Tempo Livre Dezembro 2011

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N.º 232 Dezembro 2011 Mensal 2,00 €

TempoLivre www.inatel.pt

Desporto Inatel

1.º de Maio todos os dias Entrevista Irene Rodrigues Diáspora Hawai Memória Artur Agostinho Destacável 12 págs. Hotelaria Inatel 2012



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Sumário

Na capa Foto: José Frade

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CARTAS E COLUNA DO PROVEDOR

DESPORTO INATEL

Parque Desportivo 1.º de Maio Numa zona verde da cidade de Lisboa, no bairro de Alvalade, o Parque de Jogos 1º de Maio da Inatel é frequentado, diariamente, por cerca de mil pessoas, que ali desenvolvem actividades físicas e de lazer. Recentes melhorias e um novo pavilhão abrem janelas a mais desporto e novas ofertas.

14 EDITORIAL

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NOTÍCIAS

CONCURSO DE FOTOGRAFIA

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COMUNIDADES

Livraria Orfeu, em Bruxelas - Um pólo cultural lusitano

Hotelaria Inatel 2012 DESTACÁVEL DE 12 PÁGINAS

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Irene Rodrigues e O Segredo da China Com trabalho de campo realizado quer na China quer em Lisboa, a antropóloga Irene Rodrigues fala-nos do invulgar crescimento económico daquele país e da avidez dos chineses mais abastados pelos produtos de luxo, de marca europeia e norteamericana. E recomenda investimento na qualidade das nossas produções para a China como parte da superação da crise portuguesa.

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MEMÓRIA

DESPORTO

Artur Agostinho

Seniores: o golfe como terapia Os médicos recomendam actividade física regular a todas as pessoas, mas sobretudo aos que ultrapassaram já a barreira dos 50 anos. O número de praticantes cresce…

OLHO VIVO A CASA NA ÁRVORE O TEMPO E AS PALAVRAS Maria Alice Vila Fabião

30 DIÁSPORA

OS CONTOS DO ZAMBUJAL

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ENTREVISTA

CRÓNICA Álvaro Belo Marques

BOA VIDA CLUBE TEMPO LIVRE

Passatempos, Novos livros e Cartaz

Emigrantes alentejanos no Havai No início do século XX, as colheitas no concelho de Serpa foram ruinosas e o desemprego atingiu cifras elevadíssimas. Andavam nessa altura pelo concelho de Serpa uns engajadores de emigrantes para umas ilhas americanas que, diziam, eram um verdadeiro paraíso (…) Seduzidas por esta ilusão, cerca de mil pessoas disponibilizaram-se a embarcar para as ilhas Sandwich, actual arquipélago do Havai…

Revista Mensal e-mail: tl@inatel.pt | Propriedade da Fundação INATEL Presidente do Conselho de Administração: Vítor Ramalho Vice-Presidente: Carlos Mamede Vogais: Cristina Baptista, José Moreira Marques e Rogério Fernandes Sede da Fundação: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000 Nº Pessoa Colectiva: 500122237 Director: Vítor Ramalho Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: António Costa Santos, António Sérgio Azenha, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Gil Montalverne, Humberto Lopes, Joaquim Diabinho, Joaquim Magalhães de Castro, José Jorge Letria, José Luís Jorge, Lurdes Féria, Manuela Garcia, Maria Augusta Drago, Maria João Duarte, Maria Mesquita, Pedro Barrocas, Rodrigues Vaz, Sérgio Alves, Suzana Neves, Vítor Ribeiro. Cronistas: Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, Baptista Bastos, Fernando Dacosta, Joaquim Letria, Maria Alice Vila Fabião, Mário Zambujal. Redacção: Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA, Telef. 210027000 Publicidade: Direcção de Marketing (DMRI) Telef. 210027189; Impressão: Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA - Rua Consiglieri Pedroso, n.º 90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena, Tel. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade na D.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 148.693 exemplares



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Editorial

V í t o r Ra m a l h o

Acreditar

O

presente número desta revista é divulgado na época da quadra festiva de Natal e do Ano Novo, período que é de fraternidade, de crença no ser humano e de esperança no futuro. Num tempo histórico de perda de valores e princípios, e em que parece valer tudo, é útil ligarmo-nos ainda mais a este período. Por isso mesmo não poderíamos deixar de publicitar as festas de Natal e de Fim-de-Ano que a Inatel promove, quer para os seus trabalhadores quer para os seus beneficiários, incluindo a tradicional Gala do Turismo Sénior. Nesta edição da TL ressalta, ainda, o destacável sobre as unidades hoteleiras, com condições de acesso resultantes de um estudo de mercado que teve em conta a crescente valorização dos equipamentos, a qualidade dos serviços prestados e a natureza da nossa instituição, inserida na economia social. O propósito do reforço da qualidade dos serviços, que é uma preocupação permanente do profissionalismo de todos quantos prestam serviço na Inatel, está também patente na reportagem do Parque de Jogos 1.º de Maio. Os campos têm todos hoje relva sintética, incluindo o principal, parte dos balneários foram requalificados e há um novo equipamento multiusos entre muitas outras melhorias, sem esquecer as novas modalidades desportivas, individuais e colectivas que são praticadas com muita procura. Falar da Inatel é falar de Portugal e dos portugueses, também da nossa diáspora ou dos encontros seculares de cultura de que fomos e somos protagonistas. Daí a oportuna reportagem sobre a comunidade alentejana no Havai. Não é por acaso que a Inatel irá patrocinar junto da UNESCO em parceria com a Câmara Municipal de Serpa, a

defesa do canto alentejano como património imaterial da humanidade. Os encontros seculares da cultura reflectem-se, ainda, na oportuna entrevista com Irene Rodrigues, uma prestigiada antropóloga que nos fala da China, um poderoso país emergente, e da já vasta comunidade chinesa residente em Portugal, cuja mostra esteve patente com grande interesse no equipamento da Inatel na Mouraria.

O

prestígio internacional da Inatel está também presente neste número no seminário co-organizado com a comissão europeia sobre o Programa Calypso, que teve lugar no Casino Estoril, com a presença o Presidente do Instituto do Turismo, Luis Patrão, um representante da Comissão Europeia, Alain Valle, e responsáveis do turismo de dezoito países europeus. Como é sabido, os beneficiários são a razão de ser da Inatel e é para eles que devotamos as nossas energias numa lógica, também, aumentar de forma crescente as vantagens de ser beneficiário e não apenas pelos serviços que prestamos. Em 2012, haverá, neste domínio, grandes e agradáveis surpresas. É por isso que apelamos a que, todos os que puderem, procedam no futuro ao desconto das suas quotizações através de mecanismos do débito directo em conta. Para incentivar à opção por esta modalidade agora possível mercê das modernizações do sector administrativo, serão atribuídos prémios nos termos da informação que se encontra também no presente número. Não duvidamos que a resposta será muito encorajadora. Aproveito a oportunidade para desejar a todos os beneficiários e respectivas famílias, bem como aos trabalhadores da Inatel, votos de Boas Festas, com reiterada esperança no futuro.n

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Cartas A correspondência para estas secções deve ser enviada para a Redacção de “Tempo Livre”, Calçada de Sant’Ana, nº. 180, 1169-062 Lisboa, ou por e-mail: tl@inatel.pt

"Promoções"

Tertúlias CCD's/Inatel Caro Carlos Mendes, permita-me que o trate assim, como disponho de poucos caracteres vou directo ao assunto. Dias depois da sua presença recente na tertúlia organizada pela Inatel na Sociedade Musical de Caneças, formou-se um pequeno grupo coral que conta com muita vontade e poucos conhecimentos. Estreamos no passado dia 12 de Novembro. Dessa estreia, envio-lhe, para seu conhecimento, parte de um vídeo. Muito gostaríamos, no futuro, de contar com uma ou duas horas da sua presença para nos dar os ensinamentos básicos de que todos necessitamos. Obrigado. Paulo Alexandre Costa

Relativamente à carta (TL Novembro 2011) do associado Manuel Ribeiro Rebelo sobre uma promoção para a Foz do Arelho, o Director Regional - Área Hoteleira do Sul da Inatel, Adélio Duarte, enviou-nos uma nota onde assume a falha ocorrida nos serviços da Fundação e informa ter solicitado ao Provedor, Kalidás Barreto, que apresente as devidas desculpas ao associado, acrescentando que lhe seria processado o respectivo reembolso.

50 anos na INATEL Completaram, este mês, 50 anos de ligação à Fundação Inatel os associados: Mª Alice Ferreira, Jaime Zozimo e Joaquim Pinheiro (Lisboa); Mª Graça Santos (Oeiras).

Coluna do Provedor

Kalidás Barreto provedor@inatel.pt

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ESTAMOS ÀS PORTAS de um novo ano e, apesar dos ares carregados de tempestade, tenhamos a certeza que, após esta, vem a bonança e que não há inverno a que não suceda uma primavera. É por isso que a despeito de toda a brutalidade da guerra, da fome, da opressão, dos ditadores espalhados nos quatro cantos do mundo, penso que devemos acreditar que as guerras acabarão quando acabarem os que fabricam armas, que a fome terminará quando se impuser a justiça social e distributiva, que os ditadores, quaisquer que sejam, hão-de tombar perante a abertura dos povos a uma vida com direitos; enfim, quando sem

hipocrisia, se anularem as causas e não somente se procurarem suavizar os efeitos. Utopia? Talvez não! Há-de impor-se, globalizando princípios, valores, solidariedade; sem nações escravas, com homens livres! Não nos abatamos ante os noticiários da catástrofe, do mal, do terror e não os esquecendo, sejamos, apesar de tudo, gente com esperança! Porque afinal vale a pena construíla. É que a esperança não é ilusão; constrói-se connosco. Sem braços cruzados! É que sem justiça social não haverá paz social! Porque acima dos números está o ser humano que sofre! n



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Notícias

Alan Valle

Calypso incentiva turismo social na Europa Empenhada em desenvolver o turismo social a Comissão Europeia vai arrancar em 2013 com o programa Calypso que inclui viagens mais económicas para jovens, seniores e pessoas de mobilidade reduzida l Inspirado no êxito dos programas seniores desenvolvidos pela Fundação Inatel e na experiência de intercâmbio, desde 1997, com a congénere espanhola (Imserso/Segittur), a Comissão Europeia pretende arrancar em 2013 com a iniciativa Calypso que irá abraçar vários programas de turismo social transfronteiriço para cidadãos de fracos recursos - jovens adultos entre os 18 aos 30 anos, famílias carenciadas, pessoas de mobilidade reduzida e seniores a partir dos 65 anos. Objectivo: fomentar as economias locais e possibilitar o acesso a espaços europeus menos conhecidos. Para encontrar o modelo adequado aos 21 Estados-Membros que já aderiram

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ao Calypso, a Comissão Europeia organizou, no Estoril, com o apoio da Inatel, o seminário " Horizontes de Expansão do Turismo Social na Europa", que registou a participação de mais de uma centena de especialistas, nacionais e estrangeiros, da área do turismo. "O Calypso - sublinhou Alan Valle, responsável pela área de Turismo da Comissão Europeia, num dos painéis do seminário - permite combater a sazonalidade que afecta o turismo durante a época baixa, ajuda a revitalizar a economia, cria empregos e melhora a qualidade de vida dos cidadãos europeus ao permitir que pessoas que não podem viajar por motivos económicos o possam fazer para diferentes destinos europeus". E, lembrando as experiências já em curso na Europa, o mesmo responsável frisou a importância de uma ampla "cooperação entre EstadosMembros para que o Calypso possa ser implementado com sucesso noutros países". João Soares, director do hotel Dom José (Quarteira) confirmou, por sua

vez, a importância económica dos programas de turismo sénior ao assinalar que, apesar dos valores reduzidos pagos pelos participantes, eles "permitem manter empregos e o hotel em funcionamento durante todo o ano". Domingos Silva, do Casino da Figueira, salientou, igualmente, o facto de o programa manter a "casa cheia com opções extra jogo" que evidenciam outras potencialidades turísticas do seu espaço. Embora a forma de conceber e entender o Turismo social seja distinta em países como Espanha, França, Bélgica, Dinamarca, Itália, Hungria, Finlândia, Republica Checa, Polónia, Chipre, Malta e Portugal, persistiu no animado debate, a troca de experiências e o consenso quanto à sua importância económica e social. Rui Paulo Calarrão, responsável da área social da Inatel vincou, na sua intervenção, que "estes programas aumentam a qualidade de vida das pessoas, tornam as pessoas mais felizes e integradas na sociedade". E considerou, baseado na longa e bem sucedida experiência da Fundação, que


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Inatel - Quotas 2012

Oferta de 500 estadas para adesão ao Débito Directo

os programas, embora vocacionados para pessoas carenciadas, não devem fechar a porta a outros extractos sociais. Cada participante - explicou deverá pagar de acordo com as suas possibilidades e rendimentos e, à semelhança dos programas seniores em Portugal, ao incluir viagens com transporte, animação cultural e actividades desportivas geram-se receitas para os cofres do Estado e desenvolvem-se diferentes zonas do país. Também Luis Patrão, presidente do Turismo de Portugal, sublinhou na abertura do seminário, a importância do turismo sénior para o país, por "garantir a sazonalidade da hotelaria e manter postos de trabalho durante as épocas média e baixa, dinamizando as actividades económicas e sociais". Por sua vez, Vítor Ramalho, presidente da Inatel, historiou a experiencia da Fundação na gestão e organização destes programas desde 1995, e ilustrou a sua importância e impacto económico e social, referindo que o Turismo Sénior envolve, anualmente, 35 mil pessoas, 600 hotéis e 800 programas de lazer. O seminário incluiu uma componente lúdico-turística com visitas ao Palácio da Pena (Sintra), ao Oceanário, ao Solar do Vinho do Porto, além de um passeio panorâmico por Lisboa e um espectáculo de Filipe Lá féria no Casino Estoril. GL

l Quando os Associados receberem os habituais avisos para pagamento da quota terão uma novidade: a possibilidade da pagarem a quota através da adesão ao sistema de Débitos Directos - a forma mais cómoda e segura de efectuar os pagamentos. Para tal, bastará dirigirem-se a uma caixa multibanco, seleccionar a opção "Débitos Diretos", inserir o "ID do Credor" e o "Nº de Autorização" (que vêm indicados no aviso) e confirmar com a tecla verde. O débito será efectuado apenas a partir de 16 de Janeiro de 2012 para os Associados que activarem o mesmo até 31 de Dezembro de 2011. A Inatel tem 500 estadas* 1 noite para 2 pessoas em quarto duplo

com pequeno-almoço para oferecer aos Associados que adiram a este sistema até dia 31 de Janeiro. No dia 6 de Fevereiro, realiza-se o sorteio na sede da Fundação INATEL, após o qual será publicada a lista dos premiados no site em www.inatel.pt. Mais informações pelo t. 210.072.396, e-mail associados@inatel.pt ou nas Agências INATEL. * Oferta de estadas de domingo a sexta até 31 de Maio nas épocas média e baixa nas seguintes Unidades Hoteleiras INATEL: Albufeira, Caparica, Castelo de Vide, Entre-os-Rios, Flores, Foz do Arelho, Graciosa, Luso, Manteigas, Oeiras, Piodão, Porto Santo e Santa Maria da Feira.

Workshop de Viola

l Sete

tocadores de viola participaram no curso "Iniciação à música escrita para

viola da terra (viola Micaelense)", ministrado pelo prof. Rafael Carvalho, que decorreu no Conservatório Regional de Ponta Delgada em meados de Novembro. DEZ 2011 |

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Notícias

Inatel em Hotelaria de Charme l As unidades hoteleiras da Inatel em Linhares e na ilha das Flores integram o livro "Luxo e Charme na Hotelaria em Portugal", da autoria de Gabriela Botelho. Apresentada num hotel de Gaia pelo presidente da CIP, António Saraiva, a cuidada e bem ilustrada edição bilingue inclui vinte unidades de charme de vários

pontos do pais, casos, entre outros, do hotel The Yeatman, Quinta do Vallado, Herdade da Malhadinha Nova, Heritage Janelas Verdes, Heritage Britânia, Heritage Av. Liberdade, Farol Design Hotel, Senhora da Guia, Casas do Côro em Marialva, Hotel Palácio do Estoril, Terra Nostra Garden e Graciosa Resort.

Envelhecimento e qualidade de vida lA

aula magna da Universidade

dos Açores, em Ponta Delgada, acolheu o IV Congresso Internacional "Envelhecimento(s)e Qualidade de Vida" em Novembro último, com a presença de especialistas nacionais e internacionais que reflectiram sobre a saúde e bem-estar físico e psicológico dos seniores. O painel "Reforma, Mobilidade e Lazer" ficou a cargo de Rui Calarrão, director da área social da Fundação Inatel.

Torre do Tombo evoca D. Dinis

“Porto: nos Lugares da História”

lA

Direcção-Geral de Arquivos,

numa parceria com a Direcção l Apresentado

em Novembro, no Museu Soares dos Reis, o novo livro de Germano Silva, "Porto: nos Lugares da História" (Porto Editora), guia o leitor por ruas, jardins e praças, abre a porta de casas e palácios, revelando pormenores e histórias que explicam o carácter de uma cidade que atrai

cada vez mais visitantes, portugueses e estrangeiros. Este segundo volume reúne os textos que o autor publica no Jornal de Notícias e tem prefácio de D. Manuel Clemente, bispo do Porto, que assinala a contribuição de Germano Silva para a "recuperação" da cidade por naturais e forasteiros".

Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, apresenta, até final de Dezembro, a exposição Dionisivs Rex - Documentos De D. Dinis Na Torre Do Tombo, comemorativa dos 750 anos do nascimento do rei D. Dinis, "porventura - assinalam os organizadores - uma das mais luminosas figuras do plurissecular itinerário dos

Isabel de Sá na Galeria Porto Oriental

portugueses, numa hora em que a comunidade que somos é

l Na

Galeria Porto Oriental (Rua Barros Lima, 851, Porto) está patente afinal de Dezembro uma exposição de Isabel de Sá, pintora neoexpressionista, cuja obra, iniciada no final dos anos 70 do século passado, integra "o drama e o lirismo, o terror e a beleza." Além desta exposição, subordinada ao tema "Elementos Naturais e Outros Figurantes" numa assemblage plena de vivacidade, estará patente, 10

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a partir do dia 9, no r/c da mesma galeria, uma mostra colectiva de pintura, fotografia e escultura, com trabalhos dos artistas António Domingos, Artur Durão, Carlos Reis, Diva Barrias, Henrique Pichel, Isabel Mourão, João Pedro Rodrigues, Graça Martins, Luís Gilmar, Luísa Gonçalves, Manuela Bacelar, Manuel Magalhães, Rui Sousa, Roberto Machado e Sónia Barrias.

chamada a desenhar renovados caminhos de futuro." Nascido em Lisboa, no dia 9 de Outubro de 1261, o rei 'poeta e lavrador' protagonizou, ao longo de mais de quarenta anos, um governo "prestigiado pelas opções realizadas, pela coerência dos propósitos perseguidos e pela prosperidade que o reino conheceu sob a sua égide, pesem todas as tensões que o atravessaram e que tocaram a própria família real."


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“As Quatro Estações - Memórias de um Portugal Maior”

100 Anos de Turismo em Portugal l Está

patente, até Janeiro, na

Biblioteca Nacional, uma lA

Fundação Oriente foi palco do lançamento de "As Quatro Estações Memórias de um Portugal Maior", o mais recente romance de José Maria Rodrigues da Silva, antigo juís conselheiro do Supremo Tribunal Administrativo. A leitura de poemas de Pessoa, Sofia Melo Breyner e do próprio autor por Maria Barroso e uma análise da obra por João Bigotte Chorão, integraram a apresentação do livro que o poeta brasileiro Ivan Junqueira define, no prefácio, como "um grande romance da solidariedade, moeda pouco corrente entre nós numa época de despudorado hedonismo e furiosa glorificação egoística". Autor de uma vasta obra ensaística e de ficção, Rodrigues da Silva, lembrou, na sua intervenção, o convívio inspirador, na juventude, em Portalegre, com José Régio, e lamentou o estado actual de uma país que marcou, há cinco séculos, a história da humanidade.

mostra intitulada "Viagens pela escrita: 100 Anos de Turismo em Portugal". A exposição, de entrada livre, é promovida pela Comissão Nacional do Centenário do Turismo em Portugal, e inclui guias, roteiros, monografias, ensaios, teses, dicionários, revistas e literatura de viagens, tipologias complementadas pelos cartazes, bilhetes-postais e mapas são alguns dos objectos em exposição.

“From Her to Eternity” l

"From Her to Eternity", título

do 1º álbum de Nick Cave and the Bad Seeds, é o título, também, da exposição de fotografia de Pauliana Valente Pimentel, 36 anos, ex-geóloga e uma das mais brilhantes e promissoras fotógrafas nacionais, patente na KGaleria, Bairro Alto (Rua da Vinha, 43-A),

50 Pintores e Escultores no XXV Salão de Outono

até Janeiro. Ao longo do ano 2011, Pauliana fotografou um

Está patente, até 15 de Janeiro, na Galeria de Arte do Casino Estoril, o XXV Salão de Outono, em que participam 50 destacados pintores e escultores nacionais, casos de Nadir Afonso, Matilde Marçal, Marília Viegas, Manuel Cargaleiro, Jacinto Luís, Roberto Chichorro, Helena Liz, Gustavo Fernandes, Paulo Ossião, além de um grupo de artistas mais jovens, que se evidenciaram nos Salões de Primavera, como Ana Pais de Oliveira, Mariana Sampaio e Damião Porto. l

sem número de mulheres, entre amigas e desconhecidas, profissionais da noite e artistas. Cada uma destas mulheres revela uma história de vida. Todas elas fazem parte do nosso quotidiano. Mulheres de garra, de força, mostrando o melhor de si. Uma vida boémia onde são mais as fotos nocturnas do que diurnas, mas Pauliana afirma que também é uma mulher da luz do dia. Morada: Rua da Vinha, 43-A, Bairro Alto, Lisboa DEZ 2011 |

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Fotografia

XVI Concurso “Tempo Livre” [1]

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[ 1 ] Maria Pereira, Montemor-o-Novo Sócio n.º 486828 [ 2 ] Manuel Prates, Sabrosa Sócio n.º 507214 [ 3 ] Dinis Subtil, Aldeia Velha Sócio n.º 509889 12

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Regulamento 1. Concurso Nacional de Fotografia da revista Tempo Livre. Periodicidade mensal. Podem participar todos os associados da Fundação Inatel, excluindo os seus funcionários e colaboradores da revista Tempo Livre. 2. Enviar as fotos para: Revista Tempo Livre - Concurso de Fotografia, Calçada de Sant’Ana, 180 - 1169-062 Lisboa. 3. A data limite para a recepção dos trabalhos é o dia 10 de cada mês. 4. O tema é livre e cada concorrente pode enviar, mensalmente, um máximo de 3 fotografias de formato mínimo de 10x15 cm e máximo de 18x24 cm., em papel, cor ou preto e branco.

