VEL

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GABRIELLY CRISTINA KÜSTER

VICIÁVEIS

2017


CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÃO PAULO GABRIELLY CRISTINA KÜSTER VICIÁVEIS Portífólio elaborado na disciplina de Desenvolvimento de Coleção, sob orientação da Profa. Me. Paula Hana Akita, como trabalho de conclusão do curso de Tecnologia em Design de Moda do Centro Universitário Estácio de São Paulo.

São Paulo – SP 2017


Dedico esta conclusão de curso a mim mesma, como uma ampliação de horizontes, a meus pais que financiaram isto e à filosofia que me dá palavras para comunicar o que penso, logo existo.


“O homem é, antes de tudo, um animal que julga.” Nietzsche

SU

MA RIO


INTRODUÇÃO

CARTELA DE CORES

TEMA

CARTELA DE MATERIAS

RELEASE DA COLEÇÃO

ILUSTRAÇÃO DE MODA

PAINEL DE INSPIRAÇÃO

FICHA TÉCNICA

SILHUETA

PRODUÇÃO DE MODA

LIFE STYLE

PRANCHA DO DESFILE

SEGMENTO

CONCLUSÃO

IDENTIDADE VISUAL

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

MACROTENDÊNCIA

EQUIPE TÉCNICA

MICROTENDÊNCIA

ANEXO EXPOSIÇÃO NO MUSEU DE STO. ANDRÉ AGRADECIMENTOS


O movimento ‘ Agender’, chamado de movimento, não é visto apenas como um estilo, pois envolve comportamento, quem busca se vestir dessa forma, de alguma maneira quer trazer em pauta a discussão de gênero, discussão essa, muito ativa e um pouco recente no Brasil e no mundo. Grandes marcas da moda já navegaram nesta tendência. Percebe-se que as cores das peças são mais sóbrias, e a modelagem mais larga e simples, o que traz conforto e afastando a roupa do corpo, temos o resultado de mudar a forma do corpo, seja masculino ou feminino, esse afastamento resulta no questionamento de gênero ou simplesmente na dúvida.


Viciáveis são pessoas-roupa. A coleção, por mais que pequena, foi criada pessoalmente para os modelos que desfilaram as peças, isso faz parte da ideologia VEL, essas pessoas têm seus vícios e medos transpassados em sua vestimenta e ambiente, é como um grito de medo e exposição para os modelos, são pessoas não ativas ou conhecedoras do mundo da moda, que nunca pensaram em desfilar algo para alguém em algum lugar, “mulhomem”, “homulher”, trabalhamos para que a caixa estética acabe.



A VEL possui um largo banco de imagens de diversos lugares do mundo, todo tipo de arte e conteúdo, e está sempre renovando as referências, e essas informações são digeridas e decodificadas, por tanto é difícil descobrir em que tal referência resultou no produto final da VEL.





Podemos dizer que o público que produz a marca é o mesmo que a consome, pois, o processo de produção envolve também a opinião do cliente. VEL é para todos, sem classes estereotipadas, atendemos um público bem vasto, com um fator em comum; liberdade de expressão.


STILL


VEL se encaixa no segmento minimalista, casual elegante e nosso acervo artístico é bastante alegórico, com cortes mais exóticos e experimentais.


VEL é um sufixo da língua portuguesa brasileira, que quando colocado ao final de palavras, transmite o significado de ação ou consequência, como por exemplo, “vestido + vel = vestível”, ou seja, transformando a palavra vestido em um objeto útil, e com essa intenção nossos produtos são objetos úteis, e quem veste também é. VEL é para uma vida mais flexível, palpável, confortável, identificável. A VEL teve início em Santo André em 2014, em um experimento artístico com tecidos e manequins. Durante o experimento surgiram vários desejos e possibilidades de tornar-se algo comercial, assim, fomos atrás de especialização e espaço, o atual atelier VEL se localiza na região do Tatuapé – SP. Tudo é feito lá, prezando muito o trabalho artesanal e o ambiente de produção saudável. Com estudo e tempo, foi se idealizando a marca, conceitos como, roupa sem gênero, modelagem mais distante do corpo, peças lisas livres para customização, a nossa linha de peças sem costura, técnicas artísticas de pintura, tingimento e estamparia, tecidos indispensáveis para o caimento da peça, como crepe, brim, veludo, algodão, a idealização das peças multiuso, aprendendo que vestir-se é comunicar-se, e não apenas cobrir o corpo. A VEL também tem extensões de projetos, como cenografia e figurino para shows, editoriais, home decor, e até uma área de cosméticos está sendo explorada com perfumes naturais, criando um ambiente ‘corpo-roupa’. A filosofia da marca é que ‘os consumidores se sintam empoderados, com identidade e elegância, pois a peça que a veste foi feita exclusivamente para eles. Esperamos propagar o bem-estar e a personalidade, pois acreditamos que esses fatores são poderes grandes e importantes na vida de um indivíduo e sociedade’.


