Foi já há 400 milhões de anos que dois supercontinentes, Laurússia e Gondwana, chocaram e fecharam o oceano Rheic, o “pai” do actual oceano Atlântico. O supercontinente Gondwana compreendia então as actuais América do Sul, África, Madagáscar, Índia, Austrália e Antárctida, enquanto do Laurússia haveriam de “nascer” a América do Norte, Europa e Ásia do Norte de hoje. O Rheic era o único oceano que cobria o Planeta azul e do choque entre esses dois supercontinentes haveria de surgir uma nova reorganização dos continentes. Porém, não ainda a que hoje conhecemos, pois a história geológica da Terra haveria ainda de passar por muitos outros “encontros e desencontros” de supercontinentes. Lance-se numa viagem única à volta deste Umbigo do Mundo!
Sítio de Morais À volta do umbigo do Mundo
Sítio de Morais
Mapa-guia
Sítio de Morais
Índice
Introdução Geologia de Morais Natureza de Morais Actividade Agrária Rota Geológica Rota Pedestre Turismo e Cultura Contactos Úteis
2 4 36 54 64 68 72 86 Ficha Técnica Propriedade e Edição: Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros Concepção Gráfica: Ubiwhere, Lda Coordenação Científica: Prof. Dr. Eurico Pereira (Geologia de Morais); Instituto Politécnico de Bragança (Natureza de Morais e Actividade Agrária) Impressão: Nome da Gráfica Tiragem: nº 2000 de exemplares Distribuição Gratuita
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Dar a conhecer a importância do nosso território, interpretá-lo, valorizá-lo e preservá-lo é uma missão que assumimos com convicção e entusiasmo. O Maciço de Morais que já estava inscrito na rota mundial do turismo científico, fica agora através do projecto “Percorra Milhões de Anos Geológicos nos 12878 ha do Sítio de Morais” disponível e perceptível para toda a comunidade. Para tal, criaram-se um conjunto de suportes de informação e valorização dos valores geológicos, florísticos, ecológicos e culturais, interpretou-se e sinalizou-se os percursos pedestres e a rota geológica. O valor excepcional do Sítio de Morais centra-se no acontecimento geológico que teve início há cerca de 380 MA – o fecho de um antigo oceano e a colisão de dois antigos continentes – e que culminou no aparecimento de uma importante cadeia montanhosa, a cadeia varisca. Apesar do tempo que passou, há ainda actualmente testemunhos bem conservados desse processo, o seu reconhecimento e interpretação conduz o visitante ao longo de enriquecedora viagem ao passado do Planeta Terra e à compreensão das suas dinâmicas. Os geológicos destacam o Sítio de Morais como um dos cinco locais no planeta onde é possível observar este tipo de vestígios, classificando-o como uma singularidade geológica de valor ímpar. O visitante pode calcorrear os percursos pedestres interpretativos, descobrir a Rota Geológica, saborear dos produtos locais, contactar com as gentes e usufruir da paisagem, possibilitando-lhe um conhecimento alargado, vivencial e real do Sítio de Morais. O presente guia constitui um importante instrumento de apoio a todos os que partem nesta viagem. Aqui estão compilados os valores geológicos e florísticos de rareza mundial, e que se constituem como elementos centrais da valorização deste território. Para além deste território onde “ as pedras falam”, acrescenta-se o património natural, cultural e histórico do concelho, a variada gastronomia e o dom de bem receber tão característico dos transmontanos.. O Presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, Eng. Beraldino Pinto
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Geologia de Morais
Geologia de Mor 4
rais
Comentar a geologia do Maciço de Morais, em linguagem acessível, não é tarefa fácil. Porque é complexa, a geologia é universal e não tem fronteiras limitadas a espaços geográficos e porque obriga a generalização e compreensão de conceitos que abarcam vários ramos das Ciências da Terra, tais como paleogeografia, tectónica, estratigrafia, petrologia, etc. À partida, a Carta Geológica do Maciço de Morais, editada pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), surge-nos como um código de cores incompreensível que só poderemos interpretar se formos receptivos á ideia de que o Planeta Terra, durante a sua longa história de 4550 Ma, sempre esteve em permanente mutação que se traduz por agrupamentos e desmembramentos de continentes e oceanos. Assim, a Terra emerge como um planeta vivo onde, à velocidade de escassos centímetros por ano, se constroem e destroem materiais geológicos, em idênticas proporções, de forma que o volume da Terra permaneça constante. Tais movimentos com amplitude de centímetros, repercutidos em milhões de anos, unidade de tempo em geologia, produzem grandes modificações na configuração de continentes e oceanos, ou seja, nas antigas geografias. Nesta perspectiva, a paleogeografia da Terra, em cada período da sua longa história, resulta do somatório de pequenas causas que, repercutidas em milhões de anos (Ma), produzem grandes efeitos. Na reconstituição paleogeográfica, o paradigma de interpretação recorre cada vez menos a modelos imobilistas. Pelo contrário, é prática corrente a contínua recomposição da antiga geografia terrestre, a palinspástica, baseada em datações de idade isotópica e de paleomagnetismo dos diferentes terrenos. Hoje, portanto, os movimentos das massas continentais e a expansão ou destruição da crusta oceânica são episódios mensuráveis e não especulativos. Dão suporte e fundamentação científica à Tectónica de Placas, cuja compreensão carece da abordagem de alguns conceitos básicos. Na perspectiva temporal de evolução contínua da geografia terrestre, torna-se imperioso conhecer minimamente a estrutura química e física do interior do globo e o conceito de ciclo de Wilson, para posteriormente debatermos o ciclo Varisco e aqui inserirmos o Maciço de Morais.
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Estrutura química e física do interior do globo
Crusta (6-70KM) d = 2.5 — 3
Manto (2900KM) d = 3.3 — 5.5
Núcleo (6-70KM) d = 2.5 — 3
fig 1a
Tendo por base a composição química da Terra, consideram-se três camadas fundamentais, dissociáveis mediante elementos químicos principais (Fig.1A): Crusta – é a camada externa constituída por silicatos. Subdivide-se: i) em crusta continental com espessura média de 45 km, mas que pode atingir 60-70 km nas cadeias de montanhas, sendo composta por silicatos leves; ii) e crusta oceânica de natureza essencialmente basáltica e, portanto, constituída por silicatos pesados e com espessura média de 6 a 8 km. Manto – é a camada mais volumosa da Terra, estende-se até cerca de2900 km e é constituída por silicatos de magnésio e ferro e, na zona mais profunda,
Estrutura interna do Planeta Terra: zonamento químico;
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por óxidos densos. Núcleo – é a camada de mais elevada densidade, estende-se da base do manto até ao centro da Terra, situado a 6371 km de profundidade, e é constituída essencialmente por ferro e, em menor proporção, por níquel. Quando se aprecia o estado físico em que os materiais constituintes da Terra se encontram, consideram-se cinco camadas (Fig. 1B): Litosfera- é a camada sólida externa do nosso planeta. Compreende toda a crusta e a parte superior do manto (manto litosférico) e tem espessura média de 100 km. Astenosfera – é a camada subjacente
à litosfera, com espessura de cerca de 150 km, em que os materiais se encontram no estado viscoso, mercê da fusão parcial do manto superior. A astenosfera tem, pois, capacidade de fluir em períodos de tempo geológico, isto é, em milhões de anos. Mesosfera – é a camada compreendida entre a base da astenosfera e a base do manto, até à profundidade de 2900 km como vimos antes. Os materiais do manto (peridotitos constituídos por olivina e piroxenas e óxidos densos) encontram-se essencialmente no estado sólido. Leito D” - na fronteira da mesosfera com o núcleo, gera-se uma zona altamente reactiva, com espessura estimada entre 200-400 km. Estas reacções produzem enormíssima libertação de
energia que podem explicar a dinâmica convectiva do manto e do núcleo. À dinâmica do manto associam-se os “hot spots” enquanto a dinâmica do núcleo pode ser a causa do magnetismo terrestre. Núcleo externo – é a parte externa do núcleo que se estende até à profundidade próxima de 5150 km em que liga metálica de ferro e níquel se apresenta no estado líquido. Núcleo interno – é aparte mais interna da Terra em que liga metálica de ferro e níquel se apresenta no estado sólido.
Litosfera Astenosfera Mesosfera Núcleo Externo Núcleo Interno
fig 1b
Estrutura interna do Planeta Terra: zonamento físico, (adaptado de Dias, 2007)
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Ciclo de Wilson
A par do conceito de expansão dos fundos oceânicos, introduzido por de Vine & Mathews na década de 60 do século passado, as consequências para a geologia começaram progressivamente a surgir. Um dos primeiros autores a reconhecer que o paradigma da Tectónica de Placas pode ser aplicado com sucesso à geo-história foi J. Tuzo Wilson. Se os continentes sofrem processos de rotura total da crusta até atingir o manto para formar bacias oceânicas, outros oceanos têm de fechar. Este processo pode ser repetido através da história da Terra. Exemplo: o oceano Iapetus, situado entre Inglaterra e Escócia fechou no Silúrico com a colisão Caledoniana. A posterior abertura do Atlântico, no Jurássico, verificou-se praticamente no mesmo lugar.
fig 2 8
Principais etapas do ciclo de Wilson desde a fragmentação de um continente e formação de um oceano extenso, até ao fecho do oceano, acreção da margem continental e colisão de massas continentais para formarem uma Cadeia Orogénica ou cadeia de montanhas.
O processo repetitivo ou cíclico é hoje conhecido como Ciclo de Wilson, o qual compreende: i) rotura total (rift valley) do continente através de ascenso local (diapirismo) mantélico; ii) início da oceanização; iii) deriva continental, expansão do fundo oceânico e formação da bacia oceânica; iv) início da subducção da litosfera oceânica e formação do arco de ilhas e bacia marginal ou de back arc; v) fecho progressivo da bacia oceânica e acreção do bordo continental; vi) fecho final da bacia oceânica e colisão continental. O ciclo de Wilson compreende, pois, duas etapas: uma distensiva ou de sedimentogénese em que se verifica a abertura, expansão do oceano e acumulação de sedimentos e uma etapa compressiva ou de tectogénese em que tem lugar o
fecho do oceano, deformação de sedimentos e colisão dos continentes que marginam o oceano, acompanhados de metamorfismo. O ciclo culmina com um gigantesco processo designado orogenia. Mas, no final de cada ciclo, o que resta dos continentes opostos e do oceano que lhes ficava de permeio é tudo amalgamado numa massa continental de grandes proporções. Importa em geologia destrinçar as partes componentes do novo continente, ou seja, as partes correspondentes aos primitivos continentes e ao oceano situado entre estes, que passam a designar-se por Terrenos (Coney et al., 1980). São, pois, grandes unidades de envergadura litosférica (placa ou microplaca) ora justapostas por gran-
des acidentes (falhas). Em paralelo com o paradigma da Tectónica de Placas, as datações de idade real das rochas, efetuadas através de pares de isótopos radioativos, associadas a medições do paleomagnetismo terrestre (antigas posições dos pólos magnéticos terrestres), estão na base da grande revolução sofrida pela geologia ao permitirem definir com rigor os processos e fazer reconstituições acerca da formação e contínua movimentação dos continentes e oceanos ao longo dos tempos geológicos. A reconstituição geodinâmica de antigas geografias é o domínio da nova ciência, a palinspástica.
