Jornal Matéria Prima

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18 de Agosto de 2010 - Ano I - Edição 2 - R$ 2,00

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PRIMA INFORMAÇÃO LIMPA

Ruas estritamente vigiadas


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A Semana Aerofesta

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erca de 25 mil pessoas acompanharam a edição da Aerofesta, no domingo, que contou com a participação da Esquadrilha da Fumaça entre outras apresentações aéreas. O evento faz parte das comemorações dos 135 anos de Americana.

Leptospirose

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jovem Cristiano de Oliveira, 20, morador do Assentamento Milton Santos, em Americana, deixa a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HM. Ele está acometido de leptospirose.

760 vagas

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PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) de Americana abriu inscrições para 16 cursos pro�issionalizantes gratuitos. São 760 vagas em diversos ramos de atividade. O projeto é uma parceria da Prefeitura de Americana e o governo do estado.

Imbróglio

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imbróglio entre a Secretaria de Transportes e Sistema Viário de Americana e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) em relação ao Terminal Metropolitano da cidade parece estar próximo de �inal feliz: a empresa já estuda a construção de um novo terminal.

Escolta de presos

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oliciais Civis voltam a realizar a escolta de presos na região subordinada à Delegacia Secional de Americana, serviço antes delegado a PM (Polícia Militar).

Adiado de novo

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PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) de Americana abriu inscrições para 16 cursos pro�issionalizantes gratuitos. São 760 vagas em diversos ramos de atividade.

No Décio Vitta

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pós conseguir a garantia por parte do Ministério do Esporte em relação a verba para a reforma do estádio Décio Vitta, em Americana, o prefeito Diego De Nadai (PSDB) fez vistoria no local.

Diretor Will Campos Diretor administrativo Sabrina Campos Produção Amanda Trolesi Redação e textos Paulo San Martin (editor) e Anderson Barbosa Fotografia Cleiber Ribeiro e Flávio Oliveira Matéria Prima é uma publicação de Futura Editora. Diagramação Rua Águas Marinhas, 355 - Jardim Bela Vista, Americana-SP José Ramón Valenzuela (Pepe) Telefones - (019) 3648.5050 Comercial materiaprima@futuraeditora.com.br F: (19) 3648.5050

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Opinião

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Mercadão

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secretário de Saúde, Fabrizio Bordon, realizou uma coletiva de imprensa durante a semana para apresentar o diagnóstico realizado pela Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Via Pública em relação ao novo modelo de gestão na área. No entanto, sem números claros em relação ao levantamento, o assunto, importante para a cidade, não emplacou na imprensa.

or falar em Saúde. Onde está a ex-secretária da pasta, Diva Spirandelli? Quem souber entre em contato: materiaprima@futuraeditora.com.br

s campanhas políticas em Americana decolaram de vez durante a semana. Os debates promovidos, tanto pelo TV, como em entidades de classe esquentaram o clima. Sem falar que as militâncias estão na rua. Na próxima semana alguns candidatos de Americana já terão pesquisas de intenção de voto. É esperar para ver quem é quem na corrida eleitoral.

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candidato a deputado estadual Davi Ramos (PC do B) participou de uma caminhada com o candidato ao senado Netinho de Paula, do mesmo partido, em Campinas. Davi parece ser o candidato mais próximo ao cantor/ apresentador.

tribuna livre “Dr. Waldemar Tebaldi” foi utilizada durante a sessão ordinária de quinta-feira pelo coordenador do Projeto Cine Clube Estação, Márcio Tadeu Seriacopi, para falar sobre o projeto aos vereadores da Câmara Municipal de Americana. Seriacopi apresentou o trabalho realizado pelo Cine Clube, os diversos projetos desenvolvidos e as di�iculdades para ampliação das atividades. Foi um puxão de orelha nos vereadores para ajudar no projeto.

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velha marionete da vitória, de propriedade do ex-vereador Zé Zazeri (“o pessoar”), está mais uma vez des�ilando por Americana, desta vez com a campanha de Vanderlei e Cauê Macris (PSDB). A marionete é uma espécie de amuleto da sorte: venceu com Erich Hetzl Júnior, com Diego De Nadai e agora tenta emplacar os Macrises.

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médico Silney Beraldo, 1º suplente de vereador pelo PTB, deve assumir a cadeira durante todo o mês de setembro., com o afastamento já solicitado de Osvaldo Nogueira (DEM). Todo o subsídio que receber durante o período, ele já anunciou, será repassado para instituições de caridade. Pouca gente sabe, mas Osvaldo já faz isso.


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Estatística

maldita

Ao contrário do que a maioria pensa, o estuprador não é um estranho e não age em locais ermos ou presumivelmente perigosos, mas no próprio ambiente da vítima e não raramente em sua própria casa

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Nossa aldeia

Casos de estupro na pacata Nova Odessa estão bem acima da média regional e autoridades policiais ainda não têm explicação para o fenômeno

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om uma população de 50 mil habitantes, a pacata cidade de Nova Odessa causa espanto na região quando o assunto são os casos de estupro e assédio sexual. Com índices de criminalidade relativamente baixos, esse tipo de delito ganha destaque no município pela quantidade e gravidade dos casos. De acordo com números divulgados este mês pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, nos seis primeiros meses de 2010 foram registrados 16 casos de crimes sexuais no município, mais de dois por mês. Comparando o índice de crimes sexuais com outras ocorrências, como roubos de veículos, os números surpreendem. No mesmo período, foram registrados 33 roubos de carros – delito comum até em cidades pequenas. E a surpresa é ainda maior quando o índice é comparado com outras cidades vizinhas, como Sumaré. Com 250 mil habitantes, cinco vezes a mais que a população de Nova Odessa, a cidade registrou até agora 19 casos de estupro e abuso sexual, apenas três casos a mais. E esta comparação �ica ainda mais signi�icativa quando se sabe que Sumaré é uma das cidades com os mais altos índices de violência da região. Só nos primeiros 12 dias deste mês de agosto, foram registrados seis homicídios. Foram vinte este ano, contra apenas um em Nova Odessa.

