Índice Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Competência de área 1 – Aplicar
as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
Habilidade Habilidade Habilidade Habilidade
1 – Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação ............................................................................................................5 2 – Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais ..........................................................................................................8 3 – Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas ........................................................................................................11 4 – Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação .........................................................................................................11
Competência de área 2 – Conhecer
e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais*.
Habilidade 5 – Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema Habilidade 6 – Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas Habilidade 7 – Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social Habilidade 8 – Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística A competência de área 2 não consta do ROTEIRO NOVO ENEM, pois não será exigida no ENEM de 2009.
Competência de área 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade. Habilidade
9 – Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social..........................................................................................................18 Habilidade 10 – Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas .................................................................................................................22 Habilidade 11 – Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos .......................................25
Competência de área 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade. Habilidade 12 – Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais ...........................................................................................................................................28 Habilidade 13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos ..................................................................................................................31 Habilidade 14 – Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos .....................................................37
Competência de área 5 – Analisar,
interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
Habilidade 15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político................................................................................41 Habilidade 16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário ............................................................................................................................................46 Habilidade 17 – Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional ..............................................................................................................................49
Competência de área 6 – Compreender
e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
Habilidade 18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos ........................................................................53 Habilidade 19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução .....................................................................................................................................66 Habilidade 20 – Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional..........................................................................................................................72
Competência de área 7 – Confrontar
opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
Habilidade 21 – Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos ....................................................................81 Habilidade 22 – Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos............................81 Habilidade 23 – Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados ...............................................................81 Habilidade 24 – Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras...........................81
Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade. Habilidade 25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro .......................................................................94 Habilidade 26 – Relacionar as variedades lingüísticas a situações específicas de uso social .........................................94 Habilidade 27 – Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação ...................................................................................................................................94
Competência de área 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar. Habilidade 28 – Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação. ...........................................................................................................104 Habilidade 29 – Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação...........108 Habilidade 30 – Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem................................................................115
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação. Provérbios e ditos populares Provérbio, máxima, dito, adágio, aforismo: frase curta, geralmente de origem popular, frequentemente com ritmo e rima, rica em imagens, que sintetiza um conceito a respeito da realidade ou uma regra social ou moral. Exemplos: "Deus ajuda a quem cedo madruga." "Quem tudo quer tudo perde." "Devagar se vai ao longe." "Amor com amor se paga."
Exercício Explicativo 1 Entre os seguintes ditos populares, qual deles melhor corresponde à figura ao lado? a) b) c) d) e)
Com perseverança, tudo se alcança. Cada macaco no seu galho. Nem tudo que balança cai. Quem tudo quer, tudo perde. Deus ajuda quem cedo madruga. (Exame, 28/9/2007)
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Comentário Entende-se a adequação do dito contido na alternativa a imaginando-se a imensa dificuldade do caracol para chegar aonde está, sendo lento como uma lesma e tendo ainda de carregar sua “casa”. Resposta: A Aprendendo a Jogar (Guilherme Arantes)
Vivendo e aprendendo a jogar Vivendo e aprendendo a jogar Nem sempre ganhando Nem sempre perdendo, Mas aprendendo a jogar Água mole em pedra dura Mais vale que dois voando Se eu nascesse assim... pra lua Não estaria trabalhando Vivendo e aprendendo a jogar Vivendo e aprendendo a jogar Nem sempre ganhando Nem sempre perdendo, Mas aprendendo a jogar
A frase feita, em poucas palavras, diz tudo, ou melhor, faz entender o que se quer dizer de forma completa e imediata. É o que acontece com os provérbios, as pragas, os ditos populares, os apelidos e os dísticos que voam pelas estradas brasileiras nos para-choques dos caminhões. Os dísticos são um velho uso nas velas das jangadas, nas bancas e ns carroças que revivem nesse moderno meio de transporte rodoviário, sendo fixadores de um pensamento que revela o estado de espírito do motorista: filosófico, amoroso, religioso, político, irreverente, galanteador, alegre. Folclore nacional, vol. IIII, Alceu Maynard Araújo.
Exercício Explicativo 2 As linhas nas duas figuras geram um efeito que se associa ao seguinte ditado popular:
Mas em casa de ferreiro Quem com ferro se fere é bobo Cria fama, deita na cama Quero ver o berreiro na hora do lobo Vivendo e aprendendo a jogar Vivendo e aprendendo a jogar Nem sempre ganhando Nem sempre perdendo, Mas aprendendo a jogar Quem tem amigo cachorro Quer sarna pra se coçar Boca fechada não entra besouro Macaco que muito pula quer dançar Água mole em pedra dura Mais vale que dois voando Se eu nascesse assim... pra lua Não estaria trabalhando Vivendo e aprendendo a jogar Vivendo e aprendendo a jogar Nem sempre ganhando Nem sempre perdendo, Mas aprendendo a jogar
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a) c) e)
Os últimos serão os primeiros. Quem espera sempre alcança. Quanto maior a altura, maior o tombo.
b) Os opostos se atraem. d) As aparências enganam.
Comentário No primeiro desenho, as linhas retas (que simulam paralelas e criam o efeito de perspectiva) dão a impressão de que o segundo homem seja maior que o primeiro, e o terceiro maior que o segundo, quando na verdade os três são do mesmo tamanho. No segundo desenho, as linhas retas do plano de fundo dão a impressão de que a figura central seja irregular, quando na verdade se trata de uma circunferência. Resposta: D
Exercício Explicativo 3 Os provérbios constituem um produto da sabedoria popular e, em geral, pretendem transmitir um ensinamento. A alternativa em que os dois provérbios remetem a ensinamentos semelhantes é: a)
“Quem diz o que quer, ouve o que não quer” e “Quem ama o feio, bonito lhe parece”. b) “Devagar se vai ao longe” e “De grão em grão, a galinha enche o papo”. c) “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando” e “Não se deve atirar pérolas aos porcos”. d) “Quem casa quer casa” e “Santo de casa não faz milagre”. e) “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” e “Casa de ferreiro, espeto de pau”.
Comentário Os provérbios que remetem ao mesmo ensinamento são “Devagar se vai ao longe” e “De grão em grão, a galinha enche o papo”, pois ambos aconselham comportamento paciente e persistente. Resposta: B
Exercício Explicativo 4 Provérbio é uma máxima ou sentença de caráter prático e popular que transmite, de forma sucinta, um ensinamento. Assinale a alternativa em que os dois provérbios apresentam ensinamentos semelhantes: a) b) c) d) e)
Nem tudo que reluz é ouro. / Quem vê cara não vê coração. Quem ri por último ri melhor. / Quem tem pressa come cru. Quem tem boca vai a Roma. / Em boca fechada não entra mosca. Não se cutuca onça com vara curta. / Antes de matar a onça, não se vende o couro. Leite de vaca não mata bezerro / Não se cospe no prato em que se come.
Comentário Os dois provérbios da alternativa a apontam para o mesmo ensinamento: o de que as aparências podem enganar. Resposta: A
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Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais. Carta A carta é uma modalidade redacional livre, pois nela podem aparecer a narração, a descrição, a reflexão ou o parecer dissertativo. O que determina a abordagem, a linguagem e os aspectos formais de uma carta é o fim a que ela se destina: amizade, negócio, interesse pessoal; o destinatário: um ente amado, um familiar, uma seção de jornal ou revista etc. Assim, as cartas podem ser amorosas, familiares, didáticas, apreciativas ou críticas, doutrinárias. A estética da carta varia conforme a finalidade. Se o destinatário é um órgão do governo, a carta deve observar procedimentos formais como a disposição da data, do vocativo (nome, cargo ou título do destinatário), do remetente e a assinatura. No caso das correspondências comercial e oficial — textos jurídicos, comunicados, ofícios, memorandos emitidos por órgãos públicos —, a linguagem é muitas vezes feita de jargão e expressões de uso comum ao contexto que lhes é próprio. Uma obra literária pode também apresentar a forma de carta sem, contudo, pertencer ao gênero epistolar, como é, por exemplo, o caso de Lucíola, de José de Alencar: a história é narrada por intermédio de cartas dirigidas a uma senhora, o que não descaracteriza a obra como romance. Há exemplos famosos de correspondências apreciativas ou críticas, como as de Machado de Assis, Eça de Queirós, Mário de Andrade e outros escritores. Entre as cartas doutrinárias, temos as religiosas, como as epístolas de São Paulo, e as políticas, como algumas cartas de Pe. Antônio Vieira.
Exercício Explicativo 1 São Paulo, 18 de agosto de 1929. Carlos [Drummond de Andrade], Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela candidatura Getúlio Vargas–João Pessoa. É. Mas veja como estamos trocados. Esse entusiasmo devia ser meu e sou eu que conservo o ceticismo que deveria ser de você. (…) Eu… eu contemplo numa torcida apenas simpática a candidatura Getúlio Vargas, que antes desejara tanto. Mas pra mim, presentemente, essa candidatura (única aceitável, está claro) fica manchada por essas pazes fragílimas de governistas mineiros, gaúchos, paraibanos (…), com democráticos paulistas (que pararam de atacar o Bernardes) e oposicionistas cariocas e gaúchos. Tudo isso não me entristece. Continuo reconhecendo a existência de males necessários, porém me afasta do meu país e da candidatura Getúlio Vargas. Repito: única aceitável. Mário de Andrade (LEMOS, Renato. Bem Traçadas Linhas: a história do Brasil em cartas pessoais. Rio de Janeiro, Bom Texto, 2004, p. 305.)
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Acerca da crise política ocorrida em fins da Primeira República, a carta do paulista Mário de Andrade ao mineiro Carlos Drummond de Andrade revela a) a simpatia de Drummond pela candidatura Vargas e o desencanto de Mário de Andrade com as composições políticas sustentadas por Vargas. b) a veneração de Drummond e Mário de Andrade ao gaúcho Getúlio Vargas, que se aliou à oligarquia cafeeira de São Paulo. c) a concordância entre Mário de Andrade e Drummond quanto ao caráter inovador de Vargas, que fez uma ampla aliança para derrotar a oligarquia mineira. d) a discordância entre Mário de Andrade e Drummond sobre a importância da aliança entre Vargas e o paulista Júlio Prestes nas eleições presidenciais. e) o otimismo de Mário de Andrade em relação a Getúlio Vargas, que se recusava a fazer alianças para vencer as eleições.
Comentário A “simpatia de Drummond pela candidatura Vargas” é mencionada logo no início por Mário de Andrade. O desagrado deste em relação às “composições políticas sustentadas por Vargas” é o assunto que domina todo o resto do texto. Resposta: A Texto para os exercícios explicativos 2 e 3. Mário,
18 de maio de 1930.
Olhe, eu também sou um homem que gostaria de pegar em armas (...) Mas quando penso que iria marchar em defesa desses pobres candidatos eleitos do PRM (Partido Republicano Mineiro), por exemplo, ou desse pobríssimo candidato Getúlio, palavra que perco o furor bélico. Não, é inútil tentar consertar o Brasil, ou por outra, o desconcerto eterno do Brasil é o seu próprio traço diferencial, o seu modo de ser... Acho que você estáse tornando infeliz sem motivo, e só compreenderia essa infelicidade por uma topada legítima nalguma pedra de meio de caminho, mas pedra de fato, dessas que a gente encontra na nossa vida individual.
Exercício Explicativo 2 A carta acima foi escrita por Carlos Drummond de Andrade a Mário de Andrade. Quanto ao conteúdo, o autor demonstra a) esperança de que os políticos possam consertar o país. b) entusiasmo em defender o país com armas. c) consciência da inutilidade de tentar alterar os rumos do país. d) disposição de marchar em defesa de partidos e ideais políticos. e) solidariedade com a infelicidade do interlocutor.
Comentário “É inútil tentar consertar o Brasil” confirma o desalento do emissor com os rumos da política nos país. Resposta: C
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Exercício Explicativo 3 Com base no texto, pertencem ao mesmo campo semântico as expressões a) “pedra de fato” e “modo de ser”. b) “desconcerto eterno do Brasil” e “traço diferencial”. c) “pedra de meio de caminho” e “vida individual”. d) “consertar o Brasil” e “pobres candidatos”. e) “furor bélico” e “pegar em armas”.
Comentário As expressões pertencem ao campo semântico de guerra. Resposta: E
Texto para os exercícios explicativos 4 e 5.
Caro Drummond Estou mandando para o nosso ministro as fotografias da capelinha que fiz para minha avó. Não ficaram boas por dois motivos – 1.o a capela é muito pequena e não dá para recuar a máquina e 2.o porque o fotógrafo é daqui mesmo e não tem chapas apropriadas. Além disso é preciso prática para fotografar quadros. Em todo caso, dará uma ideia... Fiz também alguns quadros de cavalete que você vai gostar – hontem, fiz um galo e uma galinha abraçados. Ficou bonito de côr. Todos mandam lembranças para Dolores, Julieta e para você. Do velho Portinari Brodowski 5-11-1941
Exercício Explicativo 4 Assinale a alternativa correta sobre a carta transcrita. a) Buscando um perfeito enquadramento da capelinha, o inexperiente fotógrafo manteve-se a uma distância inadequada. b) De Brodowski, Portinari (emissor) escreve para Drummond (receptor). c) O fotógrafo é incompetente, por isso as fotos não ficaram boas. d) Os quadros de cavalete foram fotografados e enviados a Drummond. e) O galo e a galinha abraçados foram pintados em cores vivas, no dia anterior ao envio da carta.
Comentário Caro Drummond é um vocativo a quem se dirige Portinari, o remetente da carta. Resposta: B
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Exercício Explicativo 5 Sobre o texto, assinale a alternativa incorreta. a) Convencionalmente, nas cartas, indicam-se local e data no início, acima do vocativo. b) “Hontem” e “côr” apresentam, respectivamente, grafia e acentuação em desuso. c) O vocativo “caro Drummond” poderia vir seguido de vírgula ou dois-pontos. d) O trecho “quadros de cavalete que você vai gostar” reflete a linguagem coloquial, pois, em padrão culto, a construção correta deveria ser “quadros de cavalete de que você vai gostar”. e) Na missiva, “nosso ministro” refere-se ao próprio receptor, no caso, Drummond.
Comentário A expressão “nosso ministro” refere-se a uma terceira pessoa, que é apenas mencionada. Resposta: E
3. Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas. 4. Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
A LINGUAGEM: INSTRUMENTO ESSENCIAL DO HOMEM Costuma-se definir o homem como animal racional, distinto dos outros animais pela capacidade de pensamento e uso da razão. Ocorre que o pensamento racional, como qualquer forma de pensamento, é inconcebível sem a linguagem. A linguagem, portanto, deve ser tomada como o verdadeiro elemento definidor do homem em relação ao reino animal, antes ainda do pensamento ou da razão, pois estes não seriam possíveis sem ela. Na abertura de sua obra sobre teoria da linguagem, o grande linguista dinamarquês Louis Hjelmslev (pronuncia-se ielmsleu) assim apresenta o que chama “a patente da nobreza do gênero humano”:
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A linguagem — o falar humano — oferece uma abundância inexaurível de múltiplos tesouros. A linguagem é inseparável do homem e o acompanha em cada uma de suas atividades. A linguagem é o instrumento com que o homem pensa e sente, forma estados de alma, aspirações, volições e ações, o instrumento com que influencia e é influenciado, o fundamento último e mais profundo da sociedade humana. Mas a linguagem é também o sustentáculo último, indispensável, do indivíduo, o seu refúgio na hora da solidão, quando a mente luta com o problema da existência, e o conflito se resolve no monólogo do poeta e do pensador. Anteriormente ao primeiro despertar da nossa consciência, a linguagem soava à nossa volta, pronta a enlaçar os primeiros tenros semens de pensamento, e a acompanhar-nos, inseparável, por toda a vida, nas mais simples atividades quotidianas, como nos momentos mais íntimos e sublimes, aqueles dos quais haurimos força e calor para a vida diária, graças à posse da memória, que nos é fornecida pela própria linguagem. Mas a linguagem não é um acompanhamento exterior, ela está no mais profundo da mente humana, tesouro de memória herdado pelo indivíduo e pelo grupo, consciência vigilante que recorda e alerta. E o falar é o signo distintivo da personalidade, para o bem como para o mal, o signo distintivo da família e da nação, a patente da nobreza do gênero humano. A linguagem se desenvolveu em uma associação de tal forma inextricável com a personalidade, a família, a nação, a humanidade e a própria vida, que podemos por vezes ter a tentação de nos interrogar se a língua é somente um reflexo, ou se não é, ela própria, todas estas coisas, o gérmen do seu desenvolvimento. Louis Hjelmslev, Fundamentos da Teoria da Linguagem (tradução de Francisco Achcar da tradução italiana, I fondamenti della teoria del linguaggio, Torino: Einaudi 1968, p. 5). Vamos agora reler o belo e denso texto de Hjelmslev, num simples exercício de análise, numerando e destacando as características atribuídas à linguagem para melhor distingui-las e visualizá-las, e apresentando sinônimos das palavras menos usuais. A linguagem — o falar humano — oferece uma abundância inexaurível [inesgotável] de múltiplos tesouros. A linguagem é inseparável do homem e o acompanha em cada uma de suas atividades. A linguagem é o instrumento com que o homem [1] pensa e [2] sente, [3] forma estados de alma, [4] aspirações, [5] volições [desejos, escolhas] e [6] ações, [7] o instrumento com que influencia e é influenciado, [8] o fundamento último e mais profundo da sociedade humana. Mas a linguagem é também [9] o sustentáculo último, indispensável, do indivíduo, o seu refúgio na hora da solidão, quando a mente luta com o problema da existência, e o conflito se resolve no [10] monólogo do poeta e [11] do pensador. [12] Anteriormente ao primeiro despertar da nossa consciência, a linguagem soava à nossa volta, pronta a enlaçar os primeiros tenros semens de pensamento, e a acompanhar-nos, inseparável, por toda a vida, nas mais simples atividades quotidianas, como nos momentos mais íntimos e sublimes, aqueles dos quais haurimos [retiramos (de dentro), absorvemos] força e calor para a vida diária, graças à [13] posse da memória, que nos é fornecida pela própria linguagem. Mas a linguagem não é um acompanhamento exterior, ela está no mais profundo da mente humana, tesouro de memória herdado pelo indivíduo e pelo
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família e da nação, a patente [título, diploma] da nobreza do gênero humano. A linguagem se desenvolveu em uma associação de tal forma inextricável [inseparável] com a personalidade, a família, a nação, a humanidade e a própria vida, que podemos por vezes ter a tentação de nos interrogar se a língua é somente um reflexo, ou se não é, ela própria, todas estas coisas, o gérmen do seu desenvolvimento.
Exercício Explicativo 1 No texto transcrito, a linguagem não é considerada como a) b) c) d) e)
utensílio da ação humana. depósito da memória social. ferramenta do pensamento. meio de ascensão à aristocracia. instrumento da emoção.
Comentário Ao qualificar a linguagem como “a patente da nobreza do gênero humano”, o autor se refere ao fato de a linguagem distinguir os homens do resto do reino animal e constituir o seu traço de superioridade. Portanto, a palavra nobreza foi por ele empregada em sentido figurado, significando “aquilo que revela cultura e interesses superiores; excelência, elevação” (Dicionário Houaiss). Na alternativa d, a palavra aristocracia indica uma classe social (“a classe dos nobres, o conjunto das famílias nobres de um certo local”, ibidem)1 Idem significa “o mesmo” e ibidem, “no mesmo lugar”. Usado em citações, o termo ibidem indica que o texto citado se encontra no mesmo livro antes mencionado, ou seja, no caso, o Dicionário Houaiss. Como não se trata, no texto, de ascensão social, essa alternativa não tem cabimento. Todas as demais características se encontram apontadas no texto: segundo a numeração que adotamos, a está em 6; b, em 13; c, em 1, e e, em 2, 3, 4 e 5. Resposta: D 1
Idem significa “o mesmo” e ibidem, “no mesmo lugar”. Usado em citações, o termo ibidem indica que o texto citado se encontra no mesmo livro antes mencionado, ou seja, no caso, o Dicionário Houaiss.
Exercício Explicativo 2 Para o autor do texto, a) b) c) d) e)
a linguagem é um elemento básico da estruturação social. por meio do uso das palavras, os homens exercem ação uns sobre os outros. o desenvolvimento da linguagem depende do indivíduo, da família e da sociedade. a poesia é uma das formas extremas da expressão linguística. a linguagem também está presente nas experiências de solidão e silêncio.
