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Editorial
Não sei se é das noites frias e de céu estrelado, se do cheiro a lareira que sai de cada uma das chaminés, se da ansiedade em rever quem está longe, Dezembro cheira a Natal e o Natal sabe a mesa farta de sabores, de gargalhadas, de estórias que se recordam pela noite dentro, a uma alegria que ainda que seja tristeza disfarçada de sorriso é obrigatória numa noite que tem de ser FELIZ. Nem sempre vivido por todos da mesma maneira, o Natal por todos é sentido, mesmo por aqueles que dizem não gostar do Natal. E seria o Natal o mesmo se nada tivéssemos sobre a mesa? Seria a mesma euforia, a mesma alegria, a mesma satisfação se não tivéssemos o bacalhau com as couves bem regadas do azeite novo, as azeitonas já preparadas desde a última colheita, a broa de milho, os bolos de bacalhau, o polvo, os coscorões, as rabanadas, as filhós, os beilhós, os sonhos, o arroz doce, o leite de creme, as broinhas de abóbora, as lampreias de ovos, o vinho do Porto ou a geropiga a acompanhar as conversas que se prolongam numa noite que não queremos que tenha fim? Podemos saborear tudo isto fora da época natalícia, mas não é a mesma coisa. Saberia o Natal ao mesmo se não tivéssemos a azáfama de uma cozinha que cheira a mãe, a avó, a tia, às matriarcas que coordenam os trabalhos da cozinha e que nos deixam rapar o tacho do arroz doce ou que nos deixam roubar um beilhós antecipando, assim, um pouco o sabor de uma noite especial? Quem pode negar o amor que está nessa tarde de preparação da mesa de Natal? O Natal é um todo de sabores. Do doce ao salgado. Do doce das lágrimas de alegria, pois doce é a presença de quem nos acompanha. Do salgado das lágrimas que ardem na boca pela ausência de quem não está connosco. Natal é a mistura do doce e do salgado na nossa boca e no nosso coração dando azo à descoberta de novas atitudes perante a vida. Entre o deve e o haver, o Natal transporta-nos para a dádiva da vida, para a gratidão da família, para a beleza dos laços que, por vezes, são mais fortes que os de sangue. Com lágrimas doces ou salgadas presas na garganta, todos sentimos o Natal na abundância. Do simples bacalhau cozido com as couves às requintadas sobremesas de Natal, não esquecemos nunca que a abundância não está só na mesa, mas mora sobretudo no nosso coração. Feliz Natal para todos!!!
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Olga Cavaleiro
Conteúdos
Editorial………….……………………..…………………. 3
Natal pelo Mundo ………………………………………... 5-7
Bolo-Rei ………………………………………………….. 8-9 Real Confraria da Cabra Velha ………………………….. 10-17
Capítulos ………………………………………………... ..18 Iniciativas Confrarias……………………………………….19 Próximos Eventos…………………………………………. 20
Natal pelo mundo…
Apesar de Portugal ser um país pequeno, as tradições de Natal podem variar bastante entre regiões. É tradicional o presépio, a árvore de Natal, ou ambos, a Missa do Galo e as Fogueiras para aquecer o Menino Jesus. A ceia de Natal em Portugal também varia geograficamente: entre o bacalhau cozido com batatas e couves, o polvo. Os doces são os clássicos, como rabanadas, sonhos, filhós, pastéis de gila, a aletria ou os bolinhos de jerimu. Algumas famílias ainda assistem à Missa do Galo, à meia-noite na véspera de Natal, outras passam a noite com a família. A troca de presentes acontece à meia-noite no dia 24, mas há ainda quem prefira uma visita noturna do Pai Natal ou do Menino Jesus, e abra os presentes no dia 25 de manhã, como mandava a tradição mais antiga. O dia de Natal em si é dia de “roupa velha” feita com as sobras do bacalhau da consoada, mas também encontramos sobre as mesas os pratos de festa como o Galo assado, a chanfana, e tantos outras iguarias extraordinárias. Em Portugal como no mundo, o Natal é dedicado à família e aos amigos.
Japão
As tradições de Natal no Japão serão de certeza das mais 'exóticas’ – é que não tendo o Japão uma tradição cristã, este dia nem sequer é um feriado nacional. Na verdade, a noite de 24 de dezembro é uma espécie de dia dos namorados. No entanto, nos últimos anos tem crescido a tradição das luzes de Natal, bem como os pinheiros enfeitados e até o PaiNatal. Os presentes, esses, são trocados entre namorados ou pretendentes, mas não entre as famílias, que se reúnem apenas na noite de passagem de ano.
Austrália
No meio do verão australiano as ruas enchem-se de decorações natalícias e neve artificial. Os australianos, que no Natal comem maioritariamente refeições frias – como fiambre, peru assado, mariscos e saladas – têm por hábito visitar amigos no dia 26 de dezembro, o Boxing Day, ou fazer churrascos na praia. Entre os doces encontramos as bolachas de gengibre, mince pies (empadinhas doces), christmas pudding (um bolo-pudim feito com frutos secos) ou a famosa pavlova. E, apesar do calor, o eggnogg nunca falta!
As tradições de Natal no Brasil, não são diferentes do resto do mundo com a exceção de que o Natal é durante o verão! Assim, e com a grande variedade de frutas tropicais, os pratos natalícios brasileiros incluem muitas frutas. A ceia de Natal, farta, inclui tender (uma espécie de fiambre), chester (um tipo de frango proveniente da Escócia), lombo, cordeiro, peru ou bacalhau, com arroz, farofa ou salada de batata a acompanhar. As sobremesas passam pelas rabanadas, pelo pudim, entre muitos outros doces deliciosos, e os brindes são feitos com champanhe e ponche de frutas.
Angola
O Natal em Angola é muito dedicado à família, que se reúne e faz uma grande festa com uma ceia a condizer. Os pratos lembram um pouco os portugueses, como bacalhau, cabrito assado ou peru, mas incluem também influências angolanas – muitos vegetais, mandioca, arroz e galinha. As decorações incluem presépios, árvores decoradas com frutos, luzes coloridas, Pais-Natal e até neve a fingir! É costume trocar-se presentes ou pequenas lembranças entre familiares. Quanto a doces, há diversos bolos e pudins, mas o bolo-rei, também não falta!
Adaptado National Geografic: https://www.natgeo.pt/historia/2019/12/como-sao-tradicoes-denatal-nestes-paises