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Fortificações marítimas da Costa Vicentina
Cadernos Culturais nº1
Arrifana Carrapateira São Vicente Beliche Sagres Centro Cultural Emmerico Nunes - Largo do Muro da Praia, 1 / 7520-151 SINES - 269 084 574 - 914 82 7713 ccemmericonunes.blogspot.com
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Ficha técnica Textos António Martins Quaresma e María Elena Moràn Arranjo gráfico Carlos M. Carvalho Capa Detalhe da carta corográfica do Algarve, 1842 de João Silva Lopes Guias da visita António Martins Quaresma, María Elena Moràn e Rui Parreira.
Fortificações marítimas da Costa Vicentina Introdução
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Forte de Arrifana
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Forte de Carrapateira
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Forte de S. Vicente
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Forte de Belixe ou Beliche
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Fortaleza de Sagres
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Folheto de apoio à visita de estudo organizada pelo Centro Cultural Emmerico Nunes-Sines, Núcleo de História e Património. 24 de Maio de 2015.
Fortificações marítimas da Costa Vicentina maioria das fortificações da Costa Vicentina (concelhos de Aljezur e Vila do Bispo) foi edificada na época moderna (séculos XVI-XVIII), no quadro de forte assédio corsário a populações ribeirinhas, navios e armações de pesca. A pirataria e o corso são antigos na história do mar. No último terço do século XVI, com o fim da guerra entre potências no Mediterrâneo, emergiu uma nova fase do corso, através de “empresários independentes”, provenientes das “repúblicas corsárias” muçulmanas do Norte de África. Esta actividade corsária não pretendeu mudar o mapa dos domínios das partes envolvidas na contenda; apenas manter o confronto, que significava, ao mesmo tempo, uma forma de ganhar a vida. As populações do Magrebe, arredadas do grande comércio que se desenvolvia à escala mundial, tinham no corso uma forma de sobreviver a uma crise que o tempo inexoravelmente agravava. O roubo e o rapto de pessoas destinadas aos mercados de escravos das cidades do Norte de África, ou serem resgatadas, era o principal objectivo. A este persistente fenómeno, juntava-se o corso proveniente do Norte da Europa, que, no século XVI, assumiu também contornos ideológicos, com a tensão entre a Reforma e a Contra-Reforma. Quando a guerra se acendia, como aconteceu, por exemplo, durante o conflito entre Espanha e Inglaterra, de 1585 a 1604, o perigo era acrescido. A fortificação da Costa Vicentina é geralmente constituída por pequenas edificações, com escasso armamento e reduzidas guarnições, de acordo com o tipo e a medida da ameaça, complementadas por um sistema de vigias fixas e de rondas posto em prática nos meses de Verão. Apenas em Sagres, com a sua imponente fortaleza, esta escala é ultrapassada. Geralmente erguidas em arribas costeiras, a cotas elevadas, a sua artilharia ficava demasiadamente alta, não lhe sendo possível fazer tiro rasante, mais eficaz. Obedece a uma tipologia comum, apesar das diferenças, por vezes grandes, entre elas: trata-se de construções edificadas numa altura em que as armas de fogo se tinham difundido, muitas delas com os característicos baluartes, mas frequentemente sem muitos dos elementos do programa da fortificação moderna e nunca com as complexas obras exteriores que vemos sobretudo em praças da fronteira terrestre. Só o castelo de Sines apresenta muros ainda com feição gótica. Boa parte da fortificação do Algarve destinava-se particularmente a proteger as armações de pesca, especialmente do atum, ditas almadravas, economicamente muito relevantes, em que a própria Coroa tinha interesse, desde logo pelos bastos direitos régios que produziam. Na Primavera, quando os cardumes se dirigiam ao Mediterrâneo para a desova, as armações destinadas à sua captura eram instaladas nos locais apropriados; com elas vinham pescadores e suas famílias, marinheiros das barcas e dos caravelões para recolha e transporte do pescado, empregados, feitores, escrivães, cobradores dos direitos reais, que chegavam a formar autênticas povoações de cabanas, à beira-mar. Além disso, estas fortificações operavam em articulação, para cobrir a maior parte da linha de costa, ainda que com insuficiências. Em termos de organização, operacional e logística, os pequenos fortes dependiam das Praças (no caso,
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de Sagres), por sua vez inseridas em províncias militares. O Algarve, que tinha uma administração militarizada, foi provido com governador e capitão-general desde 1573; as restantes províncias passaram a ter Governos das Armas, em 1640, com seus governadores. No século XIX, perante o fim da actividade corsária e a evolução das formas de fazer a guerra, a fortificação do litoral foi desactivada. No entanto, algumas funções, como a da vigilância da costa para impedir o contrabando, ainda lhes foram pedidas. O destino de cada um dos edifícios foi diverso, desde o abandono completo até à reutilização pública ou privada. Se alguns deles beneficiaram do interesse pelo património histórico, nas diversas fases e conceitos que informaram esse interesse, outros, considerados, implícita ou explicitamente, pouco interessantes, sofreram um ruinoso abandono. Existem muitos desenhos, de diversas datas, referentes às fortificações marítimas do Sudoeste Português. Arquivos, como a Biblioteca Nacional de Portugal, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, o Arquivo Histórico Militar, o do Exército Português-Direcção de Infra-Estruturas, o Instituto Geográfico Português, a Biblioteca Pública de Évora, a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro ou a Real Academia de la Historia, de Madrid, de autores como Filipe Terzi, Leonardo Turriano, Alexandre Massai, João Rodrigues Mouro, D. Diogo de Pardo Osório, João Tomás Correia, Mateus do Couto (sobrinho), Francisco Lobo Cardenal, Romão José do Rego, José Sande de Vasconcelos, João Gabriel de Chermont, Diogo Correia da Mota, entre outros, que constituem, por si, um património valiosíssimo, por vezes o único que resta depois da ruína e do desaparecimento dos elementos materiais construídos que lhes correspondem.
