PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL DO GRUPO BRASIL DE EMPRESAS DE CONTABILIDADE Março de 2012 ANO 5 - NO 22
O Brasil do luxo
A boa acolhida dos produtos de luxo pelos brasileiros tem incentivado a chegada de várias marcas internacionais ao País e o desenvolvimento de grifes nacionais voltadas para este seleto e exigente grupo de consumidores
Nobex na linha de risco Empresa 100% brasileira opera com o restrito e bem calculado mercado de análise de riscos de crédito, atendendo às principais operadoras financeiras no País
Pela ética nos negócios Roberto Abdenur, presidente do Etco, explica como trabalha o instituto que se dedica a promover a ética no ambiente de negócios
O Rio lindo e mais rico Impulsionado pela indústria petrolífera e os grandes eventos internacionais, o Rio de Janeiro renasce economicamente
EMPRESAS
ASSOCIADAS
AC - RIO BRANCO
MG - JUIZ DE FORA
RO - PORTO VELHO
ORGANIZAÇÃO CONTÁBIL PRADO Rua Pará, 107 Cadeia Velha 69900-440 - Rio Branco - AC Tel. (68) 3224-3019 www.orgconprado.com.br
TECOL - CONSULTORIA EMPRESARIAL Rua Dr. João Pinheiro, 173 36015-040 - Juiz de Fora - MG Tel. (32) 3215-6631 www.tecol.com.br
D. DUWE CONTABILIDADE Rua Júlio de Castilho, 730 - Olaria 76801-238 - Porto Velho - RO Tel. (69) 2182-3388 www.dduwe.com.br
AL - MACEIÓ
MS - CAMPO GRANDE
RR - BOA VISTA
CONTROLE CONTADORES ASSOCIADOS Rua Guedes Gondim, 128 57020-260 - Maceió - AL Tel. (82) 2121-0000 www.controleonline.com.br
AUDITA CONTABILIDADE Rua Olavo Bilac, 20 79005-090 - Campo Grande - MS Tel. (67) 3383-1892 www.auditacontabilidade.com.br
SAMPAYO FERRAZ CONTADORES ASSOCIADOS Rua Ajuricaba, 738 - Centro 69301-070 - Boa Vista - RR Tel. (95) 3224-0544 pnfs@click21.com.br
AM - MANAUS
MT - CUIABÁ
RS - PORTO ALEGRE
DHC AUDITORIA Avenida Djalma Batista, 1007 10 andar 69053-355 - Manaus - AM Tel. (92) 3182-3388 www.dhcmanaus.com.br
CONTABILIDADE SCALCO Rua Comandante Costa, 1519 78020-400 - Cuiabá - MT Tel. (65) 3363-1600 www.scalcomt.com.br
GATTI CONTABILIDADE Rua Santa Catarina, 361 91030-330 - Porto Alegre - RS Tel. (51) 2108-9900 www.gatti.com.br
AP – MACAPÁ
PA - BELÉM
RS - CAXIAS DO SUL
ÉTICA INSTITUTO CONTÁBIL Rua Mamedio Amaral da Silva, 138, Térreo 68908-300 - Macapá - AP Tel. (96) 3241-5529 www.eticainstitutocontabil.com.br
C&C - SERVIÇOS CONTÁBEIS Tv. Nove de Janeiro, 2275 - Altos-São Brás 66060-585 - Belém - PA Tel (91) 3249-9768 www.cec.cnt.br
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BA - SALVADOR
PB - JOÃO PESSOA
SC - FLORIANÓPOLIS
ORGANIZAÇÃO SILVEIRA DE CONTABILIDADE Rua Torquato Bahia, 04 - 60 andar 40015-110 - Comércio - Salvador - BA Tel. (71) 2104-5401 www.organizacaosilveira.com.br
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CE - FORTALEZA
PE - RECIFE
SC - BLUMENAU - JOINVILLE - ITAJAÍ
MARPE - CONTADORES ASSOCIADOS Av. Pontes Vieira, 1091 - Dionísio Torres 60130-241 - Fortaleza - CE Tel. (85) 3401-2499 www.marpecontabilidade.com.br
ACENE ASSESSORIA E CONSULTORIA Rua João Ivo da Silva, 323 - Madalena 50720-100 - Recife - PE Tel. (81) 2125-0300 www.acenecontabilidade.com.br
J. MAINHARDT & ASSOCIADOS Rua 2 de Setembro, 2639 - 1, 2, 3 ands. 89052-001 - Blumenau - SC Blumenau - Tel. (47) 3231-8800 www.mainhardt.com.br
DF - BRASÍLIA
PI - TERESINA
SE - ARACAJU
AGENDA CONTÁBIL QMSW 02, cj“C”, nº 16 – Setor Sudoeste 70680-200 - Brasília - DF Tel.(61) 3321-1101 www.agendacontabil.com.br
ANÁLISE CONTABILIDADE Rua Valença, 3.453- Sul Bairro Tabuleta 64018-535 - Teresina - PI Tel. (86) 3222-6337 www.analisecontabilidade.com.br
SERCON SERVIÇOS CONTÁBEIS Rua Siriri, 513 - Centro 49010-450 - Aracaju - SE Tel. (79) 2106-6400 www.sercontabil.com.br
ES - VITÓRIA
PR - CURITIBA
SP - SÃO PAULO
UNICON - UNIÃO CONTÁBIL Rua Graciano Neves, 230 - Centro 29015-330 - Vitória - ES Tel. (27) 2104-0900 www.unicon.com.br
EACO - CONSULTORIA E CONTABILIDADE Rua XV de Novembro, 297 - 7º andar 80020-310 - Curitiba - PR Tel (41) 3224-9208 www.eaco.com.br
ORCOSE CONTABILIDADE E ASSESSORIA Rua Clodomiro Amazonas, 1435 04537-012 - São Paulo - SP Tel. (11) 3531-3233 www.orcose.com.br
GO - GOIÂNIA
PR - LONDRINA
CONTAC - CONTABILIDADE Av. Oeste, 319 - Setor Aeroporto 74075-110 - Goiânia - GO Tel. (62) 3240-0400 www.contacnet.com.br
CONTAD ASSESSORIA CONTÁBIL Rua Senador Souza Naves, 289 - Sala 4 86010-914 - Londrina - PR Tel. (43) 3324-4428 www.contadassessoria.com.br
DPC - DOMINGUES E PINHO CONTADORES Rua do Paraíso, 45 - 40 andar - Paraíso 04103-000 - São Paulo - SP Tel.(11) 3330-3330 www.dpc.com.br
MA - SÃO LUÍS
RJ - RIO DE JANEIRO – MACAÉ
ASSESSORIA E CONSULTORIA REAL Av. Borborema, quadra 18 - nº 22 - Calhau 65071-360 - São Luís - MA Tel. (98) 3313-8900 www.assessoriareal.com.br
DPC - DOMINGUES E PINHO CONTADORES Av. Rio Branco, 311 - 4º andar - Centro 20040-903 - Rio de Janeiro - RJ Tel.(21) 3231-3700 www.dpc.com.br
MG - BELO HORIZONTE
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MATUR ORGANIZAÇÃO CONTÁBIL Rua Carijós, 244 - 11º andar 30120-060 - Belo Horizonte - MG Tel. (31) 3311-8111 www.matur.com.br
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TO - PALMAS
OPÇÃO CONTADORES ASSOCIADOS Av. JK - Quadra 104 N Cj 01 - Lote 40 - Sls 3, 4 e 5 77006-014 - Palmas - TO Tel . (63) 3219-7100 www.opcon.com.br
GBRASIL (Sede) – Rua Clodomiro Amazonas, 1435 – CEP 04537-012 – São Paulo – SP Tel. 55 (11) 3814-8436
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EDITORIAL
GBrasil em expansão Foto: André Coelho de Sá
ossa capa, uma reportagem especial sobre o crescimento do mercado de luxo no Brasil, reafirma o bom momento econômico brasileiro e sinaliza também por onde vêm desaguando os investimentos privados, algo que se reflete em nós mesmos do GBrasil. Em seu último encontro semestral, o Grupo Brasil de Empresas de Contabilidade decidiu retomar sua política de expansão territorial, com o objetivo de ampliar o número de associados, pulverizando sua atuação no interior do País. O fato é que o Brasil vive um desenvolvimento econômico diferente, em que muitas regiões, antes sem expressão no contexto de mercado, passam agora a ocupar espaço consistente e com perspectivas positivas para as próximas duas décadas. Esse movimento, traduzido nos inúmeros investimentos internacionais que aportam no País, ganha força no interior de diversos Estados, especialmente no Nordeste e Centro-Oeste, onde o GBrasil normalmente conta com representação na capital. Já registramos aqui, por exemplo, que a nossa associada Acene, de Pernambuco, acaba de abrir uma unidade em Serra Talhada, com o objetivo de estender o atendimento a clientes que resolveram expandir negócios além-Recife, no promissor sertão pernambucano. Ele é o exemplo do reflexo desse crescimento regionalizado nos negócios GBrasil. Essa expansão, da qual estamos ainda em fase de planejamento, visa responder ao movimento natural de mercado e implicará num extenso trabalho de mapeamento e investimentos do GBrasil. Esperamos que em breve possamos anunciar a você, leitor, nossas novas bases. Nesta edição, temos dois interessantes casos de sucesso de clientes GBrasil vindos da região Sul do País. O primeiro deles é a Nobex, cliente Eaco|GBrasil, em Curitiba, pioneira na tercerização de análise de crédito no País. O segundo é a Agrosul, distribuidora de produtos veterinários que encontrou na nutrição animal sua grande virada. Cliente Gatti | GBrasil, em Porto Alegre, o empresário Alexandre Prudente mostra que, com foco e bons relacionamentos comerciais, consegue-se dar um novo rumo aos negócios. Boa leitura!
