Virada de Futuro
Iniciativa
Patrocinador Master
Apoiadores
Virada de Futuro Iniciativa
Patrocinador Master
Apoiadores
1
publicacao_virada_de_futuro.indd 1
4/12/2008 17:37:41
Conselho de Administração Presidente: Synésio Batista da Costa Vice-Presidente: Carlos Antonio Tilkian Secretária: Regina Helena Scripilliti Velloso Conselheiro Honorário: Fernando Henrique Cardoso Membros: Albert Alcouloumbre Júnior, Antônio Carlos Ronca, Antonio Delfim Netto, Beatriz Sverner, Bento José Gonçalves Alcoforado, Boris Tabacof, Daniel Trevisan, David John Currer Morley, Eduardo José Bernini, Fernando Machado Terni, João Nagano Júnior, José Carlos Grubisich, José Eduardo Planas Pañella, José Roberto Nicolau, Lourival Kiçula, Maria Ignês R. de Souza Bierrenbach, Nelson Fazenda, Oscar Pilnik, Paulo Saab, Roberto Oliveira de Lima, Therezinha Fram e Vitor Gonçalo Seravalli Conselho Fiscal Membros: Audir Queixa Giovanni, Charles Kapaz, Geraldo Zinato, João Carlos Ebert, Márcio Ponzini e Mauro Antonio Ré Conselho Consultivo Presidente: Jorge Broide Vice-presidente: Miriam Debieux Rosa Membros: Antônio Carlos Gomes da Costa, Araceli Martins Elman, Dalmo de Abreu Dallari, Edda Bomtempo, Geraldo Di Giovanni, Isa Guará, João Benedicto de Azevedo Marques, Lélio Bentes Corrêa, Leoberto Narciso Brancher, Lídia Izecson de Carvalho, Magnólia Gripp Bastos, Mara Cardeal, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto, Maria de Lourdes Trassi Teixeira, Maria Machado Malta Campos, Marlova Jovchelovitch Noleto, Melanie Farkas, Munir Cury, Norma Jorge Kyriakos, Oris de Oliveira, Percival Caropreso, Rachel Gevertz, Rosa Lúcia Moyses, Rubens Naves, Silvia Gomara Daffre, Tatiana Belinky e Vital Didonet
Secretaria Executiva Gerente de Desenvolvimento de Programas: Denise Maria Cesario Gerente de Desenvolvimento Institucional: Victor Alcântara da Graça Equipe: Hellen Ferreira Barbosa, Marina Pereira de Oliveira Abdala, Moacir Merlucci, Renato Alves, Tatiana de Jesus Pardo, Tatiana M. Viana da Silva Assessoria de Marketing Coordenadora: Silvia Troncon Rosa Equipe: Ana Aparecida Frabetti Valim Alberti, Cristiane Rodrigues, Felipe Martins Dantas Pereira, Fernanda Pereira Bochembuzo, Hélio José Perazzolo, Ivone Aparecida da Silva, Jacqueline Rezende Queiroz, Kátia Gama do Nascimento, Marina Biagioli Manoel, Milene de Oliveira Sousa Silva, Pablo Finotti, Tatiana Rodrigues Área de Direito à Educação Coordenadoras: Maria do Carmo Krehan e Roseni Aparecida dos Santos Reigota Equipe: Adelaide Jóia, Amélia Isabeth Bampi Paines, Arlete Felício Graciano Fernandes, Gregório dos Reis Filho, Hérica Aires do Prado, Leandro Montalvão de Souza, Nelma dos Santos Silva, Priscila Silva dos Santos, Renata Sanches Martinelli
2
publicacao_virada_de_futuro.indd 2
4/12/2008 17:37:41
Apresentação Produzindo conhecimento para transformar
A prática social e o conhecimento que dela advém podem ser o diferencial no processo de construção de soluções efetivas para os graves problemas que afligem a infância e a adolescência no país. Por assim entender, a Fundação Abrinq, desde a sua origem, se propôs a reunir os diferentes saberes vindos da cultura empresarial, de especialistas da área da infância e adolescência, dos movimentos sociais em defesa dos direitos da criança e do adolescente, mesclando talentos e produzindo novos conhecimentos na perspectiva de melhorar as condições de vida dessa população. A experiência nos mostrou que a disseminação de iniciativas bem sucedidas de promoção dos direitos da criança e do adolescente é uma estratégia importante para provocar mudanças e interferir positivamente no rumo da história. A disseminação se dá a partir da sistematização de experiências, do relato aprofundado de práticas, vivências, saberes. Porém, ela não se realiza senão com a participação ativa dos sujeitos autores da prática, engajados em processos de reflexão sobre ela, sobre si próprio e sobre a sua ação no mundo. Assim, a Fundação Abrinq, a partir da sua prática e das organizações de suas redes, vem contribuindo para a sistematização de projetos sociais voltados para crianças e adolescentes, com potencial de disseminação, como esta publicação que ora apresentamos e que traz a experiência do Projeto Virada de Futuro, desenvolvido no período de 2001 a 2008, com o apoio da Família Machado, Fundação Levi Strauss, Instituto Hedging Griffo e J.P. Morgan. Esperamos, com a disseminação dessa metodologia, inspirar outras experiências bem sucedidas que contribuam para a formação de jovens de baixa renda, transformando suas vidas e de suas famílias.
Synésio Batista da Costa Presidente da Fundação Abrinq
3
publicacao_virada_de_futuro.indd 3
4/12/2008 17:37:41
Projeto Virada de Futuro
Ă?ndice O processo vivido .................................................................... 5 O processo pensado ................................................................ 15 O processo projetado ...............................................................31 ReferĂŞncias ................................................................................41
4
publicacao_virada_de_futuro.indd 4
4/12/2008 17:37:41
O processo vivido Este capítulo descreve sucintamente a linha do tempo do projeto, Virada de Futuro, – linha do tempo que foi reconstituída a partir do relato dos principais atores envolvidos na implantação do projeto e dos registros documentais produzidos no período. Nas palavras de um dos jovens entrevistados, “foi como uma nascente que virou mar”.
5
publicacao_virada_de_futuro.indd 5
4/12/2008 17:37:47
O processo vivido Era tempo de colheita A Fundação Abrinq comemorou o seu décimo aniversário em 2000 como um momento de colheita das aprendizagens e aprimoramentos de toda década anterior, quando a instituição desenvolveu campanhas de amplo alcance e estruturou, entre outros, o Programa Nossas Crianças1 e o Programa Prefeito Amigo da Criança2. Para as crianças e adolescentes atendidos pelas organizações do Programa Nossas Crianças o tempo passava do mesmo modo. Elas cresciam em todos os aspectos, tornavam-se jovens, exercitavam os valores aprendidos e alimentavam as expectativas da vida ampliada que descobriram possível. Muitas organizações também estavam colhendo frutos de seus processos locais, representados pelas novas lideranças juvenis em suas comunidades e até mesmo pela incorporação delas aos seus quadros profissionais (ou de voluntários). Nesse período, a juventude emergiu como tema forte no país. Os indicadores sociais emitiam sinais preocupantes. Se a demografia revelava um pico de crescimento dessa faixa etária na pirâmide populacional, o equivalente acontecia com a participação jovem nos índices de desemprego e morte por causas violentas. Os jovens estavam em cena, mas em situação de aguda vulnerabilidade. De um lado, eram tratados por uma parte da sociedade como as “classes perigosas”3 – constituíam um problema social, de polícia talvez. De outro lado, em contrapartida, a cena da juventude urbana pobre recebia outras leituras sociais: “O que desafia hoje a sociedade e o pensamento social é a compreensão dessas novas linguagens e dinâmicas trazidas pelos jovens pobres. Continuar lendo-as pelos códigos das transgressões, do desvio e principalmente pelo da criminalidade urbana representa uma miopia que nos impede de captá-las e nos imobiliza para encontrar novas saídas no campo social.”4 (QUIROGA, 2000, p. 234) Uma série de atores, fatores e ações se combinaram para fortalecer essa vertente humanista: • a noção de protagonismo juvenil, modalidade de ação educativa fomentada pela UNESCO em que os jovens se envolvem na solução de problemas reais e atuam como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso; • o Código da Modernidade5 - domínio da leitura e da escrita, capacidade de fazer cálculos e resolver problemas, capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações, capacidade de compreender e atuar no entorno social, receber criticamente os meios de comunicação, capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada, capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo; • a troca da idéia de problema por solução6; • os programas macro da Comunidade Solidária - ong criada por Ruth Cardoso que se desdobrou nos programas Capacitação Solidária, Alfabetização Solidária e Universidade Solidária, com atuação em todo o país, principalmente entre 1996 e 2001; • as organizações e meios de difusão cultural criados e dirigidos por jovens - com exemplos abundantes no universo hip-hop (o caso do Grupo Cultural Afro-Reggae é emblemático de muitos outros). 1 O Programa Nossas Crianças nasceu em 1993 com o objetivo de aproximar pessoas e empresas - que queiram apoiar a causa da infância - de organizações sociais que prestam atendimento para crianças e adolescentes de famílias de baixa renda. Busca mobilizar a sociedade para a melhoria das condições de vida desta população e apoiar as organizações por meio da Rede Nossas Crianças. 2 O Programa Prefeito Amigo da Criança foi criado em 1996 para criar parceria com as gestões municipais visando ao fortalecimento dos mecanismos preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 3 O conceito de classe perigosa como “conjunto social formado à margem da sociedade civil” surgiu no século XIX. O termo foi utilizado no título de uma obra sobre um reformatório para jovens em 1849. 4 Veja as referências bibliográficas no final desta publicação. 5 Sete competências formuladas por Bernardo Toro para que os jovens participem produtivamente do século XXI. 6 Formulação do educador mineiro, Antonio Carlos Gomes da Costa, no texto “O adolescente como protagonista”. 6
publicacao_virada_de_futuro.indd 6
4/12/2008 17:37:49
A expansão do Terceiro Setor e a capilarização dos projetos voltados à faixa etária juvenil foram (e são) tão marcantes, que a ex-Secretária Nacional de Juventude, Regina Novaes, reconheceu o surgimento de uma nova diferenciação que veio, de certa forma, se contrapor à oposição mais tradicional fora-do-crime/no-crime: é o jovem de projeto – aquele que cresceu orientado para valores de ética e cidadania, desenvolveu uma determinada inteligência institucional7 e tem pertencimento a um grupo com experiência igual, ou similar a sua. Nessas circunstâncias é que brota o projeto Virada de Futuro.
Quando tudo começou O início do projeto Virada de Futuro resultou da confluência de interesses e necessidades de quatro atores: 1. Adolescentes atendidos pelas organizações da Rede Nossas Crianças8, então na faixa etária posterior aos 15 anos, precisavam de (e queriam) oportunidades continuadas de formação, com vistas às exigências do mercado de trabalho e suas próprias expectativas. 2. As organizações precisavam de apoio para criar essas oportunidades. 3. A Família Machado9, financiadora de iniciativas sociais, tinha meios e desejo de fomentar a educação de jovens. Decidiu investir na educação de jovens de baixa renda e procurou parceria junto à Secretária Executiva da Fundação Abrinq, que já organizava um esboço do que seria o projeto Virada de Futuro. 4. A Fundação Abrinq buscava parceiros para financiar um projeto-piloto de apoio à formação de jovens que ampliasse a empregabilidade, fechando uma parceria com a Fundação Levi Strauss. A Fundação Abrinq, anteriormente, tivera uma experiência de concessão de bolsas de estudo para jovens e visava a uma proposta mais completa que potencializasse o aproveitamento dos cursos escolhidos. Nesse sentido, já alinhavara um primeiro conjunto de dispositivos de apoio composto por: • Bolsa de estudos, incluindo o pagamento do curso, ajuda de custo mensal para despesas com transporte e alimentação, recursos para compra de material didático; • Atividades Complementares, espaço de constituição de um grupo de reflexão e proposição sobre o próprio projeto e sobre a ação dos jovens em suas comunidades; • Acompanhamento individual por educadores em sua própria comunidade; • Cesta básica mensal para a família dos jovens; • Agenda para registro individual e espontâneo do aprendizado durante o período de duração do projeto, o Diário de bordo.
7 De acordo com Souza e Silva (2003, p. 140, 141) “(a inteligência institucional) revela-se através do grau de compreensão manifesto... sobre as regras do jogo... e a maneira de jogar com elas. (...) A consecução dos objetivos imediatos é mais importante, em determinados momentos, que a defesa das posições mais profundamente arraigadas.” 8 A Rede Nossas Crianças é um conjunto de organizações sociais da Região metropolitana de São Paulo, que tem como missão melhorar a qualidade de vida de nossas crianças e adolescentes. A Rede Nossas Crianças foi criada em 1999 com a missão de mobilizar, articular e capacitar organizações sociais de atendimento a crianças e adolescentes para que influenciem as políticas nas áreas da infância, adolescência e juventude, e tenham uma ação transformadora da situação de vulnerabilidade social desta população. Hoje, a rede é formada por mais de 147 organizações sociais que atuam em benefício de 46 mil crianças, adolescentes e jovens de 31 municípios de de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraíba, Ceará e Distrito Federal. Todas as organizações da rede são ou foram parceiras do Programa Nossas Crianças, da Fundação Abrinq, desde sua fundação em 1993. Estas instituições realizam os seguintes atendimentos: Educação Infantil - Educação Complementar - Qualificação Profissional - Situação de Rua - Medidas Socioeducativas em Meio Aberto - Abrigo - Erradicação do Trabalho Infantil. 9 A Família Machado, pertence a uma tradicional família paulista de educadores e empresários com vínculos históricos com o desenvolvimento da Cultura e Educação na cidade de São Paulo. 7
publicacao_virada_de_futuro.indd 7
4/12/2008 17:37:50
O processo vivido A idéia foi lapidada a partir da criação, em maio de 2001, de um Comitê Executivo10 formado por representantes da Fundação Abrinq, da Rede Nossas Crianças e dos financiadores. O Comitê passou a reunir-se regularmente. Estabeleceu um Regimento Interno, definiu os critérios e datas para os dois processos seletivos iniciais (junho e novembro de 2000), aprovou a proposta de criação das Atividades Complementares e avaliou a proposta de trabalho com mentores voluntários. Também foi feita projeção financeira do projeto, que demonstrou a necessidade de formar uma reserva que garantisse a conclusão de experiência-piloto com até 16 jovens. A primeira turma começou em agosto de 2001, com 14 selecionados.
foto: Fundação Abrinq
Comitê Executivo
10 Participaram da composição original: Ana Maria Wilheim e Luis Rocha pela Fundação Abrinq; Silvia Schunemann, Ednalva Santos, Mário Quinto Jr. e Genilva Borges pela Rede Nossas Crianças; Cristina Rogoznski pela Família Machado; e Maria Lúcia Zulzke pela Fundação Levi Strauss.
8
publicacao_virada_de_futuro.indd 8
4/12/2008 17:37:50
Vivendo e aprendendo foto: Fundação Abrinq
O projeto estabeleceu um Termo de Compromisso11 – assinado pelos jovens (e seus responsáveis, quando menores de idade), pelas organizações sociais e pela Fundação Abrinq – que explicitou as responsabilidades de cada signatário. Assim, além do apoio material, à Fundação Abrinq cabe a organização do processo seletivo, das atividades complementares e a administração dos processos de controle e avaliação. As organizações são responsáveis pela indicação dos candidatos (o que inclui a preparação de seus projetos de formação12) e pelo acompanhamento do cotidiano dos jovens por meio de um educador, ou técnico – que repassa a bolsa e presta conta da utilização dela à Assinatura do Termo de compromisso Fundação Abrinq. O bolsista responde por seu desempenho no curso escolhido (média e freqüência), pela participação nas atividades extra-acadêmicas constitutivas do projeto e pela prestação de contas da bolsa recebida. Completados os primeiros seis meses de funcionamento, o Comitê Executivo avaliou a experiência e registrou assim as primeiras constatações: A família precisa ser envolvida de alguma forma no Projeto, pelo importante papel que ocupa na orientação e apoio ao jovem nessa etapa de sua vida. Para além das bolsas de estudo, é fundamental o desenvolvimento de ações que preparem o jovem para a sua entrada e permanência no mercado de trabalho. As organizações precisam ser apoiadas e orientadas no acompanhamento que fazem aos jovens, uma vez que esse apoio é fundamental para o desenvolvimento dos jovens. É importante registrar e documentar as atividades e o desenvolvimento dos jovens para a própria memória deles e do Projeto.
