CEI
delas
URBANISMO SENSÍVEL AO GÊNERO Intervenção no Centro de Ceilândia
D i s c e n t e : G a b r i e l a Ta v a r e s O r i e n t a d o r a : G a b r i e l a Te n ó r i o B a n c a : G a b r i e l a Te n ó r i o , M a r i b e l A l i a g a e Pa t r í c i a G o m e s
por que um urbanismo de Gênero? Justificativa do tema
Este trabalho de diplomação objetiva a elaboração de um projeto de intervenção urbana com perspectiva de gênero em um recorte central da região administrativa de Ceilândia. Tal proposta surge do seguinte questionamento: para quem as cidades são planejadas e projetadas? Isto porque, as cidades são plurais, não apenas no sentido morfológico, com arquiteturas e espaços urbanos diversos, mas primordialmente quando falamos daqueles que ocupam as cidades, as pessoas. Essas pessoas que ocupam e circulam nos espaços públicos são maioria do gênero feminino (MONTANER; MUXÍ, 2011; TERRAZA et al., 2020) e no Distrito Federal elas correspondem a 60,62% (CODEPLAN, 2020) que se deslocam para trabalho de ônibus ou a pé. Com isso, suas rotinas que podem contemplar dupla ou até tripla jornada se tornam dependentes de como o urbanismo está projetado, pois ao mesmo tempo que elas ocupam esses espaços, elas também estão sujeitas à violência sofrida contra seus corpos, como se eles fossem públicos.
Até quando nós, mulheres, teremos medo de andar nas ruas? - ROLNIK, Raquel. Ao direcionarmos a visão para essas cidades já construídas o que observamos é a presença fortificada das desigualdades presentes na pluralidade que as habitam. Deste modo, o estudo do ambiente construído como variável independente, ou seja, a partir do que o espaço implica na vida das pessoas (TENÓRIO, 2012), permite a compreensão dos espaços urbanos levando em conta a vivência delas que fazem essas cidades existirem. Ainda que o desequilíbrio social presente seja parte da associação de fatores complexos que envolvem pessoas, culturas, padrões, sistemas e políticas, o que está fora do alcance como urbanistas e planejadoras de solucionarmos, cabe a nós a responsabilidade de projetar cidades promotoras de igualdades (MONTANER; MUXÍ, 2011). Dentro deste âmbito está a desigualdade por gênero, que ganha a importância pela presença massiva do gênero feminino presente nas cidades que as recebe com barreiras visíveis e invisíveis muros, grades, até zoneamentos, e uso do solo. Estas barreiras são fundamentadas num urbanismo neutro, que se solidifica no argu-
mento de ser para todos, mas que é projetada a partir das necessidades dos homens cisgêneros, brancos, heterossexuais, não deficientes e com emprego fixo. Isto porque, há a dominância masculina dentro da profissão que intensifica o defendido pela nossa sociedade patriarcal: a inferiorização dos corpos femininos e a vulnerabilidade destas, restringindo-as ao espaço do lar e à maternidade. Atrelado a esta hegemonia masculina está capitalismo, pois o urbanismo e o planejamento se apresentam como de ordem econômica, ou seja, o custo para sua produção e o lucro gerado a partir do investimento do capital no segmento prevalecem na tomada de decisões projetuais da implementação de infraestruturas, e, em conjunto, o interesse político reforça esse posicionamento. Deste modo, as cidades se apresentam como mercadoria, como defendido por Ermínia Maricato. Assim, as cidades vão ter suas configurações auxiliando aqueles que estão dando o lucro para ela, aumentando seus faturamentos seja como empresa privada ou estado, e portanto temos por exemplo o privilégio do transporte casa-trabalho, com sistemas de transportes implantados a qualquer modo, mas que possam levar o trabalhador para produzir.
