Antropologia Sensorial

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ANTROPOLOGIA SENSORIAL pesquisa como experiência Franklin Lopes


pesquisa, mais do que um estudo, um relatório ou um punhado de ferramentas e métodos, é uma forma de perceber, questionar e explorar


o propĂłsito ĂŠ resgatar nosso potencial investigativo e despertar nossos sentidos para que possamos ampliar o poder cognitivo de nossas experiĂŞncias


Cognição é o ato ou processo da aquisição do conhecimento que se dá através da

percepção atenção memória raciocínio juízo imaginação linguagem fonte: wikpédia


diante de um olhar atento tudo é curioso, tudo é referência, tudo é aprendizado, serve à criatividade e tem poder de transformação.


o curso será dividido com base em quatro territórios de exploração:

corpo outro objeto cidade


o primeiro passo para a mudança é a consciência: saber onde estamos, quem somos, o que queremos... !

Não enxergar o obvio que se revela na sutil presença das coisas é fechar os olhos para si mesmos.


INTRODUÇÃO

condicionamento da experiências


o consumismo padroniza nossas experiĂŞncias ao limitar nossos sonhos e expectativas e estimular comportamentos auto-indulgentes e prazeres imediatos


consumir tem a dupla qualidade de nos confinar em nossas necessidades pessoais e bloquear nossa capacidade de nos sentir verdadeiramente satisfeitos






Tudo aquilo que pensamos, desejamos e sonhamos nos é oferecido como um produto a ser consumido. ‘Ser’ foi substituído por ‘ter’. ‘Ter’ que foi substituído por ‘parecer’…




as pessoas tendem a viver uma vida linear e pré-fabricada como forma de criar um ambiente estável, onde consumir é o jeito mais rápido de obter satisfação



CONTUDO, a era digital nos dá a oportunidade e os meios necessários para que possamos criar, trocar, nos expressar e passarmos a ser reconhecidos não pelo que temos ou parecemos ser, mas pelo que produzimos e compartilhamos

ESSE MODELO É ANTIGO, VIVEMOS UM NOVO CONTEXTO


quando as pessoas mudam a forma como se comunicam, interagem e trocam conhecimento, elas tambĂŠm alteram a estrutura social e sua forma de perceber o mundo



fonte: How to Be an Explorer of the World,


referĂŞncias Sennet, R., 1977. The fall of public man. Cambridge: Cambridge University Press. Debord, G., 1967. The Society of the spectacle. Translated from French by D. NicholsonSmith. New York: Zone Books. Chomsky, N., 1991. Media control: the spectacular achievements of propaganda. New York: Seven Stories Press. Smith, K., 2008. How to Be an Explorer of the World: Portable Life Museum. Perigee Trade

vĂ­deos idiots | https://vimeo.com/79695097 De La servitude Moderne | https://www.youtube.com/watch?v=rczhi-yOicA


O CORPO dialogo entre corpo e mente


com a revolução tecnológica passamos a vivenciar as coisas do mundo sentados em frente a telas, restringindo nossas percepções e estado de presença.



Aos poucos, vamos diminuindo nossas experiĂŞncias, calando os sentidos. Os pensamentos se tornam passivos, volĂĄteis, vĂŁo e vem num piscar de olhos.




Entender o poder simbólico dos sentidos não pode nos afastar do aspecto central que é a corporalidade da nossa experiência


embora as pessoas compartilham da mesma capacidade sensorial, tais estĂ­mulos podem ser desenvolvidos e entendidos de formas diferentes.



É fundamental aprender a decodificar os diferentes estímulos sensoriais e entender o arranjo de símbolos, sentidos e significados que compõem um determinado contexto cultural


ESTUDO DE CASO relação entre mães e filhos


Relação Mãe e Filho Ao analisar diferentes mães com seus filhos e observar a dinâmica sensorial que se estabelece entre eles foi possível identificar certa correlação entre a relação que a mãe estabelece com as crianças e seu grau de dificuldade em faze-las ter uma dieta equilibrada.


Reconhecimento de Padr천es

l i t a T e 찾 M

M찾e V erbal


Muitas das atitudes e comportamentos observados na relação que a mãe estabelece com seu filho são herança do contexto familiar em que está inserida.


