Premio Criança 2009

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Conselho de Administração Presidente: Synésio Batista da Costa Vice-Presidente: Carlos Antonio Tilkian Secretária: Regina Helena Scripilliti Velloso Conselheiro Honorário: Fernando Henrique Cardoso (Ex-presidente da República) Membros: Albert Alcouloumbre Júnior, Antônio Carlos Ronca, Antonio Delfim Netto, Beatriz Sverner, Bento José Gonçalves Alcoforado, Boris Tabacof, Daniel Trevisan, David John Currer Morley, Eduardo José Bernini, Fernando Machado Terni, João Nagano Júnior, José Carlos Grubisich, José Eduardo Planas Pañella, José Roberto Nicolau, Lourival Kiçula, Maria Ignês R. de Souza Bierrenbach, Nelson Fazenda, Oscar Pilnik, Roberto Oliveira de Lima, Therezinha Fram e Vitor Gonçalo Seravalli Conselho Fiscal Membros: Audir Queixa Giovanni, Charles Kapaz, Geraldo Zinato, João Carlos Ebert, Márcio Ponzini e Mauro Antonio Ré Conselho Consultivo Presidente: Jorge Broide Vice-presidente: Miriam Debieux Rosa Membros: Antônio Carlos Gomes da Costa, Araceli Martins Elman, Dalmo de Abreu Dallari, Edda Bomtempo, Felicia Knobloch, Geraldo Di Giovanni, Isa Guará, João Benedicto de Azevedo Marques, Lélio Bentes Corrêa, Leoberto Narciso Brancher, Lídia Izecson de Carvalho, Magnólia Gripp Bastos, Mara Cardeal, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto, Maria de Lourdes Trassi Teixeira, Maria Machado Malta Campos, Marlova Jovchelovitch Noleto, Melanie Farkas, Munir Cury, Norma Jorge Kyriakos, Oris de Oliveira, Percival Caropreso, Rachel Gevertz, Rubens Naves, Silvia Gomara Daffre e Tatiana Belinky Secretaria Executiva Gerente de Desenvolvimento de Programas e Projetos: Denise Maria Cesario Gerente de Desenvolvimento Institucional: Victor Alcântara da Graça Equipe: Fernanda de Figueiredo Ribeiro, Gislaine Cristina de Carvalho, Mariana Mello Amirabile, Patrícia Maria Antunes, Renata Alencar Viola, Renato Alves dos Santos, Tatiana de Jesus Pardo Lopes, Tatiana Martins Viana da Silva, Vanessa Alves, Viviam Carrion

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Assessoria de Marketing e Imprensa Equipe: Ana Claudia Pereira, Erika Saizaki, Felipe Martins Dantas Pereira, Gláucia Buscariolo, Hélio José Perazzolo, Jacqueline Rezende Queiroz, Kátia Gama do Nascimento, Milene de Oliveira Sousa Silva, Petronilha Ferreira de Quadros, Tatiana Cristina Molini, Tatiana Pereira Rodrigues Núcleo de Tecnologia da Informação Equipe: Bruno Gouveia Schoola, Bruno Martins Nogueira, Daniela Maria Fonseca, Diego Azevedo do Nascimento, Fernanda de Matos Casqueira, Vânia Ferreira Silva Santos Núcleo Administrativo-Financeiro Equipe: Alain Joseph Moujaes, André Luiz de Araújo, Cristiane Rodrigues, Fernanda de Fátima da Silva, Gisele Correa Ghirardelli, Hugo Jucelys Lima dos Santos, Maria do Carmo Neves dos Reis, Maria Dolores de Oliveira, Mônica Aparecida de Oliveira Lucas, Paulo Rogério Pires, Shirlen Aparecida de Lima Áreas Direito à Educação Equipe: Amélia Isabeth Bampi Paines, Arlete Felício Graciano Fernandes, Gregório dos Reis Filho, Hérica Aires do Prado, Lívia Ache Nolla, Nelma dos Santos Silva, Priscila Silva dos Santos Direito à Proteção Especial Equipe: Andréia Lavelli, Lilyan Regina Somazz Reis Amorim, Márcia Cristina Pereira da Silva Thomazinho, Marisa Cedro de Oliveira, Michelly Lima Antunes, Pablo Finotti Direito à Proteção Integral Equipe: Andreza Adami, Bárbara Accioly Cotrin de Carvalho, Daniela Queiroz Lino, Elaine Cristina Rodrigues Barros Galvão, Gerson Lopes Alves, Ivone Aparecida da Silva, Letícia Souto Maior, Jacqueline Teixeira de Araújo, Luis Enrique Tavares Júnior, Marília Correia dos Santos, Regilene Caiafá de Melo Nunes

ISBN: 000000000000000000000


PRÊMIO CRIANÇA

2009 São Paulo, novembro de 2009

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Indice

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Carta do Presidente

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Perfil do Prêmio Criança

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Iniciativas Finalistas

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A Roda do Sol

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Atividade Brasileirinhos

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Educação Infantil: Prevenindo a Deficiência, Promovendo a Inclusão

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Programa de Aleitamento Materno

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Programa Fazendo Minha História

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Programa Família - Abrindo Caminhos

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Projeto Lugar de Palavra

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Projeto Vale a Vida - Juntos por um Futuro Melhor

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Promovendo o Desenvolvimento de Crianças com Desnutrição: Uma Nova Concepção

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SAP - Sala de Apoio Pedagógico

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Perfil do Homenageado

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Linha do Tempo


Carta do Presidente Neste ano comemoramos os 20 anos do Prêmio Criança. Instituído em 1989, o prêmio foi uma das primeiras ações da Diretoria de Defesa dos Direitos da Criança da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, núcleo que origina a Fundação Abrinq. Criado antes mesmo da própria Fundação Abrinq, o prêmio identifica e reconhece iniciativas diferenciadas de organizações sociais e empresas no atendimento às crianças pequenas, gestantes e parturientes. Recentemente, voltou-se a homenagear profissionais que contribuem para o desenvolvimento integral das crianças brasileiras na primeira infância, sendo, este ano, a categoria de pediatra. Nesse período, em 17 edições, já reconhecemos 64 projetos voltados à primeira infância e localizados em diversas regiões do Brasil. Desde 2002, optamos por reconhecer iniciativas que tem como foco esta etapa, que vai de 0 a 6 anos, pelo fato das experiências vivenciadas nesse período influenciarem, por toda a vida, a criança e sua relação com as pessoas que a rodeiam. Os primeiros seis anos da criança são fundamentais para o desenvolvimento de suas estruturas, física e psíquica, e de suas habilidades sociais. Esta é também uma fase de maior vulnerabilidade, que demanda proteção e um ambiente seguro, acolhedor e propício ao desenvolvimento de suas potencialidades. Acreditamos que as dez iniciativas aqui apresentadas, finalistas entre 355 inscritos, têm grande potencial para servirem de inspiração a projetos sociais de todo o país. Desejamos que estas páginas emocionem e inspirem outros projetos a investirem nesta fase única e preciosa da vida que é a primeira infância.

Synésio Batista da Costa Presidente

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Perfil Premio Crianca ^

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O Brasil é referência mundial no que diz respeito à legislação destinada à infância e à adolescência. Fomos o primeiro país da América Latina - e um dos primeiros do mundo - a implementar um Estatuto com o que há de melhor na normativa internacional, ao que se refere à promoção e à defesa de direitos da criança e do adolescente. O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - representa um divisor de águas na história da infância brasileira. O mais notável é que ele foi produzido por meio de um extraordinário processo de mobilização ética, social e política, que envolveu representantes do judiciário, poder público e de movimentos sociais. Em um país em que mais de 10% da população (mais de 18 milhões) tem até 6 anos de idade, faz-se necessário uma legislação que seja compreendida de forma legítima, e principalmente, implantada efetivamente. Afinal, o número de crianças na primeira infância no Brasil é superior à população total de países como Chile, Equador ou Cuba. Pesquisas e estudos revelam avanços no cenário da infância brasileira, como redução do trabalho infantil e queda no índice de mortalidade infantil. A taxa de mortalidade

