Augusto Vieira da Silva

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Percurso Académico 1869 2019

150 Anos do nascimento Último retratro de Vieira da Silva, acompanhado de Hugo Raposo, em Alverca, junto dos obeliscos demarcadores do Termo de Lisboa. Janeiro 1951. Fot. Alberto Schmidt. In Olisipo Nº54, Abril 1951.

gabineteestudos olisiponenses GEO 2019


Presença do Eng. A. Vieira da Silva nos actos oficiais da Câmara Municipal: lendo uma conferência sobre Lisboa. 1947. Revista Municipal, nº 48, 1951, p. 8.


Percurso Académico

“...engenheiro e militar habituado a pautar os meus trabalhos com a regoa e o compasso”*

(ao lado) Augusto Vieira da Silva e o irmão Bento Xavier. Ant. 1896. GEO/AVS/PRT

*Excerto do discurso de AVS na sessão de entrega das medalhas de ouro pela CML, 13 de maio de 1934. In Anais das Bibliotecas, Museus e Arquivo Histórico, nº13, 1934, pp. 33-35


ÍNDICE 3 Nota Biográfica 8 Instrução Primária e Secundária 12 Escola Politécnica de Lisboa 22 Escola do Exército 40 Lisboa: estudos e coleção 46 Fontes e Bibliografia

Augusto Vieira da Silva 1869 2019 150 Anos do Nascimento Gabinete de Estudos Olisiponenses Coordenação Anabela Valente

Edição Gabinete de Estudos Olisponenses Investigação e Textos Elisabete Gama Grafismo João Rodrigues Digitalização António Vilhena, Manuela Chirôndio Margarida Bobone Apoio Ana Cristina Leite Vanda Souto

Augusto Vieira da Silva legou-nos um vasto património cultural, tendo Lisboa como denominador comum, ao qual não se pode ficar indiferente. Não foi apenas a inestimável biblioteca olisiponense, mas também a singular coleção museológica, a bom tempo adquiridas pela Câmara Municipal de Lisboa, que acabariam por constituir uma parte essencial do Gabinete de Estudos Olisiponenses e do Museu de Lisboa. Foi também o arquivo pessoal, constituído ao longo da sua actividade profissional, enquanto engenheiro militar e estudioso ou no desempenho de funções civis. No entanto, pouco sabíamos ainda do seu percurso académico, das disciplinas e dos programas curriculares. Assim, reputamos de decisivo o estudo aqui apresentado, para uma perceção clara do seu modus operandi, pautado sempre pelo rigor e metodologia científica. Este é, em síntese, o objeto deste texto, que pretendemos ramificar noutras investigações em torno de uma figura incontornável para a História de Lisboa.​ Créditos AHM/DHCM Arquivo Histórico Militar, Direção de História e Cultura Militar AML Arquivo Municipal de Lisboa, CML GEO Gabinete de Estudos Olisiponenses, CML GEAEM/DIE Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar/Direção de Infraestruturas do Exército, EME ML Museu de Lisboa, Egeac MUHNAC Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa Agradecimentos Alexandra Nunes Américo Fernando Carreira Martins Branca Moriés David Gregório José Paulo Ribeiro Berger Paulo Almeida Paulo Almeida Fernandes Vitor Mendonça


Nota Biográfica

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Augusto Vieira da Silva nasceu em Lisboa, a 10 de setembro de 1869, na R. da Atalaia, nº 18, onde viviam os seus pais, D. Mariana Guilhermina Reis Vieira da Silva e António Maria Vieira da Silva1. Foi batizado a 21 de novembro, na Igreja da Encarnação, ao Chiado, tendo como padrinhos Nossa Senhora da Luz e António Maria Gentil2. Dois anos depois, em 1871, nasceu o seu irmão, Bento Xavier (18711961), (Fig. 1 e 2). Não se sabe onde fez o ensino elementar ou primário, mas o secundário foi na Escola Académica, onde entrou em 1880. Matriculou-se na Escola Politécnica de Lisboa em 1886, no Curso Geral. Foi um aluno exemplar, tendo recebido vários prémios pecuniários e honoríficos. Em 1888 assentou praça como voluntário no Regimento de Artilharia Nº4. Em 1890

entrou para a Escola do Exército, para o curso de Engenharia Militar que concluiu em 1893, com prémios pecuniários. Foi promovido a “Alferes para o Regimento de Engenharia”, passando ao posto de Tenente em 1895. Casou-se em 1896 com D. Maria Adelaide Segurado de Avelar Machado (18751904), filha do Coronel José Alves de Avelar Machado (1848?-1909), matemático, engenheiro militar e político3. Em 1898 publicou o seu primeiro artigo para a Revista de Engenharia Militar, intitulado “O Castelo de S. Jorge”. Passou ao Estado-Maior de Engenharia em março de 1900, ao serviço da Inspecção de Engenharia da 1ª Divisão Militar. Nesse ano passou para a Inspecção das Fortificações de Lisboa como adjunto da 1ª Secção (Ameixoeira). Ingressou no Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, como Chefe da 2ª Repartição

Fig. 1 Retrato da família Vieira da Silva, ant. 1932. Estúdio de Fotografia. Lisboa. GEO DP 1659 (da esquerda para a direita, em cima: a cunhada Henriqueta, o irmão Bento, o sobrinho Henrique e A. Vieira da Silva; em baixo: a mãe Guilhermina, o pai António e a 2ª mulher, Virgínia)


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Fig. 3 Augusto e Adelaide Vieira da Silva, 1896-1904. Fot. Estúdio Vidal e Fonseca, Lisboa. GEO NEG 24/93 5

da Propriedade Industrial4. De 1903, ano em que foi promovido a Capitão, a 1911 desempenhou funções no Campo Entrincheirado de Lisboa. Recebeu a Cruz de 1ª Classe da Ordem de Mérito de Espanha (1900), o grau de Cavaleiro da Real Ordem Militar de São Bento de Avis (1904) e o de Oficial da mesma ordem (1909). Ficou viúvo em 1904 e voltou a casar em 1906 com D. Maria Virgínia de Vasconcelos Melo (n. 1875), filha do Desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa, Acácio Pedro Ribeiro Álvares de Melo5. Em maio de 1911 passou à “situação de adido”6 por se encontrar em comissão de serviço dependente do Ministério do Fo(na página anterior) Fig. 2 “Engenheiro Augusto Vieira da Silva” in Revista Municipal, nº 48, 1951, p. 8. GEO PP 287.16

mento. Desempenhou funções em vários ministérios: das Obras Públicas, do Fomento, do Trabalho e Previdência Social e do Comércio e Comunicações. Continuou a ser promovido na carreira militar: em 1920 alcançou o posto de Coronel graduado, passou à reserva em 1931 e reformou-se oficialmente em março de 1940, por limite de idade. Desempenhou também funções de engenheiro em comissões civis: em 1914 como Engenheiro subalterno de 1ª classe na Secção de Obras Públicas de Engenharia Civil; em 1916, na qualidade de Chefe da 1ª Repartição da Direcção Geral do Trabalho; e, em 1918, como Engenheiro Chefe de 1ª classe do Corpo de Engenharia Industrial. Em 1925, a Família Vieira da Silva mudouse para a R. Borges Carneiro nº 34. Em 1931 Augusto e Virgínia compraram um


prédio na R. da Lapa, esquina com a R. de S. Domingos à Lapa, 86, onde passam a residir a partir de 1932 (Fig. 4). Por esta altura, tinha já um vasto currículo como historiador, investigador, arqueólogo, mas também como munícipe, com intervenção ativa nas dinâmicas administrativas, culturais e patrimoniais da capital, fazendo parte de comissões, instituições académicas e cientificas e agremiações culturais de Lisboa. Pertenceu, entre outros, à Assoc. dos Arqueólogos Portugueses, à Sociedade de Geografia de Lisboa, à Academia de Ciências de Lisboa, à Academia Portuguesa de História (sócio correspondente) e ao Grupo “Amigos de Lisboa” (do qual foi fundador). Foi vogal da comissão de restauro do Castelo de S. Jorge e integrou várias comissões municipais, nomeadamente, de

toponímia, de estética citadina e de exposições comemorativas. Em 1934, recebeu a Medalha de Ouro de Mérito Municipal, pelo conjunto de obras e trabalhos em prol do Município, que o contratou para rever a obra de Júlio de Castilho, “Lisboa Antiga”, que anotou e corrigiu. Em 1943 recebeu o Prémio Municipal Júlio de Castilho (Fig. 5), pela obra “Os Paços dos Duques de Bragança em Lisboa” (pub. 1942). Em 1950, um ano antes de morrer publicou “As Plantas Topográficas de Lisboa”, recolha exaustiva das representações cartográficas e topográficas da cidade, devidamente anotadas. Em janeiro de 1951 deslocou-se a Alverca para verificar os limites do Termo de Lisboa. Adoeceu e faleceu a 20 de fevereiro de 1951, com 81 anos. 6

Fig. 4 Casa de A. Vieira da Silva na Lapa: Sala da Maqueta (1ºandar). 1951/52 GEO FT 12080

Fig. 3


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Fig. 5 Diploma do Prémio Municipal Júlio de Castilho. 1943. Assinado Pres. Eduardo R. Carvalho. Litografia. CML. GEO/AVS/PRT Notas 1 A mãe era natural de Lisboa; o pai, de Sesimbra, caixeiro do comércio, identificado em 1901 como “negociante” (“Certidão de Baptismo de Henrique Carlos Vieira da Silva”. Cemitério do Alto de São João. Jazigo nº 2979. AH-BL). António Maria seria o único sócio português da empresa James Rawes & Co. A empresa terá iniciado atividade em Lisboa por volta de 1860 (cit. ROUSSEAU, 1914, p. 148). 2 Sobre António Maria Gentil não abundam as informações. Uma Carta de mercê de D. Luís, de 15 de dezembro de 1863, dá-o como “Director Geral da Direcção Central e Secretário Geral do Ministro dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça” (ANTT. Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Luís I, Liv. 7, f. 108v). Não conseguimos, contudo, perceber que relação teve com a família Vieira da Silva. 3 José Alves Pimenta de Avelar Machado (1848?1909), licenciado em Matemática e Filosofia (Univ. Coimbra), foi Deputado, par do Reino e Engenheiro Militar. Poderá ter estado destacado no Quartel de Cavalaria nº 4, em Belém; pelo menos foi o responsável por projetos de engenharia no local, em 1877. Poderá ser uma das explicações para Vieira da Silva ter conhecido Adelaide. Segundo informação

de L. Pastor de Macedo, a família Avelar Machado (a esposa chamava-se D. Maria Bárbara Ferreira Segurado de Avelar Machado) residia no 2º andar do prédio nº 199 (da Rua da Madalena, “já na descida para o Poço do Borratem”), onde faleceu em 23 de abril de 1909 (MACEDO, Luís Pastor de – Tempos que passaram. Um artista, uma rua e uma freguesia de Lisboa, p. 121). 4 Na 2ª Repartição da Indústria, do MOPCI, dependente da Secretaria de Estado dos Negócios das Obas Públicas, Comércio e Indústria, tratavam-se, entre outros assuntos, de novos inventos e concessão de patentes. 5 Acácio Pedro Ribeiro Álvares de Melo, filho de José Ribeiro Alvares de Melo, natural de Trancoso, matriculou-se na Faculdade de Direito, da Universidade de Coimbra, em 1855. Em 1910 foi nomeado Presidente do Tribunal da Relação de Lisboa (o 43º). Vide: “Presidentes da Relação de Lisboa”. www.trl.mj.pt. 6 Conceito de “adido ao quadro” - militar na situação de ativo que, em comissão normal, se encontre a desempenhar cargos ou funções fora da estrutura orgânica das Forças Armadas por um período prolongado (superior a um ano).