Nilson Göedert Presidente do GBrasil gbrasil@gbrasilcontabilidade.com.br
ÍNDICE
Editorial 3 GBrasil
em
Expansão
Entrevista 5 Roberto Abdenur
Consultoria GBrasil 10 . Arrolamento de bens x Débitos tributários . Opção pelo regime de caixa ou competência . Desoneração da contribuição previdenciária . IPI em operações de montagem . Apresentação da DOI . Tributação de receitas de operações de câmbio
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Análise de Crédito 12 . Nobex: habilidade em mapear riscos
Estados Brasileiros 16 Rio
de Janeiro:
O
novo ciclo econômico
Mercado do Luxo 20 . O Brasil
do
Luxo
cresce e se regionaliza
Nutrição Animal 25 . Eukanuba No
16
e
Agrosul:
25
faro do mercado superpremium
Em Tese 28 .O
dever da clareza
Em Síntese 32 . GBrasil
define estratégia de expansão
36º Encontro em São Paulo . Organização Silveira em nova sede em Salvador . Conescap inova com agência de notícias multimídia . Qualidade certificada na C&C . Toigo Contabilidade une-se ao GBrasil durante
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Gestão Empresarial é uma publicação trimestral * do GBrasil - Grupo Brasil de Empresas de Contabilidade, distribuída a clientes e parceiros estratégicos em todo o território nacional Endereço da sede GBrasil Av. Clodomiro Amazonas, 1435 04537-012 - São Paulo-SP Tel./Fax: 55 (11) 3814-8436 www.gbrasilcontabilidade.com.br Conselho Editorial Pedro Coelho Neto (Marpe Contadores Associados) Reinaldo Cardoso da Silveira (Org. Silveira de Contabilidade) Nilson José Göedert (RG Contadores Associados) Francisco Lúcio Gomes (Agenda Contábil) Susana Souza Santos Nascimento (Sercon Serviços Contábeis)
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Gestão Empresarial
EDIÇÃO 22
Livros 34 . O Talento
para
Manuel Domingues e Pinho (Domingues e Pinho Contadores) Rider Rodrigues Pontes (Unicon - União Contábil) Produção, Edição Editora B.Brasil
e
Diagramação
Jornalista Responsável Diva de Moura Borges diva.borges@uol.com.br Tel. (11) 3814.8436 Relações com Anunciantes Pedro A. de Jesus Tel. (11) 3875.0308 | 9137-7639 Colaboraram nesta edição: Andrea Antonacci Daniel Barros Everardo Maciel Leandro Rodriguez Maria Emília Ribeiro Farto Revisão José Paulo Ferrer
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Liderar
Projeto Gráfico Moema Cavalcanti Fotografias & Ilustrações Alex Salim (RJ) André Coelho de Sá (SC) Fabiano Panizzi (RS) Cárcamo (SP) Getty Images/Thinkstock (SP) Michela Brígida (SP) Neoproduções (PR) Otávio Almeida/Estudio Luzia (SP) Renato Velasco (RJ) Robson Cesco (DF) As demais imagens utilizadas nesta edição foram cedidas de arquivos pessoais ou divulgação das empresas e entidades citadas
Tiragem desta edição: 10.000 exemplares Impressão Leograf Editora (*) Edição 22, referente ao quarto trimestre de 2011. Encerrada em 29.02.2012
ENTREVISTA
SEM ÉTICA, não há negócio Roberto Abdenur, presidente do Etco A sonegação de impostos, o contrabando, a falsificação de produtos e o descumprimento das leis trabalhistas e das normas de qualidade nascem de um veio comum – o comportamento antiético de quem está por trás do negócio. Essa economia subterrânea movimenta 17% do PIB brasileiro e traz malefício para todo lado: para quem compra o produto barato e acha que está levando vantagem, para o governo que não recebe tributos necessários para administrar melhor o País e, principalmente, para o empresário idôneo que entrega um produto correto a um preço justo, mas que jamais conseguirá competir com o preço do comércio ilegal. Foi desse dilema que nasceu o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, uma união de esforços empresariais para impedir que a lei da selva impere no ambiente dos negócios. Com a palavra, o seu presidente, Roberto Abdenur. por Leandro
Gestão – Quais são hoje as principais faltas éticas no ambiente de negócios? Abdenur – Há múltiplos focos, mas um dos que mais nos preocupam é a sonegação de impostos, uma vez que as empresas que a praticam têm vantagens competitivas injustas e iníquas. O combate a isso por diferentes meios é uma de nossas prioridades porque promovemos a ética empresarial concorrencial. Especificamente com propostas relacionadas à competição de mercado, e não em um sentido ético mais amplo. Também estamos preocupados com a corrupção, tanto a que atinge o relacionamento comercial entre empresas quanto o setor público. Direta ou indiretamente, essas duas vertentes de corrupção incidem sobre o ambiente de negócios e geram obstáculos e distorções na economia e no desenvolvimento econômico do País. Gestão – O que leva as empresas a adotar um comportamento
antiético, considerando esses principais focos apontados?
Rodriguez
Abdenur – Precisamos reconhecer que existe no
País uma certa cultura de conivência com as transgressões. A ética é um valor absoluto e imanente, e não deriva de equações econômicas. Há no Brasil, infelizmente, uma ideia muito generalizada de que o certo é levar vantagem em tudo. Nesse sentido, não pagar impostos seria uma vantagem. Na prática, isso pode parecer vantajoso, mas é algo alcançado de modo ilegal e lesivo não apenas a outras
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empresas, mas à sociedade em geral. Não recolher impostos e tributos implica na redução de recursos disponíveis para políticas públicas em diversas áreas. Precisamos, portanto, estimular e fortalecer a educação. A pirataria, que representa outra forma de distorção do mercado, é um exemplo. O Etco é gerente nacional do programa Cidade Livre da Pirataria, em vigor em Curitiba, São Paulo e Brasília, que tem objetivo de levar aos municípios o combate
Nós Estamos falando de uma cadeia em que produtores, vendedores e consumidores estão ligados de forma umbilical. Cada um tem sua fatia de responsabilidade nesse fenômeno (da falta de ética)
de lucro proveniente da sonegação não vale a pena? Abdenur – Essa escolha coloca a empresa sob risco, na medida em que ela terá, se for apanhada, que pagar impostos, multas e responder a processos. É muito importante que se desenvolva, dentro das companhias, uma cultura ética, e não de transgressão. Isso passa pelo uso de códigos de conduta, por exemplo, que estimulam o respeito às obrigações legais. No caso de grandes grupos, isso é complementado com a responsabilidade social e ambiental. A gestão não pode ser pensada em termos de ganhos a curto prazo, mas desde a perspectiva de ganhos a longo prazo por meio da valorização do próprio posicionamento ético da empresa. Quem sonega fica conhecido no mercado e muitos relutarão em fechar parcerias justamente por isso, o que se volta contra o próprio negócio. Gestão – Como gestores e empresários devem conciliar o
à venda de produtos pirateados. Além disso, são fundamentais as campanhas educativas de conscientização da população em colégios, como as que fazemos em parceria com outras entidades. Precisamos alertar também os cidadãos sobre a importância de um comportamento ético. Gestão – E quanto aos gestores empresariais, como isso tem sido trabalhado? Abdenur – É certo que a sonegação tem, entre outras causas não morais, o excesso de impostos. O Estado brasileiro, em seu aspecto mais abstrato, e não o governo atual em particular, aumentou muito a carga tributária, que hoje chega, segundo alguns cálculos, a 40% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Isso equivale a dizer que o cidadão trabalha cerca de 160 dias do ano para pagar impostos. Os de menor renda pagam proporcionalmente muito mais, enquanto os de alto poder aquisitivo contribuem com menos, o que representa uma injustiça social marcante. O alto nível de tributação, além da própria complexidade do sistema tributário, que abre brechas para o não recolhimento, produz ainda um custo elevado de tempo e de dinheiro necessário para que as empresas possam administrar a burocracia. Ou mesmo as propinas exigidas por fiscais desonestos, que chegam a pressionar empresários com multas. O excesso de tributação e de burocracia, portanto, é, em si, um problema que fermenta a cultura de transgressões. Gestão – Mas como convencer o empresário de que a margem
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discurso ético com a prática? Abdenur – Isso dependerá da disciplina e da cobrança dos líderes da companhia. Existem sistemas ou métodos de controle que podem servir de ferramenta nesse sentido, evitando que algum executivo ou outro funcionário desrespeite o código interno. No caso da crise financeira internacional de 2008 e 2009, operadores movimentavam sozinhos grandes quantidades de dinheiro fazendo apostas indevidas no mercado acionário. Os cargos mais altos precisam ter firmeza para evitar problemas desse tipo, e enfrentá-los quando algo aconteça. Gestão – A conduta antiética é mais presente no ambiente de negócios brasileiro ou internacional? Abdenur – A conduta antiética, assim como a corrupção, é um fenômeno universal. Será difícil encontrar um país que esteja imune a isso, e o Brasil não está entre os piores do mundo. No entanto, não há dúvida de que os níveis de condutas antiéticas no País estão acima do desejado para uma nação em desenvolvimento, que sofre de grandes desigualdades e carências. Reduzir os desvios de conduta é fundamental para o próprio crescimento econômico, o que conseguiríamos com mais rapidez se não experimentássemos a impunidade de forma tão presente no dia a dia. Gestão – A estimativa do Etco é de que a economia subterrâ-
nea represente 17,2% do PIB em 2011. Em 2003, o percentual era de 23%. Essa é uma tendência?
Abdenur – Tudo indica que há uma tendência
Gestão – O que se nota é que o comportamento antiético é um
de queda. O ritmo de redução da informalidade pode variar conforme o ciclo econômico. Com uma expansão maior e mais estável, é de se esperar que haja uma redução da informalidade. O acesso ao crédito é um fator fundamental: um trabalhador que queira comprar um eletrodoméstico ou uma empresa que planeja investir na ampliação dos negócios precisa estar com a documentação em dia para obter financiamentos. A tendência, portanto, é saudável. A média da informalidade em países em desenvolvimento é de 10% do PIB. Nós estamos com os 17,2% citados, de acordo com o nosso Índice de Economia Subterrânea, desenvolvido em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV). Não temos a ilusão de que esse índice possa cair expressivamente no curto prazo, mas sabemos que o País está em boa direção. Além do crescimento econômico, medidas de simplificação de processos, como o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples), contribuem para os avanços.
composto em que as três pontas operam – quem produz, quem vende e quem compra determinado produto. Onde está o principal peso desse composto? Abdenur – A responsabilidade é de todos, uma vez que uma parte não sobrevive sem as demais. Estamos falando de uma cadeia em que produtores, vendedores e consumidores estão ligados de forma umbilical. Cada um tem sua fatia de responsabilidade nesse fenômeno.
Gestão – Até que ponto a China fomenta a falta de ética no
mercado brasileiro e internacional? Abdenur – Não podemos demonizar a China. O país tem condições específicas – particulares até – de produção, embora elas estejam diminuindo devido ao aumento dos salários, à alta do custo da mão de obra e ao crescimento de uma classe média consumidora em razão da impressionante expansão econômica dos últimos anos. É um equívoco, portanto, culpar a China de nossos erros, o que seria um escapismo. É certo que a pirataria de certos produtos trazidos do país asiático não pode ser ignorada. Esse, no entanto, não é um desígnio das autoridades chinesas, mas um fenômeno econômico difícil de ser controlado. Gestão – Quais setores têm sido mais prejudicados pela concorrência desleal no Brasil? Abdenur – O de tecnologia sofre grandes perdas devido à pirataria de softwares, como o de música é prejudicado pela venda ilegal de CDs. Do mesmo modo, o de calçados é atingido pela produção nacional de cópias de muitos modelos, embora isso esteja menos exposto na mídia. O fato é que diversos setores enfrentam esse tipo de problema.
Reduzir os desvios de conduta é fundamental para o crescimento econômico, o que conseguiríamos mais rápido se não experimentássemos a impunidade de forma tão presente no dia a dia Percebemos que muitas empresas estão conscientes disso, e têm a ética como um valor que está acima do mundo dos negócios e que deve ser fortalecido. Gestão – Em 2010, a pesquisa Ética nas Relações Empresa-
riais, da Fundação Nacional da Qualidade e do Sebrae Nacional, apontou que 73% das pequenas e médias empresas consultadas tratavam a ética de modo informal. O quadro nacional seria tão grave, e de que forma ele prejudica o empreendedorismo no País? Abdenur – As grandes empresas têm mais condições e recursos institucionais, como os códigos de ética, para adotar medidas concretas de adoção da ética como modelo de negócio. É de se esperar que as pequenas e médias, por sua vez, tenham mais facilidade de implementar condutas éticas pelo fato de contarem
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com menos pessoas. Mas aqui há uma questão chave: muitas vezes acontece o contrário porque as pequenas e médias estão mais sujeitas aos efeitos negativos do excesso de tributação e de burocracia, além da extorsão de fiscais desonestos. Elas estão mais expostas a tudo aquilo que a complexidade tributária estimula em termos de concorrência desleal. A tentação é grande para todos, mas as grandes corporações, por terem maior visibilidade no mercado, têm mais razões para coibir a falta de ética.
