Parque Urbano Concha Acústica, Niterói, RJ by fschwarc

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Índice Agradecimentos ��4 Introdução ��5 Capítulo 01: Percurso Metodológico ��9 I.Métodos e técnicas...................................................................................................................9 Capítulo 02: Fundamentação Teórica ��12 I.Introdução................................................................................................................................12 2.1.A relação entre o homem e a natureza: princípios e desafios .................................... 12 2.2. Espaços livres urbanos ...................................................................................................... 13 2.3. Áreas verdes públicas ....................................................................................................... 13 2.4. Ecogênese.......................................................................................................................... 15 2.5. Praças e parques............................................................................................................... 15 Capítulo 03: Praças, parques e sociedade ��16 3.1 .Tipologias e histórico das praças e parques no Brasil................................................... 16 Capítulo 04: Um olhar sobre o município de Niterói e sua área central ��20 4.1 Área de Estudo: Um olhar sobre o município de Niterói e sua área central.............. 20 4.2 Atrativos da Cidade........................................................................................................... 21 4.3 As transformações e os projetos para a área central de Niterói: um panorama históri co....................................................................................................................................................... 22 4.4 Legislação da área de estudo......................................................................................... 26 4.5 O projeto “Arboribus”........................................................................................................ 28 Capítulo 5: A relação entre a área de intervenção e a paisagem local ��29 5.1 Diagnóstico do terreno e seu entorno............................................................................. 29 5.2 Análise interna do Terreno................................................................................................. 34 Capítulo 6 : O projeto do parque urbano Concha Acústica ��37 6.1 O projeto do Parque.......................................................................................................... 37 6.2 Referências projetuais de parques e praças no Brasil e no mundo............................ 38 6.3 O processo de criação do projeto.................................................................................. 39 Considerações finais.........................................................................................................................56 Bibliografia ��56 Sites ��57 Anexos ��58

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“Tant de forêts.. Tant de forêts arrachées à la terre et massacrées

Agradecimentos Obrigada destino, por me fazer escolher um novo caminho, um caminho diferente, com muitas dúvidas e receios, mas um caminho que me propiciou novos conhecimentos e muitas amizades incríveis.

rotativées

Obrigada mãe, por cuidar de mim do seu jeito especial, sempre demonstrando muito carinho, muita sabedoria e me mostrando que tudo na vida é uma questão de ponto de vista.

Tant de forrêts sacrifiées pour la pâte à papier

Obrigada pai, por estar sempre presente em todos os momentos, por me auxiliar nas decisões sempre com muita sensatez, clareza e inteligência.

achevées

des milliards de journaux attirant annuellement l’attention des lecteurs sur les dangers du déboisement des bois et des forêts.” Jacques Prévert Tantas Florestas.. “Tantas florestas arrancadas da terra e massacradas arrasadas rotativadas Tantas florestas sacrificadas para virar pasta de papel milhares de jornais chamando anualmente a atenção dos leitores para os perigos do desmatamento dos bosques e das florestas.”

Obrigada irmãos, que sempre acreditaram na minha capacidade de criar e solucionar problemas, e me mostrar todos os dias que a leveza na vida é essencial para a felicidade. Obrigada meu amor, Fernando Soares Alves. Meu companheiro de todas as aventuras, que me ajudou em todos os momentos de crises e incertezas com palavras muito sábias e com muitas risadas. Que esteve sempre ao meu lado, durante todos esses anos me apoiando e acreditando em mim. Você me fez crescer como jamais imaginei. Obrigada aos amigos maravilhosos que fiz na UFF que me ajudaram diversas vezes nos desafios desse longo e cansativo percurso. Othávio Vieira, Sylvia Cordeiro, Raisa Barros, Romário dos Anjos, Ana Clara Vargas, Daniel Vilhena, Natan Oliveira, e muitos outros. Vocês fazem parte de cada pedacinho dessa trajetória. Obrigada a todos que estiveram presente nos meus momentos de dúvidas, de ansiedades, de revolta, de loucuras, de felicidade e de resoluções. Obrigada Márcia Vaz, minha querida e eterna “chefinha”. Você me ensinou o que é ser um profissional de verdade. Obrigada a todos os meus amigos, de todas as épocas, sem vocês eu não seria o que sou hoje. Obrigada a minha querida orientadora, Anna Rachel. Você foi uma maravilhosa descoberta no final desse ciclo. Sem seus conselhos, seus muitos conhecimentos não seria possíveis realizar esse trabalho. Obrigada.

Jacques Prévert

Introdução |5

O presente Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de Arquitetura e Urbanismo aborda a elaboração de um parque para a área central de Niterói. A aproximação com o tema em desenvolvimento se deu a partir de um questionamento pessoal constante ao andar pela cidade e não identificar qualidade nas áreas verdes públicas que poderiam ser usadas no cotidiano dos cidadãos proporcionando lazer e novas dinâmicas no uso da cidade. Neste sentido, a escolha por desenvolver um projeto paisagístico de parque como Trabalho de Conclusão de curso visa aprofundar a discussão em torno dos espaços livres públicos de lazer com foco na paisagem urbana, na dinâmica social que o parque proporciona, suas conexões com o entorno e a vegetação local de modo a tornar o ambiente em um lugar agradável ao uso de todos. A relevância do tema se harmoniza com as atuais discussões em torno de questões tais como sustentabilidade, paisagismo em macro escala, qualidade de vida em meio urbano, lazer, usos e apropriação dos espaços da cidade pelas pessoas e das interações entre as mesmas e a natureza. Neste sentido, o trabalho fundamenta-se também na importância dos espaços livres, como tão bem debate Rosa Kliass e Miranda Magnoli (2006, p. 247).

“Além de simples e indispensável elemento de regularização do grau higrométrico da atmosfera, eliminação de toxinas, equilíbrio de camadas de ar poluído, de abertura de áreas de luz e sol, os espaços livres têm significado muito maior: é um bem público onde, além de promover-se o reencontro do homem com a natureza, desenvolvem-se as atividades urbanas, com seus ritmos, em todas as escalas, desde a ida diária ao trabalho, à escola, às compras, o passeio domingueiro até a percepção da mudança das estações do ano”1.

O trabalho consiste em desenvolver um parque urbano na área central que objetive proporcionar à população de Niterói uma nova forma de usufruir a cidade e se relacionar com o espaço público criando conexões entre a cidade, as pessoas, os equipamentos existentes no entorno do parque e a natureza. O centro de Niterói é uma área muito importante da cidade. Configura-se como o inicio de sua urbanização com traçado tradicional e ortogonal, lotes estreitos e profundos e construções típicas do século XIX2 . 1 KLIASS, Rosa Grena, MAGNOLI, Miranda Martinelli. Áreas verdes de recreação. In: Paisagem Ambiente: ensaios, São Paulo, n. 21, p. 245 - 256, 2006. 2 Programa viva centro diagnóstico e propostas para o projeFigura 01 - Proximidade entre o centro do Rio de Janeiro e o centro de Niterói. Fonte: Google Maps

Introdução

Hoje em dia o centro comporta diversas atividades de relevância para a cidade, coexistindo Lojas, restaurantes, empresas, residências e outros diversos tipos de comércios que ajudam a movimentar as ruas da área, intensificando o fluxo de pedestres. Além dessas características, a área desempenha importante papel de fluxo e conexão em macro escala. Possui forte ligação com o Rio de Janeiro por meio da existência da estação das Barcas S.A. que representa uma conexão direta com a capital do estado. Outra importante conexão se dá com a região metropolitana por meio da existência do Terminal Rodoviário Presidente João Goulart. Muitos dos usuários da região passam pelas vias e calçadas da cidade sem ao menos observar que a área é bastante arborizada, possui diversos canteiros com vegetações e que em alguns quarteirões nos quais acontecem as atividades cotidianas podemos encontrar praças com diversos jardins e numerosas árvores. Tais áreas verdes “(...) são consideradas um indicador na avaliação da qualidade ambiental urbana e também obrigatórias por lei.”3 (LIMA e AMORIM, 2006, p. 70) Por ser um lugar de intenso fluxo de pedestres e veícuto de reabilitação do centro de Niterói.Pág 23. 3 LIMA, Valéria, AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade. A importância das áreas verdes para a qualidade ambiental das cidades. Revista Formação, Presidente Prudente, n. 13, p 139 165, 2006.

FIgura 2 - Aproximação da localização do terreno no bairro de São Domingos, Niteroi. Fonte: Base do mapa google maps e produção gráfica própria.

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los, o centro se mostra como um lugar de grande potencial para além do uso comercial e de serviços. A possibilidade de criação de uma área pública de lazer com intensa vegetação e equipamentos pode trazer à superfície um grande potencial para intensificação de uso da área para o lazer democrático, ecológico e cultural. Contrário ao fato do Centro e São Domingos possuírem diversas áreas verdes e praças (Figura 03), não é proposta pela prefeitura uma demarcação em análises e legislações com indicação de área de preservação ambiental nem de interesse ambiental como mostram os mapas disponibilizados pela Secretaria de Urbanismo de Niterói (Ver figuras ao lado):

Figura 4 - Mapa de áreas especiais de interesse ambiental de Niterói. Fonte: Site da secretaria de urbanismo de Niterói. (http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/biblioteca)

Figura 3 - Mapa com análise de áreas verdes no centro de Niterói. Fonte: Produção Pessoal

Todavia, a partir de uma análise por meio de ortofotos, destaca-se a existência de áreas verdes e livres que configura a região do centro e São Domingos: Decorrente de diversas discussões, visitas externas, análises in loco, visualização de mapas digitais e análise do entorno do centro, foi escolhido como objeto de estudo uma área que pudesse contribuir para o centro da cidade e ao mesmo tempo outros bairros ao seu redor. A escolha foi influenciada pela morfologia da área, seu envoltório, sua posição geográfica e seu grande potencial de uso como parque: terreno onde se situa a conhecida “Concha acústica” de Niterói. Figura 5 - Mapa de áreas de preservação permanente de Niterói. Fonte: Site da secretaria de urbanismo de Niterói. (http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/biblioteca)

Introdução |7 A atual área que abriga a concha acústica permanece aberta ao público de segunda à segunda das 7:30h às 22:00h. Os acessos se dão somente por duas entradas que ficam abertas apesar de no seu perímetro existirem diversos portões que permanecem trancados. As atividades mais comuns no local são relacionadas aos esportes, passeios com cães, treinos de futebol, tênis, basquete. Algumas dessas atividades esportivas acontecem principalmente nos horários noturnos. O local está situado próximo a áreas residenciais e comerciais e possui uma área de 28.927m². Encontra-se delimitado por duas vias (Avenida Visconde do Rio Branco que se bifurca em duas quando chega no inicio do terreno da concha acústica) de grande fluxo de carros e ônibus, o que dificulta o acesso de pedestres ao local. De alguma forma, essas vias criam barreiras em relação à acessibilidade. Além de grande fluxo não há sinalização necessária para o cruzamento das vias, bem como falta de acessos ao parque posicionados em lugares estratégicos (sinais de tráfego, posto de gasolina, pontos de ônibus etc.)

Segundo as delimitações do PUR das Praias da Baía, o terreno está caracterizado como pertencente ao Caminho Niemeyer, porém a destinação do local ainda permanece incerta, prejudicando e dificultando sua visibilidade de conexão com os equipamentos culturais e turísticos desse conhecido projeto de orla. O projeto de um parque na área da concha acústica poderia responder às demandas e expectativas de integração e valorização da área e seu entorno, além de se apresentar como novo equipamento integrante da rede de sistemas livres no centro da cidade de Niterói, acompanhando as obras mais recentes do Caminho Niemeyer. Assim, apesar da existência de espaços livres e áreas verdes na área central e, até mesmo, do uso e apropriação do atual espaço denominado “Concha Acústica”, nota-se que o local possui um grande potencial para ser utilizado como um parque de lazer para diversas faixas etárias que circundam a área. Segundo Kliass (1993, p.19) “os parques urbanos são espaços públicos com dimensões significativas e predominância de elementos naturais, principalmente cobertura vegetal, destinado à recreação”5 .

Dessa forma, a justificativa para realização de um parque seria responder ao desejo de dotar a cidade de mais espaços públicos de lazer com qualidade e gerar um lugar de encontro e de valorização da paisagem que a cidade tem a oferecer.

Figura 6 - Bairros próximos da região do Centro e área do projeto. Fonte: Mapa retirado do site da prefeitura e produção gráfica própria.

A concha acústica fica localizada na Avenida Visconde do Rio Branco, estrategicamente posicionada entre o centro da cidade, o bairro de São Domingos, os campi universitários do Valonguinho e Gragoatá (UFF) e em frente à empresa ENEL (antiga AMPLA). Recentemente, o centro cultural que comporta um museu e um cinema chamado “Reserva Cultural” foi inaugurado ao lado do terreno da concha. A obra, integrante do “Caminho Niemeyer”, agrega à área mais um equipamento de importância significativa4. 4

Reportagem: Jornal O Fluminense, em 23/08/2016. (http://

FIgura 7 - Plano da área de especial interesse turístico e caminho Niemeyer. Fonte: Plano Urbanístico da Região das praias da Baía. Disponível em: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/wp-content/uploads/2014/12/NOVO-PB.

www.ofluminense.com.br/pt-br/cidades/novo-complexo-de-cinemas-de-niterói-será-inaugurado-nesta-quarta-feira). Acessado em 24/09/2016

Como objetivo geral do trabalho busca-se, portanto, desenvolver o projeto paisagístico de um parque no espaço da Concha Acústica em Niterói a fim de promover a requalificação da paisagem local por meio da criação de um espaço de lazer e convivência no centro da cidade além de propor novas áreas vegetadas e arborizadas no meio urbano. Apontam-se, também, como 5 KLIASS, Rosa Grena. Os Parques Urbanos de São Paulo. São Paulo: Pini, 1993.

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objetivos específicos: • Estudar as tipologias de praças, parques e espaços verdes recreativos, com foco em áreas livres dos centros das cidades, para observar questões formais, paisagísticas e urbanísticas, bem como, refletir sobre a importância da paisagem para o planejamento urbano; • Analisar a disposição da rede estrutural do centro de Niterói em relação aos espaços verdes, aos equipamentos de centralidade, aos espaços culturais e a rede viária, a fim de articular a proposta a esses elementos. • Identificar aspectos históricos, urbanísticos, ambientais e morfológicos da área de estudo, a fim de identificar as potencialidades da área e entender os vínculos existentes entre a área de intervenção e os usuários locais. • Analisar as condicionantes projetuais, urbanísticas e ambientais para realização do parque na área central da cidade; O trabalho está estruturado em capítulos e será desenvolvido da seguinte forma: Capítulo 01 que aborda os caminhos metodológicos da pesquisa e o Método em Projetos de Paisagismo; Capítulo 02 que traz a base da fundamentação teórica do trabalho abarcando categorias de análise como a relação do homem com a natureza, os espaços livres, áreas verdes, ecogênese e parques e praças; o Capitulo 03 destaca um histórico panorâmico sobre a constituição e importância das praças e parques no Brasil; Capitulo 04 analisa os projetos desenvolvidos para area central da cidade desde o aterro no praia grande aos dias de hoje; Capítulo 05 que realiza um completo diagnóstico do local com mapas, análises in loco, fotografias e entrevistas com usuários do parque e finalmente Capitulo 06 que aborda todas as etapas de projeto iniciando nos croquis, analises de entorno, desenvolvimento de fluxos e programas de necessiades, passando por problemáticas projetuais de entorno, até as definições de vegetação, arborização e desenhos técnicos com especificações de materiais.