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infantil, por exemplo, caiu de 46,9 mortes para cada 1000 nascidos vivos, em 1990, para 24,9 mortes, em 2006. (Caderno Brasil 2008, Unicef ). Quanto ao trabalho infantil, há 19 anos, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho, 6 milhões de crianças abaixo de 13 anos trabalhavam no Brasil. Hoje, são 993 mil: uma significativa redução. Na educação infantil, os dados do censo escolar de 2008 mostram um crescimento de apenas 3,2% do total de matrículas em creches e pré-escolas, em nosso país. O que é preocupante, pois quando uma criança é recebida no âmbito escolar somente depois dos seis anos, perde-se a garantia de uma boa alfabetização. Isto porque as crianças e jovens, filhos de uma maioria de pais com baixo índice de escolarização, têm na escola uma das únicas oportunidades para a sua formação. O processo de desenvolvimento infantil necessita de atividades que vão além dos cuidados de assistência à saúde, alimentação, proteção e guarda da criança. Por isso, com o objetivo de reconhecer as melhores práticas voltadas à primeira infância, que se destacam por sua atuação, a Fundação Abrinq criou o Prêmio Criança. Alcançando sua 17ª edição, o Prêmio Criança já reconheceu 64 iniciativas voltadas à melhoria da qualidade de vida de crianças e adolescentes de todo o país, seguindo os Princípios Norteadores que são indicativos considerados pela Fundação Abrinq

fundamentais para definir qual atendimento possui qualidade para a primeira infância. Eles foram definidos com o auxílio de especialistas em educação, saúde, proteção e investimento social privado e podem ser consultados no site da Fundação Abrinq. Neste ano, dos 355 projetos sociais que se inscreveram, foram selecionados 20 semifinalistas, que receberam a visita da equipe técnica e de especialistas da Fundação Abrinq nos meses de julho e agosto. Todo o processo de seleção foi conduzido por uma equipe da Fundação Abrinq com apoio de um Comitê Técnico formado por especialistas em temas relacionados à primeira infância e de uma Comissão Julgadora. A partir das visitas, foram selecionadas as 10 iniciativas finalistas que você poderá conhecer a seguir. Sendo a primeira infância uma fase única e preciosa da vida, em que se formam as conexões cerebrais que asseguram o pleno desenvolvimento intelectual, psicológico e social do ser humano, iniciativas que zelam por bebês, crianças, suas mães e sua família merecem atenção redobrada de toda a sociedade. Nesse contexto, a Fundação Abrinq, por meio do Prêmio Criança, busca reconhecer e divulgar iniciativas de todas as regiões do país, ampliando o número de crianças beneficiadas e possibilitando influenciar políticas públicas que assegurem um bom começo de vida às crianças pequenas no Brasil.

Fontes Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD 2008 - IBGE. Caderno Brasil 2008, Unicef.

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Iniciativas F inalistas A Roda do Sol Associação de Apoio ao Trabalho Cultural, Histórico e Ambiental - Lucena/PB

Atividade Brasileirinhos Associação de Assistência à Criança Cardíaca e à Transplantada do Coração - São Paulo/SP

Educação Infantil: Prevenindo a Deficiência, Promovendo a Inclusão Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Itajaí - Itajaí/SC

Programa de Aleitamento Materno Visteon Sistemas Automotivos Ltda - Guarulhos/SP

Programa Fazendo Minha História Instituto Fazendo História - São Paulo/SP

Programa Família - Abrindo Caminhos Núcleo Educacional da Santa Casa de Diadema - Diadema/SP

Projeto Lugar de Palavra Núcleo de Atenção à Violência - Nova Iguaçu/RJ

Projeto Vale a Vida - juntos por um futuro melhor Vale do Ivaí S/A Açúcar e Álcool - São Pedro do Ivaí/PR

Promovendo o Desenvolvimento de Crianças com Desnutrição: uma nova concepção Instituto de Prevenção a Desnutrição e a Excepcionalidade - Fortaleza/CE

SAP - Sala de Apoio Pedagógico Casa de Apoio a Criança com Câncer Durval Paiva - Natal/RN

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Curar e educar Um porto seguro. Isso é o que precisam muitas crianças que vivem em situação de vulnerabilidade social, em Lucena, localizada a 48 km de João Pessoa, na Paraíba. E é exatamente isso que o Projeto A Roda do Sol se propõe a oferecer: um lar, onde além de carinhoso acolhimento, as crianças recebem proteção, cuidados e aprendizagem.

O município de Lucena cresceu desmatando parte dos mangues do Rio Paraíba. No verão, recebe turistas que duplicam a população da cidade, tendo como consequência problemas que agravam as condições de insalubridade da população, tais como a falta de saneamento básico, a deficiência na coleta de lixo, a deterioração do meio ambiente, a exploração sexual, alto índice de infecções por HIV, uso abusivo de álcool, entre outros. Nesse contexto, a iniciativa A Roda do Sol, desenvolvido pela Apôitchá – Associação de Apoio ao Trabalho Cultural, Histórico e Ambiental, tornou-se referência na região por promover a proteção integral de crianças de baixa renda com e sem deficiência, que são ou convivem com portadores do vírus HIV e que são vítimas de violência em casa e de abuso sexual. No seu dia a dia, lidando com crianças em situação de risco social, a organização sentiu a necessidade de desenvolver um projeto que tivesse atendimento inclusivo para grávidas infectadas com o vírus HIV e para crianças de baixa renda com deficiência. Não havia nem serviço de apoio para as mães, nem para os bebês. Em 2004, ao dar assistência e proteção a uma adolescente de 17 anos soropositiva, que morava na rua com sua criança recém-nascida, a Apôitchá começava uma nova iniciativa dirigida à comunidade de Lucena, o projeto A Roda do Sol. Constituído em Casa Lar, Jardim de Infância e Espaço de Saúde, o Projeto apoia e oferece moradia temporária, além de atendimento escolar e de saúde, a crianças que estão em situação de extrema vulnerabilidade social e pessoal. A Educação Infantil aplicada se baseia nos princípios da Pedagogia Waldorf, de Rudolf Steiner, que atua no desenvolvimento físico, emocional e espiritual da criança, com estímulo de atividades artísticas e artesanais. Já os atendimentos de saúde incluem terapias complementares como fisioterapia, fonoaudiologia, cromoterapia, entre outras. O projeto busca fortalecer suas ações atuando em parceria com o Juizado da Infância e Juventude, a Corregedoria do Estado, escolas públicas, Conselhos de Direito, de Educação e Tutelar, secretarias de governo, universidades, organizações sociais, família e comunidade. Após a união de esforços e da contratação de uma equipe constituída por educadores, psicólogos, médicos e assistentes sociais, projeto decolou e no último ano foram atendidas 52 crianças de 0 a 6 anos e 5 gestantes que receberam cuidados diários na organização. Há sessões de terapia psicológica, homeopatia, fisioterapia, terapia floral, cromoterapia e reiki. Além do brilho nos olhos das crianças, veem-se outros frutos do projeto. Inicialmente a evasão escolar era muito maior. As crianças abandonavam a escola ainda analfabetas após permanecerem por quatro ou cinco anos na mesma série, geralmente no primeiro ano do Ensino Fundamental. Agora, com o projeto, a desistência dos alunos caiu, enquanto o interesse pelos estudos tem crescido. O ganho de autoestima e segurança nas crianças se traduz na busca de um projeto de vida saudável, que inclui a educação e a cidadania.

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ra já brinca com “Antes minha filha nem andava, ago tras pessoas. ou diversas crianças e gosta de estar com espero ainda cio, Valeu a pena estar aqui desde o iní que ela fale e que o projeto evolua”. Solange, mãe de Maria da Guia, 9

anos, menina com paralisia cerebral

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Iniciativa: A Roda do Sol Local de Atuação: Lucena/PB Organização: Apôitchá - Associação de Apoio ao Trabalho Cultural, Histórico e Ambiental Público atendido pela iniciativa em 2008 0 a 3 anos: 30 4 a 6 anos: 22 Crianças e adolescentes nas demais faixas etárias: 28 Gestantes: 5 Famílias: 50 Principais Parceiros da Iniciativa Banco de Alimentos do Sesc Escola Waldorf de Recife Faculdade Ciências Médicas Governo Estadual da Paraíba IS – Serviço Internacional Prefeitura Municipal de Lucena Remar Terre Des Hommes Holanda Universidade Federal da Paraíba

Apôitchá - Associação de Apoio ao Trabalho Cultural, Histórico e Ambiental Rua Projetada s/n – Loteamento Sol de Lucena Lucena/ PB – CEP: 58315-000 Tel/Fax: (83) 3293 1376 E-mail: apoitcha@apoitcha.org Site: www.apoitcha.org 11


Coracao aberto ,

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Proporcionar uma vivência criativa, comunitária e alegre, transformando um momento de preocupação e ansiedade em diversão e aprendizagem, é desta forma que a Atividade Brasileirinhos atua.

