TFG ARQUITETURA MACKENZIE - Gabriela A. Pitta

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ELEMENTOS MORFOLÓGICOS DA CIDADE DE SANTOS UM OLHAR PARA O PLANO DE SATURNINO DE BRITO

Gabriela A. Pitta





ELEMENTOS MORFOLÓGICOS DA CIDADE DE SANTOS UM OLHAR PARA O PLANO DE SATURNINO DE BRITO

Trabalho final de graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Prof Dr. Orientador: Luiz Guilherme Rivera de Castro.

São Paulo 2018



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Aos meus pais, avĂ´ e irmĂŁo pelo apoio e incentivo.



AGRADECIMENTOS

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AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais por toda educação, ética, amor, preocupação e cuidado em minha criação e formação como pessoa. Ao meu avô por todo apoio, cuidado e presença. Ao meu irmão que me serve de exemplo e faz questão de estar sempre presente. A minha família pelo carinho. A todos os mestres que me orientaram, principalmente Ms. Luciano Margotto Soares e Dr. Luiz Guilherme Rivera de Castro que fizeram parte deste último ano de trabalho e contribuíram para minha formação e que de certa forma me moldaram para estar apta para exercer a carreira. À Associação Atlética Acadêmica Arquitetura Mackenzie por me proporcionar viver uma experiência única junto com a gestão de 2015 Chapatit e levar o título de campeão do Interfau do mesmo ano. Me fazendo crescer no âmbito pessoal e profissional. Permitindo um envolvimento muito mais intrínseco com a faculdade e me descobrir nesses últimos anos. Dando a devida importância ao esporte universitário, que só quem está na organização sabe o quanto é difícil fazer acontecer. Ao time de futsal da Associação Atlética Acadêmica Arquitetura Mackenzie por fazer com que meu envolvimento fosse além das salas de aula. Ter a oportunidade de vestir a camisa 03 e


10 AGRADECIMENTOS

ser capitã deste time. De praticar pelo amor ao esporte e pela união ser muito mais que um time e sim uma família. Aos colegas da turma 413 por toda a jornada que passamos juntos. Colegas da turma de atividade II do 9º e 10º semestre, pela união e ajuda. Especialmente aos meus amigos Alexandre Abrahão, Bárbara Petri, Beatriz Caetano, Beatriz Marcolin, Bianca Bayerlein, Bianca Dall’ovo, Carolina Avellar, Carolina Fernandes, Débora Gomes, Felipe Romano, Fernanda Barreto, Fernanda Santiago, Gabriela Queiroz, Giovanna Viotti, Igor Pratis, Ingra Tofetti, Isabela Cassiano, Julia Casadei, Julia Catini, Lara Andrade, Laura Borba, Letícia Domingues, Livia Guazzelli, Lucas Donnangelo, Luciana Ueki Dotta, Maressa Freitas, Mariana Rangel, Marina Trione, Manuela Peneira, Natália Isamu, Paula Hashimoto, Paula Sayuri, Priscila Palmieri, Rafaela Abreu, Sofia Sawaya, Thatiana Torres, Valentina Ciocci, Verônica Kim, Victória Casagrande e Vitória Brait por dividir essa etapa comigo. As minhas amigas de Santos por entender minha distância. Sem vocês, não seria o mesmo. A todos que de alguma forma passaram pelo meu caminho nestes últimos 5 anos.




SUMÁRIO 13

SUMÁRIO INTRODUÇÃO PARTE I – SANTOS

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1.1 Linha do tempo 1.2 Contexto de formação do plano estrutural da cidade 1.3 Subdivisão da cidade pela legislação

15 21

15

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PARTE II - CIDADE E SUAS FUNCIONALIDADES A PARTIR DA ARQUITETURA

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2.1 2.2 2.3 2.4

35 41 47 55

Cidade Eixos Térreo Caminhabilidade

Parte III – PROPOSTA PROJETUAL

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4.1 Estudo da área 4.1.1 Leitura do território 4.1.2 Leitura dos equipamentos 4.1.3 Leitura da mobilidade

61 61 62 63

4.2 Arquitetura

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CONCLUSÃO

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUÇÃO 15

INTRODUÇÃO A questão a ser resolvida com este estudo é dar um novo olhar para a cidade de Santos. Entender o porquê de sua malha urbana ser organizada da maneira que é até os dias de hoje. O que isto trouxe de bom ou ruim para a cidade. Outra questão seria a compreensão dos tópicos abordados e como são seus resultados a partir do momento que é abordado pelo cidadão. A metodologia realizada neste trabalho foi de pesquisa bibliográfica, análise de conceitos e a teoria aplicada a leitura do território. Os autores utilizados foram José Marques Carriço, Giulio Carlo Argan, Jan Gehl e Hans Karssenberg. O conteúdo deste estudo aborda uma leitura da cidade de Santos em sua primeira parte. Analisamos o plano sanitário e sua legislação que esta em vigor. Na segunda parte estudamos conceitos de cidade através dos tópicos: cidade, eixos, térreo e caminhabilidade. E na última parte é apresentado o estudo de caso realizado. O projeto sanitário da cidade de Santos elaborado por Saturnino de Brito gerou o desenho urbano da cidade. Então além do papel sanitarista, Saturnino de Brito insere um modelo de traçado viário. Tendo em vista a legislação e sua divisão da cidade, conseguiremos analisar todos os parâmetros para a caracterização do espaço territorial de Santos. Na segunda parte, analisaremos a cidade