Capítulo 01 |9

Capítulo 01: Percurso Metodológico I.Métodos e técnicas Primeiramente, por se tratar da elaboração de um projeto paisagístico, é necessário realizar o Referencial Formal para a elaboração da proposta, que consiste no estudo de experiências locais, nacionais e internacionais com a mesma temática, a fim de orientar o processo projetual e identificar soluções a problemas em comum. Dessa forma, o primeiro objetivo traçado foi o de estudar as tipologias de parques e espaços verdes recreativos, com foco em áreas centrais, para observar questões formais, paisagísticas e urbanísticas. Estes “fragmentos” da Natureza são tratados neste trabalho a partir da análise de sua composição de planos (piso, parede e teto), os diversos tipos de vegetações e suas funções e como fundamenta Benedito Abbud (2006), bem como, trazer à discussão das bases para o emprego da vegetação em projetos. Será analisado também o entorno do terreno, suas vias, suas imediações e seus acessos permitindo uma compreensão das barreiras visuais, físicas e psicológicas que o local representa aos usuários do bairro. Segundo Sun Alex (2011), as praças e parques podem representar rupturas estéticas com os traçados das cidades e esses ambientes urbanos podem caracterizar integração ou exclusão das pessoas dependendo de como são projetadas. Para ele, a palavra “público” indica locais abertos e acessíveis a todas as pessoas. Portanto o uso ou não de barreiras na elaboração do projeto será abordado de modo a permitir a integração Cidada x Homem. O projeto do parque na área central e às margens da baía de Guanabara direciona os caminhos da proposta em duas categorias de análise: sua relação com o espaço intra-urbano (escala local) e sua possível relação com a escala metropolitana (dada a proximidade com terminais de transporte público, por exemplo).

A escala local foi estudada por meio da disposição de sua rede estrutural, em particular a rede viária, a frente de baía, a rede de espaços livres e/ou verdes e sua relação com a área de intervenção e a rede de equipamentos centrais. Foi também analisada a influência dessas centralidades na zona de intervenção do projeto, a fim entender o cenário no qual a proposta será inserida e poder articulá-la a esses elementos. Para atender à análise da escala local (como objetivo de análise para elaboração de projetos), traçou-se como objetivo o estudo morfológico, o levantamento dos aspectos históricos e econômicos, além de levantamentos ambientais e urbanísticos (uso do solo, morfologia, gabarito, cheios e vazios, etc) da área de intervenção, elementos que vão ajudar a conduzir a proposta do parque de forma crítica aproximando-se de suas necessidades e potencialidades. Por fim, como último objetivo específico para formulação da proposta, estabeleceu-se o estudo das condicionantes projetuais e paisagísticas para a realização de um programa de necessidades e do anteprojeto de um parque, etapa fundamental para elaboração de qualquer projeto. Assim, são analisadas as legislações e possíveis restrições legais estabelecidas para o ordenamento urbano e ambiental, como o Plano Diretor de Niterói por exemplo.

envolve em seu desenvolvimento todos os sentidos do homem. Quanto mais sentidos a paisagem e seus elementos conseguem acentuar, mais interessante e mais diversificado é o projeto (ABBUD, 2010, p.01)6. Relativo aos sentidos físicos e psicológicos do projeto, os físicos são os primeiros a serem percebidos pelos usuários do espaço projetado. A visão, o tato, o paladar, o olfato e a audição são os sentidos que são estimulados por projetos que envolvem paisagem e vegetações. Há que se considerar também que concomitante às percepções, os projetos paisagísticos também possuem seu tempo próprio e isso se materializa principalmente com as transformações ocorridas através das estações do ano. Além das sensações, o espaço onde se dá o projeto é dotado de elementos que condicionam as decisões projetuais a serem tomadas. O ar, a água, a fauna, a flora e o clima são elementos necessários para a existência e a manutenção do espaço projetado. Nesse sentido, as formas definidas para canteiros e caminhos precisam ser pensadas de maneira que permita a fluidez dos elementos naturais da paisagem. (...) as formas espaciais são fluidas, livres e instáveis, como uma bolha de ar que se expande com desenho caprichoso e imprevisível e se relaciona com uma bolha de ar maior, que é a abobada celeste, o teto mais alto de todas as paisagens. (ABBUD, 2010, p.19)7.

1.1.

Método em Projetos de paisagismo

Ao projetar áreas públicas urbanas é importante entender que existem diversos fatores (externos) que se relacionam com a vida dos moradores das cidades. A interligação entre a cidade, o espaço a ser projetado, a vegetação e as pessoas que interagem diretamente com a área devem ser levados em consideração e bem estudados para a elaboração de um espaço democrático, acessível, funcional, e esteticamente agradável para os usuários. O projeto de um parque com foco no paisagismo

É importante entender que a arquitetura paisagística trata dos espaços e que seu foco, contrário à arquitetura volumétrica que conhecemos, é dialogar com os vazios. Isso significa que é importante pensar nos cheios (volumes, planos etc) e no papel que eles fazem gerando os vazios, que são os resultados entre os volumes. O que interessa realmente à paisagem são as áreas criadas pelos volumes de vegetação e os espaços livres que são 6 ABBUD, Benedito. Criando paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: SENAC, 2010. 7 ABBUD, Benedito. Criando paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: SENAC, 2010.

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usados pelas pessoas. A paisagem pode ser composta por copas das árvores que representam o teto, os arbustos, as paredes e as forrações que concebem caminhos e piso. Todos esses planos e espaços quando inseridos em áreas públicas de lazer estão interligados com o usuário. A percepção desses ambientes projetados para o lazer e a contemplação devem criar sensações de relaxamento, felicidade e satisfação ao homem. Ao se trabalhar a natureza em áreas urbanas podese atender e melhorar a vida das pessoas, criando ambientes bonitos e agradáveis ao uso, com respeito aos ecossistemas preexistentes. Nas cidades brasileiras, a vegetação poderia ser bem mais utilizada para corrigir e melhorar as proporções e escalas - frequentemente desumanas - dos espaços urbanos, em geral formados por massas de construções descontínuas, enorme quantidade de postes, muros, semáforos, fiações, outdoors e tanta poluição visual (ABBUD, 2010, p.27)8.

Hoje em dia, mais do que nunca, o homem que habita a cidade precisa de áreas verdes - parques e praças urbanas - para reconectar suas vidas, equilibrar o cotidiano cansativo e estressante com a ajuda da natureza. As áreas públicas urbanas são espaços utilizados por pessoas que interagem o tempo todo com a cidade, entre si, com a natureza e com edificações que as compõem Hoje, com o ritmo de vida mais acelerado e o confinamento doméstico causado pela insegurança das ruas, o paisagismo traz a natureza para perto das pessoas. Nas áreas tratadas paisagisticamente, as crianças e os adolescentes podem crescer, brincar, correr e descobrir as plantas. Nelas os adultos e idosos 8 ABBUD, Benedito. Criando paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: SENAC, 2010.

podem relaxar e recarregar suas baterias para enfrentar o dia a dia das grandes cidades (ABBUD, 2010, p.33)9.

Por isso, tratando-se de conceito, o cuidado ao desenvolver um parque urbano tem relação direta com a significância do local para as pessoas. Um espaço democrático e acessível a todos. Esses espaços livres de barreiras (tanto sociais quanto físicas) afetam e transformam diretamente o convívio social dos cidadãos. O autor Sun Alex discute a relação de convívio e exclusão dos espaços de caráter público: “A análise da integração da praça com o entorno e de sua articulação com o tecido urbano recorre tanto a mudanças de escalas, inerentes à natureza da praça, que se deve integrar à rua e à arquitetura, quanto à pratica do paisagismo, incorporando a arquitetura e o terreno ao conjunto da paisagem”(ALEX, 2011,p.19) . 10

espaços que serão pouco utilizados. (...) e o sucesso dos parques urbanos como modelos da vida e da arte cívica têm empobrecido a prática do paisagismo público por causa da sua desvinculação dos domínios públicos mais amplos” (ALEX, 2011,p.22)11.

Os parques urbanos devem estar inseridos nas áreas habitadas e densas da cidade, para dessa forma desempenharem seu papel importante de conexão com a natureza e as vantagens climáticas e ambientais que eles desempenham. Estar inserido significa ter um “uso” importante para o cotidiano das pessoas. Um parque que não tem usuários é um parque solitário, que não cumpre sua função social de integrar o lazer, a sociedade e a cidade. (...)além de contemplar as atividades recreativas de uma sociedade pluralista, os grandes parques devem desempenhar funções ambientais, como reciclagem de de-

Projetar uma praça ou um parque é articular o terreno ao seu entorno, aos seus sistemas viários (vias), às calçadas que permitem fluxos dos pedestres, aos cruzamentos que criam barreiras aos caminhos da cidade e relacionar tudo isso ao usuário do local. Todas essas etapas de grande importância ao projeto não podem deixar de serem desenvolvidas em detrimento aos detalhes técnicos, definições arquitetônicos e as escolhas das vegetações. Essas etapas não menos importantes são correlacionadas às diretrizes projetuais de criação do espaço público e acessível.

jetos, reflorestamento urbano e controle de microclima, sendo também jardins comunitários” (ALEX, 2011,p.22)12.

A seguir, tem-se um quadro resumo dos métodos e técnicas utilizados e aplicados neste trabalho:

Outro questionamento ao desenvolver um projeto de espaços públicos é a sua inserção na malha urbana onde acontece a vida social. Locar espaços públicos fora das áreas acessíveis e densas da cidade é projetar 9 ABBUD, Benedito. Criando paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: SENAC, 2010. 10 ALEX, Sun. Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: SENAC, 2011.

11 ALEX, Sun. Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: SENAC, 2011. 12 ALEX, Sun. Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: SENAC, 2011.

CapĂtulo 01 |11

Tabela 01 - Tabela de Metodologia.

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Capítulo 02: Fundamentação Teórica II.Introdução

(...) a natureza na cidade é muito mais do que árvores e jardins, e ervas nas frestas das calçadas e nos terrenos baldios. É o ar que respiramos, o solo que pisamos, a água que

O trabalho fundamenta-se conceitualmente em diversos autores tais como Benedito Abbud, Rosa Kliass, Marina Magnoli, Sun Alex, Fernando Chacel, Anne Spirn, entre outros, que são abordados de diversas perspectivas ao longo do desenvolvimento do mesmo. São abordadas questões como áreas públicas de lazer, espaços verdes, sustentabilidade em paisagismo, qualidade de vida nas cidades atuais, uso de vegetações nativas entre outras temáticas que ajudem na percepção e criação de um projeto sólido e de qualidade.

bebemos e expelimos e os organismos com os quais dividimos nosso habitat.13 ( SPIRN, 1995, p.20).

O homem contemporâneo precisa entender que não existe separação de cidade e natureza. Os dois devem existir e coexistir em harmonia e equilíbrio para que o desenvolvimento do mundo possa ser mais sustentável. (...) a crença de que a cidade é uma entidade separada da natureza, e até contrária a ela, dominou a maneira como a cidade é

2.1. A relação entre homem e natureza: princípios e desafios A relação da natureza com o homem começa com o início da humanidade. Os primeiros homens que habitavam a terra sabiam que a vida deles dependia da natureza. Era dela que se obtinha comida, proteção, vestimentas, cura de doenças e habitação. Até o século XVIII, antes da revolução industrial, o homem ainda possuía uma grande conexão com a natureza, ele sabia que era dela que vinha tudo o que ele precisava para viver. Com o passar dos séculos, e com a evolução das tecnologias industriais o homem começa a se distanciar da natureza, desconsiderando toda a sua dependência inquestionável dos insumos necessários para a sobrevivência. As cidades começaram a crescer e mais uma vez, a natureza foi deixada de lado, devastada e muitas vezes eliminada completamente para criação de novas ruas, casas, edifícios, etc. Esse distanciamento, de certa forma, fez com que o homem esquecesse que a natureza deveria ser levada em consideração para o bem estar do homem moderno e que “a cidade é parte da natureza.”

percebida e continua a afetar o modo como é construída.14 (SPIRN, 1995, p.21).

As consequências do esquecimento da inclusão da natureza e de vegetações nas cidades são problemas que afetam todo o mundo diariamente. No Sudeste do Brasil, por exemplo, algumas das consequências que nos afetam são as chuvas excessivas que não são absorvidas pelo solo impermeabilizado e pela ocorrência de muito calor no verão. As coberturas vegetais exercem importantes papéis no equilíbrio da temperatura e da umidade nas cidades. As massas vegetais absorvem o calor dos raios solares, por isso onde existem muitas árvores e vegetação o clima é mais agradável e a temperatura mais baixa. As cidades brasileiras que possuem pouca presença de vegetação tendem a ser mais quentes, pois suas áreas abertas (ruas, terrenos etc) absorvem mais calor do que áreas arborizadas. Além da temperatura, as árvores e vegetações liberam a umidade no ar por meio da evapotranspiração, permitindo que a temperatura local fique 13 Spirn, Anne Whiston – O jardim de Granito: A Natureza no desenho da Cidade. São Paulo: EDUSP, 1995. 14 Spirn, Anne Whiston – O jardim de Granito: A Natureza no desenho da Cidade. São Paulo: EDUSP, 1995.

mais constante. Assim, “Compreender a influência da vegetação no clima significa entender a importância que as florestas possuem na preservação do equilíbrio ambiental. A remoção da cobertura vegetal pode provocar diretas alterações no clima.“15(PENA, ano).

Uma diminuição ou possível desaparecimento das árvores em ambiente urbano acarretaria: “cidades mais secas, mais quentes, menos atrativas, com enchentes mais devastadoras, mais erosão e pior qualidade de água”16 (SPIRN, 1995, p.189). O homem contemporâneo precisa entender que ao ignorar as árvores e as vegetações na paisagem urbana ele abre mão de diversas melhorias do clima e do bem estar social. O custo desses esquecimentos são diretamente relacionados ao clima urbano. A escassez de verde nas cidades desencadeia maior demanda de energia para refrescar as casas e edifícios, crescente poluição atmosférica, enchentes e desmoronamentos, poluição das águas e a depreciação da paisagem como um todo. As áreas verdes e parques são lugares que proporcionam diversas funções para as cidades. Contribuem para a sustentabilidade urbana; proporcionam ambiente agradável para a população; são potenciais locais de lazer e de interação entre os cidadãos; trazem benefícios para a saúde e bem estar das pessoas além de proporcionarem a troca e a interação entre o homem e a natureza. Segundo Anne Spirn (1995, p. 225), (...) a utilização de plantas e árvores que criem microclimas desejáveis, que filtrem os poluentes, que estabilizem as encostas e os so15 PENA, Rodolfo F. Alves. A influência da vegetação sobre o clima (site: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/a-influencia-vegetacao-sobre-clima.htm) 16 Spirn, Anne Whiston – O jardim de Granito: A Natureza no desenho da Cidade. São Paulo: EDUSP, 1995.

Capítulo 02 |13 los sujeitos a erosão, absorvam as águas das cheias, filtrem poluentes das águas e forneçam abrigo e alimentação para vida selvagem são ideias para o desenvolvimento de um projeto paisagístico que promove a sustentabilidade do projeto em si e do local onde será implantado.”17

Parte-se, pois, da definição do objeto de estudo como um espaço livre a receber tratamento paisagístico. Segundo Miranda Magnoli (2006), os espaços livres são aqueles “livres de edificação”18 , ou seja, todos os espaços descobertos sejam eles urbanos ou não, vegetados ou pavimentados, públicos ou privados, indo além das áreas verdes, dos espaços vegetados, dos espaços públicos.

Os espaços livres urbanos com vegetação são área de extrema importância para a manutenção do clima das cidades. Eles proporcionam às pessoas lugares de lazer, contemplação e contato direto com a natureza. Quando fazem parte do cotidiano dos moradores esses espaços se inserem na vida do bairro de forma natural envolvendo os diversos usos dos espaços com vitalidade.

É importante que os espaços livres urbanos sejam localizados em áreas onde se tem um acesso fácil. Ser acessível e possuir conexões com as vias onde muitos pedestres e passantes utilizam tem um papel fundamental para a importância que a área livre possa vir a exercer para o bairro e para cidade.

