Garagem Digital com vista para o mundo
Garagem Digital com vista para o mundo
ISBN 978-85-88060-33-3
9
788588
060333
G ragem
com vista para o mundo INCLUSテグ C US O DIGITAL DG C COM O JOVENS OM JO SEC CO COMUNIDADES U D D S
Garagem Digital com vista para o mundo
Inclus達o digital com jovens e comunidades
S達o paulo, 2008
Expediente
Esta publicação é o resultado da sistematização da experiência do programa Garagem Digital, iniciativa desenvolvida pela Fundação Abrinq em parceria com a HP Brasil.
Conselheiro Honorário: Fernando Henrique Cardoso Conselho de Administração Presidente: Synésio Batista Da Costa Vice-Presidente: Carlos Antonio Tilkian Secretária: Regina Helena Scripilliti Velloso Membros: Albert Alcouloumbre Júnior, Antônio Carlos Ronca, Antonio Delfim Netto, Beatriz Sverner, Bento José Gonçalves Alcoforado, Boris Tabacof, Daniel Trevisan, David John Currer Morley, Eduardo José Bernini, Fernando Machado Terni, João Nagano Júnior, José Carlos Grubisich, José Eduardo Planas PañeLla, José Roberto Nicolau, Lourival Kiçula, Maria Ignês R. de Souza Bierrenbach, Nelson Fazenda, Oscar Pilnik, Paulo Saab, Roberto Oliveira de Lima, Therezinha Fram e Vitor Gonçalo Seravalli. Conselho Fiscal Membros: Audir Queixa Giovanni, Charles Kapaz, Geraldo Zinato, João Carlos Ebert, Márcio Ponzini e Mauro Antonio Ré. Conselho Consultivo Presidente: Jorge Broide Vice-Presidente: Miriam Debieux Rosa Membros: Antônio Carlos Gomes Da Costa, Araceli Martins Elman, Dalmo de Abreu Dallari, Edda Bomtempo, Geraldo Di Giovanni, Isa Guará, João Benedicto de Azevedo Marques, Lélio Bentes Corrêa, Leoberto Narciso Brancher, Lídia Izecson de Carvalho, Magnólia Gripp Bastos, Mara Cardeal, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto, Maria De Lourdes Trassi Teixeira, Maria Machado Malta Campos, Marlova Jovchelovitch Noleto, Melanie Farkas, Munir Cury, Norma Jorge Kyriakos, Oris de Oliveira, Percival Caropreso, Rachel Gevertz, Rosa Lúcia Moyses, Rubens Naves, Silvia Gomara Daffre, Tatiana Belinky e Vital DidoNet. Secretaria Executiva Gerente de Desenvolvimento de Programas: Denise Maria Cesario Gerente de Desenvolvimento Institucional: Victor Alcântara da Graça Equipe: Hellen Ferreira Barbosa, Marina Pereira de Oliveira Abdala, Moacir Merlucci, Renato Alves, Tatiana de Jesus Pardo e Tatiana M. Viana da Silva. Assessoria de Marketing Coordenadora: Sílvia Troncon Rosa Equipe: Ana Aparecida Frabetti Valim Alberti, Bárbara Letícia de Souza, Cristiane Rodrigues, Felipe Martins Dantas Pereira, Fernanda Pereira Bochembuzo, Hélio José Perazzolo, Ivone Aparecida da Silva, Jacqueline Rezende Queiroz, Kátia Gama do Nascimento, Marina Biagioli Manoel, Milene de Oliveira Sousa Silva, Pablo Finotti, Tatiana Cristina Molini, Tatiana Rodrigues. Direito à Educação Coordenadoras: Maria do Carmo Krehan e Roseni Reigota Equipe: Adelaide Jóia, Amélia Isabeth Bampi Paines, Arlete Felício Graciano Fernandes, Gregório dos Reis Filho, Hérica Aires do Prado, Leandro Montalvão de Souza, Nelma dos Santos Silva, Priscila Silva dos Santos e Renata Sanches Martinelli.
Coordenação do Programa Garagem Digital Roseni Reigota Equipe do Programa Garagem Digital Arlete Graciano Fernandes e Hérica Aires do Prado Sistematização Patrícia Monteiro Lacerda Texto Patrícia Monteiro Lacerda e Renata Lopes Costa Prado Leitura Crítica Renata Lopes Costa Prado Edição Immaculada Lopez Prieto Revisão de Texto Lucas Puntel Carrasco Fotografia Christian Unger Coordenação de Produção Heloisa Vasconcellos Projeto Gráfico e Finalização Urbania Impressão Gráfica Burti Participação Patrocinador Master HP Brasil – Juarez Zortea e Tarsila Arnone Parceiros Institucionais CPA – Centro De Profissionalização do Adolescente e Instituto Centec/Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Ceará. Agente Disseminador No Ceará Ticiana Goncalves Mariano Vieira Garagem Digital de Beberibe Davi Garcia Bezerra, Eder Torres Lima, Francisco Antônio Rocha Macêdo, Francisco Everton da Silva Castro, Karulina Gomes dos Anjos, Marcos Antônio Gama Nogueira, Mary Ann Weyn Quinderé e Valdeci Sousa Lima. Garagem Digital de São Gonçalo do Amarante Abimael de Sousa Alves, Erivelma Alves de França, José Carneiro Hurbano, José Werbet Souza Matos, Kelly Cristina Barroso dos Santos e Maria Luiza S. Cavalcante. Garagem Digital de Limoeiro do Norte Diego Max Chaves Almeida, Izaltina PereIra Calixto Nogueira, Jucineudo Sombra, Manoel Marisergio Alves de Oliveira, Maria da Conceição Pinheiro Gadelha Coelho, Maria das Graças Nunes Nogueira e Odenir Fernandes dos Santos. Entrevistas Adelson Rodrigues da Silva, Antônio Elder Sampaio Nunes, Arlete Graciano Fernandes, Carlos Ribeiro, Dimas Moura, Edinalva Aparecida de Moura dos Santos, Flariston Francisco da Silva, Francisco Antônio Rocha Macedo, Herica Aires do Prado, Juarez Zortea, Luiz Novaes, Maria da Conceição Pinheiro Gadelha Coelho, Maria Luzia Siqueira Cavalcante, Milton Mandel, Renata Lopes Costa Prado, Roseni Reigota, Tarsila Arnone, Ticiana Goncalves Mariano Vieira, Antônio Amaury Oriá, Vanda Mendes Ribeiro, Jovens e Educadores das Garagens Digitais de Beberibe, São Gonçalo do Amarante e Limoeiro do Norte.
Educação, trabalho e Inclusão Digital de Jovens
A
Fundação Abrinq compreende que, na sociedade contemporânea, o campo da educação demanda necessidades de formação para o uso das Tec-
nologias da Informação e Comunicação (TICs), consideradas ferramentas indispensáveis para o acesso à informação e ao processo de construção de conhecimentos, bem como para a inserção do jovem no mundo do trabalho. Com base nesses pressupostos, consolidou a metodologia do Programa Garagem Digital (PGD), em parceria com a HP Brasil, cuja experiência encontrase sistematizada nesta publicação. A intenção é de disseminar metodologias e apoiar políticas públicas de inclusão digital que assegurem o acesso de jovens às TICs e o desenvolvimento de suas comunidades por meio da implementação de Garagens Digitais. Equipada com computadores de última geração, impressoras, softwares, câmera digital e de vídeo e conexão à Internet, uma Garagem Digital estimula a inclusão digital, seja por meio da formação de jovens, no acesso livre monitorado ou na mobilização comunitária. No que concerne especificamente à formação dos jovens, propõe que as TICs favoreçam o desenvolvimento de suas habilidades gerais e específicas utilizando metodologias que possibilitam a construção de novos conhecimentos, que respeitem as diversidades regionais e socioeconômicas. Os jovens que passam pela formação usufruem de um processo educacional pautado na pedagogia de projetos, com um currículo estruturado que integra cinco áreas de conhecimento: Administração e Marketing, Arte e Design, Linguagem e Comunicação, Ciências Sociais e as Tecnologias da Informação e da Comunicação. No decorrer do processo, os jovens vivenciam atividades de mobilização comunitária com vistas ao exercício do protagonismo juvenil e ao desenvolvimento local, e participam da construção de produtos na Web significativos para a comunidade onde vivem, contemplando os ativos e as demandas de sua realidade local.
WEQWEQWEEQ4 Apresentação
5QWQWEQWEQW Apresentação
Também participam do acesso livre – como voluntários ou usuários – destinado também a seus familiares, ex-alunos, grupos de liderança comunitária, professores das escolas do entorno, entre outros. Com o acompanhamento de monitores capacitados (geralmente jovens exalunos) os usuários recebem apoio a suas pesquisas, produção de textos, uso de serviços de utilidade pública eletrônicos, aprendizagens básicas para o uso do computador, entre outras alternativas para incluírem-se digitalmente. Dessa forma, o atendimento aos jovens é ampliado para suas redes de pertencimento, quaisquer que sejam elas. As avaliações do Programa identificam importantes avanços: os jovens apresentaram satisfatório desenvolvimento de competências pessoais, sociais, cognitivas e produtivas, além de aprenderem a usar os diversos recursos básicos tecnológicos, os softwares necessários à construção de um site e a superarem dificuldades em relação a ciências sociais, administração e marketing, arte e design, linguagem e comunicação. As ações que as organizações sociais desenvolvem junto aos jovens ocorrem sob a coordenação técnica da Fundação Abrinq, cujas principais atribuições são: conduzir o processo de formação dos educadores – presencial e à distância; monitorar as ações desenvolvidas pelas organizações onde as Garagens Digitais são implementadas; avaliar de forma participativa todas as etapas do programa; sistematizar documentos referentes a metodologias de formação dos educadores e dos jovens; proceder diagnósticos e definir estratégias de disseminação. Assim, essa sistematização aponta os principais conceitos com os quais o Programa Garagem Digital desenvolveu suas ações e o modo de fazê-lo acontecer nos diversos contextos por onde traçou seu percurso. Que a experiência possa inspirar outras iniciativas.
Boa leitura!
Sumário Introdução >>
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Uma espiada na Garagem >> A juventude brasileira e suas relações com a educação, o trabalho e as novas tecnologias da informação e da comunicação >> 1. Juventude(s) >> 2. A juventude brasileira e seu contexto >>
Os jovens e a educação >>
Os jovens e o trabalho >>
Os jovens e as tics >>
16
18 20 21 23 24
3. Juventude, educação e inclusão digital: uma síntese das concepções do programa
>>
28
Nasce o programa garagem digital >> 1. Contribuição para as políticas públicas >> 34 2. Projeto piloto >> 37 3. Acertando o rumo >> 39 4. Conquista dos parceiros >> 43
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48
Percurso de uma garagem digital >> 1.Construção da parceria >> 50 2. Elaboração dos projetos >> 53 3. Montagem do espaço >> 55 4. Montagem da equipe >> 57 5. Formação dos educadores >> 59 6. Formação dos jovens >> 65 7. Eixos orientadores >> 71 Eixo 1: formação dos jovens >> 75 Eixo 2: mobilização comunitária >> 84 8. Monitoramento e avaliação >> 90
94
Avaliando para o futuro >> Caixa de ferramentas >> 1. Matriz de avaliação do projeto de uma garagem digital >> 2. Exemplo de resumo do projeto de uma garagem digital >> 3. Exemplo de cronograma do projeto de uma garagem digital >> 4. Exemplo de plano de comunicação para fins de monitoramento >>
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112 112 113 114 5. Modelo de diagnóstico do espaço para implementação de uma garagem digital >> 114 6. Temas e conteúdos da formação inicial dos educadores >> 115 7. Modelo de plano de aula >> 115 8. Modelo de planejamento macro >> 116 9. Instrumental de avaliação da formação inicial >> 117 10. Modelo de cadastro dos jovens para formação >> 118 11. Instrumental de avaliação do jovem pelo educador – marco zero >> 119 12. Modelo de relatório quantitativo >> 124 13. Temas e conteúdos da formação dos jovens >> 127 14. Plano de ação de sustentabilidade >> 129
Referências >>
130
Créditos >>
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WEQWEQWEEQ8 Apresentação
9QWQWEQWEQW Apresentação
Introdução
vvQWEQWEQWE 10
Introdução A criação do Garagem Digital levou meses e foi um processo que envolveu muitas pessoas e muitas interações. Nós buscávamos um projeto que trou-
O
que lhe vem à mente quando você ouve a palavra garagem? Se você imagina um lugar mal-iluminado, com manchas de óleo pelo chão e paredes
arranhadas está muito longe da realidade que temos a apresentar. Neste relato,
Queríamos
que sistematiza as aprendizagens de um programa social voltado para a juventu-
deixar claro desde o início que a tec-
de, a palavra garagem se associa a um espaço de construção de sonhos, projetos
xesse
uma
contribuição.
nologia deveria entrar como um meio e não um fim em si mesmo. Isso excluía, por exemplo, adotarmos simplesmente dar cursos de informática. Na época, o conceito de inclusão digital, creio, ainda não era moda, portanto também não foi isso que nos motivou. Sempre destacamos que o ponto principal do projeto era ser uma forma de ajudar os jovens a se inserirem no mercado de trabalho, com auto-confiança e auto-estima. Era essa a busca principal. Carlos Ribeiro - HP Brasil, um dos idealizadores do Programa
e ações. Em vez de becos-sem-saída, múltiplas janelas se abrem para o mundo, mas sem perder os pés do território. Vejamos do que se trata. Em 1939, dois jovens se uniram numa garagem em Palo Alto na Califórnia, EUA, para pesquisar e desenvolver produtos eletrônicos. Esses jovens eram Bill Hewlett and Dave Packard, que mais tarde fundariam a HP. O sucesso daquele empreendimento foi de tal monta que hoje, para todo o Vale do Silício, aquela garagem é um símbolo de inovação e espírito empreendedor. Em 2001, executivos da HP Brasil e da Fundação Abrinq, conversando sobre formas de enfrentar a exclusão social (agravada pela exclusão digital) que atinge jovens brasileiros, evocaram a imagem da garagem de Palo Alto. Esta se firmou então como inspiração articuladora de ações concretas que, fiéis ao espírito de criação, inovação e realização daquela primeira garagem, pudessem apontar novos caminhos de inclusão social para jovens de baixa renda. Nascia assim o Programa Garagem Digital (PGD), também em uma garagem, configurando-se como um espaço formativo, de produção cultural e acesso às tecnologias da informação e da comunicação (TICs). Esta sistematização tem como objetivo apresentar o Programa Garagem Digital e compartilhar as principais aprendizagens ocorridas ao longo de seus seis anos de vida. Podemos afirmar que o hábito de sistematizar está no DNA do programa, apontado como necessidade pelos seus idealizadores já nos seus esboços iniciais. É graças a essa cultura do registro e à paixão que movem as várias pessoas que já passaram ou estão passando pelo Programa, que este trabalho se tornou possível. O processo de sistematização se deu através de pesquisa documental, visitas in loco e entrevistas ocorridas tanto em São Paulo quanto no Ceará. Foram
EQWEQWEQWE 11 Introdução
ouvidos1 educadores, monitores, jovens participantes e ex-participantes, coordenadores de Garagens Digitais, equipe técnica da Fundação Abrinq, profissionais da HP, além de outras pessoas que contribuem ou contribuíram para a construção do Programa. A iniciativa não surgiu como está hoje – na verdade o Programa continua em pleno movimento. Nesta sistematização vamos priorizar a descrição e análise do Programa tal como ele está estruturado, apontando aqui e ali os elementos que tiveram origem nas fases anteriores, incluindo o projeto piloto. O texto começa com uma breve apresentação do Programa. Na seqüência, traçamos um contexto da situação dos jovens brasileiros e do desafio da inclusão digital como cenário do surgimento do Programa. Apresentamos então o histórico do seu desenvolvimento e seus principais marcos teóricos. Considerando a experiência acumulada, descrevemos os passos de implementação de uma Garagem Digital, detalhamos seu projeto educacional e apresentamos alguns dados avaliativos. No final, disponibilizamos uma Caixa de Ferramentas, reproduzindo fichas, modelos de planilha de avaliação e outros instrumentos que podem facilitar a compreensão e disseminação desta metodologia. Esperamos que, assim como a garagem Californiana, as Garagens Digitais de São Paulo e do Ceará, estados onde o programa foi implantado, também possam servir de inspiração para outras iniciativas voltadas para jovens ávidos de conhecimento e oportunidades, diariamente confrontados com a injustiça social.
Ao longo do texto aparecem alguns ícones que dão destaque para:
1 As
Depoimentos
Aprendizagens do caminho
Ferramentas
Conceitos e citações
entrevistas foram realizadas pessoalmente, por telefone e também por correio eletrônico.
EQWEQWEQWE 12 Uma espiada na garagem
QWEQWEQWEQW 13 Uma espiada na garagem
Uma espiada na Garagem
EQWEQWEQWE 14
Uma espiada na garagem Antes de decifrar os caminhos e aprendizagens do Programa Garagem Digital, vale uma apresentação inicial desta experiência. O Programa é uma iniciativa de responsabilidade compartilhada entre a HP Brasil e a Fundação Abrinq. Iniciado em 2001, com um projeto-piloto na cidade de São Paulo, o Programa implementou 11 O Garagem Digital mudou totalmen-
Garagens Digitais tanto na capital paulista como em cidades do interior cearense.
te a minha vida. Hoje com certeza me sinto uma pessoa mais incluída da sociedade, tanto na parte da informática,
As Garagens – criadas em parceira com organizações locais – são espaços de aprendizagem e inclusão digital, com computadores ligados à Internet. Nelas,
quanto na comunicação. Com todo o
acontecem várias atividades em dois principais eixos de atuação: Formação de
conhecimento que adquiri, consigo me
Jovens e Mobilização Comunitária.
relacionar melhor com as pessoas.
Apesar de poderem funcionar de maneira diferente, as Garagens seguem, em
Rafaela Moreira de Lima – jovem, Ceará
geral, uma rotina parecida. De segunda à quinta-feira, durante o dia, cada unidade abriga duas turmas com jovens – uma de manhã e outra à tarde. Em média, cada turma é atendida por quatro horas, contando as atividades pedagógicas e o intervalo em que é oferecida uma refeição. Nem todas as atividades de formação dos jovens acontecem dentro da Garagem. Além da projeção de filmes, palestras em outros espaços das próprias organizações, são organizadas saídas culturais, visitas externas a outros locais e organizações, integrações com outros grupos juvenis e ainda atividades de convivência comunitária. Às sextas-feiras os educadores fazem o trabalho interno de planejamento e integração dos trabalhos. A maioria dos jovens atendidos é estudante do Ensino Médio com alguma defasagem série/idade2, na faixa etária de 18 a 20 anos e com renda familiar entre 1 a 2 salários mínimos. Significa que o Programa está voltado principalmente para estudantes de baixa renda que alcançaram o ensino médio numa trajetória escolar com alguns acidentes3.
2
Numa trajetória escolar sem evasão nem repetência, a idade esperada para entrada no Ensino Médio é entre 15 e 16 anos e de saída, entre 17 e 18 anos. Jovens que interromperam os estudos dentro da faixa de escolaridade do programa são estimulados a participar e a retomar os seus estudos.
3
QWEQWEQWEQW 15 Uma espiada na garagem
No Eixo Mobilização Comunitária, as Garagens costumam oferecer à população do seu entorno acesso livre à Internet e cursos básicos, além de organizar feiras, rodas de discussão e outros tipos de evento. Para fazer acontecer esse dia-a-dia, o Programa vem desenvolvendo um rico
O meu relacionamento com a sociedade mudou bastante depois que come-
acervo de ferramentas de gestão, formação e avaliação, apostando na formação in-
cei a fazer parte do Garagem. Na escola
tensa e permanente das equipes. Até 2007, 148 educadores foram formados nas
não tenho mais vergonha de responder
concepções e princípios do Programa. O que possibilitou que 1.503 jovens tivessem
uma pergunta que algum professor me faz, nem de expressar minha opinião.
a oportunidade de desenvolver as competências e as habilidades almejadas pelo
Na minha família acontece o mesmo.
Programa e que 1.975 pessoas fossem atendidas em cursos básicos. Para além dos
Antes eu tinha vergonha deles, agora
números, os depoimentos no decorrer destas páginas indicam como as Garagens
brinco mais e sinto que sou mais feliz.
abrem novas janelas na vida desses jovens e suas comunidades.
Perfil do jovem participante Escolaridade
24% - Ensino médio completo 60% - Ensino médio incompleto 3% - Ensino fundamental completo 13% - Ensino fundamental incompleto Idade
19% - 21 anos ou mais 52% - 18 a 20 anos 29% - 15 a 17 anos Renda familiar
15% -
Menos de 1 salário mínimo
40% - 1 salário mínimo 34% - De 1 a 2 salários mínimos 9% - De 2 a 4 salários mínimos 1% - De 4 a 6 salários mínimos 1% - De 6 a 10 salários mínimos
Números do programa
1.503 jovens formados 11 Garagens implementadas 148 educadores formados 20.063 acessos livres 1.975 pessoas atendidas em cursos básicos
Cristiano Silva da Costa – jovem, Ceará
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QWEQWEQWEQW 17 Uma espiada na garagem
A juventude brasileira e suas relações com a educação, trabalho e as novas tecnologias da informação e da comunicação
EQWEQWEQWE 18
A juventude brasileira e suas relações com a educação, o trabalho e as novas tecnologias da informação e da comunicação
da juventude são aqueles que a impe-
N
dem de uma participação social plena.
ção dos objetivos, a elaboração de suas estratégias, a formação da equipe e todas
Os mesmos estereótipos que constroem um imaginário social de valorização
(CONJUVE, 2006, p. 5)
este capítulo, serão apresentadas as concepções que vêm norteando o desenvolvimento do Programa Garagem Digital, considerando que a defini-
as demais escolhas feitas ao longo de seu desenvolvimento estão fortemente relacionadas à compreensão que se tem da realidade que ele se propõe a intervir e da natureza das transformações que pretende atingir.
1. Juventude(s) As concepções modernas de juventude costumam associar-se a diversos estereótipos. Os jovens são vistos como rebeldes, fortes, bonitos, agressivos, impacientes, impetuosos, empreendedores etc. Características positivas e negativas são associadas à juventude como se fossem inerentes a uma determinada faixa etária, como se fizessem parte de uma etapa natural do desenvolvimento humano. Nesse movimento, os jovens são percebidos fora do contexto de sua história de vida e a juventude entendida sem ter como pano de fundo as atuais condições sociais e a história das gerações passadas. Um jovem, por ser jovem, pode ser taxado de rebelde ou ter seu processo de participação desvalorizado. Singer (2005), considera que estereótipos como este, muitas vezes, orientam as ações de instituições que fazem parte do cotidiano dos jovens e afirma:
“Neste mundo, ensina-se nas escolas e nas igrejas (com raras e honrosas exceções) que é natural que os jovens obedeçam aos mais velhos, não só porque estes têm poder, mas porque têm experiência, sabedoria, ao passo que aqueles são impetuosos, impacientes, inexperientes e, coitados, muito ignorantes.” (SINGER, 2005, p. 29)
QWEQWEQWEQW 19 A juventude brasileira e suas relações
Considerando que concepções determinam ações e definem projetos, podemos imaginar que pressupondo o jovem como rebelde ou agressivo, um projeto se estruture para contê-lo ou para ocupar seu tempo livre. Se, por outro lado, a ênfase é na inexperiência do jovem ou este é visto como tendo pouco a contribuir, o projeto não verá sentido em abrir espaço para a participação juvenil. Projetos assim estruturados custam dinheiro (muitas vezes, público), gastam tempo dos profissionais e dos jovens e, imaginando beneficiar quem deles faz parte, acabam formando, por exemplo, cidadãos com dificuldades de participação social em um sistema democrático. É, portanto, fundamental questionar os estereótipos e preconceitos ligados à juventude, buscando deixar para trás as visões simplificadoras dessa população. Conforme a UNESCO (2004), as juventudes são muitas! Também central nas concepções modernas, a idéia da juventude como fase de passagem para a vida adulta pressupõe a dedicação ao estudo e uma suspensão da inserção dos jovens em âmbitos importantes da vida social, como o trabalho, as obrigações familiares e econômicas. Conforme identificam Venture e Abramo (2000), sob essa perspectiva, durante muito tempo, considerou-se “condição juvenil” condições sociais associadas quase exclusivamente a jovens das classes média e alta. Concordamos com os autores quando afirmam que tais concepções são insuficientes para se fazer diagnósticos ou considerações sobre os jovens no Brasil de hoje, já que a maioria não tem condições de se abster de obrigações e compromissos, econômicas e familiares.
EQWEQWEQWE 20 A juventude brasileira e suas relações
Se, por um lado, a juventude não pode ser definida como naturalmente “rebelde”, “impaciente”, “revolucionária” etc e, por outro, caracterizá-la como fase de passagem é também insuficiente, falar em juventude significa o quê? Segundo o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), órgão que congrega representantes do poder público e da sociedade civil, a juventude é uma condição social que tem uma faixa etária como parâmetro. Os jovens, por sua vez, devem ser vistos como sujeitos de direitos e não como problemáticos ou “únicos protagonistas da mudança” (CONJUVE, 2006, p. 5). Considerando que a juventude não se resume a uma etapa biológica da vida, mas, como afirma Guimarães (2005, p. 153), caracteriza-se por uma “relação entre idade social e idade biológica”, o corte etário definido como compondo a categoria “jovem” pode variar, por exemplo, de acordo com a cultura e com o campo – trabalho, educação, saúde etc. Assim, enquanto a Organização das Nações Unidas (UNESCO, 2005) compreende como jovens o segmento entre os 15 e os 24 anos, o Conjuve (2006) inclui em sua definição os “jovens adultos”,ampliando o parâmetro de idade para os 29 anos. O Programa Garagem Digital é dirigido aos adolescentes e jovens na faixa etária entre 14 e 24 anos.
2. A juventude brasileira e seu contexto A juventude brasileira é fruto da
No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD,
sociedade brasileira e, em tempos de
2007), 26,4% da população têm entre 15 e 29 anos. São cerca de 50,2 milhões os
globalização e rápidas mudanças tecnológicas, deve ter condições, oportunidades e responsabilidades específicas na construção de um país justo e próspero. (CONJUVE, 2006, p. 7)
jovens brasileiros. Conforme afirma a Unesco (2004), uma população juvenil tão ampla pode ser vista tanto como oportunidade quanto como desafio. As realidades dessa população são muitas e são desiguais. No que diz respeito à renda, a mesma pesquisa mostra que 30,4% dos jovens na faixa etária de 15 a 29 anos poderiam ser considerados pobres porque viviam em famílias com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo; 53,8% pertenciam ao extrato intermediário com renda domiciliar per capita entre 0,5 e 2 salários mínimos; apenas 15,8% viviam em famílias com renda superior a 2 salários mínimos. Ao longo da história do Brasil, as políticas públicas voltadas a essa população foram marcadas pela falta de constância, dependendo muito de conjunturas especificamente favoráveis (UNESCO, 2004).
