Catálogo Centro Histórico V.N. GAIA - Gaiurb

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Vila Nova de Gaia e a sua ligação ao rio Douro evocam a própria construção da nacionalidade. Como disse Eugénio de Andrade, «Daqui Houve Nome Portugal». O Douro marca as nossas raízes, a nossa cultura, a nossa economia, o nosso ser, desde há séculos. É um rio comunicante: com Espanha, com a região do Douro mas, também, com o mundo pela sua importância histórica de grande porto de mar. É um rio que une as suas margens. Um rio de trabalho, de esforço, de suor, de alegrias e de lágrimas. Um rio que moldou as suas gentes, que as trouxe e levou, sustentando processos migratórios e ciclos económicos. É um rio que recebe nos seus afluentes o contributo das suas margens e nos une a todos. Hoje o Douro é, cada vez mais, um rio do mundo, que nos faz chegar novos visitantes, num movimento turístico crescente, num novo ciclo de desenvolvimento económico e social.

Na sua foz, na nossa foz comum ao Porto, o Douro é o espelho de um riquíssimo património que nos cabe saber preservar para toda a Humanidade. O centro histórico do Porto, a ponte Luiz I e o mosteiro da Serra do Pilar têm já a denominação de Património da Humanidade. É evidente que a nossa responsabilidade coletiva na preservação deste património é enorme. Saber conciliar o futuro, as dinâmicas do desenvolvimento económico e social, com a rigorosa defesa deste património único é um desafio que exige atenção permanente, estudo e reflexão. Esta exposição é mais um contributo para essa reflexão. O espaço que a recebe, o Convento de Corpus Christi, que teve uma pequena e propositada requalificação para receber a exposição, demonstra que o passado e o futuro podem coexistir em harmonia, valorizando‐se mutuamente.

Prof. Doutor Eduardo Vítor Rodrigues Presidente da C. M. de Gaia


Este catálogo demonstra a evolução histórica de Vila Nova de Gaia, de forma mais circunscrita, ao seu Centro Histórico e a sua relação com o Vinho do Porto. Apresenta algumas datas que demonstram a muito remota ocupação dos espaços que constituem o Centro Histórico e a sua ligação ao Rio Douro. Os atravessamentos do Douro foram sempre um elemento fulcral para o desenvolvimento urbano de Vila Nova de Gaia: das referências mais antigas, da Boa Passagem, desde o tempo dos romanos, à Rua Direita, desde os tempos medievais às pontes da Era Industrial de Luís I e Maria Pia e às modernas pontes de betão da Arrábida, do Infante, da ferroviária de São João e do Freixo. A necessidade de acesso à cidade do Porto, então pela nova Ponte Pênsil, levou à construção da Estrada Real n.º 10, atual Rua de General Torres, que permitiu a ligação direta da mala‐posta que vinha da capital e terminava no lugar da Bandeira. A construção da Ponte Luís I e a ligação à cota alta levou à abertura da Avenida da República, a partir de 1886, proporcionando o desenvolvimento do espaço urbano e a construção do novo edifício da Câmara Municipal, num processo em desenvolvimento desde que, em 1864, o comboio chegou às Devesas. O Vinho do Porto é um elemento marcante na vida e no desenvolvimento deste espaço. Desde a Idade Média que chegavam a Gaia os vinhos produzidos no Alto Douro e desde o século XVII que começaram a instalar‐se os primeiros armazéns de vinho. Mas é a partir do século XVIII, decorrente de um processo com o Bispo do Porto, por questões fiscais, mas essencialmente por razões ambientais, que as empresas exportadoras se instalam massivamente, numa crescente apropriação do espaço disponível, num processo evolutivo que configurará definitivamente o urbanismo do que é hoje o Centro Histórico de Gaia. Nos últimos 40 anos, desde as primeiras leis denotando preocupação com o ambiente urbano e a requalificação dos espaços públicos, o Município de Vila Nova de Gaia empreendeu vários projetos de reabilitação urbana, de que se salientam a criação de equipas técnicas e de gabinetes para a gestão das intervenções públicas e privadas, como o GTL e o GRUCH, a SRU e, recentemente, o DRU, denotando, por parte da Câmara Municipal, a preocupação em salvaguardar o património construído.