Estabeleceu também um rol de desafios para o ano seguinte: Consolidar a ampliação da base de apoio do Projeto: as escolas e universidades em que os jovens estudam foram convidadas a se tornarem apoiadoras do Projeto. Contar com profissionais voluntários (mentores) que acompanhem o desenvolvimento profissional dos jovens e sua inserção no mundo do trabalho: o Projeto identificará os voluntários que serão mentores dos jovens. Implementar nas Atividades Complementares questões e temas que desenvolvam habilidades e competências para o mundo do trabalho: é importante preparar os jovens para a entrada e permanência no mundo do trabalho. Documentar o Projeto, com o apoio de profissionais voluntários da área de comunicação da Fundação Abrinq: três profissionais voluntários das áreas de comunicação desenvolverão com os jovens um projeto de documentação das atividades do Projeto. Envolver a família dos jovens no desenvolvimento das atividades complementares: as famílias serão convidadas a participar de pelo menos três atividades durante o ano. Desenvolver encontros entre as organizações para troca de experiências e discussão sobre temas relacionados à questão da juventude: haverá uma agenda de encontros durante o ano. Avaliar a experiência de um ano do Projeto e decidir sobre sua ampliação, sistematização e reedição: as ações serão sistematizadas e reeditadas para aumentar o impacto e influenciar as políticas públicas neste campo. 11 Cópia do Termo de Compromisso nos Anexos. 12 O projeto de formação é um roteiro para que o jovem apresente as razões (interesses e experiências) que o levam a escolher determinado curso. Uma cópia desse roteiro está nos Anexos. 9
publicacao_virada_de_futuro.indd 9
4/12/2008 17:37:53
O processo vivido O segundo processo seletivo aconteceu nos dois últimos meses de 2001 e incorporou três jovens ao grupo anterior, perfazendo um total de 15 participantes (houve duas desistências). As novidades, em 2002, consistiram no início da implantação da mentoria e no planejamento e implementação de atividades nas comunidades pelos jovens, um dos objetivos das Atividades Complementares para o ano. Três mentores voluntários elaboraram, em conjunto com a coordenação do projeto, o perfil e as atribuições dos mentores. A Fundação Abrinq identificou dez profissionais interessados nesse desafio e realizou um primeiro encontro do grupo em dezembro para preparar o início do serviço em 2003. Os jovens, por sua vez, sob orientação do projeto, realizaram atividades bem variadas em suas comunidades: • Oficinas de axé, no Parque Santa Madalena • Formação de educadores em mediação de leitura de duas instituições parceiras do Centro Profissionalizante para Adolescentes • Gincanas para crianças atendidas pelo Clube da Turma de Diadema • Oficinas de teatro para um grupo de 10 jovens do Centro Comunitário São Paulo Apóstolo • Pesquisa sobre a evasão escolar de uma escola pública na região do Jd. Almeida Prado • Confecção de um mural informativo para os jovens na Aldeia do Futuro • Elaboração de história em quadrinhos sobre o uso de drogas no Centro Profissionalizante para Adolescentes. • Aula sobre saúde bucal para adolescentes do curso de prótese dentária da Escola Pérola Byngton • Discussão sobre coleta seletiva com os moradores do Parque Ipê • Aulas de apoio em informática para alunos do curso profissionalizante do Centro Educacional Colibri O ano de 2002 foi avaliado em etapas, a partir dos vários grupos envolvidos e com instrumentos de consolidação dos dados. Em julho, os jovens responderam a um questionário e fizeram avaliação oral. Os familiares vivenciaram, em outubro, uma dinâmica em grupos. As organizações sociais tiveram dois tempos: em agosto, trataram do acompanhamento (dificuldades e aprendizados) e, em novembro, das atividades complementares. Também foi tabulado um perfil dos jovens13. Com base nesse processo, o Comitê Executivo ponderou que: 1. O Projeto atendeu seu objetivo principal, o que pode ser confirmado pelos altos índices de permanência e de percepção dos jovens quanto à importância dele em suas vidas. 2. Devem ser planejadas estratégias para o apoio à empregabilidade dos jovens. 3. As organizações têm um papel fundamental para que o jovem passe a ser sujeito de direitos e responsável pela escolha de seu futuro profissional. Os pais também devem ser sensibilizados para isso. 4. O processo de comunicação entre a Fundação e as organizações de atendimento deve ser mais intenso e qualificado. 5. O educador da organização social é fundamental para o acompanhamento do jovem, faz-se necessário desenvolver mais algumas estratégias para o apoio das organizações. Encontros regulares podem contribuir para uma melhor avaliação do desenvolvimento dos jovens e criar maior sintonia entre as atividades complementares e o apoio das organizações. 6. Em caso de novos processos seletivos, deve-se considerar com atenção a maturidade do jovem em relação ao seu projeto e a qualidade do acompanhamento a ser oferecido pela organização que o indica. 7. O Diário de bordo acabou sendo apropriado pelo jovem para uso pessoal (poucos foram usados como um meio de comunicação com o educador da instituição).
13 Perfil do público beneficiário direto e indireto nos Anexos. 10
publicacao_virada_de_futuro.indd 10
4/12/2008 17:37:54
O Comitê também estabeleceu os desafios para o ano seguinte: Iniciar e monitorar o acompanhamento dos jovens pelos mentores. Acompanhar o processo de desligamento de cinco jovens14. Acompanhar o curso de inglês15. Apoiar alguns jovens na procura de trabalho ou estágio. Elaborar e implantar a proposta da 2ª fase das Atividades Complementares, considerando as avaliações dos jovens, das organizações sociais e do Comitê Executivo. Solicitar novas bolsas de estudos, no sentido de otimizar o orçamento do Projeto.
O ano de 2003 marcou a passagem para uma nova etapa do projeto. Cinco alunos terminaram seus cursos no final de 2002; dez continuaram (dois desistiriam mais tarde); a avaliação fora positiva; o financiador continuava interessado. Era hora de avançar. Em primeiro lugar, qualificando o acompanhamento. E isso foi feito por meio da implantação da segunda fase das Atividades Complementares e do início do trabalho voluntário de dez mentores16. Em segundo lugar, aperfeiçoando o processo de seleção. As mudanças no processo seletivo – todas baseadas na avaliação da etapa anterior – foram apresentadas às 35 organizações da Rede Nossas Crianças, em seminário realizado em agosto. Elas incluíam a descrição de um novo perfil do jovem que se pretendia atender. No final de outubro, haviam 13 selecionados. Os desafios para 2004 foram estabelecidos por atividade e com a participação direta dos envolvidos (jovens e organizações). Para as Atividades Complementares: Integrar os novos bolsistas ao grupo. Fortalecer o senso crítico e o desejo de aprender dos jovens. Propiciar um espaço de reflexão e construção de projetos em grupo. Propiciar vivências em diversos espaços sociais e culturais. Estimular maior participação dos jovens em sua comunidade. Contribuir com o desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem a entrada e permanência dos jovens no mundo do trabalho.
Para o acompanhamento das organizações (considerado um fator-chave para a eficácia do projeto Virada de Futuro): Manter aproximação maior com a família. Levar as famílias a conhecerem a faculdade dos filhos. Acompanhar o uso do dinheiro repassado pela bolsa. Estimular/incentivar o cumprimento de horários. Fortalecer a relação educador-jovem. Incentivar o jovem a dividir mais suas preocupações. 14 O próximo capítulo comenta esse processo. 15 Desde o início do projeto, o aprendizado da língua inglesa foi considerado importante para a formação dos jovens. Nesse sentido, teve início uma parceria com o programa de voluntariado do Citi que não prosperou. 16 Práticas descritas no próximo capítulo. 11
publicacao_virada_de_futuro.indd 11
4/12/2008 17:37:54
O processo vivido Esse foi um período ainda mais intenso, em amplitude e profundidade. Chegaram 17 jovens durante o ano, totalizando 23 bolsistas (80% deles matriculados em cursos universitários) acompanhados por 14 organizações. Para dar conta dos desafios, a equipe do projeto realizou quatro encontros de trabalho com as organizações (abril, maio, julho e outubro de 2004) e 11 sessões de atividades complementares, que incluíram um passeio com as famílias. A principal novidade foi a presença dos educadores (das organizações sociais) em diversas oportunidades, reforçando a proposta de atender aos jovens de forma integrada. A importância dessa integração advém da diversidade de expectativas e perspectivas dos variados atores que “contracenam” com o protagonismo dos jovens. Um protagonismo que, para os jovens, representa privilégio e berlinda17 - o que os leva à retração pelo aparente paradoxo entre o merecimento, a dívida e o desempenho; enquanto os outros envolvidos (organizações, Comitê18) tentam identificar os sinais cifrados de SOS para que seu apoio se torne mais efetivo. Os sinais de dificuldade mais evidentes revelam-se quando seis alunos ficam em dependência (precisam cursar novamente algum crédito por desempenho abaixo da média). Já no encontro de abril, os jovens “relataram a diferença que sentiram em relação ao Ensino Médio: (agora, na faculdade, convivem com) pessoas mais velhas, muitas já atuando no mercado de trabalho, classes mais ou menos entrosadas, a quantidade enorme de alunos, a quantidade de leitura e a falta de hábito, a dificuldade em algumas disciplinas, o horário puxado”19. Nos primeiros períodos do curso, o tempo apertado reduz o contato com a família, embora não afete as relações que são, em geral, de apoio. A qualidade da relação com a organização social depende muito do vínculo com o educador responsável e da postura (acompanhamento x controle) que ela assuma. No segundo semestre deste ano, o banco J.P. Morgan, então financiador de bolsas de estudo de uma das instituições da Rede Nossas Crianças, passou a apoiar o projeto Virada de Futuro diretamente. Para o ano seguinte, o projeto manteve seus objetivos para o acompanhamento das organizações e acrescentou novos desafios para as atividades complementares:
Incentivar a criação de metas e estratégias de planejamento para as diversas áreas da vida dos jovens. Ampliar os conhecimentos e as vivências dos espaços sociais e culturais da cidade de São Paulo. Possibilitar um espaço de troca de experiências entre o grupo de veteranos e os novos bolsistas. Contribuir com o desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem a entrada e permanência dos jovens no mundo do trabalho.
Em 2005, além das duas bolsistas oriundas do apoio do J.P. Morgan, o projeto Virada do Futuro substituiu três jovens desligados e celebrou a conclusão de dois outros bolsistas das turmas anteriores. Realizou nove sessões de atividades complementares e três encontros com as organizações sociais.
17 Como será visto no capítulo 3. 18 Os mentores dos novos alunos começarão em 2005 conforme um perfil desenhado por cada jovem interessado. 19 Do Relatório de Atividades do projeto em 2004. 12
publicacao_virada_de_futuro.indd 12
4/12/2008 17:37:54
O trabalho com as organizações foi dividido em três temas: o primeiro tratou da percepção do impacto dos cursos sobre a vida dos jovens; o segundo, foi uma orientação técnica sobre “Processo formativo e formação de vínculos” nessa faixa etária; e o terceiro, com os educadores sociais, tratou da atuação dos jovens do projeto em suas organizações e comunidades20. As atividades complementares, por sua vez, confirmavam a preocupação crescente dos jovens com seus projetos de vida e, conseqüentemente, com o mundo do trabalho. Demanda por estágios, por troca de curso (ou de faculdade), por cursos adicionais – as pressões do campo passavam pelos bolsistas e exigiam respostas novas do projeto. As respostas vieram de diversas formas: apoio à solicitação de bolsas para cursos complementares, definição de regras para a aceitação de dependências, suporte de ex-bolsistas compartilhando suas experiências durante e após o curso realizado, definição do perfil dos mentores e identificação de novos voluntários. A partir do segundo semestre desse ano, o Instituto Hedging Griffo tornou-se também financiador do projeto. Dezesseis novos mentores se incorporaram ao grupo de voluntários (21 no total) e tiveram três encontros até o final do ano, quando avaliaram que “o principal fator de êxito é a nossa capacidade de ouvir, entender e dar valor às demandas e necessidades apresentadas pelos jovens, sem sobrepor nossas expectativas, possibilidades e valores”. Essa conclusão dos mentores serve como epígrafe ao principal aprendizado feito pelos operadores do projeto Virada de Futuro, após cinco anos de sua criação. Em fevereiro de 2006, cinco jovens foram eleitos para participar do planejamento das atividades complementares, um foi escolhido para participar do Comitê Executivo (agosto)21 e o tema do encontro com as organizações sociais foi “Autonomia do jovem e projeto de vida”. Uma pesquisa realizada em maio constatou que nove dos 12 jovens que haviam completado seus estudos desde o início do projeto estavam trabalhando nas áreas de sua formação (informática, pedagogia, design gráfico, professor de espanhol, artes plásticas e cabeleireiro). Dos 20 que continuavam seus estudos, 14 já estavam atuando na área escolhida (engenharia eletrônica, sistema da informação, artes plásticas, comunicação, física, biologia, música, serviço social e turismo). Uma relação 74% favorável de sintonia entre expectativa e resultado. Em nove sessões, o programa das atividades complementares seguiu três eixos temáticos: atividades culturais, troca de experiências e mundo do trabalho. Durante o ano houve oportunidades para que alguns jovens demonstrassem e repartissem com os colegas o aprendizado específico feito em seus cursos. Também houve dois encontros com os mentores (fevereiro e maio) e um encontro de final de ano entre jovens e seus pais para lazer e avaliação dos resultados do projeto. A aproximação de expectativas dos jovens e de suas organizações sociais de origem foi um assunto tratado especialmente pelo Comitê Executivo e pela equipe técnica do projeto. Esse assunto, emblemático de outros que foram enfrentados durante todo o processo de implantação do piloto do projeto Virada de Futuro, consolidou uma perspectiva mais madura dos propósitos do projeto e a necessidade de organizar todo o aprendizado feito até então por meio de uma sistematização que permitisse a disseminação de suas estratégias. 20 Relatório da atividade de 21 de agosto registra que “Rafael foi eleito, em Francisco Morato, membro do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, está trabalhando uma vez por semana na organização Pró-Morato e fez uma palestra em encontro realizado pela ACJ – Associação Caminhando Juntos. Tony foi convidado a compor o Comitê de Jovens Gestores do Arrastão. A proposta da organização é ouvir a opinião dos jovens em relação à gestão e às atividades desenvolvidas pela organização. Está participando também do Concurso Jornalista do Amanhã, da CNN. Orlando está participando do Concurso da Vivo com a elaboração de um jingle. Tatiana está desenvolvendo o banco de dados da Central da Juventude do CPA. Danúbia está dando aula de capoeira para 80 alunos de uma escola aberta de sua região. Aline e Tony participaram das Conferências dos Direitos da Criança e do Adolescente, realizadas em suas regiões.” 21 Carlos Moreira, da primeira turma, que já completara seu curso técnico da Escola Panamericana de Arte. 13
publicacao_virada_de_futuro.indd 13
4/12/2008 17:37:54
O processo vivido O ano de 2007 representou o fechamento de um primeiro ciclo do projeto Virada de Futuro. Praticamente todos os últimos jovens apoiados (14, em 15 remanescentes) concluíram seus cursos, obtendo notas acima da média em seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs). As atividades complementares focaram seu objetivo nesse processo de passagem entre os estudos e o mundo do trabalho, abordando as expectativas para o futuro, apoiando a construção de projetos de vida e o estabelecimento de metas de médio prazo. Entre junho e novembro foi realizada a sistematização do projeto, com dinâmicas de recuperação da história vivida e de análise dos resultados desse trajeto, envolvendo o Comitê Executivo, os educadores das organizações sociais e os jovens (11 deles entrevistados individualmente). Sete anos após o início deste projeto piloto, que apoiou 39 jovens (31 conclusões de curso e 8 desligamentos), a Fundação Abrinq anunciou que, em função da redefinição de foco de sua missão institucional, descontinuaria a gestão do projeto Virada de Futuro a partir de 2008, com a perspectiva de disseminá-lo junto à outras instituições.