CRIMES CHOCANTES

Essa realidade está re�letida no Dossiê Mulher, uma série de estudos planejados pelo Instituto de Segurança Pública e pelo Núcleo de Pesquisas em Justiça Criminal e Segurança Pública, que têm o objetivo de fornecer subsídios para a criação de políticas na área criminal e nas estatísticas do Conselho Tutelar. A violência sexual contra crianças pega pesado nas estatísticas de Nova Odessa. No início deste ano, um menino de nove anos foi abusado sexualmente pelo tio de 35, no Jardim Eneides. O crime chocou e gerou medo nos moradores do bairro. Vizinhos da casa onde a criança morava chegaram a se reunir para dar apoio à família e pedir justiça. O acusado está preso desde fevereiro. De acordo com o relato policial, o menino contou que o homem o forçou a ir para o quarto, trancou o lugar, tirou suas roupas e cometeu o abuso. O garoto não tem pai e a mãe mora na Bahia. Na cidade, a responsável por ele é uma tia. O homem é cunhado dela e, segundo os moradores, teria sido acolhido pela

família há alguns anos. Este é um dos casos mais chocantes ocorridos no município de violência sexual.

PADRASTO VIOLENTO

Logo depois, em abril, um caso de estupro voltou a chocar Nova Odessa. Uma garota de 14 anos deu a luz ao �ilho de seu padrasto depois de ter sido violentamente estuprada em casa na ausência da mãe. A denúncia de estupro foi registrada dias antes de a jovem dar à luz a criança. A mãe da adolescente alegou à polícia que desconhecia que a �ilha estivesse grávida e só descobriu porque a �ilha estava com os pés muito inchados e foi levada ao hospital. A menina também disse à mãe que não sabia da gravidez. Ela alegou que era violentada constantemente pelo padrasto, um ajudante geral de 50 anos, desde os 12 anos. A vítima disse que a primeira vez foi em dezembro de 2008, quando estavam sozinhos em casa. O agressor teria dito que mataria ou sumiria com a mãe dela, caso o denunciasse. Em junho de 2009, a adolescente relatou à polícia que foi estuprada e teve as mãos e pernas amarradas com cordões. O bebê, fruto da relação, foi rejeitado pela mãe e pela avó e encaminhado ao Conselho Tutelar para adoção. Esse ato é comum em mães estupradas. Casos como estes se multiplicam no município. Mas as estatísticas mostram também que os estupros contra mulheres – jovens e adultas – são muitos e, até o momento, as investigações não apontam para um estuprador em série. O abuso, segundo a polícia local, ocorre em todas as classes sociais, raças e níveis educacionais.

REALIDADE É MAIS GRAVE

“Ao contrário do que a maioria pensa, o estuprador não é um estranho e não age em locais ermos ou presumivelmente perigosos, mas no próprio ambiente da vítima e não raramente em sua própria casa”, a�irma a delegada Jacira Mendonça Oliveira responsável pela Delegacia de Defesa da Mulher. De acordo com ela, a realidade é pior do que mostram as estatísticas. “Mas o aumento de denúncias revela que a cada dia mais mulheres se rebelam contra esta situação, o que é um fator positivo, e nos procuram”, a�irma a delegada. Para especialistas, hoje as vítimas denunciam mais, por conta de campanhas de conscientização e da criação de serviços especí�icos, como hospitais e delegacias que prestam atendimento exclusivo a vítimas de violência sexual.


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Nossa aldeia

Um novo

Décio Vitta

Diego ‘passa o chapéu’ em Brasília e garante recursos para reformar o estádio e mais R$ 50 milhões para obras de saneamento

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prefeito de Americana Diego De Nadai (PSDB) foi a Brasília durante a semana decidido a “passar o chapéu” junto a diversos órgãos do governo federal. Sem muito alarde conseguiu garantir junto ao ministro do Esporte, Orlando Silva, uma verba que pode chegar a R$ 10 milhões para a reforma do estádio Décio Vitta, recém municipalizado. Nem bem a notícia se espalhou na imprensa, a cidade conseguiu a pré-aprovação de projetos inclusos no PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) cujo montante é da ordem de R$ 50 milhões. Esta verba será investida em projetos de saneamento arquitetados pelo DAE (Departamento de Água e Esgoto), autarquia que muitos apontam como o ‘calcanhar de Aquiles’ da administração. Obras de saneamento são importantes para Americana, não há dúvidas, mas a verdadeira menina dos olhos do prefeito, neste momento, é com certeza o Décio Vitta. Diego pretende transformar o combalido estádio do Rio Branco em um centro de treinamento capaz de receber seleções na Copa do Mundo de 2014. E não é somente o prefeito que acredita nisso. O ministro Orlando Silva já deu sinais de que o governo federal poderá intervir para que isso aconteça. “Mais uma vez o ministro mostra todo o seu respeito por Americana. Com a municipalização do Estádio Décio Vitta, vamos poder investir num patrimônio da cidade, que terá papel importante também no aspecto sócio-educativo”, comenta Diego. Caso consiga a proeza, o prefeito sabe que entrará para a história de Americana no segmento esportivo assim como o deputado estadual Chico Sardelli (PV), que é o preferido entre os presidentes do Rio Branco para dez entre dez torcedores do Tigre – talvez porque fez parte de um tempo rico do clube: o acesso à elite do Campeonato Paulista e a construção de grande parte da estrutura do Décio Vitta. Resta saber se o Rio Branco realmente faz parte dos projetos do novo Décio Vitta. A�inal, existem fortes rumores sobre a vinda de um clube de outra cidade para americana.

MAIS VERBAS

Para o presidente licenciado da Facesp (Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo), Davi Ramos, responsável pela aproximação entre o ministro e o prefeito, a municipalização foi de fundamental importância, já que agora o estádio poderá receber verbas de várias esferas do governo. “O Décio Vitta poderá receber, inclusive, verbas do governo estadual, por exemplo”, diz Ramos.

Prefeito Diego De Nadai (PSDB) e o ministro Orlando Silva, em Brasília; R$ 10 milhões para o Décio Vitta

Mais uma vez o ministro mostra todo o seu respeito por Americana. Com a municipalização do Estádio Décio Vitta, vamos poder investir num patrimônio da cidade

PATRULHEIRO, PROTETOR E AMIGO!

19 - 3408-8220

denuncia@guardamunicipalamericana.com.br

Durante a reunião, o ministro garantiu que a verba será destinada para Americana até o �inal deste ano. É a esperança dos torcedores do Rio Branco que no ano passado viram o time novamente rebaixado, sem que a equipe jogasse sequer uma vez no Décio Vitta. O estádio havia sido interditado pela PM (Polícia Militar) por problemas estruturais e, consequentemente, de segurança. Pior: alguns jogos foram realizados no campo do rival, o União Agrícola Barbarense.

