Caderno Mercado e Empreendedorismo Jornal Noroeste

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SEXTA-FEIRA 15 DE JULHO DE 2016

Solidão e medo do fracasso batem à porta do

empreendedorismo

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ada vez mais, e por inúmeros motivos, jovens estão empreendendo.Eles entendem, segundo especialistas, que é desta forma que eles podem colocar suas competências, vontades e sonhos em prática. Mas a jornada de quem empreende é muito mais cheia de desafios e sentimentos conflitantes do que de sucesso rápido e liberdade para atuar como e quando quiser. Um dos sentimentos que mais atormenta os empreendedores é a solidão. Isso porque nem sempre é possível compartilhar ideias e dúvidas antes de tomar uma decisão, seja porque não é estratégico revelar isso aos funcionários, seja por falta de ter com quem dialogar abertamente. Mesmo empreendedores que contam com sócios relatam sentir-se sozinhos diante de certas situações. E é um custo psicológico e tanto tomar pequenas ou grandes decisões sem contar com opiniões de pessoas que realmente entendam do negócio e possam contribuir com sua visão. Por isso, ter uma boa rede de contatos com outros empreendedores – do mesmo ou de outros setores de atuação -, participar de eventos do segmento, fazer cursos e ter mentores (algo ainda tímido no Brasil) podem ser formas de minimizar a solidão que acompanha grande parte dos empreendedores. Há ainda um agravante: a gama de possibilidades e de escolhas é cada vez maior. Que estratégias usar para inovar? Qual a melhor forma de prospectar clientes? Que redes sociais usar para aumentar a visibilidade da empresa? O excesso de alternativas pode deixar o empreendedor paralisado, sem conseguir identificar a melhor delas, ou deixá-lo desconfiado da escolha que fez.

Essas incertezas, aliadas à solidão, podem ser altamente prejudiciais para o empreendedor e para o negócio em si. Segundo Vivian Rio Stella, consultora e diretora da empresa de treinamento executivo VRS Cursos, uma forma de lidar com essa realidade é desenvolver a competência de arriscar e de voltar atrás, caso a tentativa não surta o efeito esperado. Claro que não é tarefa fácil, mas estar sujeito a errar e desfazer o que foi feito é parte do ser empreendedor. Ela destaca que o receio de arriscar e errar está muito ligado à responsabilidade do empreendedor em relação a seus funcionários. Quer dizer: as ações do dono do negócio não surtem efeito apenas em sua própria vida ou no negócio, mas na vida de cada pessoa que faz parte da empresa. Investir em um novo banco de dados pode significar, por exemplo, não dar aumento de salário aos funcionários; demitir para reduzir custos pode prejudicar a capacidade produtiva quando as vendas voltarem a crescer e pode impactar negativamente o clima na equipe. Por isso, é ainda mais crucial planejar e analisar estrategicamente as inúmeras possibilidades para decidir pela mais apropriada para a empresa em cada cenário específico. No ambiente do empreendedorismo ainda há muita cobrança por sucesso rápido. É comum ver, em revistas

e programas, exemplos de jovens que, com menos de 25-30 anos ou em pouco tempo empreendendo, já têm um negócio que fatura milhões. Mas é importante refletir: qual o investimento inicial que esse empreendedor teve para chegar a esse resultado? Com que rede de contatos e de investidores ele contou? Quanto tempo ele levou para idealizar, planejar e executar seu negócio? Além disso, o sucesso não pode ser medido apenas pelo tempo para dar resultados expressivos, dignos de destaque na imprensa. Por isso, o empreendedor, antes de abrir um negócio, deve se perguntar: o que é sucesso para mim? É esse conceito que deve nortear as ações, os anseios e as avaliações do empreendedor sobre como está o desempenho do negócio. Empreender, portanto, não é seguir um belo caminho com eventuais obstáculos. É equilibrar-se na corda bamba todos os dias e lidar com inúmeras intercorrências no percurso.


