Meio a meio

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APASE - Associação de Pais e Mães Separados www.apase.org.br Integra da reportagem publicada na Folha de São Paulo, seção “Revista da Folha” Edição de 15/08/1999

MEIO A MEIO – Lembraram de mim “Guarda Compartilhada, nova opção para descasados, permite à criança a mesma quantidade de tempo com a mãe e com pai. Por Estanislau Maria Luis Henrique Guedes, o Lucky, 5, filho de pais separados, está passando os últimos 40 dias na casa do pai, enquanto a mãe faz um curso na Austrália. Sentiu saudade, falou quase todo dia pelo telefone com a mãe, mas não chorou nem fez escarcéu, porque se sente à vontade na casa do pai. Lucky (“sortudo”em inglês) faz parte de um pequeno grupo de crianças cujos pais superaram a “fase do ódio” da separação e conseguiram estabelecer acordos em que dividem meio a meio responsabilidades, despesas e o convívio com os filhos. Embora não exista ainda explicitamente na lei, esse novo tipo de trato, chamado de “guarda compartilhada”, têm crescido, em números absolutos, no Brasil: eram 599 casos em 85 e,dez anos depois, chegou a 1.752 (1984, 575 casos; 1985, 599 casos; 1990, 1.420 casos; 1991, 1.593 casos; 1992, 1.535 casos; 1993, 1.612 casos; 1994, 1.759 casos; 1995, 1.752 casos). “No papel, a guarda fica com o pai ou a mãe, mas, no acordo de separação, eles podem definir um regime de visitas bem amplo”, explica o Juiz Guilherme Strenger, titular da 5a Vara da Família do Fórum Central de São Paulo. Foi essa fórmula que o publicitário Carlos Augusto Guedes, 29, e a estudante de teatro Daniela Lira, 28, pais de Lucky, seguiram: a mãe tem a guarda, mas o menino fica cada semana em uma casa. “Na prática, o Lucky fica onde quiser. Pode inclusive passar um dia aqui, outro lá. Posso vê-lo todo dia, é só ele ligar”, dia Carlos, que, em um acordo padrão, veria o filho apenas em finais de semana alternados e uma ou duas vezes durante a semana. Casados por cinco anos e separados desde 1998, Carlos e Daniela chegaram a esse pacto, segundo ele, porque “conseguiram superar a fase de mágoa, sem afetar as relações de cada um com a criança”.

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