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Comentário O texto não se refere ao desenvolvimento da linguagem, mas ao fato de que o desenvolvimento da personalidade, das instituições humanas (família, nação), da humanidade e da própria vida dependeria do “gérmen” da linguagem. O conteúdo da alternativa a se encontra em 8; o da b, em 7; os da d e da e, em 9-10 (onde “sustentáculo último” quer dizer aquilo que dá apoio nos momentos extremos, sendo um deles “a hora da solidão, quando a mente luta com o problema da existência, e o conflito se resolve no monólogo do poeta [ou seja, em poesia] e do pensador” [ou seja, em filosofia]). Resposta: C
Linguagem Humana e “Linguagem” Animal A palavra linguagem vem entre aspas na expressão “‘linguagem’ animal” porque, neste caso, ela designa sistemas de comunicação que não são propriamente linguagens, pois não apresentam uma característica básica que define a linguagem humana: a dupla articulação. Na linguagem humana, ou seja, na linguagem propriamente dita, os enunciados (as frases) podem ser divididos em unidades menores (as palavras e seus elementos, chamados monemas ou morfemas) que têm significado. Tais unidades constituem a primeira articulação da linguagem. Esta, por sua vez, é formada de elementos menores que não têm significado (os fonemas, ou sons da linguagem, representados por escrito pelas letras) e que constituem a segunda articulação da linguagem. Exemplo: na expressão A casa amarela temos, simplificando, 3 unidades da primeira articulação (as palavras a, casa e amarela), todas elas significativas. Essas 3 unidades, por sua vez, são formadas por 12 unidades da segunda articulação (que, sempre simplificando, são os fonemas /a/, repetido 6 vezes, /e/, /k/ escrito c, /z/ escrito s, /l/, /m/ e /r/). Portanto, as unidades da segunda articulação, que não têm significado, formam as unidades da primeira articulação, que têm significado. A dupla articulação é, portanto, responsável pela produtividade da linguagem: com um pequeno número de sinais (26 letras, no caso do Português, que representam um número um pouco maior de fonemas) formam-se palavras em quantidade ilimitada. Daí, além da riqueza, resulta a complexidade que caracteriza qualquer língua, em oposição à simplicidade dos sistemas de comunicação animal. Por dupla articulação da linguagem se entende, portanto, o emprego de um pequeno conjunto de sinais desprovidos de sentido (os fonemas, ou sons da linguagem, representados pelas letras) para formar um conjunto ilimitado de signos, ou seja, de sinais providos de sentido (as palavras). Os fonemas não são mais que poucas dezenas; as palavras que eles permitem formar constituem uma lista aberta, que pode ser sempre ampliada. Ou seja: todos os livros escritos e todas as palavras ou frases ditas em Português (número incalculável) utilizam um conjunto de 26 letras (que correspondem a um número um pouco maior de fonemas). Nos sistemas de comunicação que se encontram entre os animais, só há uma única articulação; portanto, os elementos significativos – os signos – só existem em pequeno número, pois não se formam com elementos menores desprovidos de significação.
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Fora do âmbito da “linguagem” animal, um exemplo de “linguagem” de uma só articulação – que seria melhor chamar código – é o utilizado para a sinalização do trânsito nos semáforos. Dele constam apenas três unidades significativas, que não podem ser divididas em unidades menores: vermelho significando “pare”; amarelo, “atenção”, e verde, “passe”. Extremamente simples, esse código é o oposto da linguagem propriamente dita, cujo alto grau de complexidade pode ser exemplificado em qualquer língua do mundo, das mais cultivadas (como o italiano, o inglês, o francês ou o alemão) às mais “primitivas” (como as línguas indígenas brasileiras).
Exercício Explicativo 3 De acordo com o texto lido, por que os códigos de comunicação que se encontram entre os animais não podem ser considerados linguagens propriamente ditas, tal como a linguagem humana? a) Porque os animais são incapazes de falar, o que limita o alcance de seus sistemas de comunicação, ao passo que a linguagem humana é basicamente falada, sendo por isso mais complexa. b) Porque a linguagem humana é composta de palavras em grande número e os códigos dos animais só utilizam pequeno número de ruídos ou gestos. c) Porque a linguagem permite verdadeira comunicação entre as pessoas, enquanto os códigos usados pelos animais visam mais à sobrevivência do grupo. d) Porque a linguagem humana se estrutura em dois níveis, o que possibilita alto grau de complexidade e riqueza, e a comunicação animal se organiza num só nível. e) Porque a segunda articulação da “linguagem” animal não possibilita a riqueza e a complexidade que se encontram em todas as línguas humanas.
Comentário É a dupla articulação que distingue a linguagem humana, possibilitando sua complexidade e riqueza, enquanto os códigos de comunicação dos animais, dotados de apenas uma articulação, são necessariamente simples e limitados em seus elementos. Resposta: D
Exercício Explicativo 4 Um professor combina com seus alunos um sistema de comunicação formado por duas fitas – uma azul e uma vermelha – que seriam colocadas na porta da classe. Os significados seriam os seguintes: azul – “aula ainda por iniciar, alunos retardatários podem entrar”; vermelha – “aula já iniciada, alunos retardatários devem esperar próxima aula”. Haveria, porém, a possibilidade de uma terceira mensagem: quando as duas fitas, a azul e a vermelha, estivessem na porta, o sentido seria “aula ainda em fase introdutória, alunos retardatários devem esperar aviso do professor para entrar”. Um tal código seria a) semelhante à linguagem humana, com suas duas articulações: as fitas coloridas e as mensagens formadas por elas. b) semelhante à “linguagem” animal e aos códigos simples, como o código dos semáforos, por apresentar uma única articulação.
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c)
semelhante à linguagem animal, apesar de contar com a segunda articulação representada pela mensagem complexa, que utiliza as duas fitas ao mesmo tempo. d) semelhante à linguagem humana, por permitir uma mensagem complexa, formada pelas duas fitas, apesar de haver apenas uma articulação. e) diferente de qualquer linguagem, humana ou animal, por seu caráter puramente convencional, já que resultante de uma combinação entre os usuários envolvidos.
Comentário O código descrito não apresenta duas articulações, mas uma única, pois seus elementos significativos não são formados por elementos menores desprovidos de significação. Resposta: B
Exercício Explicativo 5 INSTRUMENTAL PRIMÁRIO E INSTRUMENTAL SECUNDÁRIO Uma característica considerada pelos estudiosos como exclusivamente humana consiste no emprego de instrumentos secundários. Instrumentos primários são aqueles utilizados para alguma finalidade prática, como um pau ou um martelo empregado para quebrar uma noz ou uma caneta usada para escrever. Tais instrumentos são usados por homens e animais. Instrumentos secundários são aqueles utilizados para produzir outros instrumentos: um pau empregado para quebrar um osso para com este produzir um martelo; uma máquina utilizada para produzir uma caneta. O emprego de instrumental secundário é essencial à cultura humana, é base da civilização e pode-se considerá-lo tipicamente humano, pois só excepcionalmente o seu uso foi registrado entre animais. Relacionando o tópico acima, sobre instrumental secundário, com o tópico anterior, sobre a dupla articulação da linguagem, você pode concluir que a) a segunda articulação da linguagem equivale ao instrumental secundário, pois os sons (fonemas, letras), que não têm sentido, são usados para formar unidades com sentido (as palavras). b) as palavras correspondem a instrumentos secundários, pois com elas podemos formar frases, que são os instrumentos primários da comunicação. c) os sistemas de comunicação dos animais assemelham-se a instrumentos secundários, pois não contêm as unidades mínimas que seriam os instrumentos primários. d) como não empregam instrumental secundário, os animais não podem ter verdadeiros sistemas de comunicação. e) a linguagem humana é em si mesmo instrumento secundário, pois os instrumentos primários, mais simples, são os gritos e sussurros sem sentido, próprios da linguagem animal.
Comentário Na linguagem, o instrumental primário são as unidades providas de sentido (as palavras, as frases), que usamos na comunicação; o instrumental secundário são os sons (os fonemas, as letras), que não têm sentido em si mesmos e são empregados para formar as palavras – os instrumentos primários. Resposta: A
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Tira para as questões 6 e 7.
Exercício Explicativo 6 Examine as seguintes afirmações sobre a tirinha acima. I. Está implícita uma crítica a todo o sistema escolar, considerado ineficiente, pois impõe esforços excessivos aos estudantes, não os estimula nem desenvolve neles o gosto pelo estudo. II. Os estudantes são apresentados como vítimas de um ensino que impõe tarefas trabalhosas, mas inúteis para a vida prática. III. Seu humor contém uma visão crítica da mentalidade que privilegia as aparências e despreza o esforço, substituindo-o pelo exibicionismo oportunista. IV. A expressão “programas de entrevista” contém referência à televisão – e em geral aos meios de comunicação de massa – como veículo da vaidade autoelogiosa. Estão corretas apenas a) I e II. b) I e III.
c) II e III.
d) III e IV.
e) I e IV.
Comentário A crítica não se refere à escola, mas à mentalidade segundo a qual o sucesso não depende do esforço e do trabalho, mas apenas da habilidade e do interesse pessoal na manipulação das aparências, como consta da afirmação III. Os “programas de entrevista” a que se refere o texto são, como se afirma em IV, os populares talk shows da televisão, que constituem uma vitrine para as vaidades pessoais, assim como em geral os meios de comunicação de massa quando se trata de “celebridades”. Resposta: D
Exercício Explicativo 7 Na tirinha transcrita, a linguagem é coloquial e nem sempre obedece às normas do padrão culto da língua. Aponte o segmento do texto que não corresponde a esse padrão. a) “Eu não preciso de estudo”. b) “Eu não preciso aprender coisas”. c ) “Dá muito trabalho“. d ) “E como você vai ser bem sucedido...?” e ) “Eu vou nos programas de tv e me autopromovo”.
Comentário O verbo ir rege a preposição a, não em. Portanto, de acordo com o padrão culto da língua, a frase seria Eu vou aos programas de tv. Resposta: E
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Competência de área 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.
Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social. Para que possamos reconhecer a importância da linguagem corporal assume em nossas vidas como elemento integrador e identitário (isto é, definidor da identidade – pessoal ou grupal), é preciso considerá-la como uma ferramenta de comunicação, pois só quando compreendemos o que o corpo tem a dizer é que conseguimos entender melhor o que os outros falam e transmitir melhor, nossas próprias mensagens, com todas suas nuances e intenções. A linguagem corporal corresponde a todos os movimentos realizados através de gestos – intencionais ou não – e de posturas que fazem com que a comunicação seja mais efetiva. A gesticulação foi a primeira forma de comunicação e, se é verdade que com a palavras os gestos foram tornando-se secundários, também é verdade que eles mantêm a função de complementos essenciais da comunicação oral, definindo nossa atitude, nosso estilo pessoal e nossa pertinência a um grupo social.
Exercício Explicativo 1
O humor presente na tirinha decorre principalmente do fato de a personagem Mafalda
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a) atribuir, no primeiro quadrinho, poder ilimitado ao dedo indicador. b) considerar seu dedo indicador tão importante quanto o dos patrões. c) atribuir, no primeiro e no último quadrinhos, um mesmo sentido ao vocábulo “indicador”. d) usar corretamente a expressão “indicador de desemprego”, mesmo sendo criança. e) atribuir, no último quadrinho, fama exagerada ao dedo indicador dos patrões.
Comentário O humor da tirinha deve-se sobretudo à confusão da personagem com dois diferentes sentidos de indicador: (1) um dos dedos da mão e (2) índice estatístico. Se Mafalda não empregasse a palavra, no último quadrinho, no mesmo sentido em que a empregara no primeiro (sentido 1), a tirinha não teria o efeito humorístico que tem. No último quadrinho, seria adequado o sentido 2, não o sentido 1. Resposta: C
Os testes 2 e 3 referem-se ao poema:
A DANÇA E A ALMA A DANÇA? Não é movimento, súbito gesto musical. É concentração, num momento, da humana graça natural. No solo não, no éter pairamos, nele amaríamos ficar. A dança — não vento nos ramos; seiva, força, perene estar. Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado... Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir à forma do ser, por sobre o mistério das fábulas. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra Completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1964, p. 366.)
Exercício Explicativo 2
a)
A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se aproxima do que está expresso no poema é a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação do homem em todos os momentos de sua existência.
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b) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos, possibilitando ao homem a liberação de seu espírito. c) a manifestação do ser humano, formada por uma sequência de gestos, passos e movimentos desconcertados. d) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, cantos, emoções etc. e) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do indivíduo e, por consequência, ao seu desenvolvimento intelectual e à sua cultura.
Comentário Desde o título — “A Dança e a Alma” —, o poema de Drummond relaciona a dança com o que “ultrapassa os limites físicos”. A última estrofe, especialmente, concentra-se nos aspectos anímicos da dança (“Onde a alma possa descrever / suas mais divinas parábolas”), ou seja, naquilo em que a dança transcende o corpo. Resposta: B
Exercício Explicativo 3 O poema “A Dança e a Alma” é construído com base em contrastes, como “movimento” e “concentração”. Em uma das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo é a) éter. b) seiva. c) chão. d) paixão. e) ser.
Comentário O primeiro verso da segunda estrofe contém a antítese em questão: “No solo não, no éter pairamos”. Resposta: A
Exercício Explicativo 4
(O Estado de S. Paulo, Especial Domingo, D5, 24/5/97)
Sobre o texto acima, pode-se dizer que a) a atitude da personagem feminina, no segundo quadrinho, contesta o julgamento do personagem masculino.
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b) se destaca o valor pejorativo com que o personagem masculino utiliza o vocábulo cobra para referir-se à personagem feminina. c) o comportamento da personagem feminina, no segundo quadrinho, confirma o juízo que faz dela o personagem masculino, no primeiro quadrinho. d) há coerência entre a postura e o que diz o personagem masculino no primeiro quadrinho, pois ele não está fazendo uma cobrança à personagem feminina. e) o jogo de palavras – cobrar/pagar – serve para demonstrar a coerência de comportamento da personagem feminina.
Comentário O gesto da personagem feminina, o modo como ela aponta o dedo indicador para a personagem masculina, bem como sua expressão facial, indica uma “cobrança” em relação ao homem, confirmando, assim, o juízo feito por ele a respeito dela. Resposta: C
Exercício Explicativo 5 As passagens descritivas numa narração revestem com expressividade personagens, objetos e situações. Como uma pintura realçada por várias matrizes, a narração ganha humor, lirismo ou dramaticidade no descritivismo oportuno e manejado com estilo. Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis, falava mal das vespas de cintura fina – achando que era exagero usarem coletes tão apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos que as borboletas de toucados de gaze tinham com o pó de suas asas. Mamangavas de ferrões amarrados para não morderem. E canários cantando, e beija-flores beijando flores, e camarões camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde, pequeninando e não mordendo. (LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo, Brasiliense, 1947.)
No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio que contribuem para caracterizar o ambiente fantástico descrito. Expressões como “camaronando”, “caranguejando” e “pequeninando e não mordendo”, criam principalmente, efeitos de a) esvaziamento de sentido. b) monotonia do ambiente. c) estaticidade dos animais. d) interrupção dos movimentos. e) dinamicidade do cenário.
Comentário A construção do verbo auxiliar estar seguido do gerúndio, justifica-se quando se trata de enfatizar o aspecto contínuo da ação, o que classifica o trecho como descrição dinâmica. Resposta: E
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Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
Atividade física é qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulte em gasto energético maior que os níveis de repouso. É, também, qualquer esforço muscular realizado para a execução de uma tarefa, como, por exemplo, o esboçar de um sorriso, o movimento realizado pelos pés durante o caminhar ou algo mais complexo como os movimentos realizados por um ginasta olímpico.
Texto para os testes de 1 a 3. A PRODUÇÃO CULTURAL DO CORPO Pensar o corpo como algo produzido na e pela cultura é, simultaneamente, um desafio e uma necessidade. Um desafio porque rompe, de certa forma, com o olhar naturalista sobre o qual muitas vezes o corpo é observado, explicado, classificado e tratado. Uma necessidade porque, ao desnaturalizá-lo, revela, sobretudo, que o corpo é histórico. Isto é, mais do que um dado natural cuja materialidade nos presentifica no mundo, o corpo é uma construção sobre a qual são conferidas diferentes marcas em diferentes tempos e espaços, conjunturas econômicas, grupos sociais, étnicos etc. Não é, portanto, algo dado a priori nem mesmo é universal: o corpo é provisório, mutável e mutante, suscetível a inúmeras intervenções, consoante o desenvolvimento científico e tecnológico de cada cultura bem como suas leis, seus códigos morais, as representações que cria sobre os corpos, os discursos que sobre ele produz e reproduz. Um corpo não é apenas um corpo. É também o seu entorno. Mais do que um conjunto de músculos, ossos, vísceras, reflexos, sensações, o corpo é também a roupa, os acessórios que o adornam, as intervenções que nele se operam, a imagem que dele se produz, as máquinas que nele se acoplam, os sentidos que nele se incorporam, os silêncios que por ele falam, os vestígios que nele se exibem, a educação de seus gestos.... enfim é sem limite de possibilidades sempre reinventadas e a serem descobertas. Não são, portanto, as semelhanças biológicas que o definem, mas, fundamentalmente, os significados culturais e sociais que a ele se atribuem. (Silvana Vilore Goellner)
Exercício Explicativo 1 Em “Não é, portanto, algo dado a priori nem mesmo é universal”, o termo destacado só não equivale a a) por dedução, com base em princípios dados anteriormente. b) a partir de elementos prévios.
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c) resultante de raciocínio cujos princípios foram estabelecidos inicialmente. d) pressuposto, estabelecido independentemente de observação ou análise. e) empírico, fundamentado na experiência.
Comentário A priori é uma expressão latina (pronúncia: priôri) que significa “a partir do que precede, do início”. É usada, sobretudo em filosofia, para designar conhecimento “que não depende [...] de nenhuma forma de experiência, por ser gerado no interior da própria razão (diz-se de raciocínio, método, conhecimento etc.) [Pensadores racionalistas como Descartes, Leibniz ou Kant afirmam a existência desse tipo de conhecimento; empiristas como Locke ou Hume o negam.]” (Dicionário Houaiss) Resposta: E.
Exercício Explicativo 2 Assinale o único adjetivo que não caracteriza adequadamente a noção de corpo apresentada no texto de Silvana Vilore Goellner: a) biológico d) mutável
b) histórico e) mutante
c) provisório
Comentário Observe duas das acepções registradas para o verbete corpo, em O novo Aurélio. Dicionário da Língua Portuguesa: 1. “A substância física, ou a estrutura de cada homem ou animal (...)”, 2. “A parte material , animal ou a carne do ser humano, por oposição à alma, ao espírito”. A visão do corpo apresentada no texto não contempla somente o aspecto físico e material, tal como ocorre nas acepções transcritas do dicionário. O corpo está ligado a múltiplos outros aspectos de nossas vidas, pois, como conclui a autora, “não são [...] as semelhanças biológicas que o definem, mas fundamentalmente, os significados culturais e sociais que a ele se atribuem.” Resposta: A
Exercício Explicativo 3 No Brasil, o sedentarismo é um problema que vem assumindo grande importância. As pesquisas mostram que a população atual gasta bem menos calorias por dia, do que gastava há 100 anos, o que explica por que o sedentarismo afetaria aproximadamente 70% da população brasileira, mais do que a obesidade, a hipertensão, o tabagismo, o diabetes e o colesterol alto. O estilo de vida atual pode ser responsabilizado por 54% do risco de morte por infarto e por 50% do risco de morte por derrame cerebral, as principais causas de morte em nosso país. Assim sendo, a atividade física é assunto importante de saúde pública.
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Qual trecho do texto corrobora a ideia de que a prática de atividades físicas se liga à imagem de pessoas saudáveis? a) “... a atividade física é assunto de saúde pública...” b) “... o estilo de vida atual pode ser responsabilizado por 54% do risco de morte...” c) “... o sedentarismo é um problema que vem assumindo grande importância...” d) “... a população atual gasta bem menos calorias por dia...” e) “... o sedentarismo afetaria 70% da população brasileira...”
Comentário Somente com o desenvolvimento de atividades físicas pode-se, além de inúmeras outras vantagens, diminuir o risco de morte por infarto, uma das maiores causas de morte em nosso país. Resposta: A
Exercício Explicativo 4 FRANK & ERNEST/Bob Thaves
Nesta tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para a) condenar a prática de exercícios físicos. b) valorizar aspectos da vida moderna. c) desestimular o uso das bicicletas. d) caracterizar o diálogo entre gerações. e) criticar a falta de perspectiva do pai.
Comentário O garoto da tirinha estabelece uma relação de semelhança (base da metáfora) entre os exercícios que o pai pratica numa bicicleta ergométrica (que não conduzem a lugar nenhum) e a “falta de perspectiva” da vida do pai. Resposta: E
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Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos. Atividade esportiva pode ser entendida como um fenômeno sociocultural, que envolve a prática voluntária de atividades físicas competitivas ou recreativas e contribui para a formação, desenvolvimento e aprimoramento físico, intelectual e psíquico de seus praticantes e espectadores, além de poder ser considerada uma das mais belas e eficazes formas de inclusão social.
Texto I CORINTHIANS (2) VS. PALESTRA (1) ...a ânsia de vinte mil pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho. Delírio futebolístico no Parque Antártica. Camisas verdes e calções pretos corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorciam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava. (MACHADO, Alcântara. Brás, Bexiga e Barra Funda)
Texto II
Exercício Explicativo 1 Que figura de linguagem há na passagem “camisas verdes e calções pretos corriam...” a)
Apóstrofe.
d) Paradoxo.
b) Ironia.
c) Antítese.
e) Metonímia.
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Comentário Há metonímia, porque se emprega uma parte (o verde da camisa do Palestra e o preto do calção do Corinthians) em lugar do todo, os jogadores de um e outro time. Resposta: E
Exercício Explicativo 2 Que elemento sensorial é predominante na descrição da partida de futebol do texto I? a) A visão, dado que as cores que demarcam os dois times, bem como toda a movimentação dos jogadores. b) A audição, devido ao barulho característico das partidas de futebol. c) A visão, pois todos parecem bastante entusiasmados com a partida. d) O tato, tanto no contacto dos jogadores com a bola quanto nas reações do público, que se toca e se cumprimenta. e) O olfato, presente nos odores gerados pelos movimentos do jogo e pela animação dos assistentes.