Abdenur – No caso da pirataria, participo de reu-
niões de trabalho da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, que faz um trabalho pioneiro de combate à venda de produtos ilegais, envolvendo autoridades estaduais e federais, além de diversas entidades. Por sua vez, o diálogo com o governo federal tem sido muito produtivo. Há uma disposição para a troca de ideias, principalmente pelo fato, no nosso caso, de o Etco ser a única organização na América Latina dedicada à promoção da ética concorrencial.
Gestão – Quais ações do Etco têm sido mais efetivas no combate à concorrência desleal e à conduta antiética no ambiente de negócios? Abdenur – Atuamos no combate à pirataria por meio do programa Cidade Livre da Pirataria, que deve se expandir ao Rio de Janeiro. Contra a sonegação, tentamos dialogar com o governo porque não é realista pensar em uma queda dos impostos no curto prazo, mas po-
É um equívoco culpar a China de nossos erros. É certo que a pirataria de certos produtos asiáticos não pode ser ignorada. Esse, no entanto, não é um desígnio das autoridades chinesas, mas um fenômeno econômico difícil de ser controlado. demos contribuir para a simplificação do sistema tributário. Tenho feito repetidas viagens a Brasília para compartilhar propostas pensadas pelo nosso corpo jurídico e tributário. Uma entidade externa ao governo, como o Etco, pode levar contribuições às autoridades nesse sentido. Além disso, nosso objetivo é que o Índice de Economia Subterrânea se torne ainda mais uma referência para o mercado. Em complemento, realizamos diversas ações de educação e conscientização. Na área fiscal, desenvolvemos o projeto e a implantação do sistema de inteligência fiscal (business inteligence – BI) da Nota Fiscal Eletrônica, em parceria com a Secretaria da Fazenda da Bahia. O software agiliza a busca e o cruzamento de informações sobre as transações de notas fiscais eletrônicas e auxilia a tomada de decisões em tempo real pelos órgãos de fiscalização. Gestão – A parceria com os órgãos públicos tem sido positiva dentro dos propósitos do Etco de acabar com o contrabando, sonegação e concorrência desleal?
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Gestão – Quais são os principais desafios para que prevaleça no
País a ética concorrencial, tanto na iniciativa privada quanto no setor público? Abdenur – Não mudamos uma cultura de transgressões no meio empresarial e entre os consumidores de um dia para o outro. O fato positivo é que o País vive um momento de desenvolvimento econômico, social, institucional e empresarial. Estão sendo criadas condições renovadas para uma maturação ética. Os desafios, portanto, são o diálogo, a persuasão contra costumes antiéticos e a mudança das regras do jogo que hoje estimulam as faltas mais comuns contra a ética concorrencial.
Cuidar bem das Pessoas Físicas de sua empresa também é nosso foco
IRPF & BACEN 2012
Com o considerável aumento no número de designações internacionais de estrangeiros no Brasil e de brasileiros no exterior, pessoas físicas e jurídicas devem ficar atentas ao cumprimento das diversas obrigações perante órgãos públicos brasileiros como Receita Federal, Receitas Estaduais e Banco Central do Brasil. Por isso, entregue suas obrigações fiscais ou as dos expatriados de sua empresa nas mãos de especialistas. A DPC possui um núcleo dedicado exclusivamente a assessorar contribuintes Pessoas Físicas. Nosso time de profissionais possui conhecimento especializado, é atento às diferentes demandas de nossos clientes e trabalha o ano todo para garantir a exatidão no cumprimento de todas as demandas federais e estaduais. Fique atento: as declarações IRPF 2012, Ano Base 2011, têm dia 30 de Abril como prazo limite.
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CONSULTORIA
Arrolamento de bens x Débitos tributários Qual o limite para arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo para liquidação de débitos tributários? Org.Prado | GBrasil Responde – De acordo com o Decreto nº 7.573 de 29/09/2011 o limite passou de R$500.000,00 para R$2.000.000,00 (dois milhões de reais). Base legal - (§ 7º do art. 64 da Lei 9.532/97).
Opção pelo regime de caixa ou competência Como deve ser exercida a opção pelo regime de caixa ou competência para apropriação da variação cambial nas bases de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da Cofins? EACO | GBrasil Responde – As variações monetárias dos direitos de créditos e das obrigações, em função de taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, bem como da determinação do lucro da exploração, por ocasião da liquidação da correspondente operação. Entretanto, por opção da pessoa jurídica, as variações monetárias poderão ser consideradas de acordo com o regime de competência. A opção acima prevista aplicar-se-á a todo o ano-calendário. Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias de regime de caixa para o regime de competência, deverão ser computadas na base, em 31 de dezembro do período de encerramento do ano precedente ao da opção, as variações monetárias incorridas até essa data, inclusive as de períodos anteriores, de acordo com a Instrução Normativa nº 1.079/2010. Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias pelo regime de competência para o regime de caixa, no período de apuração em que ocorrer a liquidação da operação, deverão ser computadas na base de cálculo as variações monetárias relativas ao período de 1º de janeiro do ano-calendário da opção até a data da liquidação. O artigo 137 da Lei nº12.249/2010 altera o artigo
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GBRASIL
30 da MP nº2.158-35/2001 e determina que a partir do ano-calendário de 2011:
a. o direito de efetuar a opção pelo regime de competência somente poderá ser exercido no mês de janeiro; e b. o direito de alterar o regime adotado no decorrer do ano-calendário, é restrito aos casos em que ocorra elevada oscilação da taxa de câmbio*.
A opção ou sua alteração deverá ser comunicada à Secretaria da Receita Federal do Brasil: (I) no mês de janeiro de cada ano-calendário; ou (II) no mês posterior ao de sua ocorrência, no caso da letra “b” acima. A Instrução Normativa RFBnº1.079/2010 determinou que a partir do ano-calendário de 2011, a opção pelo regime de competência deverá ser comunicada à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) por intermédio da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) relativa ao mês de adoção do regime. *Considera-se elevada oscilação da taxa de câmbio aquela superior a percentual determinado pelo Poder Executivo. Base legal - Solução de Consulta Interna 15 COSIT, de 1309-2011/ não publicada em Diário Oficial; art. 30 MP 2.15835/2001, Lei 12.249/2010.
Desoneração da contribuição previdenciária Que setores econômicos são contemplados com desoneração da contribuição previdenciária? Orcose | GBrasil Responde – Os arts. 7º, 8º e 9º da MP nº 540/2011 estabeleceram que, até 31.12.2012, a alíquota patronal de INSS de 20% sobre a remuneração dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais será substituída conforme segue: a) empresas que prestam exclusivamente serviços de tecnologia da informação (TI) e tecnologia da informação e comunicação (TIC) - alíquota de 2,5% sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; b) empresas que fabricam vestuários, calçados e móveis, conforme classificação na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI) alíquota de 1,5% sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos
incondicionais concedidos. A retificação efetuada no DOU de 5 de agosto de 2001 acrescentou ao art. 8º os códigos 63.01 a 63.05, 9404.90.00 e os Capítulos 61 e 62 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados - TIPI (cobertores, mantas, roupas de cama, cortinas, sacos para embalagens, suportes para camas, artefatos têxteis, dentre outros), estendendo aos fabricantes destes itens, a alíquota de 1,5% sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição da alíquota patronal de INSS de 20% sobre a remuneração dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais. Base legal - MP 540, de 02-08-11 – vigência prorrogada pelo ATO 39 CN, de 22-09-11/DO-U de 23-09-11
IPI em operações de montagem Que operações são consideradas montagem, sujeitas à tributação do IPI? Orcose | GBrasil Responde – De acordo com o artigo 4º, caput e inciso III do Regulamento do IPI (Decreto 7.212/2010), considera-se industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem). Portanto, o estabelecimento industrial que executar qualquer das operações referidas no dispositivo legal ora mencionado na saída do produto estará sujeito ao pagamento do IPI (artigo 35, inciso II).
Apresentação da DOI Em que operações a DOI – Declaração de Operações Imobiliárias deve ser apresentada pelos serventuários de justiça ou cartórios? RG | GBrasil Responde – A declaração deverá ser apresentada sempre que ocorrer operação imobiliária de aquisição ou alienação, realizada por pessoa física ou jurídica, independentemente de seu valor, cujos documentos sejam lavrados, anotados, averbados, matriculados ou registrados no respectivo cartório. § 1º Deverá ser emitida uma declaração para cada imóvel alienado ou adquirido. § 2º O valor da operação imobiliária será o informado pelas partes ou, na ausência deste, o valor que servir de base para o cálculo do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) ou para o cál-
culo do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCD). § 3º O preenchimento da DOI deverá ser feito: I - pelo Serventuário da Justiça titular ou designado para o Cartório de Ofício de Notas, quando da lavratura do instrumento que tenha por objeto a alienação de imóveis, fazendo constar do respectivo instrumento a expressão “Emitida a DOI”; II - pelo Serventuário da Justiça titular ou designado para o Cartório de Registro de Imóveis, quando o documento tiver sido: a) celebrado por instrumento particular; b) celebrado por autoridade particular com força de escritura pública; c) emitido por autoridade judicial (adjudicação, herança, legado ou meação); d) decorrente de arrematação em hasta pública; ou e) lavrado pelo Cartório de Ofício de Notas e não constar a expressão “EMITIDA A DOI”; III - pelo Serventuário da Justiça titular ou designado para o Cartório de Registro de Títulos e Documentos, quando promover registro de documentos que envolvam alienações de imóveis celebradas por instrumento particular, fazendo constar do respectivo documento a expressão “Emitida a DOI”. Base legal - IN 1.112 RFB de 28-12-2010 e IN 1.193 RFB de 15-09-11.
Tributação de receitas de operações de câmbio Como se dá a tributação das receitas provenientes das operações de câmbio? Org.Silveira | GBrasil Responde – No âmbito do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), essas variações devem ser reconhecidas de acordo com o regime de competência (art. 375 do RIR/99). Para as empresas que tenham optado pelo cálculo das estimativas com base nos balanços mensais, por força da legislação vigente, embora o encerramento do período ocorra em dezembro, esses balanços ou balancetes mensais “deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no Livro Diário” (art. 230, inciso I, do RIR/99). A partir 01.01.2000, as receitas financeiras decorrentes da variação monetária dos direitos de créditos e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão considerados, para efeito da base de cálculo do PIS e Cofins, à opção da pessoa jurídica (art. 30 da MP 2.158/2001 e IN SRF 345/2003): a) No momento da liquidação da operação correspondente (regime de caixa). b) Pelo regime de competência, aplicando-se a opção escolhida para todo o anocalendário. Observar também as disposições da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998.