Planta do forte da Baleira [1621], por Alexandre Massai. Fonte: Lisboa, Museu da Cidade, códice de Descripcaõ do Reino do Algarve, n.º. 45.
Forte de Arrifana
Localização Distrito de Faro. Concelho de Aljezur. Freguesia de Aljezur. Lugar de Arrifana. Coordenadas: 37º17’47.70’’N; 8º52’27.31’’O
No concelho de Aljezur, o Forte da Arrifana é o primeiro da costa ocidental do Algarve, para quem vem da costa alentejana. Sobre uma pronunciada ponta, que bordeja pelo norte a baía da Arrifana, defendia contra as depredações corsárias uma armação de pesca que ali se instalava anualmente. Foi edificado em 1635, não obstante parecer negativo do governador e capitão-mor do Algarve, D. Gonçalo Coutinho, que considerava a armação sem grande interesse económico, sobretudo pela distância a que ficava dos centros consumidores de pescado e pelos riscos do seu transporte devido à presença de corsário, bem como à dificuldade e ao custo em manter uma fortificação numa costa tão isolada. Em 1670, após abandono de algumas dezenas de anos, o forte foi reedificado por ordem do Conde de Vale de Reis, governador e capitão general do Algarve, que o mandou artilhar e dotar de guarnição.
Compunha-se basicamente de uma cortina, com corpo da guarda abobadado, que vedava o acesso do lado da terra ao promontório. Sobre este, a modo de uma plataforma, instalava-se a artilharia apontada sobre um parapeito para o mar. As peças ficavam, contudo, excessivamente altas, para uma defesa eficaz da enseada, mas podiam ser úteis para dificultar a aproximação dos inimigos. Adossados à cortina, no interior, encontravam-se os quartéis.
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Planta do forte da Arrifana [1788], por José Sande de Vasconcelos. Fonte: GEAEM/DIE, 291-1-8A-96.
Entretanto, a ponta de terra onde estava edificado foi aluindo, devido á erosão, e, em particular, por efeito do terramoto de 1755. Em 1760 foi reedificado, mas, quatro anos depois, a estreita passagem que fazia a comunicação entre os quartéis e a bateria desmoronou-se, de modo que, tendo antes cerca de um metro de largura, ficou em alguns sítios com menos de 20 cm, o que constituía um perigo para a guarnição dada a altura da falésia. Por finais do século XVIII, estava armado com duas bocas de fogo e guarnecido por seis soldados comandados por um cabo. A partir de inícios do século XIX, os relatórios das inspecções militares informam que nada mais restava do que as ruínas da cortina de entrada, dos quartéis e do paiol, que era coberto por abóbada; os próprios parapeitos que bordavam a rocha caído ao mar. Em 1940, a Direcção Geral do Património do Estado considerava as “desmanteladas ruínas”, “sem o mais leve interesse, quer histórico quer artístico”. Os trabalhos arqueológicos efetuados em 2011, no âmbito da empreitada
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Cortina do forte da Arrifana, na década de 1980.
