ESPAÇO DE TRANSCENDÊNCIA NOVA CENTRAL DA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL - UBERABA, MG TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - 2017 ARQUITETURA E URBANISMO GABRIEL CRUCIOL
Caderno de projeto apresentado como trabalho final de graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Gabriel Henrique Cruciol Xavier Orientadora: Fernanda Gomes Campos
UBERABA 2017
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................4 2. O UNIVERSO RELIGIOSO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE.............................5 2.1 Cristianismo: A sacralização das artes e dos templos................................7 2.2 Pentecostalismo: uma nova relação entre arquitetura, arte e o sagrado........11 3. BREVE HISTÓRICO DA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL.......................14 3.1 Seus costumes, liturgia e relação com a música sacra.................15 3.2 Sua identidade arquitetônica.....................................................................17 3.3 CCB e sua identidade arquitetônica em Uberaba.......................................22 4. PROJETOS REFERENCIAIS..........................................................................24 4.1 Igreja da luz..........................................................................25 4.2 Igreja sobre a água...............................................................28 4.3 Capela da Fazenda Veneza....................................................31 4.4 Igreja de São Josemaria Escrivá....................................................34 4.3 Igreja Metodista do Norte - Dalman Architecture........................................36 5. PROJETO DA NOVA CCB CENTRAL EM UBERABA.......................................39 5.1 A escolha do local...................................................................................41 5.2 Entorno e seus aspectos..........................................................................46 5.2.1 Figura-fundo.................................................................................50 5.2.2 Gabarito........................................................................................51 5.2.3 Uso do solo...................................................................................52 52.4 Hierarquia viária..............................................................................53 5.3 Característica do terreno...........................................................................54 5.4 Conceitos e premissas do projeto..........................................................57 5.4.1 Programa de necessidades.............................................................59 5.4.2 Estudos Iniciais.............................................................................61 5.5 Estudo preliminar (em desenvolvimento).................................................... 6. BIBLIOGRAFIA............................................................................................68
RESUMO A arquitetura sempre se relacionou de alguma forma com o modo em que vivemos, e os reflexos das diversas culturas são algo que interferem grandemente nos espaços construídos, principalmente nos que abrigam a religiosidade dessas culturas. Estudar a arquitetura religiosa de determinada cultura ou até mesmo de uma específica vertente religiosa não é uma tarefa simples e requer uma abordagem delicada, visto que estes espaços sempre carregam uma grande carga simbólica para a sociedade. Se a sociedade, em geral, está em continua evolução, quais seriam as causas pelas quais estas arquiteturas não acompanham plenamente esta evolução tão perceptível nas demais arquiteturas? Portanto, o objetivo deste trabalho é propor a atualização da arquitetura da Congregação Cristã no Brasil, por meio de um novo templo central na cidade de Uberaba/MG, que trabalhará os aspectos contemporâneos da arquitetura e a relação entre crença e o espaço construído. Palavras-chave: arquitetura religiosa, templo, identidade arquitetônica, Congregação Cristã no Brasil.
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INTRODUÇÃO
Existem diversas religiões e crenças espalhadas pelo mundo, cada uma com seus costumes, culturas e locais sagrados. as viagens curriculares durante o período acadêmico, possibilitaram visitar alguns destes locais sagrados de diferentes períodos no Brasil. Com base nessa vivência e no cenário atual da arquitetura, percebeu-se que as residências, comércios, instituições e demais construções vêem renovando sua arquitetura constantemente, enquanto que a arquitetura religiosa parece não acompanhar tal evolução. São poucos os estudos sobre a identidade arquitetônica de templos religiosos, principalmente dos templos pentecostais pois pertencem a uma vertente religiosa que, mesmo sendo relativamente nova, é bastante conservadora.
Segundo Abumansur (2004), “a arquitetura religiosa sempre expressou diferentes entendimentos a respeito de Deus e das coisas sagradas e o tipo de relação que se estabeleceu com elas”. Partindo desta colocação, mostra-se necessário entender como os templos pentecostais contemporâneos conseguem estabelecer esta relação com o sagrado, mesmo na ausência de representações iconográficas devido a cultura e os costumes desta denominação religiosa. A arquitetura dos templos da Congregação Cristã no Brasil, portanto, deve ser observada a partir desta perspectiva. E a presença de elementos que remetem ao neoclássico, neogótico e neocolonial em seus templos, bem como o modo em que estes espaços religiosos surgem e funcionam nas cidades, e assim, propor uma arquitetura contemporânea que condiga com seu contexto e cultura. Para isso, serão estudados projetos de arquitetura religiosa que possam contribuir não só como inspiração, mas como exemplos onde esta tênue relação entre o sagrado e o concreto se tornam presentes.
Para Ayrton Carvalho (et al,1978), esta evolução rquitetônica pode sim ser vista na arquitetura religiosa, porém, seu caráter conservador e os diversos paradigmas e dogmas que a envolvem podem ofuscar o brilho desta renovação. Sobre isto, ele acrescenta que: Ora, as transformações por que passou a arquitetura religiosa, juntamente com a civil, durante esse longo período, obedeceram a um processo evolutivo normal, de natureza, por assim dizer, fisiológica: uma vez que quebrado o tabu das formulas neoclássicas renascentistas, gastas de tanto se repetirem, ela teria mesmo de percorrer. (CARVALHO, Ayrton et al. 1978)
Portanto, o resultado final deste estudo consistirá em uma proposta arquitetônica para um novo edifício da Congregação Cristã no Brasil, em Uberaba, Minas Gerais. Tendo como base a reflexão sobre a arquitetura pentecostal na contemporaneidade, explorando o potencial da arquitetura em gerar sensações e emoções nos usuários, entendendo e aplicando as condicionantes do conforto ambiental, com foco nas condições de acústica, hidrotérmica e visuais. E por fim, propondo soluções construtivas e tecnológicas sustentáveis, que contribuam com a diminuição do impacto gerado por essas arquiteturas em seu entorno.
Sendo assim, o presente trabalho pretende estudar os aspectos da arquitetura pentecostal, mais precisamente da identidade arquitetônica da Congregação Cristã no Brasil, que é a primeira igreja Pentecostal em solo nacional. Com auxilio destes estudos e reflexões, pretende-se elaborar uma proposta para uma nova central desta denominação religiosa na cidade de Uberaba, buscando trabalhar o conforto ambiental com soluções construtivas e tecnológicas sustentáveis, considerando as relações entre a arquitetura, seu entorno e o simbolismo aos templos.
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O UNIVERSO RELIGIOSO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
Estudar a origem das religiões e crenças, ou então buscar entender quando exatamente elas surgiram é uma tarefa árdua e requer uma leitura aprofundada e interdisciplinar. Alguns dados são fruto de estudos deduzidos por historiadores, visto que na pré-história não éramos providos de documentações escritas. Portanto, partiremos dos resultados obtidos por meio da arqueologia, pelos quais poderemos entender o contexto do surgimento das principais crenças e religiões, bem como os aspectos de seus pensamentos que se refletem diretamente em suas arquiteturas. Segundo estudos arqueológicos, as primeiras manifestações de crenças surgiram juntamente com as primeiras preocupações ideológicas da humanidade, e são datadas do período Paleolítico Superior, período esse que foi marcado pela arte rupestre e pela domesticação dos animais. Foram as artes rupestres deixadas por estes povos primitivos que hoje nos ajudam a entender em que momento da história o homem sentiu a necessidade de ter uma relação com seu transcendente (Lévêque 1996). Lévêque (1996) ao descrever as produções plásticas dos caçadores, relata que as artes rupestres foram, por um longo período de tempo, a principal forma de expressão não-verbal destes povos. Estas artes eram compostas por símbolos, elementos da natureza e elementos humanos desenhados em blocos rochosos e no interior de cavernas. Havia uma espécie de misticismo ou mágica envolvendo tais representações artísticas. E sobre isso, Childe(1981) acrescenta que:
Figura 1- Pintura rupestre na caverna Lascaux, na França. Disponível em: <http://www.historiadigital.org> Acesso em: 05/04/2017
Os registros da arte dessa sociedade pré-histórica, nos levam a crer que as figuras eram expressas de forma ritualística, pois tal misticismo ali presente demonstra uma relação com os fenômenos naturais, como, por exemplo, o calor e o frio, a luz e as trevas, e até a vida e a morte. Segundo Childe (1981) estas sociedades primitivas acreditavam que tais elementos eram controlados por deuses e espíritos, ainda que tais palavras “deuses” e “espíritos” nem existissem neste período. Este ar místico envolvido na arte rupestre e o fato de serem expostas no interior de cavernas e grutas, faz-nos questionar se, para aquelas sociedades, estes locais onde pintavam já possuíam uma espécie de caráter “sagrado” ou contemplativo.
Na verdade, era tão importante essa arte mágica no consenso da sociedade do paleolítico superior que os magos-artistas podem ter sido dispensados das tarefas práticas de caçar para se concentrar na execução de um ritual que se julgava mais produtivo. Receberiam uma parte do resultado da caça como recompensa de uma participação puramente espiritual em suas peripécias e perigos. Pelo menos, aquelas figuras são tão magistrais que parecem o trabalho de artesãos treinados e especializados. [...] (CHILDE, 1981, p. 43)
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Neste sentido, Eliade (2001), ao abordar a temática do “espaço sagrado e o espaço profano”, relata que as pinturas estão sempre em lugares altos, de difícil acesso e, geralmente, são lugares contemplativos e centralizados, possibilitando uma visão geral. Eram estas cavernas e grutas que abrigavam os povos da ira das forças da natureza (que neste momento eram entendidas como intervenções dos deuses e espíritos). Portanto, nota-se que o homem pré-histórico já atribuía naturalmente diferentes valores para os locais de acordo sua relação com as expressões místicas ou com as atividades neles desempenhadas. Não se sabe exatamente em que momento a humanidade começou a produzir locais dedicados exclusivamente para prática de suas crenças e culturas. Segundo Eliade (2001), a necessidade destes espaços surgiu naturalmente com o desenvolvimento da própria cultura e do aprimoramento das habilidades construtivas das sociedades primitivas. Aspecto este que pode ser notado em diversos locais no decorrer da história, como é o caso do Stonehenge, no Reino Unido, e das pirâmides do Egito.
Figura 2 - Stonehenge no Reino Unido. Disponível em: <http://whc.unesco.org/> Acesso em: 04/08/2017
Mas a arqueologia também possibilitou estudar outras centenas de crenças e religiões que surgiam por todo planeta, e com os avanços na história da humanidade, logo, estas crenças e religiões foram se agrupando em sistemas. Estes sistemas se dividem em politeísmo, panteísmo e monoteísmo, e auxiliam no entendimento das religiões e crenças existentes na história, com base nas suas especificidades e características que, por sua vez, são vinculadas ao período, localização e sociedades nas quais surgiam (Kuchenbecker,1998). Cada religião, portanto, desenvolveu sua própria expressão plástica e arquitetônica, e o templo como local para práticas religiosas surgiu em diferentes momentos em cada uma delas.
Figura 3 – Complexo de Pirâmides de Giza a Dahchur, que forma a necrópole de Mênfis, no Egito. Disponível em: <http://whc.unesco.org/> Acesso em: 04/08/2017
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2.1 Cristianismo: A sacralização das artes e dos templos O cristianismo, segundo Kuchenbecker (1998), é uma religião monoteísta e surgiu com o nascimento de Jesus Cristo de Nazaré. Esta religião é considerada uma das maiores do mundo, sendo a única a ter o título de “grande religião” por envolver diferentes fiéis católicos, protestantes e ortodoxos, em vertentes que se diferem em alguns aspectos específicos.
Estas pinturas eram quase sempre retratos de importantes momentos e passagens bíblicas. Tais obras tinham alguns traços da arte helenística e eram usadas como forma de ilustrar estes momentos da bíblia para os cristãos que, na grande maioria, eram analfabetos. Porém, estas imagens ganhavam um caráter sagrado para eles, pois por meio delas o fiel se sentia mais próximo das divindades cristãs (Gombrich, 1999).
Sua colaboração para o desenvolvimento da arquitetura mundial é bastante importante, e o início desta preocupação com a arte e arquitetura é datado do século II ao III, período esse em que o cristianismo estava ainda em sua formação. Segundo Gombrich (1999), os primeiros indícios de um estilo artístico único do cristianismo e que marca o início de sua iconografia surgiram com as pinturas nas paredes das catacumbas romanas, locais estes que eram usados pelos cristãos para suas reuniões, pois eles eram caçados pelo império neste período da arte Paleocristã.
