modice // collab
stella mccartney se une a adidas by stan smith para criar tênis vegano
som // ping pong
tove lo conta tudo sobre seu novo álbum, sunshine kitty
telinha // conversa
manuela dias fala sobre o papel da maternidade na novela amor de mãe
issue #1 | janeiro.2020 | r$ 15
POPCU L T POPCU L POPCU T L T POPCU L POPCU T L T POPCU LT séries | filmes | música | literatura | moda
AQUI, VOCÊ É LIVRE PARA SER QUEM QUISER - E AINDA PODE TOMAR UM CAFEZINHO.
mapa do tesouro
Foto: Jorge Bispo/Divulgação
6 TELINHA // CONVERSA MANUELA DIAS E O PONTO CENTRAL DE SUA NOVA NOVELA, AMOR DE MÃE
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sétima arte // análise os bastidores de shelley duvall em o iluminado
mr. robot e o episódio sem diálogos // 12 as turnês milionárias do pop // 29 4 // issue #1
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som // ping pong tove lo conta tudo sobre seu novo álbum, sunshine kitty 28 MODICE // COLLAB STELLA MCCARTNEY APRESENTA TÊNIS VEGANO COM ADIDAS 32
x-tudo // experiência casa dos sonhos da barbie vira hospedagem em malibu
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Fotos: Reproução/Instagram
parceria do ano
Foto: Fox Pictures/Divulgação
>>>>>>>>>>>> parasita parasita representa representa Coreia do do Coreia Sul com com Sul louvor // // 19 19 louvor
POPCULT // 5
da redação
marco zero
A
primeira vez a gente nunca esquece. E de fato, nunca esqueceremos a primeiríssima edição de POPCULT. Criamos a publicação para ela servir como um grito de liberdade em meio à desvalorização da cultura que a nossa sociedade vive. Soa arrogante? Talvez, mas nossa função, enquanto comunicadores e disseminadores de informação, é de trazer novos olhares acerca da realidade. E afinal, não é disso que a cultura trata? Nada mais justo que fazer uma revista sobre cultura. Aliás, já que é a primogênita, decidimos escolher conteúdos mais que incríveis para atrair os leitores. A primeira é uma entrevista emocionante com Manuela Dias, autora da novela Amor de Mãe, que fala sobre maternidade e o papel que quer embutir em seu trabalho como ferramenta de conscientização e reflexão. Na editoria Sétima Arte, uma análise sobre Shelley Duvall, a Wendy Torrance de O Iluminado, cuja performance foi extremamente criticada - anos depois, chega-se à conclusão de que foi por culpa da visão do diretor, Stanley Kubrick. A cantora sueca Tove Lo conta tudo sobre seu novo álbum, Sunshine Kitty, e a adoção de narrativas audiovisuais. Em tempos de sustentabilidade, a estilista Stella McCartney se une novamente à Adidas para uma colaboração incrível: um tênis produzido totalmente sem matéria-prima de origem animal. Por fim, nossa reportagem foi até Malibu, na costa oeste dos Estados Unidos, para conhecer, em primeira mão, o sonho de muitas crianças: a Casa dos Sonhos da Barbie, toda rosa - é claro - e com muito protagonismo feminino. You go, girl! Gabrielle Pacheco, editora-chefe da POPCULT
6 // issue #1
Gabrielle Pacheco, editora-chefe Gabrielle Pacheco, diretora de arte Gabrielle Pacheco, repórter
Quem faz a Popcult
Gabrielle Pacheco, repórter online
Gabrielle Pacheco, fotógrafa
Fotos: Arquivo pessoal
Todo mundo tem sua devida importância e são responsáveis por tornar realidade esse projeto incrível!