O tratamento de crianças com problemas cardíacos não é tarefa fácil – especialmente para a família, que precisa manter a calma, a persistência e o otimismo diante de diagnósticos preocupantes. A Associação de Assistência à Criança e ao Adolescente Cardíacos e aos Transplantados do Coração - ACTC - é o colo amigo e protetor nessas horas delicadas e difíceis, ao acolher crianças e adolescentes portadores de doenças cardíacas e seus familiares, na casa de apoio, em São Paulo. Todos recebem a assistência que necessitam durante o tempo em que permanecem ali para realização de cirurgias e nos retornos periódicos para exames, consultas e reavaliação médica. Desde a sua fundação, a organização já realizou mais de 208.436 atendimentos. O serviço é totalmente gratuito e se mantém graças à contribuição de pessoas físicas e jurídicas. Em 2004, a associação implantou a Atividade Brasileirinhos para fornecer hospedagem, alimentação e atendimento multidisciplinar às crianças indicadas para transplante no Instituto do Coração - InCor. A iniciativa que se propõe a trazer alegria e leveza ao cotidiano da criança que possui graves problemas, elevando sua autoestima e cuidando de seu desenvolvimento emocional, atende atualmente cerca de 100 crianças de 0 a 6 anos. Mães e filhos em busca de superação e conforto encontram, nessa casa, alegria, criatividade e conhecimento. A organização desenvolve programas para transformar a situação-problema em crescimento e aprendizado. As mães também participam de atividades como bordado e artesanato, onde além do apoio, elas recebem capacitação. O projeto conta com a parceria da Escola Vera Cruz, de São Paulo, e tem como objetivo estimular as crianças a participarem de atividades lúdicas e educativas, para que elas reconheçam seu potencial e mantenham o astral elevado. Assim, rodas de leitura, aulas de culinária e sessões musicais captam a atenção dos pequenos e de seus pais. Ao usar o corpo em dramatizações, ouvir uma história engraçada, aprender a tocar um instrumento ou ainda participar de uma roda de conversa com integrantes de diferentes idades e de variadas partes do Brasil, a criança se afasta de seu problema e percebe a grandeza das possibilidades da vida. As crianças, que são provenientes dos mais variados cantos do país e possuem idades diversas, desenvolvem capacidades e habilidades que elevam a sua autoestima e segurança em atividades como as de culinária que são oferecidas em ambiente divertido e propiciam momentos de prazer e descontração, ao mesmo tempo em que são transmitidas orientações sobre a preparação de pratos saudáveis para uma dieta equilibrada. Por meio da curiosidade natural que cada um guarda dentro de si, a criança desperta para novos conhecimentos. Os resultados têm sido estimulantes, pois, de certa forma, as atividades auxiliam o sucesso do tratamento médico e o bem-estar emocional, essencial para driblar dificuldades no decorrer do processo de cura.

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ciona disciplina, “A Atividade Brasileirinhos propor a filha aprendeu conhecimento e aprendizagem. Minh do bem” ven a compartilhar mais e está se desenvol Débora Oliveira, mãe e acompanhan

te de Milena Oliveira, de 6 anos

Iniciativa: Atividade Brasileirinhos Local de Atuação: São Paulo/SP Organização: Associação de Assistência à Criança e ao Adolescente Cardíacos e aos Transplantados do Coração Público atendido pela iniciativa em 2008 0 a 3 anos: 35 4 a 6 anos: 73 Crianças e adolescentes nas demais faixas etárias: 230 Famílias: 338 Principais Parceiros da Iniciativa Fundação Zerbini Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Prefeitura do Município de São Paulo Secretaria de Participação e Parceria de São Paulo

Associação de Assistência à Criança e ao Adolescente Cardíacos e aos Transplantados do Coração - ACTC Rua Oscar Freire, 1463 - Pinheiros São Paulo/SP – CEP: 05409-010 Tel (11) 3088 7454 – Fax: (11) 3088 2286 E-mail: actc@actc.org.br Site: www.actc.org.br 13


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Sem preconceitos

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Os primeiros anos de vida da criança são fundamentais para o seu pleno desenvolvimento, e acreditando nisso, a APAE de Itajaí, em Santa Catarina, desenvolve um projeto que previne as deficiências, orienta e apoia a família além de colaborar para a construção de uma sociedade mais solidária.

No ano de 2004, foi implantada a iniciativa Educação Infantil, Prevenindo a Deficiência, Promovendo a Inclusão, com o objetivo de favorecer o desenvolvimento de crianças com ou sem deficiência, desenvolvida pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE – de Itajaí. Atualmente, a organização atende 49 crianças de 0 a 6 anos que recebem assistência nos aspectos cognitivo, afetivo e social, para que cresçam de forma saudável e sejam incluídos na sociedade. O projeto estimula as mães a trazerem os filhos ao atendimento e comparecerem às orientações. Muitas delas não conseguiam cumprir a periodicidade das atividades, no início, alegavam não ter com quem deixar as crianças, ou atribuíam as faltas às ocupações com trabalho profissional e afazeres domésticos, desta forma, a baixa frequência era constante e prejudicava seriamente o desenvolvimento da criança. Por acreditar, que todo processo de desenvolvimento infantil é influenciado pelo contexto sócio-cultural, a iniciativa concentra suas forças na conscientização dessas mães e pais, para que eles possam se motivar para apoiar o desenvolvimento e a aprendizagem de seus filhos, desde o nascimento. Além da deficiência primária, conhecida como biológica, existe também a secundária, que envolve as relações sociais e familiares e toda a interação da pessoa ao longo de sua vida. O projeto Educação Infantil visa atuar sobre a prevenção e extinção da deficiência secundária, promovendo oportunidades de aprendizagem que resultam no desenvolvimento das potencialidades dessa criança. Para ampliar as possibilidades de aprendizagem e aumentar a frequência das crianças na escola, há o atendimento especializado feito com a família, onde participam os alunos que possuem impressões de atraso no desenvolvimento neuro psicomotor - DNPM e/ou deficiência e um familiar. O objetivo é qualificar a mãe ou responsável para ajudar no desenvolvimento global da criança. Assim, são formados grupos de, no máximo, seis pessoas, duas vezes por semana, com orientações da professora responsável. São momentos preciosos para perceber a relação família/filho, orientar a mãe na dinâmica com a criança e na importância das ações rotineiras, como banho, alimentação e troca de fralda, ampliando o conhecimento sobre as necessidades específicas de cada uma. O atendimento também é feito de forma individual, duas vezes por semana, quando são desenvolvidas estratégias pedagógicas que possibilitam a organização da estrutura do pensamento do aluno. A ação, feita em período integral, inclui não somente crianças com deficiência, mas também aquelas que não apresentam qualquer problema. A todas é oferecida a oportunidade única de conviver com a diferença e aceitar a singularidade de cada um. Isso, sem dúvida, viabiliza a inclusão, enquanto combate preconceitos e tabus sociais. As crianças são sempre acompanhadas por uma equipe interdisciplinar, que engloba a presença de clínico geral, assistente social, psicóloga, terapeuta ocupacional, dentista, fisioterapeuta, fonoaudióloga, nutricionista, coordenadora pedagógica e professoras. Ao mesmo tempo, as famílias são orientadas a estimular seus filhos e a valorizar suas potencialidades, rompendo o ciclo de preconceito.