O processo decisório do que será feito na cidade tá muito mais relacionado a essa relação entre o estado e os interesses privados do que qualquer processo participativo de construção com os cidadãos. - ROLNIK, Raquel. Neste contexto de urbanismo neutro, sociedade patriarcal e capitalista, o espaço para o gênero é renegado. Portanto, há urgência na concepção de cidades que permitam com que haja liberdade no ir e vir, liberdade em viver sem que o corpo feminino seja limitado a onde possa ou deva ocupar, considerando sempre a relação de gênero com os diferentes modos de desigualdades, na medida em que cor, orientação sexual, deficiência e renda são questões que corroboram com a opressão e a repressão de seus corpos.
por que ceilândia? Justificativa da área de intervenção
Ceilândia foi a região administrativa implementada para retirar os trabalhadores do centro urbano com a justificativa que eles estariam em um local bem estruturado. O que ocorreu é que, o movimento modernista no Brasil implementou Brasília com um foco futurista ao conceber o local tendo como base a locomoção por carros e priorização de um traçado conceitual com zoneamentos. Essa espacialização trouxe como consequência uma segregação sócio-espacial posicionando Ceilândia distante em mais de 30 km do centro. Essas longas distâncias são percorridas diariamente pelos moradores da RA do entorno do plano piloto para trabalho, serviços, comércio, lazer, visto que é onde a infraestrutura urbana está concentrada com seus polos atratores da capital federal. Ainda assim, CEI comporta infraestrutura com capacidade para haver um adensamento, garantindo ofertas de moradias, comércios e serviços, segundo princípios do urbanismo contemporâneo direcionando para uma autonomia devido ao comércio local e do entorno próximo.
Imagem - Mapa do Distrito Federal com a localização da Região Administrativa de Ceilãndia
2.5 0 2.5 km
Em conjunto com este objetivo, a escolha por Ceilândia quanto ao gênero decorre do alto índice de violência sofrido pelas mulheres, concentrando o maior número de casos de violência do Distrito Federal (MPDFT, 2019) e maior número de casos de estupros em 2018 e 2019 segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública. Ainda que a maioria dos dados sejam voltados para a violência que acontece no ambiente doméstico, tal característica evidencia a separação dos espaços público e privado que segrega as mulheres e as restringem ao meio privado, seus lares, e garante a homens a dominância dos espaços públicos como as ruas. Além disto, o urbanismo também está envolvido com a implantação das casas e pode auxiliar na prevenção da violência do âmbito privado a partir de parâmetros urbanísticos.
Ceilândia
Pôr do Sol Avenida Hélio Prates
Samambaia
Taguatinga
Área de Intervenção
Plano Piloto
Portanto, a partir do projeto de diplomação, visa-se apresentar uma proposta de intervenção que priorize o gênero feminino, estando aqui incluídas todas as pessoas que se identificam com esta determinação, suas rotinas e necessidades próximas, visto sua presença nos espaços públicos bem como nos usos dos transportes de massas.
por que ceilândia? Justificativa da área de intervenção
Ceilândia está a Oeste do Plano Piloto O entorno da RA é marcado pela presença de Taguatinga, Samambaia e o Pôr do Sol/Sol Nascente, RA desmembrada de Ceilândia em 2019. Setor O
Segundo o PDAD 2019, a maioria da população ceilandense é composta por mulheres (52,5%). Apesar de não ser tão superior ao número de homens está envolvido com o dado de que a maioria do tipo de arranjo familiar (19,5%) é de mães solo, sendo assim, um dado importante no projetar para elas que estarão envolvidas com jornadas compostas por mais atividades (escola-trabalho/creche-casa).Também 79,2% da população depende da rede pública de saúde por não terem plano, o que exprime a necessidade de postos de saúde (UBS) para o atendimento dessas pessoas.
