b.i.
Francisco Neto Silva 22/04/1989
contactos
919 777 166 netosilva.francisco@gmail.com
habilitações
Mestrado em Arquitectura Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
competências técnicas
AutoCad ***** Rhinoceros *** ArchiCad ** Photoshop *** Illustrator ** InDesign **** Office *****
idiomas
Português ***** Castelhano ***** Catalão ***** Inglês ***** Francês ***
intercâmbios
Inter-escolar Portugal/ Polónia, 2005/06 Erasmus na ETSAV, Barcelona, 2011/2012
hobbies
Música Desporto Cozinha Fotografia
TEMPELHOF
:um dos maiores aeroportos do mundo, o seu terminal o maior edifício da Europa do seu tempo, edifício emblemático dos planos das autoridades Nazis para uma Berlim capital da Germania. Estando eu de férias em Berlim, dois anos depois de ter sido encerrado ao tráfego aéreo, esperava encontrá-lo vazio e parado, um monumento, uma obra para ser contemplada e fotografada e talvez desenhada. Grande era a surpresa que me aguardava...
Em Maio daquele ano, sem que eu o soubesse, toda a área das pistas e do espaço que as envolve passou a estar aberta ao público. Um espaço gigante, desproporcionado para o meu corpo, maior do que os meus sentidos podiam avaliar, absolutamente contínuo e incontido, estupefaciente e inebriante enquanto o via invadido de ciclistas e corredores, passeantes e manipuladores de papagaios de papel, infinitamente mais preenchido de actividades do que eu imaginara encontrá-lo. Nenhum programa que se pudesse imaginar para ali seria capaz de gerar aquela intensidade.Aos meus olhos Tempelhof punha em
causa os critérios pelos quais me havia habituado a julgar a qualidade da arquitectura. Em primeiro lugar, escala. Certamente que escala é um relacionamento das dimensões do espaço, mas o preceito humanista de que essa relação deve buscar uma suposta
harmonia com o corpo humano esfarelou-se ali. Ali estava eu num espaço dimensionado para o tamanho do avião e a sensação era magnífica. Em segundo lugar, programa. Enquanto aeroporto encontrava-se esvaziado de programa e, evidentemente, nada daquilo se poderia dizer que correspondesse a um programa de parque. Estritamente falando, o seu programa era uma ausência. No entanto ali estava ele a ser utilizado como parque com mais sucesso do que parque algum que eu alguma vez tivesse visto. Isto leva-nos ao terceiro ponto, projecto como design. Aquela situação não tinha sido projectada. Aliás, de facto, aquela situação não podia ser projectada. Podia alguém desenhar um parque que fosse como um aeroporto? Poderia isso ter algo de bom? A qualidade daquela situação não provinha das qualidades do desenho do aeroporto. Por fim, construção. O mais surpreendente é que as suas qualidades provinham do que não estava constrído. O melhor de Tempelhof enquanto parque era o parque que não estava construído.
Apesar de tudo isto, estar ali era sem a menor dúvida uma poderosíssima experiência arquitectónica. Se a qualidade arquitectónica daquele espaço não resultava dos aspectos que enumerei, então ela ensinava-me que a arquitectura devia ser outra coisa qualquer. Talvez algo que possamos desejar formular com manipulações desses aspectos, mas que não emana deles e, sobretudo, que eles não são o seu único conteúdo. Ainda assim, se olharmos aos projectos que se fizeram e se fazem para o aeroporto de Tempelhof, tudo o que a arquitectura parece ter para oferecer é definição do espaço com desenho, programa e construção. A proposta aprovada elabora um programa de 33 pontos (!) para efectivamente transformar o aeroporto em parque. Tempelhof como ele está é tão definido e tão preciso como qualquer outra arquitectura. Ele é arquitectura. Apresenta-se como uma condição tão possibilitadora e tão castradora como qualquer parque. Com uma diferença fundamental: não é um parque. A condição única que apresenta é a mesma que levou à sua (des)activação: um aeroporto envolvido pela cidade. É o cruzamento da sua condição intensamente urbana com o aparente vazio programático do seu espaço que produz o seu verdadeiro conteúdo. Com quarenta metros de largura e dois quilómetros de comprimento de piso asfaltado, as pistas não impõem um programa. Quando muito, sugerem movimento. Não impõem um meio de transporte ou uma velocidade; a pé, de bicicleta, de patins, aceitam tudo. A enorme planície em volta das pistas transforma-se em pradaria. Visão bucólica com a qual basta baixar-se ao solo para apagar a cidade à sua volta. Convite a perder-se no meio da erva alta? O taxiway oval tem cerca de seis quilómetros. Sete voltas fazem uma maratona. Equipas de ciclismo treinam lá como se de um contra-relógio em estrada se tratasse. As actividades com que a cidade coloniza o aeroporto reequacionam os
sentidos do seu espaço. Na cidade tudo se torna sujeito de cultura.
