ÁGAPE x EROS_Novembro 2012

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Ă gape x Eros

Aprendendo a permanecer no Caminho Ă gape... Novembro/2012

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Sumário 1. Deus é Ágape

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2. A prisão eros

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3. O dilema da mistura ...........................................................................

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7. Aprendendo a permanecer no Caminho ............................................

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8. Focando no Pai ..................................................................................

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4. O Caminho Ágape

5. A Palavra que vem de Deus 6. O poder de cura de Ágape

9. Vivendo para agradar ao Pai

Apêndice A. Abaixo da linha de fundo Apêndice B. O espectro do amor Referências bibliográficas

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1. Deus é Ágape “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1 João 4.7, 8).

O amor [ágape1] não é de natureza humana; na verdade, é estranho ao homem. Sua origem está em Deus – brota da própria natureza divina. Sua essência é a autodoação sacrificial, o que pode implicar em perdas para aquele que ama. A Bíblia nos ensina que Deus é amor. Vemos o amor de Deus ilustrado em João 3.16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito...”.

A Bíblia também nos mostra que Deus é “Um” e, ao mesmo tempo, um “Nós”: “Ouça [Shemá2], ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor” (Deuteronômio 6.4; Marcos 12.29). “Então disse Deus: ‘Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança’” (Gênesis 1.26; ver também 3.22, 11.7 e Isaías 6.8).

Jürgen Moltmann escreve: “Ágape não pode ser consumado por um único indivíduo. Uma individualidade não pode se comunicar a si própria. Se Deus é amor, Ele é – ao mesmo tempo – Aquele que ama, a Pessoa amada e o próprio Amor... Quando olhamos para o amor, olhamos para a Trindade, pois o Amante, o Amado e o Amor são Três” (The Trinity and the Kingdom, p.57).

As três Pessoas da Divindade – Pai, Filho e Espírito Santo – são Indivíduos relacionais que habitam na eternidade, um com o outro e um dentro do outro em perfeita unidade — sem perda de identidade! Sem individualidade, não há sentido falar em união; para que Eles possam amar e interagir deve haver individualidade!

Deus é um “Nós”

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O Pai, o Filho, e o Espírito Santo, juntos, são um só Deus vivo porque compartilham uma única vida de natureza generosa e sacrificial. Ágape é o amor em que Deus doa a si mesmo, gerando um ninho de descanso relacional, que Jesus chamou de REINO DE DEUS. Pai, Filho e Espírito se doam individualmente, um para o outro, procurando sempre glorificar o outro, nunca a si mesmos. Neste “ninho do Reino”, cada um procura somente dar, nunca tomar ou calcular uma vantagem própria; portanto, não existe entre Eles desconfiança, medo, engano, orgulho, competição, acusação ou encobrimento. Cada um está em plena paz e descanso no amor e na doação dos outros – na vida transparente e única dividida por todos. O Evangelho de João, de modo especial, nos revela esta maravilhosa e dinâmica interação que existe entre as Pessoas da Trindade: “O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos” (3.35). “Pois o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz” (5.20). “Todavia é preciso que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço o que meu Pai me ordenou” (14.31). “Então Jesus disse: ‘Quando vocês levantarem o Filho do homem, saberão que Eu Sou, e que nada faço de mim mesmo, mas falo exatamente o que o Pai me ensinou. Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, pois sempre faço o que lhe agrada’” (8.28, 29). “Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito” (15.26). “Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês” (16.13, 14).

Ágape, uma “seta reta” Ágape sempre procura o bem maior da pessoa amada. Não usa coisas ou pessoas em benefício próprio. Continua amando sem levar em conta o desempenho do outro e sem calcular qualquer recompensa. Não ama por causa da beleza ou valor encontrados. Ágape é o amor autoconcedido; tem a ver com a escolha – a vontade – não com as emoções.

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Esta é a forma mais elevada de amor. Todas as outras formas são baseadas em reciprocidade e condições predeterminadas. Ágape é incondicional. Podemos escolher vincular condições ao nosso amor, mas, na mesma proporção em que o fizermos, não estaremos amando com ágape. Estaremos oferecendo apenas uma troca, não um presente. O verdadeiro amor deve ser (e sempre será) um presente. Neste estudo, ilustramos o amor ágape com uma seta reta: Ágape

Como Deus se revelou Deus se revelou a nós. Se Ele não tivesse se revelado, não teríamos como conhecê-lo. Quando Moisés quis ver a Glória de Deus, o Senhor lhe disse que proclamaria seu Nome diante dele (Êxodo 33.18, 19). Deus associou sua Glória ao seu Nome. Em seguida, Ele se revelou a Moisés com sete atributos. Estes atributos revelam o “DNA” divino — as características de Ágape. Êxodo 34.6, 7 — O Nome de Deus

1. Compaixão

5. Fidelidade [Verdade]

2. Misericórdia [Graça]

6. Perdão

3. Longanimidade

7. Justiça

4. Amor de aliança 1. COMPAIXÃO: [verbo hebraico: raham] Ter compaixão, apiedar-se, sofrer com alguém; retrata uma simpatia profunda e gentil e uma tristeza sentida por outra pessoa que passa por aflição ou infortúnio, acompanhadas por um desejo de aliviar o sofrimento (opõe-se a indiferença, impiedade). A forma singular do substantivo era usada para ventre materno. Os escritores do Velho Testamento julgavam o ventre (ou as entranhas) como a sede de emoções afetuosas e ternas (Gênesis 43.30; Zacarias 7.9). A palavra aparece 47 vezes no VT, e de longe Deus é o mais frequente sujeito e seu povo aflito é o objeto (2 Rs 13.23; Is 14.1; 30.18; 60.10; Jr 31.20). 2. MISERICÓRDIA: [sentido próprio do verbo hanan – “ter misericórdia”] Curvar-se ou inclinar-se em sinal de bondade para com alguém inferior; favorecer, conceder, abençoar. Enquanto a compaixão é um sentimento, a misericórdia implica em AÇÃO – aquilo que fazemos pela pessoa que está sofrendo. Também comunica GRAÇA [NT], isto é, trata a pessoa com alteza, dignidade (como Davi fez com Mefibosete). Misericórdia é uma ação dada de forma digna. (Ver também Êxodo 22.26, 27; 2 Samuel 12.22; Salmo 116.5.)

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3. LONGANIMIDADE: Tardio em iras [’aph]. Significa não exasperar-se facilmente; ser capaz de suportar ofensas pacientemente. A ira do Senhor é um tema frequente no VT, que descreve como Ele reluta ao exercê-la e o quão impetuosa ela é (Salmo 30.5; 78.38; Jeremias 51.45). 4. AMOR DE ALIANÇA: [hesedh] Esta palavra é citada mais de 200 vezes no VT! Hesedh é um amor forte, constante, infalível, duradouro, imutável. O texto clássico para se compreender o significado e a importância desta palavra é o Salmo 136 onde ela é usada 26 vezes para proclamar que a bondade e o amor de Deus são eternos. Este Salmo focaliza a completa extensão da ação de Deus desde a criação até a redenção – tudo aconteceu, está acontecendo, e continuará a acontecer por causa da bondade e fidelidade do Senhor em suas alianças! Hesedh está intimamente ligada ao conceito de aliança, pelo que sempre procura por uma resposta. Deus convida o homem para a unidade da Trindade (João 17.21– 23). A Bíblia ensina que Deus é “Zeloso” (“Ciumento”, ver Êxodo 34.14; Tiago 4.5). Mas hesedh nos mostra que Ele não tem ciúmes de nós, e sim por nós — em nosso favor, tal como acontece na Trindade. Deus espera uma resposta – não para tirar vantagem – mas para nos introduzir na mesma unidade com Ele! Hesedh fala de uma aliança que não será quebrada. (Deuteronômio 7.9, 12; Jeremias 2.2; Oséias 6.4–6.) 5. FIDELIDADE: [emeth] Certeza, verdade, confiabilidade. As palavras de Deus (Salmo 119.160; Daniel 10.21) e suas ações (Neemias 9.33) são caracterizadas por esta palavra. Deus fala a verdade e se mantém na verdade (Números 14.17–20). 6. PERDÃO: [nasah] Carregar. Neste sentido, a palavra é usada especialmente com referência a carregar a culpa ou a punição do pecado (Gênesis 4.13; Levítico 5.1). Isso flui facilmente para o conceito de alguém carregar, de maneira representativa ou substitutiva, a culpa de outra pessoa (Levítico 10.17; 16.22). Deus mesmo “carrega” com as nossas transgressões (Deuteronômio 1.30, 31; Isaías 53.12). 7. JUSTIÇA: “Ao culpado não tem por inocente”. [ts^edaqah] Justiça, ações retas, atitudes corretas. A palavra descreve a postura e as ações de Deus, as quais Ele espera que seu povo também preserve. Ele é inequivocadamente justo; a justiça é inteiramente sua prerrogativa. Também é sinônima de verdade ou integridade. Justiça faz parte da própria essência de Deus e, portanto, não se mistura à iniquidade. Onde quer que se encontre iniquidade, os juízos de Deus estarão presentes. Assim como o amor de Deus não pode ser interrompido, sua justiça também não pode!

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Jesus revelou os mesmos atributos “O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser” (Hebreus 1.3).

O Verbo se fez carne para que realmente pudéssemos ver o Pai e vir a confiar nele! Jesus revelou todas as qualidades do Pai de uma forma mais próxima: Compaixão e misericórdia Longanimidade Amor de aliança Graça e verdade Perdão Justiça

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Marcos 1.40, 41 Mateus 12.19, 20 João 13.1 e 15.9 João 1.14 1 Pedro 2.24 Jo 5.22, 27; At 17.31

Estes são os atributos comunicáveis de Deus que Ele deseja formar em nós. Pela Cruz, entramos em união com Ele. Isso significa que já temos estas qualidades em nós para serem desenvolvidas (Romanos 5.5; Gálatas 3.27; 4.19)! “Porque a vontade de meu Pai é que todo o que olhar [contemplar, olhar com interesse e atenção aos detalhes] para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6.40). “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos [espelhar-se, i.e., ver-se refletido] a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito” (2 Coríntios 3.18).

O apóstolo Paulo declara que quando contemplamos a glória do Senhor, somos transformados na mesma imagem dele pelo Espírito do Senhor. Então, de um degrau de glória a outro, refletimos o que contemplamos. A fim de entender plenamente o amor Ágape, precisamos olhar para a Trindade. Ao contemplar e admirar a Trindade, nossa vida será transformada!

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Notas capítulo 1 1

Acredita-se que os escritores do Novo Testamento tiveram de criar uma nova palavra – ágape – para descrever a nova qualidade de vida introduzida no mundo por Cristo. Fora do NT, ela raramente ocorre nos manuscritos gregos existentes no período. Houve objeção ao uso de eros e até mesmo phileo [amor de amizade] já que estas palavras haviam sido exploradas pela mitologia grega e por religiões pagãs “eróticas”. O fato é que os tradutores da Septuaginta adotaram ágape para traduzir a palavra hebraica para amor (raiz: ahebh) – um conceito muito frequente no Velho Testamento, encontrado em diversas formas. Deus ama Israel e é dever de Israel amar a Deus, ao próximo, e até ao estrangeiro (Dt 10.15; Os 11.11; Dt 6.4; 11.1; Lv 19.18; Dt 10.19). A diferença entre o ensino dos dois testamentos sobre ágape é que, enquanto o VT tentava organizá-lo na forma de mandamentos da Lei (e, com isso, perdia espontaneidade), o NT o trata como uma realidade escatológica — uma qualidade de vida no tempo presente, a qual foi derramada “em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5.5). Mas, tanto no Velho como no Novo Testamento, ágape [] difere de eros [] em que este opera com base na atratividade do objeto amado, enquanto que ágape ama até o “não amável”, o repulsivo, e aqueles que não têm nada a oferecer em retorno. Assim, é uma palavra que descreve com exatidão a graça de Deus em seus tratamentos com o homem. Ágape é uma palavra que pertence exclusivamente à comunidade cristã. É um amor virtualmente desconhecido dos escritores de fora do Novo Testamento. A palavra eros não é usada no NT (Alan Richardson). 2

Para os judeus, Deuteronômio 6.4–9 é o texto mais importante do Velho Testamento. O próprio Senhor Jesus chamou a instrução de 6.5 de “o primeiro e grande mandamento” (Mt 22.36–38). Os judeus se referem a esta passagem como o “SHEMÁ”, que é a primeira palavra no texto. Esta palavra significa ouvir, ou dar ouvidos, com o sentido de obedecer. Moisés está ensinando não somente a prioridade da crença em um só Deus, mas também um meio de preservar esta crença. O Shemá constitui a profissão de fé central do monoteísmo judaico que afirma: “Deus é Um e somente Um”. Para os cristãos, entretanto, o Shemá é um reconhecimento e uma celebração da UNIDADE de três Pessoas Eternas. Estas três Pessoas são Um Deus; três Indivíduos distintos em perfeita unidade. Isso não é politeísmo – é TRI-UNIDADE!

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2. A prisão eros C. S. Lewis disse: “O pecado original fez com que a criação se tornasse ‘encurvada’”. Isto é, o centro de nossas vidas se tornou o nosso “eu”, em vez de ser Deus que nos criou. Toda a criação foi afetada! O resultado disso foi que todo o nosso modo de pensar ficou contaminado por uma obsessão — queremos seguir o nosso próprio caminho: “Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar [vida: cuidando daquilo que o Pai entregou, e frutificando; atenção para o Pai, não para si mesmo]. E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal [ágape e eros; despertamento para o amor próprio, a atenção a si mesmo, o interesse próprio] não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás [ficarás estéril, sem vida, sem capacidade de dar fruto]. Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus [ausência total de preocupação consigo mesmos, de atenção a si mesmos] e não se envergonhavam. “Mas a serpente [Satanás], mais sagaz que todos os animais selváticos [eros, de natureza predadora] que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos [para focar em si mesmo, para buscar realização e satisfação própria] e, como Deus [colocarás o centro em si mesmo], sereis conhecedores do bem e do mal [estarás despertado para a vida alternativa de eros]. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer [desejos dominadores da carne], agradável aos olhos [desejos dominadores dos olhos] e árvore desejável para dar entendimento [centrado em si mesmo, soberba e arrogância da vida], tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. Abriram-se, então, os olhos de ambos [consciência e foco em si mesmos]; e, percebendo que estavam nus... esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim [alienados do Pai, cortados da Fonte da Vida, fora do ninho de descanso – espiritualmente mortos]” (Gênesis 2.15–17, 25; 3.1–8, RA).

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A serpente apelou ao apetite da alma do homem, convidando-o a começar a pensar e agir a partir do seu ego como o novo centro de sua existência. Adão e Eva agiram contra Deus e a favor de si mesmos; permitiram que seu apetite por autogratificação, vontade própria e realização pessoal tomasse efetivamente o lugar da sensibilidade e do foco no Pai. O ego degenerado é incapaz de negar ou, até mesmo, de adiar a satisfação de si mesmo em favor dos interesses do Pai – está morto! T. Austin Sparks explica: “O inimigo, o enganador, chegou à alma do homem e, ao invés de reagir à investida do inimigo por meio do seu espírito em comunhão com Deus, o homem respondeu com os desejos da sua alma. Saiu da esfera do espírito e reagiu na alma. O que é a alma? É a razão, as emoções, os sentimentos, os desejos e, evidentemente, a escolha, a vontade. E o inimigo apelou para os desejos e conquistou a vontade por meio do engano” (Christ the Power of God).