As apostas na valorização física, económica, social e cultural há muito que se instalaram como intenções do Município, motivando a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia a delimitar, já em 1984, um espaço geográfico, englobando diversos elementos classificados, como o Castelo de Gaia, a Igreja de Santa Marinha, o Paço de Campo‐Bello, o Convento de Corpus Christi, e o Mosteiro da Serra do Pilar e a Ponte Luís I, que, desde 1996, gozam da classificação como Património da Humanidade. Em 1985 foi criado e publicado o Regulamento do Plano de Reabilitação e Salvaguarda do Centro Histórico, na sequência da delimitação do Centro Histórico de Vila Nova de Gaia, no ano anterior, em que se incluiu a zona do Castelo de Gaia. Em 1993, o PDM define o Centro Histórico como Unidade Operativa, classificada como Projeto Municipal em 1997. Em 1986 (Decreto de 01/08) e 1989 (Decreto 20/03), o Eixo Rua Cândido dos Reis/Rua Guilherme Gomes Fernandes e o Castelo de Gaia, e a Escarpa da Serra do Pilar, respectivamente, são classificados como Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística, classificação alargada em 1997 (DR 54/97, 19/12) a toda a área do Centro Histórico de Gaia, estatuto reforçado em 2014, com a criação da Área de Reabilitação Urbana, em vigor. Refletir sobre o Centro Histórico não é apenas considerar o passado histórico das duas povoações de Gaia e Vila Nova, é também o reflexo de um percurso histórico que culmina nos nossos dias. É a Memória e são as raízes de uma coletividade que deve sentir‐se enquadrada no seu ambiente vivencial. É considerar um vasto conjunto de património e uma singular paisagem formada pelas vastas estruturas de armazenamento de vinho do Porto e por algumas, ainda verdes, quintas; edifícios conventuais, Igrejas e outros elementos devocionais e inúmeros elementos isolados que formam um conjunto de proteção patrimonial, num contexto de sustentabilidade do espaço urbano e da sua promoção socioeconomica, é integrar este aglomerado urbano na perceção do desenvolvimento do próprio Concelho de Vila Nova de Gaia, entendendo‐o também com idênticos valores de Memória, Património e Reabilitação. Daniel Couto Presidente do CA Gaiurb


SOBRE A EXPOSIÇÃO

No âmbito da 1ª conferência Cidades de rio e vinho promovida pela Gaiurb, EM, em parceria com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, foi preparada uma mostra sobre o centro histórico. Pretende‐se com esta mostra complementar as temáticas abordadas pelos palestrantes e ilustrá‐las, focando no centro histórico de Gaia as problemáticas abordadas nas comunicações. O objetivo consiste em despertar a atenção para o centro histórico, provocando a reflexão e a troca de ideias. O centro histórico periferizou‐se em relação à malha urbana de Vila Nova de Gaia, sendo atualmente o seu papel quase exclusivamente o de um mero cartão de visita. Recentrar a discussão neste território é também procurar reforçar a identidade de Gaia. Os conteúdos expostos são o resultado de uma linha de atuação que vem sendo seguida no âmbito dos estudos em curso para o centro histórico e que orientou a recolha de dados, o esquema de monta‐ gem da exposição e a produção das peças a exibir. A mostra divide‐se em três temáticas que se relacionam diretamente com o subtítulo da conferência – MEMÓRIA, PATRIMÓNIO E REABILITAÇÃO. Resumindo, o seu teor consiste numa abordagem histórica, na reflexão sobre o património edificado em presença, com especial incidência sobre o edificado relacionado com o vinho do porto e as relações que suscita no âmbito da malha urbana, e na ilustração das ações de reabilitação urbana que incidiram sobre o território nos últimos 40 anos. Opta‐se por uma abordagem temporal que nos permite enquadrar os mais recentes trabalhos de

análise do território. Neste tema foram incorporados alguns dados obtidos a partir do trabalho conjunto realizado no Seminário da FAUP em 2004‐2005, sobre o Entreposto de Vinho do Porto em Vila Nova de Gaia, sob orientação do Professor Manuel Fernandes de Sá, que consiste numa análise rigorosa e sistematizada do território. Estes dados complementam os já obtidos pela Divisão de Projetos no âmbito dos trabalhos em curso para o centro histórico. O território objeto do trabalho agora exposto foi recentemente classificado como área de reabilitação urbana (ARU Centro Histórico), estando em elaboração a Operação de Reabilitação Urbana. A importância do processo que conduziu à organi‐ zação desta exposição reside ainda na colaboração intergeracional que se revelou enriquecedora para a equipa de trabalho. A recolha de informações e a troca de experiências alicerçam os trabalhos em curso. Devemos pois agradecer aos arquitetos Manuel Magalhães (GTL) e Jorge Abrantes Gonçalves (Gruch) pela sua disponibilidade que permitiu abrir portas a uma colaboração profícua. Do mesmo modo não podemos deixar de agradecer a disponibilidade e presença incansável da Dr.ª Alda Temudo, e da sua equipa do Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, bem como ao Dr. Gonçalves Guimarães, responsável pelo Solar Condes de Resende. De referir ainda o contributo da arquiteta Mariana Abrunhosa Pereira com o seu trabalho Caves do Vinho do Porto do Entreposto de Vila Nova de Gaia – Integração no território e identificação das Tipologias para o enriquecimento da exposição.

