DA IMIGRAÇÃO NA EUROPA – ÀS/AS MARGENS DA CIDADE TRADICIONAL FLORENÇA/ITÁLIA
FRANCESCO GIANNELLI
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MUSEU E MEMORIAL
DA IMIGRAÇÃO NA EUROPA –
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MUSEU E MEMORIAL
ÀS/AS MARGENS DA CIDADE TRADICIONAL FLORENÇA/ITÁLIA
USJT | Universidade São Judas Tadeu CURSO | Arquitetura e Urbanismo TFG | Trabalho Final de Graduação ORIENTANDO | Francesco Giannelli ORIENTADOR | Prof. Dr Fernando Guillermo Vázquez Ramos
NOVEMBRO, 2016
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[S U M Á R I O
1. INQUIETAÇÕES
1.1 RESUMO - INTENÇÕES 1.2 INTRODUÇÃO 1.3 OBJETIVOS 1.4 METODOLOGIA 1.5 JUSTIFICATIVA
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS 2.1 ERA DAS IMIGRAÇÕES EM MASSA 2.2 AS GUERRAS E OS FLUXOS POSTERIORES 2,3 DESLOCAMENTOS DO SÉC. XXI - PERSPECTIVAS 2.4 IMIGRAÇÃO – ESCALAS 3. LUGAR 3.1 RECONHECIMENTO GEOGRÁFICO 3.2 RECONHECIMENTO REGIONAL 3.3 RECONHECIMENTO HISTÓRICO 3.4 RECONHECIMENTO LOCAL 3.5 INDAGAÇÕES PROJETUAIS 3.5.1 ANTECEDENTES 3.5.2 QUESTIONAMENTOS - DIAGNÓSTICO
[4]
4. ESTRATÉGIAS 4.1 NORMAS E ESTRATÉGIAS 4.2 EMBATES 4.3 AÇÕES 5. ORIGENS E UTOPIAS 5.1 HISTÓRIA - CONCEITO 5.2 PROGRAMA E ORGANIZAÇÃO 5.3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS 5.4 ESTRATÉGIAS CONCEITUAIS
6. [IN]CONVERGÊNCIAS 6.1 CONDICIONANTES – APLICAÇÃO CONCEITUAL 6.2 INDAGAÇÕES 6.3 MAQUETE DE ESTUDO 6.4 CONCEPÇÃO - PROCESSO 6.6 SISTEMA ESTRUTURAL 6.7 IMPLANTAÇÃO - CONSOLIDAÇÃO 6.8 INVESTIGAÇÕES PLÁSTICAS 7. REFLEXÕES 7.1 CONSIDERAÇÕES 7.2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Hay un desierto. Pero tampoco tendría sentido decir que estoy en el desierto. Es una visión panorámica del desierto, ese desierto no es trágico ni esta deshabitado, solo es desierto por su color ocre y su luz, ardiente y sin sombra. En él hay una multitud bulliciosa, enjambre de abejas, melé de futbolistas o grupo de tuaregs. Yo estoy en el borde de esa multitud, en la periferia; pero pertenezco a ella, estoy unida a ella por una extremidad de mi cuerpo, una
mano o un pie. Sé que esta periferia es el único lugar posible para mi, moriría si me dejara arrastrar al centro de la melé. Pero seguramente me sucedería lo mismo si abandonara. Mi posición no es fácil de conservar, incluso diría que es muy dificil de mantener, porque esos seres se mueven sin parar, sus movimientos son imprevisibles y no responden a ningún ritmo. Unas veces se arremolinan, otras van hacia el norte y luego, bruscamente, hacia el este, sin que ninguno de los individuos que componen la multitud mantenga la misma posición con relación a los demás. Así pues, también yo estoy en perpetuo movimiento, y eso exige una gran tensión, pero a la vez me proporciona un sentimiento de felicidad violento, casi vertiginos.
DELEUZE-GUATTARI, 1985
[5]
[6]
1. INQUIETAÇÕES
INQUIETAÇÃO: (lat inquietatione) 1 Falta de quietação, de sossego. 2 Estado de inquieto. 3Agitação, excitação, sugestionabilidade e instabilidade geral do comportamento.I. social, Sociol: atividade coletiva a esmo, descoordenada, incoerente, acompanhada de emoções perturbadas e distorções de imaginação e mesmo de percepções, e que se origina em situação de desconforto, ações frustradas, impulsos reprimidos, incertezas, senso de mal-estar, por não servirem mais os hábitos e costumes anteriores para se enfrentarem com êxito as novas condições da vida.
[FIG. 2] NAVIO DE IMIGRANTES – 2015
1. INQUIETAÇÕES
pelo anseio de vivificar um espaço importante para a cidade, mas subutilizado.
[RESUMO ] O tema definido é ‘Museu e Memorial da Imigração na Europa – às/as margens da cidade tradicional’, sendo o objeto tratado um equipamento cultural de escala metropolitana associado a um conjunto de espaços públicos em um contexto histórico-social tradicional, neste caso na cidade de Florença – Itália, próximo ao centro histórico. Estas premissas estão vinculadas à discussão e
Ademais, a área estudada está envolvida atualmente em inúmeros imbróglios legais, sendo a sua destinação de uso ainda incerta e conflituosa devido aos interesses que pairam sobre o aproveitamento deste terreno. De um lado a prefeitura e os proprietários do lote buscam aproveitar o potencial deste lugar de modo a ativá-lo economicamente, enquanto os
enfrentamento da questão dos processos imigratórios no velho continente, tendo em
moradores, os movimentos sociais e grupos de urbanistas estudam possibilidades de
vista o desdobramento dos fluxos populacionais especialmente a partir do final do
manter o caráter espontâneo do local.
século XIX e, no contexto territorial, a uma área fundamental para o tecido urbano. O objetivo principal é amplificar o debate acerca da integração e inserção dos imigrantes nas dinâmicas sociais europeias, buscando estabelecer, de modo especial, um lugar que possibilite a conscientização, a recordação e a extensão do legado sócio-cultural dos povos estrangeiros nestes territórios.
O método de trabalho está associado ao processo de identificação dos parâmetros que concomitantemente unem e separam os imigrantes da atuação na sociedade: o idioma e a cultura. Essas associações conceituais, acopladas à referência teórica e projetual da ‘escola contemporânea espanhola’, delimitam no campo da arquitetura as ferramentas de concepção do projeto.
A finalidade do trabalho é investigar a possibilidade de implantação de um marco que cristalize a trajetória da imigração na era moderna, colocando em questão a participação dessas pessoas na construção de novas identidades para os países consolidados, A hipótese é buscar encarar este processo – repleto de conflitos e incertezas – positivamente, sendo o complexo proposto um local para compreensão individual desses fenômenos. O que se justifica na escala social pela necessidade de integração e percepção destes povos e, na escala local, [8]
[FIG. 3] IS UTOPIA CONFRONTED WITH AN RELIGIOUS ATMOSPHERE? PART 1. - SASCHA ELZINGA
1. INQUIETAÇÕES
Ao longo da história, o homem; por um motivo ou outro, tem se
Curiosamente, a Itália, povo que neste percurso de
mantido em movimento pelo mundo, tem se deslocado em busca de algo mais. Estes
deslocamentos tem sido precursor na unificação linguística/cultural entre os
percursos, inúmeras vezes desconhecidos e de diversas naturezas, tem sido o campo
expoentes tradicionais do continente e também tem sido um dos expoentes mais
de construção das civilizações e, mais recentemente das culturas modernas. Essas
recorrentes, tanto em chegada assim como em saída de migrantes, possui um museu
andanças constantes tem sido causadas por inúmeros fatores ao longo da história,
o qual faz referência ao processo de emigração (Museo Nazionale dell Emigrazione
mas pode se dizer que atualmente no velho continente as motivações são os conflitos.
Italiana em Roma), exaltando portanto os feitos de seus cidadãos longe de suas terras
Os povos que outrora ‘desbravaram’ e alcançaram as américas,
na construção de outras culturas. No entanto, aos imigrantes que redefiniram e vem
as índias e a costa africana colonizando tais territórios em busca de recursos
reconstruindo – mesmo que quase invisivelmente - as bases culturais italianas cabe,
materiais, se encontravam debilitados após passarem pela devastação da 1ª guerra
de modo geral, apenas intolerância e exclusão social. É necessário portanto que haja
mundial e sem muitas outras alternativas a não ser ‘fazer o continente’ nos antigos
um processo de conscientização no que tange à ação estrangeira no velho mundo, um
territórios de exploração.
marco que registre as mudanças sociais na história, que petrifique estes fenômenos
Após algumas décadas o contexto mundial tem se invertido: o
e apresente para as próximas gerações quais serão os desafios frente às migrações.
milagre econômico europeu acompanhado da abertura de suas fronteiras ao trabalho
Além disso é essencial investigar às possibilidades de fazer
manufatureiro e os conflitos políticos na África do Norte, no Leste Europeu e em
ressoar os costumes, as tradições e os idiomas destes indivíduos deixados à margem
trechos da Ásia associados a uma situação de extrema pobreza trouxeram um
da sociedade na cidade. Inserir estes elementos através de espaços ativos,
enorme contingente populacional aos países desenvolvidos do continente. Atualmente,
verdadeiros organismos em transformação. Colocar em evidência, não apenas as
ainda que o velho mundo esteja se recuperando da crise iniciada em 2008, o cenário
pessoas e feitos que passaram ou irão passar vindas de longe, mas sim a
é ainda mais drástico: os fluxos imigratórios são cada vez maiores, os percursos
possibilidade de procurar estender esse legado.
terrestres e marítimos mais perigosos e as condições de vida destas populações não necessariamente têm melhorado.
[FIG. 4 ] OBRA: É ISTO UM HOMEM – NUNO RAMOS – MUSEU DA IMIGRAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
[9]
Portanto exorto aos Países a ter uma abertura generosa, que ao invés de temer a destruição da identidade local seja capaz de criar novas sínteses culturais. Como são bonitas as cidades que superam a desconfiança doentia e integram os diferentes, e que fazem de tal integração um novo fator de desenvolvimento! Como são bonitas as cidades que, também em seu desenho arquitetônico, são cheias de espaços que conectam, relacionam, favorecem o reconhecimento do outro.
JOSEPH RATZINGER, 2011
[FIG. 5] VENDEDORES AMBULANTES REVENDEM RÉPLICAS DE PINTURAS FLORENTINAS NO CENTRO DA CIDADE – FLORENÇA
1. INQUIETAÇÕES [INTENÇÕES ]
Seguiu-se à contextualização na escala nacional detectando um
O interesse em desenvolver o Museu e Memorial da Imigração na
território de significação histórica e cultural única e, além disso, que representasse um
Europa em Florença originou-se a partir da definição de três vetores determinantes
contexto singular para a constituição/unificação das línguas neolatinas e derivações
para a concepção do objeto projetual, os quais se relacionam e complementam-se de
(maioria no contexto europeu, considerando também os idiomas das populações
modo coerente: o tema, o recorte territorial e o programa arquitetônico.
imigrantes).
Estas linhas guias parametrizadas entre si foram se
Por fim, foram considerados aspectos relevantes à escala da cidade
cristalizando tanto contemplando situações de vivência pessoal, assim como
e aos bairros próximos, entre estes: a possibilidade de melhor aproveitamento dos
questionando e buscando reconhecer questões das cidades metropolitanas.
sistemas infraestruturais e viários; a reconstrução de locais marginais ao centro
Evidentemente, representam também preocupações no contexto geral da arquitetura
histórico, no entanto, com potencial de conectividade e de uso público, além de espaços
e do urbanismo no que tange à construção e contínua reconstrução das urbes e as
passíveis de atuar positivamente na valorização da paisagem urbana e de articulação
problemáticas a elas inerentes.
com o patrimônio edificado ao mesmo tempo sendo um novo marco.
Tematicamente, às questões que envolvem este trabalho foram
Enquanto isso, o programa busca criar ofertas de uso coletivo, ao
sendo levantadas através da aproximação aos eventos – efêmeros ou constantes, de
invés de atender apenas às demandas imobiliárias – neste caso os interesses do
esperança ou dramáticos - que levam aos deslocamentos entre países, especialmente
mercado da hotelaria -, que, no contexto territorial do projeto (Centro Histórico de
a partir do século XIX e, atualmente, representam um cenário extremamente
Florença), apresentam uma perspectiva de ativação econômica, ao passo que este
preocupante.
importante local tem sido requerido pela população para fins públicos. De alguma A definição territorial surgiu inicialmente a partir do diagnóstico
maneira, o trabalho pretende estudar a possibilidade de acrescentar algo de novo, de vivo
em escala continental, ou seja, a delimitação de um país que historicamente tivesse
aos tecidos urbanos históricos excessivamente estagnados. Um lugar de múltiplas
estado envolvido em todas as fases dos processos migratórios modernos, tanto de
experiências a partir de um complexo condensador para o local.
saída como de chegada de pessoas. [FIG. 6] MILAN URBAN GRAFFITING/OPEN COURTYARD – MARINA BOVO E CHIARA LIPPI
[11]
1. INQUIETAÇÕES [OBJETIVOS ] A intenção da proposta desenvolvida é buscar constituir (ou
Um dos propósitos deste trabalho é organizar um conjunto
investigar) um espaço que, tendo em vista as diversas escalas abordadas – tanto em
arquitetônico de uso coletivo, que constitua um lugar de reflexão acerca das
relação ao tema (Imigração Europeia – Imigração em Florença), quanto em relação ao
dinâmicas dos deslocamentos populacionais internacionais que têm tido cada vez
território (Continente Europeu – Cidade Metropolitana de Florença – Área de
maior relevância e tendem a se tornarem questões recorrentes das agendas
recuperação ex Fiat Belfiore) – seja capaz de receber lembranças, ocasiões e
políticas.
pessoas envolvidas no processo de imigração europeia do passado, do presente e do futuro.
É importante também ressaltar a intrínseca relação entre a situação estratégica do lugar de projeto, - próximo à maior estação de trem e de vias
Entende-se que a necessidade de se preservar e levar adiante o
estruturais - no que diz respeito aos sistemas de conexão de Florença, com à
legado construído por estas populações em constante movimento pelo mundo pode
integração das tradições dos imigrantes. Assim como é essencial reconectar este
ser possível colocando em evidência sua participação na redefinição – lenta, mas em
espaço marginal da cidade ao contexto de vitalidade existente e ao que se prefigura
curso - das culturas dos países do velho continente.
(chegada do trem de Alta Velocidade e da Linha Municipal da Tramvia – bonde em
A atuação e presença destes milhões de pessoas não deve ser
superfície -), é de suma importância estabelecer pontos de atração para o
mascarada, muito menos menosprezada, e sim ser salientada com transparência.
intercâmbio cultural, a tolerância racial/religiosa e o enriquecimento mútuo das
Portanto, o intuito da abertura deste lugar à atividades de integração e
nações.
empoderamento das culturas inicialmente externas aos países desenvolvidos, deve
Este local, que no âmbito urbano é um nó vital, o qual margeia o
ser amplificada para as gerações residentes, de modo a conscientizá-las acerca
centro milenar da cidade, mas que há mais de uma década encontra-se desocupado
daquilo que são e poderão ser em conjunto à população estrangeira.
poderá ser ressignificado gerando ofertas de espaços culturais para a população de modo geral.
[FIG. 7] OBRA OS RETIRANTES – CANDIDO PORTINARI
[12]
1. INQUIETAÇÕES [METODOLOGIA DE TRABALHO ] O Trabalho Final de Graduação busca se desenvolver do ponto de
Entre essas questões, os temas enfrentados por esta escola que
vista teórico e prático a partir do estabelecimento de diretrizes conceituais que, de
formam a espinha dorsal de investigação do trabalho, destacam-se:
modo geral abarcam as diversas questões projetuais envolvidas, delineando de
- a releitura da natureza na cidade contemporânea, a exploração da
antemão as linhas guias do projeto. Essa estratégia foi adotada com o intuito de
geometria (ocultas ou concretas) e dos recursos linguísticos;
agrupar as diversas vertentes de investigação do projeto de modo a articulá-las e
- o emprego de materiais e tecnologias de forma democrática e inovadora;
aprofundá-las reciprocamente: não linearmente, mas concomitantemente.
- a farta e cuidadosa crítica arquitetônica;
De fato, essa prática se originou da definição sintética de um âmbito cultural cuja arquitetura estivesse vinculada fortemente a questões consideradas essenciais – no contexto específico do projeto - levando em conta tanto os aspectos atuais da produção arquitetônica, tecnológica, ambiental e crítica.
- a abordagem estritamente racionalista e a grande preocupação com os espaços públicos, com maior ênfase para os museugráficos e culturais. Por outro lado, a pesquisa objetiva do lugar e sua definição tiveram inicio com a identificação de áreas marginais ao centro da cidade que fossem
O cenário de estudo delimitado foi o da escola espanhola, a qual,
reservadas a sistemas infraestruturais. Sucessivamente, foram selecionados locais
mesmo não sendo a única, apresenta-se como vanguarda acerca de algumas
que tanto no aspecto de condicionantes legais, assim como em termos de área útil,
preocupações importantes no campo arquitetônico, reunindo sobre si uma prática
pudessem suportar o programa arquitetônico e completar-se através do mesmo.
contemporânea diversificada e de investigação. (MANSILLA-TUNÕN, 2003)
Por fim, houve um comparativo contemplando as possibilidades de acesso e uso, inclusive na escala metropolitana, e as possíveis relações entre o objeto do trabalho e os usuários (análise de demandas populacionais, concentração de equipamentos, etc..). Ademais, especularam-se os impactos na construção da paisagem contextualizando o objeto proposto contemporaneamente ao estudo de
[FIG 8] FICTIONS – FILIP DUJARDIN
referências programáticas e de projeto. [13]
1. INQUIETAÇÕES [JUSTIFICATIVA ] A aproximação temática ocorreu a partir da identificação das
A formação dos diversos idiomas recorrentes na Europa são, de
principais problemáticas relevantes no cenário mundial e que arquitetonicamente
modo geral, influenciados pelo Latim (inclusive a linguística Saxã e Germânica), cujas
pudessem ser relacionadas aos espaços públicos, culturais e significativos em
ramificações constituíram as línguas Neolatinas. Dentre estas, as mais remotas são a
termos metropolitanos. Nesta perspectiva, o tema das imigrações na Europa
Italiana e a Romena, sendo a primeira mais influente historicamente. Culturalmente, o
representa uma possibilidade de se tecer um embate no âmbito da proposição de
mais antigo – e, quem sabe, talvez o mais significativo também- movimento humanista
espaços memoriais contemporâneos nas cidades tradicionais, cuja estagnação formal
após a Idade Média foi o Renascimento, através do qual progressivamente as ‘artes’ e
é apenas em parte reflexo da falta de integração dos imigrantes e da consideração de
as diversas ciências foram sendo difundidas a partir dos ideais antropocentristas.
sua participação na reconstrução cultural que os mesmos tem realizado na história. No contexto Brasileiro, o processo imigratório, já se manifestou
berço da Renascença e foco da unificação dos dialetos italianos, graças
intensamente, mas atualmente, se apresenta em uma escala diminuta se se
especialmente ao maior escritor do país, Dante Alighieri. No contexto regional foram
considerarem as proporções de deslocamentos em relação a população nativa. e à
verificados locais marginais, mas com grande potencial de acessibilidade, fazendo
sucessão destes movimentos historicamente, enquanto no velho continente estes
também uma analogia à situação dos imigrantes na história do continente:
eventos possuem raízes maiores e em abrupta evolução hoje em dia.
marginalizados socialmente e reprimidos culturalmente. Localmente. abordaram-se
A definição territorial ocorreu a partir do estabelecimento de matrizes conceituais que pudessem sustentar simbolicamente a implantação do
[14]
O levantamento destas considerações aponta para Florença:
os territórios destinados às infraestruturas ferroviárias e os locais que serão afetados pelas linhas do Trem de Alta Velocidade.
objeto proposto, ao invés de utilizar referências meramente quantitativas, até pelo
Este trabalho, por fim, abre interrogações: será que estes
cunho da proposta. Portanto, partiu-se da concepção de se sintetizar os parâmetros
territórios devem ser destinados à atividades quase que exclusivamente de lucro?
sociais que concretamente tem o poder de reunir e, concomitantemente, separar os
Qual foi, é e pode vir a ser o lugar do conhecimento e enfrentamento das memórias
povos, que por um motivo ou outro, imigram. Entre estes destacou-se como os mais
individuais e/ou coletivas nas cidades tradicionais? Que espaços desejam ser
significativos: a língua e a cultura.
integradores, de múltiplas faces e ‘monumentos’ subjetivos para a atualidade?
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS
MOVIMENTO: 1 Ato de mover ou de se mover. 2 Mudança de lugar ou de posição; deslocação. 3 Maneira como alguém move o corpo. 4 Ação, animação, variedade. 5 Mudança no viver e pensar dos povos. 6 Impulso da paixão que se eleva na alma. 7 Mec Estado de um corpo cuja distância em relação a um ponto fixo muda continuamente. 8 Astr Marcha real ou aparente dos corpos celestes. 9 Mil Marcha ou evolução de tropas. 10 Mús Cada uma das partes que apresentam andamentos contrastantes. 12 Variante em certas quantidades. 13 Agitação política. 14 Agitação produzida por uma multidão que se move em diferentes sentidos. 15 Circulação. 17 Impulso interior. 18 Variação de valores. 19 Circulação dos trens segundo as necessidades do serviço. 21 Número de navios que entram no porto ou saem dele. 22 Variedade, diversidade agradável, animação de um quadro.
[FIG. 9] CHEGADA DE IMIGRANTES À ALEMANHA – 2014/2015
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS [ERA DAS EMIGRAÇÕES EM MASSA ] As emigrações no continente europeu passaram a ser um
Esta evolução consistente e sucessiva das taxas emigratórias foi oriunda,
processo relativamente intenso a partir da segunda metade do século XIX. No entanto
majoritariamente, dos deslocamentos populacionais nos Países da Europa Meridional
é valido destacar que este movimento já se vislumbrava de forma espontânea entre
(Portugal, Espanha, Itália) no processo, que no período de transição entre os séculos
os séculos XVI e XVIII, devido de modo especial à descoberta da América.
