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1989, o ano que mudou o mundo
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Há 25 anos, findava a Guerra Fria e a Alemanha se reunificava com a derrubada do Muro de Berlim Nesta edição
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Este suplemento é preparado e publicado pelo jornal Rossiyskaya Gazeta (Rússia) sem participação da redação da Folha de S.Paulo. Concluído em 7 de novembro de 2014. Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), La Nacion (Argentina) e outros.
ENTREVISTA MIKHAIL GORBATCHOV
Contra todos (os muros) NO ANIVERSÁRIO DE 25 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM, PRIMEIRO PRESIDENTE SOVIÉTICO FALA À GAZETA RUSSA SOBRE BARREIRAS ATUAIS E DO PASSADO MAKSIM KORCHUNOV GAZETA RUSSA
Na noite de 9 de novembro de 1989, começava a ser colocada abaixo uma das barreiras mais cruéis construídas pelo homem. O Muro de Berlim não apenas dividiu famílias, como também motivou a perseguição e até mortes daqueles que tentassem transpô-lo. Para relembrar um dos principais acontecimentos do século 20, a Gazeta Russa falou com o ex-presidente soviético e ex-secretário-geral do Partido Comunista, Mikhail Gorbatchov: Em meados de 1989, durante uma coletiva após conversações em Bona com o ex-chanceler alemão Helmut Kohl, jornalistas lhe perguntaram como estava a questão do muro, ao que o senhor respondeu: “Nada é eterno. (...) O muro poderá deixar de existir quando desaparecerem as premissas que o criaram. Não vejo grande problema nisso”. Qual era sua expectativa então? Certamente, nem eu nem Helmut Kohl esperávamos, no verão de 1989, que tudo acontecesse tão rápido. Não esperávamos a queda do muro para novembro. Aliás, nós dois reconhecemos isso posteriormente. Não tenho a pretensão de ser profeta. A história acelera seu movimento. Ela pune aqueles que se atrasam. Mas pune ainda mais aqueles que tentam embaraçar seu caminho. Seria um grande erro ficar agarrado à Cortina de Ferro. Por isso, de nossa parte, não houve pressão sobre o governo da RDA [República Democrática Alemã]. Quando os acontecimentos começaram a se desenvolver a uma velocidade inesperada, a classe governante soviética decidiu, por unanimidade – gostaria de deixar isso bem claro –, não interferir nos processos internos que estavam acontecendo na RDA. Decidimos que nossas tropas não iriam deixar suas guarnições. Até hoje tenho certeza de que tomamos a decisão correta. O que permitiu superar a divisão da Alemanha? O papel decisivo na reunificação da Alemanha pertence aos próprios alemães. Quero dizer, não só às manifestações em apoio à unidade, mas também ao fato de que, nas décadas do pós-guerra, os alemães, tanto do lado oriental, como do ocidental, mostraram que haviam aprendido com o passado e que se podia confiar neles. Quanto ao fato de a reunificação ter sido pacífica, de o processo não ter levado a uma crise internacional, acho que a União Soviética teve papel crucial. E nós, a liderança do país, sabíamos que os russos e que todos os povos da União Soviética entendiam o desejo dos alemães de viver em um Estado único e democrático. Além da URSS, os outros participantes do processo de resolução definitiva da questão alemã também demonstraram muita prudência e responsabilidade. Refiro-me aos países aliados, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França. Agora, já não é segredo que [o ex-presidente francês] François Mitterrand e [a ex-premiê do Reino Unido] Margaret Thatcher tinham fortes dúvidas quanto ao ritmo da reunificação. Afinal, a guerra deixou marcas profundas. Mas quando todos os aspectos desse processo foram resolvidos, eles assinaram os documentos que puseram fim à Guerra Fria. Com a participação de diversos Estados, a solução da questão alemã foi um exemplo da alta responsabilidade e competência dos governantes de então. Até que ponto os governos atuais são capazes de resolver problemas pacificamente, e como mudaram suas abordagens aos desafios geopolíticos? A reunificação da Alemanha não foi um fenômeno isolado, mas parte do processo do fim da Guerra Fria. Seu caminho foi aberto pelas iniciativas de reestruturação [perestroika] e democratização pelas quais nosso país passava. Sem isso, a Europa poderia ter continuado dividida e “congelada” por décadas. E tenho certeza de que teria sido muito mais difícil sair desse impasse.