Logotipo desenvolvido pelo publicitário da Belas Artes em 2015 Etiqueta em algodão cru, pintado à mão e costurada ao lado de fora das peças

Embalagem estampada de papel reciclado


Podemos assumir que o ‘estilo’ genderless é uma macrotendência. Uma questão muito abordada, é a androginia. Temos exemplos históricos deste comportamento, com o estilo musical Glam Rock, nos anos 70-80, com nomes de grande influência, como David Bowie, Brian Eno, Secos e molhados, até mesmo na moda, com Rick Owens e Issey Miyake, Rei Kawakubo e Vivienne Westwood na era punk. Consideramos macrotendência não só vestimenta, mas também comportamento, pois moda é comportamento e comunicação.


Esse estilo caracteriza-se com roupas mais largas e com cores mais neutras, utilizando o recurso de cor monocromática e escala de cinza. A inovação é nos cortes e caimentos das peças, das quais são mais longas e livres.




Temos um ego, como Freud estudou a mentalidade humana, além disso temos a autoestima e o self, nossa personalidade. A performance do modelo na passarela é assim narrada: pegar o celular fotografar a reação do auditório, caminhar angustiadamente com uma mala que tem o formato de um tronco humano, ao final do trajeto, com um buraco no centro do corpo do modelo, a mala é aberta e cai uma peça vermelha sangue. O modelo segue andando pesado com o corpo aberto nas costas, a calça tem uma barra bem maior que seu corpo, ou seja, ela rasteja assim como nossa dependência de aprovação da sociedade e dos demais. É um look performance para se refletir sobre a necessidade e o peso que esse fator tem em nossas mentes. Uma ligação direta representada na filosofia a entrada para o existencialismo, que surgiu no campo filosófico europeu no século XX. A ideia principal desta filosofia é crer que o ser humano nasce livre, porém, condenado pelas consequências das suas ações e escolhas. Dois nomes importantes desta teoria são Soren Kierkegaard e Sartre, que viviam a realidade existencial, ‘’Condenado porque não criou a si próprio e, no entanto, livre, por uma vez ser lançado no mundo, é responsável por tudo que fizer’’. (KIERKEGAARD, 1978, p. 9) Então a performance se resume à um ser carregando um outro, livre, neutro e condenado, representando que o vazio sentido pelo protagonista ultrapassa o corpo, necessitando então de mais um corpo para carregar o peso. A roupagem cria a ideia do personagem no extremo da dependência de aprovação social. Trata-se de uma situação vivida cotidianamente pela humanidade.



‘Meu ruído come teu ruído’ é uma frase de ameaça e uma fala raivosa. É relacionada com a insegurança pessoal causada pela cobrança social, gerando ansiedade e muitas vezes até agressividade. Os vícios são gerados pelo sentimento de necessidade de fuga. Esta composição traz a nicotina em vista, tendo que a existência de um fumante ativo causa a existência de um fumante passivo – o qual é tão prejudicado quanto o fumante ativo. Segundo a OMS, em 2014, o tabagismo foi responsável por 90% das mortes por câncer de pulmões e 25% das mortes por derrame cerebral. Entendendo o vício como fuga, ou seja, algo buscado em aflição e que proporciona prazer.


