MATERIAL PRÉ BANCA PG II - GABRIELLY RUFINO

Page 1



UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

AMARE: CENTRO DE INTEGRAÇÃO E REFERÊNCIA NO TRATAMENTO DE CRIANÇAS COM TEA.

Projeto de graduação apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Dra. Edna Aparecida Nico. Coorientadora: Prof. Virginia Magliano Queiroz Convidada: Prof. Dra. Flávia Ribeiro Botechia

VITÓRIA 2022



GABRIELLY SOUZA RUFINO

AMARE: CENTRO DE INTEGRAÇÃO E REFERÊNCIA NO TRATAMENTO DE CRIANÇASCOM TEA.

Projeto de graduação apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Aprovado em Vitória, _______ de _______________________ de 2022 Nota final: _____________

COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________________________________ Prof. Dra. Edna Aparecida Nico Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil Orientadora

______________________________________________________________ Prof. Virginia Magliano Queiroz Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil Coorientadora

______________________________________________________________ Prof. Dra. Flávia Ribeiro Botechia Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil Convidada


AGRADECIMENTOS

A DEUS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, que me deu forças para superar todos os obstáculos. Se não fossem suas mãos estendidas para me ajudar, me guiando e me iluminando, provavelmente não chegaria até aqui. Obrigada por escutar os meus pedidos mais internos e me permitir chegar até aqui vivendo esta alegria com amigos e familiares.

A MINHA FAMÍLIA

Aos meus amados pais, Ivete e Julio, por estarem sempre ao meu lado nos momentos de crise, por me ensinarem os melhores valores que carrego comigo. Obrigada por todo o apoio diário, por me amarem e não medirem esforços para que eu alcançasse esse sonho. A toda minha família, meus padrinhos, tios e primos, por me auxiliarem e entenderem a minha ausência. Sou muito grata por enviarem as melhores energias para que eu vencesse essa etapa, amo todos vocês.

Aos meus amigos de infância, que se mantiveram presentes nesses últimos anos e foram essenciais para que eu superasse cada obstáculo. Obrigada por serem tão incríveis, sempre me apoiarem em meio ao caos e escutarem intermináveis áudios. Não imagino nenhum momento da minha vida sem vocês ao meu lado, amo vocês. Gratidão aos amigos que tive o prazer de conhecer durante a graduação e levarei para sempre no meu coração. Bianca, Brunna, Lyvia e Sabrini, meu grupo de formandas, gostaria de ressaltar que vocês se tornaram verdadeiras irmãs pra mim, passamos por perrengues que serviram para firmar nossa amizade e esse é só o início da nossa jornada. Aos demais amigos, Hilary, Luiza, Harine, Lucas e Matheus, uns nem continuaram, mas o pouco tempo que ficaram me mudaram da melhor maneira, vocês são demais, quero levar para minha vida sempre, desejo todo sucesso do mundo para vocês.

AOS AMIGOS

AOS DOCENTES

Gostaria de agradecer a Universidade Federal do Espírito Santo, por proporcionar um ensino gratuito de qualidade. A todos os docentes que participaram da minha formação como profissional. Vocês foram mais que professores, foram verdadeiros exemplos e inspirações. À professora Edna, que aceitou o desafio que me guiar nesse projeto de graduação e me orientou de forma excepcional. Também agradeço às professoras Virgínia e Flávia que aceitaram me instruir e foram excelentes professoras na graduação, mostrando que é possível um ensino incrível pensando no bem estar dos alunos. A todos vocês que fizeram parte da minha jornada de alguma forma. Um abraço, Gabrielly Rufino.



MOURES

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), com o passar dos anos, vem sendo cada vez mais discutido e consequentemente, o número de diagnósticos tem se tornado mais expressivo. Entretanto, no Brasil, ainda há um déficit no que diz respeito à falta de atendimento e disponibilização precária de serviços voltados para o transtorno. Além disso, a falta de tratamento especializado para crianças com TEA, reflete diretamente em dificuldades diárias enfrentadas por Autistas na fase adulta. Nesse sentido, a arquitetura tem um papel fundamental na intervenção e no processo de integração dessas pessoas, visto que pode gerar estímulos e influenciar positivamente no desenvolvimento e na inclusão desses jovens, por meio de materiais, formas, cores, texturas, setorização, entre outros. Por conseguinte, o presente trabalho busca discorrer a respeito do TEA, voltando-se para os elementos arquitetônicos que influenciam para um tratamento mais efetivo. Desse modo, tem como objetivo desenvolver o anteprojeto de um centro de referência e apoio para crianças com autismo, no município de Vitória- ES. Palavras-chave: Autismo; crianças; espectro; tratamento; arquitetura; inclusão.


expressive. However, in Brazil, there is still a deficit with regard to the lack of care and precarious availability of services aimed at the disorder. In addition, the lack of specialized treatment for children with ASD directly reflects on the daily difficulties faced by Autistics in adulthood. In this sense, architecture plays a fundamental role in the intervention and integration process of these people, since it can generate stimuli and positively influence the development and inclusion of these young people, through materials, shapes, colors, textures, sectorization, among others. Therefore, the present work seeks to discuss ASD, turning to the architectural elements that influence for a more effective treatment. Thus, it aims to develop the draft of a reference and support center for children with autism, in the city of Vitória-ES. Keywords: Autism; children; spectrum; treatment; architecture; inclusion.

ABSTRACT

Over the years, Autism Spectrum Disorder (ASD) has been increasingly discussed and, consequently, the number of diagnoses has become more


LISTA DE FIGURAS Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10

Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10

Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10

Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10 Figura 01:..............................................................................................................................................................................10


LISTA DE TABELAS Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10 Tabela 01:..............................................................................................................................................................................10

LISTA DE MAPAS Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10 Mapa 01:................................................................................................................................................................................10

LISTA DE ABREVIAÇÕES AMAES:


SUM

01 02

INTRODUÇÃO AO TEMA 1.1 1.2

O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 2.1 2.2 2.3 2.4

03 04 05

OBJETIVOS METODOLOGIA

HISTÓRICO CARACTERÍSTICAS 2.2.1 PERCEPÇÕES E SENTIDOS DIAGNÓSTICO MÉTODOS DE TRATAMENTO 2.4.1 ABA 2.4.2 TEACCH 2.4.3 PECS 2.4.4 RDI 2.4.5 DIR/FLOORTIME 2.4.6 TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS 2.4.7 SALAS SNOEZELEN

O AUTISMO NO BRASIL 3.1 3.2 3.3

DADOS ESTATÍSTICOS LEGISLAÇÃO INSTITUIÇÕES DE ATENDIMENTO

AUTISMO E ARQUITETURA 4.1 4.2

PSICOLOGIA AMBIENTAL E INTEGRAÇÃO SENSORIAL FATORES QUE INFLUENCIAM O BEM ESTAR 4.2.1 ELEMENTOS DE ESTIMULAÇÃO SENSORIAL 4.2.1.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS 4.2.1.2 ELEMENTOS DE CONFORTO AMBIENTAL 4.3 DIRETRIZES PROJETUAIS - MAGDA MOSTAFA

REFERÊNCIAS PROJETUAIS 5.1 5.2 5.3 5.4

ADVANCE CENTNER FOR AUTISM CENTER FOR AUTISM AND THE DEVELOPING BRAIN ESTUDO DE CASO: ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS AUTISTAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (AMAES) ESTUDO DE CASO: ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE)


LEITURA MORFOLÓGICA 6.1 6.2 6.3 6.3.1 6.3.2 6.3.3 6.3.4 6.3.5

INTRODUUÇÃO AO MUNICÍPIO APRESENTAÇÃO DO TERRENO LEVANTAMENTO MORFOLÓGICO HIERARQUIA VIARIA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO GABARITO ASPECTOS AMBIENTAIS E CONFORTO AMBIENTAL ZONEAMENTO URBANO E CONDIICIONANTES LEGAIS

DESENVOLVIMENTO PROJETUAL 7.1 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6

CONCEITO E PARTIDO DIRETRIZES DE PROJETO PROGRAMA DE NECESSIDADES SETORIZAÇÃO E FLUXOS PLANO DE MASSA SISTEMA CONSTRUTIVO E MATERIAIS

O PROJETO ARQUITETÔNICO 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 8.6 8.7 8.7.1

SETOR SOCIAL SETOR CLÍNICO/DIAGNÓSTICO SETOR TERAPÊUTICO SETOR PEDAGÓGICO SETOR ADMINISTRATIVO SETOR SERVIÇOS PAISAGISMO JARDIM SENSORIAL

CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS

06 07 08 09 10 11




01

INTRODUÇÃO AO TEMA

01. 1 OBJETIVOS

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido tema de importantes debates, tanto em âmbito nacional quanto global. Atualmente, segundo a Organização mundial da saúde (OMS), aproximadamente 78 milhões de pessoas no planeta estão dentro do espectro do autismo (OMS, 2022). Para mais, observa-se que há diversas pessoas que contribuem para uma ampla discussão, a partir de diferentes posições, sobre os possíveis fatores etiológicos, as metodologias mais eficazes para tratamento, a organização de políticas de cuidado e a estrutura legal de garantia de direitos. No Brasil, as iniciativas governamentais propriamente direcionadas ao acolhimento das pessoas com diagnóstico de autismo, desenvolvem-se de maneira tardia. Até o surgimento de uma política pública para saúde mental de crianças e adolescentes, no início do século XXI, esta população encontrava atendimento somente em instituições filantrópicas, como a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), ou em instituições não governamentais, como a Associação dos Amigos dos Autistas (AMA) (CAVALCANTE, 2003 apud OLIVEIRA et al., 2017).

OBJETIVO GERAL O presente trabalho teve como objetivo desenvolver anteprojeto de um centro de referência e apoio a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), na cidade de Vitória, Espírito Santo. O equipamento possibilitará o atendimento de crianças que atualmente se encontram na fila de espera e a intenção foi demonstrar como a arquitetura pode influenciar, de forma substancial, na criação de ambientes de suporte educacional e terapêutico. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Compreender as especificidades do comportamento de crianças com TEA e a forma como os espaços podem influenciar no melhor tratamento; 2. Entender os tratamentos existentes para o TEA, com o propósito de criar ambientes que atendam da melhor forma aos usuários; 3. Identificar e aplicar recursos arquitetônicos que contribuem para o tratamento de crianças com TEA; 4. Projetar ambientes adequados para o tratamento e que possam auxíliar na inclusão social das crianças; e 5. Difundir a importância da arquitetura para o tratamento adequado, além da conscientização social.

“A criação de centros especializados em autismo, além de cumprir sua função assistencial, podem funcionar como difusores de conhecimento e de capacitação sobre autismo. A especialização é necessária pois o autismo traz questões específicas, muito diferentes de outras deficiências, que exige um alto grau de especialização profissional.” (MELLO et al., 2013, pg. 59)

Assim sendo, a partir de uma inquietação de cunho pessoal, o presente trabalho surge como resposta a uma existente necessidade, que é a concepção de um espaço planejado, que visa proporcionar as melhores condições para o atendimento e suporte à população com TEA. Além disso, visando incentivar a participação dos arquitetos a frente de uma questão que está tão presente na sociedade.

16


01.2 METODOLOGIA

Para a contextualização socioespacial da área a ser estudada, levantouse informações disponíveis no site da Prefeitura Municipal de Vitória, no Plano Diretor Urbano do Município e dados fornecidos pelo Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Em paralelo, iniciou-se o mapeamento digital dos espaços a serem analisados, por meio do Sistema de Informação Geográfica (SIG), com o auxílio de ferramentas de geoprocessamento, no caso o software QGIS (versão 2.18.28), a partir de dados disponibilizados pela prefeitura. Simultaneamente à análise teórica e o entendimento de todos os dados recolhidos ao longo do processo, deu-se início ao processo projetual para aplicação dos conceitos estudados. Assim como, a elaboração de plantas conforme a NBR 6492 (ABNT, 2020), que determina a representação de projetos arquitetônicos.

Visando o alcance dos resultados desejados a metodologia foi dividida em em cinco etapas, como demonstrado na Figura 01 abaixo: Figura 01: Fases da metodologia utilizada

ANÁLISE DE PROJETOS REFERÊNCIA

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

VERIFICAÇÃO DAS NORMAS

ESTUDO DE CASO E ENTREVISTAS

DESENVOLVIMENTO PROJETUAL

Fonte: Autora, 2022

Inicialmente a fundamentação teórica partiu da seleção de referências bibliográficas por meio de livros e artigos que abordam o Transtorno do Espectro Autista e a forma como a arquitetura se insere neste meio. A partir disso, criou-se um quadro com as diretrizes observadas, de forma a garantir uma visualização geral de planos e estratégias para a realização projetual. Simultâneamente realizaram-se visitas em centros especializados na cidade de Vitória, assim como entrevistas com profissionais da área, a fim de compreender as particularidades do tema. Também efetuaram-se buscas por projetos considerados referências no tratamento de crianças com TEA, visando entender as lógicas de implantação, as estratégias projetuais, as questões de fluxo, acessos e o conforto ambiental. Para mais, foi necessário a consulta de normas especializadas sobre o tema. Assim, utilizou-se a Resolução RDC-50 de 2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que trata do regulamento técnico para estabelecimentos da área da saúde, juntamente com os documentos disponibilizados pela SOMASUS (2014), que dispõem de dimensões mínimas e os equipamentos necessários para os atendimentos. Para complementar as informações ainda foram utilizadas referências pontuadas pela NBR 9050 de acessibilidade universal (ABNT, 2020), além de documentos específicos da cidade, como o Código de Obras do município de Vitória (2018) e as Normas técnicas do corpo de bombeiros de Vitória (CBMES, 2013).

17




O transtorno do Espectro Autista (TEA) é também conhecido como Autismo, termo que deriva-se do grego “autós”, que significa “voltar-se para si mesmo” e é acrescido do sufixo “ismos”, indicativo de ação ou estado, que reforça a denotação do vocábulo (ZAFEIRIOU et al., 2007). Para mais, segundo Brauner y Brauner (1978), esta palavra foi introduzida na literatura médica pelo médico psiquiatra Eugen Bleuler, no ano de 1906, com o intuito de descrever as manifestações de fuga da realidade para um mundo interior observado em pacientes esquizofrênicos que manifestavam grande dificuldade para relacionar-se com outras pessoas e com o mundo, além de demonstrarem tendência ao isolamento (apud CABALLO e SIMÓN, 2007, pg. 322) Atualmente é possível citar duas definições oficiais do Autismo, ambos advêm de manuais que reúnem as classificações de doenças e são referências para profissionais de saúde, o DSM-5 e o CID-11 6A02:

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11) detalha definições de doenças e transtornos de todos os campos da saúde, sendo uma referência para médicos em todo o mundo, incluindo o Sistema Único de Saúde (SUS). A última edição do CID, lançada em 2018, demorou mais de dez anos para ser produzida e passou a valer em todo mundo no dia 1º de janeiro de 2022. Nela, o TEA é classificado como: “O transtorno do espectro do autismo é caracterizado por déficits persistentes na capacidade de iniciar e manter interação social recíproca e comunicação social, e por uma gama de padrões restritos, repetitivos e inflexíveis de comportamento, interesses ou atividades que são claramente atípicos ou excessivos para o indivíduo idade e contexto sociocultural. [...] Os déficits são suficientemente graves para causar prejuízo nas áreas pessoais, familiares,

Desenvolvido a partir de 4 versões anteriores, desde 1952, a quinta versão do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM5) foi lançada no ano de 2013. Ele advém da American Psychiatric Association (APA) e redefine o diagnóstico do autismo, juntando o transtorno autista, transtorno de Asperger e transtorno global do desenvolvimento, criando o conceito do Transtorno do Espectro Autista (APA, 2014). O manual define como:

sociais, educacionais, ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento e são geralmente uma característica generalizada do funcionamento do indivíduo observável em todos os ambientes, embora possam variar de acordo com o social, educacional ou outro contexto.” (CID, TRADUZIDO, 2022)

Segundo Mello et al. (2013), o TEA é, de forma resumida, um distúrbio do desenvolvimento que afeta o sistema nervoso central e tem como principais características, as dificuldades na comunicação, na interação social e na motivação. Além disso, ainda complementa que o termo “espectro” se justifica pela grande variabilidade de características clínicas observadas.

“O transtorno do espectro autista caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. Além dos déficits na comunicação social, o diagnóstico do transtorno do espectro autista requer a presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.” (APA, 2014, pg.31).

“Algumas pessoas com autismo não falam, outras não param de falar, algumas falam de forma incomum, entendem pouco, não entendem, ou entendem de forma única. Alguns indivíduos machucam a si próprios, outros machucam outras pessoas, muitos não machucam ninguém. Muitas pessoas com autismo são extremamente apegadas a rotinas rígidas, outras tantas não dão a mínima para isso. Em outras palavras, não se trata de um problema específico que se resolve com uma acomodação ou medidas de acessibilidade. Trata-se de um universo imenso, com combinações únicas de dificuldades nas áreas de comunicação, interação social e motivação.” (MELLO, 2013, p.77 e 78).

20


02 O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA É válido ressaltar que o TEA é também frequentemente associado a outros transtornos psiquiátricos. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as principais manifestações clínicas são: Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Depressão, Ansiedade, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), além de outras condições médicas como Epilepsia, Transtornos genéticos, Deficiência Intelectual (DI), dificuldades motoras, entre outros, que embora não sejam necessárias para o diagnóstico, são agravantes do quadro clínico (SBP, 2019). Para mais, é importante destacar o aumento significativo no número de indivíduos diagnosticados pelo mundo. Segundo dados fornecidos pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), a ocorrência do autismo nos anos 2000 era de 1 para 150 crianças. Entretanto, os resultados da última pesquisa, publicada em 2022, mostram a prevalência de 1 autista para cada 44 crianças (Gráfico 01). Essa pesquisa abrange crianças de 8

Em 2006, Klin (2006) em seus estudos já determinou que a razão para o aumento percentual do transtorno de espectro autista era por uma dedicação maior ao estudo do transtorno ou a uma identificação mais eficiente de crianças, que não ocorria antes. Este estudo foi complementado pela SBP, que associou o aumento à ampliação dos critérios diagnósticos e o desenvolvimento de instrumentos de rastreamento, possibilitando diagnósticos adequados (SBP, 2019). Para mais, de acordo com Catherine Rice, diretora do Emory Autism Center, em Atlanta, Geórgia, é válido ressaltar que o aumento na quantidade de crianças diagnosticadas indica que adultos autistas também precisam de mais consideração. Ainda afirma, que segundo as novas estimativas, do ano de 2020, cerca de 75 mil adolescentes autistas se tornarão adultos a cada ano, confirmando que o autismo é uma “importante condição de saúde pública” (JÚNIOR, 2020). No que se refere a dados, embora ocorram algumas divergências quanto aos

anos, em 11 estados dos Estados Unidos (CDC, 2022).

diagnósticos, quando relacionados a grupos sociais, no geral o TEA manifesta-se em indivíduos de diversas etnias ou raças e em todos os grupos socioeconômicos (SBP, 2019). Ademais, outro dado divulgado recentemente pelo CDC mostra a relação entre o sexo das crianças com autismo. É possível perceber, que há uma maior proporção de meninos, quando comparados a meninas, sendo de uma menina a cada quatro meninos (CDC, 2022). Ainda não existem estudos conclusivos que mostram os motivos da menor incidência entre mulheres. Uma possibilidade é de que “os homens possuam um limiar mais baixo para disfunção cerebral do que as mulheres, ou, ao contrário, de que um prejuízo cerebral mais grave poderia ser necessário para causar autismo em uma menina.” (KLIN, 2006, pg. 5). (Figura 02)

Gráfico 01: Prevalência de Autismo nos EUA em 2022.

25

ESTADOS UNIDOS. CDC, 2022 1 PESSOA A CADA 44 PESSOAS

20

15

Figura 02: Incidência do autismo entre os sexos. 10

ESTADOS UNIDOS. CDC, 2022 1 em 44

2012

1 em 54

2010

1 em 59

1 em 88

2008

1 em 68

1 em 110

2006

1 em 68

1 em 125

2004

1 em 150

0

1 MENINA PARA CADA 4 MENINOS 1 em 166

5

2014

2016

2018

2020

2022

75%

25%

Fonte: Centers for Disease Control and Prevention, 2022. Feito pela autora.

Fonte: Centers for Disease Control and Prevention, 2022. Feito pela autora.

25

21

20


Como boa parte das condições que são relacionadas às “desordens” do comportamento, durante muito tempo o autista foi marginalizado ou estereotipado. Graças ao desenvolvimento dos estudos sobre o assunto, o autismo é tratado com mais sensibilidade, por médicos, pais, familiares e pela sociedade. No entanto, a falta de atenção a esta questão social ainda é um problema recorrente. É possível reconhecer o desenvolvimento da história com a linha do tempo a seguir:

1943

Figura 04: Psiquiatra Leo Kanner Fonte: Soundclound. Disponível em:<https:// soundcloud.com/hopkins-medical-archives/ interview-with-leo-kanner-1974>. Acesso em: 07 jul de 2022

1949 O psiquiatra austríaco Leo Kanner usou a palavra autista para descrever o comportamento de indivíduos com distúrbios emocionais. Ele os descreveu como indiferentes a outras pessoas, emocionalmente frios, distanciados e retraídos.

Figura 06: Psicólogo Bruno Bettelheim. Fonte: Infopédia. Disponível em:<https://www.infopedia.pt/apoio/ artigos/$bruno-bettelheim>. Acesso em: 07 jul de 2022

A teoria da “mãe-geladeira” criada por Bruno Bettelheim e popularizada durante a década de 50 e associava ao diagnóstico do autismo à falta de emotividade dos pais

A Síndrome de Asperger foi descrita pelo pesquisador austríaco Hans Asperger. Por meio de um estudo de limitações cognitivas, concluiu que o autismo pode se apresentar de forma mais leve.