“Além de simples e indispensável elemen-

serem apropriados pelo homem (sistema de

to de regularização do grau higrométrico da

parques) fica vinculada às maneiras de aces-

atmosfera, eliminação de toxinas, equilíbrio de

sos disponíveis em cada uma das escalas de

camadas de ar poluído, de abertura de áreas

urbanização, e à frequência dos usuários.22

de luz e sol, os espaços livres têm significado

(MAGNOLI, 2006, p.203)

muito maior: é um bem público onde, além de promover-se o reencontro do homem com a natureza, desenvolvem-se as atividades urba-

Espaços livres urbanos

pras, o passeio domingueiro até a percepção da mudança das estações do ano.” 20(KLIASS e MAGNOLI, 2006, p.247)

Os espaços livres urbanos fazem parte das cidades. Essas áreas são resultado ora de espaços remanescentes das partições do solo que ocorreram no desenvolvimento da cidade, e ora resultado de áreas planejadas para a finalidade de lazer e contemplação dos cidadãos. Mais que lugares de contemplação e atividades de lazer, os espaços livres urbanos são lugares de forte ligação entre a cidade e as pessoas. Eles permitem a conexão direta entre o espaço e o homem:

Apesar do conhecimento de todos os benefícios que esses espaços verdes urbanos podem trazer para a sociedade existem muitas pessoas que acreditam que esses espaços livres destinados ao lazer são lugares inúteis que ocupam grande área que poderia ser usada para outra finalidade. No entanto, não é levado em consideração que o lazer e o bem estar das pessoas fazem parte de uma vida saudável nas cidades. Tais

“O conceito urbanístico de espaço livre

Setores especiais dos espaços livres de

está intimamente ligado à vida das cidades;

edificação são ainda entre nós vistos de ma-

estas são sentidas por suas ruas, praças e par-

neira superficial, como quantidades de solo,

ques, que caracterizam a paisagem urbana.”19

como suporte da flora ou como “pulmões” da

(KLIASS e MAGNOLI, 2006, p.247).

cidade. 21 MAGNOLI, 2006, p.202).

17 Spirn, Anne Whiston – O jardim de Granito: A Natureza no desenho da Cidade. São Paulo: EDUSP, 1995. 18 MAGNOLI, Miranda Martinelli. O parque no desenho urbano. Paisagem Ambiente: Ensaios, São Paulo, n. 21, p. 199 - 214, 2006. 19 KLIASS, Rosa Grena, MAGNOLI, Miranda Martinelli. Áreas verdes de recreação. Paisagem Ambiente: ensaios, São Paulo, n. 21, p. 245 – 256, 2006.

2.3.

Áreas Verdes públicas

nas, com seus ritmos, em todas as escalas, desde a ida diária ao trabalho, à escola, às com-

2.2.

A distribuição de espaços livres para

As áreas verdes são locais de extrema importância para as cidades contemporâneas. Essas áreas permitem que a sociedade entre em contato com a natureza e o meio ambiente. Além dessas vantagens, áreas verdes são agradáveis aos olhos e trazem às cidades pontos de beleza natural e cores. Lugares verdes proporcionam beleza e qualidade de vida para os moradores da cidade. Ambientes com árvores e vegetações são esteticamente mais agradáveis e proporcionam conforto visual aos pedestres. O equilíbrio entre a cidade e o ecossistema é, pois, fundamental para o bem estar do homem. As áreas verdes ajudam a manutenção da qualidade do ar, melhora a temperatura do local e ajuda no equilíbrio da fauna e flora. As áreas verdes assumem um papel muito importante nas cidades no que se refere à qualidade do ambiente, pois servem de equilíbrio entre a vida urbana e o meio am-

20 KLIASS, Rosa Grena, MAGNOLI, Miranda Martinelli. Áreas verdes de recreação. Paisagem Ambiente: ensaios, São Paulo, n. 21 p. 245 – 256, 2006. 21 MAGNOLI, Miranda Martinelli. O parque no desenho urbano. Paisagem Ambiente: Ensaios, n. 21, São Paulo, p. 199 - 214, 2006.

biente quando esses espaços são utilizados e preservados para este fim. Além disso, deveri22 MAGNOLI, Miranda Martinelli. O parque no desenho urbano. Paisagem Ambiente: Ensaios, n. 21, São Paulo, p. 199 - 214, 2006.

14 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

am ser destinadas à recreação e ao lazer da

pluvial seja drenada e purifica o ar.

2.4. Ecogenese

população. (LIMA e AMORIM, 2006, p.70). 23

A ecogênese é um conceito muito atual que começou a ser inserido em projetos de paisagismo no Brasil com o arquiteto/paisagista Roberto Burle Marx e com o botânico Luiz Emygdio de Mello Filho.

Os problemas das cidades atuais são consequências de anos e anos de negligência com o importante papel que a natureza tem no equilíbrio da vida. Temperaturas altas pela falta de vegetação, excesso de pavimentação, enchentes causadas pela falta de drenagem das águas pluviais, deslizamentos de encostas, poluição do ar entre outros problemas conhecidos circundam as cidades. (LIMA e AMORIM, 2006, p.71).

A ecogênese envolve a inclusão de questões sobre as origens das paisagens e das vegetações originais que nelas existiam antes de qualquer modificação feita pelo homem. (...) a ecogênese, então deve ser entendida como uma ação antrópica e parte integrante de uma paisagem cultural que utiliza, para repercussão dos seus componentes bióticos, associações e indivíduos próprios que compunham os ecossistemas originais.24 (CHACEL, 2001, p.23). Figura 9 - Ilustração explicativa sobre a as vantagens de ser ter árvores nas cidades. Fonte: http://arvoresertecnologico.tumblr.com

Segundo Anne Spirn (1995, p. 225), a utilização de plantas e árvores que criem microclimas desejáveis, que estabilizem as encostas e os solos sujeitos à erosão, que absorvam as águas das cheias, filtrem poluentes das águas e forneçam abrigo e alimentação para vida selvagem são ideias para o desenvolvimento de um projeto paisagístico que promova a sustentabilidade do projeto em si e do local onde será implantado. Figura 8 - Ilustração explicativa sobre a as vantagens de ser ter árvores nas cidades.Fonte: http://arvoresertecnologico.tumblr.com

Os parques e áreas verdes ajudam não somente na problemática do lazer e da recreação dos cidadãos, mas também na forma significativa a manter a cidade de forma sustentável. A vegetação nessas áreas ameniza as temperaturas em dias de verão, permite que a água 23 LIMA, Valéria, AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade. A importância das áreas verdes para a qualidade ambiental das cidades. Revista “Formação”, Presidente Prudente, n 13, p. 139 – 165, 2006.

Conceito como o da Ecogênese, desenvolvido e aprimorado pelo arquiteto paisagista Fernando Chacel, muito contribui para uma plena relação entre o homem e a natureza.

Consiste em reconstituir o ecossistema degradado utilizando de estudos e interpretações do maio ambiente através da reintrodução de espécies vegetais originais/ nativas. É um conceito que envolve grande trabalho multidisciplinar e que prima à reconstrução total ou parcial das paisagens originais. Dentre os ganhos com a adoção desta prática está o fato de que a A vegetação, sobretudo a nativa, desempenha varias funções ecológicas e adaptativas, e, principalmente quando em contextos urbanos, também afetivas, culturais e urbanísticas.25 (SCHLEE, 2015, p.27).

24 CHACEL, Fernando Magalhães. Paisagismo e ecogênese. Rio de Janeiro: Fraiha, 2001. 25 SCHLEE, Mônica Bahia. A resiliência da paisagem através da vegetação nativa: conceitos, práticas e desafios. In: BATISTA, Marcia Nogueira, et al. A Vegetação Nativa no planejamento e no projeto paisagístico. Rio de Janeiro: Rio Books, 2015.

Capítulo 02 |15 No Brasil, a maior dificuldade em se usar as plantas nativas está na produção local dos hortos. Poucas foram valorizadas no mercado ao ponto de se tornar rentável sua produção. O mercado não produz o que não é utilizado com frequência e em grande quantidade, dificultando a realização dos projetos que focam na utilização da vegetação local. O cultivo de uma paisagem urbana na-

por edifícios. Espaços

livres

construção:

Con-

stituem-se de espaços urbanos ao ar livre, destinados a todo tipo de utilização que se relacione com caminhadas, descanso, passeios, práticas de esportes e, em geral, a recreação e entretimento em horas de ócio.28 (NUCCI, 1993, p. 29 ).

tiva da região produzirá uma imagem baseada na herança natural própria da cidade e não naquela de algum outro lugar e tempo. 26

2.5.

(SPIRN, 1995, p.207)

Praças e Parques

Praças e parques “são lugares que expressam as necessidades e valores da comunidade”27 (BENCHIMOL e LAMADO-FERREIRA, 2016, p. 294) . Esses espaços criam lugares de interação, convívio e desenvolvem o meio social das pessoas na cidade. Por esses e outros motivos os parques e praças são áreas de extrema necessidade para o ambiente urbano. Como síntese da ideia de parque, adota-se neste trabalho a definição de Parque Urbano contemporâneo como sendo uma área de lazer urbano em que haja interação entre as pessoas, natureza e a cidade, isto é, que existe uma conexão entre o cotidiano dos moradores da cidade com o entorno, e que o parque tenha como umas das suas principais funções suprir a necessidade de contato com a natureza, algo tão indispensável para uma vida saudável e harmoniosa nas áreas urbanizadas.

Os parques urbanos públicos permitem que a população use a cidade de forma democrática. Integram diversos estratos da sociedade permitindo a interação entre as pessoas e a natureza. O uso de vegetação nessas áreas cria ambiências de apreciação estética e gera aprendizados de diversos níveis de conhecimento. Ao apreciar uma árvore, uma flor, as pessoas buscam saber mais sobre esse elemento, produzindo, dessa forma, uma nova prática de aprendizado e uma nova maneira de lazer. Áreas verdes: São um tipo especial de espaços livres onde o elemento fundamental de composição é a vegetação. Elas devem satisfazer três objetivos principais: Ecologico-ambiental, estético e de lazer. Vegetação e solo permeável (sem laje) devem ocupar, pelo menos 70% da área; Devem servir a população, propiciando um uso e condições para recreação.”29(NUCCI, 1993, p. 30).

O entendimento de parque contemporâneo aqui adotado, portanto, pode ser sintetizado a seguir:

Os Parques urbanos são Parte do Sistema de Espaços Livres de Edificações Aqui entendidos como todo espaço (e luz) nas áreas urbanas e em seu entorno, não coberto

26 Spirn, Anne Whiston – O jardim de Granito: A Natureza no desenho da Cidade. São Paulo: EDUSP, 1995. 27

BENCHIMOL, Juliana Furlaneto, LAMADO-FERREIRA, Ana

Paula do Nascimento. Distribuição de praças públicas na cidade de São Paulo. São Paulo: EDITORA,2016.

28 NUCCI, J. C. Cavalheiro, F. Cobertura Vegetal em áreas urbanas: Conceito e método. São Paulo. GEOUSP, n. 6, p 29-36, 1999. 29 NUCCI, J. C. Cavalheiro, F. Cobertura Vegetal em áreas urbanas: Conceito e método. São Paulo. GEOUSP, n. 6, p 29-36, 1999.

Figura 10 - Esquema de configuração do parque urbano. Fonte: Produção Própria

16 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

Capítulo 03: Praças, parques e sociedade 3.1. no Brasil

Tipologias e histórico das praças e parques

No Brasil, a praça tem seu contexto histórico de criação na cidade colonial (séc XVI). É nesse momento da História que nasce a Praça. Da maneira que surgiam vilas e novas cidades com as doações de sesmarias criavam-se as capelas e instituições de paróquia. Desse sistema de concessões para exploração de terras davam-se os primeiros assentamentos urbanos. “As praças coloniais brasileiras tinham, pois,

plantação central da igreja. Em sua volta as cidades se moldavam. Com esse sistema de crescimento surgiam os primeiros espaços livres nas cidades. Os espaços defronte as igrejas, chamados de “adros”, eram os locais de reunião entre os cidadãos das vilas. Essa configuração de cidade foi herança europeia devido à colonização portuguesa. No entanto as praças na Europa possuíam usos específicos e setorizados, enquanto que no Brasil, uma mesma praça poderia ser usada para diversas atividades (lazer, mercado, caráter político, militar ou religioso). A

A construção do Passeio Público foi motivada pelos acontecimentos na Europa. Novos usos para espaços ao ar livre pela burguesia mercantil, camada social essa que

Figura 13 - Projeto do Mestre Valentim, 1783. Fonte: Robba, Fabio e Silvio

Soares Macedo 2002 - Praças Brasileiras.

precisava de um espaço dentro da própria cidade para exibir suas vidas. No entanto, no Brasil essa classe ainda não existia. O Passeio Público ficou vazio, inseguro e pouco atraente para aplicações de recursos públicos.

Figura 11- Pátio de São Pedro, Recife e arruados laterais. Fonte: A presença dos pátios, largos e adros de igreja na paisagem do grande Recife. Jornal do Commercio, Recife, 28 de out. de 2004, Caderno Turismo e Lazer, p. 2.

como característica formal dominante a presença de um templo em seu entorno” (ROBBA e MACEDO, 2003, p.19). “As praças coloniais brasileiras tinham, pois, como característica formal dominante a presença de um templo em seu entorno”30 (ROBBA, MACEDO, 2002, p.19)

A configuração das cidades (vilas) se dava pela im30

Robba, Fabio e Silvio Soares Macedo 2002 - Praças Brasileiras.

Figura 12 - Pátio de São Pedro, largo e pátio frontais. Fonte: RECIFE, Prefeitura da Cidade do. Novo Pátio de São Pedro, valorização da nossa cultura, respeito pela história do Recife. Recife, 2000, folheto.

praça (o largo, o terreiro ou o rossio) era polivalente, vários extratos sociais usavam esse espaço para diferentes atividades. A praça desde a antiguidade era um local de meditação e contemplação, e permaneceu assim até o século XVIII. A partir de então, surgem na Europa espaços ajardinado destinados ao uso coletivo. No Brasil o Passeio Público surge no fim do século XVIII (1783), na cidade do Rio de Janeiro. Surge dessa forma no Brasil o primeiro espaço de lazer ajardinado para o público, projetada pelo Mestre Valentim.

Figura 14 - Projeto do Glaziou, 1862.Fonte: Robba, Fabio e Silvio Soares Macedo 2002 - Praças Brasileiras.

Capítulo 03 |17 Somente em no final do século XIX começa a surgir essa classe social que anseia pela área pública de lazer, e em 1862 o Passeio Público passa por uma reforma pelo paisagista Auguste François Marie Glaziou. Nesse momento ocorre também o embelezamento das cidades. Vias arborizadas e ajardinadas, abertura dos jardins botânicos para a população, antes abertos somente para pesquisas e fins acadêmicos. As edificações

o discurso de modernização, embelezamento e melhorias para cidade. Novas ruas e avenidas foram criadas e alargadas para a passagem da modernidade. Tudo com a dominação cultural europeia. Surge no Rio de Janeiro a Praça Paris, com influência dos jardins clássicos frances-

das mais pobres da população da área central do Rio de Janeiro, iniciando dessa forma o processo do nascimento das favelas na cidade. É nesse momento que nasce a nova tipologia de espaço livre urbano de lazer: A praça ajardinada. Nessa tipologia cria-se a união da praça com seus usos e o jardim. Um novo conceito de função para a praça tradicional. O mercado agora acontece em novas edificações e as demonstrações militares nos bulevares e avenidas. A praça passa a ser um belo cenário com jardins criados para a recreação e lazer contemplativo da população. No entanto, diferentemente da praça da cidade colonial, para frequentar a praça da cidade republicana eram necessárias algumas normas de condutas e comportamento. A praça ajardinada era agora um local para a elite brasileira.