QWEQWEQWEQW 21 A juventude brasileira e suas relações
Somente em 2005, teve início a estruturação de uma política de Estado voltada para esse segmento da população, com a criação da Secretaria Nacional de Juventude e do Conselho Nacional da Juventude, cuja implantação foi fruto de reivindicação de variados movimentos juvenis, organizações da sociedade civil, iniciativas do Poder Legislativo e do Governo Federal, como também de experiências pioneiras de implantação de Secretarias Estaduais e Municipais de Juventude. Ações como estas são fundamentais, pois há nessa área muito o que fazer e muito para mudar! Uma pesquisa quantitativa realizada pela Fundação Perseu Abramo, em 2000, nas nove regiões metropolitanas do país junto à população entre 15 a 24 anos concluiu que as principais mudanças desejadas pelos jovens são acabar com a violência, com a miséria, com a desigualdade e melhorar as condições de trabalho e emprego (VENTURE; ABRAMO, 2000).
2.1. Os jovens e a educação Conforme afirma Sposito (1993), sob a perspectiva da escola, o processo de socialização do jovem brasileiro tem se caracterizado por relações marcadas por tensão e descontinuidade. Apesar do significativo crescimento do acesso à escola entre os jovens brasileiros – acentuado especialmente na década de 1990 (SPOSITO, 2005) –, os últimos dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD, 2007), mostram que a universalização do acesso ao ensino médio continua sendo um desafio para o país. A taxa de escolarização da faixa etária correspondente a este nível de ensino, 15 a 17 anos, caiu 0,9% de 2005 para 2006 e, atualmente, está na casa dos 82,1%. O quadro é ainda mais sério quando se considera que, entre os matriculados, 48% apresenta defasagem idade/série, a taxa de reprovação é de 11,5% e a de evasão, de 15,3% (MEC/INEP, 2006; PNAD, 2007). Além disso, a oferta de uma educação de qualidade, que é outro fator imprescindível para se pensar na qualidade de vida dos jovens, ainda está longe de ser uma realidade nas escolas públicas (e privadas). Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) mostram que a média de aproveitamento dos alunos nas provas objetivas, que avaliam português e
EQWEQWEQWE 22 A juventude brasileira e suas relações
matemática, foi de 36,9%, em 2006 (MEC/INEP, 2006). Mais baixo do que os 39,4%, em 2005 (MEC/INEP, 2005). Já na redação, a média caiu de 55,96% para 52,08% (MEC/INEP, 2005, 2006). Em 2007, 82,1% de 15 a 17 anos freqüentavam a escola, mas apenas 48% cursavam pelo menos o ensino médio, que corresponde ao nível adequado a essa faixa etária (PNAD, 2007). Nesse mesmo ano a média nacional de desempenho foi de 51,52 pontos na parte objetiva e de 55,99 na de redação – a escala vai de 0 a 100. Mesmo diante deste quadro, a escolaridade continua tendo um enorme poder discriminador sobre as oportunidades de trabalho tanto no que diz respeito à empregabilidade, quanto às possibilidades salariais (UNESCO, 2003; GUIMARÃES, 2005). Apesar disso, mesmo considerando que a atual geração de jovens é mais escolarizada do que as gerações passadas, o acesso à escola é fator muito menos determinante de acesso ao emprego do que foi no passado. Nesse sentido, Sposito (1993, p. 165) afirma: A primeira expressão dessa incongruência ocorre no desencontro entre as esperanças construídas pelas famílias em torno do valor da escola e as aspirações juvenis, produzidas em um ambiente não mais colorido pela crença nos benefícios imediatos da instrução para a ascensão social e melhoria das condições de vida, tão importantes para a geração anterior.
Tal desencontro entre a escola e o acesso ao trabalho, no entanto, não pode de forma alguma ser explicado apenas no âmbito da dinâmica educacional.
QWEQWEQWEQW 23 A juventude brasileira e suas relações
2.2. Os jovens e o trabalho A atual juventude brasileira nasceu em tempos de crise social (SINGER, 2005). Conforme nos lembra Guimarães (2005) se, para os jovens das décadas de 1950, 1960 e 1970, a passagem (para os que tinham acesso) da escola ou da universidade para o emprego se dava, na maior parte dos casos, de forma imediata, nas últimas décadas, essa “passagem pré-programada” deu lugar ao “dever de inserir-se4”. Além da insatisfatória criação de novos postos de trabalho, deixou de haver uma correspondência entre os níveis e gradações do sistema educacional e os níveis e gradações do sistema de classificação de qualificações do sistema de emprego (GUIMARÃES, 2005). Além disso, a autora chama também a atenção para as características demográficas de nosso tempo: o ressurgimento da “onda jovem” no final dos anos 1990 coincide com a onda dos que têm por volta dos 50 anos – outro segmento vulnerável ao desemprego e a insegurança no mercado de trabalho –, o que traz impactos significativos para a composição da População Economicamente Ativa – PEA e para a estrutura do mercado de trabalho (GUIMARÃES, 2005). Neste contexto, quase 2/5 dos jovens brasileiros estão desempregados e os postos de trabalho ocupados por eles, na maior parte das vezes, localizam-se nos segmentos de baixa produtividade e se caracterizam pela alta precariedade (POCHMANN, 2000). São 3,5 milhões de jovens com idades entre 16 e 24 anos – cerca de 45% da força de trabalho nacional – desempregados no país (OIT, 2004). Mas este quadro não se restringe ao Brasil. Segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mundialmente, uma em cada cinco pessoas com idade entre 15 e 24 anos está desempregada, ou seja, 88 milhões de jovens, o que representa mais de 40% do total de desempregados. Destes, 85% encontra-se em países em desenvolvimento. E as perspectivas de melhoria não são animadoras, já que é esperada a entrada de 660 milhões de jovens no mercado de trabalho nos próximos dez anos (OIT, 2004).
4
Segundo a autora, a categoria “inserção no mercado de trabalho” nem se colocava como uma categoria social e historicamente pertinente, dado que a transição da escola para o trabalho era feita naturalmente (GUIMARÃES, 2005).
EQWEQWEQWE 24 A juventude brasileira e suas relações
Conforme apontam os resultados da pesquisa do Projeto Juventude, mesmo com toda essa incerteza e instabilidade, o trabalho para os jovens não perde o Antes de entrar no Garagem Digital, eu tinha certeza de que era incapaz de entrar no mercado de trabalho. Tudo isso por medo, insegurança de como
seu significado, mas os significados são novos e diversos (GUIMARÃES, 2005). Uma possível interpretação sobre a percepção juvenil da importância do trabalho é que, embora com situações ocupacionais imprevisíveis e precárias, o trabalho é
me comportar numa entrevista ou
uma matriz importante na produção de percepções, comportamentos e atitudes,
mesmo no trabalho. Hoje eu vou bus-
assumindo basicamente três sentidos: a) um valor, b) uma necessidade e c) um
car no mercado de trabalho um bom emprego. Claudenira de Freitas Moura – jovem, Ceará
direito (GUIMARÃES, 2005). Em outras palavras, além de se configurar como necessidade, o trabalho também é condição para ter acesso ao lazer e ganhar autonomia (VENTURE; ABRAMO, 2000).
2.3. Os jovens e as TICs Como se pode perceber, as demandas por transformações das condições de vida do jovem brasileiro são muitas. Dizem respeito ao reconhecimento social de sua condição como sujeito de direitos, livre de estereótipos; à construção de políticas de acesso à cultura e ao esporte; a universalização do direito à educação de qualidade; e ao direito ao trabalho decente. Passando transversalmente e transformando boa parte dessas dimensões da vida contemporânea, estão as novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs). Conforme afirma o Conjuve (2006), as TICs podem aumentar as possibilidades de vivência da condição juvenil. O seu acesso deve, portanto, ser cada vez mais ampliado, buscando oferecer aos jovens de hoje cada vez mais alternativas para lidar com sua própria formação educacional, as necessidades de trabalho e sua relação com o conhecimento e a cultura (CONJUVE, 2006). Também enfática na sustentação da importância da relação juventude e TICs, é a Declaração de Princípios da Cúpula da Sociedade da Informação, afirmando que:
Os jovens constituem a força de trabalho do futuro, estão na vanguarda das novas tecnologias da informação e comunicação e são, também, os primeiros que as adotaram. Em conseqüência, devem ser facultados como estudantes, criadores, contribuintes, empresários e formuladores de decisões (ONU, 2003).
QWEQWEQWEQW 25 A juventude brasileira e suas relações
Assim, é fundamental que a agenda de políticas e ações voltadas para a juventude priorize a inclusão digital. Caso contrário, o aumento das desigualdades nos âmbitos da participação social, da cultura, do trabalho e da educação será inevitável, pois a presença das TICs na sociedade contemporânea é enorme, é crescente e, como já foi dito, produz significativos impactos nas demais esferas da vida. Em relação às implicações no cotidiano, as TICs poderão permitir maior transparência no planejamento e nas transações, aumentando a possibilidade de controle pelo (e do) cidadão. Deverá também haver um amplo desenvolvimento da educação a distância, da telemedicina e do teletrabalho (UNESCO, 2004). São muitas as oportunidades e também muitos os riscos, já que, apesar de muitos alardearem a possibilidade das TICs na construção de um mundo menos desigual, essa possibilidade não é, de forma alguma, inerente às tecnologias (assim como o inverso também não é verdadeiro). Elas, como quaisquer ferramentas, podem ser usadas em direções bastante diversas. Podem contribuir para aumentar ou para diminuir desigualdades. Somente 24% da população brasileira possuem computador. Com relação ao acesso à Internet o índice cai para 17% de domicílios equipados com computador conectados à rede. Os resultados são da Pesquisa sobre o Uso Domiciliar das Tecnologias de Informação e Comunicação – a chamada TIC Domicílios – realizada em 2007 pelo instituto Ipsos Opinion, a pedido do Comitê Gestor da Internet (CGI). A pesquisa apontou ainda que 59% da população nunca utilizaram a Internet. O principal motivo declarado que leva o brasileiro a não usar a rede é a falta de habilidade (55%), considerando que a posse do equipamento não é pré-requisito
EQWEQWEQWE 26 A juventude brasileira e suas relações
para o uso. As regiões Norte e Nordeste do país são as que apresentam os menores índices em relação às outras regiões, no que diz respeito a proporção de domicílios com computador e acesso à Internet. E os principais motivos são: preço do equipamento (com 78% das menções) e custo elevado do acesso (com 58% das menções). Com isso, os centros públicos de acesso às TICs vêm ganhando espaço e contribuindo diretamente para a democratização do acesso a esses recursos, sendo que a grande maioria de seus freqüentadores é formada por jovens entre 16 a 24 anos (59%). Diante desse contexto, um projeto de ampliação das oportunidades de aquisição e fortalecimento de aprendizagens referentes ao uso das TICs com foco em adolescentes e jovens se justifica.
Brecha Digital ou Abismo Digital –Expressões usadas para identificar a desigualdade de acesso aos recursos e oportunidades oferecidos pelas tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs ou TICs). www.oppi.org.br/apc-aa-infoinclusao/infoinclusao/glossario
QWEQWEQWEQW 27 A juventude brasileira e suas relações
Outra pesquisa, realizada nas comunidades de baixa renda do município do Rio de Janeiro, concluiu que há uma limitação do tempo disponível para acesso às TICs e que a qualidade do acesso do usuário de baixa renda é insuficiente (SORJ, GUEDES, 2005). Para esses pesquisadores, a qualidade do acesso e o seu potencial de utilização dependem da capacidade de leitura e interpretação da informação pelo usuário. Nesse sentido, eles concluem que não é possível universalizar o acesso às TICs enquanto outros bens sociais não forem universalizados (SORJ, GUEDES, 2005). Mais uma vez considerando o papel das TICs nas demais dimensões sociais, talvez seja
No Garagem, apresentamos semi-
possível dizer também que a universalização dos outros bens sociais, na sociedade
nários, criamos folders, capas de CD,
contemporânea, também não é mais possível sem a democratização delas.
currículos, além de termos dicas de como se comportar em uma entrevista de trabalho. A cada dia, aprendíamos que a informática não é tudo, mas que hoje informática é algo essencial. Helenice da Cunha Almeida – jovem, São Paulo
Assim, o Programa Garagem Digital considera inclusão digital a denominação dada, genericamente, aos esforços de fazer com que pessoas das mais diversas condições socioeconômicas tenham acesso aos meios de informação e comunicação existentes e recebam formação que favoreça a produção de conhecimentos utilizando as tecnologias em prol da melhoria de suas vidas e da sociedade. Isso significa dizer que é necessário mais que o simples acesso ou democratização da informática para incluírem-se social e digitalmente. É preciso garantir que as tecnologias facilitem a busca de conhecimentos, a geração de renda, o divertimento e o convívio público de forma geral. Deve-se ter como perspectiva que o uso dos computadores em rede contribua para gerar renda, facilite o acesso aos serviços públicos, integre o cidadão à esfera pública e, de um modo mais amplo, melhore a qualidade de vida das pessoas.
Os jovens saem daqui se vendo como produtores e não apenas consumidores do que está disponível na rede. Adelson Rodrigues da Silva – educador, São Paulo
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3. Juventude, educação e inclusão digital: uma síntese das concepções do Programa Diante dessas considerações, o Programa Garagem Digital sintetiza sua visão de juventude, educação e inclusão digital conforme as seguintes premissas:
Juventude A juventude é uma condição social que, para o Programa Garagem Digital, tem como parâmetro a faixa-etária de 14 a 24 anos.
Jovens são sujeitos de direitos.
A participação juvenil é importante para a construção do presente e do futuro da sociedade.
QWEQWEQWEQW 29 A juventude brasileira e suas relações
Educação A educação realiza-se dentro e fora da escola e é de responsabilidade do Estado e de toda a sociedade5.
A educação é diferenciada, já que as necessidades básicas de aprendizagens dos diferentes grupos e culturas são diferentes.
É importante ter como perspectiva da educação de jovens a articulação entre formação e experimentação.
Uma educação de qualidade é fundamental para potencializar o uso das TICs.
Por si só, a educação não gera postos de trabalho.
Estimular o espírito empreendedor não é suficiente para mudar a realidade do jovem no mercado de trabalho. Para tanto, é necessário que haja também intervenções governamentais na estrutura do mercado e do trabalho.
O ser humano é produto e produtor de um processo social, histórico, político e cultural.
A educação é um processo de construção e produção de conhecimentos significativos.
Deve-se estimular o processo democrático como possibilidade e necessidade, dando condições à interação social viabilizadora de uma sociedade composta por membros diferentes entre si e tornando realidade o convívio pacífico numa sociedade pluralista.
5
Os dois primeiros itens desta parte são inspirados na Declaração mundial sobre educação para todos (ou Declaração de Jomtien), da ONU, 1990.
EQWEQWEQWE 30 A juventude brasileira e suas relações
O diálogo é um dos principais instrumentos desse sistema, sendo que este requer a capacidade de ouvir o outro e de se fazer entender. Pede descentralização, para então possibilitar a aprendizagem e a negociação como um importante recurso na busca de soluções de problemas.
A pedagogia precisa traduzir a crença de que o conhecimento é construído e, para construí-lo, faz-se necessário o contato íntimo com o objeto de aprendizagem com dinamismo, investigação, ousadia, possibilitando a transgressão do que está estruturado para novos estágios na dimensão social, intelectual e emocional.
Inclusão Digital
O acesso à informação e o direito à comunicação são direitos inalienáveis do ser humano e, portanto, devem ser respeitados, garantidos e promovidos pelo Estado Brasileiro.
O processo de inclusão digital deve ser entendido como acesso universal ao uso das tecnologias da informação e comunicação e como usufruto universal dos benefícios trazidos por essas tecnologias.
As ações de inclusão digital devem ser realizadas no âmbito local, buscando-se a articulação das políticas públicas de inclusão digital entre os governos federal, estadual e municipal, como executores e indutores, priorizando pequenos municípios e aqueles com índices de desenvolvimento humano mais baixo.
QWEQWEQWEQW 31 A juventude brasileira e suas relações
É preciso estabelecer papéis e pontos de integração das ações dos diversos atores, governo, empresas e sociedade civil (comunidade, universidades e organizações não-governamentais) com interesses convergentes.
É preciso ter em vista que há diversidade de usos e de relevância da inclusão digital para os usuários.
A Internet é um tema social, não apenas técnico ou comercial6.
É necessário estimular a igualdade na possibilidade de acesso, o uso com sentido e a apropriação social da Internet.
O conceito de abismo digital deve ser abordado de forma coletiva, e não individual.
A Internet pode reforçar os processos de desenvolvimento humano já existentes.
A Internet oferece informação, não conhecimento.
É, portanto, dentro desta perspectiva que se insere o objetivo geral do Programa Garagem Digital: Promover a inclusão digital de forma a contribuir com o processo educacional de jovens e o desenvolvimento de suas comunidades.
6
Os cinco últimos aspectos levantados no quadro tomaram como referência os pressupostos sintetizados pela Comunidade Virtual Mística (2002).
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Nasce o Programa Garagem Digital
EQWEQWEQWE 34 Nasce o programa Garagem Digital
Nasce o Programa Garagem Digital
E
sse programa nasce pautado por pressupostos que direcionam seu percurso e que são aqui sistematizados.
Essa breve apresentação objetiva facilitar o entendimento do programa em suas linhas gerais, relatando como ocorreu a organização das idéias iniciais e a elaboração teórica e prática, inserindo o leitor numa posterior imersão em suas metodologias específicas.
1. Contribuição para as políticas públicas O Programa Garagem Digital nasceu em meio a um cenário nacional com altos índices de exclusão digital, principalmente para os jovens provenientes de famílias de baixa renda, que vivem o paradoxo de nascerem numa época de grandes avanços tecnológicos e não terem possibilidades de acesso a eles. A leitura que se tinha é que a abordagem de boa parte dos programas para jovens, até então, estava focada na distribuição de computadores e cursos de iniciação à informática. Ciente da importância do tema, o governo federal implementa algumas iniciativas de inclusão digital, como Casa Brasil, Governo Eletrônico, Serviço de Atendimento ao Cidadão, Telecentros de Informação e Negócios e Programa Nacional de Informática na Educação, entre outras. Estados e municípios também têm implantado seus programas próprios, com foco sobretudo na construção de telecentros.
Casa Brasil é um projeto do Governo Federal que tem como principal objetivo reduzir a desigualdade social em regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), levando para esses locais um espaço que privilegia a formação e a capacitação em tecnologia aliada à cultura, arte, entretenimento e participação popular, com forte apoio à produção cultural local. O projeto permite que a comunidade se aproprie da sua unidade e participe das decisões locais via conselho gestor.
QWEQWEQWEQW 35 Nasce o programa Garagem Digital
O GESAC – Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão, do Governo Federal, tem como meta disponibilizar acesso à Internet e mais um conjunto de outros serviços de inclusão digital a comunidades excluídas do acesso e dos serviços vinculados à rede mundial de computadores.
O Programa Nacional de Informática na Educação – ProInfo - é um programa educacional criado pelo Ministério da Educação para promover o uso pedagógico da informática na rede pública de ensino fundamental e médio. É desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (SEED), por meio do Departamento de InfraEstrutura Tecnológica (DITEC), em parceria com as Secretarias de Educação Estaduais e Municipais.
O Programa Garagem Digital, apostando na visão de que a inclusão digital deve apontar para a transformação social, nasceu com o propósito de experimentar novas metodologias no processo de formação de jovens utilizando as TICs no desenvolvimento de habilidades e de produção de conhecimentos. A opção estratégica do Programa Garagem Digital foi de centrar seus esforços na construção de uma metodologia de ensino e aprendizagem consistente, tendo a tecnologia como meio. Favorecendo o desenvolvimento do protagonismo e do empreendedorismo, visa também construir referências metodológicas para a implementação de políticas públicas de inclusão digital, dirigida a esse público, em consonância com um contexto social onde jovens não têm tido acesso a oportunidades qualitativas de desenvolvimento e inclusão. Duas premissas embasavam esta opção: As políticas públicas de inclusão digital precisam ir além do acesso, avançando na direção da apropriação social (ver quadro). As políticas de inclusão digital precisam estar associadas aos sistemas públicos de ensino, o que significa repensar a didática tradicional.
EQWEQWEQWE 36 Nasce o programa Garagem Digital
Continuum DA INCLUSÃO DIGITAL
Acesso eqüitativo
A possibilidade de que todas as pessoas tenham acesso aos benefícios das TICs. Fazem parte desta categoria tanto o acesso à tecnologia como o desenvolvimento das capacidades técnicas para possibilitar um uso efetivo das potencialidades que elas oferecem. As barreiras para o acesso eqüitativo não são somente as técnicas e os custos, mas também educativas, lingüísticas e culturais.
Uso com sentido
Ações que promovam o uso relacionado às necessidades dos diferentes grupos
Apropriação social
Quando estas ferramentas adquirem um significado no cotidiano dos grupos so-
sociais e a busca de alternativas para resolvê-las utilizando as TICs.
ciais e se constituem em instrumentos para a geração de novos conhecimentos que permitam transformar as realidades nas quais estão inseridos.
Fonte: Comunidad Virtual Mística: Trabalhando a Internet com uma visão social, setembro de 2002.
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2. Projeto Piloto Sem desconsiderar que ações inclusivas eficazes precisam lidar com problemas estruturais, em 2001 o Programa teve início com a implementação de um projeto piloto que pudesse contribuir com respostas concretas na direção da apropriação social das TICs, ainda que em escala restrita. Uma vez alcançado tal objetivo, o Programa Garagem Digital poderia fornecer referenciais técnicos e metodológicos viáveis para o desenho de políticas de caráter mais abrangente. Na formulação do piloto, cada parceiro aportou um capital específico. A HP doou equipamentos, investiu financeiramente e partilhou decisões estratégicas com a Fundação Abrinq. Esta, por sua vez, assumiu a coordenação com a responsabilidade pelo seu monitoramento, avaliação e disseminação. Os dois parceiros convidaram ainda, para compartilhar desse desafio, a Associação Cidade Escola Aprendiz7, cujo projeto Oficina de Sites foi reconhecido como uma referência importante na área de educação e tecnologia, para contribuir com conhecimentos técnicos na concepção pedagógica da proposta. Através de muita conversa e debate, o projeto foi tomando forma, mas faltava o mais importante: os jovens. Decidiu-se procurar por um parceiro que já trabalhasse com inclusão social juvenil. O convite foi feito à Associação Meninos do Morumbi, uma organização social reconhecida, sobretudo, pelo seu trabalho artístico musical junto a jovens. Unir universos e lógicas tão diferentes foi um processo muito rico8. Foi nesta época que o Programa estruturou seu primeiro currículo, construiu papéis, afirmou princípios e formou os primeiros jovens. Desde então, aprimorou essa experiência e consolidou metodologias voltadas à inclusão digital de jovens e suas comunidades.
7
Sediada na região Oeste da cidade de São Paulo Site: www.aprendiz.org.br Em 2002, o Programa ganhou o prêmio “Conscience Award International”, da SAI – Social Accountability, na categoria “Parceiros Inovadores”.
8
EQWEQWEQWE 38 Nasce o programa Garagem Digital
Linha do tempo 2001 / Formatação do Programa Garagem Digital – HP Brasil/Fundação Abrinq com parceria da Cidade Escola Aprendiz. / Implementada a primeira Garagem Digital em caráter de Projeto Piloto – Associação Meninos do Morumbi (SP).
2002 / Avaliação Externa do Projeto Piloto pelo Instituto Fonte e Christophorus. / Vencedor do prêmio “Conscience Award International 2002”, da SAI – Social Accountability, na categoria “Parceiros Inovadores”.
2003 / Permanência da Garagem Digital: Associação Meninos do Morumbi (SP). / Implementação da Garagem Digital do CPA (SP).
2004 / Permanência da Garagem Digital do CPA (SP). / Estabelecida parceria com o Governo do Estado do Ceará e Instituto Centec: três Garagens Digitais são implementadas nos municípios de Beberibe, São Gonçalo do Amarante e Limoeiro do Norte (CE). / Novas estratégias foram incorporadas ao Programa: Rede de Oportunidades, Acesso Livre e Rodas de Inclusão Digital. / Premiado pela IT Midia e Info Exame.
2005 / Permanência da Garagem Digital do CPA (SP). / Permanência das três Garagens Digitais no Ceará. / 1º lugar do Prêmio Telemar de Inclusão Digital na categoria ONG região Norte/ Nordeste.
2006 / Permanência das três Garagens Digitais no Ceará (agora de forma autônoma e sustentável). / Permanência da Garagem Digital do CPA (SP) (agora de forma autônoma e sustentável).
2007 / Permanência das três Garagens Digitais no Ceará. / Permanência da Garagem Digital do CPA (SP). / Implementação de seis novas Garagens Digitais no Ceará, nos municípios de Aracati, Aracoiaba, Barbalha, Eusébio, Itaiçaba e Quixeramobim.
2008 / Permanência das nove Garagens Digitais no Ceará. / Permanência da Garagem Digital do CPA (SP). / Publicação da Sistematização do Programa.
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3. Acertando o rumo Desde o início, o desafio do Programa Garagem Digital era implementar um projeto com uma proposta que fosse inovadora, para tanto estabeleceu-se diversos espaços de avaliação e reflexão da sua prática. Com isso, no decorrer do percurso procurou transformar dificuldades em aprendizagens.
Mais nem sempre é melhor
Aprendizagens: O Programa nasce com alta qualidade em termos de espaço, tecnologia e equipe profissional, mas também com alto custo, o que dificultou sua manutenção e sustentabilidade a longo prazo nos moldes inicialmente definidos.
Aprendizagem 1: Como, por um lado, os recursos são sempre limitados frente as demandas sociais e, por outro lado, não é possível desenvolver ações que sejam efetivamente transformadoras se a qualidade não for a prioridade, é necessário que projetos sociais busquem otimizar seus recursos, abrindo suas portas no maior número de períodos possíveis, compartilhando suas conquistas com a comunidade e buscando estar sempre articulado com as políticas públicas.
