Ano 10
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NOVEMBRO/2017
Entrevista Joรฃo Muzzi Filho Autobiografia Xerife de Passa Tempo Gastronomia Um Brinde aos Aromas, Texturas e Sabores
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Índice Entrevista
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Cultura
João Muzzi Filho
70
Moda
36
Entrevista
Democrático, Fashion e Confortável
76
Luiz Felipe Oliveira Gastronomia
Artigo
42
Livro de Cabeceira
81
Um Novo Ciclo do Cavalo Campolina
Um Brinde aos Aromas, Texturas e Sabores
Autobiografia
60
Xerife de Passa Tempo
Capa
Faraó da Hibipena Entrevista João Muzzi Filho
Ano 10
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nº 33
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NOVEMBRO/2017
Autobiografia Xerife de Passa Tempo
(Iluminado de Alfenas x Juriti da Maravilha) Prop.: Norival Siqueira - 22 98116-0029 - Valão do Barro / RJ
Gastronomia Um Brinde aos Aromas, Texturas e Sabores
Foto Capa: Flávio Duarte
Expediente Edição e Diagramação Marco Livrão Clodoaldo Dias Direção Marco Livrão
Jornalista responsável
livrao@cheiodeideias.com.br
Direção de Arte Clodoaldo Dias
Bianca Costa MT 10619
clodoaldo.dias1@gmail.com 14 Força Campolina | Agosto Outubro2017 2017| 32ª Edição
Fotos Ana Clark Duarte Hamilton Silvester Ivan Machado Nilo Coimbra Pedrão Pedro Viotti Roberto Pinheiro Sérgio Teixeira Sidney Araújo
Agência e Produção
(31) 2555.8900 www.cheiodeideias.com.br Rua Angustura, 210 | Sala 2/C Serra | Belo Horizonte/MG CEP: 30.220-290
Editorial Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez. Thomas Edison
OS OLHOS DO AMANHÃ As águas parecem acalmar sob a ponte e a transição que a raça Campolina vem passando. Agora encontramos um volume muito grande do cavalo desejável, do cavalo que foi pensado para ser elegante, nobre, mas sem perder sua função: cavalo de sela, puro e marchador e perceber isto em meio a mais uma edição da nossa Semana Nacional é muito gratificante para todos nós campolinistas. De que vale nos gabar de detalhes importantes, mas detalhes, se eles não acrescentam na funcionalidade do nosso cavalo? Vale sim, quando um exemplar está margeando a perfeição, daí buscar nos detalhes o seu aprimoramento é fundamental. Só crescemos avaliando e comparando detalhes, mas a principal minúcia da raça Campolina é a sua marcha.
Me cerco sempre de premissas reais, de resultados em seleção, em matéria-prima pura para fazer ou pensar o caminho da evolução, tenho rodado a nação, visto o nosso cavalo e assim construído um pensamento de que estamos no caminho certo, que as novas gerações são muito superiores do que as passadas e que o futuro já chegou. Lembrando apenas que detalhes são detalhes, mas não menos importantes . Neste momento o sol maior de nosso horizonte, Parque Bolivar de Andrade - meca do cavalo de sela brasileiro, enaltece a alma de todos aqueles que fazem a raça Campolina. Lembro com saudade de meu professor maior Márcio Andrade, que valorizava o cavalo bom de sela, tenho saudade dos companheiros que partiram este ano, na certeza que estão de nosso lado aplaudindo este amor que escolhemos – o cavalo Campolina Força Campolina, Sempre Marco Livrão
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Sempre sou interpelado com comparações a outras raças, aplaudo avanços de raças primas ou outras que avançam em busca de seu destino ou suas metas, mas como um “homem do cavalo”, acredito que o Campolina precisa repousar em seu espaço reservado. Não adianta ver uma corrida de um carro popular com um de fórmula um, certamente um vai vencer em velocidade o outro vai fazer parte do cotidiano da maioria. Mercado segmentado quer
dizer foco em público alvo, esta é uma meta que deve ser intransponível, porque quando encontramos o nicho encontramos o público, o valor e o crescimento sustentável em nosso setor.
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Entrevista
JOÃO MUZZI FILHO O responsável pela bela relação entre morfologia e andamento da tropa do Segredo
E
sta é uma edição mais que especial, já que circula no mais importante evento da nossa raça e a Força Campolina escolheu com um dos seus entrevistados o amigo João Muzzi Filho, responsável por uma das mais tradicionais tropas do Campolina e comandante da Fazenda do Segredo. João nos contou um pouco sobre sua vida e suas opiniões sobre a raça. Confira:
João Muzzi Filho e sua esposa, em cavalgadas pelo mundo
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Fotos: Marco Livrão
Por que o Campolina? A escolha da raça passa pelo atavismo pelo cavalo e pela admiração da beleza e imponência do Campolina. Quem escolhe esta raça admira esses atributos, somados à qualidade do andamento marchado que a caracteriza. Conte-nos um pouco da história, da trajetória e do projeto da Fazenda do Segredo. A Fazenda do Segredo foi fruto da amizade de meu pai com Américo Moacir de Oliveira, carinhosamente chamado por nós de Tio Moacir, proprietário da Fazenda Casa Branca, em Passa Tempo/MG. Lá tivemos amplo contato com todas as raças de marcha, inclusive jumento Pêga. Dali nasceu a admiração pelo Campolina, eis que alguns dos animais que eram usados nas cavalgadas e passeios eram éguas desta raça. E eram as mais disputadas pela meninada! Dos finais de semana na Casa Branca rapidamente evoluiu-se para a ideia de comprar uma fazenda em Passa Tempo, o que de fato aconteceu em 1982. E nesse momento meu irmão Tiago ganhou do Tio Moacir uma égua, iniciando daí o interesse pelo criatório. De lá para cá foram diversos os momentos da Fazenda, sendo marcante a aquisição da hoje Fazenda Santa Fé, um pedaço da antiga fazenda Campo Grande, berço da linhagem Passa Tempo. Nas margens do rio Pará o criatório Segredo vem se desenvolvendo e fixando nossa pressão de seleção: o Campolina funcional. O propósito de seleção Segredo sempre foi pautado na funcionalidade, no objetivo de se produzir um animal mais perto do chão, angulado, estruturado e de fácil equitação. Nessa caminhada usamos animais que deram cara à tropa Segredo, como o garanhão Quasar de Alfenas, um legítimo representante da linhagem Passa Tempo. A partir dele, outros vieram a contribuir com nossa base de éguas, como por exemplo o Campeão Nacional de Marcha UUA de Santa Rita, e
posteriormente, o preto pampa Hirço do Barulho, que fez, entre outros, a Jetta do Segredo, número um do ranking da raça e de marcha Campolina Pampa 2016 e o Johnny Walker do Segredo, Campeão Nacional Cavalo 2016. Hoje diversos garanhões servem à Fazenda, dentre eles Enigma do RK (“El Tanque”), Tissot Mandala, Gaudì do Segredo, Lutero do Barulho e um time de potros inéditos que estão sendo provados. Durante anos a Segredo não se preocupou em mostrar a tropa ou mesmo participar de pista, seja porque a diretriz anterior era distinta da que acreditávamos ou porque nossa realização pessoal está intimamente atrelada na criação do animal no campo e na construção de um cavalo
A fase de mudança com aumento na pressão de seleção teve marco temporal na opção do 50/50 e no desempate da prova funcional nos julgamentos idealizado. Para quem quiser conhecer um criador realizado basta ir na Segredo e nos ver na lida com a tropa a campo: arquitetando cruzamentos, apartando potros, tosando as éguas ou montando na tropa. Essa é a nossa maior alegria. Por fim, paralelo à criação do Campolina, a Fazenda do Segredo também desenvolve um importante projeto na seleção do jumento Pêga, tendo produzido o Campeão Nacional 2016: Platão do Segredo, e tendo iniciado, recentemente, a criação do cavalo Piquira, cuja nossa maior alegria foi o grande campeonato nacional macho adulto 2017 conquistado pelo cavalo Furacão do Segredo. Faça uma avaliação do atual estágio da Raça. Vejo o momento como crítico, e não que isso seja negativo. É um
João Muzzi Filho e a tropa Segredo no podium momento em que o corpo associativo precisa de discernimento para se manter unido e focado em prol da construção de um projeto de unidade. Se a opção de cada um dos criadores foi pela raça Campolina, resta evidentemente o apego à beleza e ao andamento cômodo, mas este propósito há de ser alcançado de forma consistente, conjunta e contínua. A fase de mudança com aumento na pressão de seleção teve marco temporal na opção do 50/50 e no desempate da prova funcional nos julgamentos. O efeito imediato foi a busca pelo indivíduo competitivo pelo padrão função, o que vem trazendo evidente ganho para a raça nas qualidades de membros, aprumos, angulações, equitação e preparação. Se por um lado, houve certa perda momentânea naquilo que se chamava, no passado, de beleza racial, que se focava em elementos menos funcionais tais como cabeça e orelhas, por exemplo, é fato que esses atributos zootécnicos serão continuamente perseguidos, afinal de contas quem não quer um animal “raçudo”, marchador e estruturado? Como membro do CDT, gostaríamos de ouvir a sua opinião sobre Força Campolina | Outubro 2017 25
Entrevista o direcionamento técnico da raça e como o senhor avalia o comportamento do Conselho? A participação no CDT está sendo uma experiência muito rica. Apesar de criador há anos, minha participação na Associação sempre foi muito tímida, mesmo porque minha atividade profissional sempre exigiu muita presença. Mas me dei um desafio, a partir do convite dessa gestão, de compreender a mecânica de funcionamento de um órgão social de tamanha importância como o CDT e acho que esse grupo que se une para pensar o futuro da raça está empenhado em contribuir com esse importante momento do Campolina. É certo que grandes desafios estão na pauta do Conselho, como repensar o padrão, os direcionamentos técnicos necessários para suportar esse momento de transição por que passa a raça e a avaliação individualizada dos temas que nos são apresentados pelos associados. Mas nenhum deles será mais importante do que alinhar a diretiva de criação dos associados com as referências técnicas do corpo de jurados. Entendo que o futuro da raça está nas mãos, nas ideias e na paixão dos criadores, competindo e trabalhando na escolha pelo cavalo ideal, respeitados elementos técnicos. Em sua opinião quais as mudanças e transformações necessárias para a raça? O Campolina escolheu, há um bom tempo, o caminho da funcionalidade. Mas essa nova diretriz, como todo redirecionamento, precisa de
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Cavalgadas são parte integrante do criatório Segredo tempo. O caminho já foi escolhido, competindo à raça se estruturar tecnicamente para implantar um padrão desse novo cenário e paciência para construir o novo cavalo. Note bem, evolução se constrói com zelo, foco e tempo! Como admirador das cavalgadas, o senhor participa destas em vários locais do mundo, fale de suas experiências e como a nossa Raça se coloca dentro do cenário de cavalo de sela. Por usar com constância o cavalo que se acredita que não há futuro sem função e nossa função está bem definida: cavalo de sela e lazer. Não sem razão que meu modelo de cavalo se construiu na crença de um animal bonito, macio e de confiança, exatamente porque esse o animal que se precisa para as atividades de cavalgada e passeio. E estou convicto de que nosso Campolina teria um lugar de absoluto destaque nesse cenário, no Brasil ou fora dele. Em uma de nossas idas à Equitana, mesmo antes das facilidades que hoje se tem para conhecer a feira, tive a oportunidade de apresentar o Campolina para
um público que não o conhecia, e o retorno foi marcante, especialmente por perceber que aliado à beleza e imponência o que mais chamava a atenção era a pelagem baia. Quanto às cavalgadas, sempre me encantei pelas belezas naturais e pelo desejo de conhecer lugares distantes no lombo de um cavalo, e me sinto privilegiado por ter tido a oportunidade de realizar memoráveis passeios dessa maneira: Patagônia, El Calafate, Toscana e Deserto do Atacama foram alguns deles. Esses passeios deixaram grandes lembranças, mas tenho certeza de que se tivessem sido feitos em um Campolina as memórias seriam ainda mais marcantes! Deixe seus conselhos aos criadores iniciantes. Para esse público reside meu maior foco de atenção. Tenho convicção que a visibilidade do nosso cavalo passa necessariamente pela implantação de um modelo de acolhimento técnico do novo criador. Criar cavalo não é atividade fácil, quando todo começo tem por premissa uma paixão desmedida, onde o encantamento muitas vezes cede espaço a uma necessária análise técnica dos animais. Se começar não é fácil, que se saiba que criar cavalo é uma paixão que transcende qualquer razão. É rolar na grama quando seu animal ganha, é chorar uma perda, é comemorar um nascimento, é chegar na baia e conversar longamente com seu cavalo, é ter certeza que seu animal te entende, é fazer novas amizades em todo encontro que tenha o Campolina como justificativa. É, enfim, uma vida que vale a pena ser vivida.