geral de requalificação da Ponta da Arrifana, incidiram sobre a cortina de muralha que delimita o recinto (análise parietal e escavação da base), sobre o fosso seco, ponte dormente e calçada, no exterior, e no interior sobre as casamatas e o eirado, confinando-se espacialmente ao limite da vedação instalada pelos serviços do Parque Natural e, em profundidade, à cota de afectação da obra de requalificação da fortaleza, com sondagens pontuais, em maior profundidade, para obtenção de leituras da sequência estratigráfica e do processo construtivo, que se verificou, em diferentes fases, datadas entre o século XVII e o século XIX -correspondendo assim à documentação arquivística e epigráfica. Os resultados da intervenção arqueológica serviram para alterar pontualmente as soluções de projeto de consolidação da cortina de muralha e de restauro do portal e do túnel de acesso ao recinto fortificado. Bibliografia sucinta CALLIXTO, Carlos Pereira. “As fortificações dependentes da Praça de Sagres. O Forte de Arrifana”. In Revista de Marinha, n.º 129, Setembro de 1983, pp. 32-35. MÓRAN, Elena, Ana GONÇALVES, Cidália MATOS. “Trabalhos Arqueológicos na Fortaleza da Arrifana em 2011”. Al-Rihana. Revista Cultural do Município de Aljezur, n.º 6, 2013, pp. 165-203.
Forte de Carrapateira
Localização: Distrito de Faro. Concelho de Aljezur. Freguesia de Bordeira. Lugar de Carrapateira. Coordenadas: 37º11’04.54’’N; 8º53’42.86’’O
Foi edificado sobre uma pequena elevação, a cerca de 1,5 km da praia e não sobre a arriba marítima, como encontramos nos restantes casos das fortificações algarvias nos concelhos de Aljezur e Vila do Bispo. Na realidade, a sua função era também algo diferente: defender a povoação da Carrapateira, que, ficando embora a alguma distância do mar, conheceu diversos ataques dos corsários que desembarcavam nas praias próximas e vinham saquear a povoação e tentar capturar habitantes. Face às repetidas incursões e roubos que a povoação sofreu, os moradores pediram o auxílio régio: em 1673, sendo Capitão General e Governador do Algarve D. Nuno da Cunha de Ataíde, Conde de Pontével, foi construído o pequeno forte, em volta da igreja manuelina, o principal edifício da povoação, como se lê na inscrição epigráfica embutida na parede do templo. 5
“Forte a estrela”, de básica planta quadrada, com ângulos salientes e reentrantes, que permitiam algum flanqueamento, tratava-se de um tipo de estrutura sobretudo usado na “campanha”, isto é, em fortificações mais ou menos temporárias por exércitos em operações fora das praças, e é o único com esta forma em todo o Sudoeste. Dotado de seis peças de artilharia e onze homens de guarnição, o fortezinho terminou com as incursões corsárias contra a povoação. Em 1751, aliviada a pressão corsária, o forte da Carrapateira tinha apenas duas peças e a guarnição limitava-se a três homens. Entretanto, para evitar desembarques inimigos na praia, uma vez que a artilharia do forte não o podia fazer, foi instalada, em posição mais adequada, uma bateria provisória; igualmente o foi no Vale de Figueira, uma légua a norte, com uma peça montada. Estas pequenas baterias terão sido assentadas tardiamente,
Planta do forte da Carrapateira [1788] por José Sande de Vasconcelos. Fonte: GEAEM/DIE, 292-1-8A-96.
não para bater os corsários mouriscos, mas evitar desembarques liberais, ao tempo da guerra civil (1832-1834). Durante a guerrilha miguelista do Remexido, foi ocupado por um destacamento de tropa, integrando uma rede de posições fortificadas para fazer face à acção dos guerrilheiros. Já então em mau estado, nos anos seguintes foi-se arruinando ainda mais, até ao final e total abandono. Os seus arruinados muros foram reerguidos há algumas décadas, conforme hoje se vê, nada restando, contudo, das antigas baterias, quartéis e paiol. Bibliografia sucinta CALLIXTO, Carlos Pereira. “As fortificações dependentes da praça de Sagres, O Forte da Carrapateira”. In Revista de Marinha, n.º 130, Outubro de 1983, pp. 38-40.