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Não tenho a pretensão de ser profeta. A história acelera seu movimento. Ela pune aqueles que se atrasam. Mas pune ainda mais aqueles que tentam embaraçar seu caminho. Seria um grande erro ficar agarrado à Cortina de Ferro.”
DANILA GOLOVKIN
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ENTREVISTA MIKHAIL GORBATCHOV
Para isso tivemos de construir um novo relacionamento, dialogar, procurar maneiras para acabar com a corrida armamentista. Reconhecer a liberdade de escolha de todos os povos e, paralelamente, levar em conta os interesses alheios, desenvolver a cooperação entre os países, criar elos de ligação, para impedir, assim, conflitos e guerras na Europa. Esses foram os princípios que formaram, em 1990, a base da Carta de Paris, documento político importantíssimo assinado por todos os países da Europa, EUA e Canadá. Para dar sequência a isso, era necessário criar estruturas que funcionassem, como o proposto Conselho de Segurança da Europa. Não quero contrapor a geração de governantes daquela época com os que se seguiram. Mas os fatos falam por si: isso não foi feito. E o desenvolvimento europeu adquiriu um caráter unilateral, que contribuiu para o enfraquecimento da Rússia na década de 1990. Hoje, temos que admitir que estamos diante de uma crise da política europeia – e mundial. Uma de suas razões foi a relutância de nossos parceiros ocidentais em levar em conta o ponto de vista da Rússia, os interesses legítimos de sua segurança nacional. Refi ro-me, em primeiro lugar, à expansão da Otan, aos projetos de implantação do sistema de defesa antimíssil do Ocidente em regiões importantes para a Rússia, como Iugoslávia, Iraque, Geórgia e Ucrânia. Gostaria de aconselhar os governantes ocidentais a analisar cuidadosamente a questão, em vez de culparem a Rússia por tudo. Lembrem-se da Europa que nós conseguimos criar no início dos anos 1990 e em que, infelizmente, ela se transformou nos últimos anos. Uma das principais questões que se coloca hoje em relação aos acontecimentos na Ucrânia é a da expansão da Otan. O senhor não sente que os parceiros ocidentais o enganaram? Na época, o secretário de Estado norte-americano James Baker declarou que não haveria “ampliação da presença jurídica e militar da Otan nem uma polegada para o leste”... Naqueles anos, a questão da expansão da Otan não era amplamente discutida ou sequer colocada. Digo isso assumindo plena responsabil idade sobre m i n has declarações. Não houve um
único país do Leste Europeu levantando essa questão, inclusive após a extinção do Pacto de Varsóvia, em 1991. O mesmo ocorria com os governantes ocidentais. A questão discutida era outra e tinha sido levantada por nós: era que, depois da reunificação da Alemanha, não se desse a deslocação das estruturas militares da Otan e a mobilização de forças armadas adicionais da Aliança para o território da então Alemanha Oriental. Foi nesse contexto que foi feita a declaração de Baker citada em sua pergunta. O mesmo foi dito por Kohl e [pelo ex- ministro das Relações Exteriores da Alemanha Ocidental, Hans-Dietrich] Genscher. Tudo o que era possível e necessário fazer para consolidar esse compromisso político foi feito. No acordo sobre a resolução final da questão alemã lia-se que na parte oriental do país não iriam ser criadas novas estruturas militares, colocadas tropas adicionais ou implantadas armas de destruição em massa. Isso foi respeitado ao longo de todos esses anos. Por isso, não vale a pena agora retratar Gorbatchov e a liderança soviética da época como ingênuos que foram enganados. A decisão dos EUA e de seus aliados de avançar com a Otan para o leste se formou em 1993. Desde o início, eu disse que aquilo era um grande erro. Sem dúvida, era uma violação do espírito das declarações e garantias que nos haviam sido dadas em 1990. Quanto à Alemanha, essas condições foram registradas juridicamente e continuam sendo respeitadas. Atualmente, a relação com a Ucrânia é um assunto doloroso para os russos. De ascendência russo-ucraniana, o senhor diz, no posfácio de seu livro recém-lançado “Depois do Kremlin”, que sofre muito com o que está acontecendo no país vizinho. Que saídas o senhor vê para a crise ucraniana? A curto prazo já está tudo mais ou menos claro: é necessário cumprir integralmente
Acima: Mikhail Gorbatchov e Helmut Kohl assinam, em 9 de novembro de 1990, acordo de boa vizinhança, parceria e cooperação. Abaixo: Manifestantes em Leipzig em 30 de outubro de 1989.