Divisão de Projeto | ARU‐ORU Centro Histórico

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MEMÓRIA

A consciencialização do percurso que nos conduziu até à cidade que hoje habitamos permitir‐nos‐á fundamentar as opções tomadas para a cidade de amanhã.

gravuras e fotografias que ilustrem o centro histórico. O que se procura expor não é uma sequência de datas mas a representação dos factos e dos momentos mais relevantes – A imagética da história.

A memória é o percurso que por vezes chega até nós em trechos materializados, vestígios, reminiscências, permanências...

O primeiro registo cartográfico do território de que se tem conhecimento data do século XVI. Este facto, aliado à pouca fiabilidade da cartografia, ainda que posterior, mais focada na representação da cidade do Porto, torna muito difícil qualquer tentativa de desenhar uma hipótese de evolução do tecido urbano.

O tecido urbano vai‐se compondo de intervenções que se sucedem no tempo e no espaço. Em DA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO Fernando Távora apelida de vertical a participação na organização do espaço que se realiza entre homens de diferentes épocas e que, portanto, prende «... homens de gerações diferentes em obra que se processa ao longo de um período de tempo que ultrapassa a dimensão da geração». No mesmo texto o arquiteto refere a necessidade de transformar a participação em colaboração, o que implica o conhecimento de intervenções anteriores e o respeito pelos homens que as realizaram e por aqueles que um dia usufruirão do espaço. Neste Tema – Memória – procuramos mostrar este percurso no tempo e no espaço. Através da cronologia é feita a abordagem da sequên‐ cia histórica, sempre que possível ilustrada. É dada especial importância à representação cartográfica ou a

A esquematização apresentada é meramente hipotética, baseando‐se em factos extraídos da cronologia, no registo de vestígios arqueológicos, em documentos e gravuras. Dada a dificuldade de representação exata sobre o território optou‐se pela esquematização – marcação de eixos, marcos territoriais significantes e manchas de expansão. A fechar este capítulo é feita uma mostra da transformação de alguns dos espaços urbanos mais significativos do centro histórico, com base na documentação disponível no Arquivo Municipal de Vila Nova de Gaia que data de 1834 em diante. Como nos ensinou Fernando Távora, a organização do espaço implica a nossa colaboração. Não há colaboração desinformada. Para intervir nos espaços temos de os conhecer, de os vivenciar e também de ouvir o que eles têm para nos contar.


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1139‐1385

1383‐1385

1385‐1580

1580‐1640

1640‐1910

I.ª Dinastia – Dinastia de Bourgonha ou Afonsina

Interregno

II.ª Dinastia – Dinastia de Avis ou Joanina

III.ª Dinastia – Dinastia Filipina

IV.ª Dinastia – Dinastia de Bragança

836‐1139

Séc. I a.C.‐Séc. V d.C.

Condado Portucalense

Primeiros vestígios


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1974

1933‐1974 Estado Novo

Revolução dos Cravos

1926‐1933 II.ª República – Ditadura Militar

1910

1828‐1834 Guerra Civil – Lutas Liberais

I.ª República [1911 a 1926] – Implantação da República

1807‐1814

Invasões Francesas ou Guerra Peninsular


EVOLUÇÃO DO TECIDO URBANO

As diversas tentativas já realizadas no sentido de representar graficamente a evolução do tecido urbano do centro histórico de Vila Nova de Gaia depararam‐se com a mesma dificuldade: a ausência quase total de cartografia, ou de outras peças gráficas ilustrativas, até meados do século XVII. Mesmo após essa data a área representada é limitada, sendo necessário esperar até à época das invasões francesas, no século XIX, para ver as primeiras cartas que abrangem todo o centro histórico de Gaia. A ausência de bases cartográficas rigorosas conduziu à opção pela representação esquemática da evolução do tecido urbano. Os dados recolhidos da leitura de textos históricos, e do visionamento de gravuras e cartografia, foram transpostos para o território. A cartografia base está sempre presente, mas apenas como referência, porquanto a falta de rigor dos documentos não permite a transposição exata dos dados recolhidos para o território atual. Os esquemas vão‐se sucedendo e as novas aquisições do território sobrepõem‐se à representação das anteriores, tornando percetível a crescente complexificação dos movimentos que incidem sobre o território. A esquematização incide sobre quatro categorias: Edifícios relevantes, eixos estruturantes, pontes e manchas de expansão urbana. A esquematização da evolução do tecido torna clara a invulgar condição do núcleo de ocupação primordial do território (Castelo) que se vai tornando periférico à medida que as atividades relacionadas com o rio vão ganhando força e que os pontos de ligação à cidade do Porto se vão materia‐lizando em pontes. A malha urbana vai depois subir a encosta, em busca de melhores acessibilidades e ligações: primeiro o caminho de ferro, depois as pontes à cota alta e, finalmente, as vias rápidas que circundam o centro histórico.