16 INTRODUÇÃO

com base nos conceitos abordados de diversos autores. Iremos explorar a cidade tendo como ponto de vista o pedestre cidadão para verificar como se da a relação da cidade com o mesmo. Dentro de cidade conseguimos classificar entre eixos, térreo e caminhabilidade. Os eixos como se dão em relação as edificações e qualidade urbana. O térreo como até onde ele interfere na qualidade de vida do indivíduo. A caminhabilidade com seu conforto e diversificação de passeios. Na terceira parte mostrarei o estudo feito da cidade até chegar em um terreno com potencial para implantação do projeto. Apresentarei estudos de equipamentos e mobilidade. Por último será exibido o edifício por meio de imagens e desenhos arquitetônicos. Por fim, com este trabalho temos a finalidade de estudar como surgiu a estrutura viária da cidade de Santos e analisar a funcionalidade da teoria urbana vista em prática na mesma. Ver seu potencial útil analisando por meio do conteúdo apresentado. A partir dos conceitos de cidade, eixos, térreo e caminhabilidade.




PARTE I - SANTOS 19

PARTE I - SANTOS Neste capítulo apresentaremos como surgiu o plano sanitário de Santos, elaborado por Saturnino de Brito e será visto a divisão das áreas da cidade conforme o plano diretor.

LINHA DO TEMPO população santos 13.012 1890 1850 epidemias

proposta solução Santos 1902

1892 inauguração porto de santos 1905 Saturnino de Brito chefe comissão de saneamento


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LINHA DO TEMPO

obra canalização em Santos 1ª parte concluída 1912 1ª GUERRA MUNDIAL 1914

2ª GUERRA MUNDIAL 1939

1913 população santos 86.020 1918 fim 1ª GUERRA MUNDIAL 1940 chegada atividades industriais na baixada


LINHA DO TEMPO

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LINHA DO TEMPO início verticalização Santos 1960 fim 2ª GUERRA MUNDIAL 1945

inaugurado interceptor oceânico 1978

1947 início GUERRA FRIA 1970 cidade de Santos urbanizada por completo


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LINHA DO TEMPO

alteração no sistema de canais 1991

1980 casas de veraneio >>> habitações 1991 fim GUERRA FRIA

novo Plano Diretor 2013

2018 AGORA




CONTEXTO DE FORMAÇÃO DO PLANO ESTRUTURAL DA CIDADE

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CONTEXTO DE FORMAÇÃO DO PLANO ESTRUTURAL DA CIDADE Desde a metade do século XIX, Santos era uma cidade que ocorriam recorrentes surtos de epidemias, endemias, doenças contagiosas que provinham dos mosquitos que se proliferavam nos pântanos, águas paradas e da deficiência sanitária da cidade de acordo com José Marques Carriço em “O Plano de Saneamento de Saturnino de Brito para Santos: construção e crise da cidade moderna”. Os problemas epidêmicos não aconteciam só em Santos. Pelo menos, até o início do século XX as maiores cidades brasileiras também sofreram com o grande número de epidemias que atacavam os habitantes. O que tornava Santos diferente das demais cidades era seu papel para o país. Com o Porto, Santos junto ao Rio de Janeiro tinham o importante papel da exportação e importação do café, atividade que obtinha volume na economia do país. Em 1892, quando o Porto de Santos foi inaugurado, a cidade passava por uma forte epidemia de febre amarela. Segundo Guilherme Álvaro (1919), chefe da Comissão Sanitária do Estado, a mortalidade geral de Santos, em 1893, foi de 3.561 pessoas, tendo sido registrados 1.032 nascimentos, de uma população inferior a 30.000


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CONTEXTO DE FORMAÇÃO DO PLANO ESTRUTURAL DA CIDADE

habitantes, correspondendo a um coeficiente de mortalidade de 14,2%, quando o de natalidade era apenas de 3,44%. (CARRIÇO, 2016, p. 35).

Essas estatísticas não sofreram significantes alterações nas próximas décadas fazendo com que em 1902 o engenheiro José Pereira Rebouças, fosse nomeado chefe da comissão de saneamento e que ficasse responsável pela situação da cidade. Rebouças tentou, implementou uma série de mudanças e obras. Com a deficiência das soluções apresentadas, em 1905 Francisco Rodrigues Saturnino de Brito se tornou o novo chefe da comissão de saneamento. Brito adotou o sistema que se baseava na separação da drenagem e do esgoto, chamado de sistema separador completo ou absoluto, a partir do método era fazer com que as águas não ficassem paradas. Com o propósito da circulação das águas, junto veio o de secar o território, já que haviam muitos meandros que ajudavam a contribuir com a multiplicação das epidemias. O plano de macrodrenagem de Brito caracterizava-se portanto pela estratégia central de fazer circular as águas acumuladas nos canais, evitando a propagação das doenças e


CONTEXTO DE FORMAÇÃO DO PLANO ESTRUTURAL DA CIDADE

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criando uma extensa área para o desenvolvimento e expansão da cidade[...] (CARRIÇO, 2016, p. 31).

Saturnino de Brito já havia iniciado estudos sobre Santos no final do século XIX, podendo iniciar as obras assim que assumiu seu novo cargo. Em 1907 com a primeira parte concluída, já era possível perceber a mudança do ponto de vista da paisagem da cidade. As condições sanitárias no centro da cidade já eram notáveis.

Projeto de galerias pluviais e canais de drenagem de Santos. FONTE: BRITO 1908.


