Plano de Desenvolvimento Escolar

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ÍNDICE 1. Introdução 2. A instituição escolar antes de mais 3. Um plano de desenvolvimento escolar 4. A missão da escola 5. Melhorar o ensino/aprendizagem 6. Melhorar a administração/organização 7. Melhorar a escola 8. Melhorar com deontologia 9. Uma inteligência colectiva 10. Prioridades a melhorar 11. Prestação de contas 12.Conclusão 13. Bibliografia 14. Legislação


“É cada vez mais frequente ver-se aprofundar um abismo entre o estado real dos espíritos e dos saberes e as faculdades que se presume que eles possuam. …A Escola real é incompreensível e inviável sem a Escola ideal e esta é o horizonte permanente assim como a fonte da Escola real” (DELFOUR:2008, p. 12). “À qualidade estão associados inúmeros factores através dos quais é possível introduzir, directa ou indirectamente, melhorias significativas no funcionamento das escolas e na criação de condições propícias ao desenvolvimento de uma cultura de maior exigência por parte de todos os intervenientes no processo educativo, designadamente os professores, os pais e os próprios alunos, que são, em última análise, os grandes destinatários de todas as actividades escolares” (MARÇAL GRILO: 2010, p. 58).

I. INTRODUÇÂO Este Plano pretende fornecer uma orientação a seguir pela comunidade escolar para que a Escola se constitua uma boa escola, o seu ensino se constitua um bom ensino e a sua administração se constitua uma boa administração. Uma orientação num mundo hipermoderno, “desorientado, inseguro e destabilizado, não ocasionalmente, mas quotidianamente, de maneira estrutural e crónica. …Todos os pontos de referência colectivos se foram evaporando sucessivamente” (LIPOVETSKY E SERROY: 2010, p. 24) e a Grande Desorientação afecta todas as esferas da vida social e íntima. “Atravessamos um momento em que a cultura se impõe como um desafio importante da vida económica, em que as procuras culturais fragmentam o social, em que as indústrias do imaginário e do consumo parecem ameaçar os valores do espírito e a própria escola” (idem, p. 31). Como refere o autor “já não se trata de mudar o mundo, mas civilizar a cultura-mundo” (37. Parte-se aqui da crença que uma escola será aquilo que sua direcção, os seus docentes, os seus funcionários e os seus alunos quiserem que ela seja, comprometidos com uma ideia de escola. Não se pretende indicar um caderno de encargos ou uma lista de medidas mas apenas uma orientação que não deixará de ser seguida para se construir uma escola de qualidade, com um bom ensino, uma boa administração e um bom ambiente. Dir-se-á que este texto pretende ser uma viagem ao interior da escola tal como se quer construir contando com a força performativa que o mesmo possa ter.

II.A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ANTES DE MAIS As instituições podem ser definidas como “factos” estritamente humanos construídos com alguns elementos fundamentais: linguagem, regras constitutivas, intenção colectiva e acordo mínimo (John Searle). Explicite-se ainda que uma instituição é um fenómeno intrinsecamente colectivo e que uma intenção colectiva alimenta a cooperação social como uma das condições internas de satisfação (DE MUNCK: 1999, pp. 108-109) A instituição escolar assumirá naturalmente os elementos referidos utilizando-os para ensinar e, orientada para esta, para administrar. A importância desta instituição e a circunstância por que esta Escola está a passar, de fusão e de modernização, levam a que todos assumam a responsabilidade social que à mesma é atribuída. É por causa desta responsabilidade que se organiza o presente Plano de Desenvolvimento Escolar, caracterizando o espaço escolar como um espaço específico:

de transmissão e de formação (por transmitir uma cultura comum e por emancipar ou, dito de outro modo, por ser um lugar onde a transmissão toma um carácter formal e metódico),

de intermediação e transição (entre a família e o mundo do trabalho/actividade pública, do espaço doméstico para o espaço público), de exercício e de simulação (através de algumas formas que lhe parecem mais pertinentes e formadoras que outras: saber ler, argumentar, analisar…),

de hospitalidade educativa (na medida em que deve acolher todas as crianças/adolescentes sem exclusão para que se tornem o que devem ser, realizando o ideal de humanidade) (PRAIRAT: 2005, pp. 44-52). A escola deve garantir três condições de base que constituem o triplo requisito de todo o acompanhamento educativo:

a garantia de segurança seja em que sentido for que se tome esta palavra,


a procura de reconhecimento e a necessidade de afirmação (Op. cit., pp. 52-54). O Projecto Educativo da Escola explicita as diversas dimensões da Escola. Convém, no entanto, não esquecer o que Jean-Claude Milner afirma quando se discute a escola virtual e a escola prestadora de serviços : “Falar de escola é falar de quatro coisas: (1) de saberes; (2) de saberes transmissíveis; (3) de especialistas encarregados de transmitir saberes; (4) de uma instituição reconhecida, tendo por função colocar em presença, de uma maneira regulada, os especialistas que transmitem e os sujeitos a quem se transmite” (MILNER: 2009, p. 13). Dito isto, convém que a Escola esteja atenta a alunos que, de cada vez mais, se apresentam pouco socializados, pouco escolarizados, existencialmente desorientados, oriundos de diversos universos culturais e com complicadas situações de família, criando para o efeito mecanismos de acompanhamento de todos os alunos.

III.UM PLANO DE DESENVOLVIMENTO ESCOLAR A ideia de elaborar um Plano de Desenvolvimento Escolar resulta da leitura do livro Em busca de uma boa escola e do olhar atento para um contexto escolar que se quer melhorar. O Plano articula-se necessariamente com os outros instrumentos de gestão e administração, mas distingue-se deles por pretender ser um texto com uma dimensão acentuadamente estratégica e por procurar responder à questão de “o que faz com que uma instituição se torne uma boa instituição?” ou o que faz com que uma escola seja uma boa Escola? nos domínios do ensinar e do administrar ou de gestão pedagógica e de gestão administrativa ou, em última análise, na sala de aula e na secretaria.

O Plano deve compreender:

1. o diagnóstico (onde nos encontramos?); 2. a planificação (onde gostaríamos de estar no futuro?); 3. a implementação (como avançar na direcção pretendida?); 4. a avaliação (como avaliar a melhoria concretizada?) (LIMA: 2008, p. 321). O diagnóstico está feito no Projecto Educativo e aconselha a adopção de um paradigma terapêutico ou neopragmático propondo uma certa imunologia cultural da Escola ou, parafraseando Boaventura de Sousa Santos, um conhecimento prudente para uma escola decente. Apesar de esse diagnóstico provocar alguma apreensão, não impedirá a capacidade reconstrutiva proveniente não só da natureza pública desta instituição mas também da qualidade das obras de modernização. A planificação tem como condições fundamentais:

1. a preocupação com o desenvolvimento de (f)actos e valores partilhados relativos ao ensino e à administração ou ao currículo (formal e não formal) e à organização (pedagógica e administrativa);

2. a criação de um clima propício à melhoria; cultivado por todos os elementos da comunidade escolar favorecendo assim um “lazer estudioso”;

3. a manutenção de uma cultura de colaboração ao longo do processo escolar (LIMA: 2008, p. 322) que vá

resolvendo

progressivamente os problemas que vão surgindo e que, por vezes, não se sabe identificar e resolver.