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Moda
Democrático, Fashion e Confortável
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O que podemos esperar deste acessório?
chapéu surgiu para a proteção da cabeça, ainda nos povos primitivos da pré-história, das intempéries climáticas (sol escaldante, frio, chuva). Teriam, assim, nos mais primitivos formatos, uma espécie de gorro feito em couro, ou em tecido, algo parecido com os antigos turbantes já presentes cerca de 4.500 anos a.C.. Cerca de 3000 a.C., na Mesopotâmia, surgem os chapéus que trazem um misto de elmo com capuz, que cerca de mil anos depois (2.000 a.C.) evolui para um formato mais aprimorado. Torna-se, neste mesmo período, um adereço de dignidade, nobiliárquica, militar e sacerdotal do antigo Egito. O primeiro chapéu que encontra em suas formas mais semelhantes com o formato “clássico” (ou seja, contendo as partes principais do adorno), é o pétaso grego, cuja origem remonta ao século IV a.C., junto ao píleo. Mais tarde surgiu a forma romana, junto a capucho, sendo este povo o primeiro a criar um capacete. Falando de tempos mais próximos aos nossos podemos destacar a década de 20, quando o chapéu se tornou um acessório indispensável a homens e mulheres.
Eles demonstravam respeito e até mesmo a classe social daqueles que os utilizavam. No que tange ao feminino, especificamente entre os séculos 17 e início do século 20, o chapéu, quanto mais enfeitado, mais status conferia a mulher que o usava. A partir dos anos 1930, passou a ser confeccionado em diferentes estilos menos extravagantes e ostensivos, porém jamais deixou de ser considerado um acessório glamoroso que imprime personalidade a qualquer look. “A moda de chapéus foi muito importante no século passado, sendo um ícone de poder e elegância. Com o passar dos anos, esta moda foi se perdendo, então vimos um nicho para entrar neste mercado, ressurgindo com alguns modelos clássicos e inovando em outros exemplares. Hoje em dia os chapéus estão cada vez mais fortes, pois são muito usados por artistas e personalidades, que acabam influenciando os consumidores“ comentou Wilson de Barros Catelã, que responde pela loja Chapeus25 que está no mercado desde 2004 e conta com duas lojas físicas além de uma loja online que leva o mesmo nome.
Hoje em dia os chapéus estão cada vez mais fortes, pois são muito usados por artistas e personalidades, que acabam influenciando os consumidores Com o passar do tempo e o evoluir da moda eles deixaram de ser usados em situações específicas, como nas áreas rurais ou casamentos no campo e se tornaram parte integrante do look. “Hoje a moda é muito livre e isto se aplica em todos os aspectos. As únicas “regras” que existem em relação aos chapéus acredito que são as de etiqueta mesmo, como lembrar de tirá-los em locais fechados, nos momentos de refeição. O brasileiro ainda não está acostumado ao uso deste assessório, não é da nossa cultura. Fora do país é super normal, já aqui, quem usa acaba recebendo olhares de “oi!?”. Mas acredito também que isso já começa a mudar um pouco. A medida que mais influencers vão usando (e sim, hoje isso tem um peso 36 Força Campolina | Outubro 2017
de 80% acho), as pessoas começam a se identificar mais. Até pela questão de assimilação com aquela figura. Sendo assim, quanto mais gente usar, mais natural aos nossos olhos isso vai III Lais Urizi, consultora de III Wilson de Barros Catelã da ficando.” explicou Lais Urizi, consulto- moda e estilo Chapeus25 ra de moda e estilo. de ser um ótimo auxílio na proteção contra o sol nos dias A jornalista Paula Brito é uma fiel usuária do acessório. quentes” disse. “O chapéu é como um colar ou um par de brincos, ele Perguntamos à consultora de moda sobre o acessócompõe o seu look, pode ser utilizado de várias formas rio favorito dos campolinistas e ela nos contou um pouco e ainda te protege do sol escaldante que faz em nosso sobre este tipo de chapéu e deu dicas para utilização do país. Certa vez me apaixonei por um modelo Panamá acessório em eventos ligados ao meio rural. “O Panamá de em uma vitrine, era verão e achei que seria legal expeaba média é o mais democrático dos chapéus, em minha rimentar, a partir daí o acessório passou a fazer parte opinião. Ele é tradicional, elegante na medida e cai bem do meu dia a dia. Tenho dos mais diversos formatos e tanto para looks mais leves quanto mais urbanos. Em relamateriais, mas nem tudo são flores, já enfrentei olhares ção a eventos ligados ao agronegócio temos dois tipos atravessados, ouvi de amigos que aquilo era estranho e de posicionamentos, aquelas pessoas que preferem um até mesmo que eu usava para aparecer. A pessoa precivisual bem caricato então o ideal é apostar nos esteresa ter uma personalidade forte para bancar sua opinião ótipos como fivelas, botas e chapéus que nos remetam porque senão acaba deixando o acessório de lado para aos cowboys e também existem pessoas que curtem um não ter que lidar com conversinhas, risinhos e olhares visual mais moderno, assim sendo o interessante é escoatravessados, o que na minha opinião é uma bobagem lher modelos que fujam destas convenções” explicou a monumental” disse. consultora. De feltro, palha, lã, couro, os chapéus vieram para ficar. “Por ser muito livre e criativa a moda hoje, não temos um modelo específico que seja o da vez. O famoso modelo Panamá sempre cai muito bem e ainda é democrático. Acredito que só não são muito usuais aqueles gigantes bem caricatos que vemos em filmes usados, normalmente, pela viúva” comenta Laís. Para Wilson de Barros Catelã da Chapéus 25 os brasileiros estão optando cada vez mais pelo uso do acessório. “Nós temos um nicho enorme de chapéus, para diferentes tipos de públicos, mas os preferidos são o clássico chapéu Panamá e o Floppy. Alguns modelos têm fabricação nacional, mas a maioria, nós importamos de países como Equador, México, Estados Unidos, entre outros. Trabalhar com chapéus é um ótimo negócio! É um acessório da moda que respeita as nossas raízes, e ainda é capaz de demonstrar nossa personalidade e estilo. E além disso, cai bem em diversas ocasiões, além
Imagens cedidas pela Chapeus25
O chapéu é como um colar ou um par de brincos, ele compõe o seu look, pode ser utilizado de várias formas e ainda te protege do sol escaldante que faz em nosso país
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Artigo
Um Novo Ciclo do Cavalo Campolina
E
*Roberto Salum
m um passado não tão distante, nosso cavalo foi motivo de orgulho de todo criador/amante do Campolina. Animais com preços estratosféricos eram constantemente negociados por carros importados, apartamentos de luxo, milhares de dólares. Nossos leilões com altíssima liquidez, exposições cheias e as festas animadas evidenciavam não só a beleza do Campolina, mas também a força que nossa raça, nossa associação, nossa comunidade tinha. Nosso cavalo era protagonista até em novela de televisão em horário nobre, como não se lembrar do amigo Afonso Miranda narrando o cavalo Campolina em Ana Raio e Zé Trovão, interpretados por belos indivíduos da fazenda Gás de Entre Rios de Minas. Olhávamos para nossos “concorrentes” com orgulho do nosso cavalo. O que mudou? Por quê? Quando essa conta virou? E agora, o que fazer?
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Bom, acho que primeiro precisamos fazer uma análise fria sobre nosso passado, nosso presente e daí planejar nosso futuro. Quando falo de nosso passado, claro que é uma opinião pessoal baseada em relatos de criadores, profissionais que já atuavam na época, amigos e parentes. Afinal, era muito jovem para fazer um julgamento baseado na minha própria vivência, mas ainda assim, acho que alguns pontos são bem claros. O Campolina era um cavalo elitizado, seus altos preços praticados, o alto custo de se manter um cavalo deste porte com a forma física desejada, junto a um perfil de criadores formado por grandes empresários, executivos e pessoas com boa condição financeira, fizeram do Campolina um artigo de luxo e cobiçado. Aliado a isso, vivíamos um contexto econômico que favorecia o fomento deste perfil de produto. Não é difícil citar alguns dos vários fatídicos acontecimentos que evidenciam o poder da nossa raça a época. Leonardo Campos fez O.P de Santa Rita, o cavalo de um milhão de dólares e 1.500 filhos. Ladeado com o eterno Desacato da Maravilha, que tinha seus aniversários comemorados com festas a altura de sua importância, enquanto suas filhas eram vendidas a peso de ouro. Vadinho formava o primeiro condomínio da raça com o inesquecível Narciso do Angelim. Jayme Figueiredo que chegou a levar o nosso cavalo para viajar de avião e ser exposto na Alemanha, junto a elite equestre mundial. Salvador Aguiar e a famosa fazenda Fantasia recebiam personalidades que se encantavam com a beleza e elegância de Guardião das Aroeiras. Joel Garcia protagonizava algumas das mais importantes transações na história da nossa raça e do mercado equestre nacional. Maninho que chegou a comprar praticamente todos os campeões e potenciais da época, assim se sagrando o melhor expositor na nacional do ano. Seu Alfredo
III Sempre sob a sela do Campolina Manoel Fernandes que era um anfitrião bastante ocupado por criadores que saíam dos quatros cantos do Brasil para ir a sua bela fazenda na Bahia, a fim de comprar algum animal da grife Angelim por cifras relevantes a época. Fomos precursores e fizemos a primeira nacional especializada do Cavalo Campolina em 1980 na gestão de Emir Cadar, que com o seu carisma e da sua esposa, Maria Helena, faziam da nacional um evento marcante na cidade de Belo Horizonte, regado a muita festa, confraternização e luxo, esperado por todos e sempre prestigiado por um grande público, formado por criadores, apaixonados por cavalos e aqueles que procuravam apenas um bom lugar para se divertir. Engraçado como nos dias de hoje vemos situações semelhantes com nossos vizinhos do Sul de Minas não é mesmo? Felizmente, tudo no mundo está em constante mudança e evolução, e aquele que não acompanha essas mudanças e não enxerga as novas tendências, acaba naturalmente ficando para trás por uma questão meramente “Darwiana”. Não é tão difícil achar exemplos claros dessa natureza no mundo dos negócios. Kodak, Blackberry, Xerox, BlockBuster reinaram em seus segmentos em suas épocas mas não se modernizaram, logo foram engolidas por concorrentes mais adequados as
novas demandas de mercado e hoje lutam para se reinventar. Não quero dizer que estamos fadados a ser mais um desses exemplos, estou apenas tentando entender a virada do vento em nossas velas. Enxergo que vivemos nos anos 80 e 90 em uma bolha de mercado. Tínhamos status, preço e demanda, talvez por isso tenhamos ficados cegos dentro desta bolha. Não tínhamos a percepção que nosso produto ficava cada vez mais distante do que o mercado procurava e ainda procura. Animais de fácil doma, funcionais e equilibrados, que tenham um custo de manejo adequado a realidade do grande e do pequeno criador, ou mesmo do usuário que busca apenas um cavalo para lazer. Afinal, se olharmos com um pouco mais frieza e racionalidade, podemos levantar alguns erros básicos da seleção de nossos animais a época. Os exemplares eram demasiadamente altos, priorizávamos uma bela cabeça, pescoço e orelha ao invés de bons aprumos, proporções e angulações. Tínhamos indivíduos comendo mais de 10 quilos de ração por dia para se manter na forma desejada, e o mais grave, perdemos o costume de fazer aquilo que o nosso cavalo tem como principal função, marchar, fazer cavalgadas, abrir uma porteira, pular um córrego e por aí vai. A demanda por esse cavalo continuou existindo, mas o Campolina foi deixando de ser Força Campolina | Outubro 2017 43