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CONTEXTO DE FORMAÇÃO DO PLANO ESTRUTURAL DA CIDADE

Com a intensa atividade do porto, obras para sua ampliação e crescimento do comércio cafeeiro, muitos imigrantes europeus, e brasileiros de outras regiões se instalaram em Santos devida tamanha mão de obra. Em 1890 Santos possuía uma população de 13.012 pessoas, em 1913 o número multiplicou-se para 86.020 pessoas. A potencialidade da cidade naquela época era imensa com diversas oportunidades de trabalho e a redução dos casos de epidemias. Em 1940, a zona Leste de Santos havia sido quase completamente ocupada, excetuando os bairros da Aparecida, Estuário e Ponta da Praia. O número de habitantes continuou crescente após a Segunda Guerra Mundial, com o processo de industrialização do sudeste do país, a ampliação do Porto, a instalação da indústria petroquímica em Cubatão e a via Anchieta. Em 1960, começaram as ocupações na orla da praia. Novas construções verticais começam a ser implantadas, o que ainda não era comum. As construções inicialmente utilizadas como casas de veraneio, férias ou de temporada. No mesmo momento, houve um grande adensamento na Baixada Santista. Com isso houveram ocupações irregulares nas áreas de preservação, manguezais, encostas, e nos morros que posteriormente acabaram prejudicando a balneabilidade das praias devido as contaminações nos corpos


CONTEXTO DE FORMAÇÃO DO PLANO ESTRUTURAL DA CIDADE

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hídricos e falta de saneamento e abastecimento de água, agravando o setor de turismo de 1970 até meados de 1980. Em 1970 ainda foi feita a ampliação do sistema de esgoto com a ocupação do bairro da Ponta da Praia. Como o número de famílias que não contavam com as condições básicas de saneamento era grande, e com a as condições ruins de uso da praia foi executado o Emissário Submarino como interceptor oceânico e inaugurado em 1978. Sua função consiste em despejar a água tratada no oceano. Em 1980 o setor imobiliário teve alteração de uso, os imóveis antes considerados de férias se tornaram residências. Nesta mesma época foram realizadas as obras da rodovia SP-55 que ligava o litoral norte ao sul. Com a balneabilidade em um estado ruim nas praias da Baixada Santista, a rodovia possibilitou novos locais deste tipo de turismo o que fez com que os santistas pressionassem o Poder Público. O estado a se conquistar era a rede conseguir atender as áreas ocupadas irregularmente e rever o sistema de saneamento e com isso voltar a qualidade de uso e ocupação das praias pelos banhistas. Logo as águas dos canais de drenagem que anteriormente eram despejadas nas praias agora eram encaminhadas para o Interceptor Oceânico. Após aproximadamente 90 anos da


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CONTEXTO DE FORMAÇÃO DO PLANO ESTRUTURAL DA CIDADE

execução do projeto de Saturnino de Brito de separação absoluta a área da praia sofreu uma alteração no sistema de coleta. Em 1991 foram reformados e automatizados as comportas para quebrar a corrente que levassem as águas contaminadas para o mar. Agora as comportas só são abertas quando o volume de água está alto. Portanto a condição do uso da praia aos banhistas está condicionalmente ligada as comportas e a pluviometria. O projeto de Saturnino de Brito como solução das epidemias com que a cidade estava sofrendo foi resolvido, porém olhando para a questão sanitária não foi 100% satisfatório tendo que ser replanejado e alterado. Seu projeto, tendo em vista a expansão da cidade, foi super eficiente. A Santos Moderna, segue vias estruturadoras e uma malha equilibrada e organizada. Se conectando por todos os lados e até servindo de ponto de referência. Os canais agora patrimônios históricos da cidade servem como meio de localização. Também ajudam o conforto térmico trazendo linhas de ventilação para o interior geográfico da cidade.




SUBDIVISÃO DA CIDADE PELA LEGISLAÇÃO

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SUBDIVISÃO DA CIDADE PELA LEGISLAÇÃO A cidade hoje é regida pelo Plano Diretor Lei Complementar Nº821 de 27 de dezembro de 2013. A Lei objetiva a qualidade de vida de seus habitantes por meio da ideia de um desenvolvimento sustentável, da função social da cidade, da propriedade urbana do município e sua expansão urbana. Ele organiza o município em três Macrozonas através de suas características ambientais e geológicas, em relação sua disposição para a urbanização para organização do uso e ocupação do território. São elas a Macrozona Insular, Macrozona Continental e Macrozona do Estuário e Canais Fluviais. A Macrozona Insular é onde ocorre toda a atividade urbana. Formada por planícies costeiras e morrotes insulares. Macrozona Continental é a parte que liga a cidade com o continente e é caracterizada por ser uma área conservação. Formada por planícies costeiras, morros e morrotes isolados e montanhas e serras com escarpas. A Macrozona do Estuário e Canais Fluviais é onde se encontra a atividade marítima de uso portuário, pesqueiro e transporte. Formada pelo encontro de canais, rios e oceanos.


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SUBDIVISÃO DA CIDADE PELA LEGISLAÇÃO

Mapa de Macrozonas. FONTE: Prefeitura de Santos.