A palavra foi usada pela primeira vez, quando o psiquiatra suíço Eugen Bleuler estudava um grupo de pessoas com sintomas ligados à esquizofrenia.

1944

1906 Figura 03: Psiquiatra Eugen Bleuer Fonte: Pinterest. Disponível em:<https:// br.pinterest.com/pin/676173331525459702/>. Acesso em: 07 jul de 2022

22

Figura 05: Psiquiatra Hans Asperger. Fonte: Sonia Caldas. Disponível em:<https://www.soniacaldasserra. com.br/asperger/asperger/>. Acesso em: 07 jul de 2022


02.1 HISTÓRICO

1965

1962 A psiquiatra inglesa Lorna Wing desenvolveu a ideia do autismo como espectro, se manifestando em condições e graus variados. Como mãe de uma criança autista, ela defendeu uma nova visão social para os autistas e suas famílias, e fundou a National Autistic Society (NAS) no Reino Unido.

A Associação Americana de Psiquiatria (APA) publica a primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais DSM-1, referência mundial para pesquisadores e clínicos do segmento.

1950

Figura 07: Psiquiatra Lorna Wing. Fonte: The bmj. Disponível em:<https://www.bmj.com/ content/349/bmj.g4529>. Acesso em: 07 jul de 2022

Criação da National Society for Autistic Children (NSAC), que colaborou para unir pais de crianças diagnosticadas com autismo e, a partir dessa união, formar uma associação composta por familiares, profissionais, terapeutas e pesquisadores.

Bernard Rimland – psicólogo, pai de uma criança autista e que, por meio do livro intitulado “Infantile autism: the Syndrome and its implication for a neural theory of behavior”, afirmou que a base do autismo era orgânica e não emocional.

1964

Figura 08: Psicólogo Bernard Rimland. Fonte: People Pill. Disponível em:<https://peoplepill.com/people/ bernard-rimland>. Acesso em: 07 jul de 2022

23


1978

1988 O psicólogo americano Ivar Lovaas revoluciona o tratamento do autismo ao publicar um estudo que demonstra os benefícios da Terapia comportamental ­intensiva em pacientes autistas

O psiquiatra britânico Michael Rutter classifica o autismo como um distúrbio do desenvolvimento cognitivo, com base em quatro comportamentos-base: desvio social; problemas de comunicação; movimentos repetitivos; e surgimento dos sintomas antes de 3 anos de idade.

Diagnosticada com Síndrome de Asperger, Temple Grandin cria a “Máquina do Abraço”, aparelho que simulava um abraço e acalmava pessoas com autismo.

1965

A psiquiatra Lorna Wing desenvolve o conceito de autismo como um espectro e cunha o termo Síndrome de Asperger, em referência a Hans Asperger.

1981

Figura 09: Temple Grandin. Fonte: Beef Point. Disponível em:<https:// www.beefpoint.com.br/confiraentrevista-exclusiva-com-templegrandin/>. Acesso em: 07 jul de 2022

24

Figura 10: Psiquiatra Michaell Rutter. Fonte: KCL. Disponível em:<https://www.kcl. ac.uk/news/professor-sir-michael-rutterretires-after-55-years-at-the-ioppn>. Acesso em: 07 jul de 2022

Figura 11: Psicólogo Ivar Lovaas. Fonte: NY Times. Disponível em:<https:// www.nytimes.com/2010/08/23/ health/23lovaas.html>. Acesso em: 07 jul de 2022


02.1 HISTÓRICO

2007

2013

A ONU institui o dia 2 de abril como Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A ação tem impacto global e em 2018 entra

O DSM-5 passa a abrigar todas as subcategorias do autismo em um único diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os indivíduos são agora diagnosticados

para o calendário nacional

em um único espectro com diferentes níveis de gravidade.

É sancionada no Brasil a Lei Berenice Piana (Lei Nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012), que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

A Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei Nº 13.146, de 6 de julho de 2015) cria o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que inclui o autista, ao definir a pessoa com deficiência como “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial”. (BRASIL, 2015)

2012

2015

Figura 12: Berenice Piana. Fonte: Wikipedia. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/ Berenice_Piana>. Acesso em: 07 jul de 2022

25


02.2 CARACTERÍSTICAS Ainda no que condiz às características da pessoa com TEA, é possível evidenciar que, em concordância com o DSM-5, existem três diferentes níveis de gravidade para o transtorno (APA, 2014). (Figura 14)

De acordo com Lorna Wing (1979, apud BAP TISTA E BOSA, 2002) as pessoas autistas possuem três grandes grupos de perturbações, as quais se manifestam em três diferentes áreas de domínio. São elas: a Área Social, a da Linguagem e Comunicação e a do Comportamento e Pensamento. No entanto Baptista e Bosa (2002, p.34) ressaltam que essas áreas se apresentam juntas, embora com intensidade e qualidades variadas. Mesmo que os indivíduos diagnosticados com TEA apresentem certa variedade de manifestações do transtorno, é possível constatar alguns padrões comportamentais. Ainda assim, é válido salientar que a detecção do autismo na infância requer uma atenção dos pais, visto que durante o primeiro ano de vida muitos dos sinais podem ser confundidos com a personalidade da criança (HOMERCHER et al., 2020). Conforme os estudos de Homercher et al. (2020) alguns dos sinais de autismo que podem ser observados na infância se dividem por períodos: Durante

Figura 14: Os três níveis de gravidade para o Transtorno do Espectro Autista

NÍVEL 01 LEVE

os primeiros doze meses, em que a percepção pode ser mais sutil e até os dezesseis meses, que a criança já apresenta sinais mais claros (Figura 13).

Conhecido também como Autismo de Alto desempenho: é o grau mais leve do transtorno, atribuído à dificuldade na interação, dificuldade de análise e entendimento social básico, e inflexibilidade comportamental, o que gera certa dependência e, portanto, necessita de um tratamento específico. O antigo denominado “Asperger” a partir da DSM-5, entrou nesta categoria já citada;

Figura 13: Sinais apresentados por crianças com autismo

ATÉ OS 12 MESES 1.

DESATENÇÃO À VOZ DO ADULTO;

2.

NÃO BALBUCIA;

NÍVEL 02 MODERADO

3. O OLHAR NÃO PROCURA A MÃE QUANDO ELA SE AFASTA; 4. NÃO ESTENDE OS BRAÇOS PARA PEDIR COLO; 5. FALTA DE CONTATO VISUAL COM A MÃE NO MOMENTO DA AMAMENTAÇÃO; 6.

NÃO RESPONDE COM IMITAÇÃO, AÇÕES COMO SORRIR OU MOSTRAR A LÍNGUA;

7.

FALTA DE DEMONSTRAÇÃO OU RESPOSTA AO CARINHO;

8. NÃO BRINCA COM OUTRAS CRIANÇAS OU ADULTOS; E 9.

DEMONSTRA CERTA FRIEZA EM RELAÇÃO AOS SENTIMENTOS E EXPRESSÕES DE OUTRAS PESSOAS.

NÍVEL 03 SEVERO

ATÉ OS 16 MESES 1.

NÃO DÁ “THAUZINHO” COM AS MÃOS;

2.

AUSÊNCIA DA FALA AINDA PERPETUA;

3. DIFICULDADE DE DEMONSTRAR DESEJO SOBRE ALGO; 4. NÃO PROCURA COM O OLHAR; 5. NÃO GOSTA DE SER TOCADO; E 6.

LOCOMOÇÃO ATÍPICA, COMO ANDAR NAS PONTAS DOS PÉS. Fonte: Homercher et al., 2020. Feito pela autora.

Autismo de médio desempenho, exige apoio substancial, é caracterizado pelo comprometimento agravado da interação social, habilidades de comunicação, inflexibilidade no comportamento, dificuldades na quebra da rotina e comportamento repetitivo e restrito. Dificilmente possui independência;

O grau mais grave do TEA, conhecido como autismo de baixo desempenho, necessitando de apoio extremo, devido a um maior grau de déficit de desenvolvimento na interação social, havendo reação de respostas intersociais mínimas e habilidades de comunicação quase inexistente, além de quase total inflexibilidade comportamental, com séria dificuldade na mudança de rotina e foco. O autista de nível 3 não possui independência social.

Fonte: American Phychiatric Association, 2014. Feito pela autora.

26


02.2.1 PERCEPÇÕES E SENTIDOS PROCESSO SENSORIAL

Quadro 01: Os sete sentidos e a análise da percepção sensorial quanto a hipo ou hipersensibilidade

Os indivíduos diagnosticados com TEA, por vezes, possuem algumas respostas incomuns às informações sensoriais. Geralmente as pessoas neurotípicas, caracterizadas por não apresentarem neurodivergências, recebem informações do ambiente por meio dos 5 sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato. E por meio destes 5 sentidos, têm a percepção sensorial e geram resposta ao estímulo. Os autistas possuem uma maior dificuldade de assimilar as informações recebidas, pois os estímulos podem ocorrer fragmentados de duas formas: hipossensibilidade, na qual o indivíduo tem dificuldade para identificar os sentidos e busca por uma sobrecarga de estímulos. E a hipersensibilidade, que consiste em estímulos sensoriais que incomodam e precisam ser controlados (Figura 15). Geralmente é demonstrada por comportamentos e sinais

SENTIDOS

HIPOSSENSIBILIDADE

VISÃO

corporais. Essas instâncias também são demonstradas na noção espacial e na forma de se movimentar (GAINES et al., 2016). Figura 15: Diferentes formas de percepção do espaço

PERCEPÇÃO

OLFATO/PALADAR

INDIVÍDUO NEUROTÍPICO Percepção das informações de forma conjunta

INDIVÍDUO COM TEA Percepção das informações de forma fragmentada

Se incomoda com cores brilhantes e luz solar intensa; Se distrai facilmente com movimentos; e Olha fixamente para pessoas ou

intensa.

objetos.

Não responde quando é chamado pelo nome; Gosta de ruídos; e Gosta de fazer barulhos excessivos

Muito sensível a altos ruídos; Identifica os sons antes das pessoas neurotípicas; e Não gosta de ruídos de fundo.

Ingere objetos não comestíveis; Busca cheiros fortes; e É isento a alguns aromas.

Seletivo com alimentos, só ingere a partitr de texturas, cheiros ou

Utiliza o toque de forma excessiva (a pessoas e objetos); Possui resistência quanto a dor; e Possui resistência a temperaturas

É sensível a certos tecidos; Não se agrada com toques; e Não gosta de ficar molhado ou

temperatura que o agrade.

descalço.

extremas.

TATO

Fonte: Gaines et al., 2016. Feito pela autora.

Por conseguinte, as pessoas com TEA podem responder de forma mais lenta às mudanças entre estímulos que os ambientes proporcionam, resultando em comportamentos repetitivos, compulsivos e até mesmo auto lesivos. Isso devido a tentativa de manter o controle após uma sobrecarga sensorial (GAINES et al., 2016). Situações cotidianas, que para neurotípicos podem passar despercebidas, podem gerar essas cargas, como por exemplo: odores fortes em ambientes fechados, excesso de iluminação ou a presença de pequenas descontinuidades dos feixes de luz, mistura de texturas em alguma superfície ou tecido, e até mesmo certos ruídos. O Quadro 01 demonstra situações que ocorrem no processo sensorial, na forma hipo sensitivas e hipersensíveis.

Ignora pessoas ou objejtos no ambibente; Vizualiza apenas contornos de objetos; e Gosta de cor brilhante ou luz solar

e altos.

AUDIÇÃO

DO ESPAÇO

HIPERSENSIBILIDADE

Se movimenta de forma excessiva; e Fica entusiasmado com tarefas que

Se aparenta desequilibrado; e Se incomoda quando os pés ficam fora do chão ou de cabeça para

envolvam movimento.

baixo.

Inconsciente quanto a posição do corpo no espaço; e Confundem diferentes sensações

Possuem postura corporal diferente e na maioria das vezes desconfortável; e Possuem dificuldade em manipular pequenos objetos.

VESTIBULAR

com a fome.

PROPRIOCEPÇÃO

Fonte: Gaines et al., 2016. Adaptado pela autora.

27


02.3 DIAGNÓSTICO [...] Conclusão

Como apresentado, o número de diagnósticos tem aumentado significativamente nos últimos anos. Evidencia-se que ao cuidar de uma criança, é importante observar o desenvolvimento e comportamento desde o início. Segundo Mello (2013) detectar cedo as divergências comportamentais, pode ser decisivo para o desenvolvimento, principalmente no que tange ao seu convívio social, escolar e afetivo. Outrossim, de acordo com o Manual DSM-5, o indicado é que o diagnóstico seja feito em crianças de idade entre 2 e 3 anos (APA, 2014). Como no TEA não se têm características físicas definidas ou algum tipo de exame, laboratorial ou de imagem, que se possa identificar, o diagnóstico do espectro exige uma avaliação comportamental da criança, feita por profissionais habilitados, por meio da observação e por informações coletadas de relatos de seus responsáveis, até que se preencham os critérios para confirmar o transtorno (MORAL et al., 2021).

A escala classifica as crianças avaliadas em três níveis: Baixo Risco | Pontuação de 0 a 2 Há pouca chance de desenvolvimento de TEA, e não é necessária nenhuma outra medida. No caso da criança ter menos de 24 meses, é preciso repetir a aplicação do teste. Risco Moderado | Pontuação de 3 a 7 Neste cenário, é importante que os pais participem da Entrevista de Seguimento (segunda etapa do M - CHAT - R/F), que vai reunir informações adicionais sobre indícios do distúrbio. Se nesta etapa, o resultado for igual ou maior que 2, é um caso positivo e a criança deve ser encaminhada para um especialista. Se a soma das respostas ficar entre 0 e 1, é um resultado negativo para TEA, mas a criança deve fazer o teste novamente nas próximas consultas de rotina. Alto Risco | Pontuação de 8 a 23 Com este resultado, não é necessário fazer a Entrevista de Seguimento. Os pais devem marcar uma consulta com especialistas para a confirmação do diagnóstico e a avaliação do tratamento personalizado.

Mello (2013) ainda complementa que o autismo possui diferentes particularidades, logo, não basta uma única e rápida avaliação para que se possa ter uma análise real das habilidades do paciente. Dessa forma, é necessário que uma equipe com diferentes especialistas avalie a pessoa com suspeita de autismo sobre: comunicação, linguagem, habilidades motoras, fala, êxito escolar e habilidades de pensamento (MELLO, 2013). Durante o diagnóstico, algumas escalas padronizadas podem ser utilizadas para definir o grau de acometimento dos sintomas e, dessa maneira, permitir a elaboração de um plano individual de tratamento em coerência com as deficiências e particularidades identificadas. A Sociedade Brasileira de Pediatria (2019) recomenda que o primeiro protocolo a ser usado seja a escala Modified Checklist for Autism in Toddlers (M - CHAT), por meio de uma entrevista com os responsáveis. Nesta avaliação, o médico, geralmente um pediatra ou psicólogo, vai determinar o nível de risco – de baixo a alto – da criança ser autista. A M - CHAT atua como uma ferramenta para identificar sinais de TEA precocemente, mas a confirmação do diagnóstico ainda vai depender de uma segunda avaliação por especialistas, com auxílio de outros protocolos (MORAL et al., 2021). (Quadro 02)

* A avaliação pela M - CHAT é obrigatória para crianças em consultas pediátricas de acompanhamento realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo a lei 13.438/17. (BRASIIL, 2017) Fonte: MORAL et al., 2021. Feito pela autora.

Além disso, conforme a SBP (2019), a avaliação aprofundada inclui exames físicos e neurológicos completo, e as ferramentas de exame podem ser: 1. 2. 3. 4.

É válido ressaltar, que a importância do diagnóstico e intervenção precoce se relacionam às maiores chances do cérebro responder aos estímulos oferecidos no tratamento. Isso porque tal intervalo de tempo corresponde ao período de maior neuroplasticidade do cérebro, ou seja, da sua capacidade de originar novas redes cognitivas e de desenvolver habilidades e potencialidades latentes (SBP, 2019). Teixeira (2016, p. 58) refere-se a esses anos de vida como “janelas de oportunidade” oferecendo altas possibilidades de aprendizagem e de desenvolvimento psicomotor. No que diz respeito ao tratamento, também é importante que se mantenha a frequência desde a infância, visando tornar os resultados mais eficazes e aumentando a probabilidade da criança ter uma maior qualidade de vida (APA, 2014).

Quadro 02 : Escala Modified Checklist for Autism in Toddlers (M - CHAT)

M - CHAT

O teste é composto por 23 questões do tipo sim/não, que devem ser respondidas pelos pais de crianças entre 16 e 30 meses de idade que estejam acompanhando o filho em uma consulta pediátrica. A versão atualizada do protocolo (M - CHAT - R) conta uma segunda parte: a Entrevista de Seguimento, que ajuda a reafirmar a avaliação OBS: As respostas aos itens da escala levam em conta observações dos pais com relação ao comportamento do filho. Em caso de pontuação elevada, é fundamental que a criança siga para uma avaliação com um médico especialista e uma equipe multidisciplinar.

.

Entrevista diagnóstica para autismo revisada (ADI - R); Programa de observação diagnóstica do autismo (ADOS - G); Escala de classificação do autismo em crianças (CARS); Escala de classificação do autismo de Gilliam (GARS);

Continua [...]

28


02.4 MÉTODOS DE TRATAMENTO Como discorrido anteriormente, é notório um crescimento nos diagnósticos realizados, esse aumento, junto com a conscientização das famílias, causa também o crescimento da procura por tratamento e educação para as pessoas com autismo. Elas, em sua maioria, têm necessidades de acompanhamento durante toda a vida, assistilas envolve cuidados mais intensivos, desde a intervenção precoce até atingir idades mais avançadas (MELLO ,2013). É importante salientar que para os sintomas de TEA especificamente não há nenhuma medicação que possa ser usada no tratamento. As medicações são utilizadas apenas para tratamento das comorbidades (SBP, 2019). Além disso, o planejamento do tratamento deve ser formulado de acordo com as etapas de vida da pessoa. De acordo com Bosa (2006) a prioridade para crianças pequenas deveria ser terapia da fala, da interação social/linguagem, educação especial e suporte familiar (BOSA, 2006).

As terapias apresentadas ainda são reforçadas por Mello (2013), como sendo três entre os métodos de tratamento que mais têm comprovação científica de êxito e conhecidos no mercado. Outrossim, Onzi e Gomes (2015) e Laureano (2017) acrescentam outras áreas de terapia que são consideradas importantes para o tratamento atualmente, como por exemplo: psicoterapia, TIS (Terapias de Integração Sensorial), musicoterapia, hidroterapia, arteterapia, terapia snoezelen, terapia com o auxílio de animais (TAA), entre outros (LAUREANO, 2017; ONZI E GOMES, 2015). (Figura 16). Figura 16: Diferentes métodos de tratamento. PSICOTERAPIA

TIS FLOORTIME

PECS

No geral, o tratamento do autismo envolve “intervenções psicoeducacionais, desenvolvimento da linguagem e/ou comunicação e principalmente o acompanhamento e a orientação familiar” (LAUREANO, 2017, pg. 60). Ademais, o recomendado é que o programa de intervenção seja realizado por uma equipe multidisciplinar, contando com profissionais como: psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e educadores físicos (LAUREANO, 2017). Dentro dos pressupostos teóricos de Bosa (2006) há quatro alvos básicos utilizados no tratamento do autismo, sendo eles: 1. Estimular o desenvolvimento social e comunicativo; 2. Aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas; 3. Diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano; e 4. Ajudar as famílias a lidarem com o autismo.

MUSICOTERAPIA

TEACCH

HIDROTERAPIA

ABA

ARTETERAPIA

TAA SNOEZELEN

RDI

Fonte: Feito pela autora, 2022.

Conforme os dados disponibilizados por Mello (2013), no ultimo levantamento de dados, as três metodologias mais adotadas no Brasil são a TEACCH, PECS E ABA, respectivamente. Mas em segundo lugar da pesquisa aparece a combinação de metodologias. (Tabela 01) Tabela 01: 7 metodologias mais adotadas e número de entidades que as adotam

Para a autora, quando submetidas ao tratamento, crianças com déficit na área da comunicação e no desenvolvimento social podem adotar outras formas de comunicação alternativa. Ademais, Bosa (2006) subdivide os métodos de intervenção e tratamento em 3 grandes grupos: 1. Modelos de análise aplicada ao comportamento (Terapia de Análise de Comportamento - ABA); 2. Modelos com teorias de desenvolvimento (Floortime e as Intervenções de Desenvolvimento de Relações - RDI); e 3. Modelos teorias de ensino estruturado (TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Comunication - Handicapped Children).

Item

Metodologia

Num. de entidades

A

TEACCH

53

B

COMBINAÇÃO

50

C

PECS

24

D

ABA

8

E

INTEGRAÇÃO SENSORIAL

9

F

CURRÍCULO FUNCIONAL NATURAL

6

G

FONOTERAPIA

4

Fonte: MELLO, 2013. Adaptado pela autora, 2022.