PAC 2

Ainda em Brasília, o prefeito conseguiu junto ao Ministério das Cidades, a pré-aprovação de projetos para saneamento que, somados, chegam a R$ 50 milhões. São eles: a construção de uma nova captação de água bruta, no valor de R$ 10 milhões; a implantação de dois reservatórios, subadutora e a interligações na região do São Jerônimo, orçada em R$ 14 milhões; a ampliação e adequação da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) de Carioba (R$ 27 milhões) e a instalação de uma rede coletora – que terá 9 km – além da construção de uma Estação Elevatória na Praia dos Namorados, no valor de R$ 3 milhões. “Vencemos mais uma fase. Os nossos projetos estão muito bem sustentados, não deixamos nenhuma dúvida sobre a importância que eles têm para a nossa cidade”, diz Diego.


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Nossa aldeia

Crack

Manto de prosperidade oculta a praga juvenil

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crack é – disparado – a droga mais consumida entre os jovens brasileiros. E os tentáculos desta praga juvenil invadem as mais diversas camadas sociais e faixas etárias. Em Americana, levantamento recente realizado pelo Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) aponta que somente no primeiro semestre deste ano 189 crianças e adolescentes passaram pelo centro por problemas com drogas. Destes, pelo menos 80% são viciados em crack. Apesar da queda em relação a 2009, quando foram registrados 211 casos, os números são alarmantes e assustam as autoridades. Este mês, a prefeitura inaugura um novo Cras (Centro de Referência e Assistência Social) no bairro Guanabara e, ainda em 2010, está prevista a implantação de mais uma unidade no bairro São Manoel. Ambos os bairros passaram por um criterioso levantamento de vulnerabilidade social, o qual apontou a necessidade de implantação dos centros. Com as duas novas unidades, Americana passará a ter seis centros focados no trabalho com jovens em situação de vulnerabilidade social.

QUADRO É GRAVE

“Claro que os levantamentos para implantação dos centros não levam em conta apenas casos de jovens viciados em drogas, mas posso afirmar que eles são a maioria. O problema se alastrou pela cidade e temos que tomar uma providência séria e urgente sobre o assunto”, afirma a secretária de Promoção Social, Leila Mara Pessoto de Paula. De acordo com a secretária, a administração pretende chegar a 15 unidades de assistência até 2015, com o objetivo de atuar junto a crianças e jovens com vulnerabilidade social. No caso de Americana, cidade com 205 mil habitantes segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em pleno desenvolvimento e com uma renda per capta de fazer inveja a algumas capitais, o problema às vezes parece invisível. Ou oculto sob o manto de uma classe média ascendente e próspera. Mas o levantamento realizado pelo Creas não deixa margem a nenhuma contemporização. A paulada agressiva do crack está presente em centenas de famílias do município.

A CASCA

O problema está concentrado no viciado, é claro, mas ele acaba afetando a família toda

“O problema está concentrado no viciado, é claro, mas ele acaba afetando a família toda. Como são jovens, geralmente humildes, acabam furtando a própria casa para manter o vício”, adverte a secretária. E partem daí para os pequenos delitos que, em muitos casos, se tornam grandes. Na região do bairro Jardim dos Lírios, por exemplo, que sofre com a grande quantidade de “bocas de fumo”, existe um trabalho específico junto à juventude do bairro. O Cras da Vila Mathiensen, em parceria com ongs (organizações não governamentais) e com a associação de amigos de bairro, realizou uma readequação nos horários das atividades sociais para garantir a ocupação da juventude durante todo o dia. “Mudamos alguns horários. Hoje, a criança sai da escola e já tem uma atividade para fazer. Pode ser esportiva, cultural ou de recreação”, diz ela. Mas os especialistas reconhecem que isso é apenas uma casca. Alimentadas pela fortuna do tráfico operando no universo da pobreza, as drogas são hoje uma questão de Estado. Em escala mundial.

“Temos que trabalhar dentro dos colégios essa questão. Outro fator preponderante é o resgate da família. Mas não se trata de um problema pontual. Isso acontece no mundo todo” ENCAMINHAMENTO

Do total de 189 crianças e adolescentes assistidos pela prefeitura, 143 foram encaminhadas pela Vara da Infância e Juventude de Americana. O restante dos jovens, segundo o levantamento, foi encaminhado pelo Conselho Tutelar. O promotor da Infância e Juventude de Americana, Rodrigo Augusto de Oliveira, acredita que o combate não pode dar tréguas. “Temos que trabalhar dentro dos colégios essa questão. Outro fator preponderante é o resgate da família. Mas não se trata de um problema pontual. Isso acontece no mundo todo”, explica.


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EXCLUSIVO

Com os dias contados Prefeitura estuda compra de sistema que detecta carros roubados e furtados; 20 câmeras serão espalhadas nos principais corredores de serviço da cidade

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prefeitura de Americana estuda um projeto de monitoramento da cidade por meio de câmeras que promete revolucionar um problema crônico da segurança pública do município: o furto e roubo de veículos. O sistema permitirá a inclusão, no programa de monitoramento, dos números das placas de todos os veículos furtados na cidade. E no momento em que eles passarem pelas câmaras – serão cerca de 20, espalhadas em pontos estratégicos de Americana –, um alarme será acionado no computador central de monitoramento da Gama (Guarda Armada Municipal). Com o dispositivo, as forças policiais poderão agir com maior rapidez no patrulhamento ostensivo. O orçamento previsto para a instalação do sistema e das 20 câmeras de monitoramento será de aproximadamente R$ 1 milhão. Além de combater o furto e roubo de veículos, as câmeras também funcionarão como uma espécie de “big brother”, auxiliando na identificação de criminosos e no esclarecimento de acidentes de trânsito.

PRINCIPAIS SAÍDAS

O diretor da Gama, Marcelo Feola, disse que as câmeras serão instaladas nas principais saídas e entradas da cidade e também nos chamados “corredores de serviço”, ou seja, nas principais avenidas e ruas que cortam a cidade. “O sistema será importante já que Americana não apresenta números expressivos em relação a crimes contra a vida, como homicídios, e outros atos violentos. O grande problema da cidade em relação aos crimes fica por conta dos furtos e roubos de veículos”, afirma ele. Segundo Felola, a segurança pública é uma das prioridades da atual administração. “Estamos atentos ao problema dos roubos e furtos de veículos em Americana. A população cobra muito medidas para conter esses crimes e vamos fazer o possível para que eles diminuam o máximo possível”. Segundo os especialistas em segurança pública, o grande problema com relação aos furtos de automóveis, é o tempo que a vítima leva para descobrir que o veículo foi levado e dar o alerta. Geralmente, o motorista se dá conta do furto bem depois do ocorrido. Com este tempo de vantagem, �ica praticamente impossível cercar as rotas de fuga do local onde ocorreu o furto. Com as câmeras em ação, assim que o número das placas for informado, imediatamente todas as rotas de fuga da cidade ficam fechadas. “Com certeza o sistema será um contribuição importante no combate ao crime. Sei que existem casos em que ocorre certa demora por parte da vítima em desco-

Com certeza o sistema será um contribuição importante no combate ao crime

brir o furto, mas um grande número de furtos acontece quando a pessoa estaciona o automóvel em algum lugar por apenas alguns minutos. Nestes casos, se a vítima for ágil na comunicação, o sistema será muito e�iciente”, diz Feola.