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‘Quem está construindo a nova barreira deveria repensá-la’
FRASES
George H. W. Bush EX-PRESIDENTE DOS EUA (1989-1993)
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Quando iniciei meu mandato, parecia que o Muro de Berlim seria eterno. Mas eliminá-lo era obviamente nosso objetivo a longo prazo, e assim aconteceu. Porém, nada teria acontecido se Gorbatchov não acreditasse no direito à autodeterminação dos povos, ou seja, na liberdade dos homens de escolher onde preferem viver.”
o que foi assinado em Minsk entre 5 e 19 de setembro. A situação real é muito frágil. O cessar-fogo é constantemente violado. Mas, nos últimos dias, há a sensação de que “o processo arrancou”. Está sendo criada uma zona de separação das tropas, de retirada da artilharia pesada. Observadores da OSCE, inclusive russos, estão chegando. Se conseguirmos tornar isso mais sólido, será uma grande conquista – mas trata-se apenas do primeiro passo. As relações entre a Rússia e a Ucrânia sofreram danos enormes. Não podemos permitir que isso se transforme na alienação mútua dos nossos povos. E uma grande responsabilidade recai sobre os presidentes Vladímir Pútin e Petrô Porochenko: eles devem dar o exemplo. É necessário reduzir as animosidades. Deixemos para descobrir depois quem está certo ou errado. O importante agora é estabelecer diálogo sobre questões específicas. Normalizar a vida nas áreas mais afetadas, deixando de lado, por enquanto, a questão do estatuto e etc. Aqui todos têm que ajudar: a Ucrânia, a Rússia e o Ocidente, separadamente e em conjunto. Os ucranianos têm muito o que fazer para reconciliar o país, para que todos se sin-
Helmut Kohl
Lech Walesa
EX-CHANCELER DA ALEMANHA (1982-1998)
EX-PRESIDENTE DA POLÔNIA (1990-1995)
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Entristece-me saber que fazem de heróis aqueles que não o foram. Gorbatchov não queria derrubar nem o comunismo, nem o muro. Isso significa que a Europa foi construída sobre uma mentira. A verdade é que o papa João Paulo 2° contribuiu com 50% para a queda do muro, a [federação sindical polonesa] Solidarnosc, com 30%, e o resto do mundo, apenas com 20%. O papa polonês conclamou os povos da Europa a mudar a cara do mundo.”
[Gorbatchov é] um interlocutor simpático e interessantíssimo, bem-humorado e um tanto irônico. Uma vez, à margem do rio Reno conversávamos despretensiosamente a respeito do Muro de Berlim, e eu disse: A unificação alemã é certa, tão certa quanto o fato de que as águas do Reno correm para o mar. Acrescentei que a maioria dos alemães não iria mais aceitar a divisão. Foi a primeira vez que ele não me respondeu.”
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tam cidadãos, com seus direitos e interesses assegurados. A questão não está tanto nas garantias constitucionais e legais, mas na realidade da vida cotidiana. Quanto às relações da Rússia com os países da Europa Ocidental e com os Estados Unidos, a primeira coisa a fazer é sair da lógica de sanções e acusações mútuas. Na minha opinião, a Rússia já deu esse passo ao se recusar a responder à última rodada de sanções do Ocidente. A palavra cabe agora aos parceiros ocidentais. Acho que eles deveriam, antes de mais nada, eliminar as chamadas sanções pessoais. Como é possível negociar se você está punindo as pessoas que tomam decisões que afetam a política? É preciso estimular a conversa entre as partes. A falta de conexão entre a Rússia e a UE prejudica o mundo inteiro, e enfraquece a Europa em uma época em que a concorrência global está crescendo, quando outros “centros de gravitação” da política mundial estão se fortalecendo. Não podemos cruzar os braços. Não podemos ser arrastados para uma nova Guerra Fria. As ameaças comuns à nossa segurança não desapareceram. Nos últimos tempos surgiram novos movimentos extremistas bastante perigosos, em particula r, o cha m ado Est ado Islâmico. Os problemas ambientais, a pobreza e as epidemias também estão se agravando. Face a novos desafios comuns, devemos falar a