III Tropa Cantagalo nas provas de marcha uma opção viável para essa funcionalidade, principalmente para a tal “base da pirâmide”. À medida que o tempo foi passando e a realidade mudando, tomamos uma série de medidas, na minha opinião equivocadas, e com efeitos colaterais nocivos afim de manter o mercado, por exemplo: dilatamos de maneira sistêmica nossos prazos de pagamentos em leilões criando assim uma falsa sensação de liquidez do rebanho, criamos premiações para diferentes pelagens tentando assim gerar algum tipo de valorização forçada de animais com base apenas na pelagem, ainda que alguns desses indivíduos estivessem em total desacordo com as premissas do que é um bom cavalo de sela, dentre outros. Enquanto isso, naturalmente o mercado encontrava em nossos primos, um animal, ainda que subjugado por nós devido a falta de expressão racial e nobreza, mas que atendia aos quesitos citados para ser um bom cavalo de sela e lazer. Lendo este texto até aqui e relacionando ao que vemos no nosso mercado hoje pode até parecer que estou pregando o fim dos dias. Mas não! Só acho que precisamos ver e aprender com nossos erros antes de olharmos para frente, afinal a história não para por aqui. Há alguns anos, diria que por volta de 2009, 2010, tivemos a grata maturidade de enxergar a eminente necessidade de mudança e adequação técnica do nosso cavalo. Felizmente, sempre pudemos contar com um robusto lastro genético de anos de seleção de animais genuinamente marchadores selecionados por criadores que tinham como origem o campo e como rotina de vida, o trabalho no lombo de um Campolina. Animais equilibrados, adequados a lida no campo, selecionados para percorrer longas distâncias pelas nossas montanhas de Minas, provendo conforto e segurança aos seus cavaleiros. Que bom que esse tipo de qualidade não se perde da noite pro dia. Além 44 Força Campolina | Outubro 2017
do mais, por sorte sempre tivemos criadores “cabeças duras” que não se renderam a modismos e se mantiveram fiéis a suas convicções de criar animais funcionais. O que falar de animais como Estádio do Desterro, exemplo de animal, funcional, marchador e moderno. Santa Maria Homero, exímio indivíduo de marcha picada que deixou uma bela prole hoje tão valorizada entre os admiradores desta modalidade. Iluminado de Alfenas, Narciso e Ogum do Angelim dentre tantos outros, talvez pudessem ter sido mais bem utilizados enquanto vivos, mas ainda assim deixaram um verdadeiro legado para ser conservado em nosso direcionamento genético e que nos garantem a condição de manter a evolução do cavalo tipo sela. Em um dado momento, percebemos que tínhamos que mudar drasticamente o rumo de nossas velas, e assim começou uma busca incessante pelo cavalo que até então não dávamos o mesmo valor que antes. Doadoras de embrião perdiam de forma dolorosa o valor de mercado enquanto receptoras e “eguinhas de marcha” tomavam seus lugares nas cocheiras dos haras. Cavalos “fracos de morfologia” que antes apenas disputavam copas de marcha ganhavam cada vez mais espaço no planejamento da estação dos criadores no lugar de belos garanhões que não atendiam a um item básico do nosso cavalo, a MARCHA. A nova regra ficou clara, tem que marchar! A partir daí um campeonato de marcha passou a ter outro sabor, o grande marchador era “o cara”. As amostras de animais que antes eram feitas em redondéis com animais soltos ou presos no cabresto passaram a ser com a sela no lombo, e o melhor, todos queriam montar os cavalos e testá-los. Quem diria que o então desacreditado potrinho chamado Nairobe escreveria a bela história que conhecemos, ou então Astral do GDF virando o principal garanhão de um dos mais renomados haras do Brasil. Donzela de São Judas que chegou a ser receptora, Artista dos Inconfidentes comprado pelo destemido condomínio de “Dez” criadores, Ferrara da Hibipeba, Apolo da Mata Grande e tantos outros exemplos de animais que acabaram sendo garimpados dentro dos próprios plantéis ou em tantos outros espalhados por aí. Esse redirecionamento técnico que em passamos até hoje acabou sendo mais drástico e traumático do que podíamos imaginar, mais um difícil capítulo em nossa história que devemos superar. Sim, nossa raça entrou nos trilhos, mas daí veio um efeito colateral. Enquanto procurávamos e valorizávamos esse novo padrão de Campolina, começou paralelamente uma nova corrida, desfazer daqueles animais que já não atendiam o mercado externo e agora nem o interno. Criou-se uma oferta demasiada de cavalos agora antiquados e sem liquidez, afinal, passamos por uma grande mudança de conceito daquilo que selecionamos durante aproximadamente duas décadas e que tínhamos que nos readequar. Passamos a ver uma série de leilões de Campolinas obsoletos, em desacordo com a nova tendência e preços cada vez piores. Acredito que
além do resultado negativo direto, isso tenha causado um outro reflexo negativo: a descrença. Chegar na fazenda e ver que o caminho para o sucesso agora é mais tortuoso e distante, ver exposições vazias, leilões com preços ruins é igual a ver seu time de futebol tomar uma goleada atrás da outra no campeonato brasileiro e estar brigando para sair da zona de rebaixamento, ainda que a nossa categoria de base fosse bastante promissora. Enxergo essa situação que descrevi, bastante atual e como uma fase de transição, aquele passo para trás para dar dez para frente. Como a vida é uma caixinha de surpresas, enquanto assistimos e vivemos essa queda no mercado da raça Campolina, diga-se de passagem, enquanto nossos primos surfam a onda da bela fase em que vivem, tivemos mais um fator que agravou ainda mais esse vale em nossa curva senoidal, nosso país entrou na mais profunda crise econômica já vista. Se antes já era difícil vender um potrinho em casa, ou aquela égua “modelo antigo”, agora então ficou pior ainda. Essa nova realidade comprometeu e muito a condição da maior parte de nós brasileiros de fazer investimentos diretos e indiretos em cavalos e afins. Se vimos setores produtivos providenciais para economia do país serem sucateados imagina um setor caro de hobby e lazer. Todos sentiram o baque, não importa a pelagem, andamento ou raça. O que devemos esperar para o nosso futuro? Entendo que fazemos parte de uma comunidade, assim como somos brasileiros e torcemos para o sucesso de nosso país, assim como somos torcedores de clubes de futebol e padecemos a cada gol sofrido, somos criadores de cavalo Campolina e somos movidos a paixão por essa raça, sabemos que apesar de qualquer dificuldade não vamos desistir de rever o nosso tão almejado sucesso. Vivemos uma fase difícil no nosso mercado, temos hoje uma Associação se recompondo de uma crítica situação financeira e vemos em nosso concorrente muito daquilo
que desejamos, ou seja hoje nos falta orgulho! Essa é nossa principal meta, resgatar o orgulho pelo nosso cavalo, orgulho de nossa Associação, orgulho da nossa comunidade, orgulho de ser CAMPOLINISTA. Certa vez vi uma entrevista do então presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil sobre sua trajetória no clube e algo me marcou muito. Ao assumir a entidade demitiu todo o caro departamento de marketing do clube e resolveu investir tudo no futebol. Lembro dele falando que o que vende camisa de time não é propaganda, é “bola na casinha”. Mostre resultado em campo que o reflexo aparece. Após uma campanha de memoráveis títulos e vitórias a torcida do atlético saiu de 4 milhões para 7 milhões, isso resgatou o orgulho do atleticano, ou seja, não adianta divulgar um produto se ele não tiver apelo comercial. Contextualizando a nossa realidade, nossa principal preocupação deve ser em ofertar ao mercado um produto adequado, um cavalo bonito, funcional e marchador. É notória a evolução técnica do Campolina. Como não enxergar a clara evolução em uma raça que, a cada exposição a categoria mais
disputada é a de animais jovens. Nossos últimos grandes marchadores nacionais em 2016 vieram da primeira categoria de montados! Luxor da Mima e Loteria do Momento, no ano anterior Jack de Luanda. A cada ano que passa é mais difícil sustentar um título nacional pois a nova safra vem cada vez melhor! Ao visitar haras de amigos sempre nos surpreendemos com a qualidade que vemos, a cada ano nascem animais mais marchadores e cada vez em maior escala, o que é providencial para ofertarmos sempre ao mercado bons cavalos a preços acessíveis! Estamos no caminho certo, novamente criando e oferecendo ao mercado o animal desejado! Criar cavalo é uma atividade lenta, que demanda acima de tudo tempo e paciência, e precisamos dar esse tempo para que o mercado realmente reflita em preços e demanda, a mudança que fizemos para melhor, mas estou certo que trilhando pelo caminho que estamos o sucesso é certeiro! É hora de olhar para frente , sou bastante confiante no futuro desta raça e estou certo que estamos entrando agora em um novo ciclo de crescimento!
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contato@leiloeira..com.br | 031 99449-3919 | 031 2555-8900 contato@leiloeira
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Hibi-
A AD RJ
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PUBLINFORME
AR A M CA FO
RIA DA RA TÓ Ç IS
MPOLINA CA
Fayola da
A
Haras Hibipeba,
Três décadas contribuindo com a evolução genética da raça Campolina! Desde 1998, o Haras Hibipeba vem relizando um sonho, criar cavalos da raça Campolina com excelência genética. Hoje, a marca Hibipeba tornou-se referência da
raça no país. São quase 20 anos de uma seleção que já nasceu forte e que tem como pilares a paixão pelo cavalo e a excelência na criação desses animais.
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Hibi-
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PUBLINFORME
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RIA DA RA TÓ Ç IS
MPOLINA CA
Fayola da
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Base genética,
os pilares que construíram um plantel premiado
Desde o início, o principal objetivo do Haras
Para tanto, a base genética utilizada é com-
Hibipeba sempre foi criar animais comple- posta pelo sangue dos principais raçadores tos com beleza racial, ótima morfologia e
do Campolina, proporcionando um apri-
andamento perfeito. Isso requer paciência
moramento genético a cada geração.
e talento. Paciência para estudar e planejar Produtos que carregam o sangue histórico os cruzamentos mais eficientes e talento
de ícones tradicionais como: ILUMINADO
para reconhecer e selecionar o melhor de
DE ALFENAS, GEODO DO ORATÓRIO,
cada geração e transforma-los em grandes
DESIGN DA HIBIPEBA.
campeões nas pistas.
Geodo do Oratório
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Iluminado de Alfenas
Design da Hibipeba
E se aprimoram com sangues modernos de raçadores consagrados, como o atual garanhão chefe do haras, FARAÓ DA HIBIPEBA, e se perpetuam com grandes promessas, tais como o premiado MIDORI DA HIBIPEBA e a grande promessa RAIMON DA HIBIPEBA.
Progênie Fa raó da Hib
ipeba
Faraó da Hibipeba
Midori da Hibipeba
Raimon da Hibipeba Força Campolina | Outubro 2017 53
Hibi-
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RIA DA RA TÓ Ç IS
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Genética Consagrada! Resultados que se traduzem em números
Nesses quase 20 anos de criação, o Haras dade e a eficiência dessa marca. Hibipeba sempre contou com uma equipe Ao longo dos anos, o Hibipeba tornou-se de profissionais especializados e dedicados. berço genético de algumas das principais Um trabalho de excelência que vai desde matrizes da raça, campeãs nas pistas e na o planejamneto genético dos cruzamen- reprodução, verdadeiros sonhos para os tos, manejo, treinamento e culmina com grandes criadores da raça, nomes de peso o êxito no principal palco da raça: as pis- como: Berlinda da Hibipeba, Bela da Hibitas! Nesse quesito, o Hibipeba tem muita peba, Chana da Hibipeba, Egaer da Hibipehistória para contar. Mais do que isso, tem ba, Fayola da Hibipeba, Krishna da Hibipemuitos resultados que atestam a quali- ba, Odisseia da Hibipeba, entre outras.
Berlinda da Hibipeba
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Bela da Hibipeba
Chana da Hibipeba
Egaer da Hibipeba
Toda essa tradição e qualidade, fez do Haras Hibipeba um dos mais respeitados do país, conquistando marcas históricas:
• 11 prêmios de Melhor Criador Nacional da Raça • 8 prêmios consecutivos “The Best”, considerado o “Oscar” da Pecuária Nacional, pela Revista AG Leilões
Fayola da Hibipeba
Hinah da Hibipeba
Odisseia da Hibipeba
Krishna da Hibipeba
Obra da Hibipeba Força Campolina | Outubro 2017 55
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Uma história
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RIA DA RA TÓ Ç IS
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Fayola da
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de sucesso,
marcada pela parceria e pelas grandes amizades!
Foram até agora 17 edições do Leilão Hibipeba com grandes eventos e brindando a amizade entre a família Campolina!
PUBLINFORME
PREPARE SEU CORAÇÃO! VEM AÍ... 18º L E I L Ã O
Edição especial - Duas décadas de Criação!