Somente em 330 d.C. com o reconhecimento do cristianismo como religião oficial do Império Romano é que as perseguições aos fiéis acabaram, fato viabilizado pelo Imperador Constantino. Inicia-se, então, uma nova fase da arquitetura cristã, onde a simplicidade e modéstia da catacumba dá lugar às “basílicas” – do grego basilikos, que significa casa real. De acordo com Gombrich (1999), elas eram grandes edifícios de planta retangular que tinham como principal uso os encontros comerciais e de assuntos judiciais. Com o fim da perseguição aos cristãos, os romanos cederam algumas de suas basílicas para que os fiéis se encontrassem.
Figura 4 – Pintura na parede da catacumba de Calisto. Disponível em: <http://www.catacombe.roma.it/en/simbologia.php> Acesso em: 06/08/2017
Figura 5 – Pintura artístico ilustrando o interior da Basílica de S. Pedro – 330 d.C. Disponível em: <http://www.vatican.va/various/basiliche/san_pietro/index_it.htm> Acesso em: 06/08/2017
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A Igreja Cristã passa, então, a ser vinculada ao império, e a liberdade de se construir novos templos acaba sendo alcançada por volta do século IV, fato que facilitou - e muito - o caminho para os fiéis. Sobre isso, Benevolo (1987) diz que: Quando é concedida aos cristãos a liberdade para construírem os seus templos, a arquitetura pagã encontra-se no auge de suas possibilidades técnicas [...]. Os construtores dos edifícios cristãos baseiam-se necessariamente nesta herança, mas efetuam uma viragem aparentemente brusca e decidida que determina uma linha original de experiências. (BENEVOLO, 1987, p. 72).
Com o surgimento desta arquitetura própria do cristianismo, a relação dos fiéis com o espaço de reunião se torna maior, e consequentemente a sua consideração de que tal lugar é um lugar “sagrado” também cresce. A arte ganhou espaço para se desenvolver e enriquecer, e seu papel se tornou cada vez mais fundamental na composição interna do templo, não apenas por meio de pinturas, mas agora com as esculturas estrategicamente posicionadas em relação aos elementos arquitetônicos.
Figura 6 – Interior do mausoléu de Santa Constanza. Disponível em: <http://www.santagnese.org> Acesso em: 07/08/2017
Mas, no que diz respeito às pinturas e esculturas, não se pode negar que, de fato, eram de imensa importância para a igreja e que já estavam impregnadas na cultura cristã. Porém, com o passar do tempo, alguns devotos começaram a se questionar sobre tais obras de arte, e surgiram, inclusive, algumas reformas dentro do cristianismo. Destas reformas, nasce a base do pensamento “iconoclasta” – que se opõe à iconofilia, ou seja, que é contra adoração e uso de tais imagens. Isto se deu principalmente com as esculturas, pois elas se assemelhavam com as esculturas pagãs. Sobre este risco eminente para a arte cristã, Gombrich (1999) diz: [...] Mas, embora todos os cristãos devotos pusessem objeções às
Sobre a sacralização dos espaços arquitetônicos, Eliade (2001) nota que o cristão já não vê mais as basílicas e os novos edifícios com os mesmos olhos com que vê o restante da cidade. Pois se estes templos são os locais onde se pode conversar com Deus, e é nele que estão as artes miméticas como pinturas e esculturas que representam as suas divindades, logo, este é o único local que se pode estar mais próximo de Deus. O exemplo destes edifícios sagrados que surgem por volta do século IV como apoio às novas basílicas, são os batistérios (locais para celebração do batismo) e os mausoléus (túmulos), ambos com plantas centradas e cúpulas nas salas centrais. São nessas cúpulas, assim como no próprio teto destes locais, que a arte cristã se apropria para o verdadeiro afloramento da “iconofilia” – amor ou devoção às artes, no caso, as que representam símbolos e divindades cristãs.
grandes estátuas copiadas da vida real, suas ideias sobre pinturas diferiam bastante. Alguns as consideravam úteis porque ajudavam a congregação a recordar os ensinamentos que haviam recebido e mantinham viva a memória desses episódios sagrados. Esse ponto de vista foi principalmente adotado na parte latina, ocidental, do Império Romano. O Papa Gregório, o Grande, que viveu no final do século VI D.C., seguiu essa orientação. Lembrou àqueles que eram contra todas as pinturas que muitos membros da Igreja não podiam ler nem escrever, e que, para ensiná-los, essas imagens eram tão úteis quanto os desenhos de um livro ilustrado para crianças. (GOMBRICH, 1999. p. 135)
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conseguiam aflorar emoções e a espiritualidade nos fiéis, de modo que estes elementos se tornaram marcos importantes nos locais de fé e reflexão até nos dias atuais.
Apesar das diferenças de pensamento entre os fiéis e das diversas reformas ocorridas posteriormente no cristianismo, por volta do século VI, a arquitetura destes templos já estabelecia uma identidade que, futuramente, serviria como base para toda a arquitetura religiosa da Europa, especialmente para os primeiros templos da igreja católica.
As artes, por sua vez, continuaram a se desenvolver. Apesar dos altos e baixos, deram origem a momentos de glória para a arquitetura religiosa. Nestes momentos, os adornamentos arquitetônicos era bastante valorizados, e houve o aparecimento de novos materiais como o ouro no revestimento destes elementos decorativos. Este período pode ser claramente notável nas igrejas rococós e barrocas do Brasil, como é o caso da Igreja e Nossa Senhora do Carmo, em Outro Preto - MG.
Ao longo da história, foram diversas as variações surgidas na arquitetura cristã. Ainda que a iconografia permanecesse estabelecendo seu papel no interior da maioria dos templos, algumas inovações na composição volumétrica do próprio edifício se tornaram notáveis nas catedrais, a partir do século X. A principal mudança, além das várias sofridas na composição externa dos templos, foi a adoção de uma nova linearidade, contendo dois eixos principais - um maior e outro menor - que se cruzavam. Este novo formato de planta ficou conhecido como cruz latina, e também contava com uma maior quantidade de naves (Gombrich, 1999).
Figura 7 – Planta da Catedral de Durham. Disponível em: <https://www.durhamcathedral.co.uk> Acesso em: 08/08/2017
Os melhores exemplos de templos cristãos deste período, e com as características apontadas, são as catedrais góticas. Estes edifícios foram primordiais para o desenvolvimento da arquitetura religiosa, pois exploravam a monumentalidade através da verticalidade, fazendo os fiéis se sentirem pequenos perto de Deus. Este pé direito elevado, juntamente com o uso dos vitrais por onde a luz natural entrava e se difundia,
Figura 8 – Igreja Nossa Senhora do Carmo, Ouro Preto - MG. Fonte: Arquivo pessoal (2013)
As inovações mais notórias na arquitetura cristã só foram ocorrer nos tempos modernos. Os novos ares da modernidade permitiram diferentes interpretações do espaço arquitetônico dos templos, e isto viabilizou o aparecimento de igrejas com volumetrias diferentes das anteriores e com menos ornamentações. 9
Nesta perspectiva, Le Corbusier possuía uma visão peculiar para se projetar novos templos, e a premissa se baseava na aproximação do homem com Deus. Uma das estratégias por ele adotada, e que pode ser vista na capela de Ronchamp, era a de se pensar as plantas diferentes das igrejas anteriores, de modo que o altar ficasse mais próximo dos fiéis, mas sem abandonar a importância simbólica da luz natural e da monumentalidade.
Embora a mudança de uma arquitetura tão conservadora como a religiosa possa parecer um obstáculo, isto não impediu que novas propostas para estas igrejas fossem produzidas, inclusive no Brasil. Um exemplo notório deste período modernista na arquitetura religiosa em território nacional é a Igreja da Pampulha de Oscar Niemeyer, em Belo Horizonte.
Figura 9 – Exterior da Capela de Ronchamp, de Le Corbusier. Disponível em: <http://www.fondationlecorbusier.fr> Acesso em: 08/08/2017
Figura 11 – Igreja da Pampulha, Belo Horizonte. Fonte: Arquivo pessoal (2014)
Mesmo com estes conceitos inovadores surgidos no modernismo, a arquitetura religiosa possui uma essência poética que trespassa os períodos da história. Esta essência consiste em um conjunto de características físicas e simbológicas que variam de acordo com a religião a qual o templo pertence, mas que, independente disso, persiste ao longo dos séculos. Entretanto, esta essência tende a ser interpretada de maneira diferente nos templos pentecostais, e isto permitirá refletir como a espiritualidade se torna possível nestes espaços. Figura 10 – Intrerior da Capela de Ronchamp, de Le Corbusier. Disponível em: <http://www.fondationlecorbusier.fr> Acesso em: 08/08/2017
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[...] A primeira onda é da década de 1910, com a chegada quase simultânea da Congregação Cristã (1910) e da Assembleia de Deus (1911) (...) A segunda onda pentecostal é a dos anos 50 e início de 60, na qual o campo pentecostal se fragmenta, a relação com a sociedade se dinamiza e três grandes grupos (em meio a dezenas de menores) surgem: a Quadrangular (1951), Brasil Para Cristo (1955) e Deus é Amor (1962). O contexto dessa pulverização é paulista. A terceira onda começa no final dos anos 70 e ganha força nos anos 80. Suas principais representantes são a Igreja Universal do Reino de Deus (1977) e a Internacional da Graça de Deus (1980) (...)” (FRESTON, 1994, p. 27)
2.2 Pentecostalismo: uma nova relação entre arquitetura, arte e o sagrado
O pentecostalismo é uma vertente do cristianismo que teve suas origens nas reformas protestantes do século XVI e recebeu grandes influências das ideias reformistas de Calvino e Lutero. O nome deste movimento é originário do Dia de Pentecostes, que é um importante acontecimento ocorrido no período primitivo da crença cristã, sendo relatado na Bíblia, no capítulo 2 do livro Atos dos Apóstolos.
Ao longo da história do desenvolvimento e crescimento destas denominações religiosas, foram muitas as formas de ocupação do espaço urbano por elas adotadas. Seus templos compreendiam desde construções monumentais em lotes privilegiados das cidades, a até mesmo edifícios e galpões que possuíam outros tipos de uso antes de sua aquisição, como o caso de antigos cassinos, teatros, depósitos e comércios.
Segundo Freston (1994), o pentecostalismo em sua essência sempre esteve presente nos diversos períodos do cristianismo, porém, para o presente estudo, será considerado o movimento pentecostal moderno que teve seu nascimento nos Estados Unidos no ano de 1901. Segundo relatos históricos, tudo começou com as reuniões de oração feitas por um grupo de fiéis no Colégio Bíblico Betel, em Topeka, Kansas, Estados Unidos. Destes ajuntamentos surgiram as novas ideias do cristianismo baseadas nas análises teológicas da Bíblia.
O modo em que cada igreja se instala no espaço urbano, de acordo com Abumanssur (2004), vai variar conforme o período em que ela surgiu, sendo que as igrejas que ocupam edificações pré-existentes dando novo uso para as mesmas, em sua maioria, são posteriores à década de 80 e recebem o nome de neopentecostais. Mas o sutil contraste entre as igrejas destas três ondas do pentecostalismo brasileiro vai além de suas formas de ocupação, sendo possível observar tais nuanças também no modo em que elas utilizam as artes, os veículos de comunicação e outras características referentes à sua doutrina específica.
Inicialmente, estes pequenos grupos se reuniam em templos metodistas ou em suas próprias casas com o intuito de passar estas novas ideias, então reveladas. Em 1906, o movimento pentecostal começou a ganhar maior visibilidade e atenção, dando origem a vários novos grupos pentecostais, e logo se espalhou não só nos Estados Unidos, mas também no mundo todo. Os fundamentos estabelecidos neste período foram de grande importância para as igrejas pentecostais da atualidade.
É importante compreender que, no geral, as igrejas pentecostais brasileiras são iconoclasta e por isso buscam não utilizar imagens e esculturas representativas de tudo aquilo que pode ser considerado sagrado. Devido a tal fator, é notável que os templos pentecostais são consequentemente mais simples em sua estética e ornamentação, ainda que características neogóticas e neoclássicas possam ser vistas em vários templos, principalmente nos da primeira e segunda ondas do pentecostalismo brasileiro.
