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Ironia do destino
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Cientista queria acabar com a fome, mas morreu de inanição em gulag P.4
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Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), La Nacion (Argentina) e outros.
Este suplemento é preparado e publicado pelo jornal Rossiyskaya Gazeta (Rússia), sem participação da redação da Folha de S.Paulo. Concluído em 15 de agosto de 2014.
Sanções Estados Unidos e União Europeia travam batalha contra Rússia no campo econômico para tentar conter crise ucraniana
Guerra moderna é econômica Prejuízos causados por proibição de importações europeias serão da ordem de 12 bilhões de euros. Produtos devem encarecer de 5 a 10%. ALEKSÊI LOSSAN, MARINA DARMAROS GAZETA RUSSA
Tudo começou com a reintegração da Crimeia, ainda em março deste ano. Depois de um referendo em que 96% da população da península se disse a favor da união à Rússia e da efetivação de sua reintegração, União Europeia e Estados Unidos reforçaram suas acusações de que o país interferia na soberania ucraniana e ameaçaram aumentar as sanções contra ele. Durante meses, enquanto no leste ucraniano parte da população se rebelava contra a Ucrânia, as intimidações não tiveram eco na vida real. Mas a queda de um avião civil da Malaysia Airlines na região separatista em 17 de julho mudou o cenário. Depois de ucranianos e separatistas pró-Rússia se acusarem mutuamente pela queda da aeronave sem provas definitivas por semanas, as potências ocidentais finalmente levaram a cabo suas ameaças. Ainda no final de julho, União Europeia, Estados Unidos e Japão listaram pessoas e empresas russas que seriam sancionadas. As empresas foram escolhidas a dedo: todas tinham alguma relação com a Crimeia. A corporação Alm a z-A nt e i, por exemplo,produz equipamentos de defesa antiaérea para a proteção da península. A companhia aérea de baixo custo Dobrolet faz voos de Moscou para a capital da Crimeia, Simferopol, e o Banco Comercial Nacional da Rússia, que se tornou um grande player no mercado financeiro da península. O Japão, por sua vez, impôs sanções contra 40
© RIA NOVOSTI/ ALEKSEY NIKOLSKYI
Fim da brincadeira
Depois de sofrer sanções mais duras da UE e EUA, Rússia embargou produtos alimentícios como resposta. Importações deverão ser substituídas por países latino-americanos e asiáticos
pessoas e duas empresas responsáveis pela exploração e transporte de gás na península, a Chernomorneftegaz e a petrolífera Teodósia. As sanções provocaram perdas. A Dobrolet, por exemplo, teve que encerrar seu funcionamento depois da proibição de que empresas europeias fizessem voos combinados com
os da companhia. Todos os bens da Dobrolet na UE também serão congelados em breve. O Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento também se recusou a financiar novos projetos na Rússia. “Só em 2013, o banco investiu US$ 2,5 bilhões em projetos russos”, conta o analista
impacto. Três bancos russos foram incluídos na lista de sanções dos EUA: o Banco de Moscou, o VTB e Banco Russo da Agricultura.
de macroeconomia, Vassíli Ukhárski. Entre seus projetos mais recentes na Rússia estão o financiamento de equipamentos agrícolas John Deere, assim como a renovação de sistemas de energia e de abastecimento de água. Mas as sanções setoriais contra bancos e petrolíferas foram as que tiveram maior
Euro-obrigações Os empréstimos a pessoas jurídicas ligadas a esses bancos e às próprias instituições foram proibidos. Em seguida,
o Conselho da União Europeia aprovou medidas semelhantes contra os bancos Sberbank, VTB, Gazprombank, Banco para o Desenvolvimento e Assuntos Econômicos Exteriores e Banco Russo da Agricultura. A esses, foi proibida a venda de ações e obrigações na Europa. De acordo com a agên-
cia financeira Cbonds, no momento, o VTB dispõe de euro-obrigações denominadas em várias moedas que somam o equivalente a US$ 16 bilhões, o Banco Russo da Agricultura, US$ 8 bilhões, e o Banco de Moscou, US$ 1,5 bilhão. CONTINUA NA PÁGINA 3
Comércio bilateral Duas das maiores exibições russas de alimentos em setembro acontecem em boa hora para produtores brasileiros
Em exibições, Brasil tenta substituir fornecedores GIOVANNI LORENZON ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA
Com avisos públicos de que o Brasil substituirá boa parte dos fornecedores embargados em resposta às sanções impostas à Rússia devido à crise ucraniana, a World Food Moscow, que ocorre de 15 a 18 de setembro, e a United Coffee and Tee Industry Event, de 15 a 16 de setembro, servirão de vitrines para
potenciais players no cobiçado mercado do Leste Europeu. Do maior produtor mundial de carnes, JBS, ao microprodutor de café Camocim, cerca de 25 companhias estão arrumando as malas. Inicialmente, estavam previstas apenas as participações dos setores de carnes e café, por meio de suas entidades de classe. Mas diante dos interesses por frutas, legumes e mesmo laticínios, haverá maior diversidade no estande exclusivo do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).