SUBDIVISÃO DA CIDADE PELA LEGISLAÇÃO

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Além disso o território é dividido em seis Macroáreas a partir de suas características urbanas, ambientais, sociais e econômicas similares, em relação à política de desenvolvimento urbano. A Macrozona Continental é contida apenas da Macroárea Continental, com sistemas ambientais preservados, parcial ou totalmente, e zonas residenciais esparsas e de baixa densidade. A Macrozona do Estuário e Canais Fluviais também só possui uma Macroárea que é a Macroárea Estuário e Canais Fluviais onde se apresentam os sistemas ambientais preservados, parcial ou totalmente e usos portuários, turísticos e pesqueiros. A Macrozona Insular possui 4 Macroáreas: Macroárea Morros, Macroárea Noroeste, Macroárea Centro e Macroárea Leste. A Macroárea Morros área com zonas residências de baixa densidade e assentamento precários com diferentes graus de urbanização, com o planejamento para manter as características naturais do território. A Macroárea Noroeste área com zonas residências de baixa densidade e assentamento precários incentivar a verticalização e a ocupação dos vazios urbanos com Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social – EHIS. A Macroárea Centro área urbanizada com estabelecimentos comerciais e de prestação de


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SUBDIVISÃO DA CIDADE PELA LEGISLAÇÃO

serviços, habitações, pretende-se incentivar a proteção do patrimônio cultural. A Macroárea Leste área urbanizada incentivo a novos modelos de ocupação, principalmente nas áreas do Porto minimizando os problemas com amalha urbana existente.

Mapa de Macroáreas. FONTE: Prefeitura de Santos.


SUBDIVISÃO DA CIDADE PELA LEGISLAÇÃO

Mapa de Macroáreas. FONTE: Prefeitura de Santos.

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PARTE II - CIDADE E SUAS FUNCIONALIDADES A PARTIR DA ARQUITETURA

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PARTE II - CIDADE E SUAS FUNCIONALIDADES A PARTIR DA ARQUITETURA CIDADE As cidades mais antigas surgiram na Mesopotâmia ao redor do Rio Eufrates onde as pessoas usufruíam das águas fluviais no seu dia a dia. A essência daquele povo se dava pela água. Suas organizações, economia e atividades giravam ao redor do rio. Algumas cidades surgiram por estarem no meio de rotas entre locais distintos. Elas afloraram através dos percursos e pausas das pessoas. De vilarejos, foram crescendo continuamente. Através de um ponto que cresce, aumentando seu raio com as ocupações e eixos de caminhos. As cidades só existem com a ocupação e vivência de cada ser humano agindo no espaço. As cidades ideais surgiram no renascimento com a idealização da arte vista como um resultado único. Assim como Giulio Carlo Argan conta em História da Arte Como História da Cidade, este modelo veio para servir de referência a partir da cidade real. [...] a chamada cidade ideal nada mais é que um ponto de referência em relação ao qual se medem os


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CIDADE

problemas da cidade real, a qual pode, sem dúvida, ser concebida como uma obra de arte que, no decorrer de sua existência, sofreu modificações, alterações, acréscimos, diminuições, deformações, às vezes verdadeiras crises destrutivas. (ARGAN, 2005, p. 73 )

Além de referência ela é exemplo de desenvolvimento. Em constante evolução, mesmo tendo em vista não perder sua essência pode ser vista como um módulo. Com isso podemos perceber alguns múltiplos ou submúltiplos que modifiquem seu tamanho, mas não perca sua natureza. [...] dada uma planta em forma de tabuleiro, centralizada ou estelar, sempre é possível desenhar o mesmo esquema numa dimensão maior ou menor. [...] realiza-se um valor de qualidade eu permanece praticamente imutável com a mudança da quantidade. (ARGAN, 2005, p. 74 )

Com a chegada das industrias a cidade foi perdendo sua característica artesanal. A cidade industrial pode ser vista como a ruptura do equilíbrio que havia entre quantidade e qualidade devido


CIDADE

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aos fluxos migratórios. Hoje, podemos perceber que algumas cidades, de certa forma, ignoram a dimensão humana. Essas características surgiram com as cidades modernistas que tinham os edifícios como prioridades, o que fez com que não dessem a devida importância ao espaço público. Elas não acreditavam na esfera pública como um local de encontro e vivência. Jane Jacobs foi a primeira a ser atendida quando falou que precisávamos repensar na maneira de projetar as cidades. Percebeu o crescimento veloz do tráfego de automóveis e os princípios urbanísticos modernistas com construções individuais, autossuficientes, distanciando as pessoas dos espaços públicos. Podemos perceber as diferentes histórias e conceitos de cidade. O que não podemos esquecer é o papel do cidadão nela. Somos nós que criamos, construímos, ocupamos logo a dimensão humana precisa ser vista como prioridade. É generalizado a intenção de viver em cidades vivas, seguras, saudáveis e sustentáveis. [...] uma preocupação crescente com a dimensão humana no planejamento urbano reflete uma exigência distinta e forte por melhor qualidade de vida urbana. (GEHL, 2013, p. 7)


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CIDADE

Os espaços públicos têm que possibilitar interações e vivência. Eles devem convidar os moradores a caminhar e pedalar nas suas diferentes rotas do seu dia a dia por exemplo.