“ÓTIMA INICIATIVA”

Para o comandante da 1ª Companhia da Polícia Militar de Americana, Hugo de Araújo Santos, todo equipamento tecnológico que auxilie as forças policiais no combate ao crime “é valido e bem vindo”. “Ótima iniciativa da prefeitura. Conheço uma vasta gama de equipamentos de segurança. E, mesmo com eles, não é tarefa fácil lidar com os marginais. Mas este sistema com certeza é válido e poderá ajudar muito”, afirma o comandante. A Polícia Militar deverá trabalhar integrada com a Gama para receber as comunicações de furtos e roubos de veículos. Mas, segundo ele, a administração direta do sistema será da Gama, já que a corporação é subordinada apenas à prefeitura e não terá problemas burocráticos para instalar os equipamentos. “Para a Gama é mais simples. Basta o prefeito autorizar que o projeto sai. Já na PM o trâmite é mais lento. Tem que passar por vários órgãos estaduais. Mas isso não importa. O importante é todos estarem preocupados com a segurança”, diz. Santos explica ainda que outro grande problema relacionado aos furtos de veículos é a impunidade. “Se você flagra o marginal antes dele cometer o furto, ele vai responder apenas por contravenção penal. Ou seja, não vai preso. Se a polícia pega ele com o carro furtado, o indiciado pode alegar que pegou o carro de outra pessoa. Vai responder por receptação, crime cuja pena é baixa”, explica.


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O centro da cobiça

Mais de 3,5 carros levados por dia

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s números o�iciais comprovam que Americana deve mesmo se preocupar com os furtos e roubos de veículos. Dados da SSP (Secretaria Estadual de Segurança Pública) apontam que, no primeiro semestre deste ano, 572 veículos foram furtados no município e outros 91 roubados, casos em que a vítima é abordada pelo bandido armado. É uma média considerável de mais de 3,5 por dia! A gravidade do quadro �ica ainda mais evidente quando os números são comparados com outras cidades da região. No caso de furtos, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa somaram juntas 368 delitos nos seis primeiros meses do ano, pouco mais que a metade dos ocorridos em Americana. “Com certeza o principal problema de Americana em relação à segurança pública são os furtos e roubos de veículos. O número de homicídios vem caindo ano a ano e nossa intenção é fazer o mesmo em relação aos veículos”, a�irma Marcelo Feola. Para o comandante da PM Hugo de Araújo Santos, os roubos tiveram queda, mas os furtos continuam sendo um grande desa�io para as forças policiais. “Realmente ainda temos um número alto de furtos de veículos em Americana. É preciso encontrar medidas e estamos voltados para isso”, diz. Ambos ressaltam também algumas peculiaridades de Americana que acabam atraindo quadrilhas especializadas em furtos de veículos. O município é cercado por duas importantes rodovias: Anhanguera e Bandeirantes, o que facilita as fugas. Além disso, a cidade conta com inúmeras saídas secundárias, que também são utilizadas como rotas de fuga. E, por �im, Americana tem uma grande frota de veículos nova.

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Com certeza o principal problema de Americana em relação à segurança pública são os furtos e roubos de veículos


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Em risco

A saga de Ana J Uma cidadã norte-americana com di�iculdades para receber tratamento em terras brasileiras

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Tudo depende do que o profissional precisa. Existem diagnósticos de R$ 12 e também outros mais complexos, como o de toda a arcada

na Julia sofre. Sofre a cada gesto. Sofre a cada passo. Ana Júlia, 7 anos, sofre �isicamente. Ela sente dores intensas toda vez que se movimenta, ou se deita. E Ana Julia, como milhares de crianças acometidas por doenças raras no Brasil, sofre com a falta de assistência e a estrutura precária da rede pública de saúde do país. Como a doença dela provoca de�iciência mental, ela também sofre discriminação e preconceito. Mas o maior problema de Ana Júlia hoje é o fato de ser estrangeira. E não é estrangeira vinda de um país periférico, o que também poderia ser mais um motivo para discriminação. A�inal, países periféricos e pobres não têm uma rede diplomática forte de apoio aos seus cidadãos no exterior. Ana Júlia é uma cidadã do centro do império ocidental. Ela é uma cidadã dos Estados Unidos da América do Norte. A mãe de Ana Júlia, a dona de casa Leonarda Borges, 39, tem as raízes plantadas em Americana, onde ela viveu a maior parte de sua vida. Mas a saga da garota começa na cidade de Newrk, no estado de New Jersey, nos Estados Unidos. Foi lá que ela nasceu, acometida de microcefalia. A microcefalia é uma doença rara e grave, que pode ter origem hereditária ou outras causas – como exposição a produtos químicos, agrotóxicos entre outros. O cérebro não cresce e isso acarreta inúmeros outros problemas. Mas milhares de portadores desta doença, no Brasil e no mundo, levam uma vida quase que totalmente normal. Recursos médicos e cientí�icos para isso existem hoje, na grande maioria dos casos. Mas a criança precisa ser assistida e acompanhada, desde o nascimento. Por ter nascido e morado nos Estados Unidos até os 6 anos de idade, felizmente Ana Júlia foi bem assistida, desde que nasceu. Seu drama começou depois.

VOLTA AO BRASIL

Assim que os problemas �ísicos e mentais da �ilha se evidenciaram, o pai de Ana Júlia não segurou a onda e abandonou a família, em 2008. Então a mãe, Leonarda, decidiu voltar ao Brasil. Ela acreditava que aqui, terra onde nasceu e onde tem familiares e amigos, poderia tratar e assistir melhor a pequena Ana Júlia, que exige cuidados permanentes. Mas não


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Júlia

foi o que aconteceu. Muito pelo contrário. “Procurei dezenas de hospitais, mas nenhum aceitou realizar os tratamentos e a cirurgia que ela tem que fazer, já que a cidadania dela é norte-americana. Alguns hospitais, como o da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), até realizariam a cirurgia de graça para ela, mas a �ila é muito grande e a espera chega a até oito meses”, diz Leonarda. E Ana Julia não pode esperar. Ela precisa se submeter com urgência à cirurgia e, enquanto isso não acontece, chora e grita de dor. Por isso, permanece sentada na cadeira de rodas praticamente o tempo todo, agravando ainda mais outros sintomas da doença. “Ela grita quando deita. O problema na coluna afetou outras partes do corpo e agora ela também tem problemas para respirar”, relata a mãe. Ana Júlia necessita de cuidados especiais 24 horas por dia e por isso Leonarda abriu mão do trabalho. “Não tenho condições de deixar ela com alguém. É uma criança especial. Estou sem trabalhar e as contas acabam se acumulando”.