Comentário A visão, pois a cor é o elemento que predomina na descrição do jogo: “De preto. De branco. De azul. De vermelho”. [...] “Camisas verdes e calções pretos corriam...” [...] “... bola de couro amarelo...”. Resposta: A
Exercício Explicativo 3 O que há em comum entre os textos I e II? a) A paixão irrestrita dos torcedores por seus times. b) Os choques de opinião entre os torcedores. c) A atitude crítica, ponderada e equilibrada dos torcedores. d) A impossibilidade evidente de alguém que não seja corintiano ou palmeirense entender o refinado humor da tirinha ou o sentido global do texto. e) A ausência de um dos elementos mais característicos da atividade esportiva, a interação entre os que a praticam e os que simplesmente assistem ou torcem.
Comentário Bidu, a personagem da tirinha de Maurício de Sousa, poderia ser mais uma das tantas pessoas que estão assistindo apaixonada e ansiosamente a partida, com “olhos ávidos” e “nervos elétricos”. Resposta: A
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Exercício Explicativo 4 DOZE ANOS Composição: Chico Buarque Ai, que saudades que eu tenho Dos meus doze anos Que saudade ingrata Dar banda por aí Fazendo grandes planos E chutando lata Trocando figurinha Matando passarinho Colecionando minhoca Jogando muito botão Rodopiando pião Fazendo troca-troca Ai, que saudades que eu tenho Duma travessura Um futebol de rua Sair pulando muro Olhando fechadura E vendo mulher nua Comendo fruta no pé Chupando picolé Pé-de-moleque, paçoca E disputando troféu Guerra de pipa no céu Concurso de pipoca
“... Fazendo grandes planos / E chutando lata...”; “... jogando muito botão / Rodopiando pião...”; “... um futebol de rua...”. Tais versos referem-se a atividades físicas realizadas pelo sujeito lírico em sua infância, essas atividades tiveram por intuito: a) criar rivalidade com seus iguais, aprimorando assim suas competências para o mundo competitivo em que vivemos. b) entretê-lo, diverti-lo e relacioná-lo com seus iguais, tornando sua infância mais plena de significados. c) apenas fazer com que seu tempo passe mais depressa, até chegar o momento em que pudesse realizar atividades mais interessantes e prezerosas. d) mantê-lo distante das más companhias, preparando-o para uma educação mais formalizada. e) preparar suas habilidades motoras para que pudesse realizar com mais afinco as funções que a vida adulta exige.
Comentário As atividades físicas, sobretudo as esportivas, têm por intuito, na infância como em outras idades, proporcionar brincadeiras e interações saudáveis. Resposta: B
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Competência de área 4 - Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.
Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais. Arte é a manifestação cultural que envolve uma preocupação consciente e racional em provocar o prazer por meio do contato com a beleza. É o que se pode chamar de sentimento estético. Apesar de o verdadeiro prazer ser algo gratuito, o que afasta da arte qualquer valor utilitário ou pragmático, pode-se perceber que ela é um fazer que expressa os anseios do artista e do seu tempo.
Exercício Explicativo 1 Texto 1
Texto 2 SONHO IMPOSSÍVEL Sonhar Mais um sonho impossível Lutar Quando é fácil ceder Vencer o inimigo invencível Negar quando a regra é vender Sofrer a tortura implacável Romper a incabível prisão Voar num limite improvável Tocar o inacessível chão É minha lei, é minha questão Virar esse mundo Cravar esse chão Não me importa saber Se é terrível demais Quantas guerras terei que vencer Por um pouco de paz E amanhã se esse chão que eu beijei For meu leito e perdão Vou saber que valeu delirar E morrer de paixão E assim, seja lá como for Vai ter fim a infinita aflição E o mundo vai ver uma flor Brotar do impossível chão. (J. Darione – M. Leigh – Versão de Chico Buarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.)
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A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro da humanidade. É correto concluir que os dois textos a) afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz. b) concordam que o desarmamento é inatingível. c) julgam que o sonho é um desafio invencível. d) têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor. e) transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz.
Comentário No texto “Sonho Impossível”, o eu lírico acredita na possibilidade, ainda que remota, de um mundo melhor, como afirmam os versos finais: “Vai ter fim a infinita aflição / E o mundo vai ver uma flor / Brotar do impossível chão”. Na tira de Quino, o aviãozinho, feito de folha de jornal com a manchete “Nova tentativa de desarmamento”, espatifa-se. Esse desastre simboliza o fracasso da tentativa desarmamentista, como indica a fala de Mafalda. Resposta: D
Exercício Explicativo 2
(Disponível em: <http://www.bomdiabauru.com.br/index. asp?jbd=3&id=232&mat=63909> acessado em: fev. 2007)
(ETE) – A charge trata de problemas resultantes de desequilíbrio na vida do planeta. A análise dela possibilita afirmar que a) os animais são sempre as maiores vítimas do consumismo praticado pelos povos pobres. b) os seres humanos são os únicos animais capazes de se protegerem dos riscos ambientais.
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c) é preciso discutir os problemas ambientais levando em conta os problemas sociais. d) os governantes resolveram adotar medidas de combate a todo o tipo de desigualdade social. e) as leis da sociedade atual são elaboradas para promover mais igualdade entre os seres vivos.
Comentário A charge critica a excessiva preocupação com o aquecimento global e o desinteresse pelas questões sociais. Resposta: C
Exercício Explicativo 3 Considere a charge de Henfil.
(Coleção Henfil, Geração Editorial, s/ data)
(ETE) – A comparação entre o desenho da bandeira e os dizeres “ordem e progresso” revela, sobre o Brasil, uma situação de a) utopia. b) soberania. c) conciliação. d) incoerência. e) crescimento.
Comentário O desenho mostra florestas destruídas (troncos de árvores empilhados), muitas chaminés poluindo o céu e outras situações que desmentem os dizeres ordem e progresso. Resposta: D
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Exercício Explicativo 4 Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor. Lembro-me de que certa noite — eu teria uns quatorze anos, quando muito — encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam “carneado”. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...) Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto. (VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. Porto Alegre, Editora Globo, 1978.)
Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura: a) criar a fantasia. b) permitir o sonho. c) denunciar o real. d) criar o belo. e) fugir da náusea.
Comentário A metáfora do texto, segundo a qual “o escritor pode… fazer luz sobre a realidade de seu mundo”, equivale ao que propõe a alternativa c: “uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura” é “denunciar o real”. Resposta: C
Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
Deve-se ter em mente que não há um padrão único de beleza, o que significa, portanto, que não há uma forma única de arte. Assim, é vital aceitar a diversidade e entender que rotular uma obra como feia ou de mau gosto pode ser uma manifestação de preconceito.
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Exercício Explicativo 1 Leia o texto abaixo, trecho da canção “Sampa”, de Caetano Veloso.
Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas Ainda não havia para mim Rita Lee A tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto É que Narciso acha feio o que não é espelho (http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/41670/)
Em “É que narciso acha feio o que não é espelho”, pode-se inferir que a) há uma tendência a só se achar belo o que pertence ao nosso universo de valores estéticos. b) costumamos automaticamente rotular como belo o que vem da cultura clássica. c) a arte tem a função de satisfazer pessoas egoístas, narcisistas. d) o feio, por ser visto por um mito, é uma categoria que não existe em arte. e) pessoas superiores são naturalmente mais exigentes no que se refere a padrões estéticos.
Comentário Ao afirmar que Narciso acha feio aquilo que não reflete a sua beleza, Caetano permite inferir que existe uma tendência a se achar belo apenas aquilo que pertence ao nosso ideal de beleza. Por isso, a primeira reação dele, recémchegado a São Paulo, foi a de achar a cidade feia. Resposta: A
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Exercício Explicativo 2 Observe as imagens abaixo.
Gisele Bündchen, supermodelo brasileira de renome mundial. Imagem disponível em http://images.askmen.com/galleries/model/giselebundchen/pictures/gisele-bundchen-picture-3.jpg.
Lizzie Miller, modelo que causou repercussão após sair em ensaio da edição de agosto de 2009 da revista Glamour (Imagem disponível em http://www.examiner.com/x-13854-West-Palm-BeachHealth-and-Happiness-Examiner~y2009m9d2-In-thenews-Glamourto-follow-Lizzie-Miller-success-with-more-photos-ofnude-plussize-women.).
Mulheres com pescoço de girafa, da Tailândia. Foto disponível em (http://news.nationalgeographic.com/news/ 2004/12/photogalleries/ancient_marks/photo4.html)
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As três graças, do renascentista Rafael Sanzio, disponível em http://www.wga.hu/art/r/raphael/2firenze/1/21graces.jpg.
Pode-se inferir da análise das imagens acima que a) a beleza e o bom gosto estético só existiam no Renascimento. b) Gisele Bündchen é um exemplo de supermodelo porque possui a beleza correta. c) As mulheres com pescoço de girafa não podem ser consideradas belas porque são primitivas. d) Todas as imagens representam padrões legítimos de beleza, pois esse é variável socialmente. e) A beleza desaparece quando se enfoca o cotidiano, como ocorre nas imagens 1 e 3.
Comentário Todas as ilustrações apresentam mulheres consideradas belas em seu contexto (moda, cotidiano, Tailândia, Renascimento), o que reforça que o ideal de beleza é variável socialmente. Resposta: D
Exercício Explicativo 3 Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito influenciaria a Semana de Arte Moderna, Monteiro Lobato escreveu, em artigo intitulado Paranóia ou Mistificação:
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem as coisas e em consequência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada dos que veem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...). Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso & cia. O Diário de São Paulo, dez./1917.
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Em qual das obras abaixo identifica-se o estilo de Anita Malfatti criticado por Monteiro Lobato no artigo? a) b)
Acesso a Monte Serrat – Santos
Vaso de Flores
c)
A Santa Ceia
d)
e)
Nossa Senhora Auxiliadora
A Boba
e Dom Bosco
Comentário
Monteiro Lobato, expressando uma visão “acadêmica” e conservadora da pintura, ataca as chamadas “vanguardas” modernistas, nomeadamente o cubismo (“Picasso & cia.”). A única obra, entre as reproduzidas na questão, que rompe o padrão acadêmico é o quadro A Boba, de Anita Malfatti, que, pela deformação expressionista dos traços e intensificação da cor, configura para Lobato a atitude “dos que veem anormalmente a natureza...” (Observese que falta, no título do artigo, o sinal de interrogação que há no original – “Paranóia ou Mistificação?” – e que foi publicado em O Estado de S. Paulo, não no Diário de São Paulo.) Resposta: E
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Exercício Explicativo 4 Observe as figuras abaixo. Figura 1
Monalisa, de Leonardo da Vinci (1452-1519), disponível em http://www.arthistoryguide.com/Mona_Lisa.aspx.
Figura 2
Monalisa, de Marcel Duchamp (1887-1968), disponível em http://www.uncp.edu/home/rwb/duchamp_mona.jpg.
Figura 3
Monalisa, de Fernando Botero (1932), Disponível em http://www.csudh.edu/dearhabermas/poemhyp40.htm.
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Analise as afirmações abaixo. I – A Figura 1 representa os ideais de equilíbrio e harmonia típicos do Renascimento. II – A Figura 2 representa a postura demolidora e iconoclasta dos modernistas diante da tradição artística. III – Na Figura 3 pode-se inferir uma crítica do autor à estaticidade do homem contemporâneo, o que se nota pela obesidade da personagem retratada. IV – A Figura 2 e Figura 3, por serem cópias da Figura 1, não podem ser consideradas obras de arte. Está correto o que se afirma em a) I, II, III, IV. b) I, II, III. c) I, II, IV. d) I, III, IV. e) I e IV.
Comentário As figuras 2 e 3 são paródias da 1, o que é um processo artístico legítimo. Portanto, é descabida a afirmação de que não se trata de obras de arte. Resposta: B
Reconhecer o valor da diversidade artística e das interrelações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
A arte não deve ser vista como uma manifestação exclusiva da cultura dita superior, das elites com grande repertório cultural. Ela está presente nas atividades estéticas de todo e qualquer grupo social, seja na chamada cultura de resistência do hip hop e do funk, seja nas manifestações folclóricas, seja na cultura de massa do axé ou sertanejo, seja nas sofisticadas exposições de museus.
Exercício Explicativo 1 O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes construções de concreto e as estações de metrô, e cada dia se torna mais presente nas grandes metrópoles mundiais. Nasceu na periferia dos bairros pobres de Nova lorque. É formado por três elementos: a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No hip-hop os jovens usam as expressões artísticas como uma forma de resistência política. Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros. Apesar de ser um movimento originário das periferias norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil, onde se instalou com certa naturalidade – o que, no entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não tenha sofrido influências locais. O movimento no Brasil é híbrido: rap com um pouco de samba, break parecido com capoeira e grafite de cores muito vivas. (Adaptado de Ciência e Cultura, 2004)
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De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artística tipicamente urbana, que tem como principais características a) a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter nacionalista. b) a alienação política e a preocupação com o conflito de gerações. c) a afirmação dos socialmente excluídos e a combinação de linguagens. d) a integração de diferentes classes sociais e a exaltação do progresso. e) a valorização da natureza e o compromisso com os ideais norte-americanos.
Comentário As afirmações da alternativa c correspondem, precisamente, a dados do texto: “a afirmação dos socialmente excluídos” = “um discurso político a favor dos excluídos” e “a combinação de linguagens” = “É formado por três elementos: a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break)”. Resposta: C
Exercício Explicativo 2 Não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um povo. Há muito mais, contido nas tradições, no folclore, nos saberes, nas línguas, nas festas e em diversos outros aspectos e manifestações transmitidos oral ou gestualmente, recriados coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa porção intangível da herança cultural dos povos dá-se o nome de patrimônio cultural imaterial. Internet: <www.unesco.org.br>.
Qual das figuras abaixo retrata patrimônio imaterial da cultura de um povo?
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Comentário O patrimônio imaterial (folclore, tradições etc), no caso a dança dramática do Bumba-meu-boi, revela-se exclusivamente na figura c. Em a, b e e, representase a cultura material, através de monumentos históricos, e, em d, da paisagem natural. Resposta: C
Exercício Explicativo 3 Muros da CPTM estamparão Arte
CPTM reserva muros para a arte da grafitagem. Os muros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), localizados ao lado da Estação Brás, na Praça Agente Cícero, s/n, e no Largo da Concórdia, no Centro de São Paulo, ganharam novos ares. Os até então acinzentados blocos de concreto receberam a arte de seis grafiteiros que irão trabalhar no desenvolvimento de um mural que retrate a importância do transporte sobre os trilhos na urbanização da metrópole e a sua mobilidade. A iniciativa é uma das atrações do 29º Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura (ENEA), realizado em São Paulo desde 17/7/2005, com a participação de três mil alunos de todo o Brasil. Projeto Grafite São Paulo é uma das grandes cidades do Brasil que enfrentam problemas com pichação em logradouros públicos, meios de transportes, prédios comerciais e residencias e casas. A pichação contribui para a degradação do espaço, poluindo a paisagem e tornando o visual excessivamente cansativo. Pensando nisso, a CPTM criou em 2004 o “Projeto Grafite” com a proposta de trocar a pichação de trens, estações e muros pela arte e, ao mesmo tempo, transformar a ferrovia em uma galeria a céu aberto. Hoje a verdadeira cultura do grafite vai além dos muros das estações, cobre trens e o interior das próprias estações espalhadas por São Paulo, embelezando toda a cidade com a criatividade dos jovens artistas grafiteiros. Projetos como o da CPTM têm apoio da Associação Viva o Centro, que há quase 14 anos luta por recuperação, conservação e melhorias no Centro de São Paulo. http://www.vivaocentro.org.br/noticias/arquivo/210705_a_infonline.htm.)
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Grafite vai retratar a importância do transporte sobre os trilhos na urbanização da metrópole.
Da leitura do texto apresentado, só não se pode afirmar que a) os grandes centros urbanos enfrentam problemas com a pichação. b) grafite e pichação são manifestações artísticas de valor igual. c) o grafite é uma manifestação artística urbana. d) por meio do grafite os jovens expressam suas ideias. e) arte pode se manifestar não apenas nas tradicionais galerias artísticas.
Comentário O texto afirma que a pichação degrada e polui o ambiente e que o grafite tornará os muros e os trens da CPTM em galerias de arte a céu aberto. Dessa forma, há uma valoração negativa para a primeira manifestação cultural e positiva para a segunda, o que invalida a alternativa b. Resposta: B
Exercício Explicativo 4
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A pintura rupestre anterior, que é um patrimônio cultural brasileiro, expressa a) o conflito entre os povos indígenas e os europeus durante o processo de colonização do Brasil. b) a organização social e política de um povo indígena e a hierarquia entre seus membros. c) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a chamada pré-história do Brasil. d) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos. e) a constante guerra entre diferentes grupos paleoíndios da América durante o período colonial.
Comentário A pintura rupestre reproduzida na questão apresenta uma cena de caça – tema recorrente na arte pré-histórica em todas as regiões do mundo e que mostra um aspecto essencial para a sobrevivência das comunidades primitivas. Resposta: C
Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
O texto literário, como manifestação humana, está preso ao seu meio e momento social. Dessa forma, ele expressa, implícita ou explicatamente, as preocupações do tempo em que foi produzido.
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Exercício Explicativo 1
(Tarsila do Amaral, Operários)
Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora. (Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista)
O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em a)
Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas.
b) Somos muitos severinos iguais em tudo e na sina: a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima.
(Vinícius de Moraes)
c)
O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. (Ferreira Gullar)
(João Cabral de Melo Neto)
d) Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos [os sonhos do mundo. (Fernando Pessoa)
e)
Os inocentes do Leblon não viram o navio entrar. (...) Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram, mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam nas costas, e esquecem. (Carlos Drummond de Andrade)
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Comentário A ideia de que a consideração das pessoas enquanto mera força de trabalho é desumanizadora, pois ignora características e valores individuais, encontra-se tanto no quadro de Tarsila, segundo a crítica Nádia Gotlib, quanto nos versos de João Cabral de Melo Neto, que correspondem à fala de um flagelado migrante nordestino que foge da seca e da miséria. Resposta: B
Exercício Explicativo 2 No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.” (ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.)
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa: a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas ... b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ... c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ... d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ... e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.
Comentário O narrador afasta-se da idealização sentimental do Romantismo quando afirma que o texto que escreve não “sobredoura a realidade” e não “fecha os olhos às sardas e espinhas”. Fica patente, portanto, que o narrador vai registrar também aspectos que contrariam qualquer idealização – aspectos “realistas”, aos quais os autores românticos fechariam os olhos. Resposta: A
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Texto para o exercício explicativo 3.
Um dos maiores benefícios que o movimento moderno nos trouxe foi justamente esse: tornar alegre a literatura brasileira. Alegre quer dizer saudável, viva, consciente de sua força, satisfeita com seu destino. Até então no Brasil a preocupação de todo escritor era parecer grave e severo. O riso era proibido. A pena molhava-se no tinteiro da tristeza e do pessimismo. O papel servia de lenço. De tal forma que os livros espremidos só derramavam lágrimas. Se alguma ideia caía vinha num pingo delas. A literatura nacional não passava de uma queixa gemebunda. Por isso mesmo o segundo tranco da reação foi mais difícil: integração no ambiente. Fazer literatura brasileira mas sem choro. Disfarçando sempre a tristeza do motivo quando inevitável. Rindo como um moleque. (Antonio de Alcântara Machado, Cavaquinho e saxofone.)
Exercício Explicativo 3 (UNIFESP) – Entre os textos de Manuel Bandeira (de O ritmo dissoluto), transcritos nas cinco alternativas, aquele que comprova a opinião de Alcântara Machado é: a) E enquanto a mansa tarde agoniza, Por entre a névoa fria do mar Toda a minhalma foge na brisa; Tenho vontade de me matar. b) A beleza é um conceito. E a beleza é triste. Não é triste em si, Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza. c) Sorri mansamente... em um sorriso pálido... pálido Como o beijo religioso que puseste Na fronte morta de tua mãe... sobre a sua fronte morta... d) Noite morta. Junto ao poste de iluminação Os sapos engolem mosquitos. e) A meiga e triste rapariga Punha talvez nessa cantiga A sua dor e mais a dor de sua raça... Pobre mulher, sombria filha da desgraça!
Comentário A associação entre a imobilidade da noite e a imagem dos sapos que engolem mosquitos, extraída de um bordão da fala popular (“comendo moscas”), rompe efetivamente com a retórica convencional, pela associação imprevista e insólita. Resposta: D
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Texto para o exercício explicativo 4.
Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu. Sua cor não se percebe. Suas pétalas não se abrem. Seu nome não está nos livros. É feia. Mas é realmente uma flor. Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura. Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se. Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico. É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
Exercício Explicativo 4 O poema acima, de Carlos Drummond de Andrade, faz parte do livro Alguma poesia, publicado em 1945. Pode-se afirmar que ele expressa os ideais de uma época marcada pelo (a) a) decadência da antiga nobreza açucareira nordestina. b) esperança na superação da crise gerada pela Segunda Grande Guerra. c) decepção com relação às constantes denúncias de corrupção do Segundo Reinado. d) ufanismo provocado pelo mito do milagre econômico do Governo Médici. e) luta contra os movimentos messiânicos como o de Canudos.