“Os russos são exigentes nas questões sanitárias, portanto, temos que mostrar que estamos aptos a aumentar nossos volumes”, diz o diretor financeiro do frigorífico Frisa, Marcos Coutinho. A empresa do Espírito Santo exporta há cinco anos para a Rússia e, junto a outros produtores de carne bovina, em 2013 embarcou 303 mil toneladas ao país, o equivalente a US$ 1,2 bilhão. Com esse volume, os russos ficaram na segunda posição entre os maiores compradores do Brasil. A Frisa participou com US$ 80 milhões,
em um mercado dominado por grandes produtores. A empresa vai compartilhar o estande da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) com os frigoríficos Barra Mansa, Frigol, Cooperfrigu, Frialto e os já conhecidos por seu grande porte JBS, Marfrig e Minerva.
Em alta Produtores de suínos e de frangos têm as melhores expectativas, já que são os negócios em que o Brasil mais perdeu nos últimos anos. Os primeiros exportaram 134 mil
RUSLAN SUKHUSHIN
Empresas apresentarão seus produtos para mostrar que podem ajudar a suprir a Rússia com o embargo a americanos e europeus.
País aposta em carnes, laticínios e cafés ‘gourmet’ em feiras
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toneladas em 2013, pouco mais da metade dos anos anteriores, e os segundos caíram de 142 mil toneladas, em 2010, para 65 mil, no ano passado. O Frigorífico Pif Paf, de Minas Gerais, é um dos que apresentarão durante a feira seus produtos avícolas. “Íamos mesmo sem saber das novas possibilidades de exportação”, conta o gerente de marketing da empresa, Rogério Valério. Já na exibição United Coffee and Tee, os cafeicultores do brasileiros estão de olho na possibilidade de ampliação do boicote russo, que pode atingir os reexportadores europeus que entram no país com café torrefado. Um grupo de produtores ‘gourmets’ estará presente, com destaque para a Fazenda Camocim, que com apenas 28 hectares produz um arábica orgânico feito de grãos ingeridos e expelidos pelo pássaro jacu.
b r. r b t h .co m
E NÃO DEIXE DE CONFERIR NOSSA PRÓXIMA EDIÇÃO IMPRESSA EM 3 DE SETEMBRO
Opinião
RÚSSIA O melhor da Gazeta Russa http://br.rbth.com
A AMÉRICA LATINA COMO ALVO DE DISPUTA Ruslan Kostiuk
2014, o Exército russo e alguns governos latino-americanos de esquerda realizaram treinamentos conjuntos na costa do continente destinados a combater o tráfico internacional de drogas. Em março deste ano, o ministro da Defesa russo, Serguêi Choigu, declarou ainda que o Kremlin estava negociando a expansão de suas bases militares em países como Venezuela, Cuba e Nicarágua. Mas, além das parcerias militares, o país prevê um avanço político com Brasil, Argentina e outros governos mais moderados, já que todas as partes estão interessadas em ampliar suas relações internacionais. Assim, esperam-se acordos bilaterais com esses países para definir posições comu ns sobre questões políticas estratégicas de alcance global.
HISTORIADOR
s últimos acontecimentos na Ucrânia refletiram uma diversificação na política externa russa. O destaque está em suas relações com a América Latina. Durante a década de 2000, o Kremlin passou a expandir sua política externa nessa região. Com a crescente presença dos EUA e da Otan no Leste Europeu, não é de se estranhar que a Rússia busque expandir sua presença em áreas sob tradiciona l i n f luência de Washington. Na virada do século, a região experimentou uma guinada para a esquerda que tirou muitos países latino-americanos da esfera de influência dos EUA e incentivou a elaboração de políticas econômicas e de assuntos ex ter nos própr ios e independentes. Foram sobretudo os países do eixo bolivariano que optaram por uma parceria estratégica com a Rússia. Muitos dos governos de esquerda mais moderados dessa corrente, particularmente Brasil e Argentina, também dão apoio à ampliação da cooperação com a Rússia. Mesmo os países cujas economias são mais ligadas à dos EUA, como México e Chile, estão mostrando uma boa dose de independência ao promover seus interesses políticos. Teóricos sugerem que essas tendências na América Latina têm forçado Moscou a olhar com
TATYANA PERELYGINA
O
Posições perdidas?