A SAGA DE LEONARDA

A história da pequena Ana Júlia começa bem antes de seu nascimento, que aconteceu em maio de 2003. Na década anterior, em 1998, Leornada �inalmente realizou o sonho de conhecer os Estados Unidos. Quem tem memória se lembra. Os tempos começavam a �icar cada vez mais di�íceis no Brasil, que pouco tempo depois despencaria em das piores crises de sua história recente, no �inal do governo de Fernando Henrique Cardoso. O desemprego em massa levou milhões de brasileiros para outras fronteiras mais ricas. Leonarda �icou apaixonada pelos Estados Unidos e resolveu �icar por lá, trabalhando como doméstica. Em 2001, conheceu Sinval de Souza Pimenta, mineiro bom de conversa, também em busca de uma nova vida. Os dois se apaixonaram e logo decidiram morar juntos. Trabalhador da construção civil, Sinval parecia o companheiro perfeito. Levava Leonarda a passeios inesquecíveis nos �inais de semana, nunca teve vícios e, acima de tudo, lembra ela até hoje, era extremamente elogiado no trabalho por todos que o contratavam. A gravidez foi tranquila, conta Leonarda. Fizeram três exames de ultrasom

– que nada diagnosticaram em relação à doença – além de baterias e outros exames e consultas. A felicidade com o nascimento da criança contagiou a casa. Mas, no �inal de 2003, quando Ana Júlia completou seis meses, a doença foi descoberta após uma série de convulsões sofridas pela criança. A partir daí, o então empenhado Sinval começou a se mostrar outro homem. Até que um dia, ele simplesmente juntou suas coisas e voltou para Minas Gerais, sem deixar sequer um adeus para a família. “Ele simplesmente sumiu. Voltou para o Brasil. A última coisa que ele me falou foi que não suportaria a vida ao lado da �ilha”, explica.

VOLTA AOS EUA

Agora, Leonarda, cuja casa no bairro Cordenonsi está com quatro alugueis atrasados, conseguiu com um casal de amigos, que vive nos Estados Unidos, duas passagens para voltar para lá com Ana Júlia. E ela tem urgência para embarcar. Sofre tanto quanto Ana Júlia nos momentos em que a filha grita de dor. Mas, mesmo com a ajuda do casal, Leonarda ainda tem uma bateria de obstáculos para conseguir a cirurgia de Ana Júlia em seu país de origem. Idas seguidas ao Consulado, na capital, retirada de documentos no Fórum, entre outras providências, �izeram parte da rotina das duas nos últimos meses. Há 60 dias, o caso foi parar na Secretaria de Promoção Social de Americana. “É um caso totalmente atípico dos que encontramos aqui. Trata-se um problema inclusive diplomático. Prestamos auxílio às duas em relação ao transporte e retirada de documentos. Não poderíamos ficar parados sem fazer nada”, afirma Amarildo Sena Gomes, educador social. Segundo ele, agora bastam apenas alguns detalhes para que mãe e filha embarquem para os Estados Unidos. “Posso garantir que elas vão embarcar. Estamos providenciando os últimos detalhes da documentação e, até o final do mês, ambas estarão nos Estados Unidos”. Para o também educador social, Claudio Splli Kurain, as duas já passaram por tantas dificuldades, mas não se abatem nunca. “Além dos problemas de dinheiro e da própria doença existem outros fatores: a locomoção para cadeirantes é horrível em nossas cidades e as pessoas têm fortes preconceitos contra os que são diferentes”.


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Aldeia Brasilis

Doce Brasil

Navios fazem �ilas nos portos para embarcar o açúcar brasileiro, com preços 40% mais baixos que no início do ano

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Estoques mundiais estão em níveis críticos

s portos brasileiros estão congestionados, mas não por causa de um apagão, como o da Gol (aliás, que história essa da Gol. Altos movimentos, altos lucros, e nada de contratar mais gente). O Brasil é hoje o único país no mundo a ter açúcar disponível e vem recebendo nas últimas semanas frotas quilométri-

cas de navios para embarcar o produto. Os principais compradores são importadores da Rússia e de países asiáticos que aproveitam os preços 40% mais baixos que no início do ano para repor seus estoques, hoje em níveis críticos. No porto de Santos, o principal canal de saída da commodity, a �ila chegou esta semana a quase 50 embarcações, num

momento em que outras tantas estavam a caminho. De acordo com a programação dos portos, os embarques de açúcar devem atingir 2,84 milhões de toneladas até o �inal deste mês, 75% a mais que no mesmo período do ano passado, quando já havíamos atingido o recorde de exportação de 1,6 milhão de toneladas.

UM MÊS DE ESPERA A explosiva demanda desa�ia, é claro, os limites logísticos dos portos brasileiros. Com a �ila de navios em Santos, por exemplo, o tempo de espera no porto, normalmente de 12 a 15 dias, está chegando a 30 dias. Os preços atuais do açúcar estão convidativos para os importadores. Nos primeiros dias de fevereiro, a libra-peso na bolsa de Nova York esteve acima de 28 centavos de dólar, recorde em quase três décadas. No entanto, as cotações elevadas levaram compradores a se retrair e a consumir estoques, e os preços chegaram a cair pela metade, atingindo em maio 14 centavos de dólar. Em 2009, o Brasil exportou 24,2 milhões de toneladas de açúcar ou US$ 8,3 bilhões. Em 2010, há potencial para exportar 3 milhões de toneladas a mais.