04
AGOSTO, 2018 SÁBADO- 20H
Pousada Pequena Tiradentes
Tiradentes, MG
A emoção vai tomar conta da família Campolina! Norival Siqueira Valão do Barro - RJ
Artigo
Autobiografia de Xerife de Passa Tempo
N
por José Eugênio Dutra Filho (Dudu)
asci em 1959, na lendária Fazenda Campo Grande, em Passa Tempo/MG, berço do famoso criatório Passa Tempo, a secular Marca F, letra inicial de Francisco Teodoro de Andrade, avô do meu criador Sr. Bolivar de Andrade, este um dos maiores criadores da história, não somente da minha raça Campolina, mas de diversas outras raças de equinos, bovinos, caprinos, asininos e bubalinos, já que onde nasci havia de tudo. Fui batizado com o nome de XERIFE, pois a safra do ano todos os potros começavam com a letra X. Nome feliz, pois conforme vocês vão perceber ao lerem nesta minha autobiografia, que pedi ao Dudu que divulgasse, XERIFE é quem dita a lei, o padrão. Padrão da raça Campolina. Meu pai era o TENTADOR e minha mãe a INGLATERRA. Meu pai era filho do grande FLORETE, que fez a base da linhagem Passa Tempo na época que foi fundada a ABCCC. Minha mãe me deu como irmã a grande RESSACA DE PASSA TEMPO, mãe do EXPOENTE DE PASSA TEMPO, meu sobrinho e meu grande rival na nossa época.
III Xerife de Passa Tempo
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Ele era seis anos mais novo, e me parece que EXPOENTE já passou sua autobiografia ao Dudu para que fosse divulgada aí no planeta Terra. Aliás, confesso que fiquei com ciúmes por ter a minha história contada depois da do EXPOENTE.
Vivi até 1964 em Passa Tempo, depois fui enviado para as Fazendas do Sr. Bolivar no norte de Minas. Na época de reprodução ficava na Fazenda Surpresa em Capitão Enéas e na seca costumava ir para a Fazenda Canoas em Montes Claros. Sempre sob os cuidados do Renato, filho do Sr. Bolivar, que por toda vida cuidou muito bem de mim. Lugares de difícil acesso, por isso pouco era visto. Com a compra do MIRAI RIFIFI (pai do EXPOENTE) para um refrescamento de sangue, pois as éguas da fazenda eram descendentes do TENTADOR, LIBERAL e FLORETE, todos meus consanguíneos, não fui muito usado na reprodução nos primeiros anos como cavalo adulto, já a prioridade era o RIFIFI dentro do planejado pelo Sr. Bolivar e pelo seu filho Márcio, este um grande estudioso da raça. Sabiam o que estavam fazendo, pois nas filhas do EXPOENTE, fiz excelentes animais. Porém, mesmo menos usado, meu primeiro produto, ainda na época que vivia em Passa Tempo, foi a potra CAUSA DE PASSA TEMPO, que viria a ser mãe do JÚPITER DE PASSA TEMPO, este filho do EXPOENTE. JÚPITER sem duvida foi um dos maiores cavalos da história, uma máquina de fazer campeões. Se bem me lembro, ele também já fez sua autobiografia, antes do avô aqui. Com efeito, hein Dudu? Nas pistas não tive o mesmo sucesso que tive na reprodução. Na Semana Nacional do Cavalo em 1967, Belo Horizonte, perdi para o CAMPO VERDE CATIVER. Segundo contava o pai do Dudu, José Eugênio Dutra Câmara, foi injusto o resultado, pois CATIVER apesar de belíssimo de morfologia, marchava muito mal, e eu tinha morfologia muito boa também, e uma marcha bem superior, tanto que nesta exposição fui o Grande Campeão Nacional de Marcha. Já cavalo, nesta exposição em 1967, foi a primeira vez que os criadores me viram, pois já vivia “escondido” no norte de Minas. Conforme
o pai do Dudu contava a ele, eu era um cavalo bem refinado, moderno, proporcional, sendo um dos poucos cavalos na época que não tinha cabeça pesada, e com um porte ideal para a sela, 1,57 na cernelha. E minha marcha era meu diferencial: marcha batida clássica, muito cômoda, bem dissociada e equilibrada, com ótima índole e temperamento de sela. Estas qualidades inclusive podem ser comprovadas, perguntem ao Lúcio Andrade, neto do Sr. Bolivar, renomado zootecnista. Ele afirma que até hoje estou entre os cinco melhores cavalos que montou na vida. Sr. Bolivar e Márcio, insatisfeitos por terem perdido a Nacional para o CATIVER, me levaram na Semana Nacional do ano seguinte, 1968, em Salvador. Entre 1965 e 1983 o governo federal organizava a Nacional, através do Ministério do Exército. Todas as raças juntas e a cada ano numa cidade. Grandes festas, com confraternização entre os criadores e, sobretudo com muita troca de conhecimento. Naquela exposição o GAS PRELUDIO estava presente, ele que ganhou a primeira nacional em 1965. PRELÚDIO já vivia na Bahia e causou grande expectativa um duelo entre ele e eu. E não é que perdemos para um terceiro?! Para o ALEGRE DA PALMEIRA. Dizia o Fernando Diniz, criador e dono do Alegre, que nem ele concordou. Achava que eu deveria ter vencido. E assim terminei aos nove anos minha carreira na pistas: com um reles terceiro lugar. Alguns anos depois, precisamente em 1979, Dudu escutou do Sr. Bolivar “em cavalo tudo tem jeito, menos julgamento”. Sr. Bolivar, meu criador, era um homem extraordinário, sempre muito procurado para conversas, ele dava uma atenção especial aos mais jovens. Achava muito interessante a enorme curiosidade em aprender do Dudu, e sua memória para os animais do passado e presente. Dizia ao seu pai “Jose Eugênio, o incentive a fazer zootecnia, pois será um grande juiz de Campolina”. Quis o destino
que Dudu fosse médico, mas mesmo assim virou também juiz de Campolina, inclusive durante várias Nacionais. Ao menos foi um juiz grande. Minha função a partir daquela exposição passou a ser somente a reprodução. Que já estava muito boa, e ficaria melhor ainda, pois começaram a chegar em Capitão Enéas as primeiras filhas do EXPOENTE. E as minhas filhas iam para Passa Tempo para fazer o nome do EXPOENTE. Sem elas, ele não seria o que foi, tenho certeza disso. Confesso que nesta época tinha implicância mesmo com ele. O danado nunca perdeu uma exposição, sendo Campeão Nacional da Raça aos cinco anos, em 1971. Era meu sobrinho, repito, e com certeza puxou o tio nas qualidades. Mas sobre minha progênie, como disse, minha primeira filha foi a CAUSA, mãe do JÚPITER, grande máquina para fazer campeões, tendo se destacado nos criatórios Sans Souci, Graipu e Alfenas. Pai dos Campeões Nacionais da Raça Sênior COCA COLA, FREVO, CIUMENTA E ILUMINADO DE ALFENAS e do Octa Campeão Nacional Progênie de pai DESACATO DA MARAVILHA. Tudo bisneto meu! Assim como a CAUSA, outra que nasceu em Passa Tempo, antes da minha partida para o Norte de Minas, foi a DOUTRINA, que viria a ser mãe da HÉLICE e do LAGEDO. DOUTRINA recebeu o registro com número 01 do livro fechado da raça Campolina. Sua filha HÉLICE foi nada mais nada menos que mãe do ORGULHO, QUARTEL, TESOURO E ZINO. ORGULHO era considerado pelo Márcio como o mais perfeito Passa Tempo da história. QUARTEL, era dono de uma beleza racial impressionante. TESOURO, filho-bisneto meu, seria meu sucessor se não tivesse morrido tão jovem, e ZINO, o maior marchador nascido no criatório Passa Tempo, na opinião do Dudu. Exceto TESOURO, todos filhos do EXPOENTE. Já o LAGEDO fez uma bela história na criação Chaparral, do Joel Garcia. Força Campolina | Outubro 2017 61
Artigo Nos poucos produtos meus que nasceram em Passa Tempo, já que nesta época prevalecia o MIRAI RIFIFI na produção, veio a FACHADA, mãe do OUSADO, meu neto, assim como o pai dele EXPOENTE, invicto nas pistas, Campeão Nacional da Raça, e com ótimos produtos nos criatórios Sans Souci e Macuna. OUSADO, descoberto muito novo pelo olho clínico de Joel Garcia, era muito próximo do padrão da raça. Vocês estão vendo como fiz a vida do EXPOENTE, né? Quando minha prole começou a nascer no norte de Minas, juntou qualidade e quantidade. Na safra da letra G, GUAPORÉ, GRANADA, GRADUADO E GARBOSO foram os mais renomados. GUAPORÉ foi meu primeiro filho premiado em nacional: Campeão Nacional Potro em Curitiba, em 1969. GRANADA foi mãe da Campeã Nacional Potra BALADA DO CATULÉ, da criação de João Ferreira, e Campeã Nacional de Marcha ERIKA DAS ARÁBIAS, linda égua do Emir e Lycio Cadar. GRADUADO foi um ótimo reprodutor, inclusive foi Campeão Nacional Progênie de Pai. Serviu aos criatórios Porteirinha (de Arnaldo Bezerra, o mais antigo criador vivo da raça nos dias de hoje), Rebanho (que se transformaria anos depois num grande criatório de Mangalarga Marchador) e enfim no criatório Horizonte de Heitor Lambertucci, onde nasceriam as Campeãs Nacionais JAMAICA E JANGADA DO HORIZONTE, esta última de Marcha e da Raça. GRADUADO transformou o criatório Horizonte num dos maiores vencedores nos anos 80, com animais padronizados para sela, e com grande destaque em provas funcionais. Já GARBOSO um dos principais filhos meus, tem uma história à parte. De perseverança. Garboso aos três anos e pouco esteve na Semana Nacional em BH, 1971, e foi o Reservado Campeão Nacional da Raça, perdendo para o grande favorito EXPOENTE. Mostrou ali enorme potencial para as pistas. Um jovem criador de Governador Valadares, Guido Pacheco, um verdadei62 Força Campolina | Outubro 2017
ro gentleman, do criatório Santarém, frustrado por seu cavalo FAISÃO DE PASSA TEMPO ter sido derrotado por EXPOENTE E GARBOSO, não pensou duas vezes. Vendeu FAISÃO ao Sr. Alfredo Fernandes, criatório Angelim e comprou GARBOSO, pois este seria o favorito para a próxima Nacional. Chegada a Nacional de 1972, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul (á época apenas Mato Grosso), GARBOSO chegou como grande favorito. Mas perdeu, e justamente para o FAISÃO. Pista é assim. Esta foi a primeira Nacional que Dudu se lembra de ter ido, à época aos 8 anos de idade. Mas não se lembra dos cavalos. A primeira que esteve presente foi em Curitiba, em 1969. Guido Pacheco, desta vez não vendeu seu cavalo por ter perdido, e em Goiânia, 1973, chegou GARBOSO na Nacional como um dos favoritos. Disputava com ele GAS FOGO e MICAELA SUBLIME II. Mas GARBOSO era o franco favorito, numa forma exuberante. E todos perderam para GAROTO DO BOM RETIRO. Perder para FAISÃO, que era um belo cavalo, era aceitável, mas GAROTO era muito inferior ao GARBOSO. E a sábia frase do Sr. Bolivar ficava vez mais fortalecida. Tri-Reservado Campeão Nacional da Raça. Guido Pacheco, não desanimou. 1974, Nacional em Recife, longa e cansativa viagem. E lá foi GARBOSO atrás do seu sonho. E para piorar o favorito era um jovem cavalo, também meu filho, LAMENTO DE PASSA TEMPO, de Cornélio Brenand, criatório Baixa Grande (depois mudaria para Serra Azul). Mas de novo o favorito perdeu, e GARBOSO ganhou! GARBOSO e Guido Pacheco, verdadeira história de perseverança. O motivo da derrota do LAMENTO contarei quando chegar na safra da letra L dos meus filhos. GARBOSO passou a ser um dos mais respeitados reprodutores nos anos 70. São seus filhos Campeões Nacionais: FREVO, FADA, FANTASIA, FAÍSCA, GRINGO, HORTENSIA, INFÂMIA, todos de Santarém, e ainda FREVO, GARBOSO, ESCRAVA,
todos do Porto Alegre. Quando em Passa Tempo GARBOSO gerou MEIA-DIREITA DE PASSA TEMPO (mãe do Campeão Nacional da Raça RECRUTA) e WALMAR GARBO, este criação de Waldemar Urbano, vizinho da família Andrade, que foi o primeiro a acreditar em GARBOSO, e por isso sua primeira geração nasceu no criatório Walmar. FREVO DE SANTAREM foi sem dúvida o mais destacado filho de GARBOSO, tendo sido Campeão Nacional da Raça Jovem e Sênior. Pai de inúmeras Campeãs Nacionais, entre elas XUXA DAS ARÁBIAS, Campeã Nacional da Raça e de Marcha, e pai também de LUIZA BRUNET DAS ARÁBIAS, mãe de ILUMINADO DE ALFENAS. Frevo transformou o criatório ARÁBIAS de Emir e Lycio Cadar em um dos melhores nos anos 80 e 90. Guido Pacheco em 1978 vendeu todo seu criatório, incluindo GARBOSO, aos irmãos Antônio e Álvaro Lopes da Costa, criatório Porto Alegre, também um dos melhores da raça nos anos 80 e 90. Na safra de 1968, letra H, nasceu como destaque, o potro HARÉM. Ele não tem sua história reconhecida como deveria e o farei aqui, neste momento, com quase 50 anos de atraso. Foi o primeiro macho Campolina pampa registrado na raça, pampa de baio. Como não reproduziu pampa ficou esquecido. Na verdade, o Campolina pampa era desmerecido na época. No Passa tempo havia a RARIDADE, mãe do HARÉM, e no outro grande criatório da época havia a GAS GUADALAJARA. Eram cruzadas para produzir não pampas. No Passa Tempo, havia uma bela criação de pampa, mas na raça Mangalarga Marchador. Quando o pai do Dudu resolveu fazer uma criação de Campolina pampa, seu primeiro cavalo, livro aberto, NETUNO DA LAGOA NEGRA, era um neto de TURISTA DE PASSA TEMPO, Mangalarga Marchador, e foi considerado o primeiro garanhão pampa da raça, pois deixou vasta descendência. Mas foi HARÉM o primeiro pampa nascido