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ARRUAMENTOS TRANSFORMAÇÕES DOS ESPAÇOS AVENIDA DA BEIRA‐RIO | AVENIDA DIOGO LEITE | AVENIDA RAMOS RAMOS PINTO

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1. Fotografia Juan Laurent, 1867. 2. Cheias do Rio Douro, 1909. 3. Perfil do projeto municipal de alargamento da Avenida da Beira‐Rio, 1932. 4. Planta do projeto municipal de alargamento da Avenida da Beira‐Rio, 1932. 5. Planta do projeto municipal de alargamento da Avenida da Beira‐Rio, 1934.

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CALÇADA DAS FREIRAS | RUA SERPA PINTO

RUA DO SACRAMENTO | RUA GUILHERME BRAGA

1. Alçado do Elevador que ligava a estação das Devesas ao Rio Douro. 2. Elevador na Calçada das Freiras. 3. Planta de Alinhamentos da Rua do Sacramento, 1882.

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RUA DIREITA | RUA CÂNDIDO DOS REIS

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1. Planta da obra municipal de Alargamento da Rua Direita, 1875. 2. Planta de obra particular, 1906. 3. Fotografia Rua Direita com Porto em fundo. 4. Fotografia Rua Direita.

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LARGO PONTE LUÍS I LARGO SANTA MARINHA LARGO MIGUEL BOMBARDA

1. Planta de obra municipal com localização da nova ponte, 1880. 2. Planta de obra municipal de alinhamento do Largo de Santa Marinha, 1898. 3. Largo de Miguel Bombarda, Projeto GTL, 1987. 4. Largo Miguel Bombarda, 1986. 5. Planta de obra municipal do Largo de Miguel Bombarda.

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LIGAÇÕES ENTRE MARGENS PONTE DAS BARCAS

PONTE PÊNSIL

então cercada por tropas castelhanas. Há ainda referência à sua passagem em 1372, quando se casou com D. Leonor em Leça do Balio.

No século XIX a crescente necessidade de estabelecer uma ligação permanente entre as duas margens conduziu à construção da primeira ponte definitiva de todo o curso nacional e internacional do rio Douro.

Em 1802 projetada pelo Engenheiro Carlos Amarante uma ponte de pedra à cota alta, que nunca chega a ser aprovada.

A construção da ponte teve início a 2 de Maio de 1841, aniversário da coroação da Rainha D. Maria II. Os testes de carga finais realizaram‐se no princípio de Fevereiro de 1843, ficando a inauguração a aguardar ordem do Governo. No entanto uma inesperada cheia alterou os planos, obrigando à desmontagem da Ponte das Barcas e à abertura da nova ponte.

De 1806 a 1843 a Ponte das Barcas regista um caráter mais permanente, sendo apenas desmontada para a passagem de barcos e em dias de cheia.

A primeira referência à Ponte das Barcas data de 997, quando Almansor, o Califa de Córdova, utiliza uma frota de barcos que o aguardavam no Porto para transpor o rio. Em 1369 a ponte é reconstruída a mando de D. Fernando, que se dirigia a Guimarães,

A 29 de Março de 1809 as tropas francesas entram na cidade e persegue o povo. A fragilidade da ponte não aguenta a população que a tentava atravessar, tendo cedido.

Os acidentes ocorridos pela Europa em pontes do mesmo género e a instabilidade da ponte provocaram um desconforto na população, que, por este motivo, evitava a sua utilização.

A ponte foi novamente reconstruída para a passagem do Exercito Inglês, tendo‐se mantido até 1843, altura em que provisoriamente entra em funcionamento a Ponte Pênsil.

A dificuldade de verificação do estado das amarrações, por estas se encontrarem enterradas nos maciços rochosos das margens, levou o Estado Português a optar pela sua substituição com caráter urgente. A Ponte Pênsil foi imediatamente removida após a conclusão do tabuleiro inferior da Ponte Luís I, em 1887.

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1. Desenho de Barão Forrester. 2. Cheia do Douro, 1860. 3. Vista da Serra do Pilar e Ponte Pênsil.

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2 Património histórico. «A expressão designa um fundo destinado ao usufruto de uma comunidade alargada a dimensões planetárias e constituído pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que congregam a sua pertença comum ao passado...». É desta forma que Françoise Choay, em A Alegoria do Património, define o conceito de algo que sentimos nosso, mas que é afinal de todos. A palavra encerra em si esta dualidade, de ser por um lado representativa e parte integrante de uma cultura e, por outro algo cuja existência só tem sentido através da partilha. A identificação dos valores patrimoniais urbanos é tarefa que, como está já instituído há muito, não se esgota em monumentos ou edifícios singulares, mas se estende ao tecido urbano que os enquadra. Procuramos neste tema – Património – expor elementos que caracterizam o centro histórico de Vila Nova de Gaia e que, por esta via, constroem a sua identidade. Do património em presença foram selecionadas duas temáticas: os armazéns de vinho do porto e as pontes. A singularidade do tecido urbano prende‐se com a presença dos armazéns de vinho do porto. Estas estruturas de grande escala, que vão subindo a encosta para se debruçarem sobre o Douro, suportam uma atividade que tem um valor patrimonial imaterial