Gabrielle Pacheco, assistente
Gabrielle Pacheco, social media
Gabrielle Pacheco, revisora
POPCULT // 7
anuela dia
telinha // conversa
“A mãe é o elemento mais CENTRAL e mais DESVALORIZADO da sociedade”
Por Joana Silveira Fotos: Jorge Bispo
Autora da novela Amor de Mãe, ela quer debater o papel das diferentes maternidades
H
á quem argumente que, desde Eurípedes (poeta grego do século V a.C.), as mulheres têm sido protagonistas absolutas da dramaturgia. No Brasil, com a ampla tradição das telenovelas, essa é uma realidade. “Mas a dramaturgia ficou muito refém das histórias de amor. E o amor, numa piração muito louca, começou a justificar tudo. E todas as outras histórias, os amores filiais, a relação de aprendiz e mestre, tantas outras relações que mobilizam a gente, que te levam para a frente e te definem como ser humano cederam lugar a essa obsessão com o amor romântico”. Quem faz essa reflexão é Manuela Dias, 42 anos, roteirista da TV Globo há 20, responsável por levar o afeto maternal de volta ao horário nobre com Amor de Mãe, novela que estreou em novembro. >>
POPCULT // 9
telinha // conversa Maternidade possível Protagonizada por Regina Casé, Taís Araújo e Adriana Esteves, a trama tratará das diferentes relações familiares de suas personagens e da arte da maternidade possível. Estreia de Manuela como autora de novela — assinou a série Justiça, pela qual foi indicada ao Emmy em 2016 —, o novo projeto recebe sua dedicação há três anos, mesma idade de sua filha. “Engravidei quando estava fazendo a série, aí Helena nasceu e foi aquela avalanche louca e esse superpoder que é ser mãe. É um negócio doido, porque mãe dá o que não tem. É uma espécie de mágica. E a gente vive num país em que as pessoas não têm pai, né?”. A autora lembra que 6 dos 11 titulares do Brasil na Copa de futebol masculino cresceram distantes do pai biológico. “E isso é uma média. Eu já dei aula na Cidade de Deus durante dois anos e não é uma questão de classe. Eu mesma tenho pai, ele esteve ali, um pai hiperamoroso, querido, mas que não fazia parte da estrutura da criação”, conta ela na sala do seu escritório no Rio de Janeiro. O lugar, com O primeiro lampejo de ideia foi o toda uma parede tomada por livros e cantos decorados com quadros, objetos de valor afetivo e nome da novela. “Essa coisa do Brasil lembranças de viagens, tem jeito de casa. Era ali como mátria, esse país que é levado que ela morava até a filha chegar em sua vida. por essas mulheres fodas, que criam três, quatro, cinco filhos, sempre me comoveu. Quando eu mesma virei mãe, isso ganhou um relevo muito forte”, diz Manuela. Como boa “baiana, ariana, inEla também fala das relações tensa”, como ela mesma se descreve, raciais. Em Amor de Mãe, a per- pontua cada frase com amplos gestos sonagem mais rica é interpre- dos braços e mãos. Os adjetivos são tada por Taís Araújo. “E existe abundantes em seu vocabulário. uma tentação de explicar porque a minha única protagonista negra é a mais rica. Mas eu não vou explicar. Porque o nosso vício pede uma explicação, e eu quero quebrar esse víManuela conta que adoraria que um cio. A Érica Januza [outra atriz negra] é uma tenista, e até meus colaboradores personagem seu conseguisse mobilisugeriram explicar que ela participou zar algo como a criação de uma lei que de um projeto de uma ONG, porque obrigue que funcionários possam usar tênis é um esporte de rico. Não, gente, os banheiros das casas em que trabavamos naturalizar!”, argumenta. >> lham — no Brasil, empresas têm obrigação de fornecer isso, espaços domésticos, não. “Essa é uma das minhas pretensões. Como a novela toca nessa questão de classe, eu só estou querendo que a gente se olhe. Isso, para mim, é bem importante: a dramaturgia tem uma função, a de fazer a gente exercitar nosso elástico moral, essa malha imaginária que nos ajuda a reagir”.
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final feliz?
PRIVILÉGIOS
fiBAIANA nal felizBAIANA ?
ARIANA ARIANA INTENSA INTENSA
ARIANA INTENSA
mágica
final feliz? PRIVILÉGIOS
mátria BAIANA
mágica
mágica
MULHERES FODAS
PRIVILÉGIOS
mátria MULHERES FODAS
mátria
BAIANA ARIANA mágica PRIVILÉGIOS MULHERES FODAS INTENSA mátria
mágica PRIVILÉGIOS CULPA E FINAIS FELIZES Manuela acredita que, com a mãe, nasce a culpa. “É foda. Eu tenho um suavizante por ser baiana, né? Mas a mãe é o elemento mais central e mais desvalorizado, no sentido de que é tão garantido, sabe? Se ela não dorme por dez noites, é porque ‘mãe é mãe’. Aí o pai troca uma fralda e as pessoas se jogam pelo chão: ‘Ai, gente, ele troca fralda!’. Sim, ele troca fralda, é normal. Você, mãe, resolve tudo, não tem uma palma, ninguém levanta uma sobrancelha por isso. Eu
tenho muita vontade de fazer uma ode a essa mãe, quero bater palma e falar ‘vocês são demais!’. Ser mãe é muito isso, seja fazendo novela das nove ou sendo funcionária na casa de alguém”, desabafa. Ante a pressão de reproduzir esse sucesso de audiência na novela das
nove, ela confessa sentir medo, mas tenta manter-se no presente. “Eu quero aproveitar essa possibilidade para fazer as pessoas ligarem no final do capítulo para suas mães, para fazer as pessoas pensarem nas suas questõezinhas... E não acho que a gente vai se repensar com a cabeça,
“As pessoas são felizes com coisas muito mais profundas que a alegria.”