A implementação passará naturalmente pelo sentimento de pertença de todos os que leccionam, estudam ou trabalham na Escola e passará ainda pelo trabalho profissional de todos os órgãos e estruturas do estabelecimento de ensino.

A avaliação será a avaliação que a Escola fizer do seu desempenho e este será o barómetro da aplicabilidade do Plano. O Plano de desenvolvimento da instituição escolar deverá incluir finalidades específicas para a melhoria na sala de aula e para um clima próprio da escola, tranquilo e seguro. Deverá apontar para diversos indicadores:

1. atitudinais (por exemplo, expectativas elevadas); 2.comportamentais (por exemplo, maior assiduidade e mais tempo para as tarefas académicas);

3. cognitivos (por exemplo, melhores resultados). Deve ainda apontar para:

1. uma missão comum – consistindo numa visão partilhada sobre as finalidades e prioridades;


esta categoria abarca três características:

valores e crenças partilhadas, finalidades claras e liderança pedagógiga; 2. ênfase na aprendizagem - concretizada no comportamento dos docentes transmitindo expectativas positivas aos seus alunos; esta categoria apresenta quatro características:

monitorização frequente do progresso dos alunos, expectativas elevadas, colegialidade e formação de professores, focalização no ensino e no currículo; 3. clima conducente à aprendizagem – em que a motivação e o auto-conceito são elevados; esta categoria integra cinco caractísticas:

envolvimento e responsabilização dos alunos, ambiente físico acolhedor, reconhecimento e incentivos, comportamento positivo dos alunos e envolvimento e apoio dos pais e da comunidade. O Plano deve prever um prazo mínimo de três anos ou, mesmo, de cinco anos, dado ser este o “período de tempo necessário para que ocorra um aperfeiçoamento natural na escola” (LIMA: 2008, p. 317) e deve pressupor aquisições próprias do programa da eficácia da escola, do movimento da melhoria, da teoria pós-burocrática, da teoria da complexidade e da filosofia da escola sem seguir uma perspectiva única que seria sempre redutora e empobrecedora dada a complexidade da instituição escolar. Procurar-se-á que o Plano responda a duas dimensões fundamentais da Escola: o ensinar e o administrar, o currículo e a administração. E procurar-se-á ainda explicitar os principais deveres dos intervenientes na comunidade escolar: professores, alunos, pessoal não docente, pais e encarregados de educação. Terminar-se-á este ponto relativo ao Plano de Desenvolvimento citando Phillipe Meirieu que afirma “É preciso passar de um tratamento isolado dos problemas em que cada problema releva de um esfera de competências específicas … a um tratamento global, partindo de uma questão e procurando todas as variáveis que interveêm nesta questão, todos os modos de intervenção possíveis de cada actor e a maneira de criar a coerência entre elas” (MEIRIEU: 2005, p.19).

IV. A MISSÃO DA ESCOLA Luc Ferry coloca a questão da missão da Escola ao afirmar que “a nossa missão inscreve-se com toda a certeza no quadro das missões fundamentais da escola: instruir, isto é, transmitir conhecimentos e uma cultura; educar, isto é, formar o futuro adulto e o futuro cidadão numa sociedade democrática; enfim, preparar para a vida profissional. Estes objectivos não podem ser validamente atingidos se não reduzindo as desigualdades perante a escola, desigualdades que são agravadas pela colocação em causa da legitimidade dos saberes escolares por um excessivo número de alunos. A nossa prioridade é, antes de mais nada, revalorizar os saberes concedendo-lhe novamente sentido e autoridade “ (LUC FERRY: 2003, p.8). (o sublinhado não é da responsabilidade do autor). “Toda a Escola digna deste nome, isto é, na sua essência, existe, por conseguinte como uma missão, transmitir os saberes construídos pelos seres humanos precedentes às gerações nascentes e torná-las capazes de continuar o trabalho. Ela assegura a continuidade do espírito, a permanência do conhecimento, a perenidade da história como história comum do saber e da liberdade. O seu nó fundamental está aí: a liberdade pelo saber, o saber pela liberdade” (DELFOUR: 2006, p. 2). A missão que socialmente é atribuída à escola faz dela uma instituição perpetuadora da humanidade corporizando socialmente o espírito e a cultura com maior ou menor êxito na dependência do trabalho escolar.

V. MELHORAR O ENSINO/APRENDIZAGEM “Ensinar consiste, …, em desenvolver uma acção especializada, fundada num conhecimento próprio, de fazer com que alguém aprenda alguma coisa que pretende e se considera necessária, isto é, de accionar e organizar um conjunto variado de dispositivos que promovam activamente a aprendizagem do outro, embora não a possam garantir em absoluto, já que o sujeito aprendente terá de desenvolver os correspondentes procedimentos de apropriação. Mas é no modo como se ensina que hão-de encontrar-se as potencialidades que viabilizam, induzem e facilitam a aprendizagem” (ROLDÃO, 2009, pp. 14-15).


O ensino escolar é uma profissão que exige, como todas as profissões, um certo domínio “técnico” ou habilidade para exercer com sucesso e, de um modo mais amplo, um conjunto de saberes: um saber ensinar geral ( chamamos-lhe saber pedagógico) que até certo ponto pode ser distinto de um saber ensinar tal matéria (chamamos-lhe saber didáctico), ambos distintos do saber relativo à própria matéria a ensinar (chamamos-lhe saber disciplinar). O ensino escolar deve ser mantido num alto nível convindo referir que há nele um misto de profissionalismo e de inventividade, de especialização e de arte (GAUTIER: 2009). Não é sem alguma nostalgia ou, então, é para apontar para um ideal regulador, que se cita Fichte: “Acrescento: o aluno aprende de bom grado e com prazer; podendo mesmo, enquanto a tensão da força se mantiver, não fazer nada com mais gosto do que aprender; pois é espontâneo ao aprender, e nisso tem imediatamente o maior prazer de todos. Encontramos aqui como característica exterior da verdadeira educação, como característica que por lado, chama imediatamente a atenção e, por outro, é infalível, o seguinte: que, sem qualquer remissão à diferença de disposições naturais e sem qualquer excepção, qualquer aluno ao qual seja trazida esta educação aprende com paixão e amor puramente por aprender; e por nenhuma outra razão” (FICHTE: 2009, p. 66). Uma escola em melhoria é uma instituição de ensino cujo valor acrescentado vai crescendo com grupos sucessivos de alunos. Uma mudança/melhoria genuína de uma instituição de ensino exige alterações na organização escolar e na sala de aula a fim de produzir o sucesso dos alunos (LIMA: 2008, p. 373). Neste sentido, se referem algumas sugestões a serem assumidas pelos docentes a fim de se melhorar o ensino/aprendizagem. Os factores que terão a ver com práticas de ensino mais eficazes ou com processos em sala de aula são:

1. a estruturação das aulas; 2. o ensino intelectualmente estimulante; 3. o ambiente centrado no trabalho; 4. a limitação da focalização em cada aula; 5. a comunicação máxima com todos os alunos (LIMA: 2008, pp. 305 e 373). A escola deve reelaborar os referenciais de auto-avaliação no sentido de a centrar sobretudo na melhoria das aprendizagens dos alunos

e nos processos de ensino e aprendizagem que as potenciam. “A convicção emergente é a de que são sobretudo variáveis de sala de aula as que podem proporcionar melhorias nas aprendizagens dos alunos. Neste sentido é fundamental que a auto-avaliação se centre no diagnóstico dos pontos fortes e fracos da escola ao nível: 1. das práticas docentes de planificação e gestão do currículo e dos programas; 2. dos métodos de ensino; 3. dos recursos mobilizados; 4. das práticas de avaliação das aprendizagens; 5. dos processos de flexibilização, individuação e diferenciação do currículo; 6. das experiências de aprendizagem proporcionadas aos alunos, 7. e, das modalidades de apoio pedagógico. Podem fazer-se sentir, no processo de ensino/aprendizagem, o efeito do professor, da turma, da sala de aula, da escola, do departamento ou do contexto (LIMA: 2008, p. 370). A melhoria do ensino/aprendizagem passa pelos aspectos que se vem referindo e passa pelos instrumentos de gestão curricular, que são o Projecto Curricular de Escola e pelo Projecto Curricular de Turma. Poder-se-ia dizer que o PCE é um Projecto da responsabilidade de toda a Escola e dos órgãos de gestão escolar e que o PCT é da responsabilidade dos Conselhos de Turma. Introduz-se aqui esta alusão para referir uma dimensão fundamental para uma boa escola: os órgãos de gestão intermédia. E afirmarse-á que “0 planeamento estratégico do ensino ocorre a vários níveis: nos órgãos de gestão intermédia (Conselhos de Turma, Conselhos de Departamento/Grupos de Recrutamento* e equipas pedagógicas) e ao nível da acção individual de cada professor ou em trabalho de pares ou grupos de professores que se associem para algumas actividades ou tarefas” (ROLDÃO: 2008, p. 85) . Aos órgãos de gestão intermédia se atribui a gestão real do currículo através do trabalho colaborativo para ser efectuada:

1. a coordenação formal, 2. a representação-mediação institucional, 3. a supervisão, 4. a formação 5. e a liderança. “O trabalho colaborativo entre professores é essencial ao sucesso dos alunos e tem nestes órgãos a sua sede própria. Este trabalho colaborativo implica descarregar a lógica burocrática em favor de uma lógica pedagógica, curricular e didáctica” (idem). Estes órgãos de gestão intermédia devem ocupar-se:

1. da situação da(s) turma(s) e balanço da acção dos docentes,


2. do planeamento de estratégias, 3. da preparação e discussão de critérios e instrumentos de avaliação, 4. dos aspectos centrados na aprendizagem dos alunos. Diversos autores referem que há factores que se manifestam a longo prazo, por exemplo, nos exames do ensino secundário, revelando o impacto da escola primária:

1. o efeito que ela tem sobre a assiduidade subsequente dos alunos; 2. as atitudes sobre as escolas; 3. as competências de estudo; 4. a motivação e auto-estima; 5. e também o seu sentido de auto-eficácia: as crenças sobre a sua capacidade de controlar o próprio nível de funcionamento e de consecução de objectivos e desejos, bem como os acontecimentos que ocorram na própria vida (LIMA: 2008, pp. 255-256).

Os resultados escolares devem ser analisados para:

1. prestação de contas, 2. como contributo para o processo de auto-avaliação; 3. dinamização do debate profissional entre colegas no que respeita à organização da sala de aula e às práticas de ensino (Op. cit., p. 407).

VI.MELHORAR A ADMINISTRAÇÃO/ORGANIZAÇÃO Os Roteiro da Organização do Ano Lectivo da IGE e da Administração Financeira das Escolas – ASE da IGE fornecem-nos elementos para implementar uma boa administração da Escola e para os desejáveis sistemas de Controle Interno. O Sistema de Controlo assume a ideia-base de que um sistema de controlo interno de qualquer entidade deve garantir, com razoável segurança, a prossecução dos seguintes objectivos de gestão: 1. a salvaguarda da legalidade e da regularidade na elaboração e modificação dos documentos orçamentais, financeiros e contabilísticos e na execução orçamental; 2. o cumprimento das deliberações dos órgãos de gestão e das decisões dos respectivos titulares; 3. a salvaguarda do património; 4. a prevenção e a detecção de fraudes e erros; 5. a aprovação e o controle de documentos; 6. a utilização eficaz e adequada dos fundos e o cumprimento dos limites legais à assunção de encargos; 7. o controle das aplicações e do domínio informático; 8. a transparência nas contas públicas; 9. o incremento de critérios rigorosos que garantam a adequada gestão dos recursos públicos e proporcionem uma resposta eficaz e eficiente a todas as solicitações. Para a prossecução dos objectivos descritos, os procedimentos do controlo interno deverão sustentar-se em princípios básicos, designadamente: 1. numa clara definição dos objectivos acima descritos; 2. numa adequada segregação de funções que assegure, designadamente, a separação entre o controle físico e o processamento dos correspondentes registos; 3. na manutenção de sistemas eficazes que assegurem um satisfatório desempenho de funções e a salvaguarda de activos; 4. no controlo das operações, materializado na realização de validações e conferências da informação. As áreas do ASE a ter em consideração são: 1. preparação do orçamento e alterações orçamentais;

2. aquisição de bens e serviços e empreitadas: cabimento prévio, autorização para realização, autorização para pagamento; 3. custos com pessoal;


4. execução do orçamento de receita; 5. prestação de contas; 6. disponibilidades; 7. imobilizado; 8. existências. A Administração Financeira das Escolas – ASE tem como objectivos: 1. verificar o modo como estão a ser postos em prática o regime jurídico da autonomia e o regime de autonomia, administração e gestão da educação básica e do ensino secundário; 2. implementar a Reforma da Administração Financeira do Estado nos estabelecimentos do ensino básico e secundário (Decreto-Lei nº 155/92 e Lei nº 91/2001, com as alterações introduzidas pela Lei nº 2/2002); 3. adequar os recursos humanos nos Serviços de Acção Social Escolar dos estabelecimentos de ensino;

4. desenvolver a gestão, tendo em vista: fixar objectivos e prioridades; implementar todo o processo de planeamento; implementar todo o processo organizativo; implementar o processo de controlo.