14
publicacao_virada_de_futuro.indd 14
4/12/2008 17:37:54
O processo pensado Este capítulo analisa as principais práticas desenvolvidas no percurso do Virada de Futuro. O processo pensado ensaia uma metodologia das boas práticas no sentido que o UNICEF lhes dá: “Identificar boas práticas é uma parte necessária do aprendizado organizacional e da busca pela excelência. As boas práticas difundem enfoques inovadores e validados. Todas as boas práticas constituem um esforço para compreender melhor o que funciona (e o que não funciona!), como, por que e em quais condições. As boas práticas permitem aprender da experiência e perseguir o melhor enfoque para cada contexto no sentido de ajudar as pessoas a usufruírem de seus direitos humanos.”
15
publicacao_virada_de_futuro.indd 15
4/12/2008 17:37:54
O processo pensado Uma experiência de gestão compartilhada Desde o início, a gestão do projeto Virada de Futuro é feita por um Comitê Executivo composto por representantes dos atores envolvidos no projeto. Esse formato, já experimentado em outros projetos e programas da Fundação Abrinq em parceria, é propício a iniciativas que, visando ao mesmo fim, envolvem interfaces e interesses variados e dependem de agilidade deliberativa. O Comitê Executivo do projeto foi composto originalmente por oito representantes – da Fundação Abrinq, dos patrocinadores e de organizações da Rede Nossas Crianças – e, em 2006, decidiu incorporar a participação dos jovens (um deles participou da última reunião daquele ano). Suas atribuições, definidas por um Regimento Interno22, são: • Definição dos critérios de participação dos jovens e processo seletivo. • Definição das responsabilidades e da forma de funcionamento do Comitê, com a elaboração de seu Regimento Interno. • Aprovação anual da proposta de atividades complementares. • Avaliação financeira do projeto. • Desenvolvimento de processos seletivos para a identificação de novos bolsistas. • Avaliação anual da proposta de trabalho com mentores voluntários. • Aprovação semestral dos relatórios de atividade. • Avaliação e tomada de decisão em relação a problemas ou dificuldades vividas pelos jovens bolsistas. O Comitê reúne-se sistematicamente, numa média de quatro vezes ao ano, conforme a pauta proposta pela coordenação do projeto. Cada tópico recebe as considerações de todos os representantes e o processo de decisão é consensual. Esse procedimento confere visibilidade às deliberações (que são sempre registradas) e comprometimento de todos os envolvidos com a implementação das medidas acordadas. O papel do Comitê é estratégico: propõe critérios sem perder de vista a exeqüibilidade financeira das atividades propostas, avaliza as propostas de trabalho complementares aos estudos acadêmicos e ajusta o projeto às demandas dos jovens surgidas na experiência cotidiana. Precisa manter uma postura ao mesmo tempo focada e maleável. O foco é a natureza da ação afirmativa23 a que se propõe: reequilibrar as oportunidades (de entrada e de processo) educacionais e de acesso ao mercado de trabalho para jovens pobres. A maleabilidade diz respeito à compreensão das circunstâncias em que esse reequilíbrio ocorre, especialmente no que tange à faixa etária. Nos seis primeiros anos deste projeto, o Comitê Executivo cumpriu com desenvoltura o papel de incubação de novas políticas num campo em que os parâmetros são escassos. Reorientou a seleção dos bolsistas como forma indutora das políticas de indicação das organizações sociais. Estabeleceu critérios para seleção destas organizações e para a aceitação de dependência por parte dos bolsistas. Adotou o aconselhamento psicológico sempre que necessário. Ousou experimentar 22 Cópia do Regimento Interno do Comitê Executivo nos Anexos. 23 “Uma versão mais vigorosa e enfática da noção de igualdade de oportunidades sustenta que não se pode obter a dita igualdade a menos que os resultados dos processos educacionais sejam mais ou menos os mesmos para todos os grupos. Essa condição não será obtida enquanto aos grupos for negada a igualdade de tratamento. De modo a garantir um tratamento equânime, faz-se necessário mudar as condições iniciais, de tal modo que alguns grupos recebam uma vantagem comparativa. Infelizmente as pessoas consideram que a justiça processual é aplicável mais a indivíduos do que a grupos, e entendem os programas de ação afirmativa como uma violação da justiça processual. Também existem problemas com as ligações entre a igualdade de oportunidades e os resultados. Não há garantia de que o tratamento igualitário será capaz de assegurar resultados eqüitativos, dada a distribuição desigual de interesses, motivações e habilidades entre os indivíduos. Se a igualdade de resultados não puder ser assegurada por meio de mudanças nas condições de entrada, a tentação é intervir no sentido de produzir desigualdades de tratamento no âmbito do processo educacional, de modo a garantir os resultados desejados. Mas essa estratégia provavelmente enfrentará oposição ainda maior...” (GINGELL; WINCH, 2007, p. 13)
16
publicacao_virada_de_futuro.indd 16
4/12/2008 17:37:57
um tipo inédito de monitoria por voluntariado. Antes de tudo, manteve uma clareza meridiana – provavelmente advinda da expertise com crianças – de que sua prioridade, em qualquer encruzilhada, é o melhor interesse dos jovens. Pode parecer óbvio, mas não é pouco. Nas entrevistas24, os membros do Comitê lembram que “no começo, foi tudo muito rápido. As expectativas das organizações eram mais imediatistas, os horizontes dos jovens mais limitados e havia ainda em circulação uma associação entre juventude, violência e pobreza que teria como saída a preparação para o trabalho, o que pode ter, de alguma forma, influenciado na escolha da primeira turma.” E acrescentam: “mas o Comitê foi amadurecendo...”. São pelo menos três os fatores plausíveis para esse amadurecimento. A condição efetiva da parceria é um deles. Resguardadas as especificidades de cada uma das três representações, elas sempre operaram em nível horizontal, permitindo que suas diferenças se compusessem de modo complementar. O ponto central é que todas as partes se vêem construindo juntas um projeto que é maior do que a soma de si mesmas.
foto: Fundação Abrinq
Contribui para esse ambiente a combinação de um fator objetivo e outro subjetivo. A situação objetiva é o caráter inédito, ou raro, do projeto. Nenhum dos parceiros tinha experiência ou referência direta com tal tipo de iniciativa. A experimentação explicita a interdependência Comitê Executivo e subentende o desconhecimento. No caso do projeto Virada de Futuro, tal cumplicidade positiva foi reforçada por um extraordinário envolvimento com o objeto (a formação) derivado da paixão unânime pelos sujeitos (os jovens). Essa intersubjetividade conquistada, geralmente subestimada na avaliação dos processos de gestão, foi fundamental tanto para validar os processos decisórios consensuais, quanto para agilizar os procedimentos executivos. A articulação regular entre as demandas – da ponta (jovens e famílias) e do acompanhamento (atividades complementares, mentores) – e o Comitê Executivo constitui o outro eixo básico da gestão. A equipe de execução do projeto sempre foi muito enxuta, composta por uma coordenação e sua assistente administrativa, com o apoio de uma assessoria técnica para o desenvolvimento das atividades complementares. Todas conhecem a história do projeto, cada jovem e sua respectiva organização, a cultura institucional de sua própria entidade, a Fundação Abrinq. Com essa bagagem e dada a escala experimental do projeto, elas puderam fazer o “meio de campo” entre as práticas cotidianas e o perfil normatizante do Comitê, de maneira que a atuação dele aparecesse sempre como parte de um ciclo natural de consolidação de todo o processo. A atuação mediadora da coordenação evidencia a marca distintiva da Fundação Abrinq que é colocar o acervo existente de boas práticas e/ou tecnologias sociais a serviço do fortalecimento das organizações que operam diretamente nas comunidades. Perguntadas sobre sua relação com a Fundação Abrinq neste projeto e o principal impacto percebido, as organizações entrevistadas mencionaram sua satisfação com os resultados diretos obtidos pelos jovens, mas priorizaram o ganho em aprendizado institucional (principalmente o conceitual):
24 As entrevistas de recuperação da linha do tempo constituíram uma das metodologias básicas desta sistematização, como pode ser visto no último capítulo.
17
publicacao_virada_de_futuro.indd 17
4/12/2008 17:37:57
O processo pensado • “aprendemos a ter expectativas mais sintonizadas com os jovens”; • “nem todas as histórias dão certo, mas o processo ensina”; • “todo mundo tem seu momento, compreender isso é uma sabedoria”; • “protagonismo, empreendedorismo, auto-estima, valores... Havia uma revolução de idéias no ar e a Fundação Abrinq teve um papel orientador para as organizações”. Nos anos seguintes não houve mudança no quadro de critérios de seleção (inclusive porque não haveria novos ingressos). O foco das atenções esteve no acompanhamento dos alunos – mentoria, atividades complementares, apoio psicológico. Analiticamente, os fatores que orientam os critérios de seleção consideram principalmente o ponto de partida dos jovens, compondo uma sucessão que refina este universo: faixa etária, conclusão do Ensino Médio25, vínculo forte com instituição social, interesse em continuar os estudos, capacidade de organizar um projeto de vida. Os relatórios de acompanhamento dos bolsistas e as entrevistas sobre sua experiência no projeto destacam algumas regularidades que convém anotar, pensando como os critérios de seleção poderiam também considerar as possibilidades de desempenho dos jovens. Vejamos: No campo das dificuldades, oito jovens (27% do total) foram desligados do projeto. Quatro deles tiveram sérios problemas pessoais que interferiram em seu aproveitamento acadêmico, gerando um ciclo insuperável de dependências. Quatro abandonaram suas organizações de origem e seus cursos também por motivo de acontecimentos graves que os indispuseram a priorizar os estudos. Um foi encaminhado para tratamento psicológico, oferecido por um profissional da Sociedade Brasileira de Psicanálise, parceria do Projeto. Dos outros 80%, pelo menos dez jovens enfrentaram turbulências que poderiam ter comprometido seu desempenho, não fossem as medidas de suporte adotadas. O modo como a dificuldade aparece é a iminência da dependência, ou da evasão, que leva ao pedido de apoio psicológico. As fontes mais comuns para esses problemas dividem-se, quanto à importância, em dois grupos: a) as principais, representadas pela deficiência da formação escolar e pelo quadro familiar; b) as secundárias, representadas pelo choque sócio-cultural com o mundo da escola e pelo estresse decorrente do excesso de expectativas internas e externas. “Da 5ª série ao 2º Grau, estudei em uma escola ruim e mesmo assim eu não ia bem em Matemática e Biologia. Quando veio a oportunidade do Virada, eu nunca tinha ido a uma faculdade. O curso começou e aí descobri o quanto a Matemática e minha lentidão para a leitura atrapalhavam...” “O último ano foi o mais difícil porque casei, veio o primeiro filho e aí aumentaram as pressões e as necessidades e diminuiu o tempo para os estudos...” 25 67,4% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio (PNAD 2004). São Paulo é o 2º estado com menor defasagem idade-série no EM (22%). Taxa de reprovação EM Público (SP) – 9,68 %. Taxa de evasão EM Público (SP) – 8,44%. 56% jovens (15-18) do ESP só estudam no EM, 11,3% só trabalham. 18,5% trabalham e estudam , 12,7% não trabalham nem estudam. Há 8.900.000 matriculados no EM (Brasil). 3,5 milhões fizeram ENEM em 2007. 1.814.000 matriculados no ESP (2006). 18
publicacao_virada_de_futuro.indd 18
4/12/2008 17:38:00
A porta de entrada Em 2001, o Comitê Executivo estabeleceu um conjunto de critérios de seleção de bolsistas, que foi modificado em 2004, tendo em vista a experiência e o aprendizado dos três anos anteriores de acompanhamento do processo e seus resultados. Este quadro resume os avanços:
QUADRO I – Critérios e estratégias para seleção de jovens 2001
2004
Obs.
15 a 21
17 a 21
-
Ensino formal
Conclusão fundamental
mantida
-
Pré-requisitos
Comprovação
mantidos
-
Instituição origem
Vínculo próximo
mantido
-
Projeto
6 meses a 4 anos
Mínimo um ano Jovem: família e instituição
Consistência e coerência c/ história e experiências.
Restrição
Mantida
-
sim
Mantida
Fundação Abrinq
Significativa
Mantida
Fundação Abrinq
Valores / características
Especificados
Mantidos
Solidariedade, ética, liderança, criatividade, responsabilidade, interesse pela comunidade.
Seminário sobre critérios
-
Previsto
Sem novas despesas. Parceria. Aconteceu em 2005 (2x).
Seleção de instituições
-
Incluída
Rede, freqüência, acompanhamento, trabalho com adolescentes.
Definição de responsabilidade da entidade
-
Na circular
Inscrição vestibular, transporte, acompanhamento, mediar $, relatórios trimestrais.
Renda familiar
-
A incluir
Considerar per capita.
Idade
Filhos/parentes instituição origem Importância da bolsa Mudança de vida
As preocupações do conjunto de critérios de 2001 estão relacionadas a criar marcos iniciais para uma demanda genérica. Dos primeiros 17 jovens selecionados: cinco buscaram estudos universitários, 12 formação técnica, sendo que sete optaram pela área da Informática. Na avaliação das instituições e da Fundação Abrinq, esse perfil correspondeu ao horizonte de expectativas então predominante entre os jovens. A carta-convite informou às instituições que elas poderiam indicar até três jovens, levando em consideração características e valores indicativos de uma posição destacada deles em sua localidade de origem. Os acréscimos de 2004 reforçaram a responsabilidade das organizações sociais. Dos 17 jovens selecionados: 16 buscaram cursos universitários na área das Ciências Humanas (cinco em Comunicação, quatro em Artes) e um em formação técnica. Houve, portanto, uma significativa mudança na escolha dos jovens selecionados, correspondente a um estágio de maior definição do papel e da potencialidade do Projeto.
19
publicacao_virada_de_futuro.indd 19
4/12/2008 17:38:00
O processo pensado Desligar é um sofrimento A interrupção de um projeto de vida é um processo sofrido para todos os que se empenharam por ele. Na experiência desse projeto, a maior parte dos desligamentos ocorridos resultou de processos que, quando detectados, pareceram semelhantes a outros que acabariam sendo superados: problemas familiares e rendimento acadêmico insuficiente. No entanto, dois fatores contribuíram para que não houvesse solução para esses casos: a dificuldade de comunicação dos jovens, de um lado, para expressarem sua necessidade de apoio suplementar; os serviços de apoio (principalmente o acompanhamento das organizações), de outro, não perceberam essa necessidade, ou subestimaram a força das pressões em jogo. Por isso, na maior parte dos casos (70%) o desligamento resultou de uma desistência unilateral dos jovens, por abandono ou afastamento. Desses cinco casos, dois retomaram contato com o projeto após algum tempo.
No campo das facilidades, destacam-se os fatores que parecem estimular o bom rendimento, a participação ativa e o foco na área escolhida. Cinco jovens não têm qualquer registro de dificuldade significativa na memória. Para outros sete, as dificuldades estiveram ao alcance de seus próprios recursos de superação. Aqui também é possível identificar dois conjuntos de fatores determinantes: a) principais, representados por hábitos de estudo adquiridos anteriormente, por um quadro familiar favorável e pelo desenvolvimento da inteligência institucional26; b) secundários, representados por uma estratégia de investimento nos estudos e pela escolha da escola mais adequada para tanto. “Dificuldade? Não lembro. Fiz o curso no mesmo ritmo em que sempre estudei. Talvez a minha faculdade fosse mais fácil...” “Lá em casa, estudar é questão básica. Minha mãe deu a maior força e todos nós fomos em frente!”
Outro fator que interessa considerar nessa porta de entrada da seleção é a escolha que o jovem faz do curso. A qualidade dos cursos (ou escolas) superiores escolhidos, motivo de preocupação do Comitê Executivo desde 2004, emergiu como problema para os jovens em 2005. Para eles, a falta de qualidade era percebida a partir do cotidiano, pelas lacunas (de professores, equipamento, conteúdo, de interesse dos colegas) e pela perspectiva comparativa tanto do mercado de ensino, quanto das possibilidades de colocação futura no mercado de trabalho. A avaliação do Comitê ia além, antecipando o que viria a acontecer mais recentemente com as bolsas do Programa Universidade para Todos - ProUni, considerando que o financiamento de escolas de baixa qualidade trairia o uso dos recursos econômicos e sabotaria as possibilidades de “virada” na trajetória dos jovens por meio da educação continuada. 26 “(a inteligência institucional) revela-se através do grau de compreensão manifesto pelos alunos sobre as regras do jogo no campo escolar e a maneira de jogar com elas. (...) A consecução dos objetivos imediatos é mais importante, em determinados momentos, que a defesa das posições mais profundamente arraigadas.” (SOUZA E SILVA, 2003, p. 140 - 141) 20
publicacao_virada_de_futuro.indd 20
4/12/2008 17:38:00
A incidência de opções por escolas “abaixo do aceitável” (ainda que esta linha nunca tenha sido de fato traçada) nunca chegou a ser significativa27 no cômputo geral das escolhas. Num dos casos, identificada pelo bolsista, a escolha foi corrigida com a transferência para outra escola, de excelente qualidade. Noutro, o jovem considerou que as diferenças causadas por uma eventual mudança seriam anti-econômicas e poderiam ser compensadas por suas próprias capacidades individuais, o que veio a ser confirmado pelos fatos. Mas esta é uma questão relevante para políticas públicas nesse campo que ficou “sobre a mesa” do Comitê, na pauta para uma futura definição de critérios.