Figura 16 - Praça Paris nos dias de hoje. Fonte: http://www.vivapicnic.com. br/secret-spots-conheca-praca-paris/

Um espaço inteiramente projetado, diferente da

es. Figura 15 - Praça Paris inicio do século XX. Site: http://heloisahmeirelles. blogspot.com.br/2012/10/velhas-e-belas-paisagens-do-rio-nas.html Fonte: Biblioteca Pública do Rio de Janeiro

Com os impulsos das políticas sanitaristas, as reformas urbanas foram justificativas para remover as cama-

começam a se deslocar para o centro dos lotes (as casas eram sempre coladas nas divisas e possuíam apenas quintais para cultivo de alguns alimentos), permitindo dessa maneira uma área livre para o cultivo de plantas e árvores: forma-se uma nova cultura de jardim particular. A praça ajardinada no Brasil tem suas influências culturais enraizadas na frança e na Inglaterra (influências de Haussmann em Paris e cidades-jardim de Ebenezer Howard, Londres). Com as transformações econômicas no Brasil, a transição de cidade colonial para cidade republicana e moderna era inevitável, por isso no inicio do séc. XIX surgem novas campanhas de modernização, salubridade e embelezamento das cidades. A república passa pela mais radical das reformas com o engenheiro e urbanista Pereira Passos. As demolições e remoções foram inúmeras pela cidade, todas elas com

Figura 18 - Praça Frei Caetano Brandão, Vila Velha, Belém. Fonte: http:// www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=595606

praça colonial que era resíduo das construções em seu entorno: “A cidade colonial tinha suas praças configuradas pelas edificações do entorno, Figura 17 - Praça Frei Caetano Brandão, Vila Velha, Belém. Fonte: Robba,

Fabio e Silvio Soares Macedo 2002 - Praças Brasileiras.

e, sem elas, a praça perderia seu significado. Na cidade ou bairro planejado, no entanto, o traçado viário e o arruamento predetermi-

18 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

O lazer teve sua importância representada pelos espaços livres públicos já que as praças ecléticas não cumpriam as várias demandas do lazer moderno. Dessa forma, um novo programa de atividades deveria ser implantado nessa nova tipologia de praça. Diversos paisagistas (e entre eles o modernista Burle Marx) começam a mudar a concepção do projeto da praça e o lazer ativo entra consolida-se como uma das principais atividades.

navam a localização da chamada praça...”31 (ROBBA, MACEDO, 2002, p. 34)

A praça ajardinada passa a ser um símbolo padrão da modernidade urbana e junto a ela, os projetistas dessa nova tipologia de lazer urbana. Contudo apenas as praças em locais nobres eram reformadas e projetadas nos conformes da época. As praças em bairros mais pobres eram ainda tratadas como largos e terreiros, sem nenhum tipo de projeto e planejamento.

Além do programa de necessidades, as formas de expressão plástica também se transformam inspiradas no movimento moderno que acontecia no momento.

O início do século XX consolida a praça ajardinada como padrão, e a linha de projeto com influências francesas e inglesas dá o nome ao novo estilo reproduzido na Figura 20 - Praça Almirante Júlio de Noronha, Leme - Rio de Janeiro, Burle Marx, Fonte: Robba, Fabio e Silvio Soares Macedo 2002 - Praças Bra-

uma grande necessidade de valorização do uso da vegetação nas cidades de forma a amenizar os efeitos negativos da urbanização.

Figura 19 - Praça Almirante Júlio de Noronha, Leme - Rio de Janeiro, Burle Marx, Fonte: Robba, Fabio e Silvio Soares Macedo 2002 - Praças Bra-

arquitetura e no paisagismo. O ecletismo toma conta da estética aplicada nos dois campos de atuação. Esse estilo representa a maioria das praças do fim do século XVIII até o inicio do século XX. O crescimento e a o adensamento urbano gerou 31

Robba, Fabio e Silvio Soares Macedo 2002 - Praças Brasileiras.

A partir de 1920 as cidades começam a aumentar devido à industrialização e as atividades comerciais nas grandes metrópoles. Em busca de novos empregos e melhorias de vida, muita gente começa a migrar para os grandes núcleos urbanos. O preço da terra urbana aumenta, e os espaços livres públicos tornam-se cada vez mais raros. Dessa forma os espaços livres públicos existentes ficam mais valorizados. Todavia, são espaços ainda muito contemplativo e o lazer esportivo ainda é restrito aos clubes e associações esportivas, todos privados. Para a população pobre só restavam os espaços residuais como campinhos e várzeas. A figura da praça ajardinada de contemplação assim se manteve até a década de 1950. A cidade moderna, não comportava mais os padrões ecléticos de arquitetura e de urbanismo. As premissas do movimento modernista impunham a funcionalidade e o planejamento da cidade. A qual deveria suprir as necessidades de habitação, trabalho, lazer e circulação dos cidadãos.

Os primeiros parques públicos de caráter modernista surgem no Brasil a partir dos anos 1950, destacando-se, em São Paulo, com o Parque do Ibirapuera (1953) e no Rio, o Parque do Flamengo (1961). Os dois parques possuíam programas que contemplavam o lazer ativo, cultural e o lazer contemplativo. Na década de 1970, as principais metrópoles já estavam bem populosas e a ampliações na infraestrutura das cidades como transporte, habitação e lazer se tornaram o foco das demandas da população. “O adensamento de áreas centrais e a expansão dos limites periféricos da malha urbana, os espaços livres públicos irão reafirma-se

Figura 21- Praça Vital Brazil, Niterói, RJ. Fonte: Robba, Fabio e Silvio Soares Macedo 2002 - Praças Brasileiras.

como indispensável opção de área de lazer para a cidade” (ROBBA e MACEDO, 2003, p. 37). “o adensamento de áreas centrais e a expansão dos limites periféricos da malha urbana, os espaços livres públicos irão reafir-

Capítulo 03 |19 Nas áreas residenciais a praça assume o uso do lazlazer para a cidade” (ROBBA, MACEDO. 2002, er passivo e ativo. Alivia o estresse do cotidiano e permite p.37) atividades recreativas. São as denominadas “praças de bairro”, com caráter contemplativo, de convivência e lazEm áreas centrais a praça cumpre o papel de um er social. ambiente em contato com a natureza, amenizando o clima-se como indispensável opção de área de 32

outros, voltam em cena nas praças. O objetivo é atrair os usuários para esse ambiente democrático.

A necessidade por espaços amplos para absorver tantos pedestres também fez surgir as praças locadas em lugares estratégicos como saídas de metrôs, pontos de ônibus movimentados, estações de barcas etc. Além dess“a praça moderna foi ratificada sociales usos, áreas antigas das cidades também passam por mente como elemento necessário à vida na remodelações para atrair novos públicos e as praças são cidade. A população passou a valorizar cada normalmente o foco da revitalização. vez mais esses espaços livres ajardinados em re-

Surge, então, a corrente contemporânea de praças verticalização”33 e parques. Nessa linha de projeto estão permitidas inovações com as formas, tanto geométricas quanto orgâniFigura 22 - Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Fonte: Macedo, Silvio Soares e Francine Gramacho Sakata. 2010 - Parques Urbanos no Brasil As novas praças modernas vieram equipadas com cas. Novos elementos, novos usos, novas visões de espaços quadras, playgrounds, brinquedos, anfiteatros, palcos e di- livres são incorporadas às cidades brasileiras. A pluralidade desses novos espaços é materializada tanto no programa ma e correria da grande cidade adensada. Ela melhora a versas atividades que podem ser feitas em ambientes abquanto na forma e é nesse momento que o projeto em qualidade do ar, possui uma temperatura mais baixa que ertos. debate se insere: na cidade atual. em outros locais da cidade, além do lazer e circulação de A integração das praças com as atividades da copedestres. munidade permitiram que elas pudessem ter um caráter centralizador, aumentando sua apropriação por parte dos com os cidadãos. Figura 23 - Parque Ibirapuarea. Fonte: Macedo, Silvio Soares e Francine Gramacho Sakata. 2010 - Parques Urbanos no Brasil

sposta ao constante processo de urbanização e

Robba, Fabio e Silvio Soares Macedo 2002 - Praças Brasileiras.

A consciência ambiental devido a grande degradação dos ecossistemas para prover o crescimento das cidades também ajudou a criação de parques ecológicos como forma de manter e ajudar a proteger o meio ambiente, valorizando ainda mais esses espaços livres e verdes no meio urbano. O fim do século XX é marcado por metrópoles totalmente conurbadas, com grandes índices populacionais e muitos problemas urbanos e ambientais. Muitos veículos, muita poluição, violência, degradação ambiental entre outros vários e intensos problemas são reflexos do intenso crescimento das cidades grandes. Esses problemas evidenciaram a necessidade de mudanças de algumas atividades dos espaços livres públicos urbanos, permitindo, dessa forma, uma maior liberdade de usos e concepções. Funções e elementos antigos como mercado, lanchonetes, feiras, camelôs, local para manifestações políticas, entre 33 Robba, Fabio e Silvio Soares Macedo 2002 - Praças Brasileiras. Pág 37

20 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

Capítulo 04: Um olhar sobre o município de Niterói e sua área central

comercial e de lazer.

IV.Área de Estudo: Um olhar sobre o município de Niterói e sua área central Niterói é considerado um dos mais importantes municípios do Rio de Janeiro, pertencendo à Região Metropolitana do estado. Está localizado na Região Sudeste do Brasil, fazendo fronteira com município de São Gonçalo e Maricá.

Figura 27 - Mapas de localização da área de projeto. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_bairros_de_Niterói#/media/File:Regi%C3%B5es_Niteroienses.jpg/ Produção gráfica própria.

Figura 25 - Posição do centro de Niterói em relação a outros municípios do Rio de Janeiro.Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral

Figura 24 - Mapa Metropolitano do Rio de Janeiro. Fonte: http://www.ceperj.rj.gov.br/noticias/mar_14/27/novo_mapa.html. Produção Gráfica própria

4.1.

Ainda llocalizado na área central, tem-se o Campus da Universidade Federal Fluminense (UFF) denominado de Valonguinho, e bem próximo do centro, no bairro de São Domingos, tem-se o Campus Gragoatá (UFF).

O centro

O centro de Niterói está localizado na orla da Baía de Guanabara. É o centro econômico da cidade, onde podemos encontrar diversos setores do comércio, serviços e empresas. Está localizado estratégicamente bem próximo ao centro do Rio de Janeiro, permitindo uma relação bem forte de trocas entre essas duas importantes áreas comerciais dos municipios e é no centro que estão localizados os terminais rodoviárias municipal e intermunicipal, além da estação das Barcas S.A. que transporta diariamente muitos moradores da cidade para o centro do Rio de Janeiro e vice-versa. No centro também encontram-se o Plaza Shopping, o Niterói Shopping, o Bay Market além de diversas galerias comercias que tornam a região um grande atrativo

Figura 26 - Posição do centro no município de Niterói e distância entre as regiões. Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral Figura 28 - Posição do terreno em relação aos atrativos do centro da cidade. Fonte: Produção Própria.

Capítulo 04 |21 ranking nacional. De acordo com dados do IBGE (2010) possui população de 487.562 habitantes ocupando o 4º lugar no ranking do PIB do estado. É considerado um município rico e além da economia com grande significância, a tabela abaixo, possui também um alto índice de desenvolvimento humano, se posicionando em 7º lugar no

saltos de “parapente” entre outros.

“Niterói é um dos principais centros financeiros e comerciais do estado do Rio de Janeiro”34. Sua economia possui alto índice de investimentos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) nos setores imobiliários, financeiros e comerciais. Segundo dados do IBGE, Niterói é a cidade com maior rende per capita domiciliar do Brasil, com média de R$ 2.303,46 por pessoa.

4.2.1. O parque da Cidade: Trata-se de uma área de Preservação Ambiental (APA) do município, inaugurado em 1976. “(...)localizado no alto do morro da Viração, numa altitude de 270 m, ocupando uma área de 149.388,90 m². Foi inaugurado em 1976. Possui um mirante com visão pan-

No entanto, mesmo com uma boa economia e altos índices de desenvolvimento humano, faltam investimentos que levem em consideração espaços públicos de lazer com foco em áreas verdes. Quanto mais se ignora a importância de espaços verdes urbanos de lazer, maiores são as consequências negativas para as cidades:

orâmica das Lagunas, Praias Oceânicas, bairros de Niterói, Baía de Guanabara, em toda a sua extensão, e do mar aberto, até onde a vista consegue alcançar. Avista-se também a cidade do Rio de Janeiro com alguns de seus

“O custo da contínua negligência com as plantas na paisagem urbana é tangível e

Figura 29 - Lista de Ranking do PIB do Município do Rio de Janeiro. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_municípios_do_Rio_de_Janeiro_por_ PIB

de amplas consequências: intensificação dos piores aspectos do clima urbano; demanda crescente de energia; redução da absorção dos poluentes atmosféricos; enchentes cada vez maiores; degradação da qualidade das águas; e, nas áreas residências, depreciação das propriedades.” (SPIRN, 1995, p.201)35

4.2.

Figura 30 - IDHM em municípios brasileiros. Fonte: Atlas do Brasil. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/ranking.

Atrativos da Cidade

Muitos dos atrativos dos cidadãos são atividades em locais privados. Shoppings, cinemas e bares são atividades presentes no cotidiano dos moradores de Niterói. Há que se destacar, todavia, que alguns espaços naturais exercem papel importante na cultura urbana local. A relação com a baía é indentitária e a orla de Icaraí (calçadão e areia) é frequentemente utilizada. Existem na cidade áreas públicas como o Campo de São Bento e o Parque da Cidade, de onde são feitos

Figura 31 - Tabela de Ranking de renda per capita do Brasil. Fonte: Wikipedia, 2016. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_municípios_do_Brasil_por_renda_per_capita

34 http://cdiuff.weebly.com/niteroacutei-cidade-sorriso---riode-janeiro---brasil.html (acessado em 24/11/2016) 35 Spirn, Anne Whiston – O jardim de Granito: A Natureza no desenho da Cidade. São Paulo: EDUSP, 1995.

Figura 32 - Imagem da ortofoto do local. Fonte: http://urbanismo.niteroi. rj.gov.br/ortofoto/

bairros e a Ponte Rio – Niterói.”36

Os visitantes podem entrar no parque da cidade sem pagar, e de lá se tem uma vista muito bonita da cidade. É um passeio muito procurado por todos. No entanto não há outros tipo de atividades no local a não ser a contemplação e o esporte ligado diretamente ao salto com parapente e asadelta. O local é de difícil acesso, não existe ônibus público que acesse a área, apenas em36

Fonte: http://www.niteroiturismo.com.br

22 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

presas particulares de fretamento ou carros particulares. 4.2.2. O campo de São Bento:

Figura 33 - Imagem da vista de cima do parque da cidade. Fonte: http:// www.guiadorio.net.br/2015/06/tour-niteroi-almoco-parque-da-cidade.html

O campo de São Bento foi criado a pedidos da elite da cidade com o objetivo de embelezar uma grande área que permanência alagada pelo rio Icaraí. Foi projetado nos moldes dos grandes parques ingleses pelo Paisagista Arsène Puttermans em 190937. Seu projeto sofreu ao longo dos anos diversas alterações e hoje em dia, o campo é utilizado por todas as faixas etárias da população da cidade. Existem diversas atividades que ocorrem no parque: Feiras de artesanato, ginástica para idosos, teatro,

Figura 35 - Foto do Campo de São Bento, via principal. Fonte: http:// oglobo.globo.com/rio/bairros/campo-de-sao-bento-um-refugio-concorri-

4.3. As transformações e os projetos para a área central de Niterói: um panorama histórico

eventos musicais e culturais, etc. 37 “A urbanização definitiva do Campo ocorreu em 1909, com projeto do arquiteto belga Arsênio Puttemans. Com 50.000 metros quadrados, é a maior área verde do bairro de Icaraí.” fonte: http:// www.belgianclub.com.br/pt-br/heritage/campo-de-são-bento-niterói

“Era previsto o aterro da orla marítima desde a Ponta da Armação até a Praia do Gragoatá, com uma largura média de 500 a 600 metros, numa extensão de quase 6km, o

4.3.1. O aterro(1960) e Projeto Viva Centro (2006) O terreno da concha acústica de Niterói (objeto de estudo deste Trabalho de Conclusão de Curso) foi consequência do Aterro da Praia Grande, concebido na década de 1940 e materializado no final da década de 1960. Essa grande intervenção urbana foi formalizada a partir da assinatura do Decreto-Lei 2.441de 1940 pelo então presidente Getúlio Vargas e fazia parte de um plano que pretendia melhorar e modernizar o centro da cidade.