29


02.4.1 ABA

02.4.2 TEACCH

ABA (Applied Behavior Analysis)

TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handcapped Children)

O método ABA é uma das técnicas mais utilizadas na abordagem psicoterápica, é empregado em diversos países e embasado por pesquisas científicas que comprovam sua eficácia. Traduzido como Análise Aplicada do Comportamento, a metodologia consiste em modificar os comportamentos considerados inadequados, substituindoos por outros mais funcionais. O objetivo do tratamento baseia-se, principalmente, em identificar os déficits no comportamento social, verbal e na extinção dos comportamentos estereotipados. Assim, uma variedade de procedimentos comportamentais é usada para fortalecer habilidades existentes e modelar aquelas ainda não desenvolvidas. Isso envolve criar oportunidades para que a criança possa aprender e praticar habilidades por meio de incentivos ou reforços positivos, ou seja, premiá-la e elogiá-la a cada comportamento realizado de forma adequada. (SILVA; GAIATO; REVELES, 2012) De acordo com Mello (2001), neste método cada habilidade é ensinada, em geral, em plano individual, de maneira associada a uma indicação ou instrução, levando a criança autista a trabalhar de forma positiva. Em contraponto, uma das críticas realizadas a esses métodos é a “robotização” das crianças, o que para a autora é tido como positivo, já que a ideia é “interferir precocemente o máximo possível, para promover o desenvolvimento da criança, de forma que ela possa ser maximamente independente o mais cedo possível” (MELLO, 2001, p.21). Outrossim, Silva, Gaiato e Reveles (2012) pontuam que durante a terapia comportamental, o profissional que incentiva o aprendizado da criança segue algumas etapas, de acordo com as dificuldades de cada criança:

Outra técnica que pode ser associada à terapia é a TEACCH. Iniciada na década de 1960, guiada pelo Dr. Eric Shopler (SILVA; GAIATO; REVELES, 2012). Conforme Leon e Osório (2011), esse foi o primeiro método científico e comportamental a ser desenvolvido para o tratamento de pessoas com TEA passou a ser utilizado no mundo todo, inclusive em salas de aula. Trata-se de um programa que auxilia as crianças a estruturarem o seu ambiente e a sua rotina. Segundo Silva, Gaiato e Reveles (2012), o TEACCH é um modelo de intervenção que se utiliza da “estrutura externa”, sendo organização de espaço, materiais e atividades, e permite que as crianças do espectro autista criem mentalmente “estruturas internas”, transformando-as em “estratégias”, para que possam crescer e se desenvolver de forma que consigam o máximo de autonomia na idade adulta (SILVA; GAIATO; REVELES, 2012). Conforme Fonseca e Leon (2013) a essência do TEACCH é “o ensino estruturado, que visa a buscar a organização do ambiente por meio das rotinas e atividades como forma de ensino e orientação para novas habilidades funcionais” (FONSECA e LEON, 2013 apud ONZI E GOMES, 2015, pg. 195). Além disso, destaca-se o principal objetivo do programa como sendo propiciar o desenvolvimento de habilidades funcionais e emergentes, principalmente nas áreas de comunicação e autonomia. Portanto, o TEACCH foi criado para ajudar os autistas e suas famílias no dia a dia, e o foco do tratamento é “melhorar a adaptação, principalmente quando se sentem aflitos com mudanças, salientando seus pontos fortes” (WHITMAN, 2015 apud ONZI e GOMES, 2015, pg.195).

Apoio físico: quando o profissional faz a atividade junto com a criança, segurando em sua mão, por exemplo;

De acordo com Leon e Lewis (1997), os pontos de apoio Figura 18: Método TEACCH

do TEACCH seriam: 1.

Apoio leve: um direcionamento para o que deve ser feito;

Uma estrutura física bem delimitada, com cada espaço para uma função;

Apoio verbal: quando se diz o que é para fazer;

2. Atividades com sequência e que as crianças saibam

Apoio gestual: o mostrando o que

3. Uso direto de apoio visual, como cartões, murais.

profissional deve ser

E, por fim, a criança realiza a independente. Esse processo forma gradual, respeitando o criança, para que o aprendizado

o que se exige delas; e

aponta, realizado;

atividade de forma deve ser feito de limite e o ritmo da seja fixado. (Figura 17)

Nesse sentido, a medida que for reavaliando cada criança, consegue-se ir mudando suas rotinas para que ela vá se desenvolvendo. (Figura 18) Figura 17: Método ABA

Fonte: Esporte e inclusão. Disponível em:<https://www.esporteeinclusao.com. br/autismo-infantil/voce-sabe-o-que-e-teacch/>. Acesso em: 20 jun de 2022

Fonte: Ciec. Disponível em:<https:/cieccomportamental.com.br/autismo-eanalise-do-comportamento-aplicada-aba/>. Acesso em: 20 jun de 2022

30


02.4.3 PECS

02.4.4 RDI

PECS (Picture E xchange Communication System)

RDI (Relationship development intervention)

O método PECS foi desenvolvido em 1993 por Andy Bondy e utiliza-se de objetos, palavras impressas, imagens ou ferramentas físicas que combinam os dois, como placas de comunicação, livreto e exibição dos materiais visuais. A associação entre símbolos e atividades facilita tanto na compreensão quanto na comunicação, além de acarretar o encorajamento para a fala (ONZI e GOMES, 2015). É considerado uma alternativa simples, de baixo custo e, quando bem implantada, apresenta resultados inquestionáveis na comunicação por meio de cartões em crianças que não falam, e na organização da linguagem verbal para as crianças que falam, mas que precisam organizar a linguagem (MARINHO e MERKLE, 2009). Conforme estudos de Oliveira et. al (2015), alguns benefícios da aplicação do

O conceito RDI foi criado por Gutstein e sua equipe durante a década de 90. Nesta modalidade, a principal abordagem é a integração dos responsáveis pela criança no tratamento do TEA. Espera-se que os pais orientem os filhos durante o processo, além de aplicarem as atividades na vida cotidiana, promovendo uma maior autonomia e o desenvolvimento de habilidades a longo prazo (SERRANO, 2019). De acordo com Serrano (2019), o RDI ajuda na compreensão de diferentes perspectivas, a lidar com mudanças e a responder a informações integradas de diferentes estímulos. Outrossim, Gutstein menciona em seus textos sobre o conceito de “inteligência dinâmica” em que pontua 6 objetivos principais que garantem a eficiência do RDI na promoção de qualidade de vida (SPIGEL, 2008 apud SERRANO, 2019):

método são: 1.

Referência emocional: aprender sobre as emoções e subjetividade dos outros

Melhora nos aspectos práticos da linguagem oral;

fora de si mesmo;

2. Desenvolvimento da interação social;

Coordenação social: conseguir observar e controlar efetivamente

3. Aumento na frequência de verbalizações;

comportamentos durante a socialização;

4. Ampliação no discurso verbal;

Linguagem declarativa: usar a comunicação verbal e não verbal para

5. Avanço no comportamento sócio comunicativo;

socialização;

6. Acréscimo de intencionalidade na comunicação;

Pensamento flexível: ser capaz de criar, aceitar e adaptar-se a alterações nos

7. Aumento de comportamentos adequados e diminuição

planos de acordo com mudanças;

dos comportamentos inadequados; e

Processamento de informações relacionadas: resolver problemas que

8. Desenvolvimentos de auto ajuda (independência

carecem de soluções claras; e

nas atividades cotidianas dos indivíduos autistas).

Previsão e retrospectiva: pensar em experiências passadas e antecipar

(Figura 19 e 20)

possibilidades futuras com base neles.

Dentre as atividades recomendadas estão tarefas diárias como estudos de expressões faciais e sinais exagerados, ações inesperadas, surpresa ou atípicas, destacar emoções, nomear objetos ou partes do corpo, simular situações para levá-los a questionar, entre outros (SERRANO, 2019). (Figura 21)

Figura 20: Método PECS com expressão de sentimentos

Figura 19: Método PECS com identificação de figuras

Fonte [19 e 20]: Clinica interação. Disponível em:<https:// www.clinicainteracao.com.br/de-que-maneira-o-pecspode-trazer-melhor-qualidade-de-vida-para-a-minhacrianca/>. Acesso em: 20 jun de 2022

31

Figura 21: Método RDI Fonte: RDI Consultants. Disponível em:<https:// rdiconsultantsaustralia.com.au/>. Acesso em: 20 jun de 2022


02.4.5 DIR/FLOORTIME DIR/FLOORTIME

02.4.6 TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS

Figura 22: Método DIR/Floortime Fonte: Psynamo. Disponível em:<https://psynamo.com/wesupport-you/children/dir-floortime/>. Acesso em: 20 jun de 2022

TAA (Terapia Assistida por Animais)

Segundo Cardoso e Ribeiro (2014) o modelo DIR é fundamentado por três elementos chave: O “D” vem de desenvolvimento e remete à evolução da criança por etapas graduais que a ajudam a gerar capacidades para envolverse e relacionar-se com os outros; o “I”, que vem de diferenças Individuais, refere-se às características biológicas, que a criança recebe, regula e responde e que a fazem compreender sensações como o som e o tato, por exemplo; e o “R” advém de bases de relações, que apontam os relacionamentos como fonte de aprendizado das crianças, afetando diretamente sua capacidade de desenvolvimento (CARDOSO e RIBEIRO, 2014). Dentro dos pressupostos do DIR, encontra-se a metodologia Floortime, traduzida como “tempo no chão”. A mesma, possui como principal estratégia sistematizar a brincadeira com a criança e proporcionar a progressão dela sobre as etapas do desenvolvimento (CARDOSO e RIBEIRO, 2014). Para mais, essa abordagem baseiase no conceito de que emoção é fundamental para o crescimento do cérebro e evolução mental e que tal desenvolvimento é conseguido por interações no chão (BREINBAUER, 2006; GREENSPAN; WIEDER, 2006 apud CARDOSO E RIBEIRO, 2014).

A Terapia Assistida por Animais (TAA) consiste na utilização de animais como coterapeutas que auxiliam as pessoas a evoluir positivamente em seus quadros físicos, emocionais e sociais (SILVA et al., 2017, apud SANTOS, et al. 2020). A Cinoterapia, em específico, é caracterizada por utilizar o auxílio de cães no tratamento. As sessões são multidisciplinares compostas por profissionais da área da educação e saúde, com prática educacional e social, que se utilizam do contato com o cão como um instrumento reforçador, estimulador e facilitador da reabilitação global de pessoas (SILVA et. al, 2015). Já que para esse processo terapêutico o animal é tido como uma parte essencial, o processo de escolha é muito importante, por isso a equipe deve ficar atenta às características dos animais, respeitando sempre o tempo de cada animal e seus limites. Segundo Andrade (2021), os animais mais utilizados para TAA são cães, aves, cavalos e animais aquáticos como botos. Os animais domésticos, por estarem mais perto do homem e de conseguir sua admiração, são mais fáceis de manejar e os mais adequados nesses tratamentos, além de possuírem um porte menor. Ademais, dentre os animais domésticos, o cão é o mais utilizado, pois possuem características peculiares, inteligência, percepção, e tem um temperamento melhor (DOT TI, 2014 apud. ANDRADE, 2021). Em seus estudos, Santamaria (2013) salienta que estar em contato com um cão promove alegria, até mesmo para aqueles que não gostam muito de animais. A simples presença da pessoa em um local com o animal, já aguça a observação, promovendo a atenção e uma maior interação da criança com o cão e da criança com outras pessoas ao seu redor (SANTAMARÍA, 2013, apud. ANDRADE, 2021). (Figura 23) Silva (2013) ainda ressalta a importância dos exercícios voltados para a criança fazer um esforço em tocar no cão, como por exemplo, acariciar e pentear, o que promove resultados incríveis na evolução dessa criança. Andrade (2021) ainda pontua os benefícios provocados pela terapia assistida por animais, no geral. (Gráfico 02)

Nesse sentido, Greenspan e Winder (2006 apud DIOGO E SILVA, 2021) destacam que a forma de estabelecer relações passam por cinco fases principais, sendo elas: 1. 2. 3.

4. 5.

Avaliar e observar como a criança brinca, assim como a fase do brincar, para que se possa encontrar a melhor forma de seguir sua liderança; Abrir círculos de comunicação, a fim de que se estabeleça algum vínculo com a criança; Seguir a liderança da criança ao brincar, entrando em seu mundo e adicionando significados a ele, sabendo que o interesse da criança é a porta de entrada para acessá-la; Expandir a brincadeira, da forma menos complexa para a mais complexa, a fim de estimular suas habilidades; e Fechar os círculos de comunicação, dando valor a comunicação recíproca. (Figura 22)

Gráfico 02: Benefícios da Terapia Assistida por Animais

23%

32%

Redução do estresse Redução dos problemas de fala

12% 11%

Aumento da socialização

Diminuição do comportamento agressivo

22%

Melhora na coordenação motora

Fonte: ANDRADE, 2021. Adaptado pela autora, 2022.

32


02.4.7 SALAR SNOEZELEN Assim, o ambiente multissensorial oferece aos seus usuários um desafio cognitivo, permitindo trocas e oportunidades para apreciarem e controlarem diversos tipos de experiências. De acordo com Sella (2008, apud. LAUREANO, 2017) alguns benefícios elencados são:

SALAS SNOEZELEN A terapia Snoezelen foi criada em 1970, por dois terapeutas dos Países Baixos, Ad Verhel e Jan Hulsegge. Eles desenvolveram um novo conceito de estimulação sensorial para melhorar o bem-estar de pessoas com inabilidades severas e profundas. Em concordância, a Sala Snoezelen é um exemplo de ambiente multissensorial (MSE) que “trabalha a estimulação e a aprendizagem sensóriomotora a partir de equipamentos e mobiliários específicos”. (LAUREANO, 2017, pg.65) A origem do termo snoezelen advém de uma palavra holandesa formada a partir da aglutinação de “snufflen” (explorar) e “doezelen” (relaxar). É um conceito multifuncional, voltado para ambientes internos e de acordo com Sella (2008), criado para oferecer estímulos que despertam e liberam as percepções sensoriais (SELLA, 2008, p. 18 apud LAUREANO, 2017). Em resumo, conforme Laureano (2017), a finalidade do espaço é incentivar, facilitar e permitir que o usuário faça sua escolha. Efeitos de luzes, imagens, texturas, sons, cheiros e sabores são utilizados por meio de equipamentos que fazem parte do conceito funcional de uma Sala Snoezelen, como exemplo é possível citar projetores, colunas de bolhas (bubble tubes), painéis e assoalhos interativos, fibras ópticas, espelho esférico e mangueiras fluorescentes (LAUREANO, 2017). (Figuras 24, 25, 26 e 27)

Aumenta a atenção, concentração / foco; Desperta a memória; Eleva a autoestima; Desperta a sensibilidade (emoção); Melhora a criatividade; Melhora o desenvolvimento motor e a coordenação; Incentiva e exploração do ambiente e a interação; Desenvolve a comunicação verbal; Diminui a agressividade, despertando o relaxamento físico; e Aumenta a oportunidade de escolhas. Figura 27: Luzes como fonte de estímulos sensoriais

Figura 25: Interação com elementos sensoriais Figura 24: Modelo de sala sensorial Snoezelen

Fonte: Depositphotos. Disponível em:<https:// b r. d e p o s i t p h o t o s . c o m / s t o c k - p h o t o s / snoezelen.html>. Acesso em: 20 jun de 2022.

Fonte [24, 26 e 27]: Abecedário da Educação. Disponível em:<https://www.abecedariodaeducacao.pt/2019/06/25/ salas-snoezelen-a-importancia-da-estimulacao-dossentidos/>. Acesso em: 20 jun de 2022.

Figura 23: Terapia assistitida por cães Fonte: Portal Hospitais Brasil. Disponível em:<https:// portalhospitaisbrasil.com.br/cinoterapia-conheca-os-beneficiosda-terapia-assistida-por-caes/>. Acesso em: 20 jun de 2022. Adaptado pela autora.

Figura

26:

Interação

com

elementos

estimulação sensorial

de




Com base nos últimos dados oficiais, Mello et al. (2013) analisa que seriam necessárias 40 mil novas instituições para cuidar dos cidadãos com transtornos globais de desenvolvimento. Em 2022, de fato, o valor seria consideravelmente aumentado. Outrossim, observa-se que já havia uma falta de instituições especializadas em terapias complementares ao aprendizado. (Tabela 02)

A fim de compreender melhor o cenário do país, foi necessário realizar um estudo a respeito dos avanços conquistados nos ultimos anos. O presente capítulo aborda os dados estatísticos existentes, assim como os aspectos importantes da legislação vigente.

03.1 DADOS ESTATÍSTICOS

Tabela 02: Número de instituições existentes e número de instituições necessárias para

Apesar do aumento global de diagnósticos de TEA, o Brasil não possui dados oficiais censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contudo, a Associação dos Amigos Autistas (AMA), no livro “Retratos do Autismo no Brasil” estima que em 2010, quase 1,2 milhões de habitantes do país seriam autistas (MELLO et al. 2013, pg. 40). No mais, se este valor for atualizado, seguindo o coeficiente de Mello (2013), e utilizando a população estimada do Brasil em 2021 pelo IBGE, é possível que se tenha aproximadamente 1,4 milhões de autistas no Brasil atualmente. (Figura 28)

atender à população com autismo por região brasileira, em 2013.

Figura 28: Dados e estatísticas do Autismo MUNDIAL

Núm. de inst. existentes

Num. de assistidos

Num. de inst. necessárias

CO

8

178

3.915

NE

13

393

3.254

N

6

173

9.435

SE

67

2.302

14.238

S

12

234

8.707

TOTAIS

106

3.280

39.594

Fonte: MELLO, 2013. Adaptado pela autora, 2022.

Ainda nos relatos de Mello (2013), no que se refere ao estado do Espírito Santo, durante o último censo, nota-se um contraste quanto a quantidade de instituições que realizam o atendimento. Com apenas uma instituição cadastrada, o ES é o estado do Sudeste com menor quantidade de instituições. Atualizando os dados, segundo a Associação dos Amigos Autistas do Espírito Santo (AMAES), atualmente tem 542 crianças na fila de espera para atendimento, o que comprova a carência do estado em serviços especializados. (Figura 29)

1 a cada 44 crianças é diagnosticada com TEA.

NACIONAL

Região

De acordo com dados estimados de 2022, pelo IBGE, há aproximadamente 213 milhões

Figura 29: Dados numéricos de crianças atendidas e na fila de espera no ES, em 2022.

de pessoas no Brasil. Seguindo a proporção realizada por Mello em 2010, o Brasil pode ter

342

apoximadamente 1,4 milhões de autistas.

ESTADUAL Conforme dados da Associação dos Amigos

542

1938

Autistas

Na lista de

Atendimentos

acompanhados

espera

mensais

Fonte: AMAES, 21 jun. 2022. Feito pela autora, 2022.

Autistas do Espírito Santo (AMAES), 345 pessoas com Autismo são atendidas no

É válido ressaltar que em 2019, foi sancionada a Lei 13.861/19, que obriga o IBGE a inserir perguntas sobre o autismo nos próximos censos oficiais (BRASIL, 2019). Avanços como esse são de extrema importância para criação de políticas públicas, pois quantificam e localizam as pessoas com TEA no país.

Espírito Santo.

Fonte: MELLO, 2013; IBGE, 2022; AMAES, 2022. Feito pela autora, 2022.

36


03.2 LEGISLAÇÃO No que diz respeito ao âmbito educacional, a Lei nº 9.394, de 1996, estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e assegura atendimento especializado e gratuito àqueles que apresentam alguma condição excepcional. (BRASIL, 1996).

De fato, o Brasil é um país que adotou medidas tardias para a inclusão de pessoas com deficiência no geral, sobretudo para pessoas autistas. Até o início do século XXI, o estado brasileiro não provia nenhuma estratégia para o acolhimento de crianças e adolescentes com deficiências intelectuais. A carência de recursos e instituições públicas que amparasse os autistas e seus responsáveis fez com que surgissem iniciativas dos próprios grupos familiares. Sendo assim, em 1983, anteriormente à criação do Sistema único de saúde (SUS), surge o primeiro grupo organizado por pais, a Associação dos Amigos dos Autistas de São Paulo (AMA - SP). O objetivo principal foi “fomentar a busca de conhecimento e a troca de experiências sobre o autismo” (MELLO, 2005; MELLO et al., 2013 apud OLIVEIRA, 2017, pág. 709). No contexto atual, os indivíduos com TEA são amparados legalmente por legislações no âmbito federal e estadual. Primeiramente, no âmbito nacional, destacase a Constituição Federal de 1988, a qual impõe em diversos artigos, questões de assistência, proteção social e equidade das pessoas com deficiência em relação às áreas da saúde, educação e mercado de trabalho. (BRASIL, 1988) Dá-se importância a Lei nº 8.069 do ano de 1990 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e garante os direitos referentes à vida, sem discriminação de qualquer condição que a criança ou jovem apresente (BRASIL, 1990).

“A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurandose-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.” (BRASIL, 1990)

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)” (BRASIL, 1996)

Parágrafo único

Art. 3º

Art. 4º

“O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

“Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)” (BRASIL, 1990)

“Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.” (BRASIL, 1996)

Art. 58º 37


03.2 LEGISLAÇÃO É importante destacar também a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência)” e visa assegurar e promover condições de igualdade para pessoas com deficiência. Dentre seus pressupostos, evidencia-se no Art. 3º, a garantia de acessibilidade universal, desenho universal, tecnologia assistiva e inclusão social. Destaca-se na área da arquitetura e urbanismo os parágrafos a seguir:

No dia 27 de dezembro de 2012, foi sancionada a Lei nº 12.764, que “institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista” (BRASIL, 2012). Além de reconhecer, no Art. 2º, a pessoa com transtorno do espectro autista (TEA) como “pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais” (BRASIL, 2012), produz incidências em diversos campos, como na esfera assistencial, político/gestora, científico/acadêmica, educacional/pedagógica, bem como no campo dos direitos básicos. (OLIVEIRA et al., 2017). Essa lei foi batizada de “Lei Berenice Piana”, referindo-se a uma mãe de pessoa autista que luta continuamente pelos direitos. Recentemente, essa lei foi atualizada com o sancionamento da Lei n.° 13.977/2020, que criou a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIP TEA), em que ressalta a atenção prioritária e integral nos atendimentos em serviços públicos e privados. Essa lei agiu como um avanço devido a impossibilidade de identificar o autismo visualmente,

Ar t . 3º

“Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva; IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em: a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados; VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes de obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico;

o que frequentemente gera obstáculos ao acesso a atendimentos prioritários e a serviços de direito dos autistas, como vagas prioritárias. Ela foi batizada de “Lei Romeo Mion”, homenageando o filho do artista Marcos Mion que possui o transtorno.