De 2004 a 2012, comércio entre Rússia e América Latina saltou de US$ 5,8 bi para US$ 16,4 bi
Laços econômicos Entre 2004 e 2012, o comércio entre a Rússia e a América Latina triplicou, saltando de US$ 5,8 bilhões para US$ 16,4 bilhões. Hoje, os principais parceiros comerciais da Rússia na região são Brasil, México, Argentina e Equador. Os gastos russos na América Latina alcançaram os US$ 25 bilhões (contra os
O DISCURSO DA NOVA GUERRA FRIA NO ESPELHO tilo, clichês de propaganda e estereótipos da época da Guerra Fria. O pessimismo na retórica política possui a desagradável propriedade de se transformar em prática política. Hoje, vemos a cooperação russo-americana ser congelada, os contatos em diferentes níveis, interrompidos, e a edificação já frágil da interação bilateral entre a Rússia e os EUA, destruída. A própria ideia de que, em tempos de crise, é preciso minimizar a comunicação parece absurda. Pelo contrário, é impossível chegar a qualquer acordo sem diálogo. E o diálogo é necessário não só em nível presidencial
Ígor Ivanov EX-MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS DA RUSSIA
pós a Guerra Fria, as relações russo-americanas nunca despencaram a um nível tão baixo como o atual. A dramática situação na Ucrânia deveria ser um poderoso incentivo para uma reavaliação crítica da política europeia e mundial atual. Infelizmente, porém, isso não está acontecendo. Apesar de todo o pluralismo de opiniões sobre as causas, a dinâmica e as prováveis consequências da crise ucraniana, entre políticos e especialistas norte-americanos os debates estão focados em dois pontos: as sanções contra a Rússia e uma possível renúncia às relações com o país. O curioso é que o discurso que se estabeleceu na Rússia se parece com o norte-americano refletido em um espelho. Por um lado, tentamos nos convencer de que não tememos as sanções. Por outro, a imprensa nos diz que o mundo não se resume à América do Norte e que não perderemos tanto assim se a cooperação com os EUA for reduzida a um mínimo. Em meio a essa polêmica é muito fácil encontrar o es-
DAN POTOTSKY
A
EXPEDIENTE WWW.RBTH.RU E-MAIL: BR@RBTH.RU TEL.: +7 (495) 775 3114 FAX: +7 (495) 775 3114 ENDEREÇO DA SEDE: RUA PRAVDY, 24, BLOCO 4, 12º ANDAR, MOSCOU, RÚSSIA - 125993 EDITOR-CHEFE: EVGUÊNI ABOV; EDITOR-CHEFE EXECUTIVO: PÁVEL GOLUB; EDITOR: DMÍTRI GOLUB; SUBEDITOR: MARINA DARMAROS;
ou dos chanceleres, mas também entre funcionários dos escalões mais baixos de diver sos m i n istér ios e departamentos. É necessário o diálogo entre os parlamentares, entre os centros de análise independentes, os meios de comunicação em massa, as instituições da sociedade civil e do setor privado. Assim seria possível encontrar soluções práticas que chefes de governo e os ministros nem sempre são capazes durante suas curtas reu niões e ligações telefônicas. É claro que as relações econômicas entre nossos países não fazem grande dife-
É improvável que a guinada a Oeste dada pela Rússia sob o comando do presidente V lad ím ir P útin tenha passado despercebida por Washington. Referindo-se ao aumento do interesse de Moscou pela América Latina, o ex-representante dos EUA na OEA (Organização dos Estados Americanos), Roger Noriega, disse que “os russos estão entrando em países que foram abandonados pelos EUA”. Desde 2009, a administração democrata de Barack Obama tenta fazer todo o possível para reconquistar as posições perdidas na re-
A ameaça chinesa O principal rival dos EUA, em termos econômicos, é claramente a China. Nos últimos 15 anos, o país se tornou o maior parceiro comercial da América Latina. No primeiro semestre de 2014, o volume do comércio chinês com Brasil, Chile e Peru já ultrapassou os índices em relação aos EUA. Enquanto cobre, ferro e soja compõem mais de 50% das exportações latino-americanas para a China hoje, Pequim exporta produtos eletrônicos e automotivos para a América Latina. A atividade chinesa na região é tão ameaçadora para os EUA, quanto para a Rússia. E, ao mesmo tempo em que aposta na esfera econômica, a China estreita os laços na arena política. Embora seja improvável que a América Latina se converta em campo de batalha de uma nova Guerra Fria, é evidente que, sob a influência da crise na Ucrânia, a Rússia deve considerar aprofundar relações na região, como já tem feito com suas respostas às sanções ocidentais. Mesmo países que mantêm profundos laços políticos e econômicos com os EUA, como México, Peru e República Dominicana, não estão dispostos a sacrificar uma cooperação mutuamente benéfica com a Rússia. Resta aguardar para ver se os crescentes vínculos levarão a relações econômicas mais amplas e profundas que representem uma ameaça real para Washington.
US$ 17 bilhões do início do ano 2000), do qual mais de um terço foi destinado ao Brasil. Essas trocas comerciais correspondem a uma grande variedade de setores: alta tecnologia, metalurgia não ferrosa, biotecnologia, processamento de produtos agrícolas etc. Mas a maior parte do capital russo continua fluindo para o setor de energia, e grandes empresas estatais como a Gazprom, a Lukoil e a Rusal continuam ganhando impulso no continente latino-americano.