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muito com “A escola é muito boa, pois contribui Mateus. Tem o crescimento e desenvolvimento do jetos para seu boa estrutura física e realiza bons pro ou em escola desenvolvimento. Meu filho já estud s nenhuma particular, municipal e estadual, ma APAE.” oa possui tanto suporte profissional com José Marcos Leffeck, pai de Mateus

Bernal Leffeck, 6 anos

Iniciativa: Educação Infantil: Prevenindo a Deficiência, Promovendo a Inclusão Local de Atuação: Itajaí/SC Organização: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE Público atendido pela iniciativa em 2008 0 a 3 anos: 25 4 a 6 anos: 24 Famílias: 49 Principais Parceiros da Iniciativa Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - COMDICA Cooperativa de Saúde – Unimed Fundação Catarinense de Educação Especial Governo Municipal de Itajaí Instituto Guga Kurten Universidade do Vale do Itajaí – Univali

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE Av. Joca Brandão, 537 - Centro Itajaí /SC – CEP: 88301-441 Tel (47) 3348 8813 – Fax: (43) 3348 8813 r.25 E-mail: apae.itj@terra.com.br Site: www.apaeitajai.org.br 15


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A favor da mae Amamentar é um direito que a sociedade deve garantir a toda mulher e a toda criança. Este é o princípio do Programa de Aleitamento Materno desenvolvido pela empresa Visteon Sistemas Automotivos, localizada em Guarulhos, na capital paulista. A iniciativa orienta e apoia a mãe na volta da licença-maternidade, estimulando-a a prosseguir com a amamentação. Voltar à rotina da empresa e conseguir manter o aleitamento exclusivo é um dos desafios da mãe que trabalha. Nessa fase, muitas mulheres acabam interrompendo a rotina das mamadas por causa da ansiedade e da preocupação em conciliar esses dois mundos tão conflitantes: a maternidade e a carreira. Com isso, elas perdem a oportunidade de alimentar seus bebês com o alimento mais perfeito e adequado para a saúde deles: o leite materno. Este tipo de leite é tão completo que supre 100% das necessidades do bebê. O alimento contém elementos nutricionais e protetores que ajudam na digestão e evitam infecções, alergias, diarreias e outras complicações. O melhor é que o aleitamento além de estimular na criança a liberação de endorfina, hormônio associado à sensação de prazer e bem-estar, transmite anticorpos e favorece tanto o bebê, como a mãe que se beneficia desse vínculo tão especial. Ao dar de mamar, ela estabelece seu primeiro elo com a criança, construindo mais rapidamente uma relação de afeto e carinho. Foi pensando nisso que a Visteon decidiu criar o Programa de Aleitamento Materno, que estimula e auxilia as funcionárias da empresa a coletar de maneira segura e confortável o leite para o seu bebê. É uma forma de dar apoio especial à mulher no período em que retorna da licença-maternidade, quando ela precisa de ajuda para prosseguir com os cuidados da amamentação. Desde a implantação do programa, em agosto de 2005, a Visteon conseguiu alcançar 120 mulheres de várias áreas da empresa e motivá-las, foram coletados 103.307ml para seus próprios bebês, e 31.801ml foram doados ao Banco de Leite. A funcionária que volta ao trabalho é recebida em uma sala devidamente equipada e certificada pelo Banco de Leite Humano do Município de Guarulhos. Nesse local, ela recebe o material necessário para o transporte (nécessaire, frasco estéril e gelok) e pode coletar de maneira segura o seu leite, com a orientação de uma técnica em enfermagem que a ensina a retirar o leite manualmente e armazená-lo. Ao término do expediente, o leite guardado em local próprio e sob temperatura adequada pode ser levado para casa para alimentar o bebê. Se a mãe tiver uma produção grande de leite e desejar doar, o Banco de Leite de Guarulhos recolhe na empresa as doações semanalmente. Depois de coletado e pasteurizado, o leite é destinado aos bebês prematuros internados na Maternidade Jesus José e Maria do Hospital Geral de Guarulhos, e na UTI Pediátrica do Hospital da Criança, todos localizados no município. No ano passado, mais de 31 bebês recém-nascidos internados nas maternidades públicas da cidade receberam leite materno provenientes de funcionárias da empresa. Todo o programa foi desenvolvido com a parceria da Secretaria da Saúde e do Banco de Leite de Guarulhos. Além disso, a Visteon promove campanhas e palestras de conscientização para motivar as funcionárias que voltam da licença-maternidade. O programa garante tranquilidade às mães e suas famílias ao orientar, incentivar e ensinar as funcionárias que elas não devem desistir nesse momento. Promover a continuidade do aleitamento oferece um mundo de vantagens físicas, psíquicas e emocionais ao bebê.

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anos e outro de 8 meses. “Sou mãe de dois garotos, um de 4 s recebi orientações Aprendi muito com o programa, poi de como alimentar importantes sobre o leite materno e encial a empresa manter corretamente os meus filhos, acho ess para eles, onde eu posso esse espaço tanto para mim, quanto sário para ordenha. ter a tranquilidade e o conforto neces meus filhos por mais os Graças ao programa pude amamentar ntação saudável. ” tempo, garantindo a eles uma alime Lande Cássia Barbosa da Silva – 41

anos, funcionária

Iniciativa: Programa de Aleitamento Materno Local de Atuação: Guarulhos/SP Empresa: Visteon Sistemas Automotivos Ltda Público atendido pela iniciativa em 2008 0 a 3 anos: 10 (filhos de funcionárias) + 31 (bebês que receberam doação) Gestantes: 10 Principais Parceiros da Iniciativa Banco de Leite Humano de Guarulhos Secretaria de Saúde de Guarulhos

Visteon Sistemas Automotivos Ltda Av. Orlanda Bergamo, 1000 - Jd. Cumbica Guarulhos/SP – CEP: 07220-901 Tel (11) 2678 9169 E-mail: emaurino@visteon.com Site: www.visteon.com 17


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Albu m da esperanca Que história tem uma criança que mora em um abrigo? Muitas vezes abandonadas e vítimas de maus tratos, elas podem crescer achando que não merecem ter orgulho de suas vidas e de suas trajetórias. Contudo, a proposta inovadora de envolvê-las na confecção de suas autobiografias é uma prova de que, por meio das palavras e das figuras, não há limites para os sonhos.

Iniciativa vanguardista, que funciona em vários estados brasileiros, o Programa Fazendo Minha História abre espaço para que crianças e adolescentes, moradores de abrigos, criem seus álbuns de histórias e assim possam fortalecer a sua autoestima e identidade. Por acreditar que toda criança deve se desenvolver de forma plena e saudável, confiando em si própria e nas suas potencialidades, o Instituto Fazendo História começou o Programa na cidade de São Paulo, em 2002, e hoje está presente em 30 abrigos nos municípios de Apucarana (PR), Campinas (SP), Duque de Caxias (RJ), Foz do Iguaçu (PR), São Luís (MA), São Paulo (SP) e Presidente Prudente (SP), beneficiando 160 crianças de 0 a 6 anos. O Programa é um trabalho que se apoia nos pressupostos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e que enxerga a criança a partir de sua história de vida. Como maior parte dessas crianças tiveram sua história roubada – por episódios de abandono, negligência e violência – torna-se absolutamente fascinante e transformador para eles o exercício lúdico de reconstruir, junto ao universo da literatura e da fantasia, a sua própria biografia, a sua própria história. É na biblioteca e no contato com os livros que se inicia este trabalho de criação. Em cada abrigo, os educadores leem contos e histórias que transportam as crianças para outro universo: o da imaginação. Ao folhear e conhecer os livros de perto, eles começam a se interessar pela leitura e passam a querer se transformar nos heróis de suas próprias aventuras. Aos poucos, surgem identificações, lembranças e revelações. Os educadores são capacitados para desenvolverem atividades de forma que a criança não se sinta pressionada a falar, mas a qualidade do vínculo, que se estabelece pautado em uma relação de confiança, favorece esse processo e tudo se torna natural. Com isso, as oficinas de leitura e os encontros semanais vão se tornando cada vez mais estimulantes e ricos. Fotos, desenhos, relatos e entrevistas vão formando um grande quebra-cabeça, o álbum de história de cada uma daquelas crianças. O programa dura aproximadamente um ano, o tempo necessário para que haja uma ligação forte entre o educador e a criança. É um período em que ela também reflete sobre sua história, sobre perdas e ganhos e, o mais importante, aprende a olhar com carinho para a sua trajetória pessoal. O Programa Fazendo Minha História dá às crianças a oportunidade de construir, com a ajuda de pessoas queridas como os educadores, familiares e amigos do abrigo, uma biografia mais feliz. Com este livro, recheado de fotos, desenhos e depoimentos, a criança se sente parte importante da comunidade e tem no seu álbum não só um registro de sua identidade, mas também um passaporte de esperança para uma vida melhor.

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as da minha “[O álbum] é onde eu escrevo págin que eu não vida, onde eu guardo alguns segredos gosto que os outros vejam.” Jéssica, 14 anos, autora de seu álbu

m de história.