O resultado de tudo isso foi que o homem – juntamente com toda a criação – ficou cativo debaixo de uma verdadeira “prisão eros”: “Pois ela [a natureza criada] foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Romanos 8.20, 21).

Ilustrando a prisão eros

Houve uma curva... A curva se fechou...

Paredes mais grossas; Barras mais fortes!

grossas

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Este processo se repete continuamente em áreas específicas da vida humana: sexo, pornografia, álcool, dinheiro, etc. Toda a sociedade gira sem parar dentro dessa prisão eros!

Origem da palavra Como vimos, eros é uma palavra grega que não é usada no Novo Testamento1, devido ao seu uso frequente na mitologia grega e cultos pagãos. Seu significado primário era a ideia de obter, possuir e controlar. Na filosofia grega, passou a denotar aquilo que é amado com o objetivo de satisfação pessoal. Foi a partir dessa postura que a palavra adquiriu sua conotação sexual e pornográfica. Seu sentido original não era este — tinha mais a ver com viver em função de obter vantagem pessoal, isto é, tomar dos outros para preservar, promover ou satisfazer a si mesmo. Eros sempre aponta para o eu, é autorreferencial. Se o examinarmos por um “microscópio” o que vamos ver é isto:

Por esta razão, eros é a raiz de todos os pecados. Não apenas é autocentrado, mas se torna autoconsumista – voltando-se cada vez mais para si mesmo. De fato, o símbolo grego para eros era uma serpente devorando a própria cauda:

Símbolo grego para eros

Infelizmente, fomos “equipados” com eros ao nascer, por causa do pecado original. Neste estudo, escolhemos esta palavra para representar a natureza terrena ou pecaminosa e a ilustramos com uma seta curva — um gancho:

Eros

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Mesmo quando aparece em forma de “amor”, eros só pensa em tomar – é o amor humano, temporário e condicional, que se baseia no interesse próprio. Joseph Manning o descreve assim: “‘Eu te amo porque você me ama’ — amor condicional: só é dado com a condição de ser correspondido. ‘Eu te amo porque quero que você me ame’ — amor de barganha: baseia-se na perspectiva de um amor futuro. ‘Eu te amo porque você já demonstrou seu amor por mim’ — obedece à lei do retorno: amor dado somente porque a pessoa já recebeu no passado o mesmo tipo de amor. ‘Eu te amo porque você é atraente’ — amor físico: dado de acordo com as características físicas de determinada pessoa. ‘Eu te amo porque você pensa como eu’ — amor social: de acordo com a filosofia de vida da pessoa amada. ‘Eu te amo porque é uma questão de religião’ — amor por obrigação moral: é a dissimulação da falta de amor, escondida atrás da atitude ‘Eu não gosto dele, mas tolero, ou aceito, porque minha religião exige’” (O Milagre do Amor Ágape, p. 107).

Como eros se manifesta Eros se manifesta na forma de sete gigantes. Estes são desejos compulsivos que nos escravizam. Não são coisas que chegam até nós — elas vêm de dentro de nós!

Sete gigantes 1. Boa imagem

5. Intenções ocultas

2. Sentir-se bem

6. Obter vantagem pessoal

3. Ter razão

7. Não ser incomodado

4. Estar no controle

1. BOA IMAGEM. Manter uma boa aparência (a qualquer preço); fazer tudo o que está ao alcance a fim de criar e manter uma boa imagem. Não podemos ser nós mesmos. Precisamos “fazer alguma coisa” para que os outros pensem que somos melhores do que realmente somos. Além disso, queremos criar uma reputação que não tem fundamento na verdade (Mateus 6.1; Atos 5.1, 2). É uma das causas de ansiedade. Revela-se também como temor do homem e busca anormal por aprovação humana (Provérbios 29.25; Gálatas 1.10). 2. SENTIR-SE BEM. Este gigante é o retrato do que a Escritura identifica como autossatisfação, que nos leva a buscar a satisfação dos sentidos de uma forma que isso nos controla, tornando-se efetivamente nossa “força motriz” (Tiago 4.1–3). É a fonte ou causa primária de todo comportamento compulsivo ou que causa dependência (álcool, sexo, drogas, etc. — a raiz é a tentativa de estar ou sentir-se bem). Exige que voltemos nossa atenção mais para as emoções do que para a realidade.

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3. TER RAZÃO. Este gigante nos deixa inseguros, ansiosos e incapazes de admitir que podemos estar errados. Ninguém pode “ganhar a discussão”; estamos sempre certos e os outros sempre errados (ver Jó 40.8!). Visto que a nossa mente domina nossas emoções, somos focados, controlados e extremamente comprometidos com nossas avaliações, ideias e conceitos. Temos medo de estar errados ou de ser desafiados, o que nos torna cada vez mais rígidos (uma forma de obstinação e rebelião). Este gigante nos confere um pervertido “dom de onisciência” que nos faz pensar que sabemos tudo, mas nos deixa com vergonha e medo de ser expostos. Geralmente se utiliza da ira como mecanismo de proteção para não ser descoberto. 4. ESTAR NO CONTROLE. Este gigante não possui segurança interior para lidar com as incertezas da vida e acredita que o mundo (pessoas e eventos) possa ser mantido sob seu controle. Achamos que, se estivermos com as “mãos no volante”, todos estarão a salvo e os resultados estarão garantidos. Por causa dele, não podemos participar de qualquer coisa, de todo o coração, se não estivermos na liderança. Pessoas controladoras usam e consomem aqueles que as amam. Usam a necessidade de relacionamento das pessoas como instrumento para manter seu controle sobre elas. Isso não quer dizer que não amem aqueles que estão sob sua liderança, mas há uma mistura em seu amor (não ministram pensando apenas em abençoar). (Ver Isaías 14.13, 14; Lucas 4.6; 3 João 9.) 5. INTENÇÕES OCULTAS. É quando agimos com hipocrisia ou segundas intenções. Com este gigante em operação, armamos emboscadas com motivos ocultos, espreitando a fraqueza e a vulnerabilidade das pessoas, prontos para disparar a armadilha, que havia sido disfarçada e armada com mentiras ou meias-verdades. As pessoas não podem confiar em nós porque nossas palavras possuem significados ocultos. Deus também não pode confiar em nós. Algumas dessas “agendas ocultas” são evidentes e de curto prazo; outras são mais sutis, mais complexas e elaboradas e podem levar anos para serem concluídas (João 6.26; 2 Coríntios 4.2; Judas 16). 6. OBTER VANTAGEM PESSOAL. Também nos torna desonestos e inconfiáveis. Não podemos amar a Deus ou as pessoas quando queremos ganhar alguma coisa com o relacionamento de um jeito que diminui a outra parte. Cada oportunidade, amizade ou evento é avaliado pela pergunta: “O que eu ganho com isso?” (ver João 6.30). Tentamos usar as pessoas para nossos próprios interesses — o que causa separação (1 Coríntios 13.5). Não nos importamos com seus anseios, mas apenas em como elas podem nos ajudar a atingir nossas metas. Estamos constantemente articulando títulos, posições ou reconhecimento. Até atos de serviço podem esconder este gigante quando praticados “de olho na recompensa”.

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7. NÃO SER INCOMODADO. Não queremos nos envolver com pessoas ou situações que possam nos tirar da nossa zona de conforto, ou que exijam tempo, dinheiro, nos importunem ou talvez nos façam perder o respeito das pessoas. É um estilo de vida tão fechado e protegido que não deixamos que nada nem ninguém o toque. Se quisermos viver para agradar ao Pai, precisaremos tratar com este gigante. Ele diz: “Eu Te seguirei, mas não posso ir tão longe!” Esta é a diferença entre admiração por Cristo e identificação com Ele (ver Lucas 10.30–37; Mateus 25.35, 36). Quando eros se manifesta de uma dessas formas ou numa combinação delas, acabamos seguindo o nosso próprio caminho e perdemos a comunhão com o Pai. Assim como Satanás iludiu Eva no jardim dizendo que ela poderia ser “como Deus”, somos enganados quando achamos que podemos seguir o nosso próprio caminho (Isaías 53.6). Estes sete gigantes são os “outros deuses” que colocamos à frente do Deus Ágape. Eles são poderosos porque representam “pagamentos de eros”. Eles se apresentam como recompensas. Somente quando o Pai nos revela seu amor começamos a perceber que estes gigantes, na verdade, são como imitações baratas! O que vamos escolher? As “recompensas” de eros ou a liberdade do Caminho Ágape?

Predadores e parasitas Eros produz predadores e parasitas. Predadores [agressivos] dominam pessoas e situações visando seus próprios interesses. Usam as pessoas abertamente e, em geral, têm como característica a ira. Parasitas [passivos], por outro lado, controlam as pessoas de maneiras mais sutis. Tiram vantagem da generosidade dos outros enquanto se negam a fazer qualquer coisa para retribuir. São como “sanguessugas” — grudam nas pessoas e as usam, recusando-se a produzir qualquer coisa útil. Ambos – predadores e parasitas – nos dizem: “Você é chamado para suprir as minhas necessidades!”. Jesus confrontava eros na vida de seus discípulos. Ele queria seguidores que fossem livres do controle dos sete gigantes (João 8.32, 36). Contudo, sem a ajuda de Deus, o máximo que podemos conseguir é uma mistura tóxica entre eros e ágape que irá parecer atrativa o bastante para enganar, enquanto venenosa o bastante para roubar e destruir. Depois que nos damos conta dessa mistura, começamos a percebê-la em tudo que fazemos. Quais são os nossos motivos? Qual a nossa força motriz? Somos capazes de ministrar às pessoas simplesmente porque Deus as ama? Ou estamos buscando alguma coisa para nós mesmos? Temos “agendas” ou intenções ocultas?

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Nota capítulo 2 1

A língua grega (na qual o Novo Testamento foi escrito) possui várias palavras para amor, enquanto que, em Português, temos somente uma. Quando digo “eu amo a Deus” e “eu amo meu cãozinho” a palavra “amo” certamente não tem a mesma profundidade de significado. Embora o foco do nosso estudo seja ágape e eros, é importante conhecer também o sentido básico de mais duas palavras gregas: A palavra storge, cujo significado essencial é o de “afeição natural”. É o amor entre familiares, especialmente entre pais e filhos. A palavra é usada duas vezes no NT, ambas em conotações negativas, dando a entender a perda de vínculos familiares. Em Romanos 1.31, Paulo a usa em sua descrição da corrupção da raça humana, o que irá agravar-se ainda mais nos últimos dias (2 Timóteo 3.3). Jesus apontou o erro daqueles que usavam a religião como pretexto para fugir da responsabilidade de cuidar dos pais (Marcos 7.11, 12). O apóstolo Paulo ensina que uma pessoa que não cuida da sua família é “pior que um descrente” (1 Timóteo 5.8); e phileo, que significa “gostar de”, “importar-se afetuosamente com”, “tratar com carinho”, “ter ligação pessoal com”. É um amor de emoção e amizade, movido por qualidades inerentes à pessoa amada. Phileo abrange todos os aspectos das relações humanas, incluindo aqueles entre esposos e esposas, pais e filhos, irmãos e irmãs. É um relacionamento que nasce a partir de um vínculo emocional. Enquanto storge envolve laços consanguíneos, phileo envolve a alma. É a união de duas ou mais almas em uma só. No livro de Atos, vemos que a Igreja vivia como se fosse “uma só alma” (4.32). Somos exortados a crescer em amor phileo (Romanos 12.10; Hebreus 13.1; 1 Pedro 1.22).

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3. O dilema da mistura Antes de estudar como as naturezas ágape e eros se misturam em nossas vidas, vamos compará-las a duas reações nucleares que vão nos ajudar a entender como elas são radicalmente opostas.

Ágape é como a reação nuclear de fusão — dois ou mais átomos de hidrogênio, cada um com seu próprio núcleo se combinam ou se fundem para formar um átomo de hélio com um núcleo. Esta reação ocorre no Sol e nas estrelas e é responsável por 99% da energia utilizável que há na Terra (liberada na forma de partículas de luz chamadas fótons – a energia que provê calor, fotossíntese, crescimento e vida).

= FUSÃO NUCLEAR

= UNIÃO

VIDA

Eros é como a fissão nuclear — este tipo de reação raramente ocorre de forma espontânea na natureza. A energia nuclear é o resultado do processo de fissão nuclear artificial: um núcleo atômico é dividido em dois ou mais núcleos, o que libera radioatividade. Também ocorre liberação de energia; no entanto, na reação natural de fusão a energia liberada é de três a quatro vezes maior!

= FISSÃO NUCLEAR (DIVISÃO)

= RADIOATIVIDADE

RISCO BIOLÓGICO

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Contrastando Ágape e eros Ágape = poder da fusão

Eros = poder da fissão

 “O amor... não procura seus interesses” (1 Coríntios 13.4, 5).

 “Quem se isola, busca interesses

 Núcleos de átomos distintos se fundem formando um único átomo.

 Um núcleo dividido em dois ou mais núcleos distintos.

 Natureza divina compartilhada na Trindade. Autodoação sacrificial, dinâmica interpessoal e relacional, sem perda de individualidade, mas em perfeita unidade.

 Dinâmica autorreferencial, autogratificante do amor próprio originada em Lúcifer. No homem, é chamada de “carne” (Gálatas 5.20). Produz predadores e parasitas que tomam dos outros para agradar, enriquecer ou reforçar a própria individualidade (2 Timóteo 3.1–5).

 Divino — próprio da Trindade: indivíduos livres se doam em unidade.

 Iníquo — contrário à Trindade: individualismo, independência, autonomia dirigida por autossatisfação.

 Autosacrifício — impulso espiritual de ágape que procura perder seu núcleo para unir-se a Deus em Cristo. Ímpeto essencial que produz fusão, com consequente liberação de energia que produz vida.

 Autopreservação — impulso carnal de eros no homem natural que busca preservar seu núcleo por meio de fissão, separando-se de Deus para buscar seus próprios interesses. Aufere energia a partir de divisão, gerando destruição e morte.

egoístas...” (Provérbios 18.1).

Toda a vida humana pode ser ilustrada por estas duas setas. Existem apenas dois tipos de pessoas — doadores x tomadores!

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Origem de eros Ao estudar a ciência da fusão, descobrimos que existe uma força elementar na natureza, no interior dos átomos, que é a fonte de toda a energia. Esta é a força que mantém todas as coisas unidas, sem que se “soltem” umas das outras. A origem do Universo está na Trindade. Logo, a força que criou o Universo e que está por trás de toda a criação é o amor ágape de Deus! “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Colossenses 1.15–17).

Houve um tempo no Universo em que tudo era Ágape — tudo era fusão! Infelizmente, entrou no Universo um elemento de fissão: “Você era inculpável em seus caminhos desde o dia em que foi criado até que se achou maldade [iniquidade] em você” (Ezequiel 28.15). “Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você que dizia no seu coração: ‘[Eu] Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembleia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo’” (Isaías 14.12–14; compare com Filipenses 2.5–8!).