Ar t . 3º

“São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista: I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer; II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração; III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo: a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo; b) o atendimento multiprofissional; c) a nutrição adequada e a terapia nutricional; d) os medicamentos; e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento; IV - o acesso: a) à educação e ao ensino profissionalizante; b) à moradia, inclusive à residência protegida; c) ao mercado de trabalho; d) à previdência social e à assistência social.” (BRASIL, 2020)

Continua [...]

38


03.3 INSTITUIÇÕES DE ATENDIMENTO Atualmente, no Brasil, são várias as tipologias de instituições encarregadas pelo atendimento a pessoas dentro do espectro autista. Mello et. al (2013), já dividia essas instituições em AMAs, APAEs, associações diversas (familiares e/ou profissionais) clínicas, escolas particulares e órgãos públicos, como CAPS, escolas, centros de apoio vinculados a universidades e hospitais. (MELLO et al., 2013) (Figura 30)

[...] Conclusão

VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga.” (BRASIL, 2015)

Figura 30: Diferentes tipos de locais de atendimento

AMA, ABRA, ABRAÇA

APAE

Associações que tem o intuito de garantir atendimento assistencial complementar.

Para além dos aspectos legais, é válido ressaltar que o dia 2 de abril foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2007, como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Essa data foi escolhida com o objetivo de levar informação à população para reduzir a discriminação e o preconceito contra os indivíduos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nesse sentido, no ano de 2018, foi sancionado o decreto que institui o Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo e incorpora o Dia da Conscientização do Autismo no calendário nacional. Também, é importante destacar a publicação da primeira edição do livro chamado “Retratos do Autismo no Brasil”, em 2013 pela Secretaria de Direitos Humanos. O livro não representa efetivamente uma legislação, porém, possui um compilado de orientações à comunidade em relação às condições do TEA, apresentando dados, pesquisas sobre os tratamentos e recomendações aos profissionais. Salienta-se a relevância deste material, pois permite maior visibilidade do assunto pela população brasileira, que por sua vez, passa a ter maior conhecimento e capacidade de lidar com as condições apresentadas pelo autismo. Por fim, na Legislação Estadual, destaca-se a Constituição Estadual do Estado do Espírito Santo, de 1989, com artigos que garantem a reserva de vagas em cargos públicos, supervisão de estabelecimentos que abriguem indivíduos submetidos às condições especiais, prestação de serviços relacionados à assistência social, integração dos excepcionais, entre outros. Outrossim, mais recentemente, no dia 03 de maio de 2022, foi sancionada a Lei nº 11.601, no Espírito Santo, que garante um prazo indeterminado aos laudos e perícias médicas que atestam o Transtorno do Espectro Autista (ESPÍRITO SANTO, 1989; ESPÍRITO SANTO, 2022).

ESCOLAS DIVERSAS São voltadas para a educação básica e contam com um apoio de um profissional assistente para o auxílio do aluno com TEA

ASSOCIAÇÕES DIVERSAS

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais presta atendimento assistencial para diferentes deficiências, incluindo o autismo

INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS

CAPS E CAPSI O centro de Atenção Psicossocial oferece tratamento psicológico para todos os distúrbios mentais, incluindo o autismo

CLÍNICAS Em sua maioria são locais privados que oferecem tratamento individualizado aos pacientes com TEA, geralmente com fins lucrativos mas que podem ter algumas vagas gratuitas (via convênio) ou bolsas parciais

Fonte: Feito pela autora, 2022.

Sabe-se que o impacto do autismo sobre as famílias é muito grande dos pontos de vista emocional, social e econômico. De acordo com Mello (2013), poucas famílias têm condições econômicas de arcar com o custo do tratamento adequado e, para atender as necessidades geradas pelo autismo, a maioria dependerá, em algum momento, de algum tipo de apoio institucional.

39




04 AUTISMO E ARQUITETURA

04.1 PSICOLOGIA AMBIENTAL E INTEGRAÇÃO SENSORIAL Segundo Laureano (2017), percebe-se na Psicologia Ambiental a forma como os elementos do espaço influenciam nos sentidos, na percepção e posteriormente nas ações dos indivíduos diante de um determinado ambiente. Para Ittelson et. al. (1974), trata-se do questionamento a respeito da interação entre os aspectos psicológicos do homem e seu espaço físico. É o processo que investiga o ambiente como um papel integrador no processo do comportamento humano (IT TELSON et al., 1974, apud LAUREANO,2017). Para Pallasmaa (2011) muitas vezes a arquitetura pode sofrer uma forte funcionalização, o que torna as edificações puramente instrumentais, desprovidos de significado mental, para fins de utilidade e economia. Nesse sentido, ele se volta aos estudos da psicologia ambiental, a fim de compreender as relações entre usuários e espaços, sendo eles construídos ou não. De acordo com Okamoto (2002), as etapas da psicologia ambiental são:

É fato que o ser humano constantemente modifica os locais em que está inserido. Além disso, esses ambientes podem influenciar significativamente o comportamento do indivíduo, isso acontece devido aos estímulos ambientais recebidos e a forma como a pessoa lida com a informação. Conforme os conceitos de Pallasmaa (2005), a arquitetura está interligada aos sentidos humanos. O autor aborda o conceito da influência que os sentidos têm para a experiência e compreensão do ambiente em que vivemos, de modo que “a arquitetura seria uma extensão da natureza no reino criado pelo homem, a qual fornece o terreno para a percepção e o horizonte de experimentar e compreender o mundo” (PALLASMAA, 2005, pg. 41 apud LAUREANO, 2017, pg. 57). Para mais, acredita-se que a arquitetura possui a capacidade de tocar a sensibilidade humana, podendo ser utilizada como instrumento terapêutico na inclusão de crianças com transtornos de comportamento (MIRANDA e GUARNIERI, 2018). Por conseguinte, é essencial compreender a forma como os elementos arquitetônicos podem ajudar a condicionar os estímulos mais adequados às crianças autistas, visto que possuem uma forma distinta de receber os estímulos. (Figura 31, 32, 33, 34)

1. Estímulos: Os indivíduos sofrem estímulos dos “elementos objetivos”, que são advindos da composição arquitetônica espacial; 2. Percepção: Há o recebimento da informação, que são selecionadas e transformadas em mensagem legível; 3. Consciência: Ocorre o processamento das informações; e 4. Comportamento: O indivíduo reage aos estímulos recebidos. (Figura 35)

Figura 31: Uso de cores no ambiente clinico Figura 33: Iinserção de vegetação para humanização de ambientes

Figura 35: Etapas da psicologia ambiental. Figura 34: Formas organicas e elementos de interação com a arquitetura

ESTÍMULOS PERCEPÇÃO

Fonte: Archdaily. Disponível em:< https://www.archdaily. com.br/br/ 01-163632/hospitalinfantil-nemours-slashs t a n l ey - b e a m a n - a n d - s e a r s > .

Figura 32: Efeito da iluminação e das cores para humanização dos ambientes Fonte: TK Designer. Disponível em:< https:/ www.tkdesigner.com.br/hospital-infantilna-tailandia/ >. Acesso em: 22 jun de 2022

CONSCIÊNCIA Fonte: Archdaily. Disponível em:< https://www.archdaily.com/243486/ childrens-hospital-zurich-herzogde-meuron?ad_medium=gallery>. Acesso em: 22 jun de 2022 Fonte: Archdaily. Disponível em:<https://www.archdaily. com.br/br/930734/caboolture-gp-super-clinic-wilsonarchitects>. Acesso em: 22 jun de 2022

42

COMPORTAMENTO Fonte: Feito pela autora, 2022.


Em complemento, em 1974, Mehrabian e Russell desenvolveram o modelo Estímulo-Organismo-Resposta (EOR), que também visa explicar os efeitos que a atmosfera exerce sobre as emoções e os comportamentos das pessoas. Para os autores, “os estímulos (E) físicos ou sociais presentes no ambiente são processados pelo organismo (O), despertando respostas comportamentais (R) de aproximação ou afastamento em relação ao ambiente.” (MEHRABIAN; RUSSELL, 1974 apud BARBOSA, 2014, pg. 51). (Figura 36)

A técnica da Integração Sensorial foi desenvolvida pela terapeuta ocupacional Jean Ayres, na década de 70, e tem como objetivo promover a ambientação necessária para o indivíduo conseguir desenvolver os seus sentidos. Segundo Laureano (2017), o cérebro é capaz de dar uma resposta adaptativa, de forma a organizar as sensações do corpo. No entanto, como visto anteriormente, as dificuldades sensoriais são recorrentes em indivíduos autistas, já que as reações podem se apresentar com a hipossensibilidade ou a hipersensibilidade. Logo, a integração sensorial possibilita a “organização de informações sensoriais, provenientes de diferentes canais sensoriais, e a habilidade de relacionar estímulos de um canal a outro, de forma a emitir uma resposta adaptativa.” (LAUREANO, 2017, pg.48). (Figura 37)

Figura 36: Modelo EOR de Mehrabian e Russell ESTÍMULOS

TEMPERATURA LUZ SOM CORES TEXTURAS

DO AMBIENTE

“A terapia de Integração Sensorial usa exercícios neuro-sensoriais e neuromotores para estimular a própria capacidade do cérebro em se reparar, e pretende desenvolver, entre outras habilidades, a atenção, a concentração, a audição, a compreensão, o equilíbrio, a coordenação e o controle da impulsividade”

PRAZER EXCITAÇÃO DOMÍNIO INCÔMODO DESPRAZER

ESTADO EMOCIONAL

(LAUREANO, 2017, pg. 48.) Figura 37: Relação integração sensorial e resultados.

PSICOLOGIA AMBIENTAL

APROXIMAÇÃO OU AFASTAMENTO

RESPOSTAS

AMBIÊNCIA

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES Fonte: DONOVAN E ROSSITER, 1982, apud BARBOSA, 2014. Adaptado pela

INTEGRAÇÃO

RESPOSTA

autora, 2022.

SENSORIAL

ADAP TATIVA

É importante ressaltar que as pessoas possuem sua singularidade e individualidade, e todo espaço é passível da manifestação de sua identidade pessoal. Com isso, vê-se a importância de estudar e planejar espaços construídos para pessoas com TEA. O arquiteto deve buscar alternativas para conceber espaços direcionados a esses usuários, pois suas expectativas e necessidades sensoriais dependem de uma resposta positiva do ambiente, interferindo diretamente na qualidade do seu desenvolvimento psíquico e motor. (ZIESEL, 2006 apud. LAUREANO, 2017)

Fonte: Autora, 2022.

Outrossim, de acordo com Laureano (2017), os aspectos construtivos de concepção, uso e operação de um espaço estão ligados à sua forma, cor, luz, materiais utilizados, layout, etc. Além disso, eles estão diretamente ligados aos conceitos de conforto, funcionalidade e bem estar dos usuários.

43


04.2 FATORES QUE INFLUENCIAM O BEM ESTAR

ELEMENTOS CONSTRUTIVOS

A Organização Mundial da Saúde adverte que “[...] saúde não é apenas ausência de doença e enfermidade, mas um estado de bem-estar físico, mental e social ótimo” (VOORDT E WEGEN, 2013, p.195). No que tange a arquitetura, há inúmeros fatores ambientais que podem ser utilizados em projetos para influenciar o bem estar dos usuários, assim como para controlar os estímulos gerados, otimizando o tratamento de transtornos mentais. Para além, quando se trata do bem estar na arquitetura, é válido ressaltar que o tema também abrange os ambientes externos. Os tratamentos voltados ao autismo deveriam alternar os contatos entre espaços públicos e privados. Mesmo que os espaços fechados ajudem essas crianças a focar e aumentar seu tempo de concentração, é imprescindível o incentivo aos movimentos ao ar livre. (MIRANDA E GUARNIERI, 2018) É importante salientar que hospitais e clínicas podem ser ambientes que geram altos níveis de estresse e ansiedade, sobretudo quando se relaciona com crianças autistas. Assim, a discussão sobre aspectos que melhoram a experiência do usuário no atendimento faz-se importante. 04.2.1 Elementos de estimulação sensorial

MATERIAIS E ACABAMENTOS

FORMAS

O espaço deve oferecer conforto e segurança aos usuários, sobretudo nas atividades de impacto. É necessário se ater à utilização de materiais resistentes, com superfícies lisas, de preferência em alvenaria rebocada e pintada. Também, para o piso, priorizar os acabamentos em materiais emborrachados e vinílicos, evitando pisos escorregadios ou frios. (Figura 38)

Há uma liberdade quanto à volumetria arquitetônica, desde que não interfira na funcionalidade e na acessibilidade. Devem possibilitar um trabalho tátil e visual, que colabore no desenvolvimento da consciência corporal e cognitiva do autista, estimulando sempre a autonomia.

Laureano (2017) realiza um estudo sobre os estímulos gerados pelos ambientes e a forma como eles acionam a expressão e a comunicação entre o indivíduo e o espaço. É possível distinguir esses elementos sensoriais em duas categorias principais: Elementos construtivos e Elementos de conforto ambiental. 04.2.1.1 Elementos construtivos Trata-se de elementos pertencentes à infraestrutura construtiva do ambiente. Estes, possibilitam a compatibilização do espaço com a função desempenhada e contam com elementos como: Materiais de acabamento; Formas e cores; Layout; Equipamentos e mobiliários. Laureano (2017) ainda destaca a importância da acessibilidade universal a esses espaços, garantindo aos usuários condições físicas e psicológicas adequadas, bem como acesso irrestrito e seguro às funções desempenhadas no ambiente.

DINAMICIDADE A dinamicidade está diretamente ligada com a multifuncionalidade do ambiente, como na utilização das circulações como áreas de estar. Destaca-se a utilização de paredes curvas para tornar o espaço dinâmico, à medida que evitam quinas repentinas e podem auxiliar no deslocamento do usuário pela edificação. (Figura 39)

44

Figura [38 e 39]: Paredes curvas com cores neutras em ambientes hospitalares Fonte: Archdaily. Disponível em:<https://www.archdaily. c o m . b r / b r / 9 3 5 1 3 3/ h o s p i t a l - i n fa n t i l - e k h - i f - i n t e g r a t e d field?ad_medium=gallery>. Acesso em: 23 jun de 2022


04.2.1.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS

CORES E TEXTURAS

LAYOUT

EQUIPAMENTOS E MOBILIÁRIOS

A utilização de cores é um aspecto importante na formação do ambiente, elas exercem grande influência nas terapias sensoriais. Elas deverão ser neutras, em sua maioria, podendo ser aplicadas, em determinados elementos, cores mais marcantes, evitando o excesso dos estímulos oferecidos às crianças. Laureano (2017) sugere utilizar cores nos elementos que possam ser modificados ou guardados quando necessário. Para mais, é importante prever que o teto e algumas paredes sejam de cor branca, para possibilitar a projeção de imagens e cores no ambiente, sobretudo nos espaços multissensoriais.

Precisa estabelecer um espaço seguro, funcional e acessível. Deve-se planejar espaços com circulações livres de obstáculos que garantam a acessibilidade universal. Ademais, é sugerido a utilização de um layout flexível, que possa propiciar diferentes usos por distintos profissionais. Alguns elementos como painéis, cortinas e divisórias móveis, possibilitam o uso dos espaços de diferentes formas, podendo se moldar a partir da necessidade de uso individual ou coletivo por diferentes profissionais.

É importante especificar mobiliários que permitam a flexibilidade do ambiente, garantam a ergonomia, e que haja a possibilidade de guardar o material em locais fechados. Além disso, podem ser utilizados como forma de promover nichos ou barreiras, destacando assim o espaço pessoal, seja ele individual ou coletivo. (Figura 41)

De acordo com Sella (2008), quando as cores são utilizadas de forma correta, o usuário se apresenta em harmonia e equilíbrio com o seu meio. A autora indica algumas cores a serem trabalhadas na “cromoterapia” em salas multissensoriais: vermelho, laranja, amarelo, turquesa, azul, verde, violeta e magenta. (Figura 40)

ESPAÇOS AO AR LIVRE É essencial que os espaços externos estejam presentes. Eles promovem uma parte essencial da consciência ambiental do indivíduo, podendo proporcionar a sensação de independência. Outrossim, as paisagens naturais, com a utilização de vegetação, podem proporcionar relações sensoriais, seja ela de forma visual ou apropriativa. (BEAVER, 2006)

Figura 40: Utilização da cromoterapia em sala sensorial Fonte: Sensori. Disponível em:<http://sensori.com. b r / A m b i e n t e / i n d ex / Y W 1 i aW Vu d GU t c 2 F sY X M = > . Acesso em: 23 jun de 2022

45

Sobre os espelhos, é importante considerar que algumas crianças autistas apresentam agressividade e podem se bater ou exercer certa força sobre esses objetos. Sendo assim, é importante prever uma película transparente sobre eles, proporcionando maior segurança em caso de ruptura.

Figura 41: Armários com opções de armazenamento fechado. Fonte: Dezeen. Disponível em:<https://www. d e z e e n . c o m / 2 0 1 9/ 0 1 / 1 5 / a t e r- a r c h i t e c t s clinic-kiev-interiors/>. Acesso em: 23 jun de 2022


04.2.1.2 ELEMENTOS DE CONFORTO AMBIENTAL Os elementos de conforto ambiental relacionam-se com os aspectos construtivos, mas também possuem um papel essencial na garantia de bem-estar aos usuários. Dentre os elementos que o conforto pode proporcionar, é possível determinar três grupos majoritários, que são o Conforto Acústico, Conforto Lumínico e Conforto Térmico. A possibilidade de controle dessas condições de uso permite a melhor relação do homem com o ambiente e consequentemente a melhora no desempenho das atividades.

ELEMENTOS DE CONFORTO AMBIENTAL

CONFORTO ACÚSTICO É imprescindível a importância da qualidade acústica nos ambientes terapêuticos. A atenção a esse aspecto advém tanto dos sons produzidos no interior quanto aos que provêm do exterior do ambiente. Desse modo, é importante se atentar a materialidade da edificação, assim como às superfícies e móveis, especificando materiais que promovem a absorção do ruído. Além de estudar a posição dos ambientes quanto ao zoneamento interno e em relação ao posicionamento no entorno do terreno, como por exemplo, evitar que ambientes de alta concentração fiquem próximos de ruas movimentadas ou ambientes com aglomeração de pessoas, como parques, praças e pátios.

Laureano (2017) destaca que quanto maior a absorção, menos o som é refletido e rebatido dentro do ambiente. A fim de evitar a reverberação do som, indica-se: 1. Para sons internos: Acabamentos como madeira, tecidos, cortiça e pisos emborrachados. 2. Para sons externos: Paredes de alvenaria ou divisórias duplas, com preenchimento interno

CONFORTO LUMÍNICO

CONFORTO TÉRMICO

A qualidade da iluminação garante um melhor desenvolvimento das atividades terapêuticas. É importante permitir ampla incidência de luz natural pelas esquadrias, pois além do efeito luminoso, também garante uma visão nítida e direta do mundo. Além disso, é interessante que se tenha uma possibilidade de controle

A ventilação está diretamente relacionada ao conforto térmico, podendo ser natural ou mecânica. Visando a maior qualidade no interior do ambiente, deve-se proporcionar a renovação do ar, sobretudo de forma cruzada. Nesse sentido, é necessário prever esquadrias que proporcionem iluminação e ventilação,

de iluminação com cortinas. No que diz respeito a iluminação artificial, é importante evitar um único ponto de luz, distribuindo regularmente as luminárias pelo teto, exceto para atividades que requerem um maior foco. Também, não é indicado lâmpadas fluorescentes tubulares, pois elas podem piscar e emitir sons que incomodam as crianças com hipersensibilidade auditiva. Indica-se as incandescentes, halógenas e de LED.

posicionadas de forma estratégica. Em períodos climáticos mais quentes é importante que se tenha a ventilação mecânica. Para tal, o equipamento mais indicado é o ar-condicionado Split, por ser o modelo mais silencioso.

A iluminação pode proporcionar uma interação física e lúdica das crianças a partir da configuração da luz. Além da iluminação cênica, é possível utilizála através de elementos diversos, com a proposta de oferecer estímulos que despertam e liberam as percepções sensoriais.

para o isolamento acústico.

A fim de garantir a ventilação cruzada, uma estratégia é projetar janelas que permitam a abertura e que estejam na parede em frente à porta, para gerar o fluxo do vento. (Figura 42) Figura 42: Esquema de ventilação cruzada

Fonte: Projeteee. Disponível em:<http://www.mme.gov. br/projeteee/estrategias-bioclimaticas/>. Acesso em: 23 jun de 2022

46


04.3 DIRETRIZES PROJETUAIS MAGDA MOSTAFA Quadro 02 : Dicas para ambientes terapêuticos

DICAS PARA AMBIENTES TERAPÊUTICOS - Uma pequena parede frente à porta serve para “receber” o usuário, possibilitando um contato inicial com o ambiente por meio de um painel. Assim o autista não tem o contato visual direto com toda a sala, permitindo uma exploração gradativa com todos os equipamentos; - O canto das almofadas também foi um item muito apreciado pelos profissionais. Visando um espaço mais flexível e confortável, o uso das almofadas pode oferecer diversas possibilidades para o profissional explorar as atividades táteis, de equilíbrio e de atenção; - Para um trabalho mais focado junto à criança, é importante prever um espaço com uma mesa para o fonoaudiólogo. Sugere-se que esse mobiliário esteja localizado próxima à parede, onde a criança possa sentar de costas para os equipamentos, evitando possíveis distrações Fonte: LAUREANO, 2017. Feito pela Autora, 2022.