Esse volume deve continuar a crescer. Além disso, grande parte dos países sul-americanos esperam fechar novos contratos com a Rússia no setor de energia.
rença para nenhum deles. É óbvio que a falta de interação estratégica entre o Kremlin e a Casa Branca não levará automaticamente à guerra nuclear. E, há muito tempo, todos entenderam que no mundo policêntrico de hoje o eixo “Moscou-Washington” já não desempenha o papel central que teve na segunda metade do século passado. Apesar disso, o congelamento da cooperação russo-americana deverá dificultar significativamente a solução de u ma g rande quantidade de problemas internacionais. Isso se aplica a crises regionais, à não proliferação nuclear, à luta contra o terrorismo internacional, ao combate ao tráfico de drogas, à exploração do espaço e à cooperação internacional no Ártico. Apesar de toda a gravidade da crise na Ucrânia, a agenda da política mundial não se esgota, de forma alguma, unicamente nela. E seria, no mínimo, imprudente colocar todo o espectro das relações bilaterais russo-americano na dependência direta de um único evento da vida internacional. Qualquer crise é um teste. Será que haverá suficiente sabedoria de todos os envolvidos para não “destruir pontes”, não ceder a emoções imediatistas, enxergar as perspectivas de longo prazo por trás das vitórias e derrotas táticas? Gostaria muito de acreditar que a Rússia e os EUA vão passar por esse teste com perdas mínimas, tanto para si, quanto para o resto do mundo.
UMA RESOLUÇÃO PARA O CONFLITO PALESTINOISRAELENSE
Ígor Ivanov é ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa.
EDITOR-ASSISTENTE: ALEKSANDRA GURIANOVA; REVISOR: PAULO PALADINO DIRETOR DE ARTE: ANDRÊI CHIMÁRSKI; EDITOR DE FOTO: ANDRÊI ZÁITSEV; CHEFE DA SEÇÃO DE PRÉ-IMPRESSÃO: MILLA DOMOGÁTSKAIA; PAGINADOR: MARIA OSCHÉPKOVA PARA A PUBLICAÇÃO DE MATERIAL PUBLICITÁRIO NO SUPLEMENTO, CONTATE JÚLIA GOLIKOVA, DIRETORA DA SEÇÃO PUBLICITÁRIA: GOLIKOVA@RG.RU © COPYRIGHT 2014 – FSFI ROSSIYSKAYA GAZETA. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Setor militar e político Moscou e América Latina também expandiram suas relações nos âmbitos militar e político. Ao longo dos últimos 12 anos, as exportações de armas russas para a América Latina chegaram aos US$ 14 bilhões, sendo a Venezuela responsável por 80% desse montante. Além disso, em abril de
Ruslan Kostiuk é doutor em Ciências Históricas e professor da Universidade Estatal de São Petersburgo.
Vladímir Evseiev Analista político
s eventos em Gaza se desenrolam no pior cenário possível. As partes envolvidas no conflito são incapazes de chegar a um acordo, com diversas tréguas tendo sido suspensas. Do lançamento da operação “Limite Protetor” até o início de agosto, cerca de 1.500 palestinos morreram em Gaza; a maior parte, civis. As baixas israelenses, segundo diferentes estimativas, variam entre 63 e 100 pessoas, sobretudo militares. Apesar disso, 80% da população judia de Israel apoia a operação. Seus objetivos seriam destruir os túneis que o Hamas usa para entrar em Israel, eliminar os arsenais de armas e prender o maior número possível de membros do Hamas e de outras facções palestinas. Em 23 de julho, uma reunião de emergência no Conselho de Direitos Humanos da ONU resultou em uma comissão para investigar as ações de Israel em Gaza. Dos 47 países-membros, 29 aprovaram sua criação. Os Estados Unidos foram os únicos que votaram contra, e os 17 representantes da Europa se abstiveram. Moscou considera inúteis as atuais negociações e crê na ne-
O
KONSTANTIN MALER
Com a crise na Ucrânia , Rússia deve considerar aprofundar relações na região
novos olhos as perspectivas de cooperação na região, praticamente descartada pelo Kremlin na década de 1990.
gião e impedir que certos países da área ingressem na órbita russa ou chinesa. Do ponto de vista de Washington, a instalação de bases militares russas na América Latina é uma possibilidade inaceitável.
