Nova edição do Rússia

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Brasileiro luta na Ucrânia

FOTO DO ARQUIVO PESSOAL

Ex-policial e símbolo dos protestos de SP, Rafael Lusvarghi fala de Lugansk à Gazeta Russa P.2

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Este suplemento é elaborado e publicado pelo jornal Rossiyskaya Gazeta (Rússia) sem a participação da redação da Folha de S.Paulo. Concluído em 24 de outubro de 2014. Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), La Nacion (Argentina) e outros.

Epidemia País tem laboratório móvel instalado na Guiné e especialistas em hospital de Conakry

TV aberta Noticiário sem intermediação

A batalha dos cientistas russos contra o ebola

Russia Today inicia transmissão na Argentina

Taxa de mortalidade do vírus caiu de 90%, em 1976, para 60%, mas ainda é assustadora

Programação de estreia na TV aberta do país contou com teleconferência entre presidentes Vladímir Pútin e Cristina Kirchner.

PHOTOSHOT/VOSTOCK-PHOTO

Além do apoio enviado à África Ocidental, Rússia já testa vacina que poderá ser usada em breve, segundo informação oficial do país. GLEB FIÓDOROV GAZETA RUSSA

Uma vacina experimental contra a febre hemorrágica causada pelo vírus ebola está na última fase de testes em animais, e em breve estará pronta para uso em humanos,

segundo a chefe do Serviço Federal de Defesa dos Direitos do Consumidor e do Bem-Estar Humano da Rússia (Rospotrebnodzor), Anna Popova. “Temos motivos para acreditar que a vacina poderá ser usada na prevenção do ebola em breve”, disse Popova à Gazeta Russa. Além disso, uma equipe de epidemiologistas e virologistas russos está trabalhando em um laboratório móvel,

construído pela fabricante de automóveis Kamaz, instalado em um dos três países mais afetados pelo vírus, a Guiné. Os especialistas também atuam no hospital Donka, na capital guineense Conakry, em parceria com a OMS (Organização Mundial de Saúde) e a organização Médicos Sem Fronteiras.

Reduzindo a mortalidade De acordo com dados divul-

Mikhail Schelkanov, especialista do Instituto de Pesquisa Científica de Virologia Ivânovski, afirma que a vacina desenvolvida pelos russos, mesmo sendo experimental, pode ajudar a combater o vírus – embora o mais importante seja determinar o tratamento adequado. Schelkanov integrou o primeiro grupo de virologistas

gados pela OMS em 18 de setembro, 5.347 pessoas contraíram o vírus ebola e 2.618 morreram em decorrência da doença na África Ocidental. A taxa de mortalidade do ebola chega hoje a 60%, um índice menor do que as epidemias anteriores, que atingiam os 90%. Os números, porém, ainda são assustadores, e este é o maior surto de ebola desde a descoberta do vírus, em 1976.

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No último dia 9 de outubro, iniciaram-se as transmissões da versão em espanhol do canal estatal Russia Today na TV aberta argentina. Assim, a área de transmissão do canal passou a cobrir praticamente todo o país. Seg undo o presidente russo, Vladímir Pútin, o objetivo do novo canal é “permitir que a população local descubra mais sobre a Rússia, o que é muito importante nas condições das impiedosas g uer ras da informação”. Ele acrescentou que, apesar da distância, “os países estão politicamente próximos e, agora, v ão s e e nt e nde r a i nd a melhor”. “Transmitiremos o canal russo para trocar informações entre os dois países sem a interferência dos grandes meios de comunicação internacionais, que, normalmente, transmitem as notícias entre aspas, em prol de seus próprios interesses”, acrescentou Kirchner.

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VESTI.RU

Primeira vez O canal RT já é transmitido na Europa e em outros países da América Latina desde 2009. A novidade na Argentina é que se trata da primeira vez que o canal foi incluído em uma rede de televisão estatal aberta - a qual, antes, transmitia apenas canais nacionais. A transmissão do canal no país foi acordada entre os dois presidentes durante visita de Pútin à Argentina em julho passado. Então, eles falaram da semelhança de

Pútin e Kirchner acordaram transmissões ainda em julho

suas posições quanto a questões internacionais, como a importância de um mundo multipolar e rejeição da política de padrões duplos. “Estamos unidos não apenas por 130 anos de relações diplomáticas, mas pela confluência de muitos interesses”, disse Pútin quando da inauguração do canal. “Seja na Rússia ou no resto do mundo, todos podem ver como vocês lutam pelos interesses de seu próprio país. É um exemplo para muitos.”

Estreitando laços Recentemente, a Argentina manifestou apoio à reintegração da Crimeia à Rússia, enquanto Moscou se mostrou a favor de negociações entre Buenos Aires e Londres em torno da disputa das ilhas Malvinas. Mas a cooperação bilateral não para por aí. Com a saída dos forncedores europeus após as sanções ocidentais e os embargos de resposta russos, a carne, assim como outros produtos argentinos, têm mostrado potencial para preencher esses nichos de me rcado. Na contramão, o país, como o Brasil, já é um grande importador de fertilizantes agrícolas da Rússia.