No Brasil, segundo Freston (1994), este fenômeno religioso chegou em 1910 e se divide em três diferentes ondas históricas, cada uma com suas peculiaridades e diferentes formas arquitetônicas, porém, todas provenientes deste mesmo movimento pentecostal moderno. Estas ondas, de acordo com Freston (1994), se dividem da seguinte forma:
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Contudo, o uso da arte dentro da religião não foi totalmente abandonado pelos pentecostais. Pelo contrário, eles continuam usando a arte musical em seus eventos, e na maioria das igrejas desta vertente religiosa a música tem papel fundamental na sua cultura por meio de cantos e hinos. Inclusive, algumas igrejas mais recentes utilizam até mesmo a arte da dança como forma de expressão de sua fé. O uso destas artes, por sua vez, interfere na arquitetura dos templos, seja por meio da necessidade de elementos como palcos ou mesmo pela organização interna, como no caso de igrejas que possuem orquestras e, por isto, necessitam de espaços específicos para os músicos.
[...] Para aqueles a cujos olhos uma pedra se revela sagrada, sua realidade imediata transmuda-se numa realidade sobrenatural. Em outras palavras, para aqueles que têm uma experiência religiosa, toda a Natureza é suscetível de revelar-se como sacralidade cósmica. O Cosmos, na sua totalidade, pode tornar-se uma hierofania. (ELIADE, 2001, p. 26)
Sabendo disso, torna-se mais simples entender esta sacralização dos espaços, no caso, os templos em específico. Entretanto, esta noção de “sagrado” não é algo pertencente ao templo pentecostal, ou seja, para os integrantes destas igrejas o templo em sua natureza não é um local sagrado. Para a maioria deles, sagrada mesmo é a Palavra revelada durante eventos, tais como os cultos que ocorrem nestes templos, e que a espiritualidade e comunhão não depende exclusivamente do local, mas sim da fé de cada indivíduo nele presente.
A arquitetura pentecostal, no geral, também vai se configurar de acordo com as diferentes atividades desempenhadas por cada denominação. Estas atividades variam entre aulas de teoria musical, reuniões administrativas, workshops, atividades infantis, grupos de costura e muitas outras. Mas nem sempre estas estão ligadas diretamente aos cultos e reuniões destas igrejas, mas, às vezes, ocorrem simultaneamente a estes eventos. Por isso, alguns templos destinam espaços específicos para desempenhá-las. Os templos neopentecostais, por sua vez, possuem maior dinamismo em seus templos pois costumam utilizar o mesmo espaço do culto para diferentes usos.
A sacralização, portanto, passa a é atribuída ao culto e principalmente à Palavra sagrada revelada nele, e não mais ao templo físico, sólido, como de costume no cristianismo. Desta forma, os templos pentecostais servem mais para abrigar e oferecer conforto para os fiéis, e suas arquiteturas buscam reforçar a identidade das denominações as pertencem. Abumanssur (2004) coloca que: [...] para as formas de religião pentecostal que encontramos hoje, nos grandes centros urbanos, o templo, esse que Eliade chamou de espaço sagrado, é um não-lugar. Da mesma forma que a beleza, em uma obra de arte abstrata, não pertence ao objeto, o sagrado em um templo pentecostal também não é um atributo daquele espaço. (Abumansur, 2004, p.189)
Mas como podemos considerar o templo como um local sagrado e os demais locais do cotidiano como profanos, sendo que estes templos são quase sempre muito simples e desprovidos de imagens sagradas? Primeiramente, é necessário entender a subjetividade presente no termo “sagrado e profano”. Abumanssur (2004, apud ELIADE, 2001) diz que mesmo que um indivíduo considere algo sagrado, “aquilo não deixa de ser o que é em sua natureza, sendo assim, a grande diferença está nos olhos do observador e não no objeto observado”. Eliade (2001) acrescenta:
Obviamente, esta relação de aparente distanciamento entre a arquitetura e o sagrado é mais notável nos templos neopentecostais, porém, em todas as ondas do pentecostalismo é possível observar tal relação. E esta característica, que como visto, gerou, e continua gerando, reflexos na estética destes templos, abre um leque de novas oportunidades para se trabalhar a arquitetura de novos templos a partir desta perspectiva mais leve, relativa e simplificada. 12
Ao estudar a cultura pentecostal foi possível notar uma potencialidade que permite novas reflexões sobre suas arquiteturas, de forma que o programa de necessidades e a própria organização espacial destes templos não mais dependem da antiga tradição herdada do cristianismo em sua origem. Por fim, isto servirá de base para as diretrizes projetuais a serem tomadas no projeto, assim como na definição do conceito para a nova central da Congregação Cristã no Brasil em Uberaba.
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BREVE HISTÓRICO DA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL
A Congregação Cristã no Brasil é uma comunidade religiosa inteiramente fundamentada na doutrina e fé apostólicas contidas no Novo Testamento da Bíblia Sagrada. Estudar sua história tem se mostrado um desafio, visto que ela surgiu a pouco mais de 100 anos e não possui um vasto acervo histórico documentado. Sendo assim, a contribuição para este capítulo e as informações aqui dispostas foram obtidas por meio de livretos e relatórios cedidos pela administração e ministério desta igreja. A Congregação Cristã no Brasil - CCB, como é popularmente conhecida - teve suas origens num pequeno grupo de italianos evangélicos da cidade de Chicago nos Estados Unidos. Em 1904, esse grupo passou a se reunir em suas casas com intuito de estudar os ensinamentos bíblicos e segui-los segundo a simplicidade da fé apostólica. Este grupo começou a aumentar em quantidade de membros e logo deu origem a mais grupos em várias cidades dos Estados Unidos. Um dos integrantes destes grupos foi o italiano Louis Francescon, considerado o principal fundador da CCB. Francescon chegou ao Brasil em 1910 trazendo os princípios daqueles grupos norte-americanos para alguns moradores de Santo Antônio da Platina, no Paraná, onde a demanda por um local para este novo grupo deu origem ao primeiro templo da CCB. No entanto, naquele momento a igreja era denominada por eles mesmo como Congregazione Cristiana, e foi considerada a primeira denominação Pentecostal em solo nacional.
Figura 12 – Louis Francescon ao lado do primeiro templo da CCB. Disponível em: <http://www.ccbhinos.kit.net> Acesso em: 17/04/2017
responsáveis pelo bom andamento do processo de expansão e pelas reuniões administrativas. Em 1928 a igreja passa a ser designada como Congregação Cristã “do” Brasil, e em meados de 1932, Louis Francescon, juntamente com os membros do ministério, decidem inserir orquestras nas igrejas com o intuito de auxiliar os fiéis nos cânticos. Os integrantes destas novas orquestras recebiam aulas gratuitas de musicalização e faziam ensaios musicais para aperfeiçoar a prática com os instrumentos (sendo assim até os dias atuais). É neste momento que ocorre o afloramento da arte por meio da música sacra na CCB, que consistia em hinos de súplicas e louvores.
Sua viagem missionária continuou rumo a São Paulo, onde os novos grupos foram formados e, consequentemente, novos locais de encontro surgiram. Foi na região de São Paulo que, segundo documentos e relatórios, houve o crescimento desta denominação. E com tal crescimento logo se tornou necessário organizar seus aspectos doutrinários e culturais, a fim de facilitar seu crescimento sem prejudicar seu conceito de grupo coeso. Surgem então os membros do corpo ministerial, 14
Da década de 1950 em diante o crescimento da CCB não só na grande São Paulo, mas também por todo o território nacional, foi ainda maior. A demanda de uma maior organização se mostrou cada vez mais frequentes frente às questões institucionais e administrativas. Desta forma, cada cidade ou região passou a ter uma CCB Central, que além de servir como local de cultos também deveria responder pelas demais CCB daquela localidade e centralizar todas suas informações administrativas. Estas centrais eram, consequentemente, maiores fisicamente e tinham a premissa de comportar os eventos que reuniam maior quantidade de fiéis.
Atualmente, a Congregação Cristã possui aproximadamente 20.785 templos e pequenas casas de orações distribuídas em mais de 70 países, sendo que desse montante, cerca de 19.779 estão em território brasileiro, de acordo com o Relatório anual da CCB. E uma curiosidade é que aquelas orquestras inseridas nas igrejas em 1932, para auxiliar os fiéis em seus cânticos, cresceram a ponto de constituir a maior orquestra do mundo, com aproximadamente 750.000 músicos e organistas oficiais.
3.1 Seus costumes, liturgia e relação com a música sacra
Algumas cartas e documentos antigos relatam, também, que em 1950 foi construída a Central nacional e internacional da Congregação Cristã no Brasil, localizada no bairro Brás, em São Paulo. Esta central é considerada um dos maiores templos da CCB e é utilizada até hoje como local das reuniões administrativas e ministeriais mais importantes. É desta central que saem os informativos oficiais referentes aos diversos assuntos da Congregação para as outras centrais, tanto do Brasil, como do exterior.
A CCB é uma denominação religiosa que se difere do protestantismo convencional e até mesmo da maioria das igrejas pentecostais em alguns aspectos. Seus ideais teológicos são baseados em 12 pontos de doutrina e de fé que buscam a uniformidade entre seus membros, como uma maneira de instigar a boa união e sinergia de costumes entre os fiéis. Estes aspectos e os que serão apresentados foram obtidos por meio do Relatório Anual da CCB, mas também principalmente com base no conhecimento pessoal e vivência do autor deste trabalho, que é membro desta igreja desde sua infância. A Congregação Cristã no Brasil não adota a comemoração de festividades religiosas, nem mesmo o Natal e a Páscoa, que são comuns em meio as religiões cristãs. Ela também orienta seus membros a não participar de tais festividades, afim de não se apegarem a simbolismos ou idolatria, assim como não considera nenhuma dia específico do ano como sagrado, mas prega que todos os dias em sí são sagrados. Desde sua origem, a CCB declara-se apolítica por não apoiar nenhum partido político e etc, mas orienta que seus membros devem cumprir com seus deveres como cidadãos perante as leis, e também se opõe a prática do dízimo, procissões ou quermesses. Ela presa por não se envolver em nenhuma espécie de escândalos, pelo contrário,
Figura 13 – Central mundial da congregação Cristã no Brás, São Paulo. Disponível em: <http://static.panoramio.com> Acessos em: 18/04/2017
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busca ser reconhecida como uma igreja simples, baseada na espiritualidade individual e coletiva. Ela também nunca utilizou de emissoras de rádio ou TV como mecanismos para atingir público ou evangeliza-los, ao contrário, defende que os cultos e demais eventos são experiências presenciais, não tendo nenhum valor espiritual quando gravados.
cultos não são uma regra, e vão variar de acordo com a região. Os cultos oficiais, assim como as reuniões para mocidade e reuniões para jovens e menores, são atendidos por algum membro do ministério que esteja presente no local encarregado para tal trabalho, não sendo estipulado previamente, exceto quando em casos específicos ou eventos já marcados. Estes ajuntamentos seguem uma organização onde quem atende se posiciona em pé próximo ao púlpito, localizado em um patamar levemente elevado e visível a todos. O restante da irmandade e frequentadores ficam sentados nos bancos por quase todo o decorrer do culto ou reunião, levantando em alguns momentos específicos para participarem dos cantos ou testemunhos.
Uma das principais características culturais presentes na Congregação Cristã no Brasil é o coletivismo. Este aspecto pode ser notado não só no modo em que os cultos se dão, mais também e principalmente na ajuda mútua entre seus membros e frequentadores. Esta coletividade é refletida até mesmo no modo em que os membros se relacionam uns com os outros, sendo chamados de irmandade, e oferecendo ajuda sempre que necessário.
Esta organização temporal e espacial é quase padrão para todos eventos, porém, todo o andamento destes cultos e reuniões esta suscetível a pequenas eventualidades inspiradas pela comunhão coletiva entre quem atende e quem participa. Os Cultos de Batismo são os que tem seu andamento de certa forma mais diferente dos demais, visto que neles existe um momento onde é aberto a liberdade para que, aqueles que se sentirem convertidos e chamados por Deus, possam ser emergidos nas águas. Este momento marca o renascimento do indivíduo ali batizado, conforme orientado na Bíblia, e deve ser feito em alguma espécie de tanque com água, que geralmente se localiza posterior ao púlpito e nas CCB centrais de cada cidade.
Seus templos, que é onde os cultos e demais ajuntamentos ocorrem, podem ser vistos em vários lugares, desde pequenos povoados a até mesmo grandes cidades. Nas cidades, eles geralmente se distribuem nos bairros em templos de pequeno e médio porte, variando de local e tamanho de acordo com a necessidade e quantidade de fiéis residentes alí. Todas cidades costumam ter uma CCB Central, que diferente das dos demais bairros, possuem uma área maior para acomodar os eventos com maior público. É nestas centrais que ocorrem também as reuniões dos membros do ministério e administradores que colaboram voluntariamente nos serviços da igreja.