XIX e XX passou a representar a cota predominante sobre o total de deslocamentos
Deste período inicial até 1820 estima-se que apenas 18% deste
europeus. (BETTIN-CELA, 2011)
contingente era composto por homens livres (em geral, burgueses), enquanto os
Neste contexto, o processo de unificação da Península Itálica –
outros 82% eram escravos de origem africana juntos de servos e presidiários
até então segmentada em reinos autônomos - acentuou a disparidade econômica e a
europeus. Alcançando o período de intensificação da migração o quadro se inverte e
situação de pobreza no sul da Itália, além de agravar a situação agrícola, levando à
já 81% das migrações eram constituídas por homens livres. Entre 1846 até 1876 os
intensificação do processo de emigração na Itália. Enquanto que a média da população
fluxos de emigração europeus envolveram, em média, mais de 300 mil pessoas por
de emigrantes entre 1861 até 1880 mal superava 100.000 pessoas por ano, já na
ano. (BETTIN-CELA, 2011)
primeira década de 1900 esse contingente anual alcançava 600.000 pessoas, na
A partir deste momento a emigração, cresceu substancialmente,
maioria a partir de percursos transoceânicos. (BETTIN-CELA, 2011)
tornando-se um fenômeno de massas. Em 1880, calcula-se que 800 mil pessoas
Os EUA neste período eram a meta prevalecente para o êxodo
partiram do velho continente em busca de novas oportunidades, enquanto no início do
europeu, todavia, nas últimas décadas oitocentistas outras nações desempenham um
século XX essa população atingira mais de um milhão de pessoas, considerando os
forte papel de atração internacional, entre esses: Brasil e Argentina na América
fluxos anuais. (BETTIN-CELA, 2011)
Latina e, sucessivamente, o Canadá. O aumento do progresso emigratório no
continente europeu ocorreu por inúmeros fatores, entre os quais podem se destacar: [FIG. 10] GRUPO DE ‘REFUGIADOS’ ÑOS TRILHOS DE TREM NA CROÁCIA
[16]
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS
- Contração dos custos de transporte: tempo de viagem e fatores econômicos ou
- Em seguida ao processo de industrialização, que atingira os países europeus, quase
relacionados à segurança de mobilidade entre continentes. Além disso, foram
integralmente, houve a tendência à melhoria nos salários médios de modo
significativos os progressos na tecnologia naval (velocidade e segurança de
generalizado. Apesar deste fator não parecer, à priori, fortalecer o quadro
condução), o melhoramento das condições hidro sanitárias, a diminuição da taxa de
emigratório, esta situação permitiu questionar se não haveria condições de vida mais
mortalidade à bordo e facilitação de acesso/compra devido à diminuição das taxas de
adequadas em outros lugares, já que neste momento havia a possibilidade de
embarque para a ‘terceira classe’. (BETTIN-CELA, 2011)
empreender uma viagem transoceânica com maior estabilidade familiar.
- A última grande escassez alimentar europeia, verificada na Irlanda entre 1845 e
- Redução das restrições à emigração que haviam sido definidas para os países
1849, o que resultou na emigração de, pelo menos, um milhão e meio de pessoas,
europeus, de modo mais rigoroso especialmente na Inglaterra, Alemanha, Irlanda e
principalmente em direção aos Estados Unidos.
Suécia. Ao contrário houve a introdução de subsídios para os cidadãos que desejam se transferir para além do oceano. O governo inglês, por exemplo, criou inúmeros planos de subsidio, visando que seus cidadãos se instalassem nas terras Australianas.
[FIG. 11] IMIGRANTES ITALIANOS ESPERANDO EMBARCAR – CIDADE DE TRIESTE – 1900
[FIG. 12] CHEGADA DE IMIGRANTES À AMÉRICA – 1910
[17]
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS [AS GUERRAS E OS FLUXOS POSTERIORES ] O início da primeira guerra mundial marcou a inflexão do
O boom econômico, os altíssimos níveis de ocupação
processo emigratório europeu em massa. A combinação dos efeitos econômicos
empregatícia e, por conseguinte, a carência de mão de obra barata nos meados dos
causados pelos conflitos bélicos e a Grande Depressão que atingira o maior país de
nos ’60 induziram alguns países a abrirem seus respectivos mercados à entrada de
recepção (EUA) e, consequentemente, os de origem. Além disso, o governo dos
trabalhadores externos através de programas de recrutamento por temporada dos
Estados Unidos enrijeceu as formas de controle e testes para emigrantes (prova de
chamados “Guest Workers”. Trabalhadores do Sul da Europa (Portugal, Espanha, Itália,
alfabetização e estabelecimento de cotas anuais de admissão de cidadãos advindos
Grécia, Turquia e Iugoslávia) e da África do Norte (Marrocos, Tunísia e Argélia)
dos países mediterrâneos). (BETTIN-CELA, 2011)
chegavam à França, Alemanha, Reino Unido, Suíça, Bélgica e Holanda desta maneira.
Todavia, vale constatar que estas medidas frearam bruscamente
Na Alemanha, por exemplo, entre 1957 e 1972, a força de trabalho estrangeira
a emigração nas nações meridionais e orientais, enquanto os países anglo-saxões e
passara de 0,6% à 11,2% da população total. Na Europa entre os anos ’50 e ’70 o
escandinavos - primeiros países com histórico de emigração espontânea do
contingente de estrangeiros residentes passara de 4 para 10 milhões de pessoas.
continente na era moderna - mantiveram suas taxas de saída populacional praticamente constantes. (BETTIN-CELA, 2011) Após a Segunda Guerra Mundial o cenário havia sido alterado drasticamente. Nos anos ’50 havia ainda uma cota considerável de cidadãos europeus que continuavam se dirigindo em direção à América e Austrália, contudo já se
vislumbrava um contexto de novos fluxos. A Europa Ocidental, de tradição emigratória, estava se transformando de um território de saída para um território de chegada para os movimentos de trabalhadores internacionais. [18]
[FIG. 13] CHEGADA DE HOLANDESES NA AUSTRÁLIA – PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS
A recessão mundial juntamente à Crise do Petróleo transformara
A partir da segunda metade da década de ’80, coma assinatura
novamente o panorama dos deslocamentos internacionais. Políticas de restrição
do Tratado de Schengen e a progressiva abertura política de países como Polônia e
sobre a imigração, a drástica redução do recrutamento de trabalhadores
Romênia anunciava o enfraquecimento dos regimes de extrema esquerda, que se
estrangeiros e o favorecimento de formas de regresso para os operários aos seus
definiu coma queda do muro de Berlim em 1989 e a subsequente abertura das
países de origem reduziram os fluxos intra-europeus do eixo Norte-Sul. A Europa
economias do leste Europeu com o restante do continente, assim resultando em uma
Meridional estava se transformando em uma área de destinação para os fluxos
imigração em massa dentro do continente na década de noventa. Além disso, os
migratórios. (BETTIN-CELA, 2011)
conflitos políticos nos países da ex-Iugoslávia acentuaram os deslocamentos na
Outro fator importante neste processo foi o fim do colonialismo
Europa. (BETTIN-CELA, 2011)
na África e na Ásia e a melhoria progressiva de qualidade de vida nas ex-colônias
Já no inicio do terceiro milênio – 2004 - foi anunciada a entrada
europeias permitiu que a população destes países pudesse ter alguma condição de
de oito países do Leste Europeu na EU (Estônia, Letônia, Lituânia Polônia, República
emigrar, também estimulados pela proximidade linguística herdada através dos
Tcheca, Eslováquia, Eslovênia e Hungria), iniciativa que inicialmente foi tratada com
antigos colonizadores. Por fim, pode se considerar que o fator mais determinante no
medidas de transição, ou seja, ao longo dos primeiros sete anos de promulgação da
cenário europeu para ampliação das migrações fora a queda dos regimes comunistas
entrada destes países na EU foi estipulada uma limitação para entrada de cidadãos,
do Leste Europeu, especialmente na Albânia.
de modo a diminuir os temores de grandes migrações de trabalhadores em direção aos mercados econômicos tradicionais. A Grã-Bretanha, Irlanda e Suécia não recorreram a essa política, mantendo o mercado aberto, enquanto países de provável destinação – Alemanha e Áustria – optaram por estender essas restrições
[FIG. 14] CHEGADA DESESPERADA DE IMIGRANTES ALBANESES NO PORTO DE BARI – 1991
ulteriormente. (BETTIN-CELA, 2011) [19]
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS [DESLOCAMENTOS DO SÉCULO XXI – CRISE MIGRATÓRIA ] Os imigrantes do pós-guerra eram vistos em geral como um
As motivações para o porcentual de refugiados ser tão elevado é
elemento vantajoso nos locais onde se destinavam, sendo considerados importantes
decorrente de conflitos intensos, dentre os quais se destacam: a guerra civil na Síria
para o mercado interno. No entanto, hoje, a situação que se percebe é bastante
(contexto da primavera árabe), diáspora no Afeganistão, repressão política na
contrastante àquela época: a desconfiança e a intolerância são evidentes. Segundo
Eritreia e o radicalismo político na Somália e na Nigéria. A estes problemas unem-se
Anthony Messina, essa diferença de aceitação se dá porque no passado a Europa
os o Kosovo, a Albânia a Sérvia e o Iraque, que compõe o cenário dos países com
Setentrional carecia de mão-de-obra e vale lembrar que a população que acorria aos
maior numero de refugiados atualmente.
países desenvolvidos era do próprio continente e em sua maioria de mesma etnia.
Essa situação já é considerada a mais grave desde a Segunda
Atualmente, o continente europeu passa pela chamada crise
Guerra Mundial. Múltiplas são as rotas de chegada, sendo as principais: a Ocidental
migratória dos refugiados, processo que consiste na precária situação humanitária
Africana, a Mediterrânea Oriental e Ocidental, a da Puglia e Calábria, a circular entre
que atravessam, de modo geral, as populações da África, do Oriente Médio e, em
a Albânia e a Grécia, a dos Balcãs (Grécia-Macedônia e Sérvia-Hungria) e as
menor escala, da Ásia que se dirigem à Europa Ocidental. Segundo a ONU,
fronteiras orientais. Em alguns pontos a crise se intensificou ulteriormente: na
aproximadamente 62% dos que tentam chegar à Europa são refugiados – ocorrem ao
Hungria, que serve de rota intermediária entre a Síria e a Alemanha, a estação
continente em busca de asilo -, enquanto os demais são migrantes comuns,
central, a fronteira com a Sérvia e com a Croácia chegaram a serem fechadas para evitar novas chegadas e por sua vez, a Eslovênia tem bloqueado comboios de migrantes em seu território. Estima-se que mais de 22 mil migrantes tenham morrido entre 2000 e 2014 antes de completar a migração.
[FIG. 15] IMIGRANTES ROMENOS EM FESTIVAL ITALIANO
[20]
[FIG. 16] CHEGADA DE ‘GUEST WORKERS’ TUNISINOS NA ALEMANHA NA DÉCADA DE ’60
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS IMIGRAÇÃO - ESCALA MUNDIAL
OS MAPAS APRESENTAM AS RELAÇÕES DE POPULAÇÃO ESTRANGEIRA NA EUROPA. VALE RESSALTAR NESSE CONTEXTO A RELAÇÃO DA ITALIA E DA ALEMANHA - PAIS EUROPEU MAIS ‘ESTRANGEIRO’ -. APESAR DO NUMERO ALEMÃO SER MAIOR, O PAIS ITALIANO RECEBEU MAIOR CONTINGENTE DE PESSOAS SE SE CONSIDERAR A POPULAÇÃO TOTAL E A PROPORÇÃO DE IMIGRANTES ENTRE ‘90 E 2013 (QUADRO SIMILAR AO ESPANHOL E AO FRANCÊS), REVERTENDO DEFINITIVAMENTE A SITUAÇÃO DE EQUILIBRIO ENTRE MIGRAÇÃO E IMIGRAÇÃO PRESENTE ATE AS DÉCADAS DE ‘80-’90 EM SEU TERRITORIO.
ITÁLIA
ITÁLIA
RELACAO DE ESTRANGEIROS NA ITALIA POR PAIS (PRINCIPAIS) – RELATORIO 2014
[FIG. 17]
1990 – 1.430.000 PESSOAS ESTRANGEIRAS RESIDIAM NA ITÁLIA
ALEMANHA
[22]
[FIG. 19] 2013 – 5.940.000
[FIG. 18] 2013 – 5.720.000
PESSOAS ESTRANGEIRAS RESIDEM NA ITÁLIA
ALEMANHA
PESSOAS ESTRANGEIRAS RESIDEM NA ALEMANHA
[FIG. 20] 2013 – 9.850.000
PESSOAS ESTRANGEIRAS RESIDEM NA ALEMANHA
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS IMIGRAÇÃO - ESCALA MEDITERRÂNEA [FIG. 21] REGISTRO DAS ENTRADAS
ILEGAIS DE IMIGRANTES ENTRE 2014 E 2015 À EUROPA [FIG. 22] REGISTRO DAS MORTES DE
IMIGRANTES EM DIREÇÃO Á EUROPA ENTRE 2014 E 2015
RELACAO DE ESTRANGEIROS NA ITALIA POR PAIS (PRINCIPAIS) – RELATORIO 2014
[23]
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS IMIGRAÇÃO - ESCALA NACIONAL
[FIG. 24] ESTRANGEIROS NA ITALIA POR PAIS – RELATORIO 2014
[FIG. 25] CONCENTRACÃO DE ESTRANGEIROS NO MUNDO – 1990 - 2013
[FIG. 23] RELACÃO DE ESTRANGEIROS NA ITALIA – RELATÓRIO 2014
[24]
[FIG. 26] ESTRANGEIROS NO CONTINENTE EUROPEU POR PAÍS
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS IMIGRAÇÃO - ESCALA REGIONAL
[FIG. 27] DADOS REFERENTES AOS ESTRANGEIROS RESIDENTES A REGIAO TOSCANA (2013)
[25]
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS PERSPECTIVAS - INDEFINIÇÃO
Segundo o Instituto Demográfico de Viena, 15 dos 22 países da EU
Segundo a Agência Nacional de Estatística da União Europeia, se
com dados comparáveis tiveram queda sucessiva da taxa de natalidade desde 2008,
prevê que em menos de cinco décadas (2061), um quarto da população Europeia será
contrastando o surto de crescimento populacional ocorrido entre 2005 e 2008.
constituída por imigrantes e por seus descendentes, respectivamente em cada país:
Especialistas consideram que para manter pelo menos a estabilidade populacional,
Luxemburgo 65%, Áustria e Espanha 40%, Alemanha 35%, Inglaterra, Portugal, Itália,
conhecida por taxa de substituição, é necessário que a taxa de fertilidade nacional
Grécia e Suécia 30%, Holanda 25% e República Checa 20%.
seja de 2,1 por mulher, desconsiderando as migrações. A exceção da Turquia e da França, as outras nações do continente estão consideravelmente abaixo desse número, não chegando a atingir 1,5 filhos por mulher, segundo o Departamento de
Estatísticas da União Europeia (2013).
Junto com a queda da população, teremos, obviamente, menos pessoas produtivas sustentando uma população cada vez mais velha. Isso terá consequências não só sobre a perspectiva de crescimento da economia como também levantará interrogações sobre como financiar um sistema de aposentadoria em crescimento vertiginoso. MENDES, M. F., Associação Demográfica Portuguesa
[FIG. 28] CHARGE SOBRE A IMIGRAÇÃO NA EUROPA - NIÑO JOSE HEREDIA
[26]
2. MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS PERSPECTIVAS - INDEFINIÇÃO
Em Outubro de 2014, a Fundação Leone Moressa associada à
Outros levantamentos do Instituto Nacional de Estatística
Open Society Foundations realizou um pesquisa de campo para averiguar a aceitação,
envolvendo mais de 7.700 famílias imigrantes no território italiano - realizados em
ou melhor, classificar a maneira como os italianos enxergam a ação na sociedade das
2011/2012 -, confirmam este difícil cenário: 80,8% consideram complicada a inserção
diversas populações migrantes em seu país a partir de dois critérios, a vontade de
do imigrante na sociedade e 2,4% o considera impossível, 25% não gostariam de ter
trabalhar e a honestidade.
como vizinho um Romeno ou Albanês 63% consideram que os imigrantes são
A pesquisa utilizava como referência as maiores comunidades estrangeiras na Itália. Curiosamente, mas talvez não tão surpreendentemente, as
necessários para fazerem o trabalho que os italianos não querem, enquanto 35%
consideram que estas pessoas tomam o emprego dos cidadãos comuns.
nacionalidades mais contestadas foram as que atualmente são mais numerosas:
Aproximadamente 65% dos entrevistados não consideram essas pessoas honestas e trabalhadoras (Ex: Romenos e Albaneses). Enquanto isso se notou maior aprovação em relação aos que convivem cotidianamente com as famílias italianas, ou que vivem com elas: Ucranianos e Filipinos, que, no entanto, estão entre as famílias que recebem os menores salários. Por outro lado, os Chineses, por exemplo, são representantes de
um grupo de migrantes considerados super trabalhadores, contudo são discriminados por representarem uma ‘ameaça ocupacional’ por estarem tomando postos de trabalho dos italianos. [FIG. 29] MILHARES DE IMIGRANTES EM DIREÇÃO À SÉRVIA
[27]
3. LUGAR
LUGAR: Nós temos usado a palavra ‘habitar’ para indicar a relação total homem-meio. […] Quando o homem habita, ele está simultaneamente locado no espaço e exposto a um certo caráter ambiental. As duas funções psicológicas envolvidas, podem ser chamadas “orientação” e “identificação”. Para ganhar o suporte existencial o homem tem que ser capaz de orientar-se; ele tem que saber onde ele está. Mas também ele tem que identificar-se com o meio, isto é, ele tem que saber como ele está num certo lugar. NORBERG-SCHULZ, 1980
[FIG. 30] VISTA AÉREA DO CENTRO HISTÓRICO DE FLORENÇA – DETALHE PARA O RIO ARNO ABAIXO, O DUOMO E O CAMPANÁRIO À DIREITA, PALAZZO VECCHIO À ESQUERDA. AO FUNDO AS COLINAS TOSCANAS
3. LUGAR RECONHECIMENTO GEOGRÁFICO
[FIG. 33] MAPA DA REGIÃO TOSCANA – DEMARCAÇÃO DA PROVINCIA DE FLORENCA
[FIG. 31-32] MAPA DA ITÁLIA/ REGIÃO TOSCANA – SISTEMA GEOMORFOLÓGICO - (2014): IDENTIFICAÇÃO DA MANCHA URBANA DO MUNICÍPIO DE FLORENCA SITUADO EM UMA ÁREA DE VALE ENTRE DOIS COMPLEXOS COLINARES
[FIG. 34] MAPA DA PROVINCIA DE FLORENCA – DEMARCAÇÃO DO MUNICÍPIO
[29]
3. LUGAR RECONHECIMENTO REGIONAL OCUPAÇÃO
[FIG. 36] VISTA AÉREA (ÁREAS EDIFICADAS) - IDENTIFICAÇÃO TERRENO
[FIG. 37] VISTA AÉREA (SISTEMA VIARIO) - IDENTIFIÇÃO TERRENO
NUCLEO HISTORICO PAISAGEM DE COLINAS RIOS E VALES TECIDO HISTORICO RELEVANTE PARA A PAISAGEM ÁREA DE PROJETO [FIG. 35] MAPA DE FLORENCA – PLANO ESTRUTURAL (2010) – SISTEMA TERRITORIAL – IDENTIFICAÇÃO TERRENO
[30]
325M
650M
[FIG. 38] VISTA AÉREA (AREAS VERDES) - IDENTIFICAÇÃO TERRENO
3. LUGAR RECONHECIMENTO REGIONAL RELEVO
FIESOLE – H. 200M PONTE ALLA BADIA – H. 200M
LA PIETRA – H. 200M CAVE DI MAIANO
BELLOSGUARDO – H. 100M
ALLE CROCI – H. 100M
[FIG. 39] MAPA RECORTE DA CIDADE DE FLORENCA – RELEVO
250M
500M
O terreno se insere em uma região de vale (aprox. 4050m acima do nível do mar), estando inscrito entre o sistema montanhoso que delimita a cidade de Florença no sentido Nordeste-Sudeste. Em termos de paisagem, se encontra no eixo das cumeeiras da Região de Bellosguardo e La Pietra, representando uma possibilidade de conexão e apreensão dessa constituição geológica a partir do sítio urbanizado.
[31]
3. LUGAR RECONHECIMENTO REGIONAL HIDROGRAFIA
[FIG. 41] MAPA DA CIDADE DE FLORENCA – HIDROGRAFIA
[FIG. 40] MAPA RECORTE DA CIDADE DE FLORENCA – HIDROGRAFIA
[32]
62,5M 125M
A área de projeto se localiza entre o Rio Arno – o qual cruza longitudinalmente a cidade de Florença – e o Córrego Mugnone: em meio a estes cursos d’água está o afluente Macinante. Nesta região a cota mais elevada é aprox. de 52m no alinhamento do córr. Mugnone., sendo que o ponto mais baixo está a 44m – próximo ao afluente - e o leito do Arno percorre a uma elevação de 35m. Devido à aridez e impermeabilização excessiva do trecho urbano descrito, à peculiaridade formal da quadra de projeto e à convergência de uma série de ruas importantes que descendem em direção ao Arno, este local é muitas vezes foco de inundação e acumulo de resíduos, tornando-se um ponto de congestionamento urbano complexo e, por enquanto, não resolvido.
