Falcão arremata na entrada da pequena área: Leão tenta a defesa inútil, era o segundo e definitivo gol do trica mpeão
Nas vinte e quatro páginas deste cadern especial de esportes, contamos o jogo final em que o Inter sagrou-se tricampe-o nacional invicto e recordamos os outros dois títulos que fizer-m do Cobrado, clube da década
Cadern Especial
Porto Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979— PÁGINA II
ESPECIAL INTER2
1
Benitez João Carlos Mauro (Beliato) Mauro Gaivão Cláudio Mineiro Batista Jair Falcão Valdomiro (Chico Espina) Bira Mário Sérgio
VASCO1
Leão Orlando Gaúcho Ivan Paulo César Zé Mário Paulo Roberto (Xaxá) Paulinho (Zandonaide) Catinha Roberto Wilsinho
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•
Batista foi um dos melhores em carnPo: destruiu o esquema ofensivo do Vasco
Arbitragem: José Faville Neto, auxiliado por Roberto Nunes Morgado e Leopoldo Ayeta (SP) Renda Cr$ 4.524.850,00 (54.569 pagantes) Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
Os textos desse caderno, incluindo o jogo decisivo contra o Vasco, são de Pedro Macedo, Júlio Sortica, José Evaristo V illalobos, Geanoni Peixoto, José Enedir Francisco, Carlos Alberto Fruet, Vera Daisy Barcelos, Rogério Monteiro e Gustavo Mortiz. Fotos de Teimo Cúrcio da Silva, Antônio Carlos Mafalda, Luís Ávila, Tude Munhoz, Juan Gomez, Damião Ribas, Armênio Abascal, Vilmar Calixtro, José Carlos Leite, Fernando Gomes e Jorge Mendes. Edição de José Antônio Ribeiro, Roberto d'Azevedo, Mauro Toralles e Evaldo Gonçalves. Coordenação de José Manosso.
Festa não ficou complet porque o Inter errou demais ri as conclusões sol
vitória do Inter por 2 a ontem, sobre o Vasco, fechou um ciclo na história do futebol brasileiro. Mesmo podendo perder o jogo e garantir o título, a equipe de Enio Andrade jogou como se a vitória fosse o único resultado favorável. Um time de garra, de bom nível técnico e excelente esquema tático. No início o jogo parecia difícil, mas após o gol de Jair, aos 40 minutos, o Inter dominou completamente a partida. Falcão ampliou no início do segundo tempo e ilsinho descontou no final. Só faltou a goleada para que a consagração fosse 'total. O Inter perdeu muitos gols mas mereceu o título dto: campeão invicto. O campeão da década, sem favor algum. • técnico wto Glória sabia que a vitória, por diferença de três gols, era o único resultado que interessava. E montou um esquema para chegar a este objetivo. Para confundir o meio-campo do Inter (e também para criar pções de ataque) colocou Wilsinho na meia-cancha, mais solto, com mobilidade para qualquer lado. Paulinho ficou sendo um falso ponteiro-esquerdo, enquanto Roberto deveria chegar mais na área. Zé Mário e Paulo Roberto completavam a meiacancha. 4•
Ênio Andrade também não queria perder o jogo. E o esquema, com a volta de Falcão, tinha apenas uma mudança:
locou Zandonaide para aproximar o meio de campo. Wilsinho fixou-se na ponta-esquerda mas não fez quase nada de útil. Nada dava certo para o Vasco. 'Nem o apoio de Orlando, as tentativas de tabelas e jogadas de profundidade entre Paulo Roberto,, Roberto e Catinha. AsA partir da recomposição da meiasim, o Inter dominou também na etapa cancha do Vasco, para equilibrar este setor, o jogo passou a ser estudado. O tifinal. Após o gol de Falcão tudo ficou fácil e me de Oto Glória explorava Catinha e a torcida já fazia a festa. Cantava "Está Wilsinho. Roberto estava bem marcado chegando a hora", enquanto Mário Sérpor Mauro e Mauro Gaivão. Pouco congio fazia jogadas de efeito. O Inter podeseguiu. Ao todo, o Vasco teve oito concluria ter goleado o Vasco, não fossem as sões. Apenas duas foram perigosas. Era conclusões erradas. Pelo menos três um time sem espaços para jogar, amorchances foram desperdiçadas: Chico daçado. Espina, quando entrou no lugar de VaIO Inter, por sua vez, tinha em Mário domiro e ficou só com Leão; um cruzaSérgio seu destaque. Fez lançamentos, mento de Valdomiro que não encontrou marcou, tabelou e até participou do deninguém na área; a falta no poste, cosarme. Com a volta de Falcão, o empebrada por Valdomiro. Estas e outras nho de Jair, a segurança de Batista, a oportunidades de menor perigo tradudefesa teve pouco trabalho e o ataque só ziam a superioridade incontestável do timarcou tantos gois quanto poderia. me de Enio Andrade. Além do gol de Jair, houve um belo lance Além disso, o excelente preparo físico com Jair, Bira e Falcão, outro de Bira, do inter não dava chances à recuperapor cobertura; e Batista num rebote. O ção do Vasco. Beliato entrou no lugar de Vasco escapava de ser goleado no priMauro por precaução, em homenagem meiro tempo graças a Leão: notável ao antigo titular. Dentro do campo era atuação. futebol e na torcida, uma imensa festa. O gol de Wilsinho (único com perigo) não A tirou o brilho do espetáculo, porque o Para o segundo tempo o Vasco mudou. título de tricampeão estava garantido. Oto Glória pensou que Wilsinho não dava Com justiça, campeã* invicto. resultado pelo meio, tirou Paulinho e co-
Mário Sérgio deveria fechar pelo meio, abrir espaços, tabelar e fazer lançamentos. S resto do time, mas mais Valdomiro (que não jogou no Rio) sabiam suas funções.
JAIR para o Inter — 1 x0 aos 40 minutos do primeiro tempo. A jogada começou com um lançamento de Mário Sérgio para a área. Bira disputou com Gaúcho e o zagueiro do Vasco tocou para trás, de cabeça. Jair entrou em velocidade, driblou Leão e deu um toque leve para o gol. FALCÃO para o Inter 2 x O aos 12 minutos do segundo tempo. Cláudio Mineiro fez um cruzamento para a área. Bira dominou a bola e chutou. Leão saiu do gol e fez a defesa parcial. No rebote, Falcão chutou forte, de pé direito, no canto direito de Leão. O goleiro tentou a defesa mas o chute rasteiro não deu chance de defe sa. WILSINHO para o Vasco 2 x 1 aos 39 minutos do segundo tempo. O gol do Vasco surgiu de um lance isolado, na intermediária do Inter. Wilsinho entrou pelo meio e chutou com efeito. A bola enganou Benitez, que foi para o lado esquerdo. Ainda bateu no braço do goleiro mas sem possibilidade de evitar o gol.
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Porto Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979— PÁGINA II!
A partir do primeiro g©l Inter envolveu completamente o Vasco, que jogou sem força
v ENITEZ — De certa forma, foi pouco exigido em defesas difíceis. Fez uma excelente (reflexo) no primeiro tempo, chute de Wilsinho. Falhou no gol. Nota 5 JOÃO CARLOS — Não teve problemas para dominar Paulinho na primeira etapa. Antecipou bem, marcou firme. Depois teve algum trabalho para marcar Wilsinho. Tem categoria. Nota 7 MAURO — Boa técnica, raçudo. Está melhorando na antecipação. Bem nas bolas altas e cobertura. Pequenas falhas de marcação não chegaram a comprometer. Foi substituído no final Nota 7 MAURO GALVÃO — Um pouco indeciso no inicio, recuperou-se no decorrer do jogo. Bem na marcação, limpa, leal. Tranqüilo, só precisa melhorar a impulsão. Provou que é bom mesmo. Nota 7 CLÁUDIO MINEIRO — Incrível sua resistência física. Duro na marcação. Bom no apoio. Lateral com muitos recursos Fez um bom trabalho apesar da velocidade e garra de Catinha. Nota 7 BATISTA— Outra vez absoluto à frente da área. A cada jogo melhora sua qualidade. Deu tranqüilidade à zaga, fez cobertura e teve tempo para chutar a gol. Uma segurança para o time. Nota 8
JAIR — O "Príncipe" fez um belo primeiro tempo participando de triangulações pela direita. Tabelou, recuou para desarmar e fez um gol com muita categoria. Nota 8 FALCÃO — Não foi o melhor do jogo mas tornou-se destaque. Marcou um gol, fez lançamentos, desarmou, chutou a gol. Enfim, um craque completo. Mesmo sem as melhores condições físicas. Nota 8 VALDOMIRO — O Velho ainda resistiu mais de 45 minutos. Regular no primeiro tempo, melhorou um pouco no final . Executou uma cobrança de falta na trave. Cansou. Foi substituído. Nota 6 B I RA — Perdeu dois gols sozinho à frente de Leão. Faltou criatividade. Fez um bom trabalho de aproximação e retenção da bola. Precisa melhorar as conclusões. Nota 5 BE LIATO — Entrou no lugar de Mauro porque ainda não tinha jogado nenhuma partida na Copa Brasil. Manteve a regularidade do setor. Tranqüilo, experiente, é uma boa opção. Nota 6 CHICO ESPINA — Poderia ter-se consagrado com mais um gol. Perdeu a chance. Entrou no lugar de Valdomiro mas não conseguiu repetir sua atuação do Maracanã. Nota
SCO
R LANDO . — E um bom jogador no apoio. Ontem confundiu-se com o deslocamento de Mário Sérgio pelo campo. Não apoiou bem e quando teve que marcar, falhou. Pouca recuperação. Nota 4. GAÚCHO Antecipa-se bem mas é fraco na marcação individual e nas bolas altas. Tem pouca massa física para o choque. Tentou apoiar mas /não teve sucesso. Precisa de treino. Nota 3. IVAN — Um pouco melhor que Gaúcho porque deu o primeiro combate a Bira. Não teve dificuldades no desarme. Mal nas bolas altas e na antecipação. No final foi sobrecarregado. Salvou um gol. Nota 4. PAULO CÉSAR — Mesmo sendo reserva, foi o melhor da defesa. Não procurou apoiar e conseguiu equilibrar-se com Valdomiro. Melhorou na etapa final. Também segurou Chico Espina. Neta 5. ZÉ MÁRIO — Conhece futebol mas já não tem resistência para um jogo forte. No início falhou na ccbertura à zaga. Tentou ir ao ataque em tabelas com Paulo Roberto. Não deu certo. Nota 4. PAULO ROBERTO — Sem muita experiência, ficou perdido entre a movimentação de Falcão e Jair. Nunca se aproximou de Roberto, nem chutos; a gol ou desarmou. Fraco, foi substituído. Nota 4.
PAU LINHO — Começou o jogo como falso ponteiro-esquerdo. E foi falso mesmo, porque não apareceu. Deu um chute a gol (fora) e nada mais. Não conseguiu cumprir sua fjinção. Substituído. Nota 2. CATINHA — Ponteiro veloz, brigador. Não se entregou nunca. Teve trabalho com Cláudio Mineiro. Apesar de bem mercado, conseguiu chutar a gol e fazer cruzamentos. Bom jogador. Nota 6. ROBERTO — Ficou isolado no ataque. Jogou diferente da partida no Maracanã. Tentou tabelas e lançamentos para as pontas. Bom cobrador de faltas. Méritos para o esforço incomum. Nota 6. WILSINHO — Era a peça mais importante do esquema. Deslocado para o meio, deu trabalho a Batista. Teve boa participação. Na etapa final voltou à ponta e só fez bom trabalho ao marcar o gol. Nota 6. Zandonaide — Entrou no lugar de Paulinho. Tem habilidade mas não conseguiu mudar o jogo. Exceto alguns passes para Roberto e um bloqueio no meio, nada fez de útil. Nota 3. XAXÁ — Substituiu a Paulo Roberto. Tentou aproximar-se de Roberto. Foi bem marcado e não mostrou grande futebol. Fez uma falta desleal em Mário Sérgio. Nota 3.
Mário Sérgio
não se intimidou com os pontapés dos adversários
NOTA 8
Favilie Neto, um árbitro calmo na decisão Um árbitro experiente e frio como José Faville Neto não teria dificuldades em dirigir uma decisão. E isto, de fato, aconteceu. Tecnicamente não houve falhas. Acompanhou de perto todos os lances, sempre. Inclusive os impedimentos. Mostrou bom preparo físico. Não inverteu faltas nem deixou dúvidas sobre qualquer atitude. Reclamações sobre pênaltis em Bira e Roberto foram infundadas. Foi compreensivo com Catinha e Xaxá, que atingiram deslealmente Mário Sérgio. A expulsão estragaria o espetáculo. Cartões para Bira, Roberto, Xaxá e Catinha. Os auxiliares Roberto Nunes Morgado e Leopoldo kaot. a tiveram um trabalho razoávc1, sem comprometer.
r De início ninguém entendeu seu estilo. Mário Sérgio foi criticado, vaiado. Com calma, porém, tapou a boca de todos que o criticaram. O ponteiro do Inter já se destacara em outros jogos decisivos. Ontem, no entanto, para assombro dos cariocas, Mário Sérgio foi um jogador completo. Fez o lançamento para o gol de Jair, deixou Chico Espina à frente do gol. Desarmou, deu carrinho, tabelou e fez até cruzamentos. Sua atuação, baseada em deslocamentos, desarticulou o esquema do Vasco. Principalmente o apoio de Orlando. Quando foi preciso, prendeu a bola, recebeu botinadas mas agüentou até o fim, correndo. Foi o melhor .Nota 9.