mas, sim, com o coração. A gente vai se valorizar repensando nossa mãe. A mãe é um princípio civilizatório”, conclui. Ela diz que não quer escrever uma novela de 6.000 páginas para que as pessoas fiquem ricas e casem no final. “Eu acho que o final feliz é a coisa mais subversiva que existe, mas na tragédia grega, no film noir, as pessoas já foram felizes com coisas muito mais profundas que a alegria, riqueza ou casamento.” <<
POPCULT // 11
telinha // produção
Messias ou ANTICRISTO? Série gaúcha narra guerra entre anjos e demônios Por Gabrielle Pacheco Foto: João Silva
H
á uma guerra entre anjos e demônios para capturar uma criança que está por nascer, que pode se tornar o Novo Messias ou o Anticristo. O que ninguém sabe é onde e quando exatamente este infante predestinado nascerá. >>
O assunto conduz a nova série de terror Liberto, filmada em Porto Alegre. Dirigida pelos cineastas Gustavo Fogaça e Paola Troian com produção da Santa Transmedia, a obra estreia em rede nacional no Halloween, 31 de outubro, às 20h30, no canal de TV por assinatura Prime Box Brazil.
“Utilizamos truques ópticos (...) para extrair texturas vintage nas imagens finais.”
TERROR NOS DETALHES Alguns dos locais de gravação foram a Igreja Luterana de Teresópolis e o Hospital Parque Belém. Entre as principais inspirações da obra estão o filme O Exorcista, de 1973, longas do diretor britânico Alfred Hitchcock e as obras de terror do diretor James Wan. “Os anos 70 e 80 foram épocas especiais o quê: série de terror Liberto para o terror. estreia: 31/10, às 20h30 Ao combinar canal: Prime Box Brazil essa atmosfedireção e roteiro: Gustavo Fogaça ra com lendas produção: Santa Transmedia e princípios episódios: 6 religiosos que duração: 30 minutos temos no país, novos episódios: todos os dias, às 20h30 conseguimos
serviço
reprises: sextas-feiras, às 8h30; sábados, às 2h; e domingos, às 14h classificação indicativa: 16 anos
estabelecer uma grande homenagem e incluir uma identidade brasileira em nosso trabalho”, defende o diretor . A fotografia da série teve o objetivo de intensificar a personalidade e os arquétipos de cada personagem. Foi utilizada câmera observadora, que entra na intimidade dos rituais e das sessões mais difíceis narradas pela história. “Utilizamos truques ópticos de lentes das câmeras, para extrair texturas vintage nas imagens finais”, revela Gustavo.<<
POPCULT // 13
telinha // roteiro
SEM conversin Por João da Silva Foto: Irineu de Abreu
A
delirante Mr. Robot ousou mais uma vez. A série, que já fez um episódio inteiro simulando um plano-sequência (longa gravação sem cortes), agora investiu em um capítulo todo sem nenhum diálogo. São mais de 40 minutos sem que os personagens falem nada, uma ideia que surgiu repentinamente, de acordo com o criador do drama, Sam Esmail. Em entrevista para o site The Hollywood Reporter, Esmail revelou os segredos do episódio experimental. Ele, que também dirigiu e fez o roteiro, contou que conforme as cenas foram construídas surgiu a ideia de escrevê-las todas sem diálogos. Na jornada para destruir de uma vez por todas o ciberexército chinês Dark Army, o hacker Elliot Alderson (Rami Malek) recebeu a ajuda da irmã, Darlene (Carly Chaikin), para se infiltrar na empresa de segurança Virtual Reality e
14 // issue #1
atacar o coração do Dark Army, invadindo sites de empresas e contas bancárias ligadas ao grupo. Essa parceria foi o embrião do episódio sem diálogos. “Elliot e Darlene tinham de ficar no mais absoluto silencio durante essa missão”, explicou Esmail. “Fora isso, os irmãos estão em uma relação tensa e tiveram uma briga feia antes desse episódio. Então, avaliamos que esse
nha
Mr. Robot cria episódio inteiro sem diálogos
não seria um bom momento para eles fazerem as pazes.” E daí veio a sacada perspicaz de Esmail. Logo no começo do capítulo, quando Darlene foi ao encontro de Elliot antes da invasão na firma de segurança, ela deu o recado assim que o irmão entrou no carro: “Mano, de boa, não precisamos conversar”. E assim eles foram cumprir a tarefa que elaboraram. O produtor complementou: “Quando o
silêncio impera, há uma tensão no ar. E era exatamente o que queríamos injetar em cada uma dessas tramas.” Cabe também uma interpretação simbólica no episódio sem diálogos: “Nos dias de hoje, estamos cada vez mais conectados com a tecnologia e não pegamos o aparelho celular para ligar e conversar com outra pessoa. Vivemos em um isolacionismo, consequência direta do avanço da tecnologia”, pontuou o roteirista. Esmail preencheu os espaços dos diálogos com muita ação (perseguição no meio da rua), suspense (caça aos hackers dentro da empresa) e mensagens de texto, que pontualmente serviram como um guia para o telespectador se ligar no que estava acontecendo e descobrir o que os perso<< nagens teriam de fazer.