NETWORKING

GERAL Cultivar rede de contatos para se recolocar ou

prosperar nos negócios

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ala-se o tempo todo nos dias atuais na importância do networking. Como é importante ter contatos especialmente nessa hora de crise, quando é essencial ter uma rede que ajude na busca por uma recolocação de trabalho ou de informações relevantes de um curso novo, uma palestra motivacional, alguma informação de mercado que auxilie a entender quais áreas de mercado vão crescer nos próximos anos. Cada um faz sua própria rede. Não dá para dizer, hoje em dia, que existe uma única forma de ter uma rede. Com tantas páginas de relacionamento, o bacana é que há inúmeras formas de se criar canais de identificação com amigos (e novos amigos) seja pelo Instagram, Twitter, Linked In, Tumblr ou o Facebook. No entanto, é possível seguir algumas dicas para começar a dar os primeiros passos para a criação, manutenção e desenvolvimento da sua rede de contatos. 1. Na medida em que você encontrar pontos de identificação com uma determinada pessoa, será mais fácil estabelecer parcerias com ela. Já estudaram na mesma escola e gostaram? Gostam de cachorros? Gostam de fotografias? Curtem caminhadas longas? São do mesmo signo? Isto aproxima as pessoas. Aproveite as semelhanças e estabeleça um clima de sintonia, de amizade, de identidade. 2. Mostre alegria, bom humor. Ninguém quer estar perto de gente deprimida ou pessimista. 3. Espalhe conteúdo relevante. Sempre que você encontrar alguma coisa relevante, repasse aos amigos. As pessoas se lembrarão de você e pensarão: este cara é inteligente, profundo e sabe dividir! Não guarda as coisas só para si próprio.

4. Escute as pessoas. Na maioria das vezes, as pessoas estão carentes e não tem com quem conversar. Estão solitárias e são apenas um número na multidão. Mesmo que você não possa ajudalas, mesmo que você não entenda completamente o que elas possam estar dizendo, o simples fato de você estar presente quando elas precisam faz com que você seja uma pessoa extremamente relevante para elas. Esteja presente. Nem que seja somente para ser um ouvido amigo. 5. Apresente amigos. Você provavelmente tem amigos que acredita que poderiam se dar muito bem. Porque pensam de maneira parecida, porque gostam das mesmas coisas, porque trabalham na mesma área. Faça este trabalho, sempre que achar que isto vale a pena. Sem forçar a barra. Isto os fará lembrar de você, sempre que a situação for inversa. Assim, ampliando a rede de contato deles, você estará convidando-os a ampliar o seu network. Enfim, há várias maneiras de ampliar sua rede de contatos. Na mesa do bar, na roda de amigos, no passeio com seu cachorro, no supermercado, na manicure, no prédio, no clube ou na praia. Toda oportunidade vale a pena. Não só para uma possível oportunidade de emprego. Mas porque a vida é feita de oportunidades que a gente descobre e abraça. Na relação com pessoas, nas experiências vividas, nas oportunidades que surgem. Então, carpe diem – tratem de curtir bem cada dia que surge.

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Saber enfrentar a

“tempestade perfeita”

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ltimamente as pessoas têm se questionado sobre como sobreviver às crises econômicas pelas quais o País enfrenta. Em seu livro “O Filho da Crise”, Marco Stefanini narra sua história de empreendedorismo e lista alguns pontos que considera importantes a serem considerados por quem está começando um negócio, especialmente em períodos que ele gosta de chamar de “a tempestade perfeita”. Marco é fundador da IT Stefanini, multinacional brasileira, focada na área de tecnologia. Confira algumas dicas:

1) Aprenda a gostar do que faz - Muitas mães pedem aos filhos que escolham profissões que realmente gostem. No meu caso, sou formado em Geologia, mas fui trabalhar com tecnologia, após ser contratado pelo Bradesco, onde comecei a minha história. Aprendi realmente a apreciar o que fazia. Tanto que decidi montar o meu próprio negócio na área de TI. 2) Invista em algo que exija pouco capital - A menos que você tenha muito dinheiro, prefira investir em algo que exija pouco capital para não correr risco de quebrar. Essa foi minha opção ao escolher a área de prestação de serviços. Montei o meu escritório em casa e a primeira funcionária foi a minha esposa. 3) Procure fazer o que já conhece - Dessa forma, o risco é menor. Lembre-se de que está começando um negócio! 4) Seja conservador em suas expectativas - O retorno sobre o investimento nem sempre vem rápido. Por isso, tenha uma visão mais espartana e não invista mais do que pode neste começo. Às vezes, surgem dificuldades que não estão previstas. 5) Seja disciplinado para executar uma ideia - Focar no que realmente interessa para buscar resultados que façam o seu negócio girar. 6) “Frontlineobsession” - Todo empreendedor precisa estar perto do cliente para entender suas necessidades e propor alternativas. É dessa forma que você “sente a temperatura do jogo”. 7) Seja vendedor - Todo empreendedor é, no fundo, um vendedor nato. Aproveite-se dessa experiência! 8) Saiba que vai trabalhar mais - Quantas vezes ouvi que uma pessoa queria ser empreendedora para não ter chefe e horário fixo. Quem pensa dessa forma está totalmente equivocado. Quando você é dono do negócio, você precisa se dedicar muito mais. O trabalho é maior, mas também é muito prazeroso tomar suas decisões e decidir sobre o destino de seu próprio negócio. 9) Delegue, mas saiba a hora de interferir - O líder precisa delegar porque está envolvido em várias frentes. Porém, tem que saber a hora de se posicionar, especialmente em situações importantes ou de crise. 10) Tenha uma visão estratégica - Você sabe o que quer? Então siga o seu feeling e, se necessário, tenha humildade para redefinir o caminho. O líder ouve todo mundo, mas quem toma a decisão é ele.


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Empreender é

conhecer

O erro mais comum entre os empreendedores, segundo especialistas, é desconhecer o chão onde pisam. Desenhar um plano de negócios, estudar o mercado, visitar os concorrentes e pensar em soluções para problemas futuros minimizam os problemas que podem surgir. Agora, ‘ser pioneiro é um dilema: ou você se dá muito bem ou leva um tombo’. Na visão do diretor executivo da Associação Brasileira de Starups, Guilherme Junqueira, “se a ideia é fundamentada, vale arriscar”. Mas, todos são unânimes em afirmar: o mais difícil é acertar o timming , já que, nem sempre o país está pronto para uma determinada tendência. Outra barreira é a cultura de um povo, que pode não valorizar algo que vai muito bem em outros países. O que é preciso ter sempre presente quando o assunto é empreender, é o planejamento e a adaptação. Para quem pretende empreender em um negócio, um fator é fundamental: entender a fundo o negócio. Quem possui conhecimento no ramo em que quer atuar, mesmo que a área esteja em evidência naquele momento, tem mais chances de sobreviver, de dar certo.

Segredo da inovação dentro das empresas está no intraempreendedorismo Quando se fala em empreendedorismo, a maioria das pessoas pensa, em primeiro lugar, em ter sua própria empresa e, por conseqüência, em inovar olhando para um futuro fora do local onde trabalha no momento. O segredo, porém, para Sandro Magaldi, que é CEO do site meusucesso.com, pesquisador e professor, está em empreender dentro da própria empresa. O intraempreendedorismo pode, segundo Sandro, ser a resposta para a demanda de inovação em empresas que têm ficado cada vez mais obsoletas e perdido talentos para as startups, por exemplo. Empreender não passa, no final das contas, de uma questão de tomar risco, acompanhar a velocidade das mudanças e trazer novas ideias para

o negócio. Então, por que não trazer tudo isso para um lugar já conhecido pelo profissional? Sandro acredita que empreender internamente é uma tendência do mercado – tanto para as empresas, quanto para profissionais. Isso porque as companhias fazem cada vez mais parcerias com universidades, programas de incentivo interno e concursos para mapear startups, o que significa que as corporações querem trazer a inovação para dentro dos seus negócios. Segundo o pesquisador, porém, os gestores estão deixando de olhar para dentro da empresa. “Você tem mil funcionários, será que não tem 100 desses que fariam a diferença? É impossível que as organizações vivam com essa perda de talentos incríveis”,

disse Sandro em entrevista à revista Você S/ A. A solução, segundo ele, seria unir então a maturidade e experiência de profissionais mais velhos com o espírito de startup dos jovens. Sandro Magaldi ainda destacou a principal diferença entre ter espírito empreendedor e ser um intraempreendedor. Enquanto ter um espírito empreendedor está mais relacionado à atitude, proatividade e a querer buscar uma realização, o intraempreendedor coloca a ideia em prática e gera disso um novo negócio, um novo produto ou um novo serviço. “São outras competências. Eu tenho que ter posses e ter uma visão de execução para empreender um negócio. Não basta só ter a atitude de querer fazer”, definiu.


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