A estrutura criada para gerir o Programa tinha várias instâncias: conselho estratégico, conselho consultivo, diretoria, equipe técnica e liderança do núcleo de formação de equipes. Embora o aporte de conhecimentos trazidos pelos vários atores tenha sido importante, as decisões e ações eram pouco ágeis e havia dificuldade em sintonizar as visões e as tomadas de decisões devido ao complexo fluxo de informações.
Aprendizagem 2: É necessário muito cuidado na formatação da estrutura de gestão. Para que ela seja eficiente, é melhor que ela seja constituída por poucas instâncias e que o planejamento de seu cotidiano leve em conta a rotina e os prazos do projeto.
EQWEQWEQWE 40 Nasce o programa Garagem Digital
O tempo de formação de cada turma de 300 horas em 10 meses era longo e concorria com outras demandas dos participantes – especialmente demandas por trabalho – o que contribuía para a evasão dos jovens que foi significativa nas primeiras turmas (26,7%).
Aprendizagem 3: É necessário ouvir os jovens desde o início, por exemplo, por meio de entrevistas, grupos e conversas informais que garantam a convergência entre as expectativas dos jovens e a proposta do projeto. Nesse caso, ouvindo os jovens, pudemos perceber que tal convergência se daria com a concentração da carga horária total em cinco meses de projeto.
Na estrutura do Programa, além dos educadores e monitores, havia psicólogo e professor de português. Esse modelo gerava espaços paralelos ao processo educativo integral, em vez de serem incluídos como conteúdos e temas para aprendizagem coletiva.
Aprendizagem 4: O processo de aprendizagem dos jovens ocorre de forma mais efetiva quando as equipes são constituídas por profissionais com visão global de processo educativo, denominados educadores, trabalhando de forma integrada os conteúdos do currículo.
QWEQWEQWEQW 41 Nasce o programa Garagem Digital
Desde o desenvolvimento do projeto piloto, o Programa viveu um processo dinâmico de transformações contínuas tendo, inclusive, seus objetivos revistos e alterados ao longo dos anos. No primeiro momento objetivava “construir referências para a implementação de políticas públicas/programas que assegurem o acesso de jovens à tecnologia da informação, a partir de uma atitude protagônica e empreendedora diante da vida”. A partir das reflexões sobre o que se dispunha a executar e influenciar, redefine seus objetivos a fim de alinhá-los com a perspectiva de “promover a inclusão digital de forma a contribuir com o processo educacional de jovens e o desenvolvimento de suas comunidades”. A diferença na redação do objetivo inicial e atual sinaliza uma profunda mudança na sua ação. Se num primeiro momento a construção da metodologia vinha em primeiro plano, no segundo (quando esta já estava sendo consolidada) a ênfase passou a ser o desenvolvimento educacional do jovem em estreita relação com sua comunidade, alinhando o conceito de inclusão digital e inclusão social – resultado que se espera atingir em todos os contextos onde sua metodologia for disseminada. Podemos dizer que esta visão mais contextualizada do jovem e da inclusão
No
Garagem, ganhei
consciência
digital articulada com as necessidades locais foi o “pulo do gato” que fez com que
que a minha vida não gira só em torno
o Programa Garagem Digital ganhasse maior consistência e coerência.
de mim mesma, ela gira em torno de outros fatores e um deles é você po-
A preocupação com a mobilização comunitária já estava sinalizada na concepção de inclusão digital e social assumida pelo Programa, mas ela foi efetivamente incorporada sob a influência da segunda organização social que abrigou uma Garagem Digital: o Centro de Profissionalização de Adolescentes Padre Bello (CPA). Alguns profissionais foram chamados durante este percurso, como Carlos Afonso, Fernando Dolabela, Helena Abramo e Frankling Coelho e contribuíram com a socialização de saberes que auxiliaram os envolvidos na construção de metodologias e referenciais teóricos. Com a ajuda de Carlos Afonso – um dos precursores e mais ativos profissionais da internet no Brasil –, desencadeou-se a reflexão sobre as políticas públicas de inclusão digital e conceitos relativos à universalização do acesso às tecnologias da informação e comunicação – TICs. Fernando Dolabela introduz conceitos relativos ao empreendedorismo e oferece metodologias de trabalho por meio da “pedagogia empreendedora” em diversos contextos educacionais.
der ajudar aqueles que não tiveram a chance que você teve. Erivelma Alves de França – monitora, Ceará
EQWEQWEQWE 42 Nasce o programa Garagem Digital
Ele apresenta o conceito de empreendedorismo, de forma a conjugar questões econômicas e sociais em prol do desenvolvimento social e do combate à pobreza, como alternativa de geração de renda. Assim, foi possível avanços nas discussões sobre empreendedorismo aplicado ao currículo do Programa Garagem Digital. Helena Abramo, socióloga, pesquisadora em questões relacionadas à juventude, promoveu debates sobre característica da juventude brasileira; suas diversidades, representações e necessidades específicas, ao mesmo tempo em que contribuiu com as análises relativas às políticas públicas de, para e com a juventude. Ela traz para o debate as dimensões da educação, do trabalho e da cultura caminhando conjuntamente com questões que caracterizam a juventude. Com Franklin Coelho discute-se o uso das tecnologias da informação e da comunicação para o desenvolvimento local e a importância desse tema frente a ações voltadas à mobilização comunitária. Ele traz a experiência do projeto “Piraí Digital”9, um projeto de política pública de inclusão digital no município de Piraí, Rio de Janeiro, que apresenta conceitos, metodologias e desafios semelhantes aos enfrentados pelo Programa Garagem Digital. Esse processo foi relevante para consolidação da filosofia do Programa, pois ajudou a validar as opções temáticas em conformidade com as novas demandas do mercado de trabalho e a compreensão de políticas públicas de juventude, trabalho, inclusão digital e educação. Com base nas interlocuções e pesquisas realizadas, foi sendo construída uma proposta que articulasse, ao processo de inclusão digital, ações voltadas ao empreendedorismo, ao protagonismo juvenil, ao trabalho colaborativo e ao desenvolvimento de capacidades para a identificação de demandas e oportunidades de atuação, priorizando a articulação comunitária. Considerando a educação um processo de desenvolvimento e o jovem, protagonista de sua história, o currículo serve como ferramenta de orientação da prática para a formação de jovens mais empreendedores e mais capazes de participarem do mercado de trabalho, bem como de contribuírem para as transformações sociais que desejarem.
9
Site: www.piraidigital.com.br/
QWEQWEQWEQW 43 Nasce o programa Garagem Digital
Assim, os marcos referenciais – nas dimensões da juventude, da educação, da formação profissional, da cultura, da mobilização social e da inclusão digital – pautam o projeto educacional e concretizam-se na vida dos jovens. Na Fundação Abrinq, o Programa Garagem Digital foi concebido e gerido como uma instância de formação por meio de ações sócio-educacionais, ou seja, trabalhos de significativa importância na complementaridade das aprendizagens proporcionadas pela educação formal. Por meio desse conceito entende-se que a família, a escola e os recursos da comunidade são elementos que, integrados, qualificam a educação integral de crianças, adolescentes e jovens.
O bom do Garagem é que ele não é só mais um curso. Ele é um despertar para olhar em volta e ver sua importância dentro da sociedade. Abimael de Sousa Alves – monitor, Ceará
4. Conquista dos parceiros Foram implantadas 11 Garagens Digitais, orientadas pelos pressupostos do Programa. A primeira delas, em 2001, nasce na Associação Meninos do Morumbi10. Como uma das intenções do Programa era a sua disseminação, nesse mesmo ano foi indicada outra organização em São Paulo, essa participante do Programa Nossas Crianças da Fundação Abrinq11 para implantar outra garagem.
10
Na Associação Meninos do Morumbi, o projeto se estendeu por 2 anos, tendo sido finalizado em 2003. O Programa Nossas Crianças mobiliza e articula recursos técnicos e financeiros da sociedade civil, que possibilitem um atendimento de qualidade a crianças e adolescentes em organizações sociais.
11
EQWEQWEQWE 44 Nasce o programa Garagem Digital
A seleção ocorreu por meio de um processo onde 3 organizações foram indicadas pela coordenação daquele programa, a equipe do Programa Garagem Digital as convidou para participar do processo seletivo, realizou visitas diagnósticas, orientou a elaboração de projetos e, com base nessas informações, os parceiros estratégicos – Fundação Abrinq e HP – indicaram o Centro de Profissionalização de Adolescentes – CPA. Tal indicação se deu, principalmente, em função de a mesma já desenvolver projetos de formação e capacitação de jovens em situação de vulnerabilidade social e com uma cultura ativa de participação comunitária. Com isso, em 2003, o Programa ampliou sua área de abrangência, implementando uma nova garagem no Centro de Profissionalização de Adolescentes Padre Bello (CPA), situado na zona leste de São Paulo. A prática de avaliação permanente do processo, somada a ações que ocorriam naquele contexto, apontou para a necessidade de ampliação do Projeto Educacional, de forma a estruturar ações de Mobilização Comunitária, que tornou-se um Não adianta ter um espaço de tec-
novo eixo de atuação do Programa.
nologia que seja um oásis no meio do
Nesse sentido, em 2004, novas estratégias foram incorporadas como: a Rede
deserto. Ele tem que funcionar como
de Oportunidades, com o papel de servir de ponte entre os jovens participantes
um oásis às avessas, ou seja, tornar o entorno menos árido e não sugar a sua energia. Flariston Francisco da Silva – coordenador da Garagem CPA
dos Projetos e novas oportunidades; o Acesso Livre, visando ofertar o espaço e os recursos das Garagens Digitais para a comunidade e as Rodas de Inclusão Digital, tendo como objetivo a articulação de organizações sociais, representantes do poder público e da iniciativa privada do entorno para discussões sobre as perspectivas de inclusão digital em prol do desenvolvimento local.
QWEQWEQWEQW 45 Nasce o programa Garagem Digital
Também em 2004 foi firmada uma parceria com o Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC)12, situado no estado do Ceará, que tem como missão promover a educação e a tecnologia por meio do ensino, da pesquisa, da inovação e da extensão, em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do Estado do Ceará. Através de convênios firmados, principalmente, com a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Ceará e governos municipais, o CENTEC monta Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs), onde ministra cursos técnicos e também de ensino superior em dezenas de cidades cearenses. O CENTEC indicou alguns municípios onde compreendia que a implementação de uma Garagem Digital pudesse potencializar as ações que já vinham desenvolvendo por meio dos Centros Vocacionais Tecnológicos – CVTs. A equipe da Fundação Abrinq fez a análise diagnóstica e, priorizando critérios como a demanda da região por inclusão digital e a articulação da organização com o poder público local, selecionou os três municípios que naquele primeiro momento receberiam as Garagens Digitais:
Limoeiro do Norte, localizada no interior do estado do Ceará, apesar de ser considerado um município com potencial propício ao desenvolvimento, sofre com a ausência de projetos sociais. Tem uma população estimada em mais de 50 mil habitantes.
Modelo de Diagnóstico do espaço para implementação de uma Garagem Digital >> Ver ferramenta 5
12
Site: www.centec.org.br
EQWEQWEQWE 46 Nasce o programa Garagem Digital
São Gonçalo do Amarante possui 35.608 habitantes, situa-se a 60 km de Fortaleza e é conhecida, principalmente, por possuir belas praias e um significativo Complexo Industrial e Portuário.
Beberibe é um município de 43.000 habitantes, com vocação natural para o setor turístico. Tem uma participação ativa no desenvolvimento sociocultural dos jovens e atua especificamente com Capacitação Tecnológica e busca de oportunidades de inserção no mercado de trabalho. Participam de alguns projetos de referência no Estado e em âmbito nacional.
QWEQWEQWEQW 47 Nasce o programa Garagem Digital
Em 2007, mais seis Garagens foram implantadas seguindo as mesmas diretrizes, por meio de uma gestão autônoma e sustentável, nas cidades de: Aracati, Aracoiaba, Barbalha, Eusébio, Itaiçaba e Quixeramobim. Para tanto, o CENTEC – que recebe os equipamentos da HP e todo o aporte técnico da Fundação Abrinq – estabelece parceria com o poder público municipal que apóia com a manutenção do espaço físico, profissionais para compor as equipes de educadores, material pedagógico e de consumo, entre outros itens.
Antes do Garagem Digital, a freqüência de alunos nos Centros de Vocação Tecnológica era intermitente. Temos cursos de curta duração, além de cursos itinerantes pelos distritos ou até em outros municípios da área, o que aparentava um certo vazio nas dependências do Centro. Hoje com o Programa, turmas manhã e tarde, com carga horária de 300 horas, proporcionando maior tempo de convivência entre alunos e educadores, o Centro tornou-se mais dinâmico. Antônio Amaury Oriá Fernandes – Diretor Presidente CENTEC de 2000 a 2007
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QWEQWEQWEQW 49 Percurso de uma Garagem Digital
Percurso de uma Garagem Digital
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Percurso de uma Garagem Digital
A
s Garagens Digitais, implementadas pelo Programa Garagem Digital, partem de uma estrutura e de valores comuns a todas elas, embora apresentem pecu-
liaridades próprias do contexto local. Compreende-se que essa forma de construir, com um planejamento geral, desde o espaço físico até a proposta pedagógica, pode inspirar outros projetos de inclusão digital, ainda que não necessariamente uma garagem digital. O texto abaixo tem a intenção de explicitar como a experiência veio construindo um núcleo metodológico e conceitual importante para o desenvolvimento da prática proposta pelo Programa em cada um dos espaços de atuação.
1. Construção da parceria Para uma Garagem Digital ser instalada em algum lugar, é preciso que seja firmado um acordo entre os Parceiros Estratégicos e Parceiros Locais.
Vale explicitar o que está compreendido em cada nomenclatura:
Parceiro Estratégico – Parceiros que fornecem recursos e zelam pela metodologia do Programa (HP Brasil e Fundação Abrinq).
Parceiro Local – Tão importante quanto o Estratégico, é a organização social que se responsabiliza por desenvolver as ações destinadas à Garagem Digital em determinada localidade. Ele garante a disseminação das concepções e metodologias do Programa, realizando a articulação e apropriação local.
QWEQWEQWEQW 51 Percurso de uma Garagem Digital
O contrato de parceria normalmente é de um ano, renovável anualmente, e tem a perspectiva de autonomia progressiva entre os parceiros locais. No primeiro ano, quando as Garagens Digitais estão sendo implantadas, há uma intervenção mais direta dos parceiros estratégicos, maior proximidade da equipe técnica, assim como aporte maior de recursos financeiros. A partir do segundo ano, os parceiros locais passam a se responsabilizar pelo custeio dos profissionais e pela manutenção das ações da Garagem. Experimentam, então, um novo modelo de formação, avaliação e monitoramento, no qual a maior parte dos contatos com a equipe técnica da Fundação Abrinq é feita à distância. No terceiro ano, quando os parceiros locais já acumularam experiência, eles passam a atuar como agentes de disseminação das concepções e metodologias constituídas no âmbito do Programa. Apoiando a implementação e fortalecimento de novas Garagens Digitais que poderão surgir, mediante renovação contratual com os parceiros estratégicos.
Intercâmbio de experiências
CPA (SP)
O que o Programa tem aprendido
O que o parceiro local tem
com o parceiro local
aprendido com o Programa
Focar no desenvolvimento comunitá-
Trabalhar de forma mais estruturada,
rio e ver o jovem e a sua formação
planejada e monitorada.
dentro deste contexto.
CENTEC (CE)
Articular parcerias com o poder públi-
Pensar a formação tecnológica numa vi-
co, organizações privadas e do tercei-
são mais dinâmica e ampla, valorizando
ro setor na construção de uma rede
a construção de vínculos sociais.
de Garagens Digitais.
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Aprendizagens quanto ao desenvolvimento das parcerias:
É importante discernir os pontos que garantem a qualidade do Programa (e que, portanto, não podem ser abandonados) daqueles que precisam ser modificados para que o Programa se adapte às características regionais e à cultura do parceiro local. Neste equilíbrio, o Programa incorpora influências da experiência dos parceiros e vai se reinventando sem se descaracterizar. Um grande desafio enfrentado nas parcerias firmadas com as cidades do interior do Ceará foi a baixa qualidade do serviço de acesso à Internet. Em alguns desses casos, a solução encontrada foi buscar apoio tecnológico junto à Prefeitura. A articulação com o poder público e a base comunitária são duas características importantes para os parceiros locais caracterizarem-se como parceiros disseminadores das concepções e metodologias do Programa.
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2. Elaboração de projetos Uma vez negociada a base da parceria, a equipe técnica do Programa na Fundação Abrinq orienta o parceiro local a preparar um Projeto de uma Garagem Digital. O processo de elaboração do projeto vai além da explicitação dos objetivos e do planejamento geral da prática, ele contribui para o alinhamento conceitual entre os profissionais e para a gestão e acompanhamento das ações que promoverão o alcance dos objetivos propostos. Em seguida, a prática e as ações de monitoramento e avaliação dos projetos, in loco e à distância são estruturadas em processo de formação dos educadores pela equipe técnica do Programa. Ao longo do processo de formação dos educadores e monitoramento dos projetos em execução, alguns instrumentos foram consolidados em parceria com as equipes das Garagens Digitais. Hoje, o projeto de uma Garagem Digital é estruturado por meio de um roteiro que contém:
Composição da Equipe (nome dos membros da equipe, e-mail e telefones para contato e nome da função): onde é possível acompanhar o perfil da equipe que participa do projeto. Matriz de Avaliação: onde os objetivos, resultados e meios de verificação são detalhados. Resumo do Projeto: onde é apresentado de forma sucinta as linhas gerais do projeto, por exemplo, os dias em que ocorre, horários, datas previstas para encontros e planejamentos etc. Cronograma do Projeto. Planejamento Macro: dá origem aos planos de aula e apresenta uma visão global dos conteúdos a serem ministrados ao longo do projeto a partir do currículo do Programa. Plano de Comunicação: fluxo de relatórios e de troca de informações entre a equipe do projeto e a equipe técnica da Fundação Abrinq, para fins de monitoramento e avaliação do Projeto. Plano de sustentabilidade: no plano a equipe identifica ativos da comunidade local e propõe formas de mobilizá-los, para que a sustentabilidade do espaço possa ser assegurada em suas 4 dimensões, são elas: econômica, sociocultural, política e tecnológica.
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É importante atentar para essa distinção de nomenclatura:
Programa Garagem Digital é macro e aporta pressupostos comuns a todas as Garagens.
Projeto de uma Garagem Digital
é o detalhamento de como
os princípios e metodologias são postos em prática em um local específico, levando em consideração aspectos particulares do contexto.
Matriz de avaliação do Projeto de uma Garagem Digital >> Ferramenta 1
Exemplo de Resumo do Projeto de uma Garagem Digital >> Ferramenta 2
Exemplo de Cronograma do Projeto de uma Garagem Digital >> Ferramenta 3
Modelo de Planejamento Macro >> Ferramenta 8
Exemplo de Plano de Comunicação para fins de monitoramento >> Ferramenta 4
Plano de ação de sustentabilidade >> Ferramenta 14
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3. Montagem do espaço O projeto arquitetônico e a estrutura didático-pedagógica adotados pelo Programa Garagem Digital procuram refletir a concepção de “espaço que educa”13. Afinal, a aprendizagem humana não se dá sem os sentidos. Os ambientes podem ser estimulantes ou deprimentes, alegres ou soturnos, limpos ou sujos. As paredes não falam, mas registram os rastros do que acontece naquele espaço. Assim sendo, o espaço físico atua como um importante elemento facilitador do desenvolvimento de propostas pedagógicas, procurando contemplar as seguintes diretrizes: Ambiente de trabalho flexível que possibilite o rearranjo dos móveis conforme a atividade prevista. Ambiente dinâmico, que propicie o trabalho em equipe, a socialização, a interação e a autonomia dos jovens. Acessibilidade do material. Claridade. Facilidade de manutenção. Estética.
Para aplicar esses conceitos, são criadas soluções arquitetônicas que consideram tanto o conforto dos participantes como a implementação da proposta pedagógica participativa:
Instalação de bancadas fixas no perímetro da sala: as bancadas fixas servem de suporte para os computadores e impressoras, bem como para a alocação de pastas de arquivo. São organizadas de forma a possibilitar a realização de tarefas coletivas (em duplas ou subgrupos) na mesma máquina, sem incomodar os trabalhos paralelos dos demais integrantes.
Mesas volantes no centro da sala: propiciam mobilidade ao espaço, permitindo que ele seja rearranjado conforme as diferentes atividades coletivas e individuais, tais como rodas de discussões, trabalhos em pequenos grupos, atividades individuais de redação e leitura, bem como reuniões pedagógicas com a equipe de educadores e coordenação. 13
Essa concepção teve influência do trabalho realizado pela Cidade Escola Aprendiz. A estruturação do Projeto Arquitetônico das Garagens foi feita pela arquiteta Lúcia N. Hamburguer.
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Fixação de escaninhos para guardar materiais: servem para colocar materiais particulares dos jovens, educadores e visitantes (mochilas, bolsas, livros, cadernos etc.) para que as mesas de trabalho não fiquem ocupadas com outros objetos além dos necessários para o desenvolvimento das atividades pedagógicas. Também contribui para desenvolver a capacidade de organização e o respeito aos objetos dos colegas.
Equipamentos, softwares e recursos materiais, compatíveis com as necessidades do mercado: além dos computadores e softwares, outros equipamentos desempenham um papel importante no processo de ensino-aprendizagem, tais como máquina fotográfica digital e convencional, filmadoras digitais, aparelho de som, data show etc.
Check-List Hardware: servidores - um computador HP Workstation x4000 (processador Intel Xeon 1.8 GHz, memória de 512 Mb e HD de 80 Gb) e dois computadores HP Netserver lc2000r (processador Pentium III 1 GHz, memória de 256 Mb e 5 HDs de 18 Gb). Para uso dos jovens, o projeto disponibiliza computadores (na proporção de 2 jovens para um) com as seguintes características – HP Vectra VL 400 (processador Pentium III 1 GHz, memória de 256 Mb e HD de 20 Gb), duas impressoras HP Laserjet 4550 e um scanner Scanjet HP 4400c.
Softwares:
Microsoft Windows e Office (Word, Excel e PowerPoint) e Pacote Ma-
cromedia (Dreamweaver, Flash e Fireworks) ou softwares similares em versão livre. Materiais de leitura: Jornais e revistas, revistas da área de informática, dicionários das línguas portuguesa e inglesa, de livros de interesse, incluindo os relacionados a questões de juventude e cidadania.
Materiais de apoio:
colas, tesouras, cartolinas, fitas adesivas, papel sulfite e
pautado, cadernos, pastas de elástico, canetas esferográficas, lápis de cor, giz de cera, barbantes, pincéis atômicos, fitas K7, fitas de vídeo, papel kraft, canetas hidrocor, pincéis e tintas coloridas, clips, grampeadores, grampos, réguas e estiletes.
Embora a estrutura seja a mesma, cada Garagem tem uma identidade
própria, em sintonia e respeito com a organização que a abriga, a cidade e o bairro onde está situada e com as pessoas que por ela circulam. A versatilidade do espaço inspira a criação de aulas em formatos variados (dinâmicas, vídeo-aulas, trabalhos em grupo etc.) que surpreendem e motivam alunos que estão acostumados
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com uma educação formal, em que as aulas têm quase sempre o mesmo formato e a mesma dinâmica.
4. Montagem da equipe O processo de composição da equipe é iniciado tão logo o local de implementação de uma Garagem é definido. O Programa parte do pressuposto de que todos os profissionais envolvidos são educadores que possuem funções distintas com atribuições e graus de responsabilidades específicos. Para a seleção e composição desta equipe específica de implementação dos Projetos, a equipe técnica da Fundação Abrinq fornece a descrição detalhada de cada cargo e o perfil de equipe que se responsabilizará pela condução de todo o processo:
CARGO
FUNÇÃO
COORDENADOR
Coordenar o projeto junto aos educadores, administrando seu desenvolvimento como
DA GARAGEM
um todo, prezando pelo alcance dos objetivos propostos e resultados esperados. Estabelecer interface com a coordenação do Programa na Fundação Abrinq para tomada de decisões compartilhadas e produção de dados avaliativos.
EDUCADOR DE GRUPO
Articular o processo de formação dos jovens com base na proposta pedagógica do Programa.
EDUCADOR EM WEB
Articular o processo de formação dos jovens com base na proposta pedagógica do Programa, visando o pleno desenvolvimento dos conteúdos de Tecnologias da Informação e da Comunicação – TICs.
MONITOR DE GRUPO
Apoiar os educadores no desenvolvimento do processo de formação dos jovens.
MONITOR COMUNITÁRIO
Desenvolver ações voltadas ao atendimento à comunidade, de acordo com o projeto educacional e em parceria com a equipe de educadores.
A partir desse referencial, o próprio parceiro local desenvolve o processo de seleção, conforme metodologia e procedimentos próprios. Portanto, há de se esperar diferenças. Na equipe da Garagem Digital em São Paulo, por exemplo, o educador de grupo também é educador web. No Ceará, o CENTEC optou pela permanência de educador de grupo e educador web, como profissionais distintos que
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atuam de forma integrada. Além disso, devido ao maior número de garagens e a distância em relação à equipe técnica da Fundação Abrinq, no Ceará o programa contou com o agente disseminador. Indicado pelo CENTEC, este profissional, em conjunto com o coordenador da Garagem, tem como função a mediação entre a coordenação e equipe técnica do Programa na Fundação Abrinq e a equipe de implementação dos projetos em cada uma das Garagens. Em especial, a equipe responsável por conduzir a formação de jovens das Garagens Digitais possui um perfil multidisciplinar e, preferencialmente, tem vínculos preestabelecidos na comunidade em que irá atuar. Essa afinidade prévia com a comunidade garante conhecimento da realidade local e facilita o estabelecimento de relações com os jovens que ali vivem. Também é importante que a equipe já tenha trabalhado anteriormente com educação de jovens e projetos sociais, além de ter afinidade e interesse pelas TICs, afinal este é um programa de Inclusão Digital. Aprendizagens quanto à montagem da equipe: Permitir que ex-alunos tenham a oportunidade e a experiência de serem monitores, e até mesmo educadores, estimula os jovens e faz com que vejam o próprio Programa como uma oportunidade de iniciação profissional.