Entorpecente Após mortes, país estuda mudanças na legislação para proibir com mais agilidade substâncias usadas em narcótico

O caminho sem volta da nova droga ‘spice’ No último mês, mais de 25 pessoas morreram e 700 foram hospitalizadas intoxicadas com o alucinógeno. OLEG EGOROV, MARINA DARMAROS GAZETA RUSSA

Bachkortostão e Khanti-Manti. O chefe do serviço de controle de narcóticos da última informou, em coletiva à imprensa, que 200 pessoas foram hospitalizadas intoxicadas pela droga ali, resultando em 8 mortes.

Autoridades em alerta GETTY IMAGES/FOTOBANK

Também conhecida como “maconha sintética”, a droga spice ganhou as manchetes russas nas últimas semanas após o país registrar mais de 25 mortes e 700 pessoas intoxicadas em decorrência de seus efeitos em apenas um mês.

A primeira vítima fatal foi confirmada em meados de setembro. Mas o número real de mortos pelo uso da mistura sintética, também conhecida como MDMB, pode ser ainda maior, já que muitos usuários temem buscar ajuda diante dos sintomas adversos - e têm a causa de morte indicada como “inssuficiência cardiovascular”. Entre as principais regiões afetadas pelos efeitos negativos do narcótico, segundo as estimativas oficiais, estão unidades federativas ricas em petróleo, como o

Barata, droga é vendida pela internet e escondida por cidades

Os números alarmaram a sociedade e as autoridades do país. Às pressas, a droga se tornou pauta principal em assembleias dos mais diversos níveis políticos. Em reunião do Comitê Estatal de Combate a Drogas

realizada na capital, o diretor do Serviço Federal de Controle de Circulação de Drogas, Víktor Ivanov, ressaltou a necessidade de introduzir mudanças na legislação para proibir com maior agilidade a comercialização de substâncias nocivas à saúde. “Os trafica ntes agem muito mais rápido que as autoridades russas”, disse Ivanov, referindo-se à constante mudança na composição da droga, que tem por objetivo evitar sua proibição defi nitiva.

Mas a ministra da Saúde, Verônica Skvortsova, acredita ser muito difícil impedir a ação dos fabricantes da droga, apesar da proibição iminente das substâncias usadas no spice. “Até substâncias domésticas podem ser potenciais spices se forem usadas de maneira incorreta”, disse Skvortsova à imprensa. A declaração da ministra remete imediatamente ao crocodil, um tipo de desomorfi na - derivado da morCONTINUA NA PÁGINA 2

Leia as notícias mais fresquinhas no site: g a ze t a r u s s a .co m . b r E N ÃO D E I X E D E CO N F E R I R N O SSA P R ÓX I M A E D I Ç ÃO I M P R E SSA E M 1 2 D E N OV E M B R O


Política e Sociedade

RÚSSIA O melhor da Gazeta Russa http://gazetarussa.com.br

ENTREVISTA RAFAEL LUSVARGHI

“Brasileiros estão a caminho” Porém, continuando meus estudos por conta própria, hoje tudo isso está pra trás e, definitivamente, literalmente, luto pela Quarta Teoria Política de Dúguin.

SÍMBOLO DOS PROTESTOS EM SÃO PAULO, RAFAEL LUSVARGHI, 29, FALA SOBRE EXPERIÊNCIA ENTRE SEPARATISTAS NA UCRÂNIA GAZETA RUSSA

Ex-policial, Rafael Lusvarghi, 29 anos, virou símbolo dos protestos em São Paulo ao ser fotografado de peito aberto levando balas de borracha sem se esquivar. Foi preso, em junho, suspeito de depredação, e indiciado. Mas resolveu deixar tudo para trás e partir para o leste ucraniano, a região pró-Rússia conhecida como “Novorôssia”, onde engrossa as fileiras de combatentes pró-Rússia desde 20 de setembro. Sua experiência anterior, que inclui períodos na Legião Estrangeira da França, nas Farc colombianas e até estudo superior no sul da Rússia, o levaram a ser o primeiro brasileiro admitido pelos separatistas. Ele falou sobre a experiência diretamente de Lugansk à Gazeta Russa: Rafael, como foram as negociações para que você se unisse aos separatistas? Cheguei em Lugansk no dia 20 [de setembro], e não ouve “negociação”. Através de amigos mais envolvidos em política que eu, e meus amigos da juventude euroasiática, soube do recrutamento, e sendo sempre pró-russófilos, seguidor da quarta teoria política de Aleksandr Dúguin, e contra o imperialismo atlantista ocidental, decidi vir defender o povo de Novorôssia. Acertei minha vinda ainda em junho, para o dia 28. Mas, por contratempos no Brasil, só pude me apresentar para servir dia 20 de setembro. Você disse que estava esperando conversar com Dúguin para acertar sua ida. Que papel ele tem no leste ucraniano? Dúguin tem um grande papel