O acompanhamento das organizações As organizações sociais participantes da Rede Nossas Crianças (147 atualmente) atuam junto a crianças e adolescentes em sete áreas comuns28. Quando o projeto Virada de Futuro foi lançado, em 2001, dez delas tiveram jovens selecionados; em 2003, foram incluídas seis organizações diferentes; e, em 2004, mais seis. Assim, 22 organizações diferentes participaram dos primeiros seis anos do projeto, com atribuições básicas que demonstram a importância de seu papel no monitoramento dos resultados do processo junto aos jovens: • Pagar a inscrição nos vestibulares para os jovens que não tenham condições. • Disponibilizar transporte para a participação dos jovens nas atividades previstas no processo seletivo. • Disponibilizar um profissional para o acompanhamento contínuo do jovem bolsista e participação em reuniões na Fundação Abrinq para avaliação do desenvolvimento dos jovens. • Receber da Fundação Abrinq verba referente às despesas com mensalidade dos cursos e ajuda de custo e repassá-la ao bolsista. • Elaborar prestação de contas e relatório de acompanhamento, trimestralmente. Como ficou patente nas entrevistas e encontros que informaram esta sistematização, a maior parte das organizações foi levada a iniciar atividades com adolescentes e jovens pelo crescimento biológico das crianças que usualmente atendera. Algumas entidades passaram a desenvolver atividades consideradas mais próprias à juventude, sem, no entanto, compreender quanto haviam mudado as necessidades e perspectivas de um público que elas julgam “conhecer muito bem desde a infância”. Do mesmo modo, educadores que desenvolviam bem sua capacidade de relação com crianças, nem sempre conseguiram o mesmo resultado com o público juvenil. E houve casos de dificuldade no acompanhamento de jovens que, indicados em virtude de uma boa referência anterior, tinham perdido o vínculo29 com a organização. No encontro de organizações realizado em 2002, foram listadas considerações sobre as dificuldades encontradas, entre as quais: • Falta de clareza dos profissionais em relação aos objetivos, procedimentos e aspectos relevantes a serem observados no acompanhamento ao jovem, e em conseqüência, dificuldade de elaborar os relatórios técnicos. • Muitos jovens têm dificuldade em expressar seus sentimentos e pensamentos e a organização tem dificuldade de lidar com isso. • O educador é importante no acompanhamento do jovem, principalmente nos seus momentos de crise pessoal ou profissional. • É importante ver o jovem como sujeito do seu processo e possibilitar sua liberdade de escolha. Dar suporte e ferramentas para o desenvolvimento do jovem é diferente de fiscalizá-lo.
27 Menos de 20%. 28 Educação infantil, Educação complementar, Qualificação profissional, Situação de rua, Medidas sócio-educativas em meio aberto, Abrigo, Erradicação do Trabalho Infantil. 29 Essa idéia-força, fundamental para compreender o tipo de acompanhamento organizacional de que os jovens necessitam, será mais explorada no próximo capítulo. 21
publicacao_virada_de_futuro.indd 21
4/12/2008 17:38:00
O processo pensado Até então, não existiam critérios pré-determinados para as organizações que apresentavam suas indicações de jovens. Esses critérios foram criados com vistas ao novo processo seletivo, em 2004: • fazer parte da Rede Nossas Crianças com freqüência de 75% às últimas seis reuniões; • desenvolver programas de atendimento a adolescentes acima de 14 anos; • apresentar uma proposta de acompanhamento que aponte: o vínculo existente com os jovens indicados, a concepção de jovem e o profissional que acompanhará os bolsistas durante o curso. Como é fácil constatar, os critérios visaram a conferir mais homogeneidade política e operacional ao conjunto das organizações envolvidas. A eles somaram-se um instrumento próprio30 e atividades orientadas31. De modo geral, essas iniciativas deram resultados, principalmente na transformação da perspectiva com que as organizações (e educadores) passaram a enxergar os jovens. No encontro realizado em 2006, os educadores ponderaram: “Como é difícil para o jovem tomar decisões ou fazer opções..! Ele traz questionamentos a que não consegue responder, nem pedir ajuda. Para muitos não há idéia pronta em relação a sua perspectiva de futuro... ainda está em construção. Entram na faculdade e têm dificuldade de se ver num lugar diferente.” E concluíram que “o papel da organização é fundamental. Por meio do acompanhamento, o educador pode perceber se o jovem precisa de ajuda. Esse pedido não virá de maneira explícita. Será sempre um trabalho contínuo e de troca”. Se no plano conceitual o acompanhamento das organizações avançou significativamente, no plano operacional (uso da verba, prestação de contas e relatório trimestral) ele ainda é inconstante. De acordo com uma das técnicas entrevistadas: “as organizações não imaginavam o trabalho que teriam com o acompanhamento dos jovens. Eles são poucos por unidade organizacional e o projeto Virada de Futuro vira uma sobrecarga...”. É curioso que, nesse segundo plano, a dificuldade aconteça no mesmo ponto em que acontecia no plano conceitual, agora em sentido oposto: o da autonomia do jovem. Em nome dela, algumas entidades afrouxam o monitoramento dos pagamentos sob responsabilidade dos jovens, ou mesmo pedem que eles próprios preparem os relatórios de desenvolvimento. O risco desse procedimento é reforçar um distanciamento que (como ocorreu em mais de um caso) camufla a exposição de dificuldades pessoais, aumenta a sensação de fracasso e dívida do jovem e retarda, ou impossibilita uma correção de rumos menos danosa.
30 O Roteiro da Proposta de Acompanhamento, que está nos Anexos. 31 Aos encontros com as organizações (eventos regulares de informação e intercâmbio) foi acrescentada a perspectiva de capacitação breve. 22
publicacao_virada_de_futuro.indd 22
4/12/2008 17:38:00
Uma dívida, ou uma dúvida? Um tema que sempre aqueceu a pauta de reuniões do Comitê Executivo foi o das diferenças de expectativa entre as organizações sociais quanto à “resposta dos jovens”. Ao contrário do pensamento dos financiadores, da Fundação Abrinq e das entidades mais experientes no trabalho com juventude, algumas organizações contavam com algum tipo de contrapartida objetiva – trabalho voluntário, por exemplo - como um retorno justo, para si ou para a comunidade de origem, dos jovens selecionados. Foi preciso, inúmeras vezes reafirmar que o projeto Virada de Futuro não tem esse objetivo, nem visa a esse tipo de impacto, ainda que ele possa ocorrer e tenha ocorrido com freqüência. A experiência com os projetos comunitários (2002) mostrou que é possível uma contribuição pontual até o segundo ano dos cursos, mas que o tempo e a disponibilidade ficam cada vez menores até o último período. O que pode parecer um “afastamento” corresponde, na maior parte das vezes, ao envolvimento maior e necessário do jovem com as responsabilidades acadêmicas que, por sua vez, precedem seu ingresso no mundo do trabalho. É o rompimento de um cordão umbilical, não o seu reforço.
23
publicacao_virada_de_futuro.indd 23
4/12/2008 17:38:00
O processo pensado As atividades complementares Usualmente, as organizações sociais chamam de complementares àquelas atividades realizadas no período alternativo ao horário escolar que acrescentam à educação formal oportunidades de aprendizagem dos conteúdos transversais que lhe são caros. O projeto Virada de Futuro adaptou essa matriz a sua especificidade e experimentalismo, propondo essas atividades como espaço de constituição de um grupo de reflexão e proposição sobre o próprio projeto e sobre a ação dos jovens em suas comunidades. Sua primeira definição dos objetivos específicos (2001) listou: 1. 2. 3. 4. 5.
Fortalecer o senso crítico e o desejo de aprender do jovem. Propiciar ao jovem um espaço de reflexão e construção de projetos em grupo. Propiciar ao jovem vivências em diversos espaços sociais e culturais. Estimular maior participação do jovem em sua comunidade. Contribuir com o desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem a entrada e permanência do jovem no mundo do trabalho.
Essa orientação vigorou nos dois primeiros anos e, após ampla avaliação, inaugurou uma segunda fase, com novas ênfases: 1. Criar um espaço em que os jovens possam expressar e trocar suas experiências, conflitos, soluções e perspectivas. 2. Contribuir com o desenvolvimento de habilidades e competências para o mundo do trabalho. 3. Possibilitar o acesso a espaços culturais, como cinemas, teatros, exposições. Em 2001, o desafio principal das atividades complementares era preparar os jovens “para enfrentar o novo, o diferente sem se sentirem ameaçados”. A avaliação era de que os jovens precisavam repartir e refletir sobre as pressões “grandes demais” que sentiam receber. E, ao mesmo tempo, deveriam se abrir para horizontes mais amplos, representados pelos bens culturais da cidadania e o mundo do trabalho. Assim, mensalmente havia um encontro de dia inteiro, programado para combinar uma atividade mais reflexiva e outra mais ligada à fruição cultural. É notável a memória que ficou desses momentos no depoimento dos jovens sobre suas impressões do projeto. Em muitos casos, a experiência de acesso a espetáculos culturais ou à variedade de estilos gastronômicos dos restaurantes parece ter sido mais impactante (e transformadora) do que o convívio no ambiente universitário. Em 2004, a ênfase recaiu sobre o mundo do trabalho e as sessões organizaram-se em três partes: uma primeira para conversa e reflexão coletiva sobre os desafios comuns; o desenvolvimento de um projeto por grupos na segunda; e, no final, um passeio cultural. Em 2005, os objetivos das atividades complementares ganharam algumas especificidades: 1. Incentivar a criação de metas e estratégias de planejamento para as diversas áreas da vida dos jovens. 2. Ampliar os conhecimentos e as vivências dos espaços sociais e culturais da cidade de São Paulo. 3. Possibilitar um espaço de troca de experiências entre o grupo de veteranos e os novos bolsistas. Finalmente, em 2006, os jovens elegeram quatro representantes para participarem do planejamento das atividades do ano, que mantiveram o formato dos dois anos anteriores. Com uma novidade: a criação de um momento para que os jovens apresentassem aos colegas um pouco do que aprendiam em seus cursos acadêmicos.
24
publicacao_virada_de_futuro.indd 24
4/12/2008 17:38:01
O que as sucessivas revisões de objetivos demonstram é que, mais do que a definição de um estilo, as atividades complementares lograram corresponder aos diferentes momentos, necessidades e disponibilidades dos jovens – preservando seu espaço próprio e constituindo provavelmente a marca mais original deste projeto.
foto: Fundação Abrinq
Atividade complementar 2002 Visita ao Centro Cultural Banco do Brasil
foto: Fundação Abrinq
“O que aprendemos com as Atividades Complementares é aproveitar as oportunidades e ir atrás de novas. Isso faz com que façamos escolhas certas e com responsabilidade.” Tiago Gomes
Atividade complementar 2005, visita à bienal de artes
25
publicacao_virada_de_futuro.indd 25
4/12/2008 17:38:01
O processo pensado
A percepção dos jovens Uma sintética retrospectiva das avaliações feitas pelos jovens mostra como suas expectativas e envolvimento vão aumentando gradativamente. Eles começam o ano de 2003 destacando a importância “desse espaço para conversar e falar dos problemas” e, em dezembro, propõem que as atividades complementares sejam mais dinâmicas, incluam discussões sobre a família e que haja outros encontros com familiares e educadores. No início de 2004, esperam delas muitas coisas, entre as quais que proporcionem: enriquecimento cultural, conhecimento da cidade de São Paulo e de seus pontos turísticos, compartilhamento de experiências vividas nos cursos, troca de conhecimento entre as áreas de estudo, trabalhos conjuntos, troca de experiências com pessoas convidadas, viagens de integração, discussão sobre o mercado de trabalho, visitas a outras instituições, encontros com ex-bolsistas, participação em eventos das respectivas áreas profissionais. No final do ano, avaliam positivamente a programação desenvolvida, acrescentando que gostariam de aumentar o repertório das artes, incluindo cinema, música, teatro e atividades ambientais. Em 2005, os jovens propõem mais tempo para discussão sobre o mercado de trabalho e se ressentem de que nem todos os bolsistas participem e se envolvam com as atividades complementares e da dificuldade de manter contato fora da programação institucional. Avaliam que as distâncias geográficas e a falta de tempo possam justificar parcialmente a situação, mas também que alguns jovens não percebem a importância dessa atividade. E sugerem a inclusão de dinâmicas de integração do grupo e intercâmbio entre as organizações sociais. No início de 2006, novas inclusões e expectativas: novo encontro com os mentores, encontros com outros grupos de jovens, mais atividades de lazer, atividades em lugares abertos, discutir qualidade de vida, falar mais da aprendizagem de cada um, palestra sobre como falar em grupo e amigo secreto no final do ano. O balanço de fim de ano: • reconhecerá a qualidade das dinâmicas utilizadas, das atividades de intercâmbio com outros jovens e em meios sócio-culturais diversos, da proximidade das temáticas com o cotidiano e dos encontros com mentores e com familiares; • proporá novas atividades para promover a integração do grupo, como apresentações sobre os cursos que cada um faz, presença maior de ex-bolsistas, dicas sobre gerenciamento de tempo e mais envolvimento das organizações sociais com as atividades complementares.
26
publicacao_virada_de_futuro.indd 26
4/12/2008 17:38:02
Em seu depoimento, as organizações reconhecem as atividades complementares como instância que cria vínculos afetivos e terapêuticos, que “põe todos no mesmo barco”, que amplia a visão dos participantes e amadurece pelo convívio. Acontece também um efeito multiplicador, quando os jovens repartem estas experiências em suas comunidades e fazem lobby junto às organizações para que reproduzam localmente essas atividades. Há ressalvas ao fato de que elas acontecem em finais de semana e tomam um dia inteiro, o que leva os jovens mais sobrecarregados (ou que se sentem mais cansados) a se ausentarem delas, apesar contarem sempre com uma média de 70% dos jovens presentes. Um cardápio variado de conteúdo32 e estratégias Segundo um dos jovens participantes do projeto Virada de Futuro, o segredo do sucesso das atividades complementares é dar acesso aos cardápios – tanto gastronômicos, quanto sócio-culturais. Esses “cardápios” são listas de possibilidade de experiências com a diversidade não-acadêmica que estão disponíveis aos jovens, a maior parte delas com baixo custo, ou gratuitamente. Experiências no sentido amplo, que podem abrigar, ao mesmo tempo, as temáticas e o modo de lidar com elas. Assim, foi possível tratar de temas do mundo dos estudos, do mundo do trabalho, do mundo das relações interpessoais, da cultura e das dinâmicas de exclusão/inclusão. E esse “tratamento” foi construído por variadas metodologias participativas, desde o modelo mais tradicional (exposição seguida de debate), até dinâmicas e jogos operativos, passando por visitas guiadas, sessões de filmes e vídeos e eventos de intercâmbio geracional. Além disso, esse “espaço de troca” foi também um distensionador para o monitoramento dos experimentos implantados, cujos acertos e desacertos tornaram-se também (e principalmente) problemas dos jovens aos quais eles não negaram sua contribuição. Em síntese, as Atividades Complementares funcionam como uma instância terapêutica horizontal para os jovens e para o projeto.
O envolvimento das famílias As Atividades Complementares também constituem um espaço estratégico para envolver as famílias dos jovens com os objetivos do projeto. foto: Fundação Abrinq
As famílias participam da confraternização anual, de reuniões periódicas de avaliação e contato com as organizações sociais, com os mentores e de algum evento pontual. Essas são oportunidades de aproximação, esclarecimento e convívio que criam o sentido de pertencimento a uma experiência coletiva e estimulam as famílias a apoiar e acompanhar seus filhos mais de perto.