Participar do Projeto Garagem Digital foi e continua sendo uma grande oportunidade que aproveitei da melhor maneira possível. Quando me inscrevi para participar da seleção que iria definir quem seriam os jovens beneficiados, acreditava ser a oportunidade que estava faltando. Ao ser escolhido, recebi a chance de participar do PGD, e assim ter acesso a um mundo de novas informações e vivências que iriam colaborar com minha vida. O PGD é diferente. É um programa que busca não apenas oferecer aos participantes acesso às tecnologias, mas ensinar como utilizá-las de maneira proveitosa para nossas vidas. Ao concluir o módulo de formação, as mudanças eram evidentes. Antes era uma pessoa tímida, com dificuldades até para conversar. Hoje, depois da colaboração que recebi, me sinto capaz para enfrentar os desafios que serão colocados no decorrer de minha vida. Como se não bastasse ter sido beneficiado como aluno, recebi também a oportunidade de colaborar com outros jovens, uma vez que fui convidado para fazer parte da equipe, atuando na função de monitor de grupo. Essa sem dúvida tem sido uma experiência muito boa. Tenho tido a oportunidade de colocar em prática e em benefício de outras pessoas todo o conhecimento que adquiri durante o módulo de formação. O Garagem Digital foi um momento importante, que ficará marcado como o começo de uma nova fase. Odenir Fernandes dos Santos – monitor, Ceará
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5. Formação dos educadores Depois de definida a equipe, inicia-se o processo de formação de educadores. A metodologia da formação é participativa e prevê o envolvimento da equipe desde a construção dos conteúdos a serem abordados, incorporando sugestões e expectativas dos educadores por meio do levantamento prévio aos encontros. A seguir apresentamos a formação inicial e a formação continuada dos educadores.
Formação inicial de educadores A cada nova equipe constituída, seja nas Garagens já instaladas seja nas que estão iniciando, é realizado um evento de formação inicial. A dinâmica das formações é permanentemente revista e reestruturada de acordo com as necessidades dos educadores em formação. A experiência dos educadores que já participaram dos processos anteriores também é uma importante fonte de aprimoramento metodológico. Por vezes, os educadores mais experientes apóiam a equipe da Fundação Abrinq no processo de formação dos novos. A formação acontece no ambiente indicado pela organização parceira local, podendo ser o próprio ambiente da Garagem Digital ou outro que possua uma sala com cadeiras móveis e computadores conectados à Internet. Também é interessante contar com máquina fotográfica digital para registrar o processo e outros equipamentos como data show, vídeo e TV. O uso desses equipamentos é uma estratégia de desenvolvimento dos conteúdos da formação de educadores, pois eles são elementos importantes na didática de formação dos jovens.
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A carga horária para desenvolvimento destes conteúdos é flexível e pode variar, de acordo com o grau de apropriação do programa pela equipe de profissionais responsáveis pelas ações da Garagem Digital. Por exemplo, se a equipe já participou de algum projeto de uma Garagem Digital, os conteúdos básicos já foram apropriados e eles serão revistos e aprofundados, redimensionando a carga horária para algo em torno de 40 horas. No caso de equipes que estão iniciando a implementação, considera-se que a carga horária seja de no mínimo 64 horas, para garantir maior conhecimento e aprofundamento dos conteúdos trabalhados. A formação inicial dos educadores dialoga com a proposta educacional do PGD e preza por uma postura construtivista. Pretende-se oferecer ferramentas e subsídios teóricos que instrumentalizem os educadores para a construção do processo de ensino aprendizagem com os jovens. Os educadores são estimulados a refletir sobre os principais conceitos que norteiam o programa, ao mesmo tempo em que elaboram subsídios operacionais e estruturais para suas práticas específicas e para a execução do projeto. Alguns temas prioritários nesse processo formativo são, por exemplo:
Planos de aula
– quando, divididos em subgrupos, os educadores elaboram
seus planos e apresentam para o grupo todo, permitindo um intercâmbio de idéias que contribuem para o aperfeiçoamento e consolidação do planejamento macro de cada Garagem Digital.
Projeto educacional – norteado pelos pressupostos do programa, o projeto educacional deve ser contextualizado de acordo com as especificidades de cada Garagem Digital e município onde está localizada. Assim, o grupo de educadores é chamado a refletir sobre os conceitos que permeiam o projeto educacional, ao mesmo tempo em que produzem uma síntese com seus principais pontos, onde destacamse: currículo como instrumento de referência; integralidade dos conteúdos; intenção pedagógica voltada ao desenvolvimento humano; possibilidade do ingresso do jovem ao mundo do trabalho; despertar do espírito empreendedor; relação entre sociedade, juventude e trabalho, entre outros;
Formação de jovens e mobilização comunitária, eixos do programa – enfatizam-se os principais conceitos e características referentes a processos de divulgação e seleção, estrutura de funcionamento, princípios metodológicos, construtivismo e interdisciplinaridade, compreensão de inclusão social e concepção de juventude, banco de dados e processo de avaliação, bem como perfil dos jovens atendidos;
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Na minha primeira formação no Garagem eu fiquei atordoada. Eu dizia: “eu queria ao menos entender...” Eles falavam em Piaget, em Vigotsky, um monte de nomes. No fim, eu e minha amiga nos olhamos e falamos: “Vamos fazer o quê? Cadê a apostila? Cadê o livro didático?” E a técnica de São Paulo falava que a gente tinha que construir junto. Nós queríamos coisas mais concretas. Só depois que a gente descobriu a liberdade de trabalhar dentro dessa metodologia é que a gente entendeu a proposta da formação. Maria Luiza Siqueira Cavalcante – Coordenadora do Centro de Vocação Tecnológica de São Gonçalo do Amarante
Temas e conteúdos da formação inicial dos educadores >> Ferramenta 6
Formação continuada de educadores Sabemos que formação é algo para o resto da vida. Além de estimulante, o estudo contínuo dá segurança aos educadores e transforma sua relação com o saber e com a profissão através do compromisso com seu auto-desenvolvimento. Isso é importante, pois a proposta pedagógica do Programa mexe na configuração mais tradicional de professor-aluno, onde um ensina e o outro aprende. As relações no ambiente de uma Garagem são mais informais e simétricas, exigindo habilidades de negociação e construção conjunta de conhecimento. Uma equipe bem formada é um patrimônio importante que favorece a autonomia e a sustentabilidade14 do parceiro local, com o intuito de prezar também pela visão de futuro das Garagens Digitais. É na formação continuada que os educadores esclarecem suas dúvidas quanto à sua prática pedagógica junto aos jovens e aos demais públicos do programa, aprofundando seus conhecimentos em temas específicos. É também uma oportunidade de promover a reflexão contínua da teoria na prática do Programa Garagem Digital.
14
O programa alimenta uma concepção ampla de sustentabilidade, que envolve questões econômicas, sociais e culturais, políticas e tecnológicas e que precisam ser observadas durante o desenvolvimento do projeto e na perspectiva de continuidade das ações.
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A formação continuada está inserida nas ações de monitoramento das Garagens e acontece de forma presencial e à distância, sob a responsabilidade da equipe técnica. Os temas dos encontros são levantados previamente e devem dialogar com a proposta e com o momento em que se encontra o projeto específico da Garagem. Levantados os temas a ser abordados, a equipe técnica em São Paulo se encarrega de criar estratégias de desenvolvimento dos conteúdos através de pesquisa, planejamento do encontro e seleção de material de apoio. O desenvolvimento do encontro é registrado e socializado entre todos os participantes por meio digital. Assim, ao término do projeto, é possível recuperar a memória do processo e avaliá-lo através da sua sistematização. A fim de facilitar esse processo, as equipes contam com ferramentas de comunicação à distância. Durante a formação de educadores, os conteúdos são trabalhados de forma contextualizada entre a prática dos projetos das Garagens Digitais e as concepções do Programa, alguns conteúdos merecem destaque por serem permanentemente revistos no decorrer da formação, por exemplo:
Papel do educador;
que pode ser trabalhado com o levantamento junto aos
profissionais de características que eles avaliam como importantes para um bom educador. Depois do levantamento, o grupo elege as características principais e busca-se refletir, conjuntamente, sobre como tais características se articulam com os pressupostos do programa.
Currículo e abordagem curricular;
as áreas de conhecimento do currí-
culo do Programa e concepções teóricas sobre suas possíveis abordagens, tais como Construtivismo e Interdisciplinaridade.
Pedagogia de Projetos;
metodologia proposta para o desenvolvimento do
currículo do Programa.
Planejamento macro com base no currículo e no tempo previsto para o projeto, com indicação de possíveis produtos a serem construídos através dos recursos disponíveis;
Avaliação Formativa; conceito de avaliação na perspectiva da avaliação contínua e democrática.
Modelo de Plano de Aula >> Ferramenta 7
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Acompanhamento à distância Paralela à formação continuada presencial, acontece a formação continuada à distância. Os recursos utilizados envolvem o uso de e-mail, telefone e sistema de comunicação on-line. Cabe à equipe técnica do Programa motivar e animar este recurso na cultura de capacitação dos educadores, dando vida e sentido a ele no decorrer do processo de aprendizagem. Alguns benefícios proporcionados pelas ferramentas de comunicação à distância são indicados: Integração entre as equipes de todos os projetos. Compartilhamento de experiência entre os projetos e as equipes. Sistema gratuito. Otimização do tempo. Redução de custo do Programa. Contato prévio com conteúdos da formação continuada.
Rotina de estudos e planejamento Além da formação acompanhada pela equipe técnica da Fundação Abrinq, está previsto um espaço regular de auto-desenvolvimento da equipe de educadores e monitores. Um dia por semana é reservado para o trabalho interno dedicado ao estudo e pesquisa para subsidiar o planejamento das ações. Ali os educadores conversam sobre o desenvolvimento de cada jovem, afinam suas estratégias pedagógicas, detalham o planejamento das aulas, organizam as atividades e vivências comunitárias, organizam as atividades e eventos voltados à mobilização local e com isso integram suas ações e as áreas temáticas do projeto educacional.
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Avaliação da formação O processo de formação dos educadores é avaliado de duas formas: Durante a formação – por meio de avaliações orais ou dinâmicas específicas que priorizam a participação de todos e permite adequação e aprimoramento de alguns aspectos ali levantados. Ao término da formação – através de um questionário que concentra os aspectos gerais e específicos do período, tais como: estrutura física, material de apoio, pauta proposta, dinâmicas utilizadas, carga horária/dia, carga horária total, grupo – entrosamento, integração e participação, aprendizagens adquiridas, conteúdos desenvolvidos etc.
Aprendizagem quanto à formação da equipe:
Uma experiência bem-sucedida é o deslocamento de educadores experientes de uma Garagem já estruturada para aquelas que estão em fase de implantação. A participação destes atores durante a formação, além de facilitar a apropriação da metodologia, ajuda na integração das Garagens e das equipes em rede. A formação inicial deve ocorrer mesmo com equipes que já passaram pelo processo formativo em outra oportunidade, porque a produção de novos conhecimentos, bem como o intercâmbio de idéias, qualifica o desenvolvimento do novo projeto. O perfil dos participantes deve ser levantado para aumentar as chances de atingir todas as expectativas. A pauta da formação deve ser constantemente reformulada e valorizar o conhecimento e a experiência acumulada das equipes ao longo dos anos no Programa. Socializar com os participantes a sistematização do processo de formação inicial estimula o desenvolvimento da co-responsabilidade além de desencadear o processo de formação continuada na medida em que o registro aponta conteúdos que devem ser retomados (por não terem se esgotados naquela ocasião) e outros que devem ser abordados posteriormente (por terem sido despertados durante a formação).
Instrumental de Avaliação da Formação Inicial >> Ferramenta 9
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6. Formação dos jovens A proposta objetiva motivar e oferecer condições aos jovens para o uso otimizado das TICs e o desenvolvimento da capacidade de tolerância; capacidade de mediar conflitos; capacidade de mobilização social; senso de responsabilidade; percepção do individual, do coletivo e de suas inter-relações; capacidade de trabalhar em grupo; planejar, executar e avaliar um trabalho; capacidade de acessar e contextualizar as informações; competência e autonomia no uso de novas tecnologias de comunicação e informação; competências no uso de diferentes linguagens (língua portuguesa, música, design, vídeo, foto, rádio, jornal); competências que favoreçam a entrada e permanência no mundo do trabalho.
A criação de oportunidades para que os jovens ampliem o universo cul-
tural através de visitas a museus, exposições culturais, empresas, ONGs, entre outras, foi sendo incorporado e organizado ao longo do processo de formação.
Pedagogia de Projetos – A organização do currículo deve ser feita por projetos de trabalho, com atuação conjunta de alunos e professores. As diferentes fases e atividades que compõem um projeto ajudam os estudantes a desenvolver a consciência sobre o próprio processo de aprendizagem (...) É bom e é necessário que os estudantes tenham aulas expositivas, participem de seminários, trabalhem em grupos e individualmente, ou seja, estudem em diferentes situações. (Hernandez 2002)
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Seleção dos jovens Uma vez constituída e formada a equipe de educadores, é hora de selecionar os jovens que participarão do processo de formação. O número de vagas varia de acordo com o número de computadores disponíveis, mas geralmente são de 20 a 30 jovens por turma, na proporção de dois jovens por computador. A demanda por programas de inclusão digital é muito grande. Em geral são mais de quatro candidatos para cada vaga disponibilizada. Em alguns municípios, mais de 300 pessoas disputaram as 40 vagas existentes. Os gestores e educadores que fazem a seleção contam que este é um momento difícil do processo, já que têm que deixar de fora pessoas num Programa que visa a inclusão social. Para balizar esta seleção, foram estabelecidos critérios que ajudam a priorizar o público de acordo com a possibilidade de maior impacto da sua ação. De acordo com o contexto de onde a Garagem Digital está implantada, a parceira pode agregar novos critérios de seleção a fim de torná-lo mais adequado as demandas locais e ao mesmo tempo respeitando aqueles instituídos pelo Programa.
Critérios de seleção dos jovens Idade entre 14 e 24 anos.
Jovens que estejam cursando entre a 7ª série e o último ano do Ensino Médio ou que já o tenham concluído. Prioridade para estudantes de escolas públicas.
Baixa renda familiar per capita: aproximadamente meio salário mínimo, podendo sofrer adaptações de acordo com as características próprias do contexto sócio econômico e institucional onde será desenvolvido.
Morador da comunidade local ou próxima à Garagem Digital.
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Procedimentos de seleção de jovens Para a seleção dos jovens é sugerido ao parceiro local três momentos: preenchimento de formulários, entrevista individual e palestras. Estes procedimentos, a seguir detalhados, têm a finalidade de garantir uma escolha transparente e cuidadosa dos participantes.
1 - Preenchimento dos formulários de interesse dos jovens em participar da Garagem - A parceira local deve prever e organizar os aspectos administrativos que nortearão esta ação, como criação de formulário de inscrição e estratégias de divulgação do Programa na comunidade. Podem ser produzidos folders e cartazes, a serem espalhados em escolas, instituições, estabelecimentos comerciais, entre outros. A abrangência da divulgação deve estar condicionada a uma análise da demanda. Os ex-alunos costumam ser bons divulgadores junto a seus colegas.
2 - Entrevista Individual
Modelo de Cadastro dos Jovens - O objetivo maior da entrevista é diagnosticar o
real interesse do jovem em participar da Garagem Digital. Com esse interesse minimamente identificado, é possível precisar se o Programa fará ou não diferença e terá impacto na sua vida. Alguns jovens conseguiram entrar após três ou quatro tentativas e essa perseverança foi levada em consideração no processo de seleção.
3 - Palestra com os jovens e seus familiares - Esta palestra costuma acontecer com os jovens pré-selecionados e seus familiares. Seu principal objetivo é esclarecer dúvidas e apresentar o espaço da Garagem a eles. Depois dessa apresentação, os jovens terão a oportunidade de decidir se querem ou não participar e as famílias saberão que tipo de suporte deverão dar aos seus filhos.
para Formação >> Ferramenta 10
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Aprendizagem quanto à seleção dos jovens: É preciso envolver as famílias no “acordo pedagógico” que se faz com os jovens, especialmente com os mais novos – ainda na adolescência - para que estes sejam apoiados a permanecerem até o final do processo de formação, pois é comum que jovens nessa faixa etária sejam pressionados a trabalhar e conseqüentemente interrompam os estudos e processos formativos. É preciso identificar o real interesse dos jovens em participar, explicitando a responsabilidade e o compromisso de ocupar uma vaga tão disputada. Recomenda-se um olhar especial para os jovens que já atuam nas suas comunidades ou que revelam grande interesse nessa direção. É preciso identificar o real interesse dos jovens em relação às TICs, pois geralmente aqueles que não se interessam não têm o aproveitamento desejável, por vezes abandonando ou concluindo com poucos resultados e perspectivas futuras. Recomenda-se priorizar jovens que não estão sendo atendidos por outros projetos sociais para não haver sobreposição de atendimentos sobre o mesmo público. Durante o processo de seleção dos jovens, é importante que o Programa seja amplamente divulgado às comunidades e escolas vizinhas. Assim, jovens de diferentes lugares terão a oportunidade de inscrever-se. Centralizar a seleção em um determinado local é uma opção excludente e incoerente com os pressupostos do Programa.
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Montagem das turmas O processo de montagem das turmas deve ser feito pelos educadores com o apoio do coordenador da Garagem, que irá garantir alinhamento entre as decisões tomadas. Os cuidados tomados nesta etapa são:
A proporção é de um microcomputador para cada dois jovens. O trabalho em duplas promove a cooperação e a construção coletiva do saber e dos produtos. Como as Garagens Digitais têm 15 ou 10 computadores, as turmas têm no máximo 30 a 20 jovens respectivamente. A escolha das duplas é feita a partir da segunda semana do curso, quando os jovens já se conheceram um pouco. Os jovens apontam suas afinidades e os educadores também orientam as escolhas. É possível mudar de parceiro, mas isso não é o mais comum.
Prever equilíbrio entre gênero, faixa etária, e escolaridade. A sala deve envolver um número equilibrado de homens e mulheres. As fichas de inscrição devem ser analisadas e cruzadas de modo que revelem o número exato de jovens de cada idade, ajudando a criar meios de equilibrar as turmas com pessoas de faixas etárias próximas.
Considerar o grau de conhecimento que os jovens já possuem. Para participar da Garagem não há pré-requisito de conhecimento. A análise das fichas de inscrição sinaliza quantos jovens já possuem conhecimentos em informática ou quantos já tiveram contato com as TICs. Aqueles que têm conhecimentos avançados em TICs provavelmente vão aproveitar a oportunidade, porém com menor impacto que os jovens que possuem poucos conhecimentos na área da tecnologia. Na montagem das turmas o nível de conhecimento geral deve ser levado em conta visando alcançar um equilíbrio.
Partindo de conceitos como os da Zona Proximal de Desenvolvimento, segundo o qual para que a aprendizagem aconteça o conteúdo a ser desenvolvido deve ser ao mesmo tempo desafiante e possível, os alunos são agrupados de forma que não haja uma distância muito grande entre os níveis de desenvolvimento em relação aos conhecimentos, e também para facilitar a construção coletiva de novos saberes. Ao trabalhar com a elaboração de projetos e a produção de produtos coletivos (sites, feiras etc.) é importante montar turmas pensando na complementaridade dos saberes, aproveitando a diversidade de conhecimento dos jovens sem perseguir um ideal ilusório de homogeneização.
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Formulado por Vigotsky15, o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal refere-se ao caminho que o indivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu nível de desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um domínio psicológico em constante transformação; aquilo que uma criança é capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã. (Oliveira, 1995)
Desenvolvimento do projeto educacional O projeto educativo do Programa Garagem Digital tem como premissa contribuir para a formação de jovens, assegurando-lhes o acesso às novas tecnologias e aos bens culturais, facilitando sua inserção na vida social produtiva e a conquista da autonomia intelectual. Compreendendo as novas tecnologias da informação e da comunicação como facilitadoras do processo de aprendizagem, ele se concretiza por meio de um currículo que integra conteúdos de cinco áreas de conhecimento, de eixos metodológicos norteadores da prática pedagógica e de estratégias de participação comunitária.
Assim, esta parte do texto está organizada da seguinte forma: inicialmente, apresentaremos conteúdos do eixo 1 do programa, relativos ao currículo e processo formativo dos jovens e na seqüência o eixo 2, mobilização comunitária onde o foco do trabalho está no atendimento comunitário, mas também na interface que esse estabelece com o processo formativo dos jovens.
15
Lev Semionovitch Vygotsky foi um psicólogo bielo-russo, descoberto nos meios acadêmicos ocidentais depois da sua morte, causada por tuberculose, aos 37 anos. Pensador importante, foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais (e condições de vida). Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://www.wikipedia.org.br/wiki/vygotsky>. Acesso em: 21 set. 2008.
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7. EIXOS ORIENTADORES
Eixo 1: Formação de Jovens
Eixo 2: Mobilização Comunitária
(áreas temáticas)
(linhas de ação)
1. Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)
1. Acesso Livre
2. Ciências Sociais
2. Rodas de Inclusão Digital
3. Administração e Marketing
3. Rede de Oportunidades
4. Arte e Design
4. Integração e Fortalecimento institucional
5. Linguagem e Comunicação
Uma mudança significativa definiu tudo o que vivi e ainda estou vivendo no PGD. Sempre fui um aluno calado em sala de aula, em outras palavras, bastante tímido, e sentia que isso me atrapalhava. Foi quando no segundo semestre de 2004 surgiu uma grande oportunidade em minha vida, um novo curso na cidade. Fiquei muito entusiasmado e curioso, muitas pessoas concorreram às 40 vagas oferecidas, fui um dos privilegiados que conseguiram entrar no curso. Durante quatro meses posso dizer que fiz novos amigos e na verdade formei uma grande família, a partir desse curso comecei a ver a vida de um jeito diferente. No decorrer do curso conseguia expressar minhas idéias com clareza, objetividade e sem receio do que as outras pessoas poderiam pensar sobre minha opinião. Ao final do curso senti muita saudade de todos os amigos e professores que tinham me ajudado tanto a crescer como cidadão. Jucineudo Sombra – monitor, Ceará
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As intenções do Programa buscam proporcionar aos jovens e pessoas da comunidade que participam de suas atividades, vivências voltadas para o desenvolvimento da sociabilidade, comunicação, organização, fortalecimento da cidadania, entre outras. Pretende fazer isso de modo participativo e prazeroso que propicie oportunidades de pensar, interagir e descobrir meios de apropriação de novos conhecimentos e despertar para suas potencialidades. Assim, as pessoas são estimuladas a construir projetos individuais e coletivos que possam melhorar a qualidade de suas vidas e de suas comunidades.
Na escola onde eu dava aula vinha tudo pronto, eu e o livro. No Garagem, eu descobri que liberdade para o aluno significa liberdade de criação para o professor. Maria da Graças Nunes Nogueira – educadora, Ceará
É bom lembrar que o processo de aprendizagem que utiliza as TICs envolve os elementos de qualquer outro processo de aprendizagem: julgamento, senso crítico, pensamento hipotético e dedutivo, faculdades de observação e de pesquisa, imaginação, capacidade de memorizar e classificar, leitura e a análise de textos e de imagens, representação de redes, procedimentos e estratégias de comunicação. O desafio é sempre sair da abstração dos conceitos e aterrissar nas práticas cotidianas. Este movimento delicado de não perder princípios filosóficos de vista, mas também não ficar pairando acima da realidade requer estudo, persistência e muita análise da própria prática.
QWEQWEQWEQW 73 Percurso de uma Garagem Digital
Pressupostos: Entender o ser humano como produto e como produtor de um processo social, histórico, político e cultural. Ter clareza da concepção de educação, como um processo de construção e produção de conhecimentos significativos. Pensar num processo democrático como possibilidade e necessidade, dando condições à interação social viabilizadora de uma sociedade composta por membros diferentes entre si e tornando realidade o convívio pacífico numa sociedade pluralista. Conceber o diálogo como um dos principais instrumentos desse sistema, sendo que este requer a capacidade de ouvir o outro e de se fazer entender. Pede descentralização, para então possibilitar a aprendizagem e a negociação como um importante recurso na busca de soluções de problemas. Construir uma pedagogia que traduza a crença de que o conhecimento é construído e, para construí-lo, faz-se necessário o contato íntimo com o objeto de aprendizagem com dinamismo, investigação, ousadia, possibilitando a transgressão do que está estruturado para novos estágios na dimensão social, intelectual e emocional. Estar pautado em projeto curricular, mostrando seus objetivos, estratégias, áreas de conhecimento e principais conteúdos selecionados.
Definir grandes eixos metodológicos norteadores da prática pedagógica. Ter o caminho metodológico como facilitador na construção do planejamento das atividades voltadas à aprendizagem dos conteúdos selecionados, buscando assegurar uma relação clara entre conteúdos, áreas de conhecimentos, objetivos e a principal estratégia de ensinoaprendizagem do projeto curricular. Ter indicadores de avaliação das aprendizagens dos jovens e utilizálos continuamente.
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Currículo Um dos pontos fortes do Programa Garagem Digital é a estruturação clara de um currículo pensado a partir das exigências que os jovens enfrentam para se incluírem no mundo do trabalho e para participarem em suas comunidades. Para chegar à formatação atual, o currículo sofreu inúmeras transformações e contou com a dedicação e experiência de vários profissionais.
Nas primeiras versões do currículo do Programa, as TICs estavam no centro, aos poucos fomos integrando os temas de forma que eles sejam complementares e não adendos da formação tecnológica. Arlete Felício Graciano Fernandes (técnica do Programa)
A equipe técnica do Programa foi observando na experiência que estava em curso o que fazia sentido para os jovens e para os educadores. Em paralelo, convidaram alguns profissionais para aprofundar algumas discussões e validar decisões. Foi dessa maneira que os quatro pilares do Relatório Delors - aprender a conviver, aprender a ser, aprender a conhecer e aprender a fazer - foram sendo incorporados como princípios transversais, e o Programa foi redefinindo seus Eixos orientadores, conteúdos e linhas de ação.
