FRANCISLAINE GRAVELI DE ASSIS HÉLEN CAMPOS BRAGA ISABELA BANDEIRA MATEUS BELINATO
A INFLUÊNCIA DO CIDADÃO COMO ATOR PRINCIPAL DO ESPAÇO URBANO Estudo de caso The High Line Park
MURIAÉ Junho de 2018 1 A INFLUÊNCIA DO CIDADÃO COMO ATOR PRINCIPAL DO ESPAÇO URBANO
FRANCISLAINE GRAVELI DE ASSIS HÉLEN CAMPOS BRAGA ISABELA BANDEIRA MATEUS BELINATO
A INFLUÊNCIA DO CIDADÃO COMO ATOR PRINCIPAL DO ESPAÇO URBANO Estudo de caso The High Line Park
Trabalho apresentado como requisito parcial de nota para a disciplina de Trabalho Indisciplinar Supervisionado (TIS) do 7º Período do curso de Arquitetura e Urbanismo. Prof.: Tamyres Lopes
MURIAÉ Junho de 2018 2 A INFLUÊNCIA DO CIDADÃO COMO ATOR PRINCIPAL DO ESPAÇO URBANO
SUMÁRIO
1. RESUMO ....................................................................................................... 04 2. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 04 3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 04 4. METODOLOGIA ............................................................................................ 06 5. ESTUDO DE CASO ....................................................................................... 06 6. DISCUSSÃO .................................................................................................. 07 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 08 8. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 08
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1. RESUMO Neste artigo é proposto analisar a intervenção The High Line Park quanto a influência que o cidadão possui no espaço urbano. Logo são utilizados conceitos sobre o tema e um estudo de caso da referida intervenção, alcançando com isso a importância do indivíduo enquanto articulador da cidade, estando ligado ao social e a economia, o que influencia no local e em suas relações globais. Assim, conclui-se que para que modificações sejam funcionais e inteligentes do ponto de vista administrativo, todo estudo de planos para cidade deve possuir o indivíduo como figura central, não apenas durante os estudos, mas na aplicação dos mesmos.
2. INTRODUÇÃO
Este trabalho busca estabelecer uma relação entre indivíduo e cidade. Entendendo cidade como espaço físico que abriga relações econômicas e sociais desenvolvidas pela atividade humana, e o indivíduo como o produto desse meio e autor do mesmo, a partir de uma relação de influência mútua. Para tanto, é utilizado como instrumento de análise o estudo de caso do The High Line Park, uma intervenção urbanística na ilha de Manhattan em Nova Iorque, sendo um projeto de revitalização que modificou o desenho e a vida urbana local, tendo como agente motivador a participação social.
3. REVISÃO DE LITERATURA O intenso crescimento demográfico e populacional das cidades se deu a partir da Revolução Industrial. A partir de então o tecido urbano tende a ficar cada vez mais adensado e a necessidade faz surgir um instrumento de organização espacial e de infraestrutura, o planejamento urbano. Na dimensão espacial, o pensamento técnico do planejamento urbano consiste em articular os espaços urbanos de maneira eficiente. No entanto, essa organização racional passa por cima da maneira orgânica e fluída com que se desenvolve a vida urbana nesses espaços, como mostra Jane Jacobs em seu livro Morte e Vida de Grandes Cidades, apresentando de forma clara e concisa que as pessoas não são meros coadjuvantes do cenário urbano, mas são parte primordial das engrenagens que definem a cidade, sendo também por elas definidas.
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Mesmo não sendo o foco deste estudo analisar as condicionantes que agem na formação do espaço, é necessário considerar que a cidade se desenvolve de maneira constante e multipontual, abrangendo áreas de expansão pré-determinadas, mas também assentamentos irregulares, que contribuem para a modificação do desenho urbano. Considerando todo o processo de desenvolvimento é possível afirmar que são criadas desconexões, gerando os vazios urbanos - os não lugares. Tendo o conceito de lugar relacionado às atividades, memórias e identidade, difere assim dos vazios urbanos que são definidos apenas como espaços físicos existentes e não utilizados pelos indivíduos de forma recorrente. Portanto para integrar esses ambientes ao tecido urbano, são propostas intervenções que buscam capacitá-los para abrigar diversas atividades humanas, contribuindo para sua evolução em lugares e criando o senso de pertencimento. “Pensar em recuperar ou melhorar os projetos como projetos é persistir no mesmo erro. O objetivo deveria ser costurar novamente esse projeto, esse retalho da cidade, na trama urbana, fortalecer toda trama ao redor.” (JACOBS, J. 2000 p.437)
O entorno dos vazios urbanos é diretamente afetado, pois surgem efeitos negativos da falta de utilização contínua, como a desvalorização imobiliária e insegurança dos transeuntes. A revitalização dos espaços deve estar intrinsicamente ligada à incorporação deles por parte da vida urbana, como preconiza Jacobs. A cidade deve promover a integração dessas áreas com as demais, permitindo que o mesmo dinamismo que já ocorre nas áreas ocupadas, flua para os novos membros agregados. Para complementar as ideias apresentadas se faz necessário observar a cidade de outro modo, afirmando a mesma como sujeito e os cidadãos meros figurantes. Dessa forma o sentido de cidade é modificado, segundo Sánchez, este é o cenário no qual tudo é objeto de consumo estético. Os planos estratégicos são projetos pensados para otimizar a cidade, criando imagens de promoção da mesma, que são utilizadas para a globalização da cidade. Para isso se utiliza do marketing, que expõe os serviços ofertados como produtos, pois fazem parte de estratégias econômicas, preocupando-se ainda com a ampla adesão social interna. 5 A INFLUÊNCIA DO CIDADÃO COMO ATOR PRINCIPAL DO ESPAÇO URBANO
De maneira intencional podem utilizar intervenções em áreas desvalorizadas, como os já citados vazios urbanos, que se tornam material para essa iniciativa. A partir de modificações internas possibilitadas pelo poder público que refletem na visibilidade da cidade.