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Ciclo Varisco
AV AL
O
N
IA
SILURICO MÉDIO 425 Ma
C EI RICA RH ARMÓ
IBÉRIA
GONDWANA
O ciclo Varisco tem início no período Câmbrico com o desmembramento e reorganização dos continentes existentes neste período, compreendendo, essencialmente, o Laurentia, Báltica, Sibéria e Gondwana (Fig. 3). Mas, como se referiu, o ciclo geológico inclui a fase de sedimentogénese e a fase de tectogénese, culminando com a edificação da cadeia de montanhas. A expansão do oceano e acumulação de sedimentos do ciclo Varisco desenvolvem-se entre
Avalónia
fig 3 10
Rheic
o Ordovícico e Silúrico (500-440 Ma); o fecho do oceano e colisão continental inicia-se no Devónico Inferior (390 Ma) e a cadeia Varisca foi edificada no Devónico-Carbonífero (380-280 Ma). Neste processo dinâmico inerente ao conceito plaquista, os continentes formam-se a partir de núcleos rígidos antigos (núcleos cratónicos) a que continuadamente se vão acretando novas áreas de origem sedimentar e ígnea, metamorfizadas no processo orogénico. As
Armórica
Galiza Ibéria Trás-os-Montes
Distribuição de massas continentais no Silúrico Médio, mostrando a posição dos continentes que marginavam o Oceano Rheic, e o oceano menor de Galiza e Trás-os-Montes, cujo fecho conduziu à formação da Cadeia Orogénica Varisca da Europa (adaptado de Meyer-Berthaud et al., 1997)
novas áreas acrescentadas aos núcleos continentais são designadas cinturões orogénicos. Os continentes modificam-se ao longo dos tempos geológicos por acreção de sucessivos cinturões orogénicos e como são menos densos que a parte viscosa do manto (astenosfera) flutuam não sendo submergíveis. Já as placas oceânicas são efémeras. Como são mais densas, grandes porções delas retornam, por descenso (subducção) e fusão, ao manto que lhes deu origem. Só uma pequena parte da crusta oceânica contribui para ampliar os bordos continentais, mediante sobreposição (obducção) a estes bordos de complexos ofiolíticos (antigas crustas oceânicas que resistiram ao mergulho e reciclagem por fusão no manto).
Na Europa, a cadeia Varisca prolonga-se dos montes Urais até à Ibéria, atingindo outros continentes tais como o leste da América do Norte (cadeia Ale-
ganiana) e norte de África (cadeia Mauritânica). No que respeita à cadeia Varisca, em muitas situações, foi retomada no ciclo Alpino. Porém, na Ibéria, o ciclo Va-
Frente Alpina Carrreamentos Variscos Principais carreamentos Variscos Separando zonas distintas Principais falhas cariscas normais e transcorrentes Maciços variscos autóctones Mantos alóctones variscos (mantos cristaçinos de zonas orogénicas internas) Cintura orogénica externa de dobrmentos e cavalgamentos
fig 4
Repartição geográfica do Cinturão Orogénico Varisco europeu (adaptado de Martínez-Catalán, 1990; Matte, 1991; Rodrigues, 2008)
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risco exibe a sua melhor e mais completa exposição. Analisemos então as várias etapas deste ciclo até à amalgamação de Terrenos cuja evolução geodinâmica conduziu à singularidade geológica observável no Maciço de Morais. Não é, no entanto, caso isolado na geologia da Península Ibérica. O NW Ibérico encerra um dos mais sugestivos segmentos da cadeia Varisca. Expõe a zona interna da cadeia e engloba os Maciços Alóctones de Cabo Ortegal, Ordenes e faixa
fig 5a
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O esquema anexo, sem escala, representa a distribuição dos Terrenos (placas e/ou microplacas) que ladeavam o(s) Oceano(s) Varisco(s) (adaptado de Simancas et al., 2009): De um lado, o continente Laurentia-Avalónia, reunidos após a colisão Caledónica, no Silúrico; no lado oposto, o Gondwana e os blocos separados deste continente (Armórica e Ossa-Morena); entre os continentes Laurentia-Avalónia e Gondwana situam-se o oceano Rheic, mais amplo, e o oceano menor de Galiza/Trás-os-Montes-Maciço Central
de Malpica-Tui, da Galiza, e os Maciços de Bragança e Morais, do NE de Trás-os-Montes. Revestem-se de significado muito particular na interpretação da referida Cadeia Orogénica (Fig. 4). Um dos aspetos mais relevantes do segmento Varisco NW Ibérico é o forte arqueamento (virgação) das estruturas moldadas a um bloco rígido de soco
fig 5b
Após a colisão continental, no período Devónico Médio - Carbónico Superior, os Terrenos (placas e/ ou microplacas), individualizados na Fig. 6(a), foram amalgamados, dando corpo à cadeia Varisca (adaptado de Vallèvre et al., 2009). O aspecto mais relevante da cadeia é a forte virgação das estruturas em torno do bloco rígido Cantábrico, tendo como consequência a formação do Arco Ibero-Armoricano. As zonas de sutura, assinaladas a verde escuro, representam os locais de fecho do(s) oceano(s) Varisco(s). No caso da Ibéria, sobre o Maciço Ibérico, encontram-se representadas as Unidades Morfoestruturais Alpinas (Bacias Terciárias, Bacias Meso-Cenozóicas e Cadeias alpinas periféricas)
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Micaxistos de Lagoa
pré-existente, coincidente com a zona Cantábrica. Importantes falhas de desligamento nas margens deste bloco rígido originam translações de escape de materiais, com movimentação oposta no maciço Ibérico e no maciço Armoricano (Fig. 4). A compressão orogénica e encurtamento de espaço segundo aquelas falhas, ao nível da crusta inferior e média, muito mais dúctil devido ao elevado metamorfismo, induzem à superfície grandes deslocamentos de materiais designados mantos de carreamento. Deste modo, porções consideráveis quer de blocos continentais, quer de blocos oceânicos, podem sobrepor-se na zona de colisão (zona interna da cadeia) e sofrerem grandes deslocamentos a partir das suas zonas de raízes. Impulsionados
Unidade Alóctone Superior
Gnaisses ocelados de Lagoa Unid. V. Porca/Caminho Velho Unidades de Morais-Talhinhas
Complexo Ofiolítico (U.Alóctone Intermédia) Unidades de Izeda-Remondes Unidades Pombais Fm. Macedo de Cavaleiros Tufitos Vulcanitos básicos
U. Alóctone Inferior Unidades Centro-Transmontanas
Complexo Vulcano-Silicioso
Filitos
fig 6 14
Coluna litoestratigráfica representativa do Maciço de Morais
Vulcanitos ácidos
Quartzitos
Fm. Filito-Quartzítica Gn. Saldanha
Gnaisses Ocelados “Flaser” gabros
Saxo Turímgica
Rheic
por forças tectónicas e gravíticas, estes conjuntos de blocos sobrepostos, transportados para zonas mais externas da cadeia, formam os designados mantos alóctones (Fig. 4). Os maciços alóctones de Galiza e Trás-os-Montes correspondem, pois, à sobreposição de um fragmento de crusta continental a um fragmento de crusta oceânica e o conjunto destes dois cavalgado sobre a margem continental gondwânica. Efetuando uma observação pormenorizada sobre os sectores mais ocidentais da cadeia Varisca Europeia, podemos ter uma ideia aproximada sobre a zona de raízes, ou melhor dizendo, sobre a proveniência das diferentes unidades que integram os Maciços da Galiza e Trás-os-Montes (Fig. 5a,b).
Devónico Inferior
Avalónia
Armórica
Oceano de Galiza e Trás os Montes Maciço Central Ibéria
OG/TM-MC Devónico Médio
S-T
Avalónia
Ibéria
Armórica Rheic OG/TM
S-T Devónico Carbónico
Avalónia
Armórica
Centrotransmontanas Peri Transmontanas Ibéria
Rheic
fig 7
Representação esquemática de continentes e oceanos durante o período de tectogénese varisca, (adaptado de Ribeiro et al., 2007): i) no Devónico Inferior, tem início a subducção do Rehic (inversão tectónica) entre a Avalónia e Zona Saxo-Turíngica/Armórica (de notar que, no período considerado, a Avalónia era parte integrante do continente Laurentia-Báltica e todos os restantes fragmentos foram destacados do Gondwana) ii) ainda neste período, entre a Armórica e Ibéria, verifica-se distensão (sedimentogénese) e abertura do oceano OG/TM-MC; iii) entre o Devónico Médio e o Carbónico Superior, com o fecho do Rheic, tem lugar a colisão continental entre Laurentia-Báltica e Gondwana; iv) no mesmo período e, no respeitante ao NW Ibérico, verifica-se, também, colisão entre blocos continentais destacados do Gondwana, obducção do OG-TM sobre o bordo do Terreno Ibérico e consequente empilhamento de Unidades Alóctones e Parautóctones referidas no texto. (AV-Avalónia; S-T Zona Saxo-Turíngica; OG/TM-MC- Oceano de Galiza e Trás-os-Montes – Maciço Central; ARM-Armórica; RH – Oceano Rheic; CAS – Complexo Alóctone Superior; CT – Unidades Centrotransmontanas; PT – Unidades Peri-Transmontanas)
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Os blocos continentais e oceânicos, primariamente conformados à distribuição geográfica configurada (Fig. 5a), quando submetidos ao regime compressivo orogénico, são progressivamente moldados ao promontório rígido coincidente com a Zona Cantábrica. Os mecanismos cinemáticos, próprios do orógeno, propiciaram a respectiva sobreposição de blocos e transferência de massa. O Maciço de Morais encontra-se conformado ao empilhamento de três unidades tectonostratigráficas (Terrenos) de envergadura litosférica, pois trata-se de placas ou microplacas, separadas entre si por grandes acidentes tectónicos (Fig. 6). Da base para o topo distinguem-se as seguintes grandes unidades alóctones:
fig a
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Complexo de diques da sequência tipo de crusta oceânica
i) Unidade Inferior (Complexo Alóctone Inferior-CAI ou Unidades Centrotransmontanans); em conjunto com as Unidades Peri-transmontanas fazem parte da microplaca Ibérica (Terreno Ibérico), representativa da margem do continente Gondwana; ii) A Unidade Intermédia (Complexo Ofiolítico-CO) representa um fragmento completo de crusta oceânica (Oceano de Galiza e Trás-os-Montes-Maciço Central, um ramo menor do Oceano Rheic), (Terreno Ofiolítico); iii) A Unidade Superior (Complexo Alóctone Superior-CAS) consta de um fragmento completo de crusta continental, isto é, do continente situado na outra margem do oceano. Presume-se que se trata da microplaca Armórica (Terreno
Exótico), (Ribeiro et al., 2007). Na base desta sequência de unidades tectonoestratigráficas, encontra-se, ainda, o Complexo de Mantos Parautóctones-CMP ou Unidades Peri-transmontanas (PT, Fig. 7C), assim designado por mostrar afinidade com o autóctone. As unidades alóctones, pelo contrário, encontram-se muito distantes ou deslocadas do seu lugar de origem (zona de raízes). Devido às forças tectónicas responsáveis pela edificação da cadeia de montanhas Varisca, estas unidades foram deslocadas segundo uma flecha de mais de 200 km, relativamente à zona de raízes. É consenso entre os vários autores que têm investigado os Maciços Alóctones da Galiza e Trás-os-Montes, ad-
mitir que aquelas unidades continentais, separadas por oceanos Variscos, seriam fragmentos destacados do continente Gondwana. O oceano de Galiza e Trás-os-Montes – Maciço Central (de ora em diante designado por OG-TM) corresponde ao ramo sul do oceano Rheic, este sim, um amplo oceano situado entre os continentes Laurentia-Báltica (Avalónia incluída) e o Gondwana. O OG-TM estaria, pois, situado entre os blocos continentais Norte-Centro Armoricano e Sul Armoricano, sendo este último paralelizável com o Terreno Ibérico (Fig. 5 b). Os Terrenos acima referidos são pois equivalentes a placas litosféricas que intervêm na Orogenia Varisca. O sector NW Ibérico, com a sua própria história geológica plena de peculiaridades,
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corresponde, como se referiu, a um fragmento da cadeia Varisca. A reconstituição das zonas paleogeográficas e tectónicas da Ibéria em relação à Europa, antes da abertura do Golfo da Gasconha verificada no Cretácico, ajudam a identificar a proveniência (zonas de raízes) das unidades alóctones integrantes dos maciços alóctones, em geral, e do Maciço de Morais, em particular e, bem assim, permitem situar o sector NW Ibérico no contexto geral da cadeia Varisca (Fig. 5 b). Por outro lado, os perfis geológicos esquemáticos (Fig. 7) ajudam a compreender a interacção de placas e microplacas e respectiva evolução, no contexto sectorial da cadeia. Não esquecer que a cadeia de montanhas se estende do leste da Europa ao leste da América do Norte, na actual geografia, e os esquemas aci-
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ma tentam interpretar aspectos sectoriais do NW Ibérico. Mercê do encurtamento da crusta na zona de colisão de continentes, um fragmento continental sobrepôs-se a um fragmento da crusta oceânica e este conjunto implantou-se sobre a margem do Gondwana. A compressão tectónica da colisão, o espessamento crustal e movimentos gravíticos inerentes ao espessamento da crusta, induziram aquele movimento que teve a duração da edificação da cadeia (380-280 Ma). Deste modo, cerca de 2 cm/ano de movimento em 100x106 anos, perfaz o total de 200km de deslocação das Unidades Alóctones. Por sua vez, a deslocação desta pilha de unidades arrasta na base e vai deixando no trajeto outras unidades, denominadas Complexo
ORDOVICICO MÉDIO 465 Ma
SIB BÉRIA IA S TU PE IA
BALTIC A NIA
LO AVA
C RICA EI RMÓ
RH
A
IBÉR IBÉRIA B R
GONDWANA GO ONDWANA DW WA A
fig b
Disposião dos continentes no período Ordovicico médio, 465 Ma
de Mantos Parautóctones. As Unidades Alóctones são assim designadas por não serem paralelizáveis com as unidades envolventes, ao passo que as Unidades Parautóctones, embora formando complexos de várias escamas, mostram afinidades litológicas e estratigráficas com as unidades que não sofreram deslocamento e que, por esse facto, são designadas autóctones. Relembrando o que antes se referiu, na história da Terra, cada vez que dois continentes se afastam e se abre um oceano (fase de sedimentogénese) e se transita ao fecho do oceano e colisão de continentes para formar uma cadeia de montanhas (fase de tectogénese), cumpre-se um ciclo geológico. Nesta perspectiva muito geral, o grande ponto de partida da geologia do NW Ibérico e do
Maciço de Morais é o supercontinente, formado pelos blocos Laurentia, Sibéria, Báltica e Gondwana, resultante da orogenia Cadomiana, na parte que diz respeito à Europa ocidental. Este supercontinente foi desmembrado com a abertura de novos oceanos e, durante o ciclo Varisco, os continentes sofreram nova reorganização que culminou com a formação de outro supercontinente,
o Pangea.Percorramos então a História Geológica do NE de Trás-os-Montes e do Maciço de Morais, marcada por grandes períodos ou descontinuidades observados no conjunto das unidades litoestratigráficas autóctones e alóctones e averbemos as ilações desta análise comum.