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EIXO 1: FORMAÇÃO DOS JOVENS
Havia um jovem na turma que não respeitava a opinião dos outros, não se concentrava nas atividades e atrapalhava o grupo com conversas paralelas. Não gostava de fazer apresentações, não deixava que o fotografassem e muito menos filmassem. O desafio era grande, mas senti que poderia reverter esta situação, pois ele tinha um grande respeito por mim. Comecei a trabalhar lado a lado com ele, como se fosse meu monitor. Solicitava sempre a sua ajuda, fui explorando seu potencial de participação, aceitação e comunicação. Em menos de 30 dias, o mesmo respeito que ele sentia por mim, foi estendido aos colegas e ele acabou sendo o mestre de cerimonial no evento do lançamento do site. Depois do Programa, ele foi selecionado pela Caixa Econômica Federal onde está estagiando. Tudo isto foi possível, trabalhamos com uma Pedagogia de Projetos voltada para o protagonismo juvenil. É muito emocionante ver a mudança que o Programa proporciona. Izaltina Pereira Calixto Nogueira – educadora, Ceará
O Programa escolheu atuar por meio de cinco áreas de conhecimento: Tecnologia da Informação e Comunicação; Linguagem e Comunicação; Arte e Design; Ciências Sociais e Administração e Marketing. A definição de que essas áreas comporiam o currículo passou por um processo de reflexão que partiu da experiência piloto, onde, apesar de não haver um currículo definido, já existia a intenção de que as tecnologias da informação e comunicação devessem ser um meio, uma ferramenta, e não um fim. A experiência piloto de montar um portal exigiu a integração de diversos conteúdos que auxiliaram na identificação das áreas e, portanto iriam compor o currículo. Também os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)16 foram analisados, na perspectiva de se compreender como ocorreria o diálogo entre os conteúdos da educação formal e aqueles trabalhados no âmbito do Programa. Pensando que além dos conteúdos curriculares também era necessário introduzir temas que agregassem ao processo formativo dos jovens questões relativas a valores e atitudes, a equipe introduziu em suas reflexões e elaborações teóricas conhecimentos advindos dos temas transversais.
16
Para mais informações sobre os temas transversais do ensino básico, ver http://www. fnde.gov.br/home/pcn/
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Assim, o programa partiu do pressuposto que essas áreas de conhecimento, trabalhadas de forma integrada, dão conta das demandas formativas que o Programa se dispõe a trabalhar. Além disso, também entende-se que os educadores devam integrar os temas transversais propostos nos PCNs para a Educação Básica: Ética, Pluralidade Cultural, Sexualidade, Trabalho e Consumo, Saúde e Meio Ambiente. Além disso, os PCNs dialogam com a metodologia do PGD na medida em que incentivam a elaboração de projetos e trabalhos práticos junto a outras instituições, entendendo a importância da relação entre organizações sociais, escola e comunidade.
Temas e conteúdos da Formação dos Jovens – Ferramenta 13
Temas transversais / PCNs Os Temas Transversais surgem para traduzir a diversidade de questões importantes, urgentes e presentes na sociedade brasileira. Entende-se que o compromisso com a construção da cidadania relaciona-se com uma prática educacional voltada para a “compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal e coletiva e a afirmação do princípio da participação política”. Nessa perspectiva é que foram incorporadas como Temas Transversais as questões da Ética, da Pluralidade Cultural, do Meio Ambiente, da Saúde, da Orientação Sexual e do Trabalho e Consumo.
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Currículo Temas Transversais
Ciências Sociais
Linguagem e Comunicação
Contextualizar o impacto das TICs na
Ampliar a capacidade de ler, interpretar e
relação entre sociedade contemporânea,
criar diferentes tipos de textos/discursos.
juventude e trabalho.
Tecnologias da Informação e Comunicação Usar de forma otimizada e crítica as TICs para a viabilização dos projetos pessoais profissionais dos jovens.
Administração e Marketing Arte e Design Criar produtos com recursos básicos da linguagem da comunicação.
Elaboração de projetos e produtos A Pedagogia de Projetos é a metodologia escolhida para favorecer o processo de aprendizagem, garantindo a organização e abordagem dos conteúdos de forma concreta e transferível para os outros contextos de vida dos jovens. A proposta é que o educador abandone o papel de “transmissor de conteúdos” para se transformar num pesquisador e o educando, por sua vez, deixe de ser visto como receptor passivo e passe a ser reconhecido como sujeito do processo. É importante entender que não há um método a seguir, mas uma série de condições a respeitar. O primeiro passo é definir um assunto de interesse dos jovens e articulá-lo aos temas do currículo e a partir daí construir conjuntamente um projeto. A curiosidade aqui é ponto de partida.
Planejar, implementar e gerenciar de forma empreendedora, os projetos de ordem pessoal, profissional e social.
EQWEQWEQWE 78 Percurso de uma Garagem Digital
Embora não seja uma novidade, a Pedagogia de Projetos está sendo revisitada e está presente em várias experiências educacionais bem sucedidas voltadas para A gente sempre ouvia falar da tal Pedagogia de Projetos e achávamos que fazíamos isso. Depois do Programa,
jovens. O Programa Garagem Digital realiza a Pedagogia de Projetos na estruturação de processos e produtos individuais e coletivos em cada turma. Os produtos
deu para perceber a importância de ter
priorizam a aprendizagem significativa dos jovens que elegem mensalmente um
um fio da meada concreto (no caso é
projeto a ser desenvolvido, sempre com o uso dos recursos tecnológicos disponi-
a construção dos produtos) que consegue ao mesmo tempo dar direção e integrar os conteúdos curriculares. Adelson Rodrigues da Silva – educador, São Paulo
bilizados no espaço da Garagem, como: jornais comunitários, feiras de tecnologia, seminários, currículo, boletins, páginas pessoais e websites. O desenvolvimento dos projetos permite o acompanhamento da aprendizagem dos jovens.
Exemplos dos sites produzidos pelos jovens das Garagens Digitais17
http://www.prainhadocantoverde.com.br
- website do Projeto de
Turismo Comunitário da Prainha do Canto Verde de Beberibe/CE.
http://www.nitquixere.centec.org.br/
- website do Núcleo de Infor-
mação Tecnológica de Quixeré/CE.
http://www.sgaprojetossociais.centec.org.br/
- este website
apresenta os projetos sociais existentes no município de São Gonçalo do Amarante/CE.
http://www.nitlimoeiro.centec.org.br/dca/
- website do Fórum
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
http://www.aracatiterradosbonsventos.centec.org.br/index. htm - website do Núcleo de Informação Tecnológica de Limoeiro do Norte/CE. http://www.bibliotecapublicalnce.centec.org.br/
- website da
Biblioteca Pública Municipal Dr. João Eduardo Neto de Limoeiro do Norte/CE.
http://www.somdascarnaubeiras.org.br/ Carnaubeira de Arte-Educação de Russas/CE.
17
Sites em funcionamento em novembro de 2008.
- website da Associação
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Criando produtos concretos o jovem desenvolve habilidades, constrói conhecimento de forma prática, pode avaliar suas produções, perceber suas diferentes potencialidades e as dos outros. Isso costuma reforçar em cada um a percepção de que é capaz de construir uma história própria na relação com os outros.
Aprendizagens quanto à construção dos produtos (sites):
No caso do Ceará, que forma duas turmas a cada semestre, foi detectada a escassez de demandas por novos sites. A alternativa foi a criação de sites mais pontuais e temporários, como de feiras, eventos e exposições além da criação de sites de organizações sociais locais sem recursos disponíveis para este fim. O planejamento do tempo requerido para o desenvolvimento e lançamento do site deve ocorrer de forma a garantir que seja suficiente e equilibrado no percurso da formação. É preciso prever recursos no orçamento e um plano de ação local para atualização e manutenção dos sites construídos para que se mantenham no ar. O impacto das aprendizagens nos projetos profissionais dos jovens formados pelo Programa foi um fator marcante. Alguns jovens se juntaram em cooperativas ou pequenos empreendimentos para a produção comercial de sites e geração de renda.
EQWEQWEQWE 80 Percurso de uma Garagem Digital
Técnicas didáticas Um dia típico na Garagem começa com uma roda iniHá outros exemplos de projetos desenvolvidos pelos jovens participantes do Programa, como a Campanha Social PGD Solidário: O Dia do “Upgrade” - Mudar para melhor.
cial, na qual a turma retoma o encontro passado. A roda também é uma importante estratégia de integração entre
A Campanha arrecadou 42 cestas básicas e 72 kit’s de
jovens e educadores e uma forma de conhecer um pouco
roupas que posteriormente foram distribuídos para morado-
mais sobre as suas realidades de vida. Estes momentos,
res de distritos do município com alto grau de vulnerabilidade. Além disso, a campanha proporcionou que 80 pessoas
muitas vezes, ajudam a trazer à tona os projetos e temáticas
participassem de palestras com temas voltados à cidadania
que serão posteriormente trabalhados na Garagem. É por
e que 40 CPF’s e 34 certidões de nascimento fossem emiti-
meio da roda que também ocorrem resoluções de confli-
das. Na mesma ocasião, 36 pessoas tiveram a oportunidade de cortar o cabelo!
tos, apresentação de talentos entre os jovens como: músi-
No total, 358 pessoas foram beneficiadas diretamente
cos, poetas e grafiteiros e aquecimento para as atividades
pela Campanha. Isso só foi possível graças ao esforço da
do dia. Começa então o desenvolvimento da atividade pla-
equipe de jovens e educadores e o engajamento da comunidade local e parceiros.
nejada para aquele dia. Estas atividades são desenvolvidas por meio de várias estratégias (ver Box pág. XX). O produto das atividades do dia, que pode ter sido construído em grupo, em duplas ou mesmo individualmente, é apresentado
para a turma. Para terminar, organiza-se uma roda final: momento de conclusão, avaliação e planejamento das próximas atividades. Ao longo do Programa, os educadores foram criando um repertório de atividades, dinâmicas, identificando recursos que possam ajudar no planejamento e desenvolvimento das atividades, como sites, jornais, livros artigos etc., no intuito de ampliar o acervo teórico e temático junto aos jovens.
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O Programa não adota um material didático único, portanto vale socializar essas pesquisas e construções geradas no processo de planejamento dos educadores. Assim, à medida que enriquecem e fortalecem suas próprias ações podem também permitir a troca de recursos, estratégias e abordagens utilizadas no desenvolvimento das atividades. Através de contatos individuais, nos encontros de formação e monitoramento, nas comunicações virtuais, nas reuniões semanais e nos diversos espaços construídos pelos diversos atores do Programa, as práticas vão se fortalecendo e se tornando um saber construído pelo próprio grupo.
Estratégias usadas
Jogos e simulações; Dramatizações; Dinâmicas e estudo de caso; Discussões em pequenos grupos e plenárias; Construção do conhecimento coletivo; Debates e palestras; Desenvolvimento e implementação de pequenos projetos; Planejamento, execução e avaliação de atividades externas e vivências comunitárias; Oficinas e/ou intercâmbios com especialistas ligados as temáticas tratadas; Visitas monitoradas em outros contextos pertinentes ao processo; Participação ativa em eventos em geral.
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Aprendizagens quanto à formação:
Para que o universo cultural seja ampliado, o Programa propõe que ocorram visitas culturais durante o período de formação dos jovens. No Ceará, experimentou-se reunir jovens de três municípios num grande evento em Fortaleza e posteriormente um outro na praia. A iniciativa deu certo e foi instituída como “Encontros de integração dos jovens das Garagens Digitais do Ceará”. Nestas ocasiões, os educadores promovem dinâmicas de integração entre as equipes, os jovens trocam contatos e fortalecem seus laços. Com o objetivo de conhecer melhor a realidade vivida por cada jovem, a equipe do Programa organiza visitas as suas casas e famílias. Esta ação reforça os vínculos entre os jovens, seus familiares e o Programa. Os familiares têm a oportunidade de conhecer melhor os educadores e tirar dúvidas com relação ao desenvolvimento do Programa enquanto que os jovens sentem-se mais valorizados e com a auto-estima fortalecida. O desenvolvimento do projeto político-pedagógico do Programa e o acompanhamento dos jovens devem contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar formada por, no mínimo, um coordenador, um educador e dois monitores (sendo um responsável pelas ações voltadas à comunidade). Às sextas-feiras, esta equipe avalia e planeja o desenvolvimento das próximas ações de forma participativa e considerando o desenvolvimento individual e coletivo das turmas. Outra estratégia importante ao desenvolvimento dos jovens são as vivências comunitárias. As vivências comunitárias se traduzem como excelentes formas de integração entre as ações de formação dos jovens e de mobilização comunitária, e não devem se limitar a vivências nas ações já promovidas pelo Programa tais como acesso livre e cursos básicos de informática. Embora as vivências nestas ações sejam significativas e relevantes, caso um jovem se interesse em participar de ações ligadas a sua comunidade e realidade local ele deve ser estimulado, pois, o propósito maior é o desenvolvimento de seu protagonismo por meio de sua participação social. Uma outra discussão importante que deve ser promovida junto aos jovens é sobre a sustentabilidade dos projetos construídos ao longo do desenvolvimento do Programa. Sobretudo, os projetos que envolvem produtos web, pois, correm o risco de rapidamente tornarem-se obsoletos na medida em que as turmas de jovens são renovadas. Estes questionamentos podem promover uma melhor sensibilização e co-responsabilidade dos jovens no que diz respeito à construção dos produtos. Ou seja, não basta construí-los é necessário também ser pró-ativo e propositivo no que diz respeito à sua manutenção e sustentabilidade. Elementos ligados ao desenvolvimento da criticidade, criatividade, protagonismo e empreendedorismo juvenil. O encerramento da formação de jovens no Programa é marcado pela realização de um evento onde participam as famílias dos jovens, amigos, parentes e a comunidade local. Nos eventos de encerramento, os projetos e produtos desenvolvidos pelos jovens ao longo do Programa são apresentados, além disso, eventos artísticos, musicais e teatrais da comunidade ou de outras organizações locais também se apresentam e contribuem para fazer desse dia uma festa muito esperado por todos os jovens!
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O Programa não trabalha com sistema de notas individuais. O retorno sobre o desempenho dos participantes acontece cotidianamente entre os colegas e por parte dos monitores e educadores. Não ocorrendo o julgamento de desempenho através de provas, a confiança entre educador e jovem tende a crescer e a responsabilidade pelo auto-desenvolvimento passa a ser a tônica do processo. Os instrumentos avaliativos, orientados pela Matriz de Avaliação, têm função de rever o que ocorreu e planejar os próximos passos. O Programa disponibiliza para seus participantes um certificado de participação que ajuda a compor um currículo formal e reforça junto aos jovens a importância de terem documentos comprobatórios das suas experiências na hora de se apresentar para uma vaga de emprego ou outra oportunidade, na busca de construção de seus projetos profissionais. Para receber o certificado de conclusão do curso, os jovens precisam ter freqüência mínima de 75% da carga horária total. Os projetos das Garagens Digitais são encerrados por meio de um evento onde são apresentados aos familiares e comunidade em geral todos os projetos desenvolvidos pelos jovens ao longo das 300h de formação na Garagem. A formatura das turmas costuma reunir professores, amigos e familiares que juntos vão conhecer o que os jovens produziram e celebrar suas conquistas. Os eventos são filmados e guardados como registros preciosos de uma etapa importante da formação dos jovens.
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EIXO 2: MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA Em 2003, a partir do reconhecimento dos impactos significativos da experiência da Garagem Digital no CPA (Centro de Profissionalização de Adolescentes), o Programa passou a se preocupar em articular o processo de formação dos jovens com a participação em suas comunidades, como veremos adiante. Para ter coerência com a proposta de contextualizar a ação junto aos jovens e desenvolver neles uma responsabilidade comunitária, surgiram alguns questionamentos: por que não abrir o acesso livre a outras pessoas da comunidade já que as máquinas estavam disponíveis e não eram utilizadas, por exemplo, no período da noite? Como articular os produtos feitos pelos jovens no processo de formação com as demandas legítimas da comunidade? Como aproveitar o conhecimento acumulado sobre Inclusão Digital para aumentar a consciência desse direito junto à população do entorno? Essas e outras questões foram configurando o segundo Eixo do Programa Garagem Digital: “Mobilização Comunitária”, que tem como objetivo favorecer o acesso da comunidade para a utilização das TICs como instrumento de desenvolvimento local, organização social, entretenimento e produção cultural. Aos poucos, as atividades deste eixo foram sendo desenhadas e hoje estão estruturadas em quatro principais linhas de ação: Acesso Livre; Rodas de Inclusão Digital, seminários e outros eventos; Rede de Oportunidades; Integração e Fortalecimento Institucional. Além disso, as linhas de ação do eixo 2 são iniciativas intencionalmente planejadas para que a vivência comunitária dos jovens ocorra em contextos convergentes ao processo formativo.
A. Acesso Livre O Acesso Livre é uma ação intencional do Programa Garagem Digital e ocorre em todas as Garagens Digitais, em períodos em que não haja formação de jovens ou no contraturno da formação. Seu objetivo é disponibilizar acesso às tecnologias e aos recursos e benefícios à comunidade, por intermédio de facilitadores capacitados e envolvidos com a Garagem e, com isso, fortalecer o espaço e a apropriação do mesmo, como referência de inclusão digital e de sustentabilidade das ações.
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Funciona como um telecentro – um espaço de acesso público e gratuito às tecnologias da informação e da comunicação. O atendimento é direcionado a públicos como: jovens ex-participantes do programa, funcionários da organização, professores da rede pública e privada, familiares dos jovens e comunidade em geral. Esses facilitadores são chamados monitores comunitários, eles são capacitados para iniciar as pessoas no conhecimento das TICs e esclarecer dúvidas, também devem ser conhecedores da realidade local de forma a contribuir efetivamente para que os indivíduos daquela comunidade possam usufruir conscientemente os recursos e benefícios que as TICs são capazes de proporcionar. Assim, a Garagem Digital passa a ser também um espaço de uso público, semeador de propostas e planos de ação e intervenção comunitária e de desenvolvimento de autonomia, identidade, inserção social e capacidade de produção dos indivíduos. Esse espaço também é significativo para o desenvolvimento do protagonismo juvenil por meio de vivências comunitárias experimentadas pelos jovens participantes do projeto no momento em que atuam – voluntariamente como monitores no Acesso Livre.
Estrutura
A coordenação da garagem digital deve prever um horário exclusivo para o desenvolvimento do trabalho de atendimento gratuito à comunidade através do acesso livre. O acesso livre costuma promover num curto espaço de tempo, o envolvimento da comunidade local e aumenta as possibilidades do parceiro local se constituir num pólo germinador de novas idéias e proposições voltadas para o uso social da Inclusão Digital. O acesso aos sábados e em período noturno favorece a participação de algumas pessoas que não poderiam freqüentá-lo durante a semana.
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Critérios de funcionamento
O primeiro passo para o acesso livre é cadastrar os usuários. A partir daí observam-se as seguintes condições: 01 pessoa por micro - para garantir a privacidade do acesso, o que não descarta a possibilidade dessa pessoa trazer um acompanhante. Acesso de 45 a 60 minutos, podendo ser prorrogado se não houver fila de espera Estabelecimento de regras para impressão de documentos. Exemplos: comprovante de pagamento, documentos, projetos, trabalhos escolares, currículos. Observar normas de conduta que garantam o respeito e a convivência harmoniosa entre os interessados.
Aprendizagens quanto à organização do Acesso Livre:
O espaço do acesso livre foi reivindicado pelos próprios jovens do módulo de formação que sentiam falta de poderem utilizar os computadores para experimentações de interesse pessoal, e mesmo para reforçar os conhecimentos adquiridos no processo de formação, já que a maioria não tem acesso fácil ao computador fora dali. O acesso livre não precisa ter necessariamente uma direção programática, mas, a fim de beneficiar um maior número de usuários, criam-se alternativas de “acesso livre dirigido” como: minicursos voltados a grupos específicos: idosos, jovens em liberdade assistida, técnicos de hospitais locais, professores, entre outros. Algumas ações que se iniciaram no acesso comunitário ganharam vida própria como os projetos onde os jovens da Garagem ensinam grupos de professores a utilizar as TICs na sua vida profissional. Assim, algumas escolas que tinham computadores, mas não tinham monitores, passaram a contar com a ajuda voluntária de alguns participantes e ex-participantes das Garagens para dinamizar seus laboratórios de informática. Este é um espaço onde os participantes das Garagens têm oportunidade de fazer seus primeiros “estágios” como monitores comunitários. Esta prática é acompanhada e compõe a carga horária destinada ao processo formativo. Para todos os acessos tem-se um sistema de monitoramento e controle de informações, servindo de fonte do processo de avaliação desta estratégia na comunidade.
B. Rodas de Inclusão Digital, seminários e outros eventos A prática da mobilização comunitária está pautada na articulação, enfatizando a busca de novas parcerias, a construção de novos projetos e novos paradigmas educacionais e de inclusão digital e social. Estamos falando de articulação com as escolas do entorno, outras organizações sociais e o poder público local – estratégia essencial para disseminação e apropriação das concepções e metodologias do Programa.
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A idéia é que diferentes segmentos da sociedade possam articular projetos e ações que visem à garantia de acesso as novas tecnologias e a ampliação das condições para que as TICs possam ser utilizadas pela população, em especial, pelos jovens, como ferramentas para a realização de projetos, individuais e coletivos. São promovidas: palestras, seminários, Rodas de Inclusão Digital, que funcionam como fóruns de discussão, elaboração e implementação de propostas de inclusão digital, voltados para a comunidade do entorno. Para se ter efetividade e contextualização temática, é importante que esses espaços contemplem um levantamento prévio das principais demandas da comunidade relacionadas à tecnologia, a fim de que sejam base de planejamento e pauta das discussões locais. Mais do que pensar uma metodologia, é fundamental verificar o desenvolvimento do processo, onde a comunidade passa a ter uma participação mais ativa no projeto. Os atores envolvidos nestes espaços são desde a equipe de educadores das respectivas Garagens, os jovens participantes da formação, especialistas que possam contribuir com as temáticas abordadas, as lideranças locais, representantes do poder público e do empresariado, entre outros. A periodicidade desses eventos ocorre em sintonia com as demais ações da Garagem e a disponibilidade dos atores envolvidos. Preferencialmente, devem ser organizados mecanismos de debates, socialização e compartilhamento do processo presencialmente e à distância.
Aprendizagem quanto à mobilização local:
Uma questão que ficou evidente é que a sensibilidade para o problema da exclusão digital é muito diferente numa cidade grande do Sudeste e em pequenas cidades do Nordeste. Enquanto em São Paulo havia interesse pelo tema, no Ceará, as Rodas não funcionaram bem, uma vez que a comunidade não tinha uma percepção da inclusão digital como uma necessidade. Parecia ser um problema importado, que não lhes dizia respeito, afinal, as premências ali eram outras. Uma saída encontrada foi utilizar o formato das Rodas, ou seja, encontros abertos também para discussão e encaminhamento de temas específicos, tratando de outros temas de interesse local, como transporte, trabalho etc. Dessa forma, o espaço de participação era instalado e ocupado e, no decorrer das discussões, sempre que oportuno, os animadores das Rodas contavam como a tecnologia digital podia ajudar na conquista destes direitos. Outra mudança foi em relação à periodicidade dos encontros, em vez de serem mensais como em São Paulo, passam a ser semestrais, caracterizando-se num grande encontro que envolve todos os atores locais interessados. Assim, houve maior participação dos atores mobilizados.
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C. Rede de Oportunidades O Garagem não promete emprego,
A preocupação com o “pós-garagem” era uma constante nas reflexões das
mas promete oportunidade de vida, que
equipes e dos parceiros estratégicos do Programa. Surgiu então a idéia de mon-
faz a gente ter mais chance na hora de disputar um emprego.
tar uma Rede de Oportunidades aproveitando os contatos da Fundação Abrinq e
Diego Max Chaves Almeida
da HP com empresas e com o poder público. Pretendia-se promover o encontro
– monitor, Ceará
entre jovens participantes das Garagens e empresas e organizações que lhes pudessem ofertar oportunidades diversas de trabalho e formação complementar. Assim, em 2003 nasce a Rede de Oportunidades, com o objetivo de mobilizar empresas, organizações sociais e a comunidade e rede local de pertencimento dos jovens que participam do Programa Garagem Digital, para que lhes proporcionem oportunidades de educação, ampliação do universo cultural, emprego e geração de renda. Vinculando o ingresso no mundo do trabalho à sua educação profissional, escolar e seus próprios projetos de vida, gera, ao mesmo tempo, oportunidades de uma ação social efetiva por parte de empresas, organizações sociais e indivíduos, que queiram contribuir com a construção da cidadania e inclusão de jovens e de adolescentes. Uma das constatações do Programa é a escassez de oportunidades formais de trabalho para jovens. Em muitos locais as únicas oportunidades que aparecem são trabalhos sem vínculo formal, sem remuneração e sem preocupação com a formação do jovem que está iniciando sua vida profissional.
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De toda maneira, o Programa orienta as organizações e empresas a observarem as leis de aprendizagem e voluntariado de forma a respeitar os direitos dos cidadãos e, com isso, darem um passo na direção da responsabilidade social. Outro desafio é conjugar, numa cidade grande como São Paulo, por exemplo, as oportunidades e a viabilidade de deslocamento dos jovens, para poder
Redes sociais promoção do desenvolvimento social nas atuais condições da sociedade globalizada e informatizada requer, necessariamente, uma mudança de paradigma de ação: ações pontuais e isoladas precisam dar lugar a redes
aproveitá-las. Assim, para que o encontro aconteça, é recomendável prospectar
horizontais de cooperação, que possi-
empresas que atuem próximas do local onde a Garagem está implantada.
bilitem maior intercâmbio e eficácia na implementação de projetos e políticas públicas na área social. Antes mesmo de inspirar políticas sociais mais abrangentes, a noção de rede possibilita o questionamento de uma certa rigidez implícita no conceito de entidade social. (Fábio Ribas, 2003)
D. Integração e fortalecimento institucional Esta última linha de ação propõe formas de disseminar, aos demais projetos e cursos ligados às organizações onde as Garagens funcionam, o uso das TICs como ferramenta educacional que propicie construção de conhecimento e atividade criativa, partindo do pressuposto que cada educador pode ser um potencial multiplicador de aprendizagens.
Também enfatiza a importância da Garagem Digital ser incorporada à
dinâmica institucional e integrada a outras práticas educativas desenvolvidas pela parceria local. Assim, o Programa pretende atuar como formador de educadores e facilitador do processo de fortalecimento das organizações parceiras. Em especial, se propõe a capacitar os educadores para uma nova prática pedagógica, em que se reconheçam como mediadores do processo de aquisição de conhecimento e de desenvolvimento da criatividade de seus alunos.
