Costureiras: Mulheres de fibra, agulha e linha

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COSTUREIRAS Mulheres de Fibra, Agulha e Linha

GABRIELLE BECKEDORF



< Métrica indispensável



COSTUREIRAS Mulheres de Fibra, Agulha e Linha



Dedico este trabalho, primeiramente, Ă todas as costureiras, por exercer uma profissĂŁo de tamanho envolvimento e carinho, sem vocĂŞs jamais estarĂ­amos realmente prontos e bem vestidos para enfrentar o mundo.


CLARICE “Eu acho muito interessante você pegar um tecido e a pessoa pedir naquele modelo, você dar conta e a pessoa sair satisfeita e você viu que está bonito. Você fala: “nossa, nem parece que foi feito em casa, e fui em que fiz de bonito” ... Isso aí é muito bom!” (ARAUJO, CLARICE) 06


< O Overloque e o rรกdio

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^ O velho se transforma em novo

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^ Antes da mรกquina, as mรฃos

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< Primeiros ajustes

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< Delicadeza da experiĂŞncia

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CarretĂŠis de linha >

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^ Mรกquina humana

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^ Costura manual, uma arte antiga


^ MĂŁos, grampos e detalhes

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^ Casinha de botĂŁo

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“Costuro para aquelas mocinhas enjoadas, que você precisa de ver e você fala: “ai meu Deus, aonde é que fui amarrar meu burrinho!”. Mas dá conta e sai todo mundo satisfeita, me mandando foto de onde que está e me mostrando o look que fiz, não é satisfatório? Aquele pedacinho de pano você transforma numa roupa, e ela fica bonita. E foi tudo o que eu aprendi, nunca tive oportunidade de fazer outra coisa, me agarrei nisso e fez bem.” (ARAUJO, CLARICE)

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Casinha com botĂŁo >

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IVONE “Eu fazia as coisas de casa, da minha irmã... Coisas de casa. Porque era necessidade, você tem três crianças e descostura daqui, descostura de lá, então tem que arrumar, né? Pagar outra pessoa para arrumar...” (LIMA, APARECIDA)

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^ Caixa de costura

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^ Era uma vez, uma linha

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Indispensável: Fita métrica >

< Memórias do passado

Era uma vez, uma máquina de costura >

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^ Era uma vez, uma costureira

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“Eu sei fazer algumas coisinhas, mas cortar, assim, cortar uma blusa, cortar um vestido... Aí eu não sei, eu não aprendi, mas de ruindade... Por que eu falava que, se quero uma coisa e ele não quer, quer que vou ser costureira porque as irmãs dele lá, as cunhadas dele é, então também não vou ser.” (LIMA, APARECIDA)

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^ Dona Ivone recordando o passado

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^ Ensinamentos de Dona Sinรก

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< Ferramentas de trabalho

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“Meu pai me tirou da escola para aprender a costurar. Eu queria estudar, eu tinha loucura para estudar, que eu queria que queria ser professora. E a minha professora do quarto ano – naquele tempo era quarto ano, né? -, implorou para ele, para deixar eu ir por que eu tinha só nota boa, né? Eu ia bem na escola. “Professora vai andar pelo mundo, aí você sabe o que é que vai virar”. Olha a ignorância que era.” (LIMA, APARECIDA)

< Costureira pré-destinada, uma obrigação feminina

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“Me mandou pular de galho em galho, não aprendi, falei que não vou aprender, eu não quero... Eu sei fazer costura, eu tenho as coisas da escola que eu fui, tenho as réguas, eu tenho tudo. Mas eu nunca fiz um ‘shortinho’. Eu ia aprender uma coisa que não queria? Eu ia por ir.” (LIMA, APARECIDA)

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^ Era uma vez, uma menina

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^ Delicadeza sob medida

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^ CrochĂŞ: Costura artesanal

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LIDIA “[...]Todo mundo precisa se vestir, é a mesma coisa que comer. O pessoal gasta com comida e gasta com roupa também [...]” (SOUZA, MARILIDIA)