PATRIMÓNIO inegável que se relaciona com o tecido urbano e com o lugar que o sustenta. Esta temática é ilustrada através de um trabalho realizado pela arquiteta Mariana Abrunhosa Pereira intitulado «O Entreposto de Vila Nova de Gaia – Território e Tipologias». A ligação entre Gaia e Porto, e a sua materialização através das pontes do Douro, constitui outro fator incontornável quando falamos de património. A história das pontes conta‐nos a história das relações entre as duas cidades, e de ambas com o rio. A este facto acresce a singularidade e o grande valor das estruturas existentes, obras‐primas de engenharia dotadas de uma beleza inquestionável. Mas o que distingue o património edificado daquele que diz respeito a outras artes é que aquele tem de ser vivenciado. O uso é parte indissociável do seu valor intrínseco. Tal não significa que o uso não possa ser alterado, mas não deixa igualmente de significar que a atribuição de um uso incompatível pode comprometer irremediavelmente o seu valor patrimonial. Como refere Choay: «O condicionamento sofrido pelo património urbano histórico tendo em vista o seu consumo cultural, bem como a sua disputa pelo mercado imobiliário de prestígio, tende a excluir dele as populações locais ou não priveligiadas e, com elas, as atividades tradicionais e modestamente quotidianas...».


O ENTREPOSTO DE GAIA UM PORTO MONOFUNCIONAL

A imagem do centro histórico de Gaia está fortemente conetada com as caves de Vinho do Porto. O armazenamento da meia encosta é contraposto a um eixo dinâmico na parte ribeirinha que concentra a parte turística das caves e o respetivo espólio museológico, numa linha estratégica para um acesso fácil aos visitantes.

Foi no século XVIII, com o aumento da exportação de vinho para Inglaterra e a necessidade de um lugar com uma grande área para armazenamento que o Porto não possuía, que V. Nova de Gaia surgiu como um potencial lugar para armazenamento. Gaia possuía um enorme ancoradouro e uma grande área livre, mesmo em frente à antiga Alfândega do Porto. A aguarela de 1669 de Pier Maria Baldi e o desenho de 1789 de Teodoro de Souza Maldonado permitem perceber a relevância que as caves de Vinho do Porto tiveram na consolidação da forma urbana da zona ribeirinha e meia encosta, mas também o despoletar das estruturas das caves no espaço temporal entre os dois registos. Trabalho realizado no âmbito da Prova Final para Licenciatura em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, 2004/2005, Mariana Abrunhosa Pereira.

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1. Antigo cais de embarque da Praia em frente aos armazéns da Ferreira, ca. 1930. 2. Aguarela de Pier Maria Baldi, 1669. 3. Desenho de Teodoro de Souza Maldonado, 1789.

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DEFINIÇÃO DAS TIPOLOGIAS DE CAVES As plantas estruturais integradas na planta do Centro Histórico de Vila Nova de Gaia mostram a continui‐ dade estrutural visível na maioria das caves. Muitas das caves chegam a ter vãos com 13 metros. Foi feito um levantamento das plantas, cortes e alçados de cada uma das caves estudadas para permitir uma análise comparativa e para a procura de diferentes tipologias. Concluiu‐se que a estrutura é dinâmica, está em construção, às partes existentes acrescentam‐se outras. Tornou‐se então óbvio que é a forma estrutural que determina os tipos. Foram identificados sete tipos de caves, que partem sempre de uma estrutura elementar – a forma longitudinal/direcionada, com um piso e pé direito duplo. Esta forma atua com outras e geram‐se estruturas mais complexas.

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ESTRUTURA E MODULAÇÃO As caves são sempre construções irregulares com um espaço interno alargado, com paredes portantes longitudinais em que assentam as linhas de travejamento que suportam o telhado de duas águas. Este espaço interno está dividido em cumes ou «naves», termo utilizado pelo historiador Manuel Monteiro. As naves comunicam ocasionalmente entre elas por arcos e possuem corredores de pipas, extensíssimos, intercalados com corredores de passagem e de distribuição. O esquema de distribuição de pipas mostra que cada uma das naves dos volumes longitudinais tem uma medida vinculada pelo esquema‐padrão de filas de pipas/corredor/pipas/pipas/corredor/ pipas – ABAABA –, que faz com que todas as naves tenham cerca de 10 metros de largura. Este esquema formal de armazenamento de vinho funciona como uma pauta que define a malha territorial. A métrica da pipa estende‐se à cidade. Isto aplica‐se ao espaço construído de armazenagem, mas também a muitas das vias que foram moduladas para permitir a rolagem das pipas. 30

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1. Planta estrutural das caves inserida na planta do centro histórico. 2. Alçados‐tipo. 3. Tabela de modelos e variações.