A CCB também possui um forte laço com a música sacra, sendo que esta arte é expressa por meio do canto congregacional, que é cantado por todos presentes no local, simultaneamente com os hinos tocados pelos músicos da orquestra. Estes hinos de súplicas e louvores a Deus, são responsáveis por gerar diversos momentos de emoção, seja por serem outrora alegres e comemorativos, ou então reflexivos e tocantes, como de costume na música sacra. Eles também auxiliam na construção da comunhão e espiritualidade que são essenciais para o bom andamento destes eventos.
Sua liturgia é basicamente igual em todos os eventos, sendo que estes eventos se classificam em cultos oficiais, cultos de batismo, Santa Ceias, reuniões para jovens e menores e reuniões para mocidade. Com uma duração estimada de uma hora e meia, estes ajuntamentos ocorrem geralmente uma vez durante os dias úteis da semana, no período da noite, e duas vezes ao domingo, sendo um durante a manhã ou tarde (reunião para jovens e reuniões para mocidade) e outro durante a noite (cultos oficiais e batismos). Porém, os horários e dias da semana para estes 16
Visando uma boa união e harmonia entre os músicos, são efetuados alguns eventos como ensaios musicais locais, ou então ensaios musicais regionais (sendo que este ultimo ocorre nas CCB centrais). Estes ensaios são abertos para todos os públicos, assim como os demais eventos, mas possuem como principal alvo os membros da orquestra, visto que nestas ocasiões, eles são orientados sobre mudanças nos hinos e eventuais exercícios para aperfeiçoamento prático com seus instrumentos. Ainda sobre os cultos e reuniões, que são os principais eventos que ocorrem nos templos da CCB, é fundamental intender que eles possuem um momento em específico que é considerado como o mais importante e indispensável em tais eventos. Este momento é chamado de Santa Palavra, e consiste na leitura e exortação de algum texto ou passagem bíblica que deve ser revelada por Deus durante o próprio culto. E para que tal revelação aconteça, é importante que a todos presentes no local contribuam com comunhão, de forma que a espiritualidade se torne presente alí de forma coletiva e sensorial.
3.2 Sua identidade arquitetônica Ao longo de seus cento e sete anos de existência, a CCB construiu diversos templos em diversos locais. A fim de entender melhor como se deu o desenvolvimento de sua identidade arquitetônica, será analisado a seguir os fatores que influenciaram este processo numa perspectiva temporal.
O momento da Palavra, é o que justifica a necessidade dos e demais eventos cultos desde os primórdios do surgimento da CCB. É um dos poucos momentos considerados ‘‘Santos’’ por esta igreja, visto que o próprio templo em si não é considerado como local santo, ainda que tal atribuição simbólica é naturalmente dada a estes locais, independente da religião a quais estes pertençam. Como visto anteriormente e afirmado por Abumansur (2004), a sacralização nas denominações pentecostais é algo atribuido mais ao tempo do que ao espaço, visto que os momentos se tornam ‘‘santos’’ devido a relação com Deus neles almejados, e sua importância simbólica para um grupo de pessoas.
Analisando a arquitetura destes templos desde seus primeiros exemplares, é possível notar que sempre existiu uma vontade de padronizar sua estética e criar uma identidade. Esta premissa tinha como fundamento a tentativa de enfatizar que estes templos faziam parte de um grupo, e principalmente a facilidade desta identificação para seus membros. Por outro lado, ao olharmos alguns exemplares destas igrejas, podemos notar que este princípio de obter um “modelo exemplar” a ser seguido não engessou totalmente a liberdade criativa de seus construtores. E isso se deve ao fato de que, ainda que tal premissa estivesse presente, eram as vontades do grupo daquela cidade, bairro ou povoado que prevaleciam, fazendo com que cada nova construção tivesse algo diferente das demais. 17
Outro fator que contribuiu para que esta ideia não fosse fielmente seguida, foi o próprio modo como as construções eram feitas. Na maioria dos casos (e até hoje) a mão-de-obra é predominantemente voluntária e no sistema de mutirão, o que abre espaço para mudanças extras durante a obra. Mesmo com as recorrentes e inevitáveis diferenças de cada novo templo, a CCB conseguiu estabelecer uma espécie de identidade arquitetônica, que através de um conjunto de elementos e padrões de cores auxiliam no reconhecimento das igrejas como pertencentes à mesma denominação. Porém, esta identidade mistura elementos inspirados no neogótico, neoclássico e em alguns casos neocoloniais, não caracterizando uma estética inovadora ou totalmente única desta vertente. O primeiro templo construído em alvenaria, em 1932, se localiza no bairro Bom Retiro, na região central da capital paulista. Seus elementos arquitetônicos e decorativos são bastante variados e não seguem um único estilo em específico, porém, é possível observar a predominância da inspiração no neogótico. Estas características são resultado da herança cultural do grupo religioso daquela década, que traziam referências europeias e norte-americanas.
Figura 14 – Templo da CCB do bairro Bom Retiro, região central de São Paulo. Disponível em: <http://www.canticosccb.com.br> Acesso em: 18/04/2017
No final de 1933, outro templo em alvenaria foi construído, e como é possível ver na Figura 12, as duas edificações não se relacionavam em quesitos ornamentais. Porém, nota-se a forma triangular na volumetria do topo da fachada que é recorrente em templos de várias vertentes do cristianismo, e em diferentes períodos. Os templos construídos após a década de 1940 começaram a ser menos decorados por volutas e outros ornamentos, dando espaço à uma arquitetura mais limpa e objetiva. Mas como de costume na maioria das religiões, a imponência se tornou o carro chefe da maioria dos novos templos, que agora buscavam se sobressair no espaço urbano por meio de sua grandiosidade. A afirmação de sua identidade, portanto, fica a cargo dos elementos volumétricos que compõe a forma geral destes edifícios, e
Figura 15 – Templo da CCB em Itápolis, estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.uniblog.com.br>Acesso em: 18/04/2017
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da cor de sua pintura externa que geralmente utilizam tons de branco, cinza ou azul claro.
É importante notar que este templo foi concebido no período modernista, e que por isso é possível observar, ainda que poucos, alguns traços de tal período. Como é o caso da repetição dos elementos estruturais que brotam na parte externa do edifício, e principalmente na ausência de elementos decorativos, que geram uma arquitetura bem limpa e objetiva por ser um templo da década de 50.
A estética dos templos mais recentes se divide em dois grupos principais, sendo o primeiro daqueles que seguem um conceito volumétrico mais curvilíneo com arcos ogivais que remetem ao neogótico, e o outro que segue uma volumetria retangular com ênfase no frontão retilíneo, enfatizando a forma triangular no topo da fachada.
Porém, os templos pertencentes ao segundo grupo se tornaram o modelo mais adotado, e são os mais comuns de se ver, independentemente da localidade. Isto ocorre graças a fatores como economia e maior facilidade de execução, já que seus traços são predominantemente retilíneos. As figuras a seguir possibilitam ver uma variedade de templos que utilizam este conceito retilíneo, que foi e continua sendo o mais utilizado.
O melhor exemplo de templo pertencente ao primeiro grupo, q u e utiliza da estética curvilínea é a Central do Brás, em São Paulo. Este edifício de 1950, projeto do arquiteto e engenheiro Igor Sresnewsky, é um dos maiores da CCB no Brasil e adota o uso do arco ogival na volumetria geral e também no desenho das suas aberturas. Elementos marcante deste projeto, e que demonstram a inspiração no estilo neogótico, são os arcobotantes que compõem a estrutura e volume do templo.
Figura 16 - Vista aérea da CCB do Brás, central de São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.canticosccb.com.br> Acesso em: 17/04/2017
Figura 17 – CCB em Guarulhos, São Paulo. Disponível em: <http://www.canticosccb.com.br> Acesso em: 17/04/2017
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Figura 20 – CCB Central de Curitiba, Paraná. Disponível em: <http://mapio.net/pic/p-6700009/> Acesso em: 19/04/2017 Figura 18 – CCB Central de Paranapua, São Paulo. Disponível em: <http://xiglute.com/congregacaocrista/ img-paranapua-sp---central-1709.htm?sessionid=vrqvgk6ge4loca1b83ls7lrfd6> Acesso em: 18/04/2017
Mas, como cada templo tem sua peculiaridade, é possível ver diversos exemplares que misturam um pouco de cada estilo e volumetria, não obedecendo a nenhum grupo, em específico. Como é o exemplo da CCB Central de Curitiba, no Paraná. Este edifício mistura elementos arquitetônicos e decorativos variados, e é caracterizado pelo uso do arco do tipo tudor, como é possível ver na Figura 17. Neste momento da análise, torna-se claro que os edifícios da CCB no geral, buscam criar uma identidade que não é própria deles, com elementos arquitetônicos que não possuem funções específicas e não condizem com nosso tempo e nem com o local onde são inseridos. Sua identidade, portanto, é mais uma padronização entre tons de cores e aspectos de fachada, assim como na posição das aberturas, que buscam facilitar o reconhecimento destes templos para seus membros.
Figura 19 – CCB Central de Unai, Minas Gerais. Disponível em: <http://mapio.net/pic/p-62437222/> Acesso em: 19/04/2017
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Saindo um pouco da análise externa destes templos, cabe ressaltar que seu interior quase sempre é padrão, sendo formado por uma nave em eixo único onde os bancos são distribuídos em fileiras. O único elemento obrigatório no interior dos templos da CCB é o púlpito em nível elevado, pois é nele que os cultos são ministrados. O restante do espaço interno do templo é destinado para a distribuição das fileiras de bancos.
laterais são formados pelo afastamento obrigatório, assim como as áreas ajardinadas na parte frontal do lote, quando existentes. Em alguns locais, os banheiros se localizam na parte frontal do lote, mas não são muito comuns. Os poucos casos onde este padrão de planta é diferente, são em edifícios que possuem galerias na parte superior para aumentar sua lotação máxima, e quando é adotada a planta em formato de auditório, como no caso da Central de Curitiba que já foi citada. Porém, este formato de planta é bastante raro e pouco utilizado devido a necessidade de espaço disponível e de maior tempo para execução da obra.
As áreas externas que margeiam o salão do templo, são compostas geralmente pelos átrios que comportam os acessos para a nave, e por áreas de apoio ou técnicas como banheiros e DML. Nota-se inclusive que na maioria dos casos onde o lote não é muito grande, os corredores
Figura 21 – Exemplo de planta dos templos da CCB. Fonte: Cortesia da administração da CCB de Uberaba
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3.3 CCB e sua identidade arquitetônica em Uberaba Trazendo o foco do estudo para a cidade onde o projeto a ser desenvolvido neste trabalho será inserido, foi analisada a identidade arquitetônica encontrada nos templos da CCB existentes em Uberaba, Minas Gerais. Sobre a história destes templos na cidade de Uberaba, não se tem muita informação disponível. Sabe-se, por meio relatórios, que por volta de 1942 já existiam grupos de fiéis que se reuniam em uma pequena sala de oração na Rua Padre Zeferino, no Bairro Estados Unidos. Bairro onde hoje se localiza a Central de Uberaba, construída entre 1958 e 1965 para atender uma lotação máxima de 450 pessoas sentadas. Hoje, Uberaba já possui mais de 30 templos construídos dentro de seu território urbano, e este número aumenta para mais de 40, se consideradas as agregadas na região do município. Esta quantidade de templos pode parecer grande, mas é importante notar que a maioria destes edifícios são bastante pequenos, e eles se dividem de uma forma bem uniforme pela cidade, de modo que conseguem abranger quase todos os bairros de Uberaba.
Figura 19 – CCB Central de Uberaba - MG. Fonte: Arquivo pessoal.
De uma forma geral, pode-se dizer que a estética destes edifícios segue uma linguagem bastante comum por todo país, principalmente na região sudeste. Neles é possível observar a predominância das linhas retas e objetivas em sua fachada, fazendo parte do grupo de templos que optam por uma maior facilidade de execução e objetividade, ainda que alguns elementos como bordas e faixas em relevo possam ser notados. Na maioria dos templos da CCB em Uberaba, é possível notar a existência do átrio frontal, que serve não só como área coberta, mas também como barreira visual para o acesso principal dos salões. E o vão das janelas e portais, como podem ser vistos nas Figuras 19 e 20, variam em dois tipos. O primeiro é caracterizado pelo arco do tipo ogival Figura 22 - CCB Bairro Jardim Triângulo, Uberaba - MG. Fonte: Arquivo pessoal.