5. promover práticas de gestão dos recursos compatíveis com os princípios de economia, eficiência e eficácia. As novas correntes de gestão pública, preocupadas inicialmente com a poupança de recursos, têm vindo a centrar a sua atenção na

gestão em função dos resultados e a dar especial importância à promoção da qualidade. A gestão pelos resultados tem como vectores: 1. a simplificação e a redução das regulamentações (desburocratização); 2. uma maior liberdade e flexibilidade de gestão, com consequente reforço da obrigação de prestar contas e com a instauração do princípio da responsabilização dos gestores; 3.

a medição da performance das organizações mediante a utilização de indicadores que traduzem a realização de objectivos

operacionais e que correspondem a uma efectiva criação de valor.

4. o papel determinante do capital humano no desempenho das organizações. Os indicadores normalmente utilizados – designados pelos 3 “E” – pretendem medir a economia de recursos (obtenção dos meios ao menor custo), a eficiência (rácio entre os produtos e/ou serviços fornecidos e os recursos ou meios gastos, traduzida pela produtividade do factor trabalho) e a eficácia. A estes, vem juntar-se a qualidade do serviço (associada, externamente, à “satisfação do cliente” e, internamente do TQM – Total Quality Management). A gestão por resultados implica uma outra visão do controlo de gestão. Ou seja, a passagem do controlo de legalidade ou de regularidade, que visa zelar pela segurança dos fundos e garantir a conformidade com as regras da contabilidade pública, para a análise

dos objectivos e da relação entre os meios utilizados e os resultados obtidos ou entre os custos e os resultados escolares, pressupondo sempre o valor acrescentado e os contextos. A actividade de organização do ASE incidirá:

1. Recursos humanos afectos ao ASE: chefe dos serviços administrativos, tesoureiro, funcionários da contabilidade, técnico da ASE, ecónomo e funcionários do refeitório, da papelaria ou do bufete.

2. Despesas: implicam

Técnico do ASE, tesoureiro, funcionário da Contabilidade, chefe dos serviços administrativos e membros do CA e os

seguintes documentos:

processos de aquisição constituídos, para aquisição de bens e serviços (relação de necessidades, requisição oficial, guia de remessa/factura e recibo),


contratos escritos, se existirem; actas do conselho administrativo; bloco de folhas de cofre; duplicado do livro de cheques e/ou registo de controlo de cheques; livro de registo diário de facturas; livros de caixa auxiliares ou listagens no caso de existir aplicação informática. 3. Receitas: Implicam todos os referidos anteriormente mais o funcionário da Contabilidade responsável pela máquina registadora de caixa e análise dos seguintes documentos: folhas de caixa diárias e respectivas fitas da máquina registadora de caixa;

bloco de folhas de cofre; talões de depósito na conta bancária específica da ASE; livro de caixa centralizador; livros de caixa auxiliares ou listagens no caso de existir aplicação informática. 4. Elaboração da Proposta de orçamento pressupõe: actas do Conselho Geral; projecto Educativo e Plano de Actividades; projecto de Orçamento elaborado pela escola; orçamento aprovado pelo Gabinete de Gestão Financeira (GGF). 5. Execução do Orçamento: envolve director, chefe dos serviços administrativos, funcionário da contabilidade e análise de: despesa e receita; guias de entrega de receitas do Estado; apuramento dos trimestrais do bufete; requisições de fundos; mapa de receitas (Anexo I à Circular nº 2/GEF/2003; mapa de alteração orçamental das receitas (Anexo III à Circular nº 2/GEF/2003); mapa de alteração orçamental das despesas (Anexo III à Circular nº 2/GEF/2003); 6. Procedimentos e Sistemas de Controlo: envolvem técnicos da Acção Social Escolar, Chefe dos Serviços Administrativos, funcionário da contabilidade, ecónomo – se existirfuncionários da cozinha, bufete e papelaria e análise dos seguintes documentos: livro de Armazém ou listagens da aplicação informática; inventário do estabelecimento de ensino; documentos de despesa e receita; livro de registo diário de facturas; bloco de folhas de cofre. 7. Análise da Conta de Gerência implica mapas da conta de gerência; mapas periódicos relativos à ASE enviados à DRELVT; mapas dos transportes escolares enviados mensalmente à autarquia. Os aspectos relacionados com a administração financeira das escolas ao nível da gestão orçamental e de pessoal incidem nos recursos humanos e nos processos. 1. nos recursos humanos do pessoal docente e não docente atentar-se-á:

da relação jurídica, escalão e antiguidade, situação profissional, habilitações, mudanças de escalão, relação jurídica de emprego e ausências.


2. nos processos : a. Processos individuais do pessoal docente e não docente atender-se-á à: selecção relação jurídica de emprego, situação profissional, avaliação do desempenho/classificação de serviço; b. Controle interno: processos individuais, assiduidade e pontualidade, tempo de serviço, processamento contabilístico; c. Abanos e descontos Aconselha-se a leitura da publicação da IGE Administração Financeira das Escolas/Gestão orçamental e de pessoal – Roteiro a fim de implementar os aspectos necessários.

VII. MELHORAR A ESCOLA Têm sido utilizadas três formas principais para julgar o desempenho de uma escola: 1.

comparar o desempenho da escola com um padrão nacional (por ex., a média nacional resultados);

2.

determinar o grau de eficácia de uma instituição escolar com base no perfil dos alunos que a frequentam. A escola eficaz seria aquela que consegue levar os seus alunos para além do que seria de esperar, dadas as características desses estudantes aquando do seu ingresso na instituição; está aqui pressuposto o conceito de valor acrescentado;

3.

determinar se a escola está a “melhorar” a capacidade referida no ponto anterior ao longo do tempo (LIMA:2008, p. 31).

Para calcular o valor acrescentado, atribuído exclusivamente à escola frequentada, os investigadores começam por calcular, para um determinado grupo de alunos em análise, um valor de desempenho “previsto”, com base nos resultados iniciais ou anteriores apresentados pelos membros desse grupo à entrada para a escola (por exemplo, o seu desempenho escolar passado, ou os resultados que obtiveram em testes no momento do ingresso na instituição). Seguidamente comparam esse valor com o resultado obtido pelo grupo num segundo momento da avaliação. À diferença entre este último valor “real” e o valor “previsto” dá-se o nome de “estimativa residual”, que indica se o progresso dos alunos se situou acima ou abaixo do “esperado” (LIMA: 2008, p. 33). Deste modo são feitas previsões estatísticas sobre níveis de sucesso que “seriam de esperar” de certos tipos de alunos, com base em informação detalhada sobre os seus antecedentes e o sucesso que demonstraram, anteriormente, ou seja, tendo em consideração as suas características quando a Escola os recrutou. Sempre que os alunos ultrapassam estes valores esperados, considera-se que estamos perante um valor acrescentado (LIMA:2008, p. 33). Numa tentativa de fusão dos diversos contributos para a definição da eficácia de uma instituição, alguns autores propõem que se defina como eficaz uma escola que: 1. promove o progresso de todos os alunos, para além do esperado; 2. assegura que cada aluno atinge os padrões mais elevados que lhe sejam possíveis; 3. melhora todos os aspectos do sucesso e do desenvolvimento dos estudantes; 4. continua a melhorar, ano após ano (LIMA: 2008, p. 40). Os aspectos que alguns autores sublinham a propósito dos programas de melhoria das escolas são:

1. a colegialidade entre o pessoal docente; 2. a pesquisa sobre a eficácia, as práticas de ensino e os processos de mudança; 3.a investigação-acção feita pelos membros da Escola analisando a informação sobre a sala de aula e a escola onde trabalham; 3. iniciativas curriculares, internas ou transversais às áreas curriculares; 4. estratégias de ensino relacionadas com discussão, observação e aprendizagem de novas competências e estratégias de ensino (LIMA:2008, p. 344). As concepções sobre a dimensão temporal da mudança/melhoria condicionam as próprias noções de melhoria:


se a mudança for vista como um processo a curto prazo, o que contará como melhoria serão os aspectos como, por exemplo, as alterações nas atitudes dos professores; se for considerada como um processo de longo prazo, então provavelmente serão tidos em conta os resultados educativos dos alunos, por exemplo, um aluno que entra na escola leva vários anos até obter resultados num exame de final de ciclo (LIMA: 2008, pp. 36-37). As tradições independentes da eficácia e da melhoria da escola podem identificar-se como segue (LIMA: 2008,p. 347 ):

Eficácia da escola

Melhoria da escola (anos 80)

Focalização nas escolas

Focalização em professores ou grupos de professores

Focalização na organização escolar

Focalização nos processos escolares

Orientada para dados, com uma ênfase nos resultados

Avaliação empírica rara dos efeitos das mudanças

Orientação quantitativa

Orientação qualitativa

Falta de conhecimento sobre como implementar estratégias de mudança Mais interessada nas mudanças nos resultados dos alunos

Preocupada exclusivamente com a mudança nas escolas Mais interessada no caminho para o desenvolvimento da escola do que no seu destino

Mais interessada nas escolas num determinado ponto do tempo

Mais interessada nas escolas enquanto realidades mutantes

Baseada no conhecimento obtido através da pesquisa

Focalização no conhecimento dos práticos

Amplitude limitada de resultados das escolas

Interessada em múltiplos resultados das escolas

Interessada em escolas que são eficazes

Interessada na forma como as escolas se tornam eficazes

Orientação estática (a escola tal como é)

Orientação dinâmica (a escola como foi ou poderia ser)

Os itens para utilização eventual pelas escolas interessadas em analisar o seu desempenho podem ser (LIMA: 2008, p. 336): Os alunos com necessidades Os alunos comportam-se bem na

O pessoal da escola compreende especiais atingem metas

escola e nas suas imediações

bem as necessidades dos alunos definidas nos seus planos

Promove-se princípios morais,

individuais

como a justiça

O progresso dos alunos é monito- Os alunos são encorajados a rizado e é dado feedback sobre

assumirem responsabilidade e a

O currículo obedece às

Há uma boa gestão da sala de

ele

desenvolverem iniciativas

orientações nacionais

aula

relativamente ao trabalho dos

Existem cerimónias religiosas

Faz-se uma avaliação regular

O pessoal docente conhece bem

alunos é elevado

colectivas

O nível de exigência

as matérias que lecciona Os alunos atingem ou

Existem ligações fortes entre a

A escola promove um estilo de

ultrapassam as metas mínimas

O currículo satisfaz as

escola e as famílias

vida saudável

definidas oficialmente para o seu

necessidades de todos os alunos

grau de ensino

A escola é um lugar seguro para

Existem expectativas elevadas

O pessoal docente trabalha

relativamente a todos os alunos

cooperativamente, tendo em vista para o pessoal docente

os alunos

atingir finalidades comuns Os papéis dos responsáveis directivos da escola, dos

A escola tem uma boa relação

Os recursos são utilizados de

membros dos órgãos de

com a comunidade mais lata

forma eficiente e eficaz

governação e dos professores são bem compreendidos

A formação contínua é motivante


VIII.

MELHORAR COM DEONTOLOGIA

O Plano que se vem a estabelecer passa naturalmente pelo ensinar, pelo administrar, pela Escola na sua globalidade e passa pela dimensão deontológica. Deve pressupor, devemos enfatizá-lo sempre, uma dimensão ética. É preciso dizer que “é a elucidação do sentido ético de uma profissão que facilita a orientação e a elaboração de um Código de deontologia” (PRAIRAT: 2005, p. 20). “Se existe uma ética educativa comum ao conjunto de pessoas que trabalham no campo escolar, existe, pelo contrário, uma pluralidade de códigos deontológicos (relativos ao ensino, ao enquadramento, à inspecção…”)(idem). A deontologia não deve ser entendida como um instrumento de disciplinarização, mesmo se, em virtude do seu carácter colectivo, ela está marcada por um certo formalismo. Ela é um suporte que permite agir e, por isso mesmo, afirmar os contornos de uma identidade profissional (PRAIRAT: 2005, p, 95). A elucidação deontológica não releva de uma lógica externa de contrôle, mas de um “desejo de autogoverno” (idem, p. 95). A Carta deontológica do Serviço Público está consignada na Resolução do Conselho de Ministros nº 18/93, de 17-3-1993. Aqui se defende que a tecnicidade e o racionalismo devem ser inspirados nos valores éticos que, afirma-se, ultrapassam os valores jurídicos, estabelecendo-se uma separação nítida entre as incidências disciplinares, a censura da consciência colectiva e a exigência da consciência individual. Reconhece-se ainda as limitações humanas dos funcionários e valoriza-se o desejo constante de aperfeiçoamento e autodisciplina.

Valores fundamentais

Deveres para com os cidadãos

Deveres

para

com

a

Deveres para com os órgãos

administração

de soberania

Interesse público

Zelo e dedicação

Dedicação

Lealdade

Qualidade no serviço prestado Serviço público Legalidade

Isenção e imparcialidade

Autoformação, Competência Neutralidade

e

aperfeiçoamento

proporcionalidade

e actualização

Informação aos superiores

Cortesia e informação Responsabilidade

Reserva e discrição

Competência

Probidade

Parcimónia Ponderação

Integridade

exclusiva

do

serviço público Solidariedade e cooperação

Explicitar-se-ão aqui alguns dos principais aspectos do papel dos professores, dos alunos e dos funcionários, e dos pais tal como estão referidos no Estatuto do Aluno (Lei nº 3/2008, de 18 de Janeiro) a fim de que todos assumam claramente o que lhes está atribuído:

Papel

especial

dos

Papel

dos

não

professores

Papel especial dos pais

docentes

Promover medidas de

Cooperar

os

Colaborar

carácter

professores

no

acompanhamento

que

pedagógico estimulem

o

harmonioso

com

desempenho

da

sua

missão pedagógica;

desenvolvimento

da

contribuir

e

Colaborar identificação

integração dos alunos

prevenção

na

situações

comunidade

Deveres dos alunos na

Estudar, empenhando-

e

se na sua educação e

de

formação integral; ser assíduo, pontual e

a

educativa, incentivando

problemáticas

da

o respeito pelas regras

alunos e na elaboração

cumprimento de todos

disciplina da escola e

de

dos

de

os seus deveres no

para a harmonia da

promovendo um bom

acompanhamento para

âmbito das actividades

ponto 1);

comunidade educativa

ambiente educativo e

estes,

escolares;

o director de Turma é

(art. 6, al. e/f).

contribuindo,

comunidade educativa

seguir as orientações

(art. 8º ponto 2).

dos professores…;

educação, na sala de

preservação

aula

e

demais

actividades

(art.