As passagens acima indicam que a iniquidade [hebraico: awel – toda forma de distorção ou desvio em relação à perfeita vontade de Deus] se formou primeiramente no coração de Lúcifer. Sua formosura, resplendor e tesouros eram tais que, num determinado momento, um pensamento distorcido encheu-lhe o coração — seu esplendor e riquezas se tornaram mais importantes para ele do que o próprio Criador! Ele achou que poderia se “separar” e se tornar semelhante a Deus; ele agiu sobre o princípio da fissão!

Eros na Igreja Fissão é uma grande fonte de energia. Muitas coisas “funcionam” sobre este princípio. O capitalismo é um bom exemplo disso. É totalmente baseado em “direitos individuais” e na “propriedade privada”. Vemos este princípio em toda a sociedade e até mesmo na Igreja! As pessoas não se interessam muito pela obra de Deus quando isso não lhes dá a oportunidade de “estar à frente do ministério” ou de, ao menos, serem “notadas” na igreja. Em casos de divisão, vemos que muitos “arregaçam as mangas para servir ao Senhor...”. Quantas denominações existem hoje no mundo? Quantos ministérios independentes? É o princípio da fissão operando.

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O texto abaixo nos mostra como o poder da fissão [terreno, demoníaco] pode operar dentro de uma igreja e o contrasta fortemente com o poder da fusão [que vem do alto]: “Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com a humildade que provém da sabedoria. Contudo, se vocês abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta, não se gloriem disso, nem neguem a verdade. Esse tipo de ‘sabedoria’ não vem do céu, mas é terrena, não é espiritual e é demoníaca. Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males. Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera. O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores” (Tiago 3.13–18).

Eros também tem levado muitos a torcerem a Palavra de Deus a fim de obter vantagens para si próprios. Por exemplo, o texto de Atos 20.35 – “Mais bemaventurada coisa é dar do que receber” – tem como propósito suprir as necessidades entre o povo de Deus por meio da ajuda mútua. Se uma “torção eros” for aplicada a este verso, ele pode ser facilmente usado para “levantar dinheiro para a ‘obra de Deus’”. Isso acontece todos os dias. O que originalmente nos foi dado em ágape é distorcido por eros a fim de manipular e controlar. Distorcemos a própria Palavra que nos foi dada para endireitar o “gancho eros” em nós! Versículos são usados como “ganchos”!

A mistura das duas naturezas “Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio” (Romanos 7.15).

Este é o dilema humano — a mistura das duas naturezas. A Bíblia diz que estávamos mortos em “delitos e pecados”, isto é, mortos em eros. Quando Cristo se tornou nosso Senhor e Salvador pessoal através do novo nascimento, Ele nos deu uma nova natureza. “Porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu” (Rm 5.5).

Agora, eros disputa com ágape para controlar nossos desejos. Eles se misturam e estão sempre em conflito entre si (Gálatas 5.17). Se eros não for deslocado irá contaminar nosso relacionamento com Deus e com os outros:

A mistura

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Se eu amar a Deus “com um gancho” [eros] — vou amar aos outros “com um gancho” também. (“Eu te amo por aquilo que você pode fazer por mim!”) amo a Deus

amo aos outros

Se eu aprender a amar a Deus “com uma seta reta” [ágape] — posso aprender a amar aos outros “com uma seta reta” também! amo a Deus

amo aos outros

Quando amamos com base em nossas necessidades, as pessoas “frustram nossas expectativas”. Quando nosso amor se torna controlador ou possessivo, afastamos as pessoas. Eros foca em si mesmo e destrói os relacionamentos! As promessas que já quebramos nos fazem lembrar que a força de vontade humana jamais irá vencer eros. Só Ágape — o próprio Deus — pode produzir ágape em nós. Quando seguimos nosso próprio caminho (controlados por eros), somos levados para um estilo de vida cíclico, isto é, ficamos dando voltas num movimento de involução no qual terminamos com raiva... assustados... maldosos... sozinhos...

Espiral em involução

“Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?” (Romanos 7.24).

A pergunta não é o que, mas quem me libertará? O resultado da luta depende do foco da nossa afeição. O que ou a quem amamos?

Como lidamos com essa mistura? Eros tem força porque é uma forma de amor. Se amarmos as coisas deste mundo, vamos centrar nossas vidas nelas. Ágape tem força porque é o amor de Deus. Quando focamos em Deus, amamos as coisas eternas. Nós nos tornamos aquilo que amamos. A luta entre as duas naturezas é uma luta entre o que ou quem amamos. Se estivermos comprometidos com nós mesmos, nossos planos, agendas, a resposta é clara: amamos a nós mesmos. O resultado será algum tipo de prisão eros. A luta entre as duas naturezas talvez não nos deixe agradecidos pela força de eros, mas realmente nos ajuda a entender por que precisamos de um relacionamento íntimo e crescente com Deus. Em Colossenses 3.2, Paulo diz: “Mantenham o pensamento nas coisas do alto”. Isto é, “mudem seu foco; concentrem-se em Deus...”. A luta é real, mas existe vitória!

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A resposta de Deus Quando cedemos às tentações de forma consistente, interrompemos o estilo de vida linear com propósito e direção. Começamos a viver de forma cíclica como uma espiral em involução. Como um tornado, esta espiral causa destruição por onde passa e nos deixa com sentimentos de raiva, medo, ódio e solidão. Deus não fica assistindo a tudo isso sem fazer nada. Ele não apenas conhece o nosso dilema, mas providenciou um caminho de escape. Deus nos “vence pelo cansaço” porque um estilo de vida cíclico simplesmente não funciona! No final, vamos chegar ao fundo da espiral e Ele estará ali nos esperando com uma palavra especial. Ele trará pressões e correções com o propósito de nos fazer voltar para Ele!

Satisfação verdadeira Satanás sabe que a autossatisfação da natureza eros é o método mais eficaz de nos escravizar. Atos de gratificação própria são um meio para se chegar a um fim, passos para chegar ao objetivo eros – a autossatisfação. Entretanto, esta “autossatisfação” é um mito, a miragem cruel do inimigo, a mentira original da serpente que ela tem perpetuado eficazmente em todas as gerações. “O justo [filho generoso da natureza Ágape] tem o bastante para satisfazer o seu apetite, mas o estômago dos perversos passa fome [é insaciável]” (Provérbios 13.25, RA). As tentativas de obter satisfação pessoal são totalmente fúteis já que nossos apetites da alma e da carne jamais podem ser satisfeitos. Satanás, o pai falso, mantém o homem numa coleira bem curta, tendo despertado seu apetite para a autogratificação e o feito dependente disso! Embora o amor ágape implique em doação, sacrifício e até mesmo perdas, nele encontraremos a verdadeira satisfação. Jesus disse: “Quem quiser preservar a sua vida perdê-la-á; e quem a perder de fato a salvará” (Lucas 17.33, RA). Quanto mais nos doamos, mais somos preenchidos. O Filho abandonou toda a sua glória, se doou totalmente — e foi totalmente preenchido pela Divindade: “... embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo...” (Filipenses 2.6, 7). “Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude” (Colossenses 2.9, 10).

Nada se compara ao amor ágape! Ele é a fonte de toda a plenitude. Eros, ao contrário, toma tudo para si — mas está sempre vazio; nada é o bastante, está sempre procurando por mais! Quando nos doamos a Deus e ao próximo, somos preenchidos pelo próprio Deus. É o poder da fusão!

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4. O Caminho Ágape

Comunhão com o

PAI

Religião

Licenciosidade RELIGIÃO

MUNDANISMO

Zona de conflito

Linha da morte LINHA DA MORTE: Representa a entrada do pecado no mundo que causou separação entre o homem e Deus e entre o homem e seus semelhantes. O relacionamento quebrado entre Deus e sua criação que, como resultado, trouxe pecado, vergonha e culpa sobre toda a humanidade (Gênesis 2.17; Efésios 2.1). Do outro lado desta linha está Jesus Cristo que veio para nos levar de volta ao Pai. Jesus é o CAMINHO que nos leva a um relacionamento pessoal com o Pai. Para atravessar a linha da morte é preciso nascer de novo (João 3.3). Quando nascemos de novo, iniciamos uma jornada pelo “CAMINHO ÁGAPE” — o caminho do amor de Deus que Ele mesmo criou para nos levar de volta ao seu REINO. Nosso alvo não é o céu. O céu é real e maravilhoso, mas o que estamos buscando é conhecer a Deus nesta vida. Precisamos aprender a nos sentir à vontade na presença de um Pai.

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Interrompemos a comunhão com o Pai de duas maneiras: O desvio para a direita — a LICENCIOSIDADE [ausência de leis]. O desvio para a esquerda — a RELIGIÃO [seguir uma lei, regras]. PERMANECER: Este estudo não trata de como podemos ter “experiências com Deus”, mas da nossa jornada espiritual. Ele nos ensinará a permanecer em Cristo em meio às crises e tentações, quando os problemas e dificuldades da vida nos pressionam para um dos dois lados. Na ZONA DE CONFLITO, a vontade humana e as escolhas da vida se unem e nos forçam a tomar uma decisão. Podemos ir para a direita, para a esquerda, ou escolher permanecer no Caminho Ágape.

Podemos conhecer a Deus? O Cristianismo nos ensina que fomos criados com liberdade de escolha. No entanto, muitos recusam o dom gratuito da salvação em Jesus; preferem o caminho da religião, um caminho que eles mesmos inventaram. A religião tenta nos convencer de que podemos criar nossos próprios deuses e determinar nosso próprio caminho para chegar a Deus. A religião cria sistemas e regras. A diferença entre o Cristianismo e a religião é esta: RELIGIÃO — o homem à procura de Deus. CRISTIANISMO — Deus à procura do homem. Nossa jornada para uma vida de comunhão com o Pai começa com a decisão de seguir o Caminho. Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14.6).

Obstáculos ao nosso relacionamento com Deus Satanás e seus demônios: Satanás nos distrai fingindo ser um anjo de luz (2 Coríntios 11.14); o pecado original: nossa natureza caída nos atrai à imoralidade e rebelião; e os fracassos/erros humanos: rejeição, decepções, feridas – distorcem nossa percepção da realidade, deixando-nos vulneráveis e confusos. Estas três forças tentam nos empurrar para um dos dois lados: A LICENCIOSIDADE: O sistema de vida dominado por Satanás (Efésios 2.2). O espírito mundano também procura “obter coisas de Deus”, isto é, segui-lo por interesse.

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A RELIGIÃO: Muitos acreditam que se salvarão através de observâncias religiosas ou de seu “padrão moral”. Não têm consciência de que precisam de um Salvador, nem valorizam um relacionamento pessoal com Deus. A religiosidade também nos leva a tentar “provar algo para Deus” (esforço humano na tentativa de agradar a Deus). Qualquer pessoa que esteja vagando fora do Caminho Ágape, seja tentando obter alguma coisa através do materialismo ou provar alguma coisa por meio da religião, deve se perguntar: “Este caminho está me proporcionando satisfação verdadeira? Se não, o que está faltando?”.

O verdadeiro alvo Fomos criados com uma necessidade de Deus. Só Ele satisfaz o coração humano. Os substitutos que aceitamos nos distraem e nos desviam do alvo, a própria razão pela qual fomos criados – a comunhão com o Pai. Nosso alvo não é o céu. A salvação é apenas o ponto de partida. Quando cruzamos a linha da morte através do novo nascimento, iniciamos uma jornada. Se pararmos na salvação, vamos perder a bênção de desfrutar a presença de Deus na terra. Vida eterna é conhecer e amar ao Pai: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3).

Deus não brinca conosco; se Ele colocou em nossos corações fome por conhecê-lo, Ele fará com que esta fome seja satisfeita! “Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade” (Eclesiastes 3.11).

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5. A Palavra que vem de Deus Vida linear x vida cíclica LINEAR: Tudo que Deus faz tem um começo e um fim, existe progresso. Seu propósito para nós é uma vida linear, uma vida com direção e propósito, que irá chegar ao seu destino.

CÍCLICA: Voltamos aos mesmos problemas; nossa força de vontade acaba falhando e repetimos os mesmos erros. Este tipo de comportamento pode nos levar ao desespero e se tornar uma fonte de pressão que nos levará a um verdadeiro encontro com Deus.

 Vimos em Romanos 8 que toda a criação foi submetida à “inutilidade”. Nada pode ser mais “inútil” do que andar em círculos! Quando Deus quer nos resistir, Ele nos deixa andando em círculos... Em sua providência, Deus permite que circunstâncias da vida se repitam continuamente até que sejamos capazes de discernir o que Ele está tentando nos dizer e decidamos segui-lo. Foi isso que aconteceu com os israelitas no deserto quando eles repetidamente deram voltas no mesmo monte: “Então demos meia-volta e partimos para o deserto pelo caminho do mar Vermelho, como o Senhor me havia ordenado. E por muitos anos caminhamos em redor dos montes de Seir. Então o Senhor me disse: ‘Vocês já caminharam bastante tempo ao redor destas montanhas; agora andem para o norte’” (Deuteronômio 2.1–3).

De um modo completo e perfeito, Deus nos ama demais para permitir que hábitos destrutivos ou prioridades erradas controlem as nossas vidas. Ele age em nossas circunstâncias para nos levar de volta a Ele, pensando sempre no que é melhor para nós. Amar a Deus é o melhor para nós porque nos “tira” de nós mesmos! Deus planejou uma vida linear para seus filhos. Nossa liberdade como filhos de Deus é iniciar uma jornada e chegar aonde queremos chegar.

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“Síndrome dos punhos cerrados” x liberdade Você já se pegou quebrando uma promessa que fez para alguém ou para si próprio? O que você faz quando isso acontece? Range os dentes e tenta com mais força? Esta é a “síndrome dos punhos cerrados”. Como numa conhecida historinha infantil, os portadores dessa síndrome dizem: “Acho que consigo, acho que consigo!” Infelizmente, nossa força de vontade acaba falhando. Eros é mais forte que a força de vontade humana. O comportamento cíclico é o que faz o alarme disparar! LIBERDADE, na Bíblia, é a habilidade de começar e parar — é o fruto do Espírito chamado domínio próprio (Gálatas 5.22, 23). É a habilidade para comer um biscoito e não o pacote inteiro, ou para rejeitar pensamentos impuros que venham à nossa mente. Não é autocontrole; é o controle de Deus. Escolhemos a liberdade de Deus e Ele nos dá capacidade para começar e parar.

Como Deus fala conosco Quando alguma coisa na esfera do mundo ou da religião se torna mais importante para nós do que a comunhão com o Pai, caímos numa prisão eros. Enquanto andamos em círculos, desperdiçamos um tempo precioso que poderia ser gasto num estilo de vida linear, fazendo progresso rumo à semelhança de Cristo. Para que Deus possa nos confrontar em nossas prisões eros, precisamos estar cansados de tudo que não funciona. O padrão cíclico nos traz pressões que nos levam a buscar o Pai. Ele já tem uma palavra preparada que precisamos ouvir. Nem sempre é uma palavra que queremos ouvir; é uma “seta reta” – ágape – com o propósito de quebrar a prisão na qual estamos! A palavra que vem de Deus pode vir na forma de um verso das Escrituras, uma canção, um testemunho, um sermão, um estudo bíblico ou a confrontação de um amigo cristão. Nem toda “palavra” é, necessariamente, uma palavra de Deus. Teste as palavras com as Escrituras. Os recursos de Deus são ilimitados quando estamos prontos para ouvir dele. Ele escolhe a maneira e o método que será mais efetivo para cada um de nós. Esta palavra específica de Deus é como o cajado de um pastor, puxando-nos da beira do barranco e nos colocando de volta no caminho. Ouvir uma palavra do Pai e agir sobre ela é a única maneira de sair de uma prisão eros. “Jesus respondeu: ‘Está escrito: Nem só de pão [Materialismo] viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’” (Mateus 4.4).