3. LUGAR RECONHECIMENTO REGIONAL CHEIOS E VAZIOS
[FIG. 42] MAPA DA CIDADE DE FLORENCA – CHEIOS E VAZIOS
62.5M
125M
[33]
3. LUGAR RECONHECIMENTO REGIONAL LOCAIS SIGNIFICATIVOS
JARIDM MARAGLIANO FUTURA ESTACAO DE ALTA VELOCIDADE DA CIDADE (NORMAN FOSTER) – PROJETO 2003
MEMORIAL DO‘LAGER’
PRACA DA LIIBERDADE
FORTALEZA ‘DA BASSO’
JARDIM DA FORTALEZA
ESTACAO DE TREM - LEOPOLDA
HIPODROMO
ORQUESTA DE FLORENCA
JARDINS DE ‘VALFONDA’
JARDINS DA ‘GHERARDESCA’
PARQUE DA CULTURA
PARCO DELLE CASCINE
JARDINS DE ‘PAL CORSINO’
MUSEU DE SAO MARCOS ESTACAO DE TREM – STA. MARIA NOVELLA (MAIOR DA CIDADE)
GALERIAS DA ACADEMIA
RODOVIA SS67
MERCADO CENTRAL – SAN LORENZO
RIO ARNO
PALACIO ‘MEDICI’ BASILICA DE SAO LOURENCO
IGREJA DE STA. MARIA NOVELLA + PRACA
ÁREA DE PROJETO LINHAS E PONTOS DE TRANSPORTE OUTROS RIOS AREAS VERDES E DE LAZER IGREJAS EDIFICIOS HISTORICOS E CULTURAIS
IGREJA DE TODOS OS SANTOS
MOSTEIRO FLORENTINO
EX – HOSPITAL DOS INOCENTES
MUSEU NOVECENTO
PALACIO ‘STROZZI’
CATEDRAL E BATTISTERIO
PRACA DA REPUBLICA
[FIG. 43] MAPA DA CIDADE DE FLORENCA – LOCAIS SIGNIFICATIVOS (2016)
[34]
MUSEU DA HISTORIA DA CIENCIA
62.5M
125M
3. LUGAR RECONHECIMENTO REGIONAL MOBILIDADE – SERVIÇOS PÚBLICOS
LINHA FERROVIÁRIA ÁREA DE PROJETO TRAMVIA – LINHA 1 TRAMVIA – LINHA 2 TRAMVIA – LINHA 3 TRAMVIA – LINHA 4 TRAMVIA – LINHA 5
[FIG. 44] MAPA DA CIDADE DE FLORENÇA – TRAMVIA [VLT] PLANEJADA
600M
1200M
ÁREA DE PROJETO
[FIG. 46] MAPA DA CIDADE DE FLORENCA – PLANO ESTRUTURAL – SERVIÇOS PÚBLICOS
ÁREA DE PROJETO RODOVIAS ANEL VIÁRIO AVENIDAS - RODOVIAS RUAS DE DISTRIBUIÇÃO ACESSO AO CENTRO HISTÓRICO ESTACIONAMENTOS DE GRANDE PORTE
[FIG. 45] MAPA DA CIDADE DE FLORENÇA – SISTEMA VIÁRIO ESTRUTURAL
600M
1200M
170M
340M
O sistema de mobilidade aponta para a ulterior consolidação do nó viário que tangencia o terreno de projeto: além da existente linha ferroviária, há a previsão da construção de um linha de bonde em superfície (TRAMVIA) – sendo uma das paradas situada em frente ao terreno – e também do Trem de Alta Velocidade, cuja estação central se localizará em um raio de 500m da área de projeto. Em relação aos serviços públicos (hospitais, escolas e instituições), é evidente a concentração dentro do Centro Histórico, enquanto as áreas para os Projetos de Recuperação – que, de modo geral, se concentram ao longo de linhas estruturadoras do sistema de transporte – representam a possibilidade de revivificar partes significativas do tecido urbano, servindo como pontos de atratividade e condensação de atividades, já que possuem alto potencial, mas no entanto não possuem uma concentração consistente destas estruturas, especialmente às voltadas ao ensino.
[35]
3. LUGAR RECONHECIMENTO REGIONAL ÁREAS VERDES
PARQUE DE SAN DONATO
Florença está entre os quatro municípios italianos com mais de 250.000 hab. com densidade de espaços verdes públicos inferior à media nacional (7,5%, sendo que a média beira 9,3%) além disso a cidade possui cota de disponibilidade de verde urbano equivalente a 20,7m por hab., abruptamente inferior à media nacional que é de 93,6 (ISTAT, 2011). Ainda mais relevante é o fato do Município ser um dos quais não houve registro de incremento desta porcentagem no último ano. Em escala metropolitana, a área de projeto é amplamente servida de áreas verdes. No entanto, na escala do bairro (San Jacopino), percebe-se um cenário árido e contemplado apenas por canteiros e suas respectivas árvores. Vale ressaltar que as áreas verdes mais próximas são de pouca acessibilidade (Ex: Pq. Delle Cascine e Memorial do Lager), em alguns casos de acesso restrito (Ex: Jardins de Valfonda) ou de utilização específica – feiras, exposições, etc.. (Ex: Jardins de Pal Corsino )
[FIG. 48] JARDINS DE VALFONDA
MEMORIAL DO LAGER [FIG. 49] JARDINS DE PAL CORSINO
HIPÓDROMO
PARQUE DELLE CASCINE
JARDINS DE ‘VALFONDA’ JARDINS DE ‘PAL CORSINO
[FIG. 50] MEMORIAL DO LAGER
ÁREA DE PROJETO ÁREA VERDES CORREDOR ECOLÓGICO E RIO ÁRVORES
[36]
[FIG. 47] MAPA DA CIDADE DE FLORENCA – PLANO ESTRUTURAL (2010) – ÁREAS VERDES
125M
250M
[FIG. 51] PARQUE DELLE CASCINE
3. LUGAR RECONHECIMENTO REGIONAL HOTELARIA E EQUIPAMENTOS O entorno próximo da área de projeto se caracteriza por ser um tecido de uso predominantemente residencial - constituído por edifícios de até seis pavimentos entre os finais do século XIX e XX – além disso, há uma alta concentração de hotéis e hostels de médio padrão. De modo geral essas atividades estão abrigadas em antigos edifícios residenciais se beneficiando da proximidade ao centro histórico e da estação de trem Sta. Maria Novella. É importante também da presença do sistema viário intermunicipal (Av. Belfiore).e de vias de distribuição entre bairros. Portanto, observando-se o cenário presente de escassez de equipamentos locais e de áreas públicas acessíveis e usufruíveis, a densidade do sistema viário e a condensação de hospedagens, entende-se conveniente a diversificação de uso local, a criação de espaços públicos qualificados e a implantação do museu e memorial proposto na área ex-Fiat.
[FIG. 53] HOSPEDARIA BECCATINI ANNAMARIA – AV. BELFIORE X RUA GUIDO MONACO
[FIG. 54] ANTICA POSTA HOTEL – AV. BELFIORE
ÁREA DE PROJETO HOTÉIS/HOSTELS/ALBERGUES FACULDADES PÚBLICAS BIBLIOTECAS CINEMAS ESTAÇÕES – SISTEMA FERROVIÁRO TEATROS
[FIG. 52] MAPA DA CIDADE DE FLORENÇA – PLANO ESTRUTURAL (2010) – EQUIPAMENTOS E HOTELARIA
125M
250M
[FIG. 55] HOTEL – RUA GUIDO MONACO
3. LUGAR RECONHECIMENTO REGIONAL FRAGILIDADES
+ 75 db 70-75 db 65-70 db 60-65 db 55-60 db 50-55 db 45-50 db 40-45 db 35-40 db 20-35 db
[FIG. 56] MAPA DO TERRENO – RUÍDO FERROVIÁRIO ÁREA DE PROJETO RISCO HIDRICO MUITO ELEVADO RISCO HIDRICO ELEVADO RISCO HIDRICO MÉDIO RISCO HIDRICO BAIXO
[FIG. 58] MAPA DA CIDADE DE FLORENÇA – PLANO ESTRUTURAL (2010) – RISCO HIDRICO
+ 75 db 70-75 db 65-70 db 60-65 db 55-60 db 50-55 db 45-50 db 40-45 db 35-40 db 20-35 db
[38]
[FIG. 57] MAPA DO TERRENO – RUÍDO VIÁRIO
250M
500M
O terreno se caracteriza por uma série de fragilidades que evocam ações diferentes das adotadas nas propostas apresentadas por enquanto. Os mapas de ruído, especialmente o viário, apontam para a necessidade de adoção de estratégias de proteção que, ao mesmo tempo protejam as áreas mais vulneráveis, por exemplo a esquina entre a Av. Belfiore e a R. Benedetto Marcello, mas não obstruam as possibilidades visuais e de fruição pública. Além disso, o mapa de risco hídrico confirma os problemas de escoamento das águas pluviais que ocorrem no local, o que implica na reinterpretação das estratégias apresentadas pelos outros projetos para atenuar essa situação. A ausência de áreas permeáveis naturais, a insistência na construção perimetral e a falta de sensibilidade com a massa arbórea existente precisa ser reavaliada.
3. LUGAR RECONHECIMENTO HISTÓRICO
IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA DE PROJETO
[FIG. 60] ILUSTRAÇÃO DE FLORENÇA – 1530
[FIG. 59] MAPA DA CIDADE DE FLORENÇA – DESENVOLVIMENTO DA CIDADE ‘DUECENTESCA E TRECENTESCA’ ATÉ MEADOS DO SÉCULO XVIII A CIDADE DE FLORENÇA NÃO SE DESENVOLVEU FORA DOS LIMITES DA CIDADE MEDIEVAL. A ÁREA DE PROJETO INCLUSIVE É APRESENTADA ATÉ LÁ COMO TERRITÓRIO RURAL
[FIG. 61] ILUSTRAÇÃO DE FLORENÇA - 1493
[39]
3. LUGAR RECONHECIMENTO HISTÓRICO
[FIG. 63] PARTE DA CIDADE DE FLORENÇA – LOCALIZAÇÃO APROXIMATIVA DO TERRENO DE PROJETO - 1843
[FIG. 62] MAPA DA CIDADE DE FLORENÇA – CRESCIMENTO URBANO LENTO – LOCALIZAÇÃO APROXIMATIVA DO TERRENO DE PROJETO - 1755
[40]
[FIG. 64] ESTAÇÃO STA. MARIA NOVELLA – MAPA 1876 [CRESCIMENTO ACENTUADO DAS MARGENS DA CIDADE]
3. LUGAR RECONHECIMENTO HISTÓRICO
[FIG. 65] MAPA DA CIDADE DE FLORENÇA – CRESCIMENTO URBANO E INDUSTRIAL – LOCALIZAÇÃO DO TERRENO DE PROJETO - 1922
[41]
3. LUGAR RECONHECIMENTO LOCAL FORMAÇÃO HISTÓRICA
1860-1924: Neste período houve a construção de ferrovias ligando o centro de Florença às cidades de Pisa, Livorno e Pistoia. A estação mais importante era a ‘Leopolda’, enquanto a atual estação central – Santa Maria Novella – chamava-se Maria Antonia e era um ramal secundário. Após alguns anos, os dois trechos ferroviários foram interligados de modo a concentrar o tráfego em um único complexo através de um ramal curvilíneo que hoje representa o eixo da Rua Benedetto Marcello. Progressivamente a estação Leopolda perdeu força e passou a ser utilizada basicamente para carregamento de mercadorias. 1925-1930: O ramal de ligação entre as estações Leopolda e Santa Maria Novella, devido à alteração do comportamento dos fluxos regionais - a segunda tornou-se de maior relevância e necessitava de ampliações -, foi eliminado e entre ‘27 e ’28 foi projetada a Rua Benedetto Marcello. Aproximadamente neste período outras alterações no sistema viário foram notáveis: A Rua Rossini que se estendia até a Av. Belfiore foi interrompida na altura da Rua B. Marcello e a Av. Francesco Redi, que atualmente se conecta à Av. Belfiore, possuía um traçado curvilíneo. Enquanto isso, o terreno de projeto abrigava edifícios residenciais e amplos espaços livres. 1954: No local é construído um estabelecimento industrial da FIAT, ocupando a maior parte do lote. Além disso, o entorno próximo também passa a receber oficinas e galpões industriais e nos quarteirões próximos edifícios residências homogêneos, mas de pouca consideração arquitetônica.
PÁTIO FERROVIÁRIO
ESTAÇÃO LEOPOLDA
ESTAÇÃO STA. MARIA NOVELLA
[FIG. 66] PERIODO – 1860-1924
[FIG. 67]
[FIG. 68] PERIODO - 1943
1966: A maior inundação já registrada em Florença, atinge o centro histórico danificando edifícios históricos, monumentos e partes do sistema viário. Um dos primeiros pontos alagamento fora o lugar de confluência viária onde se localiza o terreno da proposta.
[42]
[FIG. 69] PERIODO – 1954-2000
[FIG. 70]
3. LUGAR RECONHECIMENTO LOCAL FORMAÇÃO HISTÓRICA
1980: Desvalorização e desuso progressivo da Fábrica FIAT. [FIG. 71]
1995-2000: É alterada a destinação de uso do edifício da FIAT, sendo então utilizado para atividades de concessionária. Enquanto isso as construções industriais próximas passam por um processo de abandono.
[FIG. 72]
PERIODO – 2005-2006
2002-2004: O lote é objeto de um concurso internacional tendo o intuito de revitalizar a área. Parceria entre os proprietários do lote – a empresa FIDIA - e a Prefeitura de Florença. Inicia-se um processo de elaboração para um plano específico de ativação da área. O atelier Jean Nouvel ganha a concorrência. 2005: O Plano de Recuperação municipal é aprovado, destinando definitivamente o terreno para fins de hotelaria. Não há participação coletiva, assim como na designação de uso e medidas executivas para as demais áreas de recuperação da área central da cidade.
[FIG. 73]
[FIG. 74]
PERIODO – 2007 - ATUAL
2006: Demolição da originária fábrica da FIAT. 2007-2009: Escavação e locação de fundações. 2009-2010: Abandono da obra. 2011-2014: Prisão de alguns dos responsáveis técnicos da obra e da concessão edilícia (membros da FIDIA e da Prefeitura). A municipalidade busca novas parcerias e formas de investimentos privados para novo projeto. Não há debate popular.
2014-2015: Apresentação de novo projeto comissionado pela FIDIA (atualmente em falência) – Natalini Architetti – para a área. Envio de Relatório de Impacto Ambiental. [FIG. 75] VISTA INTERNA AO TERRENO – ATUAL
3. LUGAR RECONHECIMENTO LOCAL FORMAÇÃO HISTÓRICA
[FIG. 76] VISTA DA INUNDAÇÃO NA CIDADE DE FLORENÇA (1966) – ESQUINA ENTRE A AVENIDA BELFIORE, RUA BENEDETTO MARCELL0 E RUA FRANCESCO REDI: AO FUNDO A FILIAL FIAT
3. LUGAR RECONHECIMENTO LOCAL FORMAÇÃO HISTÓRICA
[FIG. 77] FOTO DA ANTIGA CONCESSIONÁRIA FIAT – AVENIDA BELFIORE
[FIG. 78] FOTO DA ANTIGA CONCESSIONÁRIA FIAT – AVENIDA BELFIORE [45]
3. LUGAR RECONHECIMENTO LOCAL FICHA TÉCNICA: - ÁREA TERRENO: 15.185M
3
- ÁREA MÁXIMA PARA EDIFICAÇÃO: 32.047,50M (SEGUNDO MÉDIA DOS PLANOS DE RECUPERAÇÃO IDEALIZADOS, NO ENTANTO PODE SER MENOR) - ÁREA PERMEÁVEL : MÍNIMO 25% - ÁREA COMPUTÁVEL DESTINADA A ATIVIDADES PUBLICAS/COMERCIAIS: 5.500M (VARIÁVEL MEDIANTE APROVAÇÃO DE PROJETO DE RECUPERAÇÃO ADEQUADO)
4
- SITUAÇÃO LOTE: ESCAVADO E CONCRETADO QUASE COMPLETAMENTE, ESTANDO 15,00M ABAIXO DO NIVEL DA RUA.
5
- GABARITO MÁXIMO: 18 ATE 20M (VARIAVEL MEDIANTE APROVAÇÃO DE PROJETO DE RECUPERAÇÃO ADEQUADO). O IDEAL NO ENTANTO SE APROXIMA DOS 11M. - MEDIDAS DE SEGURANÇA: ELEVAÇÃO DO NIVEL EM CONTATO DIRETO COM A RUA DE APROXIMADAMENTE 60CM, DE MODO A EVITAR INUNDACOES. - OUTROS PARÂMETROS – RECUOS: A DISTÂNCIA DO NOVO CONJUNTO EM RELAÇÃO AO EDIFÍCIOS LIMITROFES DEVE SER IGUAL OU SUPERIOR A ALTURA DO CORPO EDIFICADO.
2
LUGARES SIGNIFICATIVOS – BAIRRO 1 – ANTIGA ESTAÇÃO LEOPOLDA – CENTRO CULTURAL 2 – ESTAÇÃO FERROVIÁRIA PORTA AL PRATO 3 – IGREJA DE SÃO IACOPINO 4 – CONSELHO MUNICIPAL DE BAIRRO 5 – INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL 6 – PORTA AL PRATO
[46]
1
6
[FIG. 79]
20M
40M
3. LUGAR RECONHECIMENTO LOCAL - VISTAS
RUA GUIDO MONACO
[FIG. 80]
RUA GUIDO MONACO EM DIREÇÃO AO TERRENO DE PROJETO
[FIG. 81]
AVENIDA BELFIORE – LADO FERROVIA
[FIG. 82]
AVENIDA BELFIORE FERROVIA EM DIREÇÃO AO TERRENO DE PROJETO
[FIG. 83]
[47]
3. LUGAR RECONHECIMENTO LOCAL - VISTAS
AVENIDA BELFIORE - RODOVIA
[FIG. 84]
AVENIDA BELFIORE RODOVIA – EM DIREÇÃO AO TERRENO DE PROJETO
[FIG. 85]
RUA BENEDETTO MARCELLO
[FIG. 86]
RUA BENEDETTO MARCELLO EM DIREÇÃO AO TERRENO DE PROJETO
[FIG. 87]
3. LUGAR RECONHECIMENTO LOCAL - VISTAS
RUA FRANCESCO REDI
[FIG. 88]
RUA FRANCESCO REDI– EM DIRECÃO AO TERRENO DE PROJETO
RUA GIOACCHINO ROSSINI
[FIG. 90]
RUA GIOACCHINO ROSSINI – EM DIRECÃO AO TERRENO DE PROJETO
[FIG. 89]
[FIG. 91]
[49]
3. 4. LUGAR RECONHECIMENTO LOCAL -- ARQUITETURA ARQUITETURA
CONOMINIO DE SÃO IACOPINO
AUDITORIUM DE FLORENÇA
RUA GUIDO MONACO
[FIG. 92] FORTEZZA DA BASSO [FIG. 93] ESTAÇÃO STA. MARIA NOVELLA
[FIG. 94] PORTA AL PRATO
[50]
[FIG. 95] IGREJA DE SÃO IACOPINO
[FIG. 96] ESTAÇÃO LEOPOLDA
3. LUGAR INDAGAÇÕES PROJETUAIS ANTECEDENTES – PROJETO JEAN NOUVEL
PROJETO: 2004-2009 EXECUCAO: 2009-2014 (OBRAS INTERROMPIDAS)
No ano de 2002 a empresa Baldassini-Tognozzi-Pontello (BTP),
O projeto previa 4 pavimentos enterrados e outros 4 acima do
empresa do ramo da cosntrução civil e detentora de grupos de hotelaria, proprietaria
nível do solo resultando em uma empena de 15 metros de altura ao longo da Avenida
da área da antiga Concessionária Fiat Belfiore organizara um concurso arquitetônico
Belfiore e Rua Benedetto Marcello. O complexo daria lugar a atividades de recepção
para recuperação e valorização da área. Tendo o patrocinio do Município de Florença
turística, comerciais, públicas e residenciais acessíveis a partir da cota da rua.
fora realizada uma seleção de importantes arquitetos – Jean Nouvel, Massimiliano
Outras atividades foram determinadas, assim como: galeriais comerciais e alas
Fuksas, Arata Isozaki, Richard Rogers e três estúdios florentinos - para um concurso
privativas nos pavimentos superirores.
fechado com o inutito de elaborar um projeto prioritariamente voltado à hotelaria.
Internamente, de modo a resolver os espaços oriundos da
O vencedor fora Jean Nouvel, definido por um juri especializado
compactação das empenas perimetrais, optou-se pela adoção de terraços abertos e
no ano de 2004. No entanto, devido a algumas alterações projetuais requisitadas pela
cobertos, mirantes e um espaço de solário, os quais se debruçam sobre um ‘parque’
concessionária responsável pela execução da obra, assim como a mudança dos
inclinado cujas extremidades estão desalinhadas 4 metros no eixo vertical, sendo
padrões de revestimento do edificio por outros mais convencionais e o
acompanhado por um pergolado verde que se apresenta como um filtro entre a área
reposicionamento de quartos, o atelier francês abandonara o processo, além de
pública e as alas de quartos. A estrutura é resolvida, tanto na parte enterrada assim
denunciar as empresas envolvidas. A esta altura a obra já havia começado e
como na elevada, a partir de articulações sobre lajes de malha quadrada de lado
atualmente – após quase 10 anos - percebe-se que a escavação dos pavimentos
7,80m apoiados por sua vez em baldrames de concreto armado jateado in loco.
inferiores fora completamente realizada (inclusive causando inúmeros problemas de
alagamento nas adjacências por conta da alta impermeabilização – caso mais grave Junho de 2011) e a estrutura basilar fora completada [51]
3. LUGAR INDAGAÇÕES PROJETUAIS ANTECEDENTES – PROJETO JEAN NOUVEL
[FIG. 97] MAQUETE - IMPLANTAÇÃO
[52]
[FIG. 99] CORTE ESQUEMÁTICO
[FIG. 98] ILUSTRAÇÃO DE NIVEIS
[FIG. 100] MALHA DE COMPRESSÃO DE ‘BARROTES’ DE CONCRETO
[FIG. 101] ESQUEMA DE ATIRANTAMENTO
3. LUGAR INDAGAÇÕES PROJETUAIS ANTECEDENTES
[FIG.102] VISTA INTERIOR AO LOTE – ABANDONO DA OBRA (2010-2011)
[FIG. 103] IMAGEM ATUAL – VISTA INTERIOR AO LOTE (FUNDACOES E ARRIMOS TERMINADOS)
[53]
3. LUGAR INDAGAÇÕES PROJETUAIS ANTECEDENTES – PROJETO GKK ARCHITECKTEN Após esse imbróglio, que resultou afinal no anulamento definitivo do projeto de Nouvel, um empreendedor alemão (Gilbert Dreier) propôs um novo investimento buscando manter as funções de hotel. A nova inciativa estava vinculada ao projeto desenvolvido pelo escritório Gkk de Berlim. O objeto arquitetônico mantém a tipologia de pátio central adotada pelo atelier
[FIG. 105] IMPLANTAÇÃO DO HOTEL
Jean Nouvel, no entanto assume características menos introspectivas liberando as diversas fachadas de fechamentos rígidos, facilitando o contato público e se distanciando dos limites da calçada também devido à possibilidade da construção da TRAMVIA e da futura estação de Trem de Alta Velocidade (TAV) de Florença. A elaboração do projeto terminou ao longo de 2014, tendo sido aprovado o projeto após análise do Relatório de Impacto Ambiental. No entanto, as dificuldades burocráticas e empecilhos na definição do processo de execução das obras levaram o grupo alemão a desistirem da proposta e buscarem outros investimentos.