M達es verbais s達o aquelas que estabelecem uma rela巽達o baseada na oralidade. Orientam seus filhos a partir do dialogo e da conversa








Controle

Mães Verbais

Relação com a categoria

Confiança

Relação com o filho

Substituto

Participação da Família

Complemento

Proteção

Conscientização

Papel da Mãe

Educação Alimentar

Educação Condicionamento

Imediatista

Holístico

Preocupação com a dieta


Mães táteis são aquelas que estabelecem uma relação com seus filhos a partir do tato. Mostram os caminhos, protege dos perigos, esta sempre por perto.








Mães Táteis

Relação com a categoria

Controle Confiança

Substituto

Complemento

Relação com o filho

Participação da Família

Conscientização

Proteção

Educação Alimentar

Papel da Mãe

Condicionamento

Educação

Holístico

Imediatista

Preocupação com a dieta




referências Howes, D., 2005. Empire of the Senses: The Sensual Culture Reader! Howes, D., 2013. Ways of Sensing: Understanding the Senses In Society. Routledge Pink, S., 2009. Doing Sensory Ethnography, SAGE. London

vídeos Optical illusions show how to see, BEAU LOTTO http://www.ted.com/talks/beau_lotto_optical_illusions_show_how_we_see Scent expert Sissel Tolaas visits Cape Town! https://www.youtube.com/watch?v=eQ-MZgd1RNw How do we smell? - Rose Eveleth! https://www.youtube.com/watch?v=snJnO6OpjCs


O OUTRO solitรกrio confinamento do ego


o homem tem uma capacidade quase infinita de enganar-se, e enganar-se assumindo ser verdade tantas mentiras que abraça em busca de redenção. No final, intoxicado por pensamentos e ansiedades, condena-se à ilusão final da solidão.



Aquilo que entendemos como normal é produto de nossa repressão, negação, segregação, projeção, introjeção e outras formas de diminuição de nossa experiência. A normalidade é uma violência à simples fruição do ser.


A experiência pessoal de cada um transforma um momento no resultado de uma série de ações e reações. Apenas a partir da ação nossas experiências podem ser transformadas


em memória nós criamos e retemos o passado. No desejo, construímos e realizamos o futuro, mas apenas por meio dos sentidos, de nossas experiências, nós abraçamos o presente.“


e se nós pudéssemos nos despir dos contingentes e exigências sociais e nos revelar um ao outro a partir apenas de nossa nua presença? Será que seriamos capazes de nos conectar verdadeiramente?


Tendo consciência de sua presença, o pesquisador se torna capaz de assumir um comportamento disruptivo, quebrar padrões e convenções de comportamento e libertar as pessoas de suas próprias amarras.





referências Sartre, J.P., 1943. Being and Nothingness. London: Routledge. Goffman, E., 1967. Interaction Ritual: Essays in face to face behavior. Chicago: Aldine Pub. CO. Goffman, E., 1959. The presentation of self in everyday life. London: Penguin Books. Back, L., 2004. Listening with our eyes: portraiture as urban encounter. In C. Knowles and P. Sweetman ed. 2004. Picturing the social landscape: Visual methods and the sociological imagination. Routledge. De Certeau, M., 1984. The Practice of everyday life. London: University of California Press, LTDA. Bejamin, W (1999) The Arcades Project, Cambridge, Mass: Harvard University Press
 Pink, S., 2009. Doing Sensory Ethnography, London: SAGE Publications Ltd.

vídeos The inovation of loneliness! https://vimeo.com/70534716 The art of asking - Amanda Palmer http://www.ted.com/talks/amanda_palmer_the_art_of_asking


OBJETOS a alma dos objetos


Nossa casa representa os bastidores de nossa vida, lugar de retiro e privacidade, sonho e inspiração, desenvolvimento e criação.


É um lugar de auto-expressão. Um container de memórias, sentimentos e sensações que reúne em um só espaço resquícios de quem fomos, evidências do que somos, e indícios de quem desejamos ser.


Nossa casa Ê um espaço autobiogråfico, onde reunimos, selecionamos e dispomos tudo aquilo que nos ajuda a materializar nossa identidade


assim, mais do que fazer um inventário dos pertences de alguém, nosso papel é ler as narrativas que nos são contadas por meios de códigos, ícones e símbolos


a resposta surge da intervenção no espaço, da quebra da normalidade que se experimenta ao colocar as pessoas como observadoras da própria realidade materializada no cenário construído.


objetos s茫o parte de um sistema simb贸lico socialmente gerados dentro de um determinado contexto.