Atividade complementar com os pais, passeio ao centro histórico de São Paulo
32 Ver Atividades Complementares 2001/2006 nos Anexos. 27
publicacao_virada_de_futuro.indd 27
4/12/2008 17:38:02
O processo pensado Mentoria Nas discussões iniciais de formatação do projeto, o tema da passagem do jovem do mundo da escola para o mundo do trabalho já estava em pauta. A idéia inicial pressupunha a criação de uma espécie de tutoria que se valesse do estímulo ao voluntariado corporativo. Essa idéia foi retrabalhada pelo Comitê Executivo a partir da apresentação do trabalho de mentoring que algumas empresas internacionais estavam implementando a partir de seus departamentos de recursos humanos33. Apesar das resistências à importação cultural e setorial de modelos, a proposta central de facilitar a transição entremundos e, por conseqüência, a realização dos projetos de vida dos jovens, permaneceu como Mentoria. No primeiro semestre de 2002, três profissionais voluntários reuniram-se com a coordenação do projeto e elaboraram o Perfil do Mentor. A partir desse perfil, foram contatados sócios e contribuintes da Fundação Abrinq e outros profissionais indicados pelo grupo inicial. No final do ano, aconteceu o encontro entre os dez voluntários escolhidos e os alunos do projeto. A previsão era de que o acompanhamento começasse em fevereiro, após um encontro de capacitação dos mentores, com encontros mensais mentor-jovem e bimensais entre os mentores. Compunham esse primeiro grupo: dois empresários na área de informática, um dentista, um executivo da área de telecomunicações, dois profissionais da administração, uma professora de espanhol, dois cartunistas e duas educadoras.
foto: Fundação Abrinq
Atividade com os mentores
Em 2003, os mentores acompanharam 13 jovens (cinco que já haviam concluído seus cursos), elaboraram planos de trabalho e participaram de cinco reuniões e de dois encontros de avaliação. A participação foi desigual, porém majoritária. Cinco mentores visitaram as organizações sociais de origem dos jovens. Os encontros entre mentores foram acompanhados pela psicanalista Telma Weiss, da Sociedade Brasileira de Psicanálise, que apoiou as reflexões do grupo e contribuiu para que eles sintetizassem seu aprendizado nesse período: 1) O papel mais importante do mentor é ser um orientador, um guia, um interlocutor no percurso profissional que o estudante desejar traçar. 2) Empregar o jovem na própria empresa do mentor não se mostrou uma boa experiência. Os papéis de mentor e de patrão são inconciliáveis. 3) É mais interessante que, no início, o jovem e o mentor criem um vínculo de confiança. Assim, vivenciando a oportunidade de um encontro que não tem ligação profissional ou familiar, o jovem usufrui da chance de ter uma pessoa adulta disposta a conversar com ele, com o objetivo de apresentar-lhe as possibilidades do mundo profissional contemporâneo. 4) É importante trabalhar com a expectativa mútua, para facilitar a sintonia da dupla: o mentor precisa ter ciência da importância e do limite do seu papel e o jovem, consciência da oportunidade que esta experiência significa. Ao final do ano, nenhum mentor apresentou os relatórios de acompanhamento (dois) programados. A avaliação dessa dificuldade indicou a necessidade de criar um instrumento simples (duas a três questões) e ágil (por e-mail) para os registros. 33 “Um terço das maiores empresas norte americanas têm programas formais de mentoria. Mudanças freqüentes na tecnologia, ambiente de hipercompetitividade, necessidade de disseminação do conhecimento e de profissionais mais capacitados, despertaram nas empresas a necessidade de reter o seu capital humano, aumentando assim a importância do plano de carreira e dos programas formais de mentoria nas organizações. Durante muito tempo, a mentoria foi tida como uma assistência unilateral ao desenvolvimento, onde uma pessoa mais experiente e com cargo mais alto na organização, trabalhava com o mentorado, dando-lhe suporte tanto pessoal quanto profissional. Atualmente, sabe-se que mentores não se restringem a superiores, mas podem ser pares e até subordinados.” Denise Souza em Os benefícios da mentoria (http://www2.uol.com.br/JC/sites/deloitte/artigos/a8.htm)
28
publicacao_virada_de_futuro.indd 28
4/12/2008 17:38:04
Dos sete jovens formados em 2003, três solicitaram a continuidade da mentoria. Dos seis que continuaram seus estudos, cinco mantiveram esse apoio para 2004. Com a seleção de uma nova turma de bolsistas teve início a segunda fase da mentoria, com vistas a 2005 (o Comitê Executivo considerou mais oportuno iniciá-la a partir do segundo ano de curso, pois o jovem já lida com muitas mudanças no primeiro ano). Dessa vez, cada jovem ajudou a desenhar o perfil do mentor que desejava34 para si. O ponto comum foi a necessidade de que o mentor tivesse experiência e fosse reconhecido em sua área profissional. E também que “fosse amigo, didático, conselheiro e flexível”. Com base nesses perfis e com a ajuda de voluntários da Sociedade Brasileira de Psicanálise os profissionais indicados foram entrevistados e 14 deles selecionados. O primeiro encontro desse grupo aconteceu em 3 de junho e dele se destacam as seguintes considerações: • • • • •
é importante não criar muitas expectativas, mas trabalhar com as circunstâncias, no terreno do possível; é fundamental escutar quais são as expectativas e as demandas dos jovens e considerar a sua realidade; o papel do mentor não é semelhante ao de um orientador de monografia; é difícil perceber o limite desse papel sem cair numa postura assistencialista/paternalista; devem ser identificados os objetivos comuns entre o jovem e o mentor.
Ficou estabelecido que cada dupla jovem-mentor estabeleceria um objetivo para o segundo semestre para ser desenvolvido em atividades mensais de uma hora de duração cada. Vinte e dois jovens foram acompanhados por mentores, no primeiro semestre. Seis relataram dificuldades nesse acompanhamento. No final do ano, a avaliação do processo registrou que os casos de melhor aproveitamento da mentoria devem-se à capacidade de “ouvir, entender e dar valor às necessidades apresentadas pelos jovens, sem sobrepor suas expectativas, possibilidades e valores”. Em 2006, com a aproximação do final de seus cursos, os jovens tiveram uma conversa coletiva com os mentores e ponderaram que, para a concorrência no mercado de trabalho requer agilidade, atualização de conhecimentos e uma rede variada de relacionamentos e contatos. Os mentores destacaram a relevância de, durante os cursos, buscar estágios que acrescentem experiências e conhecimento significativo para o campo em que se planeja ingressar. As considerações e depoimentos colhidos entre os jovens, as organizações e o Comitê Executivo autorizam a sensação de que a idéia e a prática da mentoria ainda são muito incipientes. A necessidade de um mentor não é clara para o jovem nos períodos iniciais de seu curso. Mais tarde, se ela surgir, será por variáveis imprevisíveis, o que não facilita sua caracterização como um a priori necessário. Também não é fácil identificar e capacitar os mentores. Entre os que se voluntariam, é preciso reconhecer os que têm capacidade ou potencialidade para equilibrar o conhecimento profissional e a administração do vínculo com os jovens. Encontrado (ou construído) esse balanço ainda restarão dois pontos cruciais para que o apoio se concretize: disponibilidade e acessibilidade – tempo e distância. As organizações e seus educadores têm pouco contato com os mentores, assim como a equipe técnica do projeto. A relação forte deve ser com o jovem. Mas ela não aparece destacada no relato dos entrevistados. 34 Mais uma vez, com a colaboração de Telma Weiss. 29
publicacao_virada_de_futuro.indd 29
4/12/2008 17:38:05
O processo pensado O que parece a todos é que a idéia continua pertinente, mas precisa ser lapidada. Na expressão de uma participante do Comitê, a mentoria “ainda não rolou redonda, não deu liga”. Mas deve dar. Algumas experiências tiveram resultados positivos. Alguns jovens puderam contar com o apoio de seus mentores até na elaboração de seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TTCs).
Avaliação Um projeto experimental que envolve tantos educadores tem, claro, a avaliação como uma prática compulsória. O projeto Virada de Futuro desenvolveu uma dinâmica permanente e regular de checagem das suas atividades. O desempenho dos jovens é retratado no relatório trimestral preparado pelos educadores das organizações sociais. O relatório passa pela equipe do projeto, que o encaminha à avaliação (e às deliberações, quando necessário) do Comitê Executivo. Semestralmente, são elaborados relatórios de atividades nos quais é feita uma avaliação de cada jovem, das atividades complementares, das reuniões do Comitê Executivo, das reuniões com as organizações e do trabalho com os mentores, que são apresentados ao Comitê. As famílias dos jovens também têm uma reunião anual de avaliação de resultados. Os métodos que orientam essas avaliações processuais são participativos, dinâmicos, dialógicos e qualitativos. O formato de registro geralmente divide-se entre a análise da situação e a relação dos encaminhamentos propostos. Os resultados dessas avaliações alimentam uma dinâmica ampla de avaliação estratégica, que cobre períodos maiores e ciclos de aperfeiçoamento do piloto do projeto. Já foram feitas duas avaliações desse tipo. A primeira, no segundo semestre de 2002, envolveu os jovens, seus familiares e a equipe técnica. Utilizou um questionário simples com os jovens, mas no geral privilegiou a discussão aberta sobre um roteiro pré-estabelecido. A segunda aconteceu um ano depois e foi levada a efeito no Comitê Executivo, ocasião em que foram redefinidas as bases normativas do segundo ciclo do projeto. Os principais indicadores de resultado, considerados no período de 2001 a 2006, foram: permanência dos jovens no projeto, freqüência às atividades, realização dos projetos intermediários propostos, a conclusão dos cursos, a adesão de profissionais e entidades voluntárias, o aprendizado institucional das organizações sociais. E, quanto aos impactos: acesso ao mercado de trabalho, fidelização dos parceiros financiadores, efeito multiplicador nas organizações sociais e o aumento da demanda pelo projeto na Rede Nossas Crianças.
30
publicacao_virada_de_futuro.indd 30
4/12/2008 17:38:05
O processo projetado O adolescente Mário Quintana “A vida é tão bela que chega a dar medo. Não o medo que paralisa e gela, estátua súbita, mas esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz o jovem felino seguir para a frente farejando o vento ao sair pela primeira vez da gruta. Medo que ofusca: luz. Cumplicentemente as folhas contam-te o segredo velho como o mundo: adolescente, olha! a vida é nova. A vida é nova e anda nua, vestida apenas com o teu desejo!”
31
publicacao_virada_de_futuro.indd 31
4/12/2008 17:38:05
O processo projetado Ser jovem
Milton Quintino
Ser jovem não é brinquedo, não. É promessa de vida no teu coração, como cantou Tom Jobim. É um frio na espinha, como sugeriu o poeta Mário Quintana. É uma espinha na testa, como sabemos todos nós. Ser jovem não é problema, não. É sair da gruta caminhando com as próprias idéias, pensando com as próprias pernas, sentido com as próprias dúvidas. É esticar o braço pra pegar a luz. Ser jovem não é moleza, não. Nascemos nus, pequenos, frágeis. Numa piscada, tudo cresce: quadril, pêlos, desejos. Então, a vida é que passa nua. E chega a hora de fazer escolhas. Ser jovem fica entre um não e um... outro não. “Você já não é mais criança, rapaz!” “Ta pensando que já é mulher feita, garota?” Mas todo mundo quer ser, ou parecer jovem. Ser jovem também é ir além. É o adolescente biológico promovido a indivíduo responsável. Quinze, dezesseis, dezessete... até os vinte e quatro anos de idade – 38 milhões de brasileiros são jovens. É um processo: vida sexual ativa, direito ao voto, respeito à Lei. Ser jovem é procurar sua marca. Pode ser uma assinatura ou uma pichação. Um conjunto musical, ou uma loja. Uma gíria, ou um brinco. É olhar muito no espelho pra entender o qual é daquela figura. Ser jovem é procurar sua turma. Grupo, rapaziada, manos, equipe, galera, aleluia. Time, conjunto, tribo, nação, lance. Coletivo. É encontrar no qual é dos outros a energia da vida. Ser jovem é ser felino. Quieto como o gato que observa, ameaçador como a leoa que ruge. Pais, professores, autoridades que se cuidem: cada movimento seu atrai e afasta. A crítica é filha da curiosidade. Ser jovem é ser eterno. Enquanto dure. Querer tanto, poder tudo, ousar sempre, experimentar muito. Arriscar, abusar, testar, extrapolar, exagerar. Rabiscar o infinito. É sonhar que te adoram. Ser jovem dura pouco. A necessidade bate, o trabalho ocupa, o tempo voa. E a vida leva. O conflito abate, a violência extermina, o risco pousa. E a morte leva. É preciso viver a juventude. Ser jovem é virar o jogo. É dizer não ao medo “que paralisa e gela, estátua súbita”. É inventar que nada será como antes. É imaginar mil outros mundos possíveis. É aplicar músculos, neurônios e hormônios para reagir. Empatando no primeiro tempo, Dá pra ganhar no segundo. 32
publicacao_virada_de_futuro.indd 32
4/12/2008 17:38:08
Pensando em escala O processo do projeto Virada de Futuro – vivido, pensado – informa e encaminha as projeções de sua continuidade e eventual expansão. Há uma fonte de sentido que o anima e diferencia: o melhor interesse dos jovens. O caminho feito ao andar superou outras possibilidades correntes, mais “orientadas ao mercado” ou às políticas de redução de riscos sociais. Essa opção preferencial pelos jovens gerou um dispositivo de apoio leve, eficiente e eficaz, balizado pela porta de entrada criteriosa, por instrumentos de acompanhamento específicos e avaliação permanente, numa dinâmica de gestão compartilhada. Portanto, a primeira reflexão a aprofundar diz respeito às expectativas e possibilidades manifestadas pelos jovens atendidos, para avaliar como (e até onde) o projeto pode lhes corresponder. Os jovens que chegam ao projeto começaram uma “virada” antes dele, com o apoio de suas organizações sociais. Para eles, esta nova oportunidade aponta no horizonte uma possibilidade de vôo, ou autonomia, que encanta e assusta. Em famílias pobres, a “moratória da adolescência” tem prazo curto: mesmo que valorizem a escolaridade, elas investem expectativas econômicas das quais aguardam retorno a partir do 17º aniversário. O vínculo de seus filhos com as organizações sociais é visto favoravelmente do ponto de vista da fixação de valores e das oportunidades de formação e capacitação, o que geralmente prolonga um pouco o tempo da espera. Mas ela permanece e o jovem sabe disso. Nesse contexto, o projeto Virada de Futuro surge como um tipo de oportunidade diferente das usuais, pois será fruída fora, longe da comunidade e da família (coisa que ela e a organização demoram a perceber). Além disso, é uma oportunidade extremamente seletiva ante o quadro local. Tudo isso para dizer quais são as desvantagens comparativas que pressionam adicionalmente esses jovens de que falamos35. [Adicionalmente porque existem as pressões comuns a todos os jovens relacionadas à faixa etária, à escolha profissional, às incertezas do mundo do trabalho. A propósito dessas, que resultam de macroprocessos sócio-econômicos, a interferência do projeto é necessária, mas suas possibilidades são limitadas e mitigadoras]. A primeira dessas pressões é a saída do lugar de origem. Para a maior parte dos jovens pobres das periferias metropolitanas brasileiras, sua cidade se restringe ao seu bairro. Cursar uma faculdade, ao contrário, significa “sair dali”, territorial e simbolicamente, para um outro mundo. Um êxodo voluntário e solitário que cobrará seu preço e dará seu fruto. O “outro mundo” é recheado de mundos inesperados, desconhecidos, ainda não vividos, ameaçadores, tentadores. O jovem se depara, só, ante cardápios infinitos de comportamento, valores, costumes e possibilidades de ser. Descobre a diversidade e a diferença e é desafiado a reconstruir sua identidade na negociação com as alteridades. Sua reconfiguração será influenciada (talvez mesmo determinada) pelos vínculos significativos que vier a estabelecer. No cipoal de links humanos em que se meteu, buscará compatibilidades e sinais de referência. Será relevante quem compreendê-lo e ajudá-lo a compreender.