Consulte o GBrasil: consultoria@gbrasilcontabilidade.com.br
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ANÁLISE
DE
CRÉDITO
NOBEX
habilidade em mapear riscos Especializada em análise de crédito de pessoa jurídica, a curitibana Nobex ajudou bancos internacionais e grandes indústrias a decidir sobre a liberação de R$ 1,1 bilhão em financiamentos apenas em 2011. Com 12 anos de atuação e foco na área rural, empresa reina quase sozinha num mercado de alta complexidade técnica por
Diva Borges
oberto David Arbex, um economista de 62 anos, trocou a capital paulista pela cidade de Curitiba há 12 anos, depois de uma carreira de 30 anos no mercado financeiro. A escolha era sair da carreira de bancos para alçar voo solo em um ambiente mais tranquilo. Ele aproveitou sua experiência na área de crédito, em especial de seus 10 anos de Chase Manhattan Bank, para montar a Nobex, uma empresa de terceirização de serviços nesta área. “O Chase, na verdade, foi uma das melhores escolas do mundo em análise econômico-financeira; análise de risco. Ele não se preocupava em formar bancários, mas banqueiros. Eu me identifiquei muito com essa área e mais tarde passei a ser um dos instrutores de prática de créd”, recorda o empresário. No início, a Nobex fazia renegociação de dívidas de grandes operações vencidas de pessoas jurídicas, em fase de processo judicial. “Foi um ano muito produtivo, fizemos grandes negociações para 11 bancos clientes”, lembra. O trabalho consistia em levantar a parte jurídica, a parte de risco e elaborar uma fórmula que atendesse aos dois lados. Mas a pressão para que a Nobex também assumisse os contratos de varejo, algo vultoso demais para o que ele almejaria como negócio, fez Roberto Arbex mudar a estratégia. Assim como teve que resistir às tentadoras ofertas de intermediar compra e venda de carteiras de crédito como lastro para fundos de pensão. “Temos tanta responsabilidade sobre o que fazemos e vimos tanta gente operando mal nessa área, que preferimos não optar por
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estes serviços”. A empresa, que conta hoje com 12 sócios, todos de histórico profissional parecido com o do empresário, decidiu se concentrar na análise de crédito pura de pessoas jurídicas. Com a grande experiência no mercado agrícola e vários ex-gerentes de Banco do Brasil entre seus parceiros, a absorção do mercado pela Nobex foi quase osmótica. A nova fase, que passou a distingui-la como pioneira nesse mercado no Brasil, incluía fazer a análise de crédito da pessoa física do produtor rural, tarefa não muito simples e rara. O foco do crédito geralmente era para a compra de equipamentos agrícolas de alto valor agregado e alta tecnologia, com operações de tíquete médio de R$ 220 mil. “Para tanto, precisamos desenvolver um balanço para esses produtores rurais reunindo dados de análise cadastral, análise patrimonial, análise de geração de caixa e capacidade de pagamento”, explica Arbex evidenciando que devido a essa trajetória, a Nobex passou a deter um significativo banco de dados sobre o setor rural brasileiro em plataforma Oracle e sob rígido sistema de segurança. “Temos que, no mínimo, acompanhar a estrutura de segurança dos nossos clientes, 80% deles bancos”, afirma categórico.
Portfólio diversificado Com o êxito do modelo de negócio, ao longo dos anos, a empresa passou a agregar vários serviços em seu portfólio. Ela consegue, por exemplo, atuar como departamento de crédito de bancos, cooperativas ou empresas
Neo Produções
Roberto David Arbex, da Nobex: 12 sócios que vieram do setor de crédito de grandes bancos e um sistema eletrônico robusto para atender organizações multinacionais
industriais. Sob medida, ela também gerencia a operação de crédito do cliente de modo remoto, presta consultoria para a estruturação da área e treina analistas para ocupar essas posições. Treinamento, por sinal, é um dos fortes da empresa, tanto in company como na sede da empresa, em Curitiba. Para lá costumam se deslocar muitos gerentes de bancos nacionais e internacionais, diretores financeiros e executivos que querem investir na carreira. “O bom analista é hoje um perfil raro e exige conhecimentos múltiplos, inclusive de contabilidade e de tendências da economia”, observa o especialista. Outras vertentes da Nobex são suporte para as áreas de Tecnologia da Informacão -TI e auditorias de carteiras de crédito, agregando orientações de conduta. “Em alguns casos, observamos que o cliente não tem a menor noção do risco da carteira que possui. Nós conseguimos isso, apontar onde estão as vulnerabilidades, quem são os responsáveis pelos riscos e as medidas de precaução”, explica. Arbex enfatiza que essas auditorias e análises “representam um valioso subproduto do serviço de crédito”. São relatórios gerenciais que permitem enxergar aspectos como os volumes da carteira por cliente, por segmento econômico e por localização geográfica. São informações importantes para os gestores pois permitem antecipar decisões quando determinado
setor econômico entra em crise. Esses mesmos dados também possibilitam ao cliente a prospecção de novos mercados, delineando, com estratégia e inteligência, os alvos de abordagem do departamento comercial. “Conseguimos fazer um rating inicial e estabelecer os limites de crédito ideais para aquele mercado”, afirma. Um dos atendimentos da Nobex que ilustram e demonstram o sentido pleno dos serviços de crédito oferecidos por ela é uma operação internacional de importação da qual participou. A operação de grande valor envolvia um fabricante inglês de máquinas e um banco da Escandinávia. “Nosso relatório sobre o possível cliente brasileiro foi tão detalhado, com dados econômicos sobre o setor envolvido e as projeções de ganhos após a compra do equipamento, que em uma semana eles não só deliberaram o que fazer, como o banco escandinavo assumiu diretamente a operação de crédito junto ao cliente final da indústria”, conta.
Desconfianças e amadorismo em crédito A história de sucesso é quase contraponto com a postura de algumas grandes empresas brasileiras, que segundo ele, desconfiam e não apreendem a dimensão de um setor de crédito bem estruturado e a necessidade de terceirização desse serviço para alcançar o profissionalismo. “Infelizmente, a maioria das empresas só dá atenção ao crédito quando começam a perder
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no número de análises concluídas. Foram feitas pela Nobex no último ano, mais de 5 mil análises. “Nós somos uma ferramenta, uma atividade meio; portanto, não podemos participar do risco, pois quem decide, dá a palavra final do crédito, é o cliente”, explica. Esse fato, no entanto, não exime a Nobex de analisar criteriosamente as inadimplências registradas, por meio de reuniões técnicas.
Harmonizando profissionais de crédito e vendas
Acima, as análises de crédito emitidas pela Nobex. Operações quase 100% online, mas em parte ainda finalizadas em papel. Abaixo, mesa de operações em Curitiba. A sede também mantém um centro de treinamento com cursos de Análise de Balanço e de Crédito e de Análise de Crédito de Pessoa Física Produtor Rural.
dinheiro com inadimplência. Um cálculo superficial mostra que para cada operação de crédito mal-sucedida, considerando uma taxa de 2% ao mês, são necessárias 43 operações bem-sucedidas para recuperar o prejuízo”, afirma e expõe o amadorismo do setor de crédito de algumas grandes empresas do País. “A área de crédito às vezes se resume a um garoto que faz ficha cadastral, Serasa e dá uma olhada no contas a receber. Num momento econômico positivo, até passa. Na primeira crise, a empresa entra num ciclo de inadimplência que não a deixa sequer enxergar onde foi o centro do problema, tal a falta de informação e profissionalismo do setor”, diz. Cerca 75% dos ganhos da Nobex advêm das análises de crédito puras, aquelas em que ela recebe os dados do cliente via web ou malotes, gera através de sistemas próprios um conjunto de planilhas, analisa e emite uma recomendação sobre conceder ou não o crédito, considerando ainda o contexto econômico-financeiro em que está inserido o analisado. A avaliação deve ocorrer em poucas horas, sob pena de ver uma operação comercial do cliente perdida. Entretanto, não é sob success fee a remuneração da prestadora de serviços, e sim com base
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Segundo Arbex, quase sempre é uma deficiência na coleta de informação por parte do departamento comercial que conduz à falha na análise. “A área de crédito depende muito da área comercial. Nem sempre as empresas investem no treinamento da área comercial como já investem na área de crédito mesmo sendo este insuficiente como já dissemos anteriormente. Ou seja, não adianta ter um super analista de crédito se a qualidade de informação que chega da área comercial não é boa. E quem está com a mão no pulso do cliente e sentindo o negócio, o mercado, a concorrência, é a área comercial. Há empresas que já perceberam isso e não contratam profissional de venda sem que tenha passado pelo setor de análise de crédito. Este é o grande desafio para a segurança do crédito”, afirma. Para o economista, quanto maior o conflito entre comercial e crédito, maior é o problema de gestão da empresa.
Novos balanços ainda confundem analistas Outro gerador de problemas para o setor de crédito têm sido os balanços contábeis dentro da nova Lei 11.638. “Ainda estamos navegando sobre águas turvas e turbulentas”, brinca Arbex se referindo ao que ele chama de “cortinas de fumaça” que surgem sobre os resultados apresentados nos novos balanços. “Hoje, mesmo com suporte de grandes auditorias, muitas empresas são obrigadas a fazer ajustes imensos de um ano para outro porque a interpretação não ficou de acordo com o que se esperava e deveria ser”, afirma. Para desanuviar a coisa, a Nobex investiu em tecnologia. Está ultimando um sistema próprio, totalmente via web, que será sua grande aposta em 2012. “Desenvolvemos uma planilha eletrônica para dar uniformidade. Ela pega uma profusão enorme de informações contábeis e dali extraímos a realidade com um formato único sempre, dentro das políticas de crédito da Nobex e do cliente. O trabalho efetivo da análise começa a partir dessa planilha, quando não
se discute mais contabilidade. É simplesmente uma análise econômico-financeira que culmina numa decisão de crédito”, explica e salienta que a matéria-prima para alimentar esta planilha é a mesma – o balanço. Com essa ferramenta, a Nobex pretende aumentar este ano em 120% o número de análises produzidas por ela, além reduzir o tempo de entrega do parecer de recomendação ao cliente. Neste modelo, o próprio cliente poderá alimentar o sistema.