4. METODOLOGIA Através de referências bibliográficas e análise do estudo de caso The High Line Park, uma intervenção na ilha de Manhattan em Nova Iorque, pretende-se discutir sobre o esquecimento do indivíduo como ator primário, buscando relacionar os conhecimentos sobre intervenção e revitalização urbana.
5. ESTUDO DE CASO O atual The High Line Park localizado na ilha de Manhattan em Nova Iorque, é uma intervenção urbana que buscou revitalizar uma área degradada no centro da cidade, a Ferrovia Central de Nova Iorque York, construída entre 1929 e 1934, no lado oeste da cidade, entre a 9ª e a 11ª Avenida. A via elevada a mais de 10 metros do solo, proporcionava passagem para vagões que transportavam produtos para o abastecimento da cidade – como animais vivos, carnes, laticínios, cereais ou verduras. Por sua importância à cidade a ferrovia era conhecida como “Live Line”, a Linha de Vida de Nova York. No entanto, o transporte ferroviário começou a deteriorar com a chegada dos caminhões de carga que conduziam com maior rapidez e com rotas dinâmicas os produtos. Assim, aos poucos os trechos do High Line foram desativados, e em 1999 a Prefeitura de New York decidiu demolir o restante da estrutura. É justamente nesse momento que a Associação Amigos do High Line é criada por dois moradores, Joshua David e Robert Hammond, incentivando a participação da comunidade e impedindo a demolição. A participação social nessa intervenção conseguiu atrair a atenção do poder público, e em 2002 o prefeito Michael Bloomberg garantiu que a Prefeitura ofereceria recursos para a revitalização, que consistia em tornar a linha férrea em um parque suspenso. A iniciativa de promover o parque visava preservar a vegetação existente que se apropriou do espaço ao longo do tempo. Os espaços criados agregam tanto os 6 A INFLUÊNCIA DO CIDADÃO COMO ATOR PRINCIPAL DO ESPAÇO URBANO
moradores quanto visitantes de todas as partes, possuindo diversas programações e ambientes aconchegantes. O elevado prova que a sua importância, mesmo que com a modificação de sua função, continua intacta. Foram criados diversos acessos para o parque, integrando a cidade ao projeto, permitindo que o fluxo contínuo de pessoas possa interagir também com o restante da vida urbana, ainda que no final da linha encontrem um refúgio do ambiente adensado ao redor, visto que a cidade, enquanto parte de um sistema capitalista continua se desenvolvendo em ritmo de mercado.
6. DISCUSSÃO Para discorrer sobre esse artigo é preciso relacionar os conceitos apresentados ao estudo de caso em questão. Diferente do conceito de cenário apresentado por Sánchez, ao High Line Park não possuiu como partido a internacionalização, porém essa característica se desenvolveu ao longo do tempo, obtendo resultados de uma intervenção consciente. Para isso o processo teve início na base da sociedade, levando em consideração a vida urbana naquele local. A criação da Associação Amigos do High Line é um exemplo claro do indivíduo enquanto ator principal, visto que o mesmo propôs, acompanhou e fez uso do espaço. O desenvolvimento da intervenção aconteceu de maneira humana e objetiva, considerando os usuários como principais e as necessidades levantadas como conceito do projeto. Contudo, não apresentamos aqui uma intervenção em pequena escala e sem relevância econômica, mas sim uma modificação no espaço urbano, que teve início com as necessidades de uma região e se estendeu por outras partes da cidade e hoje faz parte de sua imagem, do marketing de Manhattan, beneficiando investidores e a administração local. Dessa forma a partir de uma escala micro, de moradores motivados, ampliou-se ao macro, pois se tornou parte de um sistema global. Ressalta-se assim, a continuidade conceitual, que o High Line busca ainda hoje, como iniciado no final da década de 90, o benefício de pessoas. Os projetos anexados ao parque, programações propostas, empreendimentos envolvidos, tudo coloca o indivíduo no centro e articula as questões políticas e econômicas para isso.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se então que para permear tantas camadas, o tecido urbano e a economia local e global, como fez o indivíduo nesse estudo de caso é necessário que exista continuidade, visando a modificação local em primeiro plano, tornando possível resultados em maior escala. Para conseguir Isso do ponto de vista administrativo é necessário a presença de responsáveis por direcionar de forma efetiva o desenvolvimento urbano. O High Line, alcançou um espaço significativo entre intervenções executadas, oferecendo um ambiente propício para que a vida urbana se desenvolva, objetivo esse que fora idealizado inicialmente. Assim, para garantir a aplicabilidade das ideias motivadoras de uma intervenção, todo e qualquer componente da cidade, e não apenas o cidadão, deve trabalhar para o benefício do mesmo.
8. REFERÊNCIAS SÁNCHEZ, Fernanda. POLÍTICAS URBANAS EM RENOVAÇÃO: UMA LEITURA CRÍTICA DOS MODELOS EMERGENTES. In: Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, no. 1, 1999, pp. 115-132. Editorial Associação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional. Recife, Brasil.
BOTELHO, Tarcísio R. REVITALIZAÇÃO DE CENTROS URBANOS NO BRASIL: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS EXPERIÊNCIAS DE VITÓRIA, FORTALEZA E SÃO LUÍS. In: Revista Eure (Vol. XXXI, Nº 93), pp. 53-71. Santiago de Chile, Agosto 2005. JACOBS, Jane. MORTE E VIDA DE GRANDES CIDADES. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
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