Comentário “A flor e a náusea” descreve a esperança (representada pelo nascimento de uma flor) em meio a um mundo dominado por experiências negativas como a Segunda Guerra Mundial, o nazifascismo e a Era Vargas. As demais alternativas falam de fatos que não têm ligação direta com a data em que foi publicado o poema. Resposta: B
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Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
A literatura é uma arte e como tal é uma atividade que possui uma técnica, um conjunto de procedimentos que variam entre autores, grupos ou mesmo períodos literários. É vital reconhecer esses mecanismos que permitem entender a especificidade de uma determinada obra dentro de seu contexto.
Exercício Explicativo 1 Torno a ver-vos, ó montes: o destino Aqui me torna a pôr nestes outeiros, Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte, rico e fino. Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto. Aqui descanso a louca fantasia, E o que até agora se tornava em pranto Se converta em afetos de alegria. (COSTA, Cláudio Manoel da. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, pp. 78-9.)
Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção. a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”. b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.
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d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole. e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à trans formação do pranto em alegria.
Comentário
A oposição Cidade-Campo, lugar-comum da temática árcade, é assimilada, no caso de Cláudio Manuel da Costa, à oposição Metrópole-Colônia. O poeta, que viveu longamente em Portugal, onde experimentou a civilidade lisboeta, voltando ao Brasil confrontou-se com a aspereza dos “montes” e “outeiros” de sua Minas natal, que idealiza em seus poemas bucólicos. Resposta: B
Exercício Explicativo 2 Eu começaria dizendo que poesia é uma questão de linguagem. A importância do poeta é que ele torna mais viva a linguagem. Carlos Drummond de Andrade escreveu um dos mais belos versos da língua portuguesa com duas palavras comuns: cão e cheirando. Um cão cheirando o futuro (Entrevista com Mário Carvalho. Folha de SP, 24/5/1988. Adaptação.) O que deu ao verso de Drummond o caráter de inovador da língua foi a) o modo raro como foi tratado o “futuro”. b) a referência ao cão como “animal de estimação”. c) a flexão pouco comum do verbo “cheirar” (gerúndio). d) a aproximação não usual do agente citado e a ação de “cheirar”. e) o emprego do artigo indefinido “um” e do artigo definido “o” na mesma frase.
Comentário O que surpreende, no verso de Carlos Drummond de Andrade, não é a aproximação entre o agente (sujeito), “cão”, e a ação de “cheirar”, como afirma a alternativa d, mas sim o objeto de tal ação (“futuro”), como propõe a alternativa a. Resposta: A
Exercício Explicativo 3 Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos: “Falo somento com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para
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quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria do Nordeste.” Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário, a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para determinados leitores. b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja lido. c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva pessoal da perspectiva do leitor. d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os leitores. e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.
Comentário Embora a alternativa atenda adequadamente ao que se solicita e esteja contida no texto que se atribui integralmente a João Cabral de Melo Neto, teria sido conveniente especificar que apenas as passagens grafadas em negrito são de autoria do poeta e constituem versos octossílabos. O que se segue aos versos são acréscimos de outra lavra, de natureza interpretativa, não-poética. Os versos transcritos têm por referência o escritor alagoano Graciliano Ramos, a quem são dedicados. O enunciado explicita autorreferência, o que não ocorre. João Cabral não está se referindo à função de seus próprios textos, mas à dos textos de Graciliano Ramos, com quem tem inúmeras afinidades, que não justificam o equívoco. Resposta: A
Exercício Explicativo 4 Cândido Portinari (1903-1962), em seu livro Retalhos de Minha Vida de Infância, descreve os pés dos trabalhadores.
Pés disformes. Pés que podem contar uma história. Confundiam-se com as pedras e os espinhos. Pés semelhantes aos mapas: com montes e vales, vincos como rios. (..) Pés sofridos com muitos e muitos quilômetros de marcha. Pés que só os santos têm. Sobre a terra, difícil era distingui-los. Agarrados ao solo, eram como alicerces, muitas vezes suportavam apenas um corpo franzino e doente. (Cândido Portinari, Retrospectiva, Catálogo MASP)
As fantasias sobre o Novo Mundo, a diversidade da natureza e do homem americano e a crítica social foram temas que inspiraram muitos artistas ao longo de nossa História. Dentre estas imagens, a que melhor caracteriza a crítica social contida no texto de Portinari é:
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Comentário Os pés sofridos e vincados de que fala Portinari – pés que funcionam como sinédoques (parte pelo todo) dos trabalhadores oprimidos e da condição desumana do trabalho no Brasil – correspondem à imagem da alternativa e, que parece apresentar pés maltratados de homens pobres. Resposta: E
Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. A literatura é uma manifestação artística que remonta à madrugada dos tempos. Portanto, é valioso perceber que há nela ideias e valores que se mantiveram inalterados por todos esses séculos e outros que foram modificados ou até mesmo eliminados.
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Exercício Explicativo 1 O poema abaixo pertence à poesia concreta brasileira. O termo latino de seu título significa “epitalâmio”, poema ou canto em homenagem aos que se casam. Epithalamium - II
he = ele &=e She = ela
S = serpens h = homo e = eva (Pedro Xisto)
Considerando-se que símbolos e sinais são utilizados geralmente para demonstrações objetivas, ao serem incorporados no poema “Epithalamium – II”, a) adquirem novo potencial de significação. b) eliminam a subjetividade do poema. c) opõem-se ao tema principal do poema. d) invertem seu sentido original. e) tornam-se confusos e equivocados.
Comentário A exploração dos aspectos materiais do significante (a disposição tipográfica, a letra impressa) e a incorporação de outros signos instauram diversas possibilidades de leitura do poema, proposto como uma espécie de enigma visual cifrado. Uma delas, a mais evidente, sugere o envolvimento do homem (“he = ele”, h = “homo”) pela mulher (“She = ela”, “e = eva”), na ambiguidade que se insinua na imagem continente S (serpente, ela) e na ideia do epitalâmio, do casamento, da união, da sociedade (&). Resposta: A
Texto para os exercícios explicativos 2 e 3. A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada. Ela vivia de contar histórias de Trancoso. Pequenina e toda engelhada(1), tão leve que uma ventania poderia carregá-la, andava léguas e léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição viva das histórias de Mil e uma Noites. Que talento ela possuía para contar suas histórias, com jeito admirável de falar em nome de todos os personagens! Sem nenhum dente na boca e com uma voz que dava todos os tons às palavras. (...) era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio. Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas. (...) Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. (...) Os rios e as florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco. (José Lins do Rego, Menino de Engenho) 1 – Engelhado: enrugado.
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Exercício Explicativo 2 Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços que revelam marcas do processo de colonização e de civilização do país. Considerando-se o texto, infere-se que a velha Totonha a)
tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e de trabalho, que denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa. b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país colonizado, livres da influência de temas e modelos não representativos da realidade nacional. c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia em concomitância com a representação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil. d) se aproxima, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o qual pretende retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto a europeia. e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e origem as fontes da literatura e da cultura européia universalizada.
Comentário Totonha representa a constituição identitária e cultural de nosso país, ao misturar personagens, valores e cenários europeus e locais. Essa mistura é característica do “processo de colonização e de civilização do país”, constituindo marca de toda a formação da cultura brasileira, popular e erudita. Resposta: E
Exercício Explicativo 3 A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas histórias é ilustrada, pelo autor, na seguinte passagem: a) b) c) d) e)
“Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações.” “Era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio.” “Andava léguas e léguas a pé, como uma edição viva das Mil e uma Noites.” “O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.” “Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas.”
Comentário A cor local que a velha Totonha punha em suas descrições corresponde à assimilação de paisagens e personagens de outros meios ao meio físico e social em que ela se movia. Resposta: D
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Cândido Portinari (1903-1962), um dos mais importantes artistas brasileiros do século XX, tratou de diferentes aspectos da nossa realidade em seus quadros.
Exercício Explicativo 4 Sobre a temática dos “Retirantes”, Portinari também escreveu o seguinte poema: (...) Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhos Vêm das terras secas e escuras; pedregulhos Doloridos como fagulhas de carvão aceso Corpos disformes, uns panos sujos, Rasgados e sem cor, dependurados Homens de enorme ventre bojudo Mulheres com trouxas caídas para o lado Pançudas, carregando ao colo um garoto Choramingando, remelento (...) (Cândido Portinari. Poemas. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1964.)
Das quatro obras reproduzidas, assinale aquelas que abordam a problemática que é tema do poema. a) 1 e 2. b) 1 e 3. c) 2 e 3. d) 3 e 4. e) 2 e 4.
Comentário É bastante evidente a correspondência entre a descrição contida no poema e as imagens constantes dos quadros 2 e 3. Resposta: C
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Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos linguagens como meios de organização cognitiva da realidade significados, expressão, comunicação e informação.
Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos. Figuras de Linguagem As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso linguístico para expressar, de formas diferentes, experiências comuns, conferindo originalidade, emotividade ou teor poético ao discurso. As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. A palavra empregada em sentido figurado, não denotativo, passa a pertencer a outro campo de significação mais amplo e criativo.
Exercício Explicativo 1 O termo (ou expressão) destacado que está empregado em seu sentido próprio, denotativo, ocorre em: a)
(...) É de laço e de nó De gibeira o jiló Dessa vida, cumprida a sol (...) (Renato Teixeira, Romaria, Kuarup Discos, setembro de 1992)
b) Protegendo os inocentes é que Deus, sábio demais, põe cenários diferentes nas impressões digitais. (Maria N. S. Carvalho, Evangelho da Trova, /s.n.b.)
c)
O dicionário-padrão da língua e os dicionários unilíngues são os tipos mais comuns de dicionários. Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de consumo obrigatório para as nações civilizadas e desenvolvidas. (Maria T. Camargo Biderman, O dicionário-padrão da língua, Alta (28), 2743, 1974, Supl.)
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d)
e)
Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. Há duas espécies de humorismo: o trágico e o cômico. O trágico é o que não consegue fazer rir; o cômico é o que é verdadeiramente trágico para se fazer. (Leon Eliachar. www.mercadolivre.com.br. acessado em julho de 2005.)
Comentário A linguagem denotativa, referencial ou literal aparece na expressão dicionáriopadrão. Nas demais alternativas, a linguagem é conotativa, pois as expressões destacadas não são empregadas em sentido literal, mas sim metafórico: cumprida a sol = vivida com muito sacrifício, cenários = configurações, fazer cócegas no raciocínio = estimular o pensamento de forma divertida. Resposta: C
Exercício Explicativo 2 O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves: Oh! eu quero viver, beber perfumes Na flor silvestre, que embalsama os ares; Ver minh’alma adejar pelo infinito, Qual branca vela n’amplidão dos mares. No seio da mulher há tanto aroma... Nos seus beijos de fogo há tanta vida... — Árabe errante, vou dormir à tarde À sombra fresca da palmeira erguida. Mas uma voz responde-me sombria: Terás o sono sob a lájea fria. (ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.)
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Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra a) embalsama. d) dormir.
b) infinito. e) sono.
c) amplidão.
Comentário A associação entre a imagem da morte e o sono, bastante convencional, é reforçada, no dístico de Castro Alves, pela expressão “sob a lájea fria”, perífrase eufemística de túmulo. O verbo dormir, que também pode ser associado à imagem da morte, não tem nenhuma conotação fúnebre nos versos: “— Árabe errante, vou dormir à tarde / À sombra fresca da palmeira erguida”, que sugerem o descanso reparador do caminhante do deserto que chega a um oásis. Resposta: E
As questões de números 3 e 4 referem-se ao poema abaixo. EPÍGRAFE1 Murmúrio de água na clepsidra2 gotejante, Lentas gotas de som no relógio da torre, Fio de areia na ampulheta vigilante, Leve sombra azulando a pedra do quadrante3 Assim se escoa a hora, assim se vive e morre... Homem, que fazes tu? Para que tanta lida, Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? Procuremos somente a Beleza, que a vida É um punhado infantil de areia ressequida, Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa... (Eugênio de Castro, Antologia pessoal da poesia portuguesa) 1 – Epígrafe: inscrição colocada no ponto mais alto; tema. 2 – Clepsidra: relógio de água. 3 – Pedra do quadrante: parte superior de um relógio de sol.
Exercício Explicativo 3 A imagem contida em lentas gotas de som (verso 2) é retomada na segunda estrofe por meio da expressão: a) tanta ameaça. c) punhado de areia. e) somente a Beleza.
b) som de bronze. d) sombra que passa.
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Comentário Gotas de som é uma metáfora sinestésica (porque envolve percepções sensoriais de órgãos diversos – visão e audição) que indica as badaladas de um relógio a marcar a passagem do tempo. A mesma referência ao relógio ocorre em som... de bronze. Resposta: B
Exercício Explicativo 4 Neste poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações humanas (versos 6 e 7) é a a) infantilidade do ser humano. b) destruição da natureza. c) exaltação da violência. d) inutilidade do trabalho. e) brevidade da vida.
Comentário O tema do poema transcrito é a passagem do tempo (“assim se escoa a hora...”) e a frágil finitude da vida (“...assim se vive e morre...”), sendo a duração da vida comparada a “...um punhado infantil de areia ressequida”. Resposta: E
Exercício Explicativo 5 CIDADE GRANDE Que beleza, Montes Claros. Como cresceu Montes Claros. Quanta indústria em Montes Claros. Montes Claros cresceu tanto, ficou urbe tão notória, prima-rica do Rio de Janeiro, que já tem cinco favelas por enquanto, e mais promete. (Carlos Drummond de Andrade)
a) b) c) d) e)
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Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem. intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos. ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica. denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo. prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.
Comentário No texto de Drummond, a noção de progresso e a visão da cidade grande aparecem indissoluvelmente associadas a mazelas como o surgimento de favelas. Trata-se de uma visão irônica do desenvolvimento. Resposta: C
Exercício Explicativo 6 Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente. Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.
(Folha de S. Paulo, 31/7/2000)
Nas alternativas a seguir, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em construção”. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em: a)
Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão.
b) … a casa que ele fazia Sendo a sua liberdade Era a sua escravidão. c)
Naquela casa vazia Que ele mesmo levantara Um mundo novo nascia De que sequer suspeitava.
d) …o operário faz a coisa E a coisa faz o operário. e)
Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão. (MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.)
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Comentário Nos versos transcritos na alternativa b, o sujeito casa recebe dois predicativos que se contradizem e excluem (liberdade e escravidão), o que constitui a figura de linguagem chamada oxímoro. Em nenhuma das demais alternativas, há a mesma estrutura de significação. Resposta: B
Exercício Explicativo 7 O AÇÚCAR O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim. Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale. (...) Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram esse açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. (GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. p. 227-8.)
A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar. b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
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c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar. d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale. e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.
Comentário Ocorre uma grande antítese, que “configura uma imagem de divisão social do trabalho”, entre o início da última estrofe (“Em usinas escuras, / homens de vida amarga / e dura”) e a passagem que a finaliza (“... esse açúcar / branco e puro / com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.”) Resposta: E
Exercício Explicativo 8 Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades. BICHO URBANO Se disser que prefiro morar em Pirapemas ou em outra qualquer pequena cidade do país estou mentindo ainda que lá se possa de manhã lavar o rosto no orvalho e o pão preserve aquele branco sabor de alvorada. ..................................................................... A natureza me assusta. Com seus matos sombrios suas águas suas aves que são como aparições me assusta quase tanto quanto esse abismo de gases e de estrelas aberto sob minha cabeça. (GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1991.)
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso. a) b) c) d) e)
“...e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.” “...ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho...” “...A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas...” “...suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto...” “...me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas...”
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Comentário Na expressão sabor de alvorada, mesclam-se referências a duas impressões sensoriais diversas. A palavra sabor implica sensação gustativa; alvorada (palavra derivada de alvo) implica sensação visual. Resposta: A
O cotidiano é feito, em sua maior parte, de banalidades, mesquinharias e irritações, esteja você em Paris ou em Barbacena. Observá-las, chamar atenção para elas por meio de linguagem escrita, transformando-as em breves momentos poéticos, é tarefa que requer distanciamento, capacidade de abstração, certa maturidade vivencial — trabalho de cronista, enfim, que resulta, como definem os teóricos, entre o conto e a poesia. (Bernardo Ajzenberg)
A palavra crônica1 significa originalmente “narração histórica, ou registro de acontecimentos organizados em ordem cronológica”. Em épocas passadas, designava qualquer documento de caráter histórico. Nesse sentido, era cronista todo estudioso de História, hoje chamado historiador. Atualmente, o termo é reservado para nomear um gênero narrativo ou reflexivo breve, periódico, episódico e comunicativo, tendo merecido grande atenção por parte do público e da crítica. Os personagens são definidos apenas quanto ao momento da ação, pouco ou nada sendo dito sobre eles além do que possa interessar ao flagrante. Podemos dizer que a crônica corresponde a um flagrante2 do cotidiano, em seus aspectos pitorescos3 e inusitados4, a uma abordagem humorística, a uma reflexão existencial, a uma passagem lírica ou a um comentário de interesse social. A linguagem é coloquial5 e, geralmente, irreverente. Existem, na literatura brasileira atual, autores que fazem da crônica um grande meio de expressão literária. Os quatro mais conhecidos e consagrados pela crítica são Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade. Exatamente esses quatro cronistas foram escolhidos para figurar no primeiro volume da coleção Para gostar de ler. Na abertura do livro esses cronistas, conjuntamente, recepcionam o leitor com as seguintes palavras: “Experimente abrir este livro em qualquer página onde começa uma crônica. Crônica é um escrito de jornal que procura contar ou comentar histórias da vida de hoje. Histórias que podem ter acontecido com todo mundo: até com você mesmo, com pessoas de sua família ou com seus amigos. Mas uma coisa é acontecer, outra coisa é escrever aquilo que aconteceu. Então você notará, ao ler a narração do fato, como ele ganha um interesse especial, produzido pela escolha e arrumação das palavras. E aí começa a alegria da leitura, que vai longe. Ela nos faz conferir, pensar, entender melhor o que se passa dentro e fora da gente. Daí por diante a leitura ficará sendo um hábito, e esse hábito leva a novas descobertas. Uma curtição. As crônicas serão apenas um começo. Há um infinito de coisas deliciosas que só a leitura oferece, e que você irá encontrando sozinho, pela vida afora, na leitura dos bons livros.” (Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1977. v.1, pp.4-5.)
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Antonio Candido, crítico literário, assim define esse gênero sempre presente em jornais e revistas: “Por meio dos assuntos, ela se ajusta à sensibilidade de todo dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo de ser mais natural”. Além dos já citados, foram ou são cronistas notáveis: Machado de Assis, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, Luis Fernando Verissimo, Carlos Eduardo Novaes, Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), João Ubaldo Ribeiro, Carlos Heitor Cony. Flagrante: momento. Pitorescos: originais. Inusitados: incomuns. Coloquial: típica da linguagem cotidiana, falada, oral.
Exercício Explicativo 11 O JIVARO Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à América do Sul, conta a um jornal sua conversa com um índio jivaro, desses que sabem reduzir a cabeça de um morto até ela ficar bem pequenina. Queria assistir a uma dessas operações, e o índio lhe disse que exatamente ele tinha contas a acertar com um inimigo. O Sr. Matter: — Não, não! Um homem, não. Faça isso com a cabeça de um macaco. E o índio: — Por que um macaco? Ele não me fez nenhum mal! (Rubem Braga)
O assunto de uma crônica pode ser uma experiência pessoal do cronista, uma informação obtida por ele ou um caso imaginário. O modo de apresentar o assunto também varia: pode ser uma descrição objetiva, uma exposição argumentativa ou uma narrativa sugestiva. Quanto à finalidade pretendida, pode-se promover uma reflexão, definir um sentimento ou tão somente provocar o riso. Na crônica O jivaro, escrita a partir da reportagem de um jornal, Rubem Braga se vale dos seguintes elementos: Assunto
Modo de apresentar
Finalidade
a)
caso imaginário
descrição objetiva
provocar o riso
b)
informação colhida
narração sugestiva
promover reflexão
c)
informação colhida
descrição objetiva
definir um sentimento
d)
experiência pessoal
narrativa sugestiva
provocar o riso
e)
experiência pessoal
exposição argumentativa
promover reflexão
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Comentário O assunto do texto não é um “caso imaginário” (alternativa a) nem uma “experiência pessoal” (alternativas d e e). Trata-se, evidentemente, da “informação colhida” (alternativas b e c) – colhida, como informa o enunciado do teste, na “reportagem de um jornal”. O modo de apresentação é, claramente, narrativo, tratando-se de uma história sugestiva, ou seja, que sugere significação que vai além do que é contado. Portanto, trata-se de um texto cuja finalidade é “promover reflexão” – no caso, reflexão acerca da visão das relações humanas e da justiça contida na fala final do índio jivaro. Resposta: B
Exercício Explicativo 12 São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando: — Quantos são aqui? Pergunta triste, de resto. Um homem dirá: — Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos. E outro: — Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota de seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor… (…) E outro: — Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito! (BRAGA, Rubem. Para gostar de ler, v. 3. São Paulo: Ática, 1998, pp. 32-3 – fragmento.)
