Ativação Urbana em Espaços Residuais TFG

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ativação urbana em espaços residuais Gabriela Silva Furtado

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ativação urbana em espaços residuais Gabriela Silva Furtado Orientadora Profa. Ma. Ana Luisa Miranda

Trabalho Final de Graduação Cetro Universitário Moura Lacerda Curso de Arquitetura e Urbanismo Ribeirão Preto, 2016


A verdadeira sabedoria consiste em saber como aumentar o bem estar do mundo. Benjamin Franklin


Ă€ famĂ­lia, aos professores, aos amigos, ao amor.



agradecimentos

À minha mãe, pelo amor e apoio incondicionais ao longo dessa longa jornada. Por sempre me incentivar e acreditar mais do que eu mesma no meu potencial. Pela paciência e carinho nos momentos de nervoso, tão frequentes no curso de arquitetura. Por todas as vezes em que abriu mão de seu próprio caminho para se dedicar ao meu. Obrigada, mamãe, tudo que sou hoje devo a você. Aos meus avós, base da nossa família, que sempre estiveram dispostos a fazer tudo por nós. Um obrigada especial a minha avó, por apoiar incondicionalmente minha educação e tornar possível a realização desse sonho.

Ao meu pai, pelo apoio e confiança, ainda que distante. Ao meu irmão, pela parceria e paciência. À minha orientadora, Ana Miranda, por apoiar e acreditar nesse trabalho. Pela confiança e otimismo que me transmitiu desde o primeiro contato. Ao mestre Francisco Gimenes (in memorian), que ensinou, aconselhou e, principalmente, inspirou o tema desse trabalho. Aos amigos queridos de infância, pelos anos de amizade e todas as memórias que carrego comigo. Sem vocês, nada teria sido. Aos amigos que a arquitetura me deu, em especial Vane, Jac e Japa,

pelo companheirismo, pelas conversas despretenciosas, sonhos divididos e inquietações compartilhadas. Ao Rafael, meu amor e companheiro, por dividir comigo sonhos e a paixão pela arquitetura, e com quem compartilhei nesse último ano meus maiores momentos de alegria. Por fim, à todos que passaram pela minha vida durante esses seis anos de estudos. Dentro ou fora das salas, vocês contribuiram, cada um a sua maneira, com a minha formação.

Muito obrigada!



resumo O planejamento urbano não acompanhou o crescimento acelerado das cidades, o que resultou na escassez de espaços públicos de qualidade. Ao mesmo tempo, é possível encontrar espaços inutilizados que são, em teoria, espaços públicos, mas não possuem os atributos para serem caracterizados como tal. Esses espaços têm poder de transformação da paisagem urbana e suas potencialidades podem ser exploradas através do desenho urbano. O presente trabalho busca caracterizar esses espaços residuais urbanos, exemplificando com espaços na cidade de Ribeirão Preto, e apresentar formas de “reconstrução” e retomada em diversas cidades. Por fim, faz um estudo de requalificação da Baixada da cidade, espaço residual que vem passando por um processo de ativação urbana, através de intervenções que valorizam o aspecto histórico-cultural da área.

abstract Urban planning didn’t keep up with the accelerated growth that cities had, which led to the shortage of quality public spaces. Simultaneously, there are unused spaces, that theoritically are public space, but lack specific atributes and therefore aren’t considered as such. These spaces have the power to transform urban landscape and this potential can be explored through urban design. This paper looks characterize these residual urban places, illustrating with places found in Ribeirão Preto and present ways to “rebuild”and restore in different cities. Finally, it will bring a regeneration study for the Baixada, a residual space that has been going through an urban activation process, through interventions that highlight the cultural and historical aspects of the area.



sumário

.00

introdução 11

.01

o desafio do espaço público na cidade contemporânea 13

.02

espaços residuais: definições 17

espaço público x espaço vazio 18 vazio residual, de fronteiras, intersticial 19 definições: conclusão 23

.05

53 saudosa baixada 55 o aspecto residual 56 ativação urbana

.06

63 estudos 70 premissas 71 diretrizes 73 plano de massas

.07

87 anteprojeto

.03

seleção de resíduos 25

muros 28 espaços livres 30 recuos 33 baixio do viaduto 35

.04

(re)construindo a cidade 39

exemplo paulista 40 exemplo espanhol 46 exemplo holandês 50

//

125 considerações 126 referências

finais



apresentação

Já está em curso um aprofundamento no debate sobre os vazios existentes nos centros urbanos, cujo tema é amparado pela publicação de um número cada vez maior de títulos. Porém, na maior parte das vezes que o tema é abordado, o foco são os grandes vazios e a especulação imobiliária e pouco se fala sobre os espaços residuais e suas potencialidades. O planejamento urbano não acompanhou o crescimento acelerado das cidades, resultando na escassez de espaços públicos de qualidade – e, principalmente, democráticos - em Ribeirão Preto e na maior parte das cidades do nosso país. Ao mesmo tempo, é possível encontrar espaços inutilizados, pequenos fragmentos entre as construções, entre a malha viária, de servidão entre linhas de alta tensão, entre outros. Ainda que esses locais sejam em teoria espaços públicos, não possuem os atributos para serem caracterizados como tal.

Este trabalho tem o interesse de categorizar o “vazio residual”, e parte de um pressuposto de que as potencialidades desses espaços são múltiplas e incertas e devem ser investigadas, por consistirem em espaços públicos sem uso ou função social. Nesta pesquisa, interessa verificar vazios residuais inseridos em Ribeirão Preto, como interferem na relação do cidadão com a cidade e os potenciais como elemento transformador do espaço público. O desenvolvimento do trabalho irá contribuir no meio acadêmico de forma qualitativa ajudando os profissionais e estudantes de arquitetura e urbanismo a compreenderem conceitos importantes sobre espaços residuais e espaços públicos, a entenderem a importância e o potencial desses locais como transformadores da cidade e, consequentemente, ajudará a desenvolver propostas de projetos de intervenção e

requalificação dessas áreas. De forma prática, a pesquisa pretende trazer os conceitos e ideias de ocupação dos vazios residuais na cidade de Ribeirão Preto e mostrar como esses espaços têm poder de transformação da paisagem urbana, podendo, com algumas intervenções, se transformar em espaços públicos de qualidade atendendo a demanda da população local.

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capĂ­tulo

01


o desafio do espaço público na cidade contemporânea

A partir da segunda metade do século XX, com as altas taxas de urbanização e a explosão demográfica, as grandes cidades do Brasil e de outros países, principalmente latino-americanos, que tiveram uma industrialização tardia e acelerada, passaram a enfrentar problemas urbanos e sociais muito mais intensos. A insuficiência de empregos e serviços acentuou a segregação social e espacial e as cida-

des não foram capazes de integrar a nova população em atividades produtivas nem lhes satisfazer as necessidades individuais. O resultado são zonas urbanas sem equipamentos coletivos ou infraestrutura adequada, crescimento da violência e marginalização, edifícios deteriorados, barracos nas periferias e variados espaços obsoletos ocupados informal e espontaneamente.

“A cidade contemporânea atinge assim uma forma dominadora, uma escala visual cujo domínio o homem não pode controlar, e domina e absorve no seu crescimento todo o espaço que a envolve, quer o espaço horizontal onde assenta, quer o espaço vertical que as possibilidades da técnica lhe permitem ocupar. E no seu crescimento incontrolado arrasa tudo, desde a paisagem natural até ao próprio homem que a cria (...) E cresce, cresce sempre porque para a cidade parar é morrer.” (TAVORA, 2006, apud SOUSA, 2010)

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Somado a isso, a consolidação do uso do automóvel como locomoção principal aumentou a malha viária das cidades, sem prever as consequências: caos nos principais acessos, dificuldade nos deslocamentos diários, destruição de espaços públicos e ajustes viários que desconfiguram e desqualificam bairros e espaços urbanos. O automóvel impôs sua utilização em detrimento do uso do espaço público como espaço de relações, fragilizando o lugar do pedestre e fazendo surgir novos espaços residuais. A cidade atual, portanto, é uma cidade frag-

mentada, fruto da industrialização e urbanização acelerada e sem planejamento – que resultou na elevada segregação social e espacial-, da cultura do automóvel e do seu crescimento a um ritmo exorbitante, das estratégias imobiliárias implementadas em território urbano e das políticas públicas urbanas (não) adotadas. Com a fragmentação das cidades “torna-se mais difícil criar relações coerentes entre os seus espaços, não formando um todo estruturado onde se misturam e confundem funções, mas sim uma soma de espaços individualizados” (TAVORA, 2006,

Avenida Paulista, São Paulo Foto: Anderson Barbosa

Dias (2005) acredita que os espaços urbanos passaram por uma ressignificação, ganhando novas conotações e valores: O caos urbano, as velocidades dos automóveis e da vida agitada das metrópoles modernas (sintomas que já se estendem para as cidades menores), aliados a falta de segurança das ruas, criou um novo ambiente urbano muito pouco favorável para a vida comunitária nos lugares públicos, cristalizando no século XX a tendência já iniciada cem anos antes da interiorização da vida, com o surgimento de lugares que se voltam para si e menos para a cidade. (DIAS, 2005, n.p.)