Contabilidade EACO | GBrasil por trás da Nobex Dolores e Euclides Locatelli, da EACO | GBrasil: respondendo pela contabilidade Nobex dentro dos padrões de exigência equivalentes aos do sistema bancário
mente esses princípios”, afirma Arbex. Para os diretores da Eaco, Dolores e Euclides Locatelli, acompanhar o crescimento da Nobex tem sido uma experiência desafiadora e, sobretudo, enriquecedora. “Há um intercâmbio muito grande de informações entre nossa empresa contábil e a Nobex, porque seu empresário é uma fonte de conhecimento riquíssima tanto sobre o mercado financeiro como quanto ao impacto da contabilidade no ambiente de crédito. Os conhecimentos se somam a cada atendimento que fazemos”, relata Dolores. deluhe,
Quando Roberto David Arbex decidiu criar a Nobex em 2000, em Curitiba, existia um pré-requisito rígido: a existência de uma empresa contábil que pudesse cuidar de toda a parte de legalização da empresa e do gerenciamento contábil, fiscal e trabalhista nos padrões e níveis de exigência do sistema bancário. A escolha do empreendedor foi a Eaco, associada GBrasil no Paraná. “Precisávamos mais do que uma empresa contábil. Precisávamos da organização séria e altamente confiável. Porque somos detalhistas, restritos demais ao que fazemos e seguimos rigorosamente o que a lei nos exige. E a Eaco | GBrasil é uma parceira de primeira hora, porque estão muito atentos e seguem rigida-
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ESTADOS
BRASILEIROS
RIO DE JANEIRO Ele é hoje polo de maior produção de petróleo no País, centro turístico e cinematográfico de maior visibilidade internacional para o Brasil e sede de megaeventos como Rio + 20, Copa e Olimpíada. Este Estado do Sudeste está aproveitando com vigor suas vantagens para captar projetos que deverão movimentar R$ 184 bilhões até 2013
por Leandro
Rodriguez
Projeto arquitetônico do Porto Olímpico que será erguido para a Olímpiada de 2016 na Região Portuária do Rio de Janeiro: um dos grandes eventos programados para os próximos quatro anos na capital carioca e que vêm contribuindo para alavancar a economia do Estado
ais do que nunca, o Rio de Janeiro é desejado por cineastas brasileiros e estrangeiros interessados em ter a cidade nos roteiros de suas produções. Em alguns casos, essa escolha é tão importante quanto a dos protagonistas que farão parte na trama. Isso se deve não apenas às belezas naturais da metrópole, mas porque as condições, do ponto de vista dos negócios, são favoráveis para as filmagens. Em 2010, por exemplo, mais da metade dos lançamentos estrangeiros de cinema ocorridos no País foi gravada na capital do Estado e nove, dos dez títulos nacionais com maior bilheteria, saíram de produtoras locais, aquecendo a indústria audiovisual. A projeção internacional estimulada pela organização da Olimpíada de 2016, as vantagens para estúdios internacionais com a disponibilidade de profissionais e empresas especializadas – explicada em parte pela presença da Globo – movimentam a área, atraindo novos projetos. O cinema, no entanto, é apenas
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um dos exemplos recentes da capacidade do Rio de Janeiro de atrair investidores do Brasil e do mundo. O êxito, refletido em dados concretos, passa pela diversificação das oportunidades oferecidas, em complemento a setores símbolos da região, como o de petróleo e gás. Os índices oficiais e de setor privado comprovam o bom cenário econômico. Em novembro de 2011, por exemplo, foram gerados no Estado 24.867 postos de trabalho com carteira assinada, 0,7% mais do que no mês anterior –, o que representou o melhor resultado de todo o País, à frente do Rio Grande do Sul (12.875), Santa Catarina (12.089) e Pernambuco (5.135), de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego. No acumulado de janeiro a novembro, foram gerados 213.067 empregos (+6,26%). Para os mercados financeiros, o bom momento é percebido por meio de avaliações positivas de agências de risco – a Fitch Ratings (avaliação inicial de BBB-) e a Standard & Poor’s (brAAA, grau de investimento dado pela primeira vez a um Estado brasi-
leiro), duas das maiores empresas do ramo no mundo, elevaram suas notas para a economia fluminense recentemente. O estudo Decisão Rio 2011-2013, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), revela um volume recorde de R$ 184 bilhões em intenções de investimentos para o período analisado. “As cifras têm crescido muito nos últimos anos e esse movimento se acelerou há cerca de quatro anos. Em 2007, havíamos mapeado R$ 108 bilhões em intenções de 2008 a 2010, quase 60% a mais do que havia sido registrado no período anterior”, destaca Cristiano Prado, gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da entidade. O executivo explica que, ao contrário do que se possa imaginar, a Olimpíada e a Copa do Mundo de 2014 não respondem sozinhas por essa evolução.
Oportunidades do tamanho de um país “Esses megaeventos são uma pequena parte dos investimentos previstos: apenas R$ 10 bilhões. Em maior medida por causa da força do petróleo, que representa 80% da produção nacional, além do gás, que equivale a 50% do que é consumido em todo o País. A localização privilegiada também é um diferencial: ela permite fácil acesso ao mercado nacional – 50% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro se concentra em um raio de 500 quilômetros da cidade do Rio. Já as nossas características naturais favorecem a construção de novos portos e estaleiros”, observa Prado. Por esses e mais motivos, o Rio está em construção acelerada de térmicas, petroquímicas, portos, indústrias automotivas e estaleiros, confirmando sobretudo a diversidade dos investimentos que ocorrem no Estado. Segundo Prado, estão em evidência os setores de indústria naval e sua cadeia – pela concentração de estaleiros já existentes e pela demanda crescente por embarcações, tanto para projetos petrolíferos quanto para a navegação comercial –, de energia, devido a usinas nucleares, pequenas centrais hidrelétricas e termoelétricas, a indústria automotiva e o turismo. “O Rio de Janeiro é um Estado pequeno, mas as oportunidades que oferecem são do tamanho de um pequeno país”, observa. Mas este “pequeno” – por sinal o terceiro menor do Brasil –, é mesmo grande diante de alguns países da Europa. A extensão territorial do Rio de Janeiro chega a ser superior, por exemplo, à da Dinamarca.
Acima, o Complexo Industrial do Superporto do Açu, considerado um dos maiores empreendimentos de caráter porto-indústria da América Latina. A State Grid, maior empresa chinesa de transmissão e distribuição de eletricidade, montará escritório no Rio de Janeiro com US$ 12 milhões em recursos.
Grandes eventos e centros de P&D No caso do turismo, a sequência de eventos de interesse mundial não poderia ser mais favorável. Além da Copa do Mundo e da Olimpíada, a economia estadual será beneficiada pela Rio + 20 (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente), em 2012, e pela Copa das Confederações, em 2013. O estímulo aos negócios na área é uma das metas da Agência de Promoção de Investimentos do Rio de Janeiro (Rio Negócios), dedicada à atração, facilitação e suporte a novos negócios na capital fluminense – a exemplo da iniciativa de Londres, sede da próxima Olimpíada, que criou agência semelhante para a mesma finalidade. Em pouco mais de um ano, oito multinacionais, entre a IBM e a GE, confirmaram a construção de centros de pesquisa e desenvolvimento, o que denota uma aposta diferenciada, em vez de iniciativas de interesse mais imediato, como a montagem de linhas de produção.
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“O Rio vive um momento de retomada dos investimentos. A cidade ocupa a primeira posição em atração de recursos na América Latina, com US$ 7,2 bilhões em 2010, aumento de 600% em relação a 2009. Esse volume supera os de São Paulo (US$ 2,7 bilhões) e do Complexo Industrial Portuário do Suape, em Pernambuco (US$ 1,78 bilhões). No mundo, o Rio é a quarta colocada”, esclarece Antônio Carlos Dias, diretor comercial da agência Rio Negócios. No mesmo período, a geração de empregos subiu de 3.198 para 4.503 postos de trabalho. A Ilha do Fundão, na Zona Norte, representa o sentido de diversificação das oportunidades econômicas. Com cerca de 130 mil metros quadrados, a zona deverá ser ocupada por centros de pesquisa de dez grandes empresas, em complemento ao Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com foco em pesquisas para o setor de petróleo.
Um bairro para tecnologias sustentáveis “Apenas a GE construirá o seu quinto centro de pesquisas global, com investimento inicial de US$ 450 milhões. A cidade do Rio foi escolhida em rigorosa concorrência com São Paulo, Campinas e São José dos Campos e Belo Horizonte. Por sua vez, a State Grid, maior empresa chinesa de transmissão e distribuição de eletricidade, montará escritório na cidade com US$ 12 milhões em recursos”, acrescenta Dias. Já na Ilha de Bom Jesus, integrada à Ilha do Fundão, será criado o primeiro bairro considerado ecologicamente correto do País, com área de 240
À esquerda, Cristiano Prado, gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan, afirma que existem R$ 184 bilhões em intenções de investimentos no Estado. “As cifras têm crescido muito nos últimos anos e, ao contrário do que se possa imaginar, a Olimpíada e a Copa do Mundo de 2014 não respondem sozinhas por essa evolução”. À direita, Manuel Domingues, da Domingues e Pinho Contadores-GBrasil: “Se o Brasil é o país da vez, o Rio é o Estado da vez”.
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mil m2. Nele, atuarão empresas especializadas em tecnologias sustentáveis e todo o entorno privilegiará as fontes alternativas – o asfalto das vias, por exemplo, será produzido com reaproveitamento de borracha e as fontes de iluminação pública utilizarão lâmpadas de LED.
Presença em Londres e maior rede hoteleira Para fomentar mais investimentos, a agência inovará com a presença na Olimpíada de Londres, que servirá de plataforma para a divulgação de vantagens da cidade do Rio de Janeiro. “Ao todo, prospectamos 22 principais oportunidades, nos setores de infraestrutura, turismo, indústria inovativa, indústria criativa e serviços financeiros. São oportunidades que podem interessar a construtoras, companhias de planejamento urbano, desenvolvedores de software e grupos de seguros e resseguros, por exemplo”, complementa. Até 2013, a projeção é de que o número de hotéis, apart-hotéis, motéis e pousadas aumente de 25.232 para 30.591, o que representará um incremento de 21%, indicador adicional das perspectivas favoráveis para a realização de novos negócios. No âmbito estadual, a Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (Investe Rio) é outra referência para investidores em busca não apenas de apoio técnico, mas financeiro. A entidade tem a função de fomentar o desenvolvimento econômico do Estado por meio da concessão de financiamentos e da prestação de serviços financeiros, como repasses de linhas de crédito do BNDES, recursos próprios ou fundos de fomento do Estado. Em 2011, as operações devem atingir mais de R$ 82 milhões em aportes financeiros para empresas e empreendedores fluminenses e a meta é de que esse valor duplique em 2012. “Se o Brasil é o país da vez, o Rio é o Estado da vez. A quantidade de investimentos programados para os próximos cinco anos é enorme”, avalia Manuel Domingues e Pinho, da Domingues e Pinho Contadores-GBrasil. Além dos megaeventos, o empresário cita o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, como outro polo aglutinador de investimentos, produção e mão de obra. Com capacidade prevista de processamento de até 165 mil barris de petróleo por dia, a nova instalação deverá entrar em operação em 2014, reforçando o potencial da estadual desse segmento. Na siderurgia, a CSA – Companhia Siderúrgica do Atlântico (ThyssenKrupp/Vale), em
Rio de Janeiro em números População: 15.989.929 População economicamente ativa: 7,6 milhões Área: 43.780 Km2 Densidade demográfica: 365,2 hab/Km2 Municípios: 92 PIB (em 2009): R$ 353,9 bilhões (+2%) PIB per capita: R$ 22.103 Divisão do PIB estadual por setor econômico Serviços 73,21% Indústria 26,30% Agropecuária 0,49%
Fonte: Firjan, IBGE e Ceperj
Acima, a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - COMPERJ, para o refino de petróleo da Bacia de Campos e unidades produtivas de segunda e terceira geração da cadeia do petróleo. Investimentos de 8,4 bilhões de dólares para o complexo considerado o maior empreendimento único da Petrobras e um dos maiores do mundo no setor. Abaixo, alto forno da ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico recebeu outros 8,2 bilhões de dólares com o objetivo de produzir placas de aço e aumentar em 40% as exportações brasileiras. Maior investimento privado feito no Brasil nos últimos 15 anos. À direita, vista da praia do Leme, na capital.