descrição
Habitação colectiva no edifício de uma antiga central telefónica, projectado por Francesc Mitjans, 1971-75. localização
nº 177, Via Augusta, Barcelona.
programa
47 habitações com local de trabalho.
âmbito
Académico, 5º ano (Erasmus).
data
Out. 2011 - Jan. 2012
RĂŠs-do-chĂŁo e primeiro piso Planta-tipo e mezanino horta quarto
cozinha sala
gabinete/oficina
espaço de lazer
10m
“Consistindo numa congregação de animais que encerram a sua história biológica nos seus limites e ao mesmo tempo a modelam de acordo com cada uma das suas intenções de seres pensantes, a cidade, tanto na sua génese como na sua forma, pertence simultaneamente à procriação biológica, evolução orgânica e à criação estética. É ao mesmo tempo objecto de natureza e sujeito de cultura.” Claude Lévi-Strauss, Tristes Trópicos.
A actividade humana que se tem desenvolvido em Tempelhof é manifestação cultural, social e estética de uns indivíduos daquela comunidade. É produto das suas vontades, dos seus desejos e ansiedades e eles revêem-se nelas. Assemelha-se àquilo a que Robert Smithson descreveu como «edifícios [que] não “caem” em ruína “depois” de serem construídos, antes se “elevam” a ruína “antes” de serem construídos. Tempelhof não é uma ruína do aeroporto que foi, antes se apresenta como objecto inacabado do parque que quer vir a ser. Frente ao projecto para um parque, pode parecer do ponto de vista formal, material e tecnológico insignificante, mas enquanto criação estética é muito mais significativo porque corresponde a uma busca por uma correspondência no mundo concreto para um conjunto de aspirações que estão antes e que são mais íntimas e menos visíveis. A actividade que se tem desenvolvido em Tempelhof, enquanto arquitectura e criação estética, corresponde a procurar o seu próprio arquétipo, como disse Borges.
“Diz Borges que todas as coisas andam em busca do seu próprio arquétipo, incluíndo os homens.” 2014
Parede existente Chapa quinada (existente)
Laje existente Isolamento Janela de correr em perfis tubulares de aço galvanizado e chapa de policarbonato
Guarda
Parede existente Terra vegetal Geotextil Tela asfáltica Lâmina de retenção
0,5m
A
A’
A
A’
2m
descrição
Edifício de habitação colectiva em acesso directo. localização
Rua de Baltazar Falcão, Porto.
programa
12 habitações com garagem.
âmbito
Académico, 3º ano.
data
Set. 2009 - Jun. 2010
5m
5m
descrição
Residência para cinco estudantes de teatro com sala de estudo e sala de representação. localização
Travessa da Pena, Porto.
programa
Cinco módulos de residência com quarto e sala de trabalho, sala e cozinha e lavandaria comuns, sala de estudo e sala de representação. Cada espaço deveria ter um espaço exterior seu correspondente.
âmbito
Académico, 1º ano.
data
Abr. - Jun. 2008.