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apud SOUSA, 2010) Para Gehl (2006), a cidade antiga, concentrada e mais orgânica, é a cidade onde as pessoas interagem, que são ricas em experiências e nas quais o fator chave são as pessoas na rua: “as pessoas sentem-se atraídas pelas pessoas”. Sousa (2010) completa que o problema das cidades fragmentadas, influenciadas pelo funcionalismo, é o desaparecimento da rua e da praça para dar lugar aos edifícios ícones, grandes “superfícies” que reúnem diversas atividades, ligadas entre si por vias rápidas ou autoestradas”.


Shoppings centers, hipermercados e museus, espaços com qualidades ambientais muito superiores aos da cidade, vem recebendo muito mais investimentos, sejam públicos ou privados. Além disso, os países de industrialização tardia, ao terem de lutar contra problemas sociais e econômicos, não priorizam a criação de novos espaços públicos, mas o atendimento de necessidades básicas de infraestrutura para suas populações, se limitando ao “urbanismo de pracinha”, com melhorias das ruas e criação de pracinhas. (Dias, 2005)

Os shoppings deixaram de ser espaços de compra e passaram a ser equipamentos urbanos e espaços de lazer. De 2006 a 2014, houve um aumento de 50% no número de shoppings no país. Fonte: Revista Época Fotos: Zan Kaleo e Eurritimia

Felizmente, nem todos entendem a nova dinâmica como uma crise do espaço público, mas sim como um processo de transformação sociocultural, resultado das novas formas de vida e práticas do homem contemporâneo, podendo fazer ressurgir o espaço público, avaliando a esfera pública como “mais densa, diversa e democrática do que alguma vez foi” (Sousa, 2010).

“(...) novas formas de vida pública requerem novos espaços (...)” (Carmona apud Sousa, 2010)

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capĂ­tulo

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espaços residuais: definições

Uma vez que o conceito de “espaço residual” está inserido no conceito de “vazio urbano”, torna-se necessária maior compreensão de seu significado e abrangência. Da mesma forma, é importante esclarecer a definição de “espaço urbano”, visto que um dos objetivos desse trabalho é o de propor uma requalificação de espaços residuais na cidade de Ribeirão Preto afim de transformá-los em espaços urbanos de qualidade. Por fim, faz-se uma análise do que consistem os espaços residuais e seus potenciais.

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espaço público x espaço vazio

Os conceitos de “espaço público” e “vazios urbanos” e a relação de oposição entre eles, é, para este trabalho, fundamental. Sousa se dedica a esclarecê-los e diz que os espaços públicos “São indicadores da qualidade social da cidade avaliando essencialmente a intensidade e qualidade das relações sociais, e a mistura no espaço público, pretendendo-se que sejam espaços democráticos que promovam o carácter coletivo do seu uso, assim como os valores de dignidade, igualdade e diferenciação.”

Solà-Morales acrescenta ainda que “a riqueza civil e arquitetônica, urbanística e morfológica de uma cidade, é a dos seus espaços coletivos, a de todos os lugares onde a vida coletiva se desenrola, se representa e se recorda”. As definições de vazios urbanos são inúmeras, mas segundo Sousa (2006, p.90), existem duas ideias generalizadas em relação aos vazios urbanos: a primeira abrange espaços da cidade literalmente vazios, sem edificações e a segunda espaços desqualificados, sem uso, de indefinição ou ruptura urbana. São, portanto,

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opostos à ideia de espaço público, uma vez que são espaços sem uso e sem nenhuma função social. Ainda que exista diversas definições, é possível verificar um ponto consensual em todas elas: a potencialidade de se tornarem espaços estratégicos na cidade. Sousa (2006, p.3) reforça que: “A complexidade da cidade se traduz nos espaços públicos, que sofrem processos de desterritorialização e reterritorialização, originando o aparecimento de espaços urbanos obsoletos, ou de transição [...], que se pode traduzir em espaços urbanos desocupados, desafectados e subutilizados, que têm diferentes potenciais estratégicos para o desenho urbano.”


vazio residual, de fronteiras, intersticial

O conceito de espaço intersticial surge em analogia ao termo usado na biologia, que refere-se ao espaçamento existente entre células, moléculas, órgãos, etc. Na arquitetura usamos o conceito de interstício para designar o espaço não edificado entre terrenos e objetos. (Guerreiro, 2008, p.2)

Sampaio (2013) diz que apesar de comum associar a ideia de vazio urbano com a de resíduo, percebe-se uma problemática ao relacionar os conceitos entendidos por essas palavras, o que ela esclarece ao dizer que

À esquerda, arranjo celular, com os respectivos espaços intersticiais. À direita, morfologia urbana de uma cidade italiana, com os edifícios em preto e os espaços intersticiais em branco. Imagem: Guerreiro (2008)

“Certos espaços na cidade, produzidos por um projeto urbano e/ou inseridos neste, podem ser qualificados como resíduos, mas, não necessariamente, como vazios urbanos, Ao menos não no sentido em que esta expressão é corretamente aplicada. Nesses espaços produzidos, entende-se que o caráter de resíduo é preponderante ao de vazio.” (SAMPAIO, 2013, p.19)

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Portanto, ao classificar um espaço de “vazio urbano”, é porque consegue-se enxergar nele uma oportunidade de mudança, seja com um novo uso, nova construção, ou apenas como espaço verde ou espaço de nova infra estruturação da cidade. Dittmar (2006, p. 72) classifica os vazios urbanos em três tipos:

• Vazio de uso: remanescentes urbanos, formados por espaços abandonados, que já tiveram um uso e atualmente não tem mais, como antigas áreas portuárias, antigas áreas industriais, antigas áreas de mineração, etc. • Vazio físico: são áreas ociosas, espaços subutilizados, normalmente frutos da especulação imobiliária, como espaços não parcelados e loteamentos não ocupados. • Vazio físico e de uso: são os espaços residuais acerca dos quais a pesquisa pretende se desenvolver. São os espaços intersticiais, as “sobras”, produzidos pela alteração na dinâmica da cidade, orlas rodoviárias, espaços de servidão de linhas de alta tensão, orlas de rios, centros degradados, áreas junto a viadutos, miolos de quadras, fragmentos entre edificações, etc.

Segundo Harrison (2012, p. 1, tradução nossa), “as pessoas podem e costumam usar esses espaços residuais para uma infinidade de propósitos (alguns deles transgressores), porém não são pensados como espaço público”. O espaço público deve permitir ao indivíduo interagir com o ambiente por meio de elementos materiais – árvores, água, bancos - e imateriais – luz, sombra, calor - e permitir, antes de tudo, permanência. Apesar de serem áreas de livre circulação de pessoas, o espaço público não deve transformar-se exclusivamente em áreas de passagem. O sentimento de pertencer a algum lugar, de apropriação do espaço só acontece na permanência do lugar, mesmo que ela seja breve.

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Vazio de uso: galpão da antiga fábrica de tecidos Cianê, em Ribeirão preto. Vazio físico: lote vazio, em Ribeirão Preto Vazio físico e de uso: Viaduto Eng. Andrade Pinto, em Belo Horizonte Fotos: Folha de SP, Google, Prefeitura de BH


Ao se questionar sobre os significados de “vazio” e de “resíduo”, mas sem encontrar trabalhos que a satisfizesse, Sampaio (2013) buscou iniciar a discussão a partir do que é trazido pelo dicionário. Concluiu, assim, que a essência do vazio é a ausência e que resíduo é, fundamentalmente, um fragmento, parte de algo de maior valor e, na maioria das vezes, de maior dimensão física. A relação entre vazio e resíduo, portanto, não é excludente, nem de oposição, mas sim complementar: “Entende-se, [...], que espaços urbanos qualificados como resíduos são pequenas sobras que podem ser produzidas por uma operação urbanística ou por alterações na dinâmica urbana, podendo apresentar ausências e estar vazios (em diversos aspectos) ou não. Assim, vazio e resíduo não são antagônicos, são, na esfera espacial e urbana, a materialização de significados que se combinam em proporções específicas a cada elemento.” (SAMPAIO, 2013, p.20)

Diferente dos vazios urbanos, os residuais são espaços sem qualidade urbana, mas não necessariamente quantificáveis. São resultantes da forma como desenhamos as nossas cidades, a partir da demarcação de limites. Segundo Lynch (2006, p.58), limites “são fronteiras entre duas partes,

interrupções lineares na continuidade”, que podem ser mais ou menos penetráveis e pouco ou nada integrados com seus vizinhos. São espaços que delimitam o externo-interno, direita-esquerda, acima-abaixo, e os perigos ou potencialidades estão na articulação entre o fim de um e começo do outro.

Projetos de parklets em São Paulo convertem espaços subutilizados em espaços ativos. Fotos: Prefeitura de São Paulo

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Sampaio (2013) acredita que a reutilização de vazios residuais seja por meio de grandes intervenções ou de soluções simples a partir de pequenas mudanças no ambiente -, tem potencial para modificar a imagem da cidade. Teixeira e Gans (2008, p.63) observam ainda que “A paisagem das grandes cidades é composta por muitos elementos residuais. Áreas vizinhas a ferrovias, regiões desindustrializadas, centros históricos em declínio, portos desativados - todos vêm se transformando num imenso manancial propício para megaintervenções, uma tendência mundial que tem gerado várias formas de revitalizações e transformações urbanas. ”

Sampaio (2013, p.19) reforça a ideia ao considerar os espaços residuais como “elementos estruturadores de grandes transformações urbanas na cidade”.