cessidade de criar condições para reestabelecer o processo de diálogo. A principal razão para que isso não aconteça é o fato de os Estados Unidos terem inviabilizado no Oriente Médio a atuação do Quarteto, formado em 2002 e integrado por Rússia, UE, Estados Unidos e ONU. Mas é extremamente difícil alcançar esses objetivos. Isso porque, apesar das recentes críticas, os EUA, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes continuam apoiando de forma escusa os esforços de Israel para destruir o Hamas e a Jihad Islâmica. Além disso, a próxima reunião do Quarteto acontecerá em setembro à sombra da Assembleia Geral da ONU. Em terceiro lugar, o grupo tem pouca experiência conjunta, e ainda falta o apoio público necessário para interromper o conflito armado. É evidente que, sozinha, a
PRESIDENTE DO CONSELHO: ALEKSANDR GORBENKO (ROSSIYSKAYA GAZETA); DIRETOR-GERAL: PÁVEL NEGÓITSA; EDITOR-CHEFE: VLADISLAV FRÓNIN É EXPRESSAMENTE PROIBIDA A REPRODUÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO OU RETRANSMISSÃO DE QUALQUER PARTE DO CONTEÚDO DESTA PUBLICAÇÃO SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO ESCRITA DA ROSSIYSKAYA GAZETA. PARA OBTER AUTORIZAÇÃO DE CÓPIA OU REIMPRESSÃO DE QUALQUER ARTIGO OU FOTO, FAVOR SOLICITAR PELO TELEFONE +7 (495) 775 3114 OU E-MAIL BR@RBTH.RU
Rússia não pode resolver o problema palestino. Assim como nenhum outro país pode, incluindo os Estados Unidos. Somente por meio de esforços conjuntos pode-se tentar encontrar uma saída para a atual situação. No entanto, Moscou também compreende que o fim do conflito armado não trará uma solução definitiva ao problema. Para solucioná-lo, serão necessárias mudanças positivas no desenvolvimento socioeconômico dos territórios palestinos. É por isso que a Rússia propõe a criação de um grupo de contato composto por representantes da sociedade civil que faça as reivindicações necessárias. Enquanto isso, a escalada da violência na Faixa de Gaza continua. Vladímir Evseiev é diretor do Centro de Estudos Sócio-Políticos.
ESCREVA PARA A REDAÇÃO DA GAZETA RUSSA EM PORTUGUÊS: BR@RBTH.RU
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Economia e Negócios
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Crise ucraniana gera batalhas econômicas Além disso, as empresas europeias também estão proibidas de transferir para os russos equipamentos petrolíferos para grandes profundidades, o que dificulta a produção de hidrocarbonetos na plataforma ártica. A venda de instrumentos de perfuração, torres móveis, bombas de óleo, assim como plataformas flutuantes de perfuração.
Impacto de longo prazo De acordo com a consultoria financeira Morgan Stanley, as sanções podem influir não só nas empresas listadas, mas também em todos os players ligados a esses setores da economia. Um estudo do Deutsche Bank mostra ainda que, no curto prazo, as empresas financeiras e os produtores de gás russos serão as que mais sofrerão os efeitos das sanções, o que aumentará a fuga de capital e o custo de empréstimos para empresas russas. “As atuais sanções contra a Rússia são uma forma da guerra econômica, e todas as partes terão perdas”, afirma o sócio-diretor da consu ltor ia F i n Ex pe r ti za, Aghvan Mikaelian. Para a consultoria Oxford Economics, as sanções afetarão tanto a economia russa, como a global. Em particular, os analistas argumentam que, no caso de sanções mais severas contra a Rússia, que possivelmente incluirão o embargo ao transporte de petróleo e gás, os preços do pe-
tróleo poderão saltar para mais de US$ 200/barril. Nesse cenário, o PIB da Europa poderá cair 3,5% até o início de 2015; o dos Estados Unidos, 3%; o do Japão, 2,4%; e o da Rússia, 10%. Para efeito de comparação, durante a crise financeira global em 2009, o PIB russo caiu 7,8%.
Embargo anunciado por Moscou deve gerar prejuízo de 12 bi de euros à União Europeia Substiutição das importações deverá gerar aumento de 5 a 10% nos preços, devido a transporte A Rússia anunciou um embargo a produtos alimentícios da União Europeia, Est ados Un idos, C a nadá, Nor uega e Austrália. O Japão, apesar de ter aderido às sanções, não foi incluído na lista. Entre os produtos atingidos estão a carne bovina e suína, aves e produtos derivados, embutidos e linguiças, leite e demais produtos lácteos, incluindo queijos, assim como peixe, legumes, tubérculos, frutas e nozes.
Indo às compras Para contornar a falta de produtos básicos, a Rússia negocia com países latino-americanos e asiáticos a substituição dessas impor-
tações, mas ainda há receio de que os preços disparem devido à medida. As medidas de resposta da Rússia devem afetar sobretudo a UE, a principal exportadora de alimento para o país. De acordo com o Instituto de Estudos Estratégicos Integrados, 31,5% da carne consumida na Rússia provém da Europa, assim como 42,6% dos laticínios e 32% das verduras. “Para a UE o prejuízo pode chegar a 12 bilhões de euros, já que vendemos à Rússia cerca de 10% do que produzimos”, estima o representante da União Europeia em Moscou, Vygaudas Usackas.