POPCULT // 15
sétima arte // análise
Por trás das câmeras Para Shelley Duvall e Wendy Torrance, tudo o que existia em O Iluminado era o medo 16 // issue #1
Por Gabriel Billy Fotos: Universal Pictures
A
performance de Shelley como Wendy é uma das mais divisivas de todos os tempos. Ela foi indicada ao Framboesa de Ouro como pior atriz. Suas expressões e gritos são motivos de piada para muitos até hoje. Shelley entrou no projeto com muito mais prestígio do que quando saiu. >>
Ela havia acabado de vencer o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes pela incrível performance em Três Mulheres, de Robert Altman, onde tem uma das performances mais espontâneas já vistas no cinema. Sua presença em cena era iluminada, marcante, um sopro de frescor na tela. Trabalhar com um cineasta como Kubrick era um passo para sair do circuito independente e entrar no mainstream. Wendy Torrance era uma personagem bem mais ativa no livro de O Iluminado. O filme era inspirado, em partes, no alcoolismo de Stephen King e a figura heróica de Wendy, na esposa dele. A roteirista Diane
“Wendy é uma das adaptações mais misóginas já vistas no cinema. (...) não foi esta a personagem que escrevi.”
SEQUÊNCIA DE ERROS Johnson ficou fascinada pela personagem e a deu diversos diálogos interessantes. O diretor (e co-roteirista) Stanley Kubrick decidiu cortar a maioria deles. Stephen King detestou o resultado: “Wendy é uma das adaptações mais misóginas já vistas no cinema. Ela só está ali para gritar e tomar decisões burras, não foi esta a personagem que escrevi.” O Iluminado pode parecer, na superfície, um filme sobre um homem se transformando em um monstro. Mas, pelo ponto de vista de Wendy, é a história do monstro voltando a agir. No passado, quando Jack estava no auge do alcoolismo, ela presenciou o que seu marido é capaz de fazer. Agora, ele está de volta. Assim como Shelley Duvall tinha cada vez menos diálogos no roteiro do filme, tudo o que Wendy tinha a dizer era cuidadosamente pensado, como uma vítima de abuso que tenta não engatilhar mais uma onda de violência. >>
POPCULT // 17
sétima arte // análise
Nos bastidores, Shelley Duvall também vivia o medo a cada linha de diálogo. Ela tinha que repetir o mesmo plano dezenas, até centenas de vezes, em parte porque Kubrick detestava sua atuação e, em parte, porque ele queria que ela ficasse cada vez mais apavorada. Duvall comparou a experiência a viver no filme Feitiço do Tempo, repetindo o mesmo dia de novo e de novo. Sua saúde, física e mental, começou a dar sinais de deterioração. Ela vivia doente. Seu cabelo começou a cair.