[FIG. 106] CONTEXTO DE IMPLANTAÇÃO DO HOTEL
[FIG. 104]ACESSO DO COMPLEXO PELA AVENIDA BELFIORE
[FIG. 107] MAQUETE COMPLEXO - HOTEL
3. LUGAR INDAGAÇÕES PROJETUAIS ANTECEDENTES – PROJETO GKK ARCHITECKTEN
[FIG. 108] NOTICIA DA DESISTÊNCIA DO INVESTIMENTO DA EMPRESA DO ALEMÃO DREYER + APRESENTAÇÃO INICIAL DA MAQUETE DO PROJETO ALEMÃO + IMAGENS DO ABANDONO DA ÁREA EX-FIAT BELFIORE
[55]
3. LUGAR INDAGAÇÕES PROJETUAIS ANTECEDENTES – PROJETO NATALINI ARCH.
Após o insucesso da tentativa de investimento estrangeiro para a área, a empresa proprietária do lote, a empresa FIDIA, decidiu imediatamente encontrar uma alternativa. Assim, contratou-se o escritório de arquitetura florentino Natalini Architetti para projetar um novo complexo baseando-se nos termos do Plano de Recuperação de Jean Nouvel, de modo similar à proposta alemã do estúdio Gkk Arch. A proposta mantém o coeficiente de aproveitamento determinado (32.047,50m), mas propõe variações parciais em relação aos usos do complexo e no que tange às taxas de superfícies uteis construídas, sendo propostos quatro pavimentos acima da cota da rua, alcançando um gabarito de 20m, e outros quatro de estacionamentos públicos e privados enterrados.
[FIG. 110] VISTA A PARTIR DA RUA BENEDETTO MARCELLO
Assim como a proposta anterior o projeto dos arquitetos italianos se reparte em três corpos edificados: o primeiro é constituído por uma grelha retangular que engloba dois pátios fechados e outros dois abertos para a Av. Belfiore, o segundo possui uma forma curvada acompanhando o perfil da rua Benedetto Marcello e o terceiro de dimensões menores e recuado em relação a rua. Os corpos maiores se conectam a partir de um percurso coberto, criando uma passagem entre os eixos sudeste e noroeste de
MAQUETE COMPLEXO - HOTEL
todo o terreno. O primeiro é destinado às funções receptivas, o segundo às direcionais e o terceiro às residenciais. O pavimento térreo do 1 ° e 2 ° edifícios é destinado para usos comerciais.
[FIG. 109] VISTA A PARTIR DA ESQUINA ENTRE A AVENIDA BELFIORE E A RUA BENEDETTO MARCELLO
[FIG. 111] VISTA A PARTIR DA AVENIDA BELFIORE
3. LUGAR INDAGAÇÕES PROJETUAIS ANTECEDENTES – DAVID BORELLI ARCHITETTO
Precedendo estas propostas vale citar o projeto experimental do Arquiteto David Borelli, desenvolvido em 2004, quando ainda o Plano de Recuperação não havia sido aprovado e a enorme escavação juntamente às paredes diafragmas e radiers em concreto armado não eram reais.
O projeto envolvia a realização de um complexo multifuncional com conexões com a futura estação do Trem de Alta Velocidade, uma grande edifício em vidro e aço envolvendo um centro comercial aberto e com possibilidade de conexões francas com os níveis superiores e com a praça inferior idealizada. Além disso, era prevista uma esbelta torre contendo uma midiateca, uma biblioteca, uma hemeroteca e espaços expositivos temporários e permanentes. Enquanto isso, a parte posterior do complexo
[FIG. 113] VISTA A PARTIR DA ESQUINA DA AVENIDA BELFIORE
receberia uma sala de conferências para 700 pessoas, um bar, uma cafeteria e um terraço jardim. Os estacionamentos se concentrariam em dois pavimentos enterrados. Os espaços verdes seriam os instrumentos para reconstituição deste espaço urbano ‘perdido’.
[FIG. 112] CORTE LONGITUDINAL – ORGANIZAÇÃO PROGRAMÁTICA
[FIG. 114] VISTA A PARTIR DA AVENIDA BELFIORE
[57]
3. LUGAR INDAGAÇÕES PROJETUAIS QUESTIONAMENTOS E DIAGNÓSTICO Essas questões no entanto, são apenas parte de reivindicações maiores.
Em meio a este caótico e complexo processo envolvendo projetos malsucedidos, investimentos interrompidos e outros em curso é complexo estabelecer uma linha guia para compreensão destes problemas e saber ao certo se
de fato este nó entre a cidade histórica e a cidade atual poderá ser ocupado de uma forma adequada a curto prazo. No entanto, é válido contextualizar essas iniciativas incluindo as ações e as expectativas dos moradores da região ao longo destes mais de dez anos nos quais este espaço esteve nos holofotes da política pública. Já no ano
Algumas associações florentinas, como: SanSalvichipuò, Comitato tutela ex Manifattura
Tabacchi, Comitato ex area Fiat Belfiore, Comitato perUnaltracittà, entre outros, tem questionado alguns posicionamentos adotados no Plano Urbanístico de 2014. Entre as questões abordadas por esses movimentos destacam-se: a luta pela tutela do patrimônio histórico-arquitetônico, a tutela das áreas verdes da cidade ao incrementar normas que evitem a sucessiva impermeabilização destes locais e a recuperação ‘socialmente útil’ do patrimônio imobiliário público.
de 2002, em decorrência à apresentação do projeto do atelier Jean Nouvel, o assessor de urbanismo do município afirmava que: o ‘urban center’ é um dos objetivos do Plano estratégico da administração que agora começa a se tornar concreto. O projeto da área Belfiore junto aos projetos de modernização da cidade estarão a disposição dos cidadãos.
Em 2004, ainda no início do processo de modo a averiguar a coerência urbana e ambiental do projeto de Jean Nouvel, durante uma reunião do conselho municipal a integrante Maria Giocoli considerava a proposta do escritório francês problemática por vários aspectos: possível degradação urbana devida ao imenso muro verde, insuficiência de iluminação e ventilação natural para os vizinhos adjacentes devido à grande quantidade de áreas construídas e problemas envolvendo a fruição pública e serenidade nas adjacências. [FIG. 115] A LANDMARK TO SEE, A LANDMARK TO BE SEEN – MATTIA INSELVINI
[58]
3. LUGAR INDAGAÇÕES PROJETUAIS QUESTIONAMENTOS E DIAGNÓSTICO
A natureza, de alguma maneira, está se reapossando do que antigamente eram jardins de vilas residenciais e hortas de guerra: a vegetação
se desenvolveu onde as fundações não foram concluidas ou até mesmo onde as escavações foram interrompidas. No local onde a estrutura cimenticia foi completada - local mais impermeável do lote -, um ‘lago’ se formou, o qual nas temporadas de chuva reflete as esbeltas árvores que se perfilam na área. Os arrimos – consumidos pelo decorrer do tempo e pela ausência de proteção – margeiam o terreno criando uma espécie de ‘fossa’ para as edificações lindeiras,
um afastamento que parece abissal. O cenário atual apresenta um pseudoparque, um espaço bucólico em ruinas a espera de ser para e das pessoas. [FIG. 116] VISTA A PARTIR DE UM EDIFÍCIO NA AV. BELFIORE – OUTONO (DETALHE PARA O DUOMO DE FLORENÇA AO FUNDO)
[FIG. 117] VISTA A PARTIR DE UM EDIFÍCIO NA AV. BELFIORE – PRIMAVERA (2010-2011)
[FIG. 118] FLORENÇA INUNDADA – ARCHITECTURAL REVIEW FOLIO
[59]
4. ESTRATÉGIAS
ESTRATÉGIA: A ação é estratégia. A palavra estratégia não designa a um programa predeterminado que baste aplicar sem variar no tempo. A estratégia permite, a partir de una decisão inicial, imaginar certo número de cenários para a ação, cenários que poderão ser modificados segundo as informações que nos chegam no curso da ação e segundo os elementos aleatórios que sobrevirão e perturbarão a ação... A ação supõe complexidade, isto é: elementos aleatórios, azar, iniciativa, decisão, consciência das transformações. A palavra estratégia se opõe à palavra programa. EDGARD MORIN, 2007
[FIG. 119] VISTA A PARTIR DA FERROVIA EM DIREÇÃO À AVENIDA BELFIORE, AO FUNDO O TERRENO DA EX-FIAT
4. ESTRATÉGIAS NORMAS - ZONEAMENTO Art. 52 - Subzona F2: equipamentos publicos e serviços publicos de interesse urbanos.
a) a superfície util construida da intervenção não poderá exceder a superfície util construida da
Estas áreas envolvem edificios destinados à equipamentos públicos administrativos, culturais, sociais,
edificação existente calculada segundo as modalidades previstas no Regulamento de Edificações, sem
hospitalares, sanitários, militares, de vigilância pública, carcerárias, de ensino fundamental e
possibilidade de ampliação de coeficientes; b) a reconstrução deverá ser disposta prevalentemente
universitário, feiras móveis e espetáculos, equipamentos para nomades e também instalações
sore os alinhamentos da edificação preexistente; c) a altura máxima não poderá ser superior a média
técnicas, tecnológicas, de distribuição e de transporte (eletricidade, telefone, limpeza urbana,
dos edifícos que constituem os alinhamentos viários da quadra, se entende por quadra aquela porção
transporte público,etc..) e os serviços relacionados. As destinações de uso especificas são
do território delimitada pelo sistema viário preexistente à intervenção. No cálculo da altura média não
determinadas a partir de respectiva simbologia de lote. Nessas áreas o plano diretor geral atua
deverão ser considerados os edificios considerados objeto de intervenção e as edificações cuja
através de intervenção edilícia direta, prévia aprovação por parte do Município de um projeto unitário
fachada esteja a mais de 14 metros de distância em relação à via pública de acesso; de qualquer
extendido ao perimetro completo.
maneira a altura máxima da nova edificação não poderá ser maior que 13 metros.
Zona Homogênea A: Art. 23 – Classe de Edifícios – Rosa (Classe 6): Representa edifícios construidos em época sucessiva àquela da formação do tecido urbano, que apresentam características e alinhamentos incompatíveis com o tecido edificado. As intervenções de substituição de edificação e de restruturação urbanística diferentes daquelas citadas no art. 23 serão admitidas apenas após previa aprovação de um plano urbanistico de atuação em respeito às seguintes considerações:
[FIG. 120] MAPA DO PLANO DIRETOR GERAL (2014): IDENTIFICACAO DAS NORMAS DO LOTE DE PROJETO
30M
60M
[61]
4. ESTRATÉGIAS NORMAS - VARIAÇÃO AO PLANO DIRETOR – PLANO DE RECUPERAÇÃO A mancha verde representa as ‘áreas executivas’ sujeitas às
Apesar de terem se passado aproximadamente uma década da aprovação do Plano de
variantes legais do Plano Diretor, enquanto ás áreas amarelas correspondem aos
Recuperação, as normas estabelecidas continuam válidas, o que se encerrou foi a
perímetros salvaguardados pelo poder municipal até que haja a possibilidade de serem
permissão de construção que na cidade tem prazo máximo de 10 anos. Portanto, cada
ativados através de projetos específicos, enquanto isso não ocorre a legislação vigente
projeto recente pode acompanhar os parâmtros definidos pelo projeto de Jean Nouvel, no
atua sobre este locais. A última variante do Plano Diretor relativa ao terreno de projeto
entanto, está sujeito à aprovação pelo Conselho Municipal e necessita da elaboração e
foi estabelecido ainda no Plano anterior, com a aprovação do Concurso da área Belfiore.
analíse de um Relatório de Impacto Ambiental.
[FIG. 121] VARIANTES DO PLANO DIRETOR – PLANO DE RECUPERAÇÃO: IDENTIFICAÇÃO DAS NORMAS DO LOTE DE PROJETO
[62]
30M
60M
4. ESTRATÉGIAS NORMAS - USO E OCUPAÇÃO DO SOLO - REGIÃO A área de projeto e as demais áreas em roxo são reconhecidas como
tendo em vista como parâmetro as definições para os perímetros de influência próximos,
espaços ‘canteiros de obra ou em processo de construção’. Essa determinação, no
as demais implicações legislativas (na ausência de um plano de recuperação) e aspectos
Plano Regional, não define normas técnicas de ação ou parâmetros urbanísticos especiais
relativos à composição e usufruto do território, incluindo questões de permeabilidade do
para estes locais, sendo considerados locais em processo de transição de ocupação do
solo, fruição pública e funções atrativas funcional e recreativamente para a população.
solo urbano. A iniciativa projetual é estabelecer novas normas de uso e ocupação do solo
[FIG. 122] USO E OCUPACAO DO SOLO – REGIAO DA TOSCANA (2013): IDENTIFICACAO DAS NORMAS DO LOTE DE PROJETO
30M
60M
[63]
4. ESTRATÉGIAS NORMAS - USO E OCUPAÇÃO DO SOLO - MUNICÍPIO O padrão reticulado que cobre a área de projeto representa que o
Para alteração dos parâmetros legais definidos, como no caso do
terreno está sob efeito de ‘salvaguarda’, normativa específica dos perímetros
‘Museu e Memorial da Imigração na Europa’, haveria a necessidade de proposição de um
destinados a algum Plano de Recuperação. Em prática, isso representa o
novo Plano, que acompanhasse as disposições anteriores e, no caso, de alteração de
‘congelamento’ do terreno das disposições territoriais do Plano Diretor Geral, estando
destinação de uso, deveria ocorrer a anulação do Plano anterior e a realização de um
sujeito apenas às especificidades definidas no Plano. Neste caso, já tendo sido o Plano de
novo conselho municipal para aprovação das Variantes sugeridas.
Recuperação aprovado, a área da proposta está submetida às suas disposições.
[FIG. 123] USO E OCUPACAO DO SOLO – MUNICIPIO DE FLORENÇA (2010): IDENTIFICACAO DAS NORMAS DO LOTE DE PROJETO
[64]
25M
50M
4. ESTRATÉGIAS EMBATES A partir da verificação e análise das considerações acerca das normas urbanísticas que incidem sobre a área Ex-Fiat-Belfiore e dos projetos apresentados para o local ao longo de dez anos é notável o apelo para um projeto de
grande porte, ocupação e usufruto em escala metropolitana considerando a implantação do Trem de Alta velocidade e do VLT (Tramvia 2). Isso é ainda mais evidente ao constatar as áreas pré-estabelecidas pelo Plano de Recuperação:
[FIG. 124] ALAGAMENTO EM FRENTE AO TERRENO DE PROJETO
COMERCIAL/PÚBLICO: 6.175 M² TURÍSTICO/HOSPEDAGEM: 19.465,65 M² RESIDENCIAL: 6.409 M² SUPERFÍCIE CONSTRUÍDA MÁXIMA (ÚTIL): 32.047 M² SUPERFÍCIE MÍNIMA DE ESTACIONAMENTO: 16.130 M² ESTAC. PROPOSTO NOS PLANOS POSTERIORES: 27.000 M² [FIG. 125] ILUSTRAÇÃO DO FUTURO CRUZAMENTO ENTRE A RUA FRANCESCO REDI – IMPLANTAÇÃO DO VLT
O terreno, situado na confluência entre a Av. Belfiore, a rua Benedetto Marcello e a rua Francesco Redi é um dos locais de maior tráfego da cidade, fator que se agrava nos momentos de chuva – quando não ocorrem alagamentos -, e apesar dos contínuos apelos da população através de algumas associações de moradores da cidade, os projetos apresentados desde 2004 – embora as questões de acessibilidade sejam resolvidas razoavelmente – reforçam a condição existente criando um enorme polo gerador de tráfego que pouco interage com os anseios locais: a criação de espaços livres públicos, possibilidades de fruição claras e condizentes com o uso do complexo e a vitalidade do lugar, além de estratégias passivas de controle das águas pluviais.
[FIG. 126] ACESSO AO TÚNEL CONGESTIONADO – CONTINUAÇÃO DA AV. BELFIORE
[65]
4. ESTRATÉGIAS AÇÕES Esses anseios locais são colocados em pauta de forma inovadora pelo laboratório político perUnaltracittà, o qual vem elaborando um item legislativo com a intenção de que seja incluído no Regulamento Urbanístico de Florença. O texto trataria da ‘’Requalificação participativa das áreas abandonadas/inadequadas, públicas e privadas, através da Experimentação urbana’’. O intuito é utilizar-se de instrumentos urbanos citados na legislação nacional (art. 42 da Constituição italiana), possibilitando que a Prefeitura possa confiar a gestão e reutilização destes espaços, através de convocações públicas, para sujeitos ou instituições sem fins lucrativos, a fim de que possam cuidar da sua recuperação funcional em consideração ao interesse público e das funções de ‘bem comum’. A organização ainda afirma que: os cidadãos ativos se autoorganizam e defendem a cidade da especulação, reivindicando o direito para escolhas democraticamente compartilhadas. O projeto, neste sentido, busca ir efetivamente de encontro aos questionamentos que a iniciativa do lab. perUnaltracittà reaiza: buscar uma alternativa sensível e responsável de vivificar partes do tecido urbano importantes para a cidade que, de modo geral, são absorvidas pelos interesses econômicos mercado imobiliário especulativo, sem que haja uma possibilidade de debate acerca das formas de utilização destes locais e de quais atores pode e poderão participar na sua reativação.
[66]
[FIG. 127] FAIXA DE PROTESTO NO CENTRO DE FLORENÇA EM RELAÇÃO À COMERCIALIZAÇÃO DA CULTURA OU DA CULTURA COMO MERCADORIA – ‘FAÇAM-NOS TENTAR, DEIXEM-NOS MUDAR’
5. ORIGENS E UTOPIAS
Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo, GEORGE SANTAYANA, 1905
ORIGEM: sf (lat origine) 1 Primeira causa determinante; começo, princípio. 2 Ponto de partida, procedência. 3 Nascimento, proveniência. 4 Etimologia. 7 Pretexto, motivo, causa. 8 Fontes históricas, documentos primitivos. 9 Astr Ponto a partir do qual se contam as ascensões retas e as longitudes. 10 Geom Ponto a partir do qual se contam as coordenadas. UTOPIA: sf (gr ou+topo3+ia1) 1 O que está fora da realidade, que nunca foi realizado no passado nem poderá vir a sê-lo no futuro. 2 Plano ou sonho irrealizável ou de realização num futuro imprevisível; ideal. 3 Fantasia, quimera.
[FIG. 128] EXPOSIÇÃO NO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE BARCELONA
5. ORIGENS E UTOPIAS HISTÓRIA - CONCEITO CONCEITO E EVOLUÇÃO DOS ‘ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS’ Segundo a definição de Josep M. Montaner a concepção moderna de museu se consolida entre o final dos anos ’30 e a década de ’40, segundo quatro modelos diversos: - Mus eu do crescimento ilimitado (1939): objeto retilíneo cuja forma s e ‘enros ca’; - Mus eu para uma pequena população (1942 ): cons trução platônica de planta livre; - Mus eu Guggenheim de Nova Iorque (1943 ): forma orgânica s ingular formada a partir de s eu percurso interno; - Mus eu portátil/dis s olúvel (1941): des construção da forma tradicional de expos ição; Após a passagem das vanguardas modernistas e a chegada da Segunda Guerra Mundial o conceito de museu permaneceu praticamente estático, até pela priorização do processo de reconstrução pós-guerra: investimentos em moradia, infraestruturas e escolas. Algumas mudanças surgiram no final dos anos ’50 na Itália e nos países nórdicos. No entanto, apenas nos anos ’80 é que se iniciou a abordar a possibilidade de construção de uma nova leva de equipamentos destinados á cultura. A proliferação de museus e sua aparente multiplicidade, contudo, não representou uma variação tão grande nas formas de abordagem das questões de articulação funcional e simbólica destes espaços. Dentre essas aproximações estratégicas Montaner identifica oito maneiras de organização distintas:
1 - ORGANISMO EXTRAORDINÁRIO; 2 - EVOLUÇÃO DA CAIXA; 3 - OBJETO MINIMALISTA; 4 - MUSEU-MUSEU; 5 - MUSEU QUE SE VOLTA PARA SI MESMO; 6 - MUSEU COLAGEM; 7 - ANTIMUSEU; 8 - FORMAS DE DESMATERIALIZAÇÃO; [FIG. 129] GUGGENHEIM NOVA IORQUE – ORGANISMOO EXTRAORDINÁRIO
[68]
[FIG. 130] GUGGENHEIM BILBAO– ORGANISMOO EXTRAORDINÁRIO
5. ORIGENS E UTOPIAS HISTÓRIA - CONCEITO 1 - O primeiro se define, de modo geral, como objeto de destaque, não repetível, em contextos urbanos
3 - Os museus minimalistas são definidos pela neutralidade e simplicidade formal e organizacional,
consolidados, buscando gerar contrastes, um lugar dinâmico. Este O caso formal do último reúne
buscando ir além dos recursos tecnológicos e das evoluções tipológicas ao longo do tempo. São
concepções museográficas do século XX: salas de exposição tradicional enfileiradas, espaços para coleções
estruturas arquetípicas essenciais, que acompanham as formas do minimal art de artistas norte-
individuais permanentes, salas neutras para exposições temporárias e o salão gigantesco para grandes
americanos dos anos ’70 e das figuras abstratas europeias. A simplicidade espacial funde-se à
obras. Recentemente esta corrente tem recorrido formalmente às superestruturas ou até mesmo
atmosfera artística, reunindo arte, arquitetura e paisagem. Referencia pela abstração da Bauhaus e
membranas ‘surrealistas’.
pela escola de Ulm, seguindo a ideia de arte conceitual. Maior operabilidade interna, buscando o menor
2 – A evolução da caixa consiste na definição de um continente básico, uma espécie de contêiner. Este tipo
impacto externo.
de museu se organiza como um volume neutro revelador de um conhecimento escondido. Espacialmente utiliza-se da adaptação dos preceitos modernos de transparência, da planta livre, da luz natural, da funcionalidade, da possibilidade de crescimento, do sentido de universalidade e da negação da mediação entre a arquitetura e as obras. Estes modelos modernos foram sendo reinterpretados e perderam sua
condição de abstração. A arquitetura brasileira moderna se enquadra, em parte, nesta categoria. Também são representativos os primeiros ‘museus-bunker’ e os edifícios-massa, as caixas megaestruturas e eletrônicas.