Ao observar os pertences de uma casa a partir da relação afetiva e identitária que estabelecem com seus donos, é possível evocar “a alma dos objetos,”


É este “corpo sutil” que nossos olhos devem procurar, este espectro que desafia a lógica de parâmetros mercadológicos e só pode vir à luz sob a égide de um espaço tão íntimo como a casa.


Neste contexto o pesquisador nĂŁo ĂŠ apenas testemunha, mas condutor de um processo reflexivo capaz de despertar novos olhares para o familiar e o conhecido, tantas vezes esgotados pelo automatismo cotidiano.


observar os pertences de alguém é fazer emergir novas possibilidades, trazer ao alcance dos sentidos a tensão entre o inteligível e aquilo que é de domínio do sensível.


Objetos por si n茫o apresentam valor, nem mesmo funcionalidade. Somos n贸s que os ador namos com sentidos, significados, sentimentos e mem贸rias


analisar objetos é se propor a trazer atenção para o plano sensível do mundo material que nos rodeia, algo além de valores econômicos, funcionalidade ou modismo


ĂŠ uma forma de convidar as pessoas a olharem para si e para o papel daquilo que acumulam e descartam ao longo da vida


Será que coletamos apenas objetos ou também experiências? Guardamos coisas ou memórias em nossas prateleiras? Compramos objetos que nos ajuda a expressar quem somos? Por que temos o que temos? O que nos falta? O que nos sobra?



ESTUDO DE CASO descoberta da feminilidade


No universo feminino a construção de uma identidade visual pode ser percebida como uma forma de expressar um estado de espirito, momentos, humores, fases e ciclos, o que torna esse processo mais complexo e detalhado.


A partir de seu universo material, as meninas/mulheres descobrem e exploram sua feminilidade. reconstroem sua identidade e ganham personalidade


Ao negarem a própria infância e se afirmarem com adolescentes as meninas mais novas acabam sentin um vazio interior que precisa ser preenchido de algum forma durante esta fase de transição.


Seu interesse repentino por maquiagens, acess贸rios e roupas faz parte de um processo de busca pela pr贸pria feminilidade.


Começam a surgir estilos muito marcados, com cores, acessórios e roupas bem definidas para cada ocasião, em um processo muito consciente, cheio de detalhes e intencionalidade


descobrindo seu corpo e sua feminilidade, as meninas nesse momento começam a perceber a atração que exercem sobre os meninos e passam a orientar suas escolhas para algo que elas definem como “chamar a atenção,”


Aquilo que antes era alimentado pela busca por reconhecimento e pela necessidade de “chamar a atenção” entre as meninas mais novas, agora evolui para uma vontade de “ser desejada” e de “se sentir mais poderosa.”


O resultado final ĂŠ o surgimento de uma mulher cheia de personalidade e muito consciente de sua sensualidade e beleza.



referĂŞncias Baudrillard, J., 1996. The System of Objects, translated by James Benedict. London: Verso. Busch, A ., 1999. Geography of home: writing on where we live. New York: Princeton Architectural Press. Csikszentmihalyi, M. and Halton, E., 1981. The meaning of things: domestic symbols and the self. Cambridge: Cambridge University Press. Goffman, E., 1959. The presentation of self in everyday life. London: Penguin Books. Miller, D., 2010. Stuff. Cambridge: Polity Press. Balet, C., 2008. Identity. Steidl

vĂ­deos All In The Best Possible Taste - Grayson Perry ! http://www.youtube.com/watch?v=b5Ra13rcd0s


CIDADE O teatro da vida cotidiana


andar nos coloca em um estado meditativo. Mente, corpo e ambiente se alinham em um balanço rítmico por meio do qual aprendemos explorar e abrir caminhos


o gesto de caminhar esta conectado com nossa capacidade de criar ‘narrativas’, algo que não pode ser percebido como um todo de uma só vez porque se desdobra com o passo do tempo, assim como ler ou ouvir



Explorar o mundo é a melhor forma de explorar nossa mente e caminhar é o veículo para ambos. O corpo é vetor de nossas experiências, nossa conexão com o aqui e agora


o espaço público é a chave que conecta nossas experiências, o catalisador de nossos valores culturais, um ambiente fundamental para a construção de nosso ideário social.