5º,

particularmente

para

Papel dos SPO no

convivência,

articulação

responsável

com

pela

docentes, os

adopção

de

medidas

encarregados

tendentes

à

melhoria

educação,

das

condições

aprendizagem

em

de e

pais

e de

para e

resolver

envolvendo

a

empenhado

no

tratar com respeito e correcção membro

qualquer da

comunidade educativa;

problemas

respeitar as instruções

promoção de um bom

comportamentais e de

do pessoal docente e

ambiente

aprendizagem (art. 8º,

não docente (Cf. Todo

ponto 1).

o art. 15º).

educativo,

competindo-lhe…(art. 5º, ponto 2).

à

prevenir

os

planos

de


A carta deontológica dos docentes pode constituir-se a partir do Estatuto da Carreira Docente e da obra citada de Prairat (p. 102-108).

Relações

e

obrigações para com Relações

e

obrigações Princípios gerais

para

com os alunos

a administração, Relações

e

obrigações

Preâmbulo

para

as

autoridades

pedagógicas e os pais

com a escola e os

O

exercício

profissional

pares “O

docente

desenvolve

a

A actividade de

Promover

ensino

desenvolvimento

desenvolvem entre

participação

do

eles

dos

não

é

ensinantes

a activa

O

ensinante

sabe

apresentar aos alunos

uma

pais

ou

com

de animação, de

escolar dos alunos

consideração

encarregados

de

precisão os objectivos

acordo com as

comunicação,

e a qualidade das

mútua;

educação

na

e o desenrolar de uma

orientações de

de

aprendizagens, de

ninguém

educação escolar dos

sequência;

política

condicionament

acordo

contestará o valor

alunos, no sentido de

organizar

o ou de ajuda

respectivos

de um par ou se

garantir a sua efectiva

modalidades

observando as

social.

programas

fará

colaboração

no

diferenciadas

exigências

actividade

curriculares,

propósitos que o

processo

de

trabalho e domina as

prejudiquem;

ensino/aprendizagem

técnicas da avaliação

(alínea b do artº 10º -

formativa.

C)

inscrever a turma nas

do

currículo

É

específica

nacional,

uma que

com

atendendo

à

dos

visa transmitir a

diversidade

e

um conjunto de

pedagógica

das

alunos

seus

orientações

conhecimentos

conhecimentos

programáticas

e competências

ou curriculares

exigidas

em vigor, bem

programas

como

pelos

aprendizagem,

referenciais dos

adoptando

diplomas.

estratégias

Esta actividade

programas

do

projecto educativo escola

da

(Ponto

2 do artº 35)

pelos ou

os

uma

Promover

profissional de

e

rendimento

Os

sua actividade

educativa

actividade

o

eco

de

respeitará dos

concepções e as práticas

e

as de

seus

clareza

e

sabe as de

Ele

diferentes

sabe tarefas

colegas, o que não

permanecendo atento

aptidões;

exclui

e

organizar e gerir o

algum

processo

confrontação

ensino-

modo a

disponível

aos

pedidos particulares.

de

O ensinante é garante

práticas e o debate

das regras colectivas

pedagógico

e da boa ordem no

fundado na crítica

seio da classe. Ele

diferenciação

cientifica

trabalha

deve orientar-se

pedagógica

didacticamente

no exercício das

susceptíveis

de

argumentada.

suas

responder

ás

Colaborar

na

estudo.

organização

da

consciência que o seu

funções

de

de

e

para

instaurar um clima de respeito, propício ao Tem

pelos princípios

necessidades

do

da

individuais

escola cooperando

comportamento deve

da

alunos;

com os órgãos de

ser exemplar porque é

da

manter a disciplina

gestão executiva e

um

equidade (alínea

e

com as estruturas

referência.

a,

autoridade

de

gestão

O ensinante é uma

pedagógica;…

pedagógica e com

pessoa de diálogo e

(Alíneas c, d, e do

todo

pessoal

de

artº 10).

docente

e

consciência

rigor,

isenção, justiça

e

ponto

artº 10).

dois,

exercer

dos

a

o

não

adulto

palavra

e

e

uma

tem que

docente;

exerce uma actividade

reflectir, nas várias

complexa

estruturas

constante evolução.

pedagógicas, sobre o

trabalho

realizado individual e

colectivamente,

tendo

em

melhorar

vista as

práticas e contribuir para

o

sucesso

educativo

dos

alunos (alíneas a/f do artº 10 – B):

e

em


Os conteúdos funcionais do pessoal não docente podem ser genericamente referidos como segue:

Assistente técnico:

Ao assistente técnico (de administração escolar) compete, sob orientação de chefe de serviços de administração escolar, desempenhar funções de natureza executiva, enquadradas com instruções gerais e procedimentos bem definidos, com certo grau de complexidade, relativas a uma ou mais áreas de actividade administrativa, designadamente gestão de alunos, pessoal, orçamento, contabilidade, património, aprovisionamento, secretaria, arquivo e expediente. No âmbito destas funções, compete ao assistente de administração escolar, designadamente: a) recolher, examinar, conferir e proceder à escrituração de dados relativos às transacções financeiras e de operações contabilísticas; b) assegurar o exercício das funções de tesoureiro, quando para tal designado pelo órgão executivo do estabelecimento de educação ou de ensino ou do agrupamento; c) organizar e manter actualizados os processos relativos à situação do pessoal docente e não docente, designadamente o processo dos vencimentos e registos de assiduidade; d) organizar e manter actualizado o inventário patrimonial, bem como adoptar medidas que visem a conservação das instalações, do material e dos equipamentos; e) desenvolver os procedimentos da aquisição de material e de equipamento necessários ao funcionamento das diversas áreas de actividade da escola; f) assegurar o tratamento e divulgação da informação entre os vários órgãos da escola e entre estes e a comunidade escolar e demais entidades; g) organizar e manter actualizados os processos relativos à gestão dos alunos; h) providenciar o atendimento e a informação a alunos, encarregados de educação, pessoal docente e não docente e a outros utentes da escola; i) preparar, apoiar e secretariar reuniões do órgão executivo da escola, ou outros órgãos e elaborar as respectivas actas, se necessário.