[FIG. 132] MUSEU DA LUZ – OBJETO MINIMALISTA
[FIG. 131] NEUE NATIONALGALERIE – EVOLUÇÃO DA CAIXA
[FIG. 133] MASP – EVOLUÇÃO DA CAIXA
[FIG. 134] CENTRO GEORGES POMPIDOU – EVOLUÇÃO DA CAIXA
[69]
5. ORIGENS E UTOPIAS HISTÓRIA - CONCEITO 4 - Se resume em uma maneira de projetar na qual o valor maior é a tradição tipológica do museu e a sua disciplina,
5 – O museu que se volta para si mesmo é um caminho de mediação entre o
que deve ter continuidade. Ela se aplica frequentemente na remodelação de edifícios históricos. Esta categoria se
museu de tradição tipológica e o expressionista expansivo, caracterizando-se
resolve arquitetonicamente através da definição rigorosa de sua estrutura tipológica ou quando sua forma se integra à
pela introspecção de seus espaços sob a organização das coleções e voltando-se
morfologia urbana. Suas estruturas espaciais são compartimentadas e comprometidas com os elementos essenciais da
sutilmente para o exterior. Destaca-se neste museu a manipulação dos focos de
tradição. Louis Kahn e Aldo Rossi foram os precursores da utilização destes arquétipos e sucessivamente, Rafael
luz natural e das vistas controladas para o contexto, considerando importante a
Moneo. O museu é compreendido como a presença de diversos extratos históricos à espera de serem interpretados e
adaptação física do museu às condições específicas do lugar. Sua condição é
inseridos em uma nova ordem tipológica.
realista, respeitosa à especificidade da implantação. 6 – O museu colagem, como condição contemporânea reparte o objeto em diversos corpos. Foi teorizado nos anos ’80 baseando-se no livro Collage City. Ele é representativo da chegada da indústria cultural às massas. É em um elemento popular atrativo para as cidades, fortalece o ‘urbano’ e as atividades turísticas, e, em geral, busca recompor parte de um tecido social local. Possui grande conotação simbólica e sua forma é uma narrativa de seu conteúdo. Estes museus são de caráter fragmentário/aditivo e cada parte possui características e
[FIG. 135] MUSEU CASTELLÓN – MUSEU-MUSEU
[FIG. 137] CENTRO GALEGO – VOLTADO PARA SI MESMO
[FIG. 136] NUSSBAUM – VOLTADO PARA SI MESMO
[FIG. 138] MUSEU GRONINGER – MUSEU COLAGEM
configurações próprias, sendo os percursos heterogêneos.
[FIG. 139] MUSEU DOS VULCÕES – MUSEU COLAGEM
5. ORIGENS E UTOPIAS HISTÓRIA - CONCEITO 7 – É a negação do convencional e da espacialidade representativa. Em resposta às três principais propostas
8 – Essência da matéria: energia, luz e transparência. Neste caso, a
vanguardistas modernas de museu (Le Corbusier, Mies Van der Rohe e Wright) surgiu outra segundo as ideias de Marcel
museografia tradicional é anulada pelos dioramas e projeções, translucidez,
Duchamp. Associaram-se a este pensamento os conceitos de Museu Portátil (Duarte, Lagarriga e Bonet em 1996), de Museu
reprodução: a ‘concretização’ do virtual. Formalmente se funde inteiramente
Imaginário (André Malraux em 1951) e de Museu Virtual – ausência de peças originais e dissolução do espaço museográfico
coma paisagem, inclusive materialmente. Em outros casos, parte-se de
– (Antoni Muntadas - The files room em 1994). Em outros casos, a ideia de antimuseu, está associada ao redesenho de
formas amorfas e indefinidas estruturando interiormente uma série de
espaços abandonados ou já consolidados por uma arquitetura de época, em outros casos, são ‘intervenções artísticas’
espaços fluídos e sem limitações. Essa postura de desmaterialização, contudo
transparentes, passiveis de crescimento e camufláveis abertas ao público. Estes espaços são representantes da produção
também pode ser aplicada em sistemas modulares, configurando um cenário
cultural/artística não oficial e dos grupos sociais menos favorecidos.
recorrente de arquiteturas diáfanas: marcas de sedução global. Ademais, Montaner afirma que apesar de haver certa inclinação social em alguns casos de museus recentes (ex: MACBA de Richard Meier, Tate Modern em Londres de Herzog & De Meuron), o aspecto mais impactante para os projetos contemporâneos de museus é a transformação sucessiva destes lugares em
[FIG. 140] MUSEU PORTÁTIL ANTIMUSEU
[FIG. 141] PALAIS DE TOKIO - ANTIMUSEU
[FIG. 143] CARRÉ D’ART - DESMATERIALIZAÇÃO
[FIG. 142] MUSEU DO ECO ANTIMUSEU
pontos de atração, de turismo e de urbanidade, os quais requerem uma organização que lhes permita a transformação, a revisão e a multiplicidade.
[FIG. 144] FUNDAÇÃO CARTIER – DESMATERIALIZAÇÃO
[FIG. 145] KUNSTHAUS DE BREGENZ - DESMATERIALIZAÇÃO
[71]
5. ORIGENS E UTOPIAS HISTÓRIA - CONCEITO CONCEITO DOS ‘MEMORIAIS’ O termo Memorial advém da língua inglesa, mais precisamente indicando os primeiros ‘patrimônios’ ou memórias a serem preservadas reconhecidos nos Estados Unidos representados inicialmente com monumentos de pedra e cal. Estes elementos simbolizavam a atuação de algum personagem de destaque nos eventos do país ou recordavam algum fenômeno específico, de modo geral conquistas ou tragédias nacionais.. Destaca-se o conceito inaugurado pelo historiador Pierre Nora acerca dos ‘lugares da memória’: [...] um lugar de aparência puramente material, como um depósito de arquivos, é lugar de memória se a imaginação o investe de aura simbólica. Mesmo um lugar puramente funcional, como um manual de aula, um testamento, uma associação de antigos combatentes, só entra na categoria se for objeto de um ritual. Mesmo um minuto de silêncio, que parece o extremo de uma significação simbólica, é, ao mesmo tempo, um corte material de uma unidade temporal e serve, periodicamente, a um lembrete concentrado de lembrar. Os três aspectos coexistem sempre [...]. É material por seu conteúdo demográfico; funcional por hipótese , pois garante ao mesmo tempo a cristalização da lembrança e sua transmissão; mas simbólica por definição visto que caracteriza por um acontecimento ou uma experiência vivida por pequeno número uma maioria que deles não participou. No entanto, para que este lugar seja de memória Nora afirma que o ‘objeto’ memorial em questão deve possuir ‘vontade de memória’, caso contrário torna-se um ‘lugar de história’, pois segundo o historiador o conceito de memória ‘’ é a vida, sempre alcançada pelos grupos viventes [...], ela está em evolução permanente [...], inconsciente das suas deformações sucessivas [...], a história é a reconstrução sempre problemática e incompleta daquilo que não é
[72]
mais [...]. A memoria é um absoluto e a história não conhece outra coisa que não o relativo. [...] Os lugares de memória vivem do sentimento que não existe memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter os aniversários, organizar as celebrações, pronunciar as honras fúnebres, estabelecer contratos, porque estas operações não são naturais [...]. Se vivêssemos verdadeiramente as lembranças que eles envolvem, eles seriam inúteis. E se em compensação, a história não se apoderasse deles para deformá-los, transformá-los, sová-los e petrificá-los eles não se tornariam lugares de memória. É este vai-e-vem que os constitui: momentos de história arrancados do movimento de história, mas que lhe são devolvidos [...]. NORA, 1993.
[FIG. 146] LE MAIN OUVERTE (CHANDIGARH) – LE CORBUSIER
5. ORIGENS E UTOPIAS HISTÓRIA - CONCEITO
Outro pensamento importante e complementar a essas
A fluidez permitida por estas narrativas vivas possibilita que surjam
indagações a respeito da memória é o do filósofo Italiano Benedetto Croce, o qual
as identidades e os sentimentos associados a elas. Essas identidades, por não serem
afirmava que a indagação dos processos históricos apenas poderia ocorrer a partir
constantes, por outro lado acabam adquirindo maior estabilidade que as imagens
da existência de interesses ligados à vida presente. A mera narrativa, segundo o
fabricadas pelo mundo midiático, exatamente por serem constituídas por conteúdos
mesmo, seria o completar de um ato vazio, enquanto a História, como organismo vivo,
subjetivos. Segundo o historiador Axt Gunter, a História Viva:
seria mais um ato do pensamento ligado á filosofia. Este conceito de História Viva é oposto ao que o filósofo denomina de Filológica, a qual é responsável por compilar objetos úteis que, no entanto, não se conectam de espiritualidade e sociabilidade. Além disso, existe outra forma de História segundo Croce, a Poética. Esta, por sua vez, representa expressões demasiadamente românticas (nacionalistas) e sentimentais, aproximando-se também da concepção de História Retórica, descrita como desprovida de moral didática. O filósofo italiano afirmava que a substância da História está em sua essência inconstante, ou seja, seu aspecto vital é apontar não necessariamente para todos os detalhes da história, mas àqueles que, segundo as necessidades sociais existentes, buscam responder aos questionamentos da contemporaneidade.
[74]
[...] pode se constituir em um antídoto para contrabalançar a superficialidade crescente da sociedade consumista, pois acena com focos de permanência no universo do fugaz. Finalmente, pode oferecer um porto para as comunidades periféricas – no sentido proposto por Guy Debord, que falava da banalização da cultura na sociedade ultramoderna, sublinhando que a hegemonia econômica das sociedades detentoras do espetáculo tende a se afirmar sobre regiões subdesenvolvidas – que reagem à avalanche globalizante perguntando-se pela sua singularidade, isto é, por aqueles traços culturais e comportamentais que caracterizam a sua especificidade e que podem orientar a realização de escolhas diante de imposições de projetos externos. Ao mesmo tempo, a História Viva, por não ser laudatória ou poética, encerra anticorpos aos arroubos nacionalistas e localistas. Se o tema das identidades locais aflora, ele se dá no marco da inconstância.
[FIG. 147] MEMORIAL DO CAMPO DE RIVESALTES
5. ORIGENS E UTOPIAS PROGRAMA - MEMORIAL DESCRITIVO
NÚCLEOS PROGRAMÁTICOS
O ‘Museu e Memorial da Imigração na Europa’, busca vivificar uma parte valiosa do tecido urbano de Florença, se inserindo como um catalisador de
DE INFORMAÇÕES. CONSTITUIÇÃO DO REPERTÓRIO MATERIAL DA IMIGRAÇÃO NA EUROPA
[LEITURA/PESQUISA] - CONHECIMENTO E ESTÍMULO À COMPREENSÃO INDIVIDUAL DA CULTURA ESTRANGEIRA NO VELHO CONTINENTE
[MUSEU/EXIBIÇÃO/EXPOSIÇÃO] – APRESENTAÇÃO, CONTEXTUALIZAÇÃO E REPERCUSSÃO ACERCA DA HISTÓRIA E DAS EXPECTATIVAS ATUAIS EM RELAÇÃO AOS DESLOCAMENTOS INTERNACIONAIS
[ENSINO] – DIVULGAÇÃO CULTURAL E INSERÇÃO SOCIAL DA POPULAÇÃO IMIGRANTE.
[VIVÊNCIA] – CONEXÃO, CRIAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO INDIVÍDUO [MEMORIAL] - REFLEXÃO, CONTEMPLAÇÃO E AÇÃO NARRATIVA DA IMIGRAÇÃO
[TÉCNICO] – ORGANIZAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E HARMONIA DOS FLUXOS E DAS INSTALAÇÕES
acontecimentos voltados ao conhecimento, acompanhando a transformação progressiva de
MUSEU E MEMORIAL DA IMIGRAÇÃO NA EUROPA
[DOCUMENTAÇÃO] - INDAGAÇÃO, FORMAÇÃO E RECOLHIMENTO
uso que grandes lotes na região tem sofrido, transformando locais ociosos – destinados inicialmente às infraestruturas e comércios regionais - em pontos efervescentes para a produção cultural. A partir da definição de atividades diversificadas e possivelmente independentes, pretende-se possibilitar a organização do repertório material da imigração e estimular o re-conhecimento simbólico da ação estrangeira na Europa, não apenas memorialmente, mas ativamente, com lugares que façam ressoar essa presença e vivacidade cultural através da pesquisa, do ensino e da vivência. Patrimônio material estático, acompanhado do imaterial em movimento indefinido. Para a definição programática utilizou-se como referência básica o programa para o Museu Nacional da memória – Bogotá, devido à proximidade simbólica do tema, da similaridade das áreas destinadas à construção, da premissa de inclusão de grandes áreas permeáveis e públicas e da intenção de criação de um equipamento com alcance metropolitano. Além disso, utilizou-se como apoio secundário o programa do Museu da Imigração do Estado de São Paulo após ter realizado visitas técnicas ao local. O programa final sofreu algumas alterações de modo a diversificar ulteriormente os usos e estimular a inclusão social, tendo sido incluídas novas atividades, entre elas: Biblioteca, Atendimento Público, Espaço Ecumênico, Oficinas Coletivas, Convivência Coberta e Memorial.
[76]
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIA - TABELA DE AREAS: MUSEU NACIONAL DA MEMÓRIA (BOGOTÁ) [AREA CONSTRUIDA TOTAL: 17.100M ]
[DOCUMENTAÇÃO - circulação: 25%]
[EXPOSIÇÃO - circulação: 40%]
[ARQUIVO - circulação 25%]
- Documentação: 150m² - Informação: 20m² - Espaço de Gravação: 15m² - Banheiros Funcionários: 80m²
- Café: 60m² - Restaurante: 300m² - Cozinha: 128m² - Banheiros: 15m² - Loja: 80m²
- Direção: 25m² - Funcionários: 55m² - Sala de Reuniões: 20m² - Espaço de Trabalho Individuais: 25m² - Vigilância: 55m² - Triagem - Visitas Guiadas: 35m² - Espaço Lazer Func.: 55m² - Cozinha e Refeitório Empreg.: 55m² - Depósitos: 30m² - Banheiros Funcionários: 80m²
ARMAZENAMENTO - Doca exposições/obras: 150m² - Conservação e Preparo: 50m² - Armazém de Obras: 100m² - Centro Informacional: 40m² - Acervo – 150m² - Process./Digital./Conserv./Organ.: 75m² - Área de Acesso (Portaria) / Lobby: - Loja: 80m² - Depósito: 50m²
[ADMINISTRATIVO/TÉCNICO - circulação 25%] - Depósito Educacional: 60m² - Administração Geral: 25m² - Depósito Operacional: 50m² - Camarins: 60m² - Sala de Reuniões: 50m² - Sala de Conferências: 20m² - Espaço Pedagogia: 110m²
AUDITÓRIO - Auditório: 1000m² - Foyer: 110m² - Sala Múltipla: 300m² - Sala de Reuniões: 100m² ENSINO - Aula: 80m² (2) - Ludoteca: 80m² CONFLUÊNCIA - Sala Comunitária: 50m² - Espaço de Gravação: 65m² - Bilheteria: 35m² - Vistoria: 10m² - Informação: 15m² - Átrio de acesso: 200m² - Banheiros Públicos: 150m²
[MUSEU/EXIBIÇÃO/EXPOSIÇÃO - circulação: 40%] - Exposições Permanentes: 2000m² - Exposições Temporárias: 400m² - Espaço de Reflexão/Transição: 200m² - Espaço Memorial: 120m² - Sala de Consulta: 70m² - Banheiros Públicos: 150m²
[ESTACIONAMENTOS] - Vagas e Circulação: 6300m²
DEMAIS REFERÊNCIAS PROGRAMÁTICAS - EXPOSIÇÃO: - Museu da Imigração do Estado de São Paulo - Proposta Guggenheim Helsinki – Projeto Vazio Arquitetura e SIAA DEMAIS REFERÊNCIAS PROGRAMÁTICAS - EDUCAÇÃO + CRIAÇÃO: - Concurso SESC FRANCA-SP - Memorial Bergen-Belsen
[77]
5. ORIGENS E UTOPIAS PROGRAMA: ELABORAÇÃO – QUADRO DE ÁREAS [DOCUMENTAÇÃO – circulação 25%]
[LEITURA/PESQUISA – circulação 25%]
- Salas administrativas: 150m² - Curadoria/ Escritórios de arquivo: 120m² - Salas de Reunião/Conferência: 80m² - Salas Conservação/Registro: 30/50m²
- Biblioteca: Aprox. 500m² (Aprox. 100.00 volumes) - Centro de Documentação (Consulta): 100/150m² - Espaço de Gravação (População): 15m² - Leitura e Consulta digital: 80m² - Depósito: 40/50m² - Brinquedoteca/Ludoteca: 80m² - Sala da Comunidade/ Reuniões Públicas: 50m²
AUDITÓRIO - Auditório + Palco: 300/350m² (Aproximadamente 250 assentos) - Foyer: 100m² - Sala de Equipamentos: 40m² - Camarins: 30m² - Sala de Projeção: 15m² - Cabine de apoio: 50/60m² - Sala Técnica: 15m²
ÁREA TOTAL LEITURA/PESQUISA: 1050m²
ÁREA TOTAL AUDITÓRIO: 750m²
ÁREA TOTAL DOCUMENTAÇÃO: 550m² ARQUIVO - Salas de Arquivo/Salas de Process. Técnico: 60m² - Almoxarifado: 40m² - Salas de Funcionários: 40m² - Salas de Controle/ Serviços de vigilância: 30m² - Banheiros: 30/50m² - Depósito: 25m² - Vestiários: 15m² - Sanitários Gerais: 50/60m² ÁREA TOTAL ARQUIVO: 750m² ATENDIMENTO - Secretaria: 50/100m² - Coordenação: 20/30m² - Direção: 20/30m² - Sala de Reuniões: 30/50m² - Sanitários Funcionários: 20m² - Café: 100m / Depósito: 40m² ÁREA TOTAL ATENDIMENTO: 450m² ÁREA TOTAL: 1750m²
[78]
ÁRE A CONSTRUIDA TOTAL: 15.500m² - CA: 1.02 ÁRE A PERMEÁVEL: 5.050m² TAXA: 33,25% TAXA DE OCUPAÇÃO: 6.950m² (50.3) T. O. INFERIOR: 2632m² (17.3) PAVIMENTOS: 9 (4 A BAIXO DO NÍVEL DA RUA I 5 A CIMA)
[MUSEU/EXIBIÇÃO/EXPOSIÇÃO – circulação 40%] - Átrio Principal: - 300/350m² (Variável) - Área de Acesso (Portaria) / Lobby: - Loja: 50m² - Depósito: 25m² - Galerias de Exposição – 1200/1800m² - Triagem Visitante/Vistoria: 80/100m² - Informações/Chapelaria: 50m² - Bilheteria: 30m² - Espaço Multi-Uso: 300m² (Aprox. 120 assentos) - Espaço de Guias (Visitas): 35m²
[VIVÊNCIA – circulação 40%]
ÁREA TOTAL MUSEU/EXIBIÇÃO/EXPOSIÇÃO: 3700m²
- Espaços de Vivência Cobertos: 1000m² - Sanitários (Inclusive Auditório): Aprox. 300m² - Espaço de Consulta Audiovisual: 70m² - Ateliê Colaborativo: 200m² - Restaurante: 180m² - Bar: 30m² + Caixa: 12m² - Cozinha: 40m² - Armazenamento de Alimentos: 30m² - Lixo: 15m² - Docas: 20/50m² - Espaço Ecumênico: 200m²
[ENSINO – circulação 25%]
ÁREA TOTAL VIVÊNCIA: 2850m²
- Laboratórios/Oficinas: 400m² - Sala dos Professores: 50m² - Espaços Expositivos das Oficinas/ Multimídia: 80/100m² - Depósitos Laboratórios/Apoio: 50m² ÁREA TOTAL ENSINO: 800m²
5. ORIGENS E UTOPIAS ELABORAÇÃO – QUADRO DE ÁREAS
MUSEU [TÉCNICO – circulação 25%]
[MEMORIAL – circulação 40%]
- Equipamentos/ Apoio e Depósito de Móveis: 50m² - Jardinagem/ Depósito: 25m² - Refeitório Funcionários:70m² - Copa: 15m² - Vestiários: 15/20m² - Área Técnica Superior: 250/300m²
- Espaço Reflexivo (EXTERNO) - Espaço Contemplativo (EXTERNO) - Espaço Ativo (EXTERNO)
ÁREA TOTAL TÉCNICO: 650m²
[3700M² ]
VIVÊNCIA
- ÁREA TOTAL MEMORIAL: 1900m²
[2860M² ]
ÁREA INTERNA COBERTA: Aprox. 1000/2000m²
- Armazém de Obras: 100m² - Armazém de Embalagens (Temporário): 100m² - Espaço de conservação e preparo (Restauro): 60m² - Circulação de funcionários e organização peças: 50m² - Docas para peças expositivas/obras: 50m² - Recepção/Expedição de peças expositivas: 50m² ÁREA TOTAL ARMAZENAMENTO: 500m² [ESTACIONAMENTOS] - Estacionamento: 900/1000m²
PROGRAMA TOTAL
ARMAZENAMENTO
ARMAZENAMENTO/TÉCNICO [2160M² ]
MEMORIAL [1900m² ]
DOCUMENTAÇÃO [1760m² ]
ENSINO [1560m² ]
LEITURA [1560m² ] [79]
5. ORIGENS E UTOPIAS ORGAN. CONCEITUAL
CULTO
ARQUIVO
MEMORIAL
EXPOSIÇÃO
ARMAZENAMENTO
OFICINAS
MEMORIAL EXPOSIÇÃO
ADMINISTRAÇÃO
EXPOSIÇÃO
MEMORIAL RESTAURANTE
DOCUMENTAÇÃO
ATENDIMENTO CONVIVIO
EXPOSIÇÃO DOCUMENTAÇÃO
EXPOSIÇÃO BIBLIOTECA
MEMORIAL
[80]
EXPOSIÇÃO
AUDITÓRIO
EQUIPAMENTOS
COPA
VIGILÂNCIA
DEPÓSITO
VEST. VEST. LIXO
DEPÓSITO COORD.
