nazaré. Depois das apresentações, os jovens responderam às perguntas do público e participaram de uma entrevista com um grupo de alunos da UFF. “Ao longo da apresentação vi muitas pessoas atentas e, no final, as palmas mostraram o entusiasmo delas com a minha experiência junto aos coletivos do MOC”, comemora Joelnir.
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[ câmara
de juventude rural ]
Rio Grande do Sul
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o dia 18 de junho, a segunda Jornada Temática da Câmara de Juventude Rural foi realizada no município de Vera Cruz (RS), sobre o mesmo tema.
Após a exibição do filme, as apresentações foram mediadas pelo especialista em Projetos Sociais do Instituto Souza Cruz, Rodolfo Lobato, e contaram com a participação de Adair Pozzebon, coordenador da EFA de Santa Cruz do Sul; Adriana Bôer, coordenadora do Centro de Desenvolvimento do Jovem Rural (Cedejor) Vale do Rio Pardo; José Antônio Schmitz, coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Horticultura da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul; e Lovois de Andrade Miguel, coordenador do PLAGEDER, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Educadores da Arcafar/Sul reunidos
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efinindo assuntos técnicos e pedagógicos relacionados às Casas Familiares Rurais (CFRs) de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, a equipe da Associação Regional das Casas Familiares Rurais do Sul do Brasil (Arcafar/Sul), membro da Rede Jovem Rural, esteve reunida na última semana. Cursos, projetos, intercâmbios, serviços administrativos e atividades em geral foram debatidos entre os participantes. Coordenadores e assessores puderam falar sobre suas atividades e programações em cada estado e região, apontando, também, a situação atual das CFRs. A reunião foi desenvolvida com o intuito de discutir assuntos do cotidiano, sanando dúvidas e dificuldades. O encontro foi realizado na sede da entidade, em Barracão (PR). O presidente da Arcafar/Sul, Nilo Jacob Bender, acompanhou a reunião. O próximo encontro de lideranças será realizado entre primeiro e três de setembro. Fonte: Cheyler Modanese, assessora da Arcafar-Sul
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Expediente Coordenador Executivo do Fórum DRS Carlos Miranda Assessor Técnico do Fórum DRS Breno Tiburcio Assistente Técnico do Fórum DRS Renato Carvalho Coordenação Jornalística Fernanda Tallarico Projeto Gráfico e Diagramação
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A 67a Edição do Boletim Eletrônico do Fórum DRS apresentará uma entrevista com o Professor Ricardo Zeledón Zeledón, Presidente do Comitê Americano de Direito Agrário, que discute a importância da existência de um marco jurídico normativo para assegurar a sustentabilidade das políticas de desenvolvimento rural.
Manifestação Cultural Abertura do IV Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial Aracajú-SE