95% dos crimes ficam impunes

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apresentador Datena costuma bradar pelas telas da Band que “a polícia paulista está entre as melhores policias do mundo”. Se for verdade, a polícia mundial anda muito mal das pernas. Estatísticas recentes mostram que uma pessoa que cometa um crime na capital paulista tem 1 chance em 20 de ter de responder na Justiça. E mais da metade dos processos só é aberta porque o autor do crime foi pego em �lagrante. Se isso não ocorrer, a chance de que a investigação policial descubra o criminoso é de apenas 1 em 40 (2,5%). Esse mapa da impunidade resulta do cruzamento feito pelo Estado dos dados da produção do Ministério Público Estadual entre 2002 e 2009 com os crimes registrados pela Secretaria da Segurança Pública. Os furtos registrados nas delegacias são o tipo de crime com menor número de denúncias no Judiciário: só

3,1% viram processos. No caso dos roubos, esse número sobe para 4,8%. Entre os crimes com maior índice de resolução estão os homicídios: 32% viram ação penal. Já o alto índice de resolução de es-

Não é só nos morros que falta o estado. Ele falta também nos bairros nobres

tupros (41%) se deve ao fato de que os poucos casos denunciados pelas vítimas geralmente têm autoria conhecida. Estes números são os mesmos de todas as cidades da região.

CIFRAS NEGRAS

Mas a ine�iciência no esclarecimento de crimes pode ser ainda maior. É que os dados levam em consideração só os casos registrados nas delegacias. Cerca de 70% dos crimes não são comunicados à polícia, segundo as três principais pesquisas feitas entre 2001 e 2008 no Brasil. “Existe uma enorme cifra negra nos dados de segurança pública, que ocorre em São Paulo, no Brasil e em outros

lugares no mundo. Isso existe porque muitos são vítimas de crime e não registram boletins de ocorrência. Eu mesmo fui vítima de crime, roubaram minha carteira e eu não percebi. Acabei não registrando na delegacia”, explica Sérgio Mazina, presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. Para Mazina, os índices revelam a baixa capacidade de investigação das polícias estaduais, re�lexo da ideia de que o combate ostensivo ao crime deve ser priorizado. Os �lagrantes, por exemplo, são priorizados, atingindo os pequenos criminosos que atuam nas ruas. As estruturas criminais, contudo, de receptação e encomenda, que fazem novos crimes acontecerem, permanecem intactas.

SOLUÇÕES PRIVADAS

A diretora de pesquisa do Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas Judiciais, Maria Tereza Sadek, aponta outras consequências no cotidiano da população. “Basta andar na rua. São seguranças privados e carros blindados, soluções privadas, que deveriam ser incumbência do poder público. Não é só no morro que falta Estado. Também falta em

Higienópolis (bairro nobre de São Paulo), onde moro.” (www. julianaweis.blogspot.com)

Existe uma enorme cifra negra nos dados de segurança pública.


50 anos

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de catástrofe ambiental

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acidente no Golfo do México é brincadeira de criança perto do vazamento de petróleo que se arrasta por meio século na Nigéria Enquanto o óleo jorra sem parar do furo no fundo do mar deixado pela plataforma “Deepwater Horizon”, na maior catástrofe ambiental que os Estados Unidos já viveu, o New York Times publicou este mês uma reportagem intitulada “Longe do Golfo, vazamento de petróleo na Nigéria dura 50 anos”. A reportagem é chocante. Com uma população majoritariamente miserável, reservas gigantes de petróleo, e uma economia que depende quase que exclusivamente de sua extração, �ica fácil descobrir quem manda realmente na Nigéria. O sistema de concessões, tão elogiado por nossos privatistas, é o que vigora na Nigéria. Nas licitações, claro que todos os projetos de perfuração e exploração são “limpos e seguros”. Na realidade, a coisa é diferente. Segundo a reportagem até “546 milhões de galões de petróleo foram derramados no Delta do (Rio) Níger nas últimas cinco décadas, ou quase 11 milhões de galões por ano, concluiu um relatório de 2006, feito por uma equipe de especialistas do governo da Nigéria e de grupos ambientalistas locais e internacionais”

FALTA MANUTENÇÃO

O incrível é que o óleo derramado, segundo a matéria, não é unicamente oriundo de problemas nos poços, mas também dos oleodutos e árvores de natal (aquela válvula que “tampa” os poços terrestres) abandonadas. Ou seja, pela pura falta de manutenção e monitoramento. O óleo invade manguezais próximos ao delta do rio Níger, expulsando pescadores, forçando os moradores a buscar água para beber, banhar-se e cozinhar, cada vez mais longe de suas casas. “Há petróleo Shell no meu corpo” – resume Hannah Baage, moradora do entorno da região afet A mancha de óleo no Golfo do México é notícia, e tem que ser mesmo um escândalo. A mancha de óleo na Nigéria é um escândalo, mas não é notícia. (www.tijolaco.com)

O petróleo é nosso, cobra Stone

O

cineasta americano Oliver Stone disse, em Londres, que o vazamento de petróleo no Golfo do México mostra que os Estados Unidos deveriam seguir o exemplo dos países latinoamericanos e nacionalizar a exploração de seu petróleo. Em entrevistas concedidas em Londres, disse que o petróleo e outros recursos naturais “pertencem ao povo” e são importantes para serem deixados sob o controle privado. “Este derrame de petróleo da British Petroleum é algo típico do que acontece quando se permite que uma indústria privada trate apenas como lucro o que deveria ser um bem púbico”, disse Stone, vencedor de vários “Oscar”

De acordo com o cineasta, nem a indústria do petróleo, nem a da saúde nem as prisões deveriam ser fontes de lucro privadas, são atividades essencialmente públicas.

A mancha de óleo no Golfo do México é notícia, e tem que ser mesmo um escândalo. A mancha de óleo na Nigéria é um escândalo, mas não é notícia.


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Esporte

18 de Agosto de 2010

O pulo do gato

Um olho nas medalhas... e outro no futuro

A

pós a conquista do 54º Jogos Regionais – aliás, décimo título conquistado seguidamente – Americana agora está de olho no seu futuro esportivo. O desempenho superior ao esperado nos jogos, vencido em casa, encheu de expectativa a cúpula do esporte americanense. Em novembro, Americana disputará os Jogos Abertos do Interior, cuja sede será Santos, na Baixada Santista. O nível técnico dos atletas nesta competição é superior ao enfrentado por Americana nos Jogos Regionais. No entanto, apesar de ninguém con�irmar, a intenção da cidade é �icar entre os cinco primeiros na tabela de classi�icação geral. “Vencemos em casa com certa folga e isso traz con�iança aos atletas. Agora é pensar no futuro. Temos uma competição duríssima em outubro e nossa pretensão é �icar entre os dez. Vencer ainda é muito di�ícil”, diz o secretário de Esportes de Americana, Mário Antonucci. Apesar da modéstia do secretário, assessores ligados a ele garantem que a equipe tem reais chances de �icar entre os cinco primeiros colocados.