LEÃO —Se o Vasco não sofreu uma goleada, agradeça a Leão. O goAeiro teve uma atua ção excepcional. Bom reflexo, excelente nas saídas de bolas rasteiras. Evitou pelo menos dois gols. Salvou outro num chute de Bira, por elevação. Defendeu um chute de Batista e boa intervenção numa tentativa de Chico Espina. Leão admitiu que o Vasco é um time com muitos jogadores jovens e, por isso, difícil de manter a regularidade. O goleiro da Seleção Brasileira, no entanto, merecem destaque por suas brilhantes defesas. Ganhará o prêmio (certamente) como o melhor desta Copa Brasil. Mostrou qualidades. Não teve culpa nos gols. Nota 8
Porto Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979 — PÁGINA IV
Mário e Toninho, dois reservas que não tiveram chance no último jogo
ti
gostou do Inter e mpeao 0,1
O time era mesmo fora de série. Ganhou os campeonatos de 1975 e 1976 sendo reconhecido em todas as cidades do País, mas isto — a organização tática da equipe — muito teve a ver com um homem: Rubens Francisco Minelli, o técnico. Ontem, ele veio a Porto Alegre — para torcer: — Sou gaúcho, ora! No Inter, todos me adoram, no Grêmio me respeitam. Por que eu iria torcer pelos cariocas? Minelli comentou a partida, admitiu a superioridade do Inter e considerou que o "resultado até poderia ser mais favorável aos gaúchos". Ele teve que conmetros quadrados e foi naquele local abafado e quente que Ênio conceder muitas entrevistas, fazer onfuso, sem saber direito o que responder aos repórteres e fessou: "Olha, para falar a verdade não tenho consciência real do também o que dizer aos amigos que o abraçavam. Este foi o várias análises: que está acontecendo comigo agora, essa vitória, esse título e essa comportamento e o estado em que o treinador Ênio Andra— Até parece que sou um code voltou para os vestiários do Beira-Rio, depois de ver seu time con- alegria de todos. Nem acredito muito nisso tudo". O certo é que ele mentarista ( brincou), mas até quistar o tricampeonato nacional de uma forma inédita, isto é, sem ainda vai ficar por muito tempo no clube, pelo menos 12 meses. O que eu entendo um pouquinho. perder nenhuma partida. Mas num detalhe Ênio revelou-se absoluta- presidente eleito recentemente José Asmuz anunciou que havia Não acham? Bem, o Inter foi acertado a renovação de contrato de Gilberto Tim e que Enio Andramente consciente e também coerente com seu comportamento habimesmo melhor e até poderia ter delambem ficaria. tual: apesar da vitória e da euforia dos torcedores, ele não acompavencido por uma diferença — Eu realmente conversei com o presidente e ele me disse que finhou os jogadores na tradicional volta olímpica: "Este título é demaior, caso tivesse aproveitado casse tranqüilo sobre a renovação. Nem falamos em dinheiro, nem les", afirmou, "e eles é que merecem ser saudados pela torcida". nada e só vou pensar no assunto amanhã (hoje). Evidentemente, estodas as oportunidades de gol Depois de falar sobre o jogo final, concordar que no início o time se título invicto me valoriza bastante, a mim e a todos os que trabamostrou alguns defeitos, "logo consertados pelos próprios jogadores que desperdiçou. O time do meu lharam, mas não pretendo mudar por causa disso. Fico na minha, que são muito inteligentes", Ênio Andrade explicou o problema iniamigo Enio foi mais organizado, sabendo do meu valor mas sem exageros. Muita gente trabalhou pacial do Inter: "O Paulinho entrou com a camiseta número 10 para cumpriu um esquema proposto e ver se o Batista o acompanhava para a ponta-esquerda, abrindo nos- ra que o time chegasse onde está agora enfrentou um adversário desesDe qualquer maneira, Ênio tem um aliado muito importante nessa sa defesa. Mas foi o'Jair quem saiu atrás dele e só tivemos dificuldaperado que procurou o ataque, é questão da permanência no clube: o grupo de jogadores, numa endes durante poucos wninuto5". certo, mas muitas vezes no dequete realizada ontem (hesmo, exigia que ele continuasse no clube. A sala destinada ao treinador no Beira-Rio não tem mais do que 12 sespero. Depois, ele foi à festa. Conversou com Falcão no vestiário, brincou com ele: "Não te disse Oto Glória estava conformado com a derque foi longe demais. O regulamento deste para trabalhar no Brasil, com exceção do que chegarias à seleção em rota para o Inter. Ele justificou o resultado, campeonato é esdrúxulo e assim como Inter Vasco, mas este aspecto em relação ao meu qualquer posição, ou com qualdizendo que o Vasco jogou desfalcado de e Vasco disputaram a final, Palmeiras, Flatrabalho não tem a menor importância. Pois quer camisa? Ora, rapaz, você é Marco Antônio, Dudu e Guina, e que o elenmengo ou Grêmio, todas equipes do mesmo eu tenho propostas para ser treinador na Eso maior jogador do futebol brasico teve poucos jogadores experientes, como nível, poderiam também disputar o título. panha, no México e no Chile. Poderia perleiro na atualidade". Minelli era Leão, Orlando e Zé Mário. Por isso, Oto manecer no Vasco uma vez que não tenho Com o término da temporada, Oto Glória empurrado, cercado, abraçado. acredita que a sua equipe at'e que não deproblemas com os atuais dirigentes e com não sabe para onde vai. Ele confirmou oncepcionou, principalmente no início do priSó conseguiu maior descanso, aqueles que assumirão no clube em janeiro. tem que está bem relacionado com a atual meiro tempo quando teve as melhores opormesmo, na hora do coquetel à viPorém, fica difícil trabalhar como supervidiretoria e com a chapa da oposição que gatunidades para conseguir a vantagem: sor, depois de ocupar o cargo de treinador tória, no Salão Nobre do Clube. nhou as eleições na semana passada. Já lhe — O título brasileiro de 79 ficou em boas da equipe. Quando já havia se passado ofereceram um cargo de supervisor no Vasmãos. O Inter mereceu vencer o Vasco pois Oto Glória acha que pode ficar parado por mais de uma hora após a partico, auxiliando o trabalho do treinador Ortem jogadores tarimbados para um jogo deum período, somente descansando. Ele diz lando Fantoni. Porém; Otci acha que hão vai da: ,. cisivo. O meu time, além dos problemas dos que não tem mais preocupações financeiaceitar o convitee,que prpvlavelnlente volta— Obrigado a todos pelo caridesfalques, encontrou dificuldades por ser" ras, depois de tanto tempo no futebol. Só na rá ao exterior, dê tindeteüt:diVer'Sás proposnho com que fui recebido, disse_ -1 f -um grupo formado per = jogadores 'novos, , tás : , .Europa, Oto trabalhou 17 anos, tempo que , A 1",X19".;1è,rALIO:j Quem sabe se um dia não volto sem experiência. Contamos com um plantei nenhum treinador brasileiro conseguiu se -Até ,agora não;xeeeni;Itentaum convite, -para cá, encerrou a conversa — heterogêneo e sinceramente;-a-equipe- até
já ganhou títulos importantes mas este é o maior de todos eles
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Porto Alegre, 24 e 25 dedezembro de 1979 — PÁGINA Y.
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O gol de Jair foi fundamental. A partir dali, o Inter passou a envolver o Vasco até o fim Glória para ele começou antes do jogo: foi quando Jair recebeu a notícia de que a torcida Princípe Jajá se encontrava no estádio para incentivá-lo. Agora, afora Falcão ele também tinha seu apoio particular. E Jair prometeu muito esforoço, quem sabe um gol . Promessa cumprida: — Foi um lançamento perfeito de Mário Sérgio, os dois zagueiros se preocuparam com o B ira e ele conseguiu dar um leve toque na bola com sua cabeça. Aí, eu fiquei livre a frente do Leão e consegui driblá-lo antes de concluir, disse Jair.
Quanto à outra parte — o esforço — ele realmente foi um jogador aplicado taticamente, unindo sua grande técnica ao esforço e muito contribuindo para a vitória final, sendo elogiado por todos. Imprensa, técnico e companheiros: — É claro que deveria agir assim. O jogo era decisivo, o Vasco lutou muito e só foi se entregar depois que levou o primeiro gol. A gente correu, procurou não dar espaços para eles e conquistou um título muito merecido. Um título onde a união do grupo foi fundamental para que obtivéssemos sucesso. O jogo terminou e Jair continua dando entrevistas. Para os jor-
nais e rádios de todo o País, só consegue uma folga na hora de dar a volta olímpica ao lado dos companheiros. Mas foi por pouco tempo... Agora, ele está emocionado, ri bastante e corre — ao lado do repórter Darci Filho — à frente da sua torcida, especial: — Muito obrigado, eu devo isto a vocês e sempre que receber apoio, juro, saberei retribuir com vitórias. Eu e meus companheiros. Banho tomado, já se passou meia hora, Jair continua muito solicitado por todos. São entrevistas, abraços, autógrafos, ele recebe um abraço especial, do pai, Laerte. Consegue até falar um pouco sobre a partida : — E o que comentei sobre o meu gol, foi difícil até que a gente conseguisse uma vantagem. Depois, o Vasco ficou desesperado em ter que marcar quatro gols e em muito facilitou o nosso trabalho. Quero ainda elogiar o futebol "deles", duro sem ser desleal. O futuro? Jair sorriu novamente. Afinal, ficou com o "bolso cheio", com falou. Ganhou férias até o dia 25 de janeiro e vai disputara Libertadores:
Bola na rede, Jair parte para a comemoração do gol
— A Libertadores, outra Copa Brasil e o regional. E, se nos apoiarem, temos condições de ganhar todas estas competições. De verdade. ==,
O torcedoi' estava convencido de que o jogo seria uma formalidade esportiva: o Internacional era tricampeão antes de jogar contra o Vasco. João Saldanha lembrou no microfone da Gaúcha que num ambiente de festa poderia, de repente, o Vasco botar água no chope. Quer dizer, estragar o gole, mas sem tomar uma bebedeira por sua vez. O João acreditava que o Vasco, se fizesse um gol, ia se botar atrás a fim de defender o direito de ser também campeao com uma vitória numericamente insuficiente, mas uma vitória contra uma vitória, a decisão seria do regulamento. Otto Glória que participava da mesa redonda riu e achou que era uma boa idéia. Fazer três gols de diferença numa decisão é epopéia, ficção em estado pânico. Acho que o Vasco pensava mesmo no valor moral de uma vitória de 1 a O. Não combinava com o torcedor do Internacional, que sequer admitia um empate e assegurava que seria dois ou seria até mais. Estava mais uma vez certo o torcedor. Mas não por ele, e sim pelo time. O time do Internacional é que justificou no campo a confiança do torcedor. Enio Andrade, Gilberto Tim, Ballvé, acho que cito três homens indispensáveis, e pela ordem, foram de algum modo o antitorcedor: não admitiam a vitória antes de conquistá-la. E cada um dos jogadores — Mário Sérgio, símbolo da recuperação do time, foi o melhor em campo na minha opinião e também na opinião de Paulo César Carpeggiani que estava comigo na cabina do Beira-Rio — entrou em campo para confirmar esta confiança na vitória do jogo. Entre os méritos do time encontro fácil alguns fatos: a volta de Batista foi decisiva para a reafirmação do grande futebol do meio-campo; a definição de funções entre Cláudio Mineiro, lateral, ponteiro, e de Mário Sérgio, meio-campo, às vezes ponteiro, redescobriu o caminho do flanco e abriu a possibilidade da bola retocada de Mário Sérgio; a afirmação de Mauro Pastor elevou o futebol exuberante de Mauro Galvão e permitiu o crescimento de João Carlos na lateral direita; o sacrifício de Valdomiro deu consistência à idéia guerreira do time; e,
g
Muro Galvão se antecipou a Wilsinho, Jair apenas »serva
antes de todos, esteve sempre a soberba e tranqüila presença de Benitez a confirmar que um time vitorioso começa por um grande goleiro. O gol do Vasco foi uma danada bola curva de Wilsinho. O retrospecto da Copa Brasil, do início ao fim, da primeira à última fase, do jogo inaugural ao da tarde de ontem no Beira-Rio, indicou o Internacional como o único time apto a legitimar as suas vitórias. Ganhou sempre, apenas empatou quando não pôde vencer. Teve este retrospecto a garanti-lo e o melhor jogador da temporada, o grande Paulo Roberto Falcão. A década esportiva vai ficar mercada pelo tricampeonato do mundo em 70, mas de um modo especial por oito campeonatos regionais do Internacional e por três campeonatos nacionais. Não há, neste país, um time com mais vitórias. A tarde de ontem teve o mérito de fazer convergir a década e de defini-la em favor do Internacional. S.1=8.S.:M2121..
Porto Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979— PÁGINA VI
A substituição de Mauro, que ele em princípio não entedeu, foi apenas para prestar uma homenagem a Beliato, o único jogador que ainda não havia participado do time no campeonato brasileiro. Homenagem justa, do Enio Andrade.
e IIá um outro jogador do Inter que é campeão nacional. João / Augusto Belliato, nascido em 21 de maio de 1950. Veio para ser o substituto de Figueroa no clube. Se projetou no Palmeiras e, depois no Náutico, onde o Inter foi buscá-lo. E um zagueiro técnico, que prefere a antecipação à jogada do adversário que o choque. Ontem ele jogou sua primeira partida nesse Campeonato Nacional.
Leão gozou com o Chico Spina, quando ele perdeu um gol certo. O goleiro do Vasco chamou-o de egoísta e pretencioso. Disse que se ele tivesse passado a bola para o Bira, que corria ao lado, o gol teria saído.
Massagista Santana, do Vasco, entrou em campo com a bandeira do Grêmio, tentando ganhar a simpatia de uma parcela dos gaúchos. Não adiantou nada, só ganhou laranjadas ao retornar ao túnel.
Estava escrito que o Inter seria campeão nacional de 1979 e único trica m peão brasileiro desta década. O Vasco da Gama, quando embarcou para vir disputar a partida, já embarcou derrotado. Mas até o apito final de José Faville Neto, ontem, no Beira-Rio, houve muita dúvida, muita des onfiança a respeito dessa conquista. E não somente aqui na Terra, mas também lá em cima, onde o Todo-Poderoso escreve o Livro do Destino. Um dos que mais duvidou disso, foi São Pedro, padroeiro do Rio Grande do Sul e, logicamente, torcedor colorado. "Mas Senhor, perguntava ele, como é que o Inter vai chegar ao tri? Olhai, Senhor! Eles acabaram de perder o Campeonato Gaúcho. E até mesmo o segundo lugar não conseguiram. Explicai-me como, Senhor, eles podem conquistar o tri." Mas o Todo-Poderoso não respondia. Meses .vais tarde, São Pedro voltava a duvidar: "Todo mundo aponta o Grêmio como o melhor time do Brasil. E, no Livro, diz que o campeonato será conquistado de maneira invicta. Perdoai-me se duvido, Senhor, mas não vejo como isso será possível." O Todo-Poderoso respondia, novamente, que era preciso ter fé e saía." Antes do jogo contra o Palmeiras, São Pedro nem falou. Tinha medo de ouvir uma resposta otimista. Ele não acreditava que o Inter passasse pelo time paulisa. Mas passou e veio a primeira partida contra o Vasco. São Pedro não agüentou. Bateu na porta e entrou no gabinete particular do Todo-Poderoso. "Sou um homem de pouca fé, principiou ele, mas como poderemos ganhar do Vasco? Não temos nem Va ldom iro nem Falcão. Como poderemos ganhar, quem irá fazer os gols que precisamos?" O TodoPoderoso respondeu laconicamente que os gols seriam feitos pelo Chico Espina e pronto. São Pedro viu que Deus estava irritado e não insistiu, embora no seu íntimo duvidasse. Mas o dia do jogo chegou e Chico Espina fez os dois gols da vitória. No dia seguinte, bem de manhã, São Pedro foi pedir perdão a Deus: "Duvidei, Senhor, perdoai-me. Agora não tenho mais dúvida nenhuma. Vamos ser tricampeões." Deus olhou-o, com misericórdia e apenas falou: "Mas, você não tem medo da partida de domingo, no BeiraRio?" São Pedro, que sempre foi um sujeito muito impulsivo, respondeu que não: "Ninguém pode nos vencer. Vamos golear. Quem pode nos bater? Quem poderá fazer gol na nossa defesa? Vamos golear, tenho certeza. Será 5 x O tenho certeza." O Todo-Poderoso não falou nada, apenas lembrou que no Livro do Destino estava claramente escrito que o Inter ganharia por 2 x 1, e não pelos 5 x O que São Pe— dro queria. O Inter realmente ganhou por 2 x 1, nem um gol mais, nem um gol menos. Depois da partida, Deus chamou São Pedro e perguntou se havia acontecido a goleada que previra. São Pedro só pôde pedir perdão e jurar que nunca mais iria duvidar dos poderes do Senhor. Antes de sair, porém, se atreveu a perguntar se era verdade o que andavam dizendo por aí. "E o que andam dizendo? intimou Deus. "Dizem, afirmou São Pedro, que és colorado. É verdade?". Deus negou, afinal, pegava mal uma divindade torcer para um clube em particular. São Pedro, resmungou uma frase qualquer e saiu. Deus então sorriu, foi até o toca-disco e colocou o Hino do Inter a todo volume. (JOSÉ MANOSSO)
Faixa no Beira-Rio; "Melhor do que Mauro T'astor retornará casado das o Inter? Só a Sandra e a Bruna comi- férias 3 Vai aproveitar os prêmios do go, numa ilha deserta". Tri.
Os jogadores do Internacional receberam as faixas de tricampeões brasileiros — entregues pelo Departamento de Promoções da Rádio Gaúcha e de Zero Hora — assim que o árbitro encerrou o jogo de ontem à tarde no Beira-Rio e festejaram o título com muita alegria, ainda no gramado.
Os gaúchos puderam ouvir a vibração de Figueroa acompanhando o jogo do Inter. No momento em que o time fez o primeiro gol, a Rádio Gaúcha o colocou no ar.
Ninguém entendeu o fardamento do Vasco, uma camiseta de manga longa e preta, acompanhando a cor do calção. O massagista Santana disse que ele fazia parte do esquema. Só se era previsão de luto...
A bola do tricampeonato ficou com Bira. O centroavante chegou devagarzinho, por trás do árbitro José Favile Neto, no fim do jogo, tomou-lhe a bola e correu para o vestiário. Depois pediu para todos os colegas autografá-la, pois vai levá-la para Belém.
Mais uma vez o Inter liquida a fatura do Campeonato Nacional equipado exclusivamente com material Adidas, só Adidas: chuteiras de cravos fixos e intercambiáveis; agasalhos de treino e de viagem; tênis para treino; camisas de jogo, de treino e de goleiro; bolas, meias e calções. Também era Adidas - só Adidas - o material do Inter em 1975 e 1976. Você também, pense nisso na hora de disputar!
a marca mundial das 3 lisias.