Instrução Primária e Secundária Em 1878, com nove anos de idade, Augusto Vieira da Silva fez os exames finais da instrução primária (grau elementar), que lhe permitiam ser admitido ao ensino secundário. Por indicação do próprio, no caderno manuscrito “Exames de Augusto Vieira da Silva”, no dia 2 de maio fez a parte escrita e no dia 15 a oral, onde obteve 13 valores (Fig. 6). Não sabemos onde fez os primeiros estudos (a partir dos 6 anos) ou sob que método de ensino aprendeu as primeiras letras1. Tendo em conta a realidade da capital em termos de ensino, com quase metade da população analfabeta2, pouco mais do que 38 escolas públicas, a funcionar em

casas alugadas3, com professores mal pagos, é muito provável que o jovem Vieira da Silva tenha estudado em casa ou frequentado um dos muitos estabelecimentos de ensino privado. Com efeito, em 1877 havia 159 escolas particulares em Lisboa, em boas condições (edifício e equipamento), frequentadas por 6794 alunos, um número muito acima dos 1967 matriculados nas escolas públicas4. Certo é que, em 1880, matriculou-se no ensino secundário. Pela reforma de José Luciano de Castro5, de 1880 (Lei de 14 de junho), os alunos faziam os seis anos do curso complementar, dividido agora em duas secções – a de letras e a de ciências. Vieira da Silva seguiu o ramo das ciências na reputada Escola Académica6, na Cç.

Fig. 6 Exames de Augusto Vieira da Silva / A. Vieira da Silva. Ms., p. 1. GEO AAVS/PRT

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Fig. 7 “Uma lição no gabinete de física”. in Escola Académica: ano escolar de 1913-1914. Lisboa. Tip. Comércio, 1914, p. 28. GEO AE 201-P

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do Duque, nº 20 (Fig. 8). Quando entrou, as instalações eram recentes, mandadas construir, para o efeito, por António Florêncio dos Santos (1823-1891) e inauguradas em 1865. O edifício de quatro pisos, com vista para a Praça de D. Pedro V (vulgo Rossio), com várias janelas que permitiam a entrada de luz e o arejamento natural, equiparava-se a muitos no estrangeiro: com salas de aulas devidamente equipadas (Fig. 7), instalações sanitárias e duches, para a higiene dos alunos, com

refeitório, dormitórios, pátios e recreios. Para além da ginástica, que começou em 1865, ministravam-se as matérias oficiais, mas também rudimentos de música, canto e dança e noções de agricultura. O corpo docente também se distinguiu: coordenado pelo Vice-director Joaquim José Anaia (n. 1805). Concluiu em 1886, com os exames nacionais às disciplinas obrigatórias no Liceu de Lisboa, conforme consta do seu Processo, na Politécnica7 (Quadro 1).

Quadro 1 Classificação dos exames finais de A. Vieira da Silva 1884/86 Ano

Dia/Mês

Disciplina

Classificação

6 ago.

Elementos de Física, Química e História Natural

3 valores

1884

28 ago.

Desenho - 2ª classe

6 valores

8 ago.

Geographia e Cosmographia, História Mineral e Pátria

3 valores

29 jul.

Elementos de Legislação Civil, de Direito Público e Administrativo Português e de Economia Política

3 valores

23 jul

Língua Latina

5 valores

24 ago.

Literatura Nacional

3 valores

3 ago.

Filosofia Nacional e Moral – 1ª parte

4 valores

26 ago.

Álgebra, Geometria no Espaço e Trigonometria

3 valores

1885

1886


Fig. 8 Fachada nascente da Escola Académica. In Escola Académica: ano escolar de 1913-1914. Lisboa. Tip. Comércio, 1914, p. 9. GEO AE 201-P Notas 1 No ensino público oficializou-se o “método mútuo” ou “método Lancaster” (criado em Inglaterra por volta de 1801 por J. Lancaster e E. Bell), que pressupunha a interajuda na transmissão da matéria do aluno que sabia mais ao que sabia menos; caiu em desuso a partir da 2ª metade do séc. XIX. Seguidamente surgiu o “método Castilho” ou “método português”, criado por A. Feliciano de Castilho; numa segunda etapa, o método João de Deus ou “Cartilha Maternal”, em que a aprendizagem passava pela divisão silábica das palavras e pela memorização visual e sonora (leitura em voz alta). Vide sobre o assunto: PINHEIRO, J. E. Moreirinhas - Subsídios e reflexões para a história do ensino primário e normal. Lisboa, ESE, 1998; BARROSO, José João Ramos Paz – Os Liceus: organização pedagógica e a administração (1836-1960). Lisboa, FCG-JNICT, 1995; Liceus de Portugal: histórias, arquivos, memórias / A. Teresa Clara, Ant. Nóvoa. Sta Iria da Azóia, Asa 2003. 2 Em 1878 quando se realizou o II Recenseamento Geral da População, a taxa de analfabetismo em Portugal cifrava-se nos 82,4%. Para Lisboa os números não eram mais animadores: num total de 498.059 habitantes, 359.966 eram analfabetos, restando apenas 146.093 indivíduos de ambos os sexos que sabiam ler e escrever (Estatística de Portugal - População Nº 1 de Janeiro de 1878, Lisboa, Imp. Nacional, 1881).

3 Em 1877 havia em Lisboa apenas uma escola municipal construída para o efeito – era a Escola Central nº1, na R. da Inveja, atual Largo da Escola Municipal, em Arroios (JARDIM, Luís – A Instrução Primária no Município de Lisboa. Lisboa, Typ. C. A. R., 1877, p. 13). 4 Dados fornecidos no relatório elaborado pelo Dr. Luís Jardim, em 1877, quando foi eleito Vereador do Pelouro da Instrução, da Câmara Municipal de Lisboa (Idem Ibidem, p. 13). 5 Lei de 14 de junho de 1880 (Collecção Official da Legislação Portugueza, Anno de 1880, Imprensa Nacional, Lisboa, 1881, pp. 95-100). 6 Fundada em 1847, funcionou em casas alugadas até 1865: a primeira, na Praça de D. Pedro IV, no prédio onde mais tarde se instalou o Hotel dos Irmãos Unidos; dali passou, ainda como pequeno colégio, para o 2º andar do prédio que ficava entre a R. do Carmo, a R. Garrett e a Cç. do Sacramento; mudou-se, por último, para o Palácio do Conde de Tomar, donde saiu em 1865 (Escola Académica. Ano escolar 1913-1914, p. 7-8). 7 MUHNAC. Processo de Augusto Vieira da Silva. PTMUL-EPL-SEC-a-02

(na pag. seguinte) Fig. 9 A. Vieira da Silva na Esc. Académica. in Revista Municipal, nº 48, 1951, p. 8. GEO PP 287.16

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Escola Politécnica de Lisboa No dia 22 de Setembro de 1886, o Diretor da Escola Politécnica de Lisboa, João Andrade Corvo (1824-1890), deu parecer positivo ao requerimento de matrícula do aluno Augusto Vieira da Silva. Conforme registo no caderno de “Exames de Augusto Vieira da Silva”, no sábado, 30 de Setembro, inciou-se o ano lectivo, com a aula da 1ª Cadeira – Mathematica, seguindo-se as de Desenho (1º ano) e de Physica (a 5ª cadeira), respetivamente no dia 8 e 9 de novembro (Fig. 10). O jovem Vieira da Silva começava assim um percurso de quatro anos no “Curso Geral”, o 5º dos cursos preparatórios a funcionar na Escola Politécnica1. Tal como foi criada em 18372, destinava-se

à instrução militar, tendo como principal objetivo o de “habilitar alumnos com os conhecimentos necessários para seguirem os differentes cursos das escolas de applicação3 do exército e da marinha; offerecendo ao mesmo tempo os meios de propagar a instrucção geral superior e adquirir a subsidiaria para outras profissões scientificas” (artº 1º)4. Tratava-se de um instituto de ciências matemáticas e físicas aplicadas, destinado não só a preparar para o ensino superior os engenheiros militares e civis, os oficiais de artilharia do Estado-maior e os construtores de marinha, mas também a ministrar os conhecimentos auxiliares e indispensáveis ao estudos da medicina, da farmácia, do comércio, da administração, da agricultura e da indústria5.

Fig. 10 Exames de Augusto Vieira da Silva / A. Vieira da Silva. Ms., p. 5. GEO AAVS/PRT

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A organização, a duração, o programa curricular e as matérias a lecionar também foram pensados no Decreto de 1837. Para os cinco cursos disponibilizaram-se dez cadeiras: 1ª Cadeira (Álgebra Elementar, Geometria Sintética Elementar, Plana, Sólida e Descritiva; Introdução à Geometria Algébrica, e Trigonometria Rectilínea e Esférica); 2ª Cadeira (Álgebra Transcendente, Geometria Analítica Plana e a Três Dimensões; Cálculo Diferencial e Integral, e Princípios dos Cálculos das Diferenças, Variações e Probabilidades); 3ª Cadeira (Mecânica e suas Principais Aplicações às Máquinas, com especialidade às de Vapor); 4ª Cadeira (Astronomia e Geodésia)6; 5ª Cadeira (Física Experimental e Matemática); 6ª Cadeira (Química Geral e Noções das suas Principais Aplicações às Artes); 7ª Cadeira (Mineralogia, Geologia e Princípios de Metalurgia); 8ª Cadeira (Astronomia e Fisiologia Comparadas e Zoologia); 9ª Cadeira (Botânica e Princípios de Agricultura); 10ª Cadeira (Economia Política, e Princípios de Direito Administrativo e Comercial)7. A estas matérias de índole científica e técnica, juntaram-se os Desenhos: Linear, de Representação de Plantas, de Animais e de outros produtos da Natureza e, ainda, de representação de máquinas, instrumentos e aparelhos. Havia também uma aula de Introdução à História Natural dos Três Reinos, que durou até 18518. A primitiva numeração das cadeiras manteve-se inalterada até 1911, principiando sempre pelas ciências exatas (matemáticas, álgebras, cálculos, geometrias, químicas e físicas). Os programas curriculares foram-se alterando e

ajustando às necessidades do ensino, às inovações técnicas e à industrialização. Neste sentido, apareceram novas disciplinas: Mineralogia e Geologia (1840), Geometria Descritiva (1859), Química Orgânica (1859), Engenharia Hidrográfica (1862) e Engenharia de Minas (1892). Por Carta de Lei de 7 de junho de 1859, a Escola Politécnica passou a depender do Ministério do Reino, saindo da alçada do Ministério da Guerra9. No ano seguinte publicou-se uma nova reforma do ensino e dos programas curriculares, ratificada pelo Decreto de 8 de junho. Esta reforma interessa-nos por corresponder àquela que vigorava quando Vieira da Silva foi estudar para a Politécnica, entre 1886 e 1890. Para o 5º Curso (Curso Geral), que continuava a incluir as 10 cadeiras, o plano curricular passou a ser o seguinte: 1º ano – 1ª e 5ª Cadeira e Desenho (1ª parte)10; 2º ano – 2ª, 6ª11 e 10ª Cadeiras e Desenho (2ª parte); 3º ano – 3ª e 7ª Fig. 11 (Detalhe) E. P. Matrículas e Exames, 14º, pp. 55-56. MUHNAC. PT-MUL-EPL-SEC-a-02


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Cadeiras; Análise Química e Química Orgânica, e Geometria Descritiva (1ª parte); 4º ano – 4ª, 8ª e 9ª Cadeiras e Geometria Descritiva (2ª parte). Quando se inscreveu tinha 17 anos. Reunia as condições exigidas pela legislação em vigor, datada de 188612: idade igual ou superior a 14 anos e a certidão de aprovação em todas as disciplinas da 1ª, 2ª e 3ª classe (secção de ciências) e Desenho dos Liceus13. Depois de pagar os devidos emolumentos (200 réis), porque se tratava de um ensino não gratuito14, inscreveu-se como aluno ordinário15. Nesta categoria sabia que, por via da precedência, só podia inscrever-se na cadeira seguinte se tivesse obtido certidão de aprovação na antecedente. Mas, só nessa condição podia concorrer a prémios e pedir a tão almejada carta de habilitação, sem a qual não poderia candidatar-se ao ensino superior. Entre outubro de 1886 e setembro de 1890, foi concluindo as várias cadeiras do Curso geral:

cadeira 1ª

valores 14

18

19

15

16

16

15

15

15

10ª

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Desenho (1ª parte)