como filósofo político e nos dá suporte direto dessa forma, além de exercer pressão política para que o povo de Donbass receba ajuda humanitária. Por essas tarefas, ele tem contatos que me ajudaram a saber mais sobre a situação e como atingir meus objetivos. Ele te deu contatos de combatentes? De líderes guerrilheiros? Não. Ele me deu contatos políticos. Ele não tem contato com as Forças Armadas daqui. Mas, como a maioria de nós em Novorôssia é grande admiradora do trabalho de Dúguin e de sua preocupação com os civis daqui, facilitou muito encontrar contatos após ter conversado com ele. Quais outros estrangeiros há por aí? Há mais alguém da América Latina? Há mais estrangeiros, sim. Há franceses, sérvios, espanhóis, noruegueses, italianos, brasileiros e um colombiano.

Quantos brasileiros são? De onde vêm? Sou só eu por hora, mas já tenho confirmação de que alguns estão a caminho. Por ora é só o que sei, já que não trato da área de recrutamento... Eles tiveram sua ajuda para ingressar? No sentido de passar algumas dicas e informações, como o que trazer, quanto gastei... Enfim, compartilhei minha experiência. Mas quem organizou documentação, onde encontrar, o que fazer, foi a “Unité Continentale” e a Frente Brasileira de Solidariedade com a Ucrânia. Quanto gastou para entrar nessa jogada? Está ganhando alguma coisa? Não, não tem nenhum tipo de

retorno ou ganho financeiro aqui. Foi meu irmão mais novo, Fernando Marques Lusvarghi, que custeou meus gastos. Foram 1.100 dólares de passagem, mais 200 que ele me deu para eu me virar até chegar ao batalhão. Somos voluntários no sentido mais real da palavra. Só recebemos alimentação, fardamento e equipamento. E há alguma ação ocorrendo no momento? Porque, afinal, você chegou logo após um cessar-fogo... No momento, com a minha unidade não há. Estamos encarregados do treinamento dos recém-chegados que não têm experiência militar, bem como cuidando do entrosamento entre as diferentes técnicas. Aqui só acontece de a artilharia ucraniana disparar contra nós. Mas os disparos têm caído longe, a 20 km daqui. Às vezes mais longe, às vezes mais perto. Porém, em outras partes do front, a ação tem corrido de forma brutal. Por exemplo, no aeroporto de Donetsk, que as forças de Novorôssia capturaram [em 2 de outubro]. E vocês não reagem? Pretendem reagir quando? Não depende de mim... Não faço parte do QG... Mas há rumores que partiremos para o front em breve. Rafael, você foi à Rússia pela primeira para estudar medicina. Por que largou? Eu fui à Rússia em 2010 pra aprender o idioma e tentar ingressar no Exército. Ir pra aprender só o idioma ou fazer um outro curso sairia mais ou menos a mesma coisa. Decidi fazer medicina. Mas achei muito difícil, e não era minha cara. O curso, porém,

ARCHIVIO PERSONALE

MARINA DARMAROS

Como se deu essa mudança? Simples. Apesar de não ser um formador de opinião nem um grande entusiasta de teorias políticas, não deixo de me informar. Há muito tempo, já tinha conversado com vários grupos que sabem que a divisão entre esquerda e direita é algo ultrapassado, do século passado. Vivemos em um mundo multipolar, onde os povos têm, especialmente na Europa, lutado por suas particularidades culturais e étnicas, e em muitos locais, como na Novorôssia, por valores morais, que o Ocidente tem abandonado. Uma coisa levou à outra. Na Rússia, ainda tive contato com a juventude eurasiana e me identifiquei. Li mais sobre o Dúguin e suas ideias, e me senti muito atraído. Uma vez no Brasil, tive o prazer de me manter em contato com brasileiros de todo o país, e teóricos como Flavia Virginia, que me aprofundaram mais no assunto. Ex-policial, Lusvarghi (centro) tem histórico integrando diferentes grupos armados

era excelente, assim como a universidade. Não consegui nem um, nem outro - Exército e curso de medicina -, e acabei indo trabalhar em fazendas pela Europa. Quando venceu o visto, retornei ao Brasil.

RAIO-X IDADE: 29 ANOS PROFISSÃO: EX-POLICIAL E PROFESSOR

Atuando como professor de inglês e assistente de help desk, Rafael Lusvarghi tornou-se conhecido no Brasil após ser preso durante os protestos antiCopa. Segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, ele foi o primeiro dos “black blocks” preso em flagrante, junto ao estudante Fábio Hideki, 26. Antes de partir para o leste ucraniano, Rafael fez parte da Legião Estrangeira na França e das Farc colombianas.