Armórica
Avalónia Iapetus
Ibéria
Rheic
fig c
Perfil geológico dos continentes no período Ordovicico médio, 465 Ma
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Neoproterozóico – Câmbrico (5680-488 Ma)
Em Trás-os-Montes oriental, os terrenos mais antigos que se conhecem encontram-se na Unidade Alóctone Superior dos Maciços de Morais e Bragança. Constam de rochas de alto grau metamórfico. Litologicamente, são granulitos máficos derivados por metamorfismo de basaltos com assinatura química de arco de ilhas (Bridges et al., 1992). Teriam sido gerados no ciclo Cadomiano (680-530 Ma), o qual se integra, à escala global, no ciclo Pan-Africano-Brasiliano, mais abrangente. O microcontinente Ibérico e, bem assim, o microcontinente Armórica, neste período de tempo, eram parte integrante do sector norte do supercontinente Gondwana, o qual já havia sido individualizado em ciclo anterior (Grenvilliano).
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fig 8
Carta Geológica sintética do NW Ibérico, mostrando o enquadramento dos Complexos Alóctones de Bragança e Morais
No autóctone, testemunho do soco cristalino Cadomiano é-nos legado pelos ortognaisses pré-Variscos de Miranda do Douro, essencialmente, composto por paragnaisses e ortognaisses com idade isotópica (U-Pb sobre zircões) de ≈520 Ma (Castro et al., 2003), (Fig.8). Em discordância sobre o soco herdado do ciclo Cadomiano e, em consequência, sobre os ortognaisses do Maciço de Miranda, inicia-se a deposição de sedimentos correspondentes ao novo ciclo geológico, o Ciclo Varisco. A espessa sequência de sedimentos turbidíticos (gerados por torrentes de lama ou torrentes de turbidez) vai colmatar o extenso fosso marinho intracontinental, correspondente à Zona Centro-Ibérica (ZCI), (Fig. 9). Esta sequência sedimentar turbidítica
fig 9
Zonas paleogeográficas e tectónicas da Península Ibérica. Além da aloctonia dos Maciços de Galiza e Trás-os-Montes, pode ver-se, em corte vertical, a principal composição litoestratigráfica do Maciço Ibérico. O mapa da Ibéria mostra, ainda, a cobertura sedimentar pós-Varisca
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QUADRO1 COMPLEXO ALÓCTONE SUPERIOR
CÂMBRICO
MACIÇO de MORAIS
Locais de Observação
Intrusões Máficas:
Em vários pontos dentro da mancha de Micaxistos de Lagoa
Diques e soleiras de doleritos anfibolitizados Gabros anfibolitizados Gabros coroníticos Micaxistos de Lagoa:
CÂMBRICO a NEOPROTEROZÓICO
Geomorais 12
Micaxistos e metagrauvaques com intercalações de tufitos Gnaisses de Lagoa:
Geomorais 13
Ortognaisses ocelados Unidades de Vale da Porca, Caminho Velho e Vinhas: Rochas de alto grau de metamorfismo: NEOPROTEROZÓICO
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Gnaisses quartzo-feldspáticos Granulitos máficos, blastomiloníticos Peridotitos com granada
Ver Fig.10 Geomorais 14 Geomorais 15
constitui o Grupo do Douro. Em conjunto com a sequência definida a sul, designada Grupo das Beiras, formam o Supergrupo Dúrico-Beirão (antigamente designado Complexo Xisto-grauváquico) cuja espessura de sedimentos pode atingir entre 4-7 km. A depressão marinha, no interior do continente Ibérico, é marginada e alimentada por duas plataformas equivalentes, respectivamente, à Zona Cantábrica, a NE, e Zona de Ossa-Morena, a SW, (Fig. 9). Quanto à idade, as formações do Grupo do Douro estão balizadas pela ocorrência de fósseis de trilobites mal preservadas na parte mais alta da sequência (Rebelo e Romano, 1986; Mc Dougall et al., 1987) e também por icnofósseis que apontam idade câmbrica. As formações
inferiores do Super-Grupo do Douro e Beiras poderão ser mais antigas e atingir o limite Neoproterozóico-Câmbrico (Fig. 8) Das unidades litoestratigráficas do Complexo Alóctone Superior (CAS), sintetizadas no Quadro 1, podemos estabelecer algum paralelismo entre o maciço gnaissico de Miranda do Douro e os gnaisses de Lagoa e, bem assim, entre unidades do Grupo do Douro e os micaxistos de Lagoa. De notar, porém, que o CAS tem presumível zona de raízes no bloco continental Norte e Centro Armoricano. No concernente aos micaxistos de Lagoa e ortognaisses de Lagoa, alóctones, (os últimos com idade U-Pb ≈ 530-520 Ma, segundo Ribeiro et al., 2012), têm idades equivalentes às atribu-
fig d
Cumulado máfico
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ídas ao autóctone do Maciço de Miranda do Douro. Assim, os ortognaisses, em um e outro caso, faziam parte do soco Cadomiano e os sedimentos do Grupo do Douro e micaxistos de Lagoa, corresponderiam ao início da sedimentogénese Varisca. Quanto às rochas máficas, intrusivas quer nos micaxistos, quer nos ortognaisses de Lagoa, tem-lhes sido atribuída idade U-Pb ≈ 500 Ma. A base do CAS é constituída por granulitos máficos blastomiloníticos, granulitos félsicos e peridotitos com granada. Esta sequência de litotipos que, no Maciço de Morais, integram as Unidades de Vale da Porca, Caminho Velho e Vinhas, situam-se na interface da crusta continental inferior e manto infracortical. O facto de os peridotitos conterem grana-
fig e
Micaxistos de Lagoa
24
da significa que são rochas mantélicas que suportaram uma pressão de várias dezenas de km (60-50 km) de materiais crustais. Têm, pois, uma história geológica complexa e antiga, porquanto, os granulitos máficos apresentam dados tectónicos, petroquímicos e isotópicos reportáveis ao ciclo Cadomiano, como foi referido antes (Fig. 10).
fig f
Descontinuidade Conrad
25
Ordovícico – Silúrico - Devónico Inferior (5488-397 Ma)
Na transição Câmbrico-Ordovícico, verifica-se uma inversão do regime tectónico no fosso Dúrico-Beirão. Transita do regime distensivo, propício à acumulação de espessas colunas sedimentares, a um regime transformante e distensivo (transtensivo) que conduz ao dobramento e emersão das sequências do Super-Grupo Dúrico-Beirão. O Ordovíco inicia-se por uma enorme transgressão oceânica que perdura até ao Silúrico, embora com intervalos regressivos verificados no Ordovícico Superior. O Silúrico está representado por xistos negros carbonosos com intercalações de cherts negros (liditos), quartzitos e calcários negros, a topo. Presume-se actualmente que o oceano de Galiza/Trás-os-Montes - Maciço Central Francês (OG-TM), aberto, como
26
fig 10
Representação cartográfica do Complexo Alóctone Superior (CAS) e do Complexo Ofiolítico de Morais (COM)
se referiu, entre a Armórica e Ibéria, teria atingido expansão máxima no Silúrico (≈410 Ma). Todavia, as litologias do Silúrico, observadas no CAI, embora indiciem instabilidade na bacia (quartzitos) e televulcanismo (cherts), mostram que se trata de bacia confinada e mal oxigenada, epicontinental. A bacia profunda estaria a oeste da actual geografia e seria coetânea do Rheic o qual iniciou o processo de abertura no Ordovícico e teve expansão máxima também no Silúrico. Assim, o OG-TM, um ramo menor (ou talvez uma bacia marginal) do oceano Rheic, abriu mais tarde e fechou, possivelmente, no intervalo de tempo Silúrico Superior – Devónico Inferior, como tem sido defendido por alguns autores (Pereira et al., 2004; Pin e tal., 2006). Testemunhos do OG-TM encontram-se nos Complexos
Ofiolíticos alóctones da Galiza e Trás-os-Montes e, bem assim, no Maciço Armoricano e Maciço Central, em França (Fig.5 b). Também foi referido que testemunhos deste oceano foram sobrepostos (obductados) à margem continental do Gondwana. Isto é, mercê das forças tangenciais orogénicas, nem toda a crusta oceânica, mais densa que a crusta continental foi reciclada por mergulho no manto (subducção). Uma parte dessa crusta conseguiu sobrepor-se á margem continental (fenómeno de obducção). Assim, fragmentos de crusta oceânica (complexos ofiolíticos) percorreram longas distâncias desde a zona de raízes até ao local onde se encontram, no núcleo dos Complexos Alóctones.