16

Geometria Descritiva (1ª parte)

15

Desenho (2ª parte)

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Química Orgânica

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Geometria Descritiva (2ª parte)

17

(página anterior) Fig. 12 Carta de curso de A. Vieira da Silva (1890). MUHNAC. PT-MUL-EPL-SEC-a-02

Entretanto, em 1888 assentou praça como voluntário no Regimento de Artilharia nº 4. Quando concluiu o Curso preparatório foi-lhe passada Carta de Curso, assinada pelo então Diretor da Escola, Luís de Almeida Albuquerque, que fora seu professor na 10ª cadeira (Fig. 12). Levava consigo também vários diplomas de prémios escolares16 (Fig. 13) obtidos nos exames finais das cadeiras, “para lhe servirem de honrosa distinção”. Foram nove no total17: sete primeiros prémios pecuniários e dois honoríficos, de louvor: 1887 5ª Cadeira - Física Experimental e Matemática / 16 valores / 1º Prémio pecuniário - exaequo com José Mª Branco Gentil18 1888 6ª Cadeira - Química Geral / 16 valores / 1º Prémio pecuniário - ex-aequo com Tomás António da Guarda Cabreira19 2ª Cadeira - Álgebra Transcendente, Cálculo Infinitesimal e Geometria Analítica / 18 valores /1º Prémio pecuniário 1889 3ª Cadeira - Mecânica / 17 valores / 1º Prémio pecuniário Química Orgânica / 15 valores / 1º Prémio pecuniário 1890 7ª Cadeira - Mineralogia, Geologia e Princípios de Metalurgia / 15 valores / 1º Prémio pecuniário Geometria Descritiva / 17 valores / 1º Prémio pecuniário 4ª Cadeira - Astronomia e Geodesia / 15 valores / Prémio honorífico - louvor 8ª Cadeira - Anatomia, Fisiologia e Zoologia / 15 valores / Prémio honorífico - louvor


O valor do primeiro prémio era de 60$000 rs. e do segundo de 30$000 rs.; em caso de empate a soma era dividida. Feitas as contas, entre 1886 e 1890, Augusto Vieira da Silva acumulou 360$000 rs. Da consulta de algumas pautas de exames da Politécnica, constatamos que Vieira da Silva estava geralmente entre os primeiros classificados, com predomínio do “Bom”20. Desse núcleo fizeram parte, entre outros, os colegas: Frederico Alexandrino Garcia Ramirez (1867-1935), Pedro Ramirez Bessone Basto (ativo em 1911), Carlos Augusto de Sá Carneiro21 (1871-1952), Luís Cabral Teixeira de Mo-

rais (1866-1943), Pedro José da Cunha (1867-1945), Herculano Jorge Galhardo (1868-1944), João Francisco Correia Leal (1854-1925), Henrique Júlio Viana Ruas (ativo em 1919) e Francisco Luís Pereira de Sousa (1870-1931)22 (Fig. 14). Os alunos da Politécnica de Lisboa beneficiavam de um ensino com uma forte componente prática. Para além das salas de aula, o estabelecimento dispunha de uma Biblioteca, um Observatório Astronómico, um Anfiteatro (Fig. 15), Gabinete de Física, de Química e de História Natural e um Jardim Botânico.

Fig. 13 Diploma da Escola Politécnica: 1º Prémio pecuniário pelo exame de Geometria Descritiva. Janeiro de 1891. GEO/AVS/PRT/HLT 16


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Fig. 14 A. Vieira da Silva (assinalado). in “Alunos de 1887-1888”. A Polytechnica. Número único comemorativo do 1º centenário. Lisboa, 11 janeiro de 1937. p. 8. GEO MISC 36

A estas instalações, antes pertencentes ao Colégio dos Nobres23, juntaram-se outras que muito melhoraram o património escolar, como foi o caso do Observatório Meteorológico, construído em 1854, e do Museu de História Natural da Academia das Ciências de Lisboa, para ali transferido em 1858. Quando o jovem Vieira da Silva entrou na Politécnica encontrou o edifício praticamente reconstruído e em funcionamento. Foram essenciais no processo de formação de Augusto Vieira da Silva, o corpo docente, os manuais e os programas ministrados. Dos professores, destacaramse os nomes de: Mariano Cirilo de Carvalho, Patrocínio da Costa, Augusto José da Cunha, Costa Lima, Pereira Coutinho, José

Maria da Ponte e Horta, Pina Vidal, Morais de Almeida, António Augusto de Aguiar, Bettencourt Rodrigues, Latino Coelho, Francisco Ferreira Roquette, Fernando Matoso dos Santos, Eduardo Burnay, Andrade Corvo, Francisco Manuel de Melo (Conde de Ficalho), Luís de Almeida Albuquerque, Joaquim de Vasconcelos Gusmão, Mota Pegado, Schiappa Monteiro e Vicente Lourenço. Procurámos, neste percurso, esquematizar que matérias foram ministradas por cada lente, proprietário e substituto (Quadro 2). Na impossibilidade de descrever, pormenorizadamente, o conteúdo de cada uma das cadeiras e o percurso de cada lente, relevamos, por agora, apenas as disciplinas em que foi premiado. Assim, Vieira


Quadro 2 Escola Politécnica de Lisboa 1886-1890 Cadeiras e corpo docente (Lente Proprietário e Susbtituto) 1ª Cadeira Álgebra Superior, Geometria Analítica e Trigonometria Esférica Proprietário: Mariano Cirilo de Carvalho (1836-1905) Substituto: João Inácio do Patrocínio da Costa e Silva (1ª turma); 2ª Cadeira Álgebra transcendente, Cálculo Infinitesimal, Geometria Analítica Proprietário: Augusto José da Cunha (1834-1919) Substituto: António Francisco da Costa Lima (2ª turma) 3ª Cadeira Mecânica e suas principais aplicações às máquinas Proprietário: Henrique de Macedo Pereira Coutinho (1º Conde de Macedo) (1843-1919) Substituto: António Francisco da Costa Lima 4ª Cadeira Astronomia e Geodesia Proprietário: José Maria da Ponte e Horta (1824-1892) Substituto: António Francisco da Costa Lima 5ª Cadeira Física Experimental e Matemática Proprietário: Adriano Augusto de Pina Vidal (1841-1919) Substituto: Carlos Augusto Morais de Almeida 6ª Cadeira Química Geral e Noções das suas principais aplicações às Artes Proprietário: António Augusto de Aguiar (1838-1887) Substituto: José Júlio de Bettencourt Rodrigues (proprietário após 1887) Substituto: Eduardo Burnay (após 1887)

7ª Cadeira Mineralogia, Geologia e princípios de Metalurgia Proprietário: José Maria Latino Coelho (1825-1891) Substituto: Francisco Ferreira Roquete 8ª Cadeira Anatomia e Fisiologia comparadas, e Zoologia Proprietário: Fernando Matoso dos Santos (1849-1921) Substituto: Eduardo Burnay 9ª Cadeira Botânica e princípios de Agricultura Proprietário: João de Andrade Corvo (1824-1890) Substituto: Francisco Manuel de Melo (Conde de Ficalho) (proprietário após fevereiro de 1890) substituto: António Xavier Pereira Coutinho 10ª Cadeira Economia Política, Princípios de Direito Administrativo e Comercial Proprietário: Luís Almeida e Albuquerque (1819-1906) Substituto: Joaquim de Vasconcelos Geometria Descritiva Proprietário: Luís Porfírio da Mota Pegado (1831-1903) Professor Ajudante: Augusto Schiappa Monteiro de Carvalho Química Orgânica Proprietário: Agostinho Vicente Lourenço (1826-1893) Substituto: Francisco Ferreira Roquete (a partir de 1888) Desenho Proprietário: Augusto Schiappa Monteiro de Carvalho (1838-1919) Professor Ajudante: vago

Dados recolhidos em: Almanach Commercial de Lisboa ou Annuario de Portugal por Carlos Augusto da Silva Campos para 1888. A. 8. Lisboa: Comp. Typographica, 1888; CUNHA, Pedro José da - A Escola Politécnica de Lisboa: breve notícia histórica. Lisboa: Ed. FCL, 1937; A Escola Politécnica de Lisboa: a comemoração do 1º centenário / Faculdade de Ciências de Lisboa. Lisboa: Fac. Ciências, 1937 (12 vols.).

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da Silva recebeu o que de mais atual se podia colher, em Lisboa, para aquele nível de ensino. Tomou conhecimento, certamente, entre outras: das modernas teorias atómicas e da química, através de Augusto de Aguiar e Bettencourt Rodrigues; das trigonometrias, dos cálculos, da cosmografia, da telegrafia, da meteorologia, dos processos de construção e de fotografia, com Pina Vidal; das novidades toxicológicas, dos átomos e moléculas, da classificação de metais, experiências físicas e estudos químicos das águas, de novos processos fotográficos e fotomecânicos e de impressão heliográfica, essenciais para a cartografia24, com Vicente

Lourenço e Bettencourt Rodrigues; das noções de mecânica com Pereira Coutinho e Costa Lima; do estudo e identificação dos minerais e dos cristais, da observação dos diferentes tipos de rochas, de botânica, dos fenómenos geológicos e da história da Terra, com Latino Coelho e Francisco Roquette; das noções gerais de projeção e de representação de pontos, retas e planos, da representação de figuras em movimento, das fórmulas para achar distâncias entre pontos, reduzir escalas, determinar ângulos, mas também traçar perfis, utilizar compassos, réguas, esquadros, tira-linhas, entre outros, com Augusto Schiappa Monteiro.