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Obras nos muros da Carrapateira, ca. 1990. Foto AMQ
Igreja e forte da Carrapateira, em 2013. Foto AMQ
Forte de São Vicente
Localização: Distrito de Faro. Concelho de Vila do Bispo. Freguesia de Sagres. Coordenadas: 37º01’23.55´´N; 8º59’45.81’’O
A necessidade de defender a área do Cabo de São Vicente/ Ponta de Sagres foi sentida desde cedo, graças à sua posição geográfica e à importante função das suas baías nas linhas da navegação à vela, bem como na actividade pesqueira. Para a própria Vila do Bispo, então Aldeia do Bispo, foi elaborado um projecto de fortificação abaluartada, na segunda metade do século XVI, ao tempo de D. Sebastião, altura em que a fortificação marítima do Reino foi especialmente fomentada. Mantinha uma torre de vigia, a Torre d’Aspa, situada sobre a alta costa a norte de São Vicente, que, por meados do século XVIII, já com outras funções, estava arruinada. O cabo de São Vicente/Sagres possui antiga carga religiosa, própria do seu
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Planta de S. Vicente [1621] por Alexandre Massai. Fonte: Lisboa, Museu da Cidade, códice Descripcaõ do Reino do Algarve, n.º 51
carácter de finis terra: na época islâmica, não longe do cabo, teria existido um santuário moçárabe, a Igreja do Corvo, cuja localização precisa é ainda, contudo, objecto de discussão. Ao Cabo está associada a lenda de São Vicente, cujo corpo ali teria sido sepultado, sendo as suas relíquias mais tarde transportadas para Lisboa. Na Idade Média tardia, aqui se achava uma ermida dedicada ao santo, a que acorriam devotos. A mais antiga notícia conhecida sobre a fortificação do Cabo de São Vicente é do início do século XVI, quando D. Fernando Coutinho, Bispo de Silves, mandou fazer um convento, ocupado por frades franciscanos, um “castelo” e um farol, elementos que remetem para a sacralidade do lugar, para a periculosidade representada sobretudo pelos corsários e para a necessidade de sinalização luminosa destinada à navegação. Ao tempo de D. João III, a obra defensiva foi melhorada, inclusive com uma muralha de mar a mar. A passagem regular de barcos corsários norte-africanos constituía factor de insegurança para os habitantes, para os barcos surtos na baía e para a armação de pesca que próximo se instalava, mas, no convento/castelo, os piores danos foram praticados, em 1587, pelos ingleses, que atacaram e queimaram o convento e o aposento ali mandado fazer por D. Sebastião anos antes. Em 1588, o rei Filipe II enviou o engenheiro Filipe Terzi para recuperar a fortificação, trabalho em que se ocupou intermitentemente. Quanto ao convento, ficou reparado em 1606. O muro da fortificação era ainda “ao antigo”, e, alguns anos depois, Alexan-
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Planta do forte de S. Vicente, por Baltazar Azevedo Coutinho (ca.1798). Fonte: ANTT, PT-TT-CRT-211_m0067. URL: http://digitarq.arquivos.pt/ details?id=4499965.
dre Massai fez projecto de modernização, com um baluarte, fosso, ponte levadiça e corpo da guarda coberto de abóbada. Além disso, este engenheiro considerava que a guarnição existente, de um soldado e um artilheiro, era muito escassa, bem como escasso era o armamento; propunha que fosse guarnecido com seis soldados e dois artilheiros e dotado de mais e melhor armamento. Em 1621, segundo o mesmo Massai, ainda as obras não estavam terminadas, nem as restantes necessidades satisfeitas. Por volta de 1653/1654, durante a Guerra da Restauração, terá beneficiado de reparações. Conforme as plantas elaboradas em 1754 e em 1788, aliás com diferenças entre elas, as soluções modernas tiveram tímida aplicação.
Em consequência da legislação liberal, o convento foi extinto na primeira metade do século XIX e o edifício secularizado. Em 1840, o forte estava abandonado e os muros acusavam ruína, sendo considerado de diminuta importância militar. Apresentava, em resultado de modificações entretanto feitas, uma muralha, com um extenso ramal na parte norte, onde havia um pequeno fosso. Ao centro, uma torre, com algumas seteiras baixas para flanqueamento dos dois lanços laterais da muralha. Do lado de leste, abria-se a porta, em frente da qual um parapeito com banqueta, bordando o terreno até à parte mais escarpada. Ao sudoeste, tinha uma pequena bateria, a barbeta, mais moderna, capaz para duas bocas de fogo, mas desartilhada. Em 1846, foi ali edificado um farol, reequipado em 1904 com um potente aparelho luminoso. Foram-lhe feitas obras, aquando das comemorações do V Cen-
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Cortina do forte de S. Vicente, em 1940. Fonte: SIPA. URL: http://www.monumentos.pt.