04.3 DIRETRIZES PROJETUAIS MAGDA MOSTAFA Magda Mostafa, durante seu doutorado na Universidade de Cairo, em 2002, recebeu uma proposta de projetar o primeiro centro educacional para autistas do Egito, que foi usado como referência projetual no presente trabalho. No entanto, começou a perceber a dificuldade em encontrar informações sobre o assunto. Desse modo, dedicou seus estudos ao tema e teve como resultado o desenvolvimento de diretrizes e conceitos sobre projetar um ambiente para pessoas com TEA . Para delinear essas diretrizes, Mostafa (2015) observou problemas sensoriais nos espaços físicos, sobretudo no ambiente escolar. A partir disso, a arquiteta definiu ao total oito diretrizes, denominadas ASPECTSS. Elas funcionam como dicas para o desenvolvimento de ambientes congruentes com as necessidades dos usuários em questão. Essas diretrizes são reconhecidas mundialmente como o primeiro estudo concreto sobre planejamento de espaços para autistas.

Acoustics (Acústica) Por determinar que o ruído seja um dos principais elementos que causam desconforto, este critério propõe que a acústica seja controlada para minimizar os ruídos externos e reverberações. Além disso, o nível de controle varia de acordo com a atividade exercida pelo usuário no espaço específico. Spatial sequencing (Sequenciamento espacial) Organizar áreas de forma ordenada e lógica, com base no típico uso dos espaços. O trânsito entre ambientes deve fluir perfeitamente, quanto possível, de uma atividade para a próxima, por meio da circulação unidirecional, e com interrupção e distração mínima Escape space (Zonas de escape) O objetivo destes espaços é proporcionar um auxílio para o usuário autista quando se encontra uma sobrecarga sensorial no ambiente. Estes espaços podem incluir uma pequena área em uma porção silenciosa de uma sala, ou em todo um edifício. Esses espaços devem fornecer um ambiente sensitivo neutro, com estimulação mínima, e que, se possível, pode ser alterado caso seja da vontade do usuário. Compartmentalization (Compartimentalização) Definir e limitar o ambiente sensorial de cada atividade, organizando uma sala de aula ou mesmo um edifício inteiro em compartimentos. Destes, cada um deve incluir uma função única e claramente definida e de consequente qualidade sensorial. É necessário relacionar os usos com elementos visuais que diferenciam e formam uma associação com o espaço. Transitions (Transições) A presença de zonas de transição ajuda o usuário a reequilibrar seus sentidos à medida que se deslocam de um nível de estímulo para o próximo. Estas zonas podem assumir uma variedade de formas, e podem ser ambientes internos ou circulações, mas que demonstram uma mudança espacial. Sensory Zoning (Zoneamento sensorial) Este critério propõe que, ao projetar para o autismo, os espaços devem ser organizados de acordo com sua qualidade sensorial. Isso requer espaços de agrupamento de acordo com seu nível de estímulo permitido, dividido em estímulos do baixo ao alto, com zonas de transição auxiliando a mudança de uma zona para outra. Safety (segurança) Um ponto importante para projetar ambientes para pessoas com autismo, é a segurança, ainda mais uma preocupação para as crianças que podem ter uma sensação alterada de seu ambiente. Deve-se retirar elementos que possam causar danos físicos, como bordas afiadas, elementos em altura, vidros, entre outros.

47




05.1 ADVANCE CENTER FOR AUTISM Figura 44: Desenho volumétrico Advance Center For Autism

FICHA TÉCNICA Arquiteta: Magda Mostafa Local: Cairo, Egito Ano: 2007 Área: 4200m² Status: Não construído

CONCEITO O principal objetivo da escola foi proporcionar um espaço que reduzisse as percepções sensoriais desnecessárias, aumentando a qualidade do período de aprendizado, possibilitando a interação entre os alunos e gerando a integração com a sociedade. A palavra chave para o projeto é “Independência”, sendo o principal objetivo de todas as estratégias, segundo ela “[…] a arquitetura tem um tremendo poder de ajudar indivíduos com autismo, e outras deficiências, a ganhar independência. Na medida em que o autismo atrapalha sua independência, uma arquitetura apropriada pode ajudar a recuperá-la” (MOSTAFA, 2013).

LOCALIZAÇÃO O projeto localiza-se em uma área majoritariamente residencial com baixa densidade de construções e com edifícios considerados baixos, de até 4 pavimentos no seu entorno. Também foi utilizado uma área distante do centro, cerca de 25km, com fácil acesso de veículo particular ou transporte público. Além disso, a região de implantação era considerada calma, cercada de áreas verdes. Figura 45: Madga Mostafa Fonte: ASPECCTS. Disponível em: < https://www.autism.

Figura 43: Desenho volumétrico Advance Center For Autism

archi/single-post/magda-mostafa-ranked-as-one-of-

Fonte [43 e 44]: Archtecture for autism. Disponível em: < https://architectureforautism.wordpress.com/treatment-centers-for-

the-top-100-scientists-and-researchers-in-africa.>

people-with-autistic-spectrum-disorders/advance-center-for-autism/.> Acesso em: 23 jun. 2022. Adaptado pela autora.

Acesso em: 23 jun. 2022. Adaptado pela autora.

50


SETORIZAÇÃO

Quadro 03: Resumo do Projeto Advance Center For Autism

QUADRO RESUMO

O centro escolar se divide em zonas sensoriais classificadas de baixo a alto estímulo, além da zona de transição (Figura 46). O programa possui salas de aula, administração, salas para atividades físicas, salas para atividades terapêuticas, alojamento e um amplo jardim sensorial.

O projeto foi escolhido por ser considerado um modelo de arquitetura para crianças portadoras de TEA. A proposta foi sintetizada nos seguintes pontos:

01Separação dos blocos por função; 02Criação de jardins e espaços de transição; 03Zoneamento de acordo com os estímulos sensoriais gerados; e

Figura 46: Zonas sensorias - Projeto Advance Center For Autism Zona de alto estímulo Zona de baixo estímulo Zona de transição Circulação

Escolha de um terreno em uma área residencial, com fácil acesso de veículos particulares e transporte público, considerando também as questões acústicas.

04

Fonte: Autora, 2022 Figura 48: Perspectiva zona de transição Projeto Advance Center For Autism

Fonte: Archdaily. Adaptado pela autora, 2022

Visando a fácil compreensão dos usuários, o mesmo é dividido em 4 volumes diferentes e separados, como mostra a Figura 47. São eles: (1) Unidades de alojamento; (2) Centro desportivo; (3) Área de relações públicas e o (4) Edifício de tratamento. A separação dos espaços proporciona zonas de transição que preparam as crianças para a chegada em diferentes ambientes.

Figura 49: Perspectiva espelho d’água Projeto Advance Center For Autism

Figura 47: Setorização - Projeto Advance Center For Autism

1

2

4 3 Figura 50: Perspectiva interna - Projeto Advance Center For Autism

Fonte: Archdaily. Adaptado pela autora, 2022

As duas zonas de Alto Estímulo são conectadas por um corredor amplo, que possui conexão com a área de transição, prepara e direciona a criança para a nova zona. Além disso possui duas entradas principais, uma para o público em geral e outra próxima ao bloco de terapias, para fácil acesso das pessoas.

Fonte [46, 47, 48]: Archdaily. Disponível em: < https://www.archdaily.com/435982/an-interview-with-magda-mostafa-pioneerin-autism-design?ad_medium=gallery> Acesso em: 23 jun. 2022. Adaptado pela autora. Fonte [49, 50]: World Architecture News. Disponível em: < https://www.worldarchitecturenews.com/article/1504785/sensoryperfection> Acesso em: 23 jun. 2022.

51


05.2 CENTER FOR AUTISM AND THE DEVELOPING Figura 52: Mapa de localização aproximado Center for Autism and The Developing Brain

FICHA TÉCNICA Arquiteto: Escritório E4H Architecture Local: White Plains, NY Ano: 2013 Área: Aproximadamente 5.500 m² Status: Construído

CONCEITO Trata-se de um projeto para renovação de um antigo ginásio de esportes e sua transformação em um centro de avaliações, diagnósticos e tratamento de pessoas com TEA. O principal método utilizado é a semelhança de ambientações do dia a dia, buscando internamente lembrar uma cidade completa, com casas, bancos, estações, praças e etc. Possibilitando a geração de situações cotidianas, funcionando como ensinamentos, assim como para criar distinções e setorização lógica.

Figura 53: Fachada - Center for Autism and The Developing Brain Fonte: Daily News. Disponível em: <https://www.

Figura 51: Mapa de localização - Center for Autism and The Developing Brain

tribpub.com/gdpr/nydailynews.com/ > Acesso em: 18

Fonte [51 e 52]: Google Earth. Acesso em: 23 jun. 2022. Adaptado pela autora.

dez. 2021. Adaptado pela autora.

52


Quadro 04: Resumo do projeto Center for Autism and The Developing Brain

SETORIZAÇÃO

QUADRO RESUMO

Dentro do design em formato de vila, as áreas de atendimento foram tratadas como casas que são percorridas por caminhos que levam a encontros centrais. As salas de tratamento possuem abertura para o corredor central de circulação que possui a maior fonte de iluminação natural. As casas também se diferenciam por cores, texturas, tamanhos, a fim de ser facilmente compreendido. Para mais, a parte interna também se tornou um grande passeio por jardins e bancos, tendo a grande atração o teto do ginásio, que possui um céu artificial com nuvens.

A escolha do projeto se deu pela criatividade como trouxe a arquitetura em sua forma infantil. A inspiração foi bastante utilizada no tratamento dos ambientes interiores.

01Diferenciação dos setores trazendo elementos característicos, que podem ser lúdicos;

02agradável;

Uso de cores e formas geométricas para deixar o local mais

Figura 54: Sala - Center for Autism and The Developing Brain

03Uso de janelas mais altas para manter a concentração;

JANELAS ALTAS E COM FORMAS GEOMÉTRICAS

04Janelas de observação para os pais em ambientes necessários;

DELIMITAÇÃO DE ESPAÇO COM CORES

de descanso nas circulações 05Áreas facilitado em momentos de crise.

Figura 56: Circulação- Center for Autism and The Developing Brain

garantindo o acesso

Fonte: Autora, 2022

SETORIZAÇÃO

Figura 58: Sala espera- Center for Autism and The Developing Brain

SUPERFÍCIES LISAS

CORTINAS PARA CONTROLE DE LUMINOSIDADE

JANELAS COM PÉ DIREITO ALTO ARMÁRIOS COM PORTA PARA ORGANIZAÇÃO

Fonte [54, 55, 56, 57, 58]: Fast Company. Disponível em: <https://www.fastcompany.com/3054103/how-todesign-for-autism> Acesso em: 18 dez. 2021. Adaptado pela autora.

JANELA COM PELÍCULA PARA ACOMPANHAMENTO DOS RESPONSÁVEIS

ELEMENTOS QUE IMITAM UMA CIDADE Figura 57: Perspectiva - Center for Autism and The Developing Brain

Figura 55: Vista da sala de espelhosCenter for Autism and The Developing Brain

53


05.2 ESTUDO DE CASO: ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS AUTISTAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (AMAES) Figura 60: Mapa de localização aproximado AMAES

FICHA TÉCNICA Local: Av. Fernando Ferrari, 2115 Goiabeiras, Vitória - ES. Ano de fundação: 2001

CONSIDERAÇÕES Com o propósito de entender melhor o funcionamento de um centro especializado no tratamento de pessoas com TEA, houve a necessidade de visitar uma unidade que presta esse atendimento. De certa forma, o contato presencial foi essencial, visto que houve uma vivência, mesmo que temporária, do local e dos usuários, considerando que os estudos teóricos não conseguem demonstrar a prática do dia a dia. A Associação dos Amigos dos Autistas do Estado do Espírito Santo (AMAES) é uma instituição com natureza jurídica de associação, privada e sem fins lucrativos. Atualmente é a única instituição especializada no tratamento do espectro autista do estado e possui um grande reconhecimento de utilidade pública, tanto municipal quanto estadual. Foi criada em 2001 por pais de autistas e, hoje, é administrada por “pais, familiares e amigos dos autistas”. (AMAES, ONLINE) A AMAES divide o terreno com uma escola de ensino fundamental e médio, a E.E.E.F.M Almirante Barroso, e o espaço é bem simples do ponto de vista arquitetônico. Segundo a presidente da associação, Pollyana Paraguassú, em uma entrevista realizada pela autora, uma das maiores dores é a falta de financiamento público. Dessa forma, as estratégias de construção não passaram por um planejamento prévio, que visasse um maior conforto ambiental ou sensorial. Para mais, atualmente a associação atende aproximadamente 600 pessoas, de faixa etária entre 3 e 30 anos e uma das formas de arrecadação é um bazar solidário organizado por mães de autistas.

Figura 59: Mapa de localização - AMAES Fonte [59, 60]: Google Earth. Acesso em: 23 jun. 2022. Adaptado pela autora.

54


SETORIZAÇÃO

Quadro 05: Resumo do estudo de caso AMAES

QUADRO RESUMO

A setorização arquitetônica, como mostra a Figura 61, é dividida por atendimento pedagógico, clínico, de assistência social e serviços abertos à comunidade. Elas se conectam por circulações retilíneas e objetivas.

De acordo com as informações coletadas na visita, foi possível formular algumas considerações importantes para o projeto, como:

Figura 61: Esquema de setorização - AMAES

Importância de um local com facilidade de mobilidade urbana; Precaução na proposição de espaços com vidro e sem a especificação correta;

01

REFEITÓRIO

AUDITÓRIO

ESPERA/CIRCULAÇÃO ADM BAZAR

SANITÁRIOS ESPERA ACESSO SECRETARIA E ASS. SOCIAL Fonte: Autora, 2022

LAZER/CORREDOR

CONSULTÓRIOS

Necessidade de salas de atendimento com maior flexibilidade e utilização de espaços no nível da criança;

02

03e armários fechados; e

Organização dentro do consultório, com espaços bem definidos

CORTINAS PARA CONTROLE DE ILUMINAÇÃO Figura 65: Consultório PECS - AMAES

04Utilização de piso vinílico para o aconchego do paciente. Fonte: Autora, 2022

Figura 67: Fachada - AMAES Fonte: Google Earth, 2022. Adaptado pela autora.

CIRCULAÇÃO DIRECIONADA

Figura 62: Consultório pedagógico - AMAES

Figura 63: Uso de tatames - AMAES

SETORIZAÇÃO E ARMAZENAMENTO ORGANIZADO Figura 64: Consultório terapia em grupo - AMAES Fonte [50, 51, 52, 53, 54]: Autora, 2022.

Figura 66: Circulação AMAES

55




06 LEITURA MORFOLÓGICA

Mapa 01: Divisão política do Brasil

A escolha do terreno de implantação é primordial para garantir a viabilidade do projeto. Simultaneamente, é preciso analisar as condicionantes do local, assim como características naturais do terreno, o entorno e a legislação. Foi selecionada uma área de intervenção que pudesse comportar e otimizar o projeto, na Região Metropolitana da Grande Vitória. Os aspectos do local serão abordados neste capítulo.

06.1 INTRODUÇÃO AO MUNICÍPIO

Mapa 02: Estado do Espírito Santo com destaque para a RMGV

A Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) foi criada em 1995, pela Lei Complementar nº 58, com o intuito de estabelecer a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum a nível de uma metrópole (ESPÍRITO SANTO, 1995). Conforme o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da RMGV, de 2017, a configuração espacial da metrópole foi conformada a partir dos anos 1960, devido ao fortalecimento das exportações industriais nessas áreas. Os investimentos nesse setor econômico, que é predominantemente de caráter urbano, promoveu um grande fluxo migratório para Vitória, capital do Espírito Santo. Assim sendo, seu papel de sede administrativa se consolidou ainda mais e passou a ser um núcleo forte de aglomeração urbana. (Figura 68).

Mapa 03: Divisão territorial da RMGV

FUNDÃO

Figura 68: Vista aérea da cidade de Vitória- ES SERRA

CARIACICA

VITÓRIA

VIANA VILA VELHA Fonte: ESBRASIL. Disponível em: < https://esbrasil.com.br/aniversario-de-vitoria-agenda-cultural-

GUARAPARI

470-anos/ > Acesso em: 28 jun. 2022. Adaptado pela autora.

Ao longo dos anos, o crescimento e a estruturação da cidade de Vitória induziu as localidades vizinhas a se fortalecerem, resultando em um polo de concentração de atividades, de dinamização socioeconômica e de uma consolidada infraestrutura urbana, convertendo-se em uma metrópole (Mapa 01, 02 e 03).

SIRGAS 2000 UTM ZONE 24S FONTE: GEOBASES, IBGE

Fonte [01, 02, 03]: Autora, 2022.

58


01

06.2 APRESENTAÇÃO DO TERRENO Considerando os levantamentos realizados, sabe-se que o local escolhido precisa atender a algumas particularidades, como por exemplo: localização em áreas de fácil mobilidade, bem atendida pelo transporte público; lote amplo para atender o programa de necessidades sugerido; e área majoritariamente residencial, sem muito fluxo de automóveis ou ruídos exacerbados e próximo a equipamentos culturais, comerciais e educacionais, se possível. Assim sendo, a partir de um levantamento de terrenos potenciais na região de Vitória, o escolhido possui uma área total de 3.847,96m², localizado na rua Augusto D’ Almeida, no bairro Mata da Praia. O mesmo possui uma grande visibilidade e facilidade de acesso, fatores determinantes para escolha. Um ponto importante do entorno é que no ano de 2005 ocorreu o início das obras de reforma do aeroporto de Vitória, inauguradas apenas no ano de 2018. Dentre as alterações realizadas está a mudança na entrada do terminal de passageiros, que

02

Figura 70: Vista frontal do terreno

era realizada pela avenida Fernando Ferrari e agora acontece pela avenida Adalberto Simão Nader. Consecutivamente, houve a transformação da Adalberto Simão Nader em mão única, sentido Goiabeiras-Jardim Camburi. Isso impacta diretamente na produção de ruídos por trânsito, que fica reduzido, junto ao fato da velocidade da via ser baixa, quando comparada com outras avenidas da cidade. Destaca-se que mesmo não sendo uma condição ideal, devido aos ruídos do aeroporto, por meio de visitas de campo, foi possível notar que os ruídos de automóveis são consideravelmente baixos. Para mais, o local não possui desníveis consideráveis, sendo um terreno plano, o que otimiza a utilização para a construção. (Figura 69, 70, 71, 72)

Figura 72: Vista Rua Augusto D’Almeida

03

Mapa 04: Mapa de localização das vistas Fonte: Autora, 2022.

03

01

Figura 69: Vista da esquina do terreno

Figura 71: Vista Rua Petronilia Passos Gabriel

02 04 Fonte [69, 70, 71, 72]: Autora, 2022.

59

04


06.3.1 HIERARQUIA VIÁRIA

06.3.2 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

O Mapa 05 demonstra os aspectos sobre os fluxos e classificações das vias do entorno da área de estudo. O terreno possui três testadas voltadas para ruas, ele é faceado pela avenida Arterial Municipal Adalberto Simão Nader, e outras duas vias locais, a rua Petrolina Passos Gabriel e a rua Augusto D’Almeida. É importante salientar que as duas vias locais são sem saída e pavimentadas, enquanto a avenida arterial é asfaltada. No entanto, todas possuem um limite de velocidade de 30km/h. Ademais, visando um menor distanciamento para acessos ao terreno, foram identificados os pontos de ônibus do entorno. Um fator importante do local é a presença de ponto de ônibus na calçada do próprio lote, facilitando a mobilidade ao lugar. Além disso, destaca-se a presença de estacionamentos em todas as ruas que contornam o lote, sendo um complemento para as vagas de estacionamento do projeto. (Figura 73 e 74)

A partir da análise das quadras referentes ao entorno do lote, demonstradas no Mapa 06, nota-se que apesar do uso diversificado no entorno imediato ao lote, com edificações institucionais, comerciais, mistas e residenciais, há uma predominância significativa do uso residencial. O entorno é caracterizado por possuir pequenos comércios, é válido ressaltar a presença de um pet shop nas proximidades, sendo vantajoso para terapias assistidas por animais. Destaca-se também a existência da praça Aristoboldo Inocencio Ferreira, que é localizada a Sudoeste do terreno, sendo um importante espaço de lazer e relaxamento.

Mapa 05: Mapa de hierarquia viária

Mapa 06: Mapa de ocupação do solo

ESTACIONAMENTO

Figura 73: Vista Rua Adalberto Simão Nader

PONTO DE ÔNIBUS Figura 74: Vista Rua Augusto D’Almeida, com foco na pavimentação

RUA PAVIMENTADA Fonte: Autora, 2022.

Fonte [73, 74]: Autora, 2022.

60

Fonte: Autora, 2022.


06.3.3 GABARITO Com a análise do gabarito, demonstrada no Mapa 07, destaca-se a predominância de edificações baixas, com até 3 pavimentos na porção residencial. Já na área que faceia a avenida Adalberto Simão Nader, nota-se uma variação considerável no gabarito, com algumas edificações que destoam, dando destaque para o Hotel Quality com 19 pavimentos. Salienta-se também o aumento do gabarito a Sudeste do terreno, na porção que se aproxima da praia de Camburi. (Figura 63)

Mapa 07: Mapa de gabarito

Figura 75: Visualização do entorno Fonte: Autora, 2022.

Fonte: Autora, 2022.

61


06.3.4 ASPECTOS CLIMÁTICOS E CONFORTO AMBIENTAL No Mapa 08, é possível observar que as fachadas principais do terreno são voltadas para Nordeste (av. Adalberto Simão Nader), Noroeste (r. Petrolina Passos Gabriel) e Sudeste (r. Augusto D’Almeida). Isso possibilita a avaliação correta das fachadas para determinação das melhores estratégias que garantem o conforto ambiental.