CAIXA PROJ. CAB. APOIO
TÉCN. GRAV.
SALA DE REGISTRO
DIREÇÃO
SALA DE FUNCIONÁRIOS
VICE-DIR.
SALA DE REUNIÕES
WC FUNCION.
DEPÓSITO
DEPÓSITO CAMARINS BILHETERIA BAR ARMAZ. ALIMENTOS
SALA DAS COMUNIDADES SALA DE EQUIPAMENTOS SALA DOS PROFESSORES
SANITÁRIOS GERAIS SALA DE CONFERÊNCIAS
ARQUIVO/ ALMOXARIFADO
SALAS ADMINISTRATIVAS
ATENDIMENTO/ SECRETÁRIA
LEITURA
FOYER
RESTAURANTE
LUDOTECA CONSULTA AUDIOVISUAL REFEITÓRIO FUNCIONÁRIOS
SALA MULTIMÍDIA
JARDIN.
VISITANTE/ VISTORIA
VEST.
ESPAÇO GUIAS COZINHA
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO
DOCA EXPOSIÇÃO
CURADORIA
SANITÁRIOS PÚBLICOS
ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA OFICINAS
ÁREA TÉCNICA SUPERIOR
PRIVADO
ESPAÇO ECUMÊNICO
EXPED. EXPOSIÇÃO
SEMI-PRIVADO SEMI-PÚBLICO
CAFÉ
SALA DE EQUIPAMENTOS
EXPOSIÇÕES PERMANENTES
AUDITÓRIO
ARMAZÉM TEMPORÁRIO
INFORMAÇÕES
ÁTRIO DE ACESSO + PORTARIA + LOBBY
EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS
ESPAÇO MULTIUSO
ARMAZÉM DE OBRAS
APOIO OFICINAS
BILBIOTECA
PÚBLICO
ESPAÇO DE CONSERVAÇÃO
+ 15m²
+ 30m²
+ 50m²
+ 100m²
+ 150m²
+ 300m²
+ 500m²
+ 1000m²
[FIG. 148] OBRA DO ARTISTA AI WEIWEI EM BERLIM RETRATANDO AS IMIGRAÇÕES
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – DOCUMENTAÇÃO E ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS Projeto: CENTRO DE CRIAÇÃO CONTEMPORÂNEA DE CÓRDOBA Arquitetos: Fuensanta Nieto e Enrique Sobejano – Nieto Sobejano Arquitectos Área Construída: 12.207 m² Localização: Córdoba, Espanha Realização: Governo de Andaluzia – Concurso público (2005 – 2013) Uso: Produção cultural e exposições Tipologia – Conceito Montaner: Evolução da Caixa/ Voltado para si mesmo DESCRIÇÃO DO PROJETO: O projeto é concebido a partir de um sistema geométrico
[]FIG. 149] VISTA AÉREA DO CENTRO DE CRIAÇÃO CONTEMPORÂNEA - COBERTURA E GEOMETRIA
hexagonal, gerando formas similares e complementares, que, por sua vez definem o ritmo e organização espacial do complexo. Este padrão de geometrias define os diferentes espaços internos, constituídos por três tipos diferentes de salas (150m², 90m² e 60m²). A alteração sucessiva das combinações entre estes módulos espaciais geram sequências distintas de salas, que, no entanto, podem configurar também um espaço expositivo único.
A plasticidade é expressada através de elementos pré-fabricados de concreto reforçado com fibras de vidro, que repetidos através de sequências alternadas criam um sistema dinâmico e
[FIG. 150] VISTA AÉREA DO CENTRO DE CRIAÇÃO CONTEMPORÂNEA – SISTEMA CONSTRUTIVO
que dá vivacidade ao ‘envelope’ longitudinal do edifício. A fachada disposta paralelamente ao rio apresenta-se como uma tela de painéis perfurados, a qual, através do sistema de iluminação controlável eletronicamente, possibilita a criação de imagens mutáveis sobre si, conforme o conteúdo das instalações ou eventos específicos.
De dia a luz penetra o espaço através destas superfícies laterais vazadas, ao mesmo tempo em que as aberturas zenitais enriquecem o percurso da ‘rua’ gerando contrastes com a exuberante volumetria projetada. [FIG. 151] PAINEIS PRÉ-FABRICADOS DE CONCRETO E FIBRA DE VIDRO - PLÁSTICA
[83]
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – DOCUMENTAÇÃO E ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS REFERENCIAL: O projeto aborda diversas questões que orientam para a criação de espaços únicos, afastando-se do estereótipo que associa eficiência ao conceito de caixa universal e espaço flexível. A diretriz projetual é buscar a criação de um edifício ligado ao lugar e à memória, que, embora possa se reorganizar, modificando seu tamanho e seu uso inicial, seja essencialmente individual. Esta reflexão vem de encontro às intenções do trabalho: espaços racionais passíveis de ampliações ou diminuições e que, de modo especial, possuam uma identidade própria mas não fechada sobre si e sim que possam ser completos de forma individualizada pelos visitantes.
Outro aspecto importante é que, embora volumetricamente seja único, o edifício não possui um centro, ou pelo menos pode-se dizer que este não é estático. De fato, a espinha dorsal é uma rua
[FIG. 153] VISTA INTERNA – ESPAÇOS ‘PROVOCATIVOS’
interna, a qual ao mesmo tempo em que organiza os espaços criativos sobre si, cria um movimento descentralizado e democrático entre os órgãos deste corpo. Além disso, internamente, a rigidez material do complexo se distancia da fluidez criada entre os diversos elementos construtivos; as paredes, o piso e as zenitais se fundem dando lugar a um
cenário árido que ganha vida através da monumentalidade da luz zenital e, eventualmente da luz artificial. Por fim, é vital ressaltar neste centro criativo o papel da arquitetura como provocadora e organismo aberto à ação do usuário.
[FIG. 154] VISTA ÁREA EXPOSITIVA – ILUMINAÇÃO ZENITAL
[FIG. 152] VISTA EXTERNA – COMPOSIÇÃO DE PAINÉIS BRANCOS + ILUMINAÇÃO REGULÁVEL
[FIG. 155] SEQUÊNCIA ESPAÇOS EXPOSITIVOS
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – DOCUMENTAÇÃO E ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS Projeto: MUSEO DE LA VEGA BAJA – TOLEDO Arquitetos: Mansilla y Tuñon Arquitectos Área Construída: 15.000m² Localização: Toledo, Espanha Realização: Concurso Internacional (2010) Uso: Museu e centro de interpretação Tipologia – Conceito Montaner: Objeto Minimalista/ Voltado para si mesmo DESCRIÇÃO DO PROJETO: A referência arquitetônica é a própria cultura visigoda, conhecida pela formalidade pragmática e elementar em termos de técnicas construtivas, além de ser equilibrada e naturalmente sustentável. O intuito é a concepção de espaços representativos e integrados ao contexto de modo a potencializar seu entorno próximo e a si mesmo. O projeto se desenvolve em um único nível que se organiza através de um sistema de células de planta quadrada, de perímetro interrompido e de volumetria fragmentada. A solução adotada busca dinamizar o amplo espaço livre que, sem ter que recorrer a um volume icônico unitário, possa ser um
complexo arquitetônico referencial para a ativação do território além de manter uma relação adequada com o contexto. O movimento, tanto dos volumes e coberturas assim como da geometria são responsáveis por tentar estabelecer uma relação recíproca com o entorno, criando uma imagem pitoresca e sem hierarquia, a qual acoplada à plasticidade terrosa dos elementos construídos busca se camuflar tendo em vista o centro histórico de Toledo.
Os volumes celulares são referência dos traços quadrados dos módulos das igrejas visigodas que combinados formam modelos de templos diversos. A imprecisão do alinhamento das absides destas igrejas em direção ao leste estabelece um estranho jogo de seus eixos, que, por conseguinte atua sobre a ordenação dos elementos e para a cartografia do projeto,
[FIG. 156-159] DIAGRAMAS CONCEITUAIS – DIRETRIZES DE PROJETO
[85]
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – DOCUMENTAÇÃO E ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS
REFERENCIAL: Em todo este sistema referenciado é importante o estabelecimento de matrizes que articulam formalmente a estrutura volumétrica destes múltiplos corpos programáticos que constituem a proposta. Esta articulação atinge diversos níveis de organização: o eixo vertical varia entre 4, 8 e 10m, enquanto o sistema horizontal formado por módulos quadrados de 14, 17 e 21m de lado também é qualificado em planta a partir da definição de diferentes orientações e proporções, resolvendo assim as necessidades de distribuição do programa.
A proposta afinal resulta em um complexo aberto e flexível, aparentemente estruturado pela casualidade, que, no entanto, é regido por um complexo conjunto de parâmetros que permite a multifuncionalidade de cada espaço, onde cada célula pode ser modificada. A organização estabelecida permite que os acessos e circulação entre áreas dotadas de programas segregados e sofisticados (exposição, administração, investigação e informação) ocorra a partir de um grande espaço aberto que distribui os fluxos para cada Centro do conjunto.
As caixas funcionais são construídas a partir de paredes autoportantes de concreto armado branco, cuja coloração será naturalmente a terra da própria Veja Baja ao longo do tempo, assim
[FIG. 160] MAQUETE DE IMPLANTAÇÃO – ORGANIZAÇÃO VOLUMÉTRICA
como as coberturas construídas com chapas de cobre que com a umidade alteram sua tonalidade constantemente estabelecendo uma aproximação contínua com o contexto tectônico local. Outro aspecto importante é o processo de racionalização construtiva que se origina a partir de três condições necessárias à viabilidade da proposta: construção por fases (possibilidade de funcionamento parcial do museu), flexibilidade com possível reorganização programática (sem que a proposta seja descaracterizada) e a otimização dos custos (sistemas passivos, equilibrados e manutenção controlada). [FIG. 161] ILUSTRAÇÃO DO MUSEU
[86]
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – DOCUMENTAÇÃO E ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS Projeto: MUSEU NACIONAL DA MEMÓRIA Arquitetos: MGP Arquitectos + Estudio.entresitio Área Construída: 11.813 m² Localização: Bogotá, Colômbia Realização: Concurso Público Internacional (2015) Uso: Museu, centro cultural e memorial Tipologia – Conceito Montaner: Museu-Museu/ Desmaterialização DESCRIÇÃO DO PROJETO: O edifício pousa como um conjunto único de peças fragmentadas, uma congregação dos múltiplos valores nacionais, iguais, mas ao mesmo tempo diferentes. Estes elementos, que tem pouco contato com o solo, liberam o espaço urbano, dotando de sombra as áreas públicas as quais se relacionam diretamente com espaços verdes ajardinados permitindo visões sucessivas da cidade através de composições interrompidas. O Museu é um passeio ascendente, sequencial e emotivo. Seus 24 picos tocam o solo e o chão como princípio e fim, pois são estes os lugares que de união. Na sua multiplicidade, representam as
diferentes posições político-filosóficas dos atores dos conflitos nacionais, se desfazem no solo e no céu, geografias que afinal são de todos. O edifício é então um objeto urbano que une os extremos fundamentais do
[FIG. 162-163] DIAGRAMAS DE VOLUMETRIA/CIRCULAÇÃO/LUZ + MAQUETE
espaço urbano, solo e céu e em seu meio abriga as salas expositivas. Desde o espaço de circulação vertical e seu respectivo prolongamento desde as salas expositivas até os espaços de transição, reflexão e cobertura, o usuário vive o programa do edifício, a cidade e as montanhas de maneira alternada e rítmica. O edifício em seu entorno é em sua totalidade um grande
mobiliário de permanência urbana. Os extensos planos sombreados funcionam como guarda-chuvas coletivos, sendo espaços de acolhida e reunião, os quais, além de estabelecer comunicação entre as partes funcionais do programa, permitirão uma infinidade de atividades, tanto programadas assim como espontâneas.
[FIG. 164] VISTA GERAL DA ESPLANADA DE ACESSO E ESPAÇO CONSTRUIDO
[87]
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – DOCUMENTAÇÃO E ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS REFERENCIAL: A proposta, como afirmado pela comissão julgadora do concurso: cria uma riquíssima e complexa relação de espaços e de iluminação. A rígida matriz da qual resulta, como uma trama que serve de base a um tecido, permite entrelaçar uma malha de circulações que à medida em que se desenvolvem, outorgam ao percurso dos visitantes um sentido de procissão.
Além disso, o complexo representa um esforço coletivo, cristalizado através deste edifício icônico/monumental. Os espaços internos variam desde espaços solenes, quase ritualísticos, à ambientes livres, como a cobertura. Ao contrário do que pode se esperar, a adoção de um sistema rígido de quadriculas permitiu a constituição de espaços ricos no que diz respeito às relações oblíquas e verticais de percursos e vistas. A estrutura é inteiramente composta por elementos de concreto armado: muros maciços inclinados armados in loco (disposição horizontal). Este sistema é organizado a partir da configuração de seis unidades quadradas, que se repetem em uma trama ortogonal, cuja composição permite a criação de pátios internos. Os planos horizontais são amarrados por um sistema de vigas em
[FIG. 165-166] DIAGRAMAS DE VOLUMETRIA/CIRCULAÇÃO/LUZ
grelha, que possibilita a abertura racional de vazios para iluminação e para a circulação vertical. O fechamento do conjunto se dá através de unidades cúbicas iguais formadas por muros e pórticos. Nos momentos necessários, este sistema construtivo permite a adoção de vedações leves.
[FIG. 167] CORTE ESQUEMÁTICO – LUZ E VENTILAÇÃO
[FIG. 168] SALAS EXPOSITIVAS
[FIG. 169] ESPAÇO DE ACESSO ÀS AREAS EXPOSITIVAS
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – DOCUMENTAÇÃO E ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS Projeto: MUSEU DA MEMÓRIA E DOS DIREITOS HUMANOS Arquitetos: Estúdio América e Figueroa Arquitetos Área Construída: 10.900 m² Localização: Santiago, Chile Realização: Concurso – Comissão Presidencial dos Direitos Hum. (2009) Uso: Museu e memorial Tipologia – Conceito Montaner: Organismo Extraordinário/Evolução da Caixa DESCRIÇÃO DO PROJETO: O conceito que orienta as diretrizes de projeto é enxergar a memória não como elemento figurativo e substituível através de sua representação espacial, mas sim como possibilidade de olhar para o futuro, buscando transmitir essa bagagem histórica imparcialmente e afastando-se da concepção linear acerca do tempo. A intenção é possibilitar que o individuo acumule o conhecimento depositado no recinto do museu de maneira pessoal, criando assim memórias ativas, provocando reflexões e instigando a construção de desejos renovados. Estão implícitas condições cívicas neste espaço, assumindo
responsabilidades urbanas: os amplos caminhos, as transposições abertas e os generosos espaços expositivos apontam para este comprometimento, além de representarem uma sequência de lugares que ajudam na definição de um marco de hierarquia em termos metropolitanos.
[FIG. 170] ESQUEMA DE IMPLANTAÇÃO – SOLUÇÕES DE ACESSO E VOLUMETRIA GERAL
A estrutura é constituída por um volume elevado composto por treliças metálicas, cujas cargas descarregam em quatro apoios limítrofes ao volume aos quais se associam as 'caixas expositivas', responsáveis pela iluminação interior. Externamente o cobre e o carvão são os materiais de
revestimento, como registro do que foi e do que poderia ter sido. O programa é definido em duas situações: a 'barra' e a 'base'. A primeira recebe os espaços expositivos, historiais e informacionais, sendo liberadas suas extremidades representando a memória e da passagem da vida. Enquanto a outra recebe os estudos, seminários, apoios administrativos, espaços para eventos museográficos específicos e ambientes culturais.
[FIG. 171] VISTA GERAL DA ESPLANADA DE ACESSO
[89]
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – DOCUMENTAÇÃO E ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS REFERENCIAL: O projeto aponta para situações e estratégias que refletem um conjunto construído x aberto harmonioso e organizado. As infraestruturas, circulações, sanitários e apoios do volume elevado localizados nos extremos longitudinais - cuja distribuição de esforços é resolvida por um sistema de vigas e pilares metálicos que sucessivamente descarregam sobre os quatro núcleos de concreto armado periféricos - possibilitam liberar os espaços expositivos e criar situações combinadas de balanços envidraçados e vazios bastante emblemáticos. Essa estratégia de agrupamento dos espaços ‘secundários’ da arquitetura em lâminas funcionais, geralmente associadas aos elementos estruturais, cria ambientes completamente fluidos e
destaca os espaços de circulação, além de
enaltecer as diversas tecnologias utilizadas. Outra associação importante diz respeito aos níveis inferiores, os quais são regidos primeiramente pela geometria dos percursos externos - democráticos e acessíveis -, que possibilitam explorar de modo inusitado os espaços enterrados, os quais a partir da organização programática e disposição dos espaços livres passam a serem parte de um trajeto não meramente memorial, mas também urbano. Desta maneira, são incluídos em um cenário de múltiplas visões, usos e apropriações pelos usuários, conforme a intensidade e tipologia das manifestações culturais recebidas ou que poderão surgir. Lugares abertos, representativos para a memória, mas também apara a vitalidade do contexto próximo.
[FIG. 172] VISTA EXPLODIDA – SISTEMA CONSTRUTIVO
[FIG. 173] ESTUDO SISTEMA ESTRUTURAL + COMPOSIÇÃO
[FIG. 174] ESQUEMAS – ESTUDO TRELIÇA ESTRUTURAL FACHADA
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – DOCUMENTAÇÃO E ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS Projeto: MUSEU CASA DA MEMÓRIA Arquitetos: Juan David Botero (Planta Baja Arquitectos) Área Construída: 5.300m² - Área de Projeto: 21.000m² Localização: Medellin, Colômbia Realização: Prefeitura de Medellín (2011) Uso: Memorial e museu Tipologia – Conceito Montaner: Evolução da Caixa/ Desmaterialização DESCRIÇÃO DO PROJETO: O equipamento se propõe como lugar de impacto social, urbano e ambiental em um setor que se desvalorizou ao longo dos anos. O intuito é consolidar o espaço como um lugar de memorial para aqueles que foram vitimas de violência. A plasticidade do edifício é uma alegoria ao percurso de escuridão até a luz, tendo como conceito um túnel. Busca-se recuperar o espaço físico e ambiental através do considerável plantio de flora nativa e desenho paisagístico de modo a qualificar essa área como uma zona lúdica e de recreação. Além disso foi incluído um teatro a céu-aberto e um painel de água interativo. O eixo estrutural do projeto é a
qualificação do lugar a partir do desenho dos espaços públicos. O recinto construído dispõe-se a promover e difundir história através de exposições
[FIG. 175] VISTA AÉREA - IMPLANTAÇÃO
que transformem os atos de violência em formas de aprendizagem social, constituindo espaços de esperança para a cidade. O nível intermediário, próximo à cota da rua, recebe os acessos, a bilheteria e salões expositivos. Acima, está o Centro de Documentação e Arquivo e abaixo se concentram as oficinas, galeria infantil, auditório, restaurante e áreas técnicas. A estrutura é mista: pórticos e lajes de concreto enrijecem o
complexo, o qual é envolvido por um esqueleto metálico. A fachada desdobra-se com uma camada negra até a cobertura. A espessura considerável desta envoltória funciona como um câmera de controle térmico e de ventilação natural e controla a iluminação, priorizando a ação indireta da luz. [FIG. 176] VISTA LATERAL DO MUSEU A PARTIR DA RUA VISTA GERAL DA ESPLANADA DE ACESSO E ESPAÇO CONSTRUIDO [91]
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – DOCUMENTAÇÃO E ESPAÇOS MUSEOGRÁFICOS REFERENCIAL: O Museu Casa da Memória se enquadra na categoria de ParqueMuseu. A extensa área de formato irregular recebe um espaço público de múltiplas faces: grandes percursos semipermeáveis – tanto em nível, assim como elevados ou inclinados -, espaços verdes espalhados repletos de massas arbóreas, mobiliário urbano e um grande painel interativo de água. Essas condições artificias buscam conectar os diversos níveis topográficos existentes e criados com o entorno imediato, que afinal se reúnem em um único plano continuo. Constituído como um equipamento de atração coletiva, próximo ao sistema viário
estrutural da cidade, este espaço apresenta-se como um imã catalisador de eventos e individualidades, não à toa já ocorreram manifestações públicas espontâneas neste local devido à sua condição de aproximação e favorecimento ao meio urbano. O museu, por mais significativo que seja, se insere como uma peça auxiliar a estes acontecimentos, como um instrumento articulador. Formalmente, o sistema de pórticos intercalados possibilita a racionalização construtiva, favorecendo a multiplicidade de aberturas laterais propostas e a adoção de claraboias
inclinadas na cobertura permitindo a entrada da luz natural, ressaltando a atmosfera introspectiva. O resultado plástico é um volume monolítico elegante, fluido e unitário, acompanhando o movimento da cidade
[FIG. 177] VISTA CENTRAL DA CASA DA MEMÓRIA
ao redor ao mesmo tempo em que apresenta novas possibilidades de percurso. .