tenário da Morte do Infante D. Henrique, que lhe conferiram o aspecto actual. Na componente fortificada distingue-se a cortina, a que se adossa a torre de planta quadrangular, com alambor. A porta, encimada pelas armas de Portugal, está colocada lateralmente; mais adiante, do lado de leste, uma plataforma de artilharia, de feição moderna, com parapeito, cordão e escarpa. O conjunto é “imóvel de interesse público”, e, além da função de dar maior segurança à navegação, tem hoje aproveitamento turístico. Fontes e bibliografia específica ANTT, PT-TT-MPRQ-33-18_m79-m83, Memórias Paroquiais de Sagres. URL: http:// digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=4241560. CALLIXTO, Carlos Pereira. Sobre o convento e o forte de S. Vicente, ver, nomeadamente: Revista de Marinha, n.º 132, Dezembro de 1983, pp. 41-42; n.º 133, Janeiro de 1984, pp. 40-41; 136, Abril de 1984, pp. 40-42; n.º 137, Maio de 1984, pp. 43-44; nº 141, Setembro de 1984, pp. 38-39; n.º 142, Outubro de 1984, p. 17; n.º 145, Janeiro de 1985, pp. 41-42; n.º 146, Fevereiro de 1985; n.º 148, Abril de 1985, pp. 35-36. GARCIA, José Manuel, Rui CUNHA. Sagres. Vila do Bispo: Câmara Municipal, 1990. CUSTÓDIO, Jorge (coord.). 100 Anos de Património: Memória e Identidade. Portugal 1910-2010. Lisboa: IGESPAR, 2010. NETO, Maria João Baptista. Memória, Propaganda e Poder. O Restauro dos Monumentos Nacionais (1929-1960). Porto: Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 2001.
Forte de Belixe ou Beliche
Localização: Distrito de Faro. Concelho de Vila do Bispo. Freguesia de Sagres. Coordenadas: 37º01’38.15’’N; 8º58’57.35’’O
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Edificado na arriba sobre a baía do mesmo nome, entre São Vicente e Sagres, o forte de Belixe ou de Santo António de Belixe servia especificamente para defender a rendosa armação de pesca, que ali se instalava todos os anos, e para operar em articulação com as fortificações de Sagres e São Vicente. Desconhece-se a data da construção, mas não foi referido pelo cronista João Cascão, aquando da visita de D. Sebastião ao Cabo, em 1573. Porém, em 1587, aquando do ataque de Drake, ele já está assinalado na planta inglesa então desenhada. Foi reedificado em 1632, sendo Governador do Algarve, D. Luís de Sousa, conforme a inscrição epigráfica sobre a porta, parcialmente picada, na parte que se refere às Armas de Castela. Sobre esta, uma pedra com as Armas de Portugal, de coroa fechada. Uma planta de José Sande Vasconcelos (1788) mostra uma fortificação poligonal, abaluartada do lado de terra, sem fosso, com baterias sobre o mar e com um ramal aparentemente para defender um acesso ao mar e para tolher o passo a possíveis atacantes, impedindo que penetrassem na ponta onde está construído e atacassem o forte por esse lado. A porta acolhia-se num flanco de baluarte. No interior, uma ermida de forma cúbica.
Planta do forte de Belixe [1788], por José Sande de Vasconcelos. Fonte: GEAEM/DIE, 294-1-8A-96.
Por meados do século XVIII, estava armado com duas peças de artilharia, e no final do mesmo século a guarnição foi fixada em 12 soldados, comandados por um cabo. Segundo uma inspecção de 1840, a construção dos seus muros era de má qualidade, o que contribuía para a ruína, notando-se também a falta de rampas de acesso aos baluartes. Finalmente, já quase sem valor militar, servia para nas suas arruinadas instalações se abrigarem os pescadores da armação que próximo se mon-
tava. Nesse ano, apenas nele habitava um empregado da Companhia de Pescarias do Algarve. O forte chegou muito arruinado aos nossos dias, mas, com as comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, recebeu nova atenção. Foi classificado “imóvel de interesse público”, em 1957, após o que beneficiou de obras significativas e foi convertido em estabelecimento de hotelaria, no âmbito dos trabalhos para as comemorações henriquinas, efectuados no Cabo pela Direcção Geral dos Edifício e Monumentos Nacionais. A sua pequena capela foi contemplada com um dos retábulos colaterais então apeados na igreja matriz de Vila do Bispo, a que foi feito um pequeno acrescento para se adaptar ao novo espaço. Em 1963, foi entregue ao SNI, e mais tarde concessionado à ENATUR. Observam-se hoje os muros, com o extenso ramal, a poente, até à falésia. A porta, sobre a qual as citadas pedras de armas, surge defendida por um baluarte, onde se destaca um orelhão, que abrigava o flanco encoberto e sua artilharia, bem como a porta. Orelhões, destinados a proteger as peças que flanqueavam as cortinas, encontram-se também no lado oposto deste baluarte e nos dois meios-baluartes junto à falésia. Recentemente, por medida de precaução, devido ao perigo de derrocada da falésia, o acesso ao público acabou por ser limitado, encontrando-se hoje geralmente encerrado. Bibliografia sucinta Igreja Matriz de Vila do Bispo. In Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, n.º 107, Março de 1962. CALLIXTO, Carlos Pereira. “O forte de Santo António de Beliche”. Revista de Marinha, n.º 152, Agosto de 1985, pp. 42-43. GARCIA, José Manuel, Rui CUNHA. Sagres. Vila do Bispo: Câmara Municipal, 1990.