Para a identificação dos ventos predominantes na cidade de Vitória, foi utilizado o aplicativo Analysis SOL - AR (LabEEE, 2022), que mostra a predominância dos ventos para a direção Nordeste e Sul. (Figura 76) Figura 76: Predominância dos Ventos na cidade de Vitória por estação - ES

Mapa 08: Mapa de aspéctos climáticos e conforto ambiental

Fonte: Aplicativo Analysis SOL - AR (LabEEE, 2022), adaptado

A fim de complementar os estudos climáticos, utilizou-se a plataforma Projeteee, realizada pela associação entre a PROCEL/Eletrobrás e a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Com ela, foi observado que a cidade de Vitória possui 61% do ano em situação de desconforto por calor, nesse sentido, relaciona as estratégias bioclimáticas mais eficientes, sendo elas: Ventilação natural, Sombreamento e Inércia térmica para aquecimento. (Projeteee, 2022) (Figura 77) Figura 77: Estratégias bioclimáticas indicadas para Vitória - ES

19%

19%

DESCONFORTO POR FRIO

CONFORTO TÉRMICO

CONDIÇÕES DE CONFORTO DURANTE O ANO

61%

DESCONFORTO POR CALOR ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS

Fonte: Autora, 2022.

Fonte: Projeteee, 2022. Adaptado pela autora.

62


06.3.5 ZONEAMENTO URBANO E CONDICIONANTES LEGAIS Segundo o zoneamento definido pelo Plano Diretor Urbano (PDU) da cidade de Vitória, e conforme o Mapa 09, o terreno localiza-se na Zona Arterial (ZAR) 2. Caracterizada, pelo Art. 22, como “áreas de abrangência de vias arteriais no município, com concentração de transporte coletivo e a presença de usos não residenciais ou mistos […]” (VITÓRIA, 2018). Outrossim, o entorno majoritário é formado pela Zona de Ocupação Restrita (ZOR) 1.

De acordo com o Plano Diretor, é possível a realização do projeto de uma clínica médica independente da área, visto que, segundo o Anexo 8, não há restrições do zoneamento (VITÓRIA, 2018). Além disso, o Anexo 09 complementa as considerações, visto que aborda os coeficientes e afastamentos exigidos para o terreno, como mostrado na Tabela 03.

Mapa 09: Mapa de zoneamento urbano Tabela 03: Tabela de índices urbanísticos

ZONA ARTERIAL 2 ELEMENTO URBANÍSTICO

VALOR EXIGIDOS

VALOR DE PROJETO

1,4

5.387,15m²

TAXA DE OCUPAÇÃO MÁXIMA (TO)

60%

2308,776m²

TAXA DE PERMEABILIDADE (TP)

10%

384,8m²

COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO (CA)

AFASTAMENTOS MÍNIMOS

AFASTAMENTO FRONTAL 4m Fonte: Plano diretor urbano de Vitória, 2018. Adaptado pela Autora, 2022.

Fonte: Autora, 2022.

63

AFASTAMENTO FUNDOS E LATERAIS Isento até 8,4o(m)




07 DESENVOLVIMENTO PROJETUAL Como visto até o momento, devido a hipersensibilidade, deixando o tato à flor da pele, indivíduos com TEA podem facilmente confundir um abraço apertado com um toque agressivo. E como o toque geralmente é relacionado a um símbolo de afeto, eventualmente as pessoas associam que pessoas com autismo não são afetivas, ou possuem dificuldade de lidar com demonstrações de afeto. No entanto, é uma condição que pode ser trabalhada, o abraço é uma simbologia que pode acalmar em um momento de crise. Segundo Kathleen Keating (1983), em seu livro “Terapia do Abraço”, há inúmeros benefícios para um abraço:

A partir do conteúdo trabalhado, iniciou-se a etapa de desenvolvimento projetual. O Centro Amare de intervenção e referência no tratamento de crianças com TEA, tem como premissa a criação de um ambiente que possa atender às necessidades dos autistas, onde seriam realizadas consultas médicas especializadas, terapias assistidas por profissionais e atividades que podem desenvolver habilidades cotidianas. Além disso, também é primordial que ofereça serviços de apoio aos responsáveis. (Figura 78) Figura 78: Serviços oferecidos pelo projeto.

SERVIÇO AO AUTISTA

SERVIÇO AOS RESPONSÁVEIS

“Vários experimentos demonstram que o toque pode: Fazer-nos sentir melhor com nós mesmos e com o ambiente a nossa volta; Ter um efeito positivo sobre o desenvolvimento da linguagem e sobre o QI das crianças; Provocar mudanças fisiológicas mensuráveis naquele que é tocado.” (KEATING, 1983, pg.7)

Atendimento médico, terapia, trabalho para desenvolver independência

Suporte psicológico e orientações por meio de reuniões/encontros

Desse modo, o conceito define-se a partir da premissa que por meio de um abraço, encontra-se a sensação de refúgio, acolhimento e segurança, em todos os indivíduos. A intenção foi transmitir, por meio da arquitetura, esses sentimentos para as crianças atendidas, aos visitantes e aos funcionários. Assim sendo, visando a execução do conceito, o partido arquitetônico é expresso pelo estudo volumétrico, que se deu a partir de uma disposição que formasse um pátio interno, envolto por um volume interligado, dando a entender que esse pátio é o local de acolhimento.

Fonte: Autora, 2022.

07.1 CONCEITO E PARTIDO Uma das personalidades marcantes com TEA de alta funcionalidade é a americana Mary Temple Grandin, nascida em Boston em 1947. Ela é uma psicóloga e zootecnista que revolucionou as práticas realizadas em fazendas e abatedouros. Em 2010 foi lançado o filme que retrata sua vida, chamado de “Temple Grandin”, o filme narra a criação de sua máquina do abraço. Acontece que Grandin conseguiu associar algumas características de um indivíduo autista, com o processo de vacinação dos animais da fazenda. Percebeu que as vacas, ao ficarem em um corredor e serem pressionadas por barras de ferro, conseguiam se acalmar de alguma forma. Assim, teve a ideia de recriar essa técnica para elaborar a máquina do abraço (1965), tecnologia que com o tempo, fez com que conseguisse controlar seus sentimentos e possibilitou-a de abraçar pessoas. Conforme a sua criadora, a máquina do abraço visava simular a sensação física de um abraço, limitando o espaço e pressionando o corpo para gerar uma sensação de bem-estar e tranquilidade (GRANDIN, 2016). (Figura 79)

Figura 79: Montagem representando o conceito do abraço. Fonte: Montagem feita pela autora, 2022. Temple Grandin em sua “Máquina do abraço”, imagem do filme

66


07.2 DIRETRIZES DE PROJETO As diretrizes projetuais do presente projeto são baseadas nos estudos da arquiteta apresentada anteriormente, Magda Mostafa, publicadas no Artigo “Architecture for Autism: Autism ASPECTSS in School Design.” (2014). E complementadas com as pesquisas realizadas.

01

SEGURANÇA E CONFORTO AMBIENTAL - Manter a volumetria majoritariamente térrea, subindo apenas as funções administrativas, alguns consultórios e áreas para os pais; - Incluir no layout área para observação dos pacientes;

02

03

ZONAS DE TRATAMENTO SENSORIAL - Separação dos consultórios por tipo de atendimento, facilitando o entendimento do local;

- Setorização de acordo com a orientação solar visando o melhor posicionamento no terreno; e

- Utilização de iluminação natural com fonte de luz adequada para o tratamento; Gerar barreiras visuais e físicas para aumentar a concentração do usuário;

- Uso de estratégias arquitetônicas de conforto ambiental, além da inclusão de vegetações.

- Layout visando o atendimento específico e o melhor atendimento da criança com TEA; - Tratamento acústico; e

SEQUENCIAMENTO ESPACIAL

- Ambientes flexíveis que explorem a criatividade do usuário.

- Percursos retilíneos e lógicos para facilitar a circulação.

INTEGRAÇÃO E ZONAS DE TRANSIÇÃO

04

- Criar um pátio interno e conectá-lo visualmente com os blocos;

- Criar circulações bem iluminadas, que gerem uma circulação agradável, evitando corredores monótonos e estreitos; e - Gerar zonas de descompressão para evitar crises de ansiedade.

IDENTIDADE VISUAL

05

- Utilização de cores que identifiquem a função do ambiente; - Utilização de formas curvas para evitar quinas demasiadas; e - Uso de paletas de cores suave para minimizar estímulos visuais e qualquer desconforto das crianças.

- Garantir o melhor posicionamento do tratamento de acordo com a intensidade sensorial; e

67


07.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES Ao final, foram determinados os ambientes necessários para o atendimento das crianças. A Tabela 04 consta com o programa de necessidades já com as áreas finais definidas pelo projeto.

Neves (1989) afirma que “o programa traduz, sob a forma de um conjunto de elementos arquitetônicos, os espaços onde se desenvolverão as funções e atividades, considerando as particularidades dos indivíduos que se apropriarão do espaço.” (NEVES, 1989, p.29). Nesse sentido, no programa foi montado, levando em consideração os estudos realizados e as informações levantadas por profissionais da saúde. Visando a maior organização dos ambientes, propõe-se um zoneamento do terreno, para que áreas sejam agrupadas por setores que interagem por um posicionamento lógico, são eles:

AMBIENTE Acesso principal Estacionamento público Estacionamento para funcionários Café público

SETOR SOCIAL Serve como uma articulação entre o centro e a sociedade, a ideia é que haja uma movimentação pública no local, com uma cafeteria, além de eventos aos fins de semana para conscientização da população.

Auditório

SETOR CLÍNICO - DIAGNÓSTICO Objetiva a avaliação clínica da criança e a criação de um plano individual de tratamento de acordo com as particularidades. Nele as crianças passarão por consultas individuais ou em família, com uma série de profissionais qualificados.

Pátio central

SETOR SOCIAL DESCRIÇÃO

QUANT.

Área de chegada do público com proposta de calçadas mais largas e sombreamento com vegetação Estacionamento para x vagas térreo

01

Estacionamento para x vagas subsolo

01

Pequeno café para auxiliar na arrecadação de renda, contando com cozinha e banheiros acessiveis Sala para realização de apresentações e palestras, acesso feito pela recepção, com foyer de espera e banheiros acessíveis Área de lazer e socialização da clínica, com jardins, área de descanso e parquinho

01

ÁREA

02

01 01

SETOR CLÍNICO/DIAGNÓSTICO AMBIENTE

DESCRIÇÃO

QUANT.

Recepção Área para controle de acesso Espera set. clínico Área de espera específica para o setor Triagem Sala para avaliação prévia do paciente

01 02 01

Enfermagem

Sala para aplicação de medicação

01

Pediatra Neuropediatra

Consultório médico Consultório médico

01 01

Fonoaudiólogo

Consultório médico

01

Nutricionista

Consultório médico

01

SETOR PEDAGÓGICO Funciona oferecendo o apoio pedagógico para as crianças que estão incluídas em escolas regulares, abordando diferentes metodologias de tratamento.

Oftalmologista

Consultório médico

01

Avaliação física

Consultório médico

01

Psicólogo

Consultório médico

02

Psiquiatra

Consultório médico

02

SETOR ADMINISTRATIVO Contempla as funções administrativas relacionadas à gerência e armazenamento do local.

Psicólogo da família Consultório médico Terapeuta Consultório médico comportamental Atendimento grupo Consultório médico Espera pais Sala para os responsáveis que aguardam a criança

01 01

Refúgio

Sala para relaxamento sensorial das crianças

01

Sanitários

Todos divididos em feminino e masculino e sempre contando com os sanitários acessíveis

01

SETOR TERAPÊUTICO - MOTRICIDADE Neste setor será trabalhado o desenvolvimento de habilidades por meio de atividades que estimulem a criatividade e as aptidões individuais, além do controle da hipo e hipersensibilidade. Podem ser realizados tratamentos individuais ou em grupos. Além de áreas para estímulo motor das crianças, com sala de dança, música, arte, piscina, entre outros.

SETOR DE SERVIÇOS Setor destinado a manutenção do local e voltado para o atendimento de funcionários.

68

01 01

ÁREA


SETOR TERAPÊUTICO - MOTRICIDADE AMBIENTE

DESCRIÇÃO

SETOR ADMINISTRATIVO QUANT.

ÁREA

01 03

AMBIENTE

DESCRIÇÃO

QUANT.

Secretaria Assistência social Diretoria

Área para controle administrativo, acesso externo Salas de atendimento à familia Sala administrativa

01 01 01

RH

Sala administrativa

01

Financeiro Sala de reunião

Sala administrativa Sala da reuniões e planejamentos

01 01

Administração

Sala administrativa com lugar para arquivos

01

Almoxarifado Copa funcionários

Sala de armazenamento de serviço Sala de apoio aos funcionários

01 01

Espera set. terap. Área de espera específica para o setor Terapia ocupacional Salas que possibilitem atendimentos individuais ou em grupo Sala de dança Sala ampla, com layout flexível

01

Sala de música

Sala ampla, com layout flexível

01

Sala de TAA Sala de culinária

Sala ampla, com layout flexível Sala ampla, com layout flexível

01 01

Sala de artes

Sala ampla, com layout flexível

01

Sala de fisioterpia

Sala ampla, com layout flexível

01

Sala de hidroterapiaÁrea ampla, com acessibilidade e flexibilidade, que atenda diferentes idades Vestíarios Acessíveis com divisão em feminino e masculino

01

Casa de máquinas

Área técnica

02

Sala refúgio

Sala para relaxamento sensorial das crianças

02

Recepção serviço Refeitório

Sanitários

Sanitários acessíveis com divisão em feminino e masculino

01

SETOR SERVIÇOS AMBIENTE

01

SETOR PEDAGÓGICO AMBIENTE

DESCRIÇÃO

QUANT.

Espera set. pedag. Sala método ABA

Área de espera específica para o setor Salas que possibilitem atendimentos individuais ou em grupo Sala ampla, com layout flexível

01 03

Sala método PECS

01

Sala método TEACCHSala ampla, com layout flexível

01

Sala método RDI Sala método Floortime Sala snoezlen

Sala ampla, com layout flexível Sala ampla, com layout flexível

01 01

Sala ampla, com layout flexível

01

Sala psicopedagogiaSala ampla, com layout flexível

01

Biblioteca e informática Sala espelho

Sala ampla, com layout flexível

01

Área ampla, com acessibilidade e flexibilidade, que atenda diferentes idades Sala para relaxamento sensorial das crianças

01

Sanitários acessíveis com divisão em feminino e masculino

02

Sala refúgio Sanitários

01

ÁREA

ÁREA

DESCRIÇÃO

QUANT. 01 03

Cozinha

Área de controle de acesso dos funcionários Área ampla de uso dos pacientes, considerar refeições coletivas com restrição de quantidade Área ampla com setorização de uso

01

DML e depósito

Sala de armazenamento p/ limpeza e manutençãoo

01

Área de serviço Lavanderia

Apoio à limpeza Apoio à limpeza, considerar limpeza de uniformes

01 01

Estar de serviço

Área de descanso para funcionários com copa

01

Sala reunião

Sala da reuniões e planejamentos

01

Sala de armários

Armazenamento de objetos e uniformes

02

Vestiários Lavabos

Acessíveis com divisão em feminino e masculino Com divisão em feminino e masculino

02 01

Subestação Área técnica itens elétricos Casa de máquinas e Áreas técnicas na cobertura reservatórios

ÁREA

01 -

Com essa conformação, de acordo com os cálculos apresentados na Figura 80, foi concluído que a clínica atende aproximadamente 660 crianças no total, suprindo a carência da AMAES, atualmente. Figura 80: Cálculo de pessoas na clínica Fonte: Autora, 2022.

CÁLCULO DE QUANTIDADE DE USUÁRIOS FUNCIONAMENTO EM 2 TURNOS 08-12HRS/ 13-18HRS 33 SALAS DE ATENDIMENTO TOTAIS

Considerando 1 hora de atendimento e a presença de 01 criança e 01 responsável (Mínimo)

264 CRIANÇAS POR DIA SIMULTÂNEAMENTE

69 Considerando o mínimo de 2 atendimento semanais

660 CRIANÇAS ATENDIDAS NO TOTAL (Mínimo)

CÁLCULO DE QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS - 1 Profissional de saúde por sala = 33 pessoas - 1 Funcionário por sala de ADM = 5 funcionários + 2 secretários - 2 Funcionários na recepção - 1 Funcionário de limpeza a cada 600m 2 (SLTI, 2014) = 5 Funcionários por turno - 01 Segurança por bloco = 4 seguranças 56 PROFISSIONAIS (Mínimo)


07.4 SETORIZAÇÃO E FLUXOS NO TERRENO devido a impossibilidade da abertura constante de janelas, pela distração. Desse modo, o uso de máquinas de ar condicionado serão necessárias. Já o setor de terapias e motricidade foram posicionados a Nordeste, visando maiores aberturas e garantir a ventilação natural. Para mais, o setor de serviço foi posicionado a Noroeste também, devido à pouca permanência e a valorização das outras orientações. (Figura 82)

A setorização foi realizada de acordo com o direcionamento solar e com o melhor posicionamento devido aos estímulos sensoriais. Inicialmente, conforme a Figura 81, o terreno foi dividido em zonas de acordo com os estímulos sonoros emitidos. A divisão vai da zona de alta sensibilidade, mais escura, até a zona de baixa sensibilidade, mais clara. A avenida Adalberto Simão Nader é uma arterial municipal, que mesmo não possuindo ruídos demasiados, quando comparadas às avenidas metropolitanas, ainda podem gerar um desconforto, quando se trata de pessoas hipersensíveis ao som.

Figura 82: Setorização dos blocos de acordo com os estímulos sensoriais

Figura 81: Setorização inicial do terreno

Fonte: Autora, 2022.

Dessa maneira, a porção frontal do terreno foi classificada como uma área que gera alta sensibilidade. Assim, optou-se em posicionar as áreas de alto estímulo neste espaço, contando com os setores sociais públicos e a área administrativa. Posteriormente, devido a maior necessidade de concentração para as atividades pedagógicas, foi posicionado na porção Sudeste do terreno, onde os estímulos sonoros são menores. O setor clínico/diagnóstico foi posicionado na porção de média sensibilidade à Noroeste do terreno. Esta posição foi escolhida de forma estratégica

Fonte: Autora, 2022.

Nota-se que com essa setorização, a formação de um pátio central que será aproveitado para jardins sensoriais e a horta dos pacientes.

70


07.5 PLANO DE MASSA Partindo da setorização realizada e do programa de necessidades previamente dimensionado, foram feitos estudos volumétricos para a definição da melhor disposição formal. A fim de garantir o conceito, optou-se por dispor de 5 volumes iniciais e ortogonais, interligados e formando um pátio interno. Estes volumes correspondem aos setores, que foram mantidos preferencialmente separados, tido como uma diretriz do projeto, na intenção de distanciar as áreas de estímulos distintos. Além disso, a separação também cria zonas de transição entre os blocos. Posteriormente, os volumes foram manipulados para criação de uma volumetria mais dinâmica, com um aspecto formal de cheios e vazios (Figura 83). Estes também servem como estratégias de conforto ambiental, possibilitando mais aberturas e consequentemente, uma melhor ventilação e iluminação, além de viabilizar a criação de pequenos jardins, que podem sombrear e servir de alívio visual para os consultórios.

01 03

Por fim, algumas quinas do volume final foram abauladas, visando um menor impacto à caminhabilidade dos pacientes, assim como um aspecto visual mais interessante e orgânico. (Figura 84) Figura 84: Volumetria final com divisão por setores

Figura 83: Desenvolvimento da volumetria Volume inicial térreo

Adequação dos volumes com o formato do terreno para melhor aproveitamento do espaço

02

04

05

Elevação de três blocos, para comportar o programa

Criação de recortes no terreno para maior dinamicidade e adaptação com o programa

Arredondamento das quinas para dar mais fluidez ao projeto

Fonte: Autora, 2022.

Fonte: Autora, 2022.

71


07.6 SISTEMA CONSTRUTIVO E REVESTIMENTOS

07.6.1 ELEMENTOS DE VEDAÇÃO VERTICAL

A escolha do sistema construtivo foi baseada na necessidade de uma construção versátil, durável e na possibilidade de realizar facilmente a volumetria desenvolvida, com as bordas arredondadas. Desse modo, definiu-se um sistema estrutural misto, majoritariamente de estrutura metálica, porém com as caixas de elevadores e o subsolo em concreto armado. Outrossim, optou-se para utilização do sistema de contenção de paredes diafragma no subsolo. De acordo com Maringoni (2004), o aço é um material desenvolvido a partir de ligas produzidas industrialmente sob planejamento prévio e rígido controle. Por conseguinte, possui resultados otimizados, além de ter ótimas condições mecânicas, alta resistência, boa trabalhabilidade e homogeneidade. Crasto (2005) complementa que os sistemas industrializados e/ou racionalizados se encontram em um estágio de grande aceitação no mercado da construção civil, visto que garantem um planejamento prévio que possibilita a diminuição dos prazos de execução, a redução do desperdício de materiais e consequente redução dos custos da obra. Salienta-se que por ser um sistema industrializado, a padronização e racionalização do processo é uma etapa importante, visto que a repetitividade barateia o processo e o planejamento pode evitar desperdício de material. Sendo assim, o projeto se inicia com a formação de uma malha de 1,20x1,20 m, em alguns momentos sofrendo variação para adaptação ao projeto. (Figura 85)

No caso da estrutura metálica, os elementos de vedação podem ser caracterizadas de duas formas: (1) painéis estruturais ou auto-portantes, que “desempenham a função de estruturar a edificação e são compostos por grande quantidade de perfis galvanizados muito leves denominados montantes, que são separados entre si de 400 ou 600 mm” (CRASTO, 2005, p.13). Salienta-se também que os montantes podem chegar a uma separação de 200mm quando ocorre dos painéis suportarem grandes cargas como as de caixas d’água. Em resumo, estes servem para distribuição uniforme das cargas até a fundação. (2) Elementos não estruturais, que funcionam como vedações externas ou divisórias internas. O fechamento desses painéis pode ser feito por vários materiais, mas, normalmente, utilizam-se placas cimentícias ou placas de OSB (Oriented Strand Board) externamente, e chapas de gesso acartonado, drywall, internamente. (CRASTO, 2005, p.13) De acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em seu Manual da construção industrializada (2015, p.134) as placas de Drywall possuem diversas composições que variam de acordo com as necessidades, como isolamento acústico, resistência à umidade ou ao fogo, entre outros. Atualmente, no mercado brasileiro, encontra-se três tipos de placas: a Placa Standard (ST); a Placa Resistente à Umidade (RU); a Placa Resistente ao Fogo (RF). No geral, o autor ainda complementa, que as placas são comercializadas com “largura de 1,20 m e comprimentos que variam de 1,80 m a 3,60 m, de acordo com o fabricante, sendo as espessuras de 9,5 mm, 12,5 mm e 15 mm”. (ABDI, 2015, p.134) No que diz respeito ao projeto, determinou-se a utilização das placas Standard para áreas gerais e as Resistentes a umidade para as áreas de sanitários. É importante ressaltar que, pela necessidade de um bom isolamento acústico no projeto, aconselhase a adição de um material de isolamento acústico antes de fechar os painéis. Segundo a ABDI, os materiais mais utilizados são as mantas de lã de vidro ou de rocha. (ABDI,

Figura 85: Grelha estrutural do projeto

A

B

B

C

1 3 2 4 35

4

5 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60

A

2

0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60

1

C

D

D E 1,20

1,20

1,20

1,20

E 1,20

1,20

1,20

1. ADAP TAÇÃO DO VOLUME Á GRELHA

2. ESQUEMA DA GRELHA

SEM ESCALA

SEM ESCALA

2015, p.141) (Figura 86)

1,20

Fonte: Autora, 2022.