[FIG. 178] VISTA FRONTAL DO MUSEU A PARTIR DA RUA
[FIG. 179] VISTA LATERAL DO MUSEU A PARTIR DA RUA
5. ORIGENS E UTOPIAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS – ALTERNATIVAS
Tipologia – Conceito Montaner: Museu Colagem/ Anti-museu/ Desmaterialização [FIG. 180] ACESSO PRINCIPAL – CONCURSO PARA O GUGGENHEIM HELSINKI – MOREAU ARCH.
[FIG. 182] MEMORIAL SHOA – SET ARCH.
[FIG. 181] VISTA GERAL DO PROJETO – CONCURSO PARA O GUGGENHEIM HELSINKI – MOREAU ARCH.
Tipologia – Conceito Montaner: Voltado para si mesmo/ Minimalista
Tipologia – Conceito Montaner: Voltado para si mesmo/ Museu-museu
[FIG. 183] MEMORIAL BERGEN-BELSEN – KSP ENGEL
[FIG. 184] LUGAR DA MEMÓRIA – BARCLAY E CROUSSE
[93]
5. ORIGENS E UTOPIAS ESTRATÉGIAS CONCEITUAIS (NÃO) IMAGENS-OBJETOS A partir deste estudo referencial algumas das questões que se colocam neste processo são: que imagem se espera deste objeto? Como a arquitetura vai atuar diante do usuário e expectador envolvido? Talvez nenhuma. Talvez constatando a partir dos estudos anteriores que as cidades tradicionais, assim como Florença, têm se reformulado socialmente de maneira brusca, seja importante se pensar numa arquitetura que converse, ou melhor, se apresente de maneira aberta, possibilitando uma interpretação instável ou até mesmo uma não interpretação diante de um cenário de complexidade, como o atual. Neste sentido é importante a reflexão do artista plástico James Turrel (2004): Nas pinturas de Monet, por exemplo, se vê em uma série de imagens um monte de palha sujeito a distintas iluminações. Neste caso, a figura perde sua importância, fica apenas o monte de palha e quem o está olhando. [...] Eu gostaria de prescindir da ideia de pintura, ou de sequência, pegar o monte de palha e colocar o espectador diante dele. [...] Essa não é uma obra diante da qual se pensa como o artista a concebeu, não se trata do caderno de imagens do artista, se trata do seu olhar. Sou preciso à respeito: a forma cria a vista (o olhar). Minha arte não tem objetos: isto é, não tem nada nas minhas obras. Nenhuma imagem. [...] Então se não tem objeto, imagem e foco, o que eu posso ver? O que resta? Uma das coisas que pretendo é que o espectador seja envolvido nesse ato reflexivo que é olhar para o seu olhar. (grifado nosso; tradução nossa)
Pode-se dizer que este pensamento vem de encontro ao embate que se deseja no processo de projeto: a busca por uma ‘construção’ objetivamente desvinculada de estereótipos, de imagens cristalizadas do processo migratório na Europa e que possa ser reinterpretada a cada olhar e por cada indivíduo. Uma arquitetura que seja capaz de convocar inúmeras interpretações e em que o indivíduo possa voltar seu olhar, para si mesmo, para a maneira pela qual enxerga as migrações e os fenômenos consequentes.
[FIG. 185] SKYSPACE – JAMES TURRELL
[94]
[FIG. 186] BRIDGET’S BARDO – JAMES TURRELL
5. ORIGENS E UTOPIAS ESTRATÉGIAS CONCEITUAIS ENERGIAS EM TRANSFORMAÇÃO Outra questão importante que surge ao se deparar com o contexto físico-territorial da ‘ex-área Fiat Belfiore’ é a existência de uma complexa rede de condicionantes importantes: a escavação de 15 metros de profundidade, poucos e peculiares acessos a partir da rua, uma vegetação rica e aleatoriamente distribuída, um conjunto de patamares e rampas aparentemente irracionais além de superfícies concretadas e outras permeáveis. Esses fatores diversos induzem a pensar um projeto que possa estruturar-se a partir da sobreposição de lógicas não necessariamente encadeadas entre si, que, no entanto, têm embasamento se analogicamente estiverem associadas a um sistema de fluxos; de energias, que não se anulam mutuamente, mas se adaptam continuamente. Provavelmente a geometria seja de uma importância maior do que normalmente se concede no trabalho arquitetônico, e poderia ser contempladas não apenas como componente de definição da forma, mas como algo mais complexo que encerra dentro de si os processos de adaptação ao meio ao mesmo tempo que podem produzir otimizações de caráter diverso, inclusive energético. Parece claro que partir a priori de uma geometria cartesiana pode não ser uma boa tática em determinados casos, nos levando a realizar esforços mentais e energéticos desnecessários no desenvolvimento do projeto. Poderíamos, portanto, definir ‘o arranjo geométrico’ como a otimização das nossas intenções mediante descobrimentos espaço/temporais fruto da interação com o mundo no qual atuamos. (ARROYO, 2003, grifado nosso; tradução nossa)
Essas intenções têm respaldo na obra do arquiteto húngaro Yona Friedman, cujas premissas estão associadas a conceitos de mobilidade, redes e tecnologias que de algum modo buscam dentro de toda irracionalidade dar espaço a um postulado forte e claro. (HELM, JOANNA) Seu trabalho, baseado na sustentabilidade – em um sentido integral – e na variabilidade demonstra um grande compromisso social, sempre associado à ‘construção’ do espaço como abrigo universal. Uma ideia de espaço irrestrito. [...] nossos projetos acabam comportando-se como sistemas gelatinosos com uma semi-rigidez de implantação que nos permite uma confrontação com a experiência sendo capazes de adaptar-se a essa rede de abstração e realidade que compõe a teia urbana. Quero pensar que são uma espécie de plasma que se excita pontualmente em contato com as propriedades particulares de um determinado contexto dando lugar a formas, usos, materiais ou energias diferentes em cada caso e solos, expressáveis com sua própria linguagem específica. Assumimos a constatação de que algumas de nossas respostas podem parecer nascidas do domínio de outros campos do conhecimento porém tendo a tranquilidade de saber que a pergunta se fez a partir destes territórios aparentemente alheios à arquitetura. (ARROYO, 2003, grifado nosso; tradução nossa)
[FIG. 187] CITE SPATIALE – YONA FRIEDMAN
[FIG. 188] CITE SPATIALE – YONA FRIEDMAN
[FIG. 189] PROPOSTA CENTRO GEORGES POMPIDOU – YONA FRIEDMAN
[95]
5. ORIGENS E UTOPIAS ESTRATÉGIAS CONCEITUAIS CONVERSAÇÃO DE LUGARES – LUGARES DE CONTEXTUALIZÃÇÃO Além das condicionantes locais são essenciais as regionais: a presença do Rio Arno e o conjunto montanhoso florentino no sentido Norte-Sul. A compreensão e interpretação desses elementos dentro do conjunto morfológico urbano instigam uma leitura renovada da paisagem. Quiçá isso indique a ‘reconstrução’ constante da paisagem na contemporaneidade; uma busca por tornar presentes essas situações peculiares ao sítio sem retirar-lhe sua maleabilidade e a possibilidade de reinventá-lo conforme necessário. Um novo contextualismo. Um contextualista não está inserido no meio do contexto, está tangente, toca e se retira; é cético, tem que se afastar porque quer ver globalmente, operar holisticamente, evitar o manuseio. Entra e sai. (ABALOS-HERREROS, 1993, tradução nossa) Ao contrário de uma visão da arquitetura fisicamente contextualista cremos que se deve deixar sentir a continuidade da cidade e seu natureza mediante um sistema diferente ao de tentar refletir as condições de aparência arquitetônica do que já existe. Dessa maneira, nossos sentidos perceberão a gradação entre a montanha e o rio, o entre a cidade e sua nova periferia, de uma maneira suave e progressiva. Essa gradação se realiza através de uma cobertura-praça, e das próprias dobras do edifício, poupando os sucessivos desníveis e tendo a possibilidade de penetrar o edifício sem quase percebê-lo. (ARROYO, 2003, tradução nossa)
Busca-se um conjunto, que, sendo capaz de se inserir nesse embate, possa apoiar-se nas transformações sociais de uma cidade como Florença, nas condicionantes locais e no objeto de estudo – as migrações - de modo a gerar um campo de conversação; essa conversação que faz referência a uma série de lugares de contextualização, de diferenças. Tudo isso não através de simples metáforas formais – assumindo a manipulação da geometria como uma tendência ou uma ferramenta fechada em si mesma - mas sim através da criação um sistema de espaços interconectados, aptos a serem usados de fato e adquirirem sucessivamente novos significados. O que interessa não é tanto o feito de comunicar algo que se impunha , mas que seja capaz de gerar uma conversação. Quando se pretende comunicar, fundamentalmente o que se quer é poder escutar. Nesse sentido o que se quer estabelecer é um marco dentro do qual se possa falar. [...] Em definitivo, se faz algo comunicável para que te falem. As metáforas ou parábolas servem para explicar coisas, para conversar e centrar a discussão, porém não cremos que nos edifícios o conteúdo metafórico seja capaz de gerar a forma em si mesma. Sempre faz falta a redescrição das metáforas anteriores para construir novas palavras. [...] o que interessa é a busca dessas geometrias ocultas da natureza que permitem construir sistemas operativos. Porém, não estão falando de metáforas. (MANSILLA-TUÑON, 2003, tradução nossa)
[FIG. 190] FICTIONS – FILIP DUJARDIN
[96]
[FIG. 191] FICTIONS – FILIP DUJARDIN
[FIG. 192] MEMORIAL DO CAMPO DE RIVESALTES
5. ORIGENS E UTOPIAS ESTRATÉGIAS CONCEITUAIS GEOMETRIA E LEITURA DA NATUREZA
[...] todo lugar tem passado a ser entendido como paisagem, seja natural ou artificial, e este deixou de ser fundo neutro sobre o qual se destacam objetos arquitetônicos mais ou menos de vocação escultórica, para ser objeto de interesse primário, foco da atenção do arquiteto. Assim, modificando o ponto de vista, a paisagem perde sua inércia e passa a ser objeto de transformações possíveis, é a paisagem que pode ser projetada, que se torna artificial. Ao mesmo tempo, a arquitetura inicia processos difusos onde se perde a definição tradicional, nos quais é obvio o interesse crescente de incorporar certa condição naturalista tanto nos aspectos geométricos e compositivos, assim como nos construtivos, a busca de uma sensibilidade do meio-ambiente e de uma complexidade formal que responde com precisão aos novos valores da nossa sociedade. O projeto é valido uma vez que construa uma completa redescrição do lugar, que proponha, antes de mais nada, a invenção de uma topografia. (ARROYO, 2003, grifado nosso; tradução nossa)
Objetivamente pretende-se estimular uma apreensão diferente da paisagem, mas também dos elementos que podemos denominar ‘naturais’: as árvores, a água, a terra, etc.. Especificamente na
área de projeto estes elementos se fazem presentes, ainda que precariamente. Por que não os tornar articuladores do espaço construído? Por que não criar novas inscrições naturais e também novas topografias? Em um território onde não há criação de novas área verdes e espaços públicos, por que não se pensar em novas passagens, novas narrativas abertas, mesmo que artificiais? Visto que se trata neste trabalho de um processo sensível e mutável – as migrações – poderia se incluir esta dimensão naturalista associando os objetos considerados naturais à composição e concepção geométrica do projeto? [...] Quem se trate afinal de aproveitar ao máximo as qualidades da natureza que nos são oferecidas, impactando minimamente sobre ela, daí temos pensado que um bom começo possa ser que o traçado volumétrico do edifício se adapte à vegetação existente, deixando que a mesma plantação arbórea eleja a maneira de ser vivida. [...] Reconhecemos os grupos de árvores que funcionam em conjunto e, o que está fora passamos a chamá-lo de ‘anti-bosque’, ou vazio suscetível de ser construído sem eliminar árvores. [...] A geometria será portanto o elemento de definição e descoberta das maneiras de viver os espaços e sua relação com a paisagem exterior [...] (ARROYO, 2003, grifado nosso; tradução nossa)
[FIG. 193] CASA LEVENE – NO.MAD ARQ.
[FIG. 194] FICTIONS – FILIP DUJARDIN
[FIG. 195] MUSEU DE CANTABRIA – MANSILLA Y TUNÕN
[97]
5. ORIGENS E UTOPIAS ESTRATÉGIAS CONCEITUAIS DES-CONTINUIDADE URBANA E IDENTIDADE
Estas considerações não têm necessariamente alguma relação com uma arquitetura escultórica ou carente de motivações intrínsecas ao seu campo, todavia com o anseio de alcançar uma condição de pertencimento ao lugar e de identidade. Essa identidade não restrita a uma conjunção de fatores internos, mas aberta a uma composição inclusiva através da qual se possa enxergar, observar – além dos fenômenos da paisagem – os elementos temáticos individualmente, como signos individuais. [...] O ideal seria que os edifícios não fossem vistos. Que alguém dirigisse o olhar para o que está ao redor, como se estes fossem os marcos para o olhar. Que não se olhasse para o edifício, mas através dele. Não construir no meio da vista, mas sim ao redor. Se se pudesse fazer uma arquitetura na qual o que se percebe é o espaço que o edifício deixa por fora e o espaço interior se dirigisse para outros sítios, [...] seria uma situação fantástica. Poderíamos ampliar esta ideia à construção não apenas dos marcos de visa, mas também do conhecimento. A arquitetura que nos interessaria seria aquela que constrói os marcos para conhecer através dela, não apenas para perceber desde o aspecto fenomenológico ou espacial a paisagem ou a cidade, mas inclusive para ver a vida. (TUÑON, 1999, grifado nosso; tradução nossa)
Pretende-se concretizar esse conceito espacial mediante o uso do espaço público, não necessariamente aberto, mas que através de seus ‘lugares’ possibilite o reconhecimento do ‘outro’ condicionando amplos percursos públicos a parir da rua, o redescobrimento dos diversos níveis da cidade – desde os subsolos aos mirantes -, a sobreposição de situações espaciais variadas – em altura, em luz, em abertura, em conteúdo, etc..- e a livre convergência do público pelo conjunto. Um lugar heterogêneo, que concomitantemente convida à integração. Todavia hoje o espaço público é em geral algo delimitado pelos planos urbanísticos e que posteriormente se desenha com um critério fundamental, uma herança histórica, que é criar lugares para a coincidência (confluência), para a verificação das igualdades e não para o descobrimento das diferenças do outro. Essa concepção do espaço público pressupõe a existência de uma comunidade homogênea. Assim, o passeio pela praça e a praça em si permanecem como modelo de mecanismo controlador, de homologação social ou de auto exposição. Diante disso, o aspecto contemporâneo que outorgará a um lugar o caráter de espaço público é, sem dúvida, a medida em que o cidadão imerso conscientemente na cultura urbana pode exercer nele uma individualidade ou uma liberdade que tradicionalmente associaríamos ao contexto privado. [...] Portanto, a nova geração de espaços públicos não são as praças, nem sequer as ruas, mas em vez disso outros lugares mais ambíguos que se tornam públicos através dos usos que as pessoas derem a eles. (HERREROS-MUNTADAS, 2004, grifado nosso; tradução nossa)
[FIG. 196] MUSEU NACIONAL DO AFEGANISTÃO – MANSILLA Y TUÑON
[98]
[FIG. 197] TERRITORIOS DA MIGRAÇÃO – MANSILLA Y TUNÕN
[FIG. 198] FICTIONS – FILIP DUJARDIN
6. [IN]CONVERGÊNCIAS
CONVERGÊNCIA: 1 Ato ou efeito de convergir. 2 Estado ou propriedade de convergente. 3 Direção comum para o mesmo ponto. 4 Oftalm Movimento coordenado dos olhos, que faz com que a imagem de um ponto incida em pontos correspondentes das duas retinas. 5 Tendência para um resultado comum. 6Meteor Condição que existe quando a distribuição dos ventos em determinada área é feita de tal maneira que forma um fluxo aéreo puramente horizontal dentro da área. 7 Sociol Desenvolvimento independente de elementos culturais semelhantes em culturas diversas, oriundas de princípios, necessidades ou invenções diferentes (exemplo claro de convergência, nesta acepção sociológica, são as pirâmides do Egito e do México).
[FIG. 199] WASTELAND – ATELIER OLSCHINSKY
6. [IN]CONVERGÊNCIAS CONSIDERAÇÕES INTERMEDIÁRIAS De acordo com os apontamentos recebidos na banca de avaliação intermediária buscou-se reforçar e aprofundar algumas questões essenciais para o desenvolvimento pleno do projeto: a investigação quanto ao uso e aproveitamento da água no complexo, a pertinência do memorial – a partir da consideração de que este termo é adotado em geral para eventos consumados -, a especificidade da arquitetura – linguagem e espacialidade - ao local de implantação e a justificativa do objeto proposto na cidade de Florença , especificamente.
[1]
Quanto à utilização da água no projeto buscou-se envolver este elemento no projeto de diversos modos e condições, de maneira a tornar a presença da água um evento
protagonista na proposta em todos os períodos do ano. Arquitetonicamente, conceberam-se calhas aparentes que conduzem sucessivamente – da cobertura mais elevada até a mais baixa - as aguas pluviais até jardins alagáveis – reaproveitando os patamares incompletos existentes – ou ‘lagos’ artificiais – a partir da criação de fossos lineares na cota inferior do terreno ao retirar
parte das fundações abandonadas -. Graças a esse sistema criou-se um percurso de áreas livres, que, associadas, unificam e qualificam os espaços construídos mantendo os pontos de alagamento detectados atualmente. Além disso, foram pensados canteiros alagáveis que progressivamente escoam as águas a partir do nível da rua, atuando como piscinas de retardamento temporário: a escadaria da Rua Benedetto Marcello e a rampa pré-existente na Av. Belfiore.
[2]
No que tange o tema do Memorial, resgatando o conceito de Benedetto Croce acerca da ‘Memória Viva’, considerou-se pertinente manter e ampliar a presença do programa
memorial no complexo, especialmente envolvendo as áreas semi-permeáveis, ao ponderar que um processo tão complexo quanto às migrações necessita de um marco arquitetônico não apenas que tenha o intuito de recordar ou fazer presente uma história, mas sim orientar e favorecer um olhar múltiplo para os próximos acontecimentos quanto aos deslocamentos populacionais
internacionais. Uma proposta que pudesse despertar um olhar atento para questões que não necessariamente já estão concretizadas no tempo.
[3]
Em relação à justificativa da cidade de Florença como lugar de implantação, além dos aspectos já mencionados, considerou-se que a condição mais relevante para definição
da implantação do Museu não era quanto à proximidade do projeto aos focos de chegada ou deslocamento dos imigrantes ao continente europeu, mas que fosse um contexto tradicional consolidado de maneira a ser um elemento de reflexão e identificação não apenas dos imigrantes, mas também da população de modo geral, que, por sua vez, influencia na participação dessas pessoas na sociedade. Além disso, outro fator importante era o entendimento do objeto proposto como um objeto de transformação local, de inserção de novas dinâmicas a um tecido urbano historicamente consolidado; aspecto que vem de encontro também à situação dos imigrantes na Europa, ao redefinirem a situação do velho continente.
[4]
Por fim, com o intuito de aprofundar a especificidade da arquitetura proposta foi estudado um padrão de fechamentos associado às aberturas idealizadas que
proporcionasse unidade ao objeto arquitetônico e estivesse vinculado aos elementos construtivos locais. Portanto, foram adotadas venezianas e painéis de madeira pivotantes – elementos típicos da arquitetura italiana – atendendo às medidas de mercado: 0,60m x 0,60m / 0,60m x 1,20m/ 1,20m x 1,80m / 1,60m x 2,40m. Esse mesmo padrão resultou na modulação dos revestimentos, adotando materiais locais, assim como: a pietra serena, a pietra forte, o mármore de carrara e os intertravados.
6. [IN]CONVERGÊNCIAS
10M
AV. BELFIORE
[FIG. 202] ÁREAS SEMI-CONCRETADAS - TERRA
10M
20M
AV. BELFIORE
[FIG. 201] ÁREAS CONCRETADAS - RUINAS
20M
RUA FRANCESCO REDI
[FIG. 200] ÁREA ÚTIL DE PROJETO
RUA FRANCESCO REDI
AV. BELFIORE
10M
20M
10M
20M
RUA FRANCESCO REDI
RUA FRANCESCO REDI
DIAGRAMAS - CONDICIONANTES
AV. BELFIORE
[FIG. 203] ÁREAS NÃO CONSTRUIDAS - BOSQUE
[101]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS
10M
AV. BELFIORE
[FIG. 206] ÂNCORAS PROGRAMÁTICAS – COTAS INFERIORES
[102]
10M
20M
AV. BELFIORE
[FIG. 205] ÁREAS DE ALAGAMENTO EXISTENTES
20M
RUA FRANCESCO REDI
[FIG. 204] EIXOS DE ORGANIZAÇÃO
RUA FRANCESCO REDI
AV. BELFIORE
10M
20M
10M
20M
RUA FRANCESCO REDI
RUA FRANCESCO REDI
DIAGRAMAS - CONDICIONANTES
AV. BELFIORE
[FIG. 207] ÁREAS VERDES EXISTENTES
6. [IN]CONVERGÊNCIAS DIAGRAMAS - CONDICIONANTES
. 0,00 . -0.20 . -1.50
10M
AV. BELFIORE
[FIG. 210] FLUXOS DE VEÍCULOS
10M
20M
. -15.50
. -13.50 . 0,00
. 0,00
AV. BELFIORE
[FIG. 209] NÍVEIS PRÉ-EXISTENTES
20M
RUA FRANCESCO REDI
[FIG. 208] ACESSOS EXIXSTENTESNA COTA DA RUA
. -14.00
10M
20M
10M
20M
AV. BELFIORE
[FIG. 211] FLUXOS DE PEDESTRES
RUA FRANCESCO REDI
AV. BELFIORE
. -14.50 . -15.00 . -13.50 . -13.00
RUA FRANCESCO REDI
RUA FRANCESCO REDI
. -15.50
[103]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS
AV. BELFIORE 10M
20M
10M
20M
AV. BELFIORE
[FIG. 214] VISTA INTERIORES
[104]
AV. BELFIORE
[FIG. 213] ÁRVORES EXISTENTES
RUA FRANCESCO REDI
[FIG. 212] VISTAS EXTERIORES
RUA FRANCESCO REDI
RUA FRANCESCO REDI
DIAGRAMAS - CONDICIONANTES
10M
20M
6. [IN]CONVERGÊNCIAS INDAGAÇÕES PROBLEMAS
POTENCIALIDADES O BURACO AS RELAÇÕES VISUAIS A COTA PÚBLICA A ÁGUA AS SUPERFÍCIES CONSTRUIDAS
PROJETOS ANTERIORES
PROPOSTA
ENORME ÁREA CONSTRUIDA ALTA TAXA DE IMPERMEABILIZAÇÃO RELAÇÃO COM A RUA RESTRITIVA OBRAS DE GRANDE PORTE E INCOMODIDADE CORPOS EDIFICADOS VOLTADOS PARA SI
INTENÇÕES - MANUTENÇÃO DA VEGETAÇÃO ESPONTÂNEA - CONSTRUÇÃO LEVE E RACIONAL – EXPLORANDO AS CONDIÇÕES EXISTENTES - LAJES EM ‘ÁRVORE’ - PLANOS ALTERNADOS MULTIPLICAÇÃO DAS COTAS PÚBLICAS
[FIG. 215-218 ]
[105]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS MAQUETE DE ESTUDO
ESTACIONAMENTOS - SUPERIOR ENSINO – PARTE INFERIOR NÍVEL MAIS BAIXO- RESTAURANTE
AUDITÓRIO
ARMAZENAMENTO MEMORIAL CONVVÊNCIA + MEMORIAL
CONVIVÊNCIA BIBLIOTECA
ARQUIVO
CENTRO DE DOC.