Guatelli, em Arquitetura dos Entre-lugares (2012), vê os espaços residuais como os locais com maior potencialidade de intervenção e de se tornarem espaços públicos de qualidade, por estimular ações dos usuários. Por não possuírem significados a priori, são espaços sempre abertos a interpretações e a novas intervenções: “um espaço aberto às significações entre espaços definidos” (GUATELLI, 2012, p.33) “A ambiguidade e a instabilidade seriam alcançadas nos interstícios, nos espaços residuais, no entrelaçamento entre textos, entre palavras, nas interrupções e contaminações do discurso supostamente coeso e concatenado. Mediante esse entrelaçamento, esses espaços, como espaços residuais aparentemente sem uso das cidades, as sobras, estariam sempre abertos ao constante processo de apropriações diversas, livres de influência de qualquer imposição ocasionada por uma precondição.” (GUATELLI, 2012, p.22)

Proposta de requalificação de viaduto em Belo Horizonte. Projeto do escritório ENTRE Arquitetos. Foto: ENTRE Arquitetos

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definições: conclusão

O vazio residual das cidades vai além da ausência de construções, está ligado à ausência de pessoas, sendo todo e qualquer espaço urbano onde não há atividade humana, não se limitando a lotes e praças abandonados. Como já dito anteriormente, são diversos os lugares que formam o conjunto de vazios residuais nos municípios.

O trabalho tem o interesse de destacar não apenas vazios físicos e de uso, mas também os resíduos produzidos pela alteração na dinâmica diária da cidade e os vazios de fronteiras - as interrupções lineares na continuidade-. Muitas vezes linhas imaginárias que não necessariamente configuram áreas definidas em metros quadrados, mas que também são locais sem atividade humana.

Esses espaços, não tendo nenhum significado definido a priori, tem seu potencial baseado nessa capacidade de permitir o acontecimento de atividades definidas pelo usuário que o utiliza. Dessa forma, são locais que podem atingir um número grande de pessoas, sem restrições, de forma democrática, como um espaço público deve ser.

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capítulo

03

“Fazer cidade hoje é em primeiro lugar fazer cidade sobre a cidade, fazer centros sobre os centros, criar novas centralidades e eixos articuladores que dêem a continuidade física e simbólica, estabelecendo bons compromissos entre o tecido histórico e o novo, favorecendo a mistura social e funcional em todas as áreas” Jordi Borja, Zaida Muxi apud Sousa (2010)


seleção de resíduos

Partindo de um princípio de que a cidade do futuro deve olhar para as cidades do passado, compreendendo sua disposição, seus erros e seus sucessos, a área escolhida para realizar o levantamento e caracterização de vazios residuais em Ribeirão Preto foi o quadrilátero central. O centro da cidade é uma região altamente adensada e ocupada, com a malha viária regular e uma legislação urbanística que permitia a construção sem recuos frontais. Mesmo nessas áreas onde parece “faltar” espaço, conseguimos encontrar diversos resíduos urbanos em meio as muitas construções.

Vista aérea do quadrilátero central de Ribeirão Preto

Foi realizada uma pequena seleção de espaços residuais inseridos no quadrilátero central de Ribeirão Preto, através de uma divisão lógica, apesar de pouco exata, em quatro tipos: muros (limites de modo geral), áreas livres públicas, espaços produzidos pela legislação de recuos e o baixio do viaduto.

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muros

Os muros não são os únicos elementos de divisa: grades, portas, vegetação, etc., são também utilizados para demarcação de fronteiras e, da mesma forma, podem ou não promover a integração entre os espaços. Foto: filme “O menino do pijama listrado”

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Ao se falar em limites e fronteiras de um território, os muros são os elementos mais lembrados, provavelmente por tratarem-se de obstáculos físicos, na maioria das vezes intransponíveis, que impedem a comunicação entre os lados. Os muros estiveram sempre presentes no desenho da cidade: na interface das áreas privadas com as áreas públicas ou do interno com o externo, os limites são quase sempre marcados com muros. Nas últimas décadas esses elementos passaram por uma ressignificação, sendo hoje ligados a garantia de segurança e considerados essenciais. A abolição dessas fronteiras já se tornou tema de debates teóricos, ações e intervenções diversas, sendo defendida por muitos adeptos do térreo livre e público. Hoje, muitos grupos que discutem a presença dessas barreiras no espaço público já o enxergam como uma base livre de significações, aberta e incentivadora de performances, projeções, instalações, etc.


A. Grade de estacionamento: R. Quintino Bocaiúva com Marechal Deodoro

B. Grade: R. Duque de Caixias com Cerqueira César

C. Muro de estacionamento: R. Mariana Junqueira com Cerqueira César

D. Parede de prédio abandonado: R. Lafaiete com Saldanha Marinho Imagens: Google Maps

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espaços livres

Para Scalise (2001, p.27), “O urbano se constrói não só da massa edificada, mas da relação entre áreas edificadas e áreas livres (de comunicação e de encontro, nas mais variadas concepções, funções, formas e escalas) e da relação de contiguidade dos espaços livres entre si”. A lógica do planejamento viário, da forma de organização e construção do território na cidade contemporânea, que tende à dispersão e fragmentação, propiciou o crescimento de espaços livres sem caráter definido relativo à estrutura urbana. Segundo Tardin (2008, p.53), espaços livres “são frequentemente o que ‘sobra’, seja como restos da construção de vias, como reservas de mercado de espaços urbanizáveis, como restos ‘sem valor’ dos assentamentos, entre outros”.

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Para Guatelli(2012), os espaços livres são espaços abertos às significações entre espaços definidos. São espaços subutilizados, mas com potencial de se tornarem suporte de atividades e apropriações diversas. Foto: Anna Abenhaim


E. Área verde residual no início da Avenida Jerônimo Gonçalves

F. Canteiro na Av. Francisco Junqueira e leito do Córrego Retiro Saudoso

G. Espaço livre entre Mercado Municipal e Centro Popular de Compras

H. Canteiro central em via com estacionamento - Rua Visconde de Inhaúma

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I. Áreas livres na Avenida 9 de Julho - sobras do plano viário

J. Canteiro centrais na Avenida 9 de Julho

K. Av. Independência - triângulo “verde” sem uso: sobras não edificáveis Imagens: Google Maps

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recuos

Nos espaços livres listados anteriormente, podem ser acrescentados espaços resultantes dos afastamentos obrigatórios exigidos pela legislação urbanística, que tem como objetivo garantir iluminação e ventilação naturais para as edificações. O problema surge com o isolamento das construções no centro dos terrenos e consequente liberação das áreas periféricas sem que seja destinado um uso à essas áreas, configurando espaços residuais urbanos.

Exemplos são os recuos frontais de 5m das avenidas, institucionalizados em Ribeirão Preto através da Lei de Uso e Parcelamento do solo, que na maioria das vezes é usado como estacionamento, prejudicando o uso do passeio para o pedestre e gerando grandes espaços vazios e sem uso fora de horários comerciais.

Acima, recuos frontais. Ao lado, centro livre e centro ocupado. Imagens: Sarah Felippo (2013)

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L. Rua Visconde do Rio Branco, 597

M. Estacionamento de escola, Rua Mariana Junqueira

N. Recuos na Av. 9 de Julho

O. Rua Visconde do Rio Branco

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baixio do viaduto

Desde a introdução da ferrovia na Europa os viadutos são um grande desafio para muitas cidades no mundo. Como dito anteriormente, a rápida urbanização no século XX, a evolução da máquina e o incentivo do uso do automóvel, trouxe às grandes cidades problemas na mobilidade. O mau planejamento rodoviário gerou áreas residuais em pontos de intercepção do tecido urbano, transformando o que era pra ser uma solução da cidade moderna em obstáculos à qualidade urbana, gerando áreas vazias e descaracterizadas.

O problema se agrava nos países mais pobres, uma vez que relaciona-se com questões de ordem social: a pobreza e déficit de habitação geram sub-alojamentos espontâneos sob os viadutos. Em resumo, estas redes, além de romperem o tecido urbano, fazem também perder a vitalidade dos espaços livres públicos. (PEREIRA, 2011, p.151) Da mesma forma que os muros, vários debates e propostas tem surgido a respeito de ocupações sob viadutos, reconsiderando o potencial que esse espaço residual, um pedaço de infraestrutura urbana, pode ter. Bastaria apenas enxergá-lo para além do qual seu uso foi concebido.