O VELHO PRESTÍGIO

A intenção, por parte da administração, é resgatar o antigo prestigio da cidade como formadora de jovens talentos. “Realizamos uma ótima reestruturação dos espaços destinados a prática esportiva, como a reforma de quadras e a troca do piso da pista de atletismo, fatos que acabam motivando os atletas. Isso é muito importante. Tenho certeza que vamos ampliar

o número de talentos na base”, explica Antonucci. Os Jogos Abertos do Interior não são o único objetivo da cidade em relação ao esporte. Segundo o secretário, a intenção é ampliar ainda mais os investimentos na pasta e atrair competições importantes para o município. “Temos um amplo parque aquático, quadras esportivas em diversos bairros e algumas ainda em construção. Acredito que em breve vamos alcançar um patamar, tanto em competitividade quanto em representatividade, importante dentro do esporte estadual’, explicou.

MOTIVAÇÃO

Antonucci acredita que os atletas americanenses estão treinados e motivados com a conquista, fatores que serão decisivos nas disputas em Santos. “Todos tiveram uma carga de treinamentos voltada para os Jogos Regionais e, por isso, estão em plena forma para enfrentar as competições preliminares aos Jogos Abertos e, consequentemente, chegar bem em Santos. Outro fator importante é a motivação. Vencer em casa sempre é importante neste sentido”, ressalta.


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A versátil

Caixa de aço Steel Frame, sistema utilizado há mais de 100 anos nos EUA, Europa e Japão, só agora conquista adeptos no Brasil

O

futuro é do Steel Frame. Pelo menos é isso o que defende um grupo crescente de arquitetos e construtores brasileiros. Também chamado Estrutura em Aço Leve, o Steel Frame como é conhecido internacionalmente nada mais é do que o sistema de construção que utiliza o aço como elemento estrutural para sustentar o telhado e as placas de revestimento que formam as paredes. O sistema surgiu nos Estados Unidos há mais de 100 anos, é largamente utilizado em alguns países da Europa e no Japão, e de forma especial em países sujeitos a terremotos. Como a estrutura não usa vigas ou colunas isoladas de apoio, as paredes externas são parte da estrutura por onde se reparte todo o peso das placas. A casa é como uma caixa metálica reforçada pelo revestimento estrutural. Por ser uma estrutura leve, o Steel Frame é particularmente vocacionado para edi�icações de, no máximo, três andares. No Brasil, ele chegou há pouco mais de 10 anos, mas só começou a ser utilizado em maior escala nos últimos cinco anos, e mesmo assim restrito a edi�icações comerciais.

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Arquitetura

18 de Agosto de 2010

A montagem da edi�icação é simples e dispensa equipamentos e transportes pesados

As vantagens

A primeira vantagem apontada pelos defensores do Steel Frame é a qualidade e segurança do material utilizado. Todos os componentes são industrializados, a maior parte deles por grandes indústrias nacionais e multinacionais instaladas no Brasil, com padrões rigorosos de produção que lhes conferem certificações de garantia e qualidade. “Mas é no dia-a-dia da obra que aparecem as maiores vantagens”, diz o arquiteto André Americano, de Americana, um entusiasta do sistema. Os prazos de entrega são bem inferiores aos do sistema convencional e é possível uma programação mais rigorosa do processo produtivo e dos custos em todas as fases. Além disso, como não utiliza fundações caras e profundas, provoca pouco impacto ambiental e garante canteiros de obras limpos e livres de entulho. “A montagem da edificação é simples e dispensa equipamentos e transportes pesados”, explica. Os entusiastas do Steel Frame lembram ainda que o sistema é extremamente flexível, pois permite qualquer tipo de acabamento exterior e interior, garantindo grande conforto térmico e acústico. Com toda esta versatilidade, o sistema pode ser utilizado nos mais diferentes tipos de edificações. Desde grandes galpões industriais até residências com projetos complexos e sofisticados. E, dependendo do projeto, a obra pode ser iniciada e finalizada em apenas dois meses.


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18 de Agosto de 2010

Pilates

A ginástica mais eficiente de todos os tempos ganha clínicas e academias

D

esde que foi criada e desenvolvida, há poucos anos, a técnica do Pilates ganhou rapidamente as academias e clínicas de todo o mundo. Considerada a ginástica mais e�iciente de todos os tempos, o Pilates é um método de restauração postural e também de condicionamento �ísico. Trata-se de uma técnica de construção corporal a partir de um programa de exercícios personalizados, suaves, criativos e de poucas repetições. O Pilates, na verdade, ensina cada um a esculpir artesanalmente o próprio corpo e a corrigir permanentemente a postura.

O Pilates foi desenvolvido com o objetivo de fortalecer os músculos que estão fracos, ao mesmo tempo em que alonga e aumenta a mobilidade das articulações. Quando praticado corretamente e orientado por i n s t r u t o re s quali�icados, é um método que proporciona resultados rápidos, um corpo mais jovem, saudável, �lexível e harmonioso. Cada pessoa trabalha dentro do seu limite, com movimentos lentos e calmos, para evitar o estresse que é provocado por muitas técnicas habituais de ginástica. É diferente da ginástica convencional, onde o foco está em uma parte do corpo. No Pilates, o aluno trabalha o corpo como um todo, em uma �ina sincronicidade entre a mente e o corpo.

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Saúde / Beleza

Pontos fundamentais em que o Pilates trabalha - Condicionamento físico e mental; - Alongamento/ ganho de flexibilidade; - Correção postural; - Ganho de força muscular; - Melhora na coordenação motora; - Relaxamento. Benefícios oferecidos pela prática regular do Pilates - Correção postural; - Aumento da tonificação, resistência e força muscular; - Melhora do alongamento, da mobilidade e do equilíbrio; - Maior controle corporal; - Aumento da mobilidade e equilíbrio; - Melhora da coordenação motora; - Melhora da circulação venosa e linfática; - Aumento do gasto calórico; - Melhora no funcionamento dos órgãos internos; - Alívio das tensões, estresse e dores crônicas; - Melhora da respiração;

A técnica melhora processos anatômicos e biomecânicos que contribuem para um organismo mais harmônico e vigoroso


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18 de Agosto de 2010

Mas, afinal

Aqui o ambiente é agradável e remete os visitantes a lembranças e sabores da velha e boa Minas Gerais