Figura 34 - Vista aérea do Campo de São Bento. Fonte: http://urbanismo. niteroi.rj.gov.br/ortofoto/

Figura 36 - Perspectivas das ideias para o centro de Niterói. Fonte: Projeto Viva Centro, Regulamentação da Área de Especial Interesse Urbanístico do Caminho Niemeyer – Lei 2411/2006 (http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/ viva-centro)

Todavia, o aterro só foi iniciado na década de 1960 1970, sob a denominação de “Aterrado Norte” como uma forma de ampliação do território sobre o “waterfront”. O discurso da época reforçava a ideia de que neste aterro poderia renascer uma “cidade moderna”, como mostrada nas perspectivas apresentadas na época. “Era previsto o aterro da orla marítima desde a Ponta da Armação até a Praia do Gragoatá, com uma largura média de 500 a 600 metros, numa extensão de quase 6km, o que totalizaria 1.200.000m² (120 hectares).”

que totalizaria 1.200.000m² (120 hectares).”38

O aterro denominado SUL foi realizado em 1977 desapropriando-se terras da orla pelo Governo Federal através do Decreto 80.693 de 09/11/1977 para a construção do Campus da Universidade Federal Fluminense ( hoje o Gragoatá). Aterro Sul

Aterro Sul Figura 37 - Imagens da área do aterro sul. Montagem: produção pessoal, imagens: Projeto Viva Centro, Regulamentação da Área de Especial Interesse Urbanístico do Caminho Niemeyer – Lei 2411/2006 (http://urbanismo. niteroi.rj.gov.br/viva-centro)

38 Programa viva centro diagnóstico e propostas para o projeto de reabilitação do centro de Niterói – agosto 2006.

Capítulo 04 |23

Figura 38 - Projeto do Aterro.Fonte: Projeto Viva Centro, Regulamentação da Área de Especial Interesse Urbanístico do Caminho Niemeyer – Lei 2411/2006 (http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/viva-centro)

Figura 40 - Revitalização da Orla do Centro de Niterói, 1991-1996 (João Sampaio e Sérgio Magalhães) Fonte: Projeto Viva Centro, Regulamentação da Área de Especial Interesse Urbanístico do Caminho Niemeyer – Lei 2411/2006 (http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/viva-centro)

4.3.2. O caminho Niemeyer Ao novo projeto deu-se o nome de “Caminho Niemeyer”, originalmente composto de obras projetadas por Niemeyer que se estenderiam desde o Museu de Arte Contemporânea(MAC no bairro Boa Viagem) até o Aterrado Norte (Onde hoje está localizado o teatro popular).

Figura 43 - Projeto do Caminho Niemeyer. Fonte: http://limiaretransformacao.blogspot.com.br/2012/12/caminho-niemeyer-de-niteroi-uma.html

a Fundação Oscar Niemeyer, o Memorial da Cidade, a Praça Juscelino kubitschek (Praça JK) e pelo próprio MAC.

Figura 41 -Croquis das edificações do caminho Niemeyer. Fonte: Projeto Viva Centro, Regulamentação da Área de Especial Interesse Urbanístico do Caminho Niemeyer – Lei 2411/2006 (http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/

Figura 39 - Área do aterro. Fonte: Projeto Viva Centro, Regulamentação da Área de Especial Interesse Urbanístico do Caminho Niemeyer – Lei 2411/2006 (http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/viva-centro)

Com o passar dos anos o projeto da orla acabou por ficar sem conexão e desintegrado com o restante da cidade. No fim dos anos 1990, após a implantação de novos projetos de Revitalização do Centro de Niterói (1991-1996 - João Sampaio e Sérgio Magalhães) a prefeitura de Niterói decide por encomendar ao arquiteto Oscar Niemeyer um grande projeto urbano, constituído por um conjunto de prédios culturais e religiosos, um terminal hidroviário e quatro torres de uso misto.

Figura 44 - Praça JK, São DOmingos, Niterói. Fonte:http://aloriodejaneiro. com/2015/04/09/roteiro-niemeyer-rio-de-janeiro-e-niteroi/

Figura 42 - Arte digital com o Caminho Niemeyer completo e entorno urbanizado. Fonte: http://limiaretransformacao.blogspot.com.br/2012/12/ caminho-niemeyer-de-niteroi-uma.html

Atualmente, o conjunto comporta o Teatro Popular, o Museu BR do Cinema Brasileiro (recém inaugurado),

Em 2002, após alguns anos da implantação do caminho Niemeyer, algumas diretrizes básicas foram pré-definidas pelo Plano Urbanístico Regional das Praias da Baia, que proibiu a construção de novas edificações e a concessão de alvarás até que se elaborasse um plano piloto da área o qual contemplasse a integração do Caminho Niemeyer com o Centro. A Lei municipal 2.411de 2006 teve por objetivo induzir

24 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

a implantação de projetos arquitetônicos especiais visando alcançar transformações urbanísticas e estruturais integradas para a reabilitação urbana da Sub-região Centro, para a área hoje classificada como AEIU do Caminho Niemeyer (Área de Epecial interesse urbanístico) nos aterrados Norte e Sul, conforme Lei 1967 de 2002 – PUR (Plano Urbanítico Regional) da Região das Praias da Baía. A lei estabelece parâmetros de uso e ocupação do solo e regras para a aplicação dos instrumentos urbanísticos, jurídicos e tributários previstos no Estatuto da Cidade e regulamentados no município pela Lei 1.157 de 1992, alterada pela Lei 2.123 de 2004.

Goulart (...); II.Conjunto arquitetônico do Caminho Niemeyer na Via 100, delimitado pela Oficina da Cantareira (...); III.Fração Urbana Orla Mar, Terminal Rodoviário João Goulart, Av. Visconde do Rio Branco, Av. Prof. Plínio Leite; IV.Fração Urbana Gragoatá/UFF, delimitada pela Oficina da Cantareira, a Rua Coronel Tamarindo e a Rua Alexandre Moura.

Figura 46 - Fracionamento do Caminho Niemeyer, fonte: Projeto Viva Centro, Regulamentação da Área de Especial Interesse Urbanístico do Caminho Niemeyer – Lei 2411/2006 (http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/viva-centro).

ra de alto custo, necessidade de deslocamentos por automóveis e segregação socioespacial. Dessa forma, o Governo toma como prioridade para Niterói investir no centro para tentar reverter o processo de abandono da área e, por meio da . A Lei Nº 3.061 de 03 de dezembro de 2013, autoriza a OUC da Área Central de Niterói.

Figura 47 - Estudo da prefeitura acerca da densidade do centro de Niterói. Fonte: OUC da Área Central de Niterói. Disponível em: http://urbanismo. niteroi.rj.gov.br/oucareacentral

4.3.3. A Operação Urbana Consorciada do Centro de Niterói – OUC.

Figura 45 - Delimitação do Caminho Niemeyer, fonte: Projeto Viva Centro, Regulamentação da Área de Especial Interesse Urbanístico do Caminho Niemeyer – Lei 2411/2006 Site: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/viva-centro.

Com a vigência da presente lei, a AEIU do Caminho Niemeyer perde essa denominação e fica assim fracionada: I. Conjunto arquitetônico do Caminho Niemeyer no Aterrado Praia Grande Norte, delimitado pela Orla Marítima do Aterrado Praia Grande, o Terminal Rodoviário João

Niterói cresce e a partir da segunda metade do século XX passa por um processo comum às cidades que como ela, cresceram e se adensaram demasiadamente. O centro inicia o esvaziamento e a degradação de suas ruas. Entre 1970 e 2010, esse processo de esvaziamento do Centro se alia ao processo de expansão das outras áreas urbanas. Tal fenômeno de “(...)’desadensamento’ de uma cidade é conhecido como espraiamento urbano” (http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral/). As consequências desse processo são, dentre outros: Infraestrutu-

Figura 48 - Estudo da prefeitura acerca da densidade do centro de Niterói. Fonte: OUC da Área Central de Niterói. Disponível em: http://urbanismo. niteroi.rj.gov.br/oucareacentral

Capítulo 04 |25 A justificativa oficial apontou que “A OUC é um instrumento previsto nos Art. Art. 32, 33 e 34 do Estatuto da Cidade (Lei Federal Nº 10.257/2001) desde 2001 e nos Art. 13 e 14 do Plano Diretor Municipal (Lei Municipal No 2.123/2004) desde 2004.” (REQUALIFICAÇÃO, 2014)39

O programa, como divulgado pela Prefeitura, procura além de oferecer equipamentos públicos e urbanos de forma a valorizar o bairro, inserir na área mais serviços públicos sociais e comunitários. “Na OUC, 100% dos recursos captados

Para a Prefeitura, os investimentos na infraestrutura do local valorizam a ocupação e o uso do mesmo. Segundo esse entendimento, a população fica atraída pelos novos investimentos volta a ocupar a área, melhorando o bairro.

devem ser investidos dentro do perímetro da área de OUC. Isto significa que o Poder Público conseguirá captar recursos privados para realizar investimentos públicos, em outras palavras trata-se da realização de um projeto

De acordo com a visão da instância governamental local, “A OUC muda a lógica tradicional ao conseguir captar parte da valorização da área para realizar os investimentos necessários. A começar pela forma inovadora de auto financiamento, por meio de Certificados de Potencial Adicional de Construção (CEPAC), títulos mobiliários regulados pela CVM, e que

urbano com autossuficiência financeira, sem onerar cofres públicos.”42

Ainda na ótica oficial, a OUC propõe revitalizar e atualizar a mobilidade urbana (sustentável), compactar o centro, adensar, desenvolver uso misto na área, ruas caminháveis (ruas para pedestres), rede cicloviária, conectividade entre os intermodais e novos modais (como o Veículo Leve sobre Trilhos - VLT, por exemplo).

Figura 50 - Perspectiva dos projetos propostos pela OUC. Fonte:http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral

podem ser negociados no mercado até a sua vinculação a um determinado lote.” 40

“Os CEPAC correspondem à contrapartida dos proprietários, usuários permanentes e/ou investidores adquirentes do potencial adicional de construção. Os adquirentes dos CEPAC terão o direito de construir acima Área Edificável Computável Básica estipulada para

Figura 51 - Perspectiva dos projetos propostos pela OUC. Fonte:http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral

cada Setor, até o limite de Área Edificável Computável Máxima.Por outro lado, a Op-

eração Urbana Consorciada tem que ser viável do ponto de vista imobiliário e ser atraente como investimento.” 41

39 REQUALIFICAÇÃO urbana da área central de Niterói. 09 de jul. 2014. Disponível em: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral. (acessado em 26/12/2016) 40 Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral/ 41 Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral/

Figura 49 - Planta dos projetos propostos pela OUC. http://limiaretransformacao.blogspot.com.br/2014/07/a-revitalizacao-elitista-das-cidades-e.html

Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral/

A proposta da OUC é composta por uma requalificação que abrange a orla, chamada pela Prefeitura de “frente Marítima”. A criação de uma nova marina na frente da praça JK compõe a vista com uma revitalização dos passeios criando uma promenade que leva o fluxo de pedestres do inicio do caminho Niemeyer (teatro popular, praça JK, etc) até o Centro Petrobrás de Cinema (atual Reserva Cultural).Cabe destacar que apesar do terreno escolhido para o desenvolvimento do projeto

26 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

do Parque da Concha Acústica pertencer ao bairro da Boa viagem, ele não está inserido no contexto da remodelação e modernização proposta pela Prefeitura para o centro de Niterói com a OUC, deixando de lado uma grande área que poderia ser aproveitada para o lazer da população.

adquiridos com ajudas público-privadas da OUC, a princípio43, não serão implantados no terreno onde fica se situa a concha acústica. Sendo assim, esse terreno da Prefeitura será mais uma vez uma área abandonada sem tratamento e subutilizada.44 (Ver todo o projeto no site da prefeitura de Niterói: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral/)

4.4.

Legislação da área de estudo

É um dos bairros mais antigos da cidade e onde iniciou o processo de urbanização de Niterói. Do plano Diretor, é importante destacar as premissas que tem relação com a área de estudo e o interesse para lazer dos cidadãos: Lei Ordinária 1157/1992:

“Delimitadas

pelos

então

chamados

Corredores Culturais de Niterói do Centro, de São Domingos/Gragoatá/Boa Viagem e da Ponta d`Areia, nos termos do Decreto Municipal nº 6.101, de 16 de abril de 1991.”

Área de Projeto

Figura 52 - Imagens da área de abrangência da OUC. Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral

Figura 54 - Mapa com as regiões do PUR Praias da Baía. Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br

O bairro de São Domingos onde está inserido o terreno da Concha acústica de Niterói faz parte da SubRegião do CENTRO. “A Região das Praias da Baía está delimitada no Anexo III e no Mapa 1 do Anexo I desta lei, e compreende os bairros da Boa Viagem, Área de Projeto

Cachoeira, Charitas, Centro, Fátima, Gragoatá, Icaraí, Ingá, Jurujuba, Morro do Estado, Pé Pequeno, Ponta d’Areia, Santa Rosa, São

Figura 53 - Imagens da área de abrangência da OUC. Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral

Cabe dizer que, até o presente momento, a proposta não foi executada ainda. Todavia, de acordo com análise da área de atuação, os investimentos que serão

Domingos, Saco de São Francisco, Viradouro e Vital Brazil.” 43 Análise feita a partir da leitura dos planos da OUC encontrados no site da Prefeitura de Niterói. Disponível em: http ://urbanismo. niteroi.rj.gov.br/oucareacentral. 44 Ver todo o projeto no site da prefeitura de Niterói: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/oucareacentral/

FIgura 55 - Mapa das APAU’s do Centro de NIteroi. Fonte: http://www.culturaniteroi.com.br/blog/?id=530&equ=depac

Capítulo 04 |27 “Nas Áreas de Preservação do Ambiente Urbano poderão ser concedidos incentivos fiscais temporários e renováveis para a recuperação, restauração ou reinserção no quadro ambiental urbano tradicional das edificações de interesse para a preservação, mediante proposta das Secretarias Municipais de Urbanismo e Meio Ambiente e de Cultura.”

Ficam criadas as Áreas de Preservação do Ambiente Urbano (APAU) da Ponta d`Areia, do Centro e de São Domingos/Gragoatá/Boa Viagem, cujas delimitações estão descritas no Anexo VI desta Lei, e ficam fixadas as seguintes diretrizes para suas regulamentações:

“I - estabelecer gabaritos para construção de forma que as novas edificações não excedam em altura, em cada caso, o número de pavimentos compatível com a preservação da ambiência tradicional, que são os seguintes:” a) 3 (três) pavimentos nas Áreas de Preservação do Ambiente Urbano da Ponta d`Areia e de São Domingos/Gragoatá/Boa Viagem; b) 12 (doze) pavimentos no trecho da Área de Preservação do Ambiente Urbano do Centro que compreende os seguintes Logradouros: Av. Amaral Peixoto, da Av. Visconde do Rio Branco até a Rua Marquês do Paraná; a Rua Coronel Gomes Machado entre as Ruas Maestro Felício Toledo e Visconde de Sepetiba; a Rua Barão do Amazonas entre as Ruas da Conceição e São Pedro; a Rua Maestro Felício Toledo entre a Rua Coronel Gomes Machado e a Av. Amaral Peixoto; a Rua Visconde de Sepetiba entre a Rua Coronel Gomes Machado e a Av. Amaral Peixoto; a Rua da Conceição entre as Ruas Maestro Felício Toledo e Visconde de Sepetiba; a Rua Feliciano Sodré e a Rua Dr. Celestino, exceto o trecho compreendido entre a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e o Hospital da Beneficência Portuguesa, que é área de entorno para proteção da ambiência da Igreja

de Nossa Senhora da Conceição, bem tombado a nível municipal; a) 4 (quatro) pavimentos nos terrenos da Área de Preservação do Ambiente Urbano do Centro não compreendidos no trecho descrito na alínea b deste item. A área de projeto se encaixa em 4 pavimentos, pertencente à área de preservação do ambiente urbano do centro. No entanto, por se tratar de um parque urbano não houve necessidade de limitar o projeto com as questões de gabaritos importas pelas diretrizes da área. II - limitar a altura máxima por pavimento, a que se refere o item I deste artigo, a 3,50m (três metros e cinquenta centímetros) de piso a piso, exceto o pavimento térreo que não deverá exceder 5,50m (cinco metros e cinquenta centímetros); III - incentivar atividades turísticas, principalmente bares e restaurantes, e culturais, preservando a ambiência urbana e os aspectos culturais na Rua Barão de Mauá, na Área de Preservação do Ambiente Urbano da Ponta d`Areia e na Praça Leonir Ramos, na Área de Preservação do Ambiente Urbano de São Domingos/Gragoatá/Boa Viagem, especialmente no prédio da antiga Estação da Cantareira;

Abaixo seguem algumas definições do PUR para tipos de parques: XXXII - Parque Municipal: categoria de unidade de conservação, de posse e domínio público, que tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas, o

desenvolvimento de atividades de

educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico, sujeito às normas e restrições do Plano de Manejo;

XXXIII - Parque Urbano: área verde, de domínio público, destinada ao lazer e à recreação pública, que deverá ter garantida a proteção de seus atributos ambientais;

V - manter na Área de Preservação do Ambiente Urbano do Centro os usos, a capacidade e a localização no pavimento térreo dos cinemas e salas de espetáculos existentes, tanto nos casos de obras de restauração como nos casos de reconstrução; VIII - dispensar das exigências em vigor quanto a estacionamento e vagas de garagem os projetos de restauração de imóveis de interesse para a preservação, mediante aprovação das Secretarias Municipais de Urbanismo e Meio Ambiente e de Cultura.” 45 O PUR da região também identifica algumas áreas como parques urbanos da Cidade com definições de Parques Municipais e Urbanos: 45 Plano Diretor da Prefeitura de Niterói. Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/planodiretor

Figura 56 - Mapa com os parques urbanos e municipais e AEIA do PUR. Fonte: Produção própria

Art. 8º - Ficam considerados como Parques Urbanos na Região das Praias da Baía as seguintes áreas, cujos limites encontram-se descritos no Anexo III e indicados no Mapa 3 do Anexo I desta lei: I - Jardim São João;

28 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

II - Campo de São Bento;

III - Morro das Águas; Art. 9º - Ficam instituídas as seguintes Áreas de Especial Interesse Ambiental, cujos limites encontram-se descritos no Anexo III e indicados no Mapa 3 do Anexo I desta lei: I - Área de Especial Interesse Ambiental do Morro do Gragoatá, para criação de Parque Urbano; II - Área de Especial Interesse Ambiental do Pé Pequeno, para criação de Parque Municipal; III - Morro da Pedreira, para criação de Parque Municipal Urbano.” 46 4.5.