e registrado na raça. Descende de HARÉM, a Bi Campeã Nacional da Raça SOBERANA DO CAMPARAL. Fica então, dado o devido crédito ao HARÉM. Na letra I, o destaque foi para IDEAL, que seria Campeão da Raça Estadual, e depois de uma temporada no sul de minas, região de Passos e São Sebastião do Paraíso, nos criatórios MD e GP, foi o primeiro reprodutor usado no estado do Paraná, criatório MP e Vale do Ivaí. Na safra de 1970, letra J, nasceu JACTO, filho meu com a RESSACA, minha irmã, e mãe do EXPOENTE. RESSACA veio de Passa Tempo para Capitão Enéas para um teste de consanguinidade a fim de tornar perene as virtudes dos grandes animais da Marca F. JACTO me sucedeu após minha morte e gerou um dos melhores Passa Tempo, já na fase derradeira do criatório: BANDOLEIRO. Ainda no ano de 70, nasceu um dos meus melhores filhos: APOLO DE DUAS BARRAS. Poucos filhos meus nasceram sem o sufixo Passas Tempo, mas o criador Amarino Caputo comprou CENA com um filho meu no ventre, e APOLO talvez seja o filho mais parecido comigo, assim vários criadores achavam. Vendido ao criador Mery Fernandes, de Campos/ RJ, Dudu conta que conheceu APOLO na própria residência do Dr. Mery. De tão apaixonado por APOLO, ele fez uma baia no quintal de sua casa e de dia o cavalo ficava no jardim à frente do casarão, numa avenida movimentada de Campos. Ele foi Reservado Campeão Nacional aa Raça na I Semana Nacional do Campolina, em 1981, e quase venceu o grande JÚPITER, seu sobrinho, de tão disputado que foi o campeonato. Descende de APOLO DE DUAS BARRAS, o Grande Marchador Nacional 2015, JACK DE LUANDA. A safra de 1971, letra L, foi uma das melhores que tive: LABAREDA, LANCEIRO, LAMENTO, LAMPEJO, LINDO E LAGO se destacaram. LABAREDA foi uma das melhores fêmeas Passa Tempo, tendo sido Campeã Na-
III Garboso de Passa Tempo cional da Raça em 1976, São Paulo. Mãe de ARTILHEIRO, um dos últimos reprodutores da Marca F. LANCEIRO me deu um dos netos que até hoje é muito aplaudido na raça: ESTÁDIO DO DESTERRO. Um dos maiores vencedores de campeonatos de marcha da raça (somente perdeu uma vez), tendo inúmeros descendentes campeões de marcha, entre eles a Bi Grande Marchadora Nacional ELBA DA JAD. LANCEIRO foi adquirido muito novo pelo Sr. Mário Figueiredo, de São Sebastião do Paraiso, sul de Minas, pai do Ricardo e Mário Figueiredo, da Três Barras. Depois foi vendido ao Guaracy Engel Vieira, que começava seu criatório em Alfenas. No criatório Tiguara, gerou o LOBUNO SHEIK DO TIGUARA, que Jamil Saliba vendeu para os EUA nos anos 80, sendo o primeiro Campolina exportado. Descende de LANCEIRO os Campeões Nacionais da Raça VOLPI DO CHIRIBIRIBINHA e VITÓRIA DA FRONTEIRA. A morte de LANCEIRO é um caso à parte, inclusive Dudu foi testemunha aos 12 anos, em 1976, durante a Semana Nacional
em São Paulo. Num ato irresponsável os organizadores colocaram todos os cavalos vindos de Minas Gerais, Campolina e Mangalarga Marchador, em baias improvisadas, armadas de última hora, com réguas, barras de ferro, arames, pregos expostos, verdadeiras gambiarras, diferentes das baias montadas que existem hoje, e como era em dezembro, caiu um dilúvio e virou um lamaçal quase inacessível. Nas quatrocentonas baias de alvenaria no aristocrático Parque da Água Branca, ficaram as raças estrangeiras, os Mangalargas “paulistas” e os cavalos do exército, que desta vez o general organizador resolveu levar à Semana Nacional, mesmo sendo avisado que não era mostra nem competição de hipismo. Acontece que vários cavalos colocados naquela favela (termo usado pelos criadores no evento), se machucaram. Foi pedida uma reunião de urgência pelos expositores mineiros aos organizadores. O General, comandante “em chefe” equino, não aceitou as críticas e de forma ríspida anunciou que nada mudaria, sendo Força Campolina | Outubro 2017 63
Artigo
III Xerife montado por Emir Cadar inclusive grosseiro com Sr. Bolivar, que era um exemplo de fineza, e já era um septuagenário à época. Foi neste momento que o pai do Dudu, José Eugênio Dutra Câmara, indignado, levantou-se e falou ao General: “Após 34 anos, vocês paulistas escolheram uma maneira torpe de se vingar da surra que nós mineiros demos em vocês na revolução de 32”. José Eugênio achava que só não foi preso pelo General por dois motivos: o primeiro, porque que era prefeito de Barbacena, e do partido do governo; e o segundo motivo, devido ao ocorrido no dia seguinte, LANCEIRO acidentou-se na sua baia improvisada com uma barra de ferro, e com um sangramento aos borbotões e urros uivantes de dor morreu ali mesmo entre sangue e lama. Dudu foi testemunha ocular desta morte dantesca de um filho meu e pode confirmar a vocês. Restou a um Coronel pedir desculpa, e 64 Força Campolina | Outubro 2017
ao menos os garanhões mudaram de baias. E o General não mais foi visto no parque. Ainda na safra de 1971, LAMENTO, foi um belo cavalo, que como eu disse quase venceu GARBOSO na Nacional e 1974 em Recife, e somente não ganhou porque estava começando a “inchar a cara”, doença resultante de erro de metabolismo ósseo. Saiu das pistas antes dos quatro anos, e fatalmente seria mais um filho meu Campeão Nacional da Raça. Fez a base F1 do criatório Baixa Grande/Serra azul, onde depois Jogo do Angelim faria com sucesso o F2 do criatório de Cornélio Brenand e Luiz Felipe Brenand. LAMPEJO, foi reprodutor no criatório Pinhão, de Geraldo Magela Resende, sendo usado também pelo criatório Pinheiro, de Ademar Aarão, ambos em Resende Costa. Descende de LAMPEJO, a Grande Marchadora 2016 LOTERIA DO MOMENTO. LINDO, como o
nome dizia era um belo alazão claro mascarado e calçado e excelente marchador. Um dos melhores filhos meus de marcha. Foi Bi Campeão Nacional de Marcha, Campos/75 e BH/77. Era do criador Armênio Cardoso, no sul fluminense, criatório D’Alter, deixou poucos filhos, mas entre seus descendentes teve um Campeão Nacional da Raça: ORGULHO DA SÃO LUIZ, também um belíssimo alazão. E por fim, LAGO, que foi também um ótimo marchador. Seria reserva da Fazenda, se não tivesse nascido MANDÃO. Assim, com 18 meses foi vendido ao pai do Dudu. Na Lagoa Negra, Roberto Cantelmo o levou para o Sans Souci onde gerou a premiada ESCRAVA DE SANS SOUCI. Foi então para o antigo criatório Vale, de Valério Resende, em São Pedro dos Ferros, MG, onde deixou por muitos anos extensa prole, sendo destaque TERNURA, PATRULHA E PATRONO DO VALE, este um excelente marchador, premiado em varias exposições, inclusive Nacional, que foi base do criatório Fronteira, dos irmãos Pedro Paulo e Henrique Beradinelli. PATRONO era sempre lembrado pelo pai do Dudu, como um dos grandes marchadores da raça. A safra de 1972, letra M, foi outra geração prodigiosa nas pistas. Foram destaques: MANDÃO, MANAUS, MESÁRIO E MIRANTE. MANDÃO foi Reservado Campeão Nacional Sênior em Campos/75 onde aos três anos recém completado quase venceu o favorito e badalado GAS MARUJO. Depois foi reservado novamente do MARUJO na nacional Macapê, e em 1982 na Nacional de Bauru, uma das últimas do Ministério do Exército, foi Campeão Nacional Sênior. MANDÃO era reserva da Marca F, sendo usado por duas estações de monta. Mas Guaracy Engel Vieira, após a trágica perda de LANCEIRO, se apaixonou por MANDÃO, e com sua simpatia e fineza tão peculiares conseguiu “tomar” da Campo Grande, um dos mais belos filhos que tive, com uma beleza estética que muito impressionou a todos na
época. Em Alfenas, criatório Tiguara, deixou vasta prole com destaque para FURACÃO, DISCOTECA, FESTA E GAROTA DO TIGUARA, todas três Campeãs Nacionais de Marcha. MESÁRIO E MANAUS foram adquiridos após a desmama, junto com LAGO, por José Eugênio Dutra Câmara, no ano de 1973. Foi um dia inesquecível para o menino Dudu, pois enquanto os adultos estavam vendo égua num curral, resolveu que seria aquele momento que conheceria o escondido EXPOENTE, que não era mais mostrado devido a uma laminite que deformou muito seus aprumos, e que dificultava seus movimentos. Curioso e ávido por conhecer meu sobrinho famoso, Dudu resolveu passar pela lateral da sede onde havia um largo pátio. Só que este intruso menino não sabia que tinha um mico amarrado numa enorme corrente que o atacou com boas dentadas na perna e na mão, e até hoje cicatrizes na mão esquerda o fazem lembrar do violento mico protetor de cavalo doente. Lembra também do carinho de D. Ilza, esposa do Sr. Bolivar e de Elizabeth, esposa do Márcio, em fazer um curativo e enfaixar aquela mão “micada” que sangrava aos borbotões. Numa visita posterior, anos depois já adolescente, eis que Sr. Bolivar, chamou Dudu num canto, pois tinha muita gente naquele dia, e falou: “Dudu, vou te mostrar hoje o que o mico não deixou”. E assim Dudu conheceu EXPOENTE. Ele, Sr. Bolivar e o Zico, peão antigo da fazenda. Meses depois de realizar este sonho do Dudu, Sr. Bolivar, se foi num terrível acidente automobilístico. Por isso Dudu se lembra de 1979, aos 15 anos de idade, na Câmara Municipal de Passa Tempo, como o ano que chorou emocionado ao lado do caixão daquele criador ícone, um verdadeiro mito na equinocultura, que tinha na generosidade e na amabilidade uma de suas inúmeras virtudes, e que marcou a infância e adolescência de um garoto, pela atenção e o carinho que o dedicava, e na memória do menino
de ontem, médico cinquentão pai de família de hoje, deixou um exemplo: que todos devem receber a mesma atenção independente da idade, cor, nível social, econômico ou cultural. Sr. Bolivar, um exemplo para várias gerações. MANAUS foi para o criatório Lagoa Negra em Barbacena, onde seria reprodutor, se aos 30 meses, José Geraldo Arêas, criatório JG, não tivesse feito uma oferta vultuosa por ele. Disse à época: “José Eugênio, estou lhe comprando um futuro Campeão Nacional da Raça”. E assim o fez. Na Nacional de 1977, MANAUS ganhou uma nacional histórica. Havia vários cavalos famosos na pista: GAS ZULU, GAS SUCESSO, GAS RADAR, ALVO CATAGUÁ, WALMAR GARBO, e numa decisão histórica, João Boiadeiro colocou todos estes e ainda outros menos cotados para fora da pista por estarem marchando abaixo do desejado. Ficou apenas MANAUS, CUBATÃO DO PAIOL E NILO DA LAGOA NEGRA, este antigo companheiro de piquete do MANAUS na Lagoa Negra. Na produção, seus melhores produtos foram UNÇÃO JG, que obteve vários campeonatos para o Haras Água Santa, do saudoso Getúlio Feres, e PROMESSA JG, de quem descende a Grande Marchadora 2014, QUIMOLEKA DE SÃO JUDAS. MANAUS, já ancião, foi para o haras Congo, em Divinópolis, e depois para o haras Riacho das Pedras, em Brasília. Um dos poucos Campolinas invictos. Na Nacional de 1981, em Salvador, inauguração do atual parque de exposição, MANAUS sagrou-se Campeão dos Campeões, e Dudu presenciou um expositor que perdeu para MANAUS, quebrar a grade da pista, que ainda não estava bem colocada, com um murro e um chute, e sem razão nenhuma. Coisas da paixão, criou poucos anos. MESÁRIO, dos três potros comprados por José Eugênio, era na opinião deste o melhor dos três. Vendido ao interior de São Paulo, quando nasceu algumas filhas (entre elas o primeiro animal nascido no cria-