EIXOS

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EIXOS As ruas são caracterizadas como lugares de passagem. Estruturantes de um município, funcionam como meio de ligação de lugares, são caminhos: [...] os municípios surgiram como resultado da troca entre viajantes pelos caminhos e vendedores vendendo os seus produtos em bancas. Depois as bancas se tornaram prédios e os caminhos viraram ruas, porém a troca entre quem veio e foi e os que ficaram continuou sendo o elemento chave. (GEHL et al, 2015, p. 29)

Em seu início, Santos concentrava sua atividade econômica nos bairros do Centro e Paquetá. Com o movimento do comércio e do porto, esta área também obtinha grande número de habitantes. Após finalização da execução do projeto de Saturnino de Brito e a explosão do mercado imobiliário a cidade iniciou um processo de povoamento de maneira mais organizada. Sua costa sempre atraiu seus habitantes e turistas. Com uma extensão de aproximadamente 8 quilômetros, a orla da praia também se tornou um polo. Com a existência de núcleos distintos foi necessário a criação de percursos. Além do papel de mobilidade que as vias trazem em si, não são só essas suas características.


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EIXOS

Elas são lugares de interação, encontro e memórias. Os eixos que contornam as quadras, são formados pelo leito carroçável, calçada e térreo dos edifícios. Neles desenrolam-se as atividades humanas. Esta comunicação gerada entre o que ocorre com os pedestres e a cidade não se dá somente pelo desenho dos edifícios e desenho urbano. Envolve pessoas, lojas, serviços e usos. É um conjunto de atividades e personalidades que são geradas pela comunidade. Não devemos tratar este assunto como específico e único. As vias possuem característica particulares e possuem sua extensão. Diferente de espaços fechados, com destinação de usos o placemaking traz as atividades para as ruas. Placemaking visa a atração das pessoas. No atual mundo globalizado, os incorporadores vêm isso como: atração de pessoas gera dinheiro. Porém o raciocínio funciona de forma inversa, foca no retorno do investimento executado. O placemaking tem o pedestre como índice estruturador, e o pedestre não exige exclusivamente um espaço físico e sim um lugar. O lugar necessita ter uma conexão afetiva com as pessoas, tem característica emocional. O papel da comunidade é importante, uma vez que o laço emocional não depende estritamente dos desenhistas. Assim como Fred Kent e e Kathy Madden falam (2015, p. 28) “Na Itália, todos


EIXOS

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sabemos o que é uma piazza. É o local de encontro onde as pessoas se reúnem. É um modo de vida.” O objetivo não é de criar um lugar e sim de viver ele, onde as pessoas possam se apropriar. Em Santos fica evidente o laço que as pessoas possuem com a orla da praia. Seja pela relação com a natureza, o jardim da orla com diversas espécies, grande maciço arbóreo segmentando a malha urbana da praia. Pelo conforto de uma via que lida com os diferentes meios de transporte, acatando os ciclistas, pedestres e automóveis. Bem como ser um local onde grande parte da margem das quadras possuí um comércio ou fachada ativa. Gerando uma dinâmica mais funcional eficaz para as pessoas que ali habitam ou usufruem.

Fotografia avenida da praia. FONTE: autora.


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EIXOS

Outros eixos a serem destacado são as avenidas que possuem os canais. Elas possuem o caráter de lugar demarcando as espacialidades da cidade. Visto pela malha urbana geral, podemos perceber que elas são as vias principais por sua largura e conexões que ela gera na cidade. Ela tem um caráter afetivo ao ser uma marca histórica oficial da cidade.

Fotografia encontro praia e cidade. FONTE: instagram.




TÉRREO

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TÉRREO Os andares térreos dos edifícios são locais com potencialidade e possuem destinações e objetivos diversos que diferem através do entorno, finalidade e localização do bloco de edifício. Isso implica na quantidade de pessoas que passam pela área, seu uso específico e intenções. Esta troca de contato entre pedestre e edifício e cidade acontece no térreo. Os pedestres “[...] chegam e vão, se aproximam, entram e saem.” (GEHL et al, 2015, p. 30 ). Existem as pessoas que estão de passagem pela rua, as que são atraídas e usufruem do térreo público e as que tem o edifício como destino. Assim, podemos dizer que existem diferentes classes de encontros imediatos entre as pessoas e os prédios. O movimento de andar ao longo do edifício seria uma caminhada paralela aos prédios ou perpendicular de encontro com a fachada. A fachada do térreo deve chamar a atenção dos usuários que passam nas vias de forma a convidálos a dividir o espaço. Bordas e zonas de transição entre os prédios e os espaços urbanos se tornam o espaço natural para uma ampla variedade de atividades potenciais que ligam funções interiores com a vida na rua. (GEHL et al, 2015, p. 30 )


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TÉRREO

Esta borda, transição entre o espaço interior e exterior do lote é onde deve acontecer o convite ao pedestre. Conforme o pedestre caminha ao longo do prédio ou se aproxima, seu raio de visão diminui. Durante este deslocamento a pessoa consegue observar o volume do edifício, os outros pavimentos, mas conforme ela continua se aproximando do prédio chega uma hora que ela só consegue observar o andar térreo. Então ela observa as portas, janelas, vitrines e letreiros. É essencial a experiência única que o térreo do edifício deve oferecer para de alguma maneira cativar o pedestre. Quanto mais perto a distância da pessoa para com o edifício a relação se torna cada vez mais íntima. Ao nos aproximarmos do edifício os nossos sentidos começam a apurar tudo o que lhe é perceptível. O cheiro, os barulhos, enxergar alguns detalhes que com certa distância não conseguimos enxergar e com isso atingimos o caráter emocional do pedestre. As fachadas térreas impactam emocionalmente mais do que resto do prédio ou da rua que nós sentimos de muito mais distância e com correspondente menor intensidade. Distâncias curtas proporcionam experiências


