Matéria especial
alimentação saudável | segurança alimentar | solidariedade
Fome mundial volta a crescer Questões climáticas, crises econômicas e conflitos são fortes causas para esse aumento. Justamente em função deste panorama negativo, a Rede de Bancos de Alimentos RS promove uma verdadeira revolução no combate à fome, desde o acesso à comida para quem precisa até a mediação junto ao Governo para implantação de leis de combate ao desperdício. Pelo terceiro ano consecutivo, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) registrou um aumento no número de pessoas passando fome no mundo, que subiu de 815 milhões de indivíduos, em 2016, para quase 821 milhões, em 2017. Os dados, divulgados no dia 11 de setembro, são do relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018, que revela que, em 2017, uma em cada nove pessoas no planeta foi vítima da fome. Segundo o novo levantamento da agência da ONU e parceiros, a América Latina e o Caribe acompanharam a tendência global - na região, 39,3 milhões de pessoas vivem subalimentadas, valor que representa um crescimento de 400 mil. O estudo mostra também múltiplas formas de má nutrição que ameaçam a saúde de milhões de pessoas. A principal causa do aumento se deve por conflitos armados, cada vez mais agravados pelas mudanças climáticas, e crises econômicas. “Na última década, o número de conflitos tem aumentado de forma dramática e tornaram-se mais complexos e insolúveis pela natureza”, afirmam os representantes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), do Fundo Internacional de Desenvolvimen30
to Agrícola (FIDA), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), em prólogo conjunto publicado no relatório. Além dos conflitos armados e das crises econômicas, as variações do clima e fenômenos naturais extremos, como secas e enchentes, foram as principais causas do avanço da subnutrição. De acordo com a FAO, temperaturas anômalas em 2017 superaram as médias do período 2011-2016. Isso provocou mais episódios de calor extremo do que nos últimos cinco anos. A pesquisa de 2018 foi elaborada pela FAO junto com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a análise, a fome avançou na América do Sul e na maioria das regiões da África, ao passo que os índices de subalimentação da Ásia, embora continuem a diminuir, apresentaram uma desaceleração no ritmo de queda. O representante da FAO para a América Latina e o Caribe, Julio Berdegué, alertou que, na região, “estamos parados na luta contra a fome há quatro anos”. “Em 2014, a fome afetou 38,5 milhões e, em
2017, ultrapassou os 39 milhões. Estes números são um forte e claro apelo para redobrar os esforços em todos os níveis”, enfatizou o dirigente. Na avaliação do especialista, as oscilações da subnutrição afastam os países latino-americanos e caribenhos do cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 2, que prevê a erradicação da fome até 2030. Acabar com a fome e com todas as formas de má nutrição até 2030 é o objetivo da Agenda 30, adotada pela ONU em prol do desenvolvimento sustentável. O estudo é o primeiro documento que mostra os dados globais sobre segurança alimentar e nutricional desde as metas estabelecidas em 2015. Além do tradicional indicador de fome relatado pelo levantamento, a análise da FAO apresenta um indicador de insegurança alimentar grave, calculado a partir de pesquisas em domicílios. Para 2017, o índice foi maior do que em 2014 em todas as partes do planeta, exceto na América do Norte e na Europa. Um aumento notável foi identificado na América Latina, onde a estatística saltou de 7,6%, em 2016, para 9,8%, em 2017. O relatório da FAO também avalia outra faceta dos problemas de nutrição — a obesidade, que pode estar ligada à carência alimentar. Há chance de desnutrição