-en
ESPECIAL
PoFtOAlegre, 24 e 25 de dezembro de 1979 — PAGINA VII
rio e peram a ren Gilberto Tim até que estava tranqüilo no meio de toda a festa da torcida no vestiário do Inter depois do jogo. Afinal, não era a primeira vez. O preparador físico acabava de conquistar seu terceiro título nacional no mesmo clube. E tinha outros motivos para se sentir feliz e calmo. Entre tantos abraços ele concordava com o depoimento do futuro presidente, José Asmuz: "Realmente já está tudo certo e eu devo continuar aqui no próximo ano. Até porque de acordo com o contrato que eu fiz, sou aumentado em cada dissídio e não através de renovações".
Falcão aguarda o rebote da bola dividida entre VaIdom iro e Paulo Roberto
E resolveu dirigir o d partamento de futebol com dois assessores vestiário do Internacional estava tomado pelos torcedores, os jogadores tinham tomado banho rapidamente e sumiram. E no meio de toda a confusão o presidente José Asmuz, eleito na semana passada derrotando Marcelo Feijó, fez o anúncio mais importante depois da conquista do trica mpeonato invicto conquistado pelo time: o técnico e o preparador físico devem continuar no clube em 1980.
be". No entanto, é certo que o próprio Asmuz acumulará a presidência com o cargo de diretor de futebol, tendo como assessores os conselheiros Juraridir Nascimento e Adalberto Burlamaque e ficando com todas as decisões referentes ao futebol profissional. Outro nome que também está certo (mas não confirmado por Asmuz) é o do diretor do departamento médico: será Mário Silva e um dos médicos já convidados é José Abreu.
— Eu já acertei tudo com o Gilberto "rim hoje
mesmo e ele permanece no Inter para repetir em 1980 o seu trabalho realizado no final deste ano. Quanto ao Ênio Andrade, já manifestei a ele minha intenção e ele concordou. Só não falamos no contrato mas isso não será problema. Quanto à composição do departamento anunciá-los na próxima quarta-feira "porque agora não é o momento mais adequado estamos comemorando uma importante conquista do clu-
Não tão seguros, mas nem por isto menos alegres estavam Chico Espina e João Carlos. O último garantia que deve permanecer no Inter na próxima temporada depois de renovar seu contrato que termina no próximo dia 31. "Vou conversar primeiro com o meu procurador Laerte Lara, e durante esta semana devo me encontrar com a direção. Eu não pretendo sair nunca do Inter e tenho certeza do que entraremos em acordo". A situação do ponteiro Chico Espina é idêntica. De diferente existe apenas sua situação de reserva do Valdomiro. No último dia do ano se encerra seu contrato e por enquanto pelo menos ele ainda não sabe o que fazer. "Quero pensar bem primeiro. Quero pensar muitas coisas antes de me decidir. Acho que nestas últimas duas partidas, principalmente aquela no Rio, tapei a boca de muita gente. Mas não posso esquecer que fui muito criticado antes". ^•=63,===.
Se me restasse alguma dúvida sobre o titulo ganho ontem pelo Internacional, antes do jogo, ela teria se dissipado totalmente quando soube que o Vasco havia se concentrado no Hotel Ipanema para jogar a partida. Imagino o que sentiram de promessas os jogadores do Vasco quando chegaram no Hotel. Olharam para aquele luminoso e se sentiram na Barra da Tijuca: "Coma, beba, dance, durma e sonhe". Carioca vendo este cartaz, imaginem! Pois foi esse Vasco que precisava ganhar de 3 a O que botaram no Hotel Ipanema, um lugar que é fonte permanente de delícias, lugar de divertimentos saborosos e excitantes, um convite a um bem-estar hedônico-sensorial. Gostaria de saber de quem foi a idéia de concentrar o Vasco no Hotel Ipanema. Isso é coisa do Arthur Dallegrave. Vascaino é que não foi. O Carlos Fehlberg, único vascaíno doente que conheço em Porto Alegre, garante que não foi consultado. O Vasco saiu do Hotel Ipanema às 15h para o Beira-Rio. Os jogadores mostravam olheiras. Um repórter foi entrevistar o Roberto Dinamite, descendo do ônibus. Não deu outra coisa, ele só sabia cantar: "Hotel maravilhoso, cheio de encantos mil, hotel maravilhoso, eu já sou vice do Brasil". Quer dizer, pelo Hotel a gente já podia saber da sorte do título, não que o hotel seja ruim, mas justamente por ele ser bom demais. O treino ministrado ontem pelo Oto Glória no Hotel Ipanema durou 15 horas. Só o aquecimento levou 300 minutos. As goleiras eram giratórias e na trave superior havia dois grandes holofotes de luz negra. Em vez de joelheiras, o goleiro Leão tinha no meio das pernas dois sutiãs. O apito do Oto Glória era daqueles de ensaiadores de Escola de Samba, a moçada estava alegre e divertida. Esquema 4-2-4, aplicado em todos os apartamentos, de forma não muito rígida, isto é, todos podiam invadir o setor do companheiro sem maiores represálias. Gols, muitos gols. Vários gols relâmpagos, o Zé Mário fez dois e se apagou. Mas era de ver-se o entusiasmo do público. Caravanas de Torcidas Femininas Organizadas participaram totalmente do treino. E o Dino Sani, que visitou o Oto Glória em meio à , prática, não dizia outra coisa nos microfones: "Em futebol a gente ganha, empata, perde e faz farra". Todo time tem um massagista. Surpreendente o Vasco tinha mais de 30. Sumariamente vestidas, nada daqueles abrigos e sem bigodes. Que concentração! Depois disso tudo, havia ainda alguém que exigisse que o Vasco fosse campeão do Brasil? 900
Bem, agora falemos sobre os efeitos da conquista colorada
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de ontem. O maior deles, sem dúvida alguma, é o do engrandecimento do título regional de 1979, ganho pelo Grêmio. Já se tinha dito que o Grêmio do campeonato regional tinha sido uma grande equipe, havia disputado 52 partidas e só perdera uma, para o Juventude, assim mesmo com o André errando dois pênaltis. O que não se sabia era que o Grêmio tinha sido campeão gaúcho de 1979 batendo a um time que viria mais tarde ser campeão do Brasil, dali a meses. O que não se sabia era que o Grêmio havia deixado em terceiro lugar no campeonato regional a um time que viria a ser tricampeão nacional. O que não se sabia era que o Grêmio havia imposto ao tricampeão brasileiro o lugar incômodo de permanercer, ao final do Regional, 10 pontos atrás do campeão gaúcho. Então, se o grande Grêmio de todos os tempos deixou o seu grande rival colorado em 3° lugar, 10 pontos atrás, não perdendo nenhum dos vários Grenais do campeonato gaúcho, então, que me desculpem os colorados, deixem eles que eu entre por uma brecha das comemorações que desde ontem estão incendiando o Rio Grande do Sul, mas sou obrigado a dizer que o melhor time do Brasil é o Grêmio. O dia de ontem valorizou o Grêmio. Se o Internacional é tricampeão nacional, se todo o Brasil está saudando o Internacional e reconhecendo seu feito -- nesta hora o Brasil inteiro está sabendo que o melhor time brasileiro é o Grêmio, que botou o Inter em 3°, a 10 pontos de diferença no Regional, no mesmo ano de 1979. Salve, Grêmio, o • melhor time do Brasil!
ESPECIAL
Porto Alegre, 24 e 25 de
dezembro de l979— PÁGINA VIII
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Frederico Arnaldo Ballvé n-o dispensa seu tern verde-claro em todos os jogos do Inter história de Frederico Arnaldo Ballvé e sua mística como dirigente de futebol pode ser contada a partir de 1959, \ quando com apenas 31 anos já era presidente do Sport Club internacional. Sempre teve o jeito arrogante, modos bruscos mas decididos, leal e simpático, "como quem nasce em Uruguaiana, graças a Deus", ressaltou Ballvé. O gosto pelo futebol levou Ballvé a manter se nas fileiras de dirigentes. Tanto, que voltou à direção em 72-73 como 1° vice-presidente: — Em 1975 voltei ao clube para ajudar o Fraldo Herrrnann, depois que houve aquela briga entre o Asrnuz e o Gilberto. Mas uma das maiores alegrias foi em 1976, como presidente do clube, quando o Inter conquistou o bicam peonato brasileiro e o octacam peonato gaúcho. "Já fui tetra, penca, e octacampeão. Provas? Tenho ujn monte de faixas lá em casa", disse Ballvé. Mas o dirigente do Inter não seria um colorado tão fanático se gostasse da vida de caserna. Para quem não sabe, Ballvé chegou até o posto de capitão da Aeronáutica, prestou serviço e fez curso no Galeão, no Rio de Janeiro. Mas por ter gosto pela vida de aventuras, uma espécie de playboy bem comportado, allvé não poderia mesmo seguir a carreira militar. Seu colega de escola, Naroldo de Mattos, atualmente, é ministro das Comunicações, Traje impecável, cabelo com brilhantina, bem penteado, lembrando muito Gardel ou Rodolfo Valentino, Ballvé sempre se mostra alegre, mesmo quando usa seu costumeiro vocabulário com alguns palavrões: "E um ¡eito que tenho desde que me conheço por gente. Sou um cara aberto,
"S não u dee dUri
Ballvé: um dirigente de muito trabalho e muita sorte
gosto de falar mas sem frescura de doutor para cá, doutor para lá". Aos 51 anos, casado com Dulce alivé, o vicepresidente do internacional (que hoje deixa o cargo) é uma pessoa que gosta de freqüentar a sociedade, de comer e beber bem. mono de uma rede de emissoras de radiodifusão (Emissoras eunidas), Ballvé é do tipo que gosta de se divertir, geralmente dorme tarde e dificilmente acorda cedo. A não ser quando precisa viajar. Por isso tudo sempre anda bem disposto, embora às vezes faça cara de brabo.
Decisão da Copa Brasil de 1976. Vicente Matheus telefona para Ballvé pedindo que mande 30 mil ingressos a São Paulo porque a torcida do Coríntians compareceria em massa para a grande final. Ballvé responde que primeiro quer o dinheiro. Troca de insultos, palavrões e nenhum acerto. Ballvé despachara Matheus com sua maneira decidida, meio violenta mas característica. E esse tipo de atitude marcou Ballvé como um cara duro, "que não dá refresco", detesta ser enganado e não discute muito tempo. Todos os repórteres que fizeram cobertura do Inter na época de Ballvé, simpatizam com seu tipo de dirigente. "Quando está tudo calmo, a gente telefona para o Ballvé e no dia seguinte tem manchete. Ele mete o pau mesmo, seja em que for", confessou um setorista. E Ballvé cultivou esse tipo de dirigente, sangue quente, latino. Não se dobra para ninguém. Nem mesmo o almirante Heleno Nunes, o chefe da Casa Militar de São Paulo, os governadores Paulo Egídio e. Sinval Guazzelli conseguiram convencê-lo a ceder mais ingressos para aquela decisão com o Coríntians. Ballvé disse que é assim há muito tempo: — Sempre tive esse jeito. Não sei ser diferente. Eu sou de Uruguaiana e sei como um homem deve agir. Ninguém me passa a perna sem receber o troco ou no mínimo uma boa resposta. Ballvé usa e abusa de palavrões nos seus debates. No entanto, em viagem ou discussão, perto de Ballvé, ninguém fica triste. Mesmo que o time tenha perdido. E um excepcional contador de anedotas e piadas. Quer se refiram a adversários, dirigentes rivais, jogadores ou qualquer outro assunto.
ESTOF A '$OTH,10
Refonnas eetof dos era geral Felipe CamarAcy 651. Fones 31.1.1-13 (Recado)
— Ficarei só com os negócios. O futebol só compensa, só traz alegrias nas vitórias. E só eus sabe o quanto se luta por isso.
t m o No saguão do aeroporto Salgado Filho, enquanto espera pela chamada do vôo, o vice-presidente Frederico Arnaldo Ballvé conversa com alguns repórteres, pede para Teresinha Morango dar umas voltas "que depois te atendo". Prepara-se para mais uma viagem, mais um jogo, mais sofrimento. Na mão, carrega uma sacola. Dentro, algo muito importante para quem é supersticioso: o terninho verde. E Ballvé confirma que ele dá sorte: — Bem, esse terninho verde ainda não falhou este ano. Estou invicto em termos de títulos. Ele dá sorte mesmo. E esquema. E a todos que passam ou chegam, Ballvé pergunta se "está no esquema?" Assim ele faz um esforço para manter-se calmo. Na verdade, é agitado e extremamente nervoso quando está no túnel. Quem observa atentamente, nota que ele fuma mais de um maço de cigarros por partida. Claro que 2nio Andrade ajuda a consumir, filando cinco ou seis ci-
VENHA MORAR NO SEU TERRENO — VILA BONSUCESSO musa b• ir% 9oc8àiflzada de Grayatag. Terrenos Itoi:$ com água luz e es oco.
Entrada de 10 mil e 2 mil íniclaS VENDAS com WALDEMAI9 no local — Forme de Grovemâ fronte â versda
Como todo dirigente, Ballvé sabe que o futebol traz promoção, mas também incomoda, interfere na vida particular das pessoas. E para um homem da sua posição, que se seguisse a vida militar poderia ser até mesmo ministro, não necessita de promoção. Ele faz futebol porque gosta. Confessou, no entanto, que agora vai se ausentar por uns tempos:
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r garros. Mas Ballvé até prometeu largar o fumo se o Inter for tricampeão. Em anos anteriores ele também tinha uma espécie de talismã para dar sorte nos jogos. O próprio Ballvé disse por que fez a troca: — Eu tinha uma camisa vermelha. Ele foi de sorte na conquista dos dois títulos nacionais. Mas tive que aposentá-la porque j á estava desbotada e puída. Quem observar em fotos antigas poderá ver Ballvé no túnel, ao lado de IVIinelli e Gilberto Tim, com a camisa vermelha. Poucas semanas atrás ele estava com o terninho verde. No futuro, se ainda tiver gosto pelo futebol, se continuar dirigente, talvez Ballvé adote outro talismã: um boné de couro, um canário, um par de óculos escuros ou um relógio suíço. Não duvidem se entrar para o túnel até mesmo com um papagaio falando chinês. Ballvé é capaz de tudo pelo Inter.
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ESPECIAL
Porlo Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979 — PÁGINA IX 3=55,250=5.
Mário Sérgio agora só pensa nas férias Mário Sérgio foi o último jogador a deixar o gramado, último a entrar nas banheiras e último a deixar o vestiário para casa no meio da festa da torcida. Ele reaAmente não tinha nenhum motivo para pensar em pressa. Deitado numa das banheiras térmicas ele sonhava tranqüilamente com o dinheiro ganho com o titulo — Cr$ 200 mil de prêmio — e com as férias que iniciavam naquele momento ruma praia bem tranqüila a 80 quilômetros de Salvador — São Tomé de Paribe — "um verdadeiro paraíso" de acordo com o ponteiro.
Centroavante gar nte qu m dia quando ainda estava em Belém, Bira decidiu que devia sair de Remo e ir para um outro clube maior. Pensou em algumas propostas, no futuro, no dinheiro. Mas optou pelo nter por saber e conviver c om um ex-centroavante do nter, campeão brasileiro: Dario. "Eu queria me projetar — lembrava ele ontem depois do jogo — ganhar um título nacional. Em que clube eu conseguiria isto? O Dario me respondeu e eu decidi vir para cá. Tal a prova de que acertei em cheio". E o jovem goleador não deixa por menos. Agora quer ser campeão da América: — Para mim o nter já venceu o que era mais difícil: o campeonato brasileiro invicto. Agora vamos para a Libertadores embalados e tenho certeza de que vamos ganhar mais um título. Com este time que está aí não dá outra, podes crer! O zagueiro Mauro Pastor também tem a mesma meta e até quer ser tri novamente no ano que vem vencendo três títu-
o
mais difícil já passou
los: o gaúcho, o brasileiro e a Libertadores. "Quando vim para cá tinha um ideal que era ganhar o título regional, não consegui mas tudo bem, agora sou campeão brasileiro. No próximo ano quero atingir todos os objetivos."
Além destes, ele tem outro desejo a ser satisfeito. Ele casa agora nas férias e quando retornar pretende permanecer de titular da zaga central, e garante: "80 vai ser ainda melhor do que 79".