Os baixios dos viadutos surgem, então, como uma área expectante do carácter de convívio e experiência, de uma vivência mais sui generis no cruzamento do pobre com o rico, do público com o privado, da rua com a praça e do fluxo rápido do automóvel com o passeio do pedestre. (PEREIRA, 2011, p.147) Foto: Sintufsc - Viaduto Santa Cecília, São Paulo

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Viaduto Jandira de Camargo Moquenco

Sobre cĂłrrego Retiro Cardoso e Avenida Francisco Junqueira, ligando Avenida Meira Junior a Avenida IndependĂŞncia Imagens: Google Maps

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capĂ­tulo

04


(re)construindo a cidade

O município de São Paulo e e sua atual gestão urbana tem criado programas de ocupação dos espaços públicos da cidade, como “Rua aberta”, “Centro aberto” e a instalação de parklets, além de incentivar programas como “A Batata precisa de você!”, no Largo da Batata. Já os coletivos espanhóis “Recetas urbanas” e “Todos por la Praxis” desenvolvem projetos “opensource” de mobiliários e diversos tipos de instalações que podem ser produzidos pelos próprios moradores para ocupar de forma efêmera (ou não) os espaços urbanos. Já o estudantes da Universidade de Mércia, na Espanha, na disciplina de Arquitetura Social, ganharam o concurso “Iniciativas de Cidadania Europeia” com projetos de ocupação e reciclagem de espaços vazios urbanos. Voltando algumas décadas na história até o período pós-segunda guerra mundial, Aldo Van Eyck, arquiteto holandês, criou módulos que poderiam ser adaptados à diversos espaços livres da cidade para criar playgrounds para as crianças e suprir a demanda da época. Esses são apenas exemplos dessa “reconstrução” e retomada da cidade, que nos fazem repensar a forma como construímos e utilizamos os espaços públicos. Incentivando a apropriação da cidade de forma democrática, com a participação da população e programas diversificados para todos.

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exemplo paulista

rua aberta

“Vamos abrir para pedestres, ciclistas e skatistas. Vamos viver uma nova fase da Paulista” Fernando Haddad, atual Prefeito de São Paulo Foto: Heloisa Ballarini/ SECOM PMSP

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Tem como objetivo abrir para pedestres e ciclistas ruas e avenidas de grande relevância, aos domingos e feriados, como forma de promover uma melhor ocupação do espaço público e ampliar os espaços de lazer na capital paulista. Foram realizadas diversas audiências, com a participação de moradores, que deram sugestões e fizeram críticas, ao fim aprovando o programa. Uma das vias escolhidas para abertura foi a Avenida Paulista, uma das principais vias da cidade de São Paulo. Ela foi oficialmente aberta ao lazer em outubro de 2015, depois de dois testes realizados. Ocupar a Paulista e outras vias das cidades com atividades culturais, lúdicas, de esporte e lazer é um ato de ocupação, um ato político. Recupera a dimensão humana desses lugares, já tomados pelos prédios enormes e pelo fluxo intenso de veículos.


a batata precisa de você

“Sonhamos com uma cidade mais democrática, mais participativa, com mais sombras e espaços de aconchego, com o verdadeiro uso dos espaços públicos” Coletivo A Batata Precisa de você

Após a Operação Urbana Faria Lima, realizada pela Prefeitura Municipal de São Paulo, diversas edificações, incluindo o terminal de ônibus, foram removidas do Largo da Batata, que foi entregue em 2010 junto com a estação de Metrô Faria Lima, vazio e sem mobiliários. O coletivo A Batata Precisa de você foi criado em 2014, com a criação de bancos para o Largo e abertura de uma agenda aberta de oficinas. A partir daí ocorreram várias iniciativas e hoje, todas as sextas-feiras, a partir das 18 horas, pessoas levam ao Largo de Pinheiros objetos que possam permitir a permanência com o mínimo de conforto no espaço: cadeira de praia, guarda-sóis, cangas, redes e tendas.

Cada semana acontecem atividades diferentes, esportivas, de relaxamento, oficinas de temas diversos, cinema, apresentações de música, debates, etc. A agenda é aberta e os encontros são organizados online, mas o “engajamento e o ativismo se dão de forma presencial, nos encontros, conhecimentos e reconhecimentos recíprocos”. (A Batata Precisa de você, 2015, p.21) Hoje o Largo é palco de atrações culturais e de lazer em diversos dias e horários e está se tornando um centro cultural público, construído coletivamente e auto-organizado, buscando sempre o diálogo com todas as pessoas, grupos e instituições, inclusive o Poder Público.

“Ocupação por gambiarra”: uma das primeiras ocupações, com cadeiras de praia e guarda-sóis. Foto: A Batata Precisa de Você

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centro aberto

Os projetos do Centro Aberto não buscam construir novos espaços, mas sobretudo transformar as estruturas preexistentes através da renovação de suas formas de uso. Fotos: SP Urbanismo e SMDU

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O projeto, com sede no Centro de São Paulo, busca transformar estruturas já existentes na região central de São Paulo, que vem sofrendo com um processo de desvalorização e degradação, se transformando apenas em um lugar de passagem e não de estar. Os projetos buscam, portanto, o desenvolvimento de espaços que convidem à convivência, através da renovação de suas formas de uso e envolvendo um número maior de usuários e em diferentes faixas de tempo. Foram feitas experiências piloto e pesquisas para testar soluções, sempre através de um processo participativo para mobilizar a sociedade, avaliando os projetos a partir da perspectiva da cidade e do usuário, considerando as operações, processos de manutenção e de conservação dos equipamentos.


Acima, uma sessão de cinema reuniu mais de 250 pessoas no Centro Aberto São Francisco. Ao lado, o mobiliário portátil permite diferentes configurações espaciais para diferentes atividades. Fotos: SP Urbanismo e SMDU

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“parques de bolso”

Um “parque de bolso”, tradução literal do inglês “pocket park” é um conceito criado para trazer características semelhantes as de um parque para as áreas urbanas. São espaços pequenos, desenhados sob medida para caber em áreas inesperadas, entre edifícios, em canteiros públicos, sobras do sistema viário e pedaços de terra irregulares, ou seja: em espaços residuais urbanos. É uma forma de construir espaço público em vazios intersticiais e trazer benefícios aos usuários. Os parques são projetados para estimular a integração comunitária e serem lugares que incentivem a permanência, para as pessoas sentarem, descansarem das atividades diárias, contribuindo para uma vida urbana mais ativa. Em cidades muito urbanizadas e adensadas, principalmente em centros urbanos onde os terrenos são muito caros, esses pequenos parques podem ser a única opção para a criação de novos espaços públicos.

pracinha Oscar Freire

Projeto de Zoom Arquitetura, em parceria com o Instituto Mobilidade verde e a empresa de desenvolvimento imobiliário Reud.

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O pequeno parque foi criado em uma pequena área particular, antes usada como rampa de estacionamento. O espaço permite que as pessoas sentem, descansem e convivam. O espaço tem a programação variada, recebe food trucks, shows, oficinas etc, além de disponibilizar rede wifi gratuita para os usuários. Sobre parte da rampa foi construído um deck de madeira, adaptando o desnível existente entre a Rua Oscar Freire e o fundo

do lote através de patamares e formando degraus que também servem como bancos. O biclicletário instalado incentiva o uso do modal, a parede verde traz vida e aconchego e a parede de lousa faz com que o usuário participe e ajude a renovar o local. A rampa foi pintada com listras, remetendo à faixa de pedestres, relembrando os veículos que o espaço é compartilhado com os pedestres.


Pracinha Oscar Freire, em São Paulo Fotos: Zoom Arquitetura

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exemplo espanhol

recetas urbanas “O desenvolvimento e avaliação de qualquer das prescrições urbanas listadas aqui têm sido processos complexos e cheio de inter-relações. (...) que oferece as informações, protocolos e cervejas para os coletivos e indivíduos que querem assumir responsabilidades.” Recetas Urbanas

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Criado em 2003 por Santiago Cirugeda, o Recetas Urbanas é um estúdio de arquitetura que promove o desenvolvimento de projetos subversivos em diferentes áreas e escalas urbanas, a fim de contribuir com as formas de vida na cidade contemporânea. Os projetos vão desde ocupações sistemáticas do espaço público feitas com containers até “próteses” para fachadas, quintais, telhados e terrenos baldios que permitem a permanência e o uso de diversos espaços públicos. São todos projetos “open source”, disponibilizados no site estúdio.


todo por la praxis

“Todos os elementos que se desenvolveram são fabricados (...) com a intenção de que pode se espalhar, replicar, evoluir, implementar e melhorar livremente entre diferentes comunidades de usuários.” Todo Por La Praxis

O grupo é formado por uma equipe multidisciplinar que desenvolve seu trabalho na construção colaborativa de equipamentos de micro-arquitetura ou micro-urbanismo que permitam a reconquista do espaço público e que sejam de uso coletivo. Um grupo realiza pesquisas e experimentos para elaboração de equipamentos que respondam à sociedade atual e que gerem processos participativos de transformação urbana. Realizam laboratórios experimentais chamados de TCC - trabalhos de construção coletiva, gerando um ambiente de aprendizado coletivo com a participação em todas as fases do projeto: criação, construção e ativação, o que promove o sentimento de propriedade e empoderamento dos cidadãos. O intuito é produzir ferramentas e “protótipos” que possam ser replicáveis por todos, “open source”, incentivando as pessoas a reconquistar o espaço público urbano.

Cinema ao ar livre e bancos multiuso: projetos criados e disponibilizados pelo grupo. Fotos: Todo Por la Praxis

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recycling urban void

Projetos criados por alunos da Universidade Católica de Múrcia para ocupar e dar uso à vazios urbanos na Europa.