No que poderão resultar sanções adicionais* à Rússia? *PREVISÃO INCLUI EMBARGOS AO FORNECIMENTO DE PETRÓLEO E GÁS
Quem sai perdendo? A Rússia também é fortemente dependente dessas importações. De acordo com o serviço de alfandegário, as importações de alimentos na Rússia atingiram os US$ 43,1 bilhões em 2013. Segundo o Instituto de Estudos Estratégicos Integrados, o país compra do exterior 70% de todas as frutas e cerca de 50% do leite em pó e queijo que consome. Já as importações dos Estados Unidos, Canadá e Austrália, em geral de carnes, peixes, verduras e tubérculos, corresponde a uma pequena parcela das compras russas. Mas o impacto negativo também deverá ser sentido do lado russo. Somente a Organização Mundial do Comércio poderá cancelar as restrições, e a Rússia deverá cumprir as decisões de arbitragem da en-
NATALIA MIKHAYLENKO
CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1
tidade. Até lá, porém, haverá tempo para a substituição das importações. Os principais candidatos para fazê-lo são fornecedores asiáticos e latino-americanos. Para tanto, o chefe do Serviço de Vigilância Fitos-
sanitária da Rússia teve conversações com diplomatas de diversos países a respeito da ampliação de importações desses. Além disso, durante visita do presidente egípcio à Rússia, na semana passada, também se falou de um
aumento de 30% das importações desse país. “As prateleiras russas certemente não ficarão vazias. O único problema será o aumento dos custos de transporte, que serão incorporados ao preço f i na l das
mercadorias”, acredita o o chefe do departamento de Economia Regional e Geografia Econômica da Escola Superior de Economia, Aleksei Skopin Skopin. Segundo ele, o aumento dos preços deve ficar entre 5 e 10%.
Ferrovias Com contratos no Irã, Vietnã e Coreia do Norte, entre outros, empresa estatal prospecta Brasil, Emirados Árabes e Grécia
Expansão internacional da RZhD mira Brasil Companhia quer ampliar portifólio, mas céticos relembram contrato quebrado pela Argélia devido à instabilidade no país. ALEKSÊI LOSSAN GAZETA RUSSA
A companhia estatal Ferrovias Russas (RZhD, na sigla em russo) irá participar de uma licitação pública para a construção de infraestrutura ferroviária no Brasil. Não é o primeiro projeto da RZhD no exterior: a empresa está comprando portos na Grécia e colocando trilhos na Sérvia e na China, entre outros. “A intenção da Rússia de participar de projetos ferroviários no Brasil está tendo uma recepção muito
boa por parte daquele país”, diz o professor da Academia Presidencial Russa de Economia Nacional, Vladislav Guinko. A construção deverá ser feita com base em concessões: 70% dos investimentos virão de recursos públicos e 30% das concessionárias. A RZhD planeja abrir um escritório no Brasil para, posteriormente, tornar-se operadora da ferrovia.
Mundo afora A RZhD poderá também participar de projetos ferroviários no Irã e já fechou um acordo para desenvolver o conceito estrutural de uma estrada de ferro de 180 km no Vietnã, conta Guinko. A Coreia do Norte é outro
país onde a RZhD poderá desenvolver um projeto de investimento, além dos Emirados Árabes. Em 2016 uma ferrovia erá construída para ligar a capital dos Emirados, Abu Dhabi, ao emirado de Dubai. Além disso, a empresa também apresentou um pedido de participação na licitação pública para a privatização das estradas de ferro gregas e do porto grego de Tessalônica, criando corredores de trânsito entre a União Europeia e a Ásia.
Interesse posto à prova Segundo a assessoria de imprensa da RZhD, diversos países já manifestaram interesse por uma parceira com a empresa. “São países
NÚMEROS
1,3
bilhão de passageiros viajam com a RZhD anualmente
810
milhões de euros é o valor do contrato que a russa RZhD perdeu com a Argélia ALAMY/LEGION MEDIA
como Vietnã, Equador, Brasil, Omã, Etiópia, Índia e Indonésia que já demonstraram interesse em desenvolver projetos de cooperação na construção de estradas de ferro em conjunto com nossa empresa.” No entanto, alguns especialistas são céticos quanto à expansão internacional da companhia estatal de estradas de ferro. “Este não é o primeiro ano em que a Ferrovias Russas tenta fazer uma expansão internacional e realizar grandes projetos no exterior. A maior parte das tentativas, porém, ainda não foi bem-sucedi-
Monopólio está entre maiores do mundo no setor A companhia estatal Ferrovias Russas (RZhD) é uma das maiores companhias ferroviárias do mundo, com 1,2 milhões de funcionários. É ela quem detém o monopólio ferroviário dentro da Rússia. A malha ferroviária usada pe-
la RZhD tem extensão total de 85,5 mil quilômetros, e é uma das maiores do mundo. Responsável por 3,6% do PIB russo, a companhia detém o controle de 80% do transporte de passageiros e 82% do transporte de cargas no país.
Aproximadamente 1,3 bilhão de passageiros e 1,3 bilhão de toneladas de cargas viajam com a RZhD anualmente. A empresa possui cerca de 20 mil locomotivas, 25 mil vagões de passageiros e 650 mil vagões de cargas.
da”, afirma o analista de mac r o e c o n o m i a Va s s í l i Ukhárski. Segundo ele, em 2008, a empresa ferroviária perdeu um contrato na Arábia Sau-
dita. Depois, um projeto foi congelado na Líbia devido à instabilidade no país. Já em 2011, a Comissão Estatal de Negociação da Argélia anulou os resultados do
concurso que a RZhD havia vencido para o projeto de melhoria do transporte de trens suburbanos da cidade de Argel, no valor de 810 milhões de euros.