TÉRREO

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emocionalmente poderosas. (GEHL et al, 2015, p. 30)

A partir de experiências mais agradáveis no térreo, teremos mais momentos, memórias e iríamos gerar um laço afetivo com aquele espaço. Em edifícios com fachadas a ativas, o número de paradas é sete vezes maior que em fachadas passivas, conforme Jan Gehl, Lotte Johansen Kaefer e Solveig Reigstad contam. Eles dizem que alguns estudos apontam que em locais de fachada ativa a velocidades dos pedestres é menor e com ruas mais povoadas e convidativas o número de atividades é maior. Ruas com este tipo de vivência ativam usuários urbanos. Devemos focar na substância de qualidade espacial urbana, gerando a satisfação do viver da cidade, porque não é o número de atividades que indicam uma melhor qualidade urbana e sim as sensações. A substância da qualidade espacial urbana contém premissas de como desenvolver fachadas ativas e da vivência do pavimento térreo. Nós, como arquitetos, podemos preservar este tipo de arquitetura da liberdade do caminhar do pedestre em sua cidade com a filosofia do térreo livre ao projetar. Para implementar uma arquitetura de encontros imediatos é fundamental a análise do existente e suas funções. “A questão não é o que o novo contexto urbano pode fazer para o seu


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TÉRREO

prédio, mas o que o novo prédio pode fazer para o contexto.” (GEHL et al, 2015, p. 35.). Portanto considerar as rotas de pedestres, os edifícios existentes e suas fachadas, e como um novo prédio pode contribuir para aquela região, não só com seu uso, mas também a partir de seu térreo. Existem algumas diretrizes que podem ser usadas para projetar: - Respeitar as linhas de fachadas. - Estabelecer funções do andar térreo que convidem o público (lojas, bares, restaurantes e outros componentes ativos) - Garantir um mínimo de 10 entradas a cada 100 metros de fachada para criar vida e variação ao nível dos olhos - Garantir um mínimo de 4 metros de pé-direito no andar térreo para que se proporcione espaço para as atividades públicas - Estabelecer requisitos de desenho para fachadas, bem como variação, recuos, detalhes e verticalidade. - Reduzir significativamente o aluguel do andar térreo, ara que se garantam unidades pequenas, muitas entradas e uma mistura atraente de unidades frente aos mais importantes espaços e rotas de pedestres. (GEHL et al, 2015, p. 35)


TÉRREO

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Os prédios não devem forçar uma conversa com o pedestre, mas também não devem desconsiderá-lo. O segredo é saber o equilíbrio de até onde ele pode ser convidativo e inativo ao mesmo tempo. Por isso que ao implantar um projeto em uma área já consolidada deve-se pensar na comunicação do projeto com e na situação que ele está inserido. Primeiramente pensa-se na vida, depois no espaço e por último nos prédios. Um dos bairros onde mais existe a interação dos pedestres com seus usos no térreo é o bairro do Gonzaga. Localizado entre o canal 2 e o canal 3 ele possui um ritmo de vida muito denso durante o dia em resposta a uma estrutura urbana de qualidade. O bairro é composto por diferentes usos: residenciais, comerciais e mistos. Com um grande número de lotes com fachada a ativa acaba sendo um lugar de encontro e convida o pedestre para olhar e parar. Essas interações são feitas quando o térreo atinge o pedestre. Sendo convidativo, por meio dos sentidos seja por alguma placa, por alguma música ambiente ou até mesmo pelo olfato.


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TÉRREO

Bairro do Gonzaga FONTE: google earth.

Praça da Independência. FONTE: prefeitura de Santos.




CAMINHABILIDADE

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CAMINHABILIDADE Para ocupar, viver, experienciar a cidade precisamos nos locomover. Ao caminhar temos um destino: o nosso local de chegada. Para isso você só precisa escolher sua rota e ir. Agora quais seriam os fatores que acrescentam a qualidade do seu caminhar? Poderíamos atribuir do ponto de vista dos obstáculos. Em alguns percursos podemos perceber o constante movimento de desvio de objetos urbanos. Seja de canteiros de árvores, postes, equipamento, pontos de ônibus, e outros diversos objetos. Por isso é importante a qualidade dos equipamentos urbanos e sua posição na calçada. Outro motivo que faz diferença na sua rota é a qualidade de sua pavimentação. As vezes este causado pelo seu tipo de material, paralelepípedos por exemplo, ou pela falta de manutenção. Este tipo de problema atrapalha vida principalmente de pessoas idosas, com mobilidade reduzida, cadeirantes e crianças. Logo, uma cidade com bom caminhar necessita atender seus usuários. Mais uma causa que interfere do caminhar se da pela largura das calçadas. Pensando que o usuário pode estar caminhando sozinho ou com um grupo de amigos, a calçada deve dispor de uma largura para que esta experiência seja confortável para qualquer tipo de uso. Com isso a calçada é dividida em duas áreas: o setor do espaço de


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CAMINHABILIDADE

transição, que fica de fronteira com as fachadas dos edifícios e é onde ocorre o caminhar e o setor do mobiliário urbano onde seria o local de pausa, da vegetação e equipamentos públicos. Continuando a falar das calçadas, os espaços de transição são compostos pelas fachadas ativas. Ela tem um importante papel convidativo para os pedestres. Temos bastante tempo para olhar enquanto caminhamos e a qualidade das fachadas térreas pelas quais passamos ao nível dos olhos é particularmente importante para a qualidade do passeio. (GEHL, Jan, 2013 p. 129)

Logo a arquitetura dos edifícios influencia diretamente na qualidade do caminhar. O pedestre tem seu caminho que é atingido pela vida que acontece no nesta zona de transição. O seu percurso te permite viver experiências únicas. Porque ao caminhar, você escolhe o seu destino final e sua rota, porém o que ele encontra durante este percurso é uma surpresa. A caminhabilidade em Santos é facilitada pela sua topografia. A cidade é praticamente plana em sua extensão urbana, o que ajuda você a ter uma rota mais livre, sem ser impedida por escadas e rampas.