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Projeto idealizado pela Aula de Arquitetura Social para a competição Iniciativas de Cidadania Europeia, um instrumento de participação cidadã com o objetivo de promover intervenções na vida política da União Europeia. O grupo propôs equipamentos públicos e postos de trabalhos nos centros históricos das cidades europeias, a partir do uso de espaços vazios deixados pela expansão urbana, conferindo à eles um uso programático temporal e altamente flexível.


Ao lado, espaço vazio em Murcia transformado temporariamente em cinema e esquema de ocupação desenvolvido pelo grupo. Abaixo, espaço vazio na Itália ocupado com mobiliários flexíveis e temporais. Imagens: AAS UCAM

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exemplo holandês

Aldo Van Eyck Logo após a Segunda Guerra Mundial, as cidades holandesas estavam em estado de abandono, com toda sua infraestrutura desqualificada. Além disso, junto a este contexto urbano devastado, o país foi confrontado com o “baby boom”, um pico de nascimentos pós-guerra, criando uma grande demanda de espaços para crianças. Na época, existiam alguns playgrounds, mas quase todos de natureza privada, podendo ser usufruído por poucos. Eyck passou a construir parques infantis em espaços residuais pelas cidades, uma solução criativa em um momento de necessidade.

Playground criado por Aldo Van Eyck em espaço residual entre dois prédios. Amsterdã, Holanda. Foto: Autor desconhecido

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Entre 1947 e 1978 Van Eyck projetou centenas de playgrounds (apenas 90 sobrevivem até o século 21 com seu layout original). Para Eyck, os parquinhos foram uma oportunidade para testar as suas ideias sobre arquitetura, a relatividade e a imaginação. Relatividade no sentido de que as ligações entre os elementos foram determinados por suas relações mútuas, não por um princípio de ordenação hierárquica central. Os elementos básicos poderiam ser interminavelmente recombinados, dependendo dos requisitos do ambiente onde seriam implantados. Van Eyck propôs uma concepção diferente do espaço: projetou os equipamentos de uma forma muito minimalista para estimular a imaginação das crianças, passando a ideia de que poderiam se apropriar do espaço, que é aberto para interpretações.


Aldo Van Eyck criava os playgrounds para as crianças usando módulos em diversas situações. Fotos: autor desconhecido

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capĂ­tulo

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saudosa baixada

Após a implantação do Complexo Mogiana na margem do córrego Ribeirão preto, em 83, começou a funcionar na área um grande conjunto de edificações, um complexo integrado à Estação da Mogiana. Nascia assim a “Baixada” ribeirãopretana. A elite burguesa da época tinha o interesse de transformar o ambiente rural em um ambiente mais urbano, controlado, ordenado, “higiênico” e embelezado. Para tanto, foram realizadas diversas obras de saneamento, entre elas o alargamento e a retificação dos córregos. As obras duraram até as primeiras décadas do século XX e transformaram completamente a região. A identidade da Rua José Bonifácio, o “rosto” da Baixada, foi construída desde aquela época: sua proximidade à estação foi responsável pela multiplicidade de atividades comerciais e industriais misturados às moradias. Comércio popular, pensões, hotéis, bares e restaurantes se misturavam a residências, armazéns de secos e molhados e depósitos de diversos tipos. “A José Bonifácio era o eixo onde se encontravam todas as classes. (...) Era esta a sua identidade, o seu charme diferenciador, ao mesmo tempo que mesclador.” Vista da Avenida Jerônimo Gonçalves e da Praça Antártica. Foto: Arquivo Público de Ribeirão Preto

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Na década de 20 a Baixada viveu seu apogeu, mas também o início de sua degradação. Em 1927 ocorreu uma grande enchente que causou enormes prejuízos para os comerciantes, destruiu obras e infraestrutura da Prefeitura, além de bairros populares. A crise cafeeira, no início dos anos 30 intensificou a degradação da região. Já na década de 40 um grande incêndio destruiu o prédio do Mercadão, deixando-o em ruínas durante anos. em 58 foi inaugurado um novo Mercadão, mas os moradores já haviam partido, sobrando apenas os dos bordeis. A degradação prosseguiu com a desativação da Estação Mogiana e retirada dos trilhos, que duraram cerca de 10 anos. Somado à isso, a criação de novas centralidades e deslocamento territorial (Av. 9 de Julho, Independência, Presidente Vargas, Av. João Fiúsa...) com a mão da elite e das administrações públicas levam cada vez mais ao aviltamento da região, com uma ideologia etnocêntrica e excludente.

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Vista da Rua General Osório. À direita, o Hotel Brasil, hoje abandonado. Foto: Arquivo Público de Ribeirão Preto


o aspecto residual

Hoje a região é caracterizada por uma acentuada diferença na dinâmica diurna e noturna. Durante a semana e em horário comercial, vimos as ruas cheias de gente, trânsito de veículos, portas abertas de comércios e serviços dos mais diversos tipos. À noite e aos finais de semana a região se transforma: agora vazios, os patrimônios deteriorados são reflexo dos anos de abandono de uma região que hoje é associada ao crime, ao abandono, à droga e à exploração sexual. Portanto, sendo um vazio residual todo e qualquer espaço urbano onde não há atividade humana, é possível reconhecer o caráter residual provocado pela alteração na dinâmica da região.

Atualmente, a região é intitulada “Baixada” tanto por suas características geográficas quanto, pejorativamente, por suas características sócio-econômicas. (PASCHOALICK, 2015) Fotos: Edson Silva/Folhapress

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ativação urbana

A Baixada e a Rua José Bonifácio resistem e, nos últimos anos, vêm passando por um processo de ativação do espaço público fomentado por diversos projetos: Pontão de Cultura Sibipiruna, as Viradas Culturais Independentes, o projeto Baixada Cultural, entre outros que tem trazido vida e cultura para a região. Cada vez mais a Baixada tem sido vista, principalmente pelos jovens, como um espaço a ser ocupado e ressignificado, através da atuação política e de intervenções culturais. As ocupações são feitas principalmente nesses períodos em que o espaço se configura como um vazio residual, estando aberto as mais diversas intepretações e usos.

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UGT - memorial da classe operária O edifício sede da União Geral dos Trabalhadores, localizado na rua José Bonifácio, 59, é um exemplar da transição arquitetônica entre o clássico e o eclético. Até o golpe militar, seu objetivo era assistir os trabalhadores e lutar por seus direitos econômicos. Após 1964, passou a ser um centro de diversão, até que em 2004 o edifício foi tombado como patrimônio histórico. Adquirido pela iniciativa privada, foi restaurado e doado à Associação Cultural e Ecológica Pau-Brasil. Hoje o edifício abriga o Memorial da Classe Operária – UGT, tendo como objetivo suscitar a cultura na nossa cidade e resgatar a importância histórica do local.

Oficinas, eventos, festas, apresentações e debates são organizados na UGT e enchem a rua José Bonifácio, antes vazia, de jovens das mais diversas tribos e classes sociais. Nas imagens, oficina e apresentação de Maracatu organizada pelo programa Baixada Cultural, e festa organizada pelo projeto Grito do Rock. Fotos: UGT Ribeirão Preto

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Mesmo com pouca ou nenhuma estrutura, os jovens lotam o prédio da UGT, um edifício histórico tombado, a rua e os arredores. Fotos: Grito do Rock e acervo pessoal

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estúdios kaiser de cinema O imóvel é um dos patrimônios mais importantes da cidade, tendo abrigado, no século passado, a Companhia Cervejaria Paulista. É tombado pelos órgãos de proteção municipal (Conppac) e estadual (Condephat). O prédio foi cedido

em comodato pela Heineken do Brasil (controladora da Kaiser), para a São Paulo Film Comission, uma ONG que atua para atrair produções e oferecer atividades culturais em Ribeirão Preto. Em 2004 o prédio foi comprado pela Vide Editorial, que se

comprometeu a manter a proposta de promover as atividades culturais com a ONG. O restauro e as reformas começaram em 2005, com recursos do governo do Estado, da Prefeitura de Ribeirão e da iniciativa privada.

Festival de tatuagens e show comemorativo de 30 anos da banda Sepultura. Fotos: divulgação e Rogener Pavinski

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A antiga cervejaria tem sido palco para diversas apresentações, exposições, eventos e festas, que vão desde a pequenas festas universitárias a grandes acontecimentos da elite Ribeirão Pretana

Casamento organizado no espaço, fila para festa de Halloween e oficina de grafite. Fotos: Revide, Rock’n Beats e Leser

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armazém baixada O Centro Cultural Armazém Baixada é um espaço voltado para fomentar a arte, a cultura e buscar a revitalização do centro antigo de Ribeirão Preto. Instalado em um antigo prédio na Rua Duque de Caxias após passar por reformas. O espaço tem o intuito de receber artistas e público de forma democrática. Além de sediar shows de músicos variados, vem incentivando discussões sociais, promovendo mostras de arte e fotografia, saraus e apresentações culturais.

À esquerda, exposição fotográfica de João Thiago. À direita, fila para entrar em evento, o espaço interno fechado e apresentação circense. Fotos: Armazém Baixada

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capĂ­tulo

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estudos

Para elaborar os estudos e projetos foi escolhida a região da Baixada, da Avenida Francisco Junqueira a Rua Duque de Caxias, tendo em vista que são espaços com o aspecto residual descrito anteriormente e onde cada vez mais as ativações urbanas vem acontecendo.