35 A má qualidade do Ensino Médio nas escolas públicas seria outra delas. Mas estudos recentes comparando o aproveitamento escolar universitário de alunos cotistas a não-cotistas parecem não confirmá-la, à semelhança do que já foi verificado em estudos norteamericanos. 33
publicacao_virada_de_futuro.indd 33
4/12/2008 17:38:08
O processo projetado Por fim, e mais objetivamente, tem diante de si tempo e recursos extraordinariamente relevantes para administrar. Dará conta disso sozinho? Como saberá se está mais perto, ou mais longe, do lado de lá (o mundo do trabalho)? Exílio, diversidade, laço social e rito de passagem. É a essas perguntas que pretendem (co)responder as atividades complementares, o acompanhamento das organizações e o apoio psicológico. Esse é o norte para que esse dispositivo se aperfeiçoe. Pensando em escala, como se poderá desenvolver esse dispositivo-matriz – que funciona para um piloto anual em torno dos 20 jovens – para atender como eficiência 100, 200 ou mais jovens. Nossa proposta consiste em:
racionalizar a porta de entrada, refinando os critérios de seleção que já existem otimizar a aplicação dos recursos, estabelecendo critérios de aceitabilidade para os cursos/escolas pretendidos
aperfeiçoar as atividades de acompanhamento, incorporando instrumentos remotos quando possível
aperfeiçoar o quadro de indicadores de resultado e impacto
34
publicacao_virada_de_futuro.indd 34
4/12/2008 17:38:09
racionalizar a porta de entrada, refinando os critérios de seleção que já existem A permanência escolar depende de uma dinâmica entre as características individuais do jovem e as redes sociais a que ele pertence. “A posição ocupada pelo agente nos campos escolar e familiar”36 é decisiva. Partindo dessa proposição, cabe acrescentar à composição o outro campo de pertencimento relevante à trajetória dos nossos jovens: o da sua organização social de origem, onde desenvolveu praticou e aprimorou aquelas características e valores reconhecidos como requisitos nos critérios de 2001. E ainda resta um fator relacionado ao tempo, geralmente pouco perceptível por manifestar-se sempre camuflado por hábitos familiares, escolares, ou institucionais – quando é, de fato, uma habilidade, ou saber comportamental relacionado às trocas intertemporais37. A capacidade de fazer escolhas intertemporais – diretamente relacionada à tensão imediatismo versus paciência – é um aprendizado fortemente influenciado pelo convívio familiar, escolar, cultural e religioso, desenvolvido até o final da primeira infância e que se apresenta como um paradoxo na juventude, em especial no suposto momento de proceder a escolha de uma profissão. Sua faceta pública mais conhecida é a associação entre os anos de estudo dos filhos e a escolaridade dos pais (principalmente, a mãe). Os pais definem estratégias escolares para os filhos conforme os prazos de retorno que julguem razoáveis com base em sua experiência própria (e, claro, também de acordo com as necessidades familiares). Também são importantes os mecanismos de socialização secundária – os amigos da escola, algum professor de referência – para o reconhecimento do valor das estratégias escolares de médio e longo prazo. As entrevistas com os jovens e com as organizações comprovam que a experiência do projeto Virada de Futuro expandiu o horizonte de possibilidades dos outros jovens que participam das atividades cotidianas em seu local de origem. Resulta que este também é um fator a ser considerado no entendimento do que seja a (pré) qualificação de um jovem interessado em candidatar-se à bolsa do projeto. Recuperando retrospectivamente os tópicos considerados característicos à seleção para o projeto Virada de Futuro, teremos: 1. as condições prévias (adequação à faixa de idade, conclusão do Ensino Médio, elaboração do projeto de formação); 2. a definição da situação de baixa renda familiar per capita; 3. a composição do quadro familiar; 4. o histórico da relação do jovem com o campo escolar; 5. o histórico da relação do jovem com o campo sócio-institucional; 6. as expectativas do jovem relacionadas a sua capacidade de fazer escolhas intertemporais. Pelas entrevistas e relatos recolhidos, a organização que melhor pratica a seleção considera cinco itens na avaliação: uma redação do candidato, seu projeto de vida, sua militância comunitária, sua responsabilidade na família e a variável étnica. Considera-se também que, pela tradição, a seleção é uma tarefa repartida entre a organização de origem e a Fundação Abrinq (tópicos assinalados em verde no Quadro I – Critérios para seleção de jovens, capítulo 2). 36 Op. cit., p. 140. 37 “A troca intertemporal consiste na ação de manipular de alguma forma a seqüência dos eventos no tempo de modo a favorecer a realização de um dado fim.” In GIANETTI, 2005, p. 69. 35
publicacao_virada_de_futuro.indd 35
4/12/2008 17:38:09
O processo projetado A partir dessas considerações, a proposta é criar uma grade comum de critérios e instrumentos de avaliação que seja, ao mesmo tempo, passível de quantificação para: • facilitar os termos de comparação, objetivando-os; • simplificar um previsível aumento da escala do projeto, sem prejuízo da complexidade da avaliação; • conferir visibilidade à divulgação pública dos resultados. Para compor essa grade, os tópicos 2 a 6 foram redistribuídos em cinco critérios: Necessidade, Família, Antecedentes, Valor e Expectativa. Além dessa composição básica, acrescentam-se outros dois que dêem conta das variáveis conjunturais, ou institucionais significativos para os candidatos ou organizações em questão: o fator de Risco e o fator Diferencial. Os instrumentos de verificação também não são desconhecidos: Redação, Projeto, Documentação, Entrevista, Visita, Teste. Para este último é preciso criar um conjunto que cubra, na mesma aplicação, os três critérios envolvidos. Nesta proposta, a organização de origem continua co-responsável pela seleção, na modalidade de executora da pré-seleção (não mais “indicação”). A Fundação Abrinq responde pela seleção final. Para cada jovem candidato a organização de origem prepara uma pasta onde ficam os registros dos instrumentos de avaliação sob sua responsabilidade. As organizações apresentam à Fundação Abrinq uma relação dos candidatos pré-selecionados acompanhada de Fichas Individuais de Avaliação com a pontuação obtida pelos jovens e um resumo dos motivos que justificam tal classificação.
36
publicacao_virada_de_futuro.indd 36
4/12/2008 17:38:09
otimizar a aplicação dos recursos, estabelecendo critérios de aceitabilidade para os cursos/escolas pretendidos No projeto Virada de Futuro, a “criação de oportunidades” se traduz na bolsa de estudo e no aparato de suporte de acompanhamento (atividades complementares, mentoria, atendimento psicológico). Mas o conteúdo principal dessas oportunidades é o acesso, permanência e aproveitamento de um curso de nível universitário, ou técnico. Sob esse conteúdo manifesto, há outro implícito: o acesso a um posto de trabalho bem qualificado que represente uma virada para o jovem nas suas condições e expectativas de vida originais. Na experiência-piloto, 25% dos alunos que se encaminharam para cursos universitários manifestaram insatisfação com a qualidade dos cursos/escolas em que obtiveram vaga. A incidência é expressiva, pois outros 50% estavam matriculados em cursos/escolas de referência para seu campo de interesse. E mais: 10% dos que cursaram escolas menos qualificadas e não manifestaram sua insatisfação durante o curso têm encontrado dificuldade de conseguir trabalho em sua área de formação. O acesso aos meios para estudar, exemplificada pela ampla oferta de vagas hoje existente no Ensino Básico, pode ser comprometida pela qualidade da educação disponível nas agências de ensino estimuladas pela atualização da demanda (há tantos anos reprimida). Como meio de prevenir esse falso benefício e contribuir para uma maior consciência de todos os atores envolvidos no processo do projeto Virada de Futuro sobre o leque de ofertas institucionais disponíveis, a sugestão é adoção de estratégias e instrumentais que ajudem a avaliar o grau de risco na escolha da escola ou curso pretendidos pelos jovens.
37
publicacao_virada_de_futuro.indd 37
4/12/2008 17:38:09
O processo projetado aperfeiçoar as atividades de acompanhamento, incorporando instrumentos remotos quando possível Acompanhamento das organizações • A organização social é a fonte primeira de informação e confiança dos jovens. Ela conhece sua trajetória familiar, suas características e, muitas vezes, seu desempenho escolar. No processo de seleção, seu papel deve ser de pré-seleção documentada do jovem (os critérios indicados) e de pré-seleção da escola/curso escolhido (conforme os critérios indicados). • A capacitação das organizações sociais pode ser feita em dois eventos anuais que incluam intercâmbio com experiências similares e resultem na publicação de um Guia do Educador do projeto Virada de Futuro e na certificação dos educadores capacitados. • Os instrumentos de acompanhamento e registro precisam ser aprimorados, incorporando indicadores estabelecidos e aceitos previamente.
Atividades complementares A linha de atuação seguida desde o início do piloto é praticamente irretocável, que se deve à clareza do foco do projeto. Os pontos apresentados a seguir sugerem apenas o aperfeiçoamento de iniciativas já sugeridas durante a experiência: • Quanto aos conteúdos de Cidadania, pode ser mais estreita a relação prático-teórica com o acesso, circulação e conhecimento da cidade de São Paulo (sobre a qual poderia haver um acervo bibliográfico disponível para consulta na sede da Fundação Abrinq). • Um roteiro básico de quatro anos pode ser criado e aplicado com flexibilidade combinando as três preocupações axiais (a cidade, o mundo do trabalho, o compartilhamento terapêutico no grupo). • Pertencer ao grupo do projeto Virada de Futuro precisa ser mais desejado do que compulsório. Pode ser criado um recurso de relacionamento remoto no site do projeto que permitirá a continuidade do contato entre os jovens nos intervalos entre as sessões das atividades complementares, com noticiário e assunto de interesse, “esquentando” a expectativa dos encontros presenciais. • As sessões de encontro, documentadas em vídeo, serviriam para alimentar o site, divulgar o projeto, multiplicar o efeito nas organizações sociais – o que poderia ficar cada vez a cargo de um grupo de “reportagem”. • Para uma atividade com esse perfil (das atividades complementares) talvez seja possível abrir parcerias específicas, tanto de financiamento, quanto de oferta de oportunidades.
38
publicacao_virada_de_futuro.indd 38
4/12/2008 17:38:09
Mentoria • O aprendizado construído até agora sugere que a combinação de habilidades mais adequada a um mentor do projeto Virada de Futuro é a que reúne a compreensão do rito de passagem do jovem para o mundo do trabalho à experiência e conhecimento no campo profissional correspondente, ambas sujeitas à capacidade de ouvir. • Para o aprofundamento conceitual que ainda há por fazer, a sugestão é promover um seminário sobre o assunto com a participação de mentores do setor empresarial e seus similares do setor social. Os resultados desse seminário poderiam dar origem a um Guia do Mentor (ou outro titulo que venha a receber) do projeto Virada de Futuro e ao reconhecimento por certificação. • Em relação à prática atual, também sugere-se o recurso do aumento do número de jovens por mentor, desde que se criem mecanismos de relacionamento à distância (para alternar com os encontros presenciais) de instrumentos mais detalhados que ajustem as expectativas de jovens e mentores e desdobrem-se em planos de ação. • A criação de um locus virtual para a Mentoria poderia ser acompanhada de um Banco de Mentoria que reunisse informações, debates, o perfil dos voluntários que atuam (e atuaram) pelo Projeto, com potencialidade para ser acessado e divulgado no campo do voluntariado corporativo.
39
publicacao_virada_de_futuro.indd 39
4/12/2008 17:38:09
O processo projetado aperfeiçoar o quadro de indicadores de resultado e impacto A implantação do projeto Virada de Futuro procedeu uma seleção natural de indicadores, que foram referendados tanto pela presença constante nos relatórios periódicos, quanto nos depoimentos orais dos participantes. Sua fonte de legitimidade, portanto, é aceitação tácita e prática pelos atores envolvidos. Eles já foram indicados no final do capítulo anterior e agora são ordenados no quadro a seguir. INDICADORES DE RESULTADOS
MEIOS DE VERIFICAÇÃO
Permanência dos jovens no projeto
Tabelas percentuais nos relatórios semestrais de atividades
Freqüência e participação nas atividades
Listas de presença e relatórios setoriais
Realização dos projetos intermediários
Relatórios setoriais
Conclusão dos cursos
Tabelas percentuais nos relatórios anuais de atividades
Adesão de profissionais e entidades voluntárias
Tabelas percentuais nos relatórios semestrais de atividades
Aprendizado institucional das organizações sociais
Criar um questionário próprio
INDICADORES DE IMPACTO
MEIOS DE VERIFICAÇÃO
Acesso ao mercado de trabalho
Relatórios semestrais e anuais com a criação de um sistema de referência
Fidelização dos parceiros financiadores
Relatórios anuais de atividades
Efeito multiplicador nas organizações sociais
Criar um questionário próprio
Aumento da demanda pelo projeto na Rede Nossas Crianças
Criar um termômetro de demanda
Esta organização facilita perceber que os indicadores de resultado, quase todos, têm seus meios de verificação rotinizados. Mas o mesmo não acontece com os indicadores de impacto, a maior parte inferida ou referida informalmente. Há assim, uma tarefa inicial de aperfeiçoar esses indicadores, descrevendo-os e produzindo seus respectivos meios de verificação, o que também facilitará a elaboração dos relatórios regulares do projeto. Outro desafio presumível consiste em transformar em indicadores de resultados as expectativas expressas pelos jovens em seus projetos de formação, que se tornariam um roteiro “em construção”, enriquecido anualmente durante o transcorrer do curso, retratando também o avanço de compreensão do campo de estudo e seu horizonte fronteiriço ao mundo do trabalho.
40
publicacao_virada_de_futuro.indd 40
4/12/2008 17:38:09
Referências Fontes de referência e bibliografia Anexos I a V Experiências correlatas
41
publicacao_virada_de_futuro.indd 41
4/12/2008 17:38:09
Fontes de referência • Encontros com o Comitê Executivo e a equipe técnica do projeto • Encontro com as organizações sociais • Oficina com as duas turmas de jovens do projeto • Entrevistas com dez jovens que passaram pelo projeto • Entrevistas com representantes das organizações sociais • Entrevista com um parceiro financiador do projeto • Relatórios Anuais de Atividades e Relatórios setoriais de avaliação • Site da Fundação Abrinq • Publicações da Fundação Abrinq (de sistematização)
Bibliografia referida BOWEN, William G. O curso do rio: um estudo sobre a ação afirmativa no acesso à universidade. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. COSTA, Antonio Carlos Gomes da. O adolescente como protagonista. Cadernos Juventude. Disponível em: <http://www. adolec.br/bvs/adolec/P/cadernos/capitulo/cap07/cap07.htm>. Acesso em: 22 set. 2008. GIANNETTI, Eduardo. O valor do amanhã: ensaio sobre a natureza dos juros. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. GINGELL, John; WINCH, Christopher. Dicionário de filosofia da educação. São Paulo: Contexto, 2007. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio – PNAD 2004. Brasília: IBGE, 2005. MESSEDER, Carlos A. (Org.). Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. QUIROGA, Consuelo; FAUSTO NETO, Ana Maria Q. Juventude urbana pobre: manifestações públicas e leituras sociais. In: PEREIRA, Carlos Alberto Messeder (Org.). Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Horizonte do desejo: instabilidade, fracasso coletivo e inércia social. Rio de Janeiro: FGV, 2006. SOUZA E SILVA, Jaílson de. Por que uns e não outros?: caminhada de jovens pobres para a universidade. Rio de Janeiro: Sete Letras, 2003. TORO, Bernardo. Código de modernidade. Disponível em: <http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler. php?modulo=10&texto=525>. Acesso em: 22 set. 2008.