fig g
Complexo de diques da sequência tipo de crusta oceânica)
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QUADRO2 COMPLEXO ALÓCTONE INTERMÉDIO (Complexo Ofiolítico de Morais)
Silúrico Ordovícico
28
Unidade de Morais-Talhinhas
Locais de Observação
Unidade de Izeda-Remondes
Anfibolitos
Geomorais 7
Anfibolitos retromorfizados
Complexo de dique em dique
Geomorais 11
Anfibolitos
Complexo de diques em gabro
Geomorais 11
Complexo de diques em gabro
"Flasergabros"
Geomorais 10
"Flasergabros"
Cumulados máficos
Geomorais 9
Peridotitos com feldspato
Geomorais 8
Peridotitos com feldspato
fig h
No Quadro II, pode ver-se a composição do Complexo Ofiolítico de Morais (COM). Entre todos os maciços alóctones do NW Ibérico, o COM é aquele que tem maior expressão, em área e preservação da sequência de crusta oceânica. A Unidade de Morais-Talhinhas, com efeito, mostra uma sequência completa de crusta oceânica, cuja cartografia geológica e unidades litoestratigráficas estão configuradas em conjunto com o CAS (Fig. 10). O vulcanismo, presente em todas as unidades do Complexo Alóctone Inferior (CAI), encerra enorme significado por assinalar a evolução típica do magmatismo de rotura continental até ao início do rift oceânico (Quadro 3). Assim, os gnaisses de Saldanha e Complexo Filito-quartzítico derivam de enorme atividade vulcâni-
Ofiolito UI criterio cin
QUADRO3 COMPLEXO ALÓCTONE INTERMÉDIO (Complexo Alóctone Inferior)
SILÚRICO
Unidade de Pombais:
locais de observação
Complexo de escamas de carreamento, compreendendo: Xistos verdes Metavulcanitos básicos alcalinos
Geomorais 2
-> carreamento menor <UNIDADES CENTRO-TRANSMONTANAS DEVÓNICO INFERIOR (?)
Formação de Macedo de Cavaleiros: Quartzofilitos, metagrauvaques e xistos verdes com intercalações de metavulcanitos básicos, toleíticos Intrusões metadiabásicas
SILÚRICO
Complexo Vulcano-Silicioso: Xistos hematíticos (borra de vinho) Xistos cloríticos com intercalações, do topo para a base: Metacalcários Metavulcanitos intermédio-básicos Pórfiros e metavulcanitos ácidos Metavulcanitos básicos, alcalinos Intrusões diabásicas
ORDOVÍCICO SUPERIOR (?)
Complexo Filito-Quartzítico: Quartzofilitos e xistos com intercalações de quartzitos Intrusões de: Metavulcanitos ácidos Metavulcanitos básicos Gnaisses de Saldanha: Tufitos e gnaisses ocelados
Macedo de Cavaleiros
Geomorais 6 Geomorais 5 Geomorais 4
Geomorais 3
ca ácida e consequente erosão verificada no Ordovícico (Ribeiro et al, 2006). Mas, a unidade sobrejacente, Complexo Vulcano-silicioso, é sem dúvida a mais elucidativa sobre a evolução da margem continental da Ibéria (Gondwana). Trata-se de uma sequência sedimentar com forte componente vulcânica bimodal (básica e ácida) de tendência alcalina continental. Em certos locais como Mogadouro, Castro Vicente e Ribeira de Gebelim, a sequência exibe localmente intercalações de xistos negros e liditos com fauna graptolítica do Silúrico Inferior (Landovery Médio e Superior), (Romaris, 1969; Piçarra et al., 2006). Xistos clorito-sericíticos, esverdeados e azulados e xistos de tons violeta ou borra de vinho devido a impregnações de hematite e limonite finamente disseminada, são frequentes na
29
componente sedimentar. Nas escarpas do rio Sabor e confluência da ribeira de Angueira com o rio Maçãs é discernível um nível de fraca espessura de vulcanitos intermédios e básicos que assinalam o estádio inicial de rift oceânico. A presença de metacalcários cinzentos e negros recifais e xistos negros no topo da presente unidade são reveladores de águas pouco profundas e ambiente confinado. Assinalam a transição de margem continental passiva, com grande actividade vulcânica, para o início da oceanização. O ambiente redutor, propício à deposição de xistos negros e liditos, contrasta por vezes com frequentes contaminações siliciosas de origem vulcânica ácida e passagens laterais a xistos borra de vinho formados em ambiente de oxidação
fig i
Vulc. acida
30
do ferro. No entanto, mercê do ambiente geodinâmico inferido da evolução do vulcanismo, a idade estimada e características sedimentológicas conduzem a uma correlação bastante estreita entre o Complexo Vulcano-silicioso, alóctone, e a Fm dos Xistos de Moura, autóctone, da Zona de Ossa-Morena (ZOM), por sua vez, equivalente à Zona Saxo-Turíngica (SC), como sugere o esquema da (Fig. 5). A Formação de Macedo de Cavaleiros composta de xistos verdes, metavulcânicas básicas, quartzofilitos e metagrauvaques a topo, terá uma idade acima do Landovery e, possivelmente, a parte superior da sequência deverá representar a diferenciação sedimentológica turbidítica da inversão tectónica que tem início no Devónico Inferior. As rochas meta-
vulcânicas têm, em regra, assinatura química de toleítos oceânicos (Ribeiro, 1986). Por último, a Unidade de Pombais ou é, exclusivamente, constituída por metabasaltos com assinatura química oceânica (MORB), em fácies de xistos verdes, tal como acontece a norte de Izeda, ou então encontra-se conformada a uma imbricação de escamas tectónicas compostas por metabasaltos e xistos, como em Talhas e Junqueira (Pereira et al., 2003). A Unidade de Pombais encontra-se sobreposta à Fm de Macedo de Cavaleiros e está separada desta por cavalgamento. As escamas tectónicas da Unidade de Pombais formam um duplex na base do COM, sendo, pois, solidárias com o Complexo
Ofiolítico no transporte de massa para leste e coetâneas da obducção sobre a margem continental gondwânica. De notar que o magamatismo do CAI evoluiu de alcalino continental no Complexo Vulcano-silicioso para toleítico oceânico na Fm de Macedo de Cavaleiros e culmina com tipologia MORB na Unidade de Pombais. Assinala, pois, a transição de margem passiva continental gondwânica para a fase inicial de rift oceânico. A idade deste magmatismo fica perfeitamente enquadrada pela idade silúrica do Complexo Vulcano-silicioso e a idade U-Pb de 395-405 Ma (Pin et al., 2006) atribuída à unidade de Morais-Talhinhas do COM, portanto do Devónico Inferior.
31
Devónico Médio–Carbonífero (5390-299 Ma)
32
como se tem repetidamente referido, constituem os Complexos Alóctones da Galiza e Trás-os-Montes. Regra geral, estão conformados a três grandes unidades com conteúdos e idades distintos que, por esse facto, se revestem de grande significado geodinâmico e, também, paleogeográfico, por nos ajudarem a reconstituir o processo colisional. No Carbonífero Médio (≈310±10 Ma), após instalação dos Complexos Alóctones e Parautóctones, a crusta sofreu, localmente, um espessamento considerável. Este facto pode ter inibido a instalação dos grandes maciços graníticos que afloram no Minho e Beiras. No NE de Trás-os-Montes, as escassas intrusões graníticas encontram-se ao longo da zona de fraqueza da falha da Vilariça e no autóctone da ZCI.
DEVONICO MÉDIO 375 Ma
LAURUSSIA L RUSSIA R AV A LO N IA
No Devónico Médio, teve lugar a tectogénese Varisca, isto é, o fecho do oceano Varisco, a obducção do OG-TM sobre a margem continental da Ibéria e a colisão entre os continentes Laurentia-Báltica e Gondwana (Iberia-Armórica incluídas). A orogénese Varisca confina-se à Europa W, prolongando-se, no entanto, para a América do Norte e NW de África. O resultado final é a formação de um único continente, o Pangea (toda a Terra). Os processos sedimentológicos, neste período, são profundamente alterados, o que se traduz no facto das sequências autóctones do Devónico terem características sedimentológicas de flysch (turbiditos depositados na frente orogénica). No que diz respeito à Ibéria, o resultado da colisão Varisca é o empilhamento de unidades tectonoestratigráficas que,
A
C RI Ó
M
AR
IBÉRIA IIB BÉ A
GONDW G GO GONDWANA OND DWA WA AN NA
Avalónia
Armórica
COM UAI
Ibéria
Maciço de Morais
Rheic
fig j
Disposião dos continentes no período Ordovicico médio, 465 Ma
Pérmico (5299-251 Ma)
No final do ciclo Varisco, ao espessamento crustal sucede-se a reequilibração isostática da crusta, relaxamento das tensões orogénicas e desenvolvimento dos sistemas de fracturas tardias de direcção NNE.SSW (Chaves, Vilariça, Estevais, etc.) muito expressivas na morfologia atual, mercê de rejogo posterior alpino. Os granitos tardios, de características tardi a pós-orogénicas, tais como os granitos de Chaves e Vila Pouca de Aguiar, aproveitam aquelas estruturas para se instalarem e marcarem o final da orogénese. A grande unidade geotectónica resultante do ciclo Varisco, ou seja, o soco cristalino herdado deste ciclo é o maciço Ibérico ou Hespérico. A Cadeia Orogénica Varisca, a partir
PÉRMICO 250 Ma
do final do período Pérmico, entra em colapso, sofre erosão e arrasamento do relevo. A unidade morfoestrutural representativa do arrasamento do relevo Varisco é a Meseta Ibérica cujo modelado só ficará concluído no final do período Neogénico.
SI
BÉ
A
EA
G
N
PA
RI
fig j
Disposião dos continentes no período Pérmico, 299 Ma
33
Era Meso-Cenozóica (5250Ma - actual)
Com o inicio da era Mesozóica, inicia-se um novo ciclo de Wilson, o ciclo Alpino. Como todos os ciclos geológicos, o ciclo Alpino exibe uma fase de sedimentogénese, do Triássico ao Cretácico, abertura do Oceano Tethys e fecho deste oceano concomitante com a abertura do Atlântico norte, no Cretácico. A fase de tectogénese dá lugar à obducção do Tethys para norte (actual geografia) a partir da sutura de Insubric e formação da Cadeia Alpina, caracterizada por um empilhamento de mantos dobra. A Cadeia Alpina resultou, pois, de movimentos compressivos tangenciais que geraram aquelas estruturas, e movimentos verticais, responsáveis pelo levantamento de conjunto. Estes movimentos terminaram no Miocénico superior (≈7,
34
0 Ma). A partir desta época, verificam-se, quer levantamentos de conjunto, quer distensões confinadas que geram depressões intracontinentais, bacias de margem continental (Tejo e Sado) e bacias continentais, ocupadas por sedimentos terciários tabulares, depositados em depressões do soco Varisco (bacias continentais do Tejo e Douro), (Fig. 9). A Meseta Ibérica, resultante do arrasamento do relevo Varisco, ganha a sua máxima expressão. Os grandes depósitos de tipo “raña”, característicos do NE de Trás-os-Montes, representam o derradeiro retoque no modelado da Meseta, na transição Plio-Quaternário (≈2,5 Ma). Todavia, a compressão Alpina subsis-
te no Quaternário, como atesta a zona sísmica activa entre as placas Eurásia e África. O registo sísmico histórico e actual segundo as falhas de Chaves, Vilariça e Estevais são testemunho de actividade neotectónica Alpina, contribuindo para o vigor do relevo transmontano.