— Acho que agora mereço um descanso, não é? Dizia sorrindo. Para quem já chiou por causa de dois mil cruzeiros de aumento a situação agora é bem diferente — contava ele lembrando de sua passagem pelo Botafogo. E no meio de toda a sua tranqüilidade, Mário Sérgio tinha ainda humor para lembrar do regional e acreditar no futuro, brincando: — Tudo bem. O Grêmio mereceu ganhar o campeonato gaúcho por 10 pontos de diferença. Só que agora eles precisam reconhecer que o Inter foi melhor até porque ficou 21 pontos na sua frente nesta Copa Brasil. Acho mesmo é que este time que o Inter tem é somente para Jogos internacionais. O próprio nome já está dizendo, não é? Por isto tenho certeza de que vamos ganhar mais um titulo na Libertadores. Afinal, esta equipe não é para campeonato regional, só internacional...
Preocupado com o avanço de Mário Sérgio, Orlando empurra Bira, queestá à sua frente
O espaço de que disponho é limitado para realçar, como merece, a conquista do tricampeonato nacional pelo Inter, um clube considerado "do interior" pelos do triângulo S. Paulo, Rio e Minas. Mas vou fazer o possível para traçar um leve retrato do que aconteceu. O feito é inédito no pais. Tanto por sua marca fundamental— invicto após a disputa de 23 jogos, entre os quais contra campeês de vários estados, começando pelo nosso... Mas onde o segredo maior de tudo o que aconteceu, trazendo mais uma vez, para o Rio Grande do Sul, a liderança do futebol nacional e mais uma trajetória certa no maior torneio sulamericano, a Copa Libertadores °°
°
Um time que foi mal no campeonato regional, de repente passou por uma transformação radical, da eosinha ao living. Foi chamado para o comando dessa transformação e também foi o grande ideador dela, um homem já laureado nas duas maiores conquistas anteriores do Inter, nacional e regionalmente, Frederico Arnaldo Ballvé. Da noite para o dia chamou novo treinador, Enio Andrade, e fez voltar o antigo preparador físico, Gilberto Tim, além de outras como a convocação de Olavo dos Santos para assessorá-lo. Ballvé foi o messias; Enio, Tim e Olavo, seus princi p ais profetas. Voltou o preparo físico excepcional, enquanto o treinador aplicava, para principio de conversa, um mandamento tão velho e seguro, quanto muitas vezes esquecido no futebol: antes de tudo, definir um time. E como elemento que tinha, sem contratar ninguém. Foi construindo, paralelamente, o esquema que considerava o mais adequado. No grupo que elegeu havia nomes que o descrédito açoitava. Foram mantidos e prestigiados— Mário Pastor, João Carlos e Mário Sérgio. A convicção do treinador, de Tico e de Ballvé os prestigiava, porém. E viu-se: foram também elementos de importância como os nomes mais ilustres, na grande conquista. O time, adquirindo uma forma de jogar, cresceu. O trio final se tornou uma fortaleza; o renome da meia-cancha se confirmou e o ataque dentro do esquema, que era a partida da fortaleza defensiva e do meio-campo notável, para o contragolpe, cumpriu sua tarefa. E esse todo acabou campeão e por isso mesmo podendo dizer: "Sou o melhor do pais". Se as sucessivas provas de campo é que dão a palavra final, é mesmo. Claro como água. 0 0 0
Ênio Aeldrade, Ballvé e Marcelo: curtindo a glória ter superior, sempre, em qualidade de jogo, em esquema, em individualidades — em tudo, enfim. Passou, firme, até pelos grandes campeões, Palmeiras, Santa Cruz, Coritiba, Cruzeiro e Grêmio. Não faltaram, portanto, sérios obstáculos; pois a todos a camisa vermelha foi ultrapassando na lei e na categoria. Sem um lance discutido sequer — algo a que só podem chegar os grandes campeões. O maior time brasileiro da década, por resultados regionais e nacionais; o maior e mais vitorioso clube gaúcho de todos os tempos como o provam as históricas estatísticas de nossos alentos pesquisadores esportivos — chegou ao auge, semeando exemplos, ganhando aplausos e passando por cima de ódios e invejas mal sopitados. Mas que fazer, diante de tão estupenda realidade? Orgulharem-se os colorados e conformarem-se os que não o são. Não há outra saldam °G"
A última batalha, ontem, foi um fecho de ouro. Poderia ser mareada por mais do que os 2 a 1 porque sobrou jogo. O Vasco usou de todas as armas, artimanhas e tentativas de surpreender, mas não adiantou. Até certo ponto, levou um banho de bola, como já havia levado, no meio da semana, no Rio. Foi o In-
O espaço chega ao fim. Tratei, quase exclusivamente, das causas que deram vida ao grande efeito: Internacional, tricampeão nacional, invicto. E, de tudo, creio, o superessencial. Voltarei ao assunto, é claro, noutros termos. Até lá...
1
ESPECIAL
Porto Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979 — PAGINA X
Não perde jogo ou comem ração e sempre vai cumprimentar os jogadores no vestiário
eu nome é Terezinha Flores da Costa, tenho 44 anos, mas bota que eu estou com 34". Ai, Terezinha Morango interrompe a conversa e pergunta: "Vem cá 6 meu, não vai ter fotografia nesta entrevista? Eu quero sair charmosa na foto, mas preciso antes colocar um baton na boca para sair bonita nas páginas". Ela diz que já é vovó, mas não diz quantos filhos e netos tem. Alegre como sempre, Terezinha lembra que tem irmãos, mas que vive sozinha e ganha um dinheirinho para viver às custas do Internacional. Ballvé é o homem que mais lhe dá força: — Meu padrinho Ballvé é o meu protetor, o quié que há? Ele sempre me dá uma graninha. Sai notinha de cem, uma quina, às vezes até um barão. — Sou bem recebida no Inter. Os jogadores são todos meus amigos. Me dou bem com o Beliato, o Mário, Falcão, Batista, todos eles. O único que não falo é com o Valdomiro. Vocês sabem por que eu não falo com ele né? Tão sempre de marcação nele. Então eu não quero me incomodar. — Com boieiro do Grêmio eu não quero nada. Eles que fiquem lá no chiqueiro deles. Sou colorada e quem não .e vermelho para mim é inimigo. É claro que eu gosto de alguns gremistas, mas não posso dar moleza. Na despedida da delegação, Terezinha abraça o atacante Mário
Terezinha só vai no Olímpico obrigada, quando tem Gre-Nal. Ela sofre muito quando tem clássico, chegando muitas vezes ao desmaio no meio da torcida do Inter. No Beira-Rio diversas vezes ela 'teve que ser atendida no serviço de Pronto Socorro do estádio.
O Inter ataca
Ela nasceu em Bagé, mas pouco lembra de sua cidade. Veio morar em Porto Alegre ainda criança. Mas recorda que já gostava de futebol e de boneca, como toda garotada do seu bairro: — Sou da terra do Ca melinho, tchê. Com orgulho diz que é amiga do Camelinho, apesar dele ser gremista. Terezinha já tocou muita "flauta" no Ca melinho, na rua da Praia, mas também j' ouviu gozações do seu conterrâneo nas rodas de futebol. Uma vez o Grêmio perdeu o título regional para o Inter e a turma que faz apostas e discute futebol, ficou esperando pelo Camelinho. Terezinha, com um poncho vermelho e uma bandeira do Inter, estava junto com os torcedores: — Eu conheço bem o Ca melinho: ele vai vim, ele vai vim. Até que afinal o Camelinho chegou na roda gesticulando e dando explicações da derrota do Grêmio. Terezinha gosta do Camelinho e sabe que ele não falta um compromisso assumido, nem que o Grêmio perca a partida. — Ele é meu amigo, pó! Ele é do Grêmio eu so do !nter, no futebol. Fora disso ninguém é contra ninguém. Eu gozo com ele quando o Grêmio perde e ele toca flauta quando chega a minha vez de perder. Seu relacionamento com a "vovó" Garrincha (outra torcedora colorada que freqüenta diariamente o Beira-Rio) é bem diverso. Terezinha diz que nem quer chegar perto da Garrincha. Elas não se dão bem: —Quero distância dela. Eu fico na minha como torcedora mais famosa do clube e ela fica no canto dela, com as suas mandingas. UM>
Ela q Onde andam o Jacaré, o Bugio, o Marimbondo? Os tipos populares da cidade vão desaparecendo. Os locais tradicionais já quase não existem. O Largo do Medeiros, o Bar Laranjeiras, o Café Rian, pontos que reuniam torcedores para discutir futebol, mudaram. Ou se não mudaram, se transformaram com o tempo não existindo mais os malandros, os otários, os agás e os parcerinhos. Terezinha Morango, porém, ainda resiste para a alegria do futebol. As histórias de Terezinha são muitas. Seu sonho, ainda menina, era ser aeromoça da Varig. Ela queria ser comissária de bordo, vestir aqueles uniformes vistônk, colocar salto alto, andar com o rosto bem maquilado: — Eu tinha um uniforme vermelho de aeromoça. Muitas vezes pedi emprego. Eu queria viajar bastante, conhecer muita gente. Terezinha diz que o conselheiro do Inter, Aléssio Ughini prometeu lhe dar de presente um uniforme bonito, com as cores do clube. — Ele mandou eu passar na loja dele lá na Voluntários da Pátria para tirar as me-
Terezinha vibra com o gol
eria ser er didas. Mas o Inter primeiro tinha que ganhar o campeonato. Agora já posso ir lá porque somos tri.
momento de comprar as fichas do cafezinho. Terezinha Morango está ali, parada, ao lado da caixa registradora, esperando o momento da "mordida":
Com uma boa memória para lembrar fatos, Terezinha fala de nomes e datas com precisão. Gosta muito de falar de si própria e do Internacional. Fez muitas viagens acompanhando a torcida no interior e outros estados. Ela conhece a famosa Elisa: a chefe da torcida organizada do clube: a "Garra Corintiana", o "Povão" os "Gaviões da Fiel" e "Coração Corintiano".
— Pô, me da um dinheirinho! O homem quer pagar um cafezinho. Mas ela não aceita.
Mas Terezinha, um pouco triste revela: — A Elisa quase não participa mais da torcida do Coríntians. Ela não exerga quase. Está ficando cega. Além da Elisa eu conheço a Lia (mulher do ex-jogador e treinador Jaime Valente) do Flamengo, do Rio. A Lia comanda a ala feminina da charanga do Flamengo. O balcão, às quatro horas da tarde, está cheio. As empregadas do Café da Bruxa não param de servir as chícaras. Na porta, um grupo discute futebol. E na fila que cheg a a sair até a rua, muitos aguardam o
— Cafezinho não, eu tenho azia. Eu queria uma grana para comprar um cachorroquente e um suco nas Americanas. — O Inter não te pagou esta semana? — Pagou, mas eu gastei tudo. O padrinho Ballvé disse para eu passar na firma dele, e eu não pude ir lá hoje porque não tenho dinheiro nem para o ônibus. A vida de Terezinha em Porto Alegre é uma rotina. Passa o dia na Rua da Praia, entre a Praça da Alfândega e o Café da Bruxa. As vezes ela vai dar um passeio até a rodoviária. Nos dias de jogo, Terezinha comparece no Beira-Rio e desfila com sua roupa vermelha nas sociais; abanando para a torcida: — Eu abano para a massa porque eu sou a Terezinha, a torcedora símbolo, a chefe da torcida. Preciso . agitar as massas. is-
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e 25 de dezembro de 1979— PÁGINA XI
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jogo não tinha começado. No rádio, os comentários antecediam a primeira partida decisiva entre o internacional e Vasco da Gama. Teresinha canla o hino do Internacional, levanta os braços com os punhos fechados. Está certa que o Inter vai ganhar. "Fiz uns trabalhos para segurar o Vasco", diz a rainhaoficial da torcida colorada. No entanto, apesar de sua certeza, há todo um nervosismo que não consegue esconder.
Torcendá pelo Inter no estádio ou pela televisão, o ensusiasmo é o mesmo
"Ver homem nu não é vergsnha" Terezinha é a única mulher no Brasil que entra regularmente no vestiário dos jogadores. A primeira vez que ela furou a barreira foi em 73. O Inter jogava com o Gaúcho de Passo Fundo pelo Campeonato Regional. A partida estava empatada em 1 x 1. No final, Escurinho de cabeça, colocou Djair na frente do gol para marcar os 2 x 1. Terezinha não resistiu: — Sai abraçada com o Djair. Eu estava vendo o jogo das sociais; pulei para a coréia e depois me ajudaram a entrar em campo. Então entrei no túnel agarrada com o Djair e fui direto para o vestiário.
— Os jogadores já me conhecem bem e não tem nenhum problema entrar no vestiário e ver um homem nu. E tão natural. A gente nasce nu e não é vergonha uma moça ver um homem sem roupa.
Terezinha é uma figura humana e acompanha os jogadores em todos os momentos. Em 77 no Gre-Nal decisivo que deu o titulo para o Grêmio e terminou antes do tempo com a briga em campo, Escurinho levou um soco no nariz e foi hospitalizado no hospital São José. Terezinha ia visitar o jogador diariamente.
Acontece que ninguém tentou Quando Lula esteve em Porto afastar a torcedora número 1 do Alegre, depois que levou um tiro clube. Pelo contrário, ela foi bem em Pernambuco, foi recebido por recebida e 'desde aquele dia em Terezinha no Salgado Filho com jogos importantes passou a fre- um buquê de flores numa homeqüentar o vestiário no Beira - Rio: nagem ao seu amigo.
Na Casa de Sucos Brasinha, Teresinha é conhecida por todos. Mas ali não íem televisão. E Teresinha — que apesar do calor da noite veste sandália de verniz vermelho, meia, calça de veludo e blusa de malha laranja —sai à procura de outro bar, onde possa assistir o jogo. Na rua os carros passam com bandeiras vermelhas e ela confessa que fica louca, "sinto um arrepio danado dentro de mim toda vez que vejo uma bandeira do Inter". Antes de sair, ajoelha-se numa concentração profunda, pede ajuda "prá Xangô e pra todos seus guias". Num bar próximo — Pelotense -- o encontro com a tevê, e com seu time. A partida está começando. Senta numa mesa bem próxima. Avisa a todos os presentes que hoje é um dia importante para ela, "estou sendo entrevistada, não atrapalha". Deixa de prestar atenção no público, que assiste o jogo com ela, e se concentra. Chora quando vê um ataque do Vasco da Gama vencer a defesa do Inter. Pula da cadeira quando Chico Espina vence uma jogada com o adversário. Por alguns momentos entra em transe. Seus olhos fecham suas mãos se apertam uma na outra, mas seus dedos indicam o número três. O tri ainda estava distante e o marcador ainda estava em x O. Aos 28 minutos do primeiro tempo o go! de Chico Espina. Teresinha não vê este gol. Estava com os olhos fechados. Mas quando o locutor anuncia o goi é como se alguém a tivesse empurrado para cima: eia salta com os braços para o alto. Grita e diz que e inter é o maior. No momento seguinte, ajoelha-se
com as mãos no peito e chora. É mais uma prece de agradecimento.
nteresse A voz está rouca e partida, reinicia o segundo tempo. Os L abalos são soltos para lembrar um tempo em que ela diz que foi manequin. O inter vence, mas Teresinha está nervosa, "é um sufoco, meu coração, acho, que não vai resistir". Tira as pulseiras prateadas e diz que sempre chora muito antes de um grande jogo do Inter, Vai ao banheiro e volta rápido. Chico Espirha faz o segundo gol. Agora está tudo bem. "O inter é o melhor, já acabamok com os cariocas". O jogo continua, na mão um copo de cerveja e todo um cuidado com o livro oferecido peia cronista vete Brandalise. Depois do jogo eia iria ler o conto "Gre-Nal de Janela". O gol foi marcado cedo demais no segundo tempo e ela perde o interesse pela partida. O locutor anuncia a renda e Teresinha presta atenção e se entusiasma, "com sete milhões, sabe prá onde eu ia? Prô Havaí"! Com 2X0 favorável ao Inter, sua atenção passa a ser o público do bar. Implica com um rapaz da mesa ao lado, "ele é tupamaro, está torcendo para o Vasco". Virou para outro lado, faz gestos obscenos. Teresinha está cansada. Faia no seu amor pelo inter e na viagem que fará a Bahia para pagara promessa ao Nosso Senhor do Bonfin: "vou vestida de noiva, estou casada com o Inter há 19 anos". Pede mais um copo de chope e não gosta de faiar do passado, mas lembra das filhas que não estão com ela. Diz que relembrar "não tem nada a ver, o importante é viver, poxa, o presente". Mas sente falta da mãe que morreu há 15 anos e que cuidava dos filhos, "quando eu saía pela noite e voltava de madrugada com dinheiro para sustentar a casa". O jogo está quase no finai, mas ela não espera. Sai à procura de um hotel. Está contente, mas não eufórica. Não tem casa, tem poucos amigos. Sua casa, afirma, é urna sacola a2W com uni emblema do inter colado. 7r4ZWM.;:g:W.O.;4
& chora.