mesma língua. Não será fácil, mas não há outro caminho a seguir. A Ucrânia planeja construir um muro na fronteira com a Rússia. Qual sua opinião sobre isso? Minha resposta é muito simples: sou contra qualquer muro. Espero que aqueles que estão por trás dessa construção parem para pensar bem. Acho que, apesar de tudo, nossos povos não ficarão brigados u m com o outro. Somos muito próximos em vários aspectos. Não existem problemas ou diferenças insuperáveis entre nós. Mas muito dependerá da “intellinguêntsia” [como é chamada a classe intelectual no país] e da mídia. Se ambos se esforçarem para separar, inventar e exacerbar os conflitos e as disputas, então estaremos mal. Conhecemos exemplos disso. Por isso, apelo à “intellinguêntsia” para que aja de forma responsável. ULLSTEIN BILD/VOSTOCK-PHOTO
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25 anos Imprensa soviética dava apenas “dicas” da queda
Jornais da URSS não noticiaram acontecimento GUEÓRGUI MANAIEV GAZETA RUSSA
No dia 10 de novembro de 1989, as bancas soviéticas não receberam vários dos principais jornais da época. Foi o caso do Moskóvski Komsomolets, do Soviétskaia Rossia, do Komsomólskaia Pravda e do Trud. Nesse dia, chegaram às bancas apenas o Pravda e o Izvêstia. Mas, mesmo nesses, os leitores não encontraram uma única linha sobre a queda do Muro de Berlim, apesar de conterem algumas notas sobre a vida política da RDA (República Democrática Alemã). A coluna daquele dia assinada pelo correspondente do Pravda em Berlim, Mai Podkliutchnikov, foi intitulada “Mudanças na RDA”, e dava conta da renúncia do g ov e r no d a A le m a n h a Oriental. “Apelamos a todos os cidadãos com intenção de deixar nosso país que repensem sua decisão”, lia-se na colu-
na a transcrição do apelo feito pelo Conselho de Ministros da RDA. Por essas palavras, o leitor mais atento poderia inferir que surgira a possibilidade de os cidadãos da RDA deixarem o país - o que significava que o Muro de Berlim já não existia. Uma indireta do gênero também pôde ser encontrada no Pravda de 11 de novembro. No artigo “Visita interrompida”, informava-se que o chanceler alemão Helmut Kohl encurtara em um dia sua visita à Polônia e voltara mais cedo para Bona “devido à situação dramática que surgiu na fronteira entre os dois Estados alemães”. “A República Federal da Alemanha pretende receber todos os alemães que a partir de agora desejarem se mudar para a RFA [República Federal da Alemanha]”, disse então o ministro do Interior da Alemanha, Wolfgang Schaeuble. Ele, porém, pediu aos cidadãos da RDA que “considerassem seriamente a decisão de sair, porque poderiam ter que viver muito tempo em condições habitacionais limitadas”.
Até 20 de novembro, o Pravda continuou a cobrir os acontecimentos políticos da Alemanha Oriental e Ocidental sem tocar no assunto do muro. Porém, na edição de 12 de novembro, surgiu de novo uma menção à migração em massa e à devolução das carteirinhas do Partido da Unidade Socialista Alemã pelos habitantes da Alemanha Oriental em uma reportagem de Podkliutchnikov. Por fim, no dia 14, o Moskóvski Komsomolets publicou uma nota sobre a ordem emitida para as tropas fronteiriças da RDA. Nela, lia-se: “Eles devem fazer tudo o que for necessário para ajudar na implementação ordenada e ininterrupta das novas regras reguladoras do regime de passagem pela fronteira da RDA com a RFA e Berlim Ocidental”. Já nas edições de novembro do Komsomólskaia Pravda, do Trud, do Soviétskaia Rossia e do Moskóvski Nôvosti, nenhuma dica sobre o ocorrido. Com as celebrações do Dia da Polícia em 10 de novembro na União Soviética, todos
Para Nikolai Kojanov, um dos jornalistas veteranos do jornal Pravda, “aquele acontecimento significava o colapso do socialismo, e escrever sobre ele significava reconhecer o colapso”.
MARK BOYARSKY (2)
Pravda silenciou-se sobre a queda do Muro de Berlim até 20 de novembro, mas ainda falava sobre “migração em massa” de alemães orientais.
os jornais se encheram de matérias sobre o valor da corporação e ninguém tocou no tema do Muro de Berlim.