42
publicacao_virada_de_futuro.indd 42
4/12/2008 17:38:12
Anexo I
TERMO DE COMPROMISSO Pelo presente instrumento particular, a instituição _________________________________, entidade regularmente constituída com seus atos constitutivos registrados no 3o Oficial de Registro Civil Das Pessoas Jurídicas, sob o nº 1.127 em 11/12/1946, CNPJ nº 62.246.494/0001/79, com sede no município de São Paulo, à Av. Álvaro Ramos, 366, CEP 03058-060 - Estado de São Paulo, neste ato representada, na forma legal, pelas pessoas abaixo identificadas e assinadas, a seguir denominado simplesmente INSTITUIÇÃO PARCEIRA; o jovem : _________________________, R.G. ________________, domiciliado à _______________________________, doravante denominado JOVEM, e a FUNDAÇÃO ABRINQ PELOS DIREITOS DA CRIANÇA, doravante designada simplesmente como FUNDAÇÃO, entidade civil sem fins lucrativos, CNPJ n.º 38.894.796/0001-46, com sede na capital do Estado de São Paulo, à Av. Santo Amaro, 1386, por seus representantes abaixo assinados e identificados, resolvem celebrar este termo de compromisso nas condições abaixo: 1. Das Características Gerais I - A FUNDAÇÃO criou, em parceria com as instituições da Rede Nossas Crianças, e implantou o Projeto Virada de Futuro, que tem por finalidade valorizar o potencial de jovens de famílias de baixa renda, com idade entre 17 e 21 anos, atendidos ou acompanhados pelas entidades que compõem a Rede Nossas Crianças, oferecendo bolsas de estudo, como meios para que realizem seus projetos de formação. II – O presente instrumento de compromisso define as condições que se dará o aporte de recursos captados pela FUNDAÇÃO, estabelecendo direitos e deveres da INSTITUIÇÃO PARCEIRA, do JOVEM e da FUNDAÇÃO. 2. São Deveres da INSTITUIÇÃO PARCEIRA a) Indicar profissional responsável por acompanhar o cotidiano do jovem bolsista indicado pela instituição, monitorando o seu desenvolvimento no decorrer do Programa e por participar de reuniões trimestrais organizadas pela FUNDAÇÃO para avaliação do desenvolvimento dos jovens; b) Receber mensalmente os recursos da FUNDAÇÃO e repassá-los ao jovem bolsista; c) Apresentar à FUNDAÇÃO, a cada início de semestre, o plano semestral de acompanhamento das atividades a serem desenvolvidas pelo JOVEM; d) Fornecer à FUNDAÇÃO, até o quinto dia útil dos nos meses de abril, julho, outubro e dezembro: - Relatório de acompanhamento realizado pela organização junto ao jovem bolsistas conforme modelo fornecido pela FUNDAÇÃO; - Prestação de contas sobre a utilização dos recursos repassados pela FUNDAÇÃO no período anterior, fornecendo resumo discriminativo dos gastos mensais, conforme modelo também fornecido pela FUNDAÇÃO, e cópias dos respectivos comprovantes, devidamente preenchidos, assinados e datados. Os gastos a serem considerados referem-se ao pagamento das mensalidades dos cursos realizados pelos jovens bolsistas, das despesas com transporte e alimentação. e) Fornecer recibo mensalmente, datado do dia do recebimento dos recursos, no montante da doação recebida, e no qual conste: nome da FUNDAÇÃO ABRINQ PELOS DIREITOS DA CRIANÇA, CNPJ 38.894.796/0001-46; endereço Av. Santo Amaro, 1386 – Vila Nova Conceição - São Paulo/SP - 04506-001, mês a que se referem os recursos e o nome do jovem beneficiado; 3. São Deveres do JOVEM a) Apresentar à instituição comprovantes de matrícula e rematrícula no curso ____________________________, da escola _________________________________ assim como os comprovantes dos pagamentos das mensalidades; b) Participar das atividades de acompanhamento desenvolvidas pela instituição; c) Participar das atividades complementares desenvolvidas pelo projeto Virada de Futuro da Fundação Abrinq; d) Apresentar desempenho suficiente para aprovação em cada período letivo ou fase/módulo no curso realizado e uma freqüência mínima de 75%. 43
publicacao_virada_de_futuro.indd 43
4/12/2008 17:38:12
4. São Deveres da FUNDAÇÃO a) Repassar à INSTITUIÇÃO PARCEIRA, até o primeiro dia útil do mês, os recursos arrecadados para a bolsa do JOVEM, no valor de R$ ____________, que inclui as despesas com a mensalidade do curso (R$) e ajuda de custo (R$), depositando o valor do repasse na conta Banco ___________, agência ________ conta corrente __________________, em nome do __ _________________________________; b) Desenvolver as atividades complementares à formação definida pelo JOVEM, previstas no Programa de Bolsas de Estudo. 5. Das Condições Especiais do Termo de Compromisso a) O aporte de recursos, objeto deste termo, poderá ser interrompido total ou parcialmente, sempre que a FUNDAÇÃO entenda, a seu exclusivo critério, que a INSTITUIÇÃO PARCEIRA e/ou o JOVEM, deixaram de atender aos requisitos apresentados neste contrato. A falta de prestação de contas e entrega do relatório de acompanhamento implicarão na suspensão imediata do repasse. b) Pelo presente instrumento particular entende-se como atribuição da instituição no acompanhamento do JOVEM à identificação das necessidades, dificuldades e desafios experimentados nesse seu novo momento, orientando-o e intervindo quando necessário. 6. Da Duração do Convênio O presente instrumento particular vigorará até ________________________, data prevista para o encerramento do curso a ser realizado pelo jovem. 7. Das Hipóteses de Rescisão do Convênio a) Caso a FUNDAÇÃO identifique que a INSTITUIÇÃO PARCEIRA e/ou o JOVEM deixem de atender aos requisitos mínimos aqui mencionados, comunicará por escrito a rescisão deste instrumento particular; b) Este termo de compromisso poderá ser rescindido por ambas as partes, a qualquer tempo, mediante simples comunicação por escrito, com antecedência mínima de trinta dias. 8. Do Foro de Eleição As partes elegem o Foro da capital para dirimir quaisquer controvérsias do presente termo de compromisso. E por estarem assim ajustados assinam o presente na presença de duas testemunhas. São Paulo, ___ de _______________ de ______.
Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança
Testemunhas Instituição / Presidente RG: Jovem
RG:
Representante legal
44
publicacao_virada_de_futuro.indd 44
4/12/2008 17:38:12
Anexo II ROTEIRO DO PROJETO DE FORMAÇÃO (a ser apresentado pelo jovem) INSTITUIÇÃO: ______________________________________________________________________________ Dados do Jovem Nome: Data de nascimento: Endereço: Telefone/E-mail: Qual a série que está estudando? Ou até que série estudou? Histórico Escolar 1) Em qual escola estuda, ou qual foi a última escola em que estudou? 2) Quais as disciplinas que mais gosta e por quê? Quais os temas de maior interesse? 3) Tem outros comentários a fazer sobre a escola? 4) Fez outros cursos complementares? Quais? Em que escolas/organizações? Em que ano? Projeto de Formação: 1) Qual o curso que pretende fazer? 2) Qual a duração do curso? 3) Em que escola? 4) Qual é o custo mensal desse curso? 5) Por que escolheu esse curso? Quais as experiências da sua vida o levaram a essa escolha? Histórico Familiar 1) Como é composta a sua família? Quantos são? Com quem você mora? Quem estuda? Quem trabalha? Quais as maiores dificuldades que a sua família enfrenta? 2) Qual o rendimento da sua família? (Soma dos salários de todos os componentes da família) Trajetória na Organização 1) Quais os cursos ou atividades que você participou na organização que o está indicando? 2) Até que ano você participou da organização? Com quem você mantém contato? Em que periodicidade? Para que? Parecer da Instituição (item a ser preenchido pela instituição: histórico familiar, trajetória na instituição, valores e características pessoais e coerência do projeto do jovem com o seu histórico, critérios utilizados para a indicação do jovem) a) Histórico familiar b) Trajetória nat instituição c) Valores pessoas - Comente sua apreciação do jovem sobre solidariedade, ética e outros valores que considere relevantes em sua personalidade d) Características pessoais - comente aspectos e atitudes do jovem quanto a: persistência, liderança, responsabilidade, iniciativa, autonomia, criatividade e interesse pela comunidade.
45
publicacao_virada_de_futuro.indd 45
4/12/2008 17:38:12
Anexo III PERFIL DO PÚBLICO BENEFICIÁRIO DIRETO E INDIRETO
Faixa etária Idade
Quantidade
Distribuição %
15 anos
1
6,25%
17 anos
2
12,50%
18 anos
4
25%
19 anos
5
31,25%
20 anos
4
25%
R$/mês
Quantidade
Distribuição %
99,75 a 299,25
1
6,25%
299,25 a 498,75
4
25%
498,75 a 798,00
2
12,50%
798,00 a 1197,00
5
31,25%
1197,00 a 1710,00
1
6,25%
Nº de Componentes
Quantidade
Distribuição %
Até 4 pessoas
3
18,75%
De 5 a 7 pessoas
9
56,25%
Mais de 7 pessoas
1
6,25%
Renda Familiar
Família
Escolaridade dos Pais Escolaridade
%
Fundamental incompleto
57%
Fundamental completo
15%
Médio incompleto
5%
Médio completo
23%
Origem dos Pais Região do Brasil
%
Nordeste
52%
Centro-oeste
9%
Sudeste
13%
São Paulo
26%
46
publicacao_virada_de_futuro.indd 46
4/12/2008 17:38:13
Anexo IV
REGIMENTO INTERNO DO COMITÊ EXECUTIVO CAPÍTULO I – DO COMITÊ Art. 1º - A Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança em parceria com as instituições da Rede Nossas Crianças, animada pelo Programa Nossas Crianças da Fundação Abrinq, elaborou e está implantando o Projeto Bolsas de Estudo para Jovens, que tem os seguintes objetivos: Objetivo Geral: • Garantir formação de qualidade a jovens de famílias de baixa renda. Objetivos Específicos: • Oferecer apoio financeiro para a concretização de projetos pessoais de formação de jovens • Oferecer apoio técnico e orientação aos jovens no encaminhamento de seus projetos pessoais. • Possibilitar a jovens que vivem na periferia de São Paulo o acesso a espaços culturais diversos • Contribuir para a maior participação do jovem em sua comunidade As estratégias do Projeto são: • Distribuição de bolsas de estudos • Atividades complementares para formação integral dos jovens • Monitoramento das atividades do bolsista Art. 2º - O conjunto de entidades envolvidas no Projeto Bolsas decidiu pela formação de um Comitê Executivo que deliberará sobre as ações desenvolvidas pelo Projeto com a seguinte composição: - 5 representantes indicados em assembléia pelas instituições da Rede Nossas Crianças, - 2 representantes indicados pela Fundação Abrinq - 1 representante de cada financiador - 1 representante indicado pelo Comitê dos jovens CAPITULO II – DA FINALIDADE Art. 3º - O Comitê Executivo tem as seguintes atribuições: • Aprovar o Plano de Ação do Projeto; • Oferecer parecer final sobre a seleção dos candidatos; • Aprovar o Plano de Atividades Complementares; • Aprovar modificações nos Planos de Formação dos Bolsistas, bem como legislar sobre situações especiais; • Aprovar os Relatórios de Avaliação. Art. 4º - Os parceiros do Projeto têm as seguintes atribuições: Fundação Abrinq: • Coordenar o Projeto; • garantir recursos para a continuidade do projeto, articular outras parcerias que o viabilizem e repassar os recursos mensalmente às instituições; • relacionamento e prestação de contas com financiadores através de relatórios anuais; • monitorar e avaliar o andamento e os resultados do Programa; • participar do processo seletivo, garantindo transparência e igualdade de oportunidades; • participar do Comitê Executivo; • articular parcerias para participação no Programa; 47
publicacao_virada_de_futuro.indd 47
4/12/2008 17:38:13
• elaborar e desenvolver Plano de Comunicação, por meio da Gerência de Comunicação Estratégica; • elaborar Termo de Convênio entre a Fundação, a instituição e o jovem. As entidades de atendimento: • Divulgar e apresentar a proposta do projeto aos adolescentes e jovens da entidade; • dar orientação sobre o preenchimento do formulário e receber as inscrições; • indicar representantes das instituições de atendimento a adolescentes e jovens para participar do Comitê Executivo; • acompanhar o cotidiano do jovem bolsista de sua entidade, identificando dificuldades necessidades; • receber mensalmente os recursos, repassá-los ao bolsista, e prestar contas dos gastos realizados trimestralmente à Fundação Abrinq; • produzir relatórios de acompanhamento trimestrais e encaminhá-los à Fundação Abrinq. Bolsistas: • freqüentar o(s) curso(s) com responsabilidade e autonomia; • ter o aproveitamento exigido; • comparecer aos encontros e atividades complementares; • elaborar relatórios trimestrais junto à entidade. • fornecer as informações necessárias à entidade de vínculo, para subsidiar a prestação de contas mensal; • participar mensalmente das atividades de acompanhamento da instituição. Apoiadores: • Apoiar financeiramente ou através de serviços as ações pontuais ou contínuas do Projeto Patrocinadores: • Efetuar os pagamentos a que se comprometeram, conforme acordado em instrumento específico; • nomear um representante que terá lugar no Comitê Executivo do Projeto. CAPÍTULO III – DO FUNCIONAMENTO Art. 5º - o Comitê reunir-se-á conforme cronograma aprovado, ou quando necessário, convocado pela Coordenação do Projeto. Parágrafo único - Na etapa de implantação do Projeto as reuniões poderão ser semanais, agendadas com uma antecedência de 3 dias. Art. 6º - O Comitê se reunirá com qualquer número de membros presentes e deliberará por maioria simples de votos. Art. 7º - O registro em ata das reuniões do Comitê será elaborado pela equipe do Projeto Nossas Crianças e deverá ser colocado à disposição de todas as instituições da Rede Nossas Crianças. Art. 8º - Os representantes dos vários atores envolvidos no Projeto que compõem o Comitê terão um mandato de dois anos, permitida nova indicação. Parágrafo primeiro: A ausência seguida em três reuniões acarretará o desligamento do membro do Comitê. Parágrafo Segundo: A substituição de algum membro do Comitê deverá ser feita pelas entidades de atendimento a adolescentes e jovens, pela Fundação Abrinq e pelos patrocinadores. CAPÍTULO IV – DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 9º - Os casos omissos serão resolvidos em reunião do Comitê Executivo, cuja deliberação será incorporada ao presente Regimento Interno. Art. 10º - O presente Regimento Interno foi aprovado pelo Comitê Executivo, em reunião realizada em 01.06.01.
48
publicacao_virada_de_futuro.indd 48
4/12/2008 17:38:13
Anexo V
ROTEIRO DA PROPOSTA DE ACOMPANHAMENTO (a ser preenchido pelas organizações sociais)
Instituição
Coordenador
1. Qual o trabalho ou atendimento realizado por esta organização junto a adolescentes e jovens?
2. Qual o vínculo atual da organização com os jovens indicados? Como a organização pretende acompanhar esses jovens durante o período do repasse da bolsa de estudos?