Fig. 15 “Amphitheatro Chimico da Escola Politécnica”. In Photographias de Lisboa / A. Rocchini. Post. 1880, p. 142. GEO MNL 133-G


Notas 1 No art. 5º do Decreto de 11 de janeiro de 1937, que instituiu a Escola Politécnica de Lisboa (EPL), disponibilizavam-se cinco cursos preparatórios do ensino superior militar e técnico: o 1º, de quatro anos-para Oficiais do Estado-Maior e de Engenharia Militar, assim como de Engenharia Civil; o 2º, de três anos – para Oficiais de Artilharia; o 3º, ainda sem organização – para Oficiais da Marinha; o 4º, de três anos – para Engenheiros Construtores de Marinha; e o 5º, de quatro anos – Geral, para estudo de todas as disciplinas (CUNHA, Pedro José da - A Escola Politécnica de Lisboa: breve notícia histórica, 1937, p. 52-53). 2 O Decreto de 11 de janeiro de 1837 foi referendado pelo Visconde de Sá da Bandeira (1795-1876) e por António Manuel Lopes Vieira de Castro (1766--1842), respetivamente ministros da Guerra e da Marinha. Sucessora da Academia Real da Marinha, que dela recebeu alguns dos professores, assumiu parte das funções do Real Colégio dos Nobres, criado em 1761 e abolido a 4 de janeiro de 1837. Obedecendo a um projeto unitário, no dia 12 de janeiro do mesmo ano criou-se a Escola do Exército (Idem Ibidem). 3 Que pressupunha uma parte prática, de “aplicação” dos conhecimentos teóricos. 4 Ao longo dos seus 87 artigos do Decreto de 11 de janeiro de 1837, Sá da Bandeira desenvolveu o programa para a Escola Politécnica Com o regime republicano e a promulgação das Bases da Nova Constituição Universitária, em 19 de abril de 1911, criram-se as universidades de Lisboa e do Porto e o Instituto Superior Técnico. Neste processo, a Escola Politécnica passou a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, cumprindo o Plano Geral de Estudos das Faculdades de Ciências, publicado em 12 de maio do mesmo ano (ANTUNES, José Ricardo da Costa Silva – Apontamentos para a história da Escola do Exército. Lisboa: Imp. Nacional, 1886, pp. 31-38). 5 CUNHA, Pedro José da – Op. cit., pp. 6-7. 6 A Geodésia é a ciência que estuda as dimensões, forma e o campo de gravidade da Terra. Lida com a forma geométrica da Terra (incluindo os mares e as superfícies geladas) e as suas variações temporais, a orientação da Terra no espaço. Faz parte de um conjunto de disciplinas denominadas “ciências geodésicas” (ou geociências) que incluem a cartografia, a topografia, a fotogrametria e a astronomia. ”Geodesia”, www.dgterritorio.pt 7 CUNHA, Pedro José da – Op. cit, p. 7. 8 A aula decorria de 2 de janeiro a 1 de abril; foi suprimida por Carta de Lei de 22 de agosto de 1854, quando os estudos desta matéria passaram a ser feitos no Instituto Mainense, circulo científico que

decorria na Academia das Ciências de Lisboa. 9 A instituição das escolas Politécnica, do Exército e Naval, em Lisboa, resultou de uma manobra do General Sá da Bandeira para tentar debelar a supremacia da Universidade de Coimbra sobre o ensino superior. Com efeito, perante o fracasso que fora a criação, na capital, do Instituto das Ciências Físicas e Matemáticas (Dec. 7 de setembro de 1835), com os cursos de engenharia civil, de marinha, de pilotagem e de comércio, o então ministro optou por criar em 1837 aqueles estabelecimentos de ensino no seio do seu Ministério da Guerra, em vez do Ministério do Reino, que tutelava o ensino nacional. 10 As disciplinas do 1º e do 2º ano eram comuns às do 1º Curso –preparatório para oficiais de estado maior, engenharia militar e engenharia civil (CUNHA, Pedro José da – Op. cit., pp. 52-53). 11 Na 6ª Cadeira, além da Química Inorgânica, os alunos estudavam os princípios da Metalurgia (Idem Ibidem, p. 53). 12 Para as condições de admissão vigorava o mais recente diploma – o Decreto de 12 de agosto de 1886, que ratificava o art. 68º do Regulamento Geral dos Liceus. (Cit. CUNHA, p. 58). 13 O Decreto de 12 de agosto de 1886 vigorou até 1911 (ANTUNES, José Ricardo da Costa Silva - Op. cit., p. 34). 14 Para além da abertura de matrícula, o aluno da Politécnica era obrigado a pagar o seu encerramento, uma vez concluído o curso, bem como os exames (os preparatórios, os anuais de cada cadeira, as repetições e os finais) e os certificados. 15 Havia duas classes de alunos: os ordinários e os voluntários. Os voluntários, geralmente alunos que vinham de cidades distantes e das colónias, tinham algumas regalias: o ensino era gratuito e podiam matricular-se em todas as cadeiras que pretendessem, pois não estavam sujeitos à precedência. Todavia, não podiam candidatar-se aos prémios, nem pedir carta de habilitação (normativa que vinha já do Dec. 11 janeiro de 1837). 16 Os prémios escolares, como forma de incentivo ao estudo, foram consignados logo no Decreto de janeiro de 1837: pecuniários ou honoríficos, para o aluno que tivesse obtido a classificação de Bom no exame final e não fosse repetente. Pelo Decreto de 2 de dezembro de 1857, introduziram-se algumas modificações. Passaram a ser conferidos pelo Conselho Escolar, mediante concurso a que só podiam concorrer os alunos que tivesse, as classificações de Bom (15 a 19 valores) ou Muito bom (20 valores); tivessem feito o exame no seu lugar (in situ); e não fossem repetentes. A prova do concurso era uma dissertação escrita sobre um ponto tirado à sorte,

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para a qual tinham 4 horas, sem consulta, nem conferência com colegas, professores ou pessoas estranhas. O Conselho corrigia e atribuía a nota. Havia o 1º prémio para o mais classificado; o 2º prémio para o imediato; e os restantes recebiam carta de accessit (distinção concedida a quem mais se aproximava do categoria premiada). Os candidatos apenas com 15 valores declaravam-se aprovados com louvor. (CUNHA – Op. cit., p. 67). 17 AHM. Processo Individual de A. Vieira da Silva. 18 MUNHAC. Livro de Actas. Sessão de 19 de Outubro de 1887, fl. 88 (U.I. 1855). Ref. PT-MUL-EPL-SEC-a-02 19 MUHNAC. Livro de Actas. Sessão de 3 de Novembro de 1888, fl. 93. Cota MUL-AH (EPL) U.I. 1855. 20 A 1ª tabela de classificação escolar era a seguinte: de 1 a 4 valores = Mau; 5 a 9 val. = Medíocre; de 10 a 14 val. = Suficiente; de 15 a 19 val. = Bom; 20 val.= Muito bom (CUNHA, Op. cit., p. 66). 21 Pai do poeta Mário de Sá Carneiro. 22 Sobre o assunto Vide: MUNHAC. E. P. Matrículas e Exames -14º (U.I. 2029). Ref. PT-MUL-EPL-SEC-a-02 23 A Escola ocupou o edifício do Colégio (antes Noviciado Jesuíta da Cotovia) até 22 de abril de1843,

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quando deflagrou um violento incêndio que destruiu totalmente a igreja e o complexo arquitetónico. A nova traça, de inspiração neoclássica, foi aprovada em 1857, mas as obras duraram, no seu conjunto, até 1878. No projeto trabalharam os engenheiros Silva e Costa, Pierre-Joseph Pézerat, o professor de Desenho Luís Muriel e João Pedro Monteiro. 24 José Júlio Bettencourt Rodrigues destacou-se pelo pendor experimental que impunha às suas aulas, dadas muitas vezes no Laboratório de Química (devidamente apetrechado, por sua iniciativa, com produtos químicos e aparelhos). Foi incentivado por Filipe Folque (1800-1874) a desenvolver estudos e processos de publicação de cartas corográficas e topográficas através da utilização de métodos como a heliogravura e a fotolitografia. Pioneiros na introdução em Portugal dos processos fotomecânicos na elaboração de mapas, Folque e Rodrigues, desenvolveram e aperfeiçoaram alguns destes métodos, como a fotozincografia, a fotolitografia, a toponímia e a impressão a cores (MACHADO, Achilles - Escola Politécnica de Lisboa. As Cadeiras de Química e os seus professores, 1937, pp. 27-30).

Fig. 16 “Escola Politécnica: vista exterior”. In Photographias de Lisboa / A. Rocchini, post. 1880, p. 41. GEO MNL 133-G


Escola do Exército A historiografia do ensino militar superior mostra-nos que a Escola do Exército1 teve um papel preponderante no processo educativo e cultural das forças armadas, em especial na formação técnica dos oficiais engenheiros militares, contribuindo para o desenvolvimento material, técnico, científico, profissional e artístico do país. Como escola militar de aplicação que era, porque possibilitava a aplicação prática dos conhecimentos teóricos adquiridos, a admissão dos alunos estava condicionada à aprovação nos cursos preparatórios2. Foi para a Escola do Exército que Augusto Vieira da Silva transitou depois de concluído o Curso Geral da Politécnica de Lisboa. Na qualidade de “soldado aspirante a oficial”, a desempenhar funções no Regimento de Cavalaria nº 43, obteve licença para se matricular no 1º Ano do Curso de Engenharia Militar. Tinha 21 anos de idade. Foi submetido a uma Junta Militar de Saúde que o avaliou como “prompto para todo o serviço”4. Pagou pela abertura da matrícula 7$920 réis.

Outras despesas se previam: o encerramento de matrícula (conclusão do curso) 7$920 rs.; a carta de curso, 7$200 rs.; as certidões de aprovação de ano, 500 rs.; o Selo da carta, 4$000 rs.; o Pergaminho e a fita, 500 rs. Em outubro de 1890 iniciava um percurso que havia de concluir em 1893. Nesse ano letivo entraram seis alunos; Vieira foi o nº 175 do Corpo de Alunos (Fig. 17). Não terá sido o período mais fácil para estudar na Escola do Exército. Nos três anos que se seguiram houve três reformas, duas delas efetivas. Ainda que de forma sumária, passaremos em revista alguns aspectos dos diplomas, para melhor compreendermos o tipo de instrução que recebeu. Assim, quando entrou em outubro de 1890, estava prestes a sair a primeira restruturação da instituição. A 12 desse mês, o governo de António de Serpa Pimentel (1835-1900) decretou ditatorialmente uma nova organização escolar com a qual se pretendia atualizar o ensino militar superior. Pressupunha, entre outros, a distribuição das matérias por dezanove cadeiras, duas das quais

Fig. 17 Detalhe (truncado) de página do Livro da classificação dos Alunos da Academia de Fortificação, Escola do Exército..., 1790-1940. EME/DIE/GEAEM

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bienais, com um professor por cada disciplina e nove substitutos5. No dia 14, o governo era substituído6 e o diploma revogado. Como tal, até nova deliberação, continuou a vigorar a reforma de 23 de dezembro de 18637, com os ajustes posteriores, de 1884 e 1886 (Quadro 3). Em 1863, a reorganização dos estudos procurava ir ao encontro de um ensino técnico e das artes militares. A partir de 1850, a revolução industrial, em particular a produção armamentista, acelerou-se e impulsionou a necessidade de incluir na educação militar mais conhecimentos científicos dos oficiais. Neste processo, as ciências exatas, o desenho técnico, os cálculos, as geometrias, mas também as construções foram ganhando terreno. Até 1910, depois da infantaria, as engenharias, militar e civil8, foram os cursos mais frequentados. Assim, a partir de 1863 o número de cadeiras aumentou para nove (eram seis em 1837), introduzindo-se algumas matérias novas e melhorando outras: legislação, administração, história, geografia e estatística militares, direito internacional em tempo de paz, política militar e de

guerra, progressos militares das nações, crítica de guerra e das grandes operações, teoria mecânica da pólvora, princípios gerais de química aplicada, análise dos materiais de construção, fotografia, direito administrativo aplicado às obras públicas e geodesia prática9. Da lista dos cursos disponibilizados, constava10: Engenharia Militar, 3 anos (9 cadeiras); Artilharia, 3 anos (9 cadeiras); Estado-Maior, 2 anos (5 cadeiras); Cavalaria e Infantaria, 2 anos (5 cadeiras); e Engenharia Civil, 2 anos (5 cadeiras). Faziam parte do Curso de Engenharia Militar, que nos interessa especificamente, as seguintes cadeiras, com as respetivas divisões em partes: a 1ª Cadeira (1ª e 3ª partes); a 2ª Cadeira (exceto a 6ª parte); a 3ª Cadeira; a 4ª Cadeira (4ª parte); a 5ª Cadeira (1ª e a 2ª partes); e depois a 6ª, 7ª, 8ª e 9ª Cadeiras completas. Pela reforma de 1863, o estudo da Língua Inglesa tornou-se obrigatório para todos os alunos. Mais tarde, acrescentou-se o ensino da Higiene Militar e da Hipologia11. Entre 1884 e 1886 houve ajustes às disciplinas ministradas, quer na terminologia, mais em harmonia com os progressos das


Fig. 18 Escola do Exército: Aula de Arquitectura, 1973. Estúdio Mário Novais. AML-AF PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/MNV/001696 Fig. 19 Escola do Exército: Gabinete de Topografia, 1973. Estúdio Mário Novais. AML-AF PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/MNV/001703