tório BREJAÚBA, de Silvana e Sergio Braga, em 1980), José Eugênio tentou comprá-lo novamente mas não conseguiu. O dono estava apaixonado por ele e o utilizava somente para cavalgadas até Aparecida do Norte. E por fim na safra M, destacou-se também MIRANTE, comprado ainda novinho por Fernando Diniz, criatório Palmeira e depois vendido ao seu primo Osvaldo Diniz, o Vadinho, criatório Cabo Velho, MIRANTE foi Campeão Nacional de Marcha Macapê em 1978. Suas principais produções foram VAIDOSA e PURPURINA DA PALMEIRA e DONA FLOR DO CABO VELHO. Descendem de MIRANTE: NERUDA DO CHIRIBIRIBINA, ASTRAL DO GDF E SEIKO DE ATIBAINHA. A safra da letra N, foi prejudicada por uma terrível infecção entre os potros, e não teve muito destaque entre meus filhos. Mas a safra da letra O, de 1974, produziu entre outros OPINIÃO, ONDA, OCIDENTE e OMEGA. A Supercampeã OPINIÃO venceu sete Exposições Nacionais incluindo campeonato de marcha, progênie e o título máximo de Campeã Nacional da Raça em Salvador/81, a mais premiada filha que tive. Foi vendida para o criador Marcos Roberto Cavalcanti, criatório Solar, de Pernambuco. ONDA foi Reservada Campeã Nacional Macapê em 1981, e uma grande matriz, sendo mãe de VEREDA, filha do EXPOENTE, que foi recordista de preço em leilão na década de 80. OCIDENTE, um belo lobuno, foi Reservado Campeão Nacional da Raça em 1980, na nacional de Uberaba, e teve vasta prole no criatório Porteirinha, de Arnaldo Bezerra. Reproduziu também nos criatórios Norte América e Jaíba. Antes de ser vendido, OCIDENTE deixou para o criatório Passa Tempo, a lobuna TESTEMUNHA, que seria Campeã Nacional de Marcha, com Marcos Roberto Cavalcanti. TESTEMUNHA viria depois para o criatório Passo Picado, de Arthur Lavigne, em Barbacena, e seria a égua da sela do seu então genro, o cantor Caetano Veloso. OMEGA, sem Força Campolina | Outubro 2017 65
Artigo acento no O, comprado novinho por João Batista Costa Sad, o Zizo, criatório São Vicente, em Barbacena, foi pai da Campeã Nacional Macapê LUANA DE SÃO VICENTE, égua que venceu várias exposições no estado do RJ, tendo sido de Aloísio Viana, criatório Macuna, e Jayme Figueiredo, criatório Rancho 70. OMEGA se destacou também nas provas funcionais, montado por Chaquib Costa Sad. Passou seu último ano de vida no criatório Solar, de Marcos Roberto Cavalcanti. A safra da letra P, de 1975, produziu na cabeceira PORTENTO E PAVILHÃO. Sendo duas vezes Campeão Nacional Júnior, em 1978, nacional Salvador e também na nacional Macapê, PORTENTO, foi outro filho meu que se destacou em provas funcionais. Posteriormente foi reprodutor em São Paulo, no criatório Auxiliar, de Eduardo Scvitaro. PAVILHÃO, usado no criatório MARAVILHA, de Luiz Eduardo Brandão Cortes, viu crescer ao seu lado, um bisneto meu, DESACATO DA MARAVILHA, que usou algumas filhas do PAVILHÃO com êxito na sua bem-sucedida carreira como um dos mais vitoriosos reprodutores da raça. Em 1976, letra Q, QUARTA E QUARTEIRÃO se destacaram. A pelagem da QUARTA era diferente, tordilha cardã, teve uma fase que ficou bragada, variação muita rara na raça, e chamava atenção por isso. Foi Reservada Campeã Nacional Macapê/ 81 e Campeã Nacional Sênior da II Semana Nacional do Cavalo Campolina em 1982. QUARTEIRÃO foi Campeão Nacional Potro em Goiânia/79 e foi comprado para cruzar as filhas do GAS PRELUDIO, no criatório Cabocla, de Agenor Sampaio, na Bahia. Safra seguinte, letra R, não teve destaque na produção, mas na safra de 1978, nasceu SARIBANDA, uma das minhas melhores filhas, que foi a Campeã Nacional Sênior, aos 12 anos, na Semana Nacional Campolina, em 1990, exposição que esteve Dudu com árbitro. Foi uma das poucas exposições que SARIBANDA participou. 66 Força Campolina | Outubro 2017
A letra T foi pródiga: foi a safra de TESOURO, TUMULTO, TIMBRE, TRATADO, TRIUNFO e a espetacular TÂMARA, esta foi seis vezes Campeã Nacional, faltando o título máximo. No ano que poderia ter sido a grande da raça, TÂMARA foi montada pelo Márcio, um grande cavaleiro, um dos melhores que a raça já teve. Mas acossada pela cilha mal colocada, TÂMARA começou a dar rabichada, pulou e jogou o Barão Márcio de Andrade ao chão, contundindo seu braço e ombro. Dudu, então estudante de medicina nos anos 80, foi o primeiro “socorrista” a correr na pista. Mas isto não apagou em nada toda a qualidade de TÂMARA, pois não foi culpa dela e nem do Márcio, coisas que acontecem no dia a dia do cavalo. TESOURO, Campeão Júnior e Cavalo Jovem Nacional Campolina 82 e 83 respectivamente, era meu filho-bisneto. Sua mãe era minha neta HÉLICE, TESOURO era, portanto, irmão do grande ORGULHO, falecido muito jovem, a quem Márcio considerava o melhor cavalo nascido na Marca F. Por isto chama-se TESOURO. Tinha uma pinta branca na virilha, mas era baio como ORGULHO, e teve o mesmo destino: também aos cinco anos faleceu. Uma grande perda para o criatório Passa Tempo e para a raça. TESOURO foi meu melhor filho consanguíneo. Tinha muita beleza racial e era um ótimo marchador. TUMULTO deixou excelentes animais de marcha no criatório Jacaré, do cordial Tony Bessa, de Montes Claros, que mantém até hoje descendentes deste grande marchador. TIMBRE, um belo amarilho, iniciou com qualidade o criatório Santa Anna, em Passos, de Ivan Casali. Com a base deixada por TIMBRE, Ivan se transformou num criador de sucesso, sendo hoje um dos mais antigos da raça. Suas filhas ESMERALDA E FÁBULA DE SANTA ANNA, ainda potras nos anos 80 foram muito elogiadas quando apareceram nas pistas, sendo o cartão de visita de Ivan Casali nas exposições. TRATADO, foi comprado
ainda potro pela Sra. Yolanda Cypriano, de Congonhas, criatório Capela, e depois transferiu se para o criatório Mata Grande, de Sílvio Dutra. TRATADO é pai de CAPRICHO DA CAPELA, por sua vez pai de CAPRICHOSO DO LANCASTER, um dos grandes marchadores da raça no atual século. TRIUNFO foi vendido ao Governo do Estado de Pernambuco que mantinha uma criação (criatório Cachoeira de Pernambuco) a fim de fomentar a melhora dos animais de sela do estado. TRIUNFO foi um dos meus melhores filhos com marcha picada, sendo descendente dele CURIÓ DO SERTÃO, Grande Marchador Nacional de Marcha Picada. Já com 20 anos, continuei firme na reprodução. Destaque para UNITA, Campeã Nacional Junior/83, recordista de preço em leilão, vendida a Marcos Roberto, de Recife, que foi o criador que mais comprou filhas minhas. Descende de UNITA, o Grande Marchador Nacional LUXOR DA MIMA. Nascido em 1981, VENDAVAL foi o último filho meu reservado para ficar na produção, tendo produzido DESTAQUE, este um dos derradeiros garanhões da Marca F. VELOCIDADE, uma das minhas últimas filhas, foi Reservada Campeã Nacional Progênie de Mãe com suas filhas GIGI E HÉGIRA DO SOLAR em 1989. Já a minha última safra, nascida depois da minha morte, se destacaram XAMATA, Campeã Nacional Mirim, Nacional Campolina de 1984, de Aníbal Freitas, criatório Santo Cristo, de Pernambuco, outro criatório que teve também muitas éguas Passa Tempo. E a linda XAPETUBA , égua muito forte de morfologia e marcha, vendida por alto preço em leilão. Em 1981, o presidente Emir Cadar, resolveu fazer uma Exposição Nacional exclusiva da raça Campolina. Surgiu assim a I Semana Nacional do Cavalo Campolina, este ano acontecerá 37º Nacional. Apenas nos anos de 1983 e 2015 não foram em Belo Horizonte, acontecendo em Governa-
dor Valadares (devido a questão sanitária) e Barbacena (por questão pecuniária) respectivamente. Emir Cadar para dar uma magnitude ainda maior à Semana Nacional fez também a IV Convenção Nacional da Raça, e entre seus eventos convidou os 20 maiores cavalos da raça naquele momento. E o maior destaque foi a minha presença no Parque da Gameleira, já nominado Parque Bolivar de Andrade, numa justa homenagem póstuma feita ao meu criador. Minha última grande viagem foi para Salvador, em 1968 para a exposição Nacional já mencionada aqui. Tinha nove anos à época. Já nesta Convenção viajei aos 22 anos, e cheguei em grande forma. Minhas últimas fotos foram com o presidente Emir Cadar montado em mim. E desfilamos com minha marcha clássica, na pista da Gameleira sob aplausos que não cessavam, como um verdadeiro XERIFE, adentrando numa cidade do velho oeste após a prisão de um Jesse James qualquer. Esta Exposição Nacional bateu recorde de presença à época, 380 animais e pasmem: 250 eram filhos, netos ou bisnetos meus. Uma glória para um velho cavalo. De BH fui descansar em Passa Tempo. Após 17 anos voltei ao meu berço. Revi meu sobrinho EXPOENTE, doente com sua laminite, mas cruzando ainda e fazendo sucesso com minhas filhas. E eu com as dele lá no meu esconderijo. Chegando em Passa tempo tive uma cólica e quase morri, fui salvo pelo Dr. João Biondini, o mestre dos veterinários. Com a viagem natural-
mente minha rotina mudou. Sempre fui sensível a mudança de alimentação. Em Capitão Enéas, as vezes não chegava ração balanceada, e tinha de comer rolão de milho e capim picado somente. Mas recuperava rápido e raramente perdia peso. Voltei para Capitão Enéas, e cobri normalmente na minha última estação de monta, e no período da entressafra, na Fazenda em Montes Claros, tive um infarto e parti para os prados celestiais, aos 22 anos. Tive ao todo 220 filhos, 26 filhos Campeões Nacionais, com 56 títulos nacionais (convencional, marcha e progênie). Quatro filhos conseguiram o titulo máximo da raça: GARBOSO, LABAREDA, MANAUS E OPINIAO, todos Campeões Nacionais Da Raça Sênior. Estive daqui de cima observando os campeões e as campeãs nacionais da raça desta década (2010), marcha batida: DIMITRI DE LUANDA, NEX DE SÃO JUDAS, VOLPI DO CHIRIBIRIBINHA, SEIKO DE ATIBAINHA, UG GRADE MANDALA, DESTROYER DE SANTO ANTONIO, VALENTE DO PORTO RICO, RAIZ DO ORATÓRIO, VITÓRIA DA FRONTEIRA, SOBERANA DO CAMPARAL (2 VEZES), CONFIANÇA LUA, UDACHI DO RN E KRHISNA DA HIBIPEBA, e ainda os Grandes Marchadores, marcha batida, da mesma década (2010): HONORATO DE SÃO JUDAS, ASTRAL DO GDF (2 VEZES), SEIKO DE ATIBAINHA (2 VEZES), JACK DE LUANDA, LUXOR DA MIMA, OVELHA DA GLÓRIA, DÉCADA DE LUANDA, ELBA DA JAD (2 VEZES), QUIMO-
LEKA DE SÃO JUDAS, KRHISNA DA HIBIPEBA E LOTERIA DO MOMENTO. Todos eles, meus descendentes. Todos! Sem exceção. Mesmo após 58 anos que nasci e 35 anos após minha morte. Isto mostra meu grande legado à raça Campolina, né mesmo? Por aqui, na coudelaria da eternidade, encontro velhos companheiros da raça e velhos admiradores criadores. Minha diferença com EXPOENTE já foi resolvida, pois chegamos a conclusão que sem o outro não faríamos pela raça o que fizemos. Márcio de Andrade desfila nos prados celestiais montado em mim e todos admiram ao grande cavaleiro que é, e o exímio marchador que sou para orgulho do Sr. Bolivar. Espero que ao relatar minha autobiografia ao Dudu, e pedir a ele que passem para vocês, eu tenha resgatado minha bela passagem pela raça Campolina, e quando olhamos ao retrovisor para os bons exemplos, damos clareza ao presente e vislumbramos o futuro desta raça, que tanto amamos. E aquilo que fui aí, continuo sendo aqui, o dono da lei, o dono do padrão: O XERIFE ! Simples assim. E de Passa Tempo. José Eugênio Dutra Câmara Filho (Dudu) Criatório Lagoa Negra Membro da Academia Brasileira do Cavalo Campolina Presidente do Conselho Consultivo da ABCCCampolina Ex-árbitro oficial da raça Campolina (Barbacena, outubro/2017)
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Cultura
Livro de Cabeceira
A
Força Campolina separou alguns lançamentos de livros para que você possa diversificar suas leituras e saber um pouco das novidades do mercado literário.