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Setor N
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Há uma conexão intensa entre CEI e o Plano tendo mais linhas de ônibus entre as RAs, mesmo que dados do PDAD 2018 nos indique que a maioria das pessoas trabalham em outras localidades ( 38,8%) ou na própria RA (35,1%) enquanto no Plano temos um total de 26,5%. O mesmo se aplica para estudantes, os quais 80,1% estudam em Ceilândia e 5,4% no Plano. Ainda que não haja dados, o que ocorre é que a maior parte do lazer está concentrada no Plano Piloto levando as pessoas terem que se deslocar na busca por eventos, parques com maior infraestrutura enquanto Ceilândia ainda cresce culturalmente com batalhas de RAP e o Movimento Junino.
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Outro dado relevante da pesquisa é que 64,2% se autodeclara como pessoa negra ou parda, fazendo-se necessário o entender gênero e interseccionalidade, visto que reflete na violência da mulher negra está pautada no estereótipo da criminalidade e no silenciaento pelo sistema patriarcal branco que as impedem de ocupar espaços e postos de trabalhos (AKOTIRENE, 2019). A maioria (53,3%) sobrevive com 1-2 salários mínimos por mês de renda o que leva a possibilidade de viverem em locais precários passivos de problemáticas ambientais.
Taguatinga
Samambaia
Avenida Hélio Prates
Pôr do Sol
Ceilândia
Área de Intervenção
Imagem - Mapa com a localização da Região Administrativa de Ceilãndia,Taguatinga, Sambaia e Pôr do Sol
conceitos
Glossário de termos
Gênero
Identidade de Gênero
LGBTQIA+
Transgênero (trans)
É uma construção social e está relacionada a como grupos sociais se dividem dentro de parâmetros iguais. É frequentemente usada na comparação entre o feminino e o masculino na pauta da desigualdade por exemplo.
Expressão utilizada para como cada um se identifica em sociedade com relação ao próprio gênero, sem qualquer imposição e necessidade de restrição entre feminino e masculino.
Sigla que engloba todas as pessoas com orientação sexual e/ou identidade de gênero distintas do que predomina em sociedade.
Refere-se ao grupo de pessoas que não se identifica com o gênero que foi determinado no nascimento
Urbanismo de Gênero
Cisgênero (cis)
PATRIARCAL
INTERSECCIONALIDADE
Denominação usada por teóricas como Zaida Muxí para se referir ao urbanismo projetado para homens que estão no topo da pirâmide social por ter todos os privilégios (branco, heterossexual, cisgênero, não deficiente e com emprego fixo.
Refere-se ao grupo de pessoas que se identificam com o gênero determinado no nascimento.
Denominação para a construção social com o domínio da figura masculina como chefe de família, com cargos de liderança e privilégios dentro da sociedade.
Termo apresentado por Kimberlé Crenshaw sobre o feminismo negro pautando as problemáticas vivenciadas pelas mulheres negras em meio ao racismo estrutural, o sexismo e a violência sofrida por elas.
área de intervenção Macro Área | O ensino e a mobilidade
Em Ceilândia, segundo dados do PDAD, cerca de 95 escolas são do tipo pública e 54,6% dos estudantes de Ceilândia estudam na rede pública. Como a maioria dos alunos estudo na própria RA (80,1%) isto faz com que o meio de locomoção até a instituição de ensino possa ser realizada à pé correspondendo, assim, a 54,9% dos alunos que adotam esse modal. Em sequência tem-se os ônibus com 21,2% de usuários e 2,5% fazem o trajeto de metrô. Deste modo, por estudarem em Ceilândia, o deslocamento de 64,3% dos alunos dura um total de 15 min no máximo. Com isso, é importante os espaço urbano tem que possbilitem que esse trajeto seja seguro de ser feito seja com iluminação ou ocupação de terrenos subutilizados e acessibilidade.
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Legenda PARTICULAR
PARTICULAR CONVENIADA
PÚBLICA
PÚBLICA FEDERAL
área de intervenção
Macro Área | Áreas de lazer e feiras
Ceilândia tem uma variedade de equipamentos públicos para o uso e lazer da população. Segundo dados do PDAD 2018, 50,5% da população considera que há parques e jardins, 57,5% que há ciclovias ou ciclofaixas, 71% dizem que há PECs e 74,1% que CEI tem quadras. No entanto, relatos de moradores defendem que estes equipamentos estão precários, com baixa manutenção e precisam de reformas. Este fator está relacionado com o tipo de investimento que onde mesmo que exista uma variedade, tem a precária gestão pública quanto a qualidade e durabilidade. Tal questão gera espaços públicos sem usos ou com ocupações indesejadas no urbanismo já que buscamos a diversidade dos usos.