E a experiência na Europa foi ruim? O que você fazia? O trabalho e o contato em si com meus chefes foram ótimos. Fazia de tudo, desde treinar cavalos, construção, trato de gado leiteiro e administração. Fui muito bem tratado e, especialmente na Dinamarca, meu trabalho foi muito apreciado, e mesmo hoje recebo convites para visitá-los. Porém, a forma como os governos europeus agem... A UE é uma ditadura de máfias aca-

bando com a cultura local em detrimento das forças imper ia l i st as e ol iga rqu ias americanas. Em 2012, você disse que tinha discussões com alguns russos por sua identificação com o fascismo, e devido também a algumas fotos suas nas redes sociais com uniforme da Alemanha nazista. Sua ideologia mudou? Como você poderia descrevê-la hoje e antes? Mudou, sim. Se você se lembra bem, eu disse que não era nazista, apenas que tive alguns parentes distantes que lutaram pelo eixo, e que não via vergonha nenhuma nisso. Eu sempre fui uma pessoa mais prática que teórica, tendo me identificado muito com o estalinismo.

A qual tipo de valores morais você se refere? Poderia especificar? Valores morais como família, honra, respeito, coragem, coletivo antes do individualismo, de ordem mais tradicional e social. Diferente do que tem acontecido no Ocidente, onde tudo gira em torno do dinheiro, a questão do “se curvar ao cordeiro de ouro”. O que você quer dizer com “ordem tradicional” e família? Família e ordem tradicional quer dizer a ordem natural das coisas. Uma família é composta de homem e mulher para reprodução. Casal, ou qualquer outra coisa, o que as pessoas fazem na sua vida privada, repetindo meu comandante aqui do meu lado, “nous, on s´en branle”, ou seja, “não nos importamos”.

Emenda Investimento mínimo para obtenção de passaporte será de US$ 250 mil

Empresários estrangeiros terão cidadania facilitada NIKOLAI LITÓVKIN GAZETA RUSSA

O primeiro-ministro russo, Dmítri Medvedev, assinou no início do mês um decreto para facilitar a emissão de cidadania russa a empresários e investidores estrangeiros. O texto do documento já havia sido aprovado em junho pelos legisladores russos. O objetivo da medida, de acordo com o texto do próprio documento, é “atrair in-

vestimentos estrangeiros para a economia nacional”. A emenda abrangerá empresários com retorno anual superior a 10 milhões de rublos (US$ 250 mil), ou que injetem pelo menos 10 milhões de rublos no país, ou investidores cuja participação em empresas russas seja de, no mínimo, 10% do capital social. A medida, porém, exclui empresários envolvidos em comércio atacadista ou em atividades relacionadas à reparação de automóveis, hotelaria, alimentação, imóveis, publicidade, direito e contabilidade. “Essas exceções se devem

ao fato de não haver necessi-

dade de atrair mais pessoas “Prática existe em para esses tipos de atividade”, todos os países e é destaca o documento. boa oportunidade para criar empregos”, Alívio para sanções diz analista “Essa prática existe em todos

Empresários de alguns setores, como comércio atacadista, foram excluídos da medida

os países, e estou satisfeito que os legisladores tenham se apressado para aprovar o decreto. É uma boa oportunidade para aumentar o número de postos de trabalho no país durante a recessão causada pela pressão das sanções”, disse à Gazeta Russa Aleksêi Skôpin, chefe do Departamento de Economia e Geografia da Escola Superior de Economia da Rússia. Para Skôpin, porém, a exi-

© RIA NOVOSTI

Resolução foi assinada pelo premiê Dmítri Medvedev. Especialistas acreditam que medida será pouco eficaz para tirar país da recessão.

Objetivo da medida é atrair investimentos estrangeiros para a economia nacional

gência de que o empresário tenha renda “de valores transcendentais” é um ponto negativo. A mesma opinião é compartilhada pelo economista da Academia Presidencial Russa de Economia Nacional

e Administração Pública, Vladímir Klimanov. “Temo que, após a adoção da medida, ela tenha um caráter muito restrito e não surta efeito sobre pequenos empreendedores”, diz Klima-

nov. “O que mais importa agora é que a medida não seja apenas uma jogada para render boa imagem ao governo e depois não receba a implementação necessária na prática”, completa.

Maconha sintética deixa 25 mortos em um mês CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

fina dez vezes mais potente que essa e fabricado com base em gasolina, fósforo vermelho, iodo e ácido clorídrico que também ganhou atenção, principalmente a partir de 2010, com fotos de seus usuários com os membros em carne viva circulando livremente pela internet. Coincidência ou não, a venda em farmácias de medicamentos contendo codeína, que é base para o crocodil, praticamente triplicou de 2007 a 2010, de acordo com dados do Serviço Federal de

Controle de Circulação de Drogas.