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notar que Uberaba não possui nenhum templo que “fuja dos padrões” estipulados pela CCB. E estes edifícios conseguem, por meio de suas características, reafirmar sua identidade arquitetônica de fácil reconhecimento e familiarização para qualquer membro da igreja. Analisando a grande quantidade e variedade de templos construídos não só em Uberaba, mas por todo país, pode-se considerar que, cada cidade ou região tende a ter pequenas características próprias em seus templos. No entanto, estas características obedecem algumas diretrizes arquitetônicas prezadas pela CCB, sendo que são poucos os casos em que estas diretrizes não são notáveis. E neste momento podese dizer que, de fato, a Congregação Cristã no Brasil possui uma identidade arquitetônica própria e consolidada, ainda que ela seja uma mistura de diversas culturas e períodos arquitetônicos herdados ao longo dos anos. Por outro lado, após o conhecimento da essência que deu origem a esta denominação religiosa, que defende a abstenção dos bens materiais e de toda vaidade excessiva, surge o questionamento se tal identidade arquitetônica consegue ser condizente com as características culturais da CCB e sua essência. Pois é muito comum observar templos exageradamente imponentes e carregado de adornos ou elementos decorativos sem funções coerentes, o que vai no sentido contrário à simplicidade apostólica pregada por tal denominação. Cabe ainda, observarmos que todos os templos da CCB são construídos a partir do fruto (dinheiro) doado espontaneamente pelos fiéis.
Figura 23 – CCB Bairro Santa Marta, Uberaba - MG. Fonte: Arquivo pessoal.
que é muito comum nos templos mais antigos da CCB, e o segundo é composto por arcos abaulados ou de meio ponto, modelos estes que são mais comuns nos templos mais novos. O interior destes edifícios segue o modelo da grande maioria dos templos da CCB. A pequena variação que ocorre é na quantidade de fileiras de bancos, que é reflexo do espaço disponível no local. Desta forma, os interiores destes templos podem ser sintetizados como um vão único sem subdivisões, onde o único elemento construído é o patamar em nível elevado, onde se localiza o púlpito.
Portanto, não será feita uma crítica criteriosa sobre esta identidade arquitetônica, mas sim uma reflexão sobre a mesma através da prática do projeto arquitetônico. Afinal, este conceito de simplicidade pode contribuir para a formação de uma nova estética para os templos da CCB, não buscando um padrão rígido, mas se relacionando melhor com sua essência, de forma simples e ao mesmo tempo agradável esteticamente.
Ao observar estes e os demais templos nesta cidade, é possível 23
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PROJETOS REFERENCIAIS
Ao longo da história da arquitetura religiosa, uma infinidade de projetos foi concebida por todo o mundo, com os mais diversos conceitos e premissas projetuais. Destes projetos, alguns se destacam por suas características inovadoras e demonstram que é possível criar arquitetura de qualidade, e ao mesmo tempo simples, dentro deste contexto tão conservador. Sendo assim, foram selecionados alguns templos para compor a fonte de referências projetuais do presente trabalho. Portanto, o foco deste estudo se direciona, nesse momento, para as leituras objetivas destes projetos selecionados, de modo que as análises terão a premissa de abastecer uma bagagem de referências de projeto, que, por sua vez, irão auxiliar no processo de conceituação do projeto a ser desenvolvido. O critério usado nessa seleção, é o de buscar projetos e arquiteturas religiosas contemporâneas, enfatizando a compreensão de seus conceitos, contextos, materialidade e principais especificidades. Este estudo não discutirá as questões que dizem respeito à fé de cada indivíduo, mas sim às características arquitetônicas desses edifícios, de modo a evidenciar que estes projetos conseguem uma quebra do padrão arquitetônico clássico de templos religiosos. Por fim, estes projetos serão explanados em uma ordem cronológica, começando por templos concebidos no final da década de 1990, até chegar em projetos mais recentes, como de 2016. Isto também auxiliará na compreensão de como a arquitetura religiosa contemporânea vem sendo produzida.
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4.1 Igreja da Luz
Informações básicas sobre o projeto: ·
Arquiteto: Tadao Ando
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Localização: Ibaraki, Osaka, Japão
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Área: 121,36 m²
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Ano de concepção: 1999
O conceito minimalista é claramente visível neste projeto de Tadao Ando, onde ele experimenta a tenuidade entre o claro e escuro, o vazio e o cheio, o agressivo e o sereno com maestria. A relação entre a natureza e arquitetura são evidentes pela valorização da luz natural como elemento crucial do projeto, que compõe por meio da cruz, o único símbolo religioso do templo. A estética minimalista deste projeto, vai muito além da escolha dos materiais e acabamentos, podendo ser observada principalmente em sua planta simples e objetiva. O projeto previa a construção de simplesmente seis eixos de paredes que se interceptam para gerar a mínima divisão dos locais de acesso e de permanência. Figura 24 – Interior da Igreja da Luz. Disponível em: <http://www.andotadao.org> Acesso em: 20/04/2017
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Figuras 25 e 26 – Esquemas dos eixos de paredes e espaço interno. Fonte: Imagem editada pelo autor. Fonte da imagem original: Tadao Ando, Coleção Folha Grandes Arquitetos, vol. 9.
Seu espaço interno é composto por uma nave única onde os bancos são dispostos ao longo do espaço para abrigar os membros da igreja. E a diferença de níveis neste templo é formada por onze pequenos patamares onde estes bancos são dispostos para dar melhor visibilidade para seus usuários. Sua organização interna segue o padrão comum em alguns templos religiosos, onde as fileiras de bancos delimitam e diferenciam os locais de permanência dos locais de passagem. Sua materialidade é basicamente formada pelo concreto aparente e o vidro nas aberturas, que reforçam sua estética minimalista. A simplicidade deste projeto é notável também na maneira em que o paisagismo compõe as áreas verdes do lote, gerando barreiras vegetais com as arbóreas que dialogam com a volumetria de forma harmoniosa. E isto evidencia a quebra do padrão da arquitetura religiosa, que defendia que o templo devesse ser visto como imponente como uma espécie de marco.
Figura 27 – Corte esquemático do templo. Disponível em: <http://www.andotadao.org> Acesso em: 20/04/2017
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Figura 28 – Detalhe da abertura em forma de cruz. Disponível em: <http://www.andotadao.org> Acesso em: 20/04/2017
Portanto, a leitura deste projeto tem se mostrado fundamental para formação do repertório projetual, pois o minimalismo e a simplicidade espacial nele presentes não impossibilitaram que o grupo que utiliza este espaço expressasse sua religiosidade. Pelo contrário, estes conceitos sintetizaram a essência do silêncio e reflexão, que andam juntos nesta crença.
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4.2 Igreja sobre a Água
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Arquiteto: Tadao Ando
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Localização: Hokkaido, Japão
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Ano do projeto: 1988
Repleta de colinas e exuberante vegetação em seu entorno, a Igreja sobre a Água é um exemplar de interação entre arquitetura e paisagem natural. Sua materialidade e volumetria minimalistas, característica de Tadao Ando, juntamente com esta forte presença da paisagem, fazem com que a capela quase se desmaterialize, de forma que a natureza desta paisagem permeie a arquitetura fazendo parte da liturgia. A permeabilidade visual que traz a paisagem natural para dentro do templo, por sua vez, só se torna possível graças ao vão posterior da capela. E mesmo se tratando de uma paisagem fixa, a vista acaba se transformando num plano de fundo dinámico, pois a vegetação presente ali muda conforme a época do ano, assim como a iluminação também varia conforme a hora do dia.
Figuras 23, 30 E 31 – Igreja sobre a Água. Disponível em: <http://www.andotadao.org> Acesso em: 05/09/2017
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ÁREA DE APOIO
ESPELHO D’ÁGUA (LAGO)
CIRCULAÇÃO
CAPELA
Figura 32 – Esquema sobre a planta da Igreja sobre a Água. Fonte: Editada pelo autor. Original disponível em: <http://www.archdaily.com.br> Acesso em: 21/04/2017
A espacialização do programa deste templo é bastante simples, e como visto na planta, seus setores podem ser facilmente divididos entre área de culto da capela e na área de apoio com seus respectivos ambientes. A distinção entre os espaços da capela também é bem clara, podendo ser observada até mesmo por meio da volumetria do edifício, onde o retângulo maior e mais baixo é o espaço litúrgico, enquanto o retângulo menor que é sobreposto pelo cubo de vidro é destinado a área de apoio. A ligação entre os ambientes da capela é feita pela circulação em forma de escada. O que mais chama atenção e justifica a escolha deste projeto como referência, é a maneira como ele propõe a interação entre a arquitetura e a natureza, tanto por meio da paisagem como pelo espelho d’água em forma de lago que se espalha por três níveis.
Figuras 33 e 34 – Igreja sobre a Água. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br> Acesso em: 05/09/2017
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4.3 Capela da Fazenda Veneza
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Arquitetos: Decio Tozzi
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Localização: Valinhos, São Paulo
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Área: 225 m2
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Ano do projeto: 2002
Inserida a beira de um lago da Fazenda Veneza e cercada pela floresta, esta pequena capela é um espaço criado para meditação religiosa e reflexão. O conceito de simplicidade pode ser visto de diversas maneiras neste templo. A começar pela fluidez e leveza do espaço que quase se desmaterializa de tão permeável, de modo que a natureza compõe o espaço. Assim como no jogo de volumes que se resume basicamente na cobertura que abriga o homem e a cruz no lago que instiga a reflexão.
Figura 35 – Capela da Fazenda Veneza vista pelo lago. Disponível em: <https://www.deciotozzi.com/> Acesso em: 12/08/2017
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Figura 36 – Capela da Fazenda Veneza. Disponível em: <https://www.deciotozzi.com/> Acesso em: 12/08/2017
A ausência de fechamento frontal e posterior geram uma interação direta com a paisagem ao redor da capela, de maneira que se torna quase impossível definir a área abaixo da cobertura como o ‘‘interior’’ do templo. A maneira em que a capela se posiciona no talude a beira do lago, propiciou que os níveis nternos acompanhassem o caimento natural da topografia. 32
Paredes de pedra
Figura 37 – Planta da Capela da Fazenda Veneza. Disponível em:<https://www.deciotozzi.com/> Acesso em: 12/08/2017
1 - ÁTRIO 2 - BATISTÉRIO 3 - NAVE 4 - ALTAR 5 - LAGO 6 - CRUZ
O programa litúrgico é composto pelo altar que se encontra de costas para o lago e centralizado em relação a nave, já o batistério é posicionado logo no início posterior da nave, próximo ao átrio e no nível mais alto. A materialidade desta capela é formada basicamente pelo concreto da cobertura curva e pelas pedras nos pequenos muros laterais e no chão. A simplicidade e organicidade presentes neste templo remetem à plenitude da natureza e de Deus, sendo esse o seu conceito primordial. Figuras 38, 39 e 40 – Interior da Capela da Fazenda Veneza. Disponível em:<https://www.deciotozzi.com/> Acesso em: 12/08/2017
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4.4 Igreja de São Josemaría Escrivá
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Arquitetos: Sordo Madaleno Arquitectos
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Localização: Cidade do México, Distrito Federal, México
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Área: 4671,0 m2
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Ano de concepção: 2009
O templo de São Josemaría, projetado por Sordo Madaleno, diferentemente do projeto de Tadao Ando, segue um conceito mais monumental e busca, na sinuosidade da curva uma plástica, remeter ao movimento. É possível notar que a ideia era exatamente enfatizar a arquitetura, e isto é claramente visível na maneira em que o espaço imediato ao redor do salão é limpo e aberto. É importante ressaltar também que, ao contrário da Igreja da Luz, esse templo já possui um forte apelo formal e adota a representação de símbolos comuns em algumas religiões cristãs, como o formato inspirado em um peixe que pode ser visto em sua planta. Figura 41 – Vista externa da Igreja de São Josemaría Escrivá, no México. Disponível em: <http://www.sordomadaleno.com> Acesso em: 10/08/2017
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Este desenho em formato de peixe ergue-se por meio de duas grandes paredes arqueadas que sobem afunilando-se uma em direção a outra, porém, sem se tocarem. Estas paredes elevadas formam o principal volume de todo o edifício, e é nele que se localizam as naves desta igreja. Este espaço que ‘‘sobra’’ entre as duas grandes paredes permite a entrada abundante de luz natural. Por outro lado, apesar de todo o apelo formal e leveza presente nas paredes curvas, ainda é possível observar que esta igreja possui uma nave ao lado da nave central, o que era recorrente em quase todas catedrais antigas. E é possível notar o destaque dado à iluminação natural nos templo, visto que esse elemento tem se mostrado quase que fundamental para a arquitetura religiosa, independente da época. Mas o que chama a atenção e justifica a escolha deste projeto como referência, é o modo em que o programa de necessidades é distribuído pelo lote, sendo que as diferentes áreas se relacionam por meio dos caminhos e da própria forma do templo. Os espaços específicos nesta igreja, bem como os próprios caminhos e desníveis do lote se posicionam como projeções das duas grandes paredes, que são interseccionadas perpendicularmente por uma parede reta e menor alinhada ao eixo norte.