Adeus, Lênin E o que, naqueles dias, era transmitido pela televisão e rádio? Em entrevista recente ao canal France 2, o correspondente da agência russa de notícias Tass, Aleksêi Goliaiev, disse que “no dia 9 de
“Os jornalistas do Pravda sempre se destacaram por seu instinto político. E, claro, quando souberam da queda do Muro de Berlim, não tiveram nenhuma pressa em colocá-la no papel. Na essência, aquele acontecimento significava o colapso do socialismo, e escrever sobre ele significava reconhecer o colapso. Penso que nossa equipe achou que, de alguma
novembro, a rádio e a televisão soviética transmitiram apenas uma pequena mensagem composta por três linhas”. De acordo com Nikolai Kojanov, um dos jornalistas veteranos do Pravda, que funciona até hoje, quase não restaram repórteres daquela época para falar sobre uma possível proibição do assunto pelo governo.
forma, as coisas ficariam melhores e tudo voltaria ao lugar sozinho”, diz Kojanov. O Pravda tinha muito cuidado em não publicar eventos que pudessem lesar a reputação do regime. “Em 1953, por exemplo, após a morte de Stálin, aconteceram greves maciças de trabalhadores na RDA. A situação chegou a tal ponto que foram colocadas tropas na rua para dispersar os manifestantes. Mas, no Pravda, escrevia-se que as pessoas estavam apenas matando o dia de trabalho em Berlim”, conta Kojanov. “Não pense que o correspondente do Pravda em Berlim não sabia o que estava acontecendo. Em situações como essas, ele era obrigado a escrever uma ‘carta secreta’ e enviá-la não para a redação, mas diretamente para o Comitê Central do Partido. Nessa carta, ele relatava em detalhes a situação real. E, depois, os dirigentes do partido decidiam como o Pravda publicaria aquilo”, explica.
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A Europa que perdemos (quando ganhamos a Rússia) Fiódor Lukianov ANALISTA POLÍTICO
a manhã de 8 de novembro, pulo da cama feito gato escaldado: perdi a hora! Claro, tinha ficado até tarde elaborando uma apresentação para a conferência do 25º aniversário da queda do Muro de Berlim na “Casa Pan-Europeia”, recém-inaugurada na Potsdamer Platz. Há muito que a “Casa” já se tornara pan-euroasiática, mas resolveram assim chamá-la em homenagem à ideia inicial de Gorbatchov. Tenho que correr para a estação, não posso perder o expresso Berlim-Moscou. Desde que colocaram o itinerário em operação, há seis anos, aboli os voos para a Europa. Afinal, é melhor fazer a viagem de seis horas em um trem confortável e... Oh, mas que som é esse? E foi então que acordei de verdade com o despertador. A soturna manhã de novembro combinava perfeitamen-
N
te com as notícias transmitidas em torrentes pelo rádio. Novamente, houve disparos de artilharia em Donetsk e civis foram mortos. David Cameron ameaça a Rússia com novas sanções. Começam os treinamentos militares da Otan nos Bálticos... A “Casa” ficou no sonho e a comemoração do 25º aniversário da queda do Muro de Berlim não está sublinhando a unidade do Velho Mundo, mas sua nova cisão. Mas o que deu errado? A desagregação da União Soviética, que deveria ter gerado uma gradual e equilibrada convergência, transformou-se em uma rápida partilha da “herança soviética”. A criação de uma “Casa Pan-Europeia” baseada em padrões ocidentais poderia ser coroada com êxito somente em um caso: se o mesmo destino da União Soviética tivesse tido, em seguida, a Rússia, cujas partes provavelmente teriam sido digeridas pelo projeto de integração europeia. Mas isso não aconteceu, e o país passou a ser um obstá-
culo para a marcha vitoriosa do projeto ocidental. O Ocidente não podia reconhecer a Rússia como cocriadora, igualitária, da nova Europa. E a Rússia não aceitava o papel de subordinada.
Aniversário da queda do muro não está sublinhando unidade do Velho Mundo, mas sua nova cisão Como resultado, começou o “cerco”, a expansão daquelas instalações que os europeus ocidentais erigiram em seus territórios durante a Guerra Fria, com a ativa colaboração dos EUA, e que em seguida começaram a complementa r com estr utu ras auxiliares. Mais cedo ou mais tarde, essas obras iriam dar de encontro com o “terreno” do vizinho, ou seja, a parede de outro edifício que a Rússia começou a restaurar e re-
construir, recuperando-se gradualmente de seu desmoronamento do início dos anos 1990. Existiu realmente a chance de se construir uma casa pan-europeia? Se a URSS tivesse sido preservada não como um império comunista, e sim como uma comunidade racional, interligada por vantagens mútuas, a Europa poderia ter se unificado com base em princípios verdadeiramente igualitários. A integração iria se firmar sobre dois pilares: Bruxelas e Moscou. E o fruto dessa convergência seria uma estrutura qualitativamente diferente, na qual o fornecimento de energia jamais iria gerar crises, a democracia não seria acompanhada da completa desindustrialização, tal como ocorreu nos países Bálticos, e os habitantes do leste desse enorme espaço geográfico não iriam preencher o mercado de trabalho barato e ilegal da sua parte ocidental. E, é claro, após 25 anos, não estaria em pauta a questão sobre uma nova militarização da Europa Central e sobre o retorno da ameaça à segurança europeia. Fiódor Lukianov é editor-chefe da revista Russia in Global Affairs.