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Legenda APARELHO DE GINASTICA
PARQUE INFANTIL
QUADRA POLIESPORTIVA
CAMPO ILUMINADO
PEC
SKATE PARK
CAMPO SINTETICO
QUADRA DE AREIA
Feiras Livres
Imagem - Mapa de localização de quadras, campos e feiras
área de intervenção
Macro Área | Postos de saúde e segurança
Em relação a saúde pública de Ceilândia, há baixa infraestrutura para a RA mais populosa do DF e a espera pela maternidade pública. Já para a segurança, segundos os dados coletados no PDAD 2018, a população ceilandense utiliza serviços e equipamentos privados para monitoramento de suas casas (8,7%) e também fazem o uso deste tipo de serviço de modo coletivo (28,8%). Do total, 51,9% acredita haver policiamento regular na RA, ainda assim, apenas em junho deste ano de 2020 foi inaugurada a primeira Delegacia de Atendimento Especial à Mulher em Ceilândia (DEAM). Sendo a RA com maior número de casos de violência contra o corpo feminino este amparo surge, ainda que tardio, como um axílio para as mulheres.
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Legenda Saúde Centro de Saúde
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Legenda Policiamento
Hospital
CBMDF SSPDF
UPA
PCDF/DEAM
DETRANDF PMDF
Imagem - Mapa de localização de pontos de saúde e policiamento
ZEE | área de intervenção
Zoneamento Ecológico-Econômico do Distrito Federal - ZEE Segundo o caderno técnico de Matriz Ecológica do ZEE, o local de intervenção apresenta uma baixa quantidade de maciços expressivos do cerrado nativo e está em área prioritária de recarga de aquífero. Com isto, o Plano Diretor de Ordenamento Territoria (PDOT) para a região, prevê a região como eixo de expansão e desenvolvimento de ambientes urbanos considerando os parâmetros ambientais:
áreas consolidadas, respeitada a capacidade de suporte socioeconômica e ambiental do território” (Art.8º inciso IX do PDOT).
Portanto, para o cenário ambiental previsto pelo ZEE se faz necessário prever a ocupação de áreas subutilizadas concomitante a preservação do cerrado no espaço urbano e a permeabilidade do solo para que adensamentos e verticalizações não impactem mais a região e sim auxiliem nessa recuperação com projetos de amortecimento e de plantio de vegetações
“otimização e priorização da ocupação urbana em áreas com infraestrutura implantada e em vazios urbanos das MAPA DE RISCO DE PERDA DE CERRADO NATIVO
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2.5 km
MAPA DE RISCO DE PERDA DE RECARGA DE AQUÍFERO
Legenda 2
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Área de intervenção
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Legenda 1
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Área de intervenção
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análise de gênero | teoria
Estudo do espaço urbano embasado nos parâmetros do urbanismo de gênero A partir do entendimento de que projetamos cidades com bases masculinas, já citadas anteriormente, que expressam uma neutralidade inexistente e acabam por privilegiar uma minoria social, se faz necessário a busca por estudos que garantam uma prática de inclusão do gênero nas cidades. Deste modo, buscou-se nessa etapa entender fatores que interferem na vivência de gênero no local de intervenção, com a finalidade de torná-lo melhor para o cotidiano dessas pessoas que ocupam mais o meio urbano e reduzir com barreiras físicas e invísiveis presentes. Esta análise foi fundamentada em conformidade com os seis pontos-chave indicados pelo “Handbook for Gender-Inclusive Urban Planning and Design”, sendo estes: acesso, mobilidade, saúde e higiene, clima, posse de bens e segurança e liberdade contra violência (considerada em acesso e mobilidade neste trabalho). Segundo o manual, tais pontos estão relacionados com a desigualdade de gênero, vinculados a questões que são desproporcionais para essas pessoas, de modo que geram espaços incômodos, que segregam e inseguros para mulheres e LGBTQIA+. Assim, é realizada a formulação de planos ou projetos que priorizem algumas dessas áreas e, posteriormente a sua implementação, mantenham o monitoramento, a avaliação, a responsabilidade e a aprendizagem.