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Quadro 3 Escola do Exército 1884 Programa das Cadeiras 1ª (anual) 1ª parte – Legislação e administração militares / 2ª parte – Geografia, História e estatística militares / 3ª parte - Noções de Direito internacional; 2ª (anual) 1ª parte – Balística elementar e suas aplicações a armas portáteis / 2ª parte – Armamento / 3ª parte – Táctica elementar / 4ª parte – Comunicações militares / 5ª parte – Estratégica / 6ª parte – Táctica aplicada / 7ª parte – Política militar / 8ª parte – Crítica de guerra; 3ª (anual) 1ª parte – Fortificação passageira, de campanha e improvisada / 2ª parte – Fortificação permanente e provisória / 3ª parte – Minas militares / 4ª parte – ataque e defensa das armas / 5ª parte – aplicação da fortificação ao terreno;

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4ª (bienal) 1º ano 1ª parte – Força da pólvora e balística interna / 2ª parte – Material de artilharia (excepto munições de guerra) 2º ano 3ª parte – Balística externa (teórica, prática e efeitos dos projectéis) / 4ª parte – Munições de guerra / 5ª parte – Balística interna e sua aplicação; 5ª (anual) 1ª parte – Materiais de construção / 2ª parte – Fotografia e suas aplicações aos usos militares / 3ªparte – Pólvora, munições e artifícios, e seu fabrico / 4ª parte – Fabrico de material de artilharia e das armas portáteis; 6ª (bienal) 1º ano 1ª parte - Resistência de materiais / 2ª parte - Estabilidade de construções (compreendendo a estática gráfica); 2º ano 3ª parte – Hidráulica (agrícola e urbana) / 4ª parte - Motores hidráulicos / 5ª parte - Mecânica aplicada às máquinas; 7ª (bienal) 1º ano 1ª parte – Arquitectura / 2ª parte - Pontes; 2º ano 3ª parte - Navegação interior / 4ª parte Trabalhos Marítimos / 5ª parte – Faróis; 8ª (bienal) 1º ano 1ª parte – Estradas (estudos e execução de trabalhos) / 2ª parte – Telegrafia; 2º ano 3ª parte - Caminhos de Ferro / 4ª parte - Direito Administrativo aplicado às obras públicas; 9ª (anual) 1ª parte - Geodesia prática / 2ª parte – Topografia / 3ª parte – reconhecimentos militares;

ciências militares e da construção, quer no alargamento de noções de matemáticas, indispensáveis para o estudo das fortificações e da balística (Quadro 3). Em setembro de 1891, quando Vieira da Silva estava prestes a iniciar o 2º ano letivo, o Decreto de 30 de setembro de 189112 estabeleceu as bases da nova reestruturação da Escola. Em consonância com o programa do Governo, para “reformar tão economicamente quanto possível todos os serviços públicos” , o diploma procurava “por um lado, estabelecer sobre novas e mais sólidas bases a instrução técnica dos oficiais destinados aos serviços do estado-maior e, por outro lado, a não menos reconhecida necessidade de reduzir ao mínimo indispensável o número de anos dos diferentes cursos, imprimindo-lhes ao mesmo tempo uma afeição mais prática e de aplicação”13. A redução da despesa pública explica-se na conjuntura de crise política e social, acompanhada de uma forte recessão económica e financeira que marcou o ano de 1890 e os seguintes. Foi determinante no processo a crise diplomática com Inglaterra, na sequência do Ultimatum Inglês14, que pôs em causa a integridade das colónias portuguesas em África e as fronteiras nacionais, sob a iminência de um conflito bélico. Neste sentido, face a 1890, com o diploma de 1891 o número de cadeiras reduziu-se a quinze, sendo duas bienais (Quadro 4). Essa diminuição conseguiu-se ao fundir algumas disciplinas (as de “fortificação”, de “história” e as de “táctica geral”), dispersar ou eliminar outras (“estudo do fabrico das pólvoras e explosivos e material de guerra”15).


Quadro 4 Escola do Exército 1891 Programa das Cadeiras 1ª Cadeira Legislação e Administração Militar e Princípios de Direito Internacional 1ª Parte – Legislação e administração militar Seção I – Legislação e organização Militar Seção II – Administração militar 2ª Parte – Princípios de direito internacional Seção I – Introdução Seção II – Direito internacional em tempo de paz Seção III – Direito internacional em tempo de guerra Seção IV – Neutralidade Seção V – Terminação da Guerra Seção VI – Alianças e Auxílios 2ª Cadeira Balística elementar e suas aplicações ao tiro das armas portáteis, armas portáteis, noções sobre material de artilharia e de equipagens militares, comunicações militares 1ª Parte – Balística elementar e suas aplicações ao tiro das armas portáteis Seção I – Introdução: noções de geometria analítica e de mecânica Seção II – Balística interna (composição da pólvora e deflagração; espessura, resistência, estrias dos canos) Seção III – Balística externa (balística no vácuo e no ar – trajetória, duração velocidade, forças de tração, variáveis, desvios, resistências) Seção IV – Execução do tiro Seção V – Instrução prática do tiro 2ª Parte – Armas portáteis Seção I – Parte histórica Seção II – Armas atuais 3ª Parte – Noções sobre o material de artilharia, de engenharia e de equipagens militares 4ª Parte – Comunicações militares 3ª Cadeira Curso geral de tática, reconhecimentos militares, princípios de estratégia e história militar 1ª Parte – Curso geral de tática Seção I – Tática elementar Seção II – Tática aplicada 2ª Parte – Estratégia 3ª Parte – Reconhecimentos militares Seção I – Introdução Seção II – Memórias (de reconhecimentos de terrenos, linhas de defesa, estradas caminhos, pontes, vias férreas, matas, povoações, posições militares, etc.) 4ª Parte – História militar

4ª Cadeira Fortificação de Campanha e Improvisada, Fortificação Permanente e Provisória, Ataque e Defesa das Praças, Torpedos e Minas Militares, Aplicação da Fortificação à Defesa dos Estados 1ª Parte – Fortificação e campanha e improvisada, Fortificação permanente e provisória, Ataque e defensa das praças; Seção I – Introdução: noções gerais sobre o método dos planos cotados (para os cursos de cavalaria e infantaria) Seção II – Fortificação passageira: de campanha e improvisada Seção III – Aplicação da fortificação ao terreno Seção IV – Estudo elementar da fortificação permanente e provisória Seção V – Estudo elementar do ataque e defesa das praças 2ª Parte – Fortificação permanente e provisória Seção I – Elementos de fortificação Seção II – História da fortificação Seção III – Organização das praças Seção IV – Construção das fortificações 3ª Parte – Ataque e defesa das praças Seção I – Ataque Seção II – Armamento, guarnição e abastecimento das praças Seção III – Defesa 4ª Parte – Torpedos e minas militares Seção I – Torpedos e suas aplicações Secção II – Noções preliminares e teoria das minas Seção III – Trabalhos de minas Seção IV – Emprego das minas na guerra de sítio 5ª Parte – Aplicação da fortificação à defesa dos estados 5ª Cadeira Material de artilharia, Força da pólvora, Balística interna, Tração 1ª Parte – Material de artilharia Seção I – Resumo histórico do material de artilharia Seção II – Bocas–de–fogo Seção III – Reparos Seção IV – Munições de guerra Seção V – Viaturas e municiamentos Seção VI – Material auxiliar Seção VII – Pólvoras ordinárias Seção VIII – Substâncias explosivas Seção IX – Munições e artifícios Seção X – Fabrico das bocas–de–fogo Seção XI – Reparos e viaturas Seção XII – Projéteis Seção XIII – Armas de fogo portáteis Seção XIV – Armas brancas 2ª Parte – Força da pólvora 3ª Parte – Balística interna 4ª Parte – Tração

Dados recolhidos em: SIMÕES, J. Oliveira - A Escola do Exército..., 1892.

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6ª Cadeira Balística externa e suas aplicações ao tiro das bocas–de–fogo, Penetrações 1ª Parte – Balística externa Seção I – Balística teórica Seção II – Balística prática 2ª Parte – Efeitos dos projéteis de artilharia 7ª Cadeira (bienal) Curso complementar de Tática, Estratégia Serviços do Estado Maior Não se abriu ainda esta cadeira, destinada aos alunos do Curso de Guerra 8ª Cadeira (bienal) Crítica da Guerra, Geografia e Estatística Militar 1ª Parte – Crítica da Guerra 2ª Parte – Geografia Estatística Militar Não se abriu ainda esta cadeira, destinada aos alunos do Curso de Guerra

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9ª Cadeira Princípios de Astronomia, Geodésia Prática, Topografia, Aplicação da Fotografia aos usos da Guerra 1ª Parte – Princípios de Astronomia 2ª Parte – Geodésia Prática Seção I – Introdução Seção 11 – Bases Seção III – Medição de Ângulos Seção IV – Cálculo dos Triângulos, Compensação de Redes Seção V – Coordenadas das Estações Geodésicas Seção VI – Grandeza e Figura da Terra Seção VII – Nivelamento Geodésico Seção VIII – Projeções Cartográficas 3ª Parte – Topografia Seção I – Introdução Seção II – Figurado do Terreno Seção III – Leitura e Cópias de Cartas Seção IV – Orientação Seção V – Cartografia Seção VI – Execuções de um Levantamento Seção VII – Levantamentos Expedidos 4ª Parte – Fotografia e suas Aplicações aos usos Militares 10ª Cadeira Materiais e processos gerais de construção, arquitetura, Faróis 1ª Parte – Materiais e Processos Gerais de Construção Seção I – Materiais de Construção 2ª Parte – Arquitetura e processos gerais de construção 3ª Parte – Faróis

11ª Cadeira Hidráulica e suas Aplicações, Navegação Interior, Trabalhos Marítimos 1ª Parte – Hidráulica e suas Aplicações Seção I – Hidráulica Seção II – Hidráulica agrícola 2ª Parte – Navegação interior Seção I – Navegação natural Seção II – Navegação artificial 3ª Parte – Trabalhos marítimos 12ª Cadeira Resistência dos materiais, estabilidade das construções, grafo–estática 1ª Parte – Resistência dos materiais 2ª Parte – Estabilidade das construções 3ª Parte – Elementos de grafo–estática 13ª Cadeira Mecânica aplicada às máquinas, máquinas térmicas, elétricas e hidráulicas, máquinas–ferramentas 1ª Parte – Mecânica aplicada às máquinas 2ª Parte – Máquinas térmicas, elétricas e hidráulicas Seção 1 – Teoria geral das máquinas Seção II – Máquinas de vapor Seção III – Maquinas elétricas Seção IV – Motores hidráulicos 3ª Parte – Máquinas–ferramentas 14ª Cadeira Estradas, pontes, princípios do direito aplicado às obras públicas 1ª Parte – Estradas 2ª Parte – Pontes 3ª Parte – Direito administrativo aplicado às obras públicas 15ª Cadeira Caminhos ferro, túneis, telégrafos 1ª Parte – Caminhos ferro 2ª Parte – Túneis 3ª Parte – Telégrafos

Higiene 1ª Parte – Higiene geral Seção I – Introdução Seção – Modificadores Seção III – Noções das profilaxias das moléstias infecionas Seção IV – Serviço de saúde 2ª Parte – Higiene militar 3ª Parte – Higiene das construções Hipologia 1ª Parte – Exterior 2ª Parte – Higiene 3ª Parte – Trabalho 4ª Parte – Ferragem 5ª Parte – Noções médicas e doenças contagiosas