Iniciativa: Programa Fazendo Minha História Local de Atuação: Apucarana (PR), Campinas (SP), Duque de Caxias (RJ), Foz do Iguaçu (PR), São Luís (MA), São Paulo (SP), Presidente Prudente (SP) Organização: Instituto Fazendo História Público atendido pela iniciativa em 2008 0 a 3 anos: 50 4 a 6 anos: 110 Crianças e adolescentes nas demais faixas etárias: 220 Gestantes: 13 Educadores e Técnicos: 170 Principais Parceiros da Iniciativa AlmapBBDO Banco Paulista Credit Suisse Hedging-Griffo Estater Instituto HSBC Solidariedade Marítima Seguros Ministério da Cultura Secretaria Municipal de Assistência Social Socopa Corretora Tocave

Instituto Fazendo História Rua Alberto Faria, 1308 – Alto de Pinheiros São Paulo/SP – CEP: 05459-001 Tel (11) 3021 9889 E-mail: contato@fazendohistoria.org.br Site: www.fazendohistoria.org.br 19


Mais próximo da fa milia ´

A família tem um papel fundamental na construção do futuro dos seus membros e no bem-estar como um todo é primordial educar de forma integral a criança, capacitando-a para torná-la uma pessoa consciente de seus direitos e deveres, autônoma, que respeita a si e o mundo que o cerca.

É desta forma que o Programa Família - Abrindo Caminhos trabalha de forma a complementar o trabalho sociopedagógico oferecido às 310 crianças de 1 a 6 anos do Núcleo Educacional da Santa Casa de Diadema (Creche Estado de Israel e Projeto Toninhos, na região Norte, Creche Espaço Nova Conquista, na região Leste, e Creche Santa Terezinha, Extremo Norte do município). O trabalho é articulado entre os profissionais de pedagogia, serviço social, psicologia e nutrição, para atuar diretamente com o aluno e a família, envolvendo os pais ou responsáveis em todas as fases do processo. Os resultados animam: em 2008 houve um aumento de 45% no índice de alunos com autoestima elevada, redução de 6% nos casos encaminhados para acompanhamento social, redução de crianças desnutridas e mais da metade concluiu o ano com conceito “bom” de aprendizado. Isto demonstra que a participação efetiva da família em todos os momentos do aprendizado da criança é fundamental para o seu desenvolvimento. Para a efetividade do programa, a organização identifica as necessidades da comunidade onde a criança e a família residem, a partir de um recurso bastante eficiente: o “Mapeamento Social”, uma pesquisa com diagnóstico realizado periodicamente. A partir daí são traçados os planos de educação e de assistência social que são desenvolvidos ao longo do ano. Entre as estratégias usadas no planejamento do programa estão as realizações de orientação da família, por meio de entrevistas, visitas e acompanhamento com assistente social; avaliação da criança de forma a orientá-la para uma alimentação adequada, com atendimento feito por nutricionistas; aproximação da família na rotina escolar, por meio de atividades realizadas em casa e na instituição, articuladas com os programas públicos de atendimento e com a rede de serviços comunitários. Um dos trabalhos que engloba o projeto é o incentivo e motivação da equipe profissional, por meio de iniciativas como o “Concurso de Ideias”, que possibilita aos educadores inventarem alguma atividade diferente para realizar com as crianças, além disso, durante o planejamento pedagógico, é realizada uma votação, em que a melhor autora é premiada e considerada destaque do mês. Já para fortalecer os laços entre as crianças e familiares, e elevar a autoestima de ambos, são realizados eventos como o “Concurso Culinário”, em que as mães com dotes culinários de cada creche enviam uma receita de sua autoria, de preferência que tenha sido escolhida pelos filhos, e a nutricionista elege a melhor. A vencedora, além de ganhar um certificado, é encarregada de preparar o prato para as crianças. As palestras também são importantes momentos para a troca de experiências e desafios da convivência familiar, pois orientam e proporcionam algumas horas de descontração. A partir de critérios de avaliação como participação nos encontros, reuniões e atividades; leitura da agenda; organização do material e mochila e cuidados básicos com as crianças, são eleitas, trimestralmente, as famílias que se destacam nas creches.

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pessoas para “É bom saber que o projeto tem estas faz com que nos ouvir. Vir até aqui e poder falar eu me sinta melhor.” João Victor Luciene Maria de Oliveira, mãe de do te (Projeto Toninhos – da região nor a de Diadema) Núcleo Educacional da Santa Cas

Iniciativa: Programa Família – Abrindo Caminhos Local de Atuação: Diadema/SP Organização: Núcleo Educacional da Santa Casa de Diadema Público atendido pela iniciativa em 2008 0 a 3 anos: 184 4 a 6 anos: 126 Crianças e adolescentes nas demais faixas etárias: 185 Famílias: 408 Principais Parceiros da Iniciativa FUMCAD - Petrobras Heraeus Electro-Nite Tirreno Ind.Com.Produtos Químicos Ltda

Núcleo Educacional da Santa Casa de Diadema Rua Dois de Julho, 465 - Jardim Canhema Diadema/SP – CEP: 09940-541 Tel (11) 4071 1300 – Fax: (11) 4071 1098 E-mail: social@santacasa.diadema.com.br Site: www.santacasadiadema.org.br 21


Rompendo o silencio ^

Dar voz a crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica, que conseguem verbalizar suas angústias e transformar suas vidas, é isso que o Projeto Lugar de Palavra realiza, no município de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Nele as crianças falam das situações traumáticas e constroem novas formas de se relacionar em família e no contexto social.

A violência doméstica traz consequências significativas na vida de crianças e adolescentes que podem apresentar depressão, ansiedade, transtornos psicológicos, além de baixo rendimento escolar, entre outros graves problemas. Desenvolvido pelo Núcleo de Atenção à Violência – NAV – desde 2007, o Projeto Lugar de Palavra dedica-se a romper esse perverso ciclo de violência em um trabalho voltado para a infância e a adolescência. Como o próprio nome do projeto deixa antever, a ideia principal é a de que a criança encontre um lugar em que sua palavra tem valor, onde possa ser escutada e atendida e falar sem medo de ser punida. Afinal, muitas vezes, ela vive uma situação de violência doméstica por longos períodos sem conseguir pedir ajuda, pois a maior parte dos abusos envolve pessoas próximas como pais, parentes e vizinhos, a criança pode ter sentimentos contraditórios, como amor e ódio, medo e confiança. Essa confusão emocional é trabalhada no atendimento psicoterápico, que tem como diferencial também ouvir e tratar o autor da agressão, em geral uma referência para a vítima. O projeto acredita que não basta punir ou isolar os autores da agressão, mas sim que eles precisam ser ouvidos e receber atendimento para que se conscientizem de sua responsabilidade e não repitam esses atos. A iniciativa surgiu depois de constatar que muitas crianças vítimas de violência não eram atendidas por falta de marcas corporais e evidências físicas, valorizadas pelas áreas jurídica e médica. Esse fato levou os fundadores do NAV a desenvolverem um trabalho que atuasse com as “marcas subjetivas”, como os traumas, medos e desajustes. No último ano foram atendidas 31 crianças de 0 a 6 anos e 5 gestantes. Seu histórico demonstra que em dois anos de funcionamento já foi possível atender 472 pessoas – 44% são de crianças, 33% de adolescentes e 23% de autores de agressão – e, por isso, o projeto tem sido reconhecido como essencial na redução dos quadros de violência doméstica do município, que incluem abuso sexual, violência física e psicológica, negligência e risco social. A iniciativa oferece assistência social, jurídica, de saúde, de educação e, principalmente, psicológica. A equipe do projeto busca, junto com a criança e seus familiares, desenvolver ações que facilitem a reconstrução de suas vidas, por isso desenvolve atividades socioeducativas, esportivas, culturais e reuniões semanais de capacitação de profissionais da rede da Justiça, da Assistência Social, da Educação e da Saúde, com supervisão constante da equipe da organização. Os resultados são animadores e estimula para que a iniciativa prossiga em sua luta pela erradicação da violência. Depois do tratamento, as crianças conseguem retomar a rotina escolar e suas vidas, e na medida do possível, reconstruir seus laços familiares e sociais.