Falcão, Jair e Batista: um meio-de-campo vitorioso e decisivo
IMAGENS DE UMA EQUIPE C • PEÃ
Da raça de Falcão, Batista e Jair nasceu o mito de um meio-de-campo invencível. Do jogo de todos os craques deste plantei, a magia de um time afeito aos grandes títulos. Nestas páginas, um pedaço das imagens do tricampeonato.
O centroavante Bira comemora um dos gols que fez o Inter campeão
Torcida colorada festeja mais uma vez um titulo nacional. O Beira-Rio foi cenário de um tricampeonato histórica
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A equipe base do Inter em sua saudação tradicional. Pouca gente acreditava que este time chegasse ao título
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Uma entrevista do garoto Jair, ponto firme de um conjunto harmónico
O samba tomou conta da Coréia que veio firme para festejar mais um campeonato
ESPECIAL
Porto Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979 — PÂG INÀ X lA;
M fitos o consideram o melii r preparador físico do Brasil
Gilberto Tim agora com novo titulo: tricampeão nacional
me o eficaz: aí e -mizade No dia 21 de setembro Gilberto Tim assinou com o Inter e imediatamente assumiu seu cargo após dois anos de ausência. Nem mesmo havia acabado o campeonato regional. O time estava no bagaço. Poucos acreditavam ou apostavam nessa equipe para a Copa Brasil. Mesmo com pouco tempo. Gil- berto Tim conseguiu dar condições aos jogadores. Seu método, baseado na força (sala de peso) potência e mobilidade, entusiasmou os adversários. Tim explicou como conseguiu fa- zer com que os jogadores assimilas- sem seu método: — Existe o jogador com o dom de jo-
gar bem: é o craque. Os outros preci sam de bastante treinamento. Mas to- dos podem chegar no melhor da forma física. O importante é o jogador acre- ditar que pode conseguir os objetivos propostos. Tenho respeito por eles. Tim gosta de fazer brincadeiras mas é exigente. Até mesmo Flgueroa, com toda sua autoridade, submetia-se ao mais rigoroso tratamento e não "matava" a física. Tim também disse que em termos de qualidades, "a velo- cidade é inata no jogador. Mas ele po- de melhorar com treinamento". Talvez mais feliz que muitos outros,
Gilberto Tim encerra o ano com uma faixa importante: tricampeão brasileiro de futebol. Não é qualquer um que pode orgulhar-se disso. Tim começou como a maioria, por baixo. Fez fama, sucesso. Teve alegrias, decepções, mas venceu. Foi embora, voltou como um dos salvadores. E salvou. Por isso os elogios são merecidos. No entanto, Gilberto Tim gosta de dividir seu sucesso com os outros: — Devo agradecimentos a muita gente. Aos t , nicos com que trabalhei, aos jogadores e ao pessoal que me deu condições para mostrar meu trabalho. Fiz uma pequena parte.
im o tante ajud d tacilio
s paulistas ficaram surpresos quando o Inter virou o jogo contra o Palmeiras, em São Paulo, pois mesmo nos minutos finais, ainda tinha fôlego para correr em campo, enquanto o time de Telê estava pregado. O inter ¡á teve fama de ser o melhor time em termos de preparo físico em anos anteriores. Isso foi em 75-76. E, como agora, o fisicultor era Gilberto Pazzetto, o Tim. Não é por menor que quase todos o consideram o melhor do Brasil. Com justiça. Gilberto Tim, porém, é modesto e apenas elogia o grupo: — Os jogadores sempre colaboraram, desde que entrei no Inter. E com um bom material humano até se torna fácil conseguir os objetivos. Gilberto Tim evoluiu de um lateral apenas razoável para um excelente preparador físico. Tudo começou em 1970, quando Ivo Correa Pires (supervisor do Inter) e o técnico Marco Eugênio, dos juvenis, levaram Tim para o clube. Em 1971 ele assumiu no Departamento Profissional que disputava o campeonato gáucho. Após a vinda de Minelli, com quem se relacionou muito bem, Gilberto Tim desenvolveu um tipo de trabalho baseado na força, resistência e mobilidade. Era o melhor método para o futebol gaúcho, forte, disputado e até violento. Muitos jogadores franzinos ganharam corpo, músculos e se tornaram em condições para disputar qualquer jogo. As teorias de Minelli, mesclando o futebol holandês com a arte brasileira, atingiram quase a perfeição com o trabalho de Tim. Juntos eles colaboraram para a conquista do bicampeonato brasileiro e do octacampeonato gaúcho. Dentro de um espírito de fidelidade a quem era amigo, Gilberto Tim saiu do Inter em 1977, após ter trabalhado com Daltro Menezes, Marco Eugênio e Dino Sani (seu padrinho de casamento). Mas Tim também entendeu-se com Castilho, Sérgio Moacir e Carlos Gainete Filho. Com as grandes transformações no Inter, Tim foi para o Paraná. Destino: o Coritiba, treinado por Chiquinho, em 1978. Em 1979 formou uma nova dupla com Enio Andrade. Uma dupla campeã. Gilberto Tim não poderia ficar muito tempo fora do BeiraRio. Realmente, como prata da casa, tinha muito amor pelo time, pelos jogadores, pela tradição. Todo seu sucesso ele atribuiu a um trabalho consciente e à reciprocidade por parte dos jogadores: — Olha, descobri que o jogador brasileiro já tem consciência profissional. Aqui no Rio Grande do Sul eu sabia, tinha vivência. Mas quando fui ao Paraná descobri que eles também se interessam, acreditam no trabalho. Isso é fundamental. E num clube que dá condições, sempre aparecem bons resultados.
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O ex-funcionário público Otacílio Gonçalves da Silva Júnior formou-se em Educação Física pela UFRGS em 1968 e em 1970 começou a trabalhar como preparador físico dos juvenis, convidado por Iran Aguiar, que trabalhava nos profissionais. Mas na metade do ano deixava o Inter para treinar fisicamente o Cruzeiro. Quem ocupou seu lugar foi Gilberto Tim. Otacílio teve participação em toda a campanha do tricampeonato brasileiro, ora sendo auxiliar, às vezes apenas amigo e orientador e em alguns jogos regionais foi técnico interino (dois Gre-Nais). Atualmente, Otacílio Gonçalves, depois de ajudar na recuperação de Claudiomiro, substituir Cláudio Duarte, desenvolve seu trabalho de assessor técnico da divisão de futebol. Ele tem 6 anos de Internacional (voltou em 1973, quando Dino Sani era técnico e Gilberto Tim convidou-o para assessá-lo). E professor da UFRGS, no Curso de Formação de Técnico Esportivo ministrando a cadeira de futebol. Tem diversos cursos de especialização e seu método é semelhante ao de Gilberto Tim.
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Mas nem só de técnicos, jogadores, dirigentes e fisicultores. Existem aqueles funcionários que trabalham muito e aparecem pouco. Entre estes, cita-se o supervisar Carlos Duran e Edson Prates, do Departamento de Futebol. Outros, no entanto, estão no Inter desde os tempos de Dino Sani ou Daltro. Os massagistas que trabalharam na época dos campeonatos nacionais foram Antenor Moura, o "Vô", Alexandre Siqueira, Osmar Machado, "Bigode" e o mais novo, Serginho. Também o porteiro Leandro acompanhou o triunfo do Inter. Os médicos Cláudio Ribeiro, José Mottini, João Horácio da Costa Borges, Paulo de Tarso Oliveira, Humberto Costa e Silva e Pedro Fauth também fizeram parte do quadro funcional nas campanhas das Copas Brasil. E também os roupeiros João Antônio Rosa e Gentil Passos. Eles também são tricampeões, os que trabalharam em silêncio, sem aparecer, mas foram indispensáveis.
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Otacilio: importante no esquema de organização da equipe
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Porto Alegre, 24 e 25 de dezembrb de 1979 --- ' PAGIN'A kV
ESPECIAL
Na cobrança de uma falta ele fez o gol que deu o primeiro título nacional o clube 1
ara chegar ao seu primeiro tít ulo nacional, o Internacional jogou 30 partidas, vencendo 19, empatando oito e perdendo apenas três, uma excelente campanha que surgiu para comprovar que o time melhorava seu rendimento a cada ano, acrescentando novos jogadores, quase sempre chegando entre os quatro finalistas. Só que o problema do Internacional nas disputas nacionais sempre foi a fase semifinal: tradicionalmente, o time que disputava esta fase contra o Inter acaba chegando à finalíssima.
Por isso é que a partida do dia 7 de dezembro de 1975 estava sendo aguardada com tanta ansiedade pelos torcedores do clube. Tanto pela tradição como pela qualidade do adversário: o Fluminense, a chamada "máquina tricolor", dirigida pelo arrogante Didi. Os dias que antecederam aquele jogo foram terríveis para o Internacional. Afinal, além do provincianismo natural de uma equipe que até então apenas chegava próximo de uma finalíssima, o Inter ainda teve de suportar a total desconsideração do Fluminense que sequer falava na possibilidade de ser derrotado.
A comemoração da torcida, dentro do Beira-Rio. Na foto menor, antes de entrar no estádio
O jogo seria realizado no Maracanã e o treinador Didi falava muito mais no jogo final, discutindo se seria mais conveniente enfrentar o Cruzeiro ou o Santa Cruz, sem dar importância ao adversário mais próximo — o Internacional. O time do Fluminense tinha jogadores corno Rivelino, Paulo César Lima, Gil, Marinho, todos da Seleção Brasileira, e ninguém admitia uma derrota. Só que Rubens Minelli soube utilizar muito bem a arrogância de Didi e a autoconfiança dos jogadores adversários em seu próprio benefício. Este assunto foi o tema central da preleção que Minelli fez aos jogadores momentos antes do jogo e o Inter liquidou o Fluminense: venceu por 2 a O e ficou — pela primeira vez — em condições de disputar um título nacional.
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FASE PRELIMINAR 20/08 no Beira-Rio: 3x1 Figueirense 23/08 em Salvador: 5x0 Vitória 27/08 em Goiânia: 1x0 Goiânia 30/08 em São Paula 2x0 Portuguesa 07/09 no Beira-Rio: lx1 Grêmio 10/09 no Beira-Rio: 1x0 Santa Cruz 14/09 no Beira-Rio: 1x0 Santos 17/09 no Beira-Rio: 5x0 Sergipe 21/09 em Natal: lx1 América-RN 24/09 em Campina Grande: 3x0 Campinense 28/09 no Rio de Janeiro: 1x2 Flamengo ■ FASE SEMIFINAL 08/10 em B. Horizonte: 2x0 Atlético-MG 12/10 no Beira-Rio: 4x0 Remo 15/10 no Beira-Rio: 2x0 Tiradentes 19/10 no Beira-Rio: lx1 Cruzeiro 22/10 no Beira-Rio: 3x1 Fluminense 26/10 no Beira-Ria: lx.1Cer"mtians . 29/10 no Rio de Janeiro: Oxl América-RJ
01/11 em Curitiba: Ox0 Coritiba 06/11 no Beira-Rio: 2x0 Guarani 09/11 em São Paulo: Ox0 Palmeiras FASE FINAL 12/11 em Recife: Oxl Santa Cruz 16/11 no Beira-Rio: 3x1 Sport Recife 19/11 em São Paulo: Ox0 São Paulo 23/11 no Beira-Rio: 1x0 Grêmio 28/11 em Recife: 1x0 Náutico 30/11 no Beira-Rio: lx1 Flamengo 04/12 no Beira-Rio: 3x0 Portuguesa JOGO SEMIFINAL 07/12 no Rio de Janeiro: 2x0 Fluminense JOGO FINAL 14/12 no Beira-Rio: 1x0 Cruzeiro CAMPANHA/75: 30 jogos - 19 vitórias, 8 empates e 3 derrotas, no Beira-Rio: , 16 jogos —12 vitórias e 4 empates Total de pontos ganhos: 58 (nove a mais
,que o Cruzeiro, dez a mais que o Fluminense, 16 a mais que o Santa Cruz) Ataque: 51 gols pró (o melhor do campeonato, junto com o Fluminense). :Defesa: 12 gols contra (a melhor do campeonato, tendo sofrido 3 gols a menos que a do Cruzeiro). Goleadores: Flávio 16 (artilheiro do campeonato), Paulo César 7, Lula 5, Tadeu 4, Valdomiro 4, Figueroa 3, Escurinho 2, Borjão 2, Cláudio 2, Lino 1, Vacaria 1, Falcão 1, Luís Fernando 1, Altivo (Vitória) contra Beto Fuscão (Grêmio) contra 1. Goleiro: Manga, 12 gols sofridos em 30 jogos, média de 0, 40 gols por partida (o goleiro menos vazado do campeonato)
A história do jogo final foi um pouco diferente porque o Cruzeiro, que venceu o Santa Cruz, tinha uma equipe superior à do Fluminense e nem um pouco da autoconfiança dos cariocas. Por isso, o Inter: nacional, mesmo jogando no BeiraRjo contra um time que era, no mínimo, tão técnico e competitivo quanto o seu, venceu por 1 x O apenas. E ainda contou com a ajuda do árbitro Dulcídio Vanderlei Boschilla: ele cobrou uma falta inexistente de Piazza em Valdomiro na ponta direita e, depois da cobrança, Figueroa marcou de cabeça o único gol da partida. No entanto, o título daquele ano não pode ser analisado apenas a partir de um erro de arbitragem, pois o Inter fez muito mais do que simplesmente aproveitar-se de falhas dos juízes. A equipe superou muitos adversários qualificados e ganhou merecidamente o título que perseguia há tanto tempo.
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Porto Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979 — PAOI-NA XV:
Dario marcou o :primeiro e Valdomiro o segundo, liquidando com as esperanças do clube paulista titulo conquistado no ano anterior não provocou uma euforia exagerada do Inter — nem a nível de torcida, nem dos dirigentes, nem dos jogadores — e o time entrou novamente no Campeonato Nacional disposto a repetirem 1976 o que havia feito em 75. Só que, desta vez, os jogadores já haviam se livrado de um velho temor: o provincianismo que tirou a equipe das finais em outros anos. Já havia uma equipe experiente, segura e confiante, apesar do fracasso na Libertadores da América. Havia poucas modificações na equipe: Marinho Perez, comprado do Barcelona da Espanha, substituiu Herrninio ao lado de Figueroa, Dario foi contratado para o lugar de Flavio e Batista ficou com a posição de Paulo César, operado dos meniscos e, mais tarde, com uma séria infecção. Na defesa, a maior qualificação de Marinho logo ficou provada, até mesmo porque ele comandava uma tática especial para provocar impedimentos do ataque adversário que livrou o time de muitos problemas. Valdom iro chuta, a bola bate no travessão e entra
E logo na primeira partida o Inter mostrou que se tranformara no melhor time brasileiro: goleou o Figueirense no Beira-Rio por 6 x O no dia 1° de setembro de 1976. Oito dias depois, novamente no Beira-Rio, surgiu um adversário mais forje, mas que também não resistiu: o Grêmio marcou o primeiro gol, mas o Inter acabou vencendo por 3 x 1. Nem mesmo a derrota de 2 x i para o Caxias, no Estádio Centenário, teve força para destruir a imagem vencedora que o time havia formado a partir da conquista de 1975. Depois disso, o Inter venceu todos os adversários (Aval, Desportiva, Santos, Rio Branco e Palmeiras) até o encerramento da fase preliminar, ficando líder do seu grupo. C empate com o Fluminense, no Maracanã, em 1 x 1, provocou a perda do único ponto da fase semifinal porque o time venceu mais quatro adversários e foi campeão do grupo novamente e a classificação para a fase finai. Com duas derrotas e seis vitórias, o Inter continuava liderando o campeonato na classificação geral.