O objetivo do projeto é transformar esse espaço residual, cheio de carga histórica e cultural, em um local que possibilite e incentive a permanência e o uso pelas pessoas.

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análise de fluxo

Horário comercial seg-sex 08-18 sab 08-13

Noite seg-sex 18-00

A área é praticamente tomada por comércios e serviços voltados à automóveis, motocicletas e barcos, como autopeças e mecânicas. Durante o horário comercial, o fluxo de pessoas acontece principalmente dentro das lojas, uma vez que quem passa por ali vai em busca de um serviço bastante específico. Durante a semana, a noite, alguns bares e mecânicas se mantém abertos e as prostitutas e travestis aparecem em maior quantidade.

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Tarde - sabádo Integral domingos e feriados

Noite sexta e sábado (dias de eventos)

Durante as tardes de sábado e domingos e feriados o espaço fica bastante vazio. Alguns bares com um ou outro “gato pingado”, além das prostitutas. Nas noites de sexta e sábado costumam acontecer eventos na UGT, no Armazém Baixada e Estúdios Kaiser, o que atrai um grande número de pessoas para a região.

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análise de insolação Devido ao baixo gabarito dos edifícios, as sombras que incidem sobre a via são -na maior parte do tempo - muito “estreitas”, protegendo apenas um dos lados do passeio. No alto inverno elas são mais marcantes na José Bonifácio no fim do dia. No verão e horários de sol a pino a via fica exposta a incidência dos raios solares.

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acessos e ônibus

Devido ao tipo de uso da área, dedicado principalmente a serviços e comércios relacionados a automóveis e motocicletas, muitos lotes tem acesso de veículo ao seu interior, sendo necessário o uso de guias rebaixadas. Além desses serviços voltados a aréa automobilística, existem muitos estacionamentos na área, sejam

eles cobertos, descobertos ou com coberturas improvisadas. Os pontos de ônibus são poucos, porém ficam ativos 24 horas. Apenas os voltados para a Avenida Jerônimo Gonçalves possuem estrutura coberta, o restante é sinalizado com o totem informativo.

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análise das construções Segundo Domingos Guimarães, “a rua José Bonifácio conserva o maior conjunto arquitetônico histórico do município, de períodos diferentes. Essas construções representam a fase de crescimento econômico e social em que o comerciante construía ou

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transformava uma obra simples, térrea, em um edifício de dois andares”. O segundo pavimento servia principalmente para moradia. Com o passar dos anos, a arquitetura sofreu uma transição, passando de obras mais simples para obras mais

elaboradas, de influência francesa, italiana e alemã, resultando em uma arquitetura eclética. Hoje muitas construções já foram reformadas e perderam suas características originais, mas ainda vemos detalhes e ornamentos da época.


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premissas

1. segurança e proteção

Melhorar a acessibilidade e segurança de pedestres, dando prioridade à eles, é um passo em direção a uma cidade mais amigável e mais humana. Iluminação, sinalização e acessibilidade são fundamentais para uma boa qualidade do espaço público.

2. suporte à permanência

A qualidade do espaço público e a possibilidade de permanência são muito importantes para fomentar a vida urbana. Pontos de encontro e “respiros” para o trabalho, descanso e lazer suscitam o convívio e troca entre os usuários locais, estudantes, residentes, trabalhadores, comerciantes, etc. Espaços de permanência são democráticos, uma vez que podem ser usados por diversos tipos de pessoas para as mais diferentes atividades.

3. novos usos e atividades

Espaços que acolhem e incentivam manifestações culturais e artísticas são um incentivo ao uso do espaço público. Além de garantir presença de pessoas, convívio social e trocas com a cidade, são formas de entretenimento e acesso gratuito à cultura.

espaço público + conforto básico

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+

convivência

=

cidade mais humana


diretrizes

1. pontos de interesse: Reconhecimento de edifícios com potencial para futura ocupação, prevendo continuidade e ampliação da ativação urbana na região.

2. mobiliários Criam espaços para conversar, convidando os usuários a sentar e permanecer no local, garantindo múltiplas possibilidades de uso.

3. projeções Videomappings reanimam fachadas e muros sem janelas, dando espaço aos artistas. Sessões de cinemas ao ar livre promovem entretenimento gratuito e o encontro de pessoas.

4. sinalização Identificação e informação do projeto, convidando as pessoas a usar o espaço, além de informações sobre as linhas de ônibus, localização de pontos de interesse, etc. Em grandes áreas, a criação de uma identidade visual consistente traz reconhecimento e valorização.

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5. iluminação A iluminação tem grande impacto sobre a maneira como o espaço é “sentido” e usado. Locais bem iluminados garantem espaços públicos mais seguros e convidam ao uso noturno.

6. tratamento de piso e cores A aplicação de cores e materiais diversos adiciona interesse e cria identidade visual para as intervenções, definindo espaços e ligando os pontos de interesse.

7. paineis e jardins verticais Ativam fachadas e muros sem janelas, ampliam a oferta de verde ou servem de tela para artistas locais.

8. máquinas de comodidades Instalação de máquinas que vendem “comodidades”, como camisinhas, chicletes e bebidas, servindo os usuários principalmente nos períodos que os comércios estão fechados

10. pocket Parks Convidam as pessoas a interagir no espaço público, ressignificando espaços. Servem como ponto de encontro, descanso, lazer e palco para eventos e manifestações culturais.

11. vias multimodais Dado o caráter cultural da área, alguns trechos podem ser transformados em vias multimodais, ou ruas compartilhadas, que dão mais liberdade e atenção ao pedestre.

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plano de massas

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edifícios com potencial cultural A Rua José Bonifácio é capaz de contar um pouco da história da nossa cidade, preservando muitos edifícios construídos em diversos períodos e estilos arquitetônicos. Os detalhes dos edifícios mostram variadas formas de uso, comportamentos e o modos de viver de determinada época, podendo ser considerada patrimônio histórico de Ribeirão Preto. Edifícios como o Memorial da Classe Operária e o Estúdio Kaiser de Cinema, com o apoio de associações que levantaram essa bandeira, foram tombados por órgãos de proteção do patrimônio e hoje resgatam a importância do valor histórico dos edifícios e da região. Em 2008, o Conppac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural) tombou provisoriamente a Rua José Bonifácio, com o intuito de preservar a arquitetura das fachadas. Oito anos depois o tombamento definitivo ainda não foi realizado, deixando os proprietários incertos sobre obras e reformas que podem ou não realizar nos edifícios. Existem diversos programas estaduais e federais - além de iniciativas privadas - que incentivam, dando apoio organizacional e fiscal a projetos culturais e propostas de restauração de edifícios históricos. Muitos incentivos, como a isenção de IPTU para imóveis tombados, não são conhecidos por muitos proprietários. A ignorância e o medo dos critérios de preservação muitas vezes os deixam com receio de incentivar o tombamento pela impossibilidade de realizar as reformas necessárias. Neste mapa foram sinalizados alguns edifícios com valor histórico e arquitetônico na área de estudo que tem potencial para sediar projetos sociais e culturais que poderiam trazer à região mais vida, além de ser uma forma de preservar o edifício e incentivar sua restauração.

Edifício vazio e abandonado na Rua Visconde do Rio Branco. Com um grande estacionamento descoberto ao lado, esses espaços poderiam configurar um centro de lazer e cultura para a população. Foto: Google Maps

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A configuração comum dos edifícios da época era de comércios e serviços no pavimento térreo e moradia no superior. Usado como estoque, o segundo andar desse edíficio mantém a fachada original, mas está abandonado sem manutenção. Foto: Google Maps

Da mesma forma que o exemplo anterior, nesse edifício o comércio ocupa o pavimento térreo. Os demais, porém, foram transformados em um hotel. É uma das poucas construções que mantém a fachada com as características da época. Foto: Revide

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“pocket parks” Foram escolhidos dois espaços para a instalação de “pocket parks” na área de estudo. Ao criar esses pequenos “respiros” em meio as edificações, damos à população um espaço de permanência, lazer, descanso, podendo ser um espaço público para eventos e manifestações culturais. O primeiro espaço escolhido é na esquina da Rua José Bonifácio com a Rua Duque de Caxias. Atualmente é um estacionamento aberto, sem cobertura e apenas com grades. Foto: Google Maps

O segundo é na esquina da Rua José Bonifácio com a Rua Visconde do Rio Branco. Atualmente existe uma edificação, que deverá ser demolida, com um recuo hoje usado como estacionamento. Durante os dias de eventos na UGT, esse espaço é muitas vezes “tomado” pelos jovens, sendo ponto de encontro de grupos antes e depois das festas. Foto: Google Maps

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mobiliário com diferentes alturas e tamanhos ->diversos tipos de uso

Espaço livre para ocupação Jardim vertical

Parede livre p/ manifestações artísticas

Referências: Huellas Artes, em Santiago - Chile Caixa Forum, em Madri - Espanha Fotos: Ines Subtil e The Culture Map