ACESSO
MOBILIDADE
SAÚDE E HIGIENE
CLIMA
POSSE DE BENS
Desejável: aquelas que pertencem ao gênero feminino e LGBTQIA+ possam usufruir dos espaços públicos e estarem seguras, confortáveis para se beneficiarem das localidades e serviços existentes.
Desejável: que as mulheres e Desejável: a oportunidade de Desejável: permitir acessos e Desejável: deve ser garantida ao gênero para que tenham segurança contra desastre. LGBTQIA+ possam transitar vida sem riscos ao bem-estar. acesso à moradia segura nas cidades de modo seguro, podendo exercer funções labofácil e econômico garantindo o rais e obter renda própria. acesso às oportunidades e serviços.
Obstáculos: o zoneamento das cidades que restringe o papel de gênero ao lar e costuma esta atrelado a longas distâncias. Há também a presença pontos com concentração masculina que geram desconforto fazendo com que elas se demoram menos nos espaços públicos.
Obstáculos: o privilégio no transporte particular enquanto o transporte público é limitado ao trajeto casa-trabalho, diferente das atividades exercidas pelo gênero feminino. Infraestruturas inexistentes ou sem qualidade para a caminhabilidade. Riscos de andar à noite nas ruas.
Obstáculos: a insegurança nos espaços públicos inviabilizando a prática de atividades físicas. E também o acesso reduzido ao sistema de saneamento, pois são elas as encarregadas de atividades do lar e consequentemente o contato com esse tipo de problemática como águas cinzas.
Obstáculos: segundo o Banco Mundial (2020), as mulheres estão mais suscetíveis a sofrer com desastres ambientais visto que suas condições econômicas são menores em relação a dos homens o que permite normalmente morarem em locais precários.
Obstáculos: 40% das economias mundiais têm restrições para o acesso de mulheres na posse de terras, tornando-as dependentes de alguém do gênero masculino para isso. Essa garantia permite que elas deixem relacionamentos abusivos por exemplo.
análise geral | área de intervenção
Estudo do espaço urbano a partir de parâmetros do urbanismo contemporâneo
FLUXO VIÁRIO
USOS
A área de intervenção abrange entre a avenida Hélio Prates, Setor N, Setor O, Via Oeste e três estações de metrô (Ceilândia Centro, Ceilândia Norte e Ceilândia Terminal)
A área de intervenção apresenta variação de usos sendo predominante o uso comercial na Hélio Prates, no Setor N a maioria são lotes resideciais. Centralizados na região do metrô, estão os lotes institucionais, são extensos apesar das edificações ocuparem pouco dos terrenos. E também há os lotes de edifícios multifamiliares. Por fim no trecho compreendido pelo Via Oeste há diversificação no uso sendo misto ou habitacional, mas ainda assim, apresenta serviços do mesmo tipo concentrados na via, como o caso de mecânicas.
HÉLIO PRATES: é do tipo arterial por conectar CEI com Taguatinga. Ainda que do trecho tenha a maior concentração de pedestres pelo comércio/serviços e paradas de ônibus, a velocidade máx. de 60km/h tornam essas pessoas invisíveis aos olhos de tantos motoristas. SETOR N: a via é do tipo coletora com um o fluxo baixo por concentrar mais residencias e até mesmo porque há a barreira do metrô. VIA OESTE: também tipo coletora, tem um fluxo moderado pela presença de comércio/serviço embaixo e habitação em cima, permitindo maior fluxo de pessoas no local e relação com a rua. As vias centrais da área e as presentes entre as quadras residenciais são do tipo local, tendo baixo fluxo.