Arte Afresco de russo virou marco da reunificação
O beijo de Vrúbel Radicado em Berlim, artista russo que criou “O beijo de Brejnev e Hockner” ganhou fama ao criar um dos principais símbolos do muro. IAN CHENKMAN GAZETA RUSSA
O artista russo Dmítri Vrúbel (1960-) produziu inúmeras obras, mas seu destino foi decidido pela única que pintou no Muro de Berlim, em 1990: “O beijo de Brejnev e Honecker”, que traz a inscrição “Meus Deus, ajude-me a sobreviver a esse amor fatal”. Mas tudo aconteceu por acaso. Naquela época, muitas pessoas fizeram pinturas no muro, inclusive artistas de destaque, como o americano Keith Harring. “Uma amiga me mostrou uma imagem da ‘Paris Match’ e imediatamente entendi como deveria ser a pintura. Até hoje me perguntam por que ‘O Beijo’ se tornou um símbolo tão universal e sobreviveu a seu tempo”, diz Vrúbel. “Em primeiro lugar, ele é sobre o amor misturado ao erotismo. É um beijo forte,
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CRÔNICA
com paixão, e entre homens velhos. Isso já é um símbolo daquela época. Em segundo, os personagens são chefes de Estado. Isso não é uma abstração, são pessoas conhecidas no mundo todo. Finalmente, os rostos são muito grandes. O afresco é enorme e isso faz parte de seu efeito”, explica.
Do muro para o cartão Exibida mundo afora, a pintura se tornou um marco. Mas não foi reconhecida imediatamente. O muro também não era um suporte muito confiável, pois havia planos de destruí-lo por completo. Em 2009, quando a queda completava seu 20º aniversário, foram re-
alizados trabalhos de restauração, e sobraram poucas ruínas. Atualmente, pedaços do muro são preservados no Museu de Nordbahnhof. Já no museu a céu aberto próximo ao Checkpoint Charlie, estão réplicas do afresco impressas em vinil. A imagem feita por Vrúbel foi tão replicada que hoje pode-se encontrar cópias em quase todas as lojas de suvenires em Berlim, onde o artista mora há cinco anos. Aliás, quando ele entrega seu cartão de visitas com a imagem da obra, todos sorriem. “‘O Beijo’ provoca emoções positivas”, diz.
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De volta ao passado Desconfiança mútua cresce e corrida nuclear volta a povoar imaginário
Uma guerra que nunca terminou?
o acordo lançando um míssil de cruzeiro. Em resposta, a Rússia declarou que foram os Estados Unidos que violaram o acordo ao testar um sistema de defesa aérea que destrói mísseis balísticos. Em meados de setembro, o vice-secretário dos Estados Unidos para Segurança Internacional e Controle de Armas, Rose Gottemoeller, visitou Moscou para participar de uma reunião bilateral e discutir as violações do tratado, mas nenhum dos lados ficou satisfeito com as negociações. Funcionário do Departamento de Estado norte-americano, Frank Orban, que também trabalhou na administração de Reagan e ajudou a negociar o INF, chamou o documento de “pedra angular do controle moderno de armas russas”. “Se houver problemas ou violações do INF, o mundo deve entender que o tratado Start [da sigla em inglês, Tratado de Redução de Armas Estratégicas, assinado em 1991] também será violado”, diz Orban.