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escola. Minha filha voltou a frequentar a dela, a Hoje, ela dorme sozinha no quarto s. Eu sei noite toda, e não tem mais pesadelo que isso tem a ver aqui com o NAV.” E.B., 25 anos, mãe de V., 6 anos

Iniciativa: Projeto Lugar de Palavra Local de Atuação: Nova Iguaçu/RJ Organização: Núcleo de Atenção à Violência Público atendido pela iniciativa em 2008 0 a 3 anos: 12 4 a 6 anos: 19 Crianças e adolescentes nas demais faixas etárias: 225 Gestantes: 5 Famílias: 260 Principais Parceiros da Iniciativa Petróleo Brasileiro S/A - Petrobrás

Núcleo de Atenção à Violência R. José de Assis Ferreira, 227 – Centro Nova Iguaçu/ RJ – CEP: 26285-590 Tel (21) 3773 5835 / 7674 6145 – Fax: (21) 3773 5835 E-mail: nav@nav.org.br Site: www.nav.org.br 23


Boa hora! Momento único na vida de uma pessoa, o nascimento do filho transforma radicalmente o cotidiano da família, especialmente da mãe. Há muito para saber e fazer. Num misto de alegria e ansiedade, várias dúvidas permeiam a mente da gestante. Será que vai dar tudo certo na hora do parto? Saberei cuidar direito do meu bebê? E se o meu leite secar? Meu marido vai ajudar? Vou ter que parar de trabalhar?

Desde agosto de 2005, a empresa Vale do Ivaí Açúcar e Álcool, em parceria com a Pastoral da Criança, promove ações preventivas para a gestante e seu bebê no Projeto Vale a Vida - Juntos Por Um Futuro Melhor, que é desenvolvido junto à comunidade e funcionárias no município de São Pedro do Ivaí, no Paraná, e São Miguel do Cambuí, em Minas Gerais. No ano de 2008, a iniciativa foi ampliada e uma equipe de saúde da empresa realiza as ações recomendadas pelo manual do projeto para as gestantes colaboradoras da empresa de outros 13 municípios, alcançando o total de 255 atendimentos por ano. A maioria das mulheres e famílias que participam é de baixa renda, além disso, as regiões atendidas apresentam índices alarmantes de adolescentes grávidas - de acordo com dados do Ministério da Saúde-Datasus que constam nos Indicadores do Milênio das Mesorregiões do Paraná de 2007, em São Pedro do Ivaí, 20,3% das gestantes são mães adolescentes com até 20 anos de idade – o que justifica a necessidade da implantação do projeto que prioriza o ensino às mamães de primeira viagem a cuidar de uma criança, e de si, nesse momento tão importante de suas vidas. O Projeto Vale a Vida tem o propósito de assistir o desenvolvimento integral da criança, da concepção ao nascimento, mas a iniciativa também tem como objetivo ampliar a qualidade de vida familiar e os vínculos, além de buscar auxiliar os pais a criarem os filhos de forma saudável, com consciência e responsabilidade. O que, consequentemente, acaba por reduzir a mortalidade infantil e melhorar a saúde física e emocional das gestantes. Entre as estratégias adotadas, estão as atividades desenvolvidas pela Pastoral da Criança e as palestras ministradas por colaboradores da empresa. Estas ações abordam temas como aleitamento materno e necessidades nutricionais para mãe e bebê, relacionamento conjugal e familiar, depressão pós-parto, e cuidados com o recém-nascido. Neste último caso, o projeto disponibiliza banheiras, bonecos, fraldas e mamadeiras para os treinamentos. Quem frequenta os encontros recebe um kit com o enxoval do bebê, além de uma cartilha preparada por especialistas nos assunto. O conteúdo traz informações sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, com foco nos direitos e deveres das famílias, planejamento familiar, aleitamento materno e seus benefícios, sexo na gravidez, os cuidados com a criança e a importância dos exames, inclusive as gestantes são encaminhadas às consultas de pré e pós natal com acompanhamento da empresa. Os resultados vêm melhorando ano a ano. Em 2008, 100% dos partos realizados nas regiões atendidas pelo Projeto Vale a Vida foram assistidos por profissionais qualificados de saúde. Também aumentou o número de exames pré-natal que diminuíram os números de mortalidade infantil, assim como os de acidentes domésticos.

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, foi muito “Como vou ser pai pela primeira vez der e importante participar para eu apren necessários e conhecer sobre os primeiros cuidados a responsabilidade de ser pai”. s Márcio Cristiano de Freitas, 30 ano í, fez o curso com a esposa). Iva do e (funcionário da empresa Val

Iniciativa: Projeto Vale a Vida – Juntos Por Um Futuro Melhor Local de Atuação: São Pedro do Ivaí/PR Empresa: Vale do Ivaí S/A Açúcar e Álcool Público atendido pela iniciativa em 2008 0 a 3 anos: 255 Gestantes: 255 Principais Parceiros da Iniciativa Pastoral da Criança - PR Departamento de Saúde de Fronteira - MG

Vale do Ivaí S/A Açúcar e Álcool Estrada Marisa Km 03 – Industrial São Pedro do Ivaí /PR – CEP: 86945-000 Tel (43) 3451 8000 E-mail: valeria.costa@valedoivai.com.br Site: www.valedoivai.com.br 25


Várias formas de olhar a crianca Cada criança é única. Partindo dessa premissa, a iniciativa amplia seus horizontes e caracteriza-se pelo respeito à complexidade de cada uma no seu processo de desenvolvimento e nas suas relações com os pais, família e sociedade.

Potencializar o desenvolvimento de crianças vulneráveis e fortalecer os vínculos entre elas e seus cuidadores são os principais objetivos da iniciativa Promovendo o Desenvolvimento de Crianças com Desnutrição: Uma Nova Concepção, desenvolvido pelo Instituto de Prevenção à Desnutrição e à Excepcionalidade (Iprede), em Fortaleza, no Ceará. No último ano a iniciativa atendeu 800 crianças de 0 a 6 anos. O trabalho é pautado em cinco grupos de atividades. No Acolhimento se dá o primeiro contato da criança e de sua mãe com a entidade. Ambas são recepcionadas com afeto e respeito, encaminhadas às atividades lúdicas, onde participam de vivências interativas para fortalecer o vínculo com a família e a equipe de profissionais. Estas atividades têm como princípio os quatros pilares da escola reflexiva: aprender a ser, aprender a conviver, aprender a fazer e aprender a aprender. Também neste grupo, a criança é avaliada em seu desenvolvimento, para definir suas condições e necessidades básicas de assistência. Outros dois grupos se dividem na assistência às crianças: o de Mediação se baseia em uma abordagem interdisciplinar por meio de uma equipe composta por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos, especialistas em relacionamento humano e que estão preparados para ajudar a criança e orientar seu cuidador, geralmente a mãe. Já o grupo de Intervenção, conveniado ao Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce (NUTE), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, atua com crianças que precisam de estímulo mais intenso para o seu desenvolvimento neuropsicomotor. A parceria tem como objetivo auxiliar, diagnosticar e intervir no desenvolvimento de crianças com comprometimento neuropsicomotor e sensorial. O setor conta com uma equipe composta por assistente social, psicólogo, neurologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. Todo o trabalho é realizado com enfoque na realidade sócio-econômica e emocional da criança e da família. Estudos recentes têm mostrado que as crianças que apresentam problemas de desnutrição sofrem atrasos em seu desenvolvimento psicomotor, emocional e social, e que através do estimulo das áreas comprometidas podem ter uma melhor qualidade de vida e uma melhor aprendizagem. Quem passa pela ampla sala da Psicomotricidade se depara com materiais como bola, corda, espaguete, bambole, caixa de papelão e sucatas. Estes objetos são utilizados nas atividades de jogos livres e dirigidos, uma forma de facilitar a relação entre a criança e o especialista. Com estas ações, as crianças com déficit global são estimuladas de forma a prevenir problemas de relacionamento familiar, social e dificuldades de aprendizado. O trabalho também abrange a orientação do comportamento diário da criança, para fortalecer seus limites sociais, e a compreensão de seus pais e familiares sobre a importância do brincar e da relação afetiva para o desenvolvimento físico e mental de seus filhos. E para complementar o trabalho, o Grupo de Cuidadores tem como objetivo promover o fortalecimento das competências intra e interpessoais dos cuidadores e das crianças assistidas na instituição. Nesse grupo, tem sido dada uma ênfase especial às condições de saúde mental das mães e ao problema de violência doméstica. Com um trabalho integrado, a iniciativa promove a melhoria na qualidade de vida das crianças atendidas.