Santa Cruz, na Zona Oeste, foi inaugurada há pouco mais de um ano – maior investimento do grupo no mundo –, enquanto a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) mantém sua política de expansão – com a construção de uma unidade em Volta Redonda, de produção estimada em 500 mil toneladas anuais, entre vergalhões e fios-máquina, e a futura montagem de mais duas plantas de aços longos, cada uma com capacidade de 500 mil toneladas anuais. “Entre os setores que oferecem mais oportunidades, destaco o da petroquímica, principalmente por causa do Comperj, um dos principais empreendimentos da Petrobras, com a vantagem de estar próximo dos Portos de Itaguaí (103 quilômetros) e do Rio de Janeiro, dos terminais de Angra dos Reis (157 quilômetros), Ilhas d’Água e Redonda (30 quilômetros) e ser atendido por rodovias e ferrovias. Por sua vez, o Complexo Industrial do Superporto do Açu, considerado um dos maiores empreendimentos de caráter porto-indústria da América Latina, deverá movimentar mais de 350 milhões de toneladas por ano, entre exportações e importações, elevando a competitividade do Estado”, lembra Pinho. A essa e às demais vantagens, Cristiano
Prado, da Firjan, acrescenta os benefícios fiscais pré-definidos de redução do ICMS para setores e regiões específicas, além da possibilidade de reduções do tributo, caso a caso, em investimentos de grande porte ou de forte interesse ao governo. “Hoje, o Rio de Janeiro oferece tudo que os demais Estados oferecem e mais, sendo, portanto, um dos mais competitivos”, analisa Prado.
O esforço no combate à violência O combate à violência é um dos principais esforços do governo estadual na área social. O objetivo é desfazer da imagem da insegurança e dos reflexos econômicos negativos que ela promove. A instalação de Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) já alterou o dia a dia de mais de 500 mil pessoas em 68 comunidades, diminuindo índices de roubos de veículos (-3,2%), de aparelhos celulares (-17,7%), e crimes contra pessoas em espaços urbanos (-10,8%) e a residências (-11,7%), segundo dados oficiais. Em 2012, o foco será na Favela da Rocinha. Com a presença policial, a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil (BB) anunciaram a abertura de agências no local.
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MERCADO
DO
LUXO
O BRASIL do LUXO cresce e se regionalizA O mercado nacional mostra a sua força num exclusivo e requintado universo que movimenta R$ 16 bilhões/ano
por
Andrea Antonacci
oferta de produtos de luxo no Brasil nunca foi tão farta quanto na atualidade. Ela pode incluir desde carros com design inovador e motores potentes até relógios confeccionados com alta tecnologia e materiais de primeira linha para garantir o máximo de precisão. Pode ainda ser tão abrangente quanto a hospedagem em um hotel boutique ou um jantar preparado por um chef renomado. O universo é amplo e vem sendo reforçado com a chegada de diversas marcas internacionais e pela consolidação da indústria nacional no setor. A cada dia que passa, aumenta também o número de pessoas dispostas a desembolsar altas cifras para obter produtos ou serviços que aliem alto padrão de qualidade e exclusividade. Somente em 2010, estima-se que esse filão de negócio tenha movimentado R$ 15,7 bilhões, volume que representa um crescimento de 28% em relação ao ano anterior, de acordo com a pesquisa O Mercado do Luxo no Brasil - Ano V, da MCF Consultoria e Conhecimento em parceria com a GfK, uma das maiores empresas mundiais de pesquisa de mercado.
230 empresas de luxo no Brasil
Flavio Padovan, presidente da Jaguar Land Rover para América Latina e Caribe. Aumento de 73% no número de automóveis vendidos em 2011 – o maior índice de crescimento da companhia no Brasil nos últimos anos
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A quinta edição da pesquisa foi realizada entre abril e maio de 2011, com a participação de 79 empresas do segmento de luxo que integram um universo identificado pela MCF de 230 empresas operantes no País. “Agora somos o Brasil do luxo. Representamos um dos mercados mais promissores do setor e estamos surpreendendo, criando marcas genuínas com produtos e serviços bastante interessantes”, observa Carlos Ferreirinha, presidente da consultoria. Ou-
tros números da pesquisa ratificam a colocação do especialista. De 2006 a 2010, o faturamento do setor cresceu 129% em dólares e 87% em reais.
Cidades onde as marcas de luxo planejam expansão no Brasil
Regiões em destaque Há ainda o surgimento de outras regiões de consumo e de uma base nova de consumidores. Mesmo com a economia brasileira bastante concentrada, locais como Nordeste e Centro-Oeste vêm abrindo espaço ao luxo. O IBGE reflete essa tendência. Seu levantamento da economia regional mostra que o Nordeste e Centro-Oeste aumentaram suas participações no PIB brasileiro em 0,4 % entre 2008 e 2009, enquanto o Sudeste decresceu, com -0,7%. Os dados da pesquisa da MCF/GfK cruzam com os do IBGE. No levantamento sobre o mercado de luxo transparece o desejo das marcas de buscar mercados fora do eixo Rio-São Paulo. Brasília lidera o ranking com 42%. Belo Horizonte (MG) é outro destaque, sendo citada por 34% dos entrevistados, que a consideram uma das mais propícias para o segmento. Em 2009, Belo Horizonte foi indicada por apenas 4% das empresas, número que saltou para 19% no ano passado. Curitiba também surge na lista, ampliando sua participação de 7% para 13%. As oportunidades são igualmente vistas em Salvador (4%) e Recife (3%). Os dados fornecidos pelos entrevistados revelam aumento de pontos de venda pulverizado entre São Paulo (+66%), Rio de Janeiro (+44%), Brasília (+37%) e Belo Horizonte (+34%), além de Curitiba e Porto Alegre (22% cada).
A trilha da Land Rover no Brasil A conquista de novos clientes fora do eixo Rio-São Paulo é meta da automotiva Jaguar Land Rover. Seus resultados e abordagens de mercado apontam o Nordeste como região de maior demanda, com destaque para Recife, Fortaleza e Salvador. A proposta para 2012 é ampliar de 29 para 35 o número de concessionárias, contemplando principalmente clientes em regiões como o Nordeste e o Centro-Oeste. No geral, a empresa só tem a comemorar por sua participação em território brasileiro. “Comercializamos 5.200 veículos em 2010 e encerramos 2011 com nosso recorde histórico de vendas no Brasil, com cerca de 9 mil carros vendidos”, comemora Flavio Padovan, presidente da Jaguar Land Rover para América Latina e Caribe. Isso representa o maior índice de crescimento da companhia no Brasil nos úl-
Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria e Conhecimento: “Agora somos o Brasil do luxo. Representamos um dos mercados mais promissores do setor”
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timos anos. Padovan destaca o momento econômico positivo que vive o País e o excelente nível de informação dos consumidores como elementos que explicam a ampliação das vendas. “O público brasileiro hoje conhece muito sobre o setor e sobre as características dos produtos e sabe procurar os modelos que oferecem mais tecnologia, desempenho e segurança.”
O tempo bem marcado da suiça Breitling Ter um público exigente e conhecedor dos produtos, aliás, é uma das características do mercado de luxo. Muitas vezes, o que o comprador busca são detalhes, peculiaridades e, principalmente, valores que estão agregados a determinadas marcas. Valores como os da relojoaria suíça Breitling, datada de 1884. A grande parte de seus modelos varia de R$ 5 mil a R$ 20 mil a unidade, mas há edições limitadas que podem ter custos diferenciados, caso do modelo Bentley Turbillion, que sai por R$ 586 mil. No Brasil desde 1991 e com operações próprias por aqui desde 2005, a Breitling tem seu nome fortemente associado à aviação pela alta precisão de seus aparelhos e o uso em voos. O fértil mercado brasileiro tem motivado ações de marketing especiais como a vinda ao País do ator John Travolta, o garoto-propaganda da marca, para reforçar um dos seus lançamentos Breitling. O ator é também piloto de aeronaves e, na recente campanha publicitária da marca, aparece encostado à fuselagem de um avião histórico. A imagem foi captada na pista onde
A suíça Breitling, com relógios que chegam a custar meio milhão de reais, acelera vendas trazendo John Travolta ao Brasil para promover a marca e confeccionando uma série exclusiva de 100 exemplares para o consumidor brasileiro
ocorre o Reno Air Races, em Nevada (EUA), o célebre encontro aeronáutico voltado para voos baixos, do qual a Breitling é o principal patrocinador. Segundo o diretor da Breitling no Brasil, David Szpiro, a marca tem crescido no País ao ritmo de 5% ao ano com uma estrutura que já conta com 42 revendas. Os investimentos da empresa mostram o firme interesse da empresa no consumidor brasileiro. Ela montou uma oficina própria, no Rio de Janeiro, e tem investido continuamente na formação de seus relojoeiros submetendo-os a treinamentos na fábrica de Grenchen, na Suíça. Em iniciativa recente, a indústria suíça lançou uma edição especial brasileira de seus relógios contendo 100 exemplares do modelo Chronomat. A ação ocorreu com propósito de celebrar os cinco anos da relojoaria no País. Os exemplares traziam um mostrador diferenciado e o mapa do Brasil em seu fundo.
À margem da crise internacional
Automóveis Bentley a preços de R$ 825 mil a R$ 1,2 milhões. “A marca manifestou que veio com visão de longo prazo pois acredita no potencial do Brasil”, diz Toninho Abdalla, sócio da importadora British Cars do Brasil, que comercializa também os carros da Bugatti
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Mesmo a crise financeira mundial – que teve início em 2008 e ainda provoca turbulência nos mercados internacionais – não foi capaz abalar o mercado do luxo no País. Como ainda não há reflexos intensos por aqui, ele segue aproveitando a boa maré. Dentre os números favoráveis, a pesquisa da MCF/GfK revela incremento no valor do tíquete médio gasto pelos clientes do luxo. De 2009 para 2010, passou de R$ 2.726 para R$ 4.710. Em 2010, o crescimento do mercado foi acima da previsão, o que representa recuperação em relação a 2009, ano com crescimento abaixo do esperado por influência da crise. “A previsão para 2010 era de 22% de
crescimento e foi superada pelo setor, atingindo 28%, o que garantiu a recuperação da atividade em patamares de resultados no mesmo nível que antes de 2008”, destaca Carlos Ferreirinha. Para 2011, ainda não temos o índice fechado, uma vez que a pesquisa está em fase de aplicação e os resultados serão divulgados em maio. Mas a nossa expectativa é de que no último ano, o mercado tenha apresentado um crescimento entre 17% e 23% em relação a 2010”, afirma.
A chegada bem-sucedida da Bentley e Bugatti Um exemplo de que a crise internacional não abalou o mercado local e tampouco as expectativas das marcas de luxo é a chegada das automotivas Bentley e Bugatti, pertencentes ao grupo Volkswagen. Elas ingressaram em 2010 por meio da importadora British Cars do Brasil com modelos Bentley a preços de R$ 825 mil (Flying Spur Sedan 4 portas) a R$ 1,17 milhões (Continental New GT Coupé 4 assentos). Da marca Bugatti, a importadora oferece exemplares do Veyron conversível, um legítimo concorrente da Ferrari. Confeccionado sob encomenda, o carro possui mil cavalos de potência e atinge 407 km/h.