Barata e de fácil acesso Em entrevista à Gazeta Russa, o presidente da União Nacional de Combate a Drogas, Nikita Luchnikov, declarou ser urgente a adoção de medidas para conter a comercialização do spice. “Os efeitos apenas psicológicos observados no início do uso dessas substâncias são agravados por problemas respiratórios, cardiovasculares e transtornos de coordenação motora. Além disso, os ingredientes dessas misturas

podem gerar dependência logo após o primeiro uso e levar à intoxicação”, explica. Mas a venda da droga na Rússia segue um mecanismo complexo que é difícil de ser combatido. Os distribuidores não entram em contato direto com os compradores, recebendo seu dinheiro por meio de sistemas de pagamento eletrônicos e indicando aos clientes apenas os locais onde o produto é depositado: canteiros de flores, pontos de ônibus ou quaisquer outros locais públicos. Entregadores contratados recebem menos de 10 reais por

cada pacote que escondem pelas cidades. Mas, apesar da baixa remuneração, a simplicidade da tarefa mantém o constante fluxo de interessados em executar a função.

Danos tardios Diretor técnico de um estúdio de gravação, Konstantin, que não quis ter o sobrenome revelado, tem 30 anos e há três está livre das substâncias narcóticas que consumia desde os 19 anos. “O spice chegou a Sôtchi, minha cidade natal, no final da década de 2000, como um produto totalmente legal. Era

O que é o spice e quando surgiu? Spice é o nome genérico usado para vários tipos de narcóticos sintéticos consumidos por meio de fumo. Seus efeitos são parecidos com os da maconha. As constantes mudanças na formulação dessas drogas garantem sua permanência no mercado desde o início dos anos 2000, quando passaram a serem comercializadas em território russo.

vendido nas lojas de conveniência, passando uma falsa impressão de segurança”, lembra Konstantin. Segundo ele, os efeitos das substâncias em questão são imprevisíveis. “Às vezes dão tristeza, às vezes, uma alegria que acaba deixando uma leve depressão. Os maiores atrativos da droga foram sua acessibilidade e o fato de ser legal. Mas, mesmo após a aplicação de medidas por parte das autoridades, ela não perdeu sua primeira característica. Hoje, o spice é usado até por estudantes colegiais, e não é considerado algo pesado como a heroína”,

diz. Para ele, as drogas sintéticas são mais perigosas para o sistema nervoso que os narcóticos naturais. “Até hoje sinto as consequências do uso que fiz delas. Às vezes começo a tremer, um sinal de enfraquecimento das ligações neurais. No centro de reabilitação, conheci gente que foi dependente de heroína por muitos anos e que recuperava as atividades cerebrais após três meses de tratamento. Ao contrário deles, os fãs dessas drogas sintéticas para fumar precisavam de muito mais tempo, mesmo depois de poucos anos de dependência.”


Ciência

RÚSSIA

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AP

NÚMEROS

5.347

pessoas contraíram o ebola e 2.618 morreram em decorrência dele até 18 de setembro

60%

é a taxa de mortalidade do vírus do ebola na atualidade DIVULGAÇÃO

País tem especialistas em campo contra o ebola russos enviados para a Guiné no início de agosto para combater a epidemia. “Se o paciente for diagnosticado corretamente e submetido ao tratamento sintomático correspondente, a taxa de sobrevivência sobe para 10%. Se houver condições de submeter o paciente à terapia desintoxicante, as chances aumentam em mais 10%. Se houver suporte respiratório, acrescentam-se aí 20%. Com terapia hemostática, mais 10%. E, se for aplicado um antissoro, ganhamos mais 25 a 30% de chance de sobrevivência”, explica Schelkanov. Segundo ele, a febre hemorrágica causada pelo ebola

é perigosa devido à velocidade de sua evolução e porque surge em áreas de difícil acesso: locais onde não exis-

da Ásia Central soviética, a taxa de mortalidade desse tipo de febre chegou a 50%”, lembra Schelkanov.

Mas mesmo isso pode não ser suficiente para acabar com a epidemia. Os 3.000 militares que o presidente ame-

“Em determinadas condições, poder letal do vírus pode cair para 5% ou 10%”, afirma cientista russo

Rússia está negociando com a Guiné uma estação epidemiológica para coletar informações

Corrupção arraigada em países africanos dificulta controle da doença, ao permitir fluxo de doentes

tem hospitais, e os pacientes não recebem socorro a tempo. Assim, com tratamento adequado, o poder letal do vírus poderia ser reduzido a 5% ou 10%. “Um caso semelhante foi a febre hemorrágica da Crimeia-Congo, muito conhecida na época da URSS. Devido à ausência de normas sanitárias rigorosas em aldeias remotas

Atuar sobre o foco

ricano Barack Obama enviou recentemente à África Ocidental, de acordo com ele, somente reforçaram os postos fronteiriços. Deter o surto de ebola é uma tarefa difícil. Controlar a circulação do vírus nos focos naturais das florestas da Guiné, Serra Leoa e Libéria é praticamente impos-

O principal problema na África Ocidental é que a epidemia não foi freada em dezembro de 2013, quando os primeiros casos começaram a aparecer. “Agora, o vírus só pode ser interrompido com o envio de um contingente militar que isole as aldeias entre si”, diz Schelkanov.