3. Nome, formação, cargo e função desenvolvida na organização do profissional responsável pelo acompanhamento
49
publicacao_virada_de_futuro.indd 49
4/12/2008 17:38:13
Anexo VI ATIVIDADES COMPLEMENTARES 2001/2007
2001 Mês
Atividade
Local
Participação
AGO
Integração do grupo de bolsistas e apresentação do Projeto
Fundação Abrinq
Comitê Executivo e Doutores da Alegria
SET
Encontro com jovens do Projeto Mudando a História
SESC Vila Mariana
Kazuo Nakano (Mapa de Exclusão Social)
OUT
NOV
DEZ
Encontro com jovens do Movimento Hip Hop
Ação Educativa
Visita monitorada ao Centro Cultural Banco do Brasil Questões do mundo do trabalho
MAM - Ibirapuera
MAM - Ibirapuera e Jovens do projeto
Encontro de confraternização
Fundação Abrinq
Jovens do projeto
Atividade
Local
Participação
Visita à exposição Panorama
2002 Mês FEV MAR
ABR
MAI
Integração dos novos bolsistas
Aprendiz Comgás
Visita ao Projeto Aprendiz Encontro sobre o mundo do trabalho
Fundação Abrinq
Vídeo sobre jovens da periferia de Santo André
Jovens, familiares e educadores
Fundação Abrinq
Debate: perspectivas de vida para 10 anos Encontro com jovens do Projeto Arrastão
Fundação Abrinq
Avaliação do projeto JUL
Fundação Abrinq
Diagnósticos sobre as comunidades dos jovens
AGO/SET
Elaboração de projetos para as comunidades
Fundação Abrinq
OUT
Encontro de lazer e avaliação
Espaço Colibri (Embu)
DEZ
Apresentação dos projetos
Jovens, familiares e mentores
Fundação Abrinq
Avaliação e confraternização 50
publicacao_virada_de_futuro.indd 50
4/12/2008 17:38:13
2003 Mês FEV
Atividade
Local
Apresentação dos projetos
Participação
Fundação Abrinq
Expectativas para o ano Reflexão sobre os problemas dos jovens
ABR
Debate: emprego, estágio, postura profissional
Fundação Abrinq Cinema
Filme: Dois perdidos numa noite suja Questionário: destaques do semestre JUN
Fundação Abrinq
Discussão em grupo
Cinema
Expectativas para o 2º sem Filme: Tiros em Columbine Preparação festa fim ano AGO
Roda de conversa: iniciação científica e terapia
Fundação Abrinq
Dinâmica: trabalho em equipe OUT
Discussão: trabalho em equipe
Fundação Abrinq
Avaliação: mentoria Avaliação
DEZ
Proposta integração dos novos bolsistas
Fundação Abrinq
Confraternização
51
publicacao_virada_de_futuro.indd 51
4/12/2008 17:38:13
2004 Mês
Atividade
Local
JAN
Integração do novo grupo
Fundação Abrinq
MAR
ABR
Exposição Picasso Discussão sobre o artista
Museu de Arte Moderna
Roda de conversa: dificuldades nos cursos
Fundação Abrinq Cinema
Filme: Ter e ser MAI
Participação
Tema: elaboração de projetos
Fundação Abrinq
Discussão: acontecimentos do mês Exposição Art.Ficial 2.0
JUL
Leitura de contos
Instituto Cultural Itaú
Preparação dos projetos dos jovens
Fundação Abrinq
Avaliação do semestre Dinâmica integração novos bolsistas AGO
Fundação Abrinq
Discussão: leitura
Pinacoteca
Apresentação dos projeto
SESC Consolação
Visita Show: O canto de Gregório
SET
Apresentação dos projeto
Bienal de Arte
Museu de Arte Moderna Encontro de integração e informação
OUT
Apresentação teatral
Espaço Colibri
Jovens, familiares e educadores
Grupos de discussão Exposição Sonhando de olhos abertos NOV
Avaliação do encontro (out)
Instituto Tomie Ohtake
Informação: acompanhamento das organizações
Fundação Abrinq
Apresentação de projetos
DEZ
Avaliação: mentoria e atividades complementares Confraternização
Fundação Abrinq Assossiação Amigos Praça Benedito Calixto
52
publicacao_virada_de_futuro.indd 52
4/12/2008 17:38:13
2005 Mês
FEV
Atividade
Local
Avaliação: atividades complementares e mentoria
Fundação Abrinq
Exposição Chico Buarque
SESC Pinheiros
Participação
Dança Ballet Stagium Debate: critérios para dependências na faculdade MAR
Fundação Abrinq
Informação: Conselho Tutelar
Cinema
Visita: Fundação Artemísia
Conselheira tutelar Ana e jovens da Fundação Artemísia
Filme Constantine Discussão sobre a visita ABR
Centro Social local
Mediação de leitura no local
Parelheiros
Visita tribo indígena Oficina: Mundo do trabalho MAI
Leitura de texto
Fundação Abrinq
Duas profissionais do SENAC
Chá de bebê
JUN
Apresentação: Orquestra Sinfônica de São Paulo - OSESP
SESC Pinheiros
Relato: encontro com mentores
Fundação Abrinq
Discussão: projeto de vida AGO
Visita jovens projeto Geração XXI
Fundação Abrinq
Teatro e dança: O lago do cisne
SESC Pinheiros
Jovens do projeto Geração XXI
Roda de conversa: estágios SET
OUT
DEZ
Leitura de poesias
Fundação Abrinq
Filme: Gênero, mentiras e videotape Visita: Centro Histórico SP Conversa com familiares Almoço de confraternização Discussão: projeto de vida
Hotel In São Paulo
Professor e alunos de História da Faculdade São Marcos; familiares
Fundação Abrinq
Ex-bolsistas
53
publicacao_virada_de_futuro.indd 53
4/12/2008 17:38:13
2006 Mês FEV
Atividade
Local
Exposição Arte de Cuba
Centro Cultura Banco do Brasil
Dinâmica de integração
Hotel In São Paulo
Participação
Casa nova Proposta 2006 - atividades complementares MAR
Avaliação
Fundação Abrinq
Leitura de poesias
SESC Pinheiros
Dinâmica: negociação e trabalho em equipe Espetáculo Milágrimas Exposição Dinos ABR
OCA - Ibirapuera
Leitura de poesias
Bienal de Arte
Dinâmicas: negociação e conflitos
MAI
Dinâmica de integração com mentores
Fundação Abrinq
Apresentação de um jovem
FIESP
Mentores
Teatro: O retrato de Dorian Gray Apresentação Orquestra Sinfônica de São Paulo - OSESP JUL
Teatro Municipal
Apresentação de um jovem
Hotel In São Paulo
Dinâmica: habilidades para o mundo do trabalho
AGO
Encontro com jovens do projeto Oficinas Querô
SESC Santos
Documentários
Jovens do projeto Querô
Praia SET
Visita a local histórico
Vila Paranapiacaba
Trilha Avaliação do ano
OUT
Fundação Abrinq
Informação: Trabalho de Conslusão de Curso
MAM
Bienal Confraternização DEZ
Resultados do projeto
Sítio em Cajamar
Jovens e familiares
Amigo secreto
54
publicacao_virada_de_futuro.indd 54
4/12/2008 17:38:13
2007 Mês
Atividade
Local
Participação
Integração do grupo FEV
Apresentação da proposta do planejamento das atividades complementares
Fundação Abrinq
Leitura - Clarisse Lispector - Aprendizagem Passeio cultural - Instituto Tomie Othake Tema - Metas para 2007 - Plano de Vida MAR
Passeio cultural - Museu da Língua Portuguesa
Fundação Abrinq Museu da Língua Portuguesa
Tema - Metas para 2007 - Perspectivas de Futuro ABR
Conversas em grupo Passeio cultural:teatro
Fundação Abrinq Teatro SENAI - FIESP
FIESP - peça de teatro: Tristão e Isolda Tema Estágio e trabalho Conversas em grupo MAI
Fundação Abrinq
Passeio cultural
OCA - Ibirapuera
Visita cultural à exposição Darwin Brasil - Descubra o Homem e a Teoria Revolucionária que Mudou o Mundo JUL
Paulo Luiz ex- bolsista
Tema apresentação da proposta de sistematização do Projeto
Fundação Abrinq
Tema:Administração Financeira AGO
Conversas em grupo Passeio culturalMuseu Numismático e exposição “Memória do Futuro”
Tema Gênero SET
Passeio cultural - Orquestra Sinfônica de São Paulo Conversas em grupo
OUT
Rodrigo Zenji, empresário da área de informática que começou a trabalhar como estagiário na empresa que é sócio atualmente;
Fundação Abrinq Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP
Ex bolsistas Professora Cássia Aquino, especialista em educação financeira e Membro da IACSEEInternational Association for Citizenship, Social and Economics Education,
Neide Yamaguchi, técnica da organização Sempreviva Organização Feminista e Organização Social Dom Bosco conversas sobre intercâmbio com a participação de Maria Claudia Sala São Paulo Malandrino, que trabalha na Belta - Brazilian Educational & Language Travel Association, associação de agências de intercâmbio
Levantamento dos TCCs a serem apresentados pelos jovens em suas universidades e uma discussão sobre seus currículos
Fundação Abrinq
Conversas em grupo Passeio cultural - cinema livre DEZ
Avaliação do ano com o grupo de jovens A atividade foi realizada em um e encontro com os familiares sítio na cidade de Juquitiba.
Familiares
55
publicacao_virada_de_futuro.indd 55
4/12/2008 17:38:14
Experiências correlatas
PROJETO AFROASCENDENTE VIABILIZA VESTIBULAR E FORMAÇÃO SUPERIOR DE JOVENS DO RIO E DE SÃO PAULO http://www.mundonegro.com.br/noticias2/?noticiaID=246 Criado com o objetivo de promover a inclusão social do negro na sociedade brasileira, o projeto AfroAscendentes já mostra sua contribuição para a formação de uma sociedade mais justa. Até o final de fevereiro, quarenta jovens afro-descendentes terão seu ingresso ao ensino superior assegurado pelo programa que é desenvolvido pela Xerox com a ajuda das ONGs CIEDS e Geledés, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Vencida a primeira etapa do projeto em que foram identificados os jovens a serem assistidos, o projeto agora responde pela preparação das duas turmas (20 alunos no Rio e 20 em São Paulo) para o calendário de provas de vestibular que inclui diferentes instituições entre dezembro e fevereiro. Em São Paulo, 17 jovens já foram aprovados no vestibular, sendo dez na Universidade Anhembi-Morumbi, dois na conceituada Universidade de Engenharia Mauá, e três na FAAP, onde além de conseguir uma aprovação em Engenharia Civil, outros dois jovens obtiveram o décimo e o décimo terceiro lugar respectivamente nas faculdades de economia e moda. No Rio, até dezembro, pelo menos oito alunos já estão aprovados na primeira etapa da prova para a UERJ, e seis alunos também foram aprovados no vestibular da UniRio. Com nota 9,5 em redação no Enem 62% de acerto no teste, outro aluno já está foi aprovado no vestibular de arquitetura da PUC. A última etapa das provas em curso termina em fevereiro. Através de parcerias com ONGs atuantes em questões étnicas e de inclusão racial, o AfroAscendentes tem longa duração e é voltado para a formação educacional e cidadã. São elegíveis ao projeto, jovens negros, entre 16 e 21 anos, matriculados no terceiro ano do Ensino Médio e estudando em escola pública. Uma vez identificados, eles participam de dinâmicas de grupo, provas de redação, entrevistas e análise de histórico escolar. No Rio, a implantação do programa foi iniciada em janeiro de 2003, através do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Social (CIEDS), que criou uma comissão constituída por instituições como o Instituto Xerox, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o Afro Reggae, entre outras, para a escolha de seus primeiros participantes. Em São Paulo, o Geledés - Instituto da Mulher Negra foi escolhido para a coordenação do projeto. Durante o programa, o jovem recebe ticket alimentação, vale-transporte, seguro de vida e uma bolsa de R$ 200,00 (duzentos reais). O projeto também fornece o material didático, suporte médico, odontológico e psicológico desde o vestibular até seis meses depois do término da graduação.
56
publicacao_virada_de_futuro.indd 56
4/12/2008 17:38:14
Projeto de Bolsas de Estudo JOVEM SABER (Região Metropolitana de Curitiba) http://www.ppgte.cefetpr.br/semanatecnologia/comunicacoes/as_relacoes_universidade.pdf
PROGRAMA BOM ALUNO http://www.bomaluno.com.br/bomaluno/institucional/institucional.php Objetiva incentivar bons alunos de baixa renda, por meio de sua capacitação educacional e técnico-profissional, bem como habilitá-los nos aspectos de cidadania e solidariedade para que se tornem agentes de transformação de sua situação socioeconômica e da desigualdade social existente no Brasil. No ano 2000 foi criado o IBAB - Instituto Bom Aluno do Brasil, buscando consolidar o Programa Bom Aluno nacionalmente e promover sua expansão.
GERAÇÃO XXI http://www.geracaoxxi.org.br/htmls/quem_somos.htm O Geração XXI é um projeto de ação afirmativa para jovens negros/as, que visa o desenvolvimento escolar e a melhoria das condições de inserção no mundo do trabalho. Para o desenvolvimento desse projeto, estabeleceu-se desde 1999 uma parceria entre Geledés Instituto da Mulher Negra e a Fundação BankBoston, hoje substituída pela Fundação Itaú Social. Amparados/as pelo apoio financeiro concedido pelo projeto, os/as jovens hoje cursam o ensino superior em diferentes áreas, tais como: arquitetura, matemática, educação física, psicologia, enfermagem, jornalismo, direito, relações internacionais, gestão e técnicas de varejo, engenharia de produção, comunicação e mutimeios, serviço social, radiologia, fisioterapia, tecnologia e mídias digitais, pedagogia. Contam, ainda, com orientação pedagógica e têm acesso a bens culturais, tecnológicos e sociais, ferramentas indispensáveis para complementação educacional. Além disso, participam de ações sócio-educacionais, que consistem no fortalecimento da identidade étnico/racial e de gênero, na promoção da diversidade, e na ampliação das noções de ética e de direitos humanos.
57
publicacao_virada_de_futuro.indd 57
4/12/2008 17:38:14
Projeto Virada de Futuro Esta publicação é o resultado da sistematização da experiência do Projeto Virada de Futuro, iniciativa desenvolvida pela Fundação Abrinq e com o apoio da Família Machado,do Instituto Hedging-Griffo, JP Morgan e Levi Strauss Foudation. Coordenação do projeto: Maria do Carmo Krehan Assessoria pedagógica: Márcia Wada Equipe do projeto: Nelma dos Santos Silva, Priscila da Silva Santos e Tatiana Martins Viana Texto e sistematização: Milton Quintino Fotografias: Arquivo Projeto Virada de Futuro Projeto gráfico e capa: R.epense Editoração eletrônica: Pablo Finotti Impressão: Makrokolor
Jovens participantes Adilson Barreto de Araújo, Adriano Lins Carlos, Agenor Mendes das Neves Júnior, Alberto Rogério Galrão, Alex Sandro Rodrigues, Aline dos Santos Mendes, André Batista de Sousa, Ariane Paola Gomes, Carlos Moreira dos Santos, Daniel Felipe dos Santos, Daniel Vilasbôa Campos, Danúbia Lopes da Silva, Emerson Aparecido de Souza, Glauber Rocha, Jacqueline Cristina Santos, José Edijan Souza dos Reis, José Flaviano de Souza, Leandro dos Santos Messias, Lucimara Viviane dos Santos, Luis Cláudio Carvalho da Silva, Marcela Ribeiro Miranda, Mary Anne Oliveira Melo, Oberlândio Santos Silva, Orlando Araujo Tonholi, Paula Galam, Paulo Luiz Vieira, Pericles Ferreira Motta, Perla Assunção Santos, Rafael Carlos da Silva, Rafael Vinicius dos Santos, Regina Maria Gomes, Renata Porto Reis, Roberto Andrey Rocha, Rubens Tavares Macena Rocha, Tatiana Azevedo, Tiago Gomes Cordeiro, Tony Marlon Teixeira Santos, Viviane Vieira dos Santos e Welisson Martins de Assunção.
58
publicacao_virada_de_futuro.indd 58
4/12/2008 17:38:14
Mentores voluntários André Monteiro de Mello, Attilio Fontana Neto, Bob Wolfenson, Carlos A Silva, Cecília Roxo, Célia Belém, Celso V. Portasio, Cláudio Pires, Cris Lobo, Cristina Mutarelli, David Moises, Edson Franco, Eduardo Roxo Nobre Franciosi, Elisa Gomes, Esther Milani, Fernando Carvall, Isa Guará, José Mario dos Passos, Marcius Matsuo Wada, Maria de Louders Trevisan, Maria Lúcia Capuani, Marly Aparecida da Silva, Renata Cecchim, Rosa Moysés, Rosana Gomes, Stela Barbieri e Vivian de Campos.
Organizações parceiras Ação Comunitária Paroquial Jd Colonial - Centro de Profisionalização de Adolescente Padre José Bello AEB - Associação Evangélica Beneficente - Núcleo Profissionalizante Pérola Byington Aldeia do Futuro - Associação Para a Melhoria da Condição da População Carente Arrastão Movimento de Promoção Humana Associação Cultural Comunitária Pró Morato Associação Educacional e Assistencial Casa do Zezinho CEDECA Mônica Paião Trevisan Centro Comunitário Casa Mateus Centro de Defesa da Criança e do Adolescente de Interlagos Centro de Promoção Social São Caetano de Thiene Cáritas Diocesana de Campo Limpo - Centro Educacional Sal da Terra Centro Social de Parelheiros Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto Centro Educ Comunitário São Paulo Apóstulo Fundação Jovem Profissional Instituição Beneficente Casa da Passagem Instituto de Juventude Iniciação Formação e Capacitação Profissional Daniel Comboni Mamãe Associação de Assistência à Criança Santamarense Obra Social São Francisco Xavier Programa Social Gotas de Flor com Amor Sociedade Beneficente Vivenda da Criança Sociedade pela Família - Centro Educacional Colibri
59
publicacao_virada_de_futuro.indd 59
4/12/2008 17:38:14
Av. Santo Amaro, 1386 04506-001 - S達o Paulo/SP www.fundabrinq.org.br