Duvall não foi a única a ser massacrada pelo filme, o próprio Kubrick foi indicado ao Framboesa de pior diretor, mas enquanto o filme reencontrou uma nova popularidade ao longo dos anos, a Wendy de Shelley segue sendo divisiva. Em contraste, Jack Nicholson, em uma performance igualmente carregada, tem muito mais passe livre com o público para “surtar”. >>
Duvall comparou a experiência a viver no filme Feitiço do Tempo, repetindo o mesmo dia de novo e de novo. 18 // issue #1
Décadas mais tarde, Stephen King lançou sua própria minissérie de O Iluminado e deu mais nuances à personagem, agora interpretada por Rebecca DeMornay em uma performance elogiada. A Variety chamou de “performance dinâmica em um papel complexo”. Para o Washington Post, sua Wendy brilha como uma Aparências enganam? mulher forte, inteligente e Kubrick e Shelly sorridentes sensível demais para ter bastidores se casado com um sujeito nos de O Iluminado patético como Jack. indicada a dois Emmys No mesmo ano de O Iluminado, Shelley foi a Olívia Palito da e popular no Brasil graças à TV Cultura. adaptação de Popeye. A péssima reShelley Duvall se apocepção a ela nos dois projetos matou suas chances de ser uma estrela. Shel- sentou em 2002. Sua ley foi aparecendo em cada vez menos saúde mental se deteriorou desde então e filmes e encontrou um novo sucesso ela vive reclusa, longe nos anos 90, como criadora e apredos olhos do público. << sentadora da série Contos de Fada,
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sétima arte // listas
O Diabo Veste Prada (2006): “Já sei até os diálogos.” - Camila Costa
De Repente 30 (2004): “Pode passar um milhão de vezes que eu assisto todas.” - Iuli Pereira
Figurinha repetida Lisbela e o Prisioneiro (2003): “Minha mãe reclama toda vez porque eu sei TODAS as falas.” - Thamires Campos
As Patricinhas de Beverly Hills (1995): “Obrigatório de se assistir quando está passando.” - Jones Pereira
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Perguntamos aos nossos leitores quais filmes eles não cansam de assistir:
Curtindo a Vida Adoidado (1986): “Paro tudo para ouvir o icônico Twist and Shout.” - Natália Macedo
10 Coisas que Eu Odeio em Você (1999): “Perdi as contas de quantas vezes assisti.” - Jamille Silva
Fotos: Getty Images/Divulgação
sétima arte // crítica
Premiado filme de Bong Joon-ho leva a montanha-russa de emoções ao pé da letra
Q
ue bela façanha a de Parasita, de cativar o espectador numa narrativa surpreendente sobre... arquitetura e urbanismo. As tentativas de classificar o filme de Bong Joon-ho tematicamente podem ser frustrantes. Dos trabalhos do cineasta sul-coreano, conhecidos pela transição entre gêneros, este é o que mais intensamente os modula, vai e vem da comédia ao terror, passando pelo drama social, e Parasita faz desse passeio metalinguístico sua própria razão de ser.
Foto: Fox Pictures/Divulgação
Coreia em cena
“Parasita faz desse passeio metalinguístico sua própria razão de ser.”
Song Kang-ho vive um pai de família pobre, ocupante com a mulher e dois filhos de uma das meia-residências de Seul. Eles vivem de gambiarra em gambiarra, e quando um golpe contra ricaços começa a dar certo, a família abraça a chance de ascender socialmente e literalmente sair do buraco. Talvez Parasita seja mesmo, afinal, um filme sobre arquitetura - de espaços, de relatos. “Trace um pla-
no e o mundo fará dar errado”, diz o protagonista, e um texto que começou na minha cabeça sem saber como terminaria só poderia mesmo dar a volta, tonto, até seu ponto de partida. << *Marcelo Hessel é jornalista especializado em cinema.
POPCULT // 21
sétima arte // diversidade
Além da sexualidade Sílvero Pereira, o Lunga de Bacurau, conta sobre sua vida em uma entrevista exclusiva Por Carlos Minuano Foto: João da Silva
“N
ão me encaixo em sigla nenhuma”, afirma o ator e diretor Silvero Pereira à POPCULT após ser questionado sobre o seu lugar de representação na comunidade LGBT. Ele recusa uma definição ou enquadramento de gênero baseado em alguma das letras, mas reconhece a importância de cada uma delas para o debate sobre diversidade sexual. E corrige o repórter: “O correto é LGBTQIA+”. Ou seja, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros, queers, intersexuais, assexuais e mais. >>
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Foto: Kennel Rocha/Divulgação
“Por uma questão didática, para que a sociedade entenda que existem diferenças a serem respeitadas, as nomenclaturas ainda são importantes”, diz. a relevância de uma abordagem abrangente e correta sobre o tema é ainda maior no momento atual de perseguição contra minorias, prossegue. “Há um movimento político que mira justamente espaços de inclusão na indústria cultural.” E chama a atenção para o modo como esse processo está acontecendo. Empresas com medo de represálias do governo ou da perda de privilégios e apoios estão deixando de
Sílvero não quer ser reduzido a papéis clichês com temáticas LGBT
“Há um movimento político que mira em espaços de inclusão na indústria cultural.”