O comum extraordinário Em Agosto de 2013, cientistas da Universidade de Maastricht mostraram ao mundo o primeiro hambúrguer totalmente produzido em laboratório. Por €250.000 foi também o mais caro de sempre, mas já é apontado como futura alternativa à exploração animal, com argumentos de sustentabilidade. A ideia é: se os custos de produção baixarem talvez possámos alimentar uma grande parte da população com carne sintetizada. Então, talvez a produção e abate de animais se torne uma excepção. Na alimentação, como noutras áreas, a produção em massa teve a virtude de generalizar o acesso aos bens, com a consequência de lhes trazer transformações qualitativas. A carne ficou acessível a toda (ou quase toda) a gente, à custa da correspondente transformação qualitativa. Quando fazer carne in vitro se tornar normal, talvez a criação de animais para abate se transforme num negócio de nicho e então, comer carne de verdade talvez volte a ser uma refeição só para alguns. A massificação dos bens de consumo trouxe a sua generalização, mas também a elitização das suas qualidades. A cultura, transformada em bem de consumo na forma de espectáculo e entretenimento, não é excepção. Cinema Na televisão ou fora de casa o cinema está mais acessível do que nunca: dezenas de salas e de filmes. Mas quanta variedade há realmente nos blockbusters cada vez mais massificados e padronizados? Por outro lado, qualquer outro cinema é relativamente inacessível. Literatura Nas livrarias, a frente renova-se continuamente de séries e sagas, sequelas e prequelas que enfeitam as capas com autocolantes e faixas de “mais
descrição
Centro do Conhecimento. localização
Via Panorâmica, Porto.
programa
Estacionamento sob a Via Panorâmica, recepção, auditório, biblioteca, sala plana, arquivo, ateliers, áreas administrativas, loja, cafetaria, sanitários, oficina.
âmbito
Académico, 4º ano.
data
Set. 2011 - Jun. 2012
de x milhões já leram”, “do autor dos bestsellers z e y”. Entretanto, para encontrar qualquer livro que não pertença a esse grupo há que encomendar. Música A música dita “clássica” fez-se mais um género numa indústria de entretenimento de géneros formatados: compilação dos melhores adagios para ouvir enquanto lê (de preferência o último da autora do bestseller, que entretanto foi adaptado no mais recente blockbuster). Enquanto isso, a música erudita fez-se cada vez mais para um grupo com hábitos especializados. Arquitectura Ao junk-space da cidade genérica junta-se a starchitecture de tiques genéricos e os genéricos que lhe imitam os tiques. A produção massificada pressupõe uma especialização dos meios de produção, de distribuição e dos públicos, que separa as qualidades do que é comum e do que é extraordinário em duas categorias, em que o que é comum vê as suas qualidades reduzidas à banalidade e o que seria extraordinário não tem mais qualidades do que ser meramente exclusivo. Como projecto criativo, poderemos fazer coincidir o comum e o extraordinário? Poderemos atribuir a algo comum qualidades extraordinárias?
2013
20mm 60mm
35mm
20mm
descrição
Instalação.
localização
Rio Cáster, Santa Maria da Feira.
programa
Tubos de várias dimensões e materiais produzem diferentes sonoridades, a partir do movimento da água. Os visitantes são convidados a actuar sobre os tubos e experimentar vários sons.
âmbito
Concurso (a decorrer).
colaboração
Igor C. Silva.
data
Jan. 2015.
http://youtu.be/VAFY7vnAcDA
descrição
Cenografia para «A Árvore e o Espelho». localização
Auditório do Museu Nacional Soares dos Reis, Porto.
programa
Dispositivo cénico para uma adaptação de dois contos de Sophia de Mello Breyner - «A Árvore» e «O Espelho» - pela oficina de expressão dramática da E.S. Filipa de Vilhena, “Máquina de Nuvens”.
âmbito
Encomenda.
colaboração
Orlando Gilberto-Castro
orçamento
€200
data
Nov. 2010
descrição
Light Pulse - Barraca da AEFAUP na Queima das Fitas. localização
Queimódromo, Porto.
programa
Light Pulse é um ensaio para uma arquitectura activa. Um objecto performativo que respira e tem uma leve pulsação.
âmbito
Concurso (não seleccionado).
colaboração
Ana Raquel Rodrigo
orçamento
€500
data
Abr. 2013
http://youtu.be/rrjdsLuvzkg
Dissertação: http://issuu.com/francisconetosilva/docs/arquitopia Portfolio: http://issuu.com/francisconetosilva/docs/portef__lio