Genética Número de pessoas que buscam exames sobe 10% ao mês

Mesmo com altos preços, pesquisas de DNA crescem mais de 1.500 amostras de DNA de pacientes com fibrose cística.

Na década de 1930, ser geneticista no país era comparável a ser “Galileu na Inquisição”. Hoje, setor é um dos mais promissores.

Pesos-pesados O grupo farmacológico internacional Roche já começou a realizar pesquisas genômicas no país. Anos antes, a Genotek, que também oferece teste genômico, estabeleceu-se no mercado russo. Seu modelo de negócios foi inspirado pela 23andMe, criada, em 2008, por Linda Avey e Anne Wojcicki, a ex-mulher do fundador do Google, Serguêi Brin. A 23andMe consagrou-se pela venda de kits pessoais que verificavam a predisposição a doenças e focados em pesquisa genealógica. Esses,

VICTORIA ZAVIALOVA GAZETA RUSSA

Primo de Napoleão Na Rússia, apesar dos altos custos, novos tipos de testes genéticos começam a despertar interesse. É o caso dos testes genealógicos para análise do haplogrupo, que se tornaram conhecidos no país depois de um deputado co-

Os focos naturais da febre do ebola são encontrados em regiões altas da zona florestal do norte da Guiné. O reservatório natural são os morcegos, que costumam habitar as áreas elevadas da floresta tropical e excretam a doença pelas fezes e saliva. Na sequência, infectam os primatas. Esses se tornam menos ativos, são caçados facilmente e contaminam os caçadores. Mas as pessoas também são infectadas ao comer morcegos, prática que é comum em algumas áreas a fe t ad a s. Um mor c e go cozido não representa perigo, mas a infecção geralmente ocor re durante a preparação.

VIROLOGISTA, PESQUISADOR DO EBOLA

"

Um caso semelhante foi a febre hemorrágica da Crimeia-Congo, muito conhecida na época da URSS. Devido à ausência de normas sanitárias rigorosas em aldeias remotas da Ásia Central soviética, a taxa de mortalidade desse tipo de febre chegou a 50%.”

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Se o paciente for diagnosticado e submetido ao tratamento sintomático, a taxa de sobrevivência sobe 10%. Submetido à terapia desintoxicante, mais 10%. Se houver suporte respiratório, acrescentam-se 20%. Com terapia hemostática, mais 10%, e, aplicado um antissoro, as chances de sobrevivência sobem em 25% a 30% .”

Biotec Centro impedirá envio de material para o exterior

nhecido por suas declarações polêmicas afirmar em sessão ser parente de Napoleão. “Descobrimos que ele tinha ancestrais comuns com Napoleão, Einstein e Hitler”, disse o diretor da Genotek, Valéri Ilínski, à Gazeta Russa.

Receita para clonar mamutes

Driblando os preços

Com 75% dos fósseis de mamutes do mundo todo, Iakútia ganha centro para testar clonagem do animal.

Na Rússia, os preços de pesquisas genômicas são ainda mais altos que em outros países. Um teste que pode ser feito nos EUA por 100 a 200 dólares custa entre 600 e 800 dólares na Rússia. Por isso, muitos buscam alternativas no exterior. Embora o envio de materiais biológicos a outros países seja ilegal, tubos com saliva são enviados frequentemente para amigos e conhecidos que vivem nos EUA ou na Europa para a realização de testes fora do país. Na Rússia, a partir da década de 1930, os geneticistas passaram a ser alvo de campanhas de terror. O norte-americano Hermann Muller, laureado com o Prêmio Nobel, chegou a dizer que ser um geneticista na URSS era comparável a ser Galileu no tempo da Inquisição.

ARAM TER-GHAZARIAN ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Na Iakútia, uma das regiões mais setentrionais da Rússia, foi inaugurado no mês passado o Centro Internacional para Uso Coletivo de Paleontologia Molecular e Estudo de Células de Animais Pré-Históricos, parte de um projeto russo para clonagem de mamutes. A escolha do local para o centro tem razão de ser: 75% de todos os fósseis de mamut e s e n c o nt r a d o s n o mundo provêm de áreas remotas da Iakútia, onde todos os anos são feitas novas descobertas. Depois que o laboratório estiver totalmente equipado para a pesquisa genética, a equipe russa vai isolar o DNA do animal a partir de restos mortais e, então, tentar clonar os animais.

Cientista examina bebê mamute encontrado na Rússia em 1977

Céticos apontam possíveis falhas O novo Centro Internacional para Uso Coletivo de Paleontologia Molecular criado na Iakútia promete que irá clonar mamutes implantando material genético desses animais em óvulos de elefante asiático. Mas o projeto vem atraindo críticas. “Esses experimentos jamais fo-

ram testados em qualquer outro lugar do mundo. Usar a tecnologia atual para clonar mamutes poderia resultar em erros genéticos que são incompatíveis com a vida do animal”, explica a especialista do Instituto de Genética Geral Svetlana Borinskaia.

cobertas são minas de ouro para cientistas genéticos. Como não existem mamutes vivos, a principal dificuldade é localizar células para os procedimentos de clonagem padrão. “O processo consiste basicamente em retirar o núcleo da célula original e transplantá-lo para o núcleo do óvulo de outro organismo”, explica Valéri Ilínski, diretor científico do labora-

tório de testes genéticos Genotek. O Centro Internacional para o Uso Coletivo de Paleontologia Molecular foi criado justamente para acelerar esse processo de clonagem. Agora, os cientistas poderão realizar as pesquisas na Rússia sem ter que transferir o material para fora do país – um procedimento que, além de complexo, costuma ser bastante burocrático.