O rápido crescimento dos centros urbanos, sob os valores mercadológicos, levou a um esvaziamento da vida pública e consequentemente a um aumento do processo de isolamento e privatização


As pessoas vêm reduzindo sua tolerância sensorial ao que muitas vezes parece caótico, tumultuado e desordeno, mas que é a mais genuína forma de coexistir.


Chegar a tempo nos lugares passou a ser mais importante que o percurso percorrido. A cidade se tornou um lugar de transito e n達o de encontro



Ao nos reapropriarmos dos espaços públicos, tema cada vez mais presente em cidades como São Paulo, resgatamos a teatricalidade inerente deste espaço.



Ao nos colocar diante do outro, despertar nossos sentidos e dedicar atenção ao que é simplesmente vivênciado em um instante presente, nos tornamos testemunhas de tudo aquilo que se expressa no mundo.


ESTUDO DE CASO protesto como um espetรกculo sensorial



















referências Visual cultures: the reader. London: SAGE Publications Ltd. Ch.4. Chomsky, N., 1991. Media control: the spectacular achievements of propaganda. New York: Seven Stories Press. R. LeGates and F. Stout ed. 1996. The City Reader. New York: Routledge, Gillmor, D., 2004. We the media: grassroots journalism by the people for the people. Sebastropol, CA: O’Reilly M. Henaff and T. Strong. Public space and democracy. Minneapolis: The University of Minnesota Press. McCormick, C. et al., 2010. Trespass: A history of uncommissioned urban art. London: Taschen. Shirky, C., 2008. Here comes everybody: how change happens when people come together. London: Penguin Books Ltd.

vídeos Maira Kalman: Thinking and Feeling http://www.youtube.com/watch?v=Ze_Pz5fTdrY Transitar e encontrar respostas: Natália Garcia at TEDxJovem@Ibira! http://www.youtube.com/watch?v=Bs5iQcmxp50 Everybody street! http://everybodystreet.com/


PESQUISA um despertar da consciĂŞncia


não há experiências significativas dentro da mecanicidade de uma vida urbana baseada na alienação de tantas rotinas e expectativas que esvaziam qualquer traço de personalidade, autonomia ou escolha.


Mais do que participar de uma pesquisa, o que esta sendo proposto é uma quebra da normalidade, um estranhamento, um convite à suspensão momentânea dos protocolos comuns da vida cotidiana.


precisamos nos tornar capazes de ouvir o não dito, de acessar o que é de domínio do sensível. É importante transpor o universo das palavras, dos discursos, de tantas convenções que determina o que é correto, direito, culturalmente aceito


precisamos nos virar para nós mesmos e para a natureza da experiência que queremos proporcionar para nos livrar das atrofias mentais, automáticas e automatizantes, que contaminam nossa percepção


temos que criar um espaรงo no qual as pessoas sintam-se convidadas a se libertar das normas sociais. Assim nos tornamos capazes de transpor medo, inseguranรงa, descaso e fazer as pessoas se sentirem confortรกveis na vulnerabilidade prรณpria de dizer o que realmente sentem.




referências Eckhart Tolle, 2005. A New Earth: Awakening to Your Life's Purpose. Penguin Group. Argyle, M., 1975. Bodily communication. London: Methuen & CO. Ltd C. Knowles and P. Sweetman ed. 2004. Picturing the social landscape: Visual methods and the sociological imagination. London: Routledge. Goffman, E., 1974. Frame Analysis: An Essay on the Organization of Experience. London: Harvard University Press. Laing, R.D., 1967. The politics of experience. London: Penguin Books Ltd. Simmel, G., 1971. On individuality and social forms. Chicago: University of Chicago Press, 1971.

vídeos Brené Brown: The power of vulnerability ! https://www.ted.com/talks/brene_brown_on_vulnerability


franklinlopes.com Franklin Lo pes

Visual Ethnography & Photography

franklin@franklinlopes.com M (BRA): +5511 93290940 skype: franklin.lopes


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