Revista Pulo do Gato

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MURAL PET

D in รก Coby

Rosa e Tito

Cora


DONO OU TUTOR: QUAL TERMO DEVE SER EMPREGADO A QUEM POSSUI PETS?

O universo dos animais de companhia, hora ou outra, encontra uma nova polêmica a ser debatida: dieta vegana, alimentação natural, comportamento e tantas outras. Uma das questões amplamente comentadas é a seguinte: quem possui um pet deve ser chamado de dono ou tutor? A médica-veterinária, Renata Répeke Gomes, lembra que, há alguns anos, era costume as pessoas falarem “dono de animais”. “Com o tempo, fomos modificando esse pensamento e passamos a utilizar ‘tutores de animais’, pois deveríamos tutelar, ou seja, orientar os pets em seu crescimento evolutivo. Porém, ainda hoje, ouvimos muitas pessoas dizendo ‘proprietários de animais’, o que também nos remete a ‘donos’, porque a palavra nos traz a lembrança de propriedade, que vem do latim “proprietas”, aquilo que nos pertence, da qual somos ‘donos legais’”, elucida. Segundo Renata, quem trabalha no ramo pet, já ouviu de muitas pessoas coisas como “o animal é meu e eu deci-

do o que fazer”, a fim de justificar qualquer atitude responsável ou não. “Caso a pessoa decida fazer algo que prejudique o animal, poderá perder a guarda do mesmo e até sofrer processos, multas e penas legais de proteção aos animais”, lembra. Por conta dessa reflexão, de qual a função dos animais nas vidas das pessoas e qual a função das pessoas na vida dos animais, que foram, aos poucos, ocorrendo a mudança na forma de se referir aos donos de animais como tutores. “Com relação aos animais, a palavra tutor acaba se encaixando melhor, já que o significado é: indivíduo que exerce uma tutela, aquele que ampara, protege, guardião”, aponta. O cuidado na terminologia revela uma mudança moral positiva. A convivência entre o tutor e o tutelado deve ser construída a fim de proporcionar o desenvolvimento conjunto, como em qualquer outra relação. Porém, cabe ao ser humano (tutor) que escolheu a companhia de um pet (tutelado) proporcionar cuidados e proteção de forma responsável, lembrando que, o livre ar-

bítrio do tutor não lhe confere a posição de proprietário, mas, sim, de um responsável pelo bem-estar do pet ao seu lado. Mas, como lembrado por Renata, além de nomenclaturas, é preciso ir além: “A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam, no Brasil, mais de 30 milhões de animais abandonados. É essencial saber dos requisitos importantes para se tornar um tutor responsável, entendendo e conhecendo mais sobre eles e, por fim, se organizar para adotar ou comprar, considerando a posse responsável, os gastos, os cuidados, os bônus e ônus dessa decisão”, comenta. Para Renata, antes de adquirir um animal deve-se considerar alguns pontos, como avaliar os recursos financeiros para gastos com veterinário, vacinação, alimentação, conhecimentos das características físicas e comportamentais do animal, obter aprovação e apoio de toda a família para receber e cuidar do novo integrante, manter um ambiente e espaço físico adequado, entre outros.


POR QUE ACHAMOS QUE OS Cachorros parecem quase que biologicamente incapazes de esconder seus sentimentos: o abanar dos rabos, tremedeiras, pequenos sons de excitação ou descontentamento entregam se o animal está com raiva, feliz, triste ou ansioso. Gatos também têm uma linguagem corporal sofisticada: o humor deles pode ser inferido pelo movimento dos rabos, os pelos ouriçados, a posição das orelhas e dos bigodes. O ronronar do gato, por exemplo, normalmente (mas nem sempre) indica contentamento. Observar o comportamento desses bichos costuma ser um método seguro para detectar se eles estão num momento sociável ou se é melhor deixá-los em paz. Enquanto podemos ter certa segurança dos laços de um cachorro conosco, gatos ainda gozam de uma imagem relativamente negativa, embora já sejam usados como animais

domésticos há milhares de anos. A independência deles, que muitos enxergam como bônus, é frequentemente associada a egoísmo e individualismo. Os detratores dos felinos argumentam que eles só mostram afeição para obter comida. Donos de gatos replicam que nada disso é verdade e que os seus laços com o animal são fortes. Por que, então, a imagem de que os gatos não são bichos amigáveis permanece?

Gatos são um “ dos únicos animais antissociais que foram domesticados”

IMPACTO DA DOMESTICAÇÃO Os primeiros gatos domesticados começaram a aparecer nos vilarejos neolíticos do Oriente Médio cerca de 10 mil anos atrás. Eles não dependiam dos humanos para comida— eram encorajados a buscar alimentos por si próprios e a armazenar a comida em locais seguros de ratos e outros animais. Portanto, nosso relacionamento com gatos já começou com a imposição de um distanciamento maior que no caso dos cães.