É

os dois, ao gosto do freguês. E adivinha uma das especialidades da casa? O famoso caldo de quenga, ou seja, de galinha. O prato originou-se em Minas e é feito com mandioca e frango des�iado, com temperos especiais, servido na cumbuca ou no pão italiano, com torresmo crocantíssimo para �inalizar. Com três anos e meio, o restaurante inova cada vez mais no cardápio. Com base na típica comida mineira – leia-se carne seca, mandioca e costelinha de porco com mandioca – há ainda muitos outros atrativos. Cláudio Ezziq, responsável por esse sucesso todo, pensa tanto nos clientes que, ao ouvir das mulheres que também queriam seu quengo, lançou o caldo quengo. Uma brincadeira, mas que resultou numa deliciosa pedida “Tiramos o frango des�iado e colocamos a carne seca e calabresa picada, também o torresmo foi trocado por cheiro verde, mais light para

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Gourmet

é Kuazi Kaipira ou Caldo de Quenga?

elas”, brinca. Trem maluco, Trem Desgovernado, Trem Bom, mas, que trem é esse sô? São deliciosos lanches feitos com três ovos e mil recheios. O maluco, por exemplo, tem brócolis, palmito, mussarela, ervilha, milho, catupiry, molho de tomate, o próprio tomate e a alface. E para fechar o almoço ou jantar delicioso, ao som de música ao vivo, tipicamente sertaneja, a dica é pedir Chico Bento e Rosinha, que é queijo com doce de abóbora, ou Adão e Eva, que é queijo com doce de leite. Criativo, não? Por essas e outras é que a o público e a casa só crescem. O espaço ainda conta com uma brincadoteca com monitores.

Casa de Carnes Colina

Rua Piauí, 941, esquina com Rua Paraná, Jardim Colina, Americana - Fones: 19 3461.5254 / 19 3405.5447


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Cultura

18 de Agosto de 2010

Anderson o demolidor

A

s águas, a terra e a história de uma das paisagens mais mágicas de Americana, a Praia Azul, estão impregnadas na memória e no corpo de Anderson Svilpa. E Anderson não é um cara com quem se brinque. Ou, pelo menos, ninguém seria ingênuo de brincar com ele nos ringues mais hards das artes marciais do mundo. Trinta e cinco vezes medalhistas na briga pesada do jiu-jítsu, ele já foi vice-campeão paulista três vezes, campeão do Brasil 500 Anos e vice-campeão mundial. Anderson é professor de jiu-jítsu, há anos, e mais recentemente também vale-tudo – uma luta, dizem, dos brutos. Por isso, hoje, só entra em briga de cachorro grande, mas que ninguém se iluda: Anderson está muito longe de ser um pit-bull, pelo menos no sentido �igurado do termo. Tanto é que, hoje, uma de suas principais lutas, bem longe dos ringues e academias, é para concluir um livro de amor e suspense, todo ele ambientado na paisagem e na vida de Americana, com destaque especial para a Praia Azul. Anderson diz ter uma história de gratidão e amor com Americana e a Praia Azul. A�inal, foi literalmente en�iado nas águas da Praia Azul que ele aprendeu a conhecer a vida e a descobrir o melhor de si. Ele chegou em Americana ainda adolescente, vindo das periferias de São Paulo onde levava a vida sobre o skate – esporte que praticou quase pro�issionalmente. Vivia em contato com a marginalia e, hoje admite, por pouco não se perdeu de vez nos descaminhos da metrópole. Roqueiro, fã do The Doors, já naquele tempo pegava pesado para ganhar a vida. Ainda adolescente, trabalhava como feirante, nas tumultuadas feiras-livres de São Caetano.

DENTRO DAS ÁGUAS

Quando aportou em Americana, com a família atraída por tios que já viviam na Praia Azul, passou um tempo perdido, circulando com a galera, envolvido em brigas de rua. Passou tempo buscando emprego – “eram tempos di�íceis” – até conhecer Marcelo da praia, um pescador de iscas vivas, que o introduziu na pro�issão. “Eu estava desempregado, vi que ele ganhava bem fazendo isso e pedi pra me ensinar”. No começo foi jogo duro. Para um paulistano da Mooca não era fácil passar o dia dentro da água. “Eu tinha medo de tudo. Nunca tinha entrado daquele jeito numa represa. As iscas �icam debaixo dos aguapés e eu tinha que en�iar a mão debaixo daquilo, pisar na lama. No começo era uma loucura, mas depois aprendi a gostar”. Depois, durante mais de cinco anos, no início dos anos 90, ele viveu e viveu bem nessa pro�issão. “Ganhávamos bem, dava pra levar uma vida tranquila. E aí eu já tinha aprendido e gostava do que fazia. Ia de noite, a hora que fosse pra dentro da represa, conhecia cada pedaço dela”. Mas, com o aumento rápido da poluição e o crescimento descontrolado dos aguapés, os peixes e as iscas vivas também sumiram. “Eu e o Marcelo ainda continuamos um bom tempo, mas tínhamos que ir pra outras represas, viajar, passar dias fora. O trabalho foi �icando muito cansativo”. Durante este tempo, Anderson já se tarimbara nas artes marciais. Ele começou nas rodas de capoeira dos Guerreiros de Aruanda, em 1992. “Quando vi a capoeira me fascinei. Senti que podia juntar o malabarismo do skate com uma arte marcial”.

O livros são Deus em páginas. Donos de todos os sebos da região me ligam quando recebem alguma preciosidade AMOR AOS LIVROS

Foi também durante sua vida na Praia Azul que Anderson descobriu a outra grande paixão: os livros. “Os livros são Deus em páginas”, diz. Quem vê sua biblioteca e conversa com ele sobre literatura logo percebe que também aí ele não está brincando. Rato de livraria, Anderson é conhecido pelos donos de todos os sebos das cidades da região. “Eles sempre ligam para ele assim que recebem alguma coisa diferente, ou uma preciosidade”. O acervo que Anderson tem em casa é invejável: vai de todos os clássicos da literatura universal até os mais sofisticados contemporâneos. Esta paixão pelos livros e pela literatura ocorreu da forma mais inesperada na vida de Anderson. Desde moleque ele é fascinado pelo desenho e rabisca- va esboços com car-

vão, debruçado no balcão, quando ainda era feirante em São Caetano. “Aqui em Americana eu me apaixonei por uma mulher, mas me sentia ignorante perto dela, advogada, inteligente. Então para impressionar, quis fazer um desenho especial, mas acabei fazendo uma coisa besta, com carvão, sem fixador sem nada”. Então, envergonhado, começou a buscar livros de arte para aprender técnicas de pintura. Hoje, ele também tem em sua biblioteca os livros de todos os grandes artistas plásticos clássicos e contemporâneos. E pinta compulsivamente, quase diariamente, as obras que decoram sua academia, são distribuídas aos amigos ou guardadas para integrar uma exposição que ele pretende fazer um dia.


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