O fragmento anterior, em que há referência a um fato sócio-histórico — o recenseamento —, apresenta característica marcante do gênero crônica ao a)
expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a ideia de uma coisa por meio de outra. b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só espaço. c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens psicologicamente e revelando-os pouco a pouco. d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do cotidiano para manter as pessoas informadas. e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto que recebe tratamento estético.
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Comentário Já a designação do gênero – crônica – sugere a temática ligada ao cotidiano. No caso do texto transcrito, trata-se de uma medida governamental, o recenseamento. O autor dá “tratamento estético” a esse tema ao representar situações existenciais fictícias, de conteúdo emocional variado, com que se confrontariam os recenseadores. Resposta: E
Exercício Explicativo 13 A crônica muitas vezes constitui um espaço para reflexão sobre aspectos da sociedade em que vivemos. Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não estava. Queria saber a hora. Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É assim que a gente divide. Menino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão. (...) Na verdade não existem meninos De rua. Existem meninos NA rua. E toda vez que um menino está NA rua é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante muitos anos também são postos onde quer que estejam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê. (COLASANTI, Marina. In: Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco,1999.)
No terceiro parágrafo em: ”...não existem meninos De rua. Existem meninos Na rua.”, a troca de “De” por “Na” determina que a relação de sentido entre “menino” e “rua” seja a) de localização e não de qualidade. b) de origem e não de posse. c) de origem e não de localização. d) de qualidade e não de origem. e) de posse e não de localização.
Comentário Segundo o texto, o fato de estarem na rua é uma circunstância que define os meninos apenas espacialmente (indica onde estão), e não essencialmente (não indica quem são nem como são). Portanto, ela substitui uma atribuição de qualidade (“de rua”) por uma indicação de circunstância espacial (“na rua”). Resposta: A
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Exercício Explicativo 14 O autor do texto a seguir critica, ainda que em linguagem metafórica, a sociedade contemporânea em relação aos seus hábitos alimentares.
“Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da esquina? (...) Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite – leite em pacote, imagina, Tereza! – na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau. Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: ‘Líquido branco, contendo água, proteína, açúcar e sais minerais’. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou bota fora. Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio. Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!” (FERNANDES, Millôr. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1999)
A crítica do autor é dirigida a)
ao desconhecimento, pelas novas gerações, da importância do gado leiteiro para a economia nacional. b) à diminuição da produção de leite após o desenvolvimento de tecnologias que têm substituído os produtos naturais por produtos artificiais. c) à artificialização abusiva de alimentos tradicionais, com perda de critério para julgar sua qualidade e sabor. d à permanência de hábitos alimentares a partir da revolução agrícola e da domesticação de animais iniciada há 5.000 anos. e) à importância dada ao pacote de leite para a conservação de um produto perecível e que necessita de aperfeiçoamento tecnológico.
Comentário O caso do leite (“em pacote… pasteurizado… tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau”) serve como exemplo para a crítica à “artificialização abusiva dos alimentos tradicionais”, nos termos da alternativa c. Resposta: C
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Exercício Explicativo 15
A palavra embromatologia usada pelo autor é a) um termo científico que significa estudo dos bromatos. b) uma composição do termo de gíria “embromação” (enganação) com bromatologia, que é o estudo dos alimentos. c) uma junção do termo de gíria “embromação” (enganação) com lactologia, que é o estudo das embalagens para leite. d) um neologismo da química orgânica que significa a técnica de retirar bromatos dos laticínios. e) uma corruptela de termo da agropecuária que significa a ordenha mecânica.
Comentário O autor, para efeito corrosivamente cômico, elabora uma “palavra-montagem” em que ocorre o trocadilho mencionado na alternativa b. (É de lamentar a falta das vírgulas que, no caput da questão, deveriam separar da principal a oração adjetiva explicativa reduzida de particípio.) Resposta: B
Exercício Explicativo 16 E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico. (RUBEM BRAGA, Ai de ti, Copacabana)
O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu assim sobre a obra de Rubem Braga: O que ele nos conta é o seu dia, o seu expediente de homem, apanhado no essencial, narrativa direta e econômica. (...) É o poeta do real, do palpável, que se vai diluindo em cisma. Dá o sentimento da realidade e o remédio para ela. Em seu texto, Rubem Braga afirma que “este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos”. Afirmação semelhante pode ser encontrada no texto de Carlos Drummond de Andrade, quando, ao analisar a obra de Braga, diz que ela é a) uma narrativa direta e econômica. b) real, palpável. c) sentimento de realidade. d) seu expediente de homem. e) seu remédio.
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Comentário Rubem Braga celebra, no pavão como no grande artista, a “capacidade de atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos”. Portanto, trata-se de um prodígio de simplicidade e economia, ou, nos termos de Drummond, uma “narrativa direta e econômica”. Resposta: A
Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
REFERENCIAL EMOTIVA POÉTICA CONATIVA FÁTICA METALINGUÍSTICA
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Num ato de comunicação, estão sempre presentes seis elementos, que, no caso da comunicação linguística, são os seguintes: 1. emissor: quem se comunica, isto é, quem emite a mensagem, falando ou escrevendo (o eu da comunicação); 2. receptor: quem recebe a mensagem, isto é, o ouvinte ou leitor (o tu ou você da comunicação); 3. mensagem: o texto, falado ou escrito, que o emissor envia ao receptor; 4. referência ou referente: aquilo a que a mensagem se refere (o ele/ela/aquilo da comunicação); 5. código: língua na qual a mensagem é elaborada; 6. canal: meio de transmissão da mensagem (vibrações no ar, papel e tinta, telefone...). Numa dada comunicação, a função da linguagem é determinada pela importância relativa de cada um desses elementos. Dependendo do elemento que ocupe o papel central, temos uma ou outra das seguintes funções da linguagem: 1. função EMOTIVA: o emissor ocupa o centro da comunicação, pois a mensagem se refere ao próprio emissor, ao eu que se manifesta, exprimindo seus sentimentos e emoções. O exemplo mínimo de função emotiva é uma intejeição (ah! ui!), palavra que pura e simplesmente denota emoção; outros exemplos: cartas de amor, lamentos; 2. função CONATIVA ou imperativa: o receptor é o foco da comunicação, pois a mensagem visa a convencê-lo, influenciá-lo, determinar o seu comportamento. Os exemplos mínimos desta função são o imperativo, forma verbal que exprime ordem ou exortação, e o vocativo, que é um apelo ou chamamento ao receptor; outros exemplos são ordens e conclamações de qualquer tipo, propaganda etc.; 3. função POÉTICA, estética ou artística: a própria mensagem (o texto) ocupa o centro da comunicação, pois ela é organizada para produzir um efeito estético, isto é, artístico. Neste caso, o elemento decisivo é a organização das palavras, voltada para uma estruturação excelente do texto. Assim, ao preferir dar a sua filha o nome Ana Paula em vez de Paula Ana, o pai está escolhendo o texto (o nome) que soa melhor, que produz melhor efeito estético, ou seja, que é mais belo. Ele está usando a linguagem em sua função poética, tanto quanto um poeta, que escolhe as palavras levando em conta não apenas os seus sentidos, mas também os seus sons, os seus ritmos, as suas imagens, as suas evocações;
4. função REFERENCIAL: o centro da comunicação é o referente, a mensagem é voltada para a referência ao mundo, como ocorre em notícias de jornal ou quaisquer textos informativos a respeito da realidade exterior à comunicação; 5. função METALINGUÍSTICA: a linguagem se volta sobre a própria linguagem, seja por se referir ao código, isto é, à língua em que a mensagem é elaborada (como numa gramática ou dicionário), seja por se referir a si mesma ou a outras mensagens, tomadas em seus aspectos linguísticos (como nos estudos sobre literatura e arte); 6. função FÁTICA: a mensagem se refere ao canal que a transmite. Por exemplo, quando dizemos alô ao telefone, o que comunicamos é que o canal (o sistema telefônico) está conectado. Quando perguntamos Como vai? a alguém que acabamos de encontrar, o que desejamos é iniciar o contacto com a pessoa (ligar o canal), não propriamente saber de sua vida. Várias funções da linguagem podem estar presentes numa mesma mensagem; uma dessas funções, porém, será predominante e as demais, secundárias. Sirva de exemplo o famoso poema de Vinícius de Moraes que começa De tudo ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto... Nesse poema, como em toda poesia, predomina a função poética da linguagem, como acima se explicou. Mas, ao lado da função poética, destaca-se a função emotiva, pois se trata de um poema lírico, assim chamado porque nele um eu (o eu lírico) exprime suas emoções.
Exercício Explicativo 1 No texto seguinte, é evidente o predomínio da função poética da linguagem. Perguntase: qual a função secundária que a linguagem desempenha nesta mensagem? No mais interno fundo das profundas Cavernas altas, onde o mar se esconde, Lá, donde as ondas saem furibundas1, Quando às iras do vento o mar responde, Neptuno2 mora, e moram as jucundas3 Nereidas4, e outros deuses do mar, onde As águas campo deixam às cidades Que habitam essas úmidas deidades5. (Camões, Os Lusíadas) 1 – Furibundas: furiosas; 2 – Neptuno: deus do mar; 3 – Jucundas: formosas; 4 – Nereidas: Ninfas do mar; 5 – Deidades: deuses do mar
a) c) e)
Função emotiva. Função referencial. Função fática.
b) Função conativa. d) Função metalinguística.
Comentário O texto traz informação sobre um referente exterior à linguagem e ao processo de comunicação, ou seja, fala de elemento do mundo: o relevo do fundo do mar e os deuses que o habitam (conforme a mitologia greco-romana). Portanto, trata-se da função referencial da linguagem, que, na poesia épica, sempre aparece combinada com a função poética. Resposta: C
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Sobre o texto transcrito no teste anterior, examine as afirmações constantes dos testes 2 e 3.
Exercício Explicativo 2 I.
O texto descreve o fundo do mar, com suas águas agitadas (“ondas...furibundas”) e as moradas dos deuses, onde acabam as águas. II. A palavra onda, que vem do latim unda, como que se propaga pelo texto, ressoando em fundo, profundas, onde, esconde, furibundas, quando, responde, jucundas e onde. III. As vogais da palavra Nereidas reaparecem em deidades, palavra que se refere àquelas divindades do mar. Estão corretas: a) todas. d) I e III, apenas.
b) I e II, apenas. e) nenhuma.
c) II e III, apenas.
Comentário Os versos finais descrevem a morada dos deuses como um espaço do fundodo mar em que as águas acabam e deixam campo livre para as cidades dos deuses marinhos. Resposta: A
Exercício Explicativo 3 I. II.
Os versos são decassílabos, como em todo o poema épico de que foram extraídos. Os oito versos apresentados formam a estrofe chamada oitava-rima, utilizada em toda a extensão do poema. III. As rimas se distribuem conforme o esquema ABABABCC. Estão corretas: a) todas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) nenhuma.
Comentário As três afirmações descrevem adequadamente algumas características formais do poema camoniano. Resposta: A
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Exercício Explicativo 4 O texto seguinte também é de natureza poética. Nele, qual a função secundária da linguagem? Lutar com as palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. (Carlos Drummond de Andrade) a) c) e)
Função emotiva. Função referencial. Função fática.
b) Função conativa. d) Função metalinguística.
Comentário O texto fala explicitamente da linguagem e de nossa relação com ela. Resposta: D
Exercício Explicativo 5 Se eu não vejo a mulher que eu mais desejo, Nada que eu veja vale o que eu não vejo. Nesses versos do poeta provençal Bernart de Ventadorn (século XII), vertidos para o português pelo poeta Augusto de Campos, é evidente o predomínio da função poética da linguagem, notável nos ritmos, nos jogos sonoros e no fraseado. Ao lado dessa função, é destaca-se a presença da a) c) e)
função emotiva. função referencial. função fática.
b) função conativa. d) função metalinguística.
Comentário Os versos transcritos constituem pura expressão emocional do emissor. Resposta: A
Exercício Explicativo 6 Nos versos transcritos no teste anterior, a função poética da linguagem é visível em diversos recursos utilizados na estruturação artística do texto. Entre eles, não se encontram a) rimas. b) aliterações (repetições de consoantes). c) metro decassilábico. d) metáforas. e) assonâncias (repetições de vogais tônicas).
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Comentário O texto não apresenta nenhuma metáfora ou outra figura de palavra; suas palavras, diferentemente do que é frequente na poesia, são todas empregadas em sentido literal, denotativo. Resposta: E
Exercício Explicativo 7 Qual a função da linguagem predominante no texto abaixo, adaptado de uma bula de remédio? Durante o tratamento com Cloridrato de Benzidamina drágeas e solução oral (gotas), as pessoas mais sensíveis à benzidamina podem apresentar, ainda que raramente, ansiedade, insônia, agitação, convulsões e alterações visuais. Podem ocorrer também náusea e sensação de queimação retroesternal. Informe imediatamente o seu médico caso ocorram reações adversas desagradáveis com o uso do produto. a) c) e)
Função emotiva. Função referencial. Função poética.
b) Função conativa. d) Função metalinguística.
Comentário O texto tem com objetivo transmitir informações sobre o seu referente, a droga em questão e o seu uso terapêutico. Trata-se, pois, de referente exterior à linguagem e ao processo de comunicação. Resposta: C
Exercício Explicativo 8 Sobre o texto transcrito no teste anterior, assinale a alternativa correta. a) “Reações adversas” é a designação geral do conjunto dos efeitos produzidos pela ingestão do medicamento. b) Afirma-se que as pessoas que ingerem cloridrato de benzidamina irão sofrer de “náusea e sensação de queimação retroesternal”. c) O remédio é indicado para pessoas que sofrem de casos raros de “ansiedade, insônia, agitação, convulsões”. d) O trecho “drágeas e solução oral”, embora claramente compreensível, não está sintaticamente relacionado com o resto da frase. e) A última oração indica que o médico deve ser imediatamente alertado caso o produto não seja agradável ao paciente.
Comentário A deficiência poderia ser corrigida, por exemplo, se o trecho fosse redigido da seguinte maneira: “em drágeas ou solução oral”. Resposta: D
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Letra de canção e quadrinos para as questões de 9 a 11. SINAL FECHADO – Olá! Como vai? – Eu vou indo. E você, tudo bem? – Tudo bem! (...) – Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios... – Oh, não tem de quê, eu também só ando a cem... (...) – Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas... – Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança... – Por favor, telefone, eu preciso beber alguma coisa rapidamente... – Pra semana... – O sinal... – Eu procuro você... – Vai abrir! Vai abrir! – Prometo, não esqueço... – Por favor, não esqueça... – Não esqueço, não esqueço... – Adeus... (Paulinho da Viola) (Juarez Machado)
Exercício Explicativo 9 No primeiro fragmento (3 primeiros versos) da canção de Paulinho da Viola acima transcrita, a função da linguagem é a) emotiva. d) metalinguística.
b) conativa. e) fática.
c) referencial.
Comentário Trata-se, não de verdadeiras perguntas e respostas, mas de formas convencionais de iniciar uma conversa, estabelecer contacto, ou seja, “ligar” o canal de comunicação entre os interlocutores. Quando as mensagens se referem ao canal de comunicação, iniciando, testando ou encerrando o contacto (“Alô”, “Está ouvindo?”, “Como vai?”, “Até logo”, “Tchau”), elas são expressões da função fática da linguagem. Resposta: E
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Exercício Explicativo 10 (FUVEST) – No trecho da canção de Paulinho da Viola e nos quadrinhos de Juarez Machado, representa-se um desencontro, cuja razão maior está a) na eliminação dos desejos pessoais. b) nas imposições do cotidiano moderno. c) na falta de confiança no outro. d) na expectativa romântica das pessoas. e) no mecanismo egoísta das paixões.
Comentário Tanto na canção quanto nos quadrinhos, a “razão maior” dos desencontros representados é a desumanização que caracterizaria a vida cotidiana nas sociedades dos nossos dias. Resposta: B
Exercício Explicativo 11 (FUVEST) – O uso reiterado das reticências na letra da canção denota o propósito de marcar, na escrita, a) as interrupções que ocorreram na breve e apressada conversa. b) a ausência de interesse das personagens em dialogar. c) a supressão de falas que poderiam parecer agressivas. d) a enumeração de acontecimentos que deram origem ao encontro. e) as omissões de fatos relevantes que as personagens decidem ocultar.
Comentário Uma das funções das reticências é a sugestão de lacunas, silêncios e interrupções do discurso oral. Resposta: A
Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional. Narração A imaginação é uma das mais altas prerrogativas do homem. (Charles Darwin, naturalista inglês, 1809-1882.) O ato de escrever é prazer, diversão. É a sensação de poder, de domínio. Criar gente, fabricar fantasias, inventar cidades, dar vida e dar morte, criar um terremoto ou furacão, fazer o que eu quiser. Escrever é um jogo, brincadeira. Conseguir segurar,
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prender uma pessoa, mantê-la atrelada a si (é o leitor diante do livro: sua sensação divina). (Ignácio de Loyola Brandão) Condenados a uma existência que nunca está à altura de seus sonhos, os seres humanos tiveram que inventar um subterfúgio para escapar de seu confinamento dentro dos limites do possível: a ficção. Ela lhes permite viver mais e melhor, ser outros sem deixar de ser o que já são, deslocar-se no espaço e no tempo sem sair de seu lugar nem de sua hora e viver as mais ousadas aventuras do corpo, da mente e das paixões, sem perder o juízo ou trair o coração. A ficção é compensação e consolo pelas muitas limitações e frustrações que fazem parte de todo destino individual e fonte perpétua de insatisfação, pois nada mostra de forma tão clara o quão minguada e inconsistente é a vida real quanto retornar a ela, depois de haver vivido, nem que seja de modo fugaz, a outra vida — a fictícia, criada pela imaginação à medida de nossos desejos. Diferentemente da ficção que se identifica como tal e cuja função em nossas vidas é enriquecedora, ou pelo menos benigna, a outra, aquela que vive emboscada atrás das suntuosas faces da religião ou da ciência, pode ser maligna, fonte de sofrimentos e extravios para a espécie humana. (Mário Vargas Llosa, Folha de S. Paulo)
Exercício Explicativo 1 PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos, as nuvens desenrolam-se, lentas como quem vai inventando preguiçosamente uma história sem fim... Sem fim é a aula: e nada acontece, nada...Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um avião entrasse por uma janela e saísse por outra! (Mário Quintana, Poesias)
a) b) c) d) e)
Na cena retratada no texto, o sentimento do tédio provoca que os meninos fiquem contando histórias. leva os alunos a simularem bocejos, em protesto contra a monotonia da aula. acaba estimulando a fantasia, criando a expectativa de algum imprevisto mágico. prevalece de modo absoluto, impedindo até mesmo a distração ou o exercício do pensamento. decorre da morosidade da aula, em contraste com o movimento acelerado das nuvens e das moscas.
Comentário A fantasia da menina, de que “um avião entrasse por uma janela e saísse por outra”, corresponde à “expectativa de algum imprevisto mágico”, nos termos da alternativa c. Resposta: C
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Narrar é contar uma história (real ou fictícia). A narração apresenta uma sequência de ações envolvendo personagens em determinado espaço (ou espaços) e tempo. Portanto, a matéria da narração são ocorrências, fatos, ações. A narração pressupõe movimento (mudança de situação) e implica conflito que envolve personagens, apresenta suspense (clímax), traz consequências e culmina no desfecho (conclusão). São exemplos de narrativas a novela, o romance, o conto, e também uma crônica, uma notícia de jornal, uma piada, uma letra de música, uma história em quadrinhos, desde que apresentem uma sucessão de acontecimentos. O relato de um episódio, real ou fictício, implica interferência de todos ou de alguns dos seguintes elementos (personagens e circunstâncias): Para compor uma história são necessários alguns elementos básicos: enredo (ação), personagens, tempo e espaço. Fazem parte da estrutura narrativa: Personagem(ns) { definem-se pelas características e pelas ações Enredo
{ ação, organização de fatos
Tempo
{
Espaço
{ lugar (definido pela descrição ou apenas indicado)
Foco narrativo
{
Discurso
cronológico (tempo real) psicológico (tempo mental)
{
narrador onisciente (tudo sabe, de terceira pessoa (de fora da história) conhece a interioridade das personagens)
{
narrador-personagem (conta o que de primeira pessoa (de dentro da história) vê como personagem)
{
direito (fala da personagem) indireto (o narrador traduz a fala da personagem) indireto livre (fusão da fala do narrador e da personagem)
Não há uma ordem convencional que regule a articulação entre esses elementos. Pode-se iniciar uma narração descrevendo uma personagem, precisando local e data do acontecimento (tempo), caracterizando o cenário em que se passa a ação (espaço) ou ainda iniciando o relato do fato (enredo).
Exercício Explicativo 2 MIGUILIM “De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de fora, o claro de roupa. Minguilim saudou, pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era de óculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo. — Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome? — Miguilim, eu sou irmão do Dito. — E o seu irmão Dito é o dono daqui? — Não, meu senhor. O Ditinho está em glória. O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado, manteúdo, formoso como nenhum outro.
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Redizia: — Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda… — Mas que é que há, Miguilim? Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso é que o encarava. — Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua casa? — É Mãe, e os meninos… Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele, era um camarada. O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: — Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está enxergando? E agora?” (Guimarães Rosa, Manuelzão e Miguilim. 9.a ed, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984.)