Deixa eu te explicar uma coisa. Desistir nunca, voltar jamais. Nesta publicação Rene Zahr, conta sua experiência de viagens pelo mundo. São 30 anos na estrada e mais de 58 países visitados desde o dia em que Rene, aos 21 anos de idade resolveu largar a faculdade, terminar um namoro e pedir demissão do trabalho em busca do novo. Ao sair do Brasil para se aventurar mundo afora, apenas com uma passagem de ida para Madri e 800 dólares no bolso, Rene trabalhou entregando panfletos na rua, lavando pratos, descascando cebola, além de outros tipos de subemprego. Muitas aventuras se seguiram desde então. Depois da Europa Rene seguiu para os EUA, Índia, Japão, Tailândia, Taiwan, Malásia, Singapura, Indonésia, Austrália e não parou mais. Todas estas histórias, incluindo safáris no Quênia e na Tanzânia sem guia, foram imortalizados no livro “Deixa eu te explicar uma coisa. Desistir nunca, voltar jamais. “Espero que este livro mostre a eles e outras pessoas como é importante correr atrás dos seus sonhos”, conta Rene. Texto final: Sandra Melo Preço médio: R$ 75,00, Onde comprar: em todas as livrarias e no blog do autor: www.tripzahr.com.br
70 Força Campolina | Outubro 2017
Além das Explosões Adriana Maluendas é brasileira e sobrevivente dos ataques terroristas de 11 de setembro em Nova York. Após anos de reabilitação e doloroso processo de vencer os traumas daquela tragédia, ela escreveu o livro Além das Explosões onde relata a história de sobrevivência e superação com o acontecimento que transformou o mundo e sua vida pessoal. “Escrevi este livro na esperança que os leitores vejam que coisas horríveis acontecem sim, e é o tempo todo e na vida real. Mas, enquanto houver um suspiro, haverá esperança para um futuro melhor. Minha intenção é que minha história ajude outros que sofrem com suas próprias tragédias e perdas” disse Adriana. Preço médio: R$ 39.90. Onde comprar: Amazon e Saraiva com Desbravando as Américas
Mochileiro de coração e turismólogo por formação o carioca Wallace Soares toca desde 2014 o projeto “Desbravando as Américas” que tem por objetivo final, chegar de ônibus, ao Alasca e retornar ao Rio de Janeiro visitando as cidades da costa do Oceano Atlântico. Wallace já realizou três etapas do projeto (2015, 2016 e 2017) períodos em que passou por 43 cidades e 5 países. “A missão do projeto é essencialmente mostrar aos brasileiros que com o planejamento correto é possível realizar grandes viagens de forma econômica conhecendo assim a rica diversidade cultural, gastronômica e natural presentes no continente Americano” disse Wallace. Em janeiro de 2017 a primeira etapa do projeto virou livro, o Desbravando as Américas Etapa 1 - As Aventuras de um mochileiro do Rio à Montevideo e a segunda etapa já está sendo preparada para ser lançada em 2018. Serviço O livro encontra-se a venda no Hotel Everest, e na livraria da Travessa, ambos no Rio de Janeiro. A publicação também pode ser encontrada online através da página do projeto no Facebook facebook.com/desbravandoasamericas ou no blog www.desbravandoasamericas. blogspot.com.br
Infantojuvenis De que jeito sou eu? Cada um tem um jeito próprio de ser, não há dúvidas, e as crianças percebem isso logo cedo. Esse livro aborda as descobertas de um simpático coelho sobre o formato de seu corpo, seu pelo e várias de suas características físicas e emocionais. No fim, semelhanças e diferenças são apenas uma questão de ponto de vista. Com ilustrações marcantes e divertidas, o livro ajuda o leitor a compreender melhor as diferenças e semelhanças com relação aos outros e ao mundo, além de trabalhar alguns antônimos da língua portuguesa. A publicação faz parte da coleção Janela Janelinha assinada pela a autora e ilustradora Bia Vilella, que conta também com mais dois títulos: Como é seu dia, pelicano? E Só tem círculos? Texto e ilustrações: Bia Villela Preços sugeridos: R$ 36,30 (cada) Comercialização por meio da loja: www.editoradobrasil.com.br/lojavirtual/ ou nas lojas físicas, em São Paulo (Rua Conselheiro Nébias, 887 – Campos Elíseos, São Paulo - SP), Rio de Janeiro (Rio de janeiro é Rua do Bispo, 150, Rio Comprido-RJ) e Natal (Rua dos Caicós, 1533 – Alecrim, Natal- RN).
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FOCO NA MARCHA FOCO MARCHA 01
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Cinderala do Lm
Uda de Atibainha
01 Astral do G.D.F X Ida de São Judas
02 Astral do G.D.F X Pop Lívia
Grande da raça na Exposição Portal 2017
03
Grande marchadeira em várias exposições
Marcha Picada
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Real do Bandarra
03 Santa Maria Homero X Greta do Cambará
04
Esmeralda do Lm Moleque de São Judas X Duka do Haras Ventania
Garanhão grande merchador de várias exposições
O Rancho Lm foca sempre na evolução e funcionalidade da raça Campolina. Buscando as tendências de um cavalo mais competitivo na marcha, cuidando sempre da evolução morfológica.
Rogério Marques 75 98102-4728
05
05
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Malibú do Lm
05 Santa Maria Homero
X Greta do Cambará
Celebridade do Lm
06 Dimitri de Luanda
X Raissa de São João
06
Malibú do Lm
05 Santa Maria Homero
X Greta do Cambará
Celebridade do Lm
06 Dimitri de Luanda
X Raissa de São João
Rogério Marques 75 98102-4728
07
08
Zelfa do Pinual
07 Júpiter do HR
X Quenga do Pinual
JPR Zagaia
08 Honorato de São Judas
X Gás Daphine
Rogério Marques 75 98102-4728
Forรงa Campolina | Outubro 2017 75
Entrevista
LUIZ FELIPE OLIVEIRA A renovação do Campolina
L
uiz Felipe é um dos criadores mais engajados e apaixonados pela raça de sua geração. Com muita honra o trazemos como entrevistado nesta edição tão especial para toda a Raça.
Por que a raça Campolina? Nasci nesse meio, meu pai (Rogério Oliveira, do Haras Top) começou a criação por achar os animais fortes, grandes e com uma beleza inigualável, além de possuírem qualidade de sela. Por essas características a escolha da raça Campolina. Como você avalia o atual estágio da Raça? Estamos em ascensão, em busca de animais cada vez mais funcionais e equilibrados. Porém precisamos tomar cuidado para não perdermos a beleza e caracterização. Acredito que este é o caminho certo. No haras Top prezamos por tudo isso, assim sendo, utilizamos reprodutores e matrizes que venham de encontro ao cavalo de sela moderno, que sejam bonitos e tenham o andamento desejado, seja na marcha batida ou picada. Perceba que utilizamos nos últimos anos os reprodutores: É Top, Quincas de São João, Nairobe Mandala, Moleque de São Judas, Apolo da Mata Grande, Midori da Hibipeba, Induto de São Judas e Best Seller do Haras Ventania, todos qualificando nosso desejo de produzir o melhor. Não temos barreiras como criadores, vamos buscar o que acreditamos: ser melhor para evolução de nossa tropa. Veja que o plantel do haras Top é todo jovem, as fêmeas mais velhas não têm dez anos (Osteria, Quebala, Objetiva, Pistola, Rara, dentre outras). São animais muito novos mas algumas já nos dão muita alegria com sua produção.
76 Força Campolina | Outubro 2017
III Luiz Felipe & Pistola Top uma das doadoras do Haras Top
Estamos em ascensão, em busca de animais cada vez mais funcionais e equilibrados. Porém precisamos tomar cuidado para não perdermos a beleza e caracterização Conte-nos um pouco sobre o trabalho do haras TOP. O Top sempre foi um dos grandes criatórios, sempre disputando nas cabeças. Contamos com animais como: É Top, Hierarquia Top, Cor Top, T.T.R.D de Santa Rita, S.S.P.A de Santa Rita e Galáxia dos Gaúchos que foram referência em suas épocas. Meu pai (Rogério Oliveira) sempre investiu muito na raça e com isso conseguiu o reconhecimento do seu plantel. Hoje em dia realizamos um trabalho com a tropa reduzida, buscando sempre os melhores animais e genéticas. Procuramos trabalhar com a mínima parcela de erros, apertando realmente a seleção. Para nós a nota tem que ser realmente alta, tanto que quando vamos vender algum exemplar é difícil escolher qual deles irá para a comercialização porque geralmente os nossos cavalos estão em padrão de equilíbrio correto, claro sempre detalhes são necessários, mas o que queremos é que quem compre o nosso animal tenha a certeza de que está adquirindo uma seleção de qualidade.
dar continuidade ao trabalho (por sua beleza, andamento, genética). Hoje estamos praticamente só com prenhez o que diminui um pouco o número de acertos nos nascimentos, mas buscamos sempre fazer os cruzamentos de forma bastante estudada, visando as qualidades de cada animal, com o intuito de obter o sucesso. Na próxima safra daremos mais força às transferências de embriões para potencializar nosso plantel, principalmente em relação às fêmeas. Qual a principal alegria em criar cavalos Campolina? A principal é difícil falar, mas posso citar duas grandes: as amizades que construímos e a expectativa dos nascimentos. Faça um convite aos jovens, filhos de criadores para que participem da Raça. Meu convite é para que eles deem continuidade ao trabalho que seus pais iniciaram. Acredito que se começaram foi por um bom motivo e assim temos que buscar a melhor maneira para manter o Campolina nessa constante evolução.