Menções honrosas [ a ] António Pronto, Tapada das Mercês Sócio n.º 263310 [ b ] Sérgio Guerra, S. João do Estoril Sócio n.º 204212 [ c ] José Pinto, Coimbra Sócio n.º 494110

[a]

5. Não são aceites diapositivos e as fotos concorrentes não serão devolvidas. 6. O concurso é limitado aos associados da Inatel. Todas as fotos devem ser assinaladas no verso com o nome do autor, morada, telefone e número de associado da Inatel.

[b]

7. A «TL» publicará, em cada mês, as seis melhores fotos (três premiadas e três menções honrosas), seleccionadas entre as enviadas no prazo previsto. 8. Não serão seleccionadas, no mesmo ano, as fotos de um concorrente premiado nesse ano 9. Prémios: cada uma das três fotos seleccionadas terá como prémio duas noites para duas pessoas numa das unidades hoteleiras da Inatel, durante a época baixa, em regime APA (alojamento e pequeno almoço). O prémio tem a validade de um ano. O premiado(a) deve contactar a redacção da «TL». 10. Grande Prémio Anual: uma viagem a escolher na Brochura Inatel Turismo Social até ao montante de 1750 Euros. A este prémio, a publicar na «TL» de Setembro de 2012, concorrem todas as fotos premiadas e publicadas nos meses em que decorre o concurso.

[c]

11. O júri será composto por dois responsáveis da revista T. Livre e por um fotógrafo de reconhecido prestígio.

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Entrevista

Irene Rodrigues Antropóloga

“Os chineses são muito criativos…” Os chineses com poder económico estão ávidos dos produtos de luxo, de marca europeia e norte-americana. A solução para a crise passará por investir na qualidade das nossas produções antes que a China consiga alcançá-la. São algumas das conclusões a que chegou a antropóloga Irene Rodrigues, docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade Técnica de Lisboa. A investigadora fez trabalho de campo em Wenzhou, na China, e na comunidade chinesa em Lisboa. Fomos conhecêla, no Espaço Mouraria, da Fundação Inatel, por ocasião da Semana da Cultura Chinesa, que se realizou de 1 a 6 de Novembro.

No final das conferências, realizadas durante a Semana da Cultura Chinesa, alguém na audiência levantou a hipótese de Portugal vir a ser a nova Macau da China… Macau tem uma história tão particular que isso não seria possível. E se acontecesse, seríamos todos ricos, se calhar não seria assim tão mau... Em Macau vive-se extremamente bem, quase não há desemprego, obviamente existem imensos casinos, o modo de vida deles é o jogo, mas não só. Antes de Portugal se tornar a Macau da China, a Europa tornar-se-ia a Macau da China (o continente Euro-Asiático) tendo em conta a forma como se está a lidar com a crise financeira, a entrar no jogo da alta finança e a não resolver as questões com profundidade. 14

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Quando se fala dos mitos urbanos sobre os chineses (entre nós, o mais aberrante é de que os chineses não morrem!) não nos estamos a distrair do essencial, a tomada de poder económico que a China está protagonizar a nível mundial? O que está na base desses mitos urbanos sobre os chineses é o medo, assente na ascensão económica e política da China. De outra forma, está de novo a regressar, o "Medo Amarelo" ("Yellow Peril") que existiu no Ocidente, final do século XIX e início do século XX, quando se acreditava que os chineses podiam dominar o mundo. Essa ascensão não é só económica e política mas também militar... Pois, esse é também um dos grandes objectivos da Política de Reforma e Abertura, proposta por


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Entrevista

Deng Xiaoping, a partir de 1978. O objectivo era tornar a China numa potência mundial por volta do ano 2000, através das quatro modernizações: indústria, agricultura, ciência e tecnologia, e defesa. A grande estratégia foi começar por apostar numa indústria manufactureira exportadora para gerar crescimento económico e financiar uma indústria mais assente no desenvolvimento científico e tecnológico, e claro também financiar o desenvolvimento da indústria militar. Isso está estabelecido desde o início. Dada a história da China, nomeadamente a mais recente, e apesar da globalização da China, acredito que este investimento militar tem sobretudo objectivos de defesa e de segurança nacional. No artigo "Comment la Chine redessine le Monde", de Pierre Delannoy, publicado pela revista GEO, Novembro 2011, fala-se muito da passagem de uma estratégica atitude "soft power" para uma posição de grande controle sobre A China tem sido as matérias-primas e infra-estrubem sucedida porque turas dos vários países, com o se esforça em acesso livre a todos os mares e distinguir as questões portos, a construção de milhares políticas das questões de quilómetros de "pipelines" económicas…. para transportar gás e petróleo... A China está muito interessada nas matérias-primas, isso tem-se visto muito em África, onde a China conseguiu aceder a fontes de matérias-primas, nomeadamente petróleo e construir infraestruturas porque os governos locais não têm capacidade e, por isso, torna-se mais fácil negociar. Na Europa é mais difícil. Eventualmente, esta crise é a grande oportunidade da China entrar pela porta grande na Europa. Mas é interessante recordar como a China tem uma longa história de estabelecimento de relações diplomáticas através da oferta de presentes em regime de tributo, esse terá sido um dos objectivos das viagens de Zheng He que chegou à oriental africana antes de Vasco da Gama chegar à Índia. A China tem sido bem sucedida porque se esforça em distinguir as questões políticas das questões económicas. Eu considero que a estratégia da China vai continuar a ser a de "soft power", e isso vai funcionar enquanto a China conseguir manter boas relações com estes países e se mantiver relativamente à margem dos conflitos inter-

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nacionais. Contudo, é de esperar que a China venha cada vez mais a ser chamada a intervir dado o seu crescente poder internacional. Num futuro próximo veremos a substituição das lojas chinesas de produtos baratos por negócios de outro nível? Esse tipo de negócios já existe, as lojas chinesas de produtos baratos são a fase mais visível dos negócios chineses. Os chineses investem muito em imobiliário, nomeadamente em áreas comerciais, e actualmente verifica-se também uma tendência para apostar na exportação. Contudo, Portugal também é um país pequeno e a economia étnica chinesa cresce à sua dimensão. Em Portugal não apareceu indústria manufactureira chinesa como em França e em Itália. A sua tese de mestrado ("No Feminino Singular: Identidades de Género de Mulheres Chinesas Migrantes em Lisboa") centra-se no estudo das chinesas em Lisboa. Tendo em conta a Política do Filho Único, na China, em que medida a vivência em Portugal levou estas mulheres a modificarem a sua percepção da China? Como é que elas vivem a passagem de uma cultura para outra cultura que tem um potencial de descoberta e de liberdade maior? Sentiu que elas questionavam muito a China, se revoltavam ou, pelo contrário, isso não acontecia? Isso não acontecia. Eu falei com algumas mulheres que me disseram "estou contente por estar aqui porque posso ter os filhos que eu quiser." Isso aconteceu, mas é uma atitude muito pragmática, não se prende com questões ideológicas. A maior parte destas pessoas tem apenas escolaridade básica ou menos, e as que têm educação superior foram educadas para compreender e aceitar decisões e políticas governamentais como a Política do Filho Único. Por outro lado, chegou-se na China a uma mentalidade de classe média em que é mais vantajoso ter menos filhos e investir neles. Mesmo as pessoas que vivem em Portugal, a maior parte delas não tem mais do que dois filhos. As mulheres chinesas têm outro estilo de vida em Portugal? Creio que a grande descoberta das mulheres chinesas, em Portugal, tem a ver com a maior liberdade que elas observam nas mulheres portuguesas para decidir sobre a sua vida e o seu próprio futuro, sem tanta interferência familiar. Embora a


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situação das mulheres chinesas tenha mudado muito, desde 1949, a sua vida continua a ser muito condicionada pela família e para a família, embora haja sinais lentos de mudança. Muitas vezes, os chineses apontam essa como uma grande diferença entre chineses e estrangeiros (ocidentais) - a grande ligação à família e à sua continuidade. Aqui, as mulheres que migram também estão presas à família e ao negócio da família, não têm grandes possibilidades para aproveitar outras oportunidades de trabalho ou experimentar outros estilos de vida. É contraditório que as mulheres de educação superior sejam as mais conformistas, é como se o sistema formasse "robots" de alto nível… De facto há uma enorme capacidade do Partido em agregar as pessoas à sua causa, através da educação, não nos esqueçamos que a influência das escolas na vida das crianças e jovens chineses é enorme, eles passam meses, até anos, sem verem a família. E depois se têm objectivos de ascensão social sabem que isso passa por uma integração no Partido. Mas penso que a vivência num outro país com outro estilo de vida abre espaço a esse questionamento. Isso é quase uma lavagem ao cérebro, é quase destituir a pessoa da possibilidade de ser indivíduo, ter ideias próprias. Hoje em dia, principalmente nas cidades, encontramos pessoas com ideias muito próprias. Os chineses não são incapazes de pensar, muito pelo contrário, mas a China tem uma história atroz do que pode acontecer quando se diz o que se pensa. A estratégia de "zouchuqu", "sair das fronteiras", definida pelo Partido Comunista em 1999, traduziu-se por um aumento do poder global da China, um "redesenhar do mundo" mas também pode vir a transformar-se no fim desse mesmo poder. Os chineses que saíram podem não mais querer voltar e virem a desalinhar com essa ideologia única... Eu também encontrei, em Lisboa, algumas pessoas com educação superior que me diziam "aquele país não dá para viver, não há liberdade de expressão". Mas se calhar diziam-me isto há 10 anos, hoje o discurso delas é diferente, muito mais pró-China. Como a China está com poder, que não tinha e que não se tinha a certeza que ia ter há 10 anos, agora há mais vantagens na ligação à China. No entanto, o chinês comum, o

"laobaixing", como eles lhe chamam, não pensa na nação chinesa ou na comunidade chinesa, na sua vida quotidiana pensa na sua família. A ideia de que existe aqui uma comunidade chinesa muito ligada, muito fechada, impenetrável, onde não há conflitos, não é real. São núcleos familiares que têm determinado número de interesses e cooperam, mas também competem muito entre eles. Cada família será uma espécie de pequenina China na medida em que a China também se organiza exclusivamente em função dos seus interesses económicos? Essa forma de organização, muitas vezes, alheia aos Direitos Humanos e à defesa da Natureza atemoriza o Ocidente, que como sabemos, tem vindo a negar os valores que defende. Digamos que a orientação é diferente, digamos que a nossa orientação é muito para o indivíduo, nós centramonos no indivíduo. Na China, o Na China, são indivíduo existe na relação com mal vistas as pessoas os outros indivíduos, não por ele que se isolam e não próprio, daí a importância da estabelecem relações família, é nessas relações que a com os familiares, pessoa faz sentido. Na China, são amigos e mal vistas as pessoas que se isoconhecidos…. lam e não estabelecem relações com os familiares, amigos e conhecidos ou que cortam essas relações. Mas neste momento a nossa cultura, sobretudo em Portugal, também não é favorável às pessoas que se individualizam, daí o desinvestimento na cultura, na educação... Não se investe em pessoas, por razões diferentes. O que está subjacente entre o que a China representa hoje e as mudanças a que estamos a assistir, não só em Portugal mas também na Europa, tem mais a ver com o modelo económico. O que é assustador é que o modelo económico que se criou na China parece estar a ganhar adeptos para se implantar noutros locais do mundo e vamos ver como é que a Europa vai lidar com isso. A China tem níveis de crescimento económico inimagináveis para a Europa mas sacrificou outras questões, as pessoas, por exemplo. E nós, na Europa, estamos a ver que o que se está a sacrificar são também as pessoas. O modelo económico vai justificando isto e vai desafiando

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essa centralidade da pessoa. No citado artigo da GEO, defende-se que os chineses estão a deixar de investir em produtos de baixa qualidade e preço, os salários mínimos subiram imenso, portanto, os seus produtos já não vão ser tão competitivos como eram antes. Agora querem competir com produtos de luxo. É como se a Europa andasse ao contrário... É verdade… Eu fiz trabalho de campo aqui em Lisboa e na cidade de Wenzhou (China). Essa região é conhecida tanto pela emigração para a Europa como pelo seu modelo de desenvolvimento, baseado na produção de produtos baratos, de fraca qualidade, através do uso intensivo de mão-de-obra barata. No início da década de 80, a mão-de-obra era fornecida pelos camponeses locais, que logo depois também começaram a sonhar em enriquecer e emigraram nomeadamente para a Europa em busca de oportunidades de mobilidade social ascendente. Esta indústria Os comerciantes passou então a usar migrantes chineses em Portugal internos. Alguns empresários de vendem aquilo que os Wenzhou disseram-me que o clientes governo tem vindo a pressionar portugueses para aumentar os salários muito procuram. baixos da indústria manufactureira. Esta pressão pretende ir ao encontro dos objectivos de fada xibu, i.e., de desenvolvimento das regiões ocidentais pobres desde o ano 2000, através do dinheiro enviado ou levado pelos migrantes de regresso às suas terras de origem. Mas isto representa um problema para a sobrevivência deste tipo de indústria porque os trabalhadores fazem mais dinheiro em menos tempo e a mão-de-obra é cada vez menos. Os empresários de Wenzhou começaram já há alguns anos a investir noutras áreas como no imobiliário, na bolsa, e actualmente em ouro. Algumas marcas de Wenzhou já evoluíram o suficiente para se implantarem a nível nacional, mas ainda não há marcas de luxo, porém, esse é um dos caminhos. O facto, de a China ter comprado uma parte da dívida externa dos EUA e estar a comprar empresas de prestígio na Europa, como a Volvo, manifesta essa mudança de investimentos. A classe média chinesa é ávida de produtos de luxo, de grande qualidade. Desde o século XIX,

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existe na China a ideia de que os produtos estrangeiros são melhores do que os produtos chineses, que os tentavam imitar. Os chineses estão muitíssimo interessados em tudo o que tem a marca europeia ou norte-americana porque isso significa qualidade e modernidade, oferece-lhes algo que eles não encontram nos produtos chineses. A fraca qualidade dos produtos chineses é algo que não os orgulha. Essa pode ainda ser a saída para a crise europeia, estou a falar da crise económica, exportar produtos de luxo de grande qualidade para a China, antes que a China comece também a produzi-los. Por isso, se começarmos a apostar em muitas horas de trabalho e em produtos de baixa qualidade vamos perder aquilo que nos resta, a capacidade de criar produtos singulares e inovadores, de apostar na estética, na inovação tecnológica, e acabaremos com a especificidade dos produtos europeus. Acabaremos por negligenciar também a qualidade dos nossos produtos alimentares, o azeite... Sim, a China está muito interessada em azeite e em vinho português, que já adquiriram fama entre os chineses como produtos de qualidade, no seio de uma classe média ávida para consumir produtos de luxo, funcionando o consumo como uma marca de classe, de distinção. Em Lisboa, muitos chineses turistas e migrantes vão às lojas da Avenida da Liberdade comprar cintos e malas Louis Vuitton para levarem ou enviarem aos seus familiares e amigos porque lá são mais caros. Eles não se importam de gastar milhares de euros em malas, carteiras e roupas porque os entendem como valores seguros, mas também por aquilo que a sua posse significa em termos sociais. Na China não há falta de "design" e já há marcas com qualidade, mas estas ainda não conseguem proporcionar aquilo que a posse de produtos estrangeiros também significa: cosmopolitismo, mesmo sem nunca se ter saído da China. A classe média encontra-se representada na comunidade chinesa em Portugal? Sim. Não sei se lhe podemos chamar classe média... o que existe são famílias com diferentes capacidades económicas, devido ao seu sucesso empresarial. As famílias que chegaram no final dos anos 80 e 90 têm muito mais sucesso do que aquelas que acabaram de chegar, pela dificuldade em encontrarem um negócio tão lucrativo como


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aconteceu naquele período de expansão. Neste momento, o mercado está saturado de lojas e restaurantes chineses. Essas famílias conseguiram obter lucros, poupar e investir em novos negócios como o imobiliário, e adquirir casas e carros. Existe uma grande tradição de poupança na China e os migrantes chineses vêm precisamente com esse objectivo: zhuanqian - fazer dinheiro ou juntar dinheiro. O facto de Portugal ser parte, primeiro da Comunidade Económica Europeia e mais tarde da zona Euro, constituiu um atractivo para este fluxo migratório. Aforrar em Euros é totalmente diferente de aforrar em escudos ou em Yuan, e permite uma mobilidade de capital muito maior para qualquer parte do mundo. Mesmo na China muitas pessoas mantêm dinheiro em Euros como forma de poupança e investimento. Tal como os portugueses, os chineses também sonham com bens duradouros. Para além disso, investem muito na educação dos filhos preferindo colégios prestigiados frequentados pela classe média e média alta portuguesa. Há uma convergência de comportamentos. Portugal vai então ser sobretudo um ponto de passagem para outros países? Mas isso já acontecia, até aqui. Os chineses circulam muito na Europa, muitos chineses que estão em Portugal vieram de França, de Itália ou de Espanha e apenas uma parte veio directamente da China. Acho que com a crise vai sair muita gente, já estão a sair, mas os chineses são muito criativos e vão tentar outros negócios como já estão a tentar, por exemplo, os supermercados. E que possibilidade existe para a implantação em Portugal de lojas que vendam produtos relacionados com a cultura chinesa antiga? A "Janela de Pequim", situada perto do Monumental, em Lisboa, vendia produtos artesanais da China, oriundos de províncias longínquas como Shanxi, papéis recortados, pinturas a guache originais, etc, mas não sobreviveu mais do que dois anos... Se o público português fosse mais curioso, mais interessado em produtos genuínos, teríamos com certeza outro tipo de lojas chinesas, não? Esses produtos hão de ter sempre um mercado pequeno. Mesmo na China, são muito poucas as lojas que os vendem, porque o chinês comum também não os valoriza. A Revolução Cultural, o Maoísmo deixou grandes marcas, valoriza-se o

que é moderno. A maior parte das pessoas que estão a atender nas lojas chinesas não têm interesse nem conhecimentos para montar uma loja com essas características. O proprietário de a "Janela de Pequim" era uma pessoa especial [refere-se a Yaoqun Não conheço Zhu] até mesmo por ter investido nenhum chinês que nesse tipo de negócio. apesar de não ter Na verdade, os comerciantes singrado tenha chineses em Portugal vendem regressado à China, aquilo que os clientes portuguedesistindo do seu ses procuram. A implantação das sonho. lojas chinesas segue um determinado mercado, não singram em todos os locais, mesmo os restaurantes têm de se adaptar ao local; obviamente que eles procuram uma clientela de classe média alta porque tem mais poder de compra. Na verdade, os principais clientes são pessoas que não

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se importam com a fraca qualidade dos produtos, mas talvez não adquirissem tanta quantidade se não fosse por um preço tão baixo. As lojas chinesas vieram dar mais poder de compra (em determinados produtos) a muitas famílias de baixos rendimentos em Os chineses Portugal. Na China, muitas pessotambém sonham com as perguntavam-me se eu combens duradouros (…) prava coisas nas lojas chinesas, o e investem muito na objectivo era analisar o perfil do educação dos filhos cliente português. Normalmente preferindo colégios eles estudam muito bem o sítio prestigiados onde vão abrir as lojas. frequentados pela Esse pensamento estratégico fazclasse média e média me pensar num livro de referênalta portuguesa. cia: "Ways of Warriors, Codes of Kings", de Thomas Cleary, onde se pode ler este princípio lapidar: "Nunca critiques o inimigo para ele não evoluir" ou ainda a auspiciosa confiança de "que inimigo é aos milhares mas não é infinito". Ou seja, a vitória resulta da persistência. Essa mentalidade persiste? Isso é muito chinês. Aqui encontramos essa mentalidade, os chineses são muitíssimo perseverantes, e isso explica a forma como lidam com as privações porque passam, durante anos, para conseguirem poupar e virem a ter um negócio. E mesmo quando esse negócio não dá certo fecham e voltam a abrir outro. Não conheço nenhum chinês que

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apesar de não ter singrado tenha regressado à China, desistindo do seu sonho. Conheço pessoas que estão em Portugal há mais de 20 anos, começaram como empregados, já foram donos de restaurantes e lojas, e como as coisas não deram certo voltaram a trabalhar para outros chineses, mas sempre com o objectivo de vir a fazer aquele negócio que vai mudar as suas vidas. São, realmente, persistentes… Apesar da orientação materialista que a sociedade chinesa pareceu tomar desde o início da década de 1980, a família continua a ser preponderante na vida dos indivíduos, os chineses continuam a ser pessoas muito respeitadoras da autoridade (sobretudo na família e na escola), a dar muita importância à educação, e cada vez mais celebram os seus principais festivais. Isto faz-me lembrar uma conversa que tive com um homem chinês, de cerca de 30 anos, numa viagem de comboio entre Xangai e Pequim, no ano passado. Depois de várias horas, sentado a meu lado, sem falar, ao ver-me a ler um livro sobre religião popular chinesa (em inglês), ele comentou, quase num desabafo: "Sabe, isso é o problema da China. É que os chineses estão muito diferentes por fora, mas por dentro continuam iguais. Eu estudei muito inglês e percebo, mas não consigo falar consigo em inglês. Continuamos com os mesmos problemas e a culpa é de Confúcio." n Susana Neves (texto) José Frade (fotos)



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Desporto Inatel

1º de Maio todos os dias… Numa zona verde da cidade de Lisboa, no bairro de Alvalade, o Parque de Jogos 1º de Maio tem um borbulhar de actividade constante. Por dia, estimase que seja frequentado por cerca de mil pessoas, para ali desenvolverem actividades físicas e de lazer. Recentes melhorias e um novo pavilhão abrem janelas a mais desporto e novas ofertas.

M

ãe, hoje é dia de natação? - é a pergunta invariável em casa de Sofia Nabais, desde que este ano inscreveu os filhos Madalena, António e Constança, com idades entre os 5 e os 9 anos, nas aulas de natação do Parque de Jogos 1º de Maio. 22

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Às Terças e Quintas, depois das cinco da tarde, é vê-los mergulhar na mesma piscina, à mesma hora, mas em aulas diferenciadas. "Eles andavam noutro ginásio e agora vêm para aqui com imensa vontade; noto nos mais velhos uma evolução na modalidade e a mais pequena está a começar a aprender; estou muito satisfeita".