EQWEQWEQWE 90 Percurso de uma Garagem Digital
8. Monitoramento e avaliação O Programa Garagem Digital almeja construir referências metodológicas para a implementação de políticas públicas de inclusão digital dirigida a jovens. Assim sendo, é de fundamental importância que sua experiência seja avaliada e que as aprendizagens sejam sistematizadas, constituindo-se enquanto conhecimento útil ao aprimoramento do Programa e a novas iniciativas. Também é igualmente importante para os parceiros locais avaliarem quanto o projeto impacta na vida dos jovens além de participarem das avaliações do programa como um todo. A busca é por uma avaliação que articule diagnóstico e processo de intervenção. E ela se dá em dois níveis:
Nível do Programa:
são avaliados os resultados referentes aos objetivos
específicos do Programa. As análises dos dados desta avaliação servem de subsídio para aprimoramentos no escopo do próprio Programa, definição de rumos para a disseminação e para a elaboração de outras iniciativas. Esta avaliação é coordenada pela equipe técnica da Fundação Abrinq com participação dos diversos atores envolvidos. Nível
do Projeto: em cada uma das Garagens, a cada novo projeto, as orga-
nizações sociais parceiras são responsáveis pela avaliação das ações que desenvolvem, contando com o apoio da equipe técnica, desde a elaboração até a revisão do que ocorreu. Para isso o instrumento Matriz de Avaliação é fundamental.
Matriz de avaliação do Projeto de uma Garagem Digital >> Ferramenta 1
A avaliação e o monitoramento são preocupações permanentes no decorrer de cada Projeto de uma Garagem Digital. O quadro abaixo apresenta as avaliações desenvolvidas durante os projetos das Garagens Digitais.
QWEQWEQWEQW 91 Percurso de uma Garagem Digital
Tipo de Avaliação
Avaliação dos Projetos das Garagens Digitais
Avaliação das aprendizagens (na perspectiva dos jovens, educadores e gestores dos projetos)
Marco Zero
Inserção de dados de perfil dos jovens.
(início dos projetos)
Avaliações via Sistema PGD das aprendizagens dos jovens nas 05 áreas de conhecimento: TICs, Ciências Sociais, Linguagem e Comunicação, Arte e Design e Administração e Marketing.
Formativa
Encontros presenciais de monitoramento com as equi-
Avaliações - no meio do desenvolvimento dos projetos
ou monitoramento
pes das Garagens Digitais e comunicação contínua à
- via Sistema PGD:
(Durante a execu-
distância.
Avaliação do Programa na perspectiva dos jovens;
ção dos projetos)
Tem como base e referência a Matriz Avaliativa.
Avaliação do Programa na perspectiva dos educadores;
Relatórios mensais quantitativos e trimestrais qualitativos.
Avaliação do Programa na perspectiva dos gestores.
Somativa ou
Encontro presencial de avaliação com as equipes dos
Avaliações - no final do desenvolvimento dos projetos
de resultados
projetos das Garagens Digitais e entrega de relatório
- via Sistema PGD:
(Ao término
final de avaliação.
Avaliação do Programa na perspectiva dos jovens;
dos projetos)
Tem como base e referência a Matriz Avaliativa.
Avaliação do Programa na perspectiva dos educadores; Avaliação do Programa na perspectiva dos gestores; Avaliações finais das aprendizagens adquiridas pelos jovens nas 05 áreas de conhecimento: TICs, Administração e Marketing, Arte e Design, Ciências Sociais e Linguagem e Comunicação.
Avaliação das aprendizagens A avaliação das aprendizagens é feita ao início e ao final do curso, para que haja um balizador das aprendizagens específicas proporcionadas pelo Programa nas áreas curriculares. Ela envolve todos os jovens participantes nas áreas de Ciências Sociais, Arte e Design, Administração e Marketing, Linguagem e Comunicação e TICs. Cada área conta com um instrumental próprio. Com exceção das TICs, todos os resultados ligados às demais áreas devem ser analisados pelo educador e contabilizados em sua totalidade por turma. Somente em TICs a análise é individual, a partir de teste prático realizado com todos os jovens participantes, por envolver conhecimentos específicos e se tratar de um programa com foco na inclusão digital. Ao longo do curso, são realizados vários exercícios de auto-avaliação e feedback das ações dos jovens. Eles também avaliam os diversos aspectos do Programa.
Instrumental de avaliação do jovem pelo educador - Marco Zero – Ferramenta 11
EQWEQWEQWE 92 Percurso de uma Garagem Digital
Monitoramento dos projetos O monitoramento é um processo de avaliação formativa, que inclui o acompanhamento contínuo das atividades e a reflexão constante sobre a dinâmica do processo e as relações da equipe com o público-alvo. A avaliação formativa gera informações úteis para o aprimoramento do projeto ainda durante seu processo de implementação ou mesmo no decorrer de seu desenvolvimento. Refere-se, portanto, ao processo de execução do projeto, servindo para otimizar seu funcionamento e fomentar o processo reflexivo sobre as ações efetivadas. No Programa Garagem Digital, o monitoramento das Garagens é coordenado pela equipe técnica com o apoio direto das equipes de educadores locais. A principal base da avaliação formativa é a matriz avaliativa dos projetos, e os resultados esperados deste processo são: Propiciar o pleno desenvolvimento das ações propostas pelo Programa. Garantir coerência entre o desenvolvimento dos projetos e os pressupostos e objetivos do Programa. Promover por meio de reflexões e intervenções técnico-pedagógicas o fortalecimento das Garagens Digitais rumo a sua sustentabilidade.
A experiência tem reforçado que, no primeiro ano de implementação das Garagens, os encontros de monitoramento necessitam ser mensais, pois é um momento fundamental para a consolidação da metodologia educacional. No segundo ano, quando a equipe de educadores já tem maior domínio das diretrizes do Programa, já pode contar com encontros bimestrais com foco na gestão do projeto. A partir do terceiro ano os encontros tornam-se mais esporádicos respeitando a experiência acumulada do parceiro local e da equipe de educadores. Essa estratégia de distanciamento também é importante para que a Garagem incorpore as especificidades do contexto local.
1ª edição dos Projetos
2ª edição dos Projetos
3ª e 4ª edição dos Projetos
5ª edição dos Projetos
6ª edição dos Projetos
Monitoramento presencial
Monitoramento
Monitoramento à distância:
Monitoramento à
Monitoramento presencial:
mensal (foco educacional
presencial bimestral
Gestão Autônoma
distância: Gestão
foco sustentabilidade
e metodológico)
(foco gestão)
Autônoma
Processo de monitoramento e avaliação dos projetos das GDs
2004
2005
2006
2007
2008
QWEQWEQWEQW 93 Percurso de uma Garagem Digital
A realização do monitoramento é consolidada com o apoio das seguintes ferramentas: Instrumental de registro dos encontros de monitoramento Preenchido pela equipe técnica na ocasião dos encontros de monitoramento, subsidia a avaliação do processo e a tomada de decisões em relação a ajustes necessários e permite que outros profissionais com atribuições de gestão, tenham acesso às informações. Instrumentais de avaliação do Programa pelos diferentes atores envolvidos (jovens, educadores e gestores) Preenchido pelos respectivos atores no meio e no final de cada Projeto e é alimentado por meio do sistema do Programa que se encontra no site da Fundação Abrinq. Relatórios qualitativos e periódicos das Atividades Concentra as ações desenvolvidas no período por cada uma das Garagens e é encaminhado trimestralmente à coordenação do Programa Garagem Digital, conforme disposto no contrato de parceria vigente. Relatórios quantitativos mensais das Atividades É enviado mensalmente e traz dados quantitativos, coletados durante o período de referência, sobre as ações de formação de jovens e de mobilização comunitária.
Os dados são analisados, e os pontos fortes e frágeis do projeto são diagnosticados. Alguns encaminhamentos são feitos imediatamente, enquanto outros exigem intervenções posteriores como nos momentos de formação continuada ou em reuniões específicas para este fim. Vale ressaltar que os encontros de monitoramento presenciais e à distância são também momentos de formação continuada das equipes, já que são feitos de intervenções técnico-pedagógicas que garantirão o desenvolvimento do projeto em consonância com os pressupostos e objetivos do Programa como um todo. Nesses momentos, também são socializadas as ações específicas de cada Garagem, com o propósito de disseminar boas experiências e aprendizagens.
EQWEQWEQWE 94 Avaliando para o futuro
QWEQWEQWEQW 95 Avaliando para o futuro
Avaliando para o futuro
EQWEQWEQWE 96 Avaliando para o futuro
Avaliando para o Futuro
O
cuidado permanente em avaliar as ações do Programa, bem como monitorar o desenvolvimento de cada uma das Garagens Digitais, busca não só
perceber os resultados, mas encontrar caminhos de aprimoramento da proposta. Os dados a seguir apontam reflexões importantes para o futuro da experiência.
Participação dos jovens Tabela 1 – Adesão dos jovens – 2002 a 2007 Módulo de Formação de Jovens Ano
2002
2003
Organização
Vagas Disponibilizadas
Jovens Formados
Evasão %
Evasão
Formação por ano
Associação Meninos do Morumbi (SP)
120
88
32
27%
88
Associação Meninos do Morumbi (SP)
120
107
13
11%
120
104
16
13% 19%
CPA (SP)
CPA (SP)
90
73
17
Beberibe (CE)
40
38
2
5%
Limoeiro do Norte (CE)
40
34
6
15%
São Gonçalo 40 do Amarante (CE)
39
1
3%
60
47
13
22%
40
39
1
3%
40
38
2
5%
São Gonçalo 40 do Amarante (CE)
39
1
3%
2004
CPA (SP)
Beberibe (CE) 2005 Limeiro do Norte (CE)
Beberibe (CE)
80
78
2
3%
Limoeiro do Norte (CE)
80
80
0
0%
São Gonçalo do Amarante (CE)
81
77
4
5%
CPA (SP)
30
28
2
7%
2006
Aracati (CE)
80
74
6
8%
Aracoiaba (CE)
80
76
4
5%
Barbalha (CE)
80
61
19
24%
2007
Beberibe (CE)
80
79
1
1%
Limoeiro do Norte (CE)
80
78
2
3%
Quixeramobim (CE)
80
76
4
5%
São Gonçalo do Amarante (CE)
80
77
3
4%
Itaiçaba (CE)
40 38
5
13%
Eusébio (CE)
Total
40
35
7
1661
1503
158
211
184
163
235
622
18% 10%
1503
QWEQWEQWEQW 97 Avaliando para o futuro
A tabela acima mostra que a taxa de evasão vem caindo ano a ano. No ano de 2006 no Ceará de 241 jovens inscritos no Programa houve apenas 06 evasões e, em 2007 no CPA – onde até 2005 a média de evasões girava em torno de 20% – passou para 7%: apenas dois jovens abandonaram o programa – um por motivo de mudança e outro por necessidade de trabalho.
Processo de aprendizagens Temos explorado muito o lado da
A partir do que foi apontado na avaliação externa do projeto piloto, decidiu-
descoberta pessoal. Usamos um site de
se adotar uma medida de “marco zero” para identificar o nível de conhecimento
teste vocacional com os jovens, o que
que os jovens têm, quando chegam à Garagem, relativo às cinco áreas temáticas
possibilitou eles terem uma visão de
do currículo. Este processo acontece nas duas primeiras semanas e é realizado de
suas potencialidades e fraquezas. A partir deste momento estamos trabalhando
maneira tranqüila, pois os jovens sabem que já estão selecionados e que não há
de forma a incentivar os jovens a for-
pré-requisito em termos de conhecimento para participar do Programa.
talecerem suas qualidades e tentarem minimizar seus pontos fracos.
Ao final do curso os instrumentos de avaliação são reaplicados para verificar o
Mary Ann Weyne Quinderé
conhecimento que o Programa conseguiu agregar efetivamente. Esta avaliação não
– educadora, Ceará (Beberibe)
tem o poder de “reprovar”. Assim como a Matriz de Avaliação, os outros instrumentos avaliativos têm função de rever o que ocorreu e planejar os próximos passos. A coleta de dados referentes às aprendizagens adquiridas em âmbito do Programa Garagem Digital é realizada de maneira sistemática por meio de instrumentais que se complementam. Nas tabelas abaixo é possível visualizar esse processo. Os dados referem-se ao período consolidado das dez Garagens em funcionamento (nove no Ceará e uma em São Paulo) entre 2005 e 2007.
Tabela 2: Aprendizagem dos jovens – Marco Zero e Marco Final – 2005 a 2007 Áreas de Conhecimento Insatisfatório Satisfatório Muito satisfatório
Inicio
Ciências Sociais
43%
8%
35%
Linguagem e Comunicação
50%
13%
37%
Arte e Design
49%
8%
Administração e Marketing
43%
9%
TIC's
63%
Final
Queda Inicio
Final Aumento
Inicio
Final Aumento
39%
57%
18%
17%
35%
18%
43%
64%
21%
7%
23%
16%
41%
34%
63%
29%
17%
28%
11%
34%
41%
59%
18%
16%
32%
16%
R ealiza com dificuldade
Realiza com facilidade
56%
14%
23%
Não Realiza 7%
12%
-2%
81%
58%
Fonte: Monitoramento do Programa: Consolidação das avaliações referentes às áreas de conhecimento.
EQWEQWEQWE 98 Avaliando para o futuro
Nas turmas havia jovens que nunca
A análise comparativa entre marco zero e final permite constatar que, de ma-
tinham ligado um computador e que até
neira geral, os objetivos relacionados ao módulo de formação foram atingidos. Em
ficaram constrangidos na hora da avaliação inicial, pois não conseguiam fazer nada. Hoje eles estão confiantes e nas avaliações semanais vemos a alegria que demonstram em saber manusear a má-
todas as áreas, os jovens partiram de índices baixos de conhecimento e apresentaram avanços significativos no período em que participaram do Programa. Entre o marco zero e o marco final, houve inversões entre os índices insatisfatório e muito
quina. Conseguem realizar os trabalhos
satisfatório nas cinco áreas avaliadas. E, em todos os casos, a soma dos índices
que solicitamos. Claro que tinha aqueles
finais Satisfatório e Muito Satisfatório ultrapassam 80%.
que já vinham com uma bagagem de conhecimento. Foi feito um nivelamento de modo que os que sabiam mais pudessem ajudar os que sabiam menos. Manoel Marisergio Alves de Oliveira – educador, Ceará
Os instrumentais de Ciências Sociais contêm questões abertas básicas sobre participação social, transformações advindas dos avanços tecnológicos e desenvolvimento local. Estes mesmos instrumentais, por terem questões escritas, servem também de base para as avaliações na área de linguagem e comunicação, além disso, as habilidades voltadas à comunicação oral são avaliadas continuamente por meio do processo de elaboração dos projetos pelos jovens. As áreas de Arte e Design e Administração e Marketing são avaliadas a partir de dois pequenos projetos individuais: o do início da formação é a criação de uma capa de CD e o do final da formação é o plano de divulgação do produto final (os sites). Para a avaliação das aprendizagens dos jovens na área de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são aplicados junto aos jovens testes práticos sobre habilidades em TICs tais como: criar pastas; realizar pesquisas refinadas de imagens, textos e sons na internet; salvar arquivos e documentos no disco rígido do computador e/ou CD; fazer download de som; copiar textos; editar textos; inserir figuras em documentos; transferir documentos para outras áreas de trabalho; inserir pano de fundo; escrever em bloco de notas, procurar caminhos de arquivos e enviar e-mails com anexos etc.
QWEQWEQWEQW 99 Avaliando para o futuro
A avaliação evidencia que a maioria dos jovens que entra no Programa tem Eu não queria mais saber dos estu-
pouca familiaridade com o computador (alguns não tinham contato algum) e, ao
dos, não pensava mais no futuro, achava
final do processo, 93% deles conseguiam realizar as tarefas propostas, sendo que
que a vida era só diversão, foi então que meus amigos me falaram do Programa
83% conseguiram realizar com facilidade.
Garagem Digital. Me inscrevi, fui selecionada e minha vida mudou quando
O olhar dos jovens
eu comecei a fazer o curso. Voltei a me interessar pelos estudos, mudei de com-
Para ser coerente com o conceito de protagonismo juvenil, o Programa Ga-
portamento com a família e não me cha-
ragem Digital coloca os jovens não apenas na posição de quem vai ser avaliado,
mam mais de chata, ou mesmo de igno-
mas também de avaliadores do Programa. Eles opinam sobre a estrutura física,
rante. Depois que comecei o curso estou falando o português corretamente, não
a metodologia e até sobre os processos de avaliação adotados pelo programa
sabia nem mesmo ligar o computador e
como veremos nas tabelas a seguir:
hoje navego na Internet. Maria Lívia Lima de Araújo – jovem, Ceará
Tabela 4: Estrutura física avaliada pelos jovens Aspectos avaliados Número de computadores Número de impressoras Softwares utilizados Conexão com a Web Qualidade dos móveis Disposição dos móveis Tamanho da sala do Garagem Luminosidade da sala Barulhos externos Barulhos internos
Insatisfatório
Satisfatório
Muito satisfatório
21% 28% 3% 20% 3% 2% 6% 0% 5% 7%
73% 65% 69% 56% 65% 69% 57% 49% 58% 73%
6% 6% 28% 24% 32% 29% 37% 51% 37% 20% Fonte: Monitoramento do Programa (média do período de 2004 a 2007): Avaliação da GD segundo os jovens.
EQWEQWEQWE 100 Avaliando para o futuro
A estrutura física é avaliada majoritariamente como satisfatória em todos os itens. Quanto ao número de computadores, a ocorrência de 21% de respostas insatisfatório indica que alguns jovens dizem que gostariam que o número de computadores permitisse o uso individual, porém são informados da importância de trabalhar em duplas e em alguns momentos em grupo, como parte da proposta formativa e que podem freqüentar o acesso livre para as opções de uso de forma individualizada. A equipe técnica e os educadores das Garagens Digitais avaliam que o uso do computador em duplas é uma metodologia que tem facilitado as trocas no processo de aprendizagem. A qualidade da conexão à Internet revela as dificuldades encontradas principalmente em cidades do interior do Ceará e os problemas de barulho externo captam a percepção negativa de São Paulo. Diante dessas percepções, confirma-se a decisão do programa de que uma Garagem Digital deva caracterizar-se como espaço pedagógico de aprendizagem.
Tabela 5: Estratégias de aprendizagem avaliadas pelos jovens Aspectos avaliados Dinâmicas de grupo Oficinas Visitas técnicas e culturais a outras locais Visitas recebidas Uso dos recursos disponíveis Rodas de discussão no início e término das aulas Participação em outras atividades da organização
Insatisfatório
Satisfatório
Muito Satisfatório
3% 11% 25% 17% 4% 5% 14%
51% 56% 50% 63% 45% 62% 72%
46% 33% 25% 20% 52% 33% 14%
Fonte: Monitoramento do Programa (média do período de 2004 a 2007): Avaliação da GD segundo os jovens.
QWEQWEQWEQW 101 Avaliando para o futuro
Também as estratégias metodológicas são em geral avaliadas como satisfatórias e muito satisfatórias. O item visitas técnicas e culturais a outros locais foi o que teve maior índice de respostas insatisfatório. Podemos levantar a hipótese de que estas visitas não ocorreram com a freqüência esperada pelos jovens. Essas avaliações reafirmam a proposta pedagógica que privilegia a integração de conteúdos e de metodologias diversificadas.
Tabela 6: O processo de avaliação do Programa na perspectiva dos jovens - média 2004/2007
Oportunidades para expressar sua opinião Avaliações consideradas Oportunidades de se auto-avaliar Abertura dos participantes para a avaliação Atenção da equipe para a aprendizagem e desenvolvimento Avaliação despertava interesse
Insatisfatório
Satisfatório
Muito Satisfatório
2% 3% 3% 5% 3% 1%
52% 70% 57% 63% 51% 49%
46% 27% 41% 32% 46% 50%
Fonte: Monitoramento do Programa (média do período de 2004 a 2007): Avaliação da GD segundo os jovens.
A tabela 6 indica também que os jovens entram na Garagem Digital com um nível de expectativa altamente positiva em relação aos elementos do Programa, incluindo suas formas de avaliação. Grande parte dessa expectativa foi confirmada no final do processo ficando próxima daquilo que era esperado no início. O Garagem me ensinou a trabalhar em grupo, ser participativo e não ter
Uma possível leitura do conjunto dos itens avaliados pelos jovens é que, com
medo de falar em público, isso tudo tem me ajudado muito, principalmente na
o desenvolvimento do espírito crítico, sua exigência aumenta e eles passam a ser
escola. Hoje em dia eu consigo dar mi-
mais rigorosos com eles mesmos e também com os diversos aspectos do Progra-
nha opinião sem medo.
ma, o que aponta para um bom nível de maturidade. Seja como for, percebe-se que os jovens gostam de se identificar no espaço público como participantes ou ex-participantes do Programa. Por exemplo, no Ceará, costumam usar a camiseta do Programa em eventos abertos na sua cidade.
Leandro Farias Raimundo – jovem, São Paulo
EQWEQWEQWE 102 Avaliando para o futuro
Tabela 7: Produto final avaliado pelos jovens - média 2004/2007
Insatisfatório
Satisfatório
Muito Satisfatório
1% 4% 1% 3%
71% 67% 60% 63%
28% 30% 39% 35%
Eficiência Design Conteúdos relacionados ao tema do produto Qualidade dos textos
Fonte: Monitoramento do Programa (média do período de 2004 a 2007): Avaliação da GD segundo os jovens.
Tabela 8: Elaboração do produto final avaliada pelos jovens - média 2004/2007 Escolha do produto final levando em conta o interesse dos jovens Relevância do produto para a comunidade Integração entre as equipes de jovens Acompanhamento dos educadores e monitores Tempo reservado para a elaboração do produto
Insatisfatório
Satisfatório
3% 8% 2% 0% 5%
60% 64% 58% 40% 91%
Muito Satisfatório 37% 27% 40% 60% 4%
Fonte: Monitoramento do Programa (média do período de 2004 a 2007): Avaliação da GD segundo os jovens.
Conforme já foi dito, a formação dos jovens no Programa Garagem Digital elegeu como base metodológica a Pedagogia de Projetos que se torna palpável através da construção de um produto final elaborado coletivamente pelos jovens de cada turma. Uma das aprendizagens desta estratégia é que, para que ela contribua com o desenvolvimento dos jovens, é importante que a “excelência do produto” não se sobreponha ao processo de sua elaboração. É importante também que os jovens sintam-se reconhecidos no produto final, sintam-se surpreendidos com o que são capazes de fazer. Por isso, ao final da formação, os jovens são convidados a avaliar tanto o processo de construção do produto como os resultados alcançados conforme vemos nas tabelas 7 e 8, respectivamente. Podemos dizer que os jovens ficaram bastante satisfeitos tanto com o processo quanto com o produto que elaboraram. A leitura destes gráficos se relaciona com o orgulho com que os jovens apresentam seus produtos nos ritos de encerramento da formação e ou nas feiras de tecnologia. Os conteúdos relacionados ao tema e à eficiência foram os itens melhor avaliados em relação ao produto final indicando que o processo de pesquisa e construção de conhecimento foram pontos fortes do produto final.
QWEQWEQWEQW 103 Avaliando para o futuro
Com relação ao processo, a ação dos educadores e monitores é destacada como muito satisfatória. O tempo reservado para a elaboração do produto final, por exemplo, o site, ainda pode ser melhorado para que seja plenamente satisfatório.
Olhar dos profissionais Assim como os jovens avaliam e são avaliados, a equipe de profissionais envolvidos no Programa também revê seus planos e verifica, periodicamente, o alcance dos objetivos pretendidos. As tabelas 9 e 10 captam a percepção dos profissionais sobre as atividades de disseminação das aprendizagens na organização parceira e sobre as atividades voltadas para a mobilização comunitária. Tabela 9: Disseminação das aprendizagens avaliada pelas equipes - média 2004/2007
Insatisfatório
Satisfatório
Muito Satisfatório
uantidade de atividades desenvolvidas pela equipe do Garagem Q Digital para multiplicar aprendizagens junto aos outros profissionais da organização
13%
79%
8%
ualidade de atividades desenvolvidas pela equipe do Garagem Q Digital para multiplicar aprendizagens junto aos outros profissionais da organização
16%
75%
8%
Utilização do espaço da Garagem Digital por outras ações da organização
11%
69%
20%
Fonte: Monitoramento do Programa (média do período de 2004 a 2007): Avaliação da GD segundo os educadores.
Apesar dos relatos de que o Programa Garagem Digital dinamiza o espaço institucional e amplia horizontes educacionais, a equipe de educadores avalia que ainda existe espaço para melhorar quantitativa e qualitativamente a multiplicação das aprendizagens dentro da própria organização. Considerando que o programa se dispõe a trabalhar com o conceito de inclusão digital com perspectivas de inclusão social e que, para tanto, objetiva também contribuir com a mudança de paradigmas junto aos profissionais que atuam com essa temática, as equipes são incentivadas a discutirem com outros profissionais das organizações onde atuam, formas de incorporarem tais conceitos nas suas práticas cotidianas. Entende-se que o processo de disseminação deva contar também com essa estratégia.
EQWEQWEQWE 104 Avaliando para o futuro
Tabela 10: Mobilização comunitária avaliada pelas equipes - média 2004/2007
Insatisfatório
Articulações com o poder público local Envolvimento das escolas nas ações do GD Envolvimento de outras organizações sociais do entorno nas ações do GD Mobilização para a Rede de Oportunidades Organização das Rodas de ID
30% 17% 30% 61% 44%
Satisfatório
Muito Satisfatório
70% 70% 67% 34% 53%
0% 13% 3% 5% 3%
Fonte: Monitoramento do Programa (média do período de 2004 a 2007): Avaliação da GD segundo os educadores.
Com relação às ações de mobilização comunitária, os educadores avaliam que o envolvimento das escolas e de outras organizações sociais do entorno e as articulações com o poder público local foram as que cumpriram satisfatoriamente seu propósito.
Na comunidade Vale observar o percurso de apropriação das propostas de mobilização comunitária desenvolvidas pelos parceiros locais. O Acesso Livre, por exemplo, surge como uma proposta de espaço aberto e gratuito de inclusão digital. Mas, aos poucos, foi se tornando uma ação de “acesso direcionado”, passando a ser encaminhado a finalidades específicas de construção de conhecimentos, busca de oportunidades e acesso a serviços públicos disponibilizados na rede, como: apoio
QWEQWEQWEQW 105 Avaliando para o futuro
na elaboração da declaração de imposto de renda, elaboração de currículo, entre outros. Tornando-se assim um espaço de exercício da cidadania. O acesso dirigido também se destinou ao desenvolvimento de Cursos Básicos de Informática orientados a públicos específicos tais como idosos, professores de escolas públicas, familiares dos jovens, entre outros. Dessa forma a Garagem se constitui num ponto de encontro intergeracional, respeitando e adequando-se ao processo de aquisição de conhecimentos relacionados ao uso das tecnologias de acordo com as especificidades, interesses e realidade de cada público. Além do Acesso Livre, as organizações parceiras são incentivadas a desenvolver novas estratégias de responsabilidade comunitária. O CPA iniciou uma ação significativa nesse sentido: as Feiras de Tecnologia para o Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável – Juventude e Empreendedorismo, onde os diversos atores sociais da região são chamados a conhecer as ações da Garagem Digital e discutir conceitos correlatos que possam contribuir com o desenvolvimento regional. Assim, participam representantes do poder público, organizações não-governamentais, movimentos juvenis, empresariado local, entre tantos outros que, articulados, podem desencadear estratégicas significativas ao desenvolvimento daquele lugar, cujas características reforçam a condição de vulnerabilidade socioeconômica de grande parte da população.