Quadro 5 Escola do Exército 1891 Ensino Prático Salas de estudo Trabalhos de desenho, memórias, projetos e estudos de cada uma das cadeiras da escola; Programa, prazos e utilização das salas definidos em Regulamento; Frequência obrigatória, 2 horas/dia No 1º dia de aulas, cada aluno deveria ter na mesa os Utensílios de desenho: 1 compasso simples, 1 compasso com porta-lápis e tiralinhas; 1 régua de 0m,50; 1 esquadro, 1 duplo-decímetro graduado em meios milímetros, 1 transferidor; Lápis Faber nº 3; penas para desenho, borracha, canivete, 2 pinceis; Tintas: Nankim, carmim, azul da Prússia, amarelo (gomma gutta), sépia, corada, terra de Siena queimada,;1 godet para desfazer tinta Laboratório Laboratório de química – para instrução em análises de bronze, de pólvora, de cais e matérias de construção; ensaios mecânicos; prática de modelação (ex. moldes de fundição) Cada aluno é obrigado a executar 1 matriz ou prova negativa ou positiva, colada sobre papel albuminado ou prova em papel férrico ou gálico; Ensaios e trabalhos fotográficos: reproduções de cartas feitas à escala, panoramas, máquinas, armas, projécteis, obras e fortificação Estação Cronográfica Funciona como museu de instrumentos balísticos: pêndulos balísticos, instrumentos elétricos, material de pilhas, quadros e alvos, termómetros e higrómetros; Determinação das velocidades Utilização do cronógrafo Leboulangé Trabalhos de campo Executados na quinta da escola: Ensino prático da topografia a todos os cursos; da geodesia aos alunos de engenharia; Ensino de fortificação, minas, trabalhos de ataque e defesa, construção e inutilização de estradas e vias férreas, trabalhos de telegrafia, de ótica; Topografia - cada grupo (3 alunos) fazia um “levantamento completo à prancheta em três ou quatro secções de duas horas, outro à bússola ordinária, outro a theodolito” Reconhecimentos militares e trabalhos de

corografia, como complemento da Topografia; Prática de geodesia – determinação de alguns pontos e cotas e medição de ângulos Visitas e excursões Visitas a estabelecimentos e obras em construção e aos polígonos ou escolas práticas das armas, na época dos exercícios; Visitas às fábricas e obras na capital; Obrigatoriedade de apresentar relatório Missões Reconhecimentos táticos e de posições; Visitas ao Campo Entrincheirado de Lisboa, seus fortes e redutos; à escola e serviço de torpedos; às baterias da costa; Levantamentos expeditos, corográficos, itinerários; Visitas aos estabelecimentos fabris de artilharia; às escolas práticas (cavalaria e infantaria); exercícios de tiro nas carreiras; aos portos; ao serviço de incêndio; à companhia da águas; às pontes Exercícios militares Frequência obrigatória: Exercícios táticos de artilharia (uma parte em Tancos); de cavalaria(2 anos); de infantaria Equitação 40 cavalos fornecidos pelo corpo de cavalaria Lições de hora e meia (até 3 lições/semana): nos 1º anos no picadeiro, depois no exterior; Programa da Instrução: 1ª parte: Posição com o cavalo à mão; 2ª parte: Montar com estribos; 3ª parte: Equitação de campo Esgrima Aguardava-se abertura e concurso para mestre de esgrima Ginástica Não tem havido mestre de ginástica especial, sendo incumbidos os instrutores de infantaria; Material: pórtico com trapézios, escadas, argolas e cordas, paralelas, alteres; Ginásio com cobertura metálicas (construção recente, ant. 1892

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Pela reforma de 1891, a distribuição das cadeiras do Curso de Engenharia Militar passou a ser a seguinte: 1ª, 2ª, 3ª e 4ª cadeiras; 5ª cadeira – Material de artilharia (parte descritiva); 6ª cadeira – Penetrações; 9ª, 10ª, 11ª, 13ª, 14ª e 15ª cadeiras16. O corpo docente devia ser constituído por quinze lentes17 de 1ª classe e oito de 2ª classe. Os lugares de 2ª classe não chegaram a ser preenchidos, por dificuldades nos procedimentos dos concursos; para remediar o inconveniente foram chamados os antigos repetidores, que tinham sido nomeados pela reforma de 189018. Assim, entre os vários professores (de 1ª e 2º classe) que leccionaram na Escola do Exército entre 1890 e 1893, destacamos: o então General de Brigada José Joaquim de Castro (n. 1853); Francisco Felisberto Dias da Costa, Capitão do Estado Maior (n. 1853); o Capitão de Engenharia António Eduardo Vilaça (1852-1914); o Tenente-coronel de Artilharia António Vicente Ferreira Montalvão (1840-1919); o Coronel de Artilharia António Eugénio Ribeiro de Almeida (1830-1891); o Coronel de Artilharia Adriano Augusto de Pina Vidal (1841-1919); o Major de Engenharia Luís Feliciano Marrecas Ferreira (1851-1928); e o então Conselheiro Frederico Ressano Garcia (1847-1911), o Engenheiro Civil ao serviço da Escola desde 188019. Em cada ano dos cursos haveria um prémio pecuniário e prémios honoríficos. No caso do curso de Engenharia Militar, a nota mais alta seria a 1ª classificada, premiada com 80$000 rs.20. Em 1891, instituiu-se, pela primeira vez na história da Escola do Exército, um uniforme especial para os alunos (Fig. 20).

Desse plano constava: o uniforme de “polícia”, destinado ao serviço interior, o “pequeno uniforme” e o “grande uniforme”. Entre as cores dominaram o cru, o azul-escuro, o azul ferrete e o azul claro21. O “grande uniforme” distinguia-se pelo penacho da barretina com a gola e as luvas de camurça branca. A Arma de Engenharia era representada por um castelo, aplicado na gola do casaco e do dolman. O uniforme era adquirido pela escola por arrematação em hasta pública, mas cada aluno pagava o seu, por descontos nos vencimentos. Como era uma escola de aplicação, a componente prática ocupava um lugar essencial no decurso da formação.

Fig. 20 “Uniforme. Oficiais de Engenharia, 1892”. In Revista da Engenharia Militar: número comemorativo..., [Lisboa], DAM, 1947, p. 508. GEO CT 253-G


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Fig. 21 Diploma de 1º prémio pecuniário obtido por A. Vieira da Silva, no curso de Engenharia Militar, 1890-1891 / Escola do Exército, 1891. GEO/AVS/PRT/HLT

Os conhecimentos teóricos podiam ser testados através da execução de trabalhos nas salas de estudo, no laboratório de química e fotografia, na estação cronográfica, com trabalhos de campo na quinta da Escola, visitas, excursões e missões às coleções dos vários “museus”, exercícios militares, equitação, esgrima e ginástica22 (Quadro 5 e 7). Por indicação do próprio Vieira da Silva, foi possível saber alguns dos trabalhos das “salas de estudo”, realizados entre

1890 e 1893 (Quadro 6). Foi premiado no 1º e 3º ano do curso (Fig. 21). Por esta altura a Escola já dispunha de novas instalações: a estação cronográfica, a mess dos alunos, a litografia, a oficina de construção de modelos, casernas para os destacamentos de cavalaria e de infantaria. A funcionar desde 1851 no Paço da Bemposta23, e dispondo dos vastos terrenos da Quinta24 adquirida por D. Catarina de Bragança, em 169925, a Escola do Exército reunia as condições ideais para um ensino que se pretendia mais prático (Fig. 22, 22a e 27). As obras de adaptação e ampliação permitiram criar, entre outras, as seguintes

Quadro 6 Trabalhos executados por A. Vieira da Silva nas salas de estudo 1890-1893 31

ANO LETIVO

1º 1890-91

2º 1891-92

3º 1892-93

DATA

TITULO

CLASSIFICAÇÃO (valores)

21 nov. 1890

Lignas convencionaes para cartas geographicas

16

13 dez. 1890

Lignas convencionaes para cartas geographicas

18

24 jan. 1891

Exercício de desenho topográfico a cores

15

24 fev. 1891

Ampliação da carta chorographica

16

20 mar. 1891

Copia de modelos d’armas

14

27 mai. 1891

Projecto d’uma coluna pª canal

16,7

15 jun. 1891

Projecto d’uma roda hydraulica

15

23 dez. 1891

Projecto d’uma distribuição d’aguas

16

4 fev. 1892

Projecto d’uma distribuição de quartel para reg. de Cavall.ª

14

5 mar. 1892

Projecto d’um lanço de (sic)

16

5 abr. 1892

Exercícios de fortificação passageira

16

5 mai. 1892

Exercícios de fortificação passageira

17

30 jun. 1892

Projecto d’uma ponte de pedra

17

10 jan. 1893

Estudo de vigas e asnas

17

18 fev. 1893

Exercícios de fortif. Permanente

17

11 abr. 1893

Projecto d’uma estação de camº de ferro

16

3 jun 1893

Projecto d’uma officina com motor a vapor

19



instalações: salas de aula, uma biblioteca, um picadeiro, um ginásio e uma sala de armas, um laboratório (químico e pirotécnico), um refeitório e cozinha, cavalariças e parque, uma carreira de tiro, salas de enfermagem e serventias (Fig. 23, 24 e 25). Decorrido pouco mais de um ano, com a saída do General Abreu de Sousa da pasta da Guerra, o Decreto Orgânico de 1891 era revogado. A pedido do General Pinheiro Furtado, para reformar as cadeiras, o governo aprovou a Carta de Lei de 26 de fevereiro de 1892. Mantinha-se a

situação de crise económica e financeira e, como tal, a premissa da contenção da despesa pública. Não obstante, entre 1892 e 1893 o programa da Escola do Exército funcionou com dezassete cadeiras, sendo três bienais. Criou-se o curso de Eng. de Minas (2 anos), a cadeira de Docimasia26 e restabeleceu-se a disciplina de fabrico das pólvoras e do material de guerra (no Curso de Artilharia). Foi com a reorganização e distribuição curricular de 1892 que Vieira da Silva conclui a sua formação em Engenharia Militar, em outubro de 1893.

(na página anterior) Fig. 22 Aulas práticas de Geodesia na Escola do Exército, c. 1910 / A. Carlos Lima. AML-AF PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/LIM/000495 e 000498 Fig. 22a Treino na abertura de fundações na Escola do Exército, c. 1910 / A. Carlos Lima. AML-AF PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/LIM/000492 33

Fig. 23 Palácio da Bemposta, actual Academia Militar. c. 1915. Joshua Benoliel AML-AF PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/JBN/001304