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A escola de natação da Inatel é uma das mais antigas e estruturadas, desenvolvida apenas pela fundação. Com vários níveis de aprendizagem e um regulamento próprio, esta é a que tem maior afluência de crianças na faixa etária dos 5-6 anos. Mas há mais escolas ali a funcionar e que contemplam várias modalidades, desde o futebol, passando pelo rugby, judo, taekwondo, badmington, taido e atletismo. E nestas foram estabelecidas parcerias: "O parceiro fornece a componente técnica e os materiais de apoio, nós fornecemos a instalação; desta forma conseguimos melhorar o serviço aos nossos utentes e fazer face às restrições orçamentais, que são fortes nesta altura", sublinha o administrador do Parque de Jogos 1º de Maio, Pedro Marques.

Associação Salvador Mas há também parcerias com um carácter social, como a que há cerca de dois anos foi celebrada com a Associação Salvador - e que deverá ser renovada em Março próximo. Dentro do ginásio de musculação foi criado um espaço de giná-

sio adaptado, frequentado semanalmente por 30 utentes com mobilidade reduzida. "As pessoas vão, têm uma actividade física em espaço não hospitalar e ao irem para o Estádio 1º de Maio, vão como se fossem ao ginásio; neste caso é integrado, há partilha entre pessoas com e sem deficiência. E isso tem sido o mais importante para desmistificar a deficiência e as pessoas adoram sentir-se integradas", revela Salvador Mendes de Almeida, o presidente da Associação Salvador. Quem passa os portões da entrada do Parque de Jogos 1º de Maio, apercebe-se desde logo do fluido constante de utentes. "Só nas nossas actividades, estão inscritas 3500 pessoas e há muitos espaços que são alugados para os utilizadores desenvolverem a sua actividade física". E a ocupação dos espaços por faixa etária é variável ao longo do dia, como nos explica Pedro Marques: "Ao início da manhã, é frequentado por trabalhadores que vêm fazer a sua actividade desportiva antes de começarem a trabalhar. Durante a manhã, por um lado, temos uma população mais sénior, que faz hidro-ginástica, a ginástica, faz a DEZ 2011 |

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caminhada e a corrida no próprio parque de forma não orientada; por outro, temos também algumas escolas que nos alugam o espaço para a prática da Educação Física, uma vez que não têm instalações próprias. À hora de almoço, voltamos a ter algumas pessoas que trabalham, frequentam fundamentalmente o ginásio e a piscina. À tarde, voltamos a ter alguns seniores e as escolas. Ao fim da tarde, é a vez das crianças mais novas que fazem o futebol, a natação e o judo. Depois a idade vai aumentando até à noite, em que voltamos a ter um público mais adulto, que faz a sua actividade desportiva em horário pós laboral". Mas nem sempre foi assim. Que o diga António Costa, responsável pelas piscinas e pelos pavilhões. Já há 37 anos que ali trabalha e não se lembra de mudança mais positiva do que a inauguração das piscinas, em 1993. Desde então, a afluência teve um aumento de 100%, estima este responsável. "Provocou um aumento da procura dos mais variados desportos, porque aqui não há apenas natação, há também musculação, taido, ioga, judo, ténis de mesa e tai ki do". Já quando o pavilhão foi construído, recorda, "era apenas vocacionado para actividades colectivas como o andebol, o voleibol, o basquetebol e o ténis de mesa. Mais tarde, as arrecadações existentes na cave foram ampliadas para surgirem dois ginásios, porque não havia cá ginástica - e actualmente tem muitos utentes". Salvador Mendes de Almeida, o presidente da Associação Salvador, com Moreira Marques, administrador da Inatel

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Espaço multiusos Também neste momento, decorre a reconversão do relvado do campo de futebol, que vai passar a ser de relva sintética. Mais do que reduzir os custos de manutenção, especialmente do consumo de água, o novo relvado vai permitir um uso mais intensivo por parte das escolas de futebol e de rugby e também pelos CCDs que entram no quadro competitivo da Inatel no campeonato de futebol. Com estas melhorias, ambiciona o director técnico do Parque de Jogos 1º de Maio, Joaquim Carvalho: "Espero ter, nos fins-de-semana e nas horas nobres, o estádio sempre cheio de atletas, o que acabará por chamar público". E não se cansa de sublinhar as condições daquele espaço: "A bancada é espectacular; se chover, a pala abriganos e temos o piso sintético onde podemos fazer jogos atrás de jogos." Em complemento à área desportiva, acaba de


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Em cima, pormenor do exterior das novas instalações e, à direita, aulas de atletismo e râguebi. Em baixo, António Rola, na formação de árbitros

ser construído o espaço multiusos, vocacionado para "responder à procura de actividades lúdicas e educativas", refere Pedro Marques. "Durante a semana, queremos criar um pólo que traga as crianças para o Parque de Jogos, onde elas possam estudar e fazer os trabalhos de casa, ter acompanhamento de professores e explicadores, se assim o entenderem". Mais, "queremos utilizar estas instalações para pequenos eventos e festas de aniversário por um lado e, por outro, actividades de formação - sejam da fundação ou de parceiros".

Formação de árbitros E foi precisamente neste espaço que decorreu, ao longo de dois fins-de-semana em Outubro e

Novembro, o curso intensivo de formação de novos agentes de arbitragem para os quadros do campeonato Inatel de futebol de 11. Para além de um rejuvenescimento da classe, este curso pretende igualmente "trazer novas ideias e sangue novo para a arbitragem", refere António Rola, da direcção do Desporto e responsável pela formação dos agentes desportivos. Com esta nova ferramenta, as três dezenas de árbitros certificados - no curso de Lisboa e num idêntico que decorreu no Porto - "ficam a saber interpretar na prática a lei do futebol e estão preparados para serem árbitros assistentes". Primeiro nos relvados dos estádios Inatel, um dia, quem sabe, num qualquer estádio do mundo.n Manuela Garcia (texto) e José Frade (fotos) DEZ 2011 |

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Seniores: o golfe como terapia Os médicos recomendam actividade física regular a todas as pessoas, mas sobretudo aos que ultrapassaram já a barreira dos 50 anos, agora designados de Seniores. E em vez de ficarem na cama até mais tarde, passarem horas sentados no sofá a ver televisão, façam exercício ou dediquem-se ao golfe, modalidade apontada como uma "excelente terapia" para os mais idosos.

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golfe é importante e um estímulo para contrariar a inércia e a imobilidade a que muitas pessoas se deixam arrastar quando entram na reforma ou não têm qualquer ocupação dos tempos livres", disse o médico Dr. Manuel Fortuna Martins, Fisiatra e especialista em Medicina Desportiva. "Há que evitar o Síndroma de Imobilização, que se agudiza muito mais a partir dos 65/70 anos", acrescentou. A prática regular de golfe tem cada vez mais adeptos entre os Seniores, tendo surgido nos últimos tempos vários clubes ou organizações em todo o País, sobretudo no Porto e em Viseu, além das Associações (Nacional e Regionais) de Seniores, que movimentam semanalmente largas dezenas de jogadores em vários campos nacionais. Por exemplo a secção de Seniores do CG de Viseu é uma das mais activas, e todas as semanas tem um torneio (a custos simbólicos) que termina com o sempre animado e prolongado almoço de convívio. Outro exemplo diário é o Clube de Campo da Aroeira (Charneca da Caparica), com centenas de associados e muitos deles já reformados, destacando-se um grande grupo com idades entre os 60 e os 80 ou mais anos, que se encontram regularmente durante a semana para jogar e depois prolongarem o encontro com o almoço de convívio. Muitos destes Seniores levantam-se cedo, mesmo sem terem nada combinado com os amigos, mas quando chegam à Aroeira encontram sempre alguém com quem jogar, conversar e 26

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almoçar, mantendo uma actividade física e mental durante várias horas. Na prática do golfe, um jogador percorre a pé vários quilómetros envolvido na Natureza, os movimentos exercitam várias partes do corpo e a sua mente está em actividade constante para analisar distâncias, condições de jogo, ferros a usar, etc.. "O golfe é benéfico para os Seniores tendo em atenção sobretudo três situações: A Motivação (o idoso ao jogar golfe continua com um espírito competitivo, treino intelectual e exercício de concentração), o Exercício Físico (inclui o andar bastante, mobilização dos vários segmentos do corpo, fortalecimento muscular e treino proprioceptivo ou seja, conjuga o treino físico com o treino intelectual) e finalmente o Treino de Actividades da Vida Diária (ao estar envolvido no golfe, o Sénior precisa de se levantar cedo, fazer a sua higiene diária e estar socialmente envolvido na responsabilidade de se encontrar com outras pessoas a determinadas horas para o jogo)", disse ainda o médico Fisiatra. O Dr. Manuel Martins destaca ainda a necessidade imperiosa de os Seniores manterem uma actividade física regular, dando o exemplo do golfe, alertando para a possibilidade de depois dos 65 anos "começar a surgir uma lenta diminuição das capacidades físicas, motoras e intelectuais, que na falta de actividade se vão degradando se não houver uma estimulação física".

O Coração… A prática regular de golfe é também uma medida que pode evitar ou combater os problemas


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cardíacos, ao exigir andar durante pelo menos quatro horas num ambiente saudável, exercitando todos os músculos do corpo. "Não há outro desporto que leve as pessoas a fazerem o exercício que proporciona o golfe", disse-nos o cardiologista algarvio Dr. José Gago Leiria. "O golfe é o desporto em que, de acordo com as capacidades e o estado de saúde de cada um, mais actividade física se desenvolve benéfica para o coração", acrescentou o médico.

Oficial de Marinha O golfe é uma modalidade desportiva, ou actividade lúdica, para qualquer pessoa que atinja determinada idade, pois obriga-nos a andar, a movimentar o corpo, a pensar. Os velhotes ficam em casa no sofá e perdem anos de vida e a saúde, sublinha-nos o Comandante Rui Santos Silva, de 72 anos, antigo oficial da Marinha, fundador e há 22 anos presidente dos PINGS (Portugal Iberlant NATO Golf Society). "O golfe dá vida a quem passou por uma vida de trabalho e quer depois viver com mais saúde. Deveria até ser uma actividade obrigatória para os Seniores. Hoje em dia o custo de jogar golfe já não será um impedimento", acrescentou o antigo oficial português na NATO, que joga pelo menos três vezes por semana e treina nos outros dias e é sócio de cinco clubes.

Manuel Martins

Antigo 'quadro' bancário "Tenho muita pena de não me ter iniciado mais cedo no golfe. Sinto que desde que comecei a jogar golfe ganhei mais anos de vida. Agora quando vou à caça sinto-me mais 'jovem' e estou mais à vontade para acompanhar os mais novos nas caminhadas", disse Vitor Madureira, de 68 anos e que começou a jogar há 15 anos, sensibilizado por alguns amigos bancários. É também caçador desde muito jovem, mas agora é mais golfe. É sócio de cinco clubes, joga quatro vezes por semana no Inverno e todos os dias no Verão - "o golfe já me deu muitos anos de vida", salienta o antigo 'quadro' bancário, que graças ao golfe entrou mais tarde no processo de reforma. "Deixei recentemente as funções que tinha, reformando-me além da idade normal de reforma, pois sentia-me muito bem tanto física como mentalmente e em condições perfeitas para con-

Rui Santos Paiva

Manuel Alves Santos

Lucinda da Costa, Marieta Araújo e Maria José Marques DEZ 2011 |

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tinuar a trabalhar e atribuo isso ao golfe, que nos dá uma grande força anímica para novos desafios", acrescentou. "Sempre que posso aconselho as pessoas de meia-idade a dedicarem-se ao golfe, porque só trás vantagens", concluiu o veterano amador.

Ex-futebolista Desde que jogo golfe sinto-me muito melhor e foi pena não ter tido conhecimento desta modalidade há mais tempo, disse o ribatejano Manuel Alves Santos, de 73 anos, natural de Coruche e que se iniciou há cinco anos em Santo Estevão. "Do ponto de vista físico e psicológico, o golfe é muito importante para as pessoas de mais idade e importante para a estabilidade da nossa saúde", acrescentou Manuel dos Santos, que joga sempre a pé, no mínimo três vezes por semana e tendo muitas vezes por parceiro Manuel Rodrigues, de 81 anos. Manuel dos Santos, antigo futebolista do Coruchense, diz que toma sete ou oito comprimidos por dia devido a ter "vários problemas de saúde", sendo a Doença de Paget, detectada há três anos, a mais preocupante. "Disseram-me há anos que poderia perder o andar, sofrer com dores de cabeça. Mas felizmente nada disso aconteceu até agora, levo a minha vida normal e sempre que posso venho jogar golfe a Santo Estevão. Sinto que o golfe contribuiu muito para a melhor qualidade de vida e sinto-me muito melhor", concluiu o septuagenário. Gago Leiria

E também as mulheres… O escalão de Seniores (mais de 50 anos) tem cada vez mais senhoras, em todo o País. E além das provas regulares das associações e clubes no respectivo escalão etário, muitas jogam durante a semana com as amigas. A Aroeira tem algumas destas jogadoras, que se juntam duas ou três vezes por semana para trei-

A Inatel e o Clube de Campo da Aroeira têm um protocolo de parceria. Se qualquer associado do INATEL pretender fazer uma iniciação ao golfe, a Aroeira oferece um "baptismo" na modalidade. Basta contactar qualquer das duas entidades.

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Vitor Madureira

nos e depois jogam torneios ao fim de semana. "O golfe ajuda a descontrair e é importante para o meu equilíbrio emocional. Sou uma privilegiada por poder jogar golfe com as minhas amigas. Já não tenho os filhos em casa, não trabalho e o golfe é uma forma de manter o equilíbrio", dissenos Maria José Marques, que joga há 14 anos. "O golfe permite tudo o que precisamos nesta idade - movimento, exercício num ambiente de Natureza, convívio e toda a envolvência", acrescentou. "Para mim o golfe foi uma terapia. Após uma vida intensa de trabalho, agora é o golfe que me compensa, obrigando-me a andar, fazer exercício e proporciona convívio e conhecer mais pessoas", referiu Maria Lucinda Costa, que durante a semana joga duas ou três vezes com as amigas e aos fins de semana com o marido, ainda em actividade profissional. O seu carinho e a ligação ao golfe levou-a a criar um torneio anual, apenas para os amigos e sempre em Agosto no Sotavento algarvio - o Open da Manta Rota - que proporciona sempre um dia inesquecível de bom convívio, desportivo e social. "O golfe é o meu hobbie preferido e quando jogo sinto-me muito melhor fisicamente", diz Marieta Araújo, ex-professora no ensino secundário e que joga há cerca de 20 anos.n Valdemar Afonso (texto e fotos)



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Diáspora

Emigrantes alentejanos partiram há cem anos para o Havai

Memória da grande travessia Corria o ano de 1911. Portugal vivia os primeiros tempos da República, esperançosos e ardentes como o verde e o vermelho da nova bandeira. Lisboa e outros centros urbanos rejubilavam com os horizontes que a política republicana parecia abrir, mas o mesmo não acontecia em certas regiões do interior do país.

E

ra o caso do Alentejo, em especial da depauperada zona da margem esquerda do Guadiana, endemicamente pobre, dependente duma agricultura rotineira e primitiva que não consentia grandes esperanças. Nesse início do século XX, as colheitas no concelho de Serpa foram ruinosas e o desemprego atingiu cifras elevadíssimas. Medidas de reestruturação da propriedade fundiária, como a divisão em lotes do baldio da Serra Grande e sua repartição por habitantes do concelho, fracassaram. As parcelas distribuídas ficavam em locais pouco acessíveis, os solos eram áridos e não havia dinheiro para os fazer produzir. Muitos camponeses venderam os seus lotes ao desbarato, voltando à primitiva condição de sem terra. Andavam nessa altura pelo concelho de Serpa uns engajadores de emigrantes para umas ilhas americanas que, diziam, eram um verdadeiro paraíso. As ilhas Sandwich, assim se chamavam elas, tinham um clima ameno, fartura de laranjais e vastas plantações de açúcar e cana-de-açúcar. Só faltavam braços para a agricultura. Não quereriam os camponeses de Serpa e arredores aproveitar a oportunidade de emigrar para aquelas terras de solos férteis e enriquecimento garantido? Seduzidas por esta ilusão, cerca de mil pes30

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soas disponibilizaram-se a embarcar para as ilhas Sandwich, actual arquipélago do Havai, naquela que foi a maior vaga migratória até essa data registada no Alentejo. Gente tradicionalmente agarrada à terra como são os alentejanos, viu-se obrigada a partir para longe, acossada pelo espectro da miséria. Em finais de Fevereiro de 1911, o contingente migratório partiu para Lisboa e dali embarcou para as Sandwich a bordo do vapor Orteric. A chegada dos emigrantes à capital foi seguida pelas revistas "Ilustração Portuguesa" e "Brasil-Portugal", que se comoveram com o humilhante espectáculo. "Homens, mulheres e crianças alentejanas que emigram, quase um milhar, num êxodo de misérias, passaram na cidade, do Tejo para os casebres onde as alojaram, deixando um rastro de condolências", lêse na edição de 6 de Março de 1911 da "Ilustração Portuguesa", numa reportagem intitulada "Os que a fome escorraça". O texto é ilustrado por uma vintena de clichés do célebre fotógrafo Joshua Benoliel, cujo dramatismo ainda hoje nos toca. O repórter da "Ilustração Portuguesa" impressiona-se com aquela "legião meia sonâmbula, que passava sem uma palavra, carregada com os sacos onde ia toda a sua fortuna", e censura os engajadores, que disfarçavam "com as cores da mentira o fosco da realidade".


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Desconheciam os emigrantes que "muitos portugueses têm saído desse lugar apontado como maravilhoso, não lhes disse do trabalho árduo que têm de fazer, debaixo da soalheira ardente, colhendo a cana do açúcar ou arrancando blocos nas pedreiras sob o olhar falso e vigilante dos índios que lisonjeiam os patrões e são os encarregados dos trabalhos." Muitos dos engajadores de emigrantes não passavam de "contratadores de carne humana", escreve Joaquim Palminha da Silva, no seu livro "Portugueses no Havai - Da Imigração à Aculturação". Estes, "viviam pela América, Havai, ou frequentavam os Açores e as nossas províncias do norte e outras localidades propícias ao desenvolvimento da 'espécie' denominada emigrantes. Normalmente comiam a dois carrinhos. Primeiro: recebendo a capitação que lhes era abonada pelos governos interessados em que lhes mandasse gente; Segundo: cobrando uma percentagem às companhias de navegação, por cada cabeça que entregavam a bordo."

A revista "Brasil-Portugal" considera inevitável o aumento da emigração, "enquanto uma funda transformação da vida social não destruir as causas que a produzem." Tais causas resumiam-se numa palavra: "Miséria, miséria, miséria. Do berço à cova. Olhos que secaram de chorar todos os prantos, bocas crestadas, ao nascer, pelo vento da adversidade, e que nunca floriram num sorriso feliz." Um dia, vindo "não se sabe bem donde", aparecia "um bom senhor bem-falante e cortês, com palavras doces na boca sorridente e cachuchos reluzentes nos dedos trigueiros", que lhes diz "coisas maravilhosas dum país longínquo onde se chega a colher o oiro esgaravatando no solo." O Orteric zarpou de Lisboa nas primeiras semanas de Março de 1911 e chegou às Sandwich a 13 de Abril. A viagem era penosa para quem, como os emigrantes, viajava no desconforto dos porões. Uma carta dirigida ao Ministério dos Negócios Estrangeiros pelo cônsul de Portugal no Pará, citada por Joaquim Palminha da Silva, informa-nos sobre o trata-

António Valente Carrasco (o homem mais novo), a mulher, Ana do Carmo, e os seus filhos, que emigraram de Moura para o Havai, em 1912.