Natureza de Morais
Natureza de Mora 36
As rochas ultrabásicas são, sem sombra de dúvida, o habitat da flora e da vegetação de maior interesse científico e conservacionista de Trás-os-Montes, e do Monte Morais. Estas rochas dão origem a solos – genericamente designados por solos serpentínicos ou ultrabásicos – com características únicas, muito selectivas para a vida vegetal. Os factores que mais condicionam a instalação, crescimento e reprodução das plantas nos solos serpentínicos são, presumivelmente, o alto teor em níquel, a elevada relação magnésio/cálcio, e a baixa disponibilidade para as plantas de azoto, fósforo, potássio e cálcio. Para além das características químicas desfavoráveis do solo, a flora ultrabásica de Morais tem ainda que suportar uma acentuada escassez de água no Verão, exaltada pelas cores escuras do solo e pela acumulação de sais provenientes da desagregação físico-química (meteorização) das rochas. Condições ecológicas tão extremas explicam a elevada diversidade de espécies endémicas (espécies exclusivas, de distribuição restrita), de disjunções biogeográficas (espécies que ocorrem noutros territórios a grande distância) e de outras plantas raras nos maciços
ais
ultrabásicos. Sabe-se, também, que as plantas generalistas que habitam os solos serpentínicos têm, frequentemente, características genéticas únicas, distintas dos indivíduos das mesmas espécies que vivem em solos derivados de outros tipos de substrato. As plantas das rochas ultrabásicas, endémicas e não endémicas, partilham algumas características morfológicas, nomeadamente a pequena dimensão (nanismo), folhas pequenas (microfília), ramos muito ramificados, raízes espessas (macrorrizia), cor violácea de caules e folhas, e a tendência para serem prostradas (rentes ao chão). Admite-se que este síndrome morfológico se deve à toxicidade intrínseca dos solos serpentínicos. As rochas ultrabásicas são raras em Portugal. As áreas mais importantes com esta litologia estão localizadas nos distritos de Bragança e Portalegre. Um pequeno número de afloramentos, muito meteorizados, sem uma flora ou um coberto vegetal peculiar, dispersa-se pelo Noroeste de Portugal. Embora as rochas ultrabásicas do Alentejo abriguem um pequeno número de plantas com interesse conservacionista, os afloramentos transmontanos são os maio-
res e os mais ricos em espécies endémicas e raras do país. Em Trás-os-Montes estão organizados em dois maciços: Maciço de Bragança, não muito longe da fronteira espanhola, e Maciço de Morais, mais a Sul, nos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e, residualmente, de Bragança. Os ultrabásicos de Morais são mais extensos e detêm uma vegetação mais bem conservada do que o Maciço de Bragança (ver ver Geologia de Morais). Uma flora tão importante e rica como a do Monte de Morais merece a atenção dos habitantes locais, dos investigadores, autarcas, planeadores, naturalistas e demais gente comum. A conservação da flora e da vegetação de Morais é uma tarefa colectiva que as gerações do futuro agradecerão. Porém, para conservar é preciso conhecer. Este texto serve, precisamente, de introdução à flora e vegetação do Monte Morais e, por essa via, de um primeiro estímulo à exploração da vida vegetal de Morais. Embora se tenha evitado uma linguagem demasiado especializada, para não descurar aspectos científicos básicos foi necessário incorporar no texto alguns termos e conceitos de biologia e de sistemática botânica.
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A flora vascular das rochas básicas e ultrabásicas do Maciço de Morais Em anexo (anexo 1) estão discriminadas as plantas vasculares, isto é, os fetos, as gimnospérmicas e as plantas com flor mais frequentes, ou de maior interesse florístico, das rochas básicas e ultrabásicas do Maciço de Morais. Para identificar as plantas de Morais aconselha-se o uso da Nova Flora de Portugal de João do Amaral Franco (Franco, 1971-1984; Franco & Rocha Afonso, 1994-1998) e, em particular, dos volumes publicados da Flora Iberica (Castroviejo, 1981+).
Plantas vasculares endémicas e raras do Monte de Morais (Trás-os-Montes)
QUADRO1
Endemismos do Maciço de Morais
Armeria langei subsp. marizii (Plumbaginaceae) (figura 1)
Endemismos partilhados pelos Maciços de Morais e de Bragança
Arenaria querioides subsp. fontiqueri (Caryophyllaceae) (figura 18) Avenula lusitanica (Poaceae) (figura 23)
Endemismos das rochas ultrabásicas da Galiza e do Nordeste de Portugal
Alyssum serpyllifolium subsp. lusitanicum (Brassicaceae) (figura 14)
Endemismos das rochas ultrabásicas da Península Ibérica
Asplenium adiantum-nigrum subsp. corunnense (Aspleniaceae) (figura 29)
Espécies não endémicas, em Portugal exclusivas ou quase dos afloramentos de rochas ultrabásicas transmontanas
Antirrhinum braun-blanquetii (Plantaginaceae) Armeria langei subsp. daveaui (Plumbaginaceae) (figura 7) Dianthus laricifolius subsp. marizii (Caryophyllaceae) Notholaena marantae subsp. marantae (Pteridaceae) (figura 30) Reseda virgata (Resedaceae) Santolina semidentata (Asteraceae) (figura 15) Seseli montanum subsp. peixotoanum (Apiaceae) (figura 2)
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fig 1
Armeria langei subsp. marizii (Plumbaginaceae), um endemismo lusitano exclusivo do Monte de Mo-
Vegetação do Maciço de Morais Vegetação solos secos a moderadamente húmidos
Como se referiu na introdução, as rochas ultrabásicas propiciam a diferenciação de plantas endémicas e a presença de plantas raras. As plantas vasculares endémicas e de maior raridade do Monte de Morais plantas estão listadas no Quadro 1.
O Quercus rotundifolia, designado na região por sardão ou carrasco (não confundir com o Q. coccifera, o carrasco do centro e sul do país), domina os bosques de solos moderadamente húmidos a secos (bosques climatófilos e edafoxerófilos) das rochas ultrabásicas transmontanas. Os bosques de sardão – os sardoais – da falda sul do Monte de Morais apresentam-se, por vezes, enriquecidos com zimbro ( Juniperus oxycedrus). Os bosques mistos de sobreiro (Q. suber) e de carvalho-cerquinho (Q. faginea subsp. faginea) substituem a azinheira nos solos derivados de rochas básicas que rodeiam e penetram os ultrabásicos de Morais. Nenhum outro Quercus consegue habitar os solos ultrabásicos além do sardão.
fig 3
Quercus rotundifolia (Fagaceae) «azinheira, sardão ou carrasco».
fig 2
Seseli montanum subsp. peixotoanum (Apiaceae), um endemismo do Noroeste peninsular, de floração tardia (meses de Julho e Agosto), em Portugal exclusivo das rochas ultrabásicas do Nordeste de Trás-os-Montes
Pontualmente, num vale de solos espessos um pouco mais protegido do fogo, ainda se observam pequenos trechos de sardoal maduro (climácico) no Monte de Morais. A toxicidade dos solos serpentínicos deprime o crescimento das árvores, consequentemente, os sardoais de Morais estão invadidos por plantas
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fig 4
Quercus rotundifolia (Fagaceae) «azinheira, sardão ou carrasco».
heliófilas (que necessitam de luz), como sejam a esteva (Cistus ladanifer) e a piconesa (Genista hystrix). A maior parte dos sardoais primitivos foi, em tempo já remotos, convertido noutros tipos de coberto vegetal pela acção do fogo reiterado e do pastoreio. Substituíram os sardoais os matos altos de giestas (giestais), os estevais (matos baixos), os matos rasteiros e vários tipos de prados. Os so-
los ultrabásicos com potencialidade de azinhal são tóxicos para as plantas cultivadas. Somente os solos ultrabásicos mais espessos de baixa, beneficiados pela incorporação secular de estrumes e cinzas, têm utilidade agrícola. Os bosques de sobreiro (Q. suber) rareiam no Monte Morais porque os seus solos foram, em grande parte, ocupados pela agricultura. Estes solos têm um fundo de fertilidade razoável, sendo ricos em argila mantêm-se húmidos até tarde, duas características desejadas para cultivar cereais. Os montados de sardão ou de sobreiro são uma componente essencial da paisagem vegetal do Monte de Morais. Os montados são savanas antrópicas, isto é, pastagens com árvores disper-
fig 5
Juniperus oxycedrus (Cupressaceae) «zimbro».
40
fig 6
Prado perene seco de Agrostis castellana (Poaceae) e Festuca ibérica (Poaceae). No meio das gramíneas observam-se as inflorescências secas e esbranquiçadas da Armeria langei subsp. daveaui (Plumbaginaceae).
fig 7
Monte de Morais. Montado de Quercus rotundifolia (Fagaceae) «azinheira, sardão ou carrasco» sobre rochas ultrabásicas, com abundante regeneração natural.
41
fig 8
Cytisus scoparius (Fabaceae) «giesta-das-vassouras»
sas mantidas pelo homem com recurso à roça mecânica, ao fogo e ao pastoreio. A supressão do fogo e das roças mecânicas possibilita a restauração de árvores e arbustos (o pastoreio, por si, só não é suficiente para conter a vegetação lenhosa). Em pouco anos os matos e as árvores estão de volta, em detrimento das plantas herbáceas mais desejadas pelos gados. A recuperação das árvores e arbustos é mais lenta nos solos espessos e argilosos, encharcados na época das
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chuvas. Por isso, no topo e no cimo das encostas viradas a Sul e Sudoeste do Monte Morais ocorre uma extensa área de prados perenes secos, dominados por Agrostis castellana e Festuca iberica, pontuados com sardões e urzes-das-vassouras (Erica scoparia subsp. scoparia, ver quadro 2.). Os bosques que há pelo menos 5000 anos cobriam Trás-os-Montes e o Monte Morais desapareceram pela acção do Homem. A paisagem vegetal actual é constituída por mosaicos de matos e comunidades herbáceas, cuja composição depende, entre outros factores, do clima, do ciclo de recorrência e tipos de perturbações (ex., fogo, roça, pastoreio, agricultura sucedida de abandono), do substrato litológico e da profundidade do solo.
fig 9
Cytisus striatus (Fabaceae) «giesta-amarela»
Existem três tipos de fundamentais de matos no Monte de Morais: matos altos de arbustos até 3-4 m de altura; matos baixos, raramente com mais de 2 m; e matos rasteiros que não ultrapassam a
fig 11
Cytisus multiflorus (Fabaceae) «giesta-branca»
fig 11
Erica scoparia subsp. scoparia (Ericaceae) «urze-das-vassouras»
43
altura do joelho. Os matos altos são dominados por giestas, arbustos da família das leguminosas, com ramos esguios e folhas caducas de Verão. Os matos altos preferem solos fundos e convivem, frequentemente, com restos de bosque e árvores dispersas. Na área de estudo combinam, em proporção variável, três
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giestas – Cytisus scoparius «giesta-das-vassouras» (figura 8), C. striatus «giesta-amarela» (figura 9) e Cytisus multiflorus «giesta-branca» (figura 10) –, duas urzes – Erica scoparia subsp. scoparia «urze-das-vassouras» (figura 11) e E. arborea «urze-branca» – e um arbusto espinhoso, a piconesa (Genista hystrix) (figura 14). Em solos mais delgados ciclicamente percorridos pelo fogo abundam os estevais de Cistus ladanifer (figuras 12 e 14). Acompanham a esteva outros arbustos, entre os quais, a piconesa (Genista hystrix, figura 14), as perpétuas (Helichrysum stoechas), a arçã (Lavandula pedunculata, figura 13) e a bela-luz (Thymus mastichina). Em Abril-Maio as estevas inundam o Monte de flores brancas
fig 12
Cistus ladanifer (Cistaceae) «esteva»
fig 13
Lavandula pedunculata (Lamiaceae) «arçã»
maculadas com cinco manchas, no dizer das gentes, as cinco chagas de Cristo. A fragrância da arçã e da bela-luz é conhecida de todos os transmontanos. É nos solos esqueléticos, onde emerge a rocha ultrabásica nua, que se encontram as comunidades vegetais mais ricas em plantas raras e endémicas (figura 14). Nestas plataformas rochosas, muitas vezes próximas da horizontalidade, coexiste um mosaico complexo de comunidades vegetais de difícil interpretação. Estes mosaicos envolvem, pelo menos, quatro comunidades vegetais: os matos de alisso, os matos rasteiros, os prados pioneiros de Avenula lusitanica e os prados pioneiros anuais (quadro 2). Os matos de alisso (Alyssum serpylli-
fig 14
Seseli montanum subsp. peixotoanum (Apiaceae), um endemismo do Noroeste peninsular, de floração tardia (meses de Julho e Agosto), em Portugal exclusivo das rochas ultrabásicas do Nordeste de Trás-os-Montes
folium subsp. lusitanicum, figura 15) e santolina (Santolina semidentata, figura 16) instalam-se nas margens dos caminhos e nas bolsas de terra fossadas pelos javalis, ou erguidas pelos cristais de gelo nas noites frias e secas de inverno. Em Maio, o alisso reveste-se de flores amarelo-vivo, por entre as quais emergem as inflorescências alaranjadas da santolina. O alisso é uma das plantas emblemáti-
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fig 15
Alyssum serpyllifolium subsp. lusitanicum (Brassicaceae) «alisso», um endemismo dos afloramentos de rochas ultrabásicas da Galiza e do Nordeste de Trás-os-Montes.