O goleiro "fobias tenta enganar o uiz puxando a bola de dentro do gol
FASE PRELIMINAR 01/79 no Beira-Rio: 6x0 Figueirense 07/09 no Beira-Rio: 3x1 Grêmio 12/09 em Caxias do Sul: 1x2 Caxias 19/09 em Florianópolis: 4x0 Aval 22/09 em Vitória: 4x1 Desportiva 26/09 em São Paulo: 3x1 Santos 29/09 no Beira-Rio: 3x0 Rio Branco 03/10 no Beira-Rio: 1x0 Palmeiras FASE SEMIFINAL 10/10 no Rio de Janeiro: lx1 Fluminense 13/10 em Goiânia: 3x0 Goiás 17/10 no Beira-Rio: 2x0 América-RN 20/10 no Beira-Rio: 2x0 Fortaleza 24/10 no Beira-Rio: 3x0 Botafogo-SP FASE FINAL 31/10 em Curitiba: Oxl Coritiba 03/11 no Beira-Rio: 4X1 Botafogo-SP
07/11 no Beira-Rio: 5x1 Santa Cruz 10/11 no Beira-Rio: 2X0 Caxias 14/11 em São Paulo: 2x1 Palmeiras 21/11 em São Paulo: 1x2 Corintians 24/11 no Beira-Rio: 2x0 Ponte Preta 28/11 no Beira-Rio: 3x0 Portuguesa JOGO SEMIFINAL 05/12 no Beira-Rio: 2x1 Atlético-MG JOGO FINAL 12/12 no Beira-Rio: 2x0 Coríntians CAMPANHA/76: 23 jogos —19 vitórias, 1 empate, 3 derrotas no Beira Rio: 14 jogos — 14 vitórias. Total de pontos ganhos: 54 (15 a mais que o Coríntians, 19 a mais que o Fluminense, 18 a mais que o Atlético Mineiro).
Ataque: 59 gols pró (o melhor ataque do campeonato, tendo maccado 11 gols a mais que o Flamengo) Defesa: 13 gols contra (a segunda melhor do campeonato, tendo sofrido 2 gols a mais que o Palmeiras). Goleadores: Dario 16 (artilheiro do campeonato), Valdomiro 10, Jair 8, Lula 7, Escurinho 5, Falcão 5, Pedro 1, Figueroa 1, Vacaria 1, Caçapava 1, Batista 1, Jorge (Fortaleza) contra 1, Edgar (Caxias) contra 1, Jair (Bota-SP) contra 1. Goleiros: Manga, 10 gols em 20 jogos (média de 0,50 gols por partida) (foi o goleiro menos vazado do campeonato) Gasperin, 3 gols em 3 jogos. Ilo jogou uma partida e não sofreu gol.
Então, veio o adversário mais difícil e que provocou maior sofrimento aos torcedores: o Atlético Mineiro que, mesmo jogando no Beira-Rio, dominou todo o primeiro tempo que terminou em 1 x O, gol de Vantuir. Essa vantagem seria mantida até os 28 minutos do segundo, tempo quando Batista empatou com um chute forte no ângulo esquerdo. Falcão, numa jogada espetacular que teve a participação de Figuerga, Dario e Escurinho, garantiria a vitória e a participação no jogo final — desta vez contra o Corintians, mas novamente no BeiraRio, como em 1975. E o Coríntians foi um adversário bem menos difícil do que o Cruzeiro um ano antes: Dario marcou no primeiro tempo e Valdomiro completou os 2 x O no segundo, levando o Inter ao segundo título nacional.
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Porto Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979— PÁGINA xvi
Dois jogadores do Inter Jair e Falcão—acabaram com qualquer pretensão dos cariocas m 1977, o Internacional perdeu tudo: o treinador Rubens Mineili e seu melhor jogador, Elias Figuerode que voltou para o Chile, comprado pelo Palestino — sem contar ainda a perda do título regional, que o Grêmio recuperou depois de oito anos consecutivos de derrota. Além disso, o bicampeão brasileiro foi desclassificado muito cedo do Campeonato Nacional: perdeu para o Corintians por 1 X O, em São Paulo e destruiu a confiança dos torcedores.
Roberto Dinamite está cercado por Jair e Mauro Gaivão. Cláudio Mineiro ficou na es p era, atento
Esta confiança seria parcialmente recuperada em 1978, pois o time foi campeão gaúcho e só saiu da Copa Brasil na fase semifinal, ficando novamente entre os quatro melhores classificados. Mas foi em 1979 que o internacional provocou a maior tristeza na torcida ao ficar em terceiro lugar na competição regional e — o que é pior — dez pontos atrás do Grêmio. Por isso, este título nacional tem um significado muito especial, pois demonstra a capacidade de recuperação do clube que agora apagou da lembrança de sua torcida a péssima campanha regional.
Ivan tira Bira da jogada puxando-o pelo pescoço
"Ninguém daria um tostão furado por este time depois do Campeonato Gaúcho," costuma afirmar o diretor de futebol Frederico Arnaldo Balvé. E ele tem razão porque poucos acreditavam que a equipe pudesse recuperarse do fracasso regional numa competição nacional, disputada entre equipes mais qualificadas. Primeiro vieram os nove jogos da fase preliminar, em que o inter começou com um empate de O X O em Curitiba contra o Atlético Paranaense e terminou com outro empate: 2 X 2 com o Operário, no Beira-Rio. Foram três empates e seis vitórias e o time era o líder do grupo. Depois, num grupo de oito clubes, o Internacional venceu quatro adversários e empatou três vezes, garantindo a classificação para o primeiro turno final numa vitória dificílima contra o Inter, em Limeira, por 1 X O, gol de Valdomiro.
Os adversários do primeiro turno final eram respeitáveis: o Goiás, o Atlético Mineiro e o Cruzeiro. Uma vitória em Porto Alegre de 1 X O diante do Goiás garantiram os dois primeiros pontos, logo seguidos de outra vitória espetacular: 3 X 2 no Cruzeiro, em Belo Horizonte. Depois, criada uma confusão no Campeonato Brasileiro com a negativa do Atlético Mineiro de enfrentar o Goiás em Goiânia, o Inter acabaria somando mais dois pontos: o Atlético não veio a Porto Alegre e o I nter ficou com o titulo do grupo e com o direto de disputar com o Palmeiras quem seria o finalista da Copa Brasil — Vasco e Coritiba disputaram a outra vaga.
FASE PRELIMINAR 23/09 em Curitiba: Ox0 Atlético-PR 26/09 em Recife: 2x1 Santa Cruz 3U/09 no Beira-Rio: lx0 Figueirense 07/10 no Beira-Rio: 1x0 Grêmio 11/10 em Recife: 3x0 Sport 14/10 em Curitiba: 3x0 Coritiba 21/10 no Beira-Rio: lx1 América-RJ 28/10 no Beira-Rio: 5x1 Rio Branco 04/11 no Beira-Rio: 2x2 Operário-MS
1° TURNO FINAL 02/12 no Beira-Rio: 1x0 Goiás 05/12 em B. Horizonte: 3x2 Cruzeiro 09/12 no Beira-Rio: 1x0 Atlético-MG (WO)
FASE SEMIFINAL 07/11 no Beira-Rio: 1x0 Goitacaz 11/11 no Beira-Rio: 3x1 São Paulo-RS 15/11 em Poços de Caldas: lx1 Caldense 18/11 no Beira-Rio: Ox0 Anapolina 22/11 em Curitiba: Ox0 Atlético-PR 25/11 no Beira-Rio: 4x0 Desportiva 28/11 em Limeira: lx0 Inter-Limeira
JOGOS FINAIS 20/12 no Rio: 2x0 Vasco 23/12 no Beira-Rio: 2x1 Vasco
2° TURNO FINAL 13/12 em São Paulo: 3x2 Palmeiras 16/12 no Beira-Rio: lx1 Palmeiras
0- ciCAMPANILA/79:''22jdgOS-(se1m contar o WO contra o Atlético-MG) —15 yitórias e 7 empates
no Beira-Rio: 13 jogos — 9 vitórias e 4 empates total de pontos ganhos: (o maior número de pontos entre todas as equipes) Ataque: 40 gols pró (2 a menos que o Cruzeiro) Defesa: 13 gols contra em 22 jogos — média de 0,59 (superior apenas à do Goiás — 0,56) Goleadores: Jair 10, Bira 8, Falcão 6, Adilson 3, Chico Espina 3, Valdomiro 2, João Carlos 2, Mário Sérgio 2, Mauro 1, Mário 1, Batista 1, Casagrande (Figueirense) contra Goleiro: Benitez,..13 gols em 22 jogos (média de 0,59 -L superior apenas à de Amauri do Goiás) Gasperin, nenhum gol sofrido em 6 minutos.
E novamente o Inter surpreendeu porque quando todos esperavam um empate em São Paulo, o time acabou vencendo o Palmeiras numa partida emocionante, pois esteve perdendo de 1 X O e de 2 X 1 e acabou virando o placar para 3 X 2, com dois gols de Falcão e um de Jair. O empate em Porto Alegre — 1 X 1 — contra o mesmo Palmeiras, já foi conseguido com uma atuação menos segura do que a anterior mas o time, de qualquer maneira, provou que estava merecendo ser finalista. Então veio o Vasco, com seu time menos técnico porém mais forte do que o do Palmeiras e, por isso mesmo, bem mais difícil de ser derrotado. O mesmo esquema tático que garantiu os 3 X 2 sobre o Palmeiras também deu ao Inter outra vitória: 2 X O, com dois gols de Chico Espina, tão maltratado peia torcida no Beira-Rio mas que teve excelente atuação substituindo Valdomiro. Ontem, o time podia perder até por 2 X O e, ainda assim seria campeão. Mas o Internacional não perdeu. Primeiro Jair, driblando inclusive a Leão e depois Falcão, este no segundo tempo, marcaram os dois gols do, colorado. O Vasco_ só conseguiu marcar um.
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Porto Alegre, 24 e 25 de •■■•.621.
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PAGI NA XV II I
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o Roberto Falcão é hoje um dos três melhores jogadores br. sileiros. E conquistou pela segunda vez, a tola de uro, de melhor d Brasil, dada pela revista Placar Neste ano, Paulo Roberto Falcão transformou-se no jogador mais importante do time. Não tanto por sua categoria, demonstrada claramente desde 1974 quando fixou-se como titular no meio-campo. Mas especialmente por sua liderança e afirmação profissional também a nível nacional, com a convocação para a seleção brasileira e o reconhecimento de todo o Brasil. Para completar, ele ainda começou realmente a exercer uma função inerente à qualidade de seu futebol: a liderança no time, sua influência sobre os outros jogadores, tudo na medida exata da dependência desse mesmo time em relação à sua presença em campo. Para o tricampeão Falcão, o Internacional teve que trabalhar muito até chegar à posição de que seus torcedores hoje se orgulham tanto: a de melhor equipe da década, na medida em que foi o clube que mais marcou pontos em competições nacionais a partir de 1970, e o único a chegar ao tricampeonato. E ele lembra até o dia eXato em que o Inter atingiu o que chamou de "salto de qualidade": — Foi no empate com o Vasco no Maracanã, nas finais do campeonato, em 1974. Perdíamos por 2 a 0 e o Vasco seria campeão antecipadamente, sem necessidade de jogar com o Cruzeiro. E acabamos empatando o jogo, numa reação sensacional. A partir daquele dia, tivemos a certeza de que o Inter poderia vencer o campeonato seguinte, o time estava amadurecido, embora em formação, ainda. O título de 1975, o primeiro na história do futebol gaúcho, foi conquistado, segundo Falcão, a partir de características básicas do time formado por Rubens Minelli: "Marcávamos o campo inteiro, tínhamos excelentes jogadas pelas pontas e um centroavante (Flávio) que conferia todos os cruzamentos". Em 1976, mantida a base da equipe, houve um acréscimo extremamente importante para Falcão: a contratação de Marinho e a utilização do sufoco, a jogada em que quase todos os jogadores partiam para cima do adversário que estivesse com a bola dominada, provocando impedimentos do ataque ou conseguindo recuperar a bola e partir para o gol. — O Marinho comandava o sufoco que completava muito bem a nossa marcação no campo inteiro. Então, o time ficou realmente muito bom: técnico e extremamente competitivo ao mesmo tempo. E a gente atacava muito porque, além de tudo, era um grupo de jogadores experientes e todos sabem o que a experiência vale em futebol.
O ídolo da equipe entre os torcedores do I nter
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E como teria ocorrido a transformação radical da equipe do Inter neste ano? Afinal, de um péssimo Campeonato Gaúcho em que ficou em terceiro lugar com dez pontos a menos do que o Grêmio o time partiu para o tricampeonato nacional consagrador. Falcão tem uma explicação muito simples: a ausência dos principais jogadores no octogonal final do campeonato. — Raramente jogávamos com o mesmo time. Surgiram várias lesões, eu mesmo fiquei muitos jogos fora em Conseqüência de lesões, inclusive na seleção brasileira me machuquei com gravidade. Não fosse isso, o Inter não perdia o título gaúcho e agora ninguém estaria surpreso com o título nacional. E só ver o exemplo do Gre-Nal mais importante: chegamos com três pontos a menos do que o Grêmio e sem vários titulares. Eu não pude jogar porque tinha um corte no pé direito, o Batista entrou todo estropiado depois daquele jogo da seleção na Argentina.
Falcão não gostou muito da idéia, mas acabou admitindo que a equipe de 1975 e 1976 era superior à atual, embora tenha acrescentado que não há muita diferença. O mais importante "é que agora temos uma equipe de garotos, não necessariamente jovens, mas com pouca experiência. E é por isso que o time ainda não conseguiu atacar tanto como aquele do bicampeonato. fácil explicar: uma equipe só ataca bastante, só é bem ofensiva quando está bem entrosada, está bem Além disso, Mário Sérgio e Cláudio Mineiro estavam sus- treinada e tem confiança, é experiente. Por enquanto, pensos, o Hermes voltando de uma distensão terrível, o conservamos a característica básica do Inter que é a Valdomiro operado, o Adilson jogando no sacrifício, assim marcação e a força. E as vitórias também podem ser como o Mário. E aquele Gre-Nal decidiu tudo: se tivésse- conseguidas desta forma". mos vencido, teríamos condições de ganhar o último GreNal que, na verdade, foi uma vitória em função de todo o ambiente criado para aquela partida.
Agora, tricampeão da Copa Brasil, o Internacional parte para uma nova tentativa na Libertadores da América. E Falcão não está muito otimista: "A Libertadores é muito difícil, é fundamental que o time tenha bastante experiência e o Inter não está nesse estágio ainda. Mas vamos continuar lutando como temos feito até agora. Afinal, se entramos desacreditados na Copa Brasil e somos tricampeões, ninguém tem o direito de duvidar que a gente possa continuar vencendo".
Falcão acha que é indispensável que um time tenha jogadores "de alto quociente de inteligência" para poder jogar da maneira como fazia o time bicarnpeão. "E necessário um bom QI e muito treinamento — afirmou —, e neste ano não tivemos quase tempo para isso. Eram jogos com pouco intervalo entre si e, mesmo assim, o time venceu. Principalmente porque tinha a espinha dorsal entrosada. Isto é, o meio-campo com Batista, o Jair e eu, que suportamos os eventuais problemas do time até que surgisse um bom entrosamento como o atual".
Valdomiro, o velho • guerreiro Ele atuou menos que em 75 e 76 mas foi igualmente importante na conquista do tricampeonato
000 di
experiente Valdomiro, ador símbolo Beira-Rio
A torcida do Internacional já se habituou a ver o tricampeão Valdomiro na ponta-direita do time, correndo, ganhando dos laterais em velocidade e fazendo seus cruzamentos perigosos que facilitam a conclusão dos atacantes. E há 11
anos que isto vem acontecendo com freqüência, depois de um início muito difícil, quando o treinador Daltro Menezes enfrentou críticas e vaias da torcida para manter Valdomiro como titular do time. Agora, Valdomiro está consagrado, pois foi responsável direto por muitos dos 12 títulos conseguidos pelo Inter desde 1969, nove regionais e três brasileiros.
Neste ano, a colaboração de Valdomiro para esse título inédito — tricampeão — foi mais reduzida. Mas apenas na quantidade, já que ele sofreu uma cirurgia de meniscos e, mais tarde, teve tromboflebite, ficando afastado do time por muito tempo. Seu retorno foi discreto. No dia 22 de novembro, o Inter enfrentava o Atlético Paranaense em Curitiba e Valdomiro começou jogando, mas cansou e foi substituído aos 30 minutos do segundo tempo por Adilson — o time não jogou bem e apenas empatou em O x 0. Seis dias depois, com um gol do próprio Valdomiro, o time vencia o Inter de Limeira e conquistava o primeiro lugar do seu grupo na segunda fase do campeonato brasileiro:
Batista, o grande destaque do time nos últimos jogos
Jair, um dos apoiadores mais completos do futebol brasileiro
— Naquele dia — lembra Valdomiro — foi que eu tive a certeza de que a equipe estava bem e poderia até chegar ao título. E tenho certeza de que a torcida, que tinha razão em estar pouco confiante na equipe, também chegou à mesma conclusão. Dali em diante, criamos muita confiança e acabamos ganhando as finais.
