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V. PERSPETIVAS FUTURAS E EVENTOS SUBSEQUENTES

O Conselho Diretivo considera que, apesar da atual situação de guerra no continente europeu, o princípio da continuidade é o mais apropriado na preparação das demonstrações financeiras reportadas a 31 de dezembro de 2022.

Porém, a Fundação está a viver um ciclo de forte expansão, com uma assinalável entrada de novos acervos, uma crescente afluência de público e um expressivo aumento de procura externa para acolhimento de projetos, estabelecimento de parcerias e apoios. Tendência que a maior visibilidade alcançada, com a celebração dos centenários de Fernando Távora e Fernando Lanhas e algumas candidaturas a projetos internacionais de investigação, continuará seguramente a reforçar-se em 2023. Resultados que refletem, por um lado, a consolidação e maturidade do projeto fundacional, e por outro, o rumo acertado das linhas estratégicas que têm vindo a ser implementadas. Um quadro que, em contraponto, acentua o difícil equilíbrio entre os recursos financeiros, logísticos e humanos disponíveis face aos desafios que tem de enfrentar. Os três grandes núcleos - Centro de Documentação, Comunicação e Gestão Patrimonial – e o seu funcionamento articulado continuam a ser a via adequada para o cumprimento da missão subjacente à instituição, mas a reformulação da utilização do espaço físico existente e o delinear de outros espaços ou estruturas que ampliem a atual capacidade de depósito continua a impor-se como um problema de urgente resposta, agora pressionado pela formalização da junção futura do Centro de Documentação da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Questões que têm relação direta com a sustentabilidade desta Fundação, a envolver a tomada de decisões por parte da própria Universidade do Porto, e que devem ser encaradas sem concessões à capacidade de manter e reforçar a dinâmica que tem vindo a ser alcançada, interna e externamente, no tratamento documental, nas redes de investigação e de cooperação, na proposição de iniciativas que permitam mostrar e valorizar este património – arquitetónico e documental -, afirmando e promovendo uma imagem institucional de referência.

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Conclus O

Um olhar retrospetivo ao ano de 2022 é, perante as ações registadas ao longo deste relatório e os números que as acompanham, revelador do caminho sólido que a Fundação Marques da Silva tem vindo a percorrer para cumprimento da sua missão e da coerência das linhas estratégicas que têm orientado a sua atuação. Os resultados indicados demonstram a experiência e reconhecimento do trabalho desenvolvido ao nível do acolhimento, preservação, tratamento e disponibilização do património arquivístico, bibliográfico e museológico gerido pelo Centro de Documentação. Revelam também a dimensão e validação do apoio dado à investigação por esta instituição, que, paralelamente, e com recursos muito limitados, conseguiu manter e ampliar a proposição e alcance de ações que visam dar a conhecer esse mesmo património, tanto quanto o que a partir dele se pode refletir ou o conhecimento que se pode alcançar. Basta olhar para o número de exposições e das iniciativas enumeradas, realizadas interna ou externamente, para a dinâmica da sua linha editorial, para o investimento continuado na produção de conteúdos e na sua consequente divulgação. Esforço que é acompanhado de um consistente trabalho em rede, entre parceiros cada vez mais diversificados, nacionais e internacionais, não obstante a ligação intrínseca e privilegiada com a Universidade do Porto, a Faculdade de Arquitectura da UP ou a Ordem dos Arquitectos (nacional e delegações regionais). As limitações impostas por um orçamento contido, por espaços em diferentes estados de requalificação da sua arquitetura, onde se luta em permanência por adequar a sua domesticidade original a novas funções, e um reduzido número de recursos humanos foram compensadas pelo empenho e versatilidade da equipa, pela disponibilidade dos investigadores associados a esta “casa”, pela fidelidade a princípios de rigor e qualidade, técnica e científica, pela confiança publicamente conquistada numa imagem cada vez mais clara de referência. Resultados que permitem não vacilar perante os problemas que continuam a colocar-se à instituição: garantir os investimentos que se anunciam; manter e reforçar as dinâmicas construídas; e assegurar a sustentabilidade futura.

Pode assim concluir-se que, nos vários domínios por onde se estende, incluindo a intervenção e salvaguarda do património construído, a Fundação Marques da Silva continua a afirmar-se como território de pesquisa e criação fundamental para estudantes, historiadores, arquitetos, críticos, curadores, especialistas das ciências da informação, artistas e editores. Território esse que, por sua vez, configura práticas metodológicas modelares, novas leituras e espaços de debate onde se ajuda a pensar, a elaborar e a propor desafios renovados que contribuem para o reconhecimento da importância do papel que os arquivos de arquitetura e o trabalho sobre eles realizado representa para a compreensão da Arquitetura, lato sensu, no mundo contemporâneo.

Numa nota final, neste Relatório onde se dá conta da atividade realizada ao longo do ano 2022, uma menção de reconhecimento e homenagem às figuras que, sendo parte da história desta instituição, nos deixaram fisicamente: António Cardoso Pinheiro de Carvalho (desaparecido ainda em 2021, mas alvo de uma exposição celebratória em 2022); António Cardoso, Presidente do Conselho Geral, José Carlos Loureiro, cujo arquivo foi doado a esta instituição em 2013; e Francisco Laranjo, que mesmo sem ter ocupado funções nos órgãos sociais foi sempre solidário e colaborador ativo deste projeto único que é a Fundação Marques da Silva.

Por todo o exposto, é convicção do Conselho Diretivo da Fundação Marques da Silva que o Relatório de Atividades e Gestão e os demais documentos da prestação de contas, elaborados de acordo com o SNC-AP e as normas e os princípios contabilísticos geralmente aceites, reproduzem de uma forma verdadeira e apropriada o resultado das operações da Fundação, pelo que se propõe que sejam aprovados.

Propõe-se que o resultado líquido negativo apurado no exercício de 2022, no montante de (-200.374,93 €), seja transferido, na sua totalidade, para a conta de resultados transitados.

Porto, 4 de abril de 2023

O Conselho Diretivo

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