CAMINHABILIDADE

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A calçada das avenidas dos canais permite você percorrer por um corredor verde onde seu extremo te leva a praia. Possuí um contraste de um meio urbano de prédios altos com a vegetação representando a natureza. Pelas calçadas largas e maciço verde promete uma caminhada única, onde só quem já caminhou por ali consegue sentir o conforto.

Fotografia canal 3. FONTE: autora.


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CAMINHABILIDADE

Outras possibilidades de diversas rotas são os cortes de caminho que são possíveis pelas galerias existentes no bairro do Gonzaga. Ao invés de ter que contornar a quadra, você pode atravessar ela pelo térreo público destes edifícios.

Galeria ipiranga. Caminhos por dentro da quadra através das galerias. FONTE: imagem google earth.




PARTE III - PROPOSTA PROJETUAL | ESTUDO DA ÁREA - LEITURA DO TERRITÓRIO

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PARTE III - PROPOSTA PROJETUAL ESTUDO DA ÁREA LEITURA DO TERRITÓRIO Com a intenção do estudo de caso na cidade de Santos, o primeiro ato foi a análise da massa vertical na cidade. A diferença que existe da avenida Francisco Glicério (onde era implantada a antiga linha férrea, hoje circula o VLT) até o centro antigo e desta mesma avenida até a avenida da praia.

Estudo verticalidade. FONTE: imagem google earth


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ESTUDO DA ÁREA - LEITURA DO TERRITÓRIO E DOS EQUIPAMENTOS

Conseguimos perceber que é uma área muito mais densa a que tem acesso a praia. Através de visitas ao local, ficou claro o envolvimento imobiliário privilegiado nesta área. Fora que esta parte da cidade é mais abastecida de equipamentos, comércio e estrutura urbana de maior qualidade. Com isso catalogo este eixo com grande potencial, devido sua barreira invisível.

LEITURA DOS EQUIPAMENTOS Na próxima etapa, fiz um levantamento dos equipamentos culturais e educacionais na cidade.

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Estudo equipamentos. FONTE: imagem google earth

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ESTUDO DA ÁREA - LEITURA DOS EQUIPAMENTOS E DA MOBILIDADE

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Assim percebo que o eixo que tinha catalogado como barreira pode ser um lugar com bom lugar para se implantar um edifício cultural devido a falta do uso na área.

LEITURA DA MOBILIDADE A área escolhida está localizada no bairro da Encruzilhada. É bem equipada pelos meios de mobilidade. Linhas de ônibus, VLT, e ciclovias são itens presentes na área. No cruzamento de dois eixos viário que cortam a cidade ligando os extremos. Duas grandes avenidas onde circulam muitas pessoas. O entorno tem usos residências e comercias gerando uma boa dinâmica no dia a dia do local.

Estudo mobilidade. FONTE: imagem google earth



PARTE III - PROPOSTA PROJETUAL | ARQUITETURA

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ARQUITETURA Dessa forma, começo a trabalhar com volumes para criar o edifício do Complexo Washington Luiz - Espaço da Arte, Cultura e Lazer. A intenção é permitir que a cidade esteja presente no edifício. E pela arquitetura, procuro resolver estas questões pelo térreo, volumes abertos e conversas dentro do edifício com a parte externa.

Croqui espacialidade quadra. FONTE: autora.

Croqui espacialidade quadra. FONTE: autora.

Estes são alguns croquis das primeiras ideias de implantação. O princípio do pensamento do térreo livre e designando blocos de edifício por meio de espelho d’água e paisagismo.


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ARQUITETURA

Através de alguns estudos de volumetria no lote, chego a uma forma. Dois edifício distintos que se conectam por meio de uma cobertura translucida que concebe uma praça no térreo.

Croqui volumes. FONTE: autora.

Volumes virtuais. FONTE: autora.


ARQUITETURA

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Com o desenvolvimento continuo do projeto, mudo a estrutura e forma do edifĂ­cio por optar por uma planta livre de pilares.

Croqui e volume do desenvolvimento do projeto. FONTE: autora.

Croqui e volume do desenvolvimento do projeto. FONTE: autora.


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ARQUITETURA

A forma final do objeto de projeto acabou tendo sua essência na estrutura treliçada em aço. Como elemento de plasticidade, escolho a treliça para permitir a planta livre. A fachada do edifício é revestida por uma malha de aço onde permite a iluminação natural, a ventilação natural e a conexão do espaço interno com o externo – durante o dia quem esta dentro do edifício está sempre em contato com o que está acontecendo fora dele e durante a noite seu interior sobressai na fachada através de sua iluminação que é vista por quem está de fora através da malha.

Modelo virtual da proposta final. FONTE: autora.


ARQUITETURA

Volume explodido do edifĂ­cio. FONTE: autora.