Em Foco
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História Cientista criou maior coleção de sementes do mundo
Em meio à fartura, morreu de fome Em 1942, quando os nazistas cercaram Leningrado, um grupo morreu para salvar a maior coleção de sementes do mundo. RAKESH KRISHNAN SIMHA GAZETA RUSSA
Quando os nazistas entraram na antiga Leningrado, hoje rebatizada São Petersburgo, os cientistas e os funcionários do Instituto da Indústria das Plantas construíram barricadas e se trancaram dentro do instituto. Eles não estavam tentando salvar suas vidas, mas o futuro da humanidade, e tinham a difícil tarefa de proteger a maior coleção de sementes do mundo, tanto de famintos cidadãos soviéticos, como do exército invasor. Durante os 900 dias que durou o cerco à cidade, esses heróis, um a um, começaram a morrer de inanição. E nenhum deles sequer tocou nas sementes que defendia. Como uma ironia do destino, o geneticista e geógrafo russo que criou essa coleção de sementes, Nikolai Vavilov, acabou morrendo de inanição em uma prisão soviética em Saratov.
Semeando o futuro Vavilov visitou os cinco continentes para estudar os ecossistemas globais de aliment o s . T a m b é m r e a l i z ou experimentos genéticos para aumentar a produção das culturas. Mesmo quando a Rús-
sia estava dividida entre revoluções, anarquia e fome, Vavilov armazenou sementes no Instituto da Indústria das Plantas. Ele sonhava com um futuro utópico em que as novas práticas agrícolas e a ciência poderiam criar superplantas em quaisquer condições e acabar com a fome em todo o mundo. “Ele foi um dos primeiros cientistas que realmente escutou os camponeses e tentou entender por que eles acreditavam que a diversidade de sementes era importante para seus campos”, explica o etnobiólogo Gary Paul Nabhan.
Bode expiatório de Stálin Vavilov defendia as teorias de Mendel, que afirmavam que os genes passavam inalterados de geração em geração. Assim, ele se tornou o principal adversário do ucraniano Trofim Lissenko, o cientista favorito de Stálin. Lissenko rejeitou a genética mendeliana e desenvolveu um movimento pseudocientífico chamado Lissenkismo. Suas teorias sobre melhorias nas culturas de cereais ganharam o apoio de Stálin no início dos anos 1930. A influência de Lissenko sobre Stálin chegou a tal ponto que em 1948 tornou-se proibido por lei negar suas teorias sobre a herança genética adqu i r ida do ambiente.
EXPERIMENTARIUM Futuros cientistas certamente irão adorar o Experimentarium, que permite que crianças a partir de sete anos não apenas observem os objetos expostos, mas também participem de experiências de verdade. Em uma área de 2 mil metros quadrados é possível ver mais de 200 objetos curiosos em exposição, como a maquete de um olho humano. O museu dará a seu filho noções básicas de anatomia, mecânica, ótica, acústica e eletromagnetismo. Endereço: Ulitsa Butírskaia, 46/2, Tel.: +7 (495) 989-73-94. Aberto de segunda a sexta, das 9h30 às 19h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 20h. Para informações sobre os preços dos ingressos, acesse o site ou entre em contato por telefone.
Assim, com a queda na produtividade causada pela coletivização stalinista de fazendas privadas, o ditador escolheu Vavilov como bode expiatório. Para Stálin, Vavilov tinha sido responsável pela escassez porque seus procedimentos para selecionar os melhores exemplares de cada planta levaram muitos anos. Vavilov foi detido pelos serviços secretos. Em meio ao caos da Segunda Guerra Mundial, ninguém sabia onde ele estava. O escritor Geoff Hall descreve como foi seu julgamento no livro “Lendo Nikolai Vavilov” : “Antes do julgamento público, a polícia de Stálin, em busca de uma confissão, realizou 1.700 horas de interrogatórios brutais em 400 sessõ e s. A l g u m a s s e s sõ e s duravam 13 horas e eram dirigidas por um oficial conhecido por seu s mét o do s extremos.” Antes da detenção, Vavilov se recusou a negar suas convicções. “Depois de 18 meses ingerindo repolho congelado e farinha mofada, ele morreu de inanição”, diz Nabhan. “O homem que nos ensinou tudo sobre de onde vêm nossos alimentos e que trabalhou durante 50 anos para acabar com a fome no mundo morreu de inanição no gulag soviético.” Em 1943, quando os nazistas ainda estavam em Lenin-
Vavilov sonhava com um futuro utópico em que as novas práticas agrícolas e a ciência poderiam criar superplantas
O ucraniano Trofim Lissenko (esq.) era o cientista favorito de Stálin (dir.)
Mesmo antes de ser detido, Vavilov se recusou a negar suas convicções
grado, os cientistas que trabal haram com Vav i lov, refugiados nos porões secretos do instituto, morreram de inanição guardando seu tesouro de mais de 370 mil sementes.
