Estórias | Filinto Viana

Page 1





17 de Setembro de 2022 a 07 de Janeiro de 2023



Estórias feitas paletas por retalhos Filinto Viana

É no limbo deste momento que me realizo Só! Será aqui que nasce (ou renasce) em espírito e matéria, entendimento tangível, o novo Tempo que conferirá o prefixo “in”! Neste limbo louco! Tal ombreira de porta que não ultrapasso… tal chão que não palmilho… tal Vida que recuso… adiando! É no limbo deste momento que persevero! Permanecendo… ante estas obras de Filinto Viana. Choro por quem não tenho!... Grito por quem não ouve pelo barulho da partida que antecede a despedida!... Aceno, pois, para a chegada, pela espera que devora os vagões da memória nos trilhos do Tempo. Imemória!... ou viagem não sentida. Reivindico Memórias de Hoje! Sim. Quero-as sofregamente. Desejo-as tal pulsar de cada instante e absorvê-las por cada poro… e como Poro, Rei que enfrentou Alexandre, defrontar vulgos que traçam infortúnios, verdugos malditos que mitigam por flashes que não merecem e que jamais existem quando a Arte Humana assim impera. Passos, sombras, vazios, metáforas por sobre pêndulos de Vida que resiste a este vai e vem de um quotidiano de minuto… horas… dias… meses… ou de tudo num instante! Mas choro quando olho esta gente, feita números, que vejo, que me não vê; que tão-só vislumbramos ou pressentimos…! Plataformas de partida… ou de chegada… de choro molhado e aberto! Cais de uma boca que rasga em desespero ou que desperta o ventre da Alma! Sempre Memórias!


Salvé, Santo Agostinho! Salvé, Santo Anselmo! Salvé, São Cristóvão! Rogai por nós, viajantes a um qualquer Deus, que tememos a água ou que ansiamos nela chapinhar… fragmentando os instantes permitindo-nos revermo-nos no alheio e no comum, suportando no ombro o demiurgo que teima noite feita ou manhã plena… passar estas águas… curvando o cajado, como coluna dorsal de um Mundo que foi e se repete… Choro porque amo! Porque “Amo-te” e te não alcanço deste balcão defronte à Vida, avenida que já vomito pelas entranhas da Imemória! Estendo o olhar… e falho no conseguimento de te sorrir por lágrimas… nesta derradeira espera… permanente viagem…! Salvé, Rainha!… qualquer Maria nos valha! Salvé, Rei Indiano!… ou Alexandre! Salvé, por quem choro… ou por quem “Amo”. Estórias por telas de Vida, por quotidianos, feitos mestria pelo Filinto Viana. J.M. Vieira Duque, 2022



Estórias #2, 2022 Filinto Viana Acrílico s/tela 600x500



Estórias #7, 2021 Filinto Viana Acrílico s/tela 900x600



Estórias #8, 2022 Filinto Viana Acrílico s/tela 1100x900



Estórias #1, 2022 Filinto Viana Acrílico s/tela 600x500



Estórias #4, 2022 Filinto Viana Acrílico s/tela 500x500



Estórias #5, 2022 Filinto Viana Acrílico s/tela 600x500



Estórias #6, 2022 Filinto Viana Acrílico s/tela 600x500



Estórias #3, 2022 Filinto Viana Acrílico s/tela 500x500




FILINTO VIANA 1956

Filinto Viana nasceu na Figueira da Foz em 1956, cidade onde desenvolve o seu

trabalho marcado por criatividade transbordante. A obra de Filinto Viana conta histórias. Numa linguagem pictórica própria, a exaltação da cor e a rica figuração surrealizante, são presença constante no seu peculiar e aclamado trabalho artístico.

«O Filinto Viana é daqueles que pensam Pintura desde que se levantam e so-

nham com ela até que se deitam. A sua relação com esta arte é a tempo in-

teiro. Filinto vive amancebado com a Pintura 24 horas ao dia, sem férias nem fins-de-semana. Às vezes, com os amigos, tem desabafos: “Estou farto dela. Tenho que parar,” como se falasse de uma amante muito exigente… Mas nunca consegue estar longe da confusão do seu atelier mais do que umas horas.

A confusão, o caos, a desarrumação do seu atelier, são proverbiais entre quem

o conhece. Mas são apenas o que Filinto e o seu espírito anárquico e rebelde

necessitam para consumar a imensa paixão que nutre por uma arte que muitos apenas amam.

Contudo esta é uma paixão tardia. Mas, talvez por isso, mais madura e intensa. Filinto descobriu a Pintura, já passava dos trinta. Logo a paixão foi mútua

e após o seu início, junto de Michael Barrett e Mário Silva, a sua arte cresceu e hoje é, sem dúvida, um dos mais notáveis artistas que conheço.

Os frutos desta relação tempestuosa são numerosos (ele é um artista prolífico, torrencial) e cada vez mais complexos.

Filinto Viana vai se libertando da figuração estereotipada do seu início, atra-

vés dum instintivo e anárquico método e de um critério colorista requintado, criando uma figuração difícil de catalogar, suportada por acordes de cores e

tonalidades sofisticados que demonstram uma Arte cada vez mais refletida.» Fernando Campos.



Ficha Técnica Curadoria:

Vieira Duque,

Conservador e Membro da Comissão Executiva Edição:

Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro Design:

Joel Almeida Fotografia de autor: Lauren Maganete

Lagoa dos Cedros, Febres | 09.VII.2022 Fotografia:

Joel Almeida Textos:

Vieira Duque Apoio:

Catarina Martins Agradecimentos: Galeria Victor Costa Nota: Alguns textos não seguem as regras do acordo ortográfico de 1990 por vontade dos autores

Praça Dr. António Breda, nº4 3750-106 Águeda Telefones: (+351) 234 623 720 | (+351) 234 105 190 (+351) 913 333 000 www.fundacaodionisiopinheiro.pt info@fundacaodionisiopinheiro.pt conservador.museu@fundacaodionisiopinheiro.pt https://www.facebook.com/fundacaodionisiopinheiro/





Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.