Mais armas Estados Unidos e Rússia acusam-se mutuamente de violar tratados de eliminação de mísseis
Com armas nucleares na pauta do dia e estudantes mirando os EUA em simuladores, pode-se falar em um retorno da Guerra Fria? ALEKSANDR BRATÉRSKI ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA
Quando uma base de lançamento artificial foi apresentado a um grupo de estudantes colegiais moscovitas durante excursão a um bunker da Guerra Fria que foi transformado em museu, os jovens descobriram um simulador que lhes permitia fazer um “lançamento nuclear”. Podendo apontar suas
ogivas para qualquer país que quisessem, muitos deles escolheram os Estados Unidos como alvo. Difundido nas redes sociais por um dos professores que também tinha um filho participando da excursão, o episódio do museu causou um choque naqueles que consideram a ideia de uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a Rússia como uma antiguidade esquecida no passado. No entanto, há sinais de que cresce a desconfiança mútua, e as lembranças da corrida nuclear estão ganhando nova vida pelas ten-
sões atuais entre os Estados Unidos e a Rússia. “Não somos confrontados pelo uso real de armas nuclear há muitos, muitos anos, desde 1945”, diz o general aposentado Eugene Habiger, que foi comandante do Comando Estratégico dos EUA. “As pessoas hoje, a geração Y, como a chamamos, não tiveram preocupações reais com as armas nucleares. Elas não viram armas nucleares na tela de um radar, elas não foram à escola se escondendo debaixo das mesas. Elas têm outras prioridades, outras preocupações.”
Mas as autoridades de ambos os lados do Atlântico parecem dispostas a dar nova importância à questão. Em julho passado, os Estados Unidos acusaram a Rússia de violar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (na sigla em inglês, INF), assinado por Mikhail Gorbatchov e Ronald Reagan em 1987. O acordo previa a eliminação dos mísseis balísticos e de cruzeiro, nucleares ou convencionais, cujo alcance estivesse entre 500 km e 5.500 km. De acordo com os Estados Unidos, a Rússia violou
Em conformidade com o INF, a União Soviética destruiu 1.752 mísseis e desativou 845 lançadores. Já os Estados Unidos desmantelaram 850 m ísseis, a lém de 283 lançadores. No entanto, podem surgir novas armas para substituir essas. Responsável pelo complexo militar-industrial russo, o vice-primeiro-ministro Dmítri Rogôzin anunciou recentemente que o país está acelerando a modernização de seus armamentos nucleares estratégicos. O projeto deverá ser concluído até 2020. Um relatório divulgado pelo Departamento de Estado dos EUA no início de outubro indica que, pela primeira vez na história, a Rússia ultrapassou o país em número de ogivas.
OPINIÃO
A falta de acordos na expansão da Otan Andrêi Suchentsov ANALISTA POLÍTICO
disputa entre Rúss i a e O c ide nt e acerca da expansão da Otan na Europa é a mais importante questão sobre a segurança no continente, e tem como pano de fundo o fim da Guerra Fria e a falta de regulamentações desde então. No fi nal dos anos 1980, as partes que assinaram os acordos sobre a Alemanha concordaram sobre a não expansão da Otan, diante do consentimento soviético sobre a unificação do país e a retirada de suas tropas. Assim, os países da Otan se comprometeram a não instalar infraestrutura militar na Alemanha Oriental, ajuste que se mantém na atualidade. Mas, apesar de a URSS expor claramente sua posição contrária à expansão da Otan, nunca se assinou um acordo que garantisse essa contenção. Entre 1989 e 1990, a questão não foi levantada, já que o Pacto de Varsóvia continuava em operação e ainda havia a esperança de um acordo com o Ocidente sobre um novo status quo na Europa. Já em 1991, a URSS perdeu o controle sobre os eventos na Europa Central e Oriental. Com a “Revolução de Veludo” e a extinção forçada do Pacto de Varsóvia, o Ocidente deixou de buscar compromissos com Moscou. A situação se agravou ainda mais com a tentativa de golpe na União Soviética e a posterior desintegração do país. Os líderes da nova Rússia puseram de lado as exigências soviéticas de não expansão da
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Otan e ainda sonharam em ingressar na organização. Com isso, no início dos anos 1990, escorreu pelas mãos o momento de regularizar as relações russo-ocidentais. A inexistência de acordos levou a uma completa falta de compreensão entre as partes. A política não foi revista nem mesmo depois do primeiro desentendimento sério entre a Otan e a Rússia sobre o conflito nos Balcãs.