MUSEU 6.5M
13M
[FIG. 219] IMPLANTAÇÃO – CORPO EDIFICADO FRAGMENTADO ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA ORIGINAM O PERCURSO INTERNO - CIRCUITO CIRCULAÇÃO CONTINUA EM NÍVEIS DIFERENTES PÁTIOS E ESCALONAMENTOS INTERLIGAM VISUALMENTE O CONJUNTO
[106]
6.5M
13M
[FIG. 220] CHEIOS E VAZIOS – MENOR IMPACTO POSSÍVEL NA VEGETAÇÃO EXISTENTE VÁZIOS – PERCEPÇÃO DOS ESPAÇOS ESPAÇOS – PERCEPÇÃO DOS VAZIOS PÁTIOS E PERCURSOS EVOCAM A ORGANIZAÇÃO DE RUAS E EDIFICAÇÕES DA CIDADE
6. [IN]CONVERGÊNCIAS MAQUETE DE ESTUDO AUDITÓRIO – TELA DA CIDADE
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO – PONTE URBANA E DO CONHECIMENTO
PERCEPÇÃO DO ‘BURACO’ E DAS RUINAS REDEFINIÇÃO DAS COTAS DA CIDADE E DO ESPAÇO PÚBLICO ESPAÇOS ABERTOS VOLTADOS À PERCEPÇÃO – VARIAÇÃO DE LOCAIS DE PENUMBRA, QUASE INVISIVEIS PARA PONTOS DE LUZ
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO MUSEU – ESPAÇO MÚLTIPLO
BIBLIOTECA ESPAÇO INSERIDO NO ‘BOSQUE’ - ‘RAMIFICAÇÃO DA CULTURA’ RAMPA COMO LUGAR DE PERMANÊNCIA E ACESSO AO ‘LAGO’ INFERIOR
ESPAÇO DE FRUIÇÃO ARMAZENAMENTO MENOR IMPACTO POSSÍVEL
MEMORIAL CONEXÃO COM OS ESPAÇOS LIVRES
[FIG. 221-224 ] [107]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS INDAGAÇÕES - CONCEPÇÃO RELEITURA DA MORFOLOGIA URBANA –
[FIG. 225 ]
[3]
[1] - TERRAÇOS E PÁTIOS COMO ELEMENTOS ARTICULADORES E NÃO RESULTADO DE
[2]
ADIÇÃO PROGRESSIVA OU MERAMENTE FUNCIONAL; [2] - FRAGMENTAÇÃO VOLUMÉTRICA = POSSIBILIDADE DE MELHORES CONDIÇÕES DE
VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO + VARIAÇÃO VISUAL E DE PERCURSOS; [3] – GABARITO ACOMPANHA OS LIMITES DO BAIRRO VARIANDO ENTRE 5-6 PAVIMENTOS, NO ENTANTO PROPONDO RUPTURAS (RECUOS) E ‘RESPIROS URBANOS’;
[1]
[C]
[D]
[A]
[B] APROVEITAMENTO DAS CONDIÇÕES PRÉ-EXISTENTES:
[FIG. 226] [CORTE 01]
[A] A RAMPA COMO PASSAGEM PÚBLICA DE PEDESTRES; [B] A ROTATÓRIA DOS
COM OS LOTES LIMITROFES.
9M
[G]
[F]
CARROS COMO UM LAGO TEMPORÁRIO; [C] PLANOS HORIZONTAIS SOLTOS E NÃO REPETITIVOS: IMERSÃO NAS ÁRVORES LOCAIS; [D] CONTATO AMENO E INCLUSIVO
4.5M
[E]
[E] RUA DE PEDESTRES PÚBLICA INTERNA ATRAVESSANDO O LOTE E RECUPERANDO O ANTIGO TRAÇADO VIÁRIO; [F] ELEVAÇÃO DO ESTACIONAMENTO LIBERANDO AS
COTAS INFERIORES, JARDINS SUSPENSOS; [G] ‘TORRE URBANA ‘
[FIG. 227] [CORTE 02]
4.5M
9M
[FIG. 225-229 ]
[CONCEITO]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS INDAGAÇÕES - CONCEPÇÃO
[FIG. 230]
O LADO MAJORITARIAMENTE CONSTRUIDO RECEBE ATIVIDADES ABAIXO DO NÍVEL DA RUA, CUJAS COBERTURAS FORMAM PASSEIOS E JARDINS QUE UNIFICAM AS FUNÇÕES EDUCATIVAS, MEMORIAIS E TÉCNICAS. MEIOS NIVEIS E A VARIAÇÃO DE ALTURAS ARTICULAM OS BLOCOS. 5M
10M
[FIG. 231] [CORTE 03]
JARDINS ALAGÁVEIS; AS RELAÇÕES HORIZONTAIS DO ‘FOSSO’ SÃO VOLTADAS A ATIVIDADES PÚBLICAS;. RELEITURA DO NÍVEL DA RUA - PRESENÇA E PERCEPÇÃO DO BURACO COMO ELEMENTO DE APROXIMAÇÃO URBANA 5M
10M
[FIG. 232] [CORTE 04]
ESPAÇOS ENCRUSTADOS NO SOLO, EM CONTRAPOSIÇÃO A PLANOS INTER-CONECTADOS DE MÚLTIPLOS USOS E VISUAIS.; BLOCOS TIPOLOGICAMENTE DISTINTOS, MAS ARTIULADOS UNITARIAMENTE.
5M
10M
[FIG. 233] [CORTE 05]
[109]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS
ESPAÇO MUSEOGRÁFICO SE DESDOBRA ASSOCIADO AO MEMORIAL: CRIA-SE UM CIRCUITO ÚNICO E SEM INTERRUPÇÕES, ACOPLADO À SALAS EXPOSITIVAS QUE PODEM FUNCIONAR INDEPENDENTEMENTE.
IMPLANTAÇÃO - PROCESSO
O ACESSO PELA PONTA DO TERRENO OCORRE A PARTIR DE UM PLANO INCLINADO VEGETADO, QUE FORMA UM PEQUENO PARQUE, ABERTO AO BAIRRO
ARMAZENAMENTO/TÉCNICO ENSINO LEITURA DOCUMENTAÇÃO MEMORIAL MUSEU
[FIG. 234] ENSAIO DO ARRANJO PROGRAMATICO ALARGAMENTO DA RAMPA E AMPLIAÇÃO DA PASSEIO; CRIAÇÃO DE ARQUIBANCADAS E CANTEIROS
[110]
CRIAÇÃO DE UMA NOVA TOPOGRAFIA PARA A RUA BENEDETTO MARCELLO: ENFASE NO CARÁTER COLETIVO DA COTA MAIS BAIXA, ALÉM DA CRIAÇÃO DE OUTROS ACESSOS INDEPENDENTES.
[FIG. 235]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS
[1] – BLOCO DE PEDRA
SISTEMA ESTRUTURAL
[ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO AUTO-PORTANTE] - Aproveitamento das fundações existentes no terreno de modo a suportar programas cuja carga por m² em relação ao restante do complexo é maior. (ex: auditório e exibições permanentes.) - Sistema composto por pórticos periféricos aos volumes principais, alcançando vãos de 28m, sendo as lajes grelhas ou compostas por painéis de concreto alveolar; - Possibilidade de vazios e Iluminação zenital abundante.
.[2] – TORRE METÁLICA [ESTRUTURA DE AÇO] - Sistema adaptável e racional – Ideal para usos flexíveis, sendo os esforços estruturais e o dimensionamento das peças variável; Vãos entre 7 e 14m - Tecnologia precisa e rápida e não exige escoramentos – Laje Steel Deck; - Caixas de circulação em concreto armado, estrategicamente, permitem maior esbeltez ao conjunto, possibilitando também a criação de balanços; - Fácil instalação de fechamentos e variabilidade de sistemas; - Vigas em ‘I’ – 20 a 40cm; - Pilares retangulares – 20/40/60cm de largura; [3] – PONTE [TRELIÇAS MACIÇAS] - Montagem independente; - Áreas de transição e circulação; - Grandes vãos, evitando o contato com o solo; - Proporciona leveza aos volumes graças às diagonais em aço; - Lajes de Concreto Protendido;
[4] – CAIXA LIVRE [1] – BLOCO DE PEDRA [2] – TORRE METÁLICA [3] – PONTE [4] - CAIXA LIVRE
[ESTRUTURA INDEPENDENTE]
[FIG. 236-237] SISTEMA ESTRUTURAL
- Volumes com programas específicos ou em situações de implantação singulares que exigem a utilização de tecnologias diferenciadas; - Estruturas compostas por pórticos metálicos e pilares treliçados – Mais leveza e transparência; - Possível utilização de Sheeds;
6. [IN]CONVERGÊNCIAS SISTEMA ESTRUTURAL [1] BLOCO DE PEDRA
[2] TORRE METÁLICA
[FIG. 238-241]
[112]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS SISTEMA ESTRUTURAL [3] CAIXA LIVRE
[4] PONTE
[FIG. 242-245]
[113]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS DIAGRAMAS - CIRCULAÇÃO
[FIG. 246] CIRCULAÇÃO HORIZONTAL - ACESSOS
[114]
[FIG. 247] CIRCULAÇÃO VERTICAL
6. [IN]CONVERGÊNCIAS DIAGRAMAS – ORGANIZAÇÃO ESPACIAL [FIG. 248] ÁREAS LIVRES – ESPAÇOS PÚBLICOS – SEMI-PÚBLICOS
[FIG. 249] PLANOS INCLINADOS + PASSARELAS
[FIG. 250] CIRCULAÇÃO LIVRE
[FIG. 251] LAJES
[115]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS DIAGRAMAS - USO
MUSEU + MEMORIAL
LEITURA
DOCUMENTAÇÃO
VIVÊNCIA
ENSINO + AUDITÓRIO
ARMAZENAMENTO + TECNICO
[FIG. 252 -257]
[116]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS IMPLANTAÇÃO
AVENIDA BELFIORE 6M
8,2M
[FIG. 258] IMPLANTAÇÃO
[117]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS VISTA GERAL
6M
[118]
8,2M
[FIG. 259] VISTA GERAL
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES – INVESTIGAÇÕES INICIAIS
[FIG. 260] VISTA DA ESQUINA ENTRE A RUA BENEDETTO MARCELLO E A AV. BELFIORE [EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS + AUDITÓRIO AO FUNDO]
[FIG. 261] VISTA DO CONJUNTO A PARTIR DA LAJE DO JARDIM DO MEMORIAL [ESTACIONAMENTO ELEVADO + CENTRO DE DOC. + MUSEU AO FUNDO]
[FIG. 262] VISTA A PARTIR DA COTA MAIS BAIXA -15.00M EM RELAÇÃO Á RUA [ESPAÇO LIVRE + MEMORIAL + BIBLIOTECA]
[FIG. 263] VISTA A PARTIR DA AV. BELFIORE – ACESSO PELA RAPA AOS NÍVEIS INFERIORES [BIBLIOTECA + CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO] [119]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES – INVESTIGAÇÕES INICIAIS
[FIG. 264] VISTA A PARTIR DA COTA -13.00 [BIBLIOTECA + MEMORIAL]
[FIG. 265] ACESSO PELA PRAÇA INCLINADA – RUA BENEDETTO MARCELLO [PRAÇA + FOYER + RUA INTERNA]
[FIG. 266] VISTA A PARTIR DA COTA MAIS BAIXA -15.00M EM RELAÇÃO Á RUA [AUDITÓRIO + ESPAÇO ECUMÊNICO + LAZER] [120]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 267] VISTA SOBRE A COBERTURA DO MEMORIAL [ESTACIONAMENTO + CDOC AO FUNDO]
[121]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 268] VISTA A PARTIR DA AV. BELFIORE – RAMPA DE ACESSO [BIBLIOTECA + CDOC E MUSEU AO FUNDO]
[122]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 269] VISTA A PARTIR DA R. BENEDETTO MARCELLO – ESCADARIA PÚBLICA [EXPOSIÇÕES + AUDITÓRIO]
[123]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 270 VISTA ÁREAS LIVRES INFERIORES + PASSARELAS [MEMORIAL]
[124]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 271] VISTA A PARTIR DA AV. BELFIORE – ACESSO MUSEU E CDOC
[125]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 272] VISTA A PARTIR DA R. BENEDETTO MARCELLO – ACESSO ESTACIONAMENTO E PRAÇA PÚBLICA
[126]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 273] VISTA A PARTIR DA ESCADARIA – PASSARELA E ESPAÇOS EDUCATIVOS
[127]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 274] VISTA A PARTIR DA RUA INTERNA – ACESSO CODC
[128]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 275] VISTA A PARTIR DA PASSARELA DA BIBLIOTECA [ARMAZENAMENTO + ESTACIONAMENTO + MEMORIAL AO FUNDO]
[129]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 276] VISTA INTERNA – SALA DE EXPOSIÇÕES PERMANENTES
[130]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 277] VISTA INTERNA – HALL DE ACESSO EXPOSIÇÕES I BAR
[131]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 278] VISTA A PARTIR DO TERRAÇO DA BIBLIOTECA [BIBLIOTECA + CDOC AO FUNDO]
[132]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 279] VISTA A PARTIR DA AV. BELFIORE [MUSEU + ESPAÇO LIVRES AO FUNDO]
[133]
6. [IN]CONVERGÊNCIAS ILUSTRAÇÕES
[FIG. 280] VISTA A PARTIR DA COTA INFERIOR [LAZER + MUSEU AO FUNDO]
[134]
7. REFLEXÕES
REFLEXÃO: (cs) sf (lat reflexione) 1 Ato ou efeito de refletir. 2 Prudência, juízo, tino, pensamento sério. 3 Meditação. 4 Volta ou retrocesso que faz o corpo elástico, saltando do corpo a que foi bater. 6 Retorno da luz ou do som. 8 Psicol Ato em virtude do qual o pensamento se volta sobre si mesmo para examinar seus elementos e combinações. 9 Filos Atenção aplicada às operações do entendimento, aos fenômenos da consciência e às próprias ideias. 10 Consideração atenta de algum assunto; cálculo, raciocínio; aplicação do entendimento, da razão. 12 Argumento contrário, objeção, réplica.
[FIG. 281] IMIGRANTES EM VOLTA DE FOGUEIRA ENTRE A GRÉCIA E A MACADÔNIA
7. REFLEXÕES CONSIDERAÇÕES Ao longo deste processo de projeto foi possível, através da investigação
- Em que condições a paisagem pode ser apreendida e reinterpretada dentro
do projetual, fazer ressoar alguns questionamentos apontados especificamente nos capítulos
de uma malha saturada de relações, construções e informações das
INQUIETAÇÕES e MOVIMENTOS/EXPECTATIVAS, que sustentam e orientam o desenvolvimento da
metrópoles?
proposta, de modo geral. Entre esses aspectos vale ressaltar alguns questionamentos que foram constantes no desenvolvimento do projeto:
Este trabalho, finalmente, não procura gerar uma resposta a esses questionamentos, mas pensar (mental e graficamente) uma base objetiva – [IN]CONVERGÊNCIAS – na qual esses aspectos levantados de modo geral,
- Pensar numa arquitetura que possa se adaptar a uma cidade que, como Florença, está
possam ser enfrentados concisamente e integralmente. Isso atendendo
transformando-se socialmente, mas não morfologicamente.
primeiramente às condicionantes locais – o LUGAR -, e sucessivamente tecendo
- Em um campo de forças – econômicas e sociais - e fluxos, onde a geração de infraestrutura
possibilidades de atuação no território – ESTRATÉGIAS – para seguir inserindo
e de meios de reprodução da economia (serviços, comércios e habitações) são considerados
novos discursos/ensaios apoiados nas referências e debates contemporâneos
essenciais, quais são as frestas onde a cultura e o conhecimento coletivo podem instalar-se
– ORIGENS E UTOPIAS – buscando alcançar no final, após defrontar-se com o
beneficamente?
objeto de estudo, um olhar novo e estruturado sobre os questionamentos;
- Como a arquitetura pode responder a fenômenos complexos e mutáveis ao longo da história,
esses questionamentos que preocupam o meio arquitetônico.
como poderia ser o caso das imigrações? Como pode responder a acontecimentos que representam uma realidade individual acusada pelas circunstâncias, ‘indizível’ e inalienável, especialmente quando se trata de fatos que envolvem populações diversamente inseridas na sociedade civil? - Qual espaço pode ser palco do debate, da tolerância, da diversidade e do desencontro na contemporaneidade? - Como o espaço público e a ‘natureza’ podem fazer parte deste cenário múltiplo e efêmero? [136]
7. REFLEXÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[LIVROS - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA] DEGLI ANTONI, Paolo. Cambiamenti nel paesaggio rurale toscano dal 1954-2014. Florença. Paglini, 2014 GUNTER, Axt. A função social de um memorial: a experiência com memória e história no Ministério Público. Revista Eletrônica Métis. História e Cultura.UCS, 2013. MONTANER, M. Joseph. Museus para o século XXI. São Paulo: GG Brasil, 2003. MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 3. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007. NESBITT, Kate (org.). Uma Nova Agenda para a Arquitetura. Antologia Teórica 1965-1995. São Paulo: Cosac Naify, 2006. NORA, Pierre. Entre história e memória: a problemática dos lugares. São Paulo: Revista Projeto História, v. 10, 1993. NORBERG-SHULZ, Cristian. Genius Loci, Towards a Phenomenology of Architecture. Nova Iorque: Rizzoli, 1980. SANTAYANA, George. The Life of Reason. Data do livro: 1905. e-book (http:www.gutenberg.org/etext/15000). Acesso em mar.2016 ZUMTHOR, Peter. Atmosferas. São Paulo: GG Brasil, 2009. [TESE - ELETRÔNICO] BETTIN, Giulia; CELA, Eralba. L’ Evoluzione storica dei flussi migratori in Europa e in Italia. Em: Projeto PRIN – PICCOLI COMUNI E COESIONE SOCIALE: POLITICHE E PRATICHE URBANE PER L’INCLUSIONE SOCIALE E SPAZIALE DEGLI IMMIGRATI, 2011. Disponível em: <http://dgi.unifesp.br/sites/comunicacao/pdf/entreteses/guia_biblio.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2016. [ARTIGOS] ABALOS, Iñaki. La belleza en el siglo XXI. 2005. Disponível em: http://www.mansilla-tunon.com/circo/epoca6/pdf/2005_128.pdf. Acesso em: mar.2016 CONTERAS, F. Javier. El organicismo expandido. 2009, Disponível em: http://www.mansilla-tunon.com/circo/epoca7/pdf/2009_153.pdf. Acesso em: abr.2016 HERREROS, Juan; ABALOS, Iñaki. Una Conversación. 1993. Disponível em: http://www.mansilla-tunon.com/circo/epoca1/pdf/1993_009.pdf. Acesso em: fev.2016 LEO, Jana. El monumento como paradoja. 2005. Disponível em: http://www.mansilla-tunon.com/circo/epoca6/pdf/2005_134.pdf. Acesso em: mar.2016 MANSILLA, M. Luis. Sobre la confianza em la matéria. 1998. Disponível em: http://www.mansilla-tunon.com/circo/epoca3/pdf/1998_052.pdf. Acesso em: fev.2016 ________; TUÑON, Emilio. La sorprendente presencia de lo posible. 2005. Disponível em: http://www.mansilla-tunon.com/circo/epoca6/pdf/2005_127.pdf. Acesso em: mar.2016
7. REFLEXÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1. [CAPA] 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16-19. 20-21. 22-25. 26. 27. 28. 29. 30. 31-32. 33. 34-37. 38-39. 40. 41. 42-43. 44. 45. 46. 47.
[
[L I S T A D E I M A G E N S
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[
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[A N E X O S
1. PLANTAS
1.1 - PAVIMENTO -4 1.2 - PAVIMENTO -3 1.3 - PAVIMENTO -2 1.4 - PAVIMENTO -1 1.5 - PAVIMENTO TÉRREO - IMPLANTAÇÃO 1.6 - PAVIMENTO 1 1.7 - PAVIMENTO 2 1.8 - PAVIMENTO 3 1.9 - PAVIMENTO 4 + COBERTURA
2. CORTES 2.1 - CORTE AA + BB 2.2 - CORTE CC + DD 2,3 - CORTE EE + FF + GG 3. ELEVAÇÕES 3.1 - ELEVAÇÃO 1 + 2 +3
4. DETALHAMENTO 4.1 - MATERIALIDADE