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ARQUITETURA

Tem como caráter principal a permeabilidade do térreo. O térreo possui vazios interligando ele com o subsolo que acaba se tornando um segundo térreo. Nele ocorrem atividades públicas e espaços abertos para livre uso. A arquitetura convida o pedestre a usar o edifício de forma que o acesso é fácil, por meio da rampa ou escadaria que leva para o subsolo para o uso do auditório e biblioteca ou pelas rampas que levam para o térreo.

Modelo virtual. FONTE: autora.


ARQUITETURA

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Implantação térreo. FONTE: autora.

Planta do subsolo. FONTE: autora.


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ARQUITETURA

Podemos ver no corte como o edifício funciona como um todo. Seus cheios e vazios, diferentes usos, circulação vertical por meio rampas ou escadas ou elevadores. A treliça como fechamento e plasticidade permitindo a visão do lado de fora.

Corte AA. FONTE: autora.

Planta 1º pavimento. FONTE: autora.


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Planta 2º pavimento. FONTE: autora.

No primeiro pavimento temos a área de exposições e salas de dança e laboratório. No segundo pavimento temos as salas de aula, sala de música e área técnica. O terceiro pavimento é o setor dos esportes. Possui uma quadra e piscina para prática esportiva e seus vestiários.

Modelo virtual da circulação vertical. FONTE: autora.


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ARQUITETURA

Planta 3º pavimento. FONTE: autora.

No último pavimento temos o fechamento em brise que permite a entrada de ventilação natural no edifício. A cobertura é feita de telhas translucidas para a iluminação natural.

Modelo virtual da área da piscina. FONTE: autora.


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Corte BB. FONTE: autora.

Nos corte BB e CC podemos ver a relação do edifício com a cidade. No corte BB enxergamos a escadaria que aparece de maneira suave no desenho, unindo o pedestre com o subsolo. Vemos o mirante que fica em cima do foyer do auditório. No corte CC conseguimos ver a circulação vertical do edifício.

Corte CC. FONTE: autora.


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ARQUITETURA

Modelo virtual destacando o material da fachada. FONTE: autora.

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2. 1. Detalhe do encaixe da malha de aรงo na base de aรง inox em vista. 2. Detalhe da porca de seguranรงa encaixada no perfil metรกlico. FONTE: autora.

Detalhe vista do material da fachada - malha GKD. FONTE: Hunter Douglas.


ARQUITETURA

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Modelo virtual. FONTE: autora.

Por fim, temos as elevações. Seu volume no entorno imediato. As fachadas se destacando ao meio urbano, porém com a malha de aço suavizando a robusta treliça metálica.

Elevação BB. FONTE: autora.

Elevação AA. FONTE: autora.


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Modelo virtual. FONTE: autora.

Elevação DD. FONTE: autora.

Elevação BB. FONTE: autora.


ARQUITETURA

Modelo virtual. FONTE: autora.

Modelo virtual. FONTE: autora.

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CONCLUSÃO

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CONCLUSÃO O trabalho executado aborda a cidade de Santos a partir dos seguintes temas: estrutura urbana, organização legislativa, e os conceitos para a relação entre pedestres e cidade funcionarem de uma maneira melhor. Com estes estudos conseguimos perceber os impactos que geram mudanças nos espaços da cidade. Decorrente de tais fatores influenciadores e da sua atuação conjunta com o surgimento do plano sanitário da cidade de saturnino de brito, molda-se a malha viária dividida em eixos principais, secundários e terciários . A posteriori, conseguimos ver obras de mobilidade anexa com a implantação das ciclovias, visto que este meio de locomoção cresce continuamente na cidade. Em função da divisão do meio físico da cidade, pudemos enxergar o mesmo processo quanto ao meio legislativo. A cidade é dividida em três macrozonas: Macrozona Insular, Macrozona Continental e Macrozona do Estuário e Canais Fluviais. Dentro destas macrozonas, possuem outras seis macroáreas: Continental, Estuário e Canais Fluviais, Morros, Noroeste, Centro e Leste. Na parte dois estudamos diferentes tipos de cidades e seus respectivos conceitos. A interação entre pedestres e cidade, eixos, térreos e o caminhar. Cada qual com sua comparação com determinada área de Santos para ver sua utilidade funcional a partir dos conceitos.


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CONCLUSÃO

E por último, como estudo de caso apresento o projeto elaborado em vista todo o estudo da cidade, seus conceitos e efetuado um equipamento cultural para determinada área da cidade aplicando os conceitos de térreo permeável, conexão interno x externo e o elemento estrutural como caráter plástico.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARRIÇO, José Marques, O Plano de Saneamento de Saturnino de Brito para Santos: construção e crise da cidade moderna. Risco: Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (Online), São Carlos, n. 22, p. 30-46, dec. 2016. ARGAN, Giulio Carlo. “Cidade Ideal e Cidade Real” in: História da Arte como História da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 73-84. GEHL, Jan. Cidades para pessoas ,2013. KARSSENBERG, Hans. A Cidade ao nível dos olhos – lições para os plinths, 2015.




Elementos morfológicos da Cidade de Santos – Um olhar para o plano de Saturnino de Brito descreve o contexto em que a cidade de Santos se encontrava quando foi realizado o plano sanitário por meio dos canais de drenagem e as zonas em que são estabelecidas pelo Plano Diretor da cidade. Além disso, analisa os conceitos de autores como Giulio Carlo Argan, Jan Gehl e Hans Karssenberg sobre elementos da cidade e compara com aspectos do município. Por fim, insere uma proposta projetual através de todo o estudo de conceituação explorado.


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