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é de “O trabalho desenvolvido no projeto ca e extrema importância para saúde físi dar mental da minha filha, aprendi a cui melhor dela e de sua alimentação.” Maria Rute, 23 anos, mãe de Raíla

Viana de 4 anos

Iniciativa: Promovendo o Desenvolvimento de Crianças com Desnutrição: Uma Nova Concepção Local de Atuação: Fortaleza/CE Organização: Instituto de Prevenção a Desnutrição e a Excepcionalidade - Iprede Público atendido pela iniciativa em 2008 0 a 3 anos: 400 4 a 6 anos: 400 Família: 500 Principais Parceiros da Iniciativa Secretaria de Saúde de Fortaleza Fundação da Criança e da Família Cidadã Secretaria de Desenvolvimento Social do Município – SEMAS Fundação Beto Studart Cooperativa de Trabalho Médico – Unimed Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce - NUTEP

Instituto de Prevenção a Desnutrição e a Excepcionalidade - Iprede Rua Professor Carlos Lobos, 15 – Cidade dos Funcionários Fortaleza/CE – CEP: 60160-120 Tel (85) 3218 4000 – Fax (85) 3218 4047 E-mail: iprede@iprede.org.br Site: www.iprede.org.br 27


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Porque a vida nao para É muito difícil para a família descobrir uma doença crônica num ente querido. Especialmente quando a idade dele não soma dois dígitos. Porém, é importante saber que durante a fase de tratamento, atividades importantes como estudar, interagir com os coleguinhas e brincar, além de serem primordiais para o seu desenvolvimento, as libertam dos problemas e as deixam mais felizes.

Idealizado pela Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, que ampara crianças com câncer e doenças hematológicas crônicas, a iniciativa SAP - Sala de Apoio Pedagógico tem como foco educação, a busca pela cura, o bem-estar e a inclusão social. Localizada em Natal, Rio Grande do Norte, a SAP atende em média 220 crianças e adolescentes por mês, na instituição e no hospital e, desse total, cerca de 52 têm de 0 a 6 anos. A iniciativa defende que não é porque a criança está passando por uma fase difícil que ela não pode estudar, brincar, jogar, construir e se relacionar com os outros. Esses momentos, ao contrário, são uma boa oportunidade para ela se entregar às atividades, esquecendo suas apreensões. Isso eleva a autoestima e promove uma melhor qualidade de vida, especialmente da mãe e/ou familiares, que se alegram ao ver que seus filhos não se afastam totalmente dos estudos, enquanto recebem cuidados médicos. O projeto é realizado tanto no hospital como na organização e conta com três pedagogas e voluntários da comunidade. Estes profissionais realizam um acompanhamento escolar, que vai desde o resgate pelo interesse de aprendizado, até a reinserção da criança na escola de origem após a alta médica, tudo com o mínimo de perdas possíveis. As crianças que ainda não estudam também podem ter sua primeira experiência escolar na Sala de Apoio Pedagógico, de acordo com a sua idade e nível pedagógico. Entre as atividades externas desenvolvidas, o Passeio Terapia é um dos mais esperados. Ocorre toda quinta-feira e proporciona aos pacientes e seus acompanhantes passearem em diversos lugares da cidade, como museus, praias, parques, shoppings, prédios históricos, pontos turísticos, teatros e escolas. Durante essas visitas, as crianças despertam para um novo conhecimento e interagem com um mundo novo, de diversidade cultural, no qual ela também está inserida. Sob essa ótica, o passeio ainda funciona como meio de inclusão. Há outras atividades multidisciplinares, como o espaço ludoterápico, onde as crianças são estimuladas, individualmente ou em grupo, a trabalharem com seus conflitos e dificuldades emocionais e expressar seus sentimentos com a ajuda de um psicólogo. Além disso, a nutricionista faz o acompanhamento da alimentação de cada criança, a dentista orienta e trata dos problemas decorrentes dos medicamentos, que afetam em especial a boca, há jogos de faz-de-conta, atividades no laboratório de informática e do projeto Viva a Leitura que incentiva o prazer de ler e o imaginário infantil. Os resultados obtidos na SAP transformam a vida e melhoram o tratamento, pois a criança se vê inserida em um ambiente afetivo, escolar e que incentiva a construção de conhecimentos e habilidades.

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minha filha precisou “A escolinha da SAP é muito boa, oeceu e passou a se afastar da escola dela quando ad l Paiva. Quando frequentar a salinha da Casa Durva m admiradas, pois ela voltou a estudar, as professoras ficara abas das palavras” as síl já conhecia as letras e sabia juntar Isabele Rodrigues de Brito, mãe de

Maria Heloisa Rodrigues da Silva.

Iniciativa: SAP – Sala de Apoio Pedagógico Local de Atuação: Natal/RN Organização: Casa de Apoio a Criança com Câncer Durval Paiva Público atendido pela iniciativa em 2008 0 a 3 anos: 13 4 a 6 anos: 39 Crianças e adolescentes nas demais faixas etárias: 167 Famílias: 219 Principais Parceiros da Iniciativa BNB – Banco do Nordeste do Brasil Campanha Criança Esperança Secretaria Estadual de Educação do RN

Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva Rua Clementino Câmara, 234 – Barro Vermelho Natal/RN – CEP: 59030-330 Tel (84) 4006 1600 – Fax: (84) 4006 1601 E-mail: cacc@caccdurvalpaiva.org.br Site: www.caccdurvalpaiva.org.br 29


Perfil do Homenageado

O bem a frente da medicina social Esse ano, o Prêmio Criança homenageia uma categoria profissional muito especial: a pediatria. Afinal a sua importância ultrapassa a gama de conhecimentos, pois é tarefa destes médicos proteger e cuidar do ser humano em uma de suas fases mais delicadas, que requer mais atenção e, em muitos casos, sensibilidade. Foram 32 indicações de organizações sociais, hospitais, secretarias de saúde pública e faculdades, todos mobilizados pela causa da infância e adolescência. Indicada pelo Infans – Unidade de Atendimento do Bebê, e por sua atuação junto a crianças de zero a seis anos, gestantes e parturientes, em Salvador, Bahia, a pediatra, Dra. Jocete Fontes, destaca-se pelo seu trabalho. Suas ações vão além dos cuidados com a saúde dos seus pequenos pacientes, são

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em prol da garantia dos direitos e bem-estar da criança. Com 28 anos de carreira, Jocete há 15 se dedica ao trabalho voluntário nas comunidades populares e de risco social, na capital baiana e em outros locais do Brasil. Por onde passa, esta médica carismática conquista muito respeito e reconhecimento, graças a sua competência, entusiasmo e amor pelo que faz. Humanista, acredita que a prática da medicina não deve se limitar apenas às evidências, mas que é preciso incluir a conversa olho no olho com a criança, antes de expô-la a exames e intervenções desnecessárias, respeitando o universo e saber de cada uma. É uma defensora ativa do parto natural: em


parceria com um obstetra, já realizou mais de 250 procedimentos domiciliares, e está sempre disponível para falar em defesa do assunto. O aleitamento materno é outra bandeira que levanta. Foi membro fundador da Via Lactea, uma atividade de incentivo a grupos de mulheres em período de amamentação, de diferentes classes sociais, no Hospital Adventista soteropolitano. No serviço publico estadual, elaborou uma cartilha de orientação à saúde comunitária, sobre o uso de medicina popular; criou uma brinquedoteca que se tornou referência na cidade e trabalhou como médica pediatra num abrigo, que atendia 210 crianças. Ali, teve papel fundamental no setor de adoção, tranquilizando os pais adotivos a respeito da saúde e possibilidades de seus filhos “do coração”. Atualmente, a Dra. Josete coordena um grupo de mães e avós, com idades entre 28 e 60 anos, na comunidade popular da Boca do Rio, também em Salvador. Atua na chamada multiplicação de cuidadores, ou seja, no treinamento de mulheres que podem promover mudanças significativas não apenas em suas famílias, mas na vizinhança inteira. O grupo que começou com oito participantes já conta com 25. Trata-se de uma ação de medicina social que busca orientar para saúde, ensinado o valor da boa alimentação, dos hábitos de higiene e do trato com as crianças. As mulheres também são atendidas com o FAO - Fatores de Auto Organização -, um novo tipo de medicina homeopática. Motivado, o grupo já realizou mutirões para a recuperação de casas de idosos e famílias com mais dificuldades, no bairro. Os cuidadores também fizeram parte da vida da pediatra em outros momentos, quando

atuou por três anos no INFANS (Unidade de Atendimento ao Bebê). A entidade que cuida de crianças de até três anos de idade, envolvidas em situações de risco ou de sofrimento psíquico, baseia-se no conceito de que os bebês são constituídos psiquicamente a partir do relacionamento com os adultos que cuidam deles. Engana-se quem pensa que isso é tudo. A Dra. Jocete ainda é membro do Instituto Viva Infância, que realiza atendimento ambulatorial com crianças encaminhadas pelos profissionais em casos de situações extremas. Outro dia, uma bebê de oito meses, pesando apenas quatro quilos, veio parar em suas mãos, com sua vida física e afetiva bastante ameaçada. A pequena paciente, recém abandonada em casa de pais substitutos, não tardou a se recuperar com o pronto atendimento da doutora. Mas os soteropolitanos não são os únicos a receber seus cuidados. Em Minas Gerais, na comunidade de Matutu, ela realiza um trabalho ambulatorial diferenciado. O projeto ligado ao Instituto da Terapêutica FAO do Brasil, apoiado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mantém, ali, um grupo de pesquisa. E todo mês lá está Dra. Jocete empenhada em mais uma ação voluntária. Em 2008, apenas nessa comunidade, foram atendidas 260 crianças e gestantes, comprovadamente beneficiadas com mais qualidade de vida e melhora na saúde de forma integral. Em todas as suas atuações a Dra. Jocete procura discutir cada situação com a participação direta da população, respeitando as diferentes culturas e resgatando o saber popular e a autonomia de decisões.