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projeções - videomapping Após o horário comercial e aos finais de semana os comércios e serviços fecham e suas grandes portas de ferro, de enrolar, se transformarm em um grande muro sem vida. Essas fachadas, com diferentes texturas, alturas e volumes, são uma ótima “base” para projeções. Video mapping é uma técnica de projeção de vídeo em objetos ou superfícies irregulares, como estruturas de grandes dimensões e fachadas de edifícios. Através da utilização de um software especializado e a interação com o projetor, as imagens são adaptadas a superfície do objeto escolhido. Através da adição de “espaço virtual”, acontece uma reconstrução do espaço real, onde os artistas podem criar dimensões extras, ilusões ópticas e noções de movimento em objetos estáticos. Além dos videomappings, podem ser expostos através das projeções diversos tipos de trabalhos artísticos, acadêmicos, de informação à população,

O espaço em frente a UGT tem sido ocupado, ainda que sem nenhuma estrutura, pelos frequentadores do local. Vê-se a rua cheia de pessoas conversando, comendo, bebendo e ocupando a cidade, como deve ser. Uma platéia perfeita para os artistas mostrarem seus trabalhos através das projeções. Foto: Google Maps

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Acima, projeções realizadas pelo grupo Video Guerrilha na boêmia rua Augusta, em São Paulo, transformam a rua em uma Galeria a céu aberto. Ao lado, projeções realizadas no chão, no centro de São Paulo, pelos artistas do projeto URBE - Mostra de Arte de Rua. Fotos: Fernando Donasci/UOL e Projeto URBE

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instalações multimídias Grandes muros são problemáticos para as cidades: criam longos percursos vazios, gerando insegurança e diminuindo a dinâmica da paisagem urbana. O edifício dos Estúdios Kaiser de Cinema ocupa um grande quarteirão com fachadas beges praticamente cegas. Ainda que possua muitas janelas, não são aberturas que façam uma ligação interior/exterior. Seu gabarito, maior que das outras construções da área, o torna ainda mais “monstruoso” .

A instalação de painéis de led, em diferentes alturas, tamanhos e inclinações, seria capaz de trazer dinâmica ao grande muro, iluminando-o e tornando-o interessante. De forma interativa, através de um aplicativo de celular, a população teria “voz” e liberdade de expressar pensamentos, ideias e sentimentos, enviando textos e palavras para serem expostos nos paineis.

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Estúdios Kaiser: grandes muros no cruzamento da R. José Bonifácio com Visconde do Rio Branco. Foto: Google Maps

Exemplos de painéis de led Fotos: Loja Genial e Dicas de Luz e Som


Referências: Instalações no Museu da Lingua Portuguesa brincam com as palavras, cores, luzes e projeções. Fotos: Uol, Guia da Cidade e Gabriel de Sousa Junior

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vias multimodais - ruas compartilhadas

Devido ao caráter histórico e cultural da área, a proposta é a transformação de parte das Ruas José Bonifácio, Duque de Caxias e Mariana Junqueira em vias multimodais, ou seja, ruas compartilhadas. No conceito de “ruas compartilhadas”, carros, bicicletas e pedestres usam o mesmo espaço, de forma em que todos sejam mais atenciosos. Dessa forma, as ruas são transformadas em espaços públicos que podem realmente ser usados pela população, não apenas como passagem. Durante a noite e aos finais se semana, o aspecto residual poderá diminuir, uma vez que o novo espaço convida a população a caminhar, permanecer e participar da vida pública.

Antes: -permitido estacionar -calçadas estreitas

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Depois: -pista menor -”calçadas” maiores

Resultado: -espaços para vida pública -pedestre é preferencial


A cidade de Viena, na Áustria, decidiu transformar uma rua do século XIX em um espaço mais convidativo para os pedestres. Projeto do escritório Bureau B+B com os arquitetos orso.pitro. Fotos: Bureau B+B

A cidade de Brighton, na Inglaterra, convidou o escritório de Gehl para avaliar a experiência dos pedestres e fornecer conselhos sobre projetos de melhoria, buscando uma cidade mais tranquila, atraente e acessível. O projeto mais importante resultante desse estudo é a New Road, uma rua que liga as principais instituições culturais da cidade. Foto: Gehl Architects

Após uma reforma de três anos, a Exhibition Road, em Londres, se tornou a maior via compartilhada do Reino Unido. Sinais de trânsito e barreiras foram removidas, o que fez com que os motoristas ficassem mais atentos. O espaço passou a ser mais amigável aos pedestres. Foto: DailyMail

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capĂ­tulo

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anteprojeto As propostas a seguir foram elaboradas a partir das premissas e diretrizes apresentadas, com base nas referências e análises expostas. O objetivo do projeto é transformar o espaço, até então com aspecto residual, em um espaço público de qualidade, que atraia a população, fomentando a cultura e o lazer.

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implantação

escala 1:1000

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via multimodal A implantação da via multimodal acontece em parte da rua José Bonifácio (nº 301 a 25, aproximadamente), parte da rua Duque de Caxias e da rua Mariana Junqueira (da rua José Bonifácio até a Avenida Jerônimo Gonçalves), aonde estão os principais focos de ativação cultural atualmente na Baixada.

único nível A pavimentação acontece de fachada a fachada em um único nível, dividida em três zonas por linhas sutis: uma pista rápida para os carros (3,90m) no meio e lentas para pedestres e ciclistas nas laterais (5,50 e 3,60m). Mobiliários, vegetação e iluminação são colocados nas pistas laterais, agora mais largas que as antigas calçadas.

escala: 1:100

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restrições Ainda que os carros de passagem sejam permitidos, é imposta uma redução de velocidade, uma vez que os pedestres são livres para transitar entre as “pistas”. Como consequência, a diminuição de fluxo de automóveis é provável, mas como mostrado anteriormente, o comércio da região é bastante específico: autopeças e serviços de mecânica em sua maioria. Considerando que paralelamente à essas ruas existem vias de trânsito rápido, a passagem por elas seria necessária apenas à quem procura determinado serviço. A passagem de caminhões e veículos pesados (com exceção do transporte público) é restrita, sendo permitidos apenas pela manhã, das 5 as 8 horas.

drenagem superficial O projeto prevê a utilização de geometria e inclinações eficientes e a implantação de canal “oculto” linear, em praticamente toda a extensão das vias. Este modelo permite o escoamento imediato e garante lâmina dágua mínima no período crítico de chuva. O material possui baixa rugosidade, evitando acúmulo e resíduos e entupimentos.

pavimentação O piso em blocos de concreto foi desenvolvido pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) a fim de garantir a preservação das suas características ao longo do tempo. Possui propriedades que reagem às manchas e odores, permitindo a conservação da aparência por mais tempo. Seu manuseio é feito através da retirada dos blocos, e não de quebra, evitando assim obras de manutenção mal feitas.

padrão Com o uso de diferentes tons de piso é possível delinear espaços e criar eixos de ligação entre os espaços públicos e culturais da área, além de criar uma identidade para o local.

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transição entre desníveis As imagens ao lado mostram os parâmetros para transição entre as vias normais e as vias multimodais. A faixa de pedestre é mantida no nível mais elevado - facilitando a acessibilidade - e a rampa deve ter inclinação máxima de 8,33%. O uso de piso tátil de alerta e direcional auxiliam a locomoção de deficientes visuais e evitam acidentes.

escala: 1:200

detalhe sem escala

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pocket parks

1- (perspectiva) esquina entre as ruas José Bonifácio e Visconde do Rio Branco. Dimensão: 10,5x17m 2- esquina entre as ruas José Bonifácio e Duque de Caxias. Dimensão: 12x25m

Duas faces cegas dos edifícios delimitam o espaço dos pocket parks. Em uma delas será instalada um jardim vertical e a outra ficará “aberta” para intervenções artísticas. Junto ao jardim vertical, vegetação média auxilia no conforto térmico e no controle de umidade. Seguindo o mesmo padrão dos mobiliários (apresentado a seguir), diversas alturas permitem

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vários tipos de uso. As árvores dão suporte ao espaço de permanência durante o dia. Lixeiras junto as luminárias contribuem para manter a limpeza do local e as “colunas-bebedouros” dão mais comodidade à população, além de informar sobre o projeto. O grande espaço livre e “seco” pode ser usado para apresentações, jogos, reuniões, etc.


jardim vertical O Jardim vertical é capaz de cobrir e adaptar-se a superfícies verticais, como muros e empenas cegas de edifícios. Contribui na filtragem da poluição do ar e no conforto térmico, além do controle da umidade. Além disso, é um elemento estético: as plantas, com suas cores e texturas, são capazes de construir composições de diversos tipos, ritmos e texturas.

A estrutura é feita com placas modulares, afastadas até 10 cm da face da parede, conforme esquema ao lado. A rega das plantas é feita de forma automática, com uma técnica sustentável, com vários setores de gotejamento que diferenciam a irrigação de acordo com a altura. Uma calha que coleta de volta a água cria um circuito fechado, com total aproveitamento dos recursos hídricos utilizados. Fonte: Movimento 90º

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projeções Duas caixas de aço anodizado, a prova d’água, são fixadas nos muros da UGT, de forma a não danificar o patrimônio histórico. A Associação serve como central para organizar os dados, coordenar o programa e direcionar os aparelhos adequadamente.