destinar patrocínios para conteúdos com temática gay. “Tenho visto menos espaço para projetos”. Embora não tenha sido afetado diretamente, para ele, o ataque é um fato, só que a batalha não está perdida. “Alcançamos muitas conquistas nos últimos anos e temos que continuar lutando, vamos passar por um momento difícil, a história política do Brasil sempre foi assim, cíclica. Uma hora vai bem, em outra vai mal.” <<
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som // ping pong
TO VE
L O
A sueca Tove Lo adianta o que se pode esperar de Sunshine Kitty, seu próximo álbum
L
á se vão cinco anos desde que Tove Lo conquistou o mundo com Habits (Stay High). Três álbuns, um monte de singles e uma lista enorme de pedidos para colaborações depois, a cantora e compositora sueca se concen-
24 // issue #1
Por Leonardo Torres Fotos: João da Silva
tra na finalização de seu quarto álbum de estúdio, Sunshine Kitty. Enquanto finaliza o disco, Tove Lo cuida da divulgação do primeiro single do projeto, Glad He’s Gone, gancho para uma entrevista via telefone com a POPCULT. >>
Sentimos sua falta no Brasil. Você também tem saudade? Sim, eu amo o Brasil! Eu espero voltar em breve!
Há planos concretos para isso? Não que eu saiba. O que eu sei é que estamos nos mexendo para isso, porque todo mundo sabe que eu quero voltar.
“Ainda há algumas músicas explosivas no álbum, mas foquei mais na narrativa.”
Ótimo! Vamos falar sobre seu Percebemos diferenças nessa sua música nova. Ela é mais novo material. Foi uma amizade pop e menos eletrônica. É uma dica sobre seu próximo álreal que inspirou Glad He’s Gone? bum? Eu acho que sim. Sei que eu não queria ficar
Sim! Essa é meio que uma música sobre todas as vezes em que eu e meus amigos nos fornecemos os ombros para consolar uns aos outros depois de um término amoroso. Já fui esse ombro para muitos amigos, e também muitos amigos foram esse ombro para mim. Foi algo sobre o qual pensei quando estava no estúdio certo dia e começamos a fazer essa música. Quando lancei, muitos amigos vieram falar comigo: “essa música é sobre mim?” (risos). Porque ela é, sim, sobre todos meus amigos!
me repetindo e busquei algo diferente mesmo. Eu explorei a dance music em outros álbuns e, para o próximo, achei que seria divertido voltar-me para alguns elementos acústicos. Ainda há algumas músicas explosivas no álbum, mas eu agora me foquei mais na narrativa.
O que podemos esperar do Sunshine Kitty? Vocês podem esperar músicas muito pessoais, algumas músicas felizes, músicas sobre amizade e amor, músicas para dançar…
Já está finalizado? Quase lá, nos estágios finais. Quando você vai lançá-lo? Em meados de setembro. Haverá alguma participação especial no seu álbum? Sim, haverá, mas nada confirmado, então não posso falar ainda, mas esperem participações bem legais. >>
POPCULT // 25
som // ping pong
Sei que a parte visual é muito importante para você. Você está planejando um filme novo com as músicas do Sunshine Kitty? Eu não planejei o filme ainda, mas o clipe de Glad He’s Gone é muito, muito, muito legal. É como um sonho. Estou muito orgulhosa desse clipe. Acho que é o melhor clipe que já fiz, porque ele conta a história de uma maneira muito boa. É realmente bem diferente.
Você se interessa tanto por essa parte… Já pensou em trabalhar com cinema? Eu amo atuar, mas não vou atrás disso como um propósito. Se alguém me convidar, eu vou dizer “sim” (risos). Mas eu tenho tanto para fazer com minha música, que não estou tentando ser uma atriz, sabe? Mas se aparecer uma oportunidade no meu caminho, eu aceito, porque sei que seria muito divertido.
26 // issue #1
Você compõe suas músicas já pensando nos clipes e filmes? Nem sempre. Na maior parte das vezes, eu tento criar o ambiente que traço na música, que está na minha cabeça. Às vezes posso estar muito empolgada com o clipe que quero criar, mas é mais para criar uma maneira de se memorizar essa música.
Nós vimos você e Dua Lipa em estúdio no ano passado. É algo para seu álbum? Não. Estávamos compondo para as coisas dela, mas… (se interrompe) É, estávamos escrevendo para o álbum dela.
Você também escreve músicas para outros cantores. Quem você gostaria de gravasse uma música sua? Eu amaria... Dua é uma grande inspiração, mas nós já tivemos uma sessão juntas. Eu adoraria também colaborar com Sia, Rosalía, muitas outras.