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Fortaleza de Sagres
Localização: Distrito de Faro. Concelho de Vila do Bispo. Freguesia de Sagres. Coordenadas: 37º00’02.83’’N; 8º56’53.27’’O
No quadro das fortificações marítimas do Sudoeste português, Sagres merece uma atenção especial, pela sua escala, pela sua função e pela mitografia que lhe está associada. A Ponta de Sagres possuía interesse estratégico, graças à sua particular posição no extremo sudoeste da Península. Vigiava a navegação entre o Atlântico e o Mediterrâneo, pois a mudança de regime de ventos obrigava a que frequentemente os navios se abrigassem nas suas baías, especialmente os que se dirigiam para a costa oeste. Alexandre Massai escreveu mesmo que a demandavam “embarcações e navios de todas as partes do mundo”, especificando “as frotas das Índias de Castela”, por vezes “as naus da Índia de Portugal” e “galés e armadas de toda a sorte”. A boa qualidade destes ancoradouros extinguia-se naturalmente com os ventos tempestuosos de Inverno, ou com o de levante nas expostas a leste. 12
Planta da fortaleza de Sagres [1621], por Alexandre Massai. Fonte: Lisboa, Museu da Cidade, códice , 1621, n.º 48.
O Infante D. Henrique procurou organizar e povoar esta inóspita ponta de terra, e fundou aqui uma nova vila, fortificada, onde morreu em 1460, alegadamente para dar apoio à navegação e aos marinheiros que buscavam o seu abrigo, o que patenteia a intenção de incremento portuário do lugar. Porém, a ambiciosa pretensão do Infante frustrou-se parcialmente pois a terra não tinha condições naturais de sustento de uma população numerosa e sofria da insegurança da sua exposta situação ao corso. Além disso, o Algarve rapidamente cedeu a Lisboa o seu papel central nas viagens marítimas portuguesas. Por meados do século XVI, a vila estava praticamente despovoada. No período filipino, quando o rei fez da fortaleza “presídio” de espanhóis, os poucos moradores que habitavam no interior da fortificação, saíram desta, para Aldeia do Bispo e Raposeira. A “sede” da freguesia de Sagres acabaria, em termos habitacionais, por ficar reduzida à componente militar, e o povoamento desenvolver-se-ia, lentamente, no exterior. Em 1811, um viajante inglês surpreendia-se com a pobreza do lugar, “reduced to a mere fishing-place”, junto à baía de Sagres e à vista da fortaleza, e imaginava glórias passadas. Uma suposta “escola náutica”, ligada aos descobrimentos marítimos portugueses e à figura do Infante D. Henrique, fantasia anterior ao Romantismo, mas estimulada por este, entrou na mitografia de Sagres. Esta ficção não resistiu, contudo, à comprovação documental.
O critério fortificador partiu sempre de um princípio simples: construção de uma cortina, de falésia a falésia, no istmo, impedindo o acesso ao promontório, onde algumas baterias batiam as enseadas (Sagres e Belixe) e praias (Mareta e Tonel), de um lado e de outro, a essencial função deste ponto fortificado. No entanto, como notava Alexandre Massai, as peças voltadas para o mar ficavam demasiado elevadas e dificilmente atingiam os navios inimigos e defendiam os amigos. Além disso, como escreveu o engenheiro Manuel Azevedo Fortes, sofria de uma grave deficiência: se sitiada não podia receber auxílio, nem por terra, nem por mar. O problema do abastecimento de água foi resolvido através de duas “maretas”, reservatórios de água da chuva abertos na rocha e abastecidos por canos artificiais, no exterior da fortificação, e por cisterna no interior. A primeira fortificação da Ponta de Sagres, de que há testemunho escrito, foi levantada no século XV e atribuída ao Infante (por Cadamosto e Zurara). Mais de um século depois, um desenho inglês, de 1587, mostra uma muralha defensiva, de
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Mapa da Ponta de Sagres, ca. 1793, por José Sande de Vasconcelos. Fonte: BNP, cpar-27. URL: http://purl.pt/23689.