Legenda Metrô Arterial Coletora Local
Com a presença de lotes sem uso é possível buscar uma variação tipológica que possibilite maior acesso à moradia em um local com a presença de infraestrutura urbana como Ceilândia. Além disto, é preciso prever um processo de expansão futura com o possível adensamento do local.
HÉLIO PRATES
VIA OESTE
ESCOLA CE 07 E CRECHE (particular conveniada)
CENTRO OLÍMPICO E QUADRAS PÚBLICAS
CENTRO DE SAÚDE 02 E CRAS/COSE
No caso da escola na área de intervenção, para o acesso há uma passagem subterrânea que cruza a linha do metrô, sua fachada é com muros e a entrada feita na rua lateral. O modelo de escola oferece ensino fundamental, médio, ensino especial e EJA. A creche ocupa um terreno muito extenso para o que precisa, o que apesar do fechamento por grades traz o edifício distante das ruas. Portanto, o espaço urbano tem que possibilitar que esse trajeto seja seguro, com iluminação e ocupação de terrenos subutilizados do entorno e do próprio terreno, com foco principalmente nesse deslocar à pé.
Na região do Setor O há o centro olímpico com quadras e piscinas, no local de intervenção, próximo da biblioteca há um complexo esportivo de uso público com variadas quadras. O que marca esses dois espaços é a presença de grades que podem barrar a presença de pessoas que acham que o espaço não é para elas. Em contraponto há a conservação desses espaços também. O que não existe nas quadras e praças que estão inseridas na local, muitas precisam de manutenção e seus usos ficam comprometidos dando espaço para serem pontos abandonados ou com uso diferente do esperado trazendo a insegurança.
Em relação à saúde pública, na área de intervenção há um posto de saúde do tipo unidade básica de atendimento. Em geral Ceilândia carece de hospitais para atendimentos. Próximo ao posto há o CRAS que atende pessoas vulnerabilidade e risco social, e ao lado está o COSE, para orientação dessas pessoas. Todos esses espaços estão em grandes lotes institucionais mesmo que não ocupem às vezes 1/3 desses espaços. A problemática disso é a existência de longas fachadas gradeadas sem a interação com as ruas de acesso para esses loteamentos.
BIBLIOTECA PÚBLICA DE CEI Localizada próxima a estação Ceilândia Norte e as escolas da área de intervenção há pouca visibilidade dela por quem não usa a estação já que está distante das vias e com grandes bolsões de estacionamento próximos.
análise de urbanismo de gênero | área de intervenção Avaliação do local para entender problemáticas presentes que estejam vinculadas aos pontos-chave NO CONTEXTO GERAL QUADRAS LONGAS Em média as quadras em CEI tem 250 metros de comprimento o que dificulta a conexão no sentido horizontal da RA.
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METRÔ Com implantação no eixo central do trecho de intervenção, ele funciona como barreira cortando a Ceilância Norte que reflete na mobilidade das pedestres.
VAZIOS URBANOS Há extensos lotes vazios, subutilizados ou abandonados enquanto tem-se a existência de locais como Sol Nascente ao lado, com moradias sem infraestrutura urbana.
FACHADAS MURADAS Tipologia comum no entorno do plano piloto, este tipo de solução torna os locais inseguros no âmbito público e privado, pois um não vê o outro e o que está acontecendo.
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trecho 1
ILUMINAÇÃO PÚBLICA O tipo de iluminação predominante são altas e direcionadas para as vias, enquanto as calçadas além de pouco estruturadas não são priorizadas.