Crise ucraniana foi a última e mais importante consequência da desregulamentação A divergência de interesses levou a Rússia a reavaliar suas prioridades nas relações com o Ocidente. Os planos de criar uma ordem mundial justa não se realizaram. Os EUA e a Otan recorreram ao uso da força em conflitos diversas vezes e de forma unilateral, ignorando assim o direito internacional. E a política externa independente russa começou a provocar cada vez mais queixas no Ocidente, que passou a afirmar que Moscou joga “contra as regras”. A crise ucraniana foi a última e mais importante consequência da desregulamentação da ordem internacional. Para evitar futuros conflitos na Europa, a Rússia e o Ocidente precisam acordar novas regras de cooperação na Europa e no mundo. Andrêi Suchentsov é professor associado na universidade MGIMO e pesquisador no ClubValdai.
T R AV E L 2 M O S C O W. C O M
Ano Novo dos sonhos na Praça Vermelha Uma boa opção é ir à principal praça do país ainda durante o dia, passear descontraidamente pelo luxuoso shopping GUM, todo decorado para o fim de ano, mergulhar na sua atmosfera festiva e comprar lembranças de Ano Novo. As luzinhas reluzentes da principal árvore de Natal da Rússia, a iluminação festiva da Catedral de São Basílio, os fogos de artifício e os entusiasmados gritos de “urá!” das milhares de pessoas que ali se reúnem proporcionam uma entrada de ano com o pé direito. Dica: se você escolher bem o local onde for ficar na Praça Vermelha, poderá gravar sua própria mensagem de Ano Novo em vídeo (ao estilo da que faz todos os anos o presidente do país) ao som das badaladas do relógio, para depois enviar a amigos e familiares. Calçadão exclusivo para pedestres no centro histórico Em meados de dezembro, as ruas de Moscou exclusivas para pedestres - como a Arbat, a travessa Kamerguérski, a rua Nikólskaia e a travessa Stolêchnikov – se transformam em verdadeiras ilustrações de contos de Natal. Concertos, bazares de suvenires e feiras gastronômicas, vinho quente e comidas: aqui você encontra, de dia e de noite, maneiras agradáveis de passar o tempo. E, na noite de Ano Novo, essas ruas emblemáticas da capital ficam tão cheias de gente quanto a Praça Vermelha.
DA PRINCIPAL ÁRVORE DE NATAL DA RÚSSIA, AO SOAR DOS SINOS DO KREMLIN, NA PRAÇA VERMELHA, ATÉ A ILUMINAÇÃO FESTIVA DAS NOVAS ÁREAS PARA PEDESTRES, A GAZETA RUSSA TEM AS MELHORES DICAS PARA O ANO NOVO NA CAPITAL DO PAÍS
Compras e entretenimento em feiras e mercados O Ano Novo também pode ser celebrado com espírito russo nas feiras montadas no centro de Moscou. Os visitantes são recebidos em pequenas cabanas de madeira com os tradicionais lenços e xales folclóricos estampados (pavloposadskie), bandejas pintadas ao estilo de Jostov e bolinhos de gengibre de Tula. E tem também chalés com mimos e iguarias para receber os visitantes: vinho quente, hidromel e panquecas, brinquedos e lembranças de Ano Novo não só da Rússia, mas do mundo inteiro. Visitar a cidade dos gnomos e o país encantado dos anjos de Natal, dar uma olhada no bazar de lembranças de Ano Novo de toda a Rússia: pode-se fazer tudo isso nas feiras do festival “Viagem ao Natal”, além de encontrar personagens conhecidos do folclore russo, como Emeliá e seu famoso forno móvel e, é claro, os anfitriões da festa, Papai Noel e sua ajudante Snegúrotchka. Um sopro de inverno nos parques Todo ano, os parques de Moscou organizam diversos programas para crianças e adultos: shows de luzes, espetáculos baseados em musicais soviéticos de Ano Novo, oficinas de arte e preparação de enfeites para a árvore de Natal. No parque Kolômenskoie, pode-se andar a cavalo, enquanto no Sokólniki há um concurso de bonecos de neve. Papai Noel e Snegúrotchka são figuras carimbadas em todos os parques da cidade. Pistas de patinação no gelo A capital fica recheada de pistas de patinação ao ar livre nesta época do ano. Na principal delas, em frente ao shopping GUM, na Praça Vermelha, patina-se ao som das badaladas do relógio do Kremlin, bebe-se champanhe, comem-se tangerinas e apreciam-se as celebridades russas, que também passeiam por ali nessa noite com suas famílias. A pista de gelo mais romântica de Moscou é a que se estende por entre as árvores do jardim Hermitage, enquanto a maior da Europa, no parque Górki, tem acolhedores cafés sobre o gelo. Alguns lagos também são usados para patinar na capital, como o Patriárchie Prudi ou o Tchístie Prudi.