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PLANTA DO PATRIMÓNIO NA ÁREA DO CENTRO HISTÓRICO

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1. Fotografia do Convento de Corpus Christi 2. Obra Municipal do Mercado da Beira‐Rio, Alçado principal 3. Obra Municipal do Mercado da Beira‐Rio, planta integrante do projeto de arquitetura 4. Processo de obra particular Companhia Agrícola, Fachada voltada para a Rua da Calçada das Freiras

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LIGAÇÕES ENTRE MARGENS PONTE MARIA PIA

O Comboio chega à estação de Devesas em 1864, obrigando os passageiros a seguir o restante caminho em carruagens puxadas a cavalo. Em 1875, uma vez aceite o projeto de um novo traçado entre Devesas e Campanhã pela Câmara dos Deputados, foi aberto concurso para o projeto da ponte. Das soluções apresentadas, foi adjudicada a proposta mais económica, dos engenheiros Gerard Eiffel & Seyrig, com a construção a cargo da firma Eiffel & Ca., de Levallois. A construção da ponte decorreu entre Janeiro de 1876 e Outubro de 1877, tendo sido inaugurada a 4 de Novembro de 1877.

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O vão da ponte foi considerado o maior à época, tendo sido construído com métodos revolucionários. Ramalho Ortigão e Eça de Queiróz em «As Farpas: chronica mensal da politica das letras e dos costumes» de Janeiro de 1878, descrevem o dia da inauguração: «A cidade do Porto em peso e 40 ou 60 mil peregrinos advindos de todas as regiões do paiz estavam ahi reunidos. Para que? Para celebrar um puro facto scientifico – a solução de um problema de mechanica. Néste simples facto, ex.ma camara, que symptoma! Que phenomeno! Que revolução!». A ponte Maria Pia é classificada como Monumento Nacional em 1982 (Decreto n.º 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47, de 26 fevereiro 1982) e em 1990 a American Society of Engineering (ASCE) atribui‐lhe a classificação de Internacional Historic Civil Engineering Landmark. O aumento das preocupações com a sua resistência conduziu ao estudo para uma nova ponte e à sua substituição, em 1991, pela ponte S. João.

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PONTE LUÍS I Em finais do século XIX o desenvolvimento comercial e industrial aumentava gradualmente o tráfego entre as duas margens do rio Douro. A este facto acresceu a instabilidade crescente da Ponte Pênsil que conduziu à opção pelo seu desmantela‐mento. Em 1880 o governo lança um concurso para a construção de uma ponte com dois tabuleiros a diferentes cotas. Concorreram 10 empresas de construção, tendo sido apresentando um total de 12 projetos. A proposta sele‐ cionada foi a da empresa Société Willebroek, com pro‐ jeto do Eng. Théophile Seyrig, discípulo de Gustave Eiffel. Em Novembro de 1881 a obra é adjudicada iniciando‐ ‐se a sua construção. O tabuleiro superior fica concluído em Outubro de 1886, mas o tabuleiro inferior apenas se conclui um ano mais tarde. O sistema de portagens foi implementado um dia depois da conclusão do tabuleiro superior, a 1 de Novembro de 1886, e funcionou até 1 Janeiro de 1944.

O elétrico foi introduzido em 1908 e manteve‐se até 1954, altura em que no âmbito das obras de reparação e uniformização do pavimento foram removidos os carris. A ponte foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1982 (Decreto n.º 28/82, DR, 1.ª série n.º 47 de 26 de fevereiro 1982) e classificada como Património Mundial da UNESCO, juntamente com a Serra do Pilar e com o Centro Histórico da Cidade do Porto, em 1996. Foi ainda classificada como Monumento Nacional em 2001 (Lei n.º 107/2001 de 8 de Setembro 2001) De 2003 a 2005 o trânsito foi encerrado para as obras de implementação do Metro do Porto, tendo a obra sido inaugurada a 18 de Setembro de 2005.

1. Fotografia do desenho de Mrs G. Eiffel et Cie, 15 Setembro de 1875. 2. Fotografias da construção da Ponte Maria Pia, 24 Junho 1877. 3. 27 Agosto 1877. 4. 30 Outubro 1877, dia do teste de carga. 5. Postal do Repositório da Universidade do Porto. 6. As 12 propostas apresentadas a 12 de Agosto de 1880. 7. Construção do arco e do tabuleiro superior.