Ajudar
Batista e o tri: — Mudam os nomes mas nao o esquema O tricampeão Batista não tem a mesma fama de lação ao ano anterior. Em 76, mudaram poucos joFalcão, nem está incluído na relação dos três melho- gadores e o time continuou muito bem. Agora, a dires jogadores brasileiros. Mas esse 't um aspecto de ferença é apenas de nomes, a característica básica sua profissão que não o perturba nem um pouco. é mantida há muito tempo. Batista acredita que o Inter, além dos três títulos Também, não há mesm.o metivos para preocupações, pois sua carreira foi rápida: aos 21 anos, ele nacionais, conquistou também uma condição espeera titular do time bicampeão brasileiro e já tinha cial no futebol brasileiro, um status só atingido por participado (dois jogos) da conquista do primeiro grandes clubes. E ele fala no Palmeiras, que mantítulo nacional. Além disso, Batista acabou como ti- tém há anos sua característica de jogo: — Assim como o Palmeiras, que tem um estilo tular da Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo na Argentina. Agora ê valorizado como um próprio, cadenciado e reconhecido em todo o Brasil, dos jogadores mais importantes da equipe que, mais também o Internacional já definiu há bastante temdo que nunca, não pode ficar sem sua garra, princi- po sua característica: a força, a correria, o condicionamento físico e a garra. E por isso que, sincerapalmente em jogos decisivos. Nessas condições, Batista é um jogador conscien- mente, não vejo muita diferença do time de 75/76 pate de seu valor e basta para ele sua própria avalia- ra o atual. Mudaram os nomes mas o estilo é o mesção da qualidade do futebol que sabe jogar. Sua car- mo, porque o time muda pouco de ano para ano e os reira foi sempre um desafio, desde o inicio, quando que permanecem incutem nos novos jogadores essa saiu dos juvenis, num momento em que o time prin- filosofia, a idéia desse comportamento competitivo. Atualmente, o Inter não consegue repetir a mescipal tinha Caçapava, Falcão e Paulo César ( às vezes Escurinho) como titulares, passando ainda pela ma marcação por pressão dos dois primeiros títulos Seleção Brasileira com Rivelmo, Dirceu e Tonlnho nacionais, mas Batista também possui uma explicaCerezzo. Batista sempre superou com muita luta a ção convincente: "Os jogadores daquela época eram todas as dificuldades. E é por Isso que pôde analisar mais frios, mais experientes e, em alguns casos. até e comparar as campanhas e as equipes do Inter na melhores do que os titulares de agora. Por isso, o Inter podia estar sempre forçando o adversário. Agoconquista dos três títulos naciênals. ra ainda não dá. É preciso treinar mais e, conti— Em 1975 joguei apenas duas partidas e nem lembro mais quais foram, mas assisti a muitos jo- nuando assim, em seguida poderemos jogar exatagos e sabia que o time tinha evoluído bastante em re- mente como em 75/76".
Na sua lógica simples, Valdomiro ex-
plica a recuperação da equipe neste ano com a volta de vários titulares que, como ele, jogaram poucas partidas no Campeonato Gaúcho. "Mas não foi só isso — diz ele —, porque esse time tem vergonha, é muito lutador e está unido demais. Muita gente que, às vezes, não tem condições de jogo faz questão de entrar em campo para ajudar, e não sou apenas eu, não. Tem muita gente nas mesmas condições". Hoje Valdomiro lembra o grande time que o Inter formou em 1975 e 1976. E concorda que "havia um craque em cada posição", mas garante que isso não era o fundamental na equipe:
—
O melhor mesmo é que, em 1975, contávamos com a surpresa do adversário com a marcação que fazíamos em todo o campo. Geralmente, a gente marcava gol nos erros de zagueiros que não esperavam marcação na sua própria área. Em 1976, já não podíamos surpreender ninguém, mas, em compensação, o time estava ainda mais entrosado e não mudou quase nada. Valdomiro não gosta muito de comparar as duas épocas. Afinal, ele participou dos três títulos nacionais conquistados pelo Inter e tem medo de ser mal interpretado. Quanto aos treinadores, no entanto, ele tem uma opinião definida: — Tanto o Minelli como o Enio Andrade conhecem muito o futebol. Mas penso que o Enio tem mais méritos porque o Minelli pegou um time praticamente pronto e acrescentou o seu conhecimento, O Enio pegou uma equipe desgastada, sem entusiasmo, e chegou ao tricampeonato. Quer dizer, ele foi obrigado a trabalhar mais do que o Minelli que também teve grandes méritos.
Jair, o rebelde bom de bola
Jair Gonçalves Prates é um dos jogadores mais completos do futebol gáucho: chuta forte com os dois pés, tem grande velocidade, é habilidoso, dribla com facilidade, tem boa impulsão e cabeceia muito bem. Pois apesar de todas essas qualidades, Jair ainda é muito criticado no Rio Grande do Sul por sua apatia em algumas partidas. Participou de alguns jogos do Campeonato Nacional de 1975, inclusive da finalíssima, entrando no lugar de Valdomiro no segundo tempo. Em 1976, ele jogou várias partidas mas não chegou a firmar-se como titular. Agora, depois de superar bem a má fase do time no início do ano, Jair é goleador do time no Campeonato Brasileiro, com nove gols.
O tricampeão Jair é considerado rebelde e de trato difícil. Prova disso é que quase todos os técnicos que passaram pelo Inter, desde Mineli, tem tido dificuldades de relacionamento com ele, por causa de sua forte personalidade. Várias vezes demonstrou interesse em querer sair, mas o Inter nunca aceitou nenhuma oferta por ele. Seu grande futebol, que nunca ninguém se atreveu a negar, acabou por levá-lo até a Seleção Brasileira. Afirma-se, aqui no Estado, que se ele fosse um jogador mais "maduro" seria até melhor que Falcão, porque é considerado superior tecnicamente.
Porto Alegre; 24 e 25 de dezembro de 1979 —.PÁGINA XX,
uís Carlos Machado Lopes (Escurinho) — Participou de quase todos os jogos do primeiro título nacional do Inter mas perdeu a posição para Caçapava nas semifinais do campeonato de 1975. Em 1976, continuou entrando e saindo do time, mas sempre conseguiu dar sua colaboração — especialmente quando entrava durante a partida e marcava um gol. Foi um dos jogadores mais discutidos do Internacional depois de Bráulio e até provocou uma séria discussão com briga de soco entre dois dirigentes do clube. Foi em 1974, quando demorou para renovar contrato e ficou em Porto Alegre enquanto o time jogava amistosos na Europa. José Asmuz, eleito recentemente para a presidência do Inter, era diretor de futebol e estava encarregado de discutir a renovação de Escurinho. Gilberto Medeiros, vicepresidente resolveu aceitar a exigência do jogador e renovou o contrato. Num programa de televisão, Asmuz agrediu Medeiros.
lávio Dorico Vieira (Vacaria) — Nasceu em Urussanga (SC) em 26/01/47 mas surgiu no futebol no 14 de Julho de Passo Fundo, onde o Inter o contratou. Esteve um período emprestado ao Figueirense de Florianópolis, voltando ao Inter para firmar-se como titular e ter participação importante na conquista dos dois títulos nacionais do clube. No primeiro, em 1975, não pôde jogar a partida final contra o Cruzeiro em conseqüência de uma sinusite. No ano seguinte, jogou contra o Coríntians, marcou Vaguinho e foi um dos melhores em campo.
uís Carlos Mello Lopes (Caçapava) — Era reserva do time juvenil em 1974, mas Minelli resolveu levá-lo com os profissionais na excursão á Europa. Depois disso, mostrou sua utilidade defensiva e acabou tirando Escurinho da equipe em 1975, nos dois jogos finais contra Fluminense e Cruzeiro. Em 1976, Caçapava já estava consagrado como titular e chegou até a Seleção Brasileira que disputou as eliminatórias da Copa do Mundo em 1977. Começou a destacar-se no futebol brasileiro na semifinal de 1975, no Rio de Janeiro, contra o Fluminense, quando acabou com o meiocampo do Fluminense que tinha Rivelino e Paulo César Lima. No ano passado, foi vendido ao Corintians por Cr$ 7 milhões.
uís Ribeiro Pinto Neto (Lula) — A contratação de Lula pelo Internacional, que pagou Cr$ 1 milhão ao Fluminense, foi um fato extremamente importante, pelo menos na opinião dos teóricos do futebol. Segundo eles, Lula desentortou o time do Inter que só podia atacar pela direita com Valdomiro porque tinha Dorinho, um jogador de meio de campo, na ponta-esquerda. Lula criou muitos problemas para as direções do Internacional porque era muito rebelde, exigia dinheiro com freqüência e ameaçava abandonar o clube. Mas, tecnicamente, foi o melhor ponteiro-esquerdo que o time já teve nos últimos anos. Rápido, chute forte e muito habilidoso, provocou a criação de frase que ficou consagrada em Porto Alegre: a de que ele incomodava os dirigentes durante a semana mas perturbava muito mais os adversários no domingo Lula já abandonou o futebol e mora em Recife atualmente.
oão Carlos Grizza Beretta em 1975 e 1976 participou de alguns jogos do time principal e, com isso, também foi bicampeão nacional. Beretta tem sido utilizado em várias posições: as duas laterais e também de centromédio — nesta posição, ele jogou duas partidas em 1975 quando o Inter teve muitos problemas de lesão. Neste ano, não jogou nenhuma partida do Campeonato Nacional.
ermes Rianelli (Herminio) Aos 33 anos de idade e quase no final de sua carreira, Hermínio ganhou a posição de Pontes, em 1975. E acabou como titular da equipe que foi campeã nacional pela primeira vez. No ano seguinte, saiu do time porque o Inter comprou Marinho Perez e, em seguida, saiu do clube, abandonando o futebol.
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ilton Correa de Arruda (Manga) — Contratado durante a Copa do Mundo de 1974, em junho, Manga estreou no Inter nas finais do Campeonato Brasileiro daquele ano contra o Santos, numa derrota de 2x1 no Estádio Morumbi. Na segunda partida, contra o Vasco, no Maracanã, o velho goleiro sofreu um frango imperdoável no segundo gol do adversário, mas o Inter acabaria empatando e estragando o título que o clube carioca poderia ter conquistado naquela mesma noite. Depois disso, recuperou-se totalmente e teve grande participação na conquista do título nacional de 1975, jogando machucado contra o Cruzeiro. Em 1976, sua presença também foi fundamental para que o Inter chegasse ao seu segundo título brasileiro.Mas 1977 foi um ano ruim para Manga: perdeu o Campeonato Gaúcho, não pôde jogar o último Gre-Nal porque foi expulso no anterior e acabou vendido para o Operário de Campo Grande. Mais tarde foi para o Coritiba e no ,ano passado se transferiu para o Grêmio.
A
lias Ricardo Figueroa Brander — O maior ídolo dos torcedores do Internacional em toda a história do clube. Seu prestigio pessoal era tão grande que o presidente da Federação Gaúcha de Futebol suspendeu o Campeonato Gaúcho por uma rodada em conseqüência da publicação em Zero Hora de fotos suas em que aparecia nu. Figueroa renovou contrato pouco antes da final de 1975 por Cr$ 41 mil mensais e marcou o gol da vitória contra o Cruzeiro. Em 1974, acabou considerado o melhor zagueiro da Copa do Mundo disputada na Alemanha e, em seguida, recebeu o título de melhor jogador da América. Em 1976, novamente teve grande participação na conquista do bicampeonato nacional mas decidiu voltar para o Chile no final do mesmo ano. Em função de sua presença na equipe e de sua categoria, o Inter levou muito tempo para livrar-se das comparações que se faziam entre Figueroa e os novos zagueiros contratados. láudio Roberto Pires Duarte — Não pôde participar das finais contra o Cruzeiro, em 1975, porque estava voltando de uma operação de meniscos e o treinador Rubens Minelli preferiu o futebol feio, mas eficiente na marcação, de Valdir. No ano seguinte, Cláudio chegou a ser apontado como um dos maiores jogadores brasileiros na lateral direita sendo titular em 1976 e jogando a final contra o Coríntians, no Beira-Rio. Seu futebol não era apenas elegante: era um marcador duro que ainda auxiliava muito o ponteiro Valdomiro, participando de muitas jogadas de ataque. Em 1977, teve uma doença grave no joelho direito, foi operado novamente mas teve de abandonar a carreira aos 28 anos de idade. Em 1978, como treinador, conquistou o título de campeo gaúcho.
rancisco Fraga da Silva (Chico Fraga) — Começou nos infantis do Internacional e tinha pouca experiência profissional quando Rubens Minelli decidiu que ele deveria substituir Vacaria no jogo final contra o Cruzeiro, em 1975. Chico jogou bem, mas não firmou-se como titular, sendo vendido, dois anos depois, para o Náutico de Recife. Em 1977, Minelli o levou para o São Paulo.
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aulo César Carpeggiani — Seqüestrado pelo treinador Abílio dos Reis quando vinha de Erechim para o Grêmio, Paulo César acabou no Internacional. Ele destacou-se em sua cidade no futebol de salão e a dupla Gre-Nal interessou-se em trazê-lo para suas categorias inferiores. O Inter venceu a disputa e Paulo César acabou consagrando-se nacionalmente em 1974 quando foi titular da seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo da Alemanha. No ano seguinte, junto com Falcão e Caçapava, seria campeão brasileiro pela primeira vez. Em 1976 é que Paulo César não teve sorte: jogou somente 14 partidas pelo Campeonato Gaúcho, submeteu-se a uma cirurgia de meniscos, recuperou-se, teve uma infecção muito grave e participou de poucos jogos do Campeonato Nacional. Agora está no Flamengo, onde é tricampeão regional.
-ESP CIAI.,
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-1
auro Rodrigues dos Santos — Nasceu em Pradópolis (SP) em 20 de outubro de 1952 e foi contratado em abril deste ano da Ferroviária de Araraquara. Atravessou uma fase muito ruim — junto com todo o time — durante o Campeonato Gaúcho. No Nacional firmou-se e está em excelente fase técnica e física.
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ilvio Paiva (Silvinho) — 21 anos, nasceu em Franca (SP) em 13 de novembro de 1958. Foi contratado do América, de São José do Rio Preto (SP) e jogou apenas uma partida (15 minutos finais) deste Campeonato Brasileiro. Tem contrato até 31 de dezembro de 1980. Çl
aldir Nascimento — Campeão em 1975. Apesar de possuir um futebol apenas razoável tecnicamente, Valdir foi titular do Inter nas últimas partidas daquele ano, enquanto Cláudio, que saíra dos juvenis, ficava na reserva.
k,) to (Bira) — Contratado em setembro, marcou um gol logo na estréia, mas quebrou o braço e ficou fora da equipe mais de 20 dias. Tem 24 anos e contrato até o dia 23 de setembro de 1981.
ano Queirós Motta Júnior — Titular do time desde o início deste ano, quando foi comprado do América do Rio de Janeiro. Perdeu a posição para Bira, mas continua sendo muito útil à equipe e participou de algumas partidas neste Campeonato Brasileiro.
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'7 aldir Lima Alves — Contrata-
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dilson Miranda — Nascido em 03 de fevereiro de 1950, foi titular do Inter em 1979, até que o clube comprou o centroavante Mário. Antes disso, formava com Batista, Jair e Falcão, um quadrado de meio-campo, responsável pelo título de 1978.