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Linha do tempo

1989. Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef (DF); Pastoral do Menor, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (DF); Secretaria do Menor do Governo do Estado de São Paulo (SP) e Sociedade Brasileira de Pediatria (RJ).

1997. Escola de Dança e Integração Social para Crianças e Adolescentes – Edisca (CE); Doutores da Alegria (SP); Projeto O Ouvidor Mirim, da Ouvidoria Geral do Estado do Paraná (PR) e Renè Schärer (CE).

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1990. Ana Vasconcelos, da Casa de Passagem de Pernambuco (PE); Benedito Rodrigues dos Santos, do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (DF); Associação Santa Theresinha (SP) e Programa Rá-Tim-Bum, da TV Cultura (SP).

1998. Associação Comunitária Monte Azul (SP); Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Padre Marcos Passerini (MA); Projeto Nascer em Curitiba Vale a Vida, da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba (PR) e Luiz Carlos de Barros Figueiredo, da 2ª Vara da Infância e Adolescência do Recife (PE).

1991. Federação Nacional dos Jornalistas (DF); Escola do Quero-Quero (SP); Maternidade-Escola Vila Nova Cachoeirinha (SP) e Júlio Gouveia (in memoriam) e Tatiana Belinky (SP).

1999. Comitê para Democratização da Informática – CDI (RJ); Fundo Paulista de Defesa da Citricultura (SP); Projeto Quixote (SP) e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime (DF).

1992. Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (DF); Projeto Casa Vida (SP); Fundação Clube de Diretores Lojistas de Amparo ao Menor (BH) e Maria Clara Machado (RJ).

2000. Centro de Referência Integral de Adolescentes - CRIA (BA); Centro Regional de Atenção aos Maus-Tratos na Infância do ABCD - CRAMI (SP); Conselho de Monitoramento para Erradicação do Trabalho Infantil no Garimpo Bom Futuro (RO) e Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE (RJ).


1993. Herbert de Souza – Betinho (RJ); Projeto Axé (BA); Instituto C&A de Desenvolvimento Social (SP); Hélio de Oliveira Santos, dos Centros Regionais de Atendimento a Crianças Vítimas de Violência Doméstica (SP).

2002. Centro de Referência às Vítimas de Violência - CNRVV, do Instituto Sedes Sapientiae (SP); Programa de Educação Infantil, da Fundação 18 de Março Fundamar (MG); Programa de Atenção a Mães e Filhos, da Associação Lua Nova (SP) e Programa Família Participante, do Hospital Pequeno Príncipe (PR).

1994. Projeto Pescar, da Empresa Linck S/A (RS); Projeto Brincar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ); Irmã Angela Mary (SP) e Lúcio José Siqueira, da Fundação Laura de Andrade (MG).

2004. Programa Comunicando Saberes, Realizando Sonhos, do Catavento Comunicação e Educação Ambiental (CE); Programa de Formação para Educadores Infantis do Vale do Jequetinhonha, do Fundo Cristão para Crianças (MG); Programa de Prevenção do Abandono, Acolhida e Reinserção Familiar da Criança em Situação de Risco, da Casa de Acolhida Novella (MG) e Programa Compartilhando a Arte de Brincar, do Espaço Compartilharte (RJ).

1995. Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual - Laramara (SP); Programa Carretel de Invenções (MG); Fundação Projeto Sorria (MG) e Sebastião Rocha (ES).

2006. Brinquedoteca Viva Criança, do Conselho de Pais de Campos Sales (CE); Educação Infantil Viver e Aprender, da Casa do Sol Padre Luís Lintner (BA); Programa Brasileirinho, da Rio Voluntário (RJ) e Reestruturação Familiar, da Associação Saúde Criança Renascer (RJ).

1996. Associação de Assistência à Criança Defeituosa – AACD (SP); Agência de Notícias dos Direitos da Infância – ANDI (DF); Pacto de Minas pela Educação (MG) e Instituto de Prevenção à Desnutrição e à Excepcionalidade - Iprede (CE).

2008. Espaço Escuta, do Centro Interdisciplinar de Diagnóstico e Tratamento Precoce dos Distúrbios Globais do Desenvolvimento; Programa Cultivando Nossa Gente, da Fersol Indústria e Comércio S/A (SP); Projeto Brincar, da Volkswagendo do Brasil Ltda (SP) e Projeto Estação do Brincar, do Instituto da Infância - IFAN (CE).

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Realização:

Apoio Cultural:

Apoio:

Colaboração:

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Equipe Premio Crianca Gerência Denise Maria Cesario Victor Alcântara da Graça Equipe Elaine Cristina Rodrigues Barros Lilyan Regina Somazz Reis Amorim Pareceristas Adelaide Jóia Amélia Isabeth Melo Bampi Paines Andrea Santoro Silveira Andréia Lavelli Bárbara Accioly Cotrin de Carvalho Daniela Queiroz Lino Daniela Resende Florio Hérica Aires do Prado Lilyan Regina Somazz Reis Amorim Márcia Cristina P. da Silva Thomazinho Renata Sanches Martinelli

Comissão Julgadora Denise Maria Cesario - Gerente de Desenvolvimento de Programas e Projetos da Fundação Abrinq Heródoto Barbeiro - Jornalista Amigo da Criança Jorge Broide - Presidente do Conselho Consultivo da Fundação Abrinq José Ricardo de Mello Brandão - Médico Pediatra Juliana Junqueira - Jornalista Amiga da Criança Maria Cecília C. Aranha Lima - Membro do Conselho Consultivo da Fundação Abrinq Vitor Gonçalo Seravalli - Membro do Conselho de Administração da Fundação Abrinq Prêmio Criança 2009 é uma publicação da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente, distribuída gratuitamente aos seus associados, contribuintes, apoiadores e parceiros, como também aos participantes do evento de premiação. São Paulo, novembro de 2009

Comitê Técnico Adriana Friedmann Ana Carolina Velasco – GIFE Cisele Ortiz Daniel Klotzel Edda Bomtempo Edna Antonia de Mattos Felipe Brito – IDIS Magnólia Gripp Bastos Norma Jorge Kyriakos Sandra Regina de Souza Silvia Gomara Daffre Visitas Técnicas Adriana Friedmann Ana Carolina Velasco – GIFE Andréia Lavelli Bárbara Accioly Cotrin de Carvalho Cisele Ortiz Daniel Klotzel Edda Bomtempo Edna Antonia de Mattos Felipe Brito – IDIS Lilyan Regina Somazz Reis Amorim Magnólia Gripp Bastos Márcia Cristina P. da Silva Thomazinho Silvia Gomara Daffre

Redação: Maria Cecília Maciel Revisão: Tatiana Cristina Molini Edição e Produção: Priscila Hlodan Fotografia: Pedro Rubens, págs. capa, 4, 5, 6 e 7, 9 e 31 iniciativas, arquivo cedido pelas organizações sociais e empresas Estatueta: Eliz Machado Dias Projeto Gráfico: Priscila Hlodan e R.epense Impressão: xxxxxxxx Os textos sobre as iniciativas foram elaborados a partir das informações apresentadas pelas próprias organizações sociais e empresas, bem como dos pareceres técnicos e relatórios de visitas realizadas durante o processo seletivo.

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Av. Santo Amaro, 1386 Vila Nova Conceição 04506-001 - São Paulo/SP www.fundabrinq.org.br 55 11 3848 8799 36


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