O legado de Vavilov Após 25 anos com as teorias de Lissenko dominando a biologia soviética, a maior parte das sementes de Vavilov se tornaram inutilizáveis. Vavilov realizou 115 expe-
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MUSEU DOS MINERAIS As crianças mais curiosas irão delirar com o Museu dos Minerais de Fersman. Lá, crianças a partir dos três anos de idade podem tocar em pedras de consistência mole. Há também ali uma exposição de pedaços de meteoritos. O mais antigo deles chegou à coleção da Academia de Ciências em 1749. A atração principal do museu são minerais de todas as formas, cores e tamanhos: um quartzo parecido com um ouriço-do-mar; calcantitas cobertas por um orvalho cor de safira; a exuberante natrolita e a elbaíte violeta etc. Endereço: Lêninski Prospekt, 18, k. 2, Tel.: +7 (495) 954 39 00, 954 18 59. Aberto diariamente das 11h às 17h, exceto às segundas, terças e na última quinta-feira do mês. Preço do ingresso: Adultos R$ 7, crianças R$ 3,5 (às quartas-feiras, a entrada é gratuita).
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MUSEU PALEONTOLÓGICO Os amantes dos dinossauros devem seguir direto para o Museu Paleontológico, com seus esqueletos de animais extintos há milhões de anos, plesiossauros de olhos tristes e mamutes gigantes. É indicado para crianças a partir dos quatro anos de idade. Endereço: Ulitsa Profsoiúznaia, 123. Tel.: +7 (495) 339 15 00, 339 45 44. Aberto diariamente das 11h às 18h, exceto às segundas e terças-feiras. A entrada é permitida apenas até as 17h15. Preço do ingresso: adultos R$ 12, estudantes, R$ 5. Crianças até os 6 anos não pagam.
dições em 64 países, entre eles Afeganistão, Irã, Taiwan, Coreia, Espanha, Argélia, Palestina, Eritreia, Bolívia, Peru, Brasil, México e EUA, para coletar sementes de diferentes cereais e seus ancestrais selvagens. Com base em suas observações, biólogos modernos podem documentar as mudanças na paisagem geográfica e cultural e os padrões de cultivo de cereais nessas áreas. “Vavilov fez um trabalho científico que ainda pode ser usado para avaliar as correlações entre o clima e culturas, ele descreveu padrões ge-
ográficos em diversidade das culturas”, explica o pesquisador Rafael J. Routson, do Departamento de Geografia e Desenvolvimento Regional da Un iver sidade do Arizona. “Durante sua vida relativamente curta, Vavilov realizou uma quantidade surpreendente de trabalhos: viajou para praticamente todos os países do mundo, formulou postulados muito importantes na genética, escreveu mais de dez livros e realizou a gigantesca tarefa de organizar um sistema de instituições agrícolas da União Soviética”, escreve o geneticista Iliá Zakharov em 2005 no “Journal of Bioscience”. Se esse grande cientista não tivesse morrido tão cedo, a União Soviética jamais teria sofrido com más colheitas. Mas as ineficiências crônicas da agricultura nacional desempenharam um papel extremamente importante durante a guerra no Afeganistão e, enfim, na queda de todo o sistema soviético. br.rbth.com/26075
MUSEU DA COSMONÁUTICA Se seus filhos sonham com viagens espaciais, então eles irão se deliciar com o Museu Memorial da Cosmonáutica. Recomendado para crianças a partir dos quatro anos de idade, o museu tem um Centro de Controle de Voos de verdade, com uma enorme tela mostrando em tempo real onde se encontra a Estação Espacial Internacional e como os astronautas e cosmonautas vivem ali. Um simulador de voo espacial verdadeira também pode ser testado. Além disso, pode-se entrar na estação espacial Mir, andar por entre dezenas de roupas espaciais, recipientes para cultivo de plantas no espaço e cadeiras para se catapultar em voo. Endereço: Prospekt Mira, 111. Tel.: +7 (495) 683 79 14; Aberto de quarta a domingo, das 11h às 19h. Preço do ingresso: R$ 12.
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MUSEU DE DARWIN Os visitantes do Museu de Darwin podem ver dinossauros animados, calcular seu peso em unidades de ratos, ursos e elefantes, assistir a filmes em telas gigantes e apreciar o fascinante espetáculo multimídia Living Planet. O museu recriou também o mundo subaquático, que o visitante pode ver sob seus pés no piso de vidro. Além disso, pode-se ver ali a cabine do navio no qual Charles Darwin viajou pelo mundo e toda a evolução dos animais desde a pré-história até nossos dias. O museu também possui uma enorme coleção de animais empalhados: só de aves, há 718. É o local ideal para aqueles que se interessam por biologia. Endereço: Ulitsa Vavílova, 57. Tel.: +7 (499) 7832253. Aberto diariamente das 10h às 18h, exceto às segundas-feiras e na última sexta-feira do mês. Preço do ingresso: Adultos R$ 28, estudantes R$ 7. Grátis para crianças menores de 6 anos.
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