Documentário Sonho Pequeno

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Documentário autoral "Sonho Pequeno” desnuda as entranhas de uma família Diretor promove uma investigação psicológica em sua própria família revisitando um trauma do passado relacionado à violência doméstica.

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O documentário “Sonho Pequeno”, do diretor Fernando S. Ribeiro, é um longa-metragem autoral que mostra o reencontro de uma família com um trauma do passado. O relato de uma mãe, vítima de um ex-marido violento numa cidade pequena de Minas Gerais, é entremeado com lembranças e

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reflexões de cinco de seus filhos, todos crianças ou adolescentes à época dos dramáticos acontecimentos revisitados. Os depoimentos contundentes revelam medos, revoltas, angústias, dúvidas, mágoas e ressonâncias daqueles fatos sobre a vida de cada um dos entrevistados. Maria Ceila, a mãe, ora é apoiada, ora é confrontada e questionada novamente por cada um de seus filhos, como a se estabelecer um necessário último debate antes que uma trajetória de real transcendência seja possível. O documentário também descortina um pouco da expressão artística de Maria Ceila que fez e faz da poesia escrita, da música e da pintura importantes ferramentas de resgate e conservação de sua integridade mental, emocional e intuicional. As cenas, histórias, trechos dos poemas e música interpretadas permitem um breve vislumbre do que foram as fortes turbulências que poderiam ter deixado a protagonista submersa nas profundezas do inconsciente. Apesar do peso dramático do passado, a força de enfrentamento e a postura humanitária e espiritualista da protagonista acabam por reconduzir o documentário e cada um de seus filhos em direção a caminhos restauradores e iluminados. O longa foi filmado em 2016 e conta também com imagens de arquivos da família. Para estimular a atmosfera de intimidade necessária (e também por restrições no orçamento), o diretor optou por filmar todos os depoimentos e cenas com apenas uma câmera. Cada um dos principais participantes foi entrevistado separadamente em suas respectivas residências (quatro diferentes cidades). O longo processo de montagem e edição posterior garantiu a atmosfera de validações, oposições e questionamentos do filme. Informações de ângulos diferentes permitem ao espectador construir seu próprio ponto de vista sobre os personagens, suas decisões ou mesmo sobre os fatos relatados. O embrião do filme foi um um curta-metragem desenvolvido pelo diretor para uma disciplina de pós-graduáção em Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp. A disciplina “Imagens do Inconsciente”, coordenada pelo artista plástico Ernesto G. Boccara, também presente no filme, permitiu uma análise do trabalho da psiquiatra Nise da Silveira, influenciada por Jung, no resgate da individuação de pacientes através da análise de suas expressões artísticas e relações com mitos arcaicos. !2


O processo de desenvolvimento do longa foi portanto gradual, partindo da história central relatada pela mãe. Aos poucos os filhos foram convidados para os depoimentos. A cada novo depoimento, uma nova versão do documentário foi montada e testada com pequenos e médios grupos, sempre acompanhada de debates. Os feedbacks, coletados e analisados, permitiram delinear melhor os passos necessários para cada fase posterior da produção. Dessa maneira, segundo o diretor, "o processo de elaboração e montagem do filme mostrou-se mais vivo e abrangente. Não menos importante, o processo contribuiu também para desmistificar a arte de fazer cinema e instigar o espectador a valorizar e promover sua própria história”. Campinas, Janeiro de 2017

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