Esta história, com narrador-observador em terceira pessoa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de Miguilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter Miguilim como referência, inclusive espacial, fica explicitado em: a) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto.” b) “Ele era de óculos, corado, alto (…)” c) “O homem esbarrava o avanço do cavalo, (…)” d) “Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, (…)” e) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos”
Comentário A referência da locução adverbial “cá bem junto” é ao espaço próximo a Miguilim. O narrador tem acesso ao mundo privado de Miguilim (“Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele”). Resposta: A
Exercício Explicativo 3 Em uma conversa ou leitura de um texto, corre-se o risco de atribuir um significado inadequado a um termo ou expressão, e isso pode levar a certos resultados inesperados, como se vê nos quadrinhos abaixo.
(SOUZA, Maurício de. Chico Bento. Rio de Janeiro: Ed. Globo, n.º 335, Nov./99.)
Nessa historinha, o efeito humorístico origina-se de uma situação criada pela fala da Rosinha no primeiro quadrinho, que é: a) Faz uma pose bonita! b) Quer tirar um retrato? c) Sua barriga está aparecendo! d) Olha o passarinho! e) Cuidado com o flash!
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Comentário A fala que se omitiu no primeiro quadrinho é a expressão que os fotógrafos converteram em lugar-comum, como apelo ao fotografado, visando a um melhor enquadramento frente à câmara: “Olha o passarinho!”. (Trata-se de um remanescente dos primeiros tempos da fotografia). A situação humarística decorre da reação inesperada e inadequada de Chico, que deu ao termo “passarinho” outra conotação, de uso popular, designativa da genitália masculina, e dirigiu seu olhar para a sua, provocando a reação irritada de Rosinha. O último quadrinho deixa claro que Chico continuou sem entender o apelo, justificando com uma ponta de preconceito “machista” a reação da menina. Resposta: D
Leia o texto a seguir.
Cabelos longos, brinco na orelha esquerda, físico de skatista. Na aparência, o estudante brasiliense Rui Lopes Viana Filho, de 16 anos, não lembra em nada o estereótipo dos gênios. Ele não usa pesados óculos de grau e está longe de ter um ar introspectivo. No final do mês passado, Rui retornou de Taiwan, onde enfrentou 419 competidores de todo o mundo na 39.ª Olimpíada Internacional de Matemática. A reluzente medalha de ouro que ele trouxe na bagagem está dependurada sobre a cama de seu quarto, atulhado de rascunhos dos problemas matemáticos que aprendeu a decifrar nos últimos cinco anos. Veja – Vencer uma olimpíada serve de passaporte para uma carreira profissional meteórica? Rui – Nada disso. Decidi me dedicar à Olimpíada porque sei que a concorrência por um emprego é cada vez mais selvagem e cruel. Agora tenho algo a mais para oferecer. O problema é que as coisas estão mudando muito rápido e não sei qual será minha profissão. Além de ser muito novo para decidir sobre o meu futuro profissional, sei que esse conceito de carreira mudou muito. (Entrevista de Rui Lopes Viana Filho à Veja, 5/8/1998, n.31, pp. 9-10.)
Exercício Explicativo 4 Na pergunta, o repórter estabelece uma relação entre a entrada do estudante no mercado de trabalho e a vitória na Olimpíada. O estudante a) concorda com a relação e afirma que o desempenho na Olimpíada é fundamental para sua entrada no mercado. b) discorda da relação e complementa que é fácil se fazer previsões sobre o mercado de trabalho. c) discorda da relação e afirma que seu futuro profissional independe de dedicação aos estudos. d) discorda da relação e afirma que seu desempenho só é relevante se escolher uma profissão relacionada à matemática. e) concorda em parte com a relação e complementa que é complexo fazer previsões sobre o mercado de trabalho.
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Comentário Ao iniciar sua resposta com “Nada disso”, a primeira impressão que recebe o leitor é de que o estudante esteja discordando totalmente da relação, estabelecida na pergunta, entre a vitória na Olimpíada e seu ingresso no mercado de trabalho. A continuação da resposta, porém, deixa claro que o estudante não nega categoricamente essa relação; ele apenas a relativiza, em razão da dificuldade de fazer previsões sobre o mercado de trabalho. Resposta: E
Intertextualidade A cultura, em seu sentido mais amplo, pode ser entendida como um “grande texto”, formado de inúmeros outros, pertinentes a todas as áreas do saber e da atividade humana – textos científicos, filosóficos, artísticos etc. Esses textos se referem uns aos outros continuamente: uns retomam, repetem, corrigem, desenvolvem, contestam ou confirmam os outros. Na litratura, essa interrelação entre textos é essencial, pois se trata de um elemento constitutivo da obra literária: toda obra literária mantém uma relação complexa com as obras anteriores, que ela integra a si ou rejeita, mas às quais não pode ser indiferente. A tal damos o nome de intertextualidade. Assim, a intertextualidade nada mais é do que “o fenômeno de um texto retomar outro, por meio de citações, alusões, inversões, paródicas ou não”. Em textos científicos ou técnicos, a citação deve vir entre aspas, com a devida indicação da fonte (autor e obra). Num texto literário, porém, a apropriação de um texto alheio, sem indicação de autor e obra, pressupõe uma cumplicidade com o leitor que compartilha do mesmo universo cultural do autor. O diálogo que se estabelece entre as duas obras constitui um jogo intertextual em que “o texto literário se sobrecarrega de sentido, ao superpor ao contexto das palavras efetivamente utilizadas um outro contexto, provindo de um outro discurso”. (Os trechos entre aspas foram extraídos de Lírica e Lugar-Comum, de Francisco Achcar.)
As questões de números 5 a 8 baseiam-se em duas tirinhas de quadrinhos, de Maurício de Sousa, e na “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias.
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CANÇÃO DO EXÍLIO (...) Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. (Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos)
Exercício Explicativo 5 A “Canção do exílio” é um dos textos mais citados e parodiados da Língua Portuguesa. Os versos Teus risonhos lindos campos têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida no teu seio mais amores. que remetem, de modo flagrante, ao poema de Gonçalves Dias, ocorrem a) na “Nova canção do exílio”, de Carlos Drummond de Andrade, publicada em A rosa do povo.
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b) na letra de “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque. c) no poema “Canto de regresso à pátria”, do modernista Oswald de Andrade. d) em “Ainda irei a Portugal”, de Cassiano Ricardo, um dos líderes da Semana de Arte Moderna. e) na letra do Hino Nacional Brasileiro, de Joaquim Osório Duque Estrada, oficializada em 1922.
Comentário Aqui, o que está sendo testado é o conhecimento da letra do Hino Nacional. Trata-se de uma questão que, na terminologia hoje corrente, envolve um aspecto intertextual do Hino. Resposta: E
Exercício Explicativo 6 Observe com atenção a segunda tirinha, na qual também há referências à “Canção do exílio”. Caso os balõezinhos dessa tirinha não estivessem com todas as falas dos personagens escritas em letras maiúsculas, a palavra palmeiras, que aparece em uma frase entre aspas, no segundo quadrinho, deveria ser escrita a) com inicial maiúscula, por se tratar de um substantivo próprio, nome do famoso time brasileiro de futebol. b) com inicial minúscula, por se tratar de um substantivo comum, nome da planta referida por Gonçalves Dias, na “Canção do exílio”. c) com inicial maiúscula, por se tratar de um substantivo comum, nome da planta referida por Gonçalves Dias. d) com inicial minúscula, por se tratar de um substantivo com valor de adjetivo, a designar um time brasileiro de futebol. e) com inicial minúscula, por se tratar de um substantivo próprio, nome da planta referida na “Canção do exílio”.
Comentário No segundo quadrinho, a personagem, ao corrigir a outra, está citando o texto da "Canção do Exílio", no qual a palavra palmeiras é um substantivo comum, não o nome de um time de futebol. Todo o humor da tirinha se deve à confusão entre o nome próprio e o comum. Resposta: B
Exercício Explicativo 7 Nas histórias em quadrinhos, geralmente, os balõezinhos contêm os diálogos, falas e monólogos interiores dos personagens. Entre os personagens de Maurício de Sousa, destaca-se o garoto Cebolinha, conhecido por trocar o som do “r” pelo do “l”, como fazem muitas crianças. No primeiro e terceiro quadrinhos da primeira tirinha, os balõezinhos, colocados acima da cabeça de Cebolinha, encontram-se vazios. Considerando o contexto, e, inclusive, o último quadrinho, pode-se interpretar que: a) Cebolinha permaneceu calado, ou não exprimiu pensamentos, nos balõezinhos do primeiro e terceiro quadrinhos. Isto indica sua falta de diálogo com o entediante passarinho.
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b) O personagem anuncia em voz baixa, no terceiro quadrinho, que irá declamar uma poesia romântica. Realiza seu desejo, utilizando-se de um megafone, no último quadrinho. c) Cebolinha emitiu discursos diretos, no primeiro e terceiro quadrinhos. No entanto, o que disse não pôde ser ouvido porque sua voz foi abafada pelas onomatopeias que expressam o piado alto, insistente e perturbador do passarinho. d) A expressão facial de Cebolinha, no primeiro quadrinho, indica que ele se esqueceu do que iria dizer, no terceiro quadrinho. e) Os balõezinhos encontram-se vazios porque Cebolinha emitiu frases impróprias, ou não-publicáveis, no primeiro e terceiro quadrinhos. Por isso, sua voz não pode ser ouvida.
Comentário Por convenção, a linha contínua do desenho dos balões vazios, que conteriam a fala inaudível de Cebolinha, indica tratar-se de discurso direto. Resposta: C
Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra. (Oswald de Andrade, Canto de Regresso à Pátria.)
Exercício Explicativo 8 Ao compararmos essa estrofe do poema de Oswald de Andrade com a segunda estrofe do poema de Gonçalves Dias é incorreto afirmar que apresentam uma semelhança: a) no ritmo, pois todos os versos seguem a mesma métrica. b) no tema, que, ligado ao título, confirma uma pátria absolutamente superior, mas inatingível. c) na sintaxe, com exceção do segundo verso do fragmento B. d) do emprego de pronome possessivo de primeira pessoa. e) na ideia de comparação, trazida pela palavra mais.
Comentário O tom satírico do poema de Oswald de Andrade já seria o suficiente para descartar a concepção de “uma pátria absolutamente superior, mas inatingível”. A afirmação aplica-se, apenas, ao poema de Gonçalves Dias. Devese notar que, no trecho transcrito, a única indicação de que não se trata de uma pátria idealizada está no verso 2: “E quase que mais amores”. A ideia implícita, brincalhona, é que o país tem menos, ou no máximo tantos, “amores” quanto outros países. Resposta: B
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Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos linguagens e suas manifestações específicas.
21. Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos. 22. Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos. 23. Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados. 24. Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras. Dissertação Quando as pessoas não sabem falar ou escrever adequadamente sua língua, surgem homens decididos a falar e escrever por elas e não para elas. (Wendel Johnson)
Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado assunto. É discutir essas ideias, analisá-las e apresentar provas que convençam o leitor da validade do ponto de vista de quem as defende. A dissertação, por isso, pressupõe • exame crítico do assunto sobre o qual se vai escrever; • raciocínio lógico; • clareza, coerência e objetividade na exposição. Portanto, dissertar é analisar de maneira crítica situações diversas, questionando a realidade e nossa posição diante dela.
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Exercício Explicativo 1 Um jornalista publicou um texto do qual estão transcritos trechos do primeiro e do último parágrafos:
“‘Mamãezinha, minhas mãozinhas vão crescer de novo?’ Jamais esquecerei a cena que vi, na TV francesa, de uma menina da Costa do Marfim falando com a enfermeira que trocava os curativos de seus dois cotos de braços. (...)” .................................................................................... “Como manter a paz num planeta onde boa parte da humanidade não tem acesso às necessidades básicas mais elementares? (...) Como reduzir o abismo entre o camponês afegão, a criança faminta do Sudão, o Severino da cesta básica e o corretor de Wall Street? Como explicar ao menino de Bagdá que morre por falta de remédios, bloqueados pelo Ocidente, que o mal se abateu sobre Manhattan? Como dizer aos chechenos que o que aconteceu nos Estados Unidos é um absurdo? Vejam Grozny, a capital da Chechênia, arrasada pelos russos. Alguém se incomodou com os sofrimentos e as milhares de vítimas civis, inocentes, desse massacre? Ou como explicar à menina da Costa do Marfim o sentido da palavra ‘civilização’ quando ela descobrir que suas mãos não crescerão jamais?” (UTZERI, Fritz. Jornal do Brasil, 17/09/2001.)
Apresentam-se, a seguir, algumas afirmações também retiradas do mesmo texto. Aquela que explicita uma resposta do autor para as perguntas feitas no trecho citado é a)
“tristeza e indignação são grandes porque os atentados ocorreram em Nova Iorque.” b) “ao longo da história, o homem civilizado globalizou todas as suas mazelas.” c) “a Europa nos explorou vergonhosamente.” d) “o neoliberalismo institui o deus mercado que tudo resolve.” e) “os negócios das indústrias de armas continuam de vento em popa.”
Comentário O texto oferece uma visão dos problemas do planeta, como desigualdade social, fome, guerras e outras mazelas, hoje globalizadas. Resposta: B
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LACERDA É simples: em primeiro lugar é preciso levantar a bandeira moralista: mostrar que o Governo é corrupto, composto de chantagistas, de ladrões, de rufiões, cafetões e vigaristas, de tubarões, charlatães, maganões e descuidistas. Isto é muito importante. Com a bandeira moralista ganha-se então por inteiro a famosa classe-média, que sonha ter em virtudes o que lhe falta em dinheiro. E como a virtude é rara e difícil de provar, torna-se fácil apontar corrupção no governo. Gatunagem, malandragem, ladroagem, tratantagem “Enquanto o povo brasileiro dorme, os gatunos agem”. in GOMES, Dias & GULLAR, Ferreira. Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968, p. 55-56
Exercício Explicativo 2 O texto apresenta a figura de linguagem denominada antítese, relação de oposição de palavras ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz claramente presente: a) “torna-se fácil apontar / corrupção no governo”. b) “que sonha ter em virtudes / o que lhe falta em dinheiro”. c) “E como a virtude é rara / e difícil de provar”, d) “e difícil de provar, / torna-se fácil apontar / corrupção no governo”. e) “Enquanto o povo dorme, / os gatunos agem”.
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Comentário O único caso de antítese ocorre no trecho transcrito na alternativa d: “e difícil de provar, / torna-se fácil apontar…” Resposta: D
Exercício Explicativo 3 O fragmento transcrito faz parte de uma peça teatral; trata-se, pois, de texto dramático; mas ele pode também ser classificado como: a) narrativo; d) descritivo;
b) lírico; e) argumentativo.
c) épico;
Comentário O texto pode ser classificado como argumentativo, porque nele se desenvolvem argumentos, ideias: a personagem Lacerda está explicando (explicação é típica da dissertação) o que se pode fazer para tentar derrubar o governo. Ele não apenas indica o que fazer, mas também justifica suas recomendações, ou seja, argumenta em apoio delas. Resposta: E
Texto para os exercícios explicativos de 4 a 6.
IGNORÂNCIA E RAÇA Tenho desprezo por gente que se orgulha da própria raça. Nem tanto pelo orgulho, sentimento menos nobre, porém inerente à natureza humana, mas pela estupidez. Que mérito pessoal um pobre de espírito pode pleitear por haver nascido branco, negro ou amarelo, de olhos azuis ou lilases? Tradicionalmente, o conceito popular de raça está ligado a características externas do corpo humano, como cor de pele, formato dos olhos e as curvas que o cabelo faz ou deixa de fazer.(...) Para o povo, raça é questão de cor de pele, tipo de cabelo e traços fisionômicos. Nada mais primário. (Drauzio Varella, Folha de S. Paulo, abril de 2006)
Exercício Explicativo 4 Considere as proposições sobre o texto: I. O mérito pessoal associa-se indiscutivelmente a características externas do corpo humano. II. Aquele que defende a discriminação racial revela falta de discernimento. III. A frase “nada mais primário” revela o posicionamento crítico do autor do texto, que defende o conceito popular de raça.
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Está correto o que se afirma em a) b) c) d) e)
todas as proposições. apenas I. apenas II. apenas I e III. apenas III.
Comentário O autor argumenta contra o conceito popular de raça, que se baseia em características externas do corpo humano, considerando-o fruto de ignorância. Resposta: C
Exercício Explicativo 5 Conforme o texto, a noção popular de raça a) b) c) d) e)
não é passível de crítica. é incontestável. é simplória. é incompreensível. é irrevogável.
Comentário A noção popular de raça não se baseia em reflexão mais aprofundada, elaborada a partir de dados objetivos, científicos; por isso, o autor a considera primária, o que equivale a simplória, ou seja, superficial, carente de aprofundamento e complexidade. Resposta: C
Exercício Explicativo 6 Inerente significa a) b) c) d) e)
indispensável. indissimulável. inespecífico. intrínseco. inequívoco.
Comentário Intrínseco é sinônimo de inerente, que o Dicionário Houaiss define como o “que existe como um constitutivo ou uma característica essencial de alguém ou de algo”. Resposta: D
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Exercício Explicativo 7
Só não se pode dizer que a charge sugere a) b) c) d) e)
o pouco respeito de alguns pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. a desigualdade de direitos entre indivíduos e nações. o desrespeito a um dos direitos básicos do homem: alimentação. a morte que ronda a massa de famintos. o empenho governamental em proteger a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Comentário As autoridades retratadas na charge, bem vestidas e nutridas, representam aqueles que se omitem diante dos flagelos que abatem parte da humanidade e que, portanto, desconsideram a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os urubus que pairam sobre a massa de miseráveis sugerem que a morte é iminente entre eles. Resposta: E
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Exercício Explicativo 8
As tiras ironizam uma célebre fábula e a conduta dos governantes. Tendo como referência o estado atual dos países periféricos, pode-se afirmar que nessas histórias está contida a seguinte ideia: a) Crítica à precária situação dos trabalhadores ativos e aposentados. b) Necessidade de atualização crítica de clássicos da literatura. c) Menosprezo governamental com relação a questões ecologicamente corretas. d) Exigência da inserção adequada da mulher no mercado de trabalho. e) Aprofundamento do problema social do desemprego e do subemprego.
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Comentário Nada no quadrinho de Henfil indica que se trata de “crítica à precária situação dos trabalhadores ativos”, nem há nela qualquer referência à fábula da Cigarra e a Formiga. Trata-se de uma interpretação forçada e não-pertinente, que desconsidera aspectos importantes da tira de Henfil, como é o caso do “feminismo” oportunista do falante na tentativa de seduzir a interlocutora. A alternativa “correta” contém, pois, uma interpretação arbitrária que a Banca Examinadora quis impingir aos candidatos. Resposta: A
Exercício Explicativo 9
(QUINO. Mafalda inédita. São Paulo: Martins Fontes, 1993)
Observando as falas das personagens, analise o emprego do pronome SE e o sentido que adquire no contexto. No contexto da narrativa, é correto afirmar que o pronome SE, a) b) c) d) e)
em I, indica reflexividade e equivale a “a si mesmas”. em II, indica reciprocidade e equivale a “a si mesma”. em III, indica reciprocidade e equivale a “umas às outras”. em I e III, indica reciprocidade e equivale a “umas às outras”. em II e III, indica reflexividade e equivale a “a si mesma” e “a si mesmas”, respectivamente.
Comentário O pronome se pode ser empregado como puramente reflexivo, como ocorre nos quadrinhos II e III, ou como recíproco, como ocorre em I. Observe-se que, no quadrinho I, o sentido do se é de “umas às outras”. Resposta: E
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As questões de números 10 e 11 referem-se ao poema abaixo.
BRASIL O Zé Pereira chegou de caravela E preguntou pro guarani da mata virgem – Sois cristão? – Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte Teterê tetê Quizá Quizá Quecê! Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! O negro zonzo saído da fornalha Tomou a palavra e respondeu – Sim pela graça de Deus – Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! E fizeram o Carnaval
(Oswald de Andrade)
Exercício Explicativo 10 Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão apresentada pelo texto é a) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem. b) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e índios – pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira. c) moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos. d) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas. e) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.
Comentário Segundo o poema de Oswald de Andrade, a mistura de portugueses, índios e negros – que não se entenderam em diversas línguas (português, línguas indígenas e línguas africanas) – teria resultado numa cultura híbrida e anárquica cujo símbolo seria o Carnaval. Sem dúvida, trata-se de um texto ambíguo, em que a formação do Brasil é celebrada com humor e ironia. Resposta: A
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Exercício Explicativo 11 A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta da manifestação do a) poeta e do colonizador apenas. b) colonizador e do negro apenas. c) negro e do índio apenas. d) colonizador, do poeta e do negro apenas. e) poeta, do colonizador, do índio e do negro.
Comentário Além do emissor do poema (o poeta), que narra a historieta e estabelece sua perspectiva, os outros actantes (= figuras que atuam) do texto são o Zé Pereira (o português colonizador), o índio e o negro. Ainda que as falas do índio e do negro reproduzam, em sua primeira parte, o discurso colonizador (o índio fala como Gonçalves Dias e o negro, como um católico), trata-se de falas de índio e negro colonizados, e não de falas do colonizador, como a segunda parte do que diz cada um deles não nos permite esquecer. Resposta: E
Exercício Explicativo 12 Texto I Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e rir interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível. CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 91.
Texto II Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é muito mais! É saber que todos os amigos já morreram e os que teimam em viver são entrevados. É sorrir, interminavelmente, não por necessidade interior, mas porque a boca não fecha ou a dentadura é maior que a arcada. FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 225.