Quadro 7 Escola do Exército 1891 Biblioteca e Museus (Coleções) Biblioteca. Herdeira da Biblioteca da Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho. Biblioteca do Marquês de Sá da Bandeira. Total em 1891-10.500 obras; 42.000 volumes. Museus e Laboratórios Em 1856 possuía 144 instrumentos matemáticos e topográficos; 422 modelos, sendo 261 pertencentes ás cadeiras militares (relevos de fortificação, modelos de material de guerra e de máquinas usadas no fabrico da pólvora); 161 modelos de arquitetura (pontes, canais, estradas, portos, máquinas a vapor, faróis, materiais de construção) Os objetos serviam para auxiliar as aulas teóricas e práticas. Os museus das diferentes cadeiras não estavam reunidos numa “casa” única, por falta de uma sala com dimensões apropriadas. Museu de Armas Conhecido como o Museu da 2ª Cadeira. Exemplares antigos de armas de fogo e armas brancas, relíquias e troféus. Coleção de carabinas, espingardas, baionetas, pistolas. Quadros para explicações de balística, cartuchos, espoletas. Museu de Fortificação Pequeno mas com uma coleção curiosa. Modelos de material de ferramentas (pás portáteis, picaretas, serras articuladas, modelos de torpedos), mapas murais com desenhos de perfis (fortificação, abrigos, canhoeiras, traçados de obras, ampliações de atlas), planos relevo com tipologias de ataques das praças. Quadros e desenhos de projetos dos alunos. Museu de Artilharia Coleção pequena de objetos ligados ao fabrico de armas e projéteis (muitos cortados longitudinalmente). Modelos de sistemas de reparo, uma coleção de fotografias de tipos modernos de material de artilharia, desenhos em grande escala, feitos pelos alunos. Museu de Antiga 5ª Cadeira Como compreendia o estudo da fotografia, da pirotécnica, do fabrico de armas e munições, materiais de construção e suas análises, tinha como dependências o laboratório de química

aplicada, de modelação e o gabinete fotográfico. Materiais de construção – diferentes tipos de pedras, de cais, cimento, areias, argamassas e gessos, de ladrilhos, telhas, tijolos, madeiras, ferros, vidros, metais, tintas, vernizes. Coleção maior –a de calcários. Ferramentas várias. Museu e Laboratório fotográfico: tudo o que dizia respeito à fotografia desde Daguérre. Uso da fotografia para fins militares e não artísticos. Câmara escura. Laboratório químico e de modelação: utilizava-se para modelação de bocas-de-fogo e projéteis. Museu de pirotecnia e fabrico de armas e projéteis: coleção completa das antigas máquinas utilizadas nas fábricas de pólvora, moinhos de galga, pulverizadores; coleção de vários tipos de pólvoras, explosivos e substâncias químicas, cartuchos, instrumentos de verificação das bocas-de-fogo, desenhos de máquinas de fabrico de armas, etc. Museu das Construções Compreendia as matérias das 10ª, 11ª, 12ª, 13ª e 15ª cadeiras (1891) ou da arquitetura, da hidráulica, da resistência dos materiais, das máquinas, dos faróis, das pontes e vias férreas. Trabalhos dos marceneiros ao serviço da Escola - Frederico Ribeiro e Augusto Alves. Modelos dos principais tipos de detalhes de arquitetura civil, militar e religiosa, auxiliados por mapas murais com desenhos das ordens arquitetónicas, de revestimentos murais, de suportes e coberturas. Modelos de pontes, açudes, vias férreas, estradas. Máquinas com mecanismos de funcionamento, a vapor e mecânicas. Museu de Topografia e Geodesia Instrumentos de uso nas aulas de astronomia, geodesia e topografia. Tinhas instrumentos de medir ângulos (teodolitos, tacómetros, pantómetros, vários sextantes e bússolas,), para nivelar (vários níveis de precisão, minas de alvo, etc.), para medir distâncias (fitas métricas, cadeias metálicas, réguas de cálculo, pantógrafos, compassos, transferidores). Havia também binóculos, meridianos portáteis, maços, marretas, bandeirolas, esquadros, réguas, estojos de desenho.

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Fig. 24 “O Museu de Material de Ensino”. In SENA, Camilo - A Escola Militar de Lisboa. História, organização, ensino. Lisboa, Imp. Nacional, 1922. GEO AE 113G 35 Fig. 25 “Sala da Biblioteca”. In SENA, Camilo - A Escola Militar de Lisboa. História, organização, ensino. Lisboa, Imp. Nacional, 1922. GEO AE 113G


Notas 1 A Escola do Exército foi criada por Decreto de 12 de janeiro de 1837, por iniciativa do Marquês de Sá da Bandeira, Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo. A instituição procedeu da antiga Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho (fundada em 2 de janeiro de 1790). Procurava trazer uma maior preparação científica e técnica nos quatro cursos disponibilizados: de Estado-Maior, 2 anos; de Engenharia Militar e Artilharia, 3 anos; de Cavalaria e Infantaria, 1 ano; e de Engenharia Civil, 2 anos. Em 1911, pelo Decreto de 15 de maio, o regime republicano criou, em substituição, a Escola de Guerra (atualmente Academia Militar). LISBOA, Maria Helena – Os Engenheiros em Lisboa. Urbanismo e arquitectura (1850-1930), p. 62. 2 O número de alunos que anualmente podiam ser admitidos à matrícula dos cursos de armas era proporcional às vagas no posto de alferes dessas armas (SIMÕES, J. M. de Oliveira - A Escola do Exército. Breve notícia da sua história e da sua situação actual. Lisboa, Imp. Nacional, 1892, p. 58). 3 Em 1888 Vieira da Silva assentou praça como voluntário no Regimento de Artilharia nº 4, pelo menos assim o indica um documento do Processo Individual na Politécnica (MUNHAC. Processo do Aluno AVS). Não sabemos se transitou entretanto, mas em 1890 a documentação situa-o no “Regimento de Cavalaria nº 4 do Imperador da Alemanha, Guilherme II”, aquartelado em Belém (Ajuda). Vide AHM. Augusto Vieira da Silva. Processo 4149. Requerimento de Matrícula, 21 de outubro de 1892. Em 1888 o Rei D. Luís, atribuiu o nome ao Reg. em homenagem a Guilherme II (1859-1941), último imperador da Prússia, que abdicou do trono em 1918, filho do Imperador Frederico III e da sua esposa Vitória, a Princesa Real do Reino Unido, (neta da Rainha Vitória). O Regimento de Cavalara nº4 vinha na linha da antiga unidade de Cavalaria de Mecklembourg (príncipe que ajudou o Conde de Lippe a organizar a cavalaria portuguesa). Juntamente com o Regimento de Cavalaria nº 2, formava a 2ª Brigada de Cavalaria de Lisboa. 4 AHM. Processo individual de A. V. Silva. Proc. 4149. 5 Vide SIMÕES, J. M. de Oliveira – Op. cit. 6 A. Serpa, que formou governo depois da demissão de José Luciano de Castro, geriu os destinos do país de 14 de janeiro a 14 de outubro de 1890. Foi substituído por João Crisóstomo de Abreu e Sousa, que governou de 14 de outubro de 1890 a 17 de janeiro de 1892. 7 Este pojeto foi da iniciativa do Marquês de Sá da Bandeira (título, 1864), novamente na pasta do Ministério da Guerra (Gov. Marquês de Loulé), que

geriu até 1865. 8 Neste contexto, não podemos esquecer a importância da criação, em 1852, do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria (MOPCI) e da inter-relação com o Ministério da Guerra, na missão de transformação material do país (transportes, comunicações, indústrias, entre outros). Sobretudo no último quartel de Oitocentos, o MOPCI contou com o Exército como principal fonte de recrutamento de técnicos especializados do corpo de engenheiros militares. LISBOA, Maria Helena – Os Engenheiros em Lisboa, pp. 20-35. 9 SENA, Camilo - A Escola Militar de Lisboa. História, organização, ensino. 1922, pp. 22-24. 10 Idem ibidem, pp. 22-23. 11 A partir de 1873, o ensino da Higiene Militar tornou-se obrigatório para todos os alunos e o da Hipologia, que já era ministrado no Curso de Cavalaria, tornou-se extensivo ao de Engenharia Militar, de Artilharia e de Estado-Maior (idem ibidem, p. 23). 12 O diploma foi completado com as instruções regulamentares, aprovadas em 16 de nov. de 1891. 13 Excerto do “preâmbulo” do Decreto de 30 de set. de 1891. Cit. FERREIRA, Arnaldo Manuel de Medeiros – Factores de evolução do ensino militar superior, 1876, pp. 148-152. 14 Face ao conhecido Mapa Cor-de-Rosa, traçado por Portugal para unir as colónias de Angola e Moçambique, que entrava em choque com as pretensões britânicas de ligar o Cairo à África do Sul (via férrea), a 11 de janeiro de 1890 a Rainha Vitória (e o primeiro-ministro Lord Salisbury) fez um ultimato a Portugal - retirada militar dos territórios ou corte de relações entre as duas nações. A cedência do Rei D. Carlos provocou uma onda de protestos nacionais, uma revolta no Porto e a contestação geral à monarquia. Sobre o assunto: TEIXEIRA, Nuno Severiano – “Política externa e política interna no Portugal de 1890: o Ultimatum Inglês”. Análise Social, Vol. XXIII (98), 1987, pp. 687-719. 15 A industrialização também contribuiu para que o fabrico do armamento saísse cada vez mais da alçada militar e entrasse no universo da produção industrial civil. 16 SIMÕES, J. M. de Oliveira – Op. cit., p. 45. 17 O título de “lente”, dado por tradição ao professor universitário (caso da Universidade de Coimbra), em particular ao catedrático, foi uma das regalias dadas aos docentes do ensino superior militar, em 1837. O lente era o responsável principal pela lecionação de uma disciplina. 18 SIMÕES, J. M. de Oliveira – Op cit., p. 74. 19 Pelo Decreto de 8 de julho de 1880, o governo abriu concurso para o preenchimento de 5 vagas

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de lente de 1ª classe e 5 de 2ª a oficiais do exército, mas também a engenheiros civis. Explica-se, desta forma, a candidatura de Frederico Ressano Garcia, Engenheiro Civil formado na École des Ponts et Chaussées de Paris. 20 SIMÕES, J. M. de Oliveira – Op cit., p. 74. 21 Em novembro de 1891 decretou-se o plano de uniformes para o corpo de alunos da Escola do Exército. O uniforme de “polícia” compunha-se de: dólman de brin cru, sem distintivo; calça de brin cru com casas para presilhas; barrete de castorina azul escuro, avivado de pano azul claro; sapatos semelhantes aos dos praças de pret de engenharia. O “pequeno uniforme” constava de: dólman de pano azul ferrete, gola azul clara, com duas estrelas de cada lado para os de artilharia e engenharia, botões de coroa como os dos oficiais de infantaria, vivos e divisas azul claras; calça de mescla azul clara com listas de pano azul claro; barrete de mescla azul clara com um feitio especial, pala e emblema com o monograma da escola; botins. O “grande uniforme” diferenciava-se do pequeno pelas granadeiras, análogas às da infantaria, mas de lã azul clara; pelo penacho da barretina com a gola; e pelas luvas de camurça branca. O capote era de mescla azul (SIMÕES, J. M. de Oliveira – Op. cit., p. 270-271). 22 Além dos lentes, para conjugar o ensino teórico com o prático, havia na escola (desde 1863) 4 repetidores e 5 instrutores. Os primeiros, serviam nas salas de estudo, dois para as cadeiras das “ciências militares” e dois para as ciências da construção. Os instrutores estavam assim distribuídos: 2 para o ensino do desenho e prática dos instrumentos geodésicos e topográficos; 1 para a instrução prática de fotografia e trabalhos de química aplicada; 1 para exercícios de infantaria, esgrima, sabre, ginástica, administração e contabilidade; e o ultimo para os exercícios de cavalaria e artilharia (SENA, Camilo Op. Cit. pp. 30-31). 23 O Paço da Bemposta (ou da Rainha) foi concedido por D. Maria II para uso da Escola do Exército pelo Decreto de 9 de dezembro de 1850 (com exceção da Torre e da Capela, cuja doação só teve lugar em 1910, à então Escola de Guerra). Depois do incêndio de abril de 1843, que destruiu o antigo edifício do Colégio dos Nobres, a Escola mudou-se para o Pátio do Pimenta, à Rua das Chagas, donde saiu em julho de 1844 para o Palácio dos Condes de Murça, na Rua de Santo António dos Capuchos, instalando--se definitivamente na Bemposta, em 1851 (Viver Academia Militar nos 150 anos da Escola do Exército, fot. António Homem Cardoso, p. 29, 71 e 72). 24 A vasta Quinta foi substancialmente reduzida a

partir de 1865, quando por Decreto de 20 de novembro se demarcou a zona a norte, para a construção do Hospital de D. Estefânia. Idem ibidem, pp. 71-73. 25 D. Catarina de Bragança (1638-1705), viúva de Carlos II de Inglaterra, adquiriu a Quinta da Bemposta a D. Francisca Pereira Telles, em 1699. Mandou construir o Paço (projeto do arquiteto João Antunes) e ali viveu de 1702 a 1705. Vide sobre o assunto: Marquês de Sá da Bandeira e o seu tempo / Maria do Rosário Pimentel, Maria do Rosário Monteiro, Vítor Marçal Lourenço. Lisboa: Academia Militar-Centro de História da Cultura, 2013. 26 Uma das vertentes desta ciência é o estudo e a determinação da proporção dos metais contidos nos minérios.