Figura 42 – Esquema sobe a planta térrea da Igreja de São Josemaría Escrivá. Imagem editada pelo autor. Original disponível em: <http://www.sordomadaleno.com> Acesso em: 10/08/2017
Figura 43 – Vista interna da Igreja de São Josemaría Escrivá. Imagem editada pelo autor. Original disponível em: <http://www.sordomadaleno.com> Acesso em: 10/08/2017
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4.5 Igreja Metodista do Norte
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Arquitetos: Dalman Architecture
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Localização: Christchurch, Nova Zelândia
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Área: 780.0 m2
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Ano do projeto: 2016
Esta igreja é fruto de um projeto que tinha como um dos principais fatores o curto orçamento, o que restringiu o uso de detalhes e certos materiais, mas não restringiu a criatividade dos arquitetos responsáveis pelo projeto. Este fator, atrelado à premissa de se criar uma arquitetura contemplativa contribuiu para que o templo ganhasse esta estética minimalista. É importante ressaltar que este templo religioso foi reconstruído no exato local onde seu edifício antecessor havia sido destruído por terremotos, em 2010. O que possibilitou repensar toda sua distribuição no lote e a própria arquitetura.
Figuras 44, 45 e 46 – Igreja Metodista do Norte, na Nova Zelandia. Disponível em: <http://www.dalman.co.nz> Acesso em: 10/08/2017
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Figura 47 – implantação da Igreja Metodista do Norte, na Nova Zelandia. Fonte: Imagem editada pelo autor. Original disponível em: <http://www.dalman.co.nz> Acesso em: 10/08/2017
Com sua distribuição do programa simples e objetiva, o projeto consegue obter um fluxo dinâmico, que anda atrelado à estética harmoniosa gerada por seus volumes e materialidade. Seus ambientes são distribuídos de modo que o espaço disponível pudesse ser melhor utilizado, e a interação entre estes ambientes ocorresse naturalmente. As alturas dos volumes construídos são singelas e se relacionam, de modo que o único elemento que recebe um pouco mais de destaque é um volume na parte superior do salão principal.
Figura 48 – Fachada frontal ilustrativa da Igreja Metodista do Norte.Fonte: Imagem editada pelo autor. Original disponível em: <http://www.dalman.co.nz> Acesso em: 10/08/2017
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Seus elementos simbólicos são dispostos e trabalhados de maneira tão sutil e harmônica que quase não se pode percebe-los. E tal sutileza é capaz de ser percebida até na escolha de materiais e padrão de cores utilizados. O que chama atenção neste templo, é o dinamismo dos espaços e a maneira como a relação interior e exterior é tratada. A grande maioria dos ambientes, principalmente os que se destinam às cerimônias religiosas, são vedados por painéis de vidro. Isto permite não só a permeabilidade visual, mas também o aproveitamento da iluminação natural.. Portanto, pode-se extrair deste projeto, principalmente a sutileza nas formas volumétricas, assim a potencialidade de se conceber espaços dinâmicos, podendo utiliza-los de diversas maneiras diferentes. E talvez sua principal característica que contribui para o repertório projetual, seja a ênfase do caráter social do templo, que é gerada pela forma pela qual a relação interno e externo é abordada.
Figura 49 – Interior da Igreja Metodista do Norte. Disponível em: <http://www.dalman.co.nz> Acesso em: 10/08/2017
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PROJETO DA NOVA CENTRAL nova Central, seria importante considerar a facilidade de acesso ao local, segurança, a acessibilidade para PNE, a necessidade de estacionamento, as condições de conforto climático e acústico, assim como a importância de se pensar as áreas de administração, estudo musical e refeitório todas adequadas.
A intenção de projetar uma nova Central da Congregação Cristã no Brasil na cidade de Uberaba, surgiu por diversos motivos. Primeiramente, foi constatado que a cidade já possui uma Central da CCB, mas a vivência do autor neste edifício, ao longo dos anos, possibilitou perceber algumas necessidades do local. E para auxiliar no levantamento das necessidades e questões arquitetônicas que envolvem este templo, foram desenvolvidos questionários, que se encontram no Apêndice 1 deste caderno. Estes questionários, ao serem respondidos pelos usuários deste templo, permitiu captar características cruciais da problemática acerca deste local.
Porém, outros fatores foram levantados durante os anos de observação e participação do autor neste edifício. Fatores como a falta de espaço externo para acomodar as pessoas antes e após os eventos, de forma que estes ocupam a via frontal pondo suas vidas em risco devido ao tráfego dos automóveis. Também é sabido que a vizinhança deste templo reclama do barulho e transtorno causado nos eventos. Outro fator que foi confirmado durante este trabalho é a repetição de um modelo arquitetônico tradicional não só nesta Central, mas na maioria dos templos.
As respostas destes questionários foram diferentes para cada pessoa, mas em resumo, quando questionados sobre a quantidade aproximada de pessoas que frequentam esse local e se consideram o templo adequado para esta quantidade, a maioria declarou o templo não adequado. Segundo eles, os eventos comuns durante as semanas usufruem bem do espaço existente, porém, nos eventos maiores o espaço se torna insuficiente para a quantidade de pessoas.
Com base nas informações mais relevantes obtidas com o questionário e nas experiências pessoais do autor, foram levantados alguns pontos a cerca do edifício que viabilizam a necessidade de uma nova central e que compõem a problemática:
Os questionários também possibilitaram saber mais como o edifício da atual Central é visto por seus usuários. Não desmerecendo sua arquitetura em geral, mas as opiniões expressas nos questionário, em sua maioria, classificaram o templo e suas demais áreas como inadequados para as atividades administrativas, assim como para o ensino musical e para as refeições nos eventos. Já quando questionados sobre a Central ter ou não tecnologias ou mecanismos que diminuam gastos e danos ao meio ambiente, as opiniões ficaram divididas, demonstrando que esta questão merece atenção.
Superlotação nos eventos; Necessidade de áreas de apoio confortáveis, adequadas e seguras; Transtorno sonoro para vizinhança; Conflito entre pedestres e motoristas na via frontal ao templo e logística;
Também foi notável a preocupação com a acústica do templo, visto que a grande maioria considerou ruim ou inexistente. Os participantes desta pesquisa ainda apontaram que, na hipótese de construção de uma
Repetição do modelo arquitetônico religioso. 39
Outro dado de grande importância, e que foi possível levantar por meio dos questionários, foi a quantidade de pessoas que o templo deverá atender. Quando questionados sobre a quantidade de lugares, e se os mesmos eram suficientes para as pessoas nos eventos, a maioria respondeu que os lugares são insuficientes para essa demanda. Em especial, a equipe responsável pelo preparo das refeições destes eventos citou que em alguns eventos são servidas entre 550 a 750 refeições. Portanto, com base nesses dados, ficou estabelecido que o templo deveria ter a capacidade para 700 pessoas sentadas, visto que a atual Central CCB tem capacidade para 500, mas que nem todos que participam das refeições participam necessariamente dos eventos.
Estas premissas e conceitos, que serão melhor detalhadas a diante neste capítulo, abrem espaço para a utilização de novos métodos construtivos e soluções arquitetônicas sustentáveis, bem como a adoção de técnicas de tratamento acústico que auxiliem na diminuição do ruído propagado para a vizinhança. O projeto, portanto, deverá ser concebido em um terreno que permita a implementação de tais conceitos, e que possa propiciar a solução das problemáticas apresentadas. A busca pela simplicidade e relação com a natureza, será trabalhada nos diversos aspectos do projeto, e por meio do paisagismo, a relação entre arquitetura e meio ambiente será estabelecida. Sendo assim, a intenção é que o edifício não tenha um ar de imponência ou monumentalidade, ao contrário, será buscada a sutilidade de um local para meditação e reflexão religiosa com contato com a natureza.
Aproveitando esta oportunidade de concebê-la em outro local, é feita uma reflexão sobre a identidade arquitetônica da CCB, o que abriu os olhos para novas perspectivas projetuais, entretanto, sem menosprezar o valor cultural e as qualidades de sua atual arquitetura. Junto com esta reflexão sobre identidade arquitetônica, a proposta também pretende abordar a relação público e privado neste novo templo, visto que poucos edifícios religiosos reafirmam sua importância social para a comunidade de uma cidade, e facilmente perdem a característica de acolhimento que deveriam ter. Portanto, com base nas reflexões feitas nos capítulos anteriores e em todos as questões levantadas, o projeto buscará trabalhar com os seguintes conceitos e premissas: Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ
Simplicidade; Auto sustentabilidade; Permacultura; Conforto ambiental; Flexibilidade dos ambientes; Integração da comunidade em geral; Mínimo impacto ambiental e de vizinhança. 40
5.1 A escolha do local No processo de escolha do local mais apropriado para a nova central da CCB, buscou-se a princípio terrenos vazios próximos a áreas verdes, que fossem de fácil acesso e de tamanho considerável para implantação do projeto. Para isso, é preciso inicialmente observar por meio o mapa da localização dos principais templos da CCB em Uberaba, bem como a locação de terrenos vazios com tais características.
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ATUAL CENTRAL DA CCB
LOCAL ESCOLHIDO
Mapa 1 – Principais templos da CCB em Uberaba e possíveis áreas para o projeto. Fonte: produzido pelo autor.
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Partindo da análise deste mapa, é notável que os templos se dividem de maneira quase uniforme ao longo do espaço urbano, e para a inserção da nova Central foi escolhido o lote da Av. Nelson Freire, conforme Figura 35. À princípio, a proximidade de outros dois templos ao terreno escolhido pode parecer um fator que inviabilizasse o projeto, mas, ao analisar melhor, foi constatado que estes templos são bastante pequenos, e o funcionamento de uma central da CCB não interfere nos demais templos próximos a ela, como visto no capítulo 3.
Figura 50 – Localização do terreno no mapa da cidade de Uberaba. Fonte: Imagem do Google Earth editada pelo autor.
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2
3
1 4
Figura 51 – Foto aérea do lote escolhido na Avenida Nelson Freire. Fonte: Google Earth.
O fato deste terreno se localizar ao lado da Mata do Ipê também foi um dos grandes pontos positivos para a escolha, não só pela bela vista para o parque que será proporcionada para os usuários do novo edifício, mas principalmente pela premissa de trazer maior uso para o local em diferentes horas do dia, bem como pela forte ligação com o meio ambiente.
A escolha, inicialmente, se deu por conta das características de centralidade do local, e facilidade de acesso a esse terreno, gerada pelas vias de grande fluxo que passam em sua proximidade. Mas o que mais chamou atenção nesta área é a quantidade de terrenos vazios aguardando a supervalorização do mercado imobiliário. O projeto, portanto, buscará trazer usos para o local e combater a gentrificação. 44
Todas as características desejadas para o local do projeto foram encontradas nesta gleba, e a possibilidade de contribuir para a melhoria deste espaço urbano através do projeto é o que guiou esta escolha. Portanto, os lotes que formam este terreno se mostraram totalmente aptos para inserção do projeto da nova central.
A visita ao local possibilitou visualizar a situação no interior do terreno. Como pode ser visto nas imagens a seguir, o lote se encontra em situação de abandono, com mato tomando conta de toda sua extensão. Existem arbóreas de médio e grande porte dentro do terreno, algumas aparentemente produzem frutos em determinadas épocas do ano, então pretende-se mantê-las para compor o paisagismo que será proposto no projeto. Não foi constatado nenhuma construção pré-existente.