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A palavra que vem de Deus

1. Estou numa prisão eros; 2. Preciso de uma palavra específica de Deus; 3. Deus fala em meio à minha situação; 4. A palavra que vem de Deus é ágape.

Qual o papel de Cristo? Jesus é o nosso Salvador: “Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3.23).

Só Jesus é qualificado para ser o nosso Salvador porque Ele foi o único ser humano que nasceu “sem um gancho”. Se Jesus não tivesse nascido de uma virgem, Ele não poderia ser o nosso Salvador. “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo” (2 Coríntios 5.19).

Quando olhamos para Jesus, vemos o caráter de Deus (compaixão, misericórdia, amor de aliança, etc.). Deus veio a nós como ÁGAPE ENCARNADO.

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“O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser” (Hebreus 1.3). “Jesus respondeu: ‘Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai’” (João 14.9).

Jesus é o nosso modelo. Ele foi o primeiro ser humano cujo centro estava fora de si mesmo. Ele não tinha a mistura eros/ágape. Sua única “agenda” era fazer a vontade do Pai.

A veste nupcial “Mas quando o rei entrou para ver os convidados, notou ali um homem que não estava usando veste nupcial. E lhe perguntou: ‘Amigo, como você entrou aqui sem veste nupcial?’ O homem emudeceu” (Mateus 22.11, 12).

Quando experimentamos o novo nascimento em Jesus Cristo, Deus nos deu a justiça de Cristo! A veste nupcial — o manto da justiça divina — é a cobertura completa que torna possível experimentar uma vida linear de comunhão com o Pai. É uma expressão do favor de Deus. Deus se deleita em nós, como um noivo se deleita em olhar para sua noiva. “Pois ele me vestiu com as vestes da salvação e sobre mim pôs o manto da justiça, qual noivo que adorna a cabeça como um sacerdote, qual noiva que se enfeita com joias” (Isaías 61.10).

Infelizmente, queremos “ganhar” ou nos tornar “merecedores” desse dom. Como resultado, entramos facilmente pelo caminho da religião a fim de tentar provar nossa “dignidade” para com Deus. Nossa justiça própria não é mais suficiente para nos cobrir do que uma pilha de trapos imundos (Isaías 64.6). O caminho da religiosidade não nos dá acesso ao Pai. Através da veste nupcial, Deus nos vê perfeitos em Cristo. Embaixo dela ainda há falhas e a mistura eros/ágape, mas nossos pecados estão cobertos. Podemos descansar na obra completa de Cristo. Este manto de justiça é o “veículo” no qual fazemos nossa jornada. Por ser a justiça de Cristo, este veículo é completamente confiável.

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A veste nupcial

Fator Adão Rm 3.23

Revestindo-se do “novo eu” — justiça imputada Cl 3.10

Justiça operando em nós a transformação do Reino Gl 4.19

Sendo moldados à sua imagem — justiça transmitida Rm 8.28–30

Às vezes (até mesmo de modo inconsciente), tentamos viver a vida cristã como se ainda estivéssemos debaixo da Lei. No entanto, sabemos que jamais poderíamos alcançar o padrão de justiça de Deus por meio da Lei porque – por mais que tentássemos guardá-la – sempre ficaríamos aquém de suas exigências (Tiago 2.10)! A justiça que vem pela fé em Cristo nos é imputada e completa. Não há nada que possa ser acrescentado a ela. Em Cristo, temos um padrão de justiça absolutamente perfeito diante de Deus. Não há mais acusações contra nós (Colossenses 2.14). Isso não significa que somos pessoas perfeitas – nem de longe! Significa que Jesus Cristo é perfeito e que temos a justiça dele creditada em nosso favor por causa de nossa fé nele. Aos olhos de Deus, somos perfeitos! Se a justiça pudesse ser obtida pela Lei, não haveria razão para a Cruz. Uma vez que os fariseus haviam “aperfeiçoado” um sistema de “obediência” à Lei, Jesus poderia ter adaptado para nós um estilo de vida baseado em “permanência na Lei”. Em vez disso, Jesus escolheu obedecer ao Pai e ir ao Calvário em nosso lugar. Se a justiça pudesse ser obtida pelas obras, Jesus simplesmente poderia ter dado continuidade ao seu ministério de cura e libertação. Embora Ele curasse muitas doenças e alimentasse multidões, ainda assim afirmou que era necessário ser rejeitado, morto e ressuscitar ao terceiro dia (Lucas 9.22). Em vez da Lei ou boas obras, a justiça veio pelo dom da graça. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8, 9, ACF). “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2 Coríntios 5.21).

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Jesus pode “endireitar os nossos ganchos” Este é um processo de duas faces: Primeiro, Cristo nos dá de sua justiça imputada. Este dom ou presente nos é dado na salvação. Como vimos, não somos salvos por obras “para que ninguém se glorie”. Se a salvação é um dom, não há nada que possamos fazer para “merecê-la”. Como numa transferência bancária, a justiça de Cristo é transferida para a nossa “conta”. Mas isso não é tudo que o Senhor fez por nós. Ele também, continuamente, nos transmite de sua justiça. Esta ação nos dá a esperança de nos tornarmos semelhantes a Ele: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2.20). “Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em vocês” (4.19).

Como vemos nos textos acima, Cristo vive em nós. É por isso que temos o potencial de nos tornarmos como Ele. Cristo nos dá de sua própria natureza – dia a dia e pouco a pouco – à medida que nos alimentamos dele. Estamos acostumados a pensar na salvação a partir de um ponto de vista autorreferencial. Mas o processo de salvação tem o propósito de nos “tirar” de nós mesmos e nos colocar “em Cristo”. A vida de Cristo transmitida ao discípulo é o que costumamos chamar de “processo de santificação”, “ser moldados à imagem de Cristo”, ou “o caráter de Cristo formado em nós”. Algumas denominações tratam o assunto de maneira um pouco diferente, mas a essência é a mesma: (1) JUSTIÇA IMPUTADA: o dom de Deus no momento da salvação; este é o “veículo” no qual fazemos nossa jornada; (2) JUSTIÇA TRANSMITIDA: quando a natureza ágape do Pai é transmitida ao cristão a fim de mudar sua vida prática; este é o “combustível” necessário para a jornada. “Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!” (Romanos 5.10).

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O Caminho Ágape é a única rota que traz verdadeira liberdade. Esta liberdade não é alcançada pela força de vontade humana. Não é uma simulação – uma atitude religiosa para fazer os outros pensarem que somos “espirituais”. Permanecemos na vida de Cristo que nos foi transmitida e

vivemos por sua vida!

Nosso alimento espiritual “Trabalhai, não pela comida que perece [satisfação de si mesmo], mas pela comida que permanece para a vida eterna [unidade de autodoação com Deus], a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo [Ágape genuíno]... Eu sou o pão da vida... Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo [que está espiritualmente morto] é a minha carne... Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes [literalmente, no grego, “se não mastigardes”] a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos [estareis mortos, estéreis, incapazes de reproduzir o Ágape sacrificial do Pai]. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna [relacionamento qualitativo Ágape que o Pai, o Filho e o Espírito Santo compartilham desde a eternidade]; e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida [não o fruto falsificado da árvore do autoconhecimento]. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele [unidade, a vida do Filho assimilada por nós]. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá” (João 6.27, 35, 51, 53–57, RA).

Deus quer que estejamos vivos, sensíveis, focados nele, por meio do seu Filho, para que possamos corresponder num relacionamento de autodoação com Ele. Ele procura ressuscitar nossa fome espiritual através de uma filiação que nos tornará conscientes do Pai; por isso, Ele deu o próprio Filho para ser nosso alimento. Por meio da carne e do sangue de Jesus, o REINO DE DEUS nos é acessível. Está tão perto de nós quanto um “prato de comida”. Da mesma forma que ao mastigar e ingerir a comida, ela se torna parte de nós, o Filho de Deus está dizendo que Ele e nós podemos ser um só – como carne e osso (1 Coríntios 6.17). Sua vida pode ser unida à nossa, de forma que a nossa energia vital venha totalmente dele. Este alimento verdadeiro – o próprio Jesus – é a Fonte da Vida que nunca acaba. Deus está disponível a todos os que creem e, como o alimento, pode morar dentro do ser humano.

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Comida e bebida verdadeiras implica que há falsificações: “Porque a inclinação da carne [consciência e foco em si mesmo, alimentar-se de si mesmo] é morte; mas a inclinação do Espírito [consciência e foco na Trindade] é vida [verdadeiro alimento] e paz [descanso no ninho deles]. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus [a vontade própria considera a vontade do Pai um rival e uma ameaça]” (Romanos 8.6,7, RA).

A alma degenerada e consciente de si mesma almeja satisfazer a si mesma; isso é totalmente oposto à fome espiritual, regenerada no Espírito de Deus – um apetite para comer do Filho que agrada ao Pai a fim de que nos tornemos filhos que o agradem também.

Fome e sede de justiça “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mateus 5.6, RA).

Jesus nos deu uma definição bem simples de justiça: “Eu faço sempre o que lhe agrada” (João 8.29). O Pai proveu para nós essa mesma justiça viva na forma de comida e bebida. A vida no Corpo e no Sangue de Jesus é o poder que nos capacita a agir contra o nosso amor e vontade próprios e a fazer e nos tornar a vontade do Pai. Esta não é apenas a justiça legal de Cristo, que Ele nos deu como dádiva, quando nos cobriu com sua própria vida como base legal da nossa justificação e aceitação; antes, é a resposta ao convite do Filho: “Tomai sobre vós o meu jugo [consciência do Pai] e aprendei [filiação Ágape] de mim” (Mateus 11.29). Primeiro fomos adotados oficialmente pelo Pai; agora, precisamos ser naturalizados para que os valores, os hábitos e a própria vida do Pai se tornem parte de nossa essência. Fome de justiça é uma função do espírito do filho, empenhando-se para afirmar sua semelhança genética com o Pai. Fome e sede de justiça ocupa uma posição central e crucial nas bem-aventuranças (ver Mateus 5.3–12): 1. ESVAZIAMENTO. As primeiras três bem-aventuranças descrevem um processo necessário de esvaziamento; a “cruz diária” trata com a natureza eros: “Bem-aventurados os pobres de espírito [esvaziados do orgulho focado em si mesmo: eu sou, eu tenho...]; bem-aventurados os que choram [esvaziados pela perda]; bem-aventurados os mansos [esvaziados pela humilhação], porque herdarão...”.

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2. FOME. O esvaziamento precipita a condição abençoada da quarta bemaventurança central: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos”. 3. FARTOS. Aqueles que estão vazios têm fome, e os que têm fome são saciados com a natureza Ágape do Filho: “Bem-aventurados os misericordiosos [DNA de Deus]; bem-aventurados os limpos de coração [livres de eros, motivados por Ágape]; bem-aventurados os pacificadores [que se sacrificam para trazer paz entre homens carnais], pois serão chamados filhos de Deus. Bemaventurados os perseguidos por causa da justiça [filiação provada, testada]...”. As raízes de Ágape são esvaziamento de si mesmo, perda e humilhação que desencadeiam fome espiritual, um verdadeiro apetite por justiça; os frutos são a vida do próprio Filho, infusões de sua natureza Ágape, do seu Espírito. Verdadeira fome espiritual não é um apetite para usar Deus para satisfazer a si mesmo, mas uma fome de ser deslocado, substituído pelo Filho para agradar ao Pai. Por esse processo regenerador de substituição, o Pai está transformando órfãos que só queriam agradar a si mesmos em filhos naturalizados, habilitados para viver e participar do ninho de descanso de sua família divina – o REINO DE DEUS!

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6. O poder de cura de Ágape Uma das coisas que nos “choca” é o fato de Deus nos amar. A maioria de nós não tem problema algum com o fato de Deus amar o mundo. Contudo, temos dificuldades em acreditar que Ele nos ama individualmente. Por quê? Porque conhecemos muito bem nossas imperfeições: “Se Deus realmente me conhece, Ele não pode me amar! Há tanta gente bacana por aí, por que Ele escolheria a mim?”. Neste capítulo, vamos examinar uma história bíblica que ilustra esta verdade: Deus tem procurado por você mais do que você tem procurado por Ele. O propósito de sua salvação é levá-lo a um relacionamento pessoal com o Pai. Ele realmente ama VOCÊ. E o amor dele cura suas feridas — quaisquer que elas sejam — até mesmo aquelas que você considera “incuráveis”. Qualquer problema na alma humana pode ser curado por uma revelação do amor do Pai. Nossas almas não podem ser equilibradas e funcionar perfeitamente até conhecermos a verdadeira aceitação e o poder de cura do amor ágape de Deus.

O Pai nos ama! Em nossa sociedade não estamos acostumados com presentes. Provavelmente você já ouviu muitas vezes o ditado: “Nada é de graça”. A ideia de ter de merecer tudo está enraizada em nós desde crianças, possivelmente desde quando começamos a receber nossas primeiras tarefas domésticas. Achamos também que devemos merecer o amor daqueles que estão à nossa volta — sendo bonzinhos, tendo um ótimo desempenho, satisfazendo suas expectativas e nos desculpando abundantemente quando os desapontamos. Se nosso arrependimento for sincero, quem sabe poderemos “cair nas graças deles” outra vez. Às vezes pensamos que jamais seremos bons o bastante para merecer novamente seu amor e aceitação. Aceitar o amor de Deus por nós é aceitar sua soberania — seu direito de escolha. Assim como não podemos redirecionar as estrelas ou os planetas, não podemos mudar a decisão de Deus de dirigir seu amor a nós. Somos amados por Ele!

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O amor do Pai traz cura Um retrato bíblico de pecado, destruição e restauração é encontrado na história de Mefibosete em 2 Samuel 9.1–13. Esta história teve um final feliz porque Mefibosete finalmente aceitou o convite de Davi. Comendo regularmente à mesa do rei, o amor de Davi começou a curar suas feridas. E se Mefibosete tivesse recusado o convite do rei?  O nome Mefibosete significa “vergonha que destrói”.  Davi dirige seu amor a Mefibosete.  Mefibosete era aleijado dos pés. (Ver Lucas 14.15–24.)  Mefibosete disse que se sentia como um “cão morto” (v. 8). (Isto se chama autocondenação: “Se você realmente me conhecesse, não me amaria...”.)  O que Davi fez por ele? “Não tenha medo... é certo que eu o tratarei com bondade... você comerá sempre à minha mesa... Assim, Mefibosete passou a comer à mesa de Davi, como se fosse um dos seus filhos” (vv. 7, 11).

Quando alguém nos chama à sua mesa, sabemos que já não somos simples convidados. Quando estamos à mesa com alguém acontece algo que parece não acontecer em nenhum outro lugar. Em Apocalipse 3.20, lemos que Jesus deseja entrar para cear (ter comunhão) com sua própria Igreja! O amor de Deus pode fazer parte do nosso sistema de crenças sem, contudo, fazer parte do nosso estilo de vida emocional ou prático. Podemos acreditar que somos amados por Deus e, no entanto, não nos sentir amados ou agir como se não fôssemos amados. A cura começa quando abraçamos a realidade do amor de Deus. Então devemos agir de acordo com esta realidade. Como? Sabendo que temos um lugar à mesa do Rei!