Também, é válido ressaltar que a estrutura metálica precisaria de uma pintura especial para proteção contra corrosão e agentes químicos, pela obra ser localizada em uma cidade litorânea.

CHAPA RU 12,5 mm MONTANTE CHAPA RU 12,5 mm

ÁREA INTERNA MOLHADA

MATERIAL ISOLANTE

ÁREA INTERNA SECA

CHAPA ST 12,5 mm MONTANTE 70 mm CHAPA ST 12,5 mm

ÁREA INTERNA SECA

MATERIAL ISOLANTE

ÁREA INTERNA MOLHADA

ÁREA INTERNA SECA

72

Figura 86: Composição do Drywall

ÁREA INTERNA MOLHADA

CHAPA RU 12,5 mm MONTANTE 70 mm CHAPA ST 12,5 mm MATERIAL ISOLANTE

Fonte: Autora, 2022.


07.6.2 LAJE E COBERTURA A escolha foi pela laje Steel Deck. Dentre as vantagens do sistema está a diminuição dos custos, rapidez e sustentabilidade. Isto ocorre pelo fato da chapa de aço funcionar como uma forma para o concreto, e não ser descartada, extinguindo a etapa de desforma. (BRENDOLAN, 2007) (Figura 87) Para cobertura, considerando a insolação do local e a necessidade de isolamento acústico, foi escolhido as telhas termoacústicas sanduíche, que consiste na sobreposição de duas telhas trapezoidais de alumínio, em que entre as duas é injetado uma espuma rígida de poliuretano. Aliado ao isolamento térmico, esse tipo de cobertura também possui outras vantagens, como resistência mecânica, fácil montagem, durabilidade e leveza, exigindo, assim, menos da estrutura (BEL METAL, 2009). (Figura 88) Destaca-se ainda o fato de que as telhas estão em um sistema de cobertura embutida e terão cor branca, que resultam num menor aquecimento das edificações,

Por fim, é possivel observar, na Figura 89, o esquema estrutual funcionando em conjunto. Figura 89: Perspectiva esquemática dos itens estruturais

visto que há reflexão da radiação solar. ESTRUTURA METÁLICA PILARES VIGAS LAJE STEEL DECK

Figura 87: Laje Steel Deck Fonte:

Engenhariaeetc.

Disponível

em:

<https://

engenhariaeetc.wordpress.com/2015/ 06/ 14/steeld e c k - t e c n o l o g i a - d e - la j e s - m i s t a s - q u e - d i s p e n s a escoramento/> Acesso em: 04 jul. 2022.

ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO PILARES VIGAS LAJE MACIÇA Fonte: Autora, 2022.

UNIVERSIDADE FEDERAL FASE PROJETO

ESCALA

ESTUDO PRELIMINAR

INDICADA NO DESEN

CONTEÚDO

PLANTA DE EST

Figura 88: Telha termoacústica sanduíche Fonte:

Telhas

Barreiro.

Disponível

em:

<https://

t e l h a s b a r re i ro.c o m . b r / s i t e / t e l h a - t e r m o a cu s t i c a -

ALUNA

DISCIPLINA

GABRIELLY SOUZA RUFINO

PROJETO D

ORIENTADORA

sanduiche-vantagens-aplicacoes-e-dicas-para-

EDNA APARECIDA NICO RODRIGUES

compra/> Acesso em: 04 jul. 2022. GSPublisherVersion 0.94.100.100

73


74


CAPÍTULO EM DESINVOLVIMENTO

75


08 O PROJETO ARQUITETÔNICO Houve uma valorização dos espaços em conjunto para que a criança passe por esse estímulo importante da convivência. Desse modo, as áreas externas foram planejadas com diferentes atividades, como mobiliários de alto estímulo, jardins sensoriais, hortas e parquinho infantil, possibilitando um momento coletivo com outros pacientes e com os responsáveis. Também, pensando na importância da presença dos responsáveis no desenvolvimento da criança, foi pensando no acompanhamento do mesmo ao longo do atendimento.

O projeto A.M.A.re se desenvolve em volumetrias separadas e atinge no máximo dois pavimentos, sendo a maior parte do atendimento térrea, devido ao público alvo. Isso também foi uma estratégia de humanização do espaço, usando a escala da criança para tornar a experiência mais acolhedora. Além disso, a independência do usuário foi um dos maiores objetivos do projeto, foi criado uma circulação mais retilínea e contínua, melhorando a interpretação dos espaços, além de que os percursos foram elaborados visando uma boa caminhabilidade, com espaços de refúgio e descompressão, usados como espaços de fuga. No que condiz a organização, além da setorização por zonas sensoriais, como mostrado anteriormente, foi pensado uma lógica de posicionamento dos blocos, para não haver interferências sonoras das atividades. Também, foi utilizado a identificação visual dos blocos por cores, facilitando o processo de deslocamento.

76


77


RUA AUGUSTO D'ALMEIDA B

N

VAGA IDOSO

Ref.

33 50

35

PAVIMENTO SUBSOLO

36

Ref.

48 03 34

51 03

47 13

63

53

56

02

51 64

C

33

39 46

31

55

36 45

51

43

37 52

54

44

65 30 33

S

ER NAD IMÃO TO S BER DAL AV. A

57

37

30

01 67 29

38 33

03 02

05 23

27

28

07

08

09

ML

22 06

26

10

ML

04

ML

12

21 25

A

11 03

02

A

18

20

03 Ref.

13

24

Ref.

14

16 17

03 02

19

S

Ref.

Ref.

Ref.

15

VAGA IDOSO

02

ACESSO VEÍCULOS PACIENTES

B

PAVIMENTO GSPublisherVersion 0.93.100.100

RUA PETROLINA PASSOS GABRIEL PLANTA BAIXA TÉRREO ESCALA 1/250

GARAGEM SUBSOLO HALL FUNCIONÁRIOS

TÉRREO

59 02

62

IDENTIFICAÇÃO ZONAS CÓDIGO NOME DO AMBIENTE 01 02

14

58

60

C

40 41

42

49

61

34

32

Ref.

PLANTA PAG TODA

N

ACESSO VEÍCULOS PACIENTES

01 RECEPÇÃO 02 WC PcD FEM. 02 WC PcD MASC. 03 WC PcD FEM. 03 WC PcD MASC. 04 ESPERA SETOR CLÍNICO 05 TRIAGEM 06 ENFERMAGEM 07 PEDIATRA 08 NEUROPEDIATRA 09 FONOAUDIÓLOGO 10 NUTRICIONISTA 11 OFTALMOLOGISTA 12 AVALIAÇÃO FÍSICA 13 BANH. FEM. 14 BANH. MASC. 15 CAFÉ 16 COZINHA 17 DESP. 18 REFEITÓRIO 19 RECEPÇÃO FUNCIONÁRIOS 20 DESP. 21 COZINHA 22 LAV. FEM. 23 LAV. MASC 24 DML 25 ÁREA DE SERVIÇO 26 LAVANDERIA 27 DEP. JARDIM 28 SUBEST. 29 SALA MULTISSENSORIAL SNOE... 30 SALA FLOORTIME 31 SALA RDI 32 SALA TEACCH 33 SALA ESPELHO 34 REFÚGIO 35 BIBLIOTECA E INFORMÁTICA 36 SALA ABA 37 SALA PECS 38 SALA PSICOPEDAGOGIA 39 FISIOTERAPIA 40 SALA DE ARTES 41 SALA DE CULINÁRIA 42 SALA DE TAA 43 HIDROTERAPIA 44 VEST. MASC. 45 VEST. FEM. 46 VEST. PcD. MASC 47 VEST. PcD. FEM. 48 C. DE MAQ. 49 SALA DE MUSICA 50 SALA DE DANÇA 51 TERAPIA OCUP. 52 SALA DE ESPERA 53 PARQUINHO INFANTIL 54 ASSISTÊNCIA SOCIAL 55 RH 56 FINANCEIRO IDENTIFICAÇÃO ZONAS 57 ADM CÓDIGO NOME DO AMBIENTE 58 ARQUIV. 59 COPA 60 BANH. 61 REUNIÃO 62 REUNIÃO 63 ALMOXARIF. 64 DIRETORIA 65 SECRETARIA 67 ÁTRIO CENTRAL z ÁREA COMPUTÁVEL z ÁREA PERMEÁVEL z ÁREA TERRENO

P. PAVIMENTO

78

01 02 03 04 05

FOYER WC PcD FEM WC PcD. MASC ATENDIMENTO EM GRUPO TERAPEUTA COMPORTAMENTAL


IDENTIFICAÇÃO ZONAS CÓDIGO NOME DO AMBIENTE 59 COPA 60 BANH. 61 REUNIÃO 62 REUNIÃO 63 ALMOXARIF. 64 DIRETORIA 65 SECRETARIA 67 ÁTRIO CENTRAL z ÁREA COMPUTÁVEL z ÁREA PERMEÁVEL z ÁREA TERRENO

N

B

N

10.000 L

PAVIMENTO

23

26

25

P. PAVIMENTO

C

22

10.000 L

C

24

01

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

FOYER WC PcD FEM WC PcD. MASC ATENDIMENTO EM GRUPO TERAPEUTA COMPORTAMENTAL PSICÓLOGO DA FAMÍLIA PSICÓLOGO SALA DE ESPERA PAIS REFÚGIO PSIQUIATRA BANHEIRO MASC BANHEIRO FEM MEZANINO ESTAR FUNC. REUNIÃO VEST. PcD. FEM. VEST. PcD. MASC ARMÁRIOS VEST. FEM. VEST. MASC. COPA FUNC. RESERVATÓRIO RESERVATÓRIO SALA MULTIMÍDIA DEPÓSITO VARANDA

01 02 03

CASA DE MÁQUINAS BARRILETE RESERVATÓRIO

COBERTURA 03 02

09 08

05 06

18

10

07

20

19

07 04

16

A 03

15

11 Ref.

12

A

21

10 02

17

13

B

14

PLANTA BAIXA PRIMEIRO PAVIMENTO ESCALA 1/250

79


ATENDIMENTO EM GRUPO TERAPEUTA COMPORTAMENTAL PSICÓLOGO DA FAMÍLIA PSICÓLOGO SALA DE ESPERA PAIS REFÚGIO PSIQUIATRA BANHEIRO MASC BANHEIRO FEM MEZANINO ESTAR FUNC. REUNIÃO VEST. PcD. FEM. VEST. PcD. MASC ARMÁRIOS VEST. FEM. VEST. MASC. COPA FUNC. RESERVATÓRIO RESERVATÓRIO SALA MULTIMÍDIA DEPÓSITO VARANDA

01 02 03

CASA DE MÁQUINAS BARRILETE RESERVATÓRIO

N

B

N

04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

PLANTA PAG TODA E CORTE

COBERTURA

C

C

01

03

10.000 L

10.000 L

03

10.000 L

02

5.000 L

A 01

A

03

02

02

B

01

PLANTA BAIXA COBERTURA ESCALA 1/250

80


R 6,00

R 3,50

PAVIMENTO SUBSOLO

N

FACHADAS

IDENTIFICAÇÃO ZONAS CÓDIGO NOME DO AMBIENTE 01 02

GARAGEM SUBSOLO HALL FUNCIONÁRIOS

3,15 1,00 3,10 3,15 1,00

ESTAR FUNC.

CIRC. EXT. LAVANDERIA

A. SERV.

GARAGEM SUBSOLO

3,20 3,10

CORTE ESQUEMÁTICO AA ESCALA 1/250

SUBSOLO +6,65 2 COBERTURA 3,15

0,85 RDI

BANH.

CIRC.

ESPELHO

JARDIM SENS.

0,20

FISIO

3,20

3,00 0,15 REFUGIO

+3,50 1 P. PAVIMENTO

3,00 0,15

0,85

0,85

Escala: 1:250

VEST.

HIDROTERAPIA PISCINA

81

REFUGIO

FISIO

RDI

BANH.

CIRC.

-2,80 +6,65 -1 SUBSOLO 2 COBERTURA +3,50 1 P. PAVIMENTO

3,20

3,00 0,15

WC.

ESPELHO 0,20

CIRC.

3,00 0,15

TO

0,20

PARQUINHO

3,00 0,15

FINANC.

1,18

ALMO.

+0,30 0 TÉRREO

3,15

0,85

ESCALA 1/250

0,85

3,80

0,85

0,20

CORTE ESQUEMÁTICO BB COBERTURA VAZADA

3,00 0,15

REUNIÃO

+3,50 1 P. PAVIMENTO

-2,80 -1 SUBSOLO

GSPublisherVersion 0.93.100.100

SALA MULTIM.

-2,80 +6,65 -1 SUBSOLO 2 COBERTURA

+0,30 0 TÉRREO

DML 2,92 0,17

SALA ESP.

+3,50 1 P. PAVIMENTO

3,20

3,00 0,15 REUNIÃO

+6,65 2 COBERTURA

+0,30 0 TÉRREO

DML

3,00 0,15

VESTIÁRIO CIRC. VEST.

-1.

TO

ESTAR FUNC.

3,00 0,15 0,20 10 2,92 0,17

A. SERV.

0,20

FINANC.

CIRC. EXT. LAVANDERIA

GARAGEM SUBSOLO

3,00 0,15

ALMO.

1,00

REUNIÃO

3,00 0,15

SALA MULTIM.

SALA ESP.

1,18

3,80

0,20

1,00

0,20

ESCALA 1/250

REUNIÃO

0,20

1,0 3,00 0,15

B

PLANTA BAIXA SUBSOLO

VESTIÁRIO CIRC. VEST.

2,82

0,20

02

RECEPÇÃO WC PcD FEM. WC PcD MASC. WC PcD FEM. WC PcD MASC. ESPERA SETOR CLÍNICO TRIAGEM ENFERMAGEM PEDIATRA NEUROPEDIATRA FONOAUDIÓLOGO NUTRICIONISTA OFTALMOLOGISTA AVALIAÇÃO FÍSICA BANH. FEM. BANH. MASC. CAFÉ COZINHA DESP. REFEITÓRIO CIRCULAÇÃO RECEPÇÃO FUNCIONÁRIOS DESP. COZINHA LAV. FEM. LAV. MASC DML ÁREA DE SERVIÇO LAVANDERIA DEP. JARDIM SUBEST. SALA MULTISSENSORIAL SNOE... SALA FLOORTIME SALA RDI SALA TEACCH CIRCULAÇÃO SALA ESPELHO REFÚGIO BIBLIOTECA E INFORMÁTICA SALA ABA SALA PECS SALA PSICOPEDAGOGIA FISIOTERAPIA SALA DE ARTES SALA DE CULINÁRIA SALA DE TAA HIDROTERAPIA VEST. MASC. VEST. FEM. VEST. PcD. MASC VEST. PcD. FEM. C. DE MAQ. SALA DE MUSICA SALA DE DANÇA TERAPIA OCUP. SALA DE ESPERA PARQUINHO INFANTIL ASSISTÊNCIA SOCIAL RH FINANCEIRO HIDROTERAPIA CIRC. WC. VEST. ADM ARQUIV. PISCINA 2,82

3,00 0,15

1,0

01 02 02 03 03 04 05 06 07 08 09 10 11 A 12 13 14 15 16 17 18 REFÚGIO 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 REFÚGIO 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 COBERTURA VAZADA 53 54 55 56 PARQUINHO 57 58

3,00 0,15 10

TÉRREO 01

JARDIM SENS.

+0,30 0 TÉRREO -2,80 -1 SUBSOLO


08 O PROJETO ARQUITETÔNICO

FACHADAS

ESCALA 1/250

82


TELHA METÁLICA

CAMADA PREENCHIDA DE LÃ DE VIDRO OU POLIESTIRENO EXPANDIDO E=3cm TELHA METÁLICA

DET. 01

rENDER PAGINA TODA

VEDAÇÃO EM DRYWALL, REVESTIMENTO EM PAINEL TRESPA, ATHENS WHITE L05.0.0, ACABAMENTO DIFFUSE

TELHA TERMOACÚSTICA SANDUÍCHE DUPLA. I=10% BEIRAL REVESTIDO PAINEL TRESPA AMADEIRADO, NA COR NW02, ELEGANT OAK, TRESPA METEON

CAMADA DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM MANTA ASFÁLTICA E=1cm RUFO INTERNO DE AÇO GALVANIZADO TELHA METÁLICA PARAFUSADO NA VEDAÇÃO REBAIXAMENTO DE GESSO

TELHA TERMOACÚSUTICA SANDUÍCHE DUPLA. I=10%

DET. 01

TELHA TERMOACÚSTICA SANDUÍCHE DUPLA. I=10% BEIRAL REVESTIDO PAINEL TRESPA AMADEIRADO, NA COR NW02, ELEGANT OAK, TRESPA METEON

VEDAÇÃO EXTERNA EM DRYWALL COM FECHAMENTO EM PAINEL TRESPA E ENCHIMENTO COM LÃ DE VIDRO

TELHA METÁLICA

VEDAÇÃO EM DRYWALL, REVESTIMENTO EM PAINEL TRESPA, ATHENS WHITE L05.0.0, ACABAMENTO DIFFUSE

DET. 02

CAMADA DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM MANTA ASFÁLTICA E=1cm COBERTURA

RUFO INTERNO DE AÇO GALVANIZADO PARAFUSADO NA VEDAÇÃO

DET. 03

REBAIXAMENTO DE GESSO

BRISES VERTICAIS FORMATO BAGUETTE AMADEIRADO, DET. 02 ACABAMENTO NATURAL, CÓD. M5.01-0, DIMENSÕES 50x50x2000mm, HUNTER DOUGLAS

TELHA TERMOACÚSUTICA SANDUÍCHE DUPLA. I=10%

VARIÁVEL

VEDAÇÃO EXTERNA EM DRYWALL COM FECHAMENTO EM PAINEL TRESPA E ENCHIMENTO COM LÃ DE VIDRO

CAMADA PREENCHIDA DE LÃ DE VIDRO OU POLIESTIRENO EXPANDIDO E=3cm

COBERTURA

PRIMEIRO PAVIMENTO CONSULTÓRIO

DET. 03

LAJE STEEL DECK DET. 04

LAJE STEEL DECK

SUPORTE EM PAINEL TRESPA AMADEIRADO NA COR NW02, ELEGANT OAK, TRESPA METEON

CORTINA DE VIDRO, PAINÉIS DE VIDRO LAMINADO INCOLOR, ESQUADRIA EM ALUMÍNIO ANODIZADO NA COR PRETA

REBAIXAMENTO DE GESSO

0,10

VARIÁVEL

BRISES VERTICAIS FORMATO BAGUETTE AMADEIRADO, ACABAMENTO NATURAL, CÓD. M5.01-0, DIMENSÕES 50x50x2000mm, HUNTER DOUGLAS

PRIMEIRO PAVIMENTO CONSULTÓRIO

DET. 04

SUPORTE EM PAINEL TRESPA AMADEIRADO NA COR NW02, ELEGANT OAK, TRESPA METEON 0,10

REBAIXAMENTO DE GESSO

CORTINA DE VIDRO, PAINÉIS DE VIDRO LAMINADO

PAVIMENTO TÉRREO ESPERA SETOR CLÍNICO

CORTE AA 1 1

: 25

83

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO FASE PROJETO

ESCALA

DATA

ESTUDO PRELIMINAR

INDICADA NO DESENHO

07/07/2022

DIMENSÃO DA FOLHA

A2


REFÚGIO A: 7,54 m2 SALA ESPELHO A: 7,82 m2

B

08.1 SETOR SOCIAL

SALA PECS A: 20,28 m2

SALA ESPELHO A: 7,82 m2

SALA PECS A: 20,28 m2

SALA ABA A: 20,28 m2

SALA ESPELHO A: 7,82 m2 SALA ABA A: 20,28 m2

RUA AUGUSTO D'ALMEIDA

SALA PSICOPEDAGOGIA A: 25,14 m2

BIBLIOTECA E INFORMÁTICA A: 40,21 m2

C

ISOMÉTRICA

A

A

A

RENDER CAFÉ N

ESPERA SETOR CLÍNICO A: 36,28 m2

ATENDIMENTO EM GRUPO A: 36,23 m2 ESPERA SETOR CLÍNICO A: 36,28 m2

RECEPÇÃO A: 60,10 m2

ATENDIMENTO EM GRUPO A: 36,23 m2

FOYER A: 56,36 m2 RECEPÇÃO A: 60,10 m2

FOYER A: 56,36 m2

ESPERA SETOR CL A: 36,28 m2

N TRIAGEM A: 13,29 m2 ENFERMAGEM A: 13,01 m2

S WC PcD FEM. WC PcD MASC. A: 2,85 m2 A: 2,85 m2

CAFÉ A: 63,37 m2

TRIAGEM A: 13,29 m2 ENFERMAGEM A: 13,01 m2

TERAPEUTA COMPORTAMENTAL S A: 27,22 m2

WC PcD FEM WC PcD. MASC A: 2,85 m2 A: 2,85 m2 TERAPEUTA COMPORTAMENTAL A: 27,22 m2

WC PcD FEM. WC PcD MASC. A: 2,85 m2 A: 2,85 m2

WC PcD FEM WC PcD. MASC A: 2,85 m2 A: 2,85 m2

TRIAG A: 13,2 ENFERMAGEM A: 13,01 m2 MEZANINO A: 45,42 m2

PEDIATRA A: 26,07 m2 Ref.