Você falou da Rosalía. Você ouve música em espanhol? Eu comecei a ouvi-la. Também ouço Anitta, que é brasileira né? Gosto muito da música que ela fez com a Rita Ora. Acho que o mundo está se tornando muito menor e as diferenças linguísticas têm um peso menor atualmente. Não importa a língua que você canta, é um momento de cruzar fronteiras e misturar. Tenho ouvido músicas em espanhol, em francês, que eu amo... <<
“Não importa a língua que você canta, é um momento de cruzar fronteiras e misturar.”
som // curiosidade
N
Foto: Joanne Germanotta/Divulgação
Casa onde Kurt Cobain morreu está assombrada pelo espírito do cantor, afirma corretor
Casa assombrada?
Fontes afirmam ter avistado o espírito do ícone do grunge em cômodos da casa
inguém está querendo comprar uma casa que pertenceu ao roqueiro Kurt Cobain. De acordo com um funcionário da imobiliária que toma conta das negociações de venda do imóvel, que fica nem Seattle, Washington, o espírito do artista estaria assombrando o local. A empresa Ewing & Clark Inc colocou à venda a antiga mansão do antigo vocalista da banda Nirvana, mas vem sendo muito difícil de encontrar um comprador. Segundo informações de uma publicação feita pelo Radar Online, um corretor imobiliário falou: “É difícil de vender, muitas pessoas acreditam que
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o espírito dele ainda ocupa este lugar”, revela a fonte. Vale lembrar que Courtney Love contou, numa entrevista à Interview Magazine, que mesmo após a demolição do local da casa onde Kurt se suicidou, o roqueiro ainda permaneceria de alguma forma no local. “Quando eu me mudei para Hancock Park, de Seattle, por algum momento eu vi o Kurt numa cadeira. Naquele instante, ele me disse ‘oi’ e foi embora”, afirmou a fonte. A mansão foi comprada pelo casal Love e Kurt Cobain em 1994, mesmo ano em que o músico tirou sua própria vida. O imóvel foi vendido, pela primeira vez, em 1997. <<
som // recorde
A americana Taylor Swift arrecadou quantidade inédita com a turnê Reputation
Foto: Daniel Radcliffe/Divulgação
TURNÊS milionárias Taylor Swift e Ed Sheeran são os cantores com as turnês mais lucrativas da década
Q
uando o assunto é turnê, Ed Sheeran e Taylor Swift são os cantores de maior sucesso nesta década. O britânico é o homem e a cantora é a muEd Sheeran e Taylor Swift só lher que mais lucraram com perdem para duas bandas: U2 que venda de ingressos desde obteve US$ 1 bilhão de faturamen2010 até este ano. to e The Rolling Stones que acuAo todo, Ed Sheeran faturou mulou US$ 929 milhões de lucro. US$ 922 milhões de bilheteria. No gênero pop, se destacaram Já a norte-americana Taylor Beyoncé (US$ 857 milhões), Ellucrou US$ 899 milhões. Os ton John (US$ 675 milhões), One números foram aferidos pela Direction (US$ 628 milhões), P!nk Pollstar, que registra dados (US$ 626 milhões), Justin Bieber financeiros de cada show dos (US$ 554 milhões) e Bruno Mars maiores artistas do mundo. (US$ 545 milhões).
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POPCULT // 29
modice // collab
Stella McCartney
+ Stan Smith: parceria do ano 30 // issue #1
modice // collab Por Jana Rosa Fotos: P. Demarchelier
U
m ano após expandir sua frutífera parceria com a Adidas lançando o primeiro par de Stan Smiths veganos da marca, Stella McCartney apresenta a segunda edição da iniciativa sustentável: desta vez, o modelo teve seu pontilhado lateral substituído por estrelas nas cores do arco-íris, que também colorem o par de cadarços, que podem ser substituídos por brancos, também incluídos na edição eco-friendly. O tema do arco-íris, claro, não é por acaso: “O Stella Stan Smith é unissex, já que é importante que o tema aqui seja inclusão para todos”, afirma a estilista.
