Expedições fotográficas

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EXPEDIÇÕES FOTOGRÁFICAS, NARRATIVAS VISUAIS E FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ENTRE RACIONALISMOS E SENSIBILIDADES Luiz Afonso Vaz de Figueiredo (lafonso.figueiredo@gmail.com) Prof. Mestre de Educação Ambiental e Práticas Interdisciplinares e coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Linguagem Audiovisual (FÓTON) do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA). Doutorando em Geografia (DG-USP). Membro do GESMAR e Redes de Educação Ambiental (REBEA, REPEA e RUPEA). A realização de expedições fotográficas como instrumento mobilizador social aparece em atividades como “Revele o Tietê que Você Vê” (União de Fotógrafos de São Paulo, 1991), entre outros, demonstrando a capacidade desse tipo de estratégia para a discussão e reflexão de questões ambientais, tendo como foco principal a produção de imagens e sua difusão. A produção e leitura das imagens ainda estão ancoradas no racionalismo técnico-científico, existindo uma ampla massificação e automatização dos equipamentos, que se de um lado facilitam os processos de captação da imagem, no entanto, ainda são insatisfatórios os aspectos ligados à sensibilidade e criatividade na produção fotográfica. O estudo das narrativas visuais, no sentido de contar ou descobrir a partir da relação imagem/paisagem, tem se mostrado bastante afinado com propostas pedagógicas de formação de agentes de educação ambiental, tendo em vista que estimula os participantes a ver as imagens não só como documentos e registros, mas como material estimulador, carregado de subjetividades. Além disso, essa prática está afinada com as diretrizes de Educação Ambiental (PIEA, 1975): conscientização, conhecimento, atitude, habilidade e participação. O objetivo do presente trabalho foi resgatar a trajetória de ações mobilizadoras, tendo como destaque a realização de expedições e oficinas fotográficas na perspectiva formativa, tendo como base de análise a própria experiência do FÓTON. Buscaram-se alguns elementos teóricos na abordagem multirreferencial, explorando aspectos da antropologia visual, comunicação, história social, filosofia barthesiana, semiótica, educação ambiental e na própria técnica fotográfica, entre outros. Foram efetivadas algumas vivências sobre o assunto em minicursos, cursos de extensão cultural ou oficinas: Imagem e Paisagem (FSA, 2003), Novos Olhares sobre o Campus (FSA, set. 2006), III EEEA (jul 2007), II ECOUC (nov. 2007). Outro espaço de produção e reflexão foi desenvolvido durante a disciplina Educação Ambiental e Práticas Interdisciplinares (EAPI, jun. 2008) na formação de licenciados em Ciências Biológicas, contando com a participação de alunos da disciplina Ecoturismo e colaboradores, na Expedição Fotográfica “De Olho nos Mananciais” (ISA/Estúdio Madalena). Os conceitos e estratégias foram aprofundados com uma turma do curso de especialização em Educação Ambiental e Recursos Hídricos (CRHEA-USP, jul. 2008) na disciplina Poéticas das Imagens: Narrativas Visuais em Educação Ambiental. As atividades envolveram em torno de 220 participantes, em situações diferenciadas. Destacaram-se no foco das atividades a ampliação das possibilidades de utilização de equipamentos para a realização de fotografias, o estímulo à sensibilidade poética da imagem e análise das imagens produzidas de forma técnica e seus aspectos simbólicos, aumentando a capacidade de interpretação da linguagem fotográfica. Essas estratégias propiciaram momentos de intensa participação, destacando-se aspectos artísticos, estéticos, lúdicos, interativos e técnicos. Deve-se, ainda, ressaltar que esse tipo de atividade não é em si mesma suficiente como prática de educação ambiental, sendo necessário estimular os desdobramentos, visando maior engajamento na problemática ambiental, seja do ponto de vista temático ou


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