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Aplique estas perguntas à sua vida: 1. Deus Pai tem o direito de amar a quem quer que Ele escolha? 2. Ele tem o direito de escolher VOCÊ? 3. Ele tem poder (ou habilidade) para dirigir o amor dele a você? 4. Ele pode amar alguém que seja “um aleijado”? 5. O amor dele é suficiente para curar sua “ferida incurável”?

Como o amor do Pai nos ajuda a mudar? Quando nos sentimos inseguros, ilegítimos ou abandonados não somos livres para mudar. Pessoas inseguras acham difícil mudar porque não possuem um fundamento estável e confiável para suas vidas. Como animais encurralados, elas tentam se agarrar àquilo que têm e são. Lutam para chegar à próxima etapa. Seus esforços em mudar são defensivos, obstruindo e atacando quem se lhes opõe. Poucas pessoas veem mudanças com agrado; contudo, indivíduos seguros possuem uma identidade própria que não se sente ameaçada por mudanças. Quando colocamos nossa confiança no Deus de Êxodo 34, não temos medo do processo pelo qual Ele nos molda à imagem de Cristo. Deveríamos temer recusar-nos a mudar e continuar num estilo de vida cíclico! Por que você acha que pessoas e instituições religiosas têm a reputação de serem fechadas para mudanças, “empacadas em seus caminhos”? Não será porque puseram sua confiança em sistemas e tradições em vez de colocá-la no Deus vivo? Jesus não pode ser contido em “odres velhos” (Mateus 9.16, 17). Ele veio fazer novas todas as coisas (2 Coríntios 5.17). Por ser um Pai, Deus nos dá três coisas que não podemos gerar por nós mesmos — elas precisam vir do alto:

1. SEGURANÇA 2. IDENTIDADE 3. PERTENCIMENTO

1. INSEGURANÇA

no lugar de:

2. ILEGITIMIDADE 2. ABANDONO

Causa de:

Vergonha oculta

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Mudanças que honram o Pai Quando temos SEGURANÇA, IDENTIDADE e PERTENCIMENTO somos livres para mudar. Uma mudança iniciada por Deus sempre terá como objetivo nos moldar à imagem de seu Filho. Sabemos que Jesus é a exata expressão do Pai. Podemos estar certos de que a imagem de Jesus inclui compaixão, misericórdia, longanimidade; na imagem dele, seremos fiéis às alianças, verdadeiros, perdoadores e justos. Refletiremos o amor ágape de Deus. Mostraremos mudanças que honrem o Pai! Na parábola do filho pródigo vemos uma mudança de foco: “Dá-me... faz-me” (Lucas 15.12, 19). “Dá-me” indica um foco autorreferencial. “Faz-me” indica o reconhecimento humilde de nossa necessidade de mudança. O pai da parábola ilustra nosso Pai celestial que nos recebe quando voltamos de nossas prisões eros. Quando chegamos a Ele dizendo “faz-me” em vez de “dá-me”, Ele nos abençoa com sua presença e proteção. Como um filho amado do Rei, entramos em sua sala de banquete e comemos à sua mesa. Não tenha medo do processo de mudança de Deus. O amor dele sempre procura o nosso bem. O Pai não tem intenções ocultas nem busca vantagem pessoal! Em vez disso, Ele nos atrai para um relacionamento que é o verdadeiro anseio do nosso coração.

Por que podemos ser confiantes? Através da veste nupcial, encontramos SEGURANÇA, IDENTIDADE e PERTENCIMENTO:  Ninguém pode acrescentar ou tirar coisa alguma de nós;  A veste nupcial é completa em si mesma;  Este manto de justiça nos liberta dos sete gigantes de eros;  Quando temos segurança, identidade e pertencimento, somos abertos para mudanças. Segurança Identidade Pertencimento

Abertos para mudanças

Insegurança Ilegitimidade Abandono

Fechados para mudanças

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Confiança na completa aceitação de Deus é o que, no final das contas, nos faz mudar. A confiança vem de saber que somos completos em Cristo, cobertos pela veste nupcial. Então começamos a ser libertos do mundo, das tentações, e dos sete gigantes. Não precisamos mais de uma “boa imagem”; não precisamos “ter razão”; não somos mais governados por nossos sentidos... Podemos ouvir Deus dizendo: “Não faça mais isso... Não volte naquele lugar... Não quero que você ande nessa direção...”. Ágape pode quebrar o comportamento cíclico e nos fazer andar em liberdade! Em Lucas 23.40–43 lemos sobre o ladrão que reconheceu Jesus como Salvador na cruz. Talvez aquele homem jamais tivesse entrado numa sinagoga ou lido um só verso das Escrituras; obviamente, ele não teve a chance de ser batizado nas águas... Do ponto de vista de seu “desempenho religioso” ele jamais poderia ter sido recebido no céu! No entanto, ao se arrepender de sua condição de pecador e reconhecer na pessoa de Jesus sua única possibilidade de salvação — a veste nupcial o cobriu completamente e aquele homem pôde ir ao paraíso com o Senhor! O “escândalo do ladrão da cruz” foi este: aquele homem não ganhou ou mereceu o lugar dele no céu! Podemos trocar o nosso fracasso pela vida de Cristo – colocando nossa confiança na veste nupcial. O apóstolo Paulo nos ensina que o evangelho é “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1.16); e João nos encoraja a conhecer e confiar no amor do Pai: “Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor” (1 Jo 4.16). Nossa confiança na veste nupcial é a questão fundamental para que possamos permanecer no Caminho Ágape.

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7. Aprendendo a permanecer no Caminho Você já correu atrás de algum alvo ou objetivo apenas para descobrir que não valia a pena? Uma conhecida canção dos turbulentos anos 60 perguntava: “Isso é tudo que há?” Neste capítulo vamos comparar falsos alvos com o Verdadeiro Alvo — o único que traz satisfação verdadeira.

O que são “falsos ômegas”? Em Apocalipse 22.13, Jesus declara: “Eu sou o Alfa e o Ômega [primeira e última letras do alfabeto grego], o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim”. Na verdade, Ele também é todas as outras letras que estão no meio! Jesus existia antes da criação, foi o Autor da criação e é Aquele em quem todas as coisas serão consumadas (João 1.1–14). O autor de Hebreus nos exorta: “Tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hebreus 12.2). Um falso ômega é uma promessa de vida que não tem a capacidade de proporcionar o que foi prometido. É uma promessa falsa! A pergunta que naturalmente surge é: Por que corremos atrás de falsos ômegas? — Porque não aprendemos a permanecer naquele que é o Verdadeiro Ômega! Por alguma razão, nos convencemos de que lá “no fim do arco-íris” existe um “pote de ouro”. Mas o que realmente nos espera por lá é uma “recompensa eros” que nos levará a uma prisão eros! Exemplos de falsos ômegas são aquelas transações comerciais que parecem “boas demais para ser verdade”, ou envolvimento em clubes, comunidades e até mesmo grupos religiosos por motivos errados. Pessoas que se envolvem em vários clubes ao mesmo tempo em geral estão buscando por segurança, identidade e pertencimento – em fontes erradas – nebulosos falsos ômegas! Falsos ômegas podem ser lícitos ou ilícitos, válidos ou inválidos, mundanos ou religiosos. A única coisa que eles têm em comum é isto — sempre causam decepção!

Dois tipos de prisão eros Religião

Licenciosidade

Lucas 15.25–32 — O irmão mais velho do filho pródigo.

Lucas 18.18–23 — O jovem rico [Materialismo].

3 João 9 — “...Diotrefes, que gosta muito de ser o mais importante entre eles”.

2 Tm 4.10 — “Pois Demas amando [ágape] este mundo, abandonou-me...”.

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O caminho da licenciosidade nos oferece uma ampla gama de falsos ômegas. Salomão buscou prazer, posses e realizações. Sua busca o deixou vazio e desiludido. Ele concluiu: “Percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento...” (Eclesiastes 2.11). O caminho da religião também nos promete vida — mas não pode produzi-la. No Novo Testamento, vemos que os fariseus se apegavam às “tradições dos homens”, em vez de se dedicarem a Deus (Marcos 7.8). Enquanto Demas foi de uma vez para o mundo; Diotrefes ficou na igreja, mas seu desejo de ser “o líder” estava contaminado por eros. Paulo advertiu severamente os cristãos filipenses a tomarem cuidado com pessoas que se envolviam na obra de Deus por ambição, ou seja, movidas pela natureza eros (ver Filipenses 2.19–22; 3.17–19)! Toda tentação tem como objetivo nos levar por um desses desvios a fim de obtermos alguma vantagem pessoal. Ambos nos levam a perder a comunhão com o Pai!

O que acontece quando saímos do Caminho Ágape? Talvez você já tenha feito a mesma pergunta de Paulo: “Continuaremos pecando para que a graça aumente?” Ele mesmo responde: “De maneira nenhuma!” (Romanos 6.1, 2). Tiago também nos ensina que, como cristãos, nossas ações devem estar em harmonia com aquilo que cremos (2.14–26). Uma crença não é simplesmente algo que dizemos, mas é demonstrada pelo que fazemos. Em outras palavras, a verdadeira fé é mais do que uma simples verbalização; ela deve nos levar a ações condizentes. Se realmente cremos em determinada coisa, nossas ações devem estar em harmonia com nossa crença, ou então esta deve ser questionada. A fé de Abraão foi demonstrada por suas ações (Hebreus 11.17–19). Então Deus considerou sua fé como justiça. Ele não foi justificado pelo que fez. Ele foi justificado por sua fé. O que Abraão fez estava em harmonia com sua fé. Deus viu sua fé e lhe imputou justiça por causa dela. A verdadeira fé é demonstrada em ações que estão em harmonia com a crença professada. Quando “andamos em círculos” de forma consistente, podemos sair do Caminho... Porque somos filhos, Deus traz disciplina em nossas vidas a fim de que “não sejamos condenados com o mundo” (1 Coríntios 11.32; ver também Hebreus 12.5–11). Ele nos resiste. O Pai nos faz enxergar que um estilo de vida cíclico simplesmente não funciona!

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Como voltamos ao Caminho? A resposta simples é que somos incapazes de voltar por nós mesmos. Precisamos esgotar todos os nossos “recursos” para descobrir que eles não satisfazem nossos anseios mais profundos. Não é bom seguir o nosso próprio caminho! Deus sabe que esses desvios não nos satisfarão porque Ele nos criou para si mesmo. Ele tem ciúmes por nós, não ciúmes de nós. Ele sabe que, amá-lo, é o que nos traz segurança, identidade e pertencimento. Deus não nos força ou coage, Ele acena e chama. Então ouvimos sua palavra: “Quer você se volte para a direita quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe dirá: ‘Este é o caminho; siga-o’” (Isaías 30.21).

Esta palavra é uma evidência do seu amor. A palavra ágape de Deus nos tira de nossas prisões eros e provê o alimento que o nosso espírito ansiava receber.

Permanecendo no Caminho Como vimos, o objetivo da tentação é nos demover para o caminho da licenciosidade ou da religião. Por causa de seu amor, Deus traz pressões sobre nós na zona de conflito. Estas pressões têm como objetivo nos manter no Caminho Ágape. Ficamos no Caminho à medida que aprendemos a permanecer em Cristo. A palavra permanecer [Strong #3306: meno – permanecer em ou com alguém; unido com essa pessoa no coração, em pensamento e em vontade] aparece 120 vezes nas Escrituras. Quem nos ensina seu significado é o apóstolo João que a utiliza mais de 80 vezes em seus escritos! Dois versos de seu evangelho nos dão a essência do que ela significa em nossa vida cristã: “O Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer” (5.19). “Sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (15.5).

Permanecer fala de uma dependência ininterrupta da Pessoa de Jesus Cristo, através da qual a “Seiva” [Vida] da Videira possa fluir em nossa mente, vontade e emoções. Neste estado quieto de dependência em fé ocorre a transformação da nossa personalidade que glorifica o Pai (15.8). É impossível aprender a permanecer em Cristo pela fé enquanto não tivermos entendido claramente a veste nupcial – segurança, identidade, pertencimento, e a justiça de Deus em nós. A habilidade de permanecer é o oposto de esforçar-se. Permanecer produz liberdade, fruto e libera a glória do Pai. Às vezes esta permanência pode parecer uma atitude passiva, porque é quieta e despretensiosa, mas esperar em Deus é uma ordem para nós (Isaías 64.4). Se não aprendermos a habilidade de permanecer, iremos secar (15.6) e falhar em produzir o fruto que o Pai deseja – Cristo formado em nós.

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Maturidade espiritual significa permanecer [estar continuamente, apoiar-se e estar seguro] no amor de Deus em qualquer situação, contradição ou crise que se apresentar a nós em nossa jornada: Permanecer difere do que chamamos de “meios de graça” (oração, estudo bíblico, igreja, etc.). Estes meios nos ajudam a cultivar nossa vida espiritual e a crescer na semelhança de Cristo. Permanecer, por outro lado, é aprender a ficar firmes (posicionados, apoiados) na justiça de Cristo, inabaláveis nas crises, quando pressões ou tentações vêm sobre nós e enquanto Deus faz o que Ele precisa fazer em nós. Permanecer é o oposto de esforçar-se. Esforçar-se é tentar viver a vida cristã com as próprias forças – fazendo algo para que “as coisas aconteçam”. Esforçar-se nega a verdade de que é Cristo quem opera em nós (Fp 2.13). Permanecer é uma habilidade a ser aprendida [como esquiar ou andar de bicicleta] — No texto de Efésios 6.10–14, Paulo usa a expressão “ficar firmes” três vezes: “E, havendo feito tudo, ficar firmes” (v. 13, ACF). Aprendemos a ficar firmes na veste nupcial de Cristo sem nos demover para um lado ou outro na direção de um falso ômega. Não queremos um falso ômega porque já encontramos o Verdadeiro! Uma vez focados no Pai, nos movemos na direção dele.

Se nos recusarmos a permanecer na justiça que Cristo nos proveu, seremos forçados a criar “nossa própria justiça”: “Porquanto, ignorando a justiça que vem de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se submeteram à justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê” (Romanos 10.3, 4).

Infelizmente, achamos fácil convencer a nós mesmos de nossa “justiça pessoal” porque, quando olhamos à nossa volta, temos a impressão de que somos “bonzinhos” em relação aos outros. Contudo, o padrão de justiça de Deus é infinitamente mais alto do que o nosso. Jesus mostrou o requisito para aqueles que quiserem lutar para ir ao céu com as próprias forças: “Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai celestial de vocês” (Mateus 5.48). O padrão para quem quiser ser justo diante de Deus por si mesmo não é nada menos que perfeição absoluta – não apenas “tentar com muito empenho”, ou “ser sincero”, mas guardar sem falta alguma tudo o que Deus planejou para o homem. Nitidamente, aqueles que acreditam que podem ganhar a vida eterna por suas boas obras têm um entendimento distorcido da santidade de Deus e do que significa ser justo aos olhos dele. Não vamos querer fazer “excursões” fora do Caminho Ágape se aprendermos a confiar e permanecer na veste nupcial!