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(INEP) – Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para definir as fases da vida, entre eles, a) expressões coloquiais com significados semelhantes. b) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres humanos. c) recursos específicos de textos escritos em linguagem formal. d) termos denotativos que se realizam com sentido objetivo. e) metalinguagem que explica com humor o sentido de palavras.
Comentário Trata-se, em ambos os textos, de explicar, com ironia e humor, o sentido da expressões “ser brotinho” e “ser gagá”. Resposta: E
Exercício Explicativo 13
De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por Hagar e seu filho Hamlet, pode-se afirmar que a postura de Hagar a) valoriza a existência da diversidade social e de culturas, e as várias representações e explicações desse universo. b) desvaloriza a existência da diversidade social e as várias culturas, e determina uma única explicação para esse universo. c) valoriza a possibilidade de explicar as sociedades e as culturas a partir de várias visões de mundo. d) valoriza a pluralidade cultural e social ao aproximar a visão de mundo de navegantes e não-navegantes. e) desvaloriza a pluralidade cultural e social, ao considerar o mundo habitado apenas pelos navegantes.
Comentário A interpretação da tira (e não propriamente “história em quadrinhos”) somente pode corresponder à alternativa b, que revela uma visão de mundo dualista (e implicitamente maniqueísta), imposta de forma unilateral. Essa é, aliás, a visão das ideologias racistas, imperialistas ou mesmo de cunho religioso exclusivista. Todavia, houve uma impropriedade ao se considerar que o personagem Hagar desvaloriza (no sentido de minimizar) a “diversidade social”, já que ocorre exatamente o contrário: um reconhecimento (e enfatização) dessa diversidade, como forma de afirmar a superioridade do grupo dominante. Resposta: B
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Exercício Explicativo 14 A tira ao lado apresenta um diálogo entre a personagem Mafalda e a amiga Susanita. Este diálogo expressa uma dicotomia muito presente no cotidiano do homem contemporâneo, que pode ser representada por meio da oposição: a) ter x estar. b) ter x ser. c) possuir x conquistar. d) ter x realizar. e) conseguir x administrar.
Comentário A alternativa que contrapõe “ter x ser” reflete, no caso, a oposição entre “ter muitos vestidos” (bens materiais) e “ser culto, possuir cultura” (bem imaterial). Resposta: B
Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; é solitário andar por entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? Luís de Camões
Exercício Explicativo 15 O poema tem, como característica, a figura de linguagem denominada antítese, relação de oposição de palavras ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz claramente presente.
(Quino)
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a) b) c) d) e)
“Amor é fogo que arde sem se ver.” “É um contentamento descontente.” “É servir a quem vence, o vencedor.” “Mas como causar pode seu favor.” “Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”
Comentário Em “contentamento descontente” as palavras são antônimas. Como elas se opõem, referindo-se uma à outra, negando-se, temos um tipo especial de antítese chamado oxímoro. Resposta: B
Exercício Explicativo 16
O poema pode ser considerado como um texto: a) argumentativo. d) de propaganda.
b) narrativo. e) teatral.
c) épico.
Comentário O texto, de fato, desenvolve ideias, argumentos, acerca do amor. Resposta: A
O texto argumentativo sustenta-se com exemplos elucidativos, interpretação analítica, evidências e juízos, sempre com visão crítica.
Exercício Explicativo 17 “Ele é feio, mas te leva lá”, afirmava, numa revista americana, em 1969, a frase colocada logo abaixo de uma fotografia da nave espacial Apolo 11, semelhante a um inseto, que tinha acabado de levar os primeiros homens à lua. No canto inferior da página havia o logotipo da Volkswagen. Tratava-se de uma propaganda do “fusca”, o velho modelo de automóvel da fábrica, então pouco aceito nos Estados Unidos por ser considerado feio. Nessa mensagem, predomina a a) c) e)
função emotiva. função referencial. função fática.
b) função conativa. d) função metalinguística.
Comentário A mensagem publicitária é evidentemente destinada a influenciar o receptor, a fazer que ele compre o produto anunciado. Resposta: B
Exercício Explicativo 18 Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático Não aquece nem ilumina.
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Nos versos anteriore, de Carlos Drummond de Andrade, além da função poética, que é predominante, destaca-se a função a) emotiva. d) metalinguística.
b) conativa. e) fática.
c) referencial.
Comentário Os imperativos são característicos da função conativa da linguagem. Resposta: B
Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.
25. Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro. 26. Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social. 27. Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação. Níveis da linguagem
Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. (...) A este respeito a influência do povo é decisiva. (Machado de Assis)
A língua pertence a todos os membros de uma comunidade e é uma entidade viva em constante mutação. Novas palavras são criadas ou assimiladas de outras línguas, à medida que surgem novos hábitos, objetos e conhecimentos. Os dicionários vão incorporando esses novos vocábulos (neologismos), quando consagrados pelo uso. Atualmente, os veículos de comunicação audiovisual, es-
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pecialmente os computadores e a Internet, têm sido fonte de incontáveis neologismos – alguns necessários, porque não havia equivalentes em Português; outros dispensáveis, porque duplicam palavras existentes. O único critério para sua integração na língua é, porém, o seu emprego constante por um número considerável de usuários. De fato, quem determina as transformações linguísticas é o conjunto de usuários, independentemente de quem sejam eles, estejam escrevendo ou falando, uma vez que tanto a língua escrita quanto a oral apresentam variações condicionadas por diversos fatores: regionais, sociais, intelectuais etc.
Linguagem regional
Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto às construções gramaticais, empregos de certas palavras e expressões e do ponto de vista fonológico. Há, no Brasil, por exemplo, falares ou dialetos amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
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Exercício Explicativo 1
SOUZA, Maurício de. [Chico Bento]. O Globo, Rio de Janeiro, Segundo Caderno, 19 dez. 2008, p.7.
O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico habitante da zona rural, comumente chamado de “roceiro” ou “caipira”. Considerando a sua fala, essa tipicidade é confirmada primordialmente pela a) b) c) d) e)
transcrição da fala característica de áreas rurais. redução do nome “José” para “Zé”, comum nas comunidades rurais. emprego de elementos que caracterizam sua linguagem como coloquial. escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos meios urbanos. utilização da palavra “coisa”, pouco frequente nas zonas mais urbanizadas.
Comentário É evidente, na tirinha, que se procurou reproduzir o modo de falar típico do dialeto caipira, ou seja, fez-se “a transcrição da fala característica de áreas rurais”. Resposta: A
Exercício Explicativo 2
O problema enfrentado pelo migrante e o sentido da expressão “sustança” expressos nos quadrinhos, podem ser, respectivamente, relacionados a a) b) c) d) e)
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rejeição / alimentos básicos. discriminação / força de trabalho. falta de compreensão / matérias-primas. preconceito / vestuário. legitimidade / sobrevivência.
Comentário Ao ser expulso da “city” do proprietário, o trabalhador – identificado como imigrante nordestino pelo chapéu e pela interjeição “apois” – está enfrentando o problema da discriminação que o vitima num grande centro do sul do país, como São Paulo. Ao retirar da “city” a sua “sustança” (outro elemento do dialeto nordestino), o trabalhador está tomando de volta a sua força de trabalho, que ergueu aqueles prédios que agora desabam, abraçados pelo proprietário. Resposta: B
Texto para as questões 3 e 4. AULA DE PORTUGUÊS A linguagem na ponta da língua tão fácil de falar e de entender. A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que quer dizer? Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me. Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a priminha. O português são dois, o outro, mistério. (DRUMMOND, Carlos de. Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.)
Exercício Explicativo 3 Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem em a) situações formais e informais. b) diferentes regiões do país. c) escolas literárias distintas. d) textos técnicos e poéticos. e) diferentes épocas.
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Comentário O poema contrasta a linguagem do cotidiano (“A linguagem / na ponta da língua”, “em que comia” etc.) com a linguagem literária ou, pelo menos, a linguagem escrita de padrão culto (“A linguagem / na superfície estrelada de letras”). Portanto, trata-se do contraste entre a linguagem empregada em “situações formais e informais”. Resposta: A
Exercício Explicativo 4 No poema, a referência à variedade padrão da língua está expressa no seguinte trecho: a) “A linguagem / na ponta da língua” (v. 1 e 2). b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” (v. 5 e 6). c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v. 14). d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v. 15). e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v. 17).
Comentário A “superfície estrelada de letras” é uma referência metafórica à literatura (a arte das belas letras). Resposta: B
Exercício Explicativo 5 “Precisa-se nacionais sem nacionalismo, (...) movidos pelo presente mas estalando naquele cio racial que só as tradições maduram! (...). Precisa-se gentes com bastante meiguice no sentimento, bastante força na peitaria, bastante paciência no entusiasmo e sobretudo, oh! sobretudo bastante vergonha na cara! (...) Enfim: precisa-se brasileiros! Assim está escrito no anúncio vistoso de cores desesperadas pintado sobre o corpo do nosso Brasil, camaradas.” (Jornal A Noite, São Paulo, 18/12/1925 apud LOPES, Telê Porto Ancona. Mário de Andrade: ramais e caminhos. São Paulo: Duas Cidades, 1972)
No trecho acima, Mário de Andrade dá forma a um dos itens do ideário modernista, que é o de firmar a feição de uma língua mais autêntica, “brasileira”, ao expressar-se numa variante de linguagem popular identificada pela (o): a) b) c) d) e)
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escolha de palavras como cio, peitaria, vergonha. emprego da pontuação. repetição do adjetivo bastante. concordância empregada em Assim está escrito. escolha de construção do tipo precisa-se gentes.
Comentário Em “precisa-se gentes”, Mário de Andrade, usando uma construção corrente no Brasil, especialmente na língua coloquial popular, infringe uma norma da gramática tradicional, fundada na tradição escrita e no uso coloquial português. Segundo tal norma, sendo o verbo transitivo direto (uma das construções possíveis de “precisar”), o pronome se funciona como apassivador. Assim, o termo “gentes” seria o sujeito, com o qual o verbo deveria concordar: “precisam-se gentes”. A mesma construção aparece no texto em “precisa-se nacionais” e “precisa-se brasileiros”. Resposta: E
Exercício Explicativo 6
UM TEMPO PARA PENSAR E UM TEMPO PARA CONCLUIR Parece lógico: para tomar uma decisão certeira, é preciso pesar prós e contras e, eventualmente, entender as motivações (mais ou menos ocultas) das escolhas possíveis. Depois disso, a gente decide direito. (...) Tudo bem, admitamos que nem sempre o tempo para pensar e compreender seja útil para concluir e agir. Mas alguém perguntará: sem tempo para pensar e compreender, como e em nome de quais argumentos tomaríamos nossas decisões? (...) O balanço é previsível: há situações em que a ausência de um tempo para pensar leva ao desastre e outras em que, ao contrário, desastroso é o tempo para pensar. (...) As decisões tomadas num piscar de olhos não são irracionais ou “inspiradas”, elas se servem de informações complexas, que são recebidas e processadas sem que o sujeito se dê conta disso. Em suma, existe um tempo para pensar que é longo, consciente e, sobretudo, procrastinador. E existe um outro tipo de tempo para pensar, que é rápido, encoraja a ação e não é consciente. (...) O diabo é que, frequentemente, quem quer encontrar argumentos que autorizem todas as suas escolhas transforma a vida numa série de extenuantes reflexões preliminares. Em resumo, parodiando Hamlet, o tempo para pensar nos torna, às vezes, um pouco covardes. (Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo, 21/7/05)
Assinale a alternativa que apresente apenas termos ou expressões de registro linguístico (culto, coloquial, gíria etc.) diferente do que se encontra no restante do texto: a) b) c) d) e)
desastroso, a gente, “inspiradas”, procrastinador. a gente, tudo bem, num piscar de olhos, o diabo é que. certeira, sujeito, parodiando, tudo bem. covardes, prós e contras, num piscar de olhos. sujeito, em suma, o diabo é que, extenuantes.
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Comentário Na alternativa b, todas as expressões são coloquiais, diferentemente do que predomina no texto. Resposta: B
Texto para os exercícios explicativos de 7 a 9. Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar este fato, seu professor de Língua Portuguesa convida-o a ler o texto Aí, Galera, de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca com situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte.
AÍ, GALERA Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não? – Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. – Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares. – Como é? – Aí, galera. – Quais são as instruções do técnico? – Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação. – Ahn? – É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça. – Certo. Você quer dizer mais alguma coisa? – Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas? – Pode. – Uma saudação para a minha progenitora. – Como é? – Alô, mamãe! – Estou vendo que você é um, um... – Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação? – Estereoquê? – Um chato? – Isso. (Correio Braziliense, 13/05/1998.)
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Exercício Explicativo 7 A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser substituída, sem comprometimento de sentido, em língua culta, formal, por: a) pegá-los na mentira. b) pegá-los desprevenidos. c) pegá-los em flagrante. d) pegá-los rapidamente. e) pegá-los momentaneamente.
Comentário A expressão popular “pegar alguém sem calça(s)” significa “pegar alguém desprevenido”; o objeto direto “eles”, em português formal (isto é, conforme à gramática normativa), deve ser substituído pela forma oblíqua do pronome: “(l)os”. Resposta: B
Exercício Explicativo 8 O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do público. São elas: a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a saudação final dirigida à sua mãe. b) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado. c) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da expressão “progenitora”, por parte do jogador. d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra “estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”. e) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador entrevistado não corresponder ao estereótipo.
Comentário A expectativa geral em relação a um jogador de futebol corresponde ao estereótipo mencionado no final do texto: “um ser algo primitivo com dificuldade de expressão”, ou seja, alguém que dispõe de repertório cultural mínimo e se exprime de maneira tosca, elementar. O jogador representado no texto contraria essa expectativa, ao exprimir-se num português castiço e rebuscado, com vocabulário e sintaxe que fogem completamente até mesmo aos hábitos da linguagem oral mais educada. Resposta: B
Exercício Explicativo 9 O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a opção que representa também uma inadequação da linguagem usada ao contexto: a) “o carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” – um pedestre que assistiu ao acidente comenta com o outro que vai passando.
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b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” – um jovem que fala para um amigo. c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” – alguém comenta em uma reunião de trabalho. d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada empresa” – alguém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego. e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros” – um professor universitário em um congresso internacional.
Comentário No texto transcrito na alternativa e, o contexto de um congresso acadêmico pediria o emprego de linguagem formal, correspondente ao padrão culto da língua. No trecho apresentado, fogem a esse padrão tanto o uso de “a gente” como pronome indefinido (uso típico da oralidade informal), quanto a concordância por silepse desse pronome, que é singular e de 3.ª pessoa, com a forma verbal “termos”, plural e de 1.ª pessoa. Resposta: E
A linguagem culta ou padrão É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
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Texto para os exercícios explicativos 10 e 11.
AULA DE PORTUGUÊS A linguagem na ponta da língua tão fácil de falar e de entender. A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que quer dizer? Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me. Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a priminha. O português são dois, o outro, mistério. Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.
Exercício Explicativo 10 Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem em a) c) e)
situações formais e informais. escolas literárias distintas. diferentes épocas.
b) diferentes regiões do país. d) textos técnicos e poéticos.
Comentário O poema contrasta a linguagem do cotidiano (“A linguagem / na ponta da língua”, “em que comia” etc.) com a linguagem literária ou, pelo menos, a linguagem escrita de padrão culto (“A linguagem / na superfície estrelada de letras”). Portanto, trata-se do contraste entre a linguagem empregada em “situações formais e informais”. Resposta: A
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Exercício Explicativo 11 No poema, a referência à variedade padrão da língua está expressa no seguinte trecho: a) b) c) d) e)
“A linguagem / na ponta da língua” (v. 1 e 2). “A linguagem / na superfície estrelada de letras” (v. 5 e 6). “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v. 14). “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v. 15). “[a língua] do namoro com a priminha” (v. 17).
Comentário A “superfície estrelada de letras” é uma referência metafórica à literatura (a arte das “belas letras”). Resposta: B
A linguagem popular ou coloquial É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular está presente nas mais diversas situações: conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV (sobretudo os de auditório), novelas, expressão dos estados emocionais etc.
Exercício Explicativo 12
Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível, v. 2. L&PM pocket, p. 55-6 (com adaptações).
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Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro informal, ou coloquial, da linguagem. a) b) c) d) e)
“Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!” E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus chifres cairão!” “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a atravessar a rua…” “… e ela me deu um anel mágico que me levou a um tesouro” “mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etiópia, onde um dragão…”
Comentário Correspondem ao “registro informal, ou coloquial, da linguagem” a expressão “tá legal” (por “está bem”) e o vocativo “espertinho”. Resposta: A
Exercício Explicativo 13 Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha: “A terra é mui graciosa, Tão fértil eu nunca vi. A gente vai passear, No chão espeta um caniço, No dia seguinte nasce Bengala de castão de oiro. Tem goiabas, melancias, Banana que nem chuchu. Quanto aos bichos, tem-nos muito, De plumagens mui vistosas. Tem macaco até demais Diamantes tem à vontade Esmeralda é para os trouxas. Reforçai, Senhor, a arca, Cruzados não faltarão, Vossa perna encanareis, Salvo o devido respeito. Ficarei muito saudoso Se for embora daqui”. MENDES, Murilo. Murilo Mendes – poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre em: a) b) c) d) e)
A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arca A gente vai passear / Ficarei muito saudoso De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade
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Comentário Em “A terra é mui graciosa”, a forma apocopada do advérbio muito foi, impropriamente, considerada como “arcaísmo”, embora seu uso seja até hoje corrente, ainda que não frequente. Em “Tem macaco até demais”, tanto o emprego de tem por há, quanto o da locução adverbial até demais, correspondem ao registro coloquial da língua portuguesa do Brasil. Resposta: A O movimento de 1922 não nos deu – nem nos podia dar – uma ‘língua brasileira’, ele incitou os nossos escritores a concederem primazia absoluta aos temas essencialmente brasileiros [...] e a preferirem sempre palavras e construções vivas do português do Brasil a outras, mortas e frias, armazenadas nos dicionários e nos compêndios gramaticais. (Celso Cunha) Nestes versos do poema “Evocação do Recife”, publicado no livro Libertinagem (1930), Manuel Bandeira formula críticas e propostas que representam o pensamento estético que se afirmava na época.
Exercício Explicativo 14 A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros Vinha da boca do povo na língua errada do povo Língua certa do povo Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil Ao passo que nós O que fazemos É macaquear A sintaxe lusíada A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem Terras que não sabia onde ficavam.
Com base na leitura dos versos, podemos afirmar corretamente que o poeta a) embora reconheça que a linguagem popular brasileira é mais agradável, considera um equívoco o aproveitamento literário desse registro linguístico. b) ainda que considere a linguagem do dia-a-dia mais interessante, defende, com restrições, o emprego da sintaxe lusíada. c) emprega, nos versos transcritos, linguagem que corresponde às propostas presentes no texto. d) constata que apenas uma parcela da população tem conhecimento da norma culta, mas não a aplica ao escrever. e) observa que a língua portuguesa, na forma popular brasileira, é bem próxima, sintaticamente, da variante dessa língua em Portugal.
Comentário Uma das características do Modernismo é o aproveitamento literário da linguagem do dia-a-dia. Os coloquialismos presentes no texto (macaquear, fala gostoso, porção de coisas) indicam a coerência do estilo desses versos com a proposta modernista de empregar a linguagem popular. Resposta: C
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Exercício Explicativo 15 VÍCIO NA FALA Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados (Oswald de Andrade)
Sobre o texto, é incorreto dizer que a) demonstra, através dos exemplos milho/ mio, melhor/ mió, pior/ pió, que a língua popular, aparentemente caótica, obedece a um sistema. b) registra um tipo de fala “caipira”, de acordo com uma das propostas da primeira fase do Modernismo – a busca do que seria uma “língua brasileira”. c) o título “Vício na fala” é irônico, pois pode ser entendido como uma alusão ao purismo linguístico defendido pelos parnasianos, preocupados com a correção gramatical. d) a suposta inadequação da fala, considerada gramaticalmente errada, não impede a eficácia da ação, já que as pessoas continuam “fazendo telhados”. e) versa sobre a ineficiência dos primeiros colonos no Brasil, incapazes até de comunicação.
Comentário Não há nenhum elemento no texto que permita a afirmação da alternativa e. Resposta: E
Exercício Explicativo 16
(Bill Watterson)
Assinale a alternativa incorreta. a) Calvin incorpora em sua fala clichês hoje muito correntes, como “preparando adequadamente para o século 21”, “competir efetivamente numa economia global”, “eu quero oportunidades”. b) A preposição em, presente em nela (“O que você tira da escola depende do que você põe nela”), é desnecessária e torna a oração redundante, pois o verbo pôr, como o verbo tirar, só pode se referir a escola.