Fig. 27 Aulas práticas de Geodesia na Escola do Exército, c. 1910 / A. Carlos Lima. AML-AF PT/AMLSB/CMLSBAH/ PCSP/004/LIM/000495 e 000498


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Fig. 28 Alferes Vieira da Silva, c. 1895 (assinalado). “Grupo de oficiais da E. P. E.”. In Revista da Engenharia Militar: número comemorativo..., [Lisboa], DAM, 1947, p. 158. GEO CT 253-G


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Lisboa: estudos e coleção Terminado o Curso de Engenharia Militar, Augusto Vieira da Silva ingressou no quadro dos oficiais do Exército Português (Fig. 28). Conforme consta do seu boletim de oficial, foi nomeado Alferes para o Regimento de Engenharia1, por Decreto de 3 de novembro de 1893. Dois anos depois foi promovido a Tenente2. Obteve licença para casar com D. Maria Adelaide Segurado de Avelar Machado, cerimónia que teve lugar a 30 de maio de 1896, ano em que também contraiu matrimónio o seu irmão Bento Xavier3. Por esta altura a Família Vieira da Silva residia na Rua de D. Carlos I, nº 15. Em 1898 Vieira da Silva publicou a sua primeira obra “Material das Linhas Fér-

Fig. 29 Curvímetro Hectométrico e respetivo estojo de Vieira da Silva. M. de Lisboa. MC.EQU.UTE.657

Fig. 30 Caderno de Campo de Vieira da Silva - Inspecção do Serviço de Engenharia no Campo Entrincheirado de Lisboa. 1903-04. Ms. GEO/AVS/PRT

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Fig. 31 Régua de Cálculo de Vieira da Silva. Museu de Lisboa. MC.EQU.UTE.655

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reas Portuguesas”, um livro técnico para auxiliar no curso de sargentos da Companhia dos Caminhos de Ferro4. Nesse ano editou ainda “O Castelo de S. Jorge: estudo histórico-descriptivo”5, que haveria de marcar a sua entrada no universo da Olisipografia. Por esta altura já tinha lido as obras do “mestre” Júlio de Castilho. Como o próprio referiu mais tarde, “foi assim que nasceu e se afervorou o meu interesse e a minha paixão pela cidade que foi meu berço”6. Essa paixão guiou-lhe o percurso de vida, como engenheiro e militar, mas também como arqueólogo, colecionador, investigador, académico, cidadão e munícipe.

Até 1900 publicou mais dois ensaios, um sobre a “Cerca Moura” e outro sobre as “Muralhas da Ribeira”7. O seu interesse inicial pelas fortificações era compreensível; para além de ter sido matéria de algumas cadeiras do Curso de Engenharia Militar, Vieira da Silva serviu, praticamente dez anos, na defesa de Lisboa, na Inspeção das Fortificações de Lisboa8 e no Campo Entrincheirado de Lisboa9, de 1903 a 1911. São dessa fase alguns dos cadernos de campo, onde registou aspetos administrativos correntes e de gestão financeira (Fig. 30), mas também projetos de estruturas a construir nos fortes que geriu.

Fig. 32 Estojo de Compasso de Vieira da Silva. Museu de Lisboa. MC.EQU.UTE.343


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Aqui, como nos estudos de olisipografia, Vieira aplicou os conhecimentos e as metodologias adquiridas, que haveriam de cimentar as suas investigações: problematizou factos, formulou dúvidas, consultou as fontes primárias, analisou de forma crítica, observou, comparou, fez trabalho de campo e registou documental e graficamente. Era fascinado pelas ciências exatas e exímio no desenho, como pudemos observar pelas classificações. Nos muitos estudos, a medição, o cálculo e o desenho, foram denominadores comuns, para os quais não dispensou alguns instrumentos de trabalho, entre eles o compasso, a régua de cálculo10 ou o curvímetro, exemplares no espólio do Museu de Lisboa (Fig. 29, 31 e 32). Estes objetos (e o seu manuseamento) faziam parte do material escolar exigido aos candidatos às escolas de Engenharia. Como vimos atrás, deveriam estar, inclusive, em cima das mesas para os trabalhos práticos a desenvolver nas salas de estudo (Quadro 5). Parecia naturalmente dotado para a docência; chegou a candidatar-se para lecionar na Escola do Exército, mas não foi escolhido11. O que é um facto, é que Vieira da Silva já tinha encontrado o seu objeto de estudo – Lisboa. E foi nele e para ele que trabalhou afincadamente ao longo de mais de 60 anos. Constituiu uma vasta coleção – um verdadeiro “(...) Museu da Cidade.” (Fig. 34), em vários suportes, que dispôs, de forma criteriosa nas várias salas da sua residência particular, na R. da Lapa.

Fig. 33 Página anotada por V. da Silva da sua obra O Castelo de S. Jorge: estudo historico-descripitvo. Ed. 1898. GEO AU 165-G

Depois do seu falecimento, em 1951, a Câmara Municipal de Lisboa adquiriu a coleção, em 195312, com o propósito de enriquecer quer o Museu Municipal, quer o Gabinete de Estudos Olisiponenses, cujas bases se lançaram em 1939, por despacho de 1 de março, do Presidente Eduardo Rodrigues de Carvalho. A constituição do Gabinete foi, como tal, anterior à compra da coleção do Eng. Vieira da Silva, mas recebeu com ela um decisivo impulso à sua estruturação. Com efeito, foram muitas as dificuldades que o Gabinete enfrentou depois de 1939, sobretudo ao nível dos recursos humanos e do espaço físico. Em dezembro desse ano, um ofício da Presidência determinou que ocupasse as instalações do Palácio Galveias13, enquanto não fosse construido um edifício próprio que reunisse também o “Museu da Cidade, os Arquivos Histórico e Fotográfico”, desígnio que, continua por concretizar. Notas 1 O Regimento de Engenharia (RE), sucessor do Batalhão de Eng. de 1869, foi criado a 31 de outubro de 1884, por Fontes Pereira de Melo. Tinha um Corpo do Estado Maior, Batalhões e Companhias (entre elas, a de Telegrafistas e a de Caminhos-de-Ferro). Revista de Engenharia Militar. Número comemorativo do III Centenário da Engenharia Militar, 1947, pp. 611-612. 2 Conforme decreto de novembro de 1895. Foi-lhe passada Carta patente, assinada pelo Rei D. Carlos a 6 de julho de 1896 (GEO/AVS/PRT). Pela reorganização do exército de 31 de outubro de 1884, que ainda vigorava em 1891, ao fim de dois anos no Exército os oficiais eram promovidos a Tenentes na arma em que se alistavam. Os alunos habilitados como Curso de Engenharia Militar no posto de Alferes de Engenharia tinham direito ao vencimento de 500 réis (SIMÕES, J. M. de Oliveira – Op. Cit., p. 264). 3 Bento Xavier Vieira da Silva (1871-1961) também estudou na Esc. Politécnica de Lisboa. Seguiu a Escola Naval onde foi Tenente (1896), Capitão de Mar-eGuerra (1931) e Contra-Almirante (posto em que se


reformou). Casou com D. Henriqueta Joana Molas Romero (n. Sevilha 1872-f. Lisboa 1955), de quem teve um filho, Henrique Carlos Vieira da Silva (n. 6.8.1901-f. 1972), o único sobrinho de A. Vieira da Silva. 4 Para as diversas linhas férreas do país eram deslocados anualmente oficiais, sargentos e praças, a fim de aperfeiçoarem a sua instrução técnica nos vários ramos dos serviços (Rev. de Eng. Militar…, p. 644). Fig. 34 Notícia do jornal A Noite, 3 abril 1939. GEO REC 2

5 SILVA, Augusto Vieira da – O Castelo de S. Jorge: estudo histórico-descriptivo. Lisboa, Typ. Commercio, 1898 (Sep. Revista de Engenharia Militar). 6 Prefácio da 2ª edição da obra O Castelo de S. Jorge: estudo histórico-descritivo, Lisboa, C. Municipal, 1937. 7 Em 1899 publicou “A Cerca Moura: estudo histórico-descriptivo”; em 1900, “As Muralhas da Ribeira de Lisboa”, ambos pela Typ. do Comércio. 8 Augusto Vieira da Silva desempenhou funções de adjunto no Forte de D. Carlos ou da Ameixoeira, cujas obras, iniciadas em novembro de 1875, ficaram concluídas em 1901. 9 Plano defensivo integrado de Lisboa, terrestre e marítimo. O perímetro terrestre contornava os limites terrestres da capital, numa linha de fortes que ia de Sacavém a Caxias, interligados por uma estrada de comunicação, que ficou conhecida por Estrada Militar de Circunvalação. Em 1899 foi designado oficialmente de Campo Entrincheirado de Lisboa. Vieira da Silva desempenhou funções em várias estruturas, nomeadamente em S. Julião da Barra, na Bateria de S. Gonçalo e no Forte de Sacavém. Vide Fundo Augusto Vieira da Silva. GEO/AVS/PRT. 10 Encontrámos algumas referências ao modelo da régua de cálculo, igual à de Vieira da Silva: era o modelo 363, portátil, fabricada pela empresa A. W. Faber, sensivelmente a partir de 1893. A pequena fábrica de lápis “A. W Faber” que Kasper Faber fundou em 1761 nos arredores de Nuremberga, só passou a “FaberCastell” a partir de 1898, depois do casamento de Ottile von Faber com o conde Alexander Castell-Rudenhausen. Alguns exemplares mantiveram o “A. W. Faber”, mesmo depois de 1898. 11 Em janeiro de 1901 candidatou-se ao concurso para ocupar a vaga da 11ª cadeira, que foi preenchida por Eduardo Augusto Ferrugento Gonçalves, melhor classificado. Voltou a candidatar-se me 1914, novamente sem sucesso. Vide AHM. Augusto Vieira da Silva. Processo 4149. 12 O Município comprou o conjunto documental em novembro de 1953, pela quantia de 910.470$00 escudos. In Anais do Município de Lisboa. Ano 1939, Lisboa, 1940, pp. 17, 62-63; Escritura de Compra. PT/ AMLSB/CMLSBAH/FNAJ/001/0637/015 13 “Ofício 1457”, datado de 2/12/1939, publicado em Diário Municipal, Nº 1351, de 14 de dezembro de 1939.

(na página seguinte) Fig. 35 Planta das Cercas de Lisboa (“Moura” e Fernandina) com cálculos e medições por Vieira da Silva. GEO/AVS/PRT

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Fontes impressas e manuscritas CML.GEO - Fundo Augusto Vieira da Silva. Ref. GEO/AVS/PRT AM-BL. Bairro da Liberdade. Cemitério do Alto de São João. Jazigo Nº 2979. AHM. Processo Individual de Augusto Vieira da Silva. Processo 4149. Ref. AHM. DIE-GEAEM. Alunos da Academia de Fortificação, Escola do Exército, Escola de Guerra, Academia Militar: 1790-1940. DIE-GEAEM. Processo Individual do Capitão de Engenharia Augusto Vieira da Silva. PT-GEHFOM-76-1-3-11. MUNHAC. E. P. Matrículas e Exames -14º (U.I. 2029). Ref. PT-MUL-EPL-SEC-a-02 MUNHAC. Livro de Actas. Sessão de 19 de Outubro de 1887 (U.I. 1855). Ref. PT-MUL-EPL-SEC-a-02. MUNHAC. Livro de Actas. Sessão de 3 de Novembro de 1888 (U.I. 1855). Ref. PT-MUL-EPL-SEC-a-02. Bibliografia A Escola Politécnica de Lisboa: a comemoração do 1º centenário / Faculdade de Ciências de Lisboa. Lisboa: Fac. Ciências, 1937 (12 vols.).

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