III Luiz durante interação com um dos Campolinas TOP
III Haras TOP, sempre no podium
Fotos: Marco Livrão
É sabido que o haras Top é um criatório enxuto, mas que sempre se destaca em exposições. Quais as metas e os segredos? Há alguns anos tínhamos cerca de 120 animais e percebemos que o mais importante não era o tamanho, mas sim a qualidade da tropa. Com isso reduzimos bem o número, para cerca de 40 cavalos. Ficamos apenas com os cavalos que achamos primordiais para Força Campolina | Outubro 2017 77
Gastronomia
T
Um Brinde aos Aromas, Texturas e Sabores
intos, brancos, rosé, frisantes, espumantes, não importa qual o tipo, a casta ou a nacionalidade o fato é que os vinhos estão cada dia mais presentes na vida no brasileiro e vieram para ficar. Há pouco mais de 15 anos experimentar um bom vinho no Brasil era tarefa árdua, poucos eram os rótulos que chegavam às praças e nossas vinícolas não eram reconhecidas pela qualidade de seus produtos. De acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), apesar do momento econômico de retratação em diversos segmentos, os vinhos, sucos, espumantes e outros produtos derivados da uva registraram um crescimento de 4,6% no primeiro semestre deste ano e a importação das bebidas chegou a somar US$259,4 milhões. “Acredito que, por muitos anos, houve uma excessiva glamourização, o que afastava o consumidor iniciante do mundo do vinho. Hoje, porém,
o cenário vem mudando, e o vinho tem ganhado espaço nos mais diversos pontos de vendas, sendo apresentado ao consumidor de maneira mais simples e descomplicada”, considera o empresário Erni Luis da Silveira, diretor da rede Vinho & Ponto. A disponibilidade dos produtos em meio a gôndolas de supermercados e delicatessens facilitaram a aproximação com a bebida. “Antigamente viajávamos para a Europa e países da América Latina e conhecíamos vinhos maravilhosos, quando voltávamos ao Brasil era praticamente impossível encontrar os mesmos rótulos e quando os achávamos os valores eram extremamente altos, por isso os brasileiros ficaram com fama de trazerem muitas garrafas de suas viagens. A alfândega já se preparava para as multas quando pousavam aviões vindo de áreas produtoras de vinhos. Hoje as coisas estão bem mais fáceis, encontramos nossos rótulos conhecemos novos e ainda
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Gastronomia estamos aprendendo a harmonizá-los com a alimentação. Estes novos ares fizeram bem para a economia, para as vinícolas e para o consumidor brasileiro” explicou Hélvio Costa, engenheiro aposentado. Álvaro Cézar Galvão enófilo conhecido como o engenheiro que virou vinho, criador dos blogs Chefs do Apetite e do Divino Vinho, nos contou um pouco sobre as preferências dos brasileiros. “Algumas uvas mais apreciadas são também as mais conhecidas, como a Carmenère, a Merlot, a Cab. Sauvignon, entre as tintas e a Chardonnay nas brancas e gostam muito dos terroirs que aqui chegam com bons preços como os chilenos, uruguaios e portugueses. O consumo de vinho no Brasil está melhorando, mas ainda é muito aquém do que pode chegar” conta. Quando perguntado sobre taças ele nos lembra que que estas são objetos que unem engenharia e design, de forma simples, “o tamanho do copo e a abertura deste, servem para “jogar” o líquido na região das papilas que se quer
atingir. Vinhos, doces, ácidos, e mais complexos, devem ser apreciados de maneiras diferentes, daí as diferenças de tamanhos e formatos” explicou. Galvão também esclareceu a respeito dos rótulos brasileiros. “São produtos de muito boa qualidade em sua maioria. Há os ótimos e os medianos como em qualquer país produtor. Já em relação aos espumantes estes sim, são muito bons na questão de qualidade”. Ao ser indagado sobre rótulos vindos dos extremos do país Galvão contou: “no sul está a quase totalidade da produção, portanto, é de se esperar que uma quantidade maior de bons vinhos seja dessa região. No entanto, isso não tem a ver com a localização, pois hoje temos tecnologia para saber quais as melhores cepas para os terroires distintos”, explicou.
Harmonizar é preciso
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Segundo Gustavo Leroy, chef de cozinha, regrinhas de harmonização podem ser úteis na hora de se escolher o prato mais adequado para fazer companhia a sua bebida. “ Pinot Noir faz uma ótima dupla com para pratos com sabores terrosos, Chardonnay combina perfeitamente com peixes ricos em gorduras e com molhos marcantes, Cabernet Sauvignon fica incrível com carnes vermelhas suculentas, Sauvignon Blanc combina com pratos frescos e molhos mais “azedos”, Rosé para pratos onde o queijo é predominante, Pinot Grigio para os pratos leves de peixe, Malbec não vai roubar
a cena em comidas com molhos temperados e agridoces, Syrah para pratos apimentados, Merlot com molhos escuros, vinhos do velho mundo são bons com pratos clássicos. Você pode apostar nos espumantes rosés para pratos principais incomuns, como um risotto de beterraba, além das tradicionais entradas, Espumante Moscatel com salada de frutas e sobremesas, Pratos clássicos franceses vão bem com vinhos da Serra Catarinense e Espumantes são perfeitos para qualquer comida salgada. E por falar em espumantes ultimamente podemos contar com uma produção brasileira bem interessante” disse o chef.
Produção Brasileira O consumidor brasileiro tem a sua disposição algo em torno de 40 mil rótulos de 32 países diferentes. Isso demonstra o grande interesse que o Brasil vem despertando em outras nações produtores e acima de tudo o grande potencial do mercado brasileiro. É fundamental para competir neste mercado ter um produto que além de preço competitivo tenha um excelente padrão de qualidade. Os vinhos brasileiros foram por muitos anos considerados produtos de qualidade duvidosa (com raras exceções). Esta é uma realidade que ficou para trás, pois ele vêm a cada ano comprovando sua qualidade e conquistando o mercado. Apesar de 90% da produção nacional de vinhos finos e espumantes ainda estar concentrada no Rio
Grande do Sul, novas vinícolas estão surgindo em outros Estado do Sul e nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Entre essas novas regiões produtoras, a que está em atividade há mais tempo e ganha cada vez mais destaque, principalmente pela produção de espumantes, é o Vale do São Francisco. “ A Rio Sol escolheu, há 15 anos, a região do Vale do São Francisco principalmente pelo fator climático e pela possibilidade de se produzir algo diferente do que já era feito na Europa. No Sul do país as características eram semelhantes às de Portugal, com as estações definidas. Já no Nordeste, a alta incidência de sol quase o ano inteiro, aliada a pouca chuva e a disponibilidade de utilizar as águas do Rio São Francisco para irrigação, gerou um cenário desafiador e, ao mesmo tempo, promissor” explicou André Arruda, diretor presidente da vinícola Rio Sol. Perguntado sobre o carro chefe da vinícola, André nos contou um pouco sobre os famosos espumantes do Vale do São Francisco. “Os espumantes são, hoje, os produtos de maior volume na vinícola. Os consumidores já perceberam o valor e a qualidade do nosso produto e, por isso, ele é facilmente encontrado em todo o Brasil. Mas os nossos vinhos vêm, cada vez mais, ganhando adeptos em todas as regiões do país. Por questões estratégicas, interrompemos as exportações há alguns anos e voltamos todos os nossos melhores esforços para o mercado interno. Atualmente estamos retomando este processo de exportação, com foco na Europa, China e Estados Unidos” contou o diretor presidente.
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Infelizmente ainda existe preconceito com os produtos brasileiros, mas estes se dissipam quando os mesmos têm oportunidade de serem provados. “Existe sim preconceito com o vinho brasileiro de um modo geral. Há algum tempo a produção nacional não tinha a qualidade que tem hoje e isso gerou uma questão cultural, ou seja, as pessoas acreditam que o vinho brasileiro é inferior, quando na verdade hoje temos vinhos de muita qualidade. Nós produzimos vinhos jovens e quando as pessoas provam esse preconceito se dissipa. Uma prova disto é que no Concurso Mundial de Bruxelas – edição Brasil 2017, um dos mais importantes eventos de vinho do mundo, a Rio Sol foi a vinícola que conquistou o maior número de medalhas entre as 40 vinícolas inscritas de todas as regiões do país” contou Arruda.
Bom negócio Seguindo o caminho de casas especializadas em outras bebidas como cervejas, cachaças e whisky´s os “Wine Bar” estão conquistando cada dia mais adeptos. “Fomos o primei-
ro wine bar do Brasil, há quase cinco anos, queríamos trazer a experiência de ter um bar totalmente dedicado ao vinho para aqueles que são apreciadores fiéis da bebida e da boa gastronomia. O chamariz são os vinhos servidos em doses. No Bardega temos mais de 110 rótulos disponíveis para serem degustados em doses de 30, 60 e 120 ml, assim, o wine bar é atrativo para quem gosta de vinho e quer experimentar bebidas de diferentes nacionalidades, mesclando a harmonização do nosso cardápio, que também é prioridade. Ainda recebemos muitas pessoas que não são experts em vinhos, mas ficam curiosas para conhecer o espaço que é totalmente voltado à bebida, assim, acabam se tornando clientes assíduos também. Posso afirmar que é um mercado promissor, pois há pessoas que não abrem mão de beber vinhos de qualidade, garimpados através de muita pesquisa e contato direto com produtores e importadores. Outro diferencial da nossa casa é contar com vinhos em doses, vários rótulos, ambiente aconchegante, bom atendimento, além de
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Gastronomia uma ótima gastronomia. Isso tudo é a chave do sucesso do Bardega. Sempre mesclamos os rótulos da nossa carta, a rotatividade é com base no que é mais consumido e com as tendências do mercado. Prezamos pelo tradicional, mas não deixamos de lado o novo e as novidades. Como por exemplo, criamos drinks com vinhos e espumantes e assim, vamos mantendo a nossa carta sempre cheia de novidades, e fazemos degustações mensais guiadas com cada tipo de uva, para que o cliente se aprofunde no conhecimento das bebidas” contou Rafael Ilan, sócio do Bardega. A engenheira Cláudia Linhares é apaixonada pela bebida e gosta da ideia dos wine bares, pelo ambiente e também pela praticidade. “Algumas vezes saímos sozinhas ou com alguém que opta por degustar uma outra bebida e acaba sendo desconfortável pedir uma garrafa inteira em um restaurante tradicional. Nos wine você escolhe uma taça, experimenta, conhece novos rótulos e ainda não precisa ir embora carregando a tira colo uma garrafa” contou. Outros bons negócios trazidos pelos vinhos são o e-commerce e o clube de vinhos. “Notamos que o interesse do brasileiro pelo universo do vinho crescia cada vez mais. Assim, decidimos lançar o Clube Wine em 2010 para trazer todos os meses uma nova experiência para o consumidor e em dois anos nos tornamos o maior clube de assinatura de vinhos da América Latina. Percebemos através de nossos sistemas que, por exemplo, um assinante do Clube Wine One - nosso clube de entrada - depois de alguns meses passa a procurar e comprar em nosso site vinhos que não pertencem mais àquele nível e sim aos outros clubes como o Classic e o Advanced ou seja, o paladar dele amadureceu e ele precisa explorar outros rótulos” contou Ana Norato, gerente de marketing do portal Wine. Também conversamos com a Ana sobre as características dos com-
pradores on-line e os desafios do e-commerce, e ela nos contou um pouco sobre eles. “Como o maior e-commerce de vinhos do país, o nosso maior desafio está na logística, afinal nossa entrega é realizada em todo território nacional e o Brasil é um país com dimensões continentais. Justamente pela grandiosidade, cada região apresenta alguma peculiaridade, como estradas expressas ou de terra. Em se tratando em atendimento, para ajudar no processo de escolha do consumidor on- line em nosso site disponibilizamos dicas dos nossos sommeliers onde além de informações sobre a ficha técnica dos vinhos, nossos clientes têm acesso às dicas de harmonização do rótulo. Caso ele tenha mais dúvidas, também pode entrar em contato com os nossos canais de atendimento onde temos uma equipe capacitada pelos sommeliers da Wine que está preparada para ajudar com sugestões e dicas sobre os rótulos. Atualmente a uva mais requisitada no site é a Tempranillo. Quando falamos em espumantes a preferência está no Brut francês, elaborado com as uvas Chardonnay, Ugni Blanc e Colombard” disse a gerente de marketing. As imagens foram gentilmente cedidas pelas assessorias de imprensa da Rio Sol, Bardega e do enófilo César Galvão.
Serviço: Onde ir: Bardega Wine Bar www.bardega.com.br Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 218 Itaim Bibi - São Paulo, SP - 04544000 De Terça a Sábado das 18h30 à 1h Reservas: (11) 2691-7578 l (11) 2691-7579 Compras: www.wine.com.br Informações: www.divinoguia.com.br www.chefsdoapetite.com.br www.vinhosriosol.com.br
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