fig 16 46
Santolina semidentata (Asteraceae) «santolina», um arbusto endémico de Trás-os-Montes, e das províncias espanholas da Galiza e de Castela e Leão.
cas do Monte Morais, não só pela sua abundância, mas também por causa de uma peculiar característica fisiológica: o alisso acumula níquel na sua biomassa, que pode ultrapassar 3% do peso seco. Os matos rasteiros têm um escasso grau de cobertura, confundindo-se as suas plantas, ao longe, com a rocha nua revestida de líquenes e musgos (figura 14). São constituídos por pequenas plantas, a maioria com menos de 20 cm de altura, perenes, lenhosas na base e de grossas raízes profundantes. Com alguma atenção, nas fendas e no meio de fragmentos angulosos de rochas ultrabásicas, identifica-se o Plantago holosteum (figura 17), a planta mais abundante dos matos rasteiros. Uma vez reconhecido o P. holosteum será fácil detectar algumas
fig 17
Plantago holosteum (Plantaginaceae), a espécie dominante dos matos rasteiros ricos em endemismos
das plantas de maior relevância florística do Monte de Morais, como sejam a Arenaria querioides subsp. fontiqueri (figura 18), a Armeria langei subsp. marizii (figura 1), o Dianthus laricifolius subsp. marizii e o Seseli montanum subsp. peixotoanum (figura 2). Como anteriormente se referiu, a Armeria langei subsp. marizii é endémica
fig 18
Arenaria querioides subsp. fontiqueri (Caryophyllaceae), um endemismo lusitano exclusivo dos afloramentos de rochas ultrabásicas do Nordeste de Trás-os-Montes.
do Maciço de Morais, dito de outra forma, no mundo apenas pode ser encontrado neste pequeno território. Em mosaico com os matos rasteiros prospera um contingente variado de plantas anuais, característico dos prados pioneiros anuais e dos prados nitrófilos anuais (quadro 2), de que são exemplo a Tuberaria guttata (figura 19), a Euphorbia falcata (figura 20) e a cabeça-de-medusa (Taeniatherum caput-medusae, figura 21). Estas plantas germinam com as primeiras chuvas outonais, passam o Inverno sob a forma de pequenas rosetas de folhas, e florescem apressadamente no Primavera, antes dos calores do Verão. Nos solos mais delgados com emergências de rocha nua, sujeitos a erosão
fig 19
Tuberaria guttata (Cistaceae), uma espécie frequente em Portugal nas pastagens pioneiras anuais sobre rochas ácidas, básicas e ultrabásicas
laminar durante o período das chuvas, surge um outro prado, de carácter pioneiro, só muito recentemente descoberto, presidido pela gramínea endémica Avenula lusitanica. Entre outras espécies acompanham a Avenula lusitanica, o Seseli montanum subsp. peixoteanum (figura 2) e uma gramínea frequente nos
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fig 20
Euphorbia falcata (Euphorbiaceae), uma espécie característica das pastagens pioneiras anuais de rochas ultrabásicas
calcários ibéricos, o Phleum bertoloni. A Avenula lusitanica sustem a terra à sua volta criando habitat para outras gramíneas e plantas arbustivas. Comporta-se, no dizer dos ecologistas, como uma espécie facilitadora. Na área do sobreiro, sobre solos derivados de rochas básicas, observam-se também matos altos dominados por giestas, estevais e prados perenes e anuais. Porém, nenhuma das plantas endémicas anteriormente citadas habita estes solos. Tanto as comunidades de alisso, como os prados rasteiros de Plantago ho-
fig 21 48
Taeniatherum caput-medusae (Poaceae), uma gramínea semi-nitrófila, isto é, próprias de solos com algum azoto mineral
fig 22
Avenula lusitanica (Poaceae), uma gramínea endémica das rochas ultrabásicas do Nordeste de Portugal.
losteum ou as comunidades de Avenula lusitanica são exclusivas de rochas ultra-básicas.
fig 22
Prado de prioneiro de Avenula lusitanica em mosaico com arbustos de Genista hystrix «piconesa»
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Vegetação do Maciço de Morais Vegetação aquática e de solos húmidos
Chegado Verão os charcos de água livre do Monte de Morais enchem-se de ranúnculos-brancos (Ranunculus peltatus; figura 24). As margens dos cursos de água mais expostas ao solo são colonizadas por uma curiosa comunidade vegetal onde preponderam a Genista anglica, a Festuca arundinacea e a Molinia caerulea.
fig 26
Salix salviifolia (Salicaceae) «salgueiro-branco», um arbusto alto, por vezes com o porte de árvore, frequente nas linhas de água torrenciais do interior de Portugal.
fig 24 50
Ranunculus peltatus (Ranunculaceae) «ranúnculo-branco.
fig 25
Alnus glutinosa (Betulaceae) «amieiro», a árvore mais abundante dos cursos de água de Portugal continental.
As poucas linhas de água permanentes deste território são ladeadas por amiais (comunidades de amieiros; figura 25). O salgueiro-branco (Salix salviifolia; figura 26) prefere as linhas de água secas de Verão ou permanentes de elevado carácter torrencial.
fig 27
Os solos temporariamente encharcados de inverno, ricos em argila e compactados pelos animais, servem de habitat a um conjunto notável e alargado de plantas. Citam-se apenas duas espécies: o Ctenopsis delicatula (figura 27) e o Sedum maireanum (figura 28).
Ctenopsis delicatula (Poaceae), uma gramínea de solos temporariamente encharcados.
fig 28
Sedum maireanum (Crassulaceae), uma planta gorda anual frequente em terras fuçadas e compactas pelos javalis.
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Vegetação do Maciço de Morais Vegetação rupícola
A vegetação dita rupícola é própria de muros e rochas. Nas rochas ultrabásicas de Morais ocorrem duas extraordinárias espécies de fetos rupícola: o Asplenium adiantum-nigrum subsp. corunnense (figura 29), geralmente em fendas sombrias de rochas expostas a norte, e a Notholaena marantae, um feto heliófilo muito resistente à secura. É também rupícola uma das espécies mais raras e belas das rochas ultrabásicas transmontanas, o Antirrhinum braun-blanquetii, do qual se conhecem duas populações muito ameaçadas no Maciço de Morais.
fig 29 52
Asplenium adiantum-nigrum subsp. corunnense (Aspleniaceae), um feto endémico das rochas ultrabásicas ibéricas
fig 30
Notholaena marantae (Pteridaceae), um feto em Portugal exclusive das rochas ultrabásicas do Nordeste de Trás-os-Montes
Actividade Agrária Actividade Agrá
54
ária
Morais é uma das trinta e oito freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros, ocupa uma área de 5280 ha, sendo por isso, a de maior dimensão. É a segunda freguesia mais povoada, a seguir à sede de concelho, com 778 eleitores e 709 residentes. No contexto geográfico de Trás-os-Montes e particularmente do Nordeste Transmontano, apresenta uma dinâmica socioeconómica interessante que tem conseguido manter serviços fundamentais como a Escola do Ensino Básico e Posto Territorial da Guarda Nacional Republicana.
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Actividade Agrária de Morais
À semelhança de outros territórios rurais, a atividade agrária constitui o cerne da dinâmica económica de Morais. Como actividades complementares destaca-se a indústria panificadora e a carpintaria. A panificação de Morais granjeou reputação nos últimos anos o que lhe permite alguma projecção comercial,
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conseguindo mesmo penetrar em mercados externos ao Concelho. A actividade agrária desenvolve-se nos moldes tradicionais, aproximando-se em muitos casos da produção biológica. A pecuária extensiva centrada nos pequenos ruminantes e bovinos de carne têm um papel destacado na eco-
nomia da região. A floresta que naturalmente ocupa as zonas de Monte, encontra a sua maior rentabilidade na cortiça, sempre que as condições ecológicas permitam a cultura do sobreiro. Nas zonas onde a aptidão produtiva se vê limitada pela sua geologia, a árvore dominante é a azinheira cujo desenvolvimento depende da extensão dessa limitação ecológica. É muito característico no monte de Morais as pequenas azinheiras de porte atarracado. Nessas condições, o uso praticamente restringe-se, ao silvopastoril, sendo então, os animais os, que vão concentrar a biomassa dispersa na forma de bolotas, rebentos de arbustos, folhas de árvores, entre outras, em produtos cárneos de elevada qualidade. A agricultura praticamente restringe-se ao auto-
fig 1
Paisagem de Morais (onde se dá a perspectiva de território aptidão pastoril)
consumo, apenas o azeite, constituindo um produto de elevada qualidade e não perecível, apresenta algum potencial de comercialização. A agricultura resulta da interacção das Comunidades Rurais com a Natureza e vem acontecendo desde os tempos em que o Homem passa de coletor - recolector nómada a agricultor e criador de animais sedentário. Esta experiência que se inicia na Península Ibérica por volta de 5000 anos AC., está profundamente gravada na nossa memória e levou a que ao longo da história, estas comunidades alcançassem formas de exploração agrária muito equilibradas e compatíveis com as possibilidades que o meio oferece. Imitando em muitas ocasiões, o que ocorria na natureza, as populações hu-
manas souberam tirar partido de um território de recursos naturais frágeis, elegendo formas de gestão comunitária e proporcionando produções de fácil armazenamento, como é o caso do azeite e produtos animais. As alternativas produtivas no território de Morais sempre foram escassas, devido às suas limitações abióticas. As baixas temperaturas invernais associadas à secura estival, próprias do clima mediterrânico com invernos frios, restringem a atividade agrícola de maior rentabilidade. A fisiografia e a reduzida qualidade dos solos, própria de processos erosivos intrínsecos potenciam os seus handicaps naturais. Adicionalmente, a ocorrência das rochas serpentiniticas na zona do Monte de Morais
fig 2
Vista de uma vacada no Monte de Morais
57
condiciona extraordinariamente a produtividade primária; situação que permitiu a ocorrência de habitats com estatuto especial de conservação. É esta mesma circunstância que determina a relevância da pecuária extensiva neste território. Reunido este conjunto de limitações à produção primária, o Homem teve que encontrar outros modelos de exploração de recursos menos exigentes, que os agrícolas. Assim, desenvolve modelos de uso do território baseados na capacidade que os herbívoros apresentam de transformação de recursos de baixa qualidade em produtos de elevado valor biológico e comercial. A sabedoria ancestral consubstancia a partilha do território pastoril em função do binómio produtividade / necessidade de quem o explora.