As Feiras de Tecnologia envolveram um amplo processo de articulação
no processo de construção do Plano Setorial de Qualificação do Ministério do Trabalho e Emprego para Zona Leste de São Paulo, contribuindo para qualificar a região na construção dos projetos juvenis de empreendedorismo social. Também impulsionaram a articulação de um Fórum Juvenil do CPA em consonância com o Fórum Juvenil da Zona Leste e a participação no Conselho Gestor do Centro Educacional Unificado de São Mateus e no Fórum de Entidades de Defesa da Criança e do Adolescente de São Mateus; participação em seminários sobre juventude, educação e trabalho; entre outras. No Ceará, além de cursos básicos, ocorrem iniciativas de inclusão digital, voltadas ao desenvolvimento comunitário. Foi organizado, por exemplo, o seminário “As novas tendências do turismo e suas tecnologias”, do qual participaram pessoas da comunidade e representantes de organizações sociais e de órgãos públicos.
EQWEQWEQWE 106 Avaliando para o futuro
Além destes eventos, as Garagens Digitais e seus equipamentos passaram a ser usados por profissionais das escolas e de órgãos municipais; foram realizadas oficinas de informática à comunidade; visitas nas escolas para articular com seus dirigentes sugestões para o uso dos laboratórios de informática e divulgação da metodologia usada no Programa; cursos básicos e avançados destinados a alunos do ensino médio e a profissionais da área de educação; entre outras.
E depois? Desde sua origem, o Programa vem se debruçando na construção de uma metodologia de encaminhamento, acompanhamento e mobilização de oportunidades a jovens, para que eles possam continuar recebendo apoio no processo de inserção na vida adulta e profissional. A Rede de Oportunidades foi a estratégia desenhada para sensibilizar atores e estimular a oferta de diferentes oportunidades aos exparticipantes das Garagens. Tais oportunidades não se limitariam ao mercado de trabalho, podendo envolver também formação complementar, apoio ao empreendedorismo e geração de renda, oficinas temáticas e culturais, entre outras. As oportunidades geradas por meio de articulações da Fundação Abrinq e/ou HP Brasil são as que corresponderam melhor a essas necessidades, como é o caso do Programa Mentoring da HP que atende anualmente 25 jovens ex-participantes da Garagem Digital do CPA. Realizado também na cidade de Campinas (SP), o Mentoring oferece um acompanhamento individualizado por profissionais voluntários da HP Brasil, visando melhorar a confiança e a auto-estima dos jovens para empreenderem seus projetos profissionais. Outro exemplo é o Projeto Semeando Tecnologia, uma parceria entre Fundação Abrinq e International Youth Fundacion, com financiamento da Travelport e apoio da HP, celebrada em 2007, que envolveu 20 ex-participantes, também do CPA. Estes jovens desenvolvem ações específicas com o objetivo de potencializar o uso de laboratórios de informática de escolas e organizações comunitárias da região, possibilitando a educadores e gestores a experimentação de um novo paradigma em relação aos usos da tecnologia no processo educacional. No Ceará, há indícios de que o Programa Garagem Digital foi percebido por alguns contratadores como um programa que qualifica os jovens de forma diferen-
QWEQWEQWEQW 107 Avaliando para o futuro
ciada. Há relatos de que é crescente a demanda de indicação de ex-participantes das Garagens, para trabalhos variados. É significativo o esforço das equipes e das comunidades em dar respostas a essas questões, ainda que os resultados efetivos estejam aquém das necessidades de inserção profissional dos jovens, por motivos inerentes à alta demanda e pouca oferta de oportunidades.
Disseminando a experiência O Programa Garagem Digital já nasceu com a perspectiva de disseminação, o que fez com que mudanças de rota acontecessem no decorrer do caminho, com o desenvolvimento de novas estratégias de atuação. Por exemplo, a implementação de algumas Garagens Digitais como referências para a disseminação. Também foram firmadas parcerias com organizações articuladas em rede, a fim de que se constituam como pólos disseminadores, como é o caso do Instituto Centec que tem unidades e ações voltadas à qualificação profissional em quatro dezenas de municípios cearenses, dos quais o programa implementou garagens digitais em nove, com o objetivo de que sua metodologia e conceitos sejam disseminados para os demais. Da mesma forma, espera-se que o poder público contribua para ampliação e disseminação dos seus conceitos e metodologias nos espaços educacionais. As avaliações mostraram que a disseminação por meio da réplica significaria muito pouco diante da complexidade dos problemas que o programa se dispõe a enfrentar. Também o alto custo inviabilizava a tomar o Programa como modelo a ser repetido em outros lugares. Por conta disso estamos construindo um caminho de alternativas de disseminação das concepções e metodologias do Programa, sem que necessariamente quem venha a adotá-lo tenha que replicar todo o modelo. No entanto, essa construção tem sido muito cuidadosa, para que a qualidade do que foi concebido e consolidado não fique comprometida. Roseni Reigota - coordenadora do Programa
EQWEQWEQWE 108 Avaliando para o futuro
As avaliações do Programa identificaram avanços na construção de uma metodologia de formação de jovens com base nas tecnologias da informação e comunicação articuladas a aprendizagens básicas que construam uma visão de uso social dos conhecimentos. O envolvimento comunitário é parte fundamental no desenvolvimento desse processo. Considerando que a mobilização social é algo que se constrói a partir do envolvimento de diferentes atores de uma comunidade, que têm uma dinâmica própria, o entorno deve ser mapeado para que as ações sejam contextualizadas. Algumas ações revelaram-se essenciais para que a consistência do Programa se firmasse. Entre elas: a formação contínua de equipes de educadores, o monitoramento e avaliação das ações implementadas e a participação em fóruns de proposição de políticas públicas de inclusão digital e juventude. Também é essencial trabalhar em grupo, lidar com as diferenças e conflitos, mediar os desafios; socializar conhecimentos, experiências e pontos de vista; apro”As políticas de universalização do acesso à Internet nos países em desenvolvimento serão uma quimera se não estiverem associadas a outras po-
ximar-se das escolas públicas, telecentros públicos, organizações da sociedade civil e poder público. Estes exemplos confirmam que a disseminação do Programa deve partir da consolidação das relações de parceria e das práticas compartilha-
líticas sociais, em particular as da for-
das entre os mais diversos atores sociais, tendo em vista que ele pretende adquirir
mação escolar.”
experiências que o torne apto a ser incorporado por políticas públicas, em espe-
Sorj e Guedes, 1995, p. 103
cial, na área educacional.
QWEQWEQWEQW 109 Avaliando para o futuro
Há várias iniciativas governamentais e não governamentais que propõem o uso das TICs no processo educacional. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP 2006) avaliou que, no Brasil, existiam mais ou menos 40 mil escolas com algum tipo de equipamento de informática. Mas o Brasil tem aproximadamente 200 mil escolas de ensino fundamental e médio; municipais e estaduais, portanto ainda há que se fazer um investimento maior. Para a UNESCO (2004), o processo de construção da Sociedade da Informação desenvolver-se-á à medida que as tecnologias forem utilizadas para promover maior participação dos cidadãos na vida democrática. No campo educacional tais tecnologias são um complemento das técnicas pedagógicas tradicionais, para permitir que os sistemas educacionais possam adaptar-se às diferentes necessidades de aprendizagem e de formação das sociedades. Uma pesquisa conduzida pela UNESCO (2004) com alunos e professores do ensino médio mostra que existe interesse dos educadores a respeito do uso de computadores e, em especial, da Internet para apoiar suas atividades. Iniciativas de Inclusão Digital precisam ser universalizadas e incorporadas às políticas educacionais em geral e principalmente às políticas públicas destinadas à juventude, onde se agrega ao processo de formação elementos de inserção no mundo do trabalho. Também é necessário que sejam condizentes com as condições concretas das comunidades a serem integradas e estimuladas à apropriação desses recursos. Certamente, a experiência de formação de jovens num ambiente de educação não-formal tem características distintas daquela vivida pela educação formal. Isso significa que fazer uma transposição das práticas de um lugar para outro requer cuidado e atenção às especificidades. No entanto, como diz Vera Candau (2001, p. 68) é preciso “reinventar a escola”, reconhecendo que a escola no século XXI deve questionar a rigidez com que se reveste, em geral, a organização e a dinâmica pedagógica escolares. É no sentido dessa reinvenção que o Programa Garagem Digital pode contribuir com o sistema escolar. São muitos os caminhos, e desejamos que a publicação destas práticas, aprendizagens e reflexões possam inspirar essa construção.
Caixa de Ferramentas
EQWEQWEQWE 110
Caixa de Ferramentas
QWEQWEQWEQW 111
Caixa de Ferramentas
Os resultados são as transformações que pretendemos ver realizadas após as ações. Pode ocorrer um ou mais resultados previstos para cada objetivo declarado.
É o que pretendemos alcançar com o projeto e o que irá direcionar nossas ações. Podemos ter vários objetivos, mas o ideal é que não seja um número excessivo (em média de 4 a 5)
Indicam o que medir e observar para comprovar que os resultados foram atingidos Bons indicadores precisam ter: Representatividade – É algo significativo para o resultado avaliado. Objetividade – É algo que depende o menos possível da análise subjetiva de quem avalia. Um exemplo freqüente de indicador subjetivo é a ampliação da auto-estima dos jovens, que muito dificilmente alguém consegue medir... Acessibilidade – É algo que seja de fácil acesso para quem avalia. Um dado possível de ser obtido. Alguns resultados precisarão de mais de um indicador para verificar se foram ou não alcançados. É possível também que algum resultado esteja descrito de forma que a sua verificação seja facilmente realizada, dispensando indicadores.
Indicadores
Dias e horários para atendimento a comunidade:
Mobilização Comunitária – Acesso Livre
Estimativa de carga horária atingida pelos jovens formados:
Previsão de data para término da formação dos jovens:
Previsão de data para início da formação dos jovens:
Dias e horários das turmas:
Número de jovens a serem atendidos:
Módulo de Formação de Jovens
Projeto da Garagem Digital
Público-alvo a ser atingido:
Dias e horários de atendimento:
Carga horária total prevista para cada curso:
Número estimado de cursos a serem desenvolvidos durante a execução do projeto:
Mobilização Comunitária – Cursos Básicos de Informática
Resumo do Projeto
É a forma eleita pelo avaliador para ter acesso aos dados necessários para a verificação dos resultados atingidos, considerando os indicadores. Alguns dos meios de verificação mais freqüentes são: questionários, reuniões de avaliação, entrevista, análise de um produto etc.
Meios de Verificação
É necessário que o período em que os meios de verificação forem aplicados sejam definidos previamente, para que estejam compatíveis com o planejamento das ações.
Período
Periodicidade:
Descrição da ação:
Mobilização Comunitária – Outras estratégias
Periodicidade:
Descrição da ação:
Mobilização Comunitária – Rede de Oportunidades
Ferramenta 2 – Exemplo de Resumo do Projeto de uma Garagem Digital
Resultados
Objetivos Específicos
Ferramenta 1 – Matriz de avaliação do Projeto de uma Garagem Digital
Caixa de Ferramentas
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S
S
Reunião semanal de equipe
S
8 D
9
10
S
S
S
S
D
S
F Feriado
D
S
F
S
S
S
S
S
S
S
D
S
D
Total de aulas no mês
Caixa de Ferramentas
D
S
30 31
D
D
D
S
D
D
23 24 25 26 27 28 29
D
21 22
D
D
S
D
D
F
D Domingo
S Sábado
D
20
ia do mês D
11 12 13 14 15 16 17 18 19
D
D
S
F
D
Início ação com jovens e comunidade
Seleção jovens
Formação inicial
ATIVIDADES Legenda Exemplo de–atividades
S
Dezembro
F
7
D
6
D
S
5
D
Novembro
Outubro
Setembro
4
Agosto
D
3
S
Julho
2
1
Meses
Cronograma
FERRAMENTA 3 – Exemplo de Cronograma do Projeto de uma Garagem Digital
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Relatórios quantitativos
Relatórios qualitativos
Formato
Data
Referência
Monitoramento do Projeto
Projeto da Garagem Digital
Público
FERRAMENTA 4 – Exemplo de Plano de Comunicação para fins de monitoramento
4.1. ( ) insatisfatório ( ) satisfatório ( ) com potencial Descrição: 5.1. ( ) insatisfatório ( ) satisfatório ( ) com potencial Descrição: 6.1. ( ) insatisfatório ( ) satisfatório ( ) com potencial 6.2. Descrição: 7.1. ( ) insatisfatório ( ) satisfatório ( ) com potencial Descrição: 8.1. ( ) insatisfatório ( ) satisfatório ( ) com potencial 8.2. Descrição: 9.1. ( ) insatisfatório ( ) satisfatório ( ) com potencial Descrição:
Espaço físico
Envolvimento comunitário
Articulações e parcerias
Processo de avaliação
Equipe profissional (composição e integração)
Potencial de disseminação
Outras observações:
10.1. ( ) insatisfatório ( ) satisfatório ( ) com potencial Descrição:
3.1. ( ) insatisfatório ( ) satisfatório ( ) com potencial Descrição:
Atividades desenvolvidas
Motivação pelo PGD
2.1. ( ) insatisfatório ( ) satisfatório ( ) com potencial 2.2. Descrição:
1.1. ( ) insatisfatório ( ) satisfatório ( ) com potencial 1.2. Descrição:
Público beneficiado
Tempo de funcionamento
Principais observações
Responsável pelo diagnóstico:
Contato:
Aspecto
Data:
Organização:
FERRAMENTA 5 – Modelo de diagnóstico do espaço para implementação de uma Garagem Digital
Caixa de Ferramentas
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Planejamento e plano de aula Registro Avaliação da formação inicial Apresentação da proposta de formação continuada
Planejamento
Encerramento
Projeto da Garagem Digital
Estrutura, procedimentos pressupostos e manutenção
Rede de Oportunidade
Projeto da Garagem Digital Detalhamento do projeto específico da Garagem Digital Relatório de atividades Construção da Matriz de Avaliação do Projeto da GD
Composição da equipe de profissionais da garagem Digital e atribuições de cada função.
Competências que o programa busca desenvolver no jovem Uso pedagógico das TICs Currículo Didática e Estratégias de ensino Interdisciplinaridade Pedagogia de Projetos Processo de avaliação Apresentação dos softwares usados no Programa e suas principais funções
Eixo 1: Formação de Jovens Eixo 2: Mobilização Comunitária
Inclusão Digital Comunidade Juventude Educação
Falas institucionais dos parceiros envolvidos Apresentação dos participantes Levantamento de expectativas Apresentação da pauta da Formação Inicial
Conteúdos específicos
Atribuições da equipe
Projeto educacional
Eixos educacionais PGD
Conceitos
Abertura oficial da Formação
Conteúdo
FERRAMENTA 6 – Temas e conteúdos da formação inicial dos educadores
Caixa de Ferramentas
* Ao final de cada aula é importante rever o planejamento e refletir se estamos no caminho certo, avaliar o processo (o que deu certo, o que não deu) e redirecionar as próximas ações.
Materiais necessários
Atividades propostas e desenvolvimento (como serão atingidos os objetivos propostos acima)
Objetivo do(s) encontro(s)
Educador de grupo/ Educador Web/ Monitor: ______________________________
Aula nº: _____ Nº de aulas disponíveis para conclusão do Projeto: _______
Mês: _________________ Produto Final: ___________________________
Data: ___/___/___ Turma:_______
FERRAMENTA 7 – Modelo de Plano de Aula
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Período (mês)
Nº de aulas disponíveis Ciências Sociais
Administração e Marketing
Arte e Design
Linguagem e Comunicação
TICs
Data de elaboração:
Áreas de Conhecimento: recortes a serem trabalhados no período
Garagem Digital de:
FERRAMENTA 8 – Modelo de Planejamento Macro
Produto(s) Final(is)
Estratégias a serem utilizadas
Caixa de Ferramentas
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________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ __________________________________________
início do desenvolvimento do seu trabalho junto à Garagem Digital?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Caixa de Ferramentas
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Comentários adicionais.
Na sua opinião a Formação Inicial ministrada pela Fundação Abrinq foi suficiente para o
Inicial justificando sua resposta.
Responda as questões abaixo de acordo com a sua vivência no processo de Formação
______________________________________________________________________
________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Muito bom
durante a Formação?
Bom
_____________________________________________________________________
Regular
Quais são os temas ou conteúdos que você gostaria que fossem mais bem trabalhados
Ruim
Comentários adicionais:
Dinâmicas utilizadas
Valorização da experiência trazida pela equipe e do contexto local durante o processo de formação
Adequação e relevância dos temas às necessidades da equipe
Aprendizagens adquiridas
Grupo – entrosamento, integração e participação
Condução e coordenação da Fundação Abrinq
Estratégias e metodologias utilizadas
Conteúdos abordados
Material de apoio disponibilizado aos educadores
Distribuição dos conteúdos e atividades ao longo do dia
Carga horária total da formação
Carga horária dia
Estrutura física
Aspectos Gerais
Eleja seu grau de satisfação quanto ao alcance das suas expectativas no processo da Formação Inicial.
Nome (opcional):
Período:
FERRAMENTA 9 – Instrumental de Avaliação da Formação Inicial
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E-mail:
Tel. Recado:
Tel.:
Cidade/ Estado:
CEP:
Ano em que participou da Garagem Digital:
Habilidades:
Áreas de interesse:
Outros cursos: Entidade / Escola: Concluído: Início:
( ) Tarde
( ) Tarde
( ) Sim Término:
( ) Sim Término:
( ) Manhã
( ) Manhã
Bairro:
Recado com:
Outros cursos: Entidade / Escola: Concluído: Início
Curso superior: Especificações do curso: Período em que estuda:
Nome da organização:
Cel.:
( )amarela ( )indígena
Série:
Complemento:
Endereço:
Número de pessoas que residem com o jovem:
Relação com o responsável:
Nome do responsável:
Renda domiciliar:
Nome da mãe: Ocupação:
Nome do pai: Ocupação:
Sexo: ( ) feminino
( )parda
( )masculino
( )negra
Cor/ Raça: ( )branca
Escola: Período em que estuda: Concluído em:
Data de nascimento: _____/_____/______
Idade:
Escolaridade:
Nome completo:
FERRAMENTA 10– Modelo de Cadastro dos Jovens para Formação
Turma:
( ) Noite
( ) Noite
( ) Não
( ) Não
Caixa de Ferramentas
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Realiza com facilidade
Realiza com dificuldade
Realiza com facilidade
Observações:
Não realiza
Realiza com dificuldade
Realiza com facilidade
Observações:
Não realiza
Realiza com dificuldade
Caixa de Ferramentas
Realiza com facilidade
10. Na área de trabalho, inserir como plano de fundo o animal que você encontrou na Internet.
5. Fazer o download de algum arquivo de som (wave, midi etc.) no caminho fornecido pelo educador onde se encontra sua pasta.
Realiza com facilidade
Observações:
Realiza com dificuldade
Observações:
Não realiza
Realiza com facilidade
Não realiza
Realiza com dificuldade
10. Enviar o documento TEXTO que você criou para a Área de Trabalho.
4. Encontrar na Internet um site de sons.
Realiza com facilidade
Observações:
Realiza com dificuldade
Observações:
Não realiza
Realiza com facilidade
Não realiza
Realiza com dificuldade
9. Inserir a figura do animal (arquivo BICHO) no início do texto sobre preservação ambiental e fechar o documento.
3. Salvar no lugar indicado pelo educador, dentro da pasta que você criou, a imagem do animal. Dar a esse arquivo o nome de BICHO.
Realiza com facilidade Observações:
Realiza com dificuldade
Observações:
Não realiza
Realiza com facilidade
Não realiza
Realiza com dificuldade
8. Editar o arquivo TEXTO, mudando a fonte, o tamanho e a cor da letra.
2. Procurar na Internet a imagem de um animal.
Realiza com facilidade Observações:
Realiza com dificuldade
Observações:
Não realiza
Realiza com dificuldade
Não realiza
7. Copiar no Microsoft Word o texto encontrado e salvá-lo na sua pasta com o nome TEXTO.
Observações:
Não realiza
6. Pesquisar na Internet um texto sobre preservação ambiental, utilizando um site de busca.
1. Criar uma pasta com o seu nome no lugar indicado pelo educador. (O educador fornece para o jovem um caminho na rede que leve a uma pasta já com algumas outras pastas e arquivos quaisquer gravados.)
Roteiro de observação das atividades (a ser preenchido pelo educador)
Avaliação das aprendizagens nas Tecnologias da Informação e Comunicação
Data de aplicação do questionário: ___/___/___
Avaliador: _____________________________________________________
Turma: _______________________________________________________
Nome: ________________________________________________________
FERRAMENTA 11 – Instrumental de avaliação do jovem pelo educador – Marco Zero
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Realiza com dificuldade
Realiza com facilidade
Realiza com dificuldade
Realiza com facilidade
Compositor e cantor de sucessos como: Abalou meu bem e Ninar com você, o músico está em seu terceiro CD. Até o momento todas as tiragens têm sido acima de 100.000 cópias e têm revelado margens impressionantes de venda, chegando a lhe render um disco de ouro.
Músico: Lúcio Andrade Característica musical: Música Popular Brasileira
Projeto artístico – “Meu mundo verde”
Seguem algumas informações importantes para execução da tarefa:
Um famoso músico popular brasileiro procura idéias inovadoras para o trabalho artístico da capa de seu mais novo CD, que tem como tema: Meu mundo verde. A sua turma e você foram as pessoas talentosas apontadas pela gravadora do músico para esboçar a criação e arte desta capa, que marcará com toda certeza um grande sucesso na MPB. O músico precisa de pelo menos 1 esboço de cada jovem, e vocês terão 3 dias para criar e entregar ao seu educador este trabalho. É importante lembrá-los que os trabalhos só serão aceitos se entregues todos no mesmo prazo. Para isso, será disponibilizado, nos próximos 3 dias, 30 min. da aula para execução desta prazerosa tarefa, assim vocês terão a oportunidade de utilizar todo o potencial artístico que possuem, somado aos recursos técnico-pedagógicos que a Garagem Digital oferece.
Diagnóstico de aprendizagens de Administração e Marketing e Arte e Design
Observações:
Não realiza
14. Enviar um e-mail para (e-mail do educador web da organização) com este comentário anexado.
Observações:
Não realiza
13. Salvar este comentário na sua pasta como COMENTARIO
Observações:
12. Abrir o Bloco de Notas do Windows e escrever um comentário com no mínimo 2 linhas sobre as atividades que você desenvolveu hoje. Não realiza Realiza com dificuldade Realiza com facilidade
Orientações sobre a utilização deste instrumental: Após o jovem criar e entregar a atividade proposta, Capa do CD, o educador deverá analisar o produto a partir das orientações abaixo. Após essa análise, escolherá a alternativa que melhor represente o nível de conhecimento do jovem sobre cada item e deverá somar as respostas satisfatórias, insatisfatórias e muito satisfatórias de cada questionário e registrar o resultado final por intermédio do sistema garagem digital. O objetivo é identificar o que os jovens já sabem sobre os conteúdos de Administração e Marketing e Arte e Design propostos no currículo, para então criar estratégias didáticas para expandir seus conhecimentos nas áreas diagnosticadas. Portanto, é muito importante preservar os questionários individuais, pois eles oferecem informações de cada jovem e norteiam o
Educador:
Data:
Turma:
Organização:
Nome:
Avaliação das aprendizagens: Administração/Marketing e Arte/Design – Instrumental de apoio ao educador
Mãos à obra e bom trabalho!
Premissa: Criatividade e espírito empreendedor! Atenção, não é exigido o uso do computador para esta tarefa. Sinta-se à vontade para criar sua proposta por outros meios e recursos que podem potencializar seu trabalho, ajudando-o a conquistar Lúcio Andrade como o seu mais novo cliente.
Desafio proposto: Criar uma capa de CD que traduza o estilo do cantor e as características de seu mais novo trabalho, contribuindo para que as vendas dos CDs de Lúcio Andrade sejam alavancadas. É importante lembrar que a apresentação do produto, incluindo o conjunto de informações contidas na capa, imagens usadas, cores, ilustrações e técnicas adotadas para o design gráfico sejam capazes de atrair um cliente e até ajudá-lo a decidir se ele compra ou não o CD.
Características do cantor e compositor: Sensível, ousado e polêmico. Estas são as três características mais marcantes de Lúcio Andrade. Famoso por suas manifestações públicas sempre envolvidas em sua inquestionável simpatia e estilo ímpar, e suas críticas contra o cenário atual de guerras e violência no Brasil e no mundo.
Características de suas músicas: Neste terceiro trabalho o objetivo é falar um pouco sobre a importância do meio ambiente nas nossas vidas e relações humanas. A principal música de trabalho é: Meu mundo verde, onde é cantado o amor e a gratidão do compositor e cantor por um Ipê amarelo onde ele conheceu sua amada.
Algumas orientações importantes para criação da capa de seu terceiro CD:
Caixa de Ferramentas
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Aspecto investigado: Técnicas de elaboração de layout e interfaces: correlação entre a imagem e a adequação nos produtos decorrentes (páginas na Internet, documentos impressos, formas geométricas); harmonia das imagens – disposição das imagens parciais dentro de um todo, reconhecimento das mensagens – subliminar, implícita e explícita.
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório Observações (com que base você chegou a esta resposta):
Aspecto investigado: Uso específico das fontes para validar a transmissão de mensagens diversas (folders, cartazes, logotipos, propagandas em geral). Nesse caso a fonte que validaria a transmissão da mensagem já foi determinada que era a Capa do CD, no entanto, vale analisar se os jovens se preocuparam em limitar o espaço da arte, já que estamos trabalhando com a idéia de uma capa de CD. E verificar se, com as informações que os jovens possuíam até o momento, foram utilizadas as técnicas mais adequadas como: desenho, programa de computador, ferramentas computacionais específicas e demais recursos que os jovens tinham em mãos no espaço da Garagem Digital. Ou seja, ele soube explorar seu conhecimento e os recursos disponíveis?