Com ajuda coreana

GETTY IMAGES/FOTOBANK

Apesar de recente, o mercado de pesquisa genômica está se desenvolvendo rapidamente na Rússia. O número de pessoas que recorrem a exames de DNA, de acordo com dados do laboratório Genotek, cresce em torno de 10% ao mês. “O mercado de pesquisa do genoma é muito dinâmico, e um grande número de pessoas na Rússia está trabalhando para obter informação genômica”, diz Marianna Ivanova, fundadora da Oftalmik, empresa que fornece diagnóstico genético para doenças oculares. Além disso, cada vez mais empresas de testes genéticos e DNA genealógico estão entrando no mercado. A companhia My Gene, por exemplo, opera no Parque de Inovação MSU desde 2007 oferecendo diagnóstico pré-natal não invasivo de defeitos cromossômicos fetais. As empresas com foco na pesquisa de doenças genéticas específicas estão seguindo a tendência. É o caso da Sequoia Genetics, de São Petersburgo, que já recolheu

porém, foram proibidos em 2013 pela FDA (Food and Drug Administration, órgão americano que controla a venda de remédios e alimentos nos EUA) devido a possíveis erros que poderiam prejudicar os clientes. Então, Wojcicki criticou a decisão do FDA. “O resto do mundo está avançando muito nessa área, mas estamos de certo modo estagnados.”

Cozido de morcego

sível nos dias de hoje. Para isso, seria necessário coletar informações por meio de uma estação epidemiológica - cuja criação está sendo negociada entre a Rússia e a Guiné. Além disso, a África Ocidental é um dos territórios mais pobres do mundo. Praticamente não há saneamento básico moderno ali. Essas condições são agravadas pela falta de competência administrativa e o alto nível de corrupção que reinam em muitos dos países africanos. Quando uma pessoa infectada consegue atravessar um posto de fronteira pagando uma propina de US$1,5, torna-se impossível tomar medidas para controlar epidemias com eficácia.

Mikhail Schekanov

TASS

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

FRASES Reservatório natural do vírus é o morcego, do qual passa ao homem e ao macaco

Em 2012, os diretores do russo Museu Lázarev dos Mamutes e da fundação coreana de pesquisas em biotecnologia Soam fecharam um acordo de cooperação em um projeto de clonagem de mamutes. Os coreanos investiram milhões de dólares em equipamentos, enquanto a universidade russa ofereceu o espaço para os pesquisadores trabalharem. A maioria das des-


Em Foco

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RECEITA

Ser ou não ser? Com até 40 mil membros, povos “poucos numerosos” enfrentam adversidades

Oladi, o quitute para toda estação Anna Kharzeeva ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

TASS

ANDREY SHAPHRAN

Intrínseca ao nomadismo, criação de renas está entre as principais ocupações de povos do Norte, que cada vez mais são assimilados com urbanização desenfreada

Degradação do ambiente, alcoolismo, miscigenação e urbanização são alguns dos fatores que estão levando ao fim de etnias do norte russo. OLEG EGOROV ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Da ilha Sakhalin, no Extremo Oriente, até o enclave de Kaliningrado, entre Lituânia e Polônia, o território russo abriga centenas de grupos étnicos, cada um com sua própria língua, tradições e cultura. Entre esses, há cerca de 40 povos qualificados pelo governo na categoria de “pouco numerosos”, que contam com até 50 mil integrantes, e vivem em harmonia com a natureza, mesmo enfrentando as severas condições climáticas do norte do país. A área que esses habitam é muito ampla. Enquanto os lapões (também conhecidos como sami ou saami) vivem concentrados na Península de Kola, junto à fronteira da Finlândia, os aleútes e os esquimós habitam as fronteiras mais orientais da Rússia, o leste da Penínsu-

la de Tchukotka e a ilha de Wrangel. Os tchuktchi e os esquimós são bastante conhecidos pela Rússia afora, enquanto os nomes de muitos outros soam estranhos para os russos em geral, como é o caso dos nganasans ou nivkhi.