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mento dado aos emigrantes: "As embarcações que têm transportado imigrantes para este distrito dividem-nos em duas classes, ré e proa, segundo a importância maior ou menor da passagem paga. Em geral são os da ré tratados mal, mas os da proa são-no sofrivelmente. São raríssimas as embarcações em que os da ré são tratados sofrivelmente e os da proa apenas mal." Com a sua carga de 1451 passageiros, entre os quais 547 homens, 373 mulheres e 531 crianças, o Orteric chegou sem novidade ao porto de Honolulu, capital das Sandwich. Qual a sorte destes emigrados? Cem anos decorridos, a memória esvaiu-se quase por completo. O jornalista Paulo Barriga, que tratou o tema da emigração dos alentejanos para o Havai na edição de 30 de Junho de 2000 do semanário "O Independente", nota que "raros são os relatos que actualmente dão notícia da debandada, que em certas localidades foi quase total". No concelho de Serpa, os mais idosos lembravam-se apenas de famílias que ficaram conhecidas por "Americanos", ou de mulheres a quem chama32

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vam Maria da América. Mesmo assim, o jornalista conseguiu localizar Domingos Lourenço Trindade, nascido nas ilhas Sandwich e residente em Vale de Vargo. Filho de um casal que emigrou em 1911, Domingos Trindade explicou que os seus pais "trabalharam nas plantações de cana-de-açúcar, sob o sol dos trópicos", durante sete anos. Contudo, o pai sofreu um acidente de trabalho, o que fez com que a família regressasse a Portugal. Da sua infância em terras havaianas, Domingos Trindade guardava apenas a recordação dum objecto que para ele foi uma completa novidade. "Não me lembro de mais nada a não ser das torneiras, só muito mais tarde é que vi coisas daquelas aqui na terra." A emigração de alentejanos para o Havai continuou no ano seguinte. Em 1912 verificouse um novo surto migratório, como documenta a lista de passageiros do vapor Harpalien, que deixou Lisboa em 25 de Fevereiro desse ano e aportou a Honolulu a 16 de Abril. Da lista constam nomes como António Condeça, de Vale de Vargo, Francisco José Estrela, de Serpa, Joaquim


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António Gregório, de Pias, e António Valente Carrasco, de Moura. Nascido em 1882, agricultor de profissão, António Valente Carrasco embarcou com a mulher, Ana do Carmo, e três filhos, Maria, Antónia e Joaquim, de sete, três e dois anos. Ana do Carmo estava grávida. Em 2 de Abril de 1912, a poucos dias do fim da viagem, nasceulhes mais um filho, José, a bordo do Harpalien. "A família fixou-se em Kauai, uma das oito ilhas do arquipélago do Havai", conta o americano Glen Valente, 61 anos, neto de António Valente Carrasco. "Trabalhavam na agricultura e na criação de gado, pois tinham uma pequena leitaria." Entretanto, a prole aumentava. "Em 1916 nasceu o meu pai, John Valente, em Makawao, e em 1919 o meu tio Anthony, em Kapaia." Os emigrantes portugueses "dedicavam-se em especial à cultura da cana e à criação de gado leiteiro", conta o investigador Eduardo Mayone Dias, na sua obra "A Presença Portuguesa no Havai". Todavia, a partir dos anos 20 do século passado, muitos abandona-

ram "esta última actividade, devido à concorrência das grandes companhias." Nessa fase, prossegue Mayone Dias, registou-se uma descida do nível dos salários das plantações, "provocada pela importação em massa de trabalhadores orientais." Muitos portugueses saíram do Havai, entre eles os Valente, que em 1921 trocaram a ilha de Kauai pela Califórnia. A família estabeleceu-se inicialmente na cidade de Santa Clara, em pleno Silicon Valley, hoje mundialmente famoso pelas suas indústrias electrónicas. Após a morte de uma das filhas, em 1926, mudam-se para Isleton, nas imediações de Sacramento. Ali vem a falecer a mãe, Ana do Carmo Valente, em 1933. O périplo termina na cidade de Lodi, no Vale de S. Joaquim, onde a família se instalou e em cuja área até hoje permanece. "O Vale de S. Joaquim é uma das mais importantes regiões agrícolas dos EUA. Vivem aqui inúmeros portugueses, especialmente dos Açores e da Madeira, que muito contribuíram para o desenvolvimento da agricultura", salienDEZ 2011 |

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ta Joe Valente, outro dos netos de António Carrasco Valente. Melhor do que ninguém, este descendente de alentejanos sabe do que fala. Joe Valente gere uma grande empresa agrícola de Lodi, a Kautz Farms, que explora uma área de 5500 acres de vinha, o correspondente a 2225 hectares. A cidade de Lodi é, aliás, conhecida pelos seus vinhos, em especial os tintos da casta Zinfandel. "O meu avô comprou uma propriedade perto de Lodi, a que chamou o Valente Brothers Ranch", diz Glen Valente. "Começaram por criar gado e produzir leite. Depois investiram na agricultura, especialmente na produção de tomate." Dos seis irmãos Valente, apenas um, Joaquim, casou com uma portuguesa. Chamava-se Maria Selmes e, tal como o marido, era filha de alentejanos. Com a morte de António Valente Carrasco, em 1958, e o envelhecimento dos seus filhos, a 34

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família afastou-se das fainas agrícolas e mudouse para a vizinha cidade de Stockton. O Valente Brothers Ranch foi vendido, rodeado pelas vinhas e pomares do fértil Vale de S. Joaquim. Cidadãos americanos, Glen Valente e os seus irmãos John e Linnete, os primos Jack, Tom e Mike, retêm apenas meia dúzia de palavras portuguesas que ouviam aos mais idosos. Não esqueceram também o gosto destes por um estranho peixe chamado bacalhau, que eles, mais novos, nunca consumiram. A geração mais velha dos Valente não voltou a pisar solo português. O contacto com a família alentejana só foi reatado no Verão de 2009, quando Brian Valente, bisneto de António Valente Carrasco, visitou Portugal. Dois anos depois, foi vez de Glen e a sua mulher Rosie conhecerem o país dos seus antepassados, um século depois da grande viagem. n Alberto Franco




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Quarto com ocupação Single (SGL) menos €5 nos preços tabelados


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Preços máximos de venda

INATEL ALAMAL Quinta do Alamal, Aprt. 21, 6040-999 GAVIÃO | t. 245 900 243 f. 245 900 240 | inatel.gaviao@inatel.pt

€96 €120 €136

Época Baixa Época Média Época Alta

-

Especial

Alta

Baixa

Média

STANDARD Especial

Alta

Média

Baixa

Apart. T3

€33 €45 €64

Janeiro a Março; Novembro; Dezembro Abril a Junho; Setembro; Outubro Julho e Agosto; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

-

Unidade Hoteleira unicamente em APA (Alojamento e Pequeno Almoço) Refeições Avulsas: Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

CAMA EXTRA / Noite - Baixa: €12 | Média: €14 | Alta/Especial: €16 Quarto com ocupação Single (SGL) menos €5 nos preços tabelados

PESTANA VILLAGE APARTHOTEL **** Estrada monumental 194, 9000-098 Funchal | t. 291701600 f. 291765727 | reservas.madeira@pestana.com

€82,40 €123,60 €164,80 €72,10 €108,15 €144,20 €44,29 €66,44 €88,58

Festa da Flor

Festa da Flor: entre sexta-feira anterior e o Domingo do cortejo (reservas de uma semana aplicar-se-ão os preços de todo o ano).

Fim de Ano

Fim de Ano: de 29/12/2011 a 03/01/2012 (obrigatório: mínimo de 3 noites)

CONDIÇÕES GERAIS DE UTILIZAÇÃO 2012 2. CONFIRMAÇÃO DA RESERVA / Unidades Hoteleiras e Turismo em Espaço Rural / PAGAMENTOS / GARANTIAS 2.1. Após o conhecimento, por parte do beneficiário 1.PEDIDO DE RESERVA associado ou do beneficiário não associado, da acei1.1. Os pedidos de reserva de alojamento poderão tação do seu pedido, a reserva terá que ser confirser efectuados directamente para a unidade que se mada de imediato de acordo com as capacidades da pretende utilizar através de telefone, fax, e-mail, via Unidade Hoteleira, tendo como prazo máximo de respostal, no sítio da Fundação INATEL na Internet posta os 5 dias úteis seguintes à aceitação do pedido. (www.inatel.pt), pessoalmente ou através da rede de Agências INATEL, sediadas um pouco por todo 2.2. A reserva só se considera confirmada: o país. Excepto para período compreendido entre 1 -Depois de recepcionado, na unidade onde foi de Julho e 31 de Agosto de 2011, na unidade efectuada o sinal correspondente a no mínimo 1 INATEL Albufeira (época especial). dia de estada em APA, podendo ser efectuado o pagamento integral da mesma antecipadamente; 1.2. Para o período de época especial, na unidade -Para reservas efectuadas via Internet, a garantia hoteleira de Albufeira, as reservas deverão ser efecde pagamento é de 1 dia de estada em APA. tuadas por fax, e-mail e via postal, utilizando o impresso próprio publicado na revista Tempo Livre e 2.3. O não cumprimento dos pontos 2.1 e 2.2. é endisponível em todas as unidades INATEL, Agências tendido como desistência do pedido de reserva. INATEL e no sítio da Fundação INATEL na Internet, entre 25 de Fevereiro e 5 de Março. 2.4. Pagamentos Os pagamentos podem ser efectuados em dinheiro, 1.3. As reservas para o INATEL Albufeira serão selec- cartão de débito, cartão de crédito, transferência bancionadas tendo em conta, preferencialmente, os se- cária, cheque, ou voucher (mediante a apresentação guintes critérios: do mesmo ao balcão da unidade hoteleira). Quando - Ser beneficiário da Fundação INATEL; o pagamento for efectuado por transferência bancá- Ser trabalhador no activo; ria, o comprovante emitido pelo banco deverá ser en- Maior número de pessoas, maiores de 4 anos, a viado para a U.H. Quando tal não for possível deverá utilizar o mesmo alojamento; ser apresentado no acto do Check-In. - Não ter utilizado a unidade INATEL de Albufeira na O não cumprimento desta prova, torna o pagamento época especial do ano anterior. correspondente sem efeito. Nota: Só serão considerados os pedidos de reserva com datas de envio, compreendidos entre os dias 25 3.UTILIZAÇÃO DO ALOJAMENTO de Fevereiro e 5 de Março. E REGIME DE PENSÃO 3.1. A utilização do alojamento compreende-se 1.4. Em qualquer pedido de reserva deverão cons- desde as 16 horas do primeiro dia até às 12 horas tar os seguintes dados: do último dia reservado. -Nome e número de beneficiário; -Morada para envio de correspondência; 3.2. A não entrega da chave do quarto por parte do -Número de telefone, fax e endereço electrónico beneficiário associado ou não associado até às 12 (preferencialmente); horas do dia de saída, implicará o pagamento de um -Número de pessoas a alojar e idades dos utiliza- dia adicional de estada. dores; - Tipo de alojamento pretendido: 3.3. Quando da operação de “Check-In” (entrada na -Tipo de Pensão (Alojamento e Pequeno-al- unidade INATEL) o titular da reserva confirmará o moço, Meia Pensão, com almoço ou jantar, ou regime de pensão a praticar durante a totalidade da Pensão Completa); estada, que será a mesma para todos os elementos -Datas da reserva pretendida e eventuais constantes na reserva. períodos alternativos. 3.4. A comparência após a data prevista da reserva

Fim de Ano

Festa da Flor

DUPLO Todo o ano

Fim de Ano

Festa da Flor

INDIVIDUAL Todo o ano

Fim de Ano

Festa da Flor

Todo o ano

SUITE JÚNIOR Fim de Ano

Festa da Flor

Todo o ano

SUITE

€51,50 €77,25 €103,00

Suplementos Meia Pensão Pensão Completa Cama Extra

€15,45 €20,60 €15,45

ou a saída antecipada, por parte do titular e/ou dos elementos do agregado, não isenta do pagamento do valor correspondente à totalidade da reserva aplicando-se, para o efeito, a tabela reservada de alojamento e pequeno-almoço. A não comparência na unidade INATEL até às 20h00 do dia reservado de chegada, desde que não seja comunicado/informado, leva à anulação da reserva.

5.2. Clientes de outras nacionalidades Aquando da entrada na unidade, o titular da reserva deverá ser portador do Bilhete de Identidade / Cartão de Cidadão / Passaporte (Beneficiário Não Associado), Cartão de Beneficiário actualizado (Beneficiário Associado) e Bilhetes de Identidade ou documento identificativo dos seus acompanhantes, para efeitos de SEF – Serviço Estrangeiros e Fronteiras.

4. DESCONTOS E BONIFICAÇÕES CRIANÇAS 4.1. As crianças até aos 4 anos de idade, inclusive, são atendidas gratuitamente em qualquer altura do ano.

5.3. Todas as reservas só poderão ser aceites nas unidades hoteleiras da Fundação INATEL, quando os seus titulares forem portadores dos respectivos documentos de identificação.

4.2. As crianças dos 5 aos 12 anos, inclusive, compartilhando um quarto com, pelo menos dois adultos, beneficiam dos seguintes descontos: Alimentação a) Durante todo o ano – 50% do valor dos suplementos de pensão (almoço e/ou jantar); Alojamento a) Durante todo o ano – 50 % dos valores respeitantes ao alojamento, desde que alojados no quarto com os pais (adultos);

6. DESISTÊNCIA DEPOIS DA CONFIRMAÇÃO DA RESERVA 6.1. Haverá lugar ao reembolso parcial do valor da confirmação (sinal), quando a desistência for comunicada à unidade nos termos seguintes: Até 30 dias antes do início da reserva: 90%; Entre 15 e 30 dias antes do inicio da reserva: 50%; Nos 15 dias anteriores ao dia de início da reserva perde o direito ao reembolso.

6.2. Nas épocas Alta e Especial, os cancelamen4.3. As crianças com ou mais de 13 anos são con- tos efectuados depois do período de 30 dias sideradas adultos. antes do início da reserva não são reembolsáveis. 4.4. No caso de serviços especiais / Grupos / Organização de eventos / Seminários / Reuniões e outros, os descontos e bonificações para crianças, são os que constam do Manual de Menus da Fundação INATEL, que será fornecido a quem pretenda organizar este tipo de eventos. ADULTOS 4.5. Se o alojamento for ocupado por 3 ou mais pessoas, o 3.º hóspede e seguintes, com ou mais de 13 anos, pagarão o preço da cama suplementar. Nota: Os descontos referidos não são acumuláveis entre si nem com qualquer outra promoção da Fundação INATEL. 5. DOCUMENTAÇÃO 5.1. Clientes Nacionais Aquando da entrada na unidade, o titular da reserva deverá ser portador do Bilhete de Identidade / Cartão de Cidadão (Beneficiário Não Associado), Cartão de Beneficiário actualizado (Beneficiário Associado).

7. LISTA DE ESPERA 7.1. Os pedidos de reserva efectuados de acordo com as presentes Condições Gerais de Utilização e não atendidos, devido à inexistência de vagas, serão considerados em lista de espera. 8. PREÇOS E IVA 8.1. Os preços indicados são em euros com IVA incluído à taxa legal em vigor. 9. OBSERVAÇÃO DAS NORMAS EM VIGOR 9.1. A confirmação da reserva em qualquer unidade da Fundação INATEL implica para o beneficiário associado ou não associado e seus acompanhantes, a aceitação das Condições Gerais de Utilização e o cumprimento das normas regulamentares aplicáveis. 10. OMISSÕES 10.1. Na eventualidade de surgirem situações não previstas nestas Condições Gerais de Utilização serão as mesmas resolvidas pela Direcção da respectiva unidade.


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Preços máximos de venda

INATEL TERMAS DE MANTEIGAS Aprt. 17, 6260-012 MANTEIGAS | t. 275 980 300 f. 275 980 340 | inatel.manteigas@inatel.pt Período de funcionamento 01 Março a 30.Novembro 2012 Época Alta Julho a Setembro

INATEL TERMAS DE ENTRE-OS-RIOS Torre, 4575-416 PORTELA PNF | t. 255 616 059 f. 255 615 170 | inatel.erios@inatel.pt Período de funcionamento 02 Maio a 31 Outubro 2012 Época Alta Julho e Agosto

Consulta Médica (Com direito a 3 Consultas) Inscrição Termal a)

MANTEIGAS €32,50 €32,50

TRATAMENTOS Aerossol Banho de Imersão Simples Banho de Imersão c/ bolha de ar Banho de Vapor à Coluna Vapor aos membros Duche de Agulheta Duche Escocês Duche (tipo Vichy) Hidromassagem Computorizada Hidromassagem Niagara Inalação Irrigação Nasal Nebulização Colectiva Nebulização Individual Pulverização

€3,70 €5,25 €5,25 €6,35 €5,25 €5,25 €5,25 €12,50 €7,50 €8,50 €3,70 €3,70 €3,70 €3,70 €3,70

FISIOTERAPIA Calor Húmido Massagem Geral Massagem Parcial TENS Pressoterapia Ultra Sons

€3,70 €13,50 €8,00 €4,20 €7,75 €5,00

Tratamentos na Piscina e Corredor de Marcha b) Hidromassagem em Piscina Termal Hidroterapia de Piscina Termal Corredor de Marcha

ENTRE-OS-RIOS €32,50 Consulta Médica (com direito a 3 consultas) €32,50 Inscrição Termal a)

€3,75 €5,00 €5,00 €4,50 €4,50 €12,00 €3,50 €7,10 €7,10 €3,75 €3,75 €3,75

TRATAMENTOS Aerossol Banho de Imersão Simples Banho de Vapor à Coluna Bertholet aos membros Duche de Agulheta Duche (tipo Vichy) Gargarejo Hidromassagem Computorizada Simples Hidromassagem Computorizada Bolhas Ar Inalação Irrigação Nasal Pulverização

€3,00 €3,50 €12,50 €7,00 €4,20

FISIOTERAPIA Calor Húmido Infra-vermelhos Massagem Geral Massagem Parcial Ultra Sons

Preços respeitantes a 2012 e têm IVA incluído à taxa legal em vigor a) Valor válido para todo o ano €6,50 €6,50 €5,00

DESCONTOS 20% na época baixa


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Preços máximos de venda

INATEL PARQUE DE CAMPISMO DE S. PEDRO DE MOEL Av. do Farol, 2430-502 MARINHA GRANDE | t. 244 599 289 f. 244 599 550 | spm@msri.pt

As taxas diárias de utilização têm redução de 20% no período de 01.10 a 31.05 TABELA MENSAL DE TAXAS - EXCLUSIVA A ASSOCIADOS

U.A. C/ 2 cartões pessoais + viatura U.A. C/ 3 cartões pessoais + viatura U.A. C/ 4 cartões pessoais + viatura U.A. C/ 5 cartões pessoais + viatura U.A. C/ 6 cartões pessoais + viatura U.A. (pessoal e viatura) LUZ kw Água m3 Transmissão de alvéolo

TABELA DE LIGAÇÕES DE ÁGUA,ELECTRI. E ESGOSTOS

€95,00 €101,50 €108,65 €122,00 €135,60 €27,00 €0,19 €1,42 €176,00

Ligação inicial Ligação inicial+ cozinha

€573,40 €665,60

TABELA DE REINSTALAÇÃO

Ligação residencial + cozinha Ligação de cozinha Ligação residencial

€346,40 €272,10 €272,10

Preços com IVA incluído à taxa de 6% NOTA: Termos, Condições e Tabelas de Preços de estadias com PERMANÊNCIA MÁXIMA DE 30 DIAS, deverão ser consultas em www.inatel.pt e/ou no PC S. Pedro de Moel.

INATEL PARQUE DE CAMPISMO DE CABEDELO Av. dos Trabalhadores, Cabedelo - 4900-056 DARQUE | t. 258 322 042

f. 258 331 502 | pc.cabebelo@inatel.pt

As taxas diárias de utilização, que incluem o titular, têm redução de 30% no período de 01.10 a 31.05

DESIGNAÇÃO

Maior 12 anos Acampado Acompanhante

Maior 12 anos Visita

Tenda até 3m2 Cozinha Reboque

Tenda Atrelado Tenda

Caravana Autocaravana

Viatura Ligeira Reboque Barco

Motos

Autocarro

Motorizada

Associados

€2,20

€2,10

€3,00

€5,65

€6,70

€1,30

€1,20

€30,25

Não associados c/ carta campista

€4,05

€3,55

€4,20

€6,25

€7,80

€2,20

€2,30

€35,30

Não associados s/ carta campista

€4,20

€4,05

€4,70

€6,80

€8,85

€3,00

€3,15

€40,35

Preços com IVA incluído à taxa de 6% TABELA DE TAXAS – EXCLUSIVA PARA ASSOCIADOS Substituição Cartão Utente/Dia d)

Averbado Maior 12 anos (incl.) /mês

€2,20 d)

€6,30 b)

TAXAS ANUAIS

€75,00 b) g)

TAXAS DE SERVIÇO

U.A./Caravana a)

U.A./Tenda a)

Extravio 2.ªvia Cartão Utente

U.A. Equipada f)

Viatura c)

Zona verde Caravana h)

Zona verde Tenda h)

€30,25/mês

€125,00/mês

€17,50

€215,00

€190,00/mês

€960,00€ a) €1085,00€ g)

M.D. e) €22,50

€1500,00 f) €1575,00 f)

VIATURA c) €175,00

€51,50 €36,00

Vistoria eléctrica Util. tractor/hora

€8,25 €15,50

€98,00/mês a) €82,50/mês a) €1195,00 a) €1270,00 g)

Levantamento de material Depósito de material/mês

a)Para estadias em U.A.Fixas, no regime mensal e Inclui Associado - Titular, U.A. Car./Avançado/Coz. ou Tenda/Coz, com Energia. Taxa Anual c/ 4% de desc, não incluida. b) A pedido do titular da U.A e para associados com estadia minima por um Ano. c) Parqueamento de 2ª viatura em Parque interior para averbados com taxa mensal. d) Taxa diária aplicada por esquecimento do Cartão de Utente. k) Taxa a aplicar às U.A. referidas em a), g) e h) de Junho a Setembro. e) Material em depósito - Período de Outubro a Março. f ) U.A.-Equipadas/Titular/Viatura, anual com desconto de 4% em Janeiro e Junho, não incluído.

BUNGALOWS P.C. CAPARICA E P.C. CABEDELO

Época

De 01/07 a 10/09 De 11/09 a 29/12 e 02/01 a 30/06 De 30/12 a 1/01 e FDS Páscoa/Carnaval Supl. Extra Pax

Preço inclui parqueamento duma viatura, toalha e roupa de cama.

g) U.A./Equipamento Campista/Viatura/Duas pessoas/T.Energia, anual com desconto de 3% em Janeiro e Junho, não incluído. h)ZONA VERDE Com Carav ou Tenda/Avançado/Cozinha/Viatura/Energia com duas pessoas de Junho a Setembro. Tendas s/energia com 5% desconto. i)Os portadores de deficiência devidamente comprovada, têm direito a 50% de desconto na Taxa Mensal de Averbado ou taxa diária. j) Os Grupos Escolares ou outros devidamente credenciados, com mínimo de 15 pessoas, terão direito ao desconto até 40% nas taxas diárias de utilização.

Associados/Dia

Até 4 Pax – €55,00 Até 4 Pax – €38,00 Até 4 Pax – €55,00 €5,00 cada

C/ LCN FCMP/Dia

Noites 8

Noites 15

Até 4 Pax – €60,00 Até 4 Pax – €41,00 Até 4 Pax – €60,00 €5,50 cada

Desconto de 3% Desconto de 3% Desconto de 3% -------------------

Desconto de 6% Desconto de 6% Desconto de 6% ------------------


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Preços máximos de venda

INATEL PARQUE DE CAMPISMO DA CAPARICA Av. Afonso de Albuquerque, S. João de Caparica, 2825-450 COSTA DE CAPARICA | t. 211 155 495 /6 /7 /8 f. 212 911 553 | pc.caparica@inatel.pt As taxas diárias de utilização, que incluem o titular, têm redução de 15% no período de 01.10 a 31.05

DESIGNAÇÃO

Maior 12 anos Acampado Acompanhante

Maior 12 anos Visita

Tenda até 3m2 Cozinha Reboque

Tenda Atrelado Tenda

Caravana Autocaravana

Viatura Ligeira Reboque Barco

Motos

Autocarro

Motorizada

Associados

€2,20

€2,10

€3,00

€5,65

€6,70

€2,30

€1,20

€30,25

Não associados c/ carta campista

€4,05

€3,55

€4,00

€6,25

€7,80

€3,25

€2,30

€35,30

Não associados s/ carta campista

€4,20

€4,05

€4,70

€6,80

€8,85

€4,20

€3,15

€40,35

Preços com IVA incluído à taxa de 6% TABELA DE TAXAS – EXCLUSIVA PARA ASSOCIADOS Substituição Cartão Utente/Dia d)

Averbado Maior 12 anos (incl.) /mês

€2,20 d)

€6,30 b)

TAXAS ANUAIS E MENSAIS

€75,00 b) g)

TAXAS DE SERVIÇO

U.A./Caravana a)

U.A./Tenda a)

Extravio 2.ªvia Cartão Utente

U.A. Equipada f)

Viatura c)

Zona verde Caravana h)

Zona verde Tenda h)

€30,25

€165,00/mês

€30,00

€225,00/mês

€195,00/mês

€1700,00 a) €1775,00 g)

M.D. e) €75,65/Mês

€1980,00 f) €2.053,00 f)

VIATURA c) €275,00

€51,50 €36,00

Vistoria eléctrica Util. tractor/hora

€8,25 €15,50

€158,00/mês a) €140,00/mês a) €1915,00 a) €1990,00 g)

Levantamento de material Depósito de material/mês

a)Para estadias em U.A.Fixas, no regime mensal e Inclui Associado - Titular, U.A. Car./Avançado/Coz. ou Tenda/Coz, com Energia. Taxa Anual c/ 4% de desc, não incluida. b) A pedido do titular da U.A e para associados com estadia minima por um Ano. c) Parqueamento de 2ª viatura em Parque interior para averbados com taxa mensal. d) Taxa diária aplicada por esquecimento do Cartão de Utente. k) Taxa a aplicar às U.A. referidas em a), g) e h) de Junho a Setembro. e) Material em depósito - Preço mês. f ) U.A. -Equipadas/Titular, anual com desconto de 4% em Janeiro e Junho, não incluídos.

g) U.A./Equipamento Campista/Duas pessoas/Anual com desconto de 4% em Janeiro e Junho. h)ZONA VERDE Com Carav. ou Tenda/Avançado/Cozinha com duas pessoas de Junho a Setembro. i)Os portadores de Deficiência devidamente comprovada, têm direito a 50% de desconto na Taxa Mensal de Averbado ou taxa diária de Acompanhante. j) Os Grupos Escolares ou outros devidamente credenciados, com mínimo de 15 pessoas, terão direito ao desconto até 40% nas taxas diárias de utilização.