1
2 Figura 52 – Vista externa para o terreno da Avenida Nelson Freire. Fonte: Arquivo pessoal
Figura 53 – Vista interna do terreno. Fonte: Arquivo pessoal
3
4 Figura 54 – Vista interna do terreno. Fonte: Arquivo pessoal
Figura 55 – Vista interna do terreno. Fonte: Arquivo pessoal
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5.2 Entorno e seus aspectos O terreno escolhido para o projeto se localiza na divisa entre os bairros Leblon e Abadia. Ambos os bairros se situam próximos ao centro comercial e histórico da cidade. O bairro Abadia é caracterizado pela predominância de usos comerciais. Sobre a localização deste terreno, também é importante ressaltar a proximidade e facilidade de acesso com a Avenida Leopoldino de Oliveira, que é de grande importância na história do surgimento e desenvolvimento de Uberaba. Outro aspecto que permeia está localidade, é o interesse sociocultural que ali é pretendido, mas que por uma série de fatores que serão vistos adiante, não é totalmente efetivado. E este interesse na cultura pode ser visto, por exemplo, no Parque Municipal Mata do Ipê, que tem a potencialidade de trazer lazer e cultura para toda a população da cidade. Mas a situação que é visível ao passar por esta localidade é bastante diferente. E o que se pode adiantar é que o local acaba sendo caracterizado como sendo zona passagem, principalmente por conta das vias de transito rápido o que, consequentemente, gera áreas mortas e inseguras no período noturno. Mas para entender melhor está localidade e o entorno do terreno escolhido, é necessário estudar, analisar e entender os aspectos ali envolvidos. A começar pelo zoneamento definido pela Prefeitura Municipal de Uberaba.
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ZONEAMENTO
Mapa 2 – Trecho extraído do mapa de zoneamento da cidade de Uberaba. Fonte: Imagem editada pelo autor. Arquivo PDF original disponível em: http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/conteudo,12254
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Conforme apresentado no Mapa 2, o terreno se localiza em na ZCS1 – zona de comércio e serviços. A influência que o zoneamento tem no modo em que os usos e diferentes formas de ocupação ocorrem na cidade é de fato importante, e neste caso não poderia ser diferente. Portanto, após saber em que zona urbana este terreno está inserido, fezse necessário entender quais os parâmetros para uso e ocupação vigentes. pelo zoneamento definido pela Prefeitura Municipal de Uberaba.
O quadro também aponta que a taxa de ocupação máxima do lote é de 70%.
Segundo este quadro, os usos permitidos neste local são o residencial, comercial, serviços e industrial de pequeno porte, mas isto não impede a implantação da nova central neste local, já que usos desta modalidade também são permitidos nesta zona.
Observando a Lei complementar, percebe-se que a quantidade de pavimentos permitidos será proporcional ao tamanho da via, portanto, na Av. Nelson Freire são permitidos 17 pavimentos e na Av. Jaime Batista Pereira 6 pavimentos.
Figura 56 – Trecho extraído do artigo 52 da lei complementar Nº 376. Fonte: http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/conteudo,12254
Quadro 1 – Trecho extraído do quadro de parâmetros para uso e ocupação do solo. Fonte: Imagem editada pelo autor. Arquivo PDF original disponível em: http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/conteudo,12254
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A análise deste entorno também se deu por meio de mapas de condicionantes urbanísticos, e para que tais mapas foi delimitada uma área de abrangência contemplando, aproximadamente, 500 metros de raio a partir do centro do terreno selecionado, conforme marcação na Figura 42.
Com esta área definida, foi possível iniciar o levantamento dos aspectos deste entorno, focando numa visão ampla de suas características, tais como os usos, sua hierarquia viária, a quantidade de pavimentos dos edifícios e a incidência dos cheios e vazios gerados por estas edificações.
Figura 57 – Delimitação da área de abrangência das análises de entorno. Fonte: Imagem do Google Earth Pro editada pelo autor.
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5.2.1 Figura-fundo O mapa de figura-fundo (Mapa 3) possibilita visualizar as áreas edificadas e os vazios dentro dos lotes neste perímetro. É possível notar que a forma em que as edificações ocupam o espaço disponível nos lotes não segue um padrão, ainda que os afastamentos mínimos estejam presentes na maioria dos casos. A área não edificada caracteriza os vazios destas edificações, e na grande maioria dos lotes, estes vazios se localizam na parte posterior dos terrenos. Inclusive, é possível observar que mesmo sendo uma área bastante densa, existe uma quantidade considerável de vazios não edificados e que poderiam ser áreas verdes ou com usos esportivos e culturais.
Mapa 3 – Mapa figura-fundo. Fonte: produzido pelo autor sobe mapa pré-existente
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5.2.2 Gabarito Ao ser analisada a quantidade de pavimentos dos edifícios do entorno no mapa de gabarito (Mapa 4), foi possível observar as áreas onde a quantidade de pavimentos é maior. Esta configuração de edificações com múltiplos pavimentos é bastante visível nas proximidades das vias de fluxo alto, e são caracterizadas por torres de habitações multifamiliares. Apesar da existência destes edifícios de mais de cinco pavimentos, o mapa é bastante homogêneo, porém, ainda é notável predominância de edificações baixas, de apenas um pavimento. O mapa também evidencia que as edificações ao redor do terreno escolhido possuem gabarito baixo e médio, e isto é reflexo do tipo de uso residencial, que conforme será visto adiante, é abundante neste local.
Mapa 4 – Mapa de gabarito. Fonte: produzido pelo autor sobe mapa pré-existente
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5.2.3 Uso do solo Os usos do solo nesta área estudada se mostraram diversificados, sendo que o único uso que pode ser considerado como predominante é o residencial, conforme aponta o Mapa 5. A análise deste mapa também torna clara a localização destes usos, como o caso dos edifícios com fins comerciais ou mistos que, conforme o mapa, se localizam nos lotes voltados para as vias de alto fluxo. Este fenômeno é comum por toda a cidade e acaba gerando problemas como a insegurança para os pedestres após o horário comercial. Já os lotes de uso residencial, que como visto é o de maior ocorrência no perímetro da análise, estão presente nos lotes dos quarteirões mais afastados destas vias de alto fluxo. Este mapa também demonstra a grande incidência de terrenos e lotes vazios que podem ser vistos por toda a área de estudo.
Mapa 5 – Mapa do uso do solo. Fonte: produzido pelo autor sobe mapa pré-existente
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5.2.4 Hierarquia viária Apesar de seu traçado diversificado, o sistema de vias que compõe a hierarquia viária da área se mostrou funcional e bastante racional. A distribuição entre vias arteriais, coletoras e locais é bem distribuída, conforme o Mapa 6, de forma que o fluxo de carros e pedestres ocorre sem grandes dificuldades ou engarrafamentos nesta localidade. A fachada principal do terreno é alimentada por uma via arterial de grande fluxo, enquanto sua lateral esquerda é voltada para uma via coletora de pouco fluxo. É importante ressaltar, portanto, que este mapa e os anteriores são de súbita importância para a concepção das etapas iniciais de projeto, visto que permitem a compreensão e análise de forma abrangente das características que permeiam a área onde o terreno será inserido.
Mapa 6 – Mapa da hierarquia viária. Fonte: produzido pelo autor sobe mapa pré-existente
53
5.3
Características do terreno metragem quadrada que corresponde a 8.228,30 m². Estes levantamentos também permitiram obter a metragem entre os pontos que compõem os limites deste terreno, bem como o levantamento das sete arbóreas existentes em seu interior, conforme as Figura 58. Também foi possível observar sua topografia através da planta com as curvas de nível (Figura 59).
O terreno selecionado para inserção do projeto da nova Central CCB, é formado por cinco lotes de diferentes dimensões que atualmente se encontram vazios. A junção entre estes lotes faz com que o terreno possua uma forma irregular, e isto possibilita a ligação entre a lateral esquerda do terreno e a frontal que é voltada para a Avenida Nelson Freire. Os levantamentos in loco juntamente com a utilização de imagens de satélite e mapas preexistentes, possibilitaram a definição de sua
Figura 58 – Planta do terreno com base nos levantamentos. Fonte: produzido pelo autor
Figura 59 – Análise da topografia e escoamento de águas pluviais. Fonte: produzido pelo autor
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O levantamento da topografia do terreno apresenta a existência de um desnível de aproximadamente 8 metros entre a face oeste e o lado leste do terreno, tendo seu início na curva de nível 762 e finalizando na 770. Esta inclinação gerada pelo desnível ocorre de maneira gradativa, ou seja, o desnível inicia levemente acentuado na frente do terreno e vai diminuindo conforme se aproxima da parte posterior dos lotes. Esta relação de níveis se torna mais visível nos cortes. Este perfil topográfico gera várias possibilidades de projeto, e seu leve desnível permite que os espaços que serão propostos neste novo edifícios possam ser dispostos de forma dinâmica. Isto também permitirá que a vista para a Mata do Ipê seja garantida dentro deste edifício, já que está inclinação do solo é voltada para este parque. Esta inclinação também é responsável pela direção do escoamento das águas pluviais que passam por este terreno. As arbóreas existentes neste terreno se localizam na parte posterior dele e na junção entre os lotes laterais e os frontais. Estas árvores se unirão aos demais tipos vegetais para compor o paisagismo que será proposto no projeto.
Figura 60 – Cortes esquemáticos de estudo da topografia. Fonte: produzido pelo autor
55
N
PLANTA DO TERRENO
Figura 61 – Análise da insolação e ventilação. Fonte: produzido pelo autor
Figura 62 – Carta solar da cidade de Uberaba - MG. Fonte: software Analysis Sol-Ar 6.2
A análise dos elementos climáticos naturais que interferem neste local tiveram como foco a direção predominante dos ventos que ali passam, e a incidência desta área, de acordo com a representação ilustrativa na planta e na apresentação da carta solar de Uberaba.
A carta solar para Uberaba, por sua vez, nos possibilita compreender como ocorre a incidência do sol nesta região, e em que épocas ou hora do dia sua iluminação natural é melhor aproveitada. Deste modo, ficou mais evidente ainda a potencialidade das fachadas nordeste para capitação desta insolação, assim como a ventilação.
Com base na observação da direção dos ventos ao longo dos anos na cidade de Uberaba, é sabido que existe uma predominância de ventos na direção sudoeste. Mas isto não significa que eles estão sempre nesta direção, visto que isto esta condicionado á inúmeras variáveis climáticas e ambientais. O que se pode aproveitar desta informação é que ela interferirá na maneira em que as aberturas da edificação serão dispostas, de modo a aproveitar ao máximo a ventilação natural.
Após analisar as condicionantes urbanísticos e estas características físicas deste terreno, se tornou possível compreender com maior clareza todas as interferências causadas tanto pelo entorno desta área, como pelas características internas do terreno. Assim, as diretrizes a serem tomadas no projeto estarão considerando todas estas características na busca da melhor eficiência e viabilidade do projeto. 56
5.4 Conceitos e premissas do projeto O projeto também possui a premissa de trabalhar com tecnologias sustentáveis, desde a sua construção até o seu funcionamento e manutenção. Serão utilizadas fontes de energia renováveis, buscando a diminuição nos gastos do edifício e nos danos ao meio ambiente. A proposta também buscará trabalhar ao máximo a iluminação e ventilação natural, bem como as técnicas construtivas que auxiliem nas condições de conforto térmico, acústico e visual no edifício. Isto ajudará na diminuição de gastos com ar-condicionado e outros equipamentos.
As seguintes premissas e conceitos são resultado da reflexão sobre a arquitetura pentecostal à que propôs este presente trabalho. Sabendo disso, o projeto que será apresentado tentará fugir de alguns padrões préestabelecidos para templos religiosos, principalmente os pentecostais. A começar pela característica simples e acolhedora que se espera atingir neste edifício, e que corre no sentido contrário da imponência e grandiosidade comuns em arquiteturas como esta. O minimalismo será o principal conceito do projeto, buscando uma arquitetura leve, limpa, esteticamente simples e objetiva. Este conceito andará de mãos dadas a flexibilidade dos espaços de convivência e de passagem por meio do paisagismo, que irá compor a nova identidade arquitetônica com diferentes espécies vegetais. Pretende-se que a os ambientes do edifício se misturem com os espaços não edificados onde ocorre este paisagismo, trabalhando a relação interno e externo e fortalecendo as conexões entre os espaços.
Sendo assim, o desafio presente neste projeto encontra-se exatamente nesta reflexão de como conceber uma arquitetura simples quando se trata de uma arquitetura que tende a carregar a imponência e a grandiosidade em sua história? Deste modo, os conceitos e premissas buscarão, a todo momento, trabalhar os aspectos que afirmem tais conceitos e premissas.