O projeto “Arboribus” “Inovação na interatividade e otimização do manejo das árvores da cidade. Assim pode ser descrito o projeto Arboribus, lançado na manhã de hoje (25/09), pela Prefeitura Municipal. Idealizado pelas secretarias de Conservação e Serviços Públicos e Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o Arboribus vai fazer de Niterói a primeira cidade do Estado com um programa de monitoramento de árvores.”47

O Arboribus se utiliza de sistema de GPS para localização precisa das cerca de cem mil árvores do município, site aberto a consultas com o perfil de cada “indivíduo arbóreo”, incluindo nome, origem, situação de saúde, último manejo realizado, informações do seu contexto urbano e códigos de barras escaneáveis por smartphones (QR codes), permitindo que população e árvore se “comuniquem”. O projeto tem uma incrível biblioteca de espécies de árvores que pode ser utilizado por todos que tiverem o interesse e curiosidade pela diversidade botânica da cidade. Figura 57 - Folha da catalogação das árvores do município de Niterói. Fonte: Projeto Arboribus

46 47

PUR das Praias da Baía. Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov. arboribus.niteroi.rj.gov.br e http://www.niteroi.rj.gov.br

Capítulo 05 |29

Capítulo 5: A relação entre a área de intervenção e a paisagem local A área objeto de estudo atende aos quesitos de centralidade, condições necessárias para a utilização pela população do lugar em ascensão. Corrobora com o pensamento de Jane Jacobs (2000, p.117), que afirma que “(...) os parques mais problemáticos localizam-se exatamente nos locais onde as pessoas não passam e provavelmente nunca vão passar”48 . Ainda segundo a autora, para que um parque de bairro seja bem sucedido ele precisar ter quatro (4) elementos como características: • Complexidade (diversidade de usos e de pessoas no entorno do parque); • Centralidade (posição na cidade, sua relação de centralidade com o bairro e visibilidade); • Insolação (presença de luminosidade e raios solares); • Delimitação espacial (espaços conformados pelos edifícios e vizinhanças); A posição do terreno da concha acústica

compreende os quatro elementos citados acima: Está localizado no limite entre o bairro de São Domingos e Centro; Possui boa visibilidade e centralidade em relação aos bairros; recebe bastante iluminação e correntes de vento por estar localizado próximo à orla do centro; e é circundado por edificações de diversos usos (empresas, residências, serviços, universidades e centros culturais). 5.1. no.

Para iniciar o desenvolvimento do projeto foram realizadas visitas ao terreno e ao bairro no qual ele está inserido e a partir dessas visitas das mesmas foram criados mapas de análise do uso do solo, mapa de cheios e vazios, mapas de análises dos fluxos internos e externos do terreno, mapa de gabaritos, mapa de zoneamento dos usos atuais do terreno e análise serial das visadas do entorno e dentro do terreno.

48 JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

Figura 59 - Mapa de Uso do solo. Fonte: Produção própria. Obs: Quando da elaboração do Mapa a empresa energética responsável pelo fornecimento em Niterói ainda era denominada AMPLA. Atualmente chama-se ENEL.

Para completar as análises e diagnóstico da concha acústica, foi feito um levantamento das árvores existentes. A premissa de manter a maioria da vegetação já consolidada da área foi respeitada no desenvolvimento do projeto do parque urbano. 5.1.1

Figura 58 - Infográfico de funcionamento de parques. Fonte: Disponível em: http://www.urbanidades.arq.br -

Diagnóstico do terreno e seu entor-

Mapa de uso do solo

A área é composta principalmente por edificações residenciais com ou sem térreo comercial, comércios locais, edifícios de universidades, alguns equipamentos culturais e serviços em geral. É uma área com bastante diversidade de atividades (ver Figuras 59 e 60) o que permite que o terreno seja acessado por várias faixas etárias e que se configure como mais um elemento da heterogeneidade local permitindo sua conexão com o entorno.

Figura 60 - - Mapa de Uso do solo com destaque a setores. Entorno imediato ao terreno do Parque da Concha Acústica. Niterói.

30 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

5.1.2. Mapa Nolli (cheios e vazios) A análise do Mapa Nolli (cheios e vazios - Figura 61) aponta que a área ainda possui alguns espaços vazios, com clara predominância de ocupação na área intraurbana e a baixa densidade da frente de mar exerce papel importante para a manutenção de uma linha visual na paisagem. O terreno do Parque Concha Acústica sobressai como espaço livre de grande proporção que pode ser tratado a fim de atender às necessidades dos moradores do entorno. Ressalta-se, todavia, que um dos fundamentos que resulta desta análise e se incorpora ao projeto é a predominância de sua não densidade garantindo a permeabilidade tanto do solo quanto do campo visual.

FIgura 61 - Mapa de cheios e vazios. Fonte: Produção própria

5.1.3. Mapa de gabaritos A área, como descrito nos capítulos anteriores faz parte do início da urbanização do município, por isso é dotada de muitas edificações antigas que são caracterizadas por baixo gabarito. Excluindo apenas algumas edificações mais recentes (como shopping, edifício da Companhia energética e edifícios verticais de uso residencial que chegam a 15 pavimentos), a média da área são edificações com menos de 04 pavimentos (média de 2 pavimentos) (ver Figura 62) o que configura um gabarito baixo que permite grande visibilidade da orla e da paisagem remanescente da antiga Praia Grande. Ressalta-se que esta predominância de baixo gabarito também reflete as diretrizes da legislação vigente e pela APAU local (ver capitulo 4).

Figura 62 - Mapa de gabaritos. Fonte: Produção Própria

5.1.4. Mapa de fluxos externos As vias que contornam o terreno são vias de com caráter de fluxos intensos, com exceção da Rua General Osório que se situa entre a companhia energética ENEL (antiga Ampla) e o terreno da concha acústica. Essa via é local, possui fluxo leve e permite travessia de pedestres com segurança. As demais vias possuem intenso fluxo de veículos, o que atualmente dificulta o acesso de pedestres ao terreno. A oferta de transporte público é satisfatória, existindo 02 pontos de ônibus nas proximidades do terreno e uma ciclofaixa que contorna duas laterais da área. Tais pontos foram incorporados ao Mapa de fluxos (ver figura 63), assim como a localização do Terminal de Barcas S.A a fim de permitir uma análise dos possíveis pontos de acesso e evacuação por parte dos pedestres (a partir da rede de mobilidade existente).

Figura 63 - Mapa de Fluxos existentes. Entorno imediato ao terreno do Parque da Concha Acústica. Niterói. Fonte: Produção Própria

Capítulo 05 |31 5.1.5. Visão Serial Como visto nos mapas anteriores, a área é rodeada por edificações de caráter residencial, com exceção da empresa ENEL (antiga AMPLA) e da frente marítima que faceia uma lateral do terreno. As vias e calçadas que o circundam são arborizadas, no entanto, não possuem nenhuma atratividade para os passantes. Buscou-se, como mais uma ferramenta analítica, elaborar um mapa de visão serial – método consolidado por Gordon Cullen (1983) que analisa a paisagem urbana por meio de observação e diagnóstico. Para o terreno em questão, têm-se, como síntese: o tipo de ambiência que permeia o terreno, seus pontos focais, nodais e as visadas com potencialidades para tratamento paisagístico (figuras 55 e 56).

Figura 64 - Serial do entorno imediato ao terreno do Parque da Concha Acústica. Niterói. Fonte: Produção Própria

Figura 65 - Serial do entorno imediato ao terreno do Parque da Concha Acústica. Niterói. Fonte: Produção Própria

32 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

I.6.

Fotos do local

CapĂtulo 05 |33

34 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

5.2.

Análise interna do Terreno

A análise em macro escala foi de suma importância para compreender a relação do terreno com seu entorno imediato, destacando-se o cumprimento de dois objetivos específicos do presente trabalho que buscava analisar a disposição da rede estrutural relacionando-a aos equipamentos de centralidade, bem como, identificar aspectos urbanísticos, ambientais e morfológicos da área. O intuito destes estudos foi, principalmente, articular a proposta a esses elementos e apontar as potencialidades da área de intervenção. De posse desses dados, e já iniciada a sistematização, passou-se a uma análise interna do terreno a fim de entender os usos atuais, conhecer a vegetação predominante, avaliar a incidência da insolação e, substancialmente, compreender as relações e vínculos existentes entre o mesmo e os usuários locais. 5.2.1. Mapa de uso atual A observação, bem como, conversas informais com usuários, foram os métodos utilizados para demarcar os principais usos no terreno em estudo. Foram feitas atividades de campo em dias da semana e em finais de semana, em horários variados a fim de avaliar, também, os usos diurno e noturno. a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Niterói que administra e coordena a Concha acústica de Niterói esclareceu que no terreno acontecem duas atividades administradas pela prefeitura. A escolinha de futebol e aulas de luta. For a essas duas atividades, as outras que acon-

tecem são livres. Notou-se a existência de usos demarcados por equipamentos (como quadras de esporte, parquinho, aparelhos de alongamento, concha acústica, etc) como também, determinadas apropriações por usuários que apontam para demandas possíveis de serem atendidas em projeto. Destaca-se que a área exerce também o papel de abrigar eventos efêmeros como Circo, festa junina, shows, entre outros. Muitas pessoas se enocontram quase todos os dias pela manhã para levar seus cachorros para passear no terreno. É uma área muito usada por amantes dos animais pois possui bastante espaço para os cachorros correrem e se exercitarem. Os esportes como tennis e basquete acontecem mais pela tarde/noite, horário

Figura 66 - Mapa de usos atuais. Fonte: Produção Própria

que as pessoas estão voltando do trabalho e estão disponiveis para atividades físicas que distraem a mente do dia-a-dia estressante. Localizado perto das quadras, existe uma pequena área que é utilizada por skatistas. É apenas uma área concretada, porém a existência jápermite a ocupação por praticantes do esporte. Existe um intenso uso de um espaço do terreno que está localizado próximo ao portão próximo à universidade federal fluminense. Esse espaço é uma quadra de Gateball, esporte muito praticado pelos imigrantes (na maioria idosos) japonese de Niterói. Esses moradores da cidade usam a quadra praticamente todos os dias pela manhã, se são muito ativos no local. Uma Figura 67 - Mapa de fluxos internos. Fonte: Produção Própria

Capítulo 05 |35 das principais reclamações desses cidadãos foi a ausência de manutenção do espaço a falta de mais uma quadra para eventos como torneios e competições. Outra atividade que acontece no local é o alongamento. Muitas pessoas usam as pistas de corrida do escola de educação física da UFF e escolhem a concha acústica como área de alongamento pelas árvores e pelo grande espaço aberto. Na proximidade da AMPLA foi observada a apropriação dos funcionários pelas calçadas arborizadas para descansar e nas quintas-feiras, fazer compras de verduras e legumes em um ônibus. Esse ônibus fica estacionado a manhã toda esperando por seus clientes do bairros e da empresa. Uma barraca de pastel também utiliza o local para vender lanches e sucos. Duas calçadas no entorno da concha acústica são recuadas para dar espaço para estacionamento dos carros. 5.2.2. Mapa de fluxos internos

Figura 68 - Mapa de levantamento arboreo. Fonte: Produção Própria

Atualmente a área é delimitada por cercas e possui 08 portões que demarcam os acessos formais ao terreno. Todavia, apenas 02 ficam abertos diáriamente para o acesso dos usuários. Elaborou-se um mapa com a intensidade dos fluxos (intenso, médio e baixo – figura 58) a fim de analisa-los e correlaciona-los aos equipamentos internos e externos. Quanto a mobilidade interna no terreno, é possivel observar que o deslocamento entre os dois acessos que permanecem aberto é o mais utilizado. Muitas pessoas atravessam o terreno para encurtar o caminho entre o campus do Valonguinho e o campus do Gragoatá, ambos da UFF. 5.2.3. Levantamento de Arborização O levantamento da vegetação foi feito in loco e com o auxilio da bibliografia Árvores Brasileiras - Vol.1, 2 e 3 - Manual De Identificação E Cultivo De Plantas Arbóreas Nativas Do Brasil. Autor: Harri Lorenzi, editora Instituto Plan-

Tabela 02 - Caracteristicas e fotos das árvores e vegetação existente.

tarum. Foram feitos desenhos com as posições das árvores e com ajuda do Google Maps e da Ortofoto (site: http:// urbanismo.niteroi.rj.gov.br/ortofoto/) foi possivel locar as posições das árvores identificadas. Uma das premissas do projeto em questão e, consequentemente do entendimento do “fazer paisagismo” nos dias de hoje, é a manutenção da vegetação existente dentro das possibilidades de salubridade dos espécimes. Assim, uma vez identificado que o projeto Arboribus não considerou a área interna do terreno, foi feito um levantamento (Figura 68) de cada extrato arbóreo presente no local o que resultou em uma tabela/memorial que contem 14 espécies de árvores.

36 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

5.2.4. Mapas de insolação em Janeiro (verão) Os estudos de insolação feitos com a base da cadastral e os volumes nos arredores do terreno no software SKETCH UP confirmam a necessidade de uma intensa arborização no terreno, permitindo a melhoria do clima no próprio parque e nas ruas ao seu redor. No mês de janeiro (verão - figuras 69 e 70) É possivel observar uma intensa insolação em toda extensão da orla assim como nas eficiações vizinhas. No mês de junho (inverno – figuras 71 e 72) A insolação também predomina, no

entanto por ser inverno o sol está mais inclinado, e sua incidência um pouco menos intensa. A inserção de coberturas do tipo pergolados entre outras foram criadas para ajudar a amenizar ainda mais a insolação no parque, juntamente da vegetação e de espelhos d’águas. Em outra perspectiva, há que se manterem áreas livres com incidência solar para as espécies de pleno sol, como também, a área destinada ao plantio da horta.

Figura 69 - Estudo de insolação em Janeiro. Fonte: Produção Pessoal

Figura 70 - Estudo de insolação em Janeiro. Fonte: Produção Pessoal

Figura 71 - Estudo de insolação em Junho. Fonte: Produção Pessoal

Figura 72 - Estudo de insolação em Junho. Fonte: Produção Pessoal

Capítulo 06 |37

Capítulo 6 : O projeto do parque urbano Concha Acústica VI.