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A verdade de Romanos 8.28, 29 A fim de permanecer na Videira, nós, os ramos, devemos ser podados. Diariamente, Deus procura remover qualquer coisa de nossas vidas que fique entre nós e Ele. Comunhão é muito importante para Deus para que Ele permita que ervas daninhas e espinhos a obstruam. Cooperamos com Ele neste processo quando abraçamos seu trabalho de poda como parte vital de nosso crescimento e vitalidade espirituais. Contudo, ninguém jamais disse que acharíamos este trabalho agradável ou prazeroso. Este processo continuamente nos leva a experimentar “minigetsêmanis”. Encontramo-nos orando como Jesus: “Se for possível, afasta de mim este cálice”. Quando permanecemos nele, aprendemos a declarar nossa confiança nos planos e propósitos de Deus. Por fim, somos capazes de orar: “Contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mateus 26.39). Esta oração de aceitação é nossa forma de afirmar que o nosso relacionamento com Deus é mais importante do que seguir o nosso próprio caminho! Como Jesus, agradar ao Pai se torna o foco de nossas vidas. Aceitamos seu trabalho de poda como um ato de seu amor ágape. Sabemos que Deus nunca remove algo para nos prejudicar ou ferir. Na verdade, sua poda repara e restaura. Podemos descansar no amor daquele que nos prometeu sua proteção e provisão. João nos diz que apenas o Pai fará o trabalho de poda. Ele fará que nos tornemos frutíferos em seu REINO. Não vamos apenas “sobreviver” – vamos florescer. Nosso fruto abençoará os que estiverem à nossa volta. A verdade de Romanos 8.28, 29 é esta: Nada toca nossas vidas sem a permissão do Pai! Deus trabalha em todas as circunstâncias a favor daqueles que o amam. Aquele que aprende a permanecer em Cristo assume sua posição em Deus e diz: “Os eventos que tocarem minha vida irão me moldar à imagem de Cristo”. Como aprendemos isso? Paramos de lutar contra Ele e descansamos em seu amor. A fim de aprender a permanecer, precisamos ficar firmes, não perguntando “o que” ou “por que”, mas respondendo a “Quem” — o Deus em cuja natureza podemos confiar. Nem sempre podemos saber o que Deus está fazendo, mas sempre podemos saber quem Ele é!

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8. Focando no Pai Sua câmera tem foco automático? Não seria incrível se nós, humanos, tivéssemos um foco automático em Deus? Se estivermos focalizando em outras coisas, não vamos conseguir manter o foco nele. Neste capítulo vamos descobrir como estar focados em Deus e por que isso faz com que as demais coisas em nossas vidas se alinhem numa sequência correta.

Qual é o nosso foco? A maioria de nós gostaria de poder responder que é Deus ou a obra de Deus na terra. Mas quando examinamos nossas prioridades, normalmente somos forçados a concluir que o nosso tempo, energias, dinheiro e pensamentos são centrados em questões de família, trabalho ou alguma atividade de lazer. Nenhuma dessas coisas é má ou indigna de atenção. Não fomos chamados para viver num mosteiro. O problema surge quando centramos nossas vidas em coisas terrenas e perdemos o foco eterno. Quando isso acontece, descentramos — tudo em nossa vida fica confuso, “fora dos eixos”. Falso Ômega

Descentrar Fomos criados com uma necessidade de relacionamento com Deus. Eros compete com este anseio o que já identificamos como o dilema humano. A estratégia de eros é “empurrar Deus para fora” distraindo-nos para um lado ou para o outro. Adão e Eva nos oferecem um exemplo clássico de como somos facilmente distraídos. Eles desfrutavam de comunhão ininterrupta com o Pai porque o pecado ainda não havia entrado no mundo. Mas Satanás sugeriu que eles estavam “perdendo alguma coisa” por não comerem da árvore proibida. De repente, eles só conseguiam pensar naquela árvore! O foco deles que era agradar a Deus havia mudado para agradar a si mesmos.

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Tudo aquilo que focamos... fica maior! “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal...” (Gênesis 2.16, 17). “Que diremos então? A lei é pecado? De maneira nenhuma! De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a lei não dissesse: ‘Não cobiçarás’. Mas o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento, produziu em mim todo tipo de desejo cobiçoso. Pois, sem a lei, o pecado está morto” (Romanos 7.7, 8).

É por isso que devemos conscientemente focar em Deus e ficar firmes, permanecendo em Jesus. Mateus 6.33 diz: “Busquem... primeiro o reino de Deus”. Louvor e adoração têm um papel essencial em nosso permanecer em Cristo porque nos ajudam a focar no Pai, fazendo-nos “sair de nós mesmos” e nos conduzindo a Ele. Quando nosso foco não está em Deus, somos essencialmente incapazes de pensar em qualquer coisa que não seja autorreferencial. Um falso centro leva ao comportamento cíclico, resultado de um foco errado (falso ômega). O Verdadeiro Centro é linear!

Centrar Como mudo meu foco? Você conhece alguém cuja vida é centrada em golfe, roupas ou cavalos? Nenhuma dessas coisas é má em si mesma, mas não vale a pena viver em função delas! Jesus foi o primeiro ser humano cujo centro estava fora de si mesmo. O foco dele nunca oscilava. À medida que permitirmos que Cristo transmita seu caráter a nós, seremos cada vez mais atraídos ao Pai, a quem Ele glorificou.

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Jesus contou a história de um fazendeiro e sua grande safra (ver Lucas 12.16– 21). Ele achou que devia construir celeiros maiores. Naquela noite, ele morreu. Jesus fez uma observação simples, porém profunda — a eternidade traz uma perspectiva diferente a respeito do que é valioso. Como diz um ditado popular: “Deste mundo nada se leva!”. Jesus disse que onde o nosso tesouro estiver — aí estará o nosso coração. A fim de mudar o nosso foco, precisamos mudar os nossos corações. Precisamos colocar nossos corações “nas coisas do alto”. O jeito humano de mudar é focar naquilo que se quer mudar. Quando alguém quer parar de fumar, por exemplo, diminui ou larga de uma vez. Normalmente, o hábito que a pessoa deseja abandonar se torna o foco dela; e o que acontece? Ele acaba ficando mais forte! Agora a necessidade de um cigarro a consome. Ela quer fumar ainda mais. Quando focamos em nossos fracassos, eles tendem a ficar mais fortes! Alguns cristãos são tão “conscientes de pecado” que eles não conseguem ser “conscientes de Deus”. Focar no fracasso é uma forma de esforço — estamos de novo com a “síndrome dos punhos cerrados”. Eros é mais forte que a nossa força de vontade. Esta falha quando precisamos dela. Quando focamos em Deus, Ele “fica maior” e todas as outras coisas se alinham na ordem apropriada. Nosso amor ágape cresce. Fazemos progresso em nossa jornada espiritual.

Por que o nosso alvo não é “obediência perfeita”? Deus “contabiliza” mais erros em nossas vidas do que nós mesmos! Ele nos disse como ser perdoados (1 João 1.9). Ele deve ter achado que precisaríamos dessa informação. Se não tivéssemos pecado, não precisaríamos de um Salvador. Este fato não nos dá permissão para pecar (ver Romanos 6.1, 2)! O pecado interrompe a comunhão com Deus e com os outros. O pecado leva à escravidão — a prisões eros! Entretanto, Deus não espera que apenas “pessoas perfeitas” o sirvam. Abraão mentiu acerca de seu relacionamento com Sara para salvar a pele. Jacó roubou o direito de primogenitura de seu irmão. Davi cometeu adultério e assassinato. Pedro negou a Cristo. Se os santos da Bíblia transgrediram a Lei, como podemos imaginar que Deus exige perfeição absoluta? (Ver Salmo 130.3, NVI.)

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Obediência perfeita não é o alvo da vida cristã. Ela já foi realizada por Cristo. O alvo da vida cristã é a comunhão com o Pai. Devemos aplicar nossos corações num relacionamento baseado em permanecer nele que irá nos manter no Caminho Ágape, de modo que, quanto mais maduros em Cristo, menos desvios tomaremos! Comunhão ininterrupta não é o resultado de obediência perfeita. A veste nupcial é obediência perfeita! Duas coisas nos mantêm em comunhão ininterrupta com o Pai – confiança plena na veste nupcial (Gálatas 2.21); e a habilidade de permanecer em Cristo. “Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus... Sendo assim, aproximemo-nos de Deus” (Hebreus 10.19, 22).

Quando Jesus experimentou a tentação, foi inabalável. A tentação tem o propósito de nos demover do nosso lugar “em Cristo”. Num relacionamento de amor com Deus, a obediência se torna uma questão do coração; é algo que queremos fazer! Assim como desejamos agradar aqueles a quem amamos, o desejo de agradar ao Pai celestial se transforma em nosso próprio querer.

Por que uma bolota pode nos dar esperança? A bolota (fruto do carvalho) é uma criação maravilhosa. Não se parece com um carvalho. Nem mesmo um carvalho em miniatura. Suas folhas não se agitam ao vento; ela nem sequer possui folhas. Não oferece sombra nem melhora a beleza de uma paisagem. Uma bolota nem sequer cheira a um carvalho! No entanto, em seu interior está todo o DNA necessário para que ela se transforme num carvalho. É um carvalho em formação, no correr do tempo. Tudo que ela precisa para se tornar uma árvore linda e útil é solo, água e luz solar. Com estes nutrientes, a árvore nascerá e crescerá. Mesmo que uma bolota seja esmagada sob os pés de alguém, ainda tem o potencial de se transformar num carvalho. Ela é completa, não tem falta alguma. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (João 1.12, ACF). “Pois vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente” (1 Pedro 1.23).

Talvez você não seja um “carvalho espiritual”, mas, se recebeu de Cristo a veste nupcial, você é uma “bolota espiritual”. Daquele dia em diante você passou a carregar dentro de si tudo o que precisa para se tornar o que Deus o criou para ser. Você não tem falta alguma. Não há nada que você possa acrescentar à veste nupcial e nem tirar dela!

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Ágape aperfeiçoado

Carvalho Bolota

Colossenses 2.9, 10 Lembre-se, se não reivindicarmos a justiça de Cristo, seremos forçados a criar “a nossa própria justiça”. O foco na perfeita obediência leva ao esforço. A maior parte de nosso esforço acaba em comportamento cíclico! Quem tenta viver a vida cristã por esforço não entende a suficiência da veste nupcial. Na pessoa de Cristo e sua justiça há tudo que precisamos para nos tornar o que Deus requer de nós. Devemos receber — o dom da justiça de Deus e crer — que somos completos em Cristo. Aprenda a ver-se completo em Cristo – sem falta alguma! Então o esforço não irá caracterizar sua jornada espiritual. Assim como uma bolota não precisa “se esforçar” para virar um carvalho, você também não precisa se esforçar para tornar-se o que Deus lhe deu como presente. Ele o vê perfeito em Cristo!

Como lidamos com eros? Nossa justiça é perfeita; nosso amor... é imperfeito. Quando experimentamos o novo nascimento, Deus não substitui automaticamente eros por ágape. Se Ele tivesse escolhido agir assim, não teríamos a mistura eros/ágape – o conflito entre velha e nova naturezas. Teríamos só a nova natureza. A vida cristã seria apenas puro ágape fluindo entre Deus e seus filhos! Muitos cristãos tentam criar seu “céu na terra”. Eles lutam para substituir eros por ágape. Algumas igrejas seguem este princípio ensinando que o cristão verdadeiro nunca mais peca. Já descobrimos que hábitos pecaminosos raramente mudam com o tempo por focarmos neles. Na verdade, nossos fracassos tendem a aumentar quando ocupam o centro das atenções. A melhor maneira de lidar com eros é desalojá-lo!

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A palavra desalojar significa “empurrar para fora” ou “fazer sair do lugar ocupado”. Quando nos enchemos do amor ágape de Deus desalojamos eros. Este ainda fica espreitando nossas vidas, plenamente capaz de entrar e causar destruição. Mas eros é contido pelo poder de ágape. Eros é desalojado por ágape! Eros já não é o centro. Quando eros é forçado a sair de cena, ágape aumenta porque todo o nosso ser está focado em Deus. Eros desalojado significa ágape aperfeiçoado. Maturidade, nas Escrituras, se refere ao processo de ágape ser aperfeiçoado, atingir seu objetivo pleno — AQUILO para o que Deus nos salvou. Nosso amor ágape tocará o Deus-Ágape num relacionamento real e vivo nesta vida.

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9. Vivendo para agradar ao Pai Quando a tentação se apresenta, por que você a resiste? Medo de ser descoberto? Medo de Deus? Ou você a resiste por amor a Ele? Neste capítulo, vamos estudar o melhor e mais confiável aliado ao lidarmos com a tentação — amor ágape pelo Pai que nos leva a viver para agradá-lo!

O que é “AQUILO” para cada um de nós? “Prossigo para conquistar AQUILO para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Filipenses 3.12, RA).

Prossigo para alcançar aquilo que Deus tinha em mente quando Ele me salvou. O que Deus tinha em mente quando Ele o salvou? Muitos cristãos respondem a esta pergunta dizendo: “Ele queria me levar ao céu”. O céu é o nosso destino, mas não o nosso alvo. Vida eterna é conhecer e amar ao Pai. Jesus veio para nos levar à intimidade com o Pai. O propósito de Deus para nós é refletirmos a imagem de Jesus. Portanto, podemos concluir que o propósito de Deus tem mais a ver com caráter do que com realizações. “AQUILO” é muito mais quem sou do que o que faço. Sucesso nesta vida pode não significar coisa alguma na eternidade. Muitas pessoas podem alcançar sucesso nesta vida e perder seu destino eterno. Pare de tentar fazer de sua vida o que você acha que ela deveria ser! Quando Jesus nos fez cruzar a linha da morte e proveu o caminho, o veículo e o combustível para a jornada, Ele estava no processo de transmitir sua própria natureza a nós. Quando permanecemos no Caminho Ágape e ficamos firmes, com o tempo, a mudança em nós é radical — de eros para ágape, de um estilo de vida autorreferencial para um que não procura vantagem pessoal. Evidenciamos esta mudança interior produzindo frutos (João 15.8). Existe muita diferença entre “obras” e “frutos”. A palavra obras nos faz lembrar de uma fábrica com sua linha de produção cheia de pressões e prazos. Mas a palavra frutos retrata um jardim tranquilo, onde apreciamos sua beleza e desfrutamos da companhia uns dos outros.

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Nosso Pai celestial não está dirigindo uma “fábrica”; Ele está cultivando seu jardim. Ele não está interessado em nossas obras; Ele quer desfrutar de nossos frutos. Ele não quer que dependamos da nossa carne; Ele nos chama a depender de seu Espírito (Gálatas 3.2, 3). Se você está envolvido em obras, está confiando em sua carne. Mas se você está caminhando com Jesus Cristo pela fé, o Espírito está produzindo fruto em sua vida. Fruto não é algo que você está produzindo porque acha que tem que fazê-lo; fruto é o resultado natural de seu relacionamento com Ele. “AQUILO” também nos dá um propósito, um chamado, o qual vivemos em relacionamentos, em vocação, e no serviço. Tudo que fazemos – seja algo trivial, rotineiro, ou “transformador” – tem propósito. A vida agora tem significado pleno porque seguimos o conselho de Paulo: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo” (Colossenses 3.23, 24).