Figura 63 – Museu de arte Chichu, projeto de Tadao Ando como exemplo da estética almejada. Disponível em: <http://www.harleyjohnston.com/naoshima-teshima/> Acesso: 20/05/2017
Figura 64 - Fontes de energia sustentáveis.Disponível em: <https://ogimg.infoglobo.com.br/in/18656686ff3-261/FT1086A/420/2016-885267689-201602021930266393.jpg_20160202.jpg/> Acesso: 08/05/2017
57
Portanto, conforme mencionado no início do capítulo 5, os conceitos e premissas do projeto deverão aparecer da seguinte maneira: Ÿ Simplicidade - aparecerá nos aspectos gerais do projeto, mas
principalmente na materialidade e estética do edifício. Ÿ Autosustentabilidade - o projeto irá conter fontes de energia limpa,
assim como tecnologias e mecanismos que diminuam os gastos gerais da edificação. Ÿ Permacultura - este conceito será visível na vasta vegetação que o
projeto pretende ter, de forma que arquitetura e vegetação se misturem, sendo privilegiadas as espécies frutíferas e a implantação de uma horta para consumo próprio. Ÿ Conforto ambiental - pensando no bem-estar dos fiéis, todos aspectos
do conforto visual, acústico e térmico serão trabalhados aproveitando com os recursos naturais disponíveis. Ÿ Flexibilidade dos ambientes - o projeto pretende ter espaços que sejam
flexíveis e adaptáveis para diferentes usos e ocasiões, evitando espaços construídos ociosos. Ÿ Integração da comunidade em geral - a arquitetura se encarregará de
tornar o templo um local atrativo para a comunidade em geral, instigando a interação social. Ÿ Mínimo impacto ambiental e de vizinhança - o projeto irá respeitar as
pré-existencias e recursos naturais do local escolhido, e o edifício será concebido com o mínimo impacto no ambiente natural. A orientação e distribuição dos blocos no terreno considerará a vizinhança de modo que o templo não se torne um transtorno para os mesmos.
58
5.4.1 Programa de necessidades Para entender melhor a proposta que será apresentada a diante, é necessário compreender o objeto. Primeiramente, será proposto um edifício com atividades que vão além das comuns em templos religiosos, pois uma Central da CCB compreende não só locais destinados ao culto religioso, mas também locais que permitam atividades administrativas, reuniões, trabalhos voluntários, pequeno dormitório, sala para aulas de música e cozinha com refeitório. Além destes espaços, serão propostas áreas de convivência repletas de vegetação, servindo como ligação entre os espaços construídos. Portanto, o programa de necessidade se estruturará da seguinte maneira:
REUNIÃO
ESCRITÓRIO
DORMITÓRIOS
LOCAL DE BATISMO
ADMINISTRAÇÃO
ESTUDO MUSICAL SALAS DE AULAS MUSICAIS
Ÿ Área de culto (templo):
Ÿ
BANHEIROS
Ÿ
ACOMODAÇÕES ÁREA DE CULTO (TEMPLO)
CONVIVÊNCIA
Sendo assim, o programa de necessidades consiste nos seguintes espaços:
FUNDO BÍBLICO
CABINES DE ESTUDO INDIVIDUAL
CONVIVÊNCIA
VESTIÁRIOS
REFEITÓRIO E COZINHA
COZINHA VESTIÁRIO
Ÿ
Ÿ
REFEITÓRIO HORTA
DEPÓSITO E REPAROS DE INSTRUMENTOS
Ÿ Ÿ
59
Ÿ Salão de culto com capacidade para 700 pessoas sentadas; Ÿ Instalações sanitárias; Ÿ Tanque de batismo; Ÿ Vestiários para batismo; Ÿ Fundo bíblico; Ÿ DML; Espaço para estudo musical: Ÿ Salas para aulas teóricas e práticas; Ÿ 5 cabines acústicas para estudo individual; Ÿ Sala de instrumentos musicais (depósito e reparos); Ÿ Instalações sanitárias; Área administrativa para serviços voluntários: Ÿ Ambiente de escritório com 20 estações de trabalho; Ÿ 2 salas de reuniões flexíveis; Ÿ Instalações sanitárias; Área para acomodações: Ÿ 2 dormitórios; Ÿ Instalações sanitárias com banheiros; Área para refeições: Ÿ Cozinha industrial de médio porte; Ÿ Refeitório amplo; Ÿ Instalações sanitárias; Ÿ Vestiários; Ÿ DML; Ÿ DRS; Áreas de convivência. Pequena horta.
diversos grupos que trabalham voluntariamente para tratar de assuntos variados. Portanto, é necessário que se tenha um espaço amplo semelhante a um escritório, para que os integrantes destes grupos e setores possam trabalhar e se reunirem.
Apesar deste programa de necessidade parecer extenso, as dimensões dos ambientes nele citados não são necessariamente grandes. E por mais que a quantidade de ambientes necessários seja alta, pretende-se propor áreas flexíveis e com espaços coerentes a necessidade e sem exageros, pois a maioria destes espaços só serão utilizados eventualmente.
Ÿ Área para acomodações: Não é sempre, mas ocorrem algumas
visitas de membros do ministério de outras localidades para participar de reuniões e eventos. Pensando nisso, notou-se a demanda de acomodações que permitam que estas visitas eventualmente se hospedem, por um curto período de tempo. Por isso, serão propostos dormitórios flexíveis e área de apoio e convivência para acolher esta necessidade.
E para facilitar a compreensão deste programa de necessidades, é preciso entender que os principais espaços nele propostos se estabelecem conforme a seguir: Ÿ Área de culto (templo): Este é o principal espaço que compõe o
edifício, pois é nele que o uso com maior importância, que é o cultuar da fé, ocorrerá. Essa área é uma das que mais necessitam de espaço, visto que existe uma quantidade de, aproximadamente, 700 usuários como demanda a ser atendida. É neste local que os eventos como cultos, reuniões diversas, ensaios musicais dentre outros ocorrerão, portanto, necessita de uma certa flexibilidade e boa capacidade de fluxo. Além de se salão principal onde os cultos ocorrem, é fundamental que se tenha dois vestiários para batismo, assim como o fundo bíblico, que é onde são vendidas bíblias e hinários(geralmente é dentro do próprio salão de orações). Obviamente, também são necessárias as instalações sanitárias para atender todas as pessoas que utilizam desta área.
Ÿ Área para refeições pós-eventos: É comum que se tenham refeições
após (e às vezes, antes) alguns eventos na CCB. Pensando na melhor comodidade dos fiéis, optou-se por propor um refeitório amplo e ao mesmo tempo adaptável à demanda de espaço extra para algum evento. Pretende-se que este refeitório seja bastante permeável, e que faça uma ligação direta com a área verde de convivência. E para o preparo das refeições, é preciso uma cozinha industrial de pequeno a médio porte, visto que a quantidade de refeições servidas é consideravelmente grande, porém, eventual. Ÿ Áreas de convivência ao ar livre: Este ambiente será uma peça chave
no edifício. Neste local, é desejável que se tenha várias espécies vegetais, de forma a propiciar a permanência e contemplação nele. A idéia é que esta área possa abrigar diversos uso, tais como reuniões descontraídas em grupos ou com até mesmo relaxamento e reflexão.
Ÿ Espaço para estudo musical: Com o grande e atual crescimento das
orquestras na CCB, surgiu o Grupo de Estudo Musical (GEM), visando o melhor aproveitamento e aprendizagem dos candidatos à integrantes desta orquestra. Com base nisto, notou-se a necessidade de uma área propícia para estes estudos. Portanto, o projeto contará com salas tratadas acusticamente para estudos musicais em grupo e individuais, bem como, com sala e depósito de instrumentos para doações. Ÿ Área administrativa: Toda
central da CCB possui um grupo ministerial e um administrativo. O administrativo, por sua vez, é formado por 60
5.4.2 Estudos iniciais Neste estudo é possível notar que as áreas para cada uso iram se dividir em 3 blocos. Esta divisão foi gerada com a intenção de gerar o menor impacto possível na vegetação préexistentes no terreno, e com o intuito de distribuir melhor as funções ao longo dos níveis topográficos ao invés de formar um único bloco vertical.
Com base nos conceitos, premissas e no programa de necessidades apresentado anteriormente, foram desenvolvidos os seguintes diagramas para estudar os usos e sua possível localização no espaço disponível, não definindo ainda aspectos como forma ou área quadrada específica. Neste estudo inicial, as áreas gerais destinadas para cada uso se localizarão conforme a figura 65 e 66.
Figura 66 – Estudo inicial dos usos em cortes. Fonte: produzido pelo autor Figura 65 – Estudo inicial da posição e relação entre os usos do edifício. Fonte: produzido pelo autor
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PLANO DE MASSAS DOS PAVIMENTOS INFERIORES CIRCULAÇÃO VERTICAL
ESPELHO D’ÁGUA E TANQUE DE BATISMOS
BLOCOS LIGADOS POR ÁREAS DE CONVIVÊNCIA E REFLEXÃO
ÁREA DE CULTO VESTIÁRIO PARA BATISMO
ÁREA DE CONVIVÊNCIA
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
763
FUNDO BÍBLICO
DML ACESSO PARA COBERTURA
764
765
766 768
767
62
PLANO DE MASSAS DOS PAVIMENTOS INFERIORES
VEÍCULO
S
ÁREA DE CONVIVÊNCIA E CONTEMPLAÇÃO
ESTACIONAMENTO EM PILOTIS CIRCULAÇÃO VERTICAL
ÁREA DE CULTO
BLOCOS LIGADOS POR ÁREAS DE CONVIVÊNCIA E REFLEXÃO
63
PLANO DE MASSAS DOS PAVIMENTOS INFERIORES
BLOCOS LIGADOS POR ÁREAS DE CONVIVÊNCIA E REFLEXÃO
REFEITÓRIO ACESSO PARA COBERTURA
COZINHA INDUSTRIAL
DRS VESTIÁRIOS DML
PEQUENA HORTA
CIRCULAÇÃO INSTALAÇÕES SANITÁRIAS VERTICAL COMPOSTAGEM
769
768 64
770
PLANO DE MASSAS DOS PAVIMENTOS SUPERIORES CIRC. VERTICAL
ESTUDO MUSICAL (GEM)
CONVIVÊNCIA ESPELHO D’ÁGUA E TANQUE DE BATISMOS
BLOCOS LIGADOS POR ÁREAS DE CONVIVÊNCIA E REFLEXÃO
LAJE JARDIM ACIMA DO TEMPLO (MIRANTE)
ÁREA DE CONVIVÊNCIA
763
764
765
766 768
767
65
INSTALAÇ SANITÁR
PLANO DE MASSAS DOS PAVIMENTOS SUPERIORES
VEÍCULO
S
ÁREA DE CONVIVÊNCIA E CONTEMPLAÇÃO
ÁREA ADMINISTRATIVA (ESCRITÓRIO)
CABINES DE ESTUDO INDIVIDUAL
AULAS TEÓRICAS
AULAS PRÁTICAS
ESTUDO MUSICAL (GEM)
CIRC. VERTICAL
CONVIVÊNCIA
LAJE JARDIM ACIMA DO TEMPLO (MIRANTE)
DEPÓSITO E REPARO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS
BLOCOS LIGADOS POR ÁREAS DE CONVIVÊNCIA E REFLEXÃO
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INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
SALAS DE REUNIÕES
PLANO DE MASSAS DOS PAVIMENTOS SUPERIORES
CONVIVÊNCIA
BLOCOS LIGADOS POR ÁREAS DE CONVIVÊNCIA, CONTEMPLAÇÃO E REFLEXÃO
LAJE JARDIM ACIMA DO TEMPLO (LOCAL DE CONTEMPLAÇÃO)
CONVIVÊNCIA DORMITÓRIOS
ACOMODAÇÕES
CIRCULAÇÃO VERTICAL
PEQUENA HORTA
BANHEIROS COMPOSTAGEM
769
768 67
770
6
BIBLIOGRAFIA
ABUMANSSUR, Edin Sued. As moradas de Deus: Arquitetura de Igrejas Protestantes e Pentecostais – 1ª edição. São Paulo: Editora Cristã, 2004.
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BENEVOLO, L. Introdução à arquitectura. Tradução de Maria Manuela Ribeiro; revisão de tradução de Artur Lopes Cardoso. Lisboa: Edições 70, 1987.
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