O projeto do Parque

O terreno que abriga o Parque da Concha Acústica é amplo e plano, permitindo uma grande visada de todo seu entorno e a baía de Guanabara. Configura-se como uma área livre de grandes proporções com 28.927m². Pela sua posição, exerce um possível papel de ligação do mar para a cidade, fazendo esse braço de união entre os elementos. Esse conceito de “ligação” foi trabalho no projeto além da fluidez, do lazer e possibilidade de multiplo usos pra um local de grandes proporções como o terreno da concha acústica. Um quadro síntese (ver tabela ao lado) foi elaborado com o intuito de utilizar os dados e as análises do diagnóstico na concepção projetual.Esse quadro auxiliou a elaboração do projeto e do programa de necessidades do parque, permitindo desenvolver a setorização de acordo com as análises do espaços do terreno. A seguir, algumas etapas que elucidam o processo de concepção projetual, iniciando-se por um estudo de referências projetuais.

Figura 73 - Destaque para o terreno no mapa. Fonte Google Maps

Tabela 03 - Quadro síntese do diagnóstico.

38 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

6.1.

Referências projetuais de parques e praças no Brasil e no mundo.

A concepção do projeto surgiu concomitantemente com pesquisas e análises de obras paisagísticas pelo mundo. A ideia era formar um repertório ou um embasamento que afirmasse determinadas decisões projetuais ou, o contrário, que mostrasse um novo olhar para os problemas. Foram feitas visitas ao Horto Florestal do Fonseca (situado na Alameda São Boaventura, no bairro do Fonseca, n 771, NIterói, Rio de Janeiro), Parque Madureira ( situado na R. Parque Madureira, s/n - Madureira, Rio de Janeiro) e Parque Natural Municipal Penhasco Dois Irmãos (situado na R. Aperana, 178 - Leblon, Rio de Janeiro).

O Horto do fonseca foi reformado recentemente ( inicio do ano de 2016) pela prefeitura de NIterói, a seguir um pequeno relato sobre as transformações na área: “A Prefeitura de Niterói realizou diversas obras de revitalização no Horto Botânico de Niterói orçamentado em aproximadamente 7 milhões de reais em uma parceria com o Governo Estadual.Foi construído no local do Jardim Zoológico, uma área de lazer que conta com aproximadamente 8 mil metros quadrados, divididos entre pistas de patins e caminhada, playground, local de convivência, quiosques, banheiros, bicicletários, coreto reformado, duas academias, rotas de acessibilidade para portadores de deficiência e conta também com um belo lago na parte da frente. Os visitantes podem praticar atividades físicas ou brincar com skate.”49

Além dessas visitas foram feitas diversas pesquisas em livros (ver bibliografia), em sites e revistas.

PARQUE MADUREIRA

A seguir algumas fotos das visitas de compo: HORTO FONSECA

https://pt.wikipedia.org/wiki/Horto_Botânico_de_Niterói

Capítulo 06 |39 “Com mais de 90 mil metros quadrados de área, o mais novo espaço de lazer do subúrbio não só contribui com o meio ambiente, mas também oferece aos moradores da Zona Norte atividades recreativas, esportivas e culturais.” “Equipado com quadras poliesportivas de futebol e tênis de mesa, ciclovia e a melhor pista de skate do país (...)” “(...)Os jovens que frequentam o parque têm a sua disposição a Praça do Conhecimento, que oferece cursos em diferentes áreas, além de computadores com acesso à internet.” “Para diminuir o estresse do dia a dia, o Parque Madureira oferece um corredor verde com mais de 1500 árvores, onde moradores do bairro podem caminhar, correr e andar de bicicleta tendo como cenário lagos artificiais, caixas de areia para a prática de vôlei e jardim sensorial. O cenário é completado pela grande sensação do parque, uma queda d’água ininterrupta apelidada de praia de Madureir (...)”50 Parque Natural Municipal Penhasco Dois Irmãos

“O parque localizado no Leblon foi criado em 1992, em uma área de preservação ambiental com 39,55 hectares. Dos deques de madeira é possível avistar alguns dos mais importantes cartões-postais da cidade: Lagoa Rodrigo de Freitas, Jardim Botânico, Corcovado e as praias do Leblon e de Ipanema. Em 2011, o parque se tornou autossuficiente ao receber painéis de captação de energia solar. Além disso, foi instalado um banco de baterias especiais capaz de manter a energia por três dias. Nas trilhas do parque é possível observar espécies botânicas, como a orquídea-das-pedreiras, o antúrio-das-pedras, a velózia-branca e as bromélias, além de animais como micos-estrela, esquilos e diversas espécies de pássaros. Frequentemente observa-se a presença da borboleta-azul. No pequeno lago do parque lindas vitórias-régias dão um toque especial ao ambiente.”51 6.2.

O processo de criação do projeto

O conceito do projeto teve embasamento na fluidez. Os desenhos criados foram interpretados pelas observações dos fluxos observados em campo (Campus Valonguinho – campus Gragoatá). Assim, o desenvolvimento dos caminhos e seus possíveis usos se deram de forma a criar uma integração e conexão entre a cidade, os pedestres e o parque. O projeto tem como concepção projetual o traçado dos caminhos desejados e observados conjuntamente com a composição de zoneamento das áreas.

50 http://madureiraonline.com.br/sobre/

51 http://visit.rio/que_fazer/parque-natural-municipal-penhasco-dois-irmaos/

40 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

6.2.1. Referências projetuais A seguir algumas das referências projetuais:

Figura 74 - Mid Main Park , Canada. Fonte: http://www.landezine.com/index.php/2014/03/

Figura 75 - Jardim de infância na alemanha, kindergarten-brackenheim . Fonte: https://koeber-la.de/project/kindergar-

Figura 77 - Parque na china, Where the river runs. Fonte: https://www.behance.net/gallery/22332215/ Where-The-River-Runs-Garden-Expo-2015

Figura 78 - Saidas de água em parques. Fonte: http://architectureau. com/articles/blaxland-riverside-playground/#img=5

Figura 76 - Coberturas em aço cortem. Fonte: https:// www.dezeen.com/2011/07/28/castell-demporda-by-concrete/

Figura 79 - Parque infantil. Fonte: http://www.play-scapes.com/play-design/natural-playgrounds/and-thats-how-you-do-a-playground-hill-more-work-from-erect-architecture/

Capítulo 06 |41

Figura 87 - Duchess residences, Singapura https://mkpl.sg/ duchess-residences/

Figura 83 - The Red Ribbon, China. Fonte: https://www. hometeka.com.br/f5/7-projetos-de-revitalizacao-urbana/

Figura 86 - Jardim do edifício gustavo capanema, Rj. Burle Marx. fonte: https://br.pinterest.com/ pin/547680004668763444/J

6.2.2. Zoneamento das atividades propostas

Figura 81 - Royce E. Pollard, Jardim. Fonte: Figura 82 - Zhangjiagang reconstrução https://www.flickr.com/photos/clark_college do rio. Fonte: http://www.archdaily.com

Figura 85 - Isabel Duprat , Edificio BankBoston. SP. Fonte: http://www.architecturaldigest.com/gallery/women-garden-designers-book-slideshow/all

Figura 84 - Pavimentação. Fonte: http://carex.tumblr.com/ post/74227849831/conceptlandscape-skateable-entry-into-pier-park

Figura 80 - Cape royale sentasa landscape design by trop. Fonte: https://wisont.wordpress.com/2014/07/02/cape-royale-sentasa-landscape-design-by-trop-i/

Após o diagnóstico e a análise do local foi desenvolvido um zoneamento (figura 74) baseado nos interesses dos usuários da concha acústica e em atividades que já acontecem no local, tais como: Basquete, tennis, gateball, lutas, alongamentos e futebol e passeios (as atividades estão descritas com mais detalhes na seção 2.1.Mapa de uso atual, capítulo 5) Além dos interesses dos usuários foi percebido em visita ao local a necessidade de uma travessia que cumpra o papel mais literal de conexão entre a via que separa o terreno (Avenida Visconde do Rio Branco) e a praça JK (as questões técnicas serão vistas no decorrer do capitulo 6). Essa travessia é um ponto muito importante do projeto, pois ela modifica a situação do terreno criando conexões entre a cidade e o parque, fazendo com que o local deixe de ser uma área isolada do traçado da cidade.

42 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

de compor a paisagem de modo harmônico a partir da análise também de marcos e elementos importantes. A criação das formas orgânicas foi guiada por intuições dos caminhos e fluxos dos arredores do terreno. A morfologia do próprio terreno induziu desenhos livres e fluidos, criando caminhos curvos e sinuosos.

Figura 88 - Proposta de zoneamento para as atividades do parque.

6.2.3. O traçado

Figura 89 - Croqui fluxos diretos, traçado mais reto

Os primeiros croquis de composição foram concebidos a partir de desenhos que alinham o traçado de fluxos, as áreas, suas funções – definidas em zoneamento – como também as conexões desejadas. (figuras 75 e 76). A morfologia do terreno foi um guia inicial para elaborar desenhos mais orgânicos, tentando da mesma forma complementar com alguns elementos (concha acústica, mobiliários, etc) que exercessem relação formal geométrica da com a Praça JK, desenhada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Firma-se aí uma tentativa

O terreno (como analisado no mapa de gabaritos) forma um grande fronte plano que permite uma grande visada da orla. O partido do projeto manteve essa forte característica do local e vai além: Uma nova conexão fluida com a baía da Guanabara ao se propor uma via rebaixada de tráfego rodoviário (um pequeno túnel viário). Permite-se, assim, que o terreno gere uma íntima integração com o resquício da praia grande, a praça JK e todo o calçadão que interliga a estação da barcas e o terminal rodoviário. O projeto manteve uma relação simbólica da toponímia do local, chamado de “Concha Acústica”. Essa opção de manter uma concha acústica com usos similares ao que encon-

Figura 90 - Croqui com traçado mais orgânico

Figura 91 - Croqui com desenvolvimento de canteiros e fluxos

Figura 92 - Croqui com projeção da travessia de pedestres

Capítulo 06 |43 tramos hoje no local respeita a identidade criada ao longo dos anos e da história da cidade. O parque visa ser ainda um lugar de realização de eventos, no entanto, com um novo tratamento paisagístico e com novas funções e usabilidade.

Figura - Croqui com coloração paras vegetações e pisos

Figura 95 - Croqui com fluxos

Figura 93 - Planta de zoneamento/resumo apresentada na pré-banca (08/12/2106)

Figura 96 - Croqui diversos de canteiros, concha acústica e infraestrutura.

44 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

Figura 97 - Planta de implantação com programa de necessidades

Capítulo 06 |45 6.2.4. Composição vegetal A composição vegetal do projeto partiu do princípio de se considerar os extratos arbóreos existentes para que não houvesse remoções, a fim de se manter o sombreamento já presente com a formação das copas densas das árvores identificadas no local. Traçado e manutenção desses extratos dialogaram, a todo momento, no processo de concepção projetual. Após definidos os setores do Parque com suas funções e usos, foram distribuídos novos extratos com o objetivo de ampliar a massa de área verde e acarretar em ganhos para o equilíbrio do microclima local. Como critérios adotou-se a utilização de árvores nativas com florações de diferentes tons para compor uma estética alegre e colorida para o parque. O uso de Ipês de diversas colorações, Pau-Brasil, Pau-ferro, entre outras proporcionou para o parque uma aparência dinâmica na paisagem. Para a área definida como pomar foram escolhidas árvores com frutos, como aceroleiras, pitangueiras, jabuticabeiras, cajueiros e laranjeiras. Cada uma com um porte e coloração diferente. Algumas árvores foram locadas atrás da edificação da concha acústica para exercerem o papel de barreira do som, protegendo os moradores da região em dias de show, eventos entre outras atividades culturais no local. Os arbustos foram distribuídos de acordo com os acessos do parque e com a composição de extratos que se queria consolidar. Para cada forração foi escolhida uma coloração específica para dar boas vindas e atrair pessoas para dentro do parque, criando paisagens esteticamente agradáveis e convidativas. Quanto às forrações, foram escolhidas espécies nativas, como a grama amendoim e dinheiro-em-penca em áreas que não haveria pisoteio e algumas exóticas como a grama esmeralda, capaz de receber pisoteio e que se adapta muito bem ao clima do local. A tabela a seguir mostra as escolhas de vegetações e árvores (a locação das vegetações estão especificadas nas prancha 08 anexado ao final do caderno):

46 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

6.2.5. Zoneamento dos usos As quadras de futebol, basquete e tennis foram posicionadas próximas as vias de fluxo intenso para criar uma barreira fisíca e sonora entre o parque a as vias. O banheiro/vestiário com a sala do guarda municipal foi locado próximo às quadras, dessas forma a interação entre os usuários da quadra e o funcionário responsável presente no parque se dá com maior facilidade. As quadras de gateball (esporte praticado pela comunidade japonesa, principalmente os idosos) ficam na lateral do parque próxima a escola de educação física da UFF. Esse local foi escolhido devido a posição do parque infantil (detalhes sobre a escolha no item 3.5). A integração entre as crianças e os idosos foi uma premissa a ser seguida e por isso, ainda nessa área, próximo a esses equipamentos foi posicionada a academia da terceira idade com os equipamentos usados pela prefeitura em outros parques e praças. O pomar e a horta urbana estão localizados na lateral mais próxima da área residencial (ver mapa de uso do solo capitulo 5 figura 59) para atrair os moradores a participar de atividades comunitárias. Além disso, a intenção de criar atividades de agricultura ajuda a aproximar o homem e a natureza. Ao lado do pomar foram criados grandes gramados para atividades de estar e lazer, como pic-nics, jogos, atividades teatrais etc. Os grandes gramados espalhados pelo parque são para uso livre de estar e lazer, eles criam uma paisagem mais verde e ajudam na permeabilidade do solo. A nova concha acústica foi posicionada mais ao centro do terreno, permitindo a sua visibilidade de todas as áreas do parque. Ela está voltada para a orla, criando uma conexão entre o mar e a concha acustica. Árvores foram estratéticamente posicionadas atrás do edificio para barrar possíveis sons em dias de eventos. A área mais próxima da ENEL (antiga AMPLA) foi projetada para criar um ambiente de estar e gastronomia. As pérgolas locadas nesse espaço podem abrigar tendas, carrinhos de comidas, feiras de artesanatos entre outros eventos itinerantes. Os funcionários da empresa podem optar por descansar, ou até mesmo almoçar nessa área mais proxima.

Tabela 04 - Seleção das novas árvores para o parque.

Uma área especial para o ônibus que vende verduras e legumes foi definida também na frente para empresa ENEL. Essa área possui mesas e espaço próprio para estacionamento do ônibus, pertindo que as pessoas fiquem mais a vontade ao fazer as compras da semana. Juntamente do õnibus, a barraca de pastel também pode se apropriar da área para estimular ainda mais atividades no parque. Ainda nas proximidades da ENEL, foi implantado um Skate Park, umas das atividades mais procuradas pelos jovens em parques urbanos. Foi posicionado nessa área mais próxima da cantareira para exercer uma função convidativa aos jovens para o uso do parque. Na ponta do terreno próxima à praça JK foi posicionado o parque de lazer canino. Essa área foi escolhida para essa função pois possui uma grande massa de árvores amendoeiras, criando uma sombra agradável. Alem disso esse local está mais longe e separada das outras atividades, permitindo que os cães e os donos tenham uma área mais “exclusiva” para atividades de treinamento, brincadeiras etc.

Capítulo 06 |47 6.3.

Destaque projetual

6.4.

6.3.1. Parque Infantil Elegeu-se o parque infantil como equipamento a ser descrito por abrigar muitos dos conceitos e técnicas presentes em toda a concepção do Parque. Para o parque infantil foi escolhida a parte do terreno mais próxima do Reserva Cultural – equipamento cultural que integra o caminho Niemeyer. Essa área é hoje em dia o lugar mais arborizado e fresco do parque. Por questões climáticas e de insolação foi escolhida para abrigar os equipamentos infantis, bem como, mobiliários urbanos e equipamentos de captação de água de chuva e “chuveiros” que refrescam as brincadeiras.