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3 REABILITAR, SALVAGUARDAR, REGENERAR, PRESERVAR... As terminologias são variadas, no entanto a essência não reside na terminologia a adotar, mas sim nas perguntas às quais devemos dar resposta: O QUÊ? PARA QUE EFEITO? PARA QUEM? COMO? QUANDO? PORQUÊ? Peter Zumpthor em PETER ZUMPTHOR PENSAR A ARQUITECTURA transpõe a frase «O núcleo duro da beleza», utilizada para descrever a obra do poeta americano William Carlos Williams, para a arquitetura, refletindo sobre a necessidade de encontrar o sentido das coisas no processo de projetar. A procura dessa essência deve ser também parte integrante de qualquer projeto, plano ou estratégia de reabilitação urbana. O seu conhecimento permite responder a grande parte das questões acima formuladas: qual a essência do objeto a preservar e quais os limites que as intervenções devem respeitar para não comprometerem esse núcleo duro? A cidade está em constante mutação, este devir dificulta o conhecimento atualizado da sua condição. No entanto, este processo, ao ser parte integrante da sua realidade, tem igualmente que ser alvo de estudo. O tema – Reabilitação – trata da caracterização da situação atual – estado de conservação, usos, morfologias, tipologias – mas também dos processos que a ela conduziram.

REABILITAÇÃO No fundo este tema aglutina os que o precedem e prepara as bases que permitirão planear a atuação futura. Os primeiros painéis ilustram algumas temáticas já abordadas no âmbito do processo de análise do território pela equipa que atualmente se dedica ao estudo do centro histórico. A análise foi complementada com a mostra de dados obtidos a partir do trabalho conjunto realizado no Seminário da FAUP, em 2004‐2005, sobre o Entreposto de Vinho do Porto em Vila Nova de Gaia, sob orientação do Professor Manuel Fernandes de Sá. A exposição encerra com nova cronologia, desta feita referente às ações projetadas sobre o território do centro histórico nos últimos 40 anos. Pretende‐se aqui referenciar os serviços ou entidades que atuaram neste território, naquele período de tempo, bem como ilustrar as ações mais significativas. Este recuo no tempo permite‐nos hoje fazer estudos comparativos e avaliar a evolução do tecido urbano, ou seja, estudar o processo de transformação. Esta cooperação intergeracional promove o verda‐ deiro conhecimento do território. É este o edifício que devemos construir, sem esquecer as suas fundações e as visões daqueles que nele trabalharam, porque a cidade, enquanto ente mutável, não se compadece com processos encerrados em si mesmos, hiatos no tempo, que rapidamente perdem a sua validade.


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1994‐2002

1990‐1994

1985‐1990

1982‐1985

1974‐1977


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2012‐2014

2008‐2012

2004‐2008


ESTADO DE CONSERVAÇÃO NA ÁREA DO CENTRO HISTÓRICO

GPU 1984

ESTUDO COMPARATIVO

A verificação do estado de conservação do tecido edificado permite‐nos avaliar desequilíbrios e fraturas, mas também identificar as potencialidades do território.

GRUCH 2001

O investimento que é feito numa determinada área urbana ao longo do tempo é visível pelo evoluir do estado de conservação do seu edificado. Foi feito um estudo comparativo para um quarteirão alvo de três levantamentos realizados em diferentes décadas: 1984 (GPU – Gabinete de Planeamento Urbano); 2001 (GRUCH – Gabinete de Reabilitação Urbana do Centro Histórico) e 2014 (DRU – Departa‐ mento de Reabilitação Urbana). O quarteirão selecionado é limitado pelos seguintes arruamentos: a norte, pela Rua Guilherme Gomes Fernandes, a nascente pela Rua Cândido dos Reis, a sul pela Rua Guilherme Braga e a poente pela Rua do França.

DRU 2014

Este estudo permite‐nos perceber a evolução positiva que se operou no quarteirão em questão, no que se refere ao seu estado de conservação.

1 1. Edifício na Rua Guilherme Gomes Fernandes, evolução ao longo dos anos.

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ANÁLISE DO TERRITÓRIO DO CENTRO HISTÓRICO

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BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE DE IMAGENS