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c)
Em “Nesse caso, meu jovem, eu sugiro que você comece a se esforçar mais”, meu jovem tem a mesma função sintática de Calvin na oração: “você tem alguma pergunta, Calvin?”. d) Depreende-se do contexto que a professora, ao interrogar Calvin, esperava por uma dúvida pertinente à matéria dada. e) O humor da tira reside no fato de que o argumento de Calvin é contraditório em relação ao seu comportamento, pois ele não está disposto a se esforçar para conseguir o que deseja. (Bill Watterson)
Comentário Não há redundância, como afirma a alternativa b, porque os verbos tirar e pôr regem preposições diferentes (tirar da escola, pôr na escola). Resposta: B
Competência de área 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
UNPLUGGED Você entra em qualquer restaurante a quilo e, para não perder tempo comendo, encontra tomadas por toda parte para, se quiser, ligar o notebook e continuar trabalhando. Não será por falta delas que você deixará de participar de uma conferência na hora do almoço com 20 outros executivos, cada qual numa cidade ou, quiçá, país. Mas, supondo que considere a hora do almoço sagrada e se recuse a trabalhar e mastigar ao mesmo tempo, há sempre o recurso de ligar o iPod e se isolar. Assim, alheio ao mundo exterior, você poderá engolir uma suave salada de faufilhas com breufas e relaxar ouvindo as 948 melhores faixas do Metallica estocadas no aparelhinho plugado à sua orelha.
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Bem, não é preciso ser tão radical e cortar as pontes com o mundo. Afinal, existe o celular. Com ele você pode gerar, reproduzir, manipular, receber, transportar, corrigir, salvar, desenvolver, deletar, definir, ampliar, imprimir, personalizar e enviar uma quantidade ilimitada de informações ou imagens inúteis. Pode também fotografar sem querer o próprio tímpano. E pode ainda telefonar para o escritório e se inteirar das últimas que aconteceram desde que você saiu de lá há cinco minutos. Some a isso os aparelhos de TV ligados neste e em outros restaurantes, botequins, hospitais, academias, bancos, shoppings, elevadores, vans, táxis, aeroportos e aviões. É um bombardeio de informação, pior do que qualquer blitzkrieg [blitzkrrik]1 da Segunda Guerra. Nesta, ao menos, podia-se correr para os abrigos. Há uma nova meta pela qual lutar. Todo ser humano deveria ter direito a xis minutos diários de exclusividade dos próprios sentidos, sem precisar plugálos a nenhuma geringonça do demônio ou deixá-los ser invadidos e envenenados por imagens e sons que ninguém pediu para existirem. (Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 5/5/07) 1 – blitzkrieg: ofensiva poderosa, realizada de surpresa por força aérea e de infantaria coordenadas; guerra-relâmpago; operação de guerra rápida e intensa.
Exercício Explicativo 1 (FUVEST) – “Navegar é preciso, viver não é preciso.” Esta frase de antigos navegadores portugueses, retomada por Fernando Pessoa, por Caetano Veloso e sabese por quantos mais citadores ou reinventores, ganha sua última versão no âmbito da Informática, em que o termo navegar adquire outro e preciso sentido. Na nova acepção, em tempos de Internet, o lema parece mais afirmativo do que nunca. Os olhos que hoje vagueiam pela tela iluminada do monitor já não precisam nem de velas, nem de versos, nem de fados: da vida só querem o cantinho de um quarto, de onde fazem o mundo flutuar em mares de virtualidades nunca dantes navegados. Considere as seguintes afirmações: I. A significação das palavras constitui um processo dinâmico e supõe o reconhecimento histórico de seu emprego. II. As expressões “velas“, “fados” e “nunca dantes navegados” ligam-se ao contexto primitivo do velho lema. III. Desligando-se de suas raízes históricas, as palavras apresentam-se esvaziadas de qualquer sentido. Conforme se pode deduzir do texto, está correto o que se afirma: a) b) c) d) e)
apenas em I e II. apenas em I e III. apenas em II e III. apenas em I. em I, II e III.
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Comentário O texto é exemplo cabal do que se afirma em I, pois as referências a “velas”, “versos” e “fados”, e especialmente a citação de Camões (“mares nunca dantes navegados”), supõem, para o seu pleno entendimento, “o reconhecimento histórico de seu emprego” – ou, melhor dizendo, o reconhecimento dos sentidos com que foram empregadas em outros contextos históricos. Em II, o mesmo fato é reafirmado, pois é verdade que as palavras e a citação em questão ligam-se ao contexto português dos Grandes Descobrimentos, quando a frase “Navegar é preciso, viver não é preciso”, tomada de empréstimo a Plutarco (Vidas Paralelas), serviu de lema para a Liga Hanseática. A afirmação III não é aceitável, pois, mesmo sem suas referências históricas, as palavras conservam seu sentido – o “sentido em estado de dicionário”. Resposta: A
Exercício Explicativo 2 DEIXANDO A CIVILIZAÇÃO DE JOELHOS...
A tirinha sugere que a) os hackers, assim como os bárbaros (hunos e godos), são considerados invasores. b) os bárbaros (hunos e godos) e os hackers representam elementos de luta contra os sistemas governamentais. c) as tecnologias destrutivas eram controladas pelos bárbaros (hunos e godos), assim como o são hoje pelos hackers. d) a principal diferença entre os hackers e os bárbaros (hunos e godos) é a compleição física. e) os bárbaros (hunos e godos) eram os hackers de seu tempo, conforme dá a entender a onomatopeia hack.
Comentário Os povos bárbaros, que englobam os godos, os visigodos e os hunos, foram povos invasores, assim como os hackers, que invadem sistemas computacionais para destruí-los, alterá-los, roubar informações sigilosas ou desviar dinheiro. Resposta: A
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Exercício Explicativo 3 (Unifenas) – Testes realizados em diversas partes do mundo dizem que, em função de sua atividade cerebral, os homens são superiores em áreas do conhecimento como a matemática, a física e a tecnologia. Por combinar melhor tanto o lado da razão quanto o da emoção, as mulheres têm, entre outras diferenças, uma memória mais sensível, que registra detalhes em toda a sua riqueza. As mulheres têm melhor capacidade de encontrar pequenos objetos, assim como são mais hábeis para trabalhos manuais, tanto o tricô de antigamente, quanto a montagem de equipamentos eletrônicos de hoje em dia em empresas que contratam apenas mulheres como operárias – não somente porque elas ganham menos, mas principalmente porque são comprovadamente mais competentes no serviço. O cérebro dos homens não estaria suficientemente equipado para isso. Conclui-se do texto que as diferenças de atitudes entre homens e mulher provêm a) da maneira como o cérebro desempenha sua atividade, em cada um dos sexos. b) dos costumes transmitidos por familiares, como os trabalhos manuais, para as mulheres. c) de um tratamento diferenciado que recebem no trabalho, até mesmo quanto a salários. d) dos valores que cada povo atribui a seus conhecimentos, especialmente os socioculturais. e) do desenvolvimento científico e de sua aplicação na atividade industrial.
Comentário O texto propõe-se a demonstrar de modo bastante claro diferenças “fisiológicas” entre homens e mulheres, não se referindo-se a nada que se relacione a questões sociais, culturais ou econômicas, por exemplo. Resposta: A
Exercício Explicativo 4
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(Cásper Líbero) – Na história em quadrinhos anterior, a comunicação via Internet sugere a)
dúvida sobre a idoneidade moral daqueles com quem nos relacionamos via email. b) ofensa recíproca decorrente da interpretação enganosa das mensagens trocadas pelo casal. c) descrédito recíproco suscitado pela relação verdade-mentira. d) julgamento expresso pela realidade virtual, a partir de valores transmitidos pela família. e) renovação dos modelos tecnológicos e estéticos na adolescência.
Comentário A situação representada é comum nas comunicações virtuais. Resposta: C
Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
A “SKRITA” NA INTERNET O internetês é conhecido como o português digitado na internet, caracterizado por simplificações de palavras que levariam em consideração, principalmente, uma suposta interferência da fala na escrita. O vocábulo aponta ainda para a prática de escrita tomada como registro divergente da norma culta padrão. Os avessos a essa prática de escrita consideram que os adeptos do internetês são “assassinos da língua portuguesa”. Nesse contexto, perguntas como “Há um processo de transformação da escrita com o uso da internet?” ou “Há degradação da escrita com a introdução da internet na vida das pessoas?” são cada vez mais frequentes. É, pois, com base nesse critério de pureza projetada como ideal da escrita que muitos indivíduos fazem a crítica ao internetês, tomando-o como “a não língua portuguesa”. A imagem de degradação da escrita (e, por extensão, da língua) pelo uso da tecnologia digital é resultado da ideia de que há uma modalidade de escrita pura, associada seja à norma culta padrão, seja à gramática, seja à imagem de seu uso por autores literários consagrados. Haveria, assim, um tipo de escrita sem “interferências da fala”, que deveria ser seguido por todos, em quaisquer circunstâncias. As ideias correntes de pureza da escrita e de empobrecimento do português podem ser encontradas em inúmeros materiais que circulam na sociedade, incluídos comentários dos próprios usuários da internet. Na rede de relacionamentos Orkut, há quase uma centena de comunidades com títulos como
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Assim concebida, a escrita da/na internet é vista como empobrecimento do idioma. Esse mesmo conceito é o que, muitas vezes, se atribui aos usos que fazem os indivíduos não dotados da tecnologia da escrita alfabética, ditos analfabetos ou não letrados. (KOMESU, Fabiana C. A “skrita” na internet. Discutindo Língua Portuguesa [especial]: ano 1, n. 1, pp. 56-7, 2008.)
Exercício Explicativo 1 (UFSC-2009 - Modificada) – Considerando o texto, assinale a(s) proposição(ões) correta(s): I. Do quarto parágrafo do texto, deduz-se que os críticos do internetês que fazem parte da rede de relacionamentos Orkut acreditam que as práticas de escrita na internet sejam semelhantes às formas primitivas de comunicação entre os seres humanos. II. Tanto a palavra destacada no título do texto quanto a frase-título destacada no quarto parágrafo (linhas 21 e 22) podem exemplificar, adequadamente, a definição de internetês presente no primeiro parágrafo. III. Apesar de o texto abordar um tema polêmico, a autora não se posiciona claramente em relação ao internetês, limitando-se a defini-lo e a expor algumas críticas feitas bem como razões para tais posicionamentos. a) c) e)
apenas a alternativa I as alternativas II e III todas as alternativas
b) apenas a alternativa II d) as alternativas I e III
Comentário Vale salientar (1) que a língua portuguesa, como qualquer idioma, pode ser entendida como um dos elementos “refletores” da sociedade que a tem como língua materna e (2) que, conforme afirma Marshall McLuhan “as sociedades sempre foram muito mais remodeladas pela natureza dos meios através dos quais os homens se comunicam do que pelos próprios conteúdos da comunicação”. Resposta: E
Exercício Explicativo 2 Na frase “ ... Os adeptos do internetês são “assassinos da língua portuguesa”...” ocorre um recurso de linguagem conhecido como: a) Metáfora d) Onomatopéia
b) Comparação e) Antonomásia
c) Prosopopéia
Comentário A metáfora é uma comparação abreviada (sem como ou outra palavra de sentido comparativo explícito), tal como a que aqui se estabelece entre a língua e um organismo vivo. Resposta: A
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Texto para as questões 3 e 4. Defendendo o passado-vivo no presente, já publiquei aqui uma análise do precursor do Computador, o Livro, que muitos julgam extinto: L.I.V.R.O. Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas. É um insuperável conceito de tecnologia de informação. L.I.V.R.O. Não tem fios nem baterias. Não é conectado a nada e facílimo de usar — qualquer criança pode operá-lo. Basta abri-lo. É formado por sequência de páginas numeradas, com milhares ou milhões de informações. As páginas são unidas por sistema de lombadas, que as mantém automaticamente em sequência correta. Dados inseridos nas duas faces da folha duplicam a quantidade de dados e reduzem custos. Um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à proxima página. Nunca apresenta “erro geral de digitação” nem precisa ser “reinicializado”. E a informação fica exatamente no local em que você a deixou mesmo com o L.I.V.R.O. fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo sem necessidade de configuração. (Fernandes, M. Pré - e - pós maravilhas. Veja. São Paulo: 9/4/2008. p. 29.)
Exercício Explicativo 3 (UEL-2009) – De acordo com o texto, assinale a alternativa que apresenta elementos comuns ao livro e ao outro objeto ao qual ele é contraposto. a) b) c) d) e)
Informações, páginas, marcadores. Bateria, páginas, dados. Dados, reinicializado, configuração. Digitação, lombadas, compatibilidade. Lombadas, folha, marcadores.
Comentário Todas as outras assertivas apresentam características que, segundo o texto, não se referem ao L.I.V.R.O. e ao seu objeto opositor ao mesmo tempo. Resposta: A
Exercício Explicativo 4 (UEL-2009) – Sobre o texto, considere as afirmativas a seguir. I. O texto destaca a variedade de informações sobre os demais atributos apresentados pelo acrônimo L.I.V.R.O. II. O autor apresenta várias qualidades do livro, porém reconhece a sua inevitável superação pelo computador. III. Para valorizar o livro, o autor o contrapõe a atributos negativos do computador. IV. O recurso ao acrônimo tem por finalidade apresentar um objeto já conhecido sob uma nova perspectiva.
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Assinale a alternativa correta. a) b) c) d) e)
Somente as afirmativas I e II são corretas. Somente as afirmativas I e III são corretas. Somente as afirmativas III e IV são corretas. Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Comentário Erros: I. o autor do texto destaca outros atributos igualmente valiosos dos livros; II. o autor, ao contrário, não admite a superação do livro. Resposta: C
Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem. Distrações digitais emburrecem a juventude, afirma especialista. Uma série de pesquisas realizadas nos últimos anos mostra que a ignorância dos jovens americanos é epidêmica. Em levantamento de 2002, 52% dos jovens escolheram Japão, Alemanha ou Itália como aliados dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Em uma pesquisa de 1998, só 41% sabiam apontar os três poderes do governo (Executivo, Legislativo e Judiciário), enquanto 59% sabiam identificar os Três Patetas pelo nome. Mais de 64% sabiam o nome do último vencedor do American Idol, mas só 10% sabiam o nome da presidente da Câmara dos EUA. E 25% não sabiam que Dick Cheney é o vice-presidente do país. Para Mark Bauerlein, professor da Universidade Emory, em Atlanta, e ex-diretor de Pesquisa e Análise na Fundação Nacional para as Artes, são as “distrações digitais” como mensagens instantâneas, sites de relacionamento como Orkut, MySpace, Facebook e mensagens de texto pelo celular que estão emburrecendo a juventude. Em seu livro The dumbest generation: How the digital age stupefies young americans and jeopardizes our future (A mais burra das gerações: como a era digital está emburrecendo jovens americanos e ameaçando nosso futuro), que acaba de ser lançado e vem causando polêmica, Bauerlein argumenta que o excesso das chamadas “distrações digitais” está por trás da crescente falta de cultura dos jovens. “Os jovens de hoje são tão mentalmente competentes quanto os de 20 anos atrás, e têm muito mais oportunidades de adquirir conhecimentos, mas eles estão deixando de lado os hábitos intelectuais e se dedicando cada vez mais às comunicações peer to peer (compartilhamento de arquivos online)”, disse Bauerlein ao Estado. “Se você entra no quarto de um jovem de 15 anos vai encontrar o iPod, TV, computador, videogame, e tudo isso vem antes do livro na escala de prioridades.”
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De acordo com o Panorama de Aplicação dos Estudantes, 55% dos alunos de ensino médio estudam ou leem menos de uma hora por semana. Em contrapartida, passam nove horas navegando em sites de relacionamento. Estudo de 2005 da Kaiser Foundation mostra que, em um dia, em média, jovens de 8 a 18 anos assistem à TV durante 3 horas e 4 minutos, passam 48 minutos navegando na internet, 14 minutos lendo revistas, 23 minutos lendo livro, 49 minutos jogando videogame, 32 minutos assistindo a DVD. “Eles tiraram toda sua concentração de livros, revistas, jornais ou museus e transferiram para diversões virtuais.” Mas será que todos esses instrumentos digitais não trazem conhecimento também? “Se eles usassem a internet para entrar no site da Galeria Nacional de Artes, seria maravilhoso; mas nove dos dez endereços de internet mais visitados por jovens são de sites de relacionamento, segundo a Nielsen.” O problema, alerta Bauerlein, não é a tecnologia, mas o uso que se faz dela. “Os adolescentes de 15 anos só se importam com o que outros adolescentes pensam. Isso sempre foi assim. Mas hoje a tecnologia permite que os adolescentes estejam em contato entre eles, excluindo os adultos, 24 horas por dia. Os jovens ficam em contato o dia inteiro, por meio do celular, páginas da internet, mensagens instantâneas. A tecnologia ligou os jovens de uma forma tão intensa que os relacionamentos com adultos estão diminuindo. Eles estão cada vez menos maduros, prolongando a adolescência até os 30 anos.” E como lidar com essa onipresença de distrações digitais? “Não se trata de eliminar esses instrumentos da vida dos jovens, não se pode fazer isso; mas é preciso chegar a um equilíbrio”, diz. “Os pais deveriam estabelecer um determinado período, por exemplo, uma hora por dia, em que jovens e adultos precisam estar totalmente desconectados de qualquer coisa, e se dedicam a ler.” E nada de fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo — falar no celular e mandar e-mail, ouvir música e navegar. Para ele, essa é uma das pragas modernas. “Uma pessoa não consegue ler enquanto faz outra coisa.” (Texto adaptado de Patrícia Campos Mello, Estadão, 02/06/08, www.estadao.com.br)
Exercício Explicativo 1 (ESPM-2009) – É correto afirmar que o texto a) b) c) d) e)
critica a relação estabelecida entre a internet e os jovens brasileiros. condena a implantação de sites como ferramenta cultural dos jovens. desmitifica uma leitura preconceituosa sobre sites de relacionamento. opõe-se ao atual uso de objetos e elementos digitais como forma de lazer. comprova a tese de que Ipod e celular são deformadores de caráter.
Comentário Erros: a) trata-se, no texto, de jovens norte-americanos, não brasileiros; b) o texto não faz tal condenação; c) não há tal desmistificação; e) pode-se considerar absurda, a ideia de que Ipod e celulares deformam o caráter, pois o que o texto afirma é que eles apenas desviam a atenção de assuntos e questões mais importantes. Resposta: D
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Exercício Explicativo 2 (ESPM-2009) – O texto assinala várias características dos jovens que podem ser consideradas sintomas de sua ignorância. Assinale a alternativa que apresente a única característica não presente no texto: a) b) c) d) e)
Falta de conhecimento sobre a política contemporânea dos Estados Unidos. Superficialidade dos relacionamentos reais entre jovens, substituídos pelos virtuais. Substituição do tempo dedicado à leitura pelo tempo em sites de relacionamento. Diminuição da concentração em uma atividade, prejudicada pelo uso de eletrônicos. Afastamento maior do mundo adulto, devido aos relacionamentos virtuais entre os jovens.
Comentário O texto não aborda questões relativas a relacionamentos interpessoais. Resposta: B
Exercício Explicativo 3 (ESPM-2009) – O primeiro parágrafo do artigo apresenta números de uma pesquisa que buscam causar impacto no leitor e mostrar o estado alarmante da ignorância dos jovens americanos. Tendo isso em mente, assinale a alternativa que melhor apresente o(s) problema(s) levantado(s) pela pesquisa: a)
A falta de memória histórica dos jovens, pois enquanto 64% sabiam o nome do último vencedor do American Idol, apenas 59% sabiam o nome dos Três Patetas. b) A atenção maior dada pelos jovens a informações ligadas à mídia (59% sabiam indicar os Três Patetas e mais de 64% o último vencedor do American Idol) que aos fatos históricos (52% sabiam indicar os aliados dos EUA na Segunda Guerra). c) O desconhecimento da maioria dos jovens em relação a questões relacionadas à cidadania e à história dos Estados Unidos em detrimento do conhecimento da maioria deles de informações ligadas à mídia. d) O desprezo dos jovens em relação a questões ligadas à política, pois 90% deles não sabem o nome do presidente da Câmara dos Estados Unidos, enquanto apenas 25% sabiam que Dick Cheney é o vice-presidente do país. e) A falta de conhecimento dos jovens americanos de fatos externos aos Estados Unidos, pois apenas 48% dos jovens sabiam os reais aliados do Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
Comentário A al ternativa c resume adequadamente o primeiro parágrafo do texto. Resposta: C
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Exercício Explicativo 4 (ESPM-2009) – Observe os dois trechos destacados: I. “Se eles usassem a internet para entrar no site da Galeria Nacional de Artes, seria maravilhoso; mas nove dos dez endereços de internet mais visitados por jovens são de sites de relacionamento, segundo a Nielsen.” “O problema, alerta Bauerlein, não é a tecnologia, mas o uso que se faz dela.” II. “Os pais deveriam estabelecer um determinado período, por exemplo, uma hora por dia, em que jovens e adultos precisam estar totalmente desconectados de qualquer coisa, e se dedicam a ler.” É possível dizer que a relação entre eles, no texto, é de: a)
ambiguidade, pois há duas opiniões diferentes sobre a internet, ambas derivadas de uma mesma pesquisa. b) metáfora, já que a “internet” pode ter seu sentido estendido a diferentes significados dos jovens. c) soma, porque não se pode falar em cultura ou internet sem falar dos livros, implicitamente o ponto de partida. d) proporcionalidade, na medida em que os jovens se distanciam dos livros balizados pela aproximação à internet. e) complementaridade, uma vez que a internet não se opõe ao livro, mas é apenas um suporte cultural diferente dele.
Comentário Em nenhum momento o autor estabeleceu contraposições entre a internet e o livro como se ela fosse um meio inviável para a aquisição de cultura. Resposta: E
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