A habilidade de Deus em fazer com que todas as coisas cooperem para o nosso bem e os propósitos dele nos capacita a “juntar as peças de nossas vidas”. Por que nasci nesta situação? Por que tive estas experiências? Por que passei por aquele sofrimento? A resposta será clara para nós — para sermos moldados à imagem de seu Filho.

O que a tentação fala acerca de nós mesmos? O que o tenta? É sério, faça um “inventário moral”. A maioria de nós diria que não ama seus pecados. Mas, o que os nossos pecados dizem a respeito do que amamos? Amamos prazeres mundanos e bens materiais? Amamos ficar ociosos ou conversas tolas? Tentação é tudo aquilo que amamos mais do que a nossa liberdade. Ninguém pode nos libertar de algo que ainda amamos! Se o que amamos não corresponde ao que Deus ama, então temos de mudar o que amamos. A tentação é um sinal de que devemos mudar o nosso foco de um falso centro para o Verdadeiro Centro. Ao fazer isso, nossos valores, prioridades e relacionamentos começam a mudar. Eles passam a refletir o novo Centro do nosso coração. Na história de Marta e Maria (Lucas 10.38–42), vemos que Marta amava os afazeres domésticos. Ela era responsável por preparar as refeições e cumpria suas tarefas com grande dedicação. Marta era uma boa pessoa e tinha bons motivos. Havia um convidado especial em sua casa – Jesus, o Messias. Ela, então, tinha preparado o melhor.

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Contudo, enquanto corria de um lado para o outro, sua irmã Maria estava sentada aos pés de Jesus ouvindo seu ensinamento. Marta se sentiu usada e reclamou com Ele. A resposta de Jesus nos faz parar e refletir sobre nossas prioridades: “Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (41, 42).

O foco de Maria era Jesus! A lei do pecado é esta: se focarmos no problema, ele fica maior. Contudo, quando focamos em Deus — Ele “fica maior”. Descobrimos o que Ele tinha em mente quando nos salvou, não por esforço, mas permanecendo nele. Maria escolheu permanecer em Cristo.

Qual o segredo para lidar com a tentação? A maioria das pessoas prefere agradar alguém a quem ama a alguém de quem tem medo ou não gosta. Em que categoria você colocaria Deus? Você procura agradá-lo por amor ou por medo? O melhor e único aliado confiável ao lidarmos com a tentação é tamanho amor ágape pelo Pai que, agradá-lo, se torne o maior alvo de nossas vidas. O segredo para lidar com a tentação é tornar-se um filho que vive para agradar ao Pai. O amor de Cristo me constrange a viver uma vida que o agrade. Havendo provado a bondade de seu amor, não quero me afastar dele. Desejo me aproximar de Jesus o máximo que puder porque eu o amo, e Ele me ama. Não quero me envolver em nada que o desonre. Ironicamente, vivo uma vida muito mais reta sob a Graça do que jamais vivi sob a Lei. Em um relacionamento legal, ando sempre “no limite”. Estou sempre tentando determinar se ações específicas são “certas” ou “erradas”. Sempre procuro por “brechas”. Racionalizo e justifico as coisas que faço. Vou até os limites legais – e mais um pouco... Deus não quer nos atar a uma lei; Ele quer nos atrair a Ele com seu amor. Este é o evangelho da Graça. Não fico mais argumentando se algo é certo ou errado. Em vez disso, pergunto: “Isso agrada ao meu Pai?” Eu o amo e quero agradálo. Ele me ama tanto que não quero entristecê-lo: “Meu Pai ficaria contente se eu fizesse isso?” Às vezes, mesmo onde a Lei é silenciosa, meu coração me diz que Deus ficaria ofendido se eu realizasse determinada atividade.

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Quando nos tornamos filhos assim, obediência se torna uma questão do coração. Queremos obedecer ao Pai porque estamos centrados nele. Ágape encontrase com ágape. Amamos o que Ele ama. Jesus obedecia ao Pai por causa de seu intenso amor por Ele. Jesus deseja que amemos o Pai com todo o nosso ser — espírito, corpo, mente e emoções (Marcos 12.30). Jesus cumpriu perfeitamente os mandamentos de Deus em nosso lugar. Ele é a nossa justiça. Agora Ele nos manda obedecer aos mandamentos dele. O primeiro é amar a Deus acima de todas as coisas. Em segundo lugar, Ele nos diz para amarmos uns aos outros. Estes dois mandamentos resumem tudo o que Deus nos deu na Lei e nos Profetas (Mateus 22.37–40). Somos capazes de amar a Deus e aos outros porque estamos conectados à Fonte do amor Ágape – o próprio Deus. O amor vem de Deus. Isso significa que, em vez de nos esforçarmos por ser “amáveis” ou tentar “amar com mais empenho”, permanecemos no amor dele e o produzimos como fruto desse permanecer.

Acolhendo a Palavra que vem de Deus No capítulo 5, aprendemos que a única maneira de sair de uma prisão eros é ouvir uma palavra de Deus e agir sobre ela. Esta palavra pode chegar até nós por meio de uma pessoa, um evento em particular — ou na voz serena do Espírito Santo. “Quer você se volte para a direita quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe dirá: ‘Este é o caminho; siga-o’” (Isaías 30.21).

Elias procurou por Deus no vento, no terremoto e no fogo, mas, em vez de usar essas coisas, Deus veio a ele no murmúrio de uma brisa suave (1 Reis 19.12). Como sabemos se uma palavra veio mesmo de Deus? Jesus explicou isso assim: “Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem... As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (João 10.14, 27).

Reconhecemos a voz de Jesus à medida que passamos tempo em sua presença. À medida que o nosso amor cresce e focamos no Pai, temos a oportunidade de responder ao que Ele nos fala. Contudo, há uma mistura em nosso amor. Em geral, a resposta humana é ir para um lado ou outro em vez de permanecer no Caminho. Quando ouvimos a voz dele podemos escolher uma resposta:

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Negar — “Esta palavra não veio de Deus” ou “Não posso enfrentar isso!”. Os israelitas se recusaram a crer em Moisés quando este lhes assegurou a vitória de Deus (Êxodo 6.6–9).

Problema

Evitar — Não queremos lidar com o problema. Félix queria mais tempo para pensar na questão da salvação e, pelo que sabemos, nunca mais se encontrou com Paulo (Atos 24.25).

Suportar — Tentamos “vencer Deus pelo cansaço”. Podemos ouvir a Palavra, mas não agir sobre ela.

Problema

Problema

Voltar — Jesus disse que aqueles que põem a mão no arado (um modo figurado de dizer: “Aqueles que começam esta jornada”), não devem olhar para trás (Lucas 9.62)!

Problema

Nossa melhor resposta (e aquela que agrada ao Pai) é ACOLHER sua Palavra: “Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam [ágape]” (Romanos 8.28). Pode ser que não a acolhamos imediatamente, ou mesmo rapidamente, mas devemos por fim dizer “sim” para o Pai. Do contrário, vamos perder as bênçãos da obediência. Não se esqueça que a palavra de Deus é ágape, sempre para o nosso bem.

Moldando nossos desejos à verdade de Deus Aqueles que seguiram o caminho da licenciosidade ou aqueles que talvez ainda estejam abaixo da linha da morte permitem que seus desejos subjuguem a verdade. Por exemplo, o desejo por riquezas pode levar à mentira ou outras formas de desonestidade. Como a tendência de moldar a verdade aos nossos desejos se manifesta na religião? Os que entram pelo desvio da religião tomam a Bíblia e a torcem para que ela diga o que eles querem que ela diga. Os fariseus usavam as Escrituras para tentar apanhar Jesus em alguma coisa que Ele dissesse (Lucas 20.21–26). Até Satanás usou a Bíblia para tentar a Cristo: “Pois está escrito”, ele disse (Mateus 4.6).

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Na religião, muitas vezes a “verdade” se resume a observâncias religiosas e regras a serem cumpridas. Certamente a verdade da Lei de Deus é muito mais que as inúmeras tradições acrescentadas pelos fariseus à Lei de Moisés. A Lei de Deus é o propósito do coração dele! No Novo Testamento, as mesmas leis foram escritas de modo diferente. Elas foram escritas em nossos corações (Jeremias 31.33, 34)! “Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço... E este é o seu mandamento: Que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e que nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou” (João 15.10; 1 Jo 3.23).

Em prédios antigos e imponentes (em geral ambientes universitários), é comum encontrarmos a frase: “E CONHECEREIS A VERDADE, E A VERDADE VOS LIBERTARÁ” (João 8.32, ACF). O que se deduz é que a verdade é um conjunto de conhecimentos — se apenas pudermos aprender fatos suficientes, seremos livres. Aqueles que acreditam nisso se esquecem de ler o resto da passagem: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (v. 36). Encontramos a liberdade na vida de Cristo derramada em nós até que sejamos moldados à imagem dele. Quando Jesus disse que Ele é o Caminho para o Pai, também disse que Ele é a verdade (João 14.6). A verdade é uma Pessoa – a Pessoa de Jesus Cristo. Como cristãos, devemos moldar nossos desejos à verdade de Deus. A verdade é o padrão pelo qual tomamos nossas decisões, não nossos desejos! Ao fazer isso, estamos deixando de lado nossas agendas autorreferenciais governadas por eros (isso é submeter-se ao senhorio de Jesus Cristo) e focando no Pai, a Fonte da verdade — estamos nos tornando filhos que vivem para agradar ao Pai!

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APÊNDICE A. ABAIXO DA LINHA DE FUNDO Além do nosso coração físico, possuímos também um coração espiritual. Este é mencionado na Bíblia mais de mil vezes, embora a maioria de nós realmente não pare para pensar o que o termo “coração” significa. A palavra coração é definida no dicionário como o centro da personalidade total, especialmente com respeito à intuição, sentimentos ou emoções. É o núcleo mais profundo de tudo que diz respeito ao nosso ser. Podemos dizer que o coração espiritual é a fonte do verdadeiro eu. O que flui dele governa tudo o que afeta o resto de nossas vidas. É o centro de controle, comunicação e comando da personalidade humana. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Provérbios 4.23, ACF).

Três níveis da vida Para tornar isso mais claro, precisamos entender que vivemos nossas vidas em três níveis: descoberto, encoberto e “abaixo da linha de fundo”. Nosso comportamento descoberto é visível a todos – é o que fazemos. O pecado neste nível consiste em atos como adultério, roubo, assassinato e vida desregrada. Boas ações incluem ir dar o dízimo, servir, louvar, trabalhar, etc. “Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’” (Mateus 5.21). “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’” (Mt 5.27).

O comportamento encoberto tem a ver com nossos pensamentos e emoções. Exemplos de pecados ocultos são lascívia, ganância, inimizade e cobiça. Coisas boas incluem fidelidade, humildade, e outras que não podem ser vistas a não ser pelas ações geradas por elas. “Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento...” (Mateus 5.22). “Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração” (Mt 5.28).

A vida que acontece “abaixo da linha de fundo” se refere ao nosso EU REAL. São nossos motivos e atitudes. Tudo que acontece nos outros dois níveis flui deste. É isso que Deus julga e foi isso que Jesus veio transformar – a fonte do nosso ser interior!

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“Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial” (Mateus 6.1, ver também vv. 5 e 16).

Neste texto, Jesus tocou os motivos impuros dos religiosos de seu tempo, definindo sua motivação como o desejo de serem “vistos pelos homens”. Qualquer atividade, não importa quão boa seja, é condenada como hipocrisia se for feita a partir de um motivo errado.

Motivos e atitudes Os motivos determinam nossas ações. Motivos são aquelas coisas que nos levam a agir (ou a não agir). Eles nos impulsionam, e são sempre expressos por um verbo: “ganhar dinheiro”, “ser visto pelos homens”, “fazer a vontade de Deus”. Qualquer que seja a motivação, é certo que o comportamento interior ou exterior resulta dela. As atitudes determinam nossas reações. São nossas perspectivas de vida, paradigmas – as medidas que usamos para avaliar situações e pessoas; interpretar circunstâncias e palavras. São expressas por declarações como: “As pessoas não são dignas de confiança”, “sou assim por causa dos meus pais...”, ou “mereço mais do que estou ganhando”. Essas e outras atitudes irão “colorir” cada situação de uma forma positiva ou negativa. Podemos manifestar:    

Medo de nos envolver em relacionamentos profundos; Incapacidade de assumir responsabilidades; Mentalidade de vítima (autopiedade); Justificar o comportamento.

Se nossos motivos e atitudes forem impuros, nosso comportamento nunca será significativamente transformado. Se a “nascente” estiver suja, a tarefa de limpar nossas vidas será inútil. O conflito sempre será quem vai governar a nossa vida – nós mesmos ou Deus? A motivação básica para se viver no REINO DE DEUS é encontrada em Mateus 6.33: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça...”. A atitude básica do cidadão do REINO é a de ser um servo obediente em todas as áreas (leia Filipenses 2.5–8!).

O detector de mentiras “Portanto eu lhes digo: não se preocupem [não andeis ansiosos] com suas próprias vidas, quanto ao que comer ou beber; nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir...” (Mateus 6.25).

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Deus nos deu um “detector de mentiras” para nos alertar sobre atitudes e motivos errados. Chama-se ANSIEDADE. É aquele sentimento inquietante de que alguma coisa não está bem. Significa que o REINO DE DEUS não está governando uma determinada área! Quando Deus nos dá uma revelação, convicção, ou correção, vamos responder com alegria (paz) ou ansiedade. Quando nossos motivos e atitudes são expostos e resolvidos, o resultado será ações e sentimentos bíblicos, isto é, santificados.

Tratando motivos e atitudes 1. RECONHECIMENTO. Isso depende da nossa vontade. Nossa tendência é sempre de nos justificar: “Eu não posso fazer nada; é o meu temperamento”. Se decidirmos desde o princípio aceitar a verdade sempre que a encontrarmos, seja qual for o preço para nós, será mais fácil tratar com cada situação nova. Comprar a verdade à prestação é sempre muito mais caro. 2. AÇÕES RADICAIS. Jesus disse: “Se o teu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora” (Mateus 5.29). Prontidão para deixar a cirurgia ser feita, não importa quão dolorosa ou humilhante ela seja. Quando Saul pecou contra o Senhor e Samuel o repreendeu, sua resposta foi: “Pequei. Agora, honra-me perante as autoridades do meu povo” (1 Samuel 15.30). Ele estava mais preocupado com seu orgulho do que com sua condição espiritual. Essa atitude foi o que o levou a se desviar e a perder o melhor de Deus. 3. O FRUTO DE ATITUDES E MOTIVOS ERRADOS. Se nos recusarmos a tratar com nossas atitudes e motivos quando o Senhor os revela, Ele permitirá que eles cresçam e afetem áreas do nosso comportamento. Se recusarmos o detector de mentiras, então o Senhor permitirá que o pecado se manifeste de maneira a sermos forçados a tratar com ele. 4. OLHOS SINGELOS. Esta é a melhor defesa contra atitudes e motivos errados. Em Mateus 6.22, Jesus diz: “Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz”. A tradução da versão King James diz: “Se os teus olhos forem singelos...”. Jesus está falando da singeleza de motivos e propósitos. Se o nosso único propósito for buscar primeiro o REINO DE DEUS em nossas vidas, então veremos que nossos motivos e atitudes começarão a se ordenar. Nossa constante oração deve ser: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações [a minha ansiedade]. Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Salmo 139.23, 24, leia também Apocalipse 2.23 e 1 João 3.19–23!).