inREAD INVENTED BY TEADS
32 // issue
gana para presentear sua mulher: "Ele sabe o quanto amo este tênis tão icônico. Foi aí que fiquei pensando na ideia. Então toda vez que enconA ideia de lançar um Stan Smith trava com a equipe vegano partiu da própria Stella, que da Adidas perguntacontou ao site da Vogue britânica va por que não poderíamos fazer um Stan que há alguns anos, seu marido Smith vegano. Preciprocurou a marca e encomendou sei convencê-los por um par do modelo em versão vemuito tempo, e finalmente colaboramos pela primeira vez nos Stan Smith veganos ano passado." >> #1
SUSTENTÁVEL E FASHION
O modelo, que chega às lojas em 02.12, é produzido com couro sintético e uma cola alternativa à convencional, que usa ingredientes derivados de peixes e outros animais, além de incluírem muitos produtos químicos nocivos ao meio ambiente em sua formulação. "O público está cada vez mais consciente de onde as coisas vem agora, e como são feitas. Mas acho que muitos ou não ligam ou não sabem notar a diferença entre o par de couro animal e sintético. Isso só me faz pensar em quantas vidas animais poderiam ser salvas se os Stan Smiths da Adidas fossem produzidos a partir de couro vegetal e colas veganas, como "A nova geração está se imponfazemos", pondera do e nos dizendo que nossa casa Stella, visivelmente está pegando fogo, e que precisaainda longe de seu mos responder como se tivésseobjetivo final e dismos em meio a uma grande crise posta a lutar por ele. (porque é exatamente onde es-
“Como uma das indústrias mais poluentes do mundo, a indústria da moda está em uma encruzilhada.”
tamos). Como uma das indústrias mais poluentes do mundo, a indústria da moda está em uma encruzilhada. Precisamos nos unir e alcançar uma mudança sustentável para construir um futuro melhor."
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POPCULT // 33
x-tudo // experiĂŞncia
CASA 34 // issue #1
dos sonhos
Por Gabrielle Pacheco Fotos: Ezequiel Williams
Pela primeira vez, fãs da Barbie poderão reservar uma estadia na Dreamhouse em tamanho real e vivenciar experiências exclusivas POPCULT // 35
x-tudo // experiência
A
boneca mais famosa do mundo se torna anfitriã do Airbnb com sua Casa dos Sonhos, localizada no coração de Malibu, na Califórnia. Ainda neste mês, Barbie abre às portas da sua casa — em tamanho real — para uma
Quarto principal
estadia de duas noites e três dias. A Casa dos Sonhos da Barbie, também conhecida como Dreamhouse, é a chance dos fãs experimentarem toda a hospitalidade, empoderamento e inclusão que a marca apresenta. Antes mesmo que as mulheres tivessem o direito de abrir suas próprias contas bancárias, Barbie comprou a
Cozinha
primeira Casa dos Sonhos, em 1961. Como uma proprietária moderna e empreendedora, Barbie celebra este momento em que se torna anfitriã do Airbnb para compartilhar, ainda mais, a sua história e continuar inspirando muitas pessoas ao redor do mundo. >> Banheiro com vista para a Costa do Pacífico
36 // issue #1
Closet
Sala de cinema
atividades inclusas:
Terraço de meditação
Pista de atletismo
- encontro com a cabeleireira Jen Atkin, para uma transformação de visual com profissionais do salão Mane Addicts Creator Collective - aula individual de esgrima com a medalhista olímpica Ibtihaj Muhammad, homenageada por Barbie no projeto Shero Program - aula de culinária com Gina Clarke-Helm, uma das sócias do restaurante Malibu Seaside Chef - passeio pelos bastidores do Columbia Memorial Space Center com a piloto e engenheira Jill Meyers <<
Piscina com borda infinita
POPCULT // 37
x-tudo // escolhidos da redação livro // IT: A COISA “Pode ser uma leitura cansativa - são mais de mil páginas! -, mas vale muito a pena! Stephen King sabe guiar com maestria o terror.” gabrielle pacheco, repórter série // ATYPICAL “Extremamente sensível quanto ao autismo, sem romantizá-lo! Mas sinto que ainda faltam algumas situações mais extremas do transtorno.” gabrielle pacheco, D.A.
álbum // DUCK KAISER CHIEFS “Os britânicos de Leeds resolveram resgatar suas raízes no rock, mas com um toque colorido do pop. Do Something tem tudo para ser um clássico.” gabrielle pacheco, editora-chefe
música // BIXINHO DUDA BEAT “Sotaque gostoso, batida dançante, letra linda e voz melodiosa. Duda tem tudo para ser a nova popstar do Brasil - e do mundo.” gabrielle pacheco, estagiária
38 // issue #1
filme // AS GOLPISTAS “Poderia passar o dia inteiro, tranquilamente, assistindo a esse filme. Jennifer Lopez como uma stripper que tira dinheiro de ricaços é meu espírito animal! Não à toa, é uma das principais - e surpreendentes - apostas para o Oscar.” gabrielle pacheco, fotógrafa Fotos: Getty Images/Divulgação
x-tudo // inspira
Arte por Luara Magalhães. “Espero que quem esteja vendo essa página pare por um momento e reflita sobre seu estado emocional atual. Nem sempre precisamos estar felizes, mas não podemos estar sempre tristes.”
POPCULT // 39
meu adidas me faz feliz.