I

O mundo vive uma era na qual a depressão é considerada a doença do século. Sendo uma patologia recente, não fora explorada amplamente pela comunidade médica e farmacêutica. Os remédios atacam o sistema nervoso central, procurando aliviar a pressão psicológica, diagnosticando a depressão como resultado exclusivo de fatores biológicos. É ampla a realização de terapias alternativas, pois muitas vezes tratamento médico ineficaz. Além disso existem casos de pacientes que se automedicam, colocando em risco a própria saúde. Pesquisas apontam que a depressão é causada por desbalanceamentos hormonais, como por exemplo em níveis a dopamina e a serotonina anormais. Atualmente não existe cura definitiva, que não é apenas psicológica. Muitos indivíduos morrem ou cometem suicídio pois membros do seu círculo social não sabem lidar com a doença ou criam estereótipos de que o depressivo é apenas visto como uma pessoa triste, louco, preguiçoso ou melancólico. Além disso, existem casos em que pacientes tornam-se dependentes químicos dos remédios que compõe seus tratamentos, enquanto muitos outros sofrem de efeitos colaterais adversos.





Produção de moda


Desfile


Adquiri muito conhecimento neste curso, não só profissional mas também pessoal, durante esses 5 semestres muita coisa aconteceu, e fico tranquila agora em concluir o curso, pelo diploma, que é importante, porém na instituição e nos lugares onde trabalhei, vi que moda não tem nada de glamour, como eu já imaginava, e sim muito trabalho, muito egoísmo, coisas improváveis, negações, entorpecentes e é um mercado negro muito pesado, então encerro essa jornada com esta pesquisa e vou iniciar minha estrada, no slow fashion, na ideia de fazer diferente, força à todos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://ffw.uol.com.br/noticias/comportamento/gender-bender-a-moda-reacende-debate-sobre-a-questao-degeneros/ http://www.brasil.gov.br/saude/2014/08/cigarro-mata-mais-de-5-milhoes-de-pessoas-segundo-oms https://www.youtube.com/watch?v=NrYJE1sFVd8 http://www.qwearfashion.com/home/exploring-make-up-as-a-genderless-art-form http://psicoativo.com/2015/12/id-ego-superego-segundo-freud.html http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/existencialismo.htm http://br.blastingnews.com/ciencia-saude/2017/02/depressao-a-doenca-do-seculo-21-001475381.html TREPTOW, Dóris. Inventando moda: planejamento de coleção, Brusque: D.Treptow, 2003 p 77-201 (cap. 4 – Pesquisa em moda e Parte II Planejamento de coleção. Jones, Sue Jenkun. Fashion Design: Manual do estilista. São Paulo: CosacNaify, 2005 Elionor Renfrew, Colin Renfrew. Desenvolvendo uma coleção, Editora Artmed, 2011


EQUIPE TÉCNICA CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTACIO DE SÃO PAULO – UNIDADE CONCEIÇÃO Pró - Reitoria de Graduação Diretor de Núcleo: Prof. Me. Sérgio Frank de Carvalho Pró – Reitora e Gerente Acadêmica de Núcleo: Profa. Dra. Rita Elvira Garcia Diretor Financeiro: Vicente de Paula Oliveira Curso de Tecnologia em Design de Moda Coordenação: Profa. Me. Paula Hana Akita Organização do Desfile Profa. Juliana Bruno Verri Profa. Marina Inoe Ferreira da Silva Prof. Naum Simão de Santana Profa. Paula Hana Akita Agregados Banda Alencastro, Eduardo Wurster e Rodrigo Massot, Luciano Küster como fotógrafo, modelos: Rosa Genaro, Bete Küster, Vinicius Faveri


O projeto VEL teve início em meados de 2014, e nesse movimento, eu, Küster, fiz uma parceria com o Museu de Santo André, minha cidade natal, e em maio deste ano fizemos a exposição do processo de criação da VEL, com peças inéditas, uma pequena representação da instalação artística, que foi como a VEL nasceu e também um mapa conceitual, mostrando alguns caminhos percorridos durante a pesquisa, que ainda está ativa. A VEL será inaugurada como marca oficial em 2018.


Exposição VEL #01 Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa


Exposição VEL #01 Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa


Agradecimentos aos modelos Rosa Genaro, Vinicius Faveri e Bete Küster, à banda Alencastro por trabalharmos juntos, um carinho especial à meu companheiro Edu Wurster por sempre me compreender, Simone Wurster minha segunda mãe. Agradeço meu pai, Luciano Küster pelo incentivo artístico, agradeço ao corpo docente, Juliana Verri, Paula Hana, Carlos Florêncio e Marina Inoe. Agredeço ao grupo de artistas que realizaram comigo muitas facetas dessa ideia, Murillo José, Gabriel Hilair, Marina Cortez, Samir Raoni, Rodrigo Massot, Agatha Borges e muitos outros queridos. Gratidão também ao Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa.


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