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APÊNDICE B. O ESPECTRO DO AMOR “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha...” (1 Coríntios 13.4–8, ACF).

O amor é como a luz. Quando alguém faz passar um feixe de luz por um prisma de cristal, o feixe sai do outro lado dividido nas cores que o compõem: vermelho, azul, amarelo, violeta, laranja, e as demais cores do arco-íris. Assim o apóstolo Paulo, fazendo passar o amor pelo prisma da inspiração divina, nos dá o que Henry Drummond chama de “espectro do amor” – os elementos ou “ingredientes” que o compõe. Importante observar é que tais elementos possuem nomes comuns – virtudes das quais ouvimos falar todos os dias; coisas que podem ser praticadas por qualquer pessoa, em qualquer lugar. Como um dom tão maravilhoso – e que expressa a própria natureza de Deus – pode ser composto por uma variedade de pequenas coisas e virtudes do dia a dia?

Nove ingredientes PACIÊNCIA

“O amor é sofredor [paciente]”.

BONDADE

“É benigno [bondoso]”.

GENEROSIDADE “Não é invejoso”. HUMILDADE

“Não trata com leviandade [não se vangloria], não se ensoberbece”.

CORTESIA

“Não se porta com indecência [não maltrata]”.

RENÚNCIA

“Não busca os seus interesses”.

BOM HUMOR

“Não se irrita”.

INOCÊNCIA

“Não suspeita mal”.

SINCERIDADE

“Não folga [se alegra] com a injustiça, mas folga com a verdade”.

Como se pode notar, todas essas virtudes têm relação com os homens, com a vida, com aquilo que conhecemos hoje; nosso amanhã imediato, não com a eternidade. Ouvimos falar muito sobre amor a Deus; Cristo falou muito sobre o amor para com nossos semelhantes (João 13.34, 35; ver também 1 João 4.20).

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A verdadeira religião não é uma coisa esquisita, mas a inspiração da vida secular, o sopro de um espírito eterno neste mundo temporal (Tiago 1.27). O dom supremo não é algo desprovido de vida, mas um “remate” nos numerosos atos e palavras que constroem cada dia corriqueiro. 1. PACIÊNCIA: Esta é a atitude normal do amor. Amor passivo. Amor esperando para agir, não com pressa; calmo, pronto para fazer seu trabalho quando for solicitado; mas, por ora, usando o ornamento de um espírito manso e tranquilo (1 Pedro 3.4). O amor tudo sofre, crê, espera, suporta. O amor compreende – por isso espera pacientemente. 2. BONDADE: Amor ativo. Você já notou que Cristo investiu boa parte de seu tempo fazendo o bem – simplesmente praticando atos de compaixão e bondade? Leia os evangelhos com este olhar e você o verá. Como o mundo precisa disso – e como é fácil fazê-lo! Tem efeito imediato. A bondade sempre é lembrada e sempre volta para nós. O amor é a energia da vida. Há diferença entre “tentar agradar” e “dar alegria”. Dê alegria. Este é o triunfo anônimo e incessante de um verdadeiro espírito de amor. Você não terá outra chance de viver neste mundo; portanto, ame – sem distinção, sem fazer cálculos, sem procrastinação! 3. GENEROSIDADE: O amor não inveja, não é competitivo. Sempre que tentar fazer o bem, você encontrará pessoas fazendo a mesma coisa e, provavelmente, melhor do que você. Não os inveje. A inveja é um sentimento doentio dirigido àqueles que estão no mesmo caminho que nós; é um espírito de cobiça e depreciação. Aquele ciúme vil que quer invadir nossa alma certamente irá nos espreitar no início de cada tarefa, a menos que sejamos fortalecidos com a graça da magnanimidade – uma alma ampla e generosa, que não inveja. 4. HUMILDADE: É o amor se escondendo. Coloque um zíper nos lábios e esqueça o que você fez. Depois de ter sido bondoso, depois que o amor entrou secretamente no mundo e fez seu lindo trabalho, volte para a penumbra e não diga nada a ninguém. O amor se esconde até de si mesmo; abre mão da autossatisfação. 5. CORTESIA: Amor em sociedade. A boa educação tem sido definida como amor nas pequenas coisas; um homem gentil é alguém que faz as coisas com delicadeza, com amor. O amor não pode se comportar de forma imprópria. Você pode inserir as pessoas mais incultas na alta sociedade; se elas tiverem um reservatório de amor em seus corações, não se portarão de modo inconveniente. Elas simplesmente não conseguem agir assim. Com o passaporte da cortesia, é possível misturar-se em qualquer classe social, entrar em mansões e até palácios!

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6. RENÚNCIA: De um modo geral, as pessoas são muito apegadas aos seus direitos. Há situações, porém, em que podemos ter de exercer o maior direito de todos – o de abrir mão de nossos direitos. Paulo não nos chama a desistir de nossos direitos. O amor vai muito mais longe. Ele nos leva a não buscá-los, ignorá-los, eliminar totalmente o elemento pessoal de nossos cálculos. Mais difícil do que abrir mão de nossos direitos, é abrir mão de nós mesmos. Como é difícil não buscar coisas para nós mesmos! Depois que as compramos, ganhamos, merecemos, logo tiramos a “nata” delas para nós. Poucos, então, conseguem abrir mão delas. Mas, não buscá-las, não olhar para as nossas coisas, mas para o que é dos outros — esta é a nossa dificuldade. O jugo de Cristo é fácil – é a maneira como Ele viveu aqui. E eu acredito que este é o jeito mais fácil de se viver. Acredito também que é o mais feliz. A lição mais óbvia nos ensinos de Cristo é que não há felicidade em obter ou possuir coisas, mas somente em dar. A maioria das pessoas acha que felicidade consiste em obter, possuir, e ser servido pelos outros. Na verdade, consiste em dar e servir aos outros. Ele disse: “Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo” (Mateus 20.26) e “Há maior felicidade em dar do que em receber” (Atos 20.35). 7. BOM HUMOR: Em geral, temos a tendência de olhar para o mau humor como uma fraqueza inofensiva. Falamos sobre isso como uma simples debilidade, um defeito de família, ou um traço de temperamento; não como algo importante no caráter das pessoas. Contudo, a Bíblia o aponta como um dos elementos mais destrutivos na natureza humana. Talvez seja por isso que o seu oposto – o bom humor – tenha seu lugar garantido na análise bíblica do amor. Existem duas categorias principais de pecados – pecados da carne e pecados do caráter. O filho pródigo (Lucas 15) cometeu pecados da primeira categoria, enquanto que, seu irmão mais velho, da segunda. A sociedade em geral diria que os piores pecados foram os do filho pródigo. Estamos certos? Não temos uma balança para ficar “pesando” os pecados uns dos outros e os termos “mais grosseiros” ou “mais leves” são apenas avaliações humanas. Contudo, aos olhos daquele que é AMOR, um pecado contra o amor pode ser muito mais sério (ver Mateus 5.22)! Nenhuma forma de vício, mundanismo, cobiça por dinheiro, nem mesmo a embriaguez, descristianizam mais a sociedade do que o mau humor. Para injetar amargura na vida, dividir comunidades, destruir as relações mais sagradas, devastar lares, desanimar homens e mulheres, roubar a alegria da infância, em suma, para tudo que tem o poder de trazer miséria gratuita, o mau humor tem influência única.

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Quantos “filhos pródigos” permanecem fora do REINO DE DEUS devido ao caráter intolerante daqueles que professam estar dentro! Analise por um momento a fisionomia carrancuda do irmão mais velho. O que a compõe? Ciúme, ira, orgulho, falta de amor, crueldade, justiça própria, insensibilidade, obstinação – estas são as características dessa alma escura e sem amor. Em proporções variadas, também formam os traços de um temperamento “forte”. Como é difícil conviver com pessoas assim! Por isso o nosso estado de espírito é tão importante. Não pelo que é em si; mas pelo que revela. O mau humor é um teste para o amor, um sintoma, uma evidência de um caráter sem amor. É uma amostra dos frutos ocultos da alma extravasados involuntariamente quando estamos distraídos — a forma impulsiva de centenas de pecados horrendos! Só o Espírito de Cristo derramado no coração do homem pode regenerá-lo, renová-lo e reabilitá-lo (Romanos 5.5). Sua força de vontade não o transforma. O tempo não o transforma – Cristo transforma! Ele disse: “Mas se alguém fizer tropeçar [ofender] um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar” (Mateus 18.6). Isso significa dizer que o veredito do Senhor Jesus é este: é melhor não viver do que não amar! 8. INOCÊNCIA: Esta virtude é o grande segredo da influência pessoal. Se você pensar por um momento, vai notar que as pessoas que mais o influenciam são aquelas que acreditam em você. Numa atmosfera de suspeitas, as pessoas se retraem; mas, quando há confiança, elas crescem, encontram encorajamento e comunhão edificante. O amor “não suspeita mal”, não faz pré-julgamentos, olha o lado claro, interpreta cada ação da melhor maneira. Que estado de espírito agradável para se viver! Que bênção e estímulo poder experimentar isso! Ter a confiança das pessoas nos faz sentir seguros. E, se quisermos influenciar ou animar as pessoas, logo descobriremos que o nosso sucesso será na mesma proporção em que elas perceberem o quanto acreditamos nelas. 9. SINCERIDADE: “O amor se alegra com a verdade”. O amor não se alegra no que foi ensinado a acreditar; não na doutrina de uma igreja, mas na verdade. O amor só aceitará o que é real; ele se esforçará para chegar aos fatos; buscará pela verdade com uma mente humilde e imparcial, e apreciará o que encontrar ainda que haja prejuízos.

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A palavra sinceridade não define exatamente o que significa não se alegrar com a injustiça, mas com a verdade. A frase inclui, talvez mais estritamente, o autocontrole que se recusa a tirar proveito dos erros dos outros; a misericórdia que não se deleita em expor a fraqueza das pessoas, mas que “cobre” todas as coisas (Provérbios 10.12; 1 Pedro 4.8, NVI); a sinceridade de propósito que se esforça para ver as coisas como elas realmente são, e se regozija em encontrá-las melhor do que uma simples suspeita ou calúnia.

A escola do amor Esta foi nossa “análise do amor”. A questão agora é fazer estas coisas se tornarem parte do nosso caráter. Esta é a principal tarefa à qual devemos nos dedicar neste mundo – aprender a amar. E a vida não é cheia de oportunidades para isso? Todos nós temos centenas delas num único dia. A vida não é um “parque de diversões”, é uma “sala de aula”. Não estamos aqui em férias, mas para ser educados. E a única lição eterna para todos nós é como podemos amar melhor! Como vamos aprender isso? Pela prática. O que faz de um homem um bom artista, um bom escultor ou um bom músico? A prática. O que Cristo estava fazendo na carpintaria de seu pai? Praticando. Embora fosse perfeito, lemos nas Escrituras que ele aprendeu a obediência, e cresceu em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens (Hebreus 5.8; Lucas 2.52). O amor não é uma “emoção entusiástica”, mas uma rica, forte e vigorosa expressão do caráter cristão – a natureza de Cristo aperfeiçoada em nós. E os elementos desse caráter devem ser construídos por uma incessante prática. Por isso, não brigue com a vida. Não reclame de seus cuidados incessantes, seu ambiente trivial, dos aborrecimentos que você enfrenta, ou das almas pobres e sórdidas com as quais você vive e trabalha. Acima de tudo, não fique ressentido por causa das tentações; não fique perplexo porque elas parecem envolvê-lo mais e mais, e não cessam nem com esforço, nem com agonia ou oração. Esta é a prática à qual Deus o submete. É ela que o lapida para torná-lo paciente, humilde, generoso, bondoso, abnegado e cortês. Não se irrite com a “Mão” que está esculpindo a imagem ainda informe em seu interior. Ela está ficando mais bonita, ainda que você não a veja no momento; e cada prova pode torná-la mais perfeita. Portanto, mantenha-se no centro da vida. Não se isole. Esteja entre pessoas e coisas, em meio a problemas, dificuldades e obstáculos. Lembre-se das palavras de Goethe: “O talento se desenvolve na solidão; o caráter, no curso da vida”.

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Causa e efeito Amor é efeito. Logo, somente quando preenchemos as condições corretas, podemos obter o efeito desejado. Qual é a causa? “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1 João 4.19). Porque Ele nos amou, nós amamos, amamos a Ele, e amamos a todos. Não podemos evitar. Nosso coração é lentamente transformado. Contemple o amor de Cristo, e você amará! Você não pode amar por obrigação. Você só pode contemplar seu Caráter Perfeito, sua Vida Perfeita. Olhe para seu imenso sacrifício na Cruz do Calvário, e você o amará. E, amando a Ele, você se tornará como Ele. Amor gera amor. É um processo de indução. Quando encostamos uma barra de ferro num objeto eletrizado, ela fica eletrizada por um tempo. Ela é transformada num imã temporário pela simples presença de um imã permanente. Enquanto os dois objetos ficarem lado a lado, ambos serão imãs. Ande lado a lado com Aquele que nos amou e se entregou por nós, e você também se tornará como um “imã permanente” de seu amor (2 Coríntios 3.18). Você atrairá as pessoas a si, e será atraído a elas. Este é o inevitável efeito do amor. Qualquer pessoa que preencher esta condição terá o mesmo efeito em sua vida. Edward Irving foi visitar um menino que estava morrendo; quando entrou no quarto, apenas pôs a mão sobre a cabeça do moribundo e disse: “Meu filho, Deus ama você”, e foi embora. O garoto se levantou e começou a gritar para as pessoas na casa: “Deus me ama! Deus me ama!”. Uma palavra – transformou a vida daquele menino! O sentimento de que Deus o amava o envolveu por completo, e começou a criar nele um novo coração. E é assim que o amor de Deus derrete o coração endurecido, e gera a nova criatura que é paciente, humilde, gentil e generosa. Não há outra forma de se alcançar isso!

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Referências bibliográficas Bob Mumford. The Agape Road: Journey to Intimacy With The Father. Destiny Image Publishers Inc., 2002/2006. Bob Mumford. Abaixo da Linha de Fundo. Impacto Publicações. Eric Mumford. Eating Jesus – Part I (2010). Eric Mumford. Fusion of the Trinity Notes (2011). Henry Drummond. The Greatest Thing in the World (A Melhor Coisa do Mundo. Impacto Publicações, 2010). Fleming H. Revell Company, 1891/1898. Chuck Smith. Por Que a Graça Transforma. Monte Calvário Publicações, 2010. Joseph Manning. O Milagre do Amor Ágape. Editora Vida, 2006. Ana Mendez Ferrel. Iniquidade. Editora Propósito Eterno, 2009. Peter Tan. Growing in Agape Love. Peter Tan Evangelism, 2008. Bíblia de Estudo Plenitude. Sociedade Bíblica do Brasil, 2001. Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. CPAD, 2011. Http://www.revistaimpacto.com.br/cppi-2012-christopher-walker-2 (áudios). As citações bíblicas são da versão NVI, exceto quando indicado.

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