O gato que está enrolado no seu sofá e olhando para você do topo da estante de livros compartilha muitos dos instintos de seu seus ancestrais pré-domésticos, como o desejo de caçar sozinho e de patrulhar o território, protegendo-o de outros gatos. O processo mais recente de domesticação de felinos, que implica em torná-los dependentes de nós para alimentação, não retirou deles todas as suas características selvagens. “Gatos são um dos únicos animais antissociais que foram domesticados. Os outros animais que domesticamos formam laços sociais com outros membros da mesma espécie”, ressalta.


GATOS SÃO “ANTISOCIAIS” Mesmo os gatos domesticados ou que convivem em centros urbanos e vilas povoadas integram um amplo espectro. Os gatos ariscos de rua costumam se esconder e fugir de humanos, se comportando mais como seus ancestrais selvagens.

Eles querem sua “decomida, seu local dormir

O QUE TORNA UM GATO MAIS SOCIÁVEL? A velocidade da vida moderna, que deixa pouco tempo para que possamos cuidar de diferentes afazeres e de outros animais, tem favorecido a popularidade dos gatos como bichos domésticos. Pesquisas sobre as emoções e a sociabilidade dos gatos estão muito menos desenvolvidas que aquelas que versam sobre cachorros, embora atualmente tenham ganhado espaço nos últimos tempos. Alguns estudos já mostram que a sociabilidade dos gatos em relação a humanos é um espectro complicado.

e sua água nos lugares certos.”´

Mas, em locais como o Mediterrâneo e o Japão, colônias de “comunidades de gatos” povoam vilas de pescadores e socializam com qualquer pessoa que se interesse em alimentá-los. Gatos relaxados tendem a querer fazer amigos Nossa inabilidade histórica de perceber o temperamento dos gatos como diferente do de cachorros é parte do problema.

Preste atenção na forma como gatos se esfregam nos donos. Isso costumava ser interpretado como uma maneira de marcar território, assim como gatos selvagens fazem em árvores e outros marcos naturais. Na realidade, quando os felinos domesticados fazem isso com pessoas, é um sinal de afiliação - o gato está transferindo seu cheiro para a sua pele, ao mesmo tempo em que atrai o seu cheiro para o pelo dele. E há uma questão chave: gatos relaxados e tranquilos tendem a querer fazer amigos. Eles querem sua comida, seu local de dormir e sua água nos lugares certos. Quando conseguem isso, abrem espaço para explorar laços sociais. Da próxima vez que você chegar em casa e encontrar o gato silenciosamente te olhando do sofá ou preguiçosamente bocejando enquanto caminha pelo corredor, não fique desapontado. Da sua própria maneira slenciosa, ele está demonstrado felicidade em te ver.


POR QUE OS GATOS

RONRONAM ?

Sem dúvidas é o sinal mais reconhecível de satisfação animal: um som áspero que o gato emite ao receber carinho, a trilha sonora de incontáveis sessões deitado no colo do dono. Mas essa não é a história inteira. Há muito mais por trás do ronrom do gato que você pode imaginar. Até mesmo a forma como os gatos ronronam já foi discutida. Alguns achavam que estava ligado ao fluxo de sangue para a veia cava inferior, uma veia que carrega sangue desoxigenado para o lado direito do coração. Mas pesquisas apontaram que era mais provável que o barulho viesse dos músculos na laringe do gato. Conforme eles se movem, dilatam e contraem a glote - a parte da laringe que cerca as cordas vocais - e, assim, o ar vibra toda vez que o gato respira. O resultado? Um ronrom.

Apesar da ciência ter certeza hoje de que esse é o processo que produz o som, não há uma resposta definitiva para o que aciona essa resposta. A maior pista é um oscilador neural que fica nas profundezas do cérebro felino, algo que parece não ter propósito algum além desse. Mas se esse oscilador neural é acionado, é apenas quando um gato está feliz? Marjan Debevere é uma fotógrafa de gatos para adoção em Londres que atualmente estuda psicologia felina. Ela diz que parte do mistério do ronronar está no fato de que só percebemos que os gatos estão ronronando “quando fazemos carinho em lugares que eles gostam”. Mas eles também ronronam quando não estamos por perto e a amplitude do ronronar varia de um para outro. “Todos os gatos são diferentes, alguns nunca ronronam e outros ronronam constantemente”, diz ela.

“Nós estamos apenas começando a entendê-lo e há muito mais perguntas não respondidas do que respondidas”, diz Gary Weitzman, um veterinário e CEO da Sociedade Humana de São Diego, nos EUA. “Enquanto o ronronar geralmente representa satisfação para os gatos, também pode expressar um estado nervoso, medo e estresse. Felizmente, na maioria das vezes é um indicador de satisfação.” “Especula-se há décadas que o ronronar era uma forma de comunicação. No começo dos anos 2000, criamos hipóteses de que o ronronar tinha outros propósitos além desse. O trabalho de Elizabeth von Muggenthaler, Karen Overall e outras pesquisadoras nos levou a um entendimento melhor do propósito do ronronar. É provável que o ronronar tenha propriedades de comunicação, apaziguamento e até de cura”, diz Weitzman.


F ra n ci sq u in h a

B ar th o e M ar ia

Adivinha quem APARECEU...

RuPaul Dadinho



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