Figura 98 - Perspectiva da área destinada para o parque infantil

Nome Botânico

Código

Nome Popular

Situação

Alternanthera brasiliana

Perpétua-do-brasil

Nova

Aphelandra squarrosa

Afelandra-Zebra

Nova

Arachis repens

Grama Amendoim

Nova

Bidens rubifolia

Picão amarelo

Nova

Calathea zebrina

Maranta Zebrada

Callisia repens

Dinheiro em Penca

Nova

Clusia fluminensis

Clúsia

Nova

Ctenanthe oppenheimiana

Maranta Variegada

Nova

Dichorisandra thyrsiflora

Gengibre azul

Nova

Gynerium sagitatum

Cana-flecha

Nova

Iresine herbstii

Coração-de-maria

Nova

Justicia rizzinii

Justicia Floribunda

Nova

Justicia Scheidweileri

Camarão rosa

Nova

Maranta leuconeura 'Kerchoveana'

Maranta bicolor caetê

Sphagneticola trilobata

Vedélia

Nova

Tradescantia pallida purpurea

Tapoeraba Roxa

Nova

Zoysia japonica

Grama Esmeralda

Nova

LEGENDA DE PAVIMENTAÇÃO Simbolo

Descrição

Medida

Cor

Observações

1,00 x 1,00m

Cinza

Mistura de tons de cinza

Piso intertravado

0,10 x0,20m

Cinza

Paginação "espinha de peixe"

Piso de Saibro batido

Indefinido

Marrom

Sem observações

Placas de Piso do tipo Drenante

Quadro de Observações OBSERVAÇÕES: 1. Todos os níveis indicados tem como referência (r: 0,00) o nível do pavimento exterior ao edifício, na calçada; 2. Os eixos das árvores estão representados por circulos com 40cm de diâmetro.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO

Escala 1:250

CURSO:

ARQUITETURA E URBANISMO

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ORIENTADOR:

ANNA RACHEL BARACHO

ASSUNTO:

ALUNO:

TURMA:

SÉRGIO BAHIA FOLHA:

PARQUE URBANO CONCHA ACÚSTICA AMPLIAÇÃO DA PLANTA DE FORRAÇÃO E ARBUSTOS FERNANDA SCHWARC MARY

2016/2

SUPERVISOR DE TCC:

DATA:

FEVEREIRO 2017

ESCALA:

03 1:250

Figura 99 - Ampliação do projeto do parque infantil. Fonte: Produção da autora. (essa prancha se encontra no anexo do caderno em escala)

Simbolo

Os “guarda sois” captadores de água pluvial exercerão, em alguns locais do parque, a função de chuveiros por onde sairá água para o lazer dos usuários, principalmente o público infantil. Além de servir como chuveiro, são coberturas que protegem do sol e estão conectadas a reservatórios de água subterrâneos que abastecem os banheiros e os espelhos d’água espalhados pelo parque. Quanto aos bancos, esses têm forma inspirada na cobertura projetada por Oscar Niemeyer na Praça JK. Com essa inserção da forma da praça, o projeto procura dar uma conexão entre as duas atrações.

Figura 100 - Esquema da forma inspirada na praça JK. Banco e Concha Acústica. Fonte: Produção da autora. LEGENDA DE VEGETAÇÃO

Ampliação parque infantil

Equipamentos e mobiliários

Figura 101 - Croquis dos captadores de águas pluviais e arquibancada e mobiliário para o parque Infantil. Fonte: Produção da autora.

48 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

Para área de estar e de gastronomia foram criados longos pergolados curvos de concreto e madeira que proporcionam proteção e frescor ao ambiente nos quais serão inseridas vegetações do tipo trepadeiras (ver tabela de vegetação). Essas áreas podem ser usadas como área de venda de comidas (carrinhos de pipoca, cachorro quente) ou como área de descanso do almoço (no caso de funcionários da ENEL/AMPLA) ou como área de contemplação e observação do skate park. Os canteiros próximos dos pergolados terão vegetações de cores diferentes variadas (amarelo e azul) para criar uma linguagem esteticamente alegre e, ao mesmo tempo, harmoniosa.

Figura 103 - Croquis dos banheiros e da concha acústica

6.5. Sustentabilidade

Questões relacionadas à sustentabilidade ambiental são importantes para se introduzir em projetos urbanos. As decisões de implantação, de soluções projetuais e até dos materiais que usamos em nossos projetos impactam diretamente o meio ambiente em que vivemos.

Figura 102 - Croquis dos pergolados

As construções, como banheiros, sala do guarda municipal, vestiários e concha acústica foram desenvolvidas também com a mesma linguagem da Praça JK. Todos esses elementos possuim forma geométrica limpa e formal, contrastando com o desenho orgânico e fluido do parque. A construção deverá ser feita com método construtivo de concreto armado, com aspecto industrial e mantido com acabamento do próprio material de construção. O banheiro Possui um pergolado que abraça seu entorno e cria uma conversa com o parque quando inserida a vegetação do tipo trepadeira e canteiros em suas laterais.

A escolha de métodos de projeto/execução menos prejudiciais ao meio ambiente são imprescindíveis nos dias atuais. Reaproveitamento de águas pluviais, painéis solares para iluminação, escolha de materiais que não emitem gás carbônico ao serem produzidos são algumas das opções que foram selecionadas para as diretrizes do projeto do parque urbano. Além das escolhas materiais e de execução, o projeto trata da sustentabilidade ambiental no âmbito do paisagismo. As escolhas das vegetações e das árvores em sua grande maioria, nativas, foram feitas com auxilio de bibliografias que tratam da vegetação não apenas como um componente estético, mas também como um importante fator para o equilíbrio ambiental. Escolher vegetação que está habituada ao ecossistema é tratar o local com o conceito de resiliência ambiental, uma vez que “a vegetação nativa constitui-se como um componente fundamental na conservação da resiliência da paisagem...”(SCHLEE, 2015. P21)permitindo que o meio ambiente se componha e se recomponha ao longo do tempo no seu habitat natural. O conceito de ecogenese foi

Capítulo 06 |49 introduzido a medida que é introduzido no ambiente degradado, vegetação que ajuda de certa forma a recompor o ecossitema em que ela está inserida, criando dessa maneira sucessões de resíduos vegetais no solo para reorganizar as camadas de terra fértil. 6.5.1. Pavimentação A escolha da pavimentação do parque foi feita para cumprir o requisito de permeabilidade do solo. Existem no parque 5 tipos de piso. O piso intertravado, as placas de concreto drenantes, terra batida, grama esmeralda e piso emborrachado para o parque infantil. Os 4 primeiros pisos são permeáveis as águas pluviais. Essas opções foram escolhidas visando melhorar as condições do entorno do terreno, uma vez que foi observado em dias de chuva que a área fica alagada impossibilitando a passagens de pedestres e até veículos, dependendo da intensidade da chuva.

mobiliário cumpre 3 papéis: Ele protege do sol, como uma cobertura; ele capta e armazena no subsolo águas pluviais para o uso nos banheiros e na irrigação da vegetação do parque, transformando o projeto em um parque “autosuficiente” na questão de abastecimento de água; e por fim, na área da recreação infantil, ele é uma atração de onde cai água, servindo como um “chuveiro” que refresca os usuários do parque. 6.5.3. Iluminação Para a iluminação foi pensado em postes que captam e armazenam luz solar. Des-

O piso emborrachado do parque infantil é feito de pneus velhos triturados, “piso de borracha para playground 100% pneu reciclado, conta com proteção UV e antichama (...)”52 Esse tipo de piso ajuda a amortecer a queda e é macio para se pisar sem sapatos.

Figura 104 - Piso drenante. Fonte imagem 01 - http://www.aecweb.com.br/prod/cont/m/pisos-da-drenaltec-garantem-estetica-e-permeabilidade-em-casa-de-alto-padrao_28822_28413_10723; imagem 02 - http://www.solariumrevestimentos.com.br/blog/tag/drenante/; imagem 03 - http://casa.abril.com.br/materiais-construcao/piso-permeavel-no-quintal-com-ele-voce-dispensa-ralos/

Ideal para uma área onde as crianças podem brincar sem se preocupar com o piso super aquecido, ou com partes quebradas. 6.5.2. Captadores de águas pluviais Um dos destaques do projeto do parque são os captadores de águas pluviais. Esse

Figura 106 - Detalhe do captador de água pluvial. Figura 107 - Captador de água como mobiliario de lazer com Fonte: Produção da autora. água. Fonte: Produção da autora.

sa forma os postes do parque serão auto suficientes. Durante o dia eles irão captar e armazenar a luz solar, e à noite, serão acessas permitindo a iluminação no parque. A iluminação é essencial para criar a atmosfera lúdica e segura no parque. Foram pensados em postes no perímetro do parque, nas quadras, na área destinada ao lazer dos cães e na linha d’água que atravessa todo o parque. Balizadores e a iluminação no mobiliário também fazem parte da proposta do pro-

Figura 105 - Piso emborrachado. Fonte: http://www.pisoleve.com.br

52 http://www.pisoleve.com.br

Figura 108 - Iluminação no piso/canteiros. Fonte: Produção da autora.

Figura 109 - Postes de iluminação de LED. Fonte: Produção da autora.

50 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

jeto. As lâmpadas de todo o parque deverão ser de LED, uma vez que essa é a tecnoloFoi criado um módulo de horta urbana que tivesse a mesma linguagem formal que gia ecológica mais acessível nos dias de hoje. os bancos, os banheiros e a Paça JK. Com a mesma forma do banco, a horta urbana é um mobiliario que permite a interatividade entre a vizinhança e o parque. A intensão de 6.5.4. Composteira criar uma horta próxima do pomar é criar uma unidade de integração entre a natureza e o homem. 6.5.6. Fio d’água

Módulo da Horta Urbano

Figura 110 - Iluminação de LED no mobiliário. Fonte: Produção da autora.

Figura 111 - Opção de poste que capta energia solar. Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI162458-17770,00-POSTE+EM+FORMA+DE+FLOR+E+ATIVADO+COM+ENERGIA+SOLAR.html Solo adequado ao tipo de vegetação

A composteira é um elemento muito importante para o funcionamento do parque. Módulos de composteira estão espalhados pelo parque (área de lazer do cães, atrás das edificações dos banheiros, perto da horta urbana) para a manutenção dos jardins e da horta urbana. Funcionário do parque deverão coletar as folhas e galhos secos das vegetações e depositar todo esse resíduo em composteiras. Dessa forma, a matéria orgânica produzida nesses recipientes será usada para adubagem da vegetação e da horta presentes no parque.

Irrigação

Drenagem

Figura 114 - Perpectiva da horta urbana. Fonte: Produção da autora.

Figura 113 - Desenho técnico da horta urbana. Fonte: Produção da autora.

Figura 117 - Ruas de Freiburg, Alemanha. Fonte: https://www. europe-pics.com

53 http://polis.org.br/publicacoes/hortas-urbanas-moradia-urbana-com-tecnologia-social/

Figura 116 - Caminho dágua. Fonte: Produção da autora.

6.5.5. Horta Urbana

Figura 112 - Como fazer compostagem. Fonte: http://caroldaemon.blogspot.com.br/2015/05/ quando-sustentabilidade-me-deixou-na.html

Figura 115 - Canaleta de conreto.

“A compostagem é a prática ou processo que transforma e estabiliza a matéria O fio d’agua que percorre todo o parque foi criado para “propor mais uma relação orgânica (resíduo orgânico) em adubo (composto simbólica” entre o mar e a cidade. A água representa o mar que circunda a orla do orgânico). A compostagem é um processo semelbairro onde o projeto está inserido. hante ao ciclo da matéria orgânica (decomposição) No entanto, tecnicamente esse fio d´água é mais uma infraestrutura de captação que ocorre na natureza. fazer a compostagem: de águas pluviais e de irrigação para a vegetação do parque. Em alguns momentos do produzir o pró- prio composto para utilizar na horta percurso essa canaleta é fechada com tampas de concreto, permitindo que os pedese jardins, melhorar a qualidade do solo através da tres passem sem mudança de direção no caminho. adição do composto, diminuir a quantidade de resíduo destinado aos aterros sanitários ou lixões. te como um todo, a compostagem possibilita a produção de alimentos frescos e seguros, sem adição de pro- dutos químicos.”53

Capítulo 06 |51 6.6.

Implantação e projeto do Parque urbano BARCAS SA

GE PARK 168/169

TERMINAL SUBTERRÂNEO S/N

i= 8%

NITERÓI PARK S/N

i= 8%

Maranta bicolor caetê

625

629

627

633

E D STA O PL CIO AZ N A A

655

CAMPUS DA UFF

Maranta Zebrada

grama amendoim

VIS

RIO

Maranta Zebrada

SÓ

RIO

T.V

PR OF

GS IG

06 08 10

36 42

46 02

BR E RM HE IL R.

A AD ET

7 15

R NE

INO

INANT

39 /15 C 39

39 /19 C 39 /17 C

MIN

NT EL CO

06 /06 c

c/0

. MANO

Figura 119 - Planta técnica do parque urbano. Fonte: Produção da autora.

TRAV

c/0

PIR

c/0

SÃ

0 6 15

I 06

35 39

887 889

15/01 C 15 3 C/0 15 5 C/0 15 7 C/0 15 9 09 C/0 15 1 11 C/1 13 15 3 C/1 15 15 5 17 C/1 19 15 7 21 C/1

885

01 03

883

897

705

891

869

Figura 121 - Corte BB do parque urbano.

150

Figura 120 - Corte AA do parque urbano.

Figura 118 - Implantação do parque urbano. Fonte: Produção da autora.

0 10 20 30

52 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

Figura 122 - Imagem renderizada da entrada ao lado da praça JK. Fonte: Produção da autora.

Figura 123 - Imagem renderizada da entrada ao lado da praça JK, vista para a travessia de pedestres. Fonte: Produção da autora.

Capítulo 06 |53

Figura 124 - Imagem renderizada da entrada ao lado da UFF. Fonte: Produção da autora.

Figura 125 - Imagem renderizada da esquina das Ruas Visconde de Morais e Av. Visconde do Rio Branco. Fonte: Produção da autora.

54 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

Figura 126 - Imagem renderizada da área de estar, pergolados da área gastronômica e Skate Park. Fonte: Produção da autora.

Figura 126 - Imagem renderizada da arquibancada e das quadras de gateball Fonte: Produção da autora.

Capítulo 06 |55

Figura 127 - Imagem renderizada do parque infantil. Fonte: Produção da autora.

Figura 128 - Imagem renderizada da esquina daAv. Visconde do Rio Branco e Rua General Osório (Rua da ENEL/Antiga AMPLA. Fonte: Produção da autora.

56 |Parque Urbano Concha Acústica”, Niterói – RJ

Considerações Finais Chega-se aqui à conclusão de um processo. Processo que envolveu incertezas, embasamento, escolhas, definições, mas, acima de tudo, muito aprendizado. Desenvolver um projeto de parque urbano foi um grande desafio pessoal. Criar, produzir e entender um projeto dessa escala foi uma experiência nova e única. As novas diretrizes de projeto, novas referências e os novos autores que conheci durante esse processo de criação, foram decisivos para o meu crescimento pessoal e profissional. As mudanças de foco projetual, de escala e de interesses de usos foram alguns dos maiores desafios enfrentados nesse percurso. A escolha do tema foi pontuada por afinidades pessoais, mas também por uma ideia de compromisso com uma nova proposta de relação entre o homem com a natureza, com outro olhar sobre a possibilidade de tornar os espaços livres em bens públicos que propiciem mais qualidade de vida aos habitantes das cidades. As habilidades e capacidades de um Arquiteto e Urbanista são múltiplas e escolher o paisagismo como campo de atuação foi uma decisão de me desafiar em novas áreas de conhecimentos, que até então foram pouco exploradas no meu repertório. O caminho projetual adotado nesta proposta de Parque para a Concha Acústica partiu do conhecimento dos elementos preexistentes, desde o estado atual da área de intervenção às condições do entorno e sua relação com a cidade e com a paisagem. Pensou-se no poder de atração que uma nova área verde pudesse gerar de modo a garantir novas áreas de lazer para a população do município através de um equipamento público que é esquecido pela população mas que é tão importante para o bem estar social nas cidades contemporâneas. A presente proposta é apenas uma iniciativa de valorizar as paisagens urbanas cotidianas percebendo nelas uma possibilidade de transformação de hábitos e de ap-

ropriação por parte dos cidadãos.

Referências Bibliográficas

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