data incerta, com mais de oito metros de altura, ameiada, ainda à antiga, mas em “dentes de serra” (como a desaparecida cerca defensiva de Vila Nova de Portimão), inovação anterior ao baluarte, cujas inflexões permitiam flanqueamento com armas individuais, e dois pequenos meios baluartes modernos, nos extremos, estes em construção aquando da visita de D. Sebastião, em 1573. A porta situava-se no centro. Uma dupla cortina interior, de passagens desenfiadas, protegia a entrada e dificultava o acesso ao interior. Estão ainda desenhadas diversas construções, como a igreja, e um pano de muro ameiado, aparentemente mais antigo. Em 1573, tinha uma guarnição de 17 soldados, o que se afigura reduzido para a grande extensão de muralha, cerca de 180 metros, em caso de ataque terrestre. Durante o domínio filipino, foi ocupada por soldados espanhóis; em 1587, para poder dispor dos ancoradouros, F. Drake, atacou e destruiu o sistema defensivo do Cabo de São Vicente/Sagres, tendo tomado a fortaleza, que sucumbiu perante a
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Prospecto da Ponta de Sagres, de Baltazar de Azevedo Coutinho (ca. 1798). Fonte: ANTT; PT-TT-CRT-211_m0064 URL: http://digitarq.arquivos.pt/ details?id=4499965.
larga superioridade numérica do inimigo. Cerca de duas décadas depois, Alexandre Massai informa que nela assistiam 20 soldados e sete artilheiros, mais três oficiais. Em 1640, continuava sob comando espanhol, que isolado e sem perspectivas de receber auxílio por terra ou por mar, entregou a fortaleza às novas autoridades portuguesas, sem haver disparado um tiro. Ao longo dos séculos XVII e XVIII, da Praça de Sagres, com sede nesta fortaleza, dependiam vários outros pontos fortificados: Arrifana, Carrapateira, São Vicente, Belixe e Baleeira. Conheceu, entretanto, transformações. Numa planta da autoria de Alexandre Massai ainda está desenhada a antiga muralha, mas o engenheiro propõe a construção de dois meios baluartes maiores, acasamatados, nas extremidades. Nessa altura existia defronte da porta um revelim mandado fazer já na época filipina, defronte do qual Massai propôs um fossete, ou, em alternativa, um fosso diante de toda a fortificação. Durante a Guerra da Restauração, foi enviado ao Algarve o engenheiro Pedro de Santa Colomba, que, em 1653, relatava ter feito projecto para Sagres, mais uma vez optando por dois meios-baluartes; no ano seguinte, a obra estava iniciada, mas terá parado antes de terminar. O terramoto de 1755 causou-lhe grandes danos, já na muralha, já nas restantes construções, ficando em ruínas. No mês de Agosto de 1759, durante a Guerra
dos Sete Anos, os poucos navios que restavam de uma armada francesa, destroçada pelos ingleses, refugiaram-se junto à costa, entre Sagres e Almádena, tendo sido mesmo assim atacados. O episódio deu origem a um veemente protesto português, junto do governo britânico, pela mão do Marquês de Pombal. Em 1788, segundo uma planta de José Sande de Vasconcelos, eram ainda visíveis vestígios da velha muralha em “denticulado”, mas uma nova cortina e dois meios baluartes com os flancos parcialmente recuados, do método do Conde de Pagan, estavam começados. Fora das muralhas, no interior, apresentava também baterias, voltadas para o mar, uma na extremidade do promontório, duas apontando para a baía do lado de leste e uma para a baía do lado contrário. Finalmente, na última década de Setecentos, a fortaleza recebeu grandes obras, em que foram aplicados avultados recursos financeiros, facto a que não terá sido alheio o contexto político-militar da época, com o conflito entre ingleses e franceses a trazer a guerra para os nossos mares, e, até, o mito do Cabo e da figura do Infante, que o Romantismo haveria de enaltecer. A sua possante massa paten15
Planta da Praça de Sagres, 1914. Fonte:: BNP, cc-162-p2. URL: http://purl.pt/4608.