V do do São Paulo de Rio Grande, na última quinta-feira, só teve chances com a lesão de Falcão. Destacou-se no futebol gaúcho pelos dois gols que marcou contra o Inter. Seu empréstimo terminou sábado passado e antes do primeiro jogo com o Vasc foi contratado definitivamente.
dson de Oliveira Gaivão — Está emprestado ao Internacional que o contratou do Bonsucesso do Rio de Janeiro. Seu passe está custando Cr$ 5 milhões e ele tem contrato com o Inter até o dia 17 de janeiro de 1980.
ntônio José de Oliveira (Toninho) — Tem apenas 20 anos (nasceu em Joinville em 5 de julho de 1959) mas jogou várias partidas deste Campeonato Nacional como centromédio enquanto Batista se recuperava de uma cirurgia. .~2~1~XSZY!'41~274z,Z,r2 ntônio José Gil (Tonho) — Nasceu em Florianópolis em 28 de agosto de 1957 e foi pouco aproveitado neste campeonato. 41è
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ézar Angelo Bagatini — Participou do jogo final do Campeonato Gaúcho de mas neste ano não teve sorte. Depois da contratação de Enio Andrade, passou a segundo reserva de Benitez. Tem 27 anos de idade e nasceu em Aratiba (RS). 5.~»24W4M1 g§M.~~
Ç1 láudio António do Nascimento
(Cláudio Mineiro) — Contratado neste ano para resolver definitivamente o problema da lateral-esquerda do:time_Nasceu em Belo Horizonte eml8r)de-julho de 1952, mas começou a 'aPaieir no futebol no Sport Recife, setitÏÕ'' vendido ao Corintians.
ano José dos Santos — Campeão em 1976 e goleador do Campeonato Nacional. Dario iniciou a carreira nos juvenis do Campo Grande em 1965. Depois disso, consagrou-se como um dos maiores goleadores do futebol brasileiro a partir de 1968 pelo Atlético Mineiro. Andou pelo Flamengo do Rio de Janeiro, Sport Recife, Internacional em 76, Paissandu e atualmente está no Náutico.
T T biratan Silva do Espírito San-
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La em 1978, perdeu a posição para Benitez que voltou do Palmeiras. Agora, é o primeiro reserva e participou de apenas uma partida deste Campeonato Nacional, substituindo Benitez. yr...35~W V-0~2~92-t"'"Vir
ário Perez Ulibarri (Marinho) — Campeão nacional em 1976, sua maior utilidade na equipe foi dirigir a tática do impedimento que o Internacional utilizou naquele ano surpreendendo quase todos os adversários. Começou a carreira no São Bento de Sorocaba, depois foi vendido para a Portuguesa de Desportos, Santos e, mais tarde, ao Barcelona da Espanha, onde o Inter foi buscá-lo no início de 1976.
ibiano Pontes — Titular em 1974 aos 28 anos, Pontes começou a perder a posição para Hermínio, que acabou como quarto-zagueiro titular em 1975. Pontes foi seu reserva durante quase todo o ano, inclusive nos jogos mais importantes do Campeonato Brasileiro.
T uís Carlos Gasperin — Titular
Carlos dos Santos •arcelos — 22 anos. Começou nos infantis do Internacional e, aos poucos, está se firmando como lateraldireito titular. Ajudou o clube a conquistar o título regional de 1978, jogando com Beliato na área, no GreNal decisivo. Neste ano, ficou poucos jogos fora da equipe, principalmente depois que Hermes sofreu uma cirurgia nos meniscos.
T
ti
auro Galvão — Completou 18
anos quarta-feira da semana m passada e, apesar de estar há
pouco tempo como titular, já é a maior revelação do campeonato. Começou nas categorias inferiores do Grêmio mas desistiu e foi para o Internacional onde achou que teria mais chances — como aconteceu realmente.
oão
ii ',~".:~.~«1~~,M
ário Sérgio Pontes da Silva —
29 anos de idade (nasceu no m Rio de Janeiro em 7 de setem-
bro de 1950), foi comprado do Rosário Central, da Argentina na metade deste ano. Seu futebó.Iforinuito criticado mas acabou fixaiidb= ge • como titular diante da ineèHÕtiCIã cde seu reserva_ _ _ _ _ _ _
T osé da La Cruz Benitez Santa ej) Cruz — Nasceu em Assunção, no Paraguai, em 3 de maio de 1952 e chegou a titular da seleção nacional. Comprado,,em_4933 ficou todo o ano ria reServaAbàima- f- ixando-se agora como :titular 4fiOltivo depois de um período. de empréstimo para o Palmeiras no ano passado
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anoel Francisco Espina M (Chico Espina) — Começou no Grêmio nos infantis, depois foi ven-
dido ao Cruzeiro. Contratado pelo Inter, foi muito útil durante a lesão de Valdomiro neste ano. Tem contrato com o clube até o dia 31 de dezembro. Marcou dois gols contra o Vasco, no Maracanã.
lávio Almeida da Fonseca — Campeão em 1975 e goleador da Copa Brasil. Começou no Internacional e foi vendido ao Coríntians no início da década de 60. Goleador, só perdia para Pele na competição paulista. Negociado com o Fluminense, logo foi para o Porto, de Portugal. Em 1975, o Inter o contratou e Flávio estreou num Gre-Nal do Campeonato Gaúcho marcando um gol na primeira vez em que tocou na bola.
Porto Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979 — PÁGINA XXII
1958, em Piracicaba. E outro que ficou conhecido jogando na seleção amadora, junto com Guina. Ambos marcaram muitos gols no mundial de júniors, na Tunísia. Ultimamente, tem jogado pela ponta-esquerda. No ano passado, quando Roberto estava na Argentina com a seleção, foi o goleador da Copa Brasil.
d eão Emerson Leão — goleiro, também da Seleção Brasileira, nascido em 11 de junho de 1 9. Chegou no Vasco da Gama, vindo do Palmeiras, no ano passado. Para ele não existe derrota, mesmo nos treinos, sempre fala em vitória. E o líder do time, joga orientando a defesa e reclam ando das falhas,•sendo muito importante sua presença nos jogos decisivos da equipe, pela experiência que tem.
"Msta vez,
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Em 75 foi o Cr zero de Minas Gerais, Em 76, o Conintians de São Paul L m 79, o V sco da Gd ma
Jair Jair Eraldo dos Santos — goleiro, nascido em 15 de agosto de 1946. Foi goleiro titular do Grêmio. Após, jogou no Caxias, de onde saiu para o Vasco da Gama. Somente é reserva porque o titular é Leão. Mas jogou todas as partidas que seu clube realizou na Europa, saindo-se muito em, apesar da baixa estatura, 1,63m.
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Orlando Pereira — lateraldireito, nascido em 22 de jaeiro de 1949, jogando no Vasco desde 1977, vindo do América do Rio. Passou também o Santos e Coritiba, sendo que no Santos era zagueiro. Na sua atual equipe também atua como za eiro, substituindo Gaúcho, mas não foi m. Orlando já foi lateraldireito da Seleção rasileira, convocado por Cláudio Coutinho.
Gaúcho Carlos Roberto Orrico da Cunha — zagueiro-central, nasci o em 3 de março de 1953, em Porto Alegre, atuano no Vasco desde a categoria juvenil. Jogou nos inf antojuvenis do Grêmio e do Internacional. n um jogador polivalente, pois joga em qualquer posição da defesa e por isto nunca chegou a ser titular. Foi fixado na zaga central quando Abel e Geraldo foram vendidos.
Robert Carlos Roberto de Oliveira — centroavante, nascido em 13 de abril de 1954, em Caxias, no estado do Rio de Janeiro. Conhecido como Roberto Dinamite, é considerado por muitos como o melhor do pais em sua posição e é um dos jogadores mais caros do Brasil. Joga no Vasco desde os juvenis. Muitas vezes foi convocado para a Seleção Brasileira, mas nem sempre conseguiu acertar.
fisinho Wilson da Costa Mendonça — ponta-esquerda, mas também joga pela direita, nascido em 3 de outubro de 1956. Está no Vasco desde os juvenis. A partir do momento em que foi convocado para a Seleção Brasileira, não conseguiu mais apresentar o mesmo futebol. E um dos jogadores mais importantes do time, driblando facilmente, chega sempre à linha de fundo com muita velocidade e cruza a bola para a área.
Esta foi a foto que o Vasco da Gama tirou dia 19, antes do logo contra o Inter no Maracanã, achando que chegaria ao Mulo nacional — OrOando, Gaúcho, Zé Mário, Leão, Ivan, Paulo César (em pé), Katinha, Guina, Roberto, Zandonaide, Vilsinho e o massagista Santana (agachados).
!va Ivan César Silva Machado — quarto-zagueiro, nascido em 2 de março de 1955, em Lins, estado de São Pa o. Chegou no Vasco vindo do XV de Novembro de Piracicaba. Inicialmente, foi rejeitado pela torcida vascaína, por ser um jogador exageradamente técnico e que costumava enfeitar jogadas. Suas principais falhas acontecem em jogadas pelo alto, apesar de seu 1, m de altura.
Paulo César Paulo César da Silva — lateral-esquerdo, nascido em 17 de junho de 1957, no Rio de Janeiro, atuando no Vasco da Gama desde os juvenis. Este ano jogou mais vezes que o titular Marco Antônio. Com 1,75m de altura, tem um bom porte físico, é um bom marcador e ainda vai ao ataque ajudar o ponteiro. Só não é titular porque Marco Antônio está em boa fase.
*Zé M rio José Mario de Almeida Barros — centro-médio, nascido em 1° de fevereiro de 1949, no Rio de Janeiro. Esteve brigado com a direção do Vasco e, então, foi emprestado para um clube do interior de São aulo. Passou a ser titular do time quando voltou. Nunca teve um substituto ideal, o que causou andes problemas ao Vasco da Gama. Além de líder dentro do campo, a principal característica de Zé Mário é a proteção perfeita aos zagueiros e, especialmente, aos laterais Orlando e Marco Antônio.
Z ndonaide Pedra Zandonaide Filho — meia-esquerda, nascido em 5 de janeiro de 1957, em Sacramento, Minas Gerais. Antes de vir para o Vasco jogava no Nacional de Uberaba. E muito habilidoso, conseguindo muitas vezes deixar Dudu no banco. Sabe marcar bem e realizar boas jogadas pela esquerda. Coloca-se bem, chuta a gol vindo de trás e, este ano, foi um dos goleadores do time.
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Pau in elo Elcir Andrade Branco — pontadireita, nascido em 4 de fevereiro de 1958, em Lages, Santa Catarina. O Atlético Paranaense foi seu último clube. Pouco antes do jogo da quinta-feira passada, Katinha estava emprestado ao Vasco, mas o presidente Agatirno Gomes comprou seu passe. Ficou conhecido numa partida contra o Flamengo, quando ganhou todas as jogadas do lateral Júnior, usando sua velocidade.
Dudu Carlos Eduardo Alberigi — meia-esquerda, nascido em dois de. julho de 1960. Há um ano está jogando como profissional, embora, pela sua idade, possa ser aproveitado entre os juvenis. Estará na Seleção Brasileira que vai disputar o torneio PréOlímpico, na Colômbia, no próximo mês de janeiro_ Foi trazido dos juvenis pelo treinador Carlos Froner.
Catinha Paulo Luis Massariol — centroavante, nascido em 3 de abril de
Agnaldo Roberto Gallon — meia-direita, nascido em 4 de fevereiro de 1958, em Ribeirão Preto. Guina ficou conhecido jogando pela seleção amadora. Chegou no Vasco, vindo do Comercial de Ribeirão Preto, após uma trama do presidente da CBD, na época, Heleno Nunes, torcedor vascaino. Inicialmente, foi ponteiro-direito, mas voltou à sua posição quando Zanata e Dirceu foram vendidos.
Marco Antônio Marco Antônio Feliciano — lateral-esquerdo, nascido em seis de fevereiro de 1951, em Santos. Em 1975, Marco Antônio saiu do Fluminense e foi para o Vasco. Foi tri-campeão mundial na Copa do México, sendo reserva do gaúcho Everaldo. Depois de muito tempo fora da seleção, foi novamente convocado por Cláudio Coutinho para jogar contra a Argentina, pela Copa América. Sua principal característica é o apoio ao ataque.
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Porto Alegre, 24 e 25 de dezembro de 1979— PÁGINA XXIII
ESPECIAL
Carnaval
A torcida da Coréia começa a festejar e va invadir o çramado
i i
A festa começou bem Bera-Ro cedo no
A n tíulo lerode
no título. Foi ao estádio para conferir e depois caiu na folia
E continuou
torci d do lif terestava ã i confiantee a de tricampeão brasileiro logo após Falcão ter marcado o segundo gol do time,"4àos 12 minutos do segundo tempo, já começava a cantar a famosa "Está Chegando a Hora". E quando o juiz José Faville Neto apitou o final de jogo, muitos torcedores que já estavam na frente do túnel do Inter invadiram o gramado. E aí começou a comemoração, que continuou na saída calma e tranqüila da torcida que não chegou a lotar o estádio Beira-Rio em todos os seus setores.
noite a fora O esquema marcado para a festa era , a perimetral, mas o torcedor eufórico tricampeão não quis saber. Saiu do estádio, enrrolado na sua bandeira e seguiu o roteiro antigo de outros campeonatos. Foi para a Borges de Medeiros ao encontro da Rua da Praia. Na Perimetral, no entanto, ensaiou um tempo e cantou o samba mais tocado no carnaval deste ano, "Vou festejar", de Bgth Carvalho.
E esta calma e tranqüilidade confinou na avenida Padre Cacique, onde o povo colorado improvisou muitas bandinhas e o samba tomou conta de todos que saíam do estádio. Quem não gostava de samba, no entanto, tinha outras opções para comemorar o campeonato do seu clube. Era tomar muita cerveja, nos bares e trailers localizados na avenida Padre Cacique e na continuação desta, Borges de Medeiros.
Mas ali, apesar do barulho ensurdecedor das buzinas dos carros, o carnaval do colorado 'tricampeão não aquecia. E de repente o pequeno número de pessoas que tentavam organizar a festa resolveram mudar o ritmo da festa. O público que subia a Borges era bem maior e não teve dificulda, des para mudar o esquema montado pela Brigada Militar. Garrafa de cerveja nã mão, a voz rouca, o torcedor no carnaval do tri gritava Falcão, 'Falcão...! Numa homenagem àquele que considerava como o melhor do Inter. No meio da multidão a euforia, "não adianta marcar lugar para festa porque ela é nossa e a gente faz onde a gente quer", comentava um trio de torcedores.
Diferente de outras oportunidades, a saída do Beira-Rio aconteceu sem nenhum incidente por parte dos colorados. Somente um grupo de torcedores mais fanáticos concentrou-se por mais de uma hora em frente ao portão 8, onde fica a saída dos vestiários. Eles queriam, de qualquer modo, dar um abraço nos seus ídolos. Mas poucos conseguiram esta façanha, pois a segurança interna do Inter estava com um forte esquema e protegia a entrada. Quem conseguiu furar o bloqueio, ficou decepcionado, pois a maioria dos jçgador,es já estava no Salão Nobre do estádio, onde junfs com a diretoria recebiam a Taça pela conquista do campeonato. Com estádio já praticamente vazio, eles foram emborà, para a Borges, mesmo que a Avenida Perimetral estivesse destinada para esta justa comemoração de uma torcida que foi muito humilhada durante yo o campeonato gaúcho. Ali na Perimetral, a fe ta foi maior ainda, pois já estava tudo programado e durante a realização da partida, os alto-falantes do Beira-Rio anunciavam que só lá poderia ser feito o carnaval. E o samba mais uma vez foi a alegria do povo, desta vez, em particular, da torcida colorada.
Torcida confiava
Na subida da Borges de Medeiros, as bombas explodiam. Os torcedores não esqueciam de gozar os gremistas. Mas, o carnaval não ficou apenas nas ruas do centro. Espalhou-se nas ruas dos bairros, numa batucada quente e que mostrava a satisfação da conquista de um grande título. "Um título, que eles vão ter que batalhar". Das janelas dos edifícios caíam papéis picados. Bandeiras, lençóis e toalhas vermelhas eram agitadas. A torcida colorada deixava o centro, dirigia-se à João Pessoa e entrava na Perimetral num carnaval desorganizado. As buzinas continuavam, as bombas continuavam. Nos bares as mesas cheias de cervejas e os comentários do.!; 90 minutos desta partida que explodiu o coração de muita gente.
O carnaval continuou pela noite afora. Era o cidadão
Os fãs não esqueceram Jair, Nem ele esqueceu seus torcedores, marcando o seu
sambando sozinho com sua faixa de tricampeão. Era a moça vestida de vermelho e branco de beijos e abraços com O namorado. A festa que tinha começado cedo entrou pela noite. E véspera de Natal e para o torcedor colorado cansado este tricampeonato foi o seu melhor presente.
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