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Mobilidade: a posição do metrô em CEI gera uma barreira física que impede que os espaços sejam conectados e ainda é responsável pela criação de áreas muradas/cercadas que não garante visibilidades para as mulheres que andam a pé. Acesso/Mobilidade: a implantação arquitetônica a partir do tipo de lote e parâmetros urbanísticos permite fachadas cegas como essa da estação terminal de CEI que em conjunto apresenta volumes externos que podem trazer insegurança Acesso/Saúde: há concentração de serviços automotivos que não só ocupam espaços públicos, mas que representam um ponto de insegurança para o gênero feminino no caminhar por locais com maioria homens.
HÉLIO PRATES
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VIA OESTE
trecho 2
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Mobilidade/Saúde: fachadas que teriam a proposta de serem para as ruas, mas que demonstram a insegurança do local que expressa menos fluxo de pessoas. Há também a precariedade que pode refletir em problemas de saneamento.
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Acesso/Mobilidade/Saúde: há um viaduto ligando o Setor N com a Via Oeste. Ele expressa o privilégio dado aos carros e as problemáticas da implantação do metrô, criando espaços murados e inseguros.
Mobilidade: há a falta de infraestrutura para o caminhar das mulheres que são quem andam com carrinhos, crianças, idosos e compras. A área de intervenção tem grandes afastamentos, mas nenhum calçamento adequado.
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trecho 3
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Mobilidade/Saúde/Posse: a área central concentra grande lotes os quais muitos estão vazios e com fachadas muradas de outros edifícios. Apesar de serem terrenos sem vegetação, não há iluminação nem segurança em relação ao entorno. Acesso/Mobilidade: os bolsões de carros, comum no DF, criam um afastamento entre calçadas e fachadas dos lotes, sendo um tipo de barreira por não permitir a visibilidade de quem está transitando. Acesso/Mobilidade/Clima/Saúde: mesmo na via mais movimentada, Hélio Prates, há uma extensa área pavimentada com grandes vazios e edificações abandonadas e com fachadas cegas.
bibliografia Atual
URBANISMO DE GÊNERO MULHERES E O DIREITO À CIDADE. Direção: Tainá De Paula e Iazana Guizzo. [S. l.: s. n.], 2018. (1:16:25). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mgMQu6s86Y4&ab_channel=Ag%C3%AAnciaP%C3%BAblica. Acesso em: 20 set. 2020. AKOTIRENE, Carla, Interseccionalidade, 1a Edição. São Paulo: Pólen Livros, 2019. FEMINISMO/S, Feminismo/s. N. 17 (jun. 2011), 2011. GREED, Clara H., Women and Planning: Creating Gendered Realities, [s.l.]: Routledge, 1994 MONTANER, Josep Maria; MUXÍ, Zaida, Arquitectura y política: ensayos para mundos alternativos, Barcelona: G. Gili, 2011. TERRAZA, Horacio et al, Handbook for Gender-Inclusive Urban Planning and Design, Washington, DC: World Bank, 2020. LOPES, L. Como a ciência contribuiu com machismo e racismo ao longo da história - Revista Galileu | Sociedade. [S. l.], 2020. Disponível em: h t t p s : / / r e v i s t a g a l i l e u . g l o b o . c o m / a m p / S o c i e d a d e / n o t i cia/2020/06/como-ciencia-contribuiu-com-machismo-e-racismo-ao-longo-da-historia.html?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_c ampaign=post&__twitter_impression=true. Acesso em: 27 out. 2020.
URBANISMO CONTEMPORÂNEO Ermínia Maricato: “Cidade é luta de classes!”, [s.l.: s.n.], 2016. JACOBS, Jane, Morte e vida de grandes cidades, São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. RAQUEL ROLNIK | Cidades: ação e reflexão, [s.l.: s.n.], 2019. ROLNIK, Raquel, É possível uma política urbana contra a exclusão?, p. 6, . ROLNIK, Raquel, Exclusão Territorial e Violência O Caso do Estado de São Paulo, p. 17, . TENORIO, G. de S. Ao desocupado em cima da ponte. Brasília, arquitetura e vida pública. [s. l.], 2012. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/10710. Acesso em: 6 nov. 2020.