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório Observações (com que base você chegou a esta resposta):
Aspecto investigado: Tipologias: utilização de ícones para representação de conteúdos e produtos. A letra e técnica utilizada para transmitir uma determinada mensagem através da linguagem escrita fazem jus ao estilo musical e características do disco do cantor/ compositor? Ou seja, as frases dispostas na capa do CD estão coerentes com as informações encontradas no texto entregue aos jovens?
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório Observações (com que base você chegou a esta resposta):
Arte e Design: Aspecto investigado: O Sentido dos elementos de uma imagem. Foi entregue aos jovens uma orientação e proposta de atividade de elaboração de uma capa de CD para um famoso cantor. Considerando os elementos de uma imagem como transmissores de uma mensagem, analise a arte focando os seguintes aspectos: As figuras usadas na arte da capa do CD, incluindo as cores, formas, composição, luzes, sombras e movimentos, refletem o estilo musical, características do disco e do cantor/ compositor? Ou seja, as figuras eleitas para a capa do CD descrevem bem as informações oferecidas no texto entregue aos jovens?
planejamento das aulas rumo à demanda e ao ritmo da turma. Com a Capa do CD proposta pelo jovem em mãos, analise os seguintes aspectos:
Caixa de Ferramentas
Aspecto Investigado: Desenvolver habilidade e competências de argumentação, negociação, apresentação de produtos e propostas. Os jovens compartilharam entre si o resultado final de seus produtos? Eles discutiram entre
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório Observações (com que base você chegou a esta resposta):
Aspecto Investigado: Desenvolver a capacidade de propor ações, planejamento etapas, tarefas, papéis e procedimentos dentro de prazos e metas pré-estabelecidos, elaboração e implementação de projetos em geral. Os jovens tinham uma meta pré-estabelecida de 30 minutos por dia distribuídos em 3 dias para executar a tarefa, a meta foi cumprida? Todos os jovens entregaram a tarefa ao mesmo tempo? Eles questionaram o tempo? Tentaram negociar um tempo maior para a execução da tarefa?
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório Observações (com que base você chegou a esta resposta):
Aspecto Investigado: Planejar e organizar propostas e idéias que representem e projetem os produtos a serem construídos – Ex: Fluxograma, cronograma, organograma, gráficos etc. Os jovens, antes de executarem a tarefa, fizeram algum tipo de planejamento, plano de ação, rascunho, estudo, antes de definir o que fariam, como fariam e de que forma fariam, ou partiram logo para a produção? Eles se preocuparam, por exemplo, em olhar alguma capa de CD real para refletir sobre sua produção?
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório Observações (com que base você chegou a esta resposta):
Administração e Marketing Aspecto Investigado: Capacidade de investigar e diagnosticar as necessidades e características de um produto. Os jovens se preocuparam em entender plenamente o interesse do músico? Solicitaram em algum momento a intervenção de um dos educadores para ajudá-lo a compreender melhor a atividade proposta? Usaram de estratégias de pesquisa e investigação para executar a tarefa, como procurar imagens na Internet ou até mesmo desenhar as imagens? Ou seja, os jovens procuraram entender melhor a expectativa do cliente quanto ao produto solicitado, buscando atendê-la?
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório Observações (com que base você chegou a esta resposta):
É importante analisar se, para uma capa de CD, as informações oferecidas estão adequadas e são suficientes? Tem muita informação aglomerada dificultando a compreensão e decodificação da mensagem pelo receptor? As informações estão legíveis, claras e objetivas? O efeito da disposição das figuras, linguagem, cores e formas favorece o entendimento da mensagem?
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Diagnóstico de aprendizagens dos jovens em Ciências Sociais
Dentre as alternativas abaixo, assinale pelo menos duas que você avalia possuir neste momento de sua vida: ( ) Sou organizado em minhas demandas, conseguindo administrar bem o tempo e os compromissos em geral ( ) Quando tenho tarefas para desenvolver, fico perdido e preciso muito que os outros me orientem. ( ) Estou engajado em movimentos juvenis em geral – escolas, grêmios, eventos etc. ( ) Não gosto muito de participar de atividades comunitárias nem de movimentos juvenis. ( ) Consigo me apresentar de forma satisfatória em uma entrevista ou reunião, falando com tranqüilidade sobre minhas características, necessidades e objetivos de vida. ( ) Sempre que tenho que falar sobre mim, encontro muitas dificuldades e não sei o que dizer ou mesmo valorizar.
Dentre as alternativas abaixo, escolha apenas duas que, em sua opinião, representam os maiores desafios colocados para o desenvolvimento social: ( ) A utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação enquanto ferramentas para a promoção do acesso e da construção de conhecimento entre todas as pessoas. ( ) Maior ênfase em ações que assegurem continuamente o acesso a cestas básicas para a população de baixa renda. ( ) A centralização das definições de políticas públicas. ( ) A construção de redes: pessoas, sociedade civil organizada e setores dos governos definindo cada vez mais em conjunto os caminhos a serem trilhados e atuando também em parceria.
Você acha importante a participação dos jovens em espaços de definição e implementação de políticas públicas? Por quê?
O que diferencia um software livre de um software proprietário?
Quais são os impactos e/ou transformações que as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) têm trazido para o mundo de hoje?
Educador:
Data:
Turma:
Organização:
Nome:
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório Observações (com que base você chegou a esta resposta):
si? Articularam-se de alguma forma, conversaram sobre a tarefa, tentaram renegociar prazos, trocaram experiências? A tarefa gerou impacto na sala, revelando entusiasmo e motivação dos jovens em executá-la?
Insatisfatório: a resposta do jovem não apresenta os elementos abaixo. Satisfatório: a resposta do jovem apresenta um dos elementos abaixo. Muito Satisfatório: a resposta do jovem apresenta todos os elementos abaixo.
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório
Elementos que devem aparecer na resposta do jovem para avaliação de Linguagem e Comunicação: - coerência (texto com sentido, texto lógico, nexo entre os conceitos). - coesão (uso correto da lingüística). - cumpre a função informacional e comunicativa (texto apresenta precisão, clareza, ordenação). O que diferencia um software livre de um software proprietário?
Elementos que devem aparecer na resposta do jovem para avaliação de Ciências Sociais: - exigência de profissionais mais qualificados, com capacidade para tomar decisões e resolver problemas. - praticamente todas as profissões de hoje utilizam as TICs. - valorização do conhecimento. - mudança da produção em massa para a produção enxuta. - aumento do número de informações veiculadas. - aumento da velocidade de comunicação. - ampliação do acesso a informações. - exigência de pessoas mais críticas e capazes de participarem das atividades da sociedade.
Insatisfatório: a resposta do jovem apresenta até 3 dos elementos abaixo. Satisfatório: a resposta do jovem apresenta de 3 a 6 dos elementos abaixo. Muito Satisfatório: a resposta do jovem apresenta mais de 6 dos elementos abaixo.
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório
Quais são os impactos e/ou transformações que as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) têm trazido para o mundo de hoje:
Orientações sobre a utilização deste instrumental: Após o jovem responder às questões da ficha “Questões de Ciências Sociais”, o educador deverá analisar se os elementos elencados para avaliação encontram-se na resposta escrita pelo jovem. Após essa análise, escolherá a alternativa que melhor represente o nível de conhecimento do jovem sobre cada item.
Data:
Turma:
Organização:
Nome:
Avaliação das aprendizagens dos jovens em Ciências Sociais – Instrumental de apoio ao educador
Caixa de Ferramentas
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Espera-se que o jovem escolha as respostas a) e d). ( ) A utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação enquanto ferramentas para a promoção do acesso e da construção de conhecimento entre todas as pessoas. ( ) Maior ênfase em ações que assegurem continuamente o acesso a cestas básicas para a população de baixa renda. ( ) A centralização das definições de políticas públicas.
Insatisfatório: o jovem não escolheu as alternativas a ou d. Satisfatório: o jovem escolheu a ou d. Muito Satisfatório: o jovem escolheu as respostas a e d.
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório
Dentre as alternativas abaixo, escolha apenas duas que, em sua opinião, representam os maiores desafios colocados para o desenvolvimento social:
Elementos que devem aparecer na resposta do jovem para avaliação de Linguagem e Comunicação: - coerência (texto com sentido, texto lógico, nexo entre os conceitos). - coesão (uso correto da lingüística). - cumpre a função informacional e comunicativa (texto apresenta precisão, clareza, ordenação).
Elementos que devem aparecer na resposta do jovem para avaliação de Ciências Sociais: - Espera-se que a resposta do jovem seja positiva. - As políticas públicas devem ser definidas levando em conta as expectativas e necessidades dos vários segmentos da sociedade, entre eles a juventude. - Há expectativas e necessidades característicos da juventude.
Insatisfatório: a resposta do jovem não apresenta os elementos abaixo. Satisfatório: a resposta do jovem apresenta um dos elementos abaixo. Muito Satisfatório: a resposta do jovem apresenta todos os elementos abaixo.
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório
Você acha importante a participação dos jovens em espaços de definição e de implementação de políticas públicas? Por quê?
Elementos que devem aparecer na resposta do jovem para avaliação de Linguagem e Comunicação: - coerência (texto com sentido, texto lógico, nexo entre os conceitos). - coesão (uso correto da lingüística). - cumpre a função informacional e comunicativa (texto apresenta precisão, clareza, ordenação).
Elementos que devem aparecer na resposta do jovem para avaliação de Ciências Sociais: - O software livre traz a possibilidade de o usuário (conhecedor de programação) escrever, entender e modificar o código-fonte. - Software proprietário necessita de autorização do fabricante para utilização.
Caixa de Ferramentas
Função informacional e comunicativa (o texto apresenta precisão, clareza e ordenação) ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório
Coesão (é a representação lingüística da coerência, onde o jovem utiliza corretamente os mecanismos gramaticais e lexicais para comunicar o seu pensamento) ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório
Coerência (apresenta um texto com sentido, demonstra lógica na organização do pensamento, apresenta nexo entre os conceitos presentes no texto) ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório
Orientações sobre a utilização deste instrumental: Após o jovem responder às questões da ficha “Questões de Ciências Sociais”, o educador deverá analisar as respostas abertas, avaliando o nível de coerência, de coesão e de função informacional e comunicativa apresentada no conjunto dos textos. Elementos para avaliação de Linguagem e Comunicação:
Nome: Organização: Turma: Data: Educador:
Avaliação das aprendizagens dos jovens em Linguagem e Comunicação – Instrumental de apoio ao educador respondido com base no instrumental de Ciências Sociais
( ) Sou organizado em minhas demandas, conseguindo administrar bem o tempo e os compromissos em geral ( ) Quando tenho tarefas para desenvolver, fico perdido e preciso muito que os outros me orientem. ( ) Estou engajado em movimentos juvenis em geral – escolas, grêmios, eventos etc. ( ) Não gosto muito de participar de atividades comunitárias nem de movimentos juvenis. ( ) Consigo me apresentar de forma satisfatória em uma entrevista ou reunião, falando com tranqüilidade sobre minhas características, necessidades e objetivos de vida. ( ) Sempre que tenho que falar sobre mim, encontro muitas dificuldades e não sei o que dizer ou mesmo valorizar.
Insatisfatório: o jovem não escolheu as alternativas a , c ou e. Satisfatório: o jovem escolheu a alternativa a ou c ou e , mais qualquer outra. Muito Satisfatório: o jovem escolheu como resposta pelo menos duas das alternativas a, c ou e.
Nível de conhecimento apresentado pelo jovem nesta questão: ( ) Insatisfatório ( ) Satisfatório ( ) Muito Satisfatório
Dentre as alternativas abaixo, assinale pelo menos duas que você avalia possuir neste momento:
( ) A construção de redes: pessoas, sociedade civil organizada e setores dos governos definindo cada vez mais em conjunto os caminhos a serem trilhados e atuando também em parceria.
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1. Dados específicos:
Agosto Turma 2
0
0
0
Total
5ª feira
6ª feira
Sábado
2
0
0
Número máximo de pessoas atendidas no mês
0
0
0
0
2
2
2
2
3ª feira
4ª feira
Potencial máximo de Período de horas Tempo em Total de atendimento disponibilizadas no dia disponibilizado no mês (ex.: 19h às 20h) horas (ex.: 1) dias 2ª feira 1 0
Dados Gerais:
Acesso Livre
Março
Número de novas matrículas efetuadas no mês de agosto em decorrência de abandono de curso.
Turma 1
Número de jovens que abandonaram o curso
Número de jovens atendidos
Dados específicos do mês
Módulo de Formação dos Jovens
2. Observações:
Origem das pessoas N° de Pessoas Funcionários da Organização Atendidos em outros projetos da organização Ex-alunos do GD Lideranças comunitárias Professores ou educadores de Escolas vizinhas Comunidade Local* N/D Total 0 * Considerar comunidade local a do entorno geográfico de atendimento da organização parceira técnica onde a Garagem está inserida.
Acesso Livre Potencial máximo de atendimento Número de novos usuários cadastrados no mês Número total de atendimentos no mês
Março 0
• Consideramos abandono quando o aluno deixa de freqüentar o módulo de formação antes do término da carga horária proposta inicialmente.
1. Descrever os principais motivos do abandono do curso:
Dados Específicos:
FERRAMENTA 12 – Modelo de Relatório Quantitativo
2. Observações:
1. Descrever os principais interesses pelo acesso livre: 1- 2- 3- 4- 5 - 6- 7- 8- 9- 10-
Caixa de Ferramentas
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Número de turmas iniciadas no mês Total de pessoas atendidas no mês Abandono do curso Número de pessoas na lista de espera
Cursos Básicos
Dados Específicos:
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Nomear as organizações que foram articuladas para participarem de cada uma das ações acima:
da execução e objetivo):
Março
Descreva as ações (rodas, reuniões temáticas, seminários, oficinas, entre outras - incluindo data
Estratégias de Mobilização Comunitária
2. Carga horária prevista
1. Ocorre em quais dias e horários?
Cursos Básicos - Dados Gerais:
Cursos Básicos
3 4 5 6 7 8 9 10
1. Observações:
2
1
Nomes das pessoas presentes
Caixa de Ferramentas
Organização que representa
Nomear as pessoas e respectivas organizações presentes em cada uma das ações de mobilização:
Existe um público específico 2. sendo atendido? Qual? Ex.: Curso básico exclusivo para Lideranças Comunitárias. 3. Observações:
Descrever os principais motivos de abandono do curso: 1.
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0
Total de jovens beneficiados por oportunidades no mês
0
0
0
0
Total
2
3
4
5
Ramo de atividade
2
3
4
5
Tipo de Organização já cadastrada? Organização Ofertante Vínculo* Sim Não encaminhada FADC
1
Oportunidades
2. Descrever as oportunidades (de formação ou trabalho) e nomear as organizações ou empresas que ofertaram
*Empresas, ONGs, entidades de ensino e demais organizações ofertantes de oportunidades no mês – não repetir as cadastradas anteriormente.
1
Nome da organização
1. Discriminar as organizações cadastradas na Rede de Oportunidades durante o mês:
0
Nº de jovens participantes Nº de ex-alunos do módulo de formação do projeto anterior
Nº de jovens cadastrados na Rede de Oportunidades
Rede de Oportunidades
Dados Gerais e específicos:
Rede de Oportunidades
4. Considerações relevantes ou justificativas:
Nome da Organização/empresa Ofertante
*Numerar o vínculo de acordo com a legenda abaixo: 1- Bolsa de Estudos 2- Estágio 3- Apoio ao Empreendedorismo 4- Emprego (CLT) 5- Geração de renda 6- Curso 7- Outros: Descrever
4 5
2 3
1
Nome do Jovem
T ipo de vínculo*
3. Discriminar os nomes dos jovens que iniciaram uma nova oportunidade no mês:
Caixa de Ferramentas
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Objetivos específicos: Usar de forma otimizada e crítica as TICs para a construção de conhecimentos e a facilitação no processo de inserção no mundo do trabalho.
Tecnologia da informação e comunicação
3. Participação social dos jovens: interface com a área de Administração e Marketing - Protagonismo e empreendedorismo juvenil: conceituação, tipos de empreendedorismo e suas diferenças no mercado, premissas do ser empreendedor. - Desenvolvimento de capacidades de comunicação e expressão em atividades coletivas. - Desenvolvimento de habilidades de participação e organização em eventos sociais ligados a comunidade e juventude, de forma planejada e com mecanismos de avaliação. - A evolução e contextualização da comunidade local. - O que é desenvolvimento local.
2. O jovem e o mundo do trabalho: interface com a área de Administração e Marketing. - A evolução histórica do trabalho. - O sentido do trabalho humano e o impacto nas relações sociais. - As novas habilidades e competências exigidas no mundo do trabalho – trabalhar em grupo, iniciativa, liderança, planejamento etc. - Relação entre trabalho e emprego (empregabilidade e trabalhabilidade). - O que é projeto profissional: conceituação e entendimento da importância de um planejamento para a vida. - Tipos de trabalho e alternativas de geração de renda – legislações e Direitos individuais e coletivos, noções básicas de diversas formas de geração de renda.
1. A chamada Terceira Revolução Tecnológica: interface com a área de Tecnologia da Informação e da Comunicação. - A evolução histórica das tecnologias na sociedade. - O que é tecnologia. - História da informática. - O impacto nas relações sociais a partir da utilização da tecnologia da informação e comunicação. - Relações de poder no uso das TICs: software livre e proprietário.
Objetivos específicos: Contextualizar a relação entre sociedade contemporânea, juventude e trabalho, enfatizando as transformações advindas das novas tecnologias da informação e comunicação e do protagonismo e empreendedorismo juvenil.
Ciências sociais
Caixa de Ferramentas
6. Os recursos da Internet: interface coma área de Ciências Sociais - Primeiro aspecto: mais conceitual e social: O sentido da internet como ampliação da leitura de mundo e de acesso a outros universos culturais e sociais, o impacto e funcionalidade da comunicação virtual na sociedade, benefícios e praticidade dos serviços prestados pela Internet, a interatividade como veículo de aprendizagem, exercício da cidadania por meio da Internet. - Segundo aspecto: Usuário: criação e utilização de e-mail, pesquisas virtuais, criar e acessar disco virtual, buscas específicas, criar e beneficiar-se dos serviços virtuais, participação em chats, fóruns etc. - Terceiro aspecto: estrutura e funcionamento da Internet: conceito de provedor, domínio, tipos de conexão.
5. Softwares relevantes para a construção de um produto a partir das TICs: - Entendimento e utilização das ferramentas básicas dos seguintes softwares e recursos: Windows, Word, Excell, Powerpoint, Linguagem HTML, Photoshop, Fireworks, Flash, Dreamweaver: entender a funcionalidade, construir um produto, editar, armazenar e gerenciar dados e produtos, Utilizar ferramentas de ajuda – tutorial, explorar formas diferentes de usar cada software – por ícones, menu e atalho.
4. Editor de texto - Produção, formatação e organização de textos. - Barras de ferramentas e suas principais funções. - Organização e manipulação de arquivos: Abrir, Editar, Configurar, Salvar, Renomear, Imprimir, Excluir, consultar tamanho e características, mudar de lugar, anexar, localizar etc.
3. Sistema Operacional - Tipos diferentes de sistemas operacionais (plataformas livres e proprietárias) e suas principais funções.
2. Utilização de equipamentos tecnológicos diversos conforme demandas dos projetos dos jovens: Datashow, tela de projeção, máquina fotográfica digital, filmadora, microfone, gravadores etc.
1. O funcionamento do computador: Os componentes de um computador, conceito de unidade central e periféricos (impressora, scanner, estabilizador, caixas de som, adaptadores, no-break, teclado, driver, gabinete, torre, suporte de monitor, mouse pad, dispositivos de entrada e saída (cabos de conexão: rede, impressora, teclado, mouse, CPU, outros). - Elementos de um sistema de informática (hardware, software, usuário). - Cuidados com os equipamentos. - Interface baseada em ícones. - Gerenciamento de arquivos. - Noções das ferramentas de ajuda. - Evolução da informática.
FERRAMENTA 13 – Temas e conteúdos da Formação dos Jovens
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1. O sentido dos elementos de uma imagem: Cores, formas, composição, texturas, linhas, figura/fundo, luzes, sombras e movimentos, como transmissores de uma mensagem.
Objetivos específicos: Criar produtos de divulgação e expressão de seus projetos com recursos básicos da linguagem da comunicação impressa e virtual
Arte e design
3. Trabalho e Atitude Empreendedora: interface com a área de Ciências Sociais - Discussão sobre a economia do trabalho e sua organização social. - Aspectos e peculiaridades do trabalho e do emprego. - Estilos de atividades de geração de renda – estruturas e requisitos. - O que é um empreendedor e um empreendimento – noções gerais do que vem a ser plano de negócios - Pesquisa e mapeamento das principais tendências do mercado e modelos gerenciais. - Características de um empreendedor – análise e conceituação - A identificação de oportunidades e planos de ação para concretização de metas individuais e coletivas
2. Habilidade de planejamento e autogestão - Desenvolver a capacidade de propor ações, planejando etapas, tarefas, papéis e procedimentos dentro de prazos e metas pré-estabelecidos – Elaboração e implementação de projetos em geral e dentro dos demais eixos do programa. - Planejar e organizar propostas e idéias que representem e projetem os produtos a serem construídos - Desenvolver habilidades e competências de argumentação, negociação, apresentação de produtos e propostas.
1. O jovem e seu projeto profissional: interface com a área de Ciências Sociais. - O que é um projeto. - Funções de um planejamento profissional. - Premissas e orientações sobre os recursos de auto apresentação: currículo, página pessoal, portifólio etc. - Planejamento e elaboração monitorada de produtos ligados a sua trajetória de vida e suas buscas profissionais – página pessoal, elaboração de currículo profissional. - Noções de marketing – pessoal e social.
Objetivos específicos: Planejar, organizar, executar e gerenciar projetos de ordem pessoal, profissional e social, por meio do desenvolvimento de habilidades e competências ligadas ao marketing pessoal e ao espírito empreendedor.
Administração e marketing
4. A importância da comunicação para o Mundo do trabalho - Estilos de comunicação e expressão no contexto profissional. - Formas e contextos de comunicação na juventude.
3. Netiqueta - Características e utilização de códigos e recursos da linguagem e comunicação na Web.
2. Linguagem de hipermídia - Conceito e função. - Produção e interpretação de códigos e linguagens diversas (sons, imagens etc). - Uso e entendimento da linguagem não linear e interativa das TICs.
1. Funções do texto/discurso - Conceito e função da linguagem e comunicação. - Clareza na transmissão e interpretação de uma mensagem – oral e escrita. - Entendimento dos diferentes tipos de linguagem (formal/informal, publicitária, iconográfica). - Elaboração e produção de textos diversos. - Utilização de regras gramaticais básicas. - Leitura, análise e interpretação de textos.
Objetivos específicos Ampliar a capacidade de ler, interpretar e criar diferentes tipos de textos e discursos em prol de seus projetos.
Linguagem e comunicação
3. Técnicas de elaboração de layout em diferentes recursos de comunicação: - Correlação entre a imagem e o uso nos produtos decorrentes (páginas na Internet, documentos impressos, currículo etc). - Harmonia e disposição das imagens. - Reconhecimento das mensagens – subliminar, implícita e explícita.
2. Tipologias: interface com as TICs - História da tipologia, relacionando-a com os significados e significantes culturais – utilização de ícones para representação de conteúdos e produtos. - Uso específico das fontes para validar a transmissão de mensagens diversas (folders, cartazes, logotipos, propagandas em geral etc).
Caixa de Ferramentas
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Qual? Indicar, dentre os ativos levantados na coluna à esquerda, quais poderiam ser parceiros do projeto.
Todos os ativos
Levantar os ativos da comunidade, tais como: Secretaria de Educação, escolas (públicas e privadas), igrejas, hospitais, empresários locais (pessoas físicas e jurídicas), dentre outros.
O que este potencial parceiro faz? Qual a sua área de atuação?
O que faz?
Reflita na perspectiva das 4 dimensões da sustentabilidade: política, sociocultural, tecnológica e econômica.
De que forma este parceiro pode contribuir com a iniciativa?
Como pode ser parceiro?
FERRAMENTA 14 – Plano de Ação de Sustentabilidade
Que tipo de ações e tarefas a equipe do projeto precisa propor para que esta potencial parceria se efetive? Reuniões? Seminários?
Ações e tarefas
Qual o prazo para desenvolvimento das ações e tarefas propostas?
Prazo
Caixa de Ferramentas
Quem são os responsáveis na equipe pelas ações e tarefas?
Responsáveis
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Referências AFONSO, Carlos. Brasil: GESAC, SCD, FUST, XPTO... E a inclusão digital? La Insignia. Madrid, 15 fev. 2004. Disponível em: <http://www.lainsignia.org/2004/febrero/ cyt_004.htm>. Acesso em: maio 2007. CANDAU, Vera (org.). Reinventar a escola. Petrópolis: Vozes, 2001. COMUNIDADE VIRTUAL MÍSTICA. Trabalhando a internet com uma visão social 2002. Disponível em: <http://funredes.org/mistica>. Acesso em: 20 set. 2007. CONSELHO NACIONAL DE JUVENTUDE. Política Nacional de Juventude: diretrizes e perspectivas. 2. ed. São Paulo: Conselho Nacional de Juventude; Fundação Ebert Stiftung, 2006. DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir (relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI). São Paulo; Brasília: Cortez; UNESCO Office Brasilia/MEC, 1998. GUIMARÃES, Nadya Araújo. Trabalho: uma categoria-chave no imaginário juvenil? In: ABRAMO, Helena; BRANCO, Pedro Paulo Martoni. Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Instituto Cidadania; Fundação Perseu Abramo, 2005. p. 149-74. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo demográfico. Brasília: IBGE, 2001. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio – PNAD. Brasília: IBGE, 2007. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC); INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Sinopse da educação básica 2006. Brasília: MEC/INEP, 2006. Disponível em: <www.inep.gov.br/basica/ censo/Escolar/Sinopse/sinopse>. Acesso em: 21 set. 2007. _______. Sinopse da educação básica 2005. Brasília: MEC/INEP, 2006. Disponível em: <www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/Sinopse/sinopse>. Acesso em: 21 set. 2007. NOVA escola. São Paulo: Editora Abril, n. 154, ago. 2002. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo sócio-histórico. São Paulo: Editora Scipione, 1995.
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Garagem Digital com vista para o mundo
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ISBN 978-85-88060-33-3
9
788588
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