Le Lis Blanc, marca brasileira mapeando com sutileza a trilha do luxo no País
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Sua base total de pontos de venda cresceu de 57 lojas próprias ao final de 2010 para 102 (sendo 73 lojas próprias da marca Le Lis Blanc e 29 da marca Bo.Bô). Segundo o consultor Ferreirinha, os caminhos do luxo no Brasil passam pela diversificação de públicos e produtos. O crescimento da população de terceira idade bem como a criação de estratégias voltadas aos jovens são iniciativas bem-vistas pelo consultor. Assim como fez a Le Lis Blanc, encontrar nichos e oportunidades pode garantir a longevidade de uma marca no setor.
Antonio Bernardo: a joia rara do Brasil Antonio Bernardo: designer de joias com peças que variam de R$ 160,00 a R$ 660 mil a unidade: o luxo brasileiro também é exportado
A British Cars do Brasil não divulga números de faturamento, mas sinaliza um ingresso positivo. “O primeiro ano no Brasil foi muito bom, bem acima de nossa expectativa, e creio que continuaremos assim. Nosso mercado segue as mesmas linhas do chinês, embora hoje a China compre 30 vezes mais. Mas, a Bentley já manifestou que veio ao Brasil com visão de longo prazo pois acredita em nosso potencial”, diz Toninho Abdalla, sócio da British Cars do Brasil.
Le Lis Blanc: o luxo made in Brazil Na esteira do crescimento econômico brasileiro há empresas nacionais ampliando sua participação no segmento. “Hoje é difícil reconhecer na China, na Rússia ou na Índia marcas locais de luxo. O que vemos no Brasil não existe em outros mercados. Talvez seja a grande diferença do mercado brasileiro para o mercado chinês, indiano ou russo”, compara Ferreirinha. Há diversos casos de sucesso nacionais. Um deles é a Le Lis Blanc, que em 1988 abriu sua primeira loja de moda feminina no Shopping Iguatemi, em São Paulo, e atualmente conta com 73 lojas próprias da marca, mapeando com sutileza a trilha do luxo. Em 2011, a empresa inaugurou 26 pontos de venda próprios (22 novas lojas e quatro conversões de lojas licenciadas) e lançou sua loja Le Lis Blanc online. A companhia é ainda proprietária da marca Bo.Bô – voltada para mulheres jovens de alto poder aquisitivo – e desde 2005 comercializa produtos voltados para decoração.
A tática é igualmente adotada pela marca de joias Antonio Bernardo, que completou 30 anos em 2011 e pode ser considerada um dos exemplos clássicos do luxo genuinamente brasileiro. O designer Antonio Bernardo possui peças diferenciadas e exclusivas que caíram na aura do seletivo mercado, tanto no Brasil como em Portugal, Alemanha, Áustria, Bélgica, China e Estados Unidos, locais onde suas joias também chegam. A marca tem 18 lojas próprias oferecendo peças que variam de R$ 160,00 a R$ 660 mil a unidade. A estratégia mais recente de Antonio Bernardo foi contemplar com mais consistência o público masculino. No ano passado, lançou uma coleção específica para esse público.
Democratização do luxo A pesquisa O Mercado do Luxo no Brasil - Ano V revela ainda uma mudança curiosa no segmento. O luxo já não é visto como algo totalmente exclusivo. Das empresas que participaram da pesquisa, 44% concordam que ele não precisa mais ser exclusivo e 71% acreditam que a tendência atual no Brasil é a democratização do acesso, mesmo que, para alguns, seja necessária a criação de novas marcas ou submarcas. Ainda de acordo com o levantamento, 46% dos dirigentes de empresas acreditam que o caminho da expansão desse mercado no País seja tornar acessíveis produtos e serviços àqueles que o almejam. O desafio, então, é ampliar o número de clientes, mas manter a aura de exclusividade que cerca o universo do luxo. Afinal, é essa aura um dos elementos responsáveis por sua existência.
Esta reportagem foi produzida com a participação dos seguintes clientes GBrasil: Jaguar Land Rover, Breitling, British Cars do Brasil, Le Lis Blanc e Antonio Bernardo.
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NUTRIÇÃO
ANIMAL
EUKANUBA & Agrosul
NO FARO DO MERCADO Super PREMIUM A marca número um em alimentos para cães e gatos no gigante mercado americano fareja a primeira posição entre as rações super premium no Brasil. A Agrosul, distribuidora de Porto Alegre, mostra os bons índices da Eukanuba em sua nova alavancagem brasileira
por
Maria Emília Farto
e origem americana, a palavra “eukanuba” surgiu nos anos 40, nos círculos do jazz, onde era usada para se referir a algo como “o melhor” ou “supremo”. E foi nesse termo que, em 1969, o especialista em nutrição animal Paul F. Iams se apegou para batizar suas novas fórmulas de comida premium e super premium para cães, considerada hoje um clássico do setor. Super premium também pode ser considerada a parceria da Procter & Gamble, dona da tradicional marca, com a Agrosul, distribuidora de produtos veterinários, administrada pelo gaúcho Alexandre Prudente, na retomada da Eukanuba no Brasil a partir de 2007. Alguns anos antes, em 2004, a multinacional havia fechado sua divisão Pet Care e deixado de comercializar o produto no País por conta das incertezas econômicas geradas pelo cenário político e a alta do dólar, que inviabilizou as importações. “Alexandre sempre foi um grande parceiro. A Agrosul foi muito importante para a virada da marca Eukanuba no Brasil, um mercado complexo, muito pulverizado e que ainda carece de muita informação”, afirma Daniel Vaie, country-manager da divisão P&G Pet Care Brasil. O empenho de Prudente, que contou com amplo apoio da P&G, fez com que em 2010 a Eukanuba já registrasse aumento de 68% nas vendas no estado de São Paulo e de 80% no resto do País. Foram apenas três anos para consolidar a marca no mercado a ponto de motivar a multinacional a reabrir sua divisão Pet Care no Brasil em 2011.
Alexandre Prudente, da Agrosul: responsável pela retomada da marca Eukanuba, da Procter & Gamble, no disputado mercado de rações super premium no Brasil
Para 2012, a P&G Pet Care anunciou a renovação da linha Eukanuba com redesenho de embalagens, novas fórmulas, e o lançamento de rações por tipo de raça de cachorro além de expandir mercado com novos canais de venda. Já a Agrosul acaba de investir R$ 600 mil em um novo centro de distribuição, composto por dois armazéns, em Tamboré, na região de Alphaville, em São Paulo, que se junta a estrutura
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Alexandre Prudente e membros da equipe Agrosul, em sua sede em Porto Alegre: a oportunidade que precisava para inagurar um novo ciclo de negócios para a distribuidora
existente em Porto Alegre, onde estão a sede e outro centro de distribuição da empresa.
No momento certo, na hora certa A parceria com a Procter e Gamble foi considerada também determinante pelo empresário e economista Alexandre Prudente. Era a oportunidade que precisava para inagurar um novo ciclo de negócios para a distribuidora. No final de 2006, a Agrosul, até então focada na distribuição de medicamentos veterinários para animais de grande porte na região Sul, foi surpreendida pelo rompimento de contrato com uma marca que respondia por 75% de seu faturamento e com a qual trabalhava desde sua fundação, em 1984. A distribuidora teve que lidar com cortes severos de custos, incluindo a demissão de 80% dos funcionários. Em paralelo, a P&G Pet Care estava de olho no crescimento quase exponencial que o mercado brasileiro de petfood vinha apresentando desde o início de 2000. Em 2004, por exemplo, a produção de petfood no País cresceu 11%, bem acima dos 7% inicialmente previstos, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação – Anfalpet. Os bons índices animaram a P&G a retomar o mercado por meio de parcerias com importadoras que trariam para o Brasil a ração fabricada em Buenos Aires, na Argentina. Prudente, contando com a sua sólida rede de clientes de produtos veterinários, entrou em negociação com a P&G e em apenas três meses, iniciou uma nova etapa para a Agrosul. “Tínhamos construído um nome forte e uma
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rede de distribuição que garantia pleno atendimento a toda região Sul do Brasil”, lembra o distribuidor. A Agrosul se tornou um dos três importadores da P&G Pet Care que o Brasil passaria a ter, localizados em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS). Suportado pela Gatti | GBrasil para assessoria contábil, tributária e por consultorias especializadas em logística e importação, em menos de dois meses a Agrosul começou a fazer suas primeiras importações de Eukanuba para a região Sul do Brasil.
Retomada complexa Os desafios não foram poucos nessa retomada. A marca estava praticamente ausente há 8 anos do Brasil, o mercado assistia a entrada de novas marcas super premium com ações de marketing agressivas e havia dificuldades de manter regularidade no abastecimento dos pontos de vendas. A empresa de São Paulo, que complementaria as importações para abastecer o mercado brasileiro (exceto Rio), saiu do negócio. A indústria de ração, extremamente sensível a preço e logística, trouxe muitos desafios à Agrosul por causa da complexidade tributária e a dimensão territorial do Brasil. Mas acostumado a superar obstáculos e a tomar decisões arrojadas, Prudente não hesitou em se desdobrar para ter sucesso na nova operação da Eukanuba. Em dezembro de 2007, a Agrosul providenciou, com urgência, dez carretas de ração para viabilizar o abastecimento da região Sudeste. Para garantir preço competitivo, expansão dos pontos de venda e abastecimento contí-
nuo, a Agrosul, em parceria com a P&G, investiu em operações de proteção cambial e de alinhamento com distribuidores de grandes praças, que precisavam ser reconquistados. Prudente se preocupou em conhecer de perto as necessidades específicas de seus compradores, garantir atendimento profissional e se comprometeu pessoalmente a regularizar o abastecimento. Um trabalho que, além de árduo, também era arriscado, pois implicava em manter estoque de um produto comprado em dólar e vendido em reais.
Atraindo a atenção de P&G americana Funcionou. À medida que o novo modelo de operação avançava, as porcentagens de venda da Eukanuba cresciam. O número de cidades atendidas pela Agrosul não parava de crescer e, com isso, a distribuidora chegou a instalar um escritório na cidade de São Paulo para apoiar a operação na região metropolitana. As perspectivas do cenário econômico mundial começavam a melhorar e o Brasil a se consolidar como uma ótima alternativa para investimentos. Aliado a isso, os resultados da Agrosul chamaram a atenção da P&G nos Estados Unidos. Em julho de 2010, Prudente, que já conhecia bem o mercado nacional, ajudou a P&G a traçar sua estratégia para consolidar a marca Eukanuba no Brasil. Os resultados superaram todas as expectativas: o produto registrou 80% de aumento nas vendas no segundo semestre de 2010. No início de 2011, a P&G anunciou a reabertura da divisão P&G Pet Care no Brasil e dividiu as regiões de vendas. A Agrosul passou a prover os mercados do Sul, incluindo os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; São Paulo capital e toda sua região metropolitana. Para abastecer os demais estados a P&G Pet Care está estruturando novas operações com distribuidores de vários portes.