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Mariutti de, ed. lit.; Baldi, Pier Maria ?‐1668, il Biblioteca Nacional de Por‐ tugal, http://purl.pt/12926 Desenho de Teodoro de Souza Maldonado, 1789. Maldonado, Teodoro de Sousa, 1759‐?; Godinho, Manuel da Silva, 1751?‐1809?, grav. met.; Ribeiro, António Álvares, fl. 1749‐1809, impr.Biblioteca Nacional de Por‐ tugal, http://purl.pt/4036 Pág. 30 e 31 Peças desenhadas. Pereira, Mariana. Entreposto de Vila Nova de Gaia, Território e Tipologias. Trabalho realizado no âmbito da prova final de licenciatura em Arquitetura. FAUP, 2004/2005. Pág. 32 Planta de Património. Divisão de Projetos. Gaiurb, EM, 2015. Fotografia do Convento Corpus Christi. Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner – referência 65267. Pág. 33 Obra Municipal do Mercado da Beira‐Rio, alçado principal e planta integrante do projeto de arquitetura. Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner – referência 18897. Processo de obra particular Companhia Agrícola, fachada voltada para a Rua da Calçada das Freiras Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner – referência 71328. Pág. 34 Fotografia do desenho de M. Mrs G. Eiffel et Cie, 15 Setembro de 1875. Maia, Caetano Alberto; et al. «Parecer da Junta Consultiva de Obras Públicas e Minas sobre Projeto da Ponte sobre o Douro, na quinta secção do Caminho de Ferro do Norte». In Revista de Obras Públicas e Minas. Tomo VII, n.º 76, Abril de 1876. Fotografias da construção da Ponte Maria Pia, de respetivamente 24 Junho 1877, 27 Agosto 1877e 30 Outubro 1877 dia do Teste de carga. Coleção particular Manuel Magalhães. Pág. 35 Postal do Repositório da Universidade do Porto, https://reposi‐ torio‐tematico.up.pt/handle/10405/1084 (acedido em 12/02/2015). As 12 propostas apresentada a 12 de Agosto de 1880. Matos, João Joa‐ quim de; et al. «Relatório da Comissão encarregada de dar parecer acerca dos projetos apresentado no concurso de 12 de Novembro de 1880 para a construção de uma Ponte sobre o Douro, na Cidade do Porto». In Revista de Obras Públicas e Minas. Tomo XII, n.º 141 e 142, Setembro e Outubro de 1881. Construção do arco e do tabuleiro superior: http://www.portopatrimonio mundial.com/ponte‐luis‐i.html (acedido em 27/02/2015). Pág. 38 a 41 Cronologia 40 anos. Divisão de Projetos. Gaiurb, EM, 2015. Pág. 42 Estado de Conservação – Estudo comparativo. Divisão de Proje‐ tos. Gaiurb, EM, 2015. Pág. 43 Planta Estado de Conservação. Divisão de Projeto. Gaiurb, EM, 2015. Três fotografias Edifício na Rua Guilherme Gomes Fernandes. Coleção particular Manuel Magalhães; Arquivo GRUCH, Gaiurb, EM; Departa‐ mento de Reabilitação Urbana, Gaiurb, EM. Pág. 44 Análise do Território do Centro Histórico. Divisão de Projeto. Gaiurb, EM, 2015. Pág. 45 Análise do Território do Centro Histórico. Trabalho de conjunto, Entreposto do Vinho do Porto em Vila Nova de Gaia, Seminário FAUP 2004/2005, sob orientação do Professor Manuel Fernandes de Sá.

ÍNDICE

INTRODUÇÃO

pág. 7

MEMÓRIA Cronologia histórica Evolução do Tecido Urbano Arruamentos: Transformação dos Espaços Ligações entre Margens: as Pontes

pág. 9 pág. 10 pág. 14 pág. 16 pág. 24

PATRIMÓNIO Entreposto de V. N. de Gaia: Territórios e Tipologia Levantamento do Património no Centro Histórico Análise do Território do Centro Histórico

pág. 27

REABILITAÇÃO Cronologia: Reabilitação dos 40 anos Estado de Conservação na Área do Centro Histórico Análise do Território do Centro Histórico

pág. 37 pág. 38 pág. 42 pág. 44

BIBLIOGRAFIA

pág. 46

ÍNDICE DE IMAGENS

pág. 46

pág. 28 pág. 32 pág. 34

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FICHA TÉCNICA

TÍTULO Centro Histórico V. N. de Gaia MEMÓRIA / PATRIMÓNIO / REABILITAÇÃO ORGANIZAÇÃO Gaiurb, EM / Câmara Municipal de Gaia COORDENAÇÃO Manuela Juncal CONCEÇÃO, PESQUISA E MONTAGEM Eduardo Moura Joana Magalhães Joaquim Duarte Rocha Marta Gomes Olga Brandão Rita Amaral Vânia Miranda Verónica Pereira

APOIO GERAL António Correia

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Biblioteca Pública Municipal de V. N. de Gaia Biblioteca Pública Municipal do Porto Biblioteca da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Biblioteca da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto DOCUMENTAÇÃO Alda Temudo – Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner Gonçalves Guimarães – Solar Condes de Resende Arquivo Distrital do Porto / Arquivo Histórico Municipal do Porto Coleção Particular Manuel Magalhães Gaiurb, Empresa Municipal Biblioteca Nacional de Portugal DESIGN Alexandra Cabral EXECUÇÃO GRÁFICA Rainho & Neves, Lda. – Santa Maria da Feira geral@rainhoeneves.pt ISBN: 978‐989‐97173‐1‐2 DEPÓSITO LEGAL: 390286/15 TIRAGEM: 1000 exemplares



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