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fig 3
Rebanho de ovelhas e Pastor em actividade
Os bovinos, mais exigentes, alimentam-se nos lameiros – pastos de elevada qualidade que se desenvolvem nas zonas férteis e ricas em água. Os pequenos ruminantes – ovinos e caprinos, alimentam-se de subprodutos agrícolas- restolhos e pousios, recursos espontâneos e Monte. Devemos sublinhar que antes do processo de mecanização agrícola, toda a força de trabalho dependia da mão-de-obra humana e da tração animal, a própria fertilização dos campos, na época era orgânica e consequentemente mais difícil de fazer e transportar, pelo que os animais de trabalho inevitavelmente tinham que ser bem alimentados, senão todo o sucesso agrícola estava comprometido. Nas zonas mais favorecidas - bolsas
de fertilidade, as hortas dedicavam-se à produção de frescos que sendo perecíveis tinham como destino o autoconsumo. As áreas de sequeiro, outrora todas fabricadas1 , deram lugar à produção de culturas perenes como o olival.
1 Fabricadas: era a designação que se dava popularmente às áreas cultivadas, nomeadamente com cereal.
A produção de culturas forrageiras para alimentar o gado in loco ou à manjedoura, tem tido um forte desenvolvimento, possibilitando rebanhos de maiores dimensões e melhores condições de vida aos seus proprietários.
fig 4
Recursos espontâneos de baixa qualidade
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Modelo tradicional de uso do território pelos rebanhos
O modelo de utilização tradicional do espaço condiciona o uso de vastas extensões do território rural. Todas as áreas não cultivadas e não assinaladas como interditas ao gado são passíveis de ser pastoreadas. Em Trás-os-Montes, a utilização pastoril do território privado e comunal está regulamentado desde tempos muito antigos e, grosso modo, corresponde ao livre pastoreio de todas as terras não cultivadas, não cercadas e não assinaladas como não pastoreáveis. As terras que não podem ser atravessadas pelo gado são: as terras de cultivo até ao final das colheitas, os prados – lameiros -, as hortas, e plantações florestais jovens. As terras não cultivadas ou não incluídas nas classes anteriormente
fig 5
60
Rebanho do monte de morais
mencionadas, as áreas de matos, e os bosques autóctones, podem ser livremente atravessadas pelos animais. Tradicionalmente, as restrições de pastoreio são maiores para os caprinos do que do para os ovinos. A sinalização
da proibição de pastoreio das terras, tradicionalmente feito com ramos de cereal, é realizada atualmente com recurso à marcação com sacos de plástico, descaracterizando profundamente a paisagem.
fig 6
Agricultores em actividade, após Ceifa
61
Pastoreio de percurso
Ovinos e caprinos saem diariamente dos seus estábulos acompanhados por um pastor para se alimentar através de um sistema designado de pastoreio de percurso. Este sistema de uso de recursos consiste na utilização de uma rede de circuitos de pastoreio, variáveis ao longo do ano em função da oportunidade de exploração. Ao longo desses percursos o rebanho utiliza um conjunto muito diversificado de recursos e serviços proporcionados pelo meio natural. O sistema de pastoreio de percurso corresponde a um modelo ancestral de uso do território em que a sobrevivência do Homem dependia em larga medida da correta exploração dos recursos naturais. Do ponto de vista teórico, o sistema de pastoreio de percurso deve ser
fig 7
62
Agricultores na Ceifa
entendido como um modelo de uso de recursos sustentável. No processo de interação entre o rebanho e o território por ele explorado, o pastor representa um elemento central na correta exploração e gestão dos recursos naturais e, consequentemente a sustentabilidade e racionalidade de todo o modelo depende do pastor de forma muito marcada. A seleção dos percursos de pastoreio são processos dinâmicos a diferentes escalas temporais, sendo a escolha da rota diária ou sazonal determinada pela disponibilidade instantânea dos recursos. A seleção da rede de percursos a explorar depende de decisões a escalas temporais mais alargadas, procede de uma avaliação de conjunto e é controlada principalmente pelo conjunto de variáveis estru-
turais (localização dos estábulos, dos pontos de água) e de restrições de uso (possibilidades de passagem, plantações florestais jovens). A malha de itinerários de pastoreio é fixada pelos limites dos termos das aldeias; cada rebanho utiliza o território que lhe corresponde, não atravessando o termo de uma aldeia para o de outra. Os percursos variam em duração e extensão ao longo do ano. A duração do dia, o valor da temperatura máxima e a disponibilidade de recursos são as variáveis ambientais que mais condicionam os atributos dos percursos. A sensibilidade dos ovinos a temperaturas elevadas, a par da existência de rebanhos com duas, três ou mesmo quatro centenas de cabeças, associado às con-
dições do território de Morais, mantém o hábito do pastoreio noturno, nos meses de Verão. Contrariamente, os caprinos são muito sensíveis ao frio, traduzindo-se numa dificuldade acrescida na sua condução nos dias pequenos e frios de Inverno, tendo os pastores uma expressão muito curiosa para designar esta situação - “as cabras não param”. Os bovinos, na maioria dos casos deslocam-se dos seus estábulos para as áreas de pasto- lameiros permanecendo no mesmo local durante todo o dia (período de pastoreio). Ainda que não seja o mais frequente, em alguns períodos do ano há manadas de bovinos que pastoreiam no monte, aí com um caracter menos estacionário e mais de percurso.
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Rota Geológica Rota Geológica 64
O Maciço de Morais é uma singularidade geológica. No entanto, não é um caso isolado na geologia da Península Ibérica. Em conjunto com os maciços de Cabo Ortegal, Ordenes e faixa de Malpica-Tui, da Galiza, os maciços de Bragança e Morais, do NE de Trás-os-Montes, encerram os elementos fundamentais de uma orogenia, isto é, do processo conducente à edificação de uma Cadeia de Montanhas. No caso vertente, trata-se da Cadeia Orogénica Varisca que, na Europa, se estende dos montes Urais à Ibéria. A formação de uma Cadeia de Montanhas representa a etapa final de um ciclo geológico com duração de muitos milhões de anos (Ma). Este ciclo inicia-se com a ruptura de um continente e abertura de um oceano. Enquanto perdura, o oceano acumula sedimentos oriundos da erosão dos continentes que o marginam. Mas os oceanos são efémeros, têm limites de expansão e fecham, a crusta oceânica então formada é destruída e, na etapa final, os continentes que marginavam o oceano colidem. Verifica-se então a edificação da Cadeia Orogénica. Esta nova Cadeia de Montanhas engloba testemunhos de ambos os continentes, re-
talhos da crusta oceânica não destruída e os sedimentos acumulados na bacia oceânica, ora deformados e metamorfizados. Todos estes elementos foram amalgamados na constituição de um supercontinente. Neste contexto, qual é a singularidade geológica do Maciço de Morais? É o facto de, em conjunto com o Maciço de Bragança encerrar um fragmento completo da Cadeia Varisca. A destrinça de Terrenos é mais fácil no Maciço de Morais, assumindo por esse facto superior didactismo. O Maciço de Morais encontra-se conformado ao empilhamento de três unidades de envergadura litosférica (placas ou microplacas), separadas entre si por grandes acidentes tectónicos: 1. Unidade Inferior (Complexo Alóctone Inferior) é representativa da margem do continente Gondwana; 2. Unidade Intermédia(Complexo Ofiolítico de Morais) representa um fragmento completo de crusta oceânica (Oceano de Galiza e Trás-os-Montes, ramo menor do oceano Rheic); 3. Unidade Superior (Complexo Alóctone Superior) cons-
ta de um fragmento completo de crusta continental, isto é, do continente situado na outra margem do oceano. Presume-se que se trata da microplaca Armórica (Terreno Exótico) um fragmento continental destacado, também, do norte do Gondwana. Com ligeiras cambiantes de interpretação, o que hoje se conhece é que estas Unidades são fragmentos dos continentes maiores Gondwana e Laurentia-Báltica e, bem assim, do oceano Rheic, situado entre estes continentes, ou seja, as grandes placas intervenientes na Orogenia Varisca.
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02
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06 07 08
Zona de contacto entre um fragmento de uma antiga crusta oceânica e um conjunto de rochas basálticas Sequência metamorfizada de rochas sedimentares com intercalações de lavas
Rochas metabasálticas (toleítos continentais) intercaladas em sedimentos metamorfizados e dobrados Rochas lávicas com elevado teor em sílica (riodacitos e dacitos), intercaladas em sucessão sedimentar Intercalação de metabasaltos transicionais em metassedimentos “borra de vinho” Contacto entre o carreamento da base do Complexo Ofiolítico de Morais e as rochas anfibolíticas da Unidade de Izeda-Remondes Rochas do manto superior infraoceânico, dunitos e harzburgitos
10
Gabros laminados
09
Cumulados máficos
11
Complexo de diques
F
Flora
12
Sucessão de metassedimentos de natureza lurbidítica
13
Ortognaisses de Lagoa
14
Granulitos máficos
15
Peridotitos infracorticais
16
Complexo Alóctone Superior
Sanceriz Santa Combinha
N
Macedo do Mato
Frieira Izeda
Valdrez Arrifana
Nogueirinha
Vinhas Barragem do Azibo
Vale de Prados
Salselas
Bagueixe
Santulhão
O topo da crosta oceânica
Centro de Acolhimento de Salselas Início de percurso
Na margem do Gondwana
Vale da Porca Macedo de Cavaleiros
Castro Roupal
Início de percurso
Gralhós Talhinhas
Limãos Castelãos
Da flora e da vegetação de Morais
Avinhó Matela
Vilar do Monte Sobreda
Centro de Interpretação de Morais
Na crosta do oceano de Galiza-Trás-os-Montes
Olmos
Morais
Talhas
No rift oceânico
Malta
Paradinha de Morais Paradinha de Besteiros
Chacim
Junqueira
Na margem do Laurússia
Ponto de Interesse Lombo
Painel Informativo Centro de Interpretação/Acolhimento
Lagoa Gebelim
Informação
Soeima
Rota completa Peredo Sampaio
Perfil das rotas Felgueiras Rota completa 110km 02h17 sem paragens Rota menor 50,5km 01h20 sem paragens
Macedo do Peso
Fim de percurso
Saldonha
Ligação entre rotas
Viduedo Porrais
Rota menor Peso
Outras vias
São Martinho do Peso
Rota Pedestre
Rota Pedestre 68
O percurso pedestre com 5,85 km, parte e chega ao respectivo Centro de Interpretação, subindo e cruzando a cumeada do Monte de Morais. Não se esqueça de se prevenir: um calçado bem confortável para caminhar, água e uma merenda adequada aos seus planos, e no verão, vai agradecer também ter trazido um repelente de insectos. Todo o percurso corre sobre um antigo fundo marinho cuja peculiaridade das rochas ultrabásicas peridotíticas conferem exclusividade a todo o ambiente deste território. O percurso começa por acompanhar uma ribeira em cujas margens se apreciam algumas hortas, cuidadas e regadas com recurso às tradicionais noras ao longo da primavera e do verão. Junto ao caminho, pode já observar belos exemplares de azinheira (Quercus ilex) e de sobreiro (Q. suber), com um ou outro cerquinho (Q. faginea), zimbro (Juniperus oxycedrus) ou pinheiro manso (Pinus pinea); se já apetecer uma sombra, aproveite para descansar junto aos salgueiros (Salix Salviifolia, S. atrocinerea) quando o caminho cruza a ribeira; aproveite para
espreitar o guia da visita e reconhecer a flora e as rochas peculiares do Monte de Morais que lhe irão aparecer ao longo de todo o percurso: Armeria langei subsp. marizii, Arenaria querioides subsp. fontiqueri, Avenula lusitanica, Alyssum serpyllifolium subsp. lusitanicum, Asplenium adiantum-nigrum subsp. corunnense, Dianthus laricifolius subsp. marizii, Santolina semidentata e a Seseli peixoteanum, assim como também mineralóides como a opala, rochas ígneas como o peridotito dunito, com maiores ou menores concentrações de cromite, assim como um derivado metamórfico, o serpentinito. Retomando poderá sair-lhe ao caminho algum coelho, ou com mais sorte alguma raposa, ou ainda levantar-se um pombo--torcaz ou perdiz junto às azinheiras do lameiro, as pastagens próprias da região que substituem as hortas quando a ribeira toma altitude. Logo logo entrará num espaço aberto que ocupa todo o alto do Monte de Morais feito pelo homem quando abre o bosque, roça os arbustos e assim beneficia as herbáceas para o pastoreio dos seus rebanhos. Respire fundo e suba o
seu olhar para contemplar alguma ave de rapina, com sorte a grande águia-de-asa-redonda, ou se não, pequenos milhafres ou peneireiros. Prepare-se então para se embrenhar no bosque, sobreiral bem denso por entre cujas urzes (Erica scoparia e E. arborea) e troviscos (Daphne gnidium) poderá com alguma sorte observar algum corço ou javali. Começa agora a segunda parte do percurso, já de regresso, encontrando as primeiras parcelas agrícolas e lameiros que anunciam a aldeia. Até ao Centro de Interpretação no final deste percurso, atente ainda na capela Sto. António e na chamada “fonte de mergulho” realizadas também com rocha do Monte de Morais, nascidas afinal também do Umbigo do Mundo.