2º maior mercado do mundo O mercado brasileiro de petfood tem apresentado altas taxas de crescimento desde o início dos anos 90 e promete avançar muito mais. Aquecido por fatores como a “humanização” dos animais, hoje considerados “membros da família”, a melhoria do poder aquisitivo do brasileiro
e os grandes investimentos da indústria em marketing, as expectativas dos operadores do setor são profusas e otimistas. Levantamentos do Euromonitor Internacional, publicado pela revista Petfood Industry (julho de 2011), apontam que o Brasil deverá se tornar o segundo maior mercado do mundo de ração para cães e gatos, movimentando US$ 5,86 bilhões até 2015, superando países como França, Japão e Rússia, e ficando atrás apenas do mercado americano. O mercado global de produtos e serviços para pets movimentou US$ 76 bilhões em 2011, sendo o Brasil responsável por 6% dele, segundo a Anfalpet. Apesar dE os números saltarem aos olhos, trata-se de um mercado pulverizado, com grande concentração nos Estados Unidos, que detêm 35%, e 65% distribuído em fatias que variam em torno de 1% a 7% em países da Europa, Ásia e América Latina. O abastecimento nacional é de 1,83 milhão de toneladas de ração, número ainda aquém da demanda estimada em 4,55 milhões de toneladas para alimentar 98 milhões de animais de estimação. Parece ser só o começo. O Brasil terminou 2011 com a segunda maior população de cães e gatos do mundo.
Suporte contábil da Gatti | GBrasil
A distribuidora Agrosul conta hoje com 77 colaboradores e dois centros de distribuição – um em Tamboré, na Grande São Paulo, com 1.200 m2, e outros três em Porto Alegre-RS, com 850 m2. cada um. Além, da Eukanuba, ela comercializa produtos de marcas como Merial, Ceva, Novartis, Coopers, Marcolab, Pfizer, Destron, Tecnopec, Microsules, Vencofarma, Norbrook, Embasvet, Handmax, Raupp, SM, Vallé, e Eurofarma. Desde 1997, a empresa conta com a assessoria contábil, fiscal e trabalhista da Gatti Contabilidade, associada GBrasil em Porto Alegre. Para o contador Maurício Gatti, o grande desafio em atender à Agrosul está na legislação que rege as importações e as complexas normas do ICMS. “Mas a Agrosul tem uma história de desafios e conquistas, que esO contador Maurício Gatti: assessoria contá- pelha muito o perfil do emprebil, fiscal e trabalhista para a Agrosul sário. É motivante”, afirma.
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EM
TESE
O dever da clareza A legislação tributária brasileira, muitas vezes, não prima pela clareza, por inúmeras razões, como a pretensão de confundir, a ignorância ou a falta de polidez do legislador
por
Everardo Maciel
filólogo Celso Cunha, responsável pela revisão do texto da Constituição de 1988, renunciou à tarefa, desapontado com a imprecisão e o barroquismo das proposições. Em discurso, pronunciado na Assembleia Constituinte, em 20 de setembro de 1988, salientou: “Estilisticamente, é uma Constituição sui generis, que parece duvidar da eficácia da lei. ...Deveria ser escrita na língua culta normal dos brasileiros – culta sem ser preciosa, normal sem ser vulgar”. Arrematou, parodiando o que Ortega y Gasset afirmara em relação à filosofia: “Clareza é a cortesia do legislador para com seu povo”. Predicado do bom estilo, clareza é o que não contrapõe obstáculo ao pensamento, para além da complexidade e da sutileza inerentes ao tema. O que é claro não necessariamente é simples ou trivial, como assinala André Comte-Sponville. É, todavia, uma indispensável cortesia aos que leem. Quando a clareza do enunciado implica repercussões sobre direitos e obrigações, ela, então, se torna crucial, convertendo-se em dever para os que respondem pela sua enunciação. A legislação tributária brasileira, muitas vezes, não prima pela clareza, por inúme-
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ras razões, como a pretensão de confundir, a ignorância ou a falta de polidez do legislador. Uma pérola dessa obscura linguagem, como bem assinalaram os professores Eurico Di Santi e Isaías Coelho, é retratada no art. 150, § 1º da Constituição: “A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e à vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.” O significado dessa norma é relativamente simples, para os profissionais da área tributária, entretanto sua construção é um primor de hermetismo, com proliferação de remissões cruzadas, pontos e vírgulas – quase uma linguagem de máquina, para usar um vocabulário da informática. A linguagem obscura se torna ainda mais iníqua quando se inscreve no contexto de uma profusão de normas, decorrente de uma fúria legiferante que, no propósito de tudo controlar, nada controla. Serve bem, todavia, ao arbítrio, à prepotência e, não raro, à corrupção. O Código Tributário Nacional (CTN) estabelece, no art. 212, que as administrações
fiscais da União, dos Estados e dos Municípios deverão consolidar, anualmente, as respectivas legislações tributárias. Os fiscos, entretanto, desconhecem solenemente essa obrigação, no entendimento de que se trata de norma meramente programática. Se procedente essa interpretação, aquela norma seria um mero divertimento normativo. É imperioso, portanto, alterar-se o CTN, para que se estabeleçam sanções, em caso de inobservância da regra. As dúvidas dos contribuintes, ao menos em tese, deveriam ser respondidas prontamente pela administração fiscal. Não é assim, contudo, que tem acontecido. Consultas têm tido respostas lentas e, muitas vezes, pouco qualificadas, sem falar da abusiva alegação de ineficácia. Conheço casos tão estarrecedores, que poderiam ser incluídos em edição atualizada de “O Processo”, de Kafka. Há rumores críveis de que se pretende tornar ainda mais restritivo o instituto da consulta. Caso os rumores se convertam em realidade, seria um real atentado à dignidade do contribuinte, correspondendo a uma compensação torpe à ineficiência do Estado. A combinação da abundância de normas, sequer consolidadas, com a inépcia no esclarecimento das dúvidas dos contribuintes representa um típico abuso de autoridade, por omissão. Há outra espécie de omissão da qual resulta uma zona cinzenta, onde tudo é possível. É a que se opera no campo das leis com baixa densidade normativa, a exemplo da
legislação aplicável a ágio e a dissimulação. As regras tributárias relativas a ágio foram construídas em um momento histórico em que se pretendia incentivar a privatização de serviços de infraestrutura, sem que existissem muitos atrativos para inversões estrangeiras. Hoje, o contexto é completamente diferente, ainda que a privatização de determinados serviços públicos seja um processo inconcluso. Ao longo do tempo, essas regras se converteram tão somente em repulsivo instrumento de planejamento tributário abusivo. Ainda que pendente de disciplinamento por lei ordinária, a regra estabelecida no art. 116, parágrafo único, do CTN, produziu um lamentável campo de batalhas entre o fisco e o contribuinte. Institutos do Código Civil, como a fraude à lei ou abuso de forma, são transpostos para os procedimentos de fiscalização, sem que se reconheça a barreira fixada por aquela norma. É o pior dos mundos possíveis, em que se abrigam a arbitrariedade e a insegurança jurídica. Em ambos os casos, já é hora de proceder-se a uma revisão das leis, eliminando-se as brechas fiscais e o potencial de litigiosidade. Legislações obscuras, omissões na divulgação de normas ou silêncio como resposta a consultas são vícios deploráveis, que demandam tipificação como infrações administrativas. Clareza, sem lugar a dúvidas, se vincula ao princípio constitucional da moralidade do Estado. EVERARDO MACIEL é consultor tributário, Receita Federal do Brasil (1995-2002)
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foi secretário da
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EM
SÍNTESE
GBrasil define estratégia de expansão durante 36º Encontro em São Paulo Fotos: Estúdio Luzia
No Novotel Jaraguá Convention, GBrasil cada vez mais amplo e forte: macrorregiões de SP e MG serão as primeiras contempladas para integrar novos aliados
As frequentes demandas pelos serviços de outsourcing contábil e de legalização de empresas no interior do Brasil, em especial, em polos regionais de desenvolvimento econômico, vêm influenciando o GBrasil a ampliar sua base de atuação. “Apenas no estado de São Paulo, existem entre seis e nove cidades aptas a ter uma representação do GBrasil”, comentou o presidente da aliança empresarial, Nilson Göedert, durante o último encontro do grupo, ocorrido de 16 a 18 de novembro, no Novotel Jaraguá Convention, na capital paulista. Outros estados com cidades potencialmente importantes para esta ampliação são Minas Gerais e Mato Grosso. A proposta é atender principalmente empresas com atuação nacional que já compõem a carteira de clientes do GBrasil e que precisam de suporte de paralegal e contábil com o mesmo padrão da
matriz e filiais para a expansão de suas atividades em outros centros econômicos do País.
Tributação nas empresas de construção civil O 36º Encontro do Grupo Brasil de Empresas de Contabilidade, que reuniu 70 representantes das 32 empresas aliadas, foi aberto com um workshop sobre Holdings Nacionais e Internacionais no Planejamento Sucessório e na Proteção do Patrimônio, ministrado por Marcellus Glaucus Gerassi Parenti. Outro tema técnico bastante discutido durante o evento foi sobre a tributação de empresas na área da construção civil. Área de grande complexidade tanto pela sazonalidade como pela legislação, a contabilidade das empresas de construção tem sofrido impactos regionais. Os associados GBrasil aproveitaram o momento para um intercâmbio de informações sobre aspectos das normatizações municipais e estaduais e a absorção das melhores práticas, considerando o respaldo técnico seguro para o desenvolvimento de suas atividades no confronto com a legislação federal.
Um perfil das anfitriãs A Orcose Contabilidade e a Domingues e Pinho Contadores-DPC, anfitriãs do encontro em São Paulo, fizeram uma exposição detalhada sobre o funcionamento das duas empresas associadas GBrasil na capital. A Orcose, fundada há 46 anos, é liderada pelo contadores José Serafim Abrantes e Julio
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Linuesa, e foi uma das primeiras do setor a investir na informatização dos seus processos, quando a computação ainda iniciava no Brasil, na década de 80. A DPC São Paulo, liderada por Manuel Domingues e Pinho e Luiz Flavio Cordeiro, é a unidade paulista da DPC criada no Rio de Janeiro há 27 anos e especializada em outsourcing contábil para médias e grandes empresas, com forte presença nas áreas de energia, petróleo e gás, especialmente multinacionais que buscam abrir negócios no Brasil.
Gerenciamento Eletrônico de Documentos - GED Carmelo Farias, da Acene | GBrasil de Recife-PE, contou com participação de gestores de TI da Contac (Goiânia) e da Roberto Cavalcanti & Associados (João Pessoa-PA) para expor dois casos de sucesso na aplicação GED Kaisen, sistema de Gerenciamento Eletrônico de Documentos, que possibilita ao usuário o acesso a seus arquivos via web, a qualquer dia e hora. A ferramenta, desenvolvida e comercializada pelo associado GBrasil em todo o País, por meio da empresa co-irmã Tecnologia Kaisen, permite o gerenciamento de grandes volumes de documentos de uma forma estruturada e segura, sejam eles projetos, planilhas, imagens, relatórios, vídeos ou textos. Os documentos podem ser acessados por diversas chaves de busca e a principal vantagem é a eliminação do tráfego de papéis como guias de tributos, livros contábeis, contratos, pedidos, etc. Os documentos podem ter acesso compartilhado (visualizados por