Entrando em extinção Os povos do Norte também se diferenciam em quantidade. Enquanto os nenets, que se assentam em territórios vastos na costa do Oceano Ártico e na Sibéria, podem se gabar de uma população de quase 45 mil pessoas, de acordo com o censo de 2010, seus parentes afastados enets (ou entsi) são representados por pouco mais de 200 pessoas, das quais poucas dominam a língua original do grupo. Historicamente, o modo de vida desses grupos foi condicionado por um ambiente severo. Hoje, esses povos continuam a se ocupar exclusivamente da caça, da pesca e da criação de cães e de renas - essa, geralmente associada ao nomadismo.

am) ou iogurte natural. Elas são, portanto, perfeitas para o Brasil, onde os dias de calor superam os de frio, embora também sejam muito bem-vindas no inverno. A grande vantagem das oladi é que levam muito pouco tempo para preparar, dando espaço para brincar com especiarias e até ingredientes extras. O grande truque para prepará-las está em se certificar de que a massa tem espessura e consistência firme, como uma coalhada. A abobrinha por si só me parece um pouco insossa, por isso, gosto de acrescentar um pouco de pimenta ou canela para dar mais sabor. Acho que também cai muito bem com um pouco do molho grego tsatziki, feito à base de iogurte e pepino.

Ingredientes: · 1 abobrinha; · 7 a 10 colheres de sopa de farinha (dependendo da textura desejada); · Sal; · Especiarias a gosto; · 2 ovos; · 1 colher de chá de bicarbonato de sódio; · Coalhada fresca ou iogurte natural para servir.

Modo de preparo: Bata os ovos com o sal. Gratine a abobrinha picada, esprema o excesso de líquido, e adicione à mistura de ovos e sal. Acrescente a farinha e o bicarbonato de sódio. Esquente óleo em uma frigideira em fogo alto. Frite as oladi em fogo alto por cerca de cinco minutos e, em seguida, reduza para fogo médio. Vire as panquecas e continue fritando por mais cinco minutos.

TASS

As minorias étnicas e os perigos que as ameaçam

Não é segredo algum que os russos adoram panquecas. Os dois tipos mais “mainstream” desse prato no país são blini, as panquecas grossas à base de levedura; e blíntchiki, as fininhas que se parecem com crepes. Mas os russos também veneram outro tipo de panqueca: as oladi. Com massa mais espessa e densa, essas são feitas geralmente com abobrinha, abóbora ou maçãs, e levam bicarbonato de sódio, que lhes confere uma textura mais fofa. As oladi podem ser uma excelente escolha para o café da manhã ou o lanche da tarde, e ficam ainda mais gostosas quando servidas frias com smetana (também conhecida como sour cre-

Mas a urbanização invade as regiões setentrionais do país cada vez mais, e representantes de povos tradicionalmente nômades acabam assimilados nas cidades. Durante o regime soviético, também ocorreu uma transferência compulsória dos nômades para a vida sedentária. Além disso, a degradação ambiental, combinada com o ativo desenvolvimento da indústria, também tem prejudicado o estilo de vida tradicional dos povos do Norte. “No contexto do desenvolvimento dos projetos de petróleo e gás, é preciso esclarecer a lg u ns pontos relacionados com a avaliação do impacto da indústria sobre o modo de vida tradicional”, disse à Gazeta Russa Grigóri Ledkov, presidente da Associação das Nações Nativas Pouco Numerosas do Norte, da Sibéria e do Ex tremo Or iente da Rússia. Segundo ele, os interesses das grandes empresas que estabeleceram sua produção na Sibéria, no norte e no Extremo Oriente muitas vezes

entram em confl ito com os dos povos nativos.

O direito de pescar Para Ledkov, a legislação vigente no país é eficaz em proteger os povos nativos do norte. “Ao contrário da época soviética, hoje ninguém insiste em que os nômades abandonem suas renas e passem a trabalhar em empresas agrícolas, por exemplo”, diz. Mas ainda há aspectos legais que podem ser aperfeiçoados, como a facilitação do acesso a recursos naturais de caça e pesca. “Além disso, é necessário regulamentar o procedimento de determinação da identidade nacional”, diz, referindo-se à miscigenação de indivíduos de diferentes povos, que pode levar ao desaparecimento de alguns grupos. Isso aconteceu, por exemplo, com a nação pouco numerosa dos kerek, que foi totalmente assimilada pelos tchuktchi ainda no início do século 20. O apoio e a pro-

teção das tradições e dos costumes únicos dos povos do norte é uma tarefa de importância vital não só para os próprios integrantes desses grupos, mas também para o governo russo.

Futuro otimista Já Daria Khaltúrina, socióloga, etnógrafa e professora na Academia Russa de Serviço Público, é bastante otimista quanto às perspectivas para a maioria dos povos do Norte: “Hoje, esses povos apresentam uma taxa de natalidade alta o bastante, por isso não estão ameaçados de extinção. Isso permitirá que sua cultura, extremamente antiga, seja preservada.” De acordo com ela, porém, há fatores que precisam ser levados em conta na mortalidade desses grupos. “É preciso combater a alta taxa de mortalidade apresentada pelos povos do Norte, especialmente entre os indivíduos do sexo masculino, cuja causa mais frequente de morte é o alcoolismo, e entre os bebês.”

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