teia uma dimensão retórica, com capacidade de enviar uma explícita mensagem a amigos e inimigos. Porém, em 1811, recentemente concluída, já havia fendas nos muros e o terrapleno tinha abatido cerca de 25 cm, e, com ele, as plataformas para a artilharia e as banquetas para os soldados acederem aos parapeitos. De resto, apesar da imponência das muralhas, não foram projectadas quaisquer obras exteriores do programa de fortificação moderna. A sua cortina, com o portão neoclássico no centro, os dois meios baluartes e o cavaleiro, na retaguarda, marcam hoje a imagem poderosa da fortaleza. O acesso fazia-se transpondo um fossete (há muito coberto) defronte da porta, através de alçapão (ponte levadiça); franqueada a porta, o trânsito para o interior era abobadado e com aberturas para defesa vertical. Os baluartes e o cavaleiro foram dotados de canhoneiras para a artilharia. No início do século XIX, o coronel engenheiro inglês G. Landmann não via razão militar ou política para tão pujante fortaleza neste sítio, mas as suas baterias
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continuavam a vigiar as baías próximas, e a insegurança não desparecera ainda: em Junho de 1817, uma escuna argelina, dissimulada com bandeira da América inglesa, procurava presa, sendo atacada pela artilharia de Sagres; e, pela mesma altura, estando 16 navios portugueses, ingleses e espanhóis, ancorados na baía de levante, escunas de “insurgentes” espanhóis (corsários ao serviço das colónias espanholas da América, em luta pela independência) cruzavam o Cabo, pondo em risco os navios espanhóis e, por vezes, os portugueses. Era então guarnecida por uma Companhia de Artilharia. Ao longo do século XIX, a fortaleza entrou em declínio: a propulsão mecânica emancipou os navios, não mais dependentes dos ventos, e as formas de fazer guerra mudaram. No início do XX, os edifícios do interior eram utilizados como alojamentos de faroleiros e civis. Em 1910, foi classificada de “monumento nacional”. Algumas décadas depois, no V Centenário da Morte do Infante (1960), nela se fizeram obras e alterações destinadas a valorizá-la, sob os pressupostos ideológicos do Estado Novo: devolver à “correnteza” (o alinhamento de construções existente no interior) a imagem do tempo do Infante, a partir do desenho inglês de 1587, bem como outras alterações, nomeadamente na porta da fortaleza, cujo vão foi subido. Em 1996/1997, recebeu nova intervenção, que incidiu especialmente sobre a “correnteza”, no meio de polémica. O retábulo barroco, proveniente da Matriz de Vila do Bispo, que quase quatro décadas antes fora apeado do seu lugar de origem e colocado na capela do forte de Belixe, veio, então, mais uma vez transferido, para a igreja da fortaleza de Sagres. Hoje, a fortaleza tem utilização turística; é, aliás, um dos pontos turísticos algarvios mais apelativos, onde os visitantes apreciam os seus fortes muros, a enigmática “rosa-dos-ventos”, a igreja de Nossa Senhora da Graça, a rude e grandiosa paisagem, “sentem” o “espírito” do Infante e podem usufruir de alguns serviços.
Obras na porta da fortaleza de Sagres, 1957. Fonte: SIPA. URL: http://www.monumentos.pt.
Bibliografia específica CALLIXTO, Carlos Pereira. Apontamentos para a História das Fortificações da Praça de Faro. Faro, 1982. ID. “A Fortaleza de Sagres”. Revista de Marinha, n.º 154, Outubro de 1985, pp. 40-41; n.º 751, Janeiro de 1986, pp. 59-60. GUEDES, Lívio da Costa. Aspectos do Reino de Algarve nos Séculos XVI e XVII, A “Descripção de Alexandre Massaii (1621). Lisboa: Arquivo Histórico Militar, 1988. FREITAS, Jordão. A Vila e Fortaleza de Sagres nos séculos XV a XVIII. Coimbra: Instituto para a Alta Cultura, 1938. GARCIA, José Manuel, Rui CUNHA. Sagres. Vila do Bispo: Câmara Municipal, 1990. LOUREIRO, Francisco de Sales. Uma Jornada ao Alentejo e ao Algarve. Lisboa: Livros Horizonte, 1984. MAGALHÃES, Natércia; Rui PARREIRA (Coord.). Sagres. Do Mar e do Tempo. Faro: Direcção Regional da Cultura do Algarve, 2009. MOREIRA, Rafael. “A Época Manuelina”. História das Fortificações Portuguesas no Mundo. Lisboa: Ed. Alfa, 1989, pp. 91-142. QUARESMA, António Martins. “O Algarve Ocidental visto por um Inglês no início do século XIX”. Espaço Cultural, n.º 6, 1991, pp. 7-26.
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Aspecto do interior do recinto da fortaleza, na década de 1980. Foto AMQ.
Glossário Baluarte – Estrutura característica da fortificação moderna, de planta pentagonal irregular, que se destacava nos ângulos salientes de duas cortinas contínuas ou de outros pontos vulneráveis. È constituído por faces, flancos e gola. Orelhão – Corpo saliente do flanco de um baluarte resultante do prolongamento da face, na ligação da mesma ao flanco, de modo a fazer recuar o flanco que fica diminuído, para resguardar as peças de artilharia que atiravam sobre o inimigo, quando este atravessava o fosso e atacava a cortina. Cortina - Troço duma fortificação abaluartada que liga os baluartes entre si. Corresponde ao pano de muralha na fortificação medieval. Flanquear - Ação de defender lateralmente as muralhas de uma fortificação medieval ou as cortinas de uma fortificação moderna. 19