Ref.

PSICÓLOGO DA FAMÍLIA A: 26,51 m2

PEDIATRA A: 26,07 m2

Ref.

MEZANINO A: 45,42 m2 PSICÓLOGO DA FAMÍLIA A: 26,51 m2

COZINHA A: 10,61 m2 WC PcD FEM. WC PcD MASC. A: 3,23 m2 A: 3,23 m2 DESP. A: 1,74 m2 PSICÓLOGO A: 27,63 m2

UROPEDIATRA A: 27,31 m2

PSICÓLOGO A: 27,63 m2

NEUROPEDIATRA A: 27,31 m2

84 ÁTRIO CENTRAL

PSICÓLOGO


A: 27,27 m

VEST. MASC. A: 10,07 m2

VEST. FEM. A: 9,94 m2

C. DE MAQ. A: 3,03 m2 VEST. PcD. MASC VEST. PcD. FEM. 2 2 A: 5,42 m A: 5,42 m

SALA PECS A: 20,28 m2

SALA ESPELHO A: 7,82 m2

SALA PECS A: 20,28 m2

SALA ABA A: 20,28 m2

SALA ESPELHO A: 7,82 m2 SALA ABA A: 20,28 m2

SALA PSICOPEDAGOGIA A: 25,14 m2 HIDROTERAPIA A: 84,37 m2

IOS m2

REUNIÃO A: 21,39 m2

SALA DE TAA A: 23,14 m2

VAGA IDOSO

Ref.

Ref.

2

2

2

2

RECEPÇÃO A: 60,10 m2

2

2

2

2

2

BANH. A: 3,48 m2 ALMOXARIF. A: 3,75 m2

ASSISTÊNCIA SOCIAL A: 20,28 m2

RH A: 9,90 m2

FINANCEIRO A: 9,90 m2

COPA Ref. A: 12,07 m2

ADM A: 11,97 m2

ARQUIV. A: 7,82 m2

PARQUINHO INFANTIL A: 90,13 m2

S

2

DIRETORIA A: 17,00 m2

2

N

DEPÓSITO A: 12,29 m2

N

2

SECRETARIA A: 25,44 m2

C

A área social começa logo na entrada principal e tem como objetivo conectar o público externo com a clínica, além de auxiliar financeiramente por meio de um café público. SALA DE CULINÁRIA O café pode ser facilmente uma área de grandes estímulos A: 26,98 m REFÚGIO FOYER A: 10,53 m A: 56,36 m sensoriais, devido a altos ruídos e fluxo considerável de pessoas. Desse modo, seu layout foi pensado de forma que um usuário autista ESPERA SETOR CLÍNICO A: 36,28 m também possa se sentir confortável, com mesas mais reclusas, com C PcD FEM WC PcD. MASC alguns impedimentos visuais, além da criação do mezanino e do espaço : 2,85 m A: 2,85 m FISIOTERAPIA A: 40,21 m externo com um deck. SALA DE ARTES A: 34,34 m Também conta como setor social toda a área do pátio central, que TRIAGEM A: 13,29 m WC PcD FEM. WC PcD MASC. foi planejada para ser uma área de vivência, com bastante ENFERMAGEM vegetação, A: 2,85 m A: 2,85 m A: 13,01 m trazendo uma permanência confortável e uma interação com o público. Por fim, o segundo pavimento possui uma sala multimídia, acessada por um foyer. Ela foi pensada de forma que tenha maior flexibilidade de layout, foram locados assentos móveis para deixar o espaço livre, além de garantir a acessibilidade com cadeiras específicas para pessoas com deficiências ou algum tipo de limitação.

RUA AUGUSTO D'ALMEIDA

REUNIÃO A: 11,93 m2

ISOMÉTRICA

SALA MULTIMÍDIA A: 136,00 m2

FOYER A: 56,36 m2

TERAPEUTA COMPORTAMENTAL A: 27,22 m2

WC PcD FEM WC PcD. MASC A: 2,85 m2 A: 2,85 m2

85

VARANDA A: 28,17 m2


08.2 SETOR CLÍNICO-DIAGNÓSTICO O setor clínico é o único setor de atendimento que possui dois pavimentos, a divisão foi feita de forma que os atendimentos médicos especializados fiquem no térreo, de forma que um paciente novo, passando pelo processo de diagnóstico, ou algum que precise de exames de rotina, consigam acessar mais facilmente. No segundo pavimento, localiza-se as salas de atendimento voltadas para a saúde mental, como psicólogos e psiquiatras. No térreo foi locada uma sala de espera, que funciona como zona de transição, além disso, toda a circulação conta com espaços de fuga realizados em marcenaria. No segundo pavimento, foi adicionada uma sala de espera para os pais ou responsáveis. É válido ressaltar também o arredondamento das bordas que dão maior dinamicidade para o deslocamento, os layouts que consideram, sempre que possível, espaços de distração no chão e mesas de utilização das crianças e as janelas altas do ambiente, que visam diminuir os estímulos visuais externos e aumentar a concentração da criança.

ISOMÉTRICA

86


A

A

N

N

rENDER PAGINA TODA

ESPERA SETOR CLÍNICO A: 36,28 m2

ATENDIMENTO EM GRUPO A: 36,23 m2 RECEPÇÃO A: 60,10 m2

CAFÉ A: 63,37 m2

TRIAGEM A: 13,29 m2 ENFERMAGEM A: 13,01 m2

FOYER A: 56,36 m2

S TERAPEUTA COMPORTAMENTAL A: 27,22 m2

WC PcD FEM. WC PcD MASC. A: 2,85 m2 A: 2,85 m2

Ref.

Ref.

MEZANINO A: 45,42 m2

PEDIATRA A: 26,07 m2

Ref.

PSICÓLOGO DA FAMÍLIA A: 26,51 m2

COZINHA A: 10,61 m2 WC PcD FEM. WC PcD MASC. A: 3,23 m2 A: 3,23 m2 DESP. A: 1,74 m2

PSICÓLOGO A: 27,63 m2

NEUROPEDIATRA A: 27,31 m2

BANH. FEM. A: 11,70 m2

ACESSO VEÍCULOS PACIENTES

VAGA IDOSO

FONOAUDIÓLOGO A: 26,60 m2

ÁTRIO CENTRAL A: 190,98 m2

BANHEIRO FEM A: 11,70 m2

BANH. MASC. A: 11,70 m2

BANHEIRO MASC A: 11,70 m2

SALA DE ESPERA PAIS A: 20,00 m2

NUTRICIONISTA A: 19,93 m2 WC PcD FEM. A: 3,34 m2

WC PcD FEM A: 3,34 m2

WC PcD MASC. A: 3,34 m2

WC PcD. MASC A: 3,34 m2

OFTALMOLOGISTA A: 20,42 m2

PSICÓLOGO A: 26,93 m2

PSIQUIATRA A: 20,51 m2 AVALIAÇÃO FÍSICA A: 19,14 m2

87

REFÚGIO A: 8,46 m2

PSIQUIATRA A: 20,26 m2

WC PcD FEM WC PcD. MASC A: 2,85 m2 A: 2,85 m2


88


89


RUA AUG

FISIOTERAPIA A: 40,21 m2

SALA DE ARTES A: 34,34 m2

08.3 SETOR TERAPÊUTICO-MOTRICIDADE

N

SALA DE ESPERA A: 10,61 m2

TERAPIA OCUP. A: 9,90 m2

TERAPIA OCUP. A: 9,90 m2

TERAPIA OCUP. A: 11,97 m2

SALA DE DANÇA A: 30,77 m2

SA

N

O setor terapêutico-motricidade é totalmente térreo e envolve atividades voltadas para a movimentação do corpo. Ele se inicia com uma sala de espera e seu acesso é realizado por pelo pátio interno, sendo um deslocamento de transição. O mesmo possui salas mais amplas, que garantem mais dinamicidade para as atividades, mesmo que não possuam muitas crianças atendidas ao mesmo tempo. Destaca-se as salas de terapia ocupacional, que duas delas possuem uma divisão por porta, que dá a possibilidade de ampliação. A terapia ocupacional utiliza de equipamentos variados, a junção pode permitir VEST. MASC. COPA FUNC. A: 13,93 m uma terapia de forma mais completa. A: 19,82 m Também, nas salas como a de TAA e a de artes, foi explorado o acesso com a área externa, realizado de forma restringida. É válido ressaltar que a existência de uma área vegetada na lateral das salas auxilia na diminuição VEST. PcD. FEM. A: 5,46 m VEST. FEM. REUNIÃO A: 12,12 m dos ruídos externos. ESTAR FUNC. A: 11,51 m Ref.

2

2

WC PcD FEM. WC PcD MASC. A: 3,39 m2 A: 3,39 m2 SALA DE MUSICA A: 27,27 m2

2

2

2

A: 27,61 m2

VEST. MASC. A: 10,07 m2

VEST. FEM. A: 9,94 m2

C. DE MAQ. A: 3,03 m2 VEST. PcD. MASC VEST. PcD. FEM. 2 2 A: 5,42 m A: 5,42 m

B

SAL HIDROTERAPIA A: 84,37 m2

ARMÁRIOS A: 4,86 m2

SALA DE TAA A: 23,14 m2

Ref.

Ref.

SALA DE CULINÁRIA A: 26,98 m2

A

REFÚGIO A: 10,53 m2

FISIOTERAPIA A: 40,21 m2

ISOMÉTRICA

90

SALA DE ARTES A: 34,34 m2

RUA AUGUSTO D'ALMEIDA

VEST. PcD. MASC A: 5,46 m2


rENDER PAGINA TODA

91


DET. 0X - SHEDS METÁLICOS DE ILUMINAÇÃO

08.3 SETOR TERAPÊUTICO-MOTRICIDADE

VÃOS DE VENTILAÇÃO NA PLATIBANDA

5

rENDER

Por lidar com atividades de médio e alto estímulo, toda sua circulação foi pensada de forma que haja bastante luz natural e espaços de descanso sensorial. Para tal, utilizou-se sheds de iluminação zenital, que possibilitam regulagem, todos voltados para orientação nordeste, para que além da iluminação possam auxiliar na ventilação do espaço. Esses sheds também foram utilizados na sala de hidroterapia, dando uma identidade ao local.

URA ERT COB

4 DET. 0X - SHEDS METÁLICOS DE ILUMINAÇÃO VÃOS DE VENTILAÇÃO NA PLATIBANDA

2 REO TÉR NTO E IM PAV

5 3 1

URA ERT COB

4

2 EO ÉRR TO T IMEN V A P

3 1

PERSPECTIVA - SHEDS

P01

Escala: 1:100

PERSPECTIVA - SHEDS

P01

Escala: 1:100

3

1

2

4

5

3

1

4

2

5

P02

93.100.100

92

PERSPECTIVA - SHEDS 2 Escala: 1:25


rENDER PAGINA TODA

93


08.4 SETOR PEDAGÓGICO O atual setor é térreo, e localizado na zona de menor estímulo do terreno por possuírem maior necessidade de concentração. Também possui uma área de espera em seu acesso principal. Neste bloco são abordadas as metodologias de tratamento pedagógico, geralmente para um número menor de crianças. Assim, as salas possuem dimensões um pouco menores, quando comparadas às salas do setor terapêutico. Para esse setor, os layouts foram trabalhados de acordo com o necessário para o tratamento e ressalta-se que algumas salas dão acesso direto para o jardim sensorial, que pode auxiliar nas dinâmicas do tratamento. Um ponto importante do setor pedagógico é a presença de salas espelho, em que os pais podem acompanhar o desenvolvimento da criança por uma janela, mas ela possui uma película na parte interior, evitando a perda de concentração. Para mais, na circulação deste bloco também foram adicionados sheds de iluminação, assim como nas salas de metodologia floortime, que auxilia em uma melhor funcionalidade e conforto ambiental do espaço.

rENDER

94


RUA AUG

FISIOTERAPIA A: 40,21 m2

SALA DE ARTES A: 34,34 m2

N

SALA FLOORTIME A: 22,35 m2

SALA FLOORTIME A: 22,17 m2

SALA MULTISSENSORIAL SNOEZLEN A: 28,27 m2

SALA ESPELHO A: 5,32 m2

BANH. FEM. A: 6,92 m2

N

DANÇA 7 m2

SALA TEACCH A: 24,43 m2

SALA RDI A: 24,72 m2

WC PcD FEM. WC PcD MASC. BANH. MASC. A: 2,94 m2 A: 2,94 m2 A: 6,92 m2 REFÚGIO A: 7,54 m2

SALA ESPELHO A: 7,82 m2

B

SALA PECS A: 20,28 m2

SALA ESPELHO A: 7,82 m2

SALA PECS A: 20,28 m2

SALA ABA A: 20,28 m2

SALA ESPELHO A: 7,82 m2 SALA ABA A: 20,28 m2

CULINÁRIA 98 m2

E ARTES ,34 m2

BIBLIOTECA E INFORMÁTICA A: 40,21 m2

C

Ref.

RUA AUGUSTO D'ALMEIDA

SALA PSICOPEDAGOGIA A: 25,14 m2

ISOMÉTRICA N

95


08.4 SETOR PEDAGÓGICO SALA FLOORTIME

SALA ABA

ISOMÉTRICA

ISOMÉTRICA

96


SALA SNOEZELEN

BIBLIOTECA

ISOMÉTRICA

ISOMÉTRICA

97


08.5 SETOR ADMINISTRATIVO

RENDER RECEPÇÃO

98


RUA AUGU

SALA DE ARTES A: 34,34 m2

N

REUNIÃO A: 21,39 m2

SECRETARIA A: 25,44 m2

N

DIRETORIA A: 17,00 m2 BANH. A: 3,48 m2 ALMOXARIF. A: 3,75 m2

ASSISTÊNCIA SOCIAL A: 20,28 m2

CO

M m2

VAGA IDOSO

REUNIÃO A: 11,93 m2

RH A: 9,90 m2

FINANCEIRO A: 9,90 m2

COPA Ref. A: 12,07 m2

ADM A: 11,97 m2

ARQUIV. A: 7,82 m2

RECEPÇÃO A: 60,10 m2

PARQUINHO INFANTIL A: 90,13 m2

S WC PcD FEM. WC PcD MASC. A: 2,85 m2 A: 2,85 m2

O setor Administrativo localiza-se logo na entrada do edifício, facilitando o acesso ao público para a secretaria, separando a entrada da recepção principal. No entanto, para as salas com público restrito aos funcionários, voltou-se a circulação

ISOMÉTRICA

SALA MULTIMÍDIA A: 136,00 m2

para um corredor interno acessado pela secretaria. É válido ressaltar a presença da sala de serviço social, que possui entrada pela recepção, que facilita a organização cotidiana e garante o controle de acesso. Destaca-se que nos ambientes nos quais geralmente os pais vão acompanhados das crianças, como a secretaria e a sala de serviço social, foram criados espaços de fuga no layout para que a criança possa se distrair.

DEPÓSITO A: 12,29 m2

VARANDA A: 28,17 m2

99


RUA AU

FISIOTERAPIA A: 40,21 m2

SALA DE ARTES A: 34,34 m2

08.6 SETOR DE SERVIÇO N O bloco de serviços possui um acesso independente, podendo ser feito pelo subsolo com estacionamento de funcionários. Ele possui uma conexão restrita com o resto da clínica, para que não haja interferências no cotidiano, porém com acessos estratégicos. Foi pensado no conforto ambiental e térmico do funcionário que utiliza. O mesmo possui no segundo pavimento uma área de estar, com sala de reuniões, e para o conforto térmico, foram locadas grandes janelas, protegidas por brises de proteção solar (Figura xx), visto que se localiza a noroeste do terreno, tendo uma insolação maior. Salienta-se que esse bloco também possui o refeitório das crianças, é válido dizer que a capacidade é para poucas pessoas, a fim de conseguir um maior controle dos usuários. Por conseguinte, a cozinha foi adaptada para uma versão industrial com dimensões menores.

REFEITÓRIO A: 69,76 m2

Ref.

N

Ref.

WC PcD MASC. WC PcD FEM. A: 2,94 m2 A: 2,94 m2

COZINHA A: 37,65 m2

S DESP. A: 3,11 m2

RECEPÇÃO FUNCIONÁRIOS A: 23,31 m2

LAV. FEM. A: 1,76 m2

ML

B

DML A: 4,72 m2 ÁREA DE SERVIÇO A: 8,13 m2

ML

LAV. MASC A: 1,76 m2

ML

B LAVANDERIA A: 11,58 m2

DEP. JARDIM A: 3,68 m2 REFEITÓRIO A: 69,76 m2 SUBEST. A: 3,68 m2

WC PcD MASC. WC PcD FEM. A: 2,94 m2 A: 2,94 m2

A

Ref.

Ref.

COPA FUNC. A: 19,82 m2

VEST. MASC. A: 13,93 m2

Ref.

ISOMÉTRICA

SALA DE ES A: 10,61

COZINHA A: 37,65 m2

S RECEPÇÃO FUNCIONÁRIOS A: 23,31 m2

DESP. A: 3,11 m2

LAV. FEM. A: 1,76 m2

LAV. MASC A: 1,76 m2

VEST. PcD. FEM. A: 5,46 m2 ESTAR FUNC. A: 27,61 m2

ML

B

DML A: 4,72 m2 ÁREA DE SERVIÇO A: 8,13 m2

ML

REUNIÃO A: 11,51 m2

VEST. FEM. A: 12,12 m2

ML

B LAVANDERIA A: 11,58 m2

DEP. JARDIM A: 3,68 m2

VEST. PcD. MASC A: 5,46 m2

100

ARMÁRIOS A: 4,86 m2

VEST. MA A: 10,07 m


DETALHE BRISE HORIZ

RENDER REFEITÓRIO

101


08.7 PAISAGISMO As decisões referentes ao paisagismo da clínica são de extrema importância visto que elementos da natureza são essenciais para o bem estar do usuário. Segundo Costa (2009) “A humanização dos ambientes físicos hospitalares, nomeadamente com jardins ou outros elementos naturais, pode influenciar o processo terapêutico do paciente e contribuir para o sucesso dos serviços de saúde prestados pelos profissionais envolvidos’’ (COSTA, 2009, pg.41). Para o projeto, foi priorizada a escolha de vegetações nativas, e quando não, vegetações de fácil adaptação ao clima local. Também, houve a preocupação com o sombreamento, principalmente em áreas de permanência e a possibilidade de interação com as pessoas. Salienta-se também que a segurança da criança foi levada em consideração, as espécies foram escolhidas de forma que não houvesse o risco das crianças de machucarem, com espinhos ou folhas pontiagudas. Por conseguinte, a vegetação foi dividida em dois grupos: vegetação de sombreamento e a vegetação de ornamentação, conforme a Figura x.

Quanto ao posicionamento, é proposto uma vegetação mais densa a sudeste do terreno, visto que por ser um setor de terapias, as árvores exercem uma função de bloqueio acústico e visual com a rua. Há o posicionamento de árvores também na fachada principal do terreno, a noroeste, funcionando como bloqueio solar complementar. Destaca-se também o pátio interno que realiza um caminho com vegetações arbustivas e árvores de médio para alto porte, que sombreiam o local. É válido ressaltar que foi proposto um subsolo, desse modo, a vegetação que sobrepõe o subsolo é localizada dentro de jardineiras e são mais arbustivas, com raízes menores.

102


08.7.1 JARDIM SENSORIAL Um dos pontos importantes do projeto é a utilização do ambiente externo para auxílio nas terapias. O jardim sensorial foi proposto nesse contexto para promover a interação da natureza com o usuário, além de possibilitar a descoberta de diferentes texturas. Nele, foi criado uma estrutura com caminhos de diferentes texturas, elementos de sonorização e visualização, além de possuir uma horta integrada. Isto, visando uma experiência sensorial completa, em que a criança possa tocar, com os pés ou com as mãos, cheirar, escutar ou visualizar os diferentes elementos do ambiente. O jardim sensorial foi localizado na porção sudoeste do terreno, a fim de garantir uma menor quantidade de estímulos externos, além de ser arborizado, garantindo o sombreamento e conforto térmico. Texturas usadas 1 cascalho 2 serragem 3 pedra seixo 4 piso emborrachado 5 areia 6 argila expandida 7 madeira Horta 1 para tocar - dormideira e peixinho da horta 2 para sentir - boldo e alecrim 3 para comer - pé de acerola e tomates Elementos de som 1 metal 2 bambu

103


104


105


106


107


108


CONSIDERAÇÕES FINAIS

109


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

110


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

111


APÊNDICES

112


APÊNDICES

113



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.