INATEL PARQUE DE CAMPISMO DE BRAGANÇA Estrada de Rabal - 5300-671 MEIXEDO | t. 273 001 090 f. 273 001 097 | pc.braganca@inatel.pt

As taxas diárias de utilização, que incluem o titular, têm redução de 30% no período de 01.10 a 31.05 DESIGNAÇÃO

Maior 12 anos Acampado Acompanhante

Maior 12 anos Visita

Tenda até 3m2 Cozinha Reboque

Tenda Atrelado Tenda

Caravana Autocaravana

Viatura Ligeira Reboque Barco

Motos

Autocarro

Motorizada

Associados

€2,20

€2,10

€3,00

€5,65

€6,70

€1,30

€1,20

€30,25

Não associados c/ carta campista

€4,05

€3,55

€4,20

€6,25

€7,80

€2,20

€2,30

€35,30

Não associados s/ carta campista

€4,20

€4,05

€4,70

€6,80

€8,85

€3,00

€3,15

€40,35

Preços com IVA incluído à taxa de 6% TAXAS DE SERVIÇO

Levantamento de material Depósito de material/mês

€51,50 €36,00

Vistoria eléctrica Util. tractor/hora

a) Material em depósito b) A taxa diária de qualquer instalação inclui uma pessoa. c)Os portadores de deficiência devidamente comprovada, têm direito a 50% de desconto, não acumulável na taxa diária. d) Os Grupos Escolares ou outros devidamente credenciados, com mínimo de 15 Pessoas, terão direito ao desconto até 40% nas taxas diárias de utilização.

€8,25 €15,50


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Preços máximos de venda

Cerveira Bragança Cabedelo

Graciosa Flores Entre-os-Rios Sta. Maria da Feira S. Pedro do Sul AÇORES

Fornos de Algodres Linhares da Beira Manteigas Luso Piódão

Porto Santo

S. Pedro de Moel Funchal MADEIRA

Gavião Foz do Arelho

Unidades Hoteleiras

Castelo de Vide

Oeiras Caparica

PRAIA MONTANHA NATUREZA BEM-ESTAR RURAL CAMPISMO

Albufeira


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Sabia que já pode fazer a sua reserva para as Unidades Hoteleiras nas Agências INATEL? INATEL Linhares da Beira INATEL Albufeira

Mas as novidades não terminam aqui… agora também pode fazer reservas em qualquer um dos balcões da nossa vasta rede hoteleira! É simples, prático e sem custos adicionais! Aproveite e marque já!


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FUNDAÇÃO INATEL Calçada de Sant’Ana, 180 1169-062 LISBOA t. 210 027 000

DMRI . 1111

www.inatel.pt


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Comunidades

Livraria Orfeu, em Bruxelas Um pólo cultural lusitano A única livraria portuguesa na região do Benelux tem sede em Bruxelas e completou um quarto de século. Espaço de tertúlia, de exposições e de animação cultural, a Livraria Orfeu conta igualmente com um sector de edição que já tem em carteira cerca de trinta títulos.

A

rua chama-se Taciturne. É uma rua banal, sem nada que a distinga especialmente de outras artérias de Bruxelas. Na sobreloja do nº 43 há muitos livros espalhados sobre mesas transfiguradas em escaparates e aprumados em estantes. As duas salas contíguas que constituem o espaço da Livraria Orfeu são banhadas por uma luz clara e quente que contrasta

com o cinzento mortiço e frio da rua. Um busto de Camões, alguma pintura, uma serigrafia de José Rodrigues, escultura, porcelanas e música clássica perfazem o cenário. Uns sofás junto às janelas reforçam o ambiente acolhedor e são um convite à cavaqueira. A livraria está dois passos da Rue de la Loi e de algumas das instituições europeias mais conhecidas, como a Comissão, o Conselho ou o Parlamento - à distância de uma breve caminhada de dez ou quinze minutos. Numa vida anterior ficava num quarteirão mais distante, mas há dez anos mudou-se com armas, bagagens e livros para a Rue du Taciturne, onde iniciou um novo ciclo de vida e onde comemorou, em Setembro passado, um quarto de século de existência. A Orfeu tem praticamente os mesmos anos que tem a integração portuguesa na União Europeia. Nasceu em 1986, na sequência da chegada a Bruxelas da primeira vaga de portugueses que foram trabalhar para a Comissão Europeia. A iniciativa da sua fundação deve-se, aliás, a dois desses portugueses, Fernando Gandra e Maria Manuela Gandra. Em 1999 passou para as mãos de Joaquim Pinto da Silva, também funcionário da Comissão, que decidiu a mudança para as actuais instalações. Com o novo ciclo reforçaramse as actividades habituais e foram acrescentadas outras, como a editorial, que já soma cerca de três dezenas de títulos publicados.

Vocação cosmopolita A Livraria Orfeu é, naturalmente, um ponto de venda de livros em edição portuguesa, desde livros escolares às mais recentes novidades editoriais de uma boa parte das principais casas de publicação lusitanas. Mas é possível encontrar DEZ 2011 |

TempoLivre 37


37a39:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:12 Page 50

Comunidades

Joaquim Pinto da Silva

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também, numa secção especial, edições em galego. "Porque são línguas muito próximas, com muito em comum, que partilham a mesma origem", justifica Joaquim Pinto da Silva, o proprietário actual da Orfeu. A livraria é mais do que um espaço de venda, por onde passam não apenas portugueses expatriados, mas também belgas - ali podemos encontrar, aliás, traduções para flamengo e francês de obras portuguesas. A livraria tem sido, na prática, um importante pólo difusor da cultura portuguesa, acolhendo debates, conferências e tertúlias e apresentações públicas de livros. No âmbito deste tipo de eventos já passaram pelas salas da Livraria Orfeu o Nobel José Saramago (em duas ocasiões), o antigo Presidente da República Mário Soares, o realizador de cinema Manoel de Oliveira, os escritores Urbano Tavares Rodrigues, Pedro Támen, Vasco Graça Moura, Mário Cláudio e António Rebordão Navarro, entre muitos outros. "E poetas novos, também, muita gente, uns mais conhecidos e outros menos". Há, em média, uma actividade, ou mais, por semana. Algumas das iniciativas são levadas a cabo em cooperação com outras entidades, como associações culturais ou organismos oficiais. Têm | DEZ 2011

lugar, por vezes, noutros espaços de Bruxelas e, até, noutras urbes, como no Luxemburgo ou em Antuérpia, ou em cidades portuguesas. Entre as entidades que se têm envolvido com a Livraria Orfeu em iniciativas conjuntas encontramos, além da representação diplomática portuguesa e do Governo da Flandres, associações flamengas, galegas e de outras nacionalidades, assim como instituições autárquicas belgas e portuguesas (Silves, Barcelos, Matosinhos, Sabugal). A Orfeu também já incluiu nas suas actividades o lançamento de edições das revistas "Latitudes Cahiers Lusophanes" e "Septentrion", uma publicação francófona dedicada ao universo cultural flamengo. Outros exemplos deste tipo de cooperação são "os acordos, importantes, estabelecidos com as bibliotecas públicas de Bruxelas, quer neerlandófonas, quer francófonas, a quem oferecemos livros… e que nos compram, também". No campo das artes plásticas, não obstante o espaço não deter condições ideais para grandes exposições, a Orfeu já mostrou obras de artistas de vulto, como José de Guimarães e Manuel Casimiro. "Normalmente são artistas menos conhecidos, mas temos tido aqui alguns bem conhecidos e temos organizado também conversas com


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eles". Artistas belgas - e de outras nacionalidades - têm também passado pela livraria, como aconteceu com os consagrados Paul de Gobert e Roger Somville, em iniciativas que sublinham uma vocação cosmopolita da Orfeu. "Temos uma grande abertura, não somos uma casa fechada", remata Pinto da Silva.

A actividade editorial A agenda destes dois últimos meses do ano é exemplar quanto à componente editorial da Orfeu. Em Novembro, foi publicado o volume "Portugal e Antuérpia 14981648", de Anne Quataert e Frédéric Wille, sobre os vestígios da presença portuguesa em Antuérpia, uma edição trilingue - em português, flamengo e francês. Para este mês está previsto o lançamento de "A Pátria e os Outros Portugueses", da autoria de José Coelho, ex-conselheiro da Embaixada de Portugal em Bruxelas. No catálogo de edições é possível identificar preocupações com questões semelhantes (através da colecção Portugal-Bélgica), assim como com a abordagem de temas relacionados com a história

de Portugal. Mas o catálogo é bastante heterogéneo em termos de temáticas e géneros, do ensaio à poesia. Entre os autores aí representados, e traduzidos para a língua francesa, estão nomes como Eugénio de Andrade, Rui Knopfli, José Rodrigues Miguéis, Leonardo Coimbra, José Tolentino Mendonça e Hélder Moura Pereira. Guerra Junqueiro, Almeida Garrett, Guimarães Rosa, Fernando Pessoa e Mia Couto são outros dos autores presentes no catálogo da Orfeu. "E temos outra edição já feita, pronta para ser lançada, na continuação do livro sobre as relações entre Portugal e Antuérpia. Parte da leitura de umas tapeçarias e é praticamente a história da presença portuguesa em quase toda a Flandres", revela Pinto da Silva. Uma colecção em estreia é a de "Estudos de Sociedade", com o livro de José Coelho. Mas há outras perspectivas de desenvolvimento do sector editorial da Orfeu: "Criámos uma nova linha de romance e crónicas e o primeiro é uma história que se passa na Idade Média árabe, na altura da presença árabe no Algarve, no século XI". n Humberto Lopes (texto e fotos) DEZ 2011 |

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Memória

Artur Agostinho Uma vida de filme Nasceu no dia de Natal de 1920 e morreu num dia de Primavera, em 22 de Março de 2011. Tinha 90 anos e, pode dizer-se, como Luís Paixão Martins em entrevista para a revista "Mais", foi um verdadeiro "homem da maratona".

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ez rádio, cinema, televisão, trabalhou em publicidade, dirigiu jornais e sempre disse que gostava de saber envelhecer. E soube. Lisboeta de Campo de Ourique, amou a sua cidade mesmo nos tempos terríveis que lhe saltaram ao caminho depois do 25 de Abril. Mas sobre isso e mesmo depois disso, Artur Agostinho nunca virou as costas a Lisboa e foi aqui que viveu e morreu depois de 90 anos em cheio. Um "homem da maratona"? Claro que sim. O engano do Técnico Quando acabou os sete anos do liceu, no Camões, Artur matriculou-se no Instituto Superior Técnico. A meta era Engenharia de Electricidade e Máquinas mas o fito do aluno era outro: as instalações novinhas em folha onde era possível fazer patinagem, basquetebol, râguebi, natação, etc. Artur Agostinho ainda usou tudo o que lhe era permitido mas ao fim de dois anos, trocou o Técnico por uma Rádio, que acabara de se instalar em Campolide a dois passos de casa. Por esse tempo, Fernando Pessa era o seu ídolo e, com 17 anos apenas, ei-lo como locutor da Rádio Luso e mais tarde do Clube Radiofónico de Portugal. A rádio foi para Artur Agostinho uma paixão, a "sua menina" como ele disse um dia . Depois de um tempo no Rádio Clube Português, profissionalizou-se na Emissora Nacional onde trabalhou ao lado de Natália Correia, Mary e Francisco Mata. Programas como "Gostos não se discutem", "O que quer ouvir?" ou "Serões para Trabalhadores" são fenómenos de popularidade numa época em que a Televisão ainda estava longe. Mas o maior êxito de Artur Agostinho nessa época foi com certeza o "Programa da 40

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O actor de cinema no filme “Encontro com a vida”

Manhã" onde lançou o "BD MBD, as vitaminas da alegria" ou seja "Bom Dia, Muito Bom Dia, as vitaminas da alegria".

Um dia apareceu o futebol Tinha que ser. O futebol veio ao seu encontro num dia em que faltou o locutor que faria o relato de um Benfica-Porto. Futebol e Artur Agostinho nunca mais se separaram. Jogos Olímpicos, Taças e mais Taças, mas também Voltas a Portugal em bicicleta, e publicidade e apresentação de programas de variedades e, quando a RTP iniciou as suas emissões, lá estava também o nosso homem. Concursos eram com ele. "Quem sabe, sabe", "Sim ou Não", "Toma lá dá cá" e outros passatempos marcaram para sempre a figura de Artur Agostinho. Ele era o amigo que nos entrava em casa e nos punha à vontade. Era o mesmo homem das vitaminas da alegria, com a piada pronta e um comentário terno quando as coisas davam para o torto. Sportinguista convicto mas não ferrenho ("não sou homem de exage-


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O actor numa série de televisão, “O senhor que se segue” com Carmen Mendes

peça "O Morgado de Fafe em Lisboa", transmitida, em directo, na RTP. Ainda na RTP, Artur Agostinho ficou ligado a dois bons programas: "Curto-Circuito" e "No tempo em que você nasceu". No primeiro colaboraram, entre outros, Alexandre O'Neill, Luis Vilas Boas, Fernando Lopes, Joaquim Letria e Pedro Osório. Por lá passaram Paco Ibañez, Gal Costa, José Viana, Carlos Pinhão, Maria João Pires, Baptista-Bastos, Vitorino Nemésio.

Mágoas de Abril ros") gritava da mesma forma os golos do seu clube como os dos outros clubes.

"Ai, a loiça…" Quando Rosa (Laura Alves), no filme de Arthur Duarte, "O Leão da Estrela" gritava "ai, a loiça…", estava o caldo entornado e o namorado, Miguel (Artur Agostinho), metia os pés pelas mãos para acalmar a empregada da família de Anastácio (António Silva). O par Rosa-Miguel era um espectáculo dentro do espectáculo. Até aqui, no cinema, Artur Agostinho deu provas do bom profissional que ele era. Além do "Leão da Estrela", fez ainda "Capas Negras" ao lado de Amália Rodrigues, "Sonhar é Fácil", "Dois dias no Paraíso", "Encontro com a Vida" e o "Tarzan do 5º Esquerdo", com Raul Solnado. Muito elogiada foi também a sua interpretação na

Em cima, Artur Agostinho, o apresentador. Em baixo, o relator desportivo com Primo, jogador do Vitória de Setúbal

A mágoa com que Artur Agostinho falou, já depois da prisão e da ida para o Brasil, ficou bem impressa nos livros que foi escrevendo, "Português sem Portugal" ou "Até na prisão fui roubado". Sem nada que fizesse prever a prisão deste homem, sem nunca lhe terem dado provas de que teria sido um "perigoso fascista", enfiado numa teia que, logo após a revolução, atingiria culpados e inocentes, Artur, já depois do seu regresso a Portugal esteve ainda algum tempo sem trabalho mas, sem ressentimentos e corajoso, em breve voltaria "ao batente" como ele gostava de dizer. E aí o tivemos a fazer telenovela (era o que faltava no seu currículo) e sempre a mexer porque, como ele dizia, todas as formas de comunicação lhe interessavam, em tudo se sentia "como peixe na água". Artur Agostinho era casado com Maria Teresa e tinha duas filhas. Em Dezembro de 2010, foi agraciado com a Comenda da Ordem Militar de Santiago da Espada. Levava uma vida sem sobressaltos e, como disse um dia ao semanário "Sete", nunca fizera mal a ninguém e sentia-se de consciência tranquila. n Maria João Duarte DEZ 2011 |

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Olho Vivo

Radioterapia única

Passou de raspão O asteróide YU55 passou pela Terra no início de Novembro. É um pedregulho com 400 metros de diâmetro e os astrónomos só deram por ele em 2005. No ponto mais próximo, esteve a apenas 325 mil quilómetros do nosso planeta. Se se pensar que da terra à Lua vão 384 mil quilómetros, é caso para dizer que passou quase de raspão

Adeus, malária? Metade das crianças que receberam experimentalmente a nova vacina contra a malária, a RTSS, em estudo há mais de 25 anos, manifestaram-se protegidas contra a doença que mata centenas de milhares nos continentes africano e asiático. Os testes prolongar-se-ão até 2014, envolvendo 15 mil bebés e crianças. A maioria das vacinas não é lançada antes de se conseguir uma taxa de 90% de imunizações, mas, no caso da malária, os laboratórios não esperarão por essa meta, porque mesmo uma eficácia de 50% já permitirá salvar milhares de vidas. 42

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Uma máquina quase única no mundo vai permitir eliminar cancros com uma só sessão de radioterapia. O engenho chega este mês à Fundação Champalimaud e é, segundo o oncologista Carlo Greco, que está à espera dela, "o mais avançado equipamento do mundo". Disponível para tratamento no final do primeiro trimestre de 2012.

Rostos autistas Cientistas da Universidade do Missouri acreditam ter distinguido diferenças subtis nos rostos de crianças autistas, síndrome que não se sabe se tem causas genéticas ou ambientais. As crianças autistas terão o terço superior do rosto maior, com olhos mais afastados; uma zona central menor, com malares e nariz mais pequenos; e uma boca mais larga, com uma região entre o nariz e o lábio mais comprida. Os cientistas dizem que a identificação destas mudanças no rosto dos pacientes pode dar aos terapeutas sinal de que a síndrome está a desenvolver-se.


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A n t ó n i o C o s t a S a n t o s ( t ex t o s ) A n d r é L e t r i a ( i l u s t r a ç õ e s )

Macacadas em grupo

Amor para sempre Arqueólogos italianos descobriram na região de Modena os restos mortais de um casal da era romana, sepultado há 1500 anos. Os esqueletos demonstram que o par esteve de mãos dadas este tempo todo. O homem e a mulher foram enterrados ao mesmo tempo, no séc. VI, com as mãos unidas, virados um para o outro e em posição de se olharem nos olhos. Não quiseram que a morte os separasse. É bonito.

A velhice do nariz eterno Cientistas que estudavam a diminuição do olfacto nos idosos descobriram que não é a capacidade de cheirar que decresce, passada a barreira dos 60 anos, mas sim a confusão que aumenta. O nariz dos mais idosos continua capaz de captar os odores com a mesma intensidade, mas o cérebro baralha-os. Isto torna os idosos mais vulneráveis a acidentes com produtos químicos e comida estragada. O estudo é da Faculdade de Medicina da Universidade do Colorado.

Se beber coma morangos Cientistas europeus, que fizeram experiências em ratos, descobriram que comer morangos reduz os danos causados pelo álcool nas paredes do estômago. O estudo, publicado na revista científica PLoS ONE, pode contribuir para a cura e prevenção de certas úlceras. E para o aumento do consumo de morangos, claro.

Estudos recentes demonstram que os chimpanzés têm muitos dos requisitos necessários ao trabalho em colaboração que caracteriza o ser humano desde criança. Mas cientistas de Leipzig descobriram agora que também há uma questão de gosto no trabalho em equipa. Em circunstâncias iguais, as crias humanas preferem resolver problemas em cooperação, ao passo que os chimpanzés, na mesma experiência, optaram por trabalhar individualmente na solução.

Efeitos Colaterais Imagens de satélitesespiões e fotografias aéreas, usadas contra Kadhaffi, acabaram por revelar provas de uma civilização perdida no deserto, no sudoeste da Líbia. A história préislâmica do país poderá ter de ser reescrita, num efeito colateral da guerra. Uma equipa britânica descobriu mais de 100 quintas e aldeias fortificadas, com estruturas semelhantes a castelos, e várias vilas ou cidades, a maioria do início da nossa era. Crê-se que pertençam a um povo, os garamantes, de que se sabe ainda muito pouco. DEZ 2011 |

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A Casa na árvore Susana Neves

A árvore da guerra e da paz Um cabeçudo a quem não faltam boas ideias.