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< Armรกrio de linhas

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^ A costureira e o ateliĂŞ

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“Antes não dava para fazer um monte de coisas não. Já trabalhei para empresa assim, fazendo preparação em casa, aí você trabalha direto, daí não dá tempo de muita coisa não. Aí agora que estou só fazendo conserto mesmo, parei de trabalhar para empresas. Daí só estou fazendo os consertos em casa e aí dá para fazer mais coisas, dá para ajudar meu marido na mercearia, dá para fazer a estética também.” (SOUZA, MARILIDIA)

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< Orgulho atravĂŠs do olhar

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< Pequenos consertos

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Uma adaptação para a pouca luz >

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^ Pregando um botĂŁo de jeans

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^ Balancim: Instrumento para pregar botĂľes


^ Lidia mostra o botĂŁo fixo no tecido

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^ Lidia busca eventuais defeitos na peรงa finalizada

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“[...]por um bom tempo foi minha principal fonte de renda, a costura... Agora que eu dei uma parada e estou mais por hobbie mesmo, porque eu gosto, mas antes era a fonte de renda de casa mesmo, de tudo.� (SOUZA, MARILIDIA)

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MAZÉ “Acordei, quis fazer e fiz, costurava com a agulhinha de mão, entendeu? Tinha uns bonequinhos que colocava em cima dos bolos, sabe? Que faz enfeite de bolo, fazia roupinha para eles, fazia terninho, vestidinho, a coisa mais linda.” (SILVA,MARIA) 50


< Fantasia

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Manequim fantasiado e, ao fundo, algumas fantasias confeccionadas por Dona MazĂŠ >

< Manequim com fantasia temĂĄtica

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< Dona Mazé exibe orgulhosa uma fantasia

Rotina de organização da loja>

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< Feito sob medida

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“Opa, a vida toda desde os vinte e três anos, que eu vim para São Paulo e comecei a costurar. Eu parei uma época e fui ser fiscal de caixa, fiquei uns dois ou três anos e daí eu falei: “não”. Coloquei dentro da minha casa uma confecção e tô aqui até hoje.” (SILVA,MARIA)

Retrato da senhora Maria José >

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^ Pequeno ateliĂŞ nos fundos da loja

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^ Um ajuste para um conhecido

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^ Olhar atento ao trabalho

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^ Ateliê e loja, profissão e administração


^ Ângulo aberto do ateliê

^ Atenção ao movimento externo

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^ Linhas para Overloque

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“Eu amo o que eu faço, eu faço bem feito porque eu gosto do que eu faço. Poderia melhorar se tivesse condições financeiras mais... Mas todo mundo que vem aqui fala que é uma maravilha, eu tenho qualidade, eu não tenho uma loja chique, entendeu? Só que eu tenho a qualidade que várias lojas chiques não têm. E as minhas roupas sou eu que faço, não tem nada aqui que foi comprado, e também não vendo, faço só para alugar hoje, mas já costurei muito, fiz camiseta, tinha uma fábrica de camiseta; fiz o social, fiz roupas maravilhosas, só que eu foquei na fantasia porque é aqui que tá o sustento da minha família.“ (SILVA,MARIA)

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Espaço onde Dona Mazé anota manualmente a entrada e a saída de fantasias >

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Detalhes da mรกquina de Overloque >

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< Processo e produto

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< Arara de saias

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O fotolivro “Costureiras: Mulheres de fibra, agulha e li-

nha”, é um projeto desenvolvido para contemplar o trabalho e as histórias das mulheres que se encontram por trás das máquinas de costura.

Em comum, todas já trabalharam na informalidade, den-

tro de pequenos quartos e cômodos, pelos mais variados motivos. Seja para o benefício familiar ou financeiro, cada uma possui uma história que foi ouvida e distribuída nestas páginas através das fotografias, junto com pequenos trechos dos relatos de cada personagem.

O livro é a expressão da adimiração e do respeito da au-

tora por todas as costureiras, sendo uma homenagem singela, perante a importância de todas elas.


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