Assistente operacional: Ao assistente operacional (auxiliar de acção educativa) compete o exercício de funções de apoio geral, incluindo as de telefonista e operador de reprografia, desenvolvendo e incentivando o respeito e apreço pelo estabelecimento de educação ou de ensino e pelo trabalho que, em comum, nele deve ser efectuado. Compete-lhe, designadamente: a)participar com os docentes no acompanhamento das crianças e jovens durante o período de funcionamento da escola com vista a assegurar um bom ambiente educativo; b)exercer as tarefas de atendimento e encaminhamento dos utilizadores das escolas e controlar as entradas e saídas da escola; c)providenciar a limpeza, arrumação, conservação e boa utilização das instalações, bem como do material e equipamento didáctico e informático necessário ao desenvolvimento do processo educativo; d)cooperar nas actividades que visem a segurança de crianças e jovens na escola; e)zelar pela conservação dos equipamentos de comunicação; f) estabelecer ligações telefónicas e prestar informações; g)receber e transmitir mensagens; h)assegurar o controlo de gestão de stocks necessários ao funcionamento da reprografia; i)exercer tarefas de apoio aos serviços de acção social escolar, assim como tarefas de apoio de modo a permitir o normal funcionamento de laboratórios e bibliotecas escolares; j)reproduzir documentos com utilização de equipamento próprio, assegurando a limpeza e manutenção do mesmo e efectuando pequenas reparações ou comunicando as avarias verificadas; l)efectuar, no interior e exterior, tarefas de apoio de modo a permitir o normal funcionamento dos serviços; m)prestar apoio e assistência em situações de primeiros socorros e, em caso de necessidade, acompanhar a criança ou o aluno à unidade de prestação de cuidados de saúde (Cf. Anexo II do Despacho nº 17.460/2006, de 29 de Agosto).

Todos os intervenientes no processo de ensino/aprendizagem (professores, funcionários, alunos e encarregados de educação) devem assumir a sua responsabilidade neste processo. Os encarregados de educação passarão a ser contactados sempre que o(a) seu(sua) educando(a) não siga as normais regras escolares.


VIII.UMA INTELIGÊNCIA COLECTIVA Um dos maiores desafios da actualidade consiste em introduzir procedimentos de reflexão no quotidiano dominado pelo imediato, pela tirania do presente, pela inércia administrativa e pela desatenção face ao comum. Por este motivo, as instituições devem adquirir uma capacidade de aprendizagem e de inovação de modo a assegurar uma adequada gestão da incerteza e do problemático. Por isso as organizações requerem uma inteligência colectiva. Só há aprendizagem para o processo, se as conclusões a que os indivíduos chegaram baseados na sua experiência forem incorporadas na memória e nos procedimentos das organizações. O saber de uma organização encontra-se nos seus sistemas de regras, cultura da organização, procedimentos, rotinas e processos, sistemas de negociação, decisão e resolução de conflitos. A inteligência colectiva é um património emergente dos sistemas sociais, que não se baseia na mera agregação de potencialidades individuais, mas sim na inteligência do próprio sistema em si. O exercício inteligente efectuado pela comunidade escolar requer alguns requisitos tais como a reflexibilidade (através do exame crítico do instituído e das práticas), a flexibiliade (através da revisão, actualização, correcção ou modificação da própria posição), deliberação (através da criação de um espaço onde se pode convencer e ser convencido), a inovação (a prática deliberativa pode permitir novas aprendizagens colectivas), a auto-limitação (através da experiência de descoberta de quão habilidosos somos na arte de ter sempre razão e da descoberta de que essa habilidade é fonte de incapacidades) e a cooperação (é um sinal da inteligência atrever-se a jogar o jogo da dinâmica partilhada e reciprocamente limitada da cooperação). Pensar é sempre uma forma de poupar tempo e uma forma radical de agir face à realidade (INNERARITY: 2010, pp. 100111).

VIII.PRIORIDADES A MELHORAR Esta Escola para ser uma boa Escola pública necessita de afinar continuamente múltiplos aspectos da sua totalidade:

1. trabalhar a sala de aula como a pedra de toque de toda a melhoria da escola: a disciplina, a crença no sucesso de todos, e o gosto pelo saber.

A disciplina deve ser conseguida mais pela adesão dos estudantes e pelo seu sentimento de pertença à escola do que pela imposição e controlo. A boa disciplina é conseguida através da implementação e aplicação, de modo consistente, de regras justas, claras e razoáveis. A indisciplina vence-se com ensino e com a assunção das regras escolares normais. O aluno deve, na sala de aula: cumprir as orientações do professor, estar atento, trazer o material escolar necessário, manter o telemóvel desligado. O docente preparará a aula de acordo com as características da turma a leccionar. Os Encarregados de Educação devem ser responsabilizados pelas atitudes dos seus educandos;

2. Cultivar uma boa relação pedagógica com os alunos e um bom atendimento aos encarregados de educação. 3. trabalhar o ambiente escolar que, com carácter de urgência, cultive:

o clima de estudo, a concentração intelectual, o reconhecimento, a serenidade, a segurança, a cooperação, a sentimento de pertença e a promoção cultural dado que a escola é um lugar de cultura e de elevação e, por isso, nunca mais se tolerará uma rotação da Escola fora da sua trajectória própria. A escola cultivará a profissionalidade, a solidariedade e a atenção em vez da hostilidade, do desleixo e do desdém;

4. Trabalhar modos escolares adequados a alunos que reflictam dificuldades de integração e de aprendizagem a fim de obterem os melhores resultados escolares e educativos; que eleve e resolva os problemas escolares e saberá encontrar a flexibilidade para acolher a heterogeneidade dos alunos e “trabalhar” com eles (núcleo de dança, grupo musical e outros apoios);


5. Estabelecer um acompanhamento escolar diferenciado para o ensino básico , em particular para o 7º ano do unificado e para um conjunto específico de alunos, a ser efectuado por docentes e técnicos operacionais. A Escola saberá encontrar uma rede de estruturas

6. Trabalhar com os alunos a leitura, a escrita e a memória; a língua materna e a linguagem matemática;

7. (Re)valorizar os cursos leccionados através da qualidade do ensino ministrado e das estratégias adoptadas para o sucesso. 8.Trabalhar a administração e a organização de modo a dotar a Escola de procedimentos eficazes e leves com a devida utilização instrumental das TIC; desenvolver-se-ão os circuitos procedimentais e respectivos registos;

9. Promover a disseminação das TIC no ensino, na administração, na comunicação com os diversos actores educativos e na utilização dos múltiplos recursos educativos em suporte digital.