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Localização do percurso Monte de Morais, freguesia de Morais, concelho de Macedo de Cavaleiros Tipo de percurso Pequena Rota Âmbito do percurso Paisagístico-natural Ponto de partida Centro de Interpretação do Monte de Morais Distâncias percorridas 5850 m Cota mínima 597 m Cota máxima 723 m Subida acumulada 142 m Duração do percurso 2h30m Grau de dificuldade Fácil
Não saia do percurso marcado e sinalizado. Preste atenção às marcações.
Sinalética
Evite fazer ruído. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. caminho certoc
aminho errado
Mudança de direcção
Não destrua ninhos. Respeite a época de nidificação. Não faça fogo. Não abandone o lixo, leve-o até ao local de recolha. Respeite a propriedade privada.
para a esquerda
para a direita
Observe a fauna à distância, preferencialmente de binóculos.
2.000
3.000
4.000
Altitude 720 700 680 660 640 620 600 0
500
1.000
1.500
2.500
Perf il do percurso descrevend o a relação entre altitude e distância
3.500
4.500
5.000
5.500 Distância
Totem direccional Painel Informativo Centro de Interpretação Parque de merendas Bosque Avifauna Agricultura Aldeia Percurso pedestre Outras vias
Turismo e Cultura
T 72
Turismo e Cultura 73
Guia turístico de Macedo de Cavaleiros
Turismo Ativo O concelho de Macedo de Cavaleiros tem ótimas condições para a prática desportiva. Aproveite os serviços que algumas empresas de aventura promovem e faça escalada, canoagem e BTT. Traga os binóculos e parta à desco- berta de espécies de aves que aqui nidificam. Aventure-se nos di- versos percursos pedestres sinalizados ou inscreva-se no programa de caminhadas da autarquia para passear pela natureza acompan- hado de toda a família.
A fazer: Desportos de aventura, canoagem, birdwatching, pesca, caça, btt, percursos pedestres, observação de cogumelos
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Natureza O concelho de Macedo de Cavaleiros possui um extenso património natural, enlaçando uma densa área de Rede Natura 200. Sobressaem os 12878 hectares do Sítio de Morais, a riqueza e singularidade geoló- gica do seu Maciço, a extraordinária beleza da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo e a imponência da Serra de Bornes. Atravessado por diversos cursos de água, são muitas as imagens de suster a respiração. A conhecer: Sítio de Morais, Albufeira do Azibo, Serra de Bornes, Serra do Cubo, Serra de Bousende, Monte de Balsamão A conhecer: Sítio de Morais, Albufeira do Azibo, Serra de Bornes, Serra do Cubo, Serra de Bousende, Monte de Balsamão
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Cultura A identidade cultural é evidenciada pela preservação de tradições e riquezas como a gastronomia, os produtos regionais e as memórias do povo. São diversas as associações do concelho que asseguram formas de arte, como a dança, teatro ou a música. Eventos como a Feira da Caça e Tu- rismo, o Entrudo Chocalheiro, a Feira de S. Pedro e o Festival Internacional de Música Internacional, são ótimos cartões de visita. A conhecer: Centro Cultural, Museus, Pelourinhos, Grupos Culturais do con- celho, recriação da ceifa e malha de Morais
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Albufeira do Azibo Mais do que um nome de rio, de albufeira ou de um sítio, Azibo é sinónimo de qualidade ambiental, beleza paisagística e de praias fluviais, predicados que constituem um dos roteiros mais deslum- brantes do País. Idealizada para o regadio agrícola, ganhou o estatuto de Paisagem Protegida. Praias de Bandeira Azul e de Acessibilidade.
A conhecer: Praia da Fraga da Pegada, Praia da Ribeira, Cais Acostável, Miradouro, Percursos Pedestres, Fauna e Flora autóctones
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Património Histórico Macedo de Cavaleiros possui um vasto património histórico, arqueológico e artístico em todo o seu concelho. É patente em edifícios públicos, privados e religiosos, velhas pontes, pelourinhos, fontes de mer- gulho.
A visitar: Museu Arte Sacra, Mu- seu Religioso de Balsamão, Casa do Careto, Núcleo Museológico do Azeite “Solar dos Cortiços”, Museu Rural de Salselas, Real Filatório de Chacim, Igrejas de Vilarinho de Agrochão, La- malonga e Podence (Monumen- tos Nacionais)
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Gastronomia e Vinhos Deixe-se conquistar pelos paladares e cheiros únicos da cozinha macedense. Aqui encontra uma gastronomia rica e variada, exemplo da verdadeira essência da alma transmontana. Reúna a família e parta para uma viagem de mil e um sabores dos nossos produtos regionais e brinde a momentos inesquecíveis, com vin- hos devidamente reconhecidos. Retempere forças nas unidades hoteleiras da cidade e de turismo em espaço rural. A saborear: Pratos de Caça, Posta e fumeiro com grelos, Cabrito e Ba- calhau assados, Casúlas secas com butelo, azeite, vinhos, arroz doce, pudim de castanha, rosquilhas
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Rota dos Museus de Macedo de Cavaleiros
Museu religioso de Balsamão O Convento de Balsamão é um famoso e antigo templo edificado no cabeço do Caramouro ou de Balsamão, junto do rio Azibo e da Ribeira da Veiga de Chacim. A Igreja de Na Senhora de Balsamão tem obras do pintor Bustamante Sá, nomeadamente o teto perspético. No museu existe uma riquíssima coleção de ex-votos, 16 telas de António Joaquim Padrão, paramentos e alfaiates de culto. Sem horário específico e de acesso gratuito TEL: 278 468 010 www. marianos.pt GPS - 41°28’27.30”N 6°51’22.73”W
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Museu de Arte sácra Apresenta peças de uma forma rotativa e integrada: as que se encontram expostas irão sendo paulatinamente substituídas por outras, selecionadas das coleções das paróquias do concelho e conservadas e restauradas na Oficina de Conservação e Restauro de Macedo de Cavaleiros, distribuídas por cinco salas: escultura, pintura, paramentaria, ourivesaria e metais e artes gráficas. Dispõe ainda de uma Sala de Exposições Temporárias. horário: segunda a sexta - 9.30h às 17.30h sábado e domingo - 10h às 17h entrada gratuita TEL: 278 426 193 www.cm-macedodecavaleiros.pt; GPS - 41°32’18.78”N 6°57’41.03”W
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Casa do Careto Aqui encontra-se o registo da tradição carnavalesca da aldeia de Podence, associada aos Caretos, representada nas telas das pintoras Graça Morais e Balbina Mendes e nas fotografias de António Pinto e Francisco Salgueiro. Estão expostos os fatos, os chocalhos, as máscaras e toda a indumentária destas figuras sedutoras e enigmáticas, assim como os únicos seres que os Caretos respeitam nas suas tropelias, gritarias e chocalhadas que decorrem no Domingo e Terça-feira de Carnaval. Horário: 10h às 12h / 14h às 17.30h entrada a 1€; TELM: 919 750 771 caretos.podence@iol.pt; caretosdepodence.no.sapo.pt; GPS - 41°35’22.44”N 6°55’38.54”W
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Núcleo Museológico do Azeite “solar dos cortiços” O Núcleo Museológico do Azeite, na aldeia dos Cortiços, pertence à Família de Sá Miranda Patrício e faz parte da Rota do Azeite de Trás- os-Montes. O edifício é um antigo lagar, em xisto e granito, que deixou de laborar em 1953 e foi recupera- do em 2005. Aqui entra-se em contato com o mundo do azeite e a história da an- tiga Vila dos Cortiços e Cernadela.
Aberto todo o ano, sem horário específico Entrada a 1€, grátis para crianças até aos 10 anos. TEL: 278 432 453; smp@mail.pt; GPS - 41°31’0.37”N 7° 1’17.96”W
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Museu Rural de Salselas A exposição permanente é uma considerável colecção de objetos, testemunhos da forte relação entre o homem e a terra, estando distribuída por secções temáticas, agrupadas em dois universos: o Universo do Homem e o Universo da Sociedade Rural.
Horário: terça a sexta - 10h às 12h / 14h às 17.30h sábado - 10h às 18h; domingo -13h às 19h entrada grátis até aos 6 anos - 1€ dos 7 aos 15 anos e reformados - 2€ dos 16 aos 25 anos TEL: 278 442 115 www.museururalde- salselas.com GPS - 41°33’0.37”N 6°52’37.20”W
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Real Filatório de Chacim Constitui um exemplar único da industrialização da Sericicultura em Trás – os – Montes, sendo um dos poucos monumentos que testemunham esta actividade no país. Esta fábrica utilizava uma tecnologia italiana aperfeiçoada desde o século XIV aqui introduzida pela família Arnaut: O Moinho da Seda Redondo. Com o declínio da indústria da seda, no século XIX, o Real Filatório deixa de laborar. Entrada gratuita. Visitas apenas perante marcação no Posto de Turismo de Macedo de Cavaleiros (278 426 193; turismo@cm-macedodecavaleiros.pt) GPS - 41°28’12.39”N 6°54’12.12”W
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Contactos Úteis
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Contactos Úteis Bombeiros Voluntários de Macedo de Cavaleiros
278 428 530
C.T.T.
278 428 110
Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros
278 420 420
Câmara Municipal – N.º Verde
800 200 422
Biblioteca Municipal
278 420 426
Centro Cultural
278 428 100
Divisão de Educação e Acção Social
278 428 410
Eco-solidário – CPCJ – Comissão de Protecção de Crianças e Jovens
916 635 590
Gabinete Veterinário Municipal
278 421 747
Pavilhão Gimnodesportivo
278 425 722
Posto de Turismo
278 426 193
Casa do Careto
919 750 771
Centro de Saúde de Macedo de Cavaleiros
278 420 140
Centro Hospitalar – Unidade de Macedo de Cavaleiros
278 428 200
CERCIMAC
278 421 769
Empresas de Transportes Públicos: Rede de Expressos
278 422 842
Rodonorte / Santos
278 425 750
G.N.R. – Guarda Nacional Republicana
278 420 030
Museu de Arte Sacra
278 426 193
Museu Religioso de Balsamão
278 468 010
Museu Rural de Salselas
278 442 115
Núcleo Museológico do Azeite “Solar de Cortiços 1748”
278 432 453
Praça de Taxis
278 425 810
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