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Apenas um único projetor é capaz de produzir uma imagem em edifícios, dependendo das condições de luz ambiente e cor do edifício. Softwares específicos fazem uma leitura da área a receber as projeções e adequam as imagens ao tamanho, aos volumes e texturas dos edifícios.


escala: 1:5

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painéis interativos A instalação de painéis de led em parte da fachada dos Estúdios Kaiser, trazem dinâmica ao grande muro, iluminando-o e tornando-o interessante. Painéis de led em diferen-

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tes alturas e tamanhos, associados à interatividade e leitura da cidade, dão “voz” a população e servem como espaço de intervenção.


A proposta é a instalação de telas de led, fixas uma estrutura metálica, que reagiriam em tempo real à diferentes estímulos: sensores instalados no prédio coletam sons, qualidade do ar e temperatura do ambiente, modificando suas cores e imagens. Som e qualidade do ar são dados fundamentais para a paisagem urbana de grandes cidades, sua exposição provoca e convida à reflexão; programas específicos são capazes de “medir” o humor da população, com informações de comportamentos coletados na internet e em redes sociais; um aplicativo para celular permite a interação direta do público, através do envio de frases e palavras que são expostas em tempo real nas telas.

A estrutura foi elaborada a partir dos eletrodutos galvanizados, por onde “correm” os fios de dados e energia a partir do interior do edifício. Distanciada do prédio, evitando possíveis danos ao patrimônio, a estrutura suporta painéis de led - de baixo consumo energético - de diversos tamanhos, formando uma composição.

Painel de led e tubo galvanizado

corte escala 1:75

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módulos de permanência

A partir de um módulo de 60x60, foram determinadas várias alturas: 15, 30, 45, 60, 75 e 90 centímetros. As diferentes alturas permitem diversos tipos de uso. Já o módulo especial, feito a partir de quatro módulos iniciais, podem abrigar pequenas árvores. A partir disso foram feitas combinações e definidos os mobiliários ao longo do passeio e nos pocket parks.

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material Os módulos são de concreto, devido a sua resistência, durabilidade e baixo custo.

escala: 1:50

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escala: 1:25

lixeiras Em alumĂ­nio anodizado cor chumbo, as lixeiras possuem alta resistĂŞncia e abertura grande o suficiente para evitar contato com o equipamento. Capacidade: 70 litros. Fabricante Grijsen. Modelo Quadrat with Cover.

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escala: 1:25

paraciclo Elemento de alumínio anodizado cor chumbo com seção quadrangular de 60cm e pés de concreto para chumbamento. Os módulos podem ser agrupados conforme necessidade. Fabricante Grijsen - Modelo Square Single Stand.

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“coluna-bebedouro” O equipamento possui duas funções. De um lado, bebedouro com saída de água para cima, de forma que as pessoas possam beber direto na bica, e para baixo, para que possam encher garrafas, lavar mãos, dar água aos animais, etc. Do outro lado, informações sobre o projeto, os pontos de interesse e de transporte público. As cores diferenciam os assuntos em questão e direcionam para outras placas informativas.

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materiais / as colunas são do mesmo material das luminárias e lixeiras: aço anodizado. As torneiras e grelhas são em aço inoxidável. Os painéis são de acrílico.


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plugins A instalação de plugins nas praças foi pensada para dar suporte à eventos e apresentações. O modelo aqui apresentado foi patenteado pela empresa americana Lew Eletric, é de aço inoxidável e pode ser exposto às intempéries. Para abertura da tampa é necessário uma chave especial, que ficaria aos cuidados da UGT e de outras instituições do Centro. O uso poderia ser solicitado por artistas amadores, de rua, ou por organizadores de eventos de caráter cultural.

Fotos: Lew Eletric

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maquinas de comodidades Atualmente, o principal público da área nos momentos de ativação urbana é jovem. A instalação de máquinas que vendem “comodidades”, como camisinhas, chicletes e bebidas, distribuídas em locais estratégicos - próximos aos locais de eventos e aos pocket parks - , servem os usuários principalmente nos períodos que os comércios estão fechados.

Exemplo de máquinas de doces e snacks, bebidas e camisinhas.

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iluminação pública

escala: 1:50

vias e praças O modelo de luminária selecionado para as vias possui um foco difuso na parte superior. Foram selecionados dois modelos com alturas diversas, criando condições adequadas de iluminação para pedestres e automóveis. Especificações: o fuste é de alumínio anodizado cor chumbo com seção de 150x150mm. A iluminação é através de lâmpadas de led. Fabricante Soneres - Modelo BG

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fachadas Os edifícios sinalizados anteriormente como potenciais para sediar projetos sociais e culturais, além dos espaços de ativação urbana já existentes, receberão iluminação especial em suas fachadas. A iluminação de edifícios históricos constitui um ato de valorização do espaço público e seu entorno. É uma ação de reabilitação urbana, uma vez que atrai a atenção da população para o objeto em questão, fazendo-a refletir sobre sua importância. (Braga, 2012)

Para essa iluminação de destaque, foi seleciona uma luminária embutida no solo, capaz de acentuar superfícies e detalhes construtivos dos edifícios. São luminárias herméticas, que possuem proteção a umidade, impurezas e poeira, ideais para ambientes externos e iluminação de fachadas. Ficam niveladas ao pavimento, evitando problemas de acessibilidade e quebras. Com as lâmpadas de led, são mais econômicas e evitam manutenções constantes. Dimensão: 914mm. Fabricante Lumenpulse - Modelo Lumenfacade inground.

Efeito luminoso, detalhe da peça e exemplo de instalação. Fotos: Lumenpulse

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arborização As árvores urbanas desempenham funções importantes para os cidadãos e o meio ambiente, como o conforto térmico e o bem estar psicológico dos seres humanos, além de prestação de serviços ambientais indispensáveis à regulação do ecossistema. A espécie selecionada para as vias e praças foi o Oiti, árvore que atinge altura máxima de 15 m , com tronco de 30 a 50 cm de diâmetro. Fornece ótima sombra, devido à sua copa frondosa, sendo por isso perfeita para plantio em praças e vias. Além disso, é uma árvore nativa da nossa região e de crescimento rápido. Sua raiz é pouco violenta, não prejudicando pavimentação e suas folhas são perenes, ou seja, mantém suas folhas o ano todo.

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detalhe

escala 1:150

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cortes A, B e C

escala 1:150

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considerações finais Entre diversas formas de enxergar os espaços residuais urbanos, optou-se aqui por considera-los espaços com potencialidades múltiplas de transformar a imagem da cidade e serem espaços públicos de qualidade. A partir disso, foi possível caracterizar esses espaços residuais, ilustrar com fragmentos de Ribeirão Preto e apresentar formas de “reconstrução” e retomada em diversas cidades. A partir disso foi possível elaborar um estudo de intervenção no desenho urbano que tivesse condições de contribuir para a potencialização e a requalificação de espaços públicos residuais, tornando-os convidativos para o uso e ocupação pela população.

Para a área estudada foi levado em consideração o caráter cultural e o processo de ativação urbana pelo qual ela vem passando, e considerado seu aspecto residual gerado pela mudança na dinâmica da cidade ao longo dos dias e períodos. Contudo, existem diversos outros espaços que, através do desenho urbano, poderiam atingir seu potencial como elementos estruturadores do espaço público. Esse trabalho é mais um exemplo de que é real a reconquista e reconstrução do espaço e que estamos passando por um processo de transformação sociocultural, podendo fazer ressurgir o espaço público, com novas formas de apropriação, novos projetos de intervenção e novas formas de ocupação desses espaços residuais.

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Referências AAMCO - UGT - Associação Amigos do Memorial da Classe Operária - UGT. Baixada Cultural. Prefeitura de São Paulo, 2015. BORDE, A.L.P. Percorrendo os Vazios Urbanos. In: X Encontro Nacional da ANPUR (Associação Nacional de Planejamento Urbano e Regional), 2003, Belo Horizonte. Anais do X ENA, 2003. COLETIVO A Batata Precisa de você. Ocupe Largo da Batata. Edital Redes e Ruas de Inclusão, Cidadania e Cultura Digital. Prefeitura de São Paulo, 2015. DEL RIO, V. Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento. São Paulo: Pini, 1990 DITTMAR, A. C. C. Paisagem e morfologia de vazios urbanos - Análise da transformação dos espaços residuais e remanescentes urbanos ferroviários em Curitiba – Paraná. 2006. 251 f. Dissertação (Mestrado) – Pontifica Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2006 GUATELLI, I. Arquitetura dos Entre-lugares – sobre a importância do trabalho conceitual. São Paulo: Senac, 2012. GUERREIRO, M. R. Interstícios urbanos e o conceito de espaço exterior positivo. Fórum Sociológico [online]. 2008. Disponível em: http://sociologico.revues.org/218. Acesso em: 2 set. 2015. HARRISON, R. Transformation of urban public space. 2012. 75 f. Master of Architecture. Department of Art, Architecture and Art History, University of Massachusetts, 2012. LEWIS, J., SCHWINDELLER, M. Adaptive Streets: strategies for transforming the urban right-of-way. University of Washington, Seattle, WA, 2014.


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