10.Trabalhar uma cultura de efectiva resolução de problemas que alie dedicação, inteligência e solidariedade e que não permaneça na eterna discussão dos mesmos sem qualquer esquema resolutório; promover-se-á a mobilização e a participação na vida da escola.

11.Trabalhar a individuação da escola pública, construída com valores cognitivos, éticos, culturais e com um forte sentimento de pertença. Esta individuação permitirá a articulação com a família e com a restante comunidade social e contribuirá para uma boa imagem da Escola;

12. Promover uma escola tranquila, culturalmente dinâmica, onde é bom aprender bem; 13. Planificar as actividades curriculares nos grupos de recrutamento e nos conselhos de turma. Nestas estruturas deve ser planificada a avaliação e aferido o estado das aprendizagens implementando estratégias se as mesmas forem necessárias;

14. As equipas pedagógicas devem acompanhar a constituição das turmas e o estado das aprendizagens ao logo do ciclo fornecendo informações aos grupos de recrutamento e aos conselhos de turma;

15. Implementar a figura do professor tutor para acompanhar o percurso escolar de alguns alunos do ensina básico, que deverão ser objecto de mais directividade;

16. Melhorar o controle de entradas e saídas na escola; 17. Abrir a Escola à comunidade para a realização de diversas actividades; 18. Promover uma política de cooperação com instituições, empresas e personalidades de acordo com um plano de desenvolvimento educativo.

19. Viver uma relação dedicada, inteligente e positiva com as ressonâncias que se imprimirão ao espaço escolar, ao ensino na sala de aula, à biblioteca, aos pátios e jardins. 20. Reduzir gastos e despesas. 21. Fazer a preservação e manutenção do espaço escolar.

X. A PRESTAÇÃO DE CONTAS A prestação de contas mais do que um mecanismo de transparência e de controle constitui-se como um reforço de melhoria pela reflexão e “afinamentos” que esse acto obriga. A prestação de contas incidirá necessariamente em quatro domínios: o ensino, a administração, o ambiente e as parcerias. Os referenciais da avaliação integrada das Escolas Secundárias – Roteiro (módulo 1:análise dos resultados das aprendizagens, módulo 2:


educação, ensino, e aprendizagem, módulo 2: clima e ambiente educativos; identificação da unidade de gestão, organização e gestão, planeamento da acção educativa), da avaliação externa (resultados, prestação do serviço educativo, organização e gestão escolar, liderança e capacidade de auto-regulação e melhoria da escola, confira anexo 1) e da auto-avaliação (projecto educativo, organização e gestão, clima e ambiente educativos, participação da comunidade educativa e o sucesso escolar) são um bom elemento para analisar o desempenho da escola. A escola ganhará sempre se for evitada ou a deriva gestionária/burocrática ou a deriva pedagogizante, assumindo-se antes como uma instituição que ensina e administra, através da profissionalidade e dedicação, da inteligência e razoabilidade.

XI. CONCLUSÃO “Quando os meus estagiários me dizem: sou um professor de inglês, respondo sempre: não, vós sois primeiramente professor da

Escola, vós ensinais a Escola, os valores da Escola”. Ser professor de uma escola é trabalhar no quotidiano e nos menores gestos a partir de princípios e de valores fundadores da Escola: o primado da precisão, do rigor e da procura da verdade sobre as relações de força e de violência. A “exigência de trabalho bem feito, de precisão, de rigor e de verdade são dos valores fundamentais da Escola. Assim, quando eu digo que somos todos professores de

Escola, retiro uma expressão de 1989 mas retiro-a num sentido que me parece mais importante e mais forte. Quem quer que sejamos, docentes e não docentes, somos todos ensinantes dos valores constitutivos e fundadores da Escola” (MEIRIEU: 2005, p. 25) que são os saberes a transmitir em condições propícias criadas para o efeito. Aproveitando a sugestão de R. Rorty e B. Sousa Santos concluir-se-á que a comunidade escolar obterá banhos significativos se temperar a objectividade com a solidariedade e se cultivar um conhecimento prudente para uma escola decente, ou melhor, excelente.

XII. BIBLIOGRAFIA AAVV, Actes du Colloque ESHA France, Foyer des Lycéennes, 11 Décembre2009. DANIEL PENNAC, Mágoas da escola, Porto, Porto Editora, 2009. DANIEL INNERARITY, «A política como actividade inteligente», Nada, 2010, Março, nº 14. EDUARDO MARÇAL GRILO, Rankings e avaliações, in Público, P2, 6 de Março de 2010. EIRICK PRAIRAT. De la déontologie enseignante, Paris, PUF, 2005. FERNANDO ELIAS, A escola o desenvolvimento profissional dos docentes, Gaia, Fundação Manuel Leão, 2008. FICHTE, Discursos à nação alemã, Lisboa, Círculo de Leitores, 2009. GILLES LIPOVETSKY E JEAN SERROY, A cultura-mundo, resposta a uma sociedade desorientada, Lisboa, Edições 70, 2010. IGE, Avaliação integrada das escolas-ensino secundário – roteiro, Lisboa, 2002. IGE, Avaliação integrada das escolas, organização e gestão – ensino público – roteiro, Lisboa, 2002. IGE, Administração financeira das escolas, gestão orçamental e de pessoal, roteiro, Lisboa, 2005. JEAN-CLAUDE MILNER, De l´école, Lagrasse, Verdier/Poche, 2009. JEAN-JACQUES DELFOUR, L´école malgré la Republique, Sens Publique, 2006. JEAN DE MUNCK, L´instituition sociale de l´esprit, Paris, PUF, 1999. JOHN R. SEARLE, La construction de la réalité sociale, Paris, Gallimard, 1995. JORGE ÁVILA DE LIMA, Em busca de uma boa escola, Gaia, Fundação Manuel Leão, 2008. JULIEN GAUTIER, L´enseignement est-il un métier comme les autres? Blog skole.fr 2009.


LUC FERRY, Lettre à tous ceux qui aiment l´école, Paris Odile Jacob 2003. MARIA DO CÉU ROLDÃO, Estratégias de ensino, Gaia, Fundação Manuel Leão, 2009. PHILIPE DANINO et CHRISTIAN LAVAL, Construire l´école transparente? Blog skole.fr 2009. PHILIPE MEIRIEU, De la Classe à l établissement: responsabilité individuelle, responsabilités collectives, Lyon, 2005

XIII.LEGISLAÇÃO Decreto-Lei nº 15/2007, de 19 de Janeiro (altera o ECD). Lei nº 3/2008, de 18 de Janeiro (Est. Aluno). Resolução do Conselho de Ministros nº 18/93, de 17 de Março (Carta deontológica do Serviço Público). Despacho nº 25931/2009, 26 de Novembro (Estratégia Nacional para o Desenvolvimento). Decreto-Lei nº 184/2004, de 29 de Julho (Conteúdos funcionais do PND). Despacho nº 17460/2006, de 29 de Agosto (Conteúdos funcionais do PND).

14.07.2010 António Rodrigo Pinto da Cruz


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