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s vimieiros ("Salix Viminalis L.") já tinham entrado para a História das Grandes Batalhas na Antiguidade ao servirem na construção dos escudos, usados pelas ferozes tropas de elite do Império Persa, mas o grande desafio para estas árvores que gostam de ter as raízes mergulhadas em água era elevarem-se no ar. Durante a II Guerra Mundial, esse desafio concretiza-se ao entrarem dentro dos aviões britânicos, na forma de grandes cestos de vime. Estes cestos, cheios de comida e medicamentos, eram lançados com pára-quedas, aterrando no chão

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sem se partirem, devido à flexibilidade amortecedora das suas fibras. A produção de cestos, destinados a levar novas provisões às tropas britânicas, chegou a atingir uma tal procura que na Inglaterra se proibiu a produção para outros fins e se encurtou o habitual "timing" de aprendizagem de cestaria que rondava os cinco anos. Com o final da II Guerra Mundial e a produção de embalagens de plástico, a experiência do voo parecia ter chegado ao fim para esta "Salicaceae" (da família dos choupos), cuja origem na Terra remonta ao Período Terciário, há 65 milhões de anos. Até no sector dos correios, onde uma vez mais, sob a forma de cesto, desempenhara com sucesso o papel de transportadora de produtos e correspondência (actividade incrementada pela Revolução Industrial), as novas embalagens de cartão ou em plástico pareciam remeter o vimieiro para a sua paisagem de origem, as zonas ribeirinhas ou as montanhas de terras calcárias e profundas. No entanto, o reemergir do Balonismo na década de 60, do século XX, e a necessidade de transportar os passageiros numa "gôndola" (cesto) simultaneamente leve, resistente e flexível, recupera de novo a sua inesperada vocação de voar. Quem conhece a história desta espécie de salgueiro e se lembra que o profeta Moisés em criança sobreviveu, às águas do Nilo, dentro de uma cesta de vime, ou recorda alguns dos veículos de duas rodas puxados a cavalos, na Roma Antiga, não estranha a versatilidade de uma árvore prestável até ao paradoxo de servir a guerra e a paz. Junto aos rios, por necessidade e determinação de crescer, o vimieiro não se limita a garantir o equilíbrio dos solos através do seu complexo sistema radicular, tolera com bonomia a proximidade de outras espécies de árvores, como os choupos e os amieiros, até ao limite de lhe ocuparem o território, e é ele também o anfitrião benevolente de uma grande diversidade de animais: os mochos apreciam os seus troncos ocos, cerca de 260 espécies de insectos, entre eles, várias borboletas e moscas alimentam as suas larvas e fazem-nas crescer provocando bizarras


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Fotos: Susana Neves

mutações na fisionomia dos ramos (é o caso da mosca "Rhabdophaga Rosaria" cuja larva cria uma rosácea de folhas), alguns peixes aproveitam as suas raízes submersas na água para se esconderem, as lontras reconhecem nelas um refúgio e os castores levantam intrincados diques com os seus ramos, inspirando o que actualmente veio a designar-se por "engenharia verde". Sobretudo na Inglaterra e em França, junto às margens dos rios, para controlar a erosão dos solos pela força da corrente, têm-se vindo a entrelaçar os ramos de vimieiro de forma a criar uma vedação natural, o que evoca algumas memórias beligerantes desta árvore, cujos ramos entrelaçados e cheios de terra serviam à construção de uma estrutura ("gabiões") tipo fortificação, usada nas guerras do século XVII. Em suma, o vimieiro tal como outras espécies de salgueiro ("salix", termo latino que poderá provir dos termos celtas "sal" + "lis"= próximo da água) caracteriza-se por uma "grande determinação" em crescer, mesmo que o corte regular dos seus ramos seja rente ao tronco, mesmo que os terrenos sejam pobres (só a seca prolongada o des-

motiva e mata) ou ele o primeiro a instalarse antes de qualquer outra árvore. Quando o junco, o arame e o plástico ainda não tinham substituído as vimes do vimieiro ("viminalis" = "aquele a partir do qual fazemos os laços", segundo o investigador Bernard Bertrand) elas serviam para armar a vinha em ramada. Hoje se passarmos pelo Norte de Portugal, durante o Inverno, ainda vemos essas "árvores tronco" de longas varas quase vermelhas, como se fossem cabeçudos ruivos ("Salix Purpurea L.") esquecidos na paisagem. Ninguém se lembra já que da sua casca e folhas se faziam várias tintas vegetais e se obtinham taninos necessários ao curtume de peles, ou que da casca do salgueiro branco ("Salix Alba L."), em 1825, o farmacêutico italiano Fontana extraiu, pela primeira vez, a salicina, da qual há de derivar um dos mais populares medicamentos: a aspirina. Diríamos que os salgueiros (tal como os vimieiros) podem não ultrapassar os 80 anos mas parecem ser capazes de resolver todas as dores de cabeça. Quem sabe, é esse o resultado de viverem na embriaguez da água. n DEZ 2011 |

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54 CONSUMO No próximo ano, a TDT chega a todos os lares portugueses. Uma mudança que pode implicar alguns riscos por falta de informação. Pág. 48 l LIVRO ABERTO Em foco: "Comissão das Lágrimas", de A. Lobo Antunes, e "Marquesa de Alorna - Do Cativeiro de Chelas à Corte de Viena", de Maria João Lopo de Carvalho. Pág. 50 l ARTES Não perca, caro leitor, a exposição A Natureza-Morta na Europa, na Fundação Gulbenkian, até 8 de Janeiro. Pág. 52 l MÚSICAS Reza a crónica dos novos álbuns de Jorge Palma, de Márcia e do eterno Charles Aznavour. Pág. 54 l NO PALCO Temas relacionados com a celebração natalícia vão estar em cena nos palcos do São Luiz e do Trindade. Pág. 56 l CINEMA EM CASA Quatro sugestões europeias de qualidade, como é o caso de "Potiche - Minha Rica Mulherzinha", com Catherine Deneuve e G. Depardieu. Pág. 58 l TEMPO INFORMÁTICO Há, na Internet, vários projectos que ajudam os utilizadores a navegar na WEB com segurança, caso do site www.internetsegura.pt. Pág. 59 l SAÚDE A investigação sobre a síndroma das pernas inquietas permite afirmar que, nalguns casos, se trata de uma doença genética.Pág. 60 l PALAVRAS DA LEI Alguns estabelecimentos de l

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saúde privados têm cobrado valores prévios a um internamento. Trata-se de uma prática ilegal. Pág. 61

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Boavida|Consumo

Vem aí a Televisão Digital Terrestre No próximo ano, a TDT chega a todos os lares portugueses. O que vai mudar quando forem desligados os últimos retransmissores de televisão analógica? Carlos Barbosa de Oliveira

omo qualquer mudança, esta também pode implicar alguns riscos para os consumidores, nomeadamente por falta de informação. Mas não há razões para sobressaltos, desde que esteja bem informado. No dia 26 de Abril de 2012 serão desligados os últimos retransmissores de televisão analógica em Portugal Continental, mas o processo já se iniciou em Maio deste ano, com o switch-off (desligamento) do retransmissor de Alenquer. Embora a passagem do sistema de televisão analógica para a TDT não implique grandes sobressaltos, a experiência - piloto de Alenquer constitui um bom exemplo da forma como algumas pessoas com menos escrúpulos podem tentar aproveitar a falta de informação dos consumidores. Com efeito, a ANACOM e a ASAE detectaram, durante acções de fiscalização em Alenquer, a existência de alguns quiosques móveis de uma operadora de televisão por cabo, exibindo cartazes em que "avisavam" os consumidores que, em virtude de ter sido desligado o sinal analógico, teriam de aderir a um serviço pré-pago para continuar a poder ver os canais de sinal aberto. Magnânima, a empresa oferecia tarifas especiais para Alenquer, com o seguinte anúncio: "No dia 12 de Maio Alenquer vai ficar sem televisão. Ligue-se à (…) e continue a ver os 4 canais de sempre." Embora a empresa tenha argumentado que não tem responsabilidades no sucedido, já que esses quiosques são concessionários independentes, a ANACOM decidiu actuar, de modo a acautelar os interesses dos consumidores. Em Junho foi desligado o transmissor do Cacém e em Outubro o da Nazaré, não havendo notícia de que se tenham repetido situações idênticas às de Alenquer.

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Em 2012 será desligado o sinal analógico em todo o país, num processo que decorrerá em três fases. No dia 12 de Janeiro serão desligados os emissores e retransmissores que cobrem a faixa litoral, no dia 22 de Março, os da Madeira e dos Açores e finalmente, no dia 26 de Abril, serão desligados os restantes. É por isso, admissível, que situações idênticas à de Alenquer, tentando atrair consumidores para os serviços pagos, venham a ocorrer, nomeadamente em zonas do interior Nessa perspectiva, várias entidades (ANACOM, autarquias, IPSS, DECO, ANM, associações, Instituto de Segurança Social, Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social e Direcção Geral do Consumidor, entre outras) estão a organizar acções de informação para os consumidores, um pouco por todo o país. A ANACOM está a distribuir profusamente um folheto/desdobrável com tudo o que os consumidores precisam saber. Desde as especificações técnicas até avisos sobre os contratos, passando pela indicação das entidades que devem ser contactadas em caso de dúvidas, encontra resposta para todas as questões que eventualmente se lhe possam colocar. ANDRÉ LETRIA


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O que precisa saber sobre descodificadores Quem tem de adquirir um descodificador para ter acesso à TDT? Os consumidores que não possuam um televisor compatível com a tecnologia DVB-T e com a norma MPEG-4/H.264 (a maioria dos televisores adquiridos depois de 2009 já tem essa compatibilidade). Se tiver um serviço de televisão por cabo, também não precisa de comprar o descodificador. Preciso de comprar um descodificador para cada televisor que tenho em casa? Em princípio sim, mas existem já tecnologias avançadas que permitem ao consumidor descodificar o sinal de TDT e distribuí-lo por todas as secções da casa. Deverá consultar uma loja PT ou um estabelecimento especializado, para se informar. Quanto custa um descodificador? Os preços são muito variáveis, podendo ir de 29,99 até 179 euros. Qual o descodificador ideal? Como acontece com qualquer electrodoméstico, existe uma vasta gama de descodificadores, com características diversas e diferentes níveis de qualidade. A DECO, em parceria com a ANACOM, tem vindo a fazer regularmente testes comparativos a estes aparelhos. Pode

Importa ainda salientar que, para poderem continuar a ver televisão depois de o sinal a analógico ter sido desligado, os consumidores não serão obrigados a suportar quaisquer encargos mensais com assinatura. Basta que tenham um televisor compatível (a maioria dos televisores à venda - pelo menos desde 2009 - já vêm preparados para a TDT). No caso de terem um televisor antigo, sem a especificação adequada, deverão adquirir um descodificador, cujo preço é variável e requer algumas informações suplementares no momento da compra, para que a opção seja a mais correcta (ver caixa) Refira-se ainda que a mudança para a televisão digital resulta numa melhoria da qualidade da imagem e som e permite a todos os consumidores - incluindo os que não têm televisão paga - acederem a novas funções como a paragem da imagem, guia de navegação, ou mesmo gravação de programas, consoante o tipo de "box" que adquirir. Finalmente, refira-se que os consumidores não são obrigados a aceder à televisão paga para receberem a TDT. n

consultar os resultados desses testes em: http://www.deco.proteste.pt/dvd-tv-som/televisores-e-tdts619951.htm Onde posso comprar um descodificador? Em qualquer loja de electrodomésticos Quem tem acesso a subsídio para a compra do descodificador? As condições de acesso ao subsídio estão regulamentadas e contemplam essencialmente pessoas com necessidades especiais, ou socialmente desfavorecidas, bem como instituições com relevante papel social.. Para saber se está incluído no grupo de beneficiários, bem como a forma de requerer o subsídio, dirija-se a uma loja da PT ou visite o sítio da empresa na Internet. Para se manter actualizado sobre a TDT consulte o site da ANACOM http://tdt.telecom.pt/noticias/ Leia a publicação TDT Notícias que está a ser distribuída em todo o país e tem actualização permanente por via electrónica.

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Boavida|Livro Aberto

Lobo Antunes, Marquesa de Alorna, Bocage e muito mais O tempo da Guerra Colonial com os seus dramas e histórias de sofrimento individual tem sido tema recorrente na obra de um grande escritor português chamado António Lobo Antunes, actualmente em fase de entusiástico reconhecimento em países como a França, onde se acentua o carácter universal e intemporal da sua escrita.

José Jorge Letria

omissão das Lágrimas” (D. Quixote), o seu mais recente romance elege, em termos da estratégia narrativa, o conturbado período que se seguiu à independência de Angola e designadamente da violenta repressão aos chamados fraccionistas, que se traduziu na execução, sem julgamento, de alguns dos principais protagonistas da luta de libertação. Construído de forma polifónica, "Comissão das Lágrimas" traz-nos, uma vez mais, a voz poderosa de um escritor de excepção, com a sua linguagem única, inventiva e frequentemente tocada pelo mistério da poesia. Lobo Antunes, queiram alguns ou não queiram, um escritor português universal e para sempre.

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COM QUASE 700 PÁGINAS, "Marquesa de Alorna - Do

Cativeiro de Chelas à Corte de Viena"(Oficina do Livro), de Maria João Lopo de Carvalho, é um pujante romance histórico que nos traz, pela segunda vez num ano (depois do excelente livro de Maria Teresa Horta sobre a mesma figura histórica e literária), a figura fascinante até agora insuficientemente conhecida e celebrada da Marquesa de Alorna, escritora, pensadora, lutadora pelos valores da liberdade que pontificou no Portugal da segunda metade do século XVIII e em várias cortes europeias onde o seu fulgor intelectual e firmeza de carácter foram celebrados. Apoiada extensa documentação epistolar e não só, este novo romance de Maria João Lopo de Carvalho constitui-se como uma marco na ficção histórica recente e como abordagem biográfica incontornável desta personagem que honra a cultura portuguesa e o papel da mulher na sociedade portuguesa. AINDA e sempre presente no imaginário colectivo da

Europa contemporânea, o Holocausto assume, neste tempo de incerteza e crise, uma redobrada importância, já que 50

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ninguém sabe como irá evoluir a vida deste continente a a história mundial. Daí que todos os alertas sejam poucos. Saí que "A Última Testemunha de Auschwitz" (Clube do Autor), de Denis Avey com Rob Broomby, que relata factos históricos inéditos de inquestionável importância, adquira uma importância documental que importa sublinhar. Estamos em presença da história de um soldado britânico que decidiu tomar o lugar de um prisioneiro judeu num campo de concentração. A narrativa é pujante e envolvente, prendendo o leitor do primeiro ao último momento. A não perder. COM A PRESTIGIADA chancela do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, três novos títulos com assinalável cuidado gráfico: "O Truculento", de Plauto, com tradução, introdução e notas de Adriano Milho Cordeiro, "O "De Excidio Verbis" e Outros Sermões sobre a Queda de Roma", de Santo Agostinho, com tradução, introdução e notas de Carlota Miranda Urbano, e "Plutarco e as Artes", com textos de Luísa de Nazaré Ferreira, Paulo Simões Rodrigues e Nuno Simões Rodrigues. "A MENINA É FILHA DE QUEM?"(D. Quixote) é uma inspirada e corajosa narrativa autobiográfica de Rita Ferro, que revisita com uma linguagem viva e pontuada por uma fina ironia os anos da infância e da adolescência, no Portugal da ditadura, falando, neste conseguido exercício de memória, de lugares, de pessoas conhecidas, de figuras da sua família como António Ferro e Fernanda de Castro, seu avós, ou António Quadros, seu pai. Um livro que permite ao leitor conhecer uma parte do que foi a realidade social dos anos cinquenta, sessenta e setenta. AINDA NO DOMÍNIO da ficção narrativa de qualidade, destaque para "Os Profetas" (Caminho/Leya), ficção para adultos de Alice Vieira, cuja acção decorre no século XVI, no reinado de D. João III, "Lusco-Fusco", "Lusco-Fusco", o


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mais recente romance de Cristina Carvalho, a mais "O Ouro dos Corcundas" (Casa das Letras), de Paulo Moreiras,"A Livraria" (Clube do Autor), um livro fascinante sobre o mundo dos livros e das livrarias de referência, de Penélope Fitzgerald, "Não Podemos Ver o Vento" (Clube do Autor), uma ficção vigorosa de Clara Pinto Correia sobre a Guerra Colonial. NA COLECÇÃO "Citações e Pensamentos", da Casa das Letras, um volume dedicado a Manuel Maria Barbosa du Bocage, com organização a cargo, como é habitual, de Paulo Neves da Silva. Um pretexto para o reencontro com o poeta através de uma inteligente e oportuna organização temática dos seus textos. Bocage actual e presente através da sua verve, que não se confunde com a do anedotário que tanto o prejudicou no juízo dos séculos. DO CINEASTA, arquitecto, dramaturgo, ficcionista e espe-

cialista no estudo das vertentes iniciáticas e gnósticas do cristianismo, é o extenso e inovador ensaio "Cristianismo Iniciático - O Que Nunca se Leu Sobre o Cristianismo"(Esquilo), que põe em evidência o carácter esotérico e iniciático do pensamento cristão original e do próprio texto bíblico. Este livro resulta da adaptação para o grande público da tese de doutoramento apresentada

por António de Macedo na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Nova de Lisboa e distinguida com a nota máxima. Também de António de Macedo é a trilogia de textos de teatro "O Sangue e o Fogo" (Camões e Companhia), que nos traz outra faceta fundamental da obra desta figura importante da vida cultural portuguesa das últimas décadas. DESTAQUE ainda para a edição recente de três livros de poesia representativos de diferentes gerações e diferentes olhares sobre a vida, o mundo e o trabalho com a linguagem: "Ano Comum" (Litexa), que confirma a maturidade de Joaquim Pessoa, uma voz inconfundível da produção lírica portuguesa desde meados dos anos setenta do século passado, "Aroma de Pitangas num País que Não Existe"(Arcádia), de António Costa Silva e do directoradjunto do "Expresso" Nicolau Santos, com momentos de grande qualidade na evocação emotiva de um tempo e de um lugar que ficaram algures na memória do tempo, e ainda "Lugano" (Artefacto), a revelação da voz poética de Tatiana Faia, nascida em 1986 e já com uma apreciável solidez no seu discurso povoado de referências culturais. A poesia viva e pujante numa sociedade que parece dispensá-la, mas que precisa dela como nunca. n DEZ 2011 |

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Boavida|Artes

Reinventar a Natureza na Fundação Gulbenkian A segunda parte da exposição A Natureza-Morta na Europa, que está patente até 8 de Janeiro próximo na Fundação Gulbenkian, é indubitavelmente o grande acontecimento cultural da temporada, marcada também pela crise que atravessamos.

Rodrigues Vaz

ando continuidade à exposição apresentada em 2010 sobre o mesmo tema, esta parte é dedicada à modernidade do século XIX e às alterações fundamentais ocorridas na primeira metade do século XX. A renovação do interesse pela Obra de Paul Gauguin natureza-morta, como forma de reinventar a natureza, por parte dos artistas da vanguarda francesa, é documentada através das obras dos Realistas e também da nova linguagem do Impressionismo, assim como dos pintores Pós-Impressionistas como Cézanne, Van Gogh e Gauguin, que estão representados através de obras de referência. Segundo o comissário, Neil Cox, esta exposição demonstra à saciedade como a natureza-morta, enquanto género pictórico, se transformou em veículo de uma experimentação ainda mais radical com Picasso, Braque e Matisse, permitindo a alguns artistas um olhar reflexivo sobre a sociedade contemporânea, enquanto outros se envolveram nas novas realidades da experiência subjectiva, como é o caso de Magritte e Dali. A fragmentação e reinvenção da própria categoria de natureza-morta foram exploradas através da amostragem de peças escultóricas ou de objectos de uso corrente transformados em obras de arte, havendo ainda a assinalar a presença, neste conjunto, dos artistas portugueses Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Mário Eloy e Vieira da Silva, que o enriquecem sobremaneira, na medida em que também mostram saber reinventar a natureza.

D

PINTURA E ESCULTURA NA GALERIA VALBOM

Entretanto, David de Almeida e Paulo Neves, artistas plásticos de grande currículo, apresentam, até 29 de Janeiro próximo, as suas últimas criações de pintura e escultura, respectivamente, na Galeria Valbom, em Lisboa. 52

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Com um percurso criativo muito peculiar, caracterizado por uma grande contenção de elementos e um sentido estético ao mesmo tempo minimalista de formas e exuberante na discrição da cor, David de Almeida faz jus ao que dele se espera como referência fundamental na arte portuguesa contemporânea, havendo, entretanto, a assinalar o aparecimento de uma grande estridência na utilização da cor como forma pessoal e única de sublimação. Paulo Neves, por seu lado, com um conjunto de esculturas sob o título Santas, opta por um hieratismo de formas muito peculiar, utilizando essencialmente figuras antropomórficas, por vezes erectas, recolhidas, de olhos fechados ou abertos, mas severas e distantes. São figuras de autoridade divina, em que se afirmam na assunção antropológica da relação com o lugar, com a cultura e com a família, de certo modo o prolongamento do seu estilo que usa de modo recorrente nas várias obras públicas que tem espalhadas pelas principais cidades portuguesas. BOAVIDA AMARO NA AMADORA

Por último, há a assinalar o reaparecimento de Boavida Amaro, após mais de uma década de paragem, com um curioso conjunto dos seus últimos trabalhos que a Galeria Municipal Artur Bual, da Amadora, está apresentar até 8 de Janeiro. Utilizando o azul com uma predominância obsessiva, que Eduardo Nascimento liga "à proximidade do amor, num frenesim de contraste como a voz erguida para lá da aurora, para lá do despertar dos sonhos em que os corpos se entrelaçam em símbolo erguido das verdades espantadas", Boavida Amaro evoca de uma maneira assaz peculiar os prenúncios poéticos enluarados e as esmeraldas suspensas nas longas invernias do seu Ladoeiro natal, "às portas de Espanha, quando a névoa invade a planície com os resquícios da orvalhada". n



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Boavida|Músicas

Jorge Palma “Com todo o respeito” "Com todo o respeito", Jorge Palma acaba de lançar um novo álbum. Também Márcia nos "Dá" uma nova edição do seu CD de estreia. Os apreciadores de Charles Aznavour deverão ouvir o mais recente CD do cantor e compositor: "Toujours".

Vítor Ribeiro

m "Com todo o respeito", o compositor e intérprete Jorge Palma oferece-nos 15 temas (13 mais duas faixas extra) quase todos da sua autoria e nos quais participam, entre outros, os Demitidos (banda constituída por André Hollanda, Pedro Vidal e Miguel Ramos), Cristina Branco (dueto em "O Mundo e a Casa"), Flak (responsável pela produção e dueto em "Mais um Comboio"), Gabriel Gomes, Vicente Palma, Carlos Barreto, Carlos Bica e Bruno Vasconcelos. Salientam-se ainda as contribuições de Carlos Tê, autor da letra de "Uma Alma Caridosa" e de José Luís Peixoto, autor da letra de "Pensámos em Nada". Cantor de culto, com público etária e socialmente diversificado, Jorge Palma, com mordacidade e até saudável desfaçatez, interpela-nos e obriga-nos a pensar sobre os tempos de angústia colectiva por que passamos. Mesmo quando canta o amor, tema recorrente da música em particular e da arte em geral, Palma faz-nos compreender que o acto de amar é indissociável do mundo que nos rodeia. Eis-nos, pois, "Com todo o respeito" perante mais um muito bom trabalho discográfico de Jorge Palma. O novo disco está disponível nas seguintes edições: "Edição Standard" - 13 temas; "Edição Especial Limitada" 15 temas (ao alinhamento da edição standard juntam-se duas faixas extra) em digipack e "Edição Digital".

E

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MÁRCIA "DÁ" DE NOVO

Considerada uma das mais recentes revelações da música portuguesa, Márcia acaba de surgir no mercado discográfico com uma nova edição do CD de estreia lançado há cerca de um ano, com o título genérico "Dá". O álbum agora publicado integra, no entanto, uma nova versão, em dueto com JP Simões, do tema que tornou Márcia conhecida dos melómanos: "A pele que há em mim (Quando o dia entardeceu)". Detentora de uma voz suave e limpa, Márcia distinguese sobretudo pela simplicidade e delicadeza com que interpreta canções de afectos, de encantos e/ou desencantos, de encontros e/ou desencontros. É muito bom ouvir este álbum que Márcia nos "Dá". E a propósito: Márcia efectua um concerto dia 7 de Dezembro, no Museu do Oriente, em Lisboa. A partir das 21h00. CHARLES AZNAVOUR "TOUJOURS"

Acaba de chegar ao mercado nacional o mais recente trabalho discográfico de Charles Aznavour, com o título genérico "Toujours". Aos 86 anos de idade, o cantor e compositor espanta-nos com a interpretação de 12 temas, que assumidamente, constituem um auto-retrato de um autor histórico da música popular francesa. Com a noção dos limites que os muitos anos de trabalho lhe impõem, Aznavour brinda-nos com um trabalho de grande dignidade e incita-nos, com o seu exemplo, reflectir sobre o sentido da vida. Aznavour "Toujours". Aznavour sempre.n



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Boavida|No Palco

Histórias de Natal Temas relacionados com a celebração natalícia vão estar em cena no São Luiz e no Trindade.

Maria Mesquita

aseada nos poemas de Rainer Maria Rilke com o mesmo título, Miguel Loureiro, director artístico e encenador, leva, durante o mês de Dezembro ao palco do Teatro Municipal São Luiz, a peça "A Vida de Maria". Foi a partir das imagens do livro "Manual de Pintura", elaborado a partir de uma mão cheia de autores de frescos e iluminuras religiosas, que Rainer Maria Rilke obteve a inspiração necessária para reescrever sob a forma de poesia a vida de uma das mulheres mais importantes da História, Maria, Mãe de Cristo, o Messias. Dessa escrita, contam-se todos os principais episódios que antecederam o Miguel Loureiro nascimento de Jesus, até à sua 'ressurreição'. Alguns anos depois, o livro do Rilke foi musicado, e daí surge uma obra inspiradora e inspirada, fazendo valer o aspecto tanto humano como místico das personagens. Para ver até 22 de Dezembro no Jardim de Inverno.

B

FICHA TÉCNICA: Tradução: Maria Teresa Dias Furtado;

chefe dos aldeãos, propõe ripostarem de forma única: travar o nascimento de crianças. Surge um problema: Sara, a sua mulher, confessa-lhe estar à espera de um bebé, levando Barioná a desejar que a criança nunca nasça. Informam-no, por outro lado, no mesmo dia, que na aldeia vizinha de Belém, nasceu "alguém" que, tendo a presença de magos e feiticeiros aos pés do seu leito, é considerado o Messias que todos ansiavam. O simples torna-se muito complicado, uma vez que Barioná terá de decidir rapidamente se aceita abrigar e cuidar Maria, José e o seu bebé, ou se, pelo contrário, acaba aliado dos Romanos que desejam, por outros motivos, a morte do recém-nascido. Ao escolher afastar de perigo os três fugitivos, Barioná está a condenar-se à morte, mas começa a acreditar que o Bem vencerá o Mal, quando pede a Sara, num momento de ternura e de despedida, para contar ao filho de ambos que o pai morreu "na alegria!"

Direcção: Miguel Loureiro; Espaço, Guarda-Roupa e Fotografia: João Rodrigues; Desenho de Luz: Daniel Worm; Imagem: Rui

FICHA TÉCNICA:De: Jean Paul-Sartre; Encenação e

Ribeiro; Música: Olivier Messiaen e Paul Hindemith;

dramaturgia: Júlio Martín da Fonseca; Figurinos: Sílvia

Acompanhamento vocal: Luís Madureira; Produção executiva:

Perloiro; Elenco: (Barioná) José Nogueira Ramos, (Sara) Sara

O Rumo do Fumo; Interpretação: Flávia Gusmão, Joana

Ideias, (Baltazar) José Simão, (Lelius) José Sebastião, (O

Manuel, Miguel Loureiro, Nuno Casanovas; Co-produção: Cine-

Publicano/Simão) Gonçalo Sarávia, (Caifás) Manuel Vieira,

Teatro São Pedro (Alcanena) e SLTM

(Caifás) Ricardo Abril, (Anjo) Ana Sofia Santos, (Ancião/Jerevhá) Nuno Cortez, (Shalam) Manuel Vieira,

"BARIONÁ"

(Paulo) Nuno Torres e (Coro) Célia Santiago, Associados da

Baseado na escrita de Jean Paul Sartre, "Barioná (ou o jogo da Dor e da Esperança) " envolve o nascimento do Messias e estará em cena no Trindade, de 8 a 23 de Dezembro. A história parece ser simples. Há dois milénios, numa aldeia da Judeia ocupada pelos romanos, em resposta ao aumento impune dos impostos pelas autoridades, Barioná, o

INATEL, Teatro da Universidade Técnica - TUT; Produção

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executiva: Isabel Avillez - Sofia Sá Lima; Produção: Duc in altum | Teatro do Ourives; Apoios: Associação Vale de Ácor; Agradecimentos: Dr. Luís Oliveira Martins; Centro Desportivo Católico de Portugal; Francisco Marques - Théâtre de L' Arcen-Ciel; Silvina Pereira - Teatro Maizum.



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Boavida|Cinema em Casa

Qualidade europeia Quatro propostas de inegável valor artístico e humano, oriundas do continente europeu, com destaque para a produção francesa, são as nossas sugestões para Dezembro. A saber: "Potiche - Minha Rica Mulherzinha", com Catherine Deneuve e G. Depardieu; "Copacabana" - uma deliciosa interpretação de Isabelle Hupert: "Tournée - Em digressão"; e, do realizador turco Semih Kaplanoglu, em coprodução franco-turco-alemã, o excelente "Mel". Sérgio Alves POTICHE - MINHA RICA

COPACABANA

TOURNÉE - EM DIGRESSÃO

MEL

MULHERZINHA

Babou, uma mulher de espíri-

Joachim, um excêntrico pro-

Yusuf tem uma relação espe-

Ano 1977. Suzanne é a mu-

to livre, vive com uma filha

dutor, deixou tudo para trás

cial com o pai, que sustenta a

lher dócil, dona de casa, aten-

que não entende as sucessi-

em França - filhos, amigos,

família com o mel que reco-

ta aos filhos e submissa ao

vas mudanças de trabalho e

inimigos, amores e desamores

lhe nas florestas da Turquia

marido, Robert

de cidade, sempre com o

- atraído pelo sonho ameri-

rural. É um jovem tímido,

Pujol, um indus-

mesmo sonho: conhecer a

cano. Tempos depois, regressa

cujo futuro traz a mãe preocu-

trial abastado e

"cidade maravilhosa". Ao

com um espectáculo de

pada. Talvez siga os passos do

autoritário, tira-

descobrir que a filha não pre-

cabaret e as artistas de New

seu pai, ou talvez a escola lhe

no na fábrica e

tende convidá-la para o seu

Burlesque. De de cidade em

proporcione melhores oportu-

na família. Um

casamento, decide fazer algu-

cidade, em terras de França,

nidades… Entretanto, a co-

problema cardía-

mas mudanças e aceita um

as intérpretes sonham com

lheita de mel não é famosa e

co afasta Robert da liderança

novo emprego para cair nas

um espéctáculo em Paris, mas

Yusuf tem dificuldades em

da fábrica e Suzanne, contra

boas graças de Esmeralda.

o passado de Joachim não vai

aprender a ler. Quando o pai

todas as expectativas, assume

Desta vez é numa estância

facilitar a

tarda a chegar do trabalho, a

a chefia e revela-se uma ópti-

balnear na costa belga a

Tournée. Este

inquietação aumenta …

ma líder que consegue travar

vender apartamentos em

novo rojecto do

Terceira parte da trilogia de

uma greve dos trabalhadores.

time-sharing. Tudo parece

actor Mathieu

Yusuf, "Mel", do realizador

Quando Robert regressa, a

correr bem…Segunda longa-

Amalric, nasceu

turco Semih

da leitura de

Kaplanoglu, re-

situação complica-se…

metragem de

Baseado numa peça teatral

Marc Fitoussi,

uma crítica elogiosa a um

vela, numa abor-

com o mesmo nome, o filme

"Copacabana"

espectáculo num cabaret e do

dagem

de François Ozon presta ho-

é outra diverti-

seu fascínio pela figura do

comovente, a

menagem às mulheres e ao

da comédia,

produtor. Com autênticas

dura realidade de

seu papel social e político.

ilustrada pela

intérpretes deste género artís-

uma família turca pobre e

Com uma brilhante Catherine

mui versátil

tico - New Burlesque - oriun-

rural que vive de uma activi-

Deneuve, "Potiche" é uma

Isabelle Hupert, desta vez na

do da tradição americana e

dade em vias de extinção. A

divertida comédia de cos-

pele de uma mulher livre e

inglesa do music-hall, o filme

ausência de música ao longo

tumes e sátira social.

alegre num mundo cada vez

de Amalric é um retrato sur-

do filme, confere-lhe maior

mais uniformizado e cinzen-

preendente das glórias e tris-

dramatismo.

to.

tezas da pequena companhia

TÍTULO ORIGINAL:

e do seu produtor, de hotel

REALIZAÇÃO:

TÍTULO ORIGINAL: REALIZAÇÃO: COM:

Potiche;

François Ozon;

Catherine Deneuve,

TÍTULO ORIGINAL:

Copacabana;

em hotel, em pequenas

Kaplanoglu; COM: Bora Altas,

cidades francesas.

Erdal Besikçioglu, Tulin Ozen;

Gérard Depardieu, Fabrice

REALIZADOR:

Luchini, Jérémie Renier;

COM:

França, 103m, Cor, 2010;

Chammah, Aure Atika;

TÍTULO ORIGINAL:

França/Bélgica, 107m, Cor,

REALIZAÇÃO:

2010; EDIÇÃO: Clap Filmes

COM:

EDIÇÃO:

Midas Filmes

Marc Fitoussi;

Isabelle Hupert, Lolita

Tournée;

Mathieu Amalric;

Mathieu Amalric,

Miranda Colclasure, Dirty Martini, Julie Atlas Muz; França, 112m, cor, 2010; EDIÇÃO:

58

TempoLivre

| DEZ 2011

Bal;

Semih

Clap Filmes

Turquia/ Alemanha/ França, 103m, cor, 2010; EDIÇÃO: Clap Filmes


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Boavida|Tempo Informático

Internet segura Com este título existem na Internet vários projectos que ajudam os utilizadores a navegar na WEB com segurança, nomeadamente o site www.internetsegura.pt, criado pela Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação juntamente com outros organismos. Nele podem encontrar as melhores soluções para a se protegerem dos ataques cibernéticos: comportamento em redes sociais, utilização de jogos on line, protecção dos dados pessoais, etc.

Gil Montalverne

ajuda@gil.com.pt

medida que o poder da Internet tem aumentado como fonte de conhecimentos quase inesgotável e o meio mais rápido de contactarmos em tempo real entre os lugares mais distantes do mundo, ela tornou-se infelizmente um meio onde proliferam os mais insidiosos cibercriminosos que tentam, sob pretexto das mais variadas intenções, atingir quem por ela navega como elemento de trabalho, formação cultural ou simples lazer. Além dos cuidados que se devem ter no nosso comportamento na utilização da Internet, é absolutamente necessário possuir no computador um bom programa de protecção dos que já estão no mercado e aqui citados várias vezes, caso das novas versões de Antivírus e Internet Security 2012 da Kaspersky e da Symantec (Norton). E, respondendo ao aumento do cibercrime, notámos que se tornam de ano para ano mais potentes. As actualizações do software necessitam de ser constantes. Diariamente aparecem milhares de variantes de malware. Os hackers atacam tudo. Não apenas as grandes empresas pois o utilizador comum é também atingido e necessita de se proteger. Mas agora, também os Smartphones com ligação à Internet são o novo alvo. Para além das ameaças aos dispositivos móveis, aumentou o número de ameaças nas redes sociais e a falta de protecção é, provavelmente, uma das principais causas por detrás do crescente número de vítimas de cibercrime. De acordo com um Relatório Norton de 2011, mais de dois terços dos adultos online já foram vítimas de cibercrime. A cada segundo 14 adultos são vítimas de cibercrime, o que resulta em mais de um milhão de vítimas de cibercrime todos os dias. Pela primeira vez a Norton calcula o custo global do cibercrime: 114 mil milhões de dólares anualmente. Os analistas da Kaspersky afirmam por exemplo que os spammers aproveitam a crise financeira para enganar mais

À

vítimas e manter, assim, o seu elevado nível de receitas. As mensagens oferecem duvidosas fórmulas de enriquecimento. Também a Kaspersky tem intensificado os seus estudos em relação ao problema dos smartphones. O sistema operativo móvel Android volta a ser vítima de um ataque por malware, o que não é de estranhar, tendo em conta que, do total dos programas maliciosos para smartphones detectados desde o dia 1 de Agosto de 2010 até ao dia 31 de Agosto de 2011, 85% foram desenhados para atacar plataformas Android. Tanto a Kaspersky como a Norton lançaram portanto os seus programas vocacionados para os telemóveis. Proteja-se portanto e escolha o programa de segurança para o seu caso. Nos pacotes está indicado o grau de segurança conforme a utilização específica da Internet. SUGESTÕES

Algumas sugestões para que não seja atacado na Net pelos cibercriminosos: 1 - Instalação de um software de protecção de acordo com a nossa actividade na Net. Para simples correio electrónico e acessos a sites de entidades oficiais ou da nossa Comunicação Social (Jornais e Revistas) bastará um programa de Antivírus que se actualiza automaticamente. 2 - Não possuir no computador dados pessoais, sem estarem correctamente encriptados. 3 - Nunca responder a um email enviado por alguém desconhecido e por vezes mesmo nem o abrir. Apagar de imediato 4 - Os telemóveis com ligação à Internet estão a ser um alvo primordial dos hackers. Instale um software específico da Kaspersky ou Norton ( Mobile Software) que são retirados directamente para o sistema Android. 5 - Efectuar backups regulares, diários ou semanais conforme a menos ou maior actividade. 6 - Não esquecer a vigilância da utilização da Internet pelas crianças. n DEZ 2011 |

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Boavida|Saúde

Síndroma das pernas inquietas Sabe o que é a síndroma das pernas inquietas? Foi esta pergunta que fiz ao Sr. M., quando ele trouxe o pai à minha consulta e contou o motivo desta. Obviamente que me respondeu negativamente. Explicou que acompanhava pai, porque este se recusava a vir à consulta, alegando que não estava doente.

M. Augusta Drago

medicofamília@clix.pt

pai do Sr. M. tem 74 anos e continua a ser uma pessoa saudável e activa. É viúvo e vive com o filho. Este reparou, há já algum tempo, que o pai parece agitado. Quando ao fim do dia chega a casa e se senta um pouco na sala para descansar e também para conversar com o pai, este levanta-se frequentemente da cadeira, sem motivo aparente, deambula, gesticula e volta a sentar-se, para um pouco mais tarde voltar a fazer o mesmo. Quando perguntou ao pai porque se levantava sem necessidade, este respondeu que precisava de se mexer… Intrigado com esta situação, decidiu, e decidiu bem, trazer o pai a uma consulta médica. O pai do Sr. M. confirmou a descrição feita pelo filho e acrescentou que acordava frequentemente durante a noite com uma sensação a que chamou "comichão nos ossos", a qual lhe provocava uma vontade imperiosa de movimentar as pernas. Esta descrição é muito sugestiva da síndroma das pernas inquietas. Trata-se de uma doença que afecta cerca de 10% da nossa população, predominantemente idosos, cuja origem ainda está a ser investigada e que se manifesta por uma sensação incómoda, não dolorosa, no interior das pernas, que provoca uma vontade irresistível de as movimentar. Pode também, em situações excepcionais, afectar os braços. Esta actividade das pernas, durante a noite, interrompe o sono, provocando despertares. Além da incomodidade, no dia seguinte a pessoa sente sonolência, maior susceptibilidade à irritação, maior dificuldade em lidar com o stress e a depressão,

O

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mais dificuldades com a memória e a concentração. A investigação em curso sobre a síndroma das pernas inquietas permite afirmar que, nalguns casos, se trata de uma doença genética, isto é, familiar. No entanto, são apontadas outras causas, tais com a presença de anemia por falta de ferro e pode estar associada a outras doenças renais ou neurológicas. Para fazer o diagnóstico da síndroma das pernas inquietas, o médico baseia-se unicamente na história clínica que o doente lhe transmite, pois não existem exames específicos que o possam ajudar. Como é uma doença que afecta o padrão do sono, mas que tem a ver o movimento, ainda hoje é discutido, na classe médica, se é uma doença do sono ou do movimento, mas nada disto afecta o doente, pois todos estão de acordo quanto à necessidade de identificar e tratar as pessoas afectadas. Para além dos tratamentos que só podem ser prescritos pelo médico, existem algumas medidas que, nalguns doentes, parecem aliviar os sintomas. Banho quente, massagens e técnicas de relaxamento, bem como trabalhos manuais e outras actividades que mantenham a mente ocupada, têm tido bons resultados. Outros doentes referem que o exercício moderado imediatamente antes de se deitarem também parece ajudar a controlar os sintomas. Todos estão de acordo em que o consumo de cafeína, álcool e chocolate agrava os sintomas, pelo que deve ser evitado. A informação é o primeiro passo para tratar qualquer doença. O melhor tratamento é aquele que for mais eficaz a aliviar os sintomas e deve ser estabelecido entre si e o seu médico, sem recurso, se possível, a medicamentos. n ANDRÉ LETRIA


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Boavida|Palavras da Lei

Pagamento indevido de valores em hospitais ?

Dirigi-me a um Hospital privado, para me tratarem de uma situação que padecia. Qual não foi o meu espanto,

antes de seguir para a consulta médica, cobraram-me uma quantia a que chamaram de "depósito hospitalar", para o caso de ter que ser internada de urgência. O Hospital ficou com essa quantia. Isto é legal? Sócia devidamente identificado – Lisboa

Pedro Baptista-Bastos

o que parece, certos estabelecimentos de saúde privados têm cobrado quantias, a título de "taxas", "depósitos", enfim, cobram valores prévios a um internamento, ou a uma situação hospitalar de urgência de um utente, antes de se determinar o diagnóstico do mesmo. E, ao que parece, infelizmente estes actos têm ocorrido em certas situações. Esta prática é totalmente ilegal. Com efeito, a Lei nº 3359 de 07/01/02, publicada no Diário da República de 09 de Janeiro de 2002 - Lei sobre o depósito de valores em clínicas privadas - dispõe o seguinte, por demais elucidativo: Art.1° - Fica proibida a exigência de depósito de qualquer natureza, para possibilitar internamento de doentes em situação de urgência e emergência, em hospitais da rede privada. Art 2° - Comprovada a exigência do depósito, o hospital será obrigado a devolver em dobro o valor depositado, ao responsável pelo internamento. Art 3° - Ficam os hospitais da rede privada obrigados a dar possibilidade de acesso aos utentes e a afixarem em local visível a presente lei. Logo, se esse estabelecimento não tinha esta norma legal afixada, e cobrou um valor à nossa leitora, cometeu uma ilegalidade a todos os títulos condenável. Se se dirigir de novo a esse lugar, exija a devolução imediata daquilo que pagou. Espero que este género de comportamentos e actos não se repitam de futuro e, se isto ocorrer com algum dos leitores, recusem firmemente o pagamento seja do que for. A Lei está do vosso lado. n

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ClubeTempoLivre > Passatempos 1

Palavras Cruzadas | por José Lattas

VERTICAIS: 1-Apanhar; Enlearas. 2-Qualidade ou acção de

pelintra. 3-Sigla usualmente gravada em lápides tumulares e que significa descanse em paz; Escarneceu. 4-Nota musical; Apresentar; Césio (s.q.). 5-Guindaste; Apelido de historiadora portuguesa (1907-1973); Puxadores. 6-Título dado aos governadores das províncias da Abissínia; Interjeição, que envolve saudação. 7-Percorrer. 8-Árvore da família das Miristicáceas, que se encontra na Guiana e na Amazónia; Erva-pombinha. 9Que tem forma de lira. 10-Jornada; Alcançar. 11-Espécie de palmeira do Brasil; Acasalei; Superintendi. 12-Joga; Dirigir; Composição da preposição a e do pronome demonstrativo o. 13-Substância escura com que os Orientais esfregam as sobrancelhas e as pálpebras; Dizer, em voz alta. 14-Desprender da fivela. 15-Aceitara; Separar.

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8

9 10 11 12 13 14 15

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 SOLUÇÕES (horizontais): 1-P; ESGROUVIADO; T. 2-EP; IRA; C; DIA; DO. 3-SER; USTULAR; CEM. 4-CLIMA; RUI; IROSA. 5-AIPO; CABRA; ELAR. 6RN; SR; NAI; UM; FA. 7-TOTAIS; FENECI. 8-AR; RU; IVO; IT; VI. 9TARA; ATIRA; ELES. 10-AGIRA; AUM; GRELO. 11-REU; SORVETE; RAL. 12-AM; CAL; A; ERA; RA. 13-S; ASSESSORIOS; R.

1-Arganaz. 2-Empresa pública (sigla); Agastamento; Claridade; Nota musical. 3-Consciência; Queimar ligeiramente; Numerosos. 4-Céu; Nome masculino; Colérica. 5-Salda-do-monte; Bebedeira; Prender com gavinhas. 6-Rádon (s.q.); Estrôncio (s.q.); Instrumento de sopro, que usavam muito os Árabes; Cada; Nota musical. 7-Montantes; Acabei. 8-Disposição; Ruténio (s.q.); Nome de homem; Abreviatura de italiano; Achei. 9-Senão; Alude; Os. 10Manobrara; Mula (invertido); Bolbo. 11-Transgressor; Gelado; Povoação do concelho de Sintra. 12-Antes do meio-dia (abreviatura); Óxido de cálcio; Acontecia; Rádio (s.q.). 13-Relativo a assessores. HORIZONTAIS:

2

Ginástica mental| por Jorge Barata dos Santos

N.º 32 Preencha a grelha com os algarismos de 1 a 9 sem que nenhum deles se repita em cada linha, coluna ou quadrado

N.º 32

62

TempoLivre

| DEZ 2011

SOLUÇÕES



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ClubeTempoLivre > Novos livros

BOOKSMILE

uma história

As Vozes Sociais e os

presidente da República,

de amor e

Universos da Ficção

uma série de peripécias

O DIÁRIO DE UM BANANA

guerra, de

decorrem num tempo-

5: A VERDADE NUA E CRUA

gestos de

Vítor Viçoso Este estudo é uma

Jeff Kinney Greg não pode contar com

lealdade e de

problematização da função

saídas dos anais da oposição

traição de

espaço imaginário e figuras

estético-

à ditadura representam os

Rowley, com quem se

mulheres cujos percursos de

ideológica do

seus papéis no dia da morte

zangou no verão. Por isso vai

sobrevivência e luto estão

Neo-

de Teixeira Gomes.

ter de

ligados por uma indomável

Realismo,

enfrentar

devoção que atravessa o

num contexto

sozinho as

tempo.

sociocultural

borbulhas, as paixonetas,

CLUBE DO AUTOR

as reuniões

EDIÇÕES ECOPY

e político específico. Um

GERAÇÃO REJEITADA

importante contributo para a

Entre Angola e Portugal

história das décadas de 30 a

1950/1980

70 do século XX.

António Serra Correia Um romance que partilha as

familiares e muitos outros

LONGE É UM BOM LUGAR

desafios da vida!

(o resto são histórias) Mário Zambujal Pelo ritmo vivo da prosa em

O HOMEM DAS VIOLETAS

vivências de uma família que

BERTRAND EDITORA

ROXAS

partiu para Luanda em 1950.

que avultam surpresas,

Carmo Miranda Machado Um romance que confronta

Baseado em acontecimentos verídicos é um testemunho

O TERCEIRO GÉMEO

humor e a reflexão sobre

Unidos pelo sangue,

comportamentos e

personagens

relevante para a História de

separados pelo crime

situações, o autor apresenta

de alma

Portugal do século XX.

Ken Follett Recorrendo ao banco de

um romance

límpida mas

que integra

cuja vida foi

dados do FBI, a cientista

pequenas

entupida pela

Jeannie descobre que dois

ficções,

homens aparentemente

originalmente

elas: um curador de almas,

Delmar Domingos de

gémeos nasceram de mães

publicadas

uma mulher em busca da

Carvalho

distintas, em

na “Tempo Livre”.

tristeza, entre

EDIÇÕES MINERVA PINTURA COM PALAVRAS

sua identidade e uma velha

Poesia que

enlouquecida por segredos e

percorre com

diferentes e

TERRA ABENÇOADA

mistérios esquivos, próprios

musicalidade

hospitais

Pearl S. Buck

das mulheres que não foram

sentimentos e

amadas.

emoções do

dias

distantes. Um

No reinado do

deles, Steve,

último

autor em

é estudante de Direito,

imperador da

MANUEL TEIXEIRA GOMES

enquanto Dennis é um

China, uma

les morts vont vite (novela)

assassino condenado. Que

criada casa com um

Graça Maia Partindo da derradeira

EDITORIAL PRESENÇA

segredo terá ela

entrevista ao antigo

OS IMPERFECCIONISTAS

vários contextos da vida.

desvendado? Poderá confiar

homem humilde. Juntos dão

no seu mentor, ou terá de

início a uma família e

pôr a sua vida nas mãos de

encetam uma viagem épica,

Tom Rachman Em Roma, num jornal de

Steve, o gémeo por quem se

envolvente e inesquecível. A

língua inglesa várias

apaixona?

obra do Nobel da literatura

personagens desfilam, mas à

de 1938 recebeu o prémio

medida que a era digital se

ECOS DO PASSADO

Pulitzer.

numa comovente história de

EDIÇÕES COLIBRI

Danielle Steel Em plena guerra mundial, TempoLivre

tradicional a história do

amor.

64

sobrepõe à imprensa

Três gerações de mulheres

| DEZ 2011

A NARRATIVA NO

jornal é

MOVIMENTO NEO-REALISTA

revelada e as


64e65_NL:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:23 Page 77

intenções do seu fundador

ilustrações que saltam à

surpreendem!

vista.

EUROPA AMÉRICA

cometemos. Um livro que ajuda a conhecer a nossa

VAMOS A UMA FESTA! Jeanne Willis

OS TRÊS MOSQUETEIROS

natureza.

Alexandre Dumas Personagens

PAULUS EDITORA

Descobre no

reais e

livro o fato

imaginárias

A MINHA PARÓQUIA DE

de fantasia

são colocadas

PAPEL

que cada

no panteão

animal está

dos imortais.

José Carlos Nunes Reflexões do Pe. José Carlos

a usar. No final há uma

A acção desenrola-se à volta

intimamente

grande surpresa…

de Luís XIII, do temível

ligadas à sua

cardeal Richelieu, Ana de

experiência de

Áustria e das aventuras de

fé, família,

D’ Artagnan, Athos, Porthos,

Igreja e

EDIUM EDITORES ANGOLA - YA MUXIMA

Aramis e Milady.

UAMIÉ: DO TEJO AO

Uma trama do século XVII

obra procura incorporar o

KWANZA

que conquistou gerações de

espírito da missão paulista e

F. Scott Fitzgerald, Anthony Patch e Gloria

José Carlos Moutinho História de um criança que

leitores.

ajudar o leitor a encontrar o

Gilbert vivem sob a

parte sozinha ao encontro

OFICINA DO LIVRO

BELOS E MALDITOS

sacerdócio. A

seu percurso de Paz. LITURGIA - MYSTERIUM

atmosfera frenética, luxuosa

dos irmãos em

e extravagante, mas o amor e

Angola. Entre

MEMÓRIAS DA VIDA A DA

SALUTIS

o casamento destes dois

aventuras e

RÁDIO DOS AFECTOS

jovens «deuses» vai-se

desventuras

António Sala Um livro de memórias de

Guido Marini Sobre o “espírito” da liturgia,

conquista a

deteriorando lentamente até

a obra explica

à catástrofe final. A obra

maturidade e parte à

quem soube

o significado

publicado em 1922 retrata a

descoberta de recantos,

fazer da rádio

da adoração

«idade do jazz».

cheiros e sabores cujo brilho

“uma rádio de

eucarística e

nem o pôr-do-sol na Baía de

afectos”.

de acções

DIVERTE-TE A COZINHAR

Luanda desvanece. Um

História de

reintroduzidas

Fanny Letournel

romance que realça a paixão

uma vida que

cozinha para

por Angola.

crianças, com receitas

DG EDIÇÕES

deliciosas

por Bento XVI,

extravasa para campos como

como a cruz no altar e a

a televisão, os espectáculos

comunhão de joelhos.

e as fantásticas aventuras e viagens pelo mundo.

OS 7 MAIORES TESOUROS

fáceis de

A RETIRADA DE GUILEJE

preparar e

22 Maio 1973 - A verdade dos

“UPS! JÁ FIZ ASNEIRA

De

uma apresentação repleta de

Factos

OUTRA VEZ”

forma

cor.

Alexandre Coutinho e Lima A obra recorda o flagelo de

Nuno Amado Uma equipa de

divertida

A BELA ADORMECIDA

Guileje (Guiné) e o êxito da

investigadores composta por

Louise Rowe Baseado no conto

retirada, em coluna apeada,

economistas, psicólogos,

criança a reflectir sobre os

que valeu ao autor a prisão e

biólogos e neurologistas

problemas do universo e a

Dornröschen

a instauração de um Auto de

Rita Vilela

o livro ajuda a

procura

sua relação com os outros.

dos Irmãos

Corpo de Delito,

entender

Inclui ficha com questões

Grimm, esta

amnistiado pela

quais são os

para promover a

versão nova

Junta de

nossos erros

comunicação.

do conto

Salvação

mais comuns

Nacional.

e porque os

tradicional inclui Pop-Ups e

Glória Lambelho DEZ 2011 |

TempoLivre 65


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ClubeTempoLivre > Cartaz

COIMBRA

ÉVORA

Música:

Concerto:

Dia 7 às 21h30 – Concerto na

Dia 8 às 17h00 – Coral na

Igreja da Sé Nova, em

Praça do Giraldo e salão

Coimbra; dia 10 às 15h -

Nobre da Fundação Inatel

Aniversário da Associação Cultural e Recreativa de

VISEU

Coimbra; dia 11 às 15h Encontro de Bandas em Vila

Musica:

Nova de Poiares; dia 18 às

Dia 7 às 20h30 - Serenata à

15h30 - Concerto de Natal da

Padroeira Senhora da

Filarmónica Boa Vontade

Conceição pela Tuna Regional

Lorvanense na Igreja do

Orgens em Monte Salvado;

Mosteiro de Santa Maria de

dia 17 às 21h - Cantares de

Lorvão; dia 23 às 21h30 -

Natal na Igreja da

Concerto de Natal da

Misericórdia de Mangualde;

Filarmónica União Taveirense

dia 31 - Passagem do Ano

em Taveiro.

em Pindelo Silgueiros.


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O Tempo e as palavras M a r i a A l i c e Vi l a Fa b i ã o

Da escrita, do plágio e do PFIB Desci ao mercado / e trouxe / tomates jornais aguaceiros / endívias e invídias / gambas garupas e améns / farinha monossílabos xerez / instantâneos espirros arroz / alcachofras e gritos / raríssimos silêncios // página em branco / aqui te deixo tudo / faz o que quiseres / despacha-te / ou pelo menos organiza-te // eu vou fazer uma sesta / oxalá me despertes / com algo de original / e sugestivo / para eu assinar // Mario Benedetti1, Página en Blanco

P

ara trás ficou finalmente a noite: ficou o negrume de breu rasgado pelas descargas eléctricas dos castelos de nuvens entrechocando-se e pelo ribombar do trovão, pelo rolar dos ventos a lavrarem o mar e pelo uivo constante das sirenes em vãs missões de socorro. Que silêncio não houve na noite, para além das fronteiras do meu cérebro insone, mas paralisado, onde, inútil e engelhado, jazia o rol das compras do Mário Benedetti. Ainda de uma obstinada lividez assustadora nas primeiras horas da manhã, a página em branco no monitor exerce sobre os meus olhos cansados o mesmo efeito magnético de um gigantesco íman sobre um ínfimo grão de limalha de ferro. Seria, certamente, fácil cobri-la, signo a signo, de belas palavras, talvez em fonte gótica, colorida, que, ordeiramente, acabassem por constituir um texto, pois que, como outros mais sábios afirmam, “escrever é fácil. Tudo o que temos de fazer é ficarmos sentados de olhos fixos numa folha de papel branco até se nos formarem gotas de sangue na testa”2. Ou então, “sentarmo-nos diante de uma máquina de escrever e abrirmos uma veia”3. Um pouco drástico, convenhamos, mas não devemos esquecer que “escrever é uma forma socialmente aceitável de esquizofrenia”, aceitação que pode conferir-nos consideráveis vantagens, evidentemente. Outro processo fácil de preencher a página em branco seria aquele que normalmente designamos por PLÁGIO, mas a que o seu confesso praticante Uniek Swain insiste em considerar “reciclar palavras, como qualquer bom escritor ecologista consciente deve fazer” e que Jean Giraudoux Giraud4 diz ser “a base de todas as literaturas, excepto da primeira, que, de resto, é desconhecida”. Com o sentido de acção do PLAGIÁRIO, roubo literário, cópia, imitação, do latim PLAGIARIUS, aquele que rouba os escravos de outrem, do grego PLAGIOS, oblíquo, velhaco, não é uma prática habitualmente premiada.

A minha opção pessoal para preencher páginas em branco sem o sofrimento inerente ao acto da criação seria uma forma de plágio legal, em cuja prática me iniciei quando ainda não sabia o que eram escritores, ou direitos de autor ou plágios: uma simples cópia de um texto da velha Literatura da minha mãe, considerado digno do esforço de um exercício de caligrafia sem borrões (quase sempre ultra-romântico ou conceptista) oferecido a uma ou mais pessoas consideradas digna de partilhar comigo do prazer da sua leitura. Vantagem adicional seria os Leitores lerem sempre o texto que eu tivesse gostado darlhes a ler, e eu não exclamar frustrada, como agora, ao ler agora a última linha que escrevi: - Mas… Quem escreveu isto, se não era isto o que eu queria escrever! Onde está a notícia que iria ressuscitar nos Leitores a esperança de que ainda nem tudo está perdido, porque ainda existe no mundo um país, o longínquo Butão de paisagens paradisíacas e eterna tranquilidade interior, cujo progresso se não mede pelo PIB, pelo Produto Interno Bruto, mas sim pelo FIB, o Produto da Felicidade Interna Bruta? Na verdade, é bem sabido de todos que o texto da página em branco se escreve, ou pelo menos se organiza, a si próprio. Não fora assim, nem o Mario Benedetti podia ter ido dormir confiadamente a sesta, como se estivesse no próprio Butão, na certeza de que, quando despertasse, teria um belo poema para assinar. Feliz Natal 2011, Senhoras e Senhores Leitores. n

1 2 3 4

Poeta uruguaio (1920-2009) Gene Fowler (1890-1960) E. L.Doctorow poeta americano (1931- ) Dramaturgo francês (1882-1944) DEZ 2011 |

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Os contos do

O humorista

A

manhece e dormito no carro. Dormito e acordo sobressaltado, olho as horas, tão cedo ou tão tarde, conforme as circunstâncias. Perdi as chaves de casa, a do prédio e a do apartamento, falta-me coragem para despertar Matilde premindo o botão da campainha. Tanto mais que a nossa relação esfriou desde que deixei de ter graça. Nenhuma outra razão incitou Matilde a vivermos em comum, apenas o meu aplaudido talento para produzir piadas. É do que vivo. Tornei-me famoso com as crónicas satíricas na revista "Upa, Upa!" e, sobretudo, pelas séries cómicas que, ano após ano, produzo para televisões. O meu nome, Guilherme Macário, tornou-se um símbolo do riso nacional. Quando sugeri a Matilde a possibilidade de juntarmos os trapos, ela pensou que era piada. Quase sufocou de riso. Só o ímpeto de a beijar na boca percebeu que era a sério, apesar da graça dos meus lábios pintados com o baton dela. Juntámo-nos, então, a partilhar o apartamento da risonha Matilde e cedo lhe percebi a expectativa de que os nossos dias e noites seriam uma pândega. Não tanto mas, de facto, eu era um fomentador de risadas, no domicilio e em todos os lugares que frequentava. Os gracejos saíam - me com a naturalidade da própria respiração e Matilde amava-me exclusivamente por essa virtude. No bar os meus amigos rebolavam a rir-se mal eu dizia boa noite e era só o começo. Chegou o dia em que embatuquei diante do computador, incapaz de parir um texto com o humor que me deu fama. E quando entreguei um guião de comédia ao director da televisão, ele leu-o com expressão facial de velório e foi franco: "Que se passa consigo? Isto não tem graça nenhuma!" A vida de um humorista profissional é mais dura do que se pensa e eu tinha a obrigação suplementar de divertir Matilde. Ia tentando, mas com fracos ou nulos resultados. A custo lhe arrancava um pálido sorriso.

68

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Tombei na descrença de mim próprio mas não faltei ao compromisso de chalacear num curso de candidatos a pensadores engraçados. A entrada na sala não podia ser mais encorajante mas, em simultâneo, assustadora. Com palmas e risos me saudaram os catorze potenciais humoristas e optei pela defesa: "Não venho exibir-me. Estou aqui para que vocês me façam rir". A resposta foi um coro de gargalhadas e uma morenaça de calções, pernas robustas, de seu nome Zénia, meteu a colherada: "Gostava de saber se o grande Guilherme Macário é casado". E eu, sincero: "Mais ou menos". Retrucou ela, de imediato: "Quando for menos avise-me". Durante os cinquenta minutos, a mocetona surpreendeu-me com chistes e histórias de enorme comicidade. Animado portei-me à altura e, no final, felicitei-me por receber um bilhetinho com o número de telefone dela. Retribui com o meu cartão de visita - Guilherme Macário, humorista, morada, contactos. Nesse momento, assaltou-me a sensação estimulante de ter encontrado ali a musa inspiradora. Aquele humor impetuoso poderia espevitar o meu, ultimamente tão fugidio. Ontem liguei:" Zénia, podemos conversar um pouco?" - "Um pouco acho pouco", disse ela e não perdeu tempo a ditar o endereço. Disse mais: "Prometa que não me fará rir muito. O riso excita-me, perturba-me, impele-me a namorar. Também acontece contigo?" Encolhi os ombros e respondi em conformidade: "Nunca notei". O que notei, nesse intrigante passo, foi uma brusca rouquidão sensual nas três palavras que ela proferiu: "Mas vai notar". Eram as quatro da madrugada quando saí da casa de Zénia. Um serão animado. Tivemos tempo para tudo, inclusive para rir. A má surpresa foi quando cheguei à porta de casa onde Matilde dormia a sono solto ou, quem sabe, me esperava fula pela demora. Dei pela falta das chaves. Remexi nos bolsos, pesquisei em todos os recantos do carro. Nada. Afligiu-me a suspeita de me terem caído no quarto de Zénia ANDRÉ LETRIA


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quando me livrei das calças. "Tenho de lhe telefonar", pensei, mas demorei o impulso. Já estaria afundada num sono mais pesado pela exaustão. Três minutos depois sacudi a cerimónia e marquei o número. "Zénia?". A resposta foi um resmungo sonolento e indecifrável. Avancei: "Desculpa, perdi as minhas chaves, suponho que as deixei aí. Importas-te de procurar?". Um pouco mais desperta, respondeu agressiva: "Isso é uma piada?". Garanti a seriedade e a importância do problema e ela disse, bocejando: "Espera." Demorou pouco até despachar-me: "Não vejo nada. Mas estou morta de sono, não consigo dar passo. Amanhã vejo melhor". E desligou. Continuo no carro, dormitando e acordando, desde as quatro e meia da madrugada. Espero pelas oito. É a hora a que Matilde sai para o emprego, dir-lhe-ei que acabou tarde um debate sobre a importância do riso nas sociedades em crise, seguindo-se a aflição de não encontrar as chaves. Estou meio adormecido quando alguém bate com as nós dos dedos no vidro do carro. É Matilde e levanto-me num salto. Preparo-me para contar a história do debate e da horrível situação que é perder as chaves de casa, mas ela corta-me o discurso: - Estúpido! Deixaste as chaves dentro do fri-

gorífico, finalmente fizeste-me rir. Ela ia retirar as malditas chaves da mala mas eu senti a urgência de um café e tomei-lhe o braço encaminhando-a para a pastelaria em frente. Vou recomeçar a trapaça do debate quando sinto duas mãos firmes pressionando-me os ombros. Volto-me e encaro com Zénia. Risonha, agita um molho de chaves e diz: - Aqui tens. Estavam debaixo da cama. A minha angústia saltita entre as duas mulheres e ouço-me num protesto gemido - Que disparate! Já encontrei as que tinha perdido, essas sei lá de quem são! O olhar feroz de Matilde dizia quase tudo. Disse o resto em palavras secas: - Tem graça. Agora é que perdeste definitivamente as chaves da minha casa. Não voltes. Dispara em retirada e o meu cérebro fervilha na procura de solução para o problema novo. Acho que encontrei: - Boas notícias, Zénia. Hoje vou dormir a tua casa. Ela solta um risinho animador, como se eu tivesse dito uma boa piada, mas rematou: Impossível, Macário. O meu namorado regressa hoje da Nova Zelândia, Que bom, ele tem imensa graça. n DEZ 2011 |

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Crónica

Álvaro Belo Marques

A pianíssima viagem

O

meu piano veio de Pinhel para Lisboa - começo da sua carreira na família. Era da madrinha da minha mulher, uma professora da instrução primária, a qual, segundo os indígenas locais, não era séria pois tomava banho todos os dias. Ele vinha com o nome na tampa (K.Bord - Paris), mas era um piano vertical e pobre pois tinha o cepo em madeira. Penso que deveria ter sido adquirido nas últimas décadas de 1800, ou em França ou em Inglaterra, mas não tenho a certeza nem tal é importante. De início liguei-lhe pouco, principalmente por falta de tempo. Mas depois até me apaixonei e, sempre que podia, tocava, ou melhor, pouco tocava, mas carregava em muitas teclas e, ao longo de décadas, ia sempre parar ao Summertime. A minha mulher (que hoje desconfio tinha ouvido quase absoluto, pois conseguia tocar num tom e cantar noutro, para nos afligir e divertir ao mesmo tampo) lastimava, com frequência, que o K.Bord estivesse sempre meio-tom baixo. Num chuvoso sábado de Inverno, decidi ser corajoso e trabalhador. Arranjei a língua de gato, as agulhas espetadas numa rolha, a chave de afinação e a paciência guardada dos dias anteriores. Lá afinei as cordas, lá piquei os feltros dos martelos, lá os limpei e mais aos amortecedores com a língua de gato, tornando-os mais macios e diminuindo o som aguitarrado, Quando o jantar foi para a mesa, a tarefa estava completada e a minha mulher foi experimentar. Deu umas pianadas e ficou toda contente: o pobre aguentara a afinação, mas eu reparei que ele olhava de lado para a concertista sem muita alegria. O bom e o bonito foi nos dias seguintes: o K.Bord tinha baixado meio-tom outra vez. Não valia a pena insistir. Com alma de madeira ninguém consegue fazer-se ouvir no tom certo. É uma verdade sabida há muito. Infelizmente há 70

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muita gente meio-tom baixo. E assim ficou para sempre. Era "afinado" mas meio-tom baixo. Uma condescendência que fazemos também a muita gente a quem ouvimos e com que sacrifício! Então, o pobre piano vertical com alma de madeira, começou com alguns estudos, com o Czerny, com milhões de escalas, com sonatinas e, já na meia-idade, atacou o Concerto para piano e orquestra, em lá menor, de Grieg, Pouco depois, começou o K.Bord a fazer a segunda recruta com a filha mais velha. Às vezes tinha a sensação que ele já sabia de cor o Czerny e os estudos de Bach. Mas esta quase certeza desvaneceu-se quando ele iniciou a terceira recruta, quatro anos mais tarde, com a filha mais nova. Ele sabia mesmo as lições, sem necessidade de intérprete nem da partitura. Pois o nosso K.Bord vertical com alma de madeira, mudou três vezes de casa. E depois de passar por uma zona de muito encanto e turismo, perto de Sintra (mas não muito amor), admitiu residir na zona da Alameda - e não explico melhor de que alameda se trata, pois não desejo que qualquer pessoa lá vá tocar sem ele previamente a conhecer, bem como a sua ligação e afinidades com a família. Há uns meses fui lá a casa vê-lo e conhecer as dificuldades que houve em o colocar naquele 7.º andar. Estava mais velho, com mais rugas no verniz, o nome mais sumido e bem mais desafinado que habitualmente. Quando abri a tampa, ele produziu uns pequenos estalos (talvez da humidade na madeira). Quando a minha filha saiu da sala, cumprimentei-o: "Então, rapaz, como te tens dado sem mim?!", referia-me evidentemente a nunca mais lhe ter mexido na afinação. Nem um estalinho da madeira, como resposta. Mas eu estava a ouvi-lo; estava a tocar para mim o Concerto de Grieg, que era o que ele sabia melhor. Estava a ser bem tocado, mas meio-tom baixo, para tristeza dos dois. Terminou. Depois de um pequeno silêncio, pedi-lhe para tocar aquele bourreé de Bach que nunca consegui levar capaz e decentemente até ao fim. Ficou silencioso. Isto queria dizer que estava velho, muito velho e que por isso já não se lembrava. Senti, como nos primeiros tempos, a sua alma, a qual, apesar de madeira, era tão digna e apta como qualquer outra…desde que estivesse meio-tom baixo. Fiquei na sala sentado a olhar para ele… e ele por certo para mim. Recordei cenas em que ele participou activamente, como intérprete principal e senti saudades desses tempos e dessas pessoas. Duas meninas irromperam a correr pela sala a rir e aos gritinhos, transformando-se, num repente, em mulheres sérias e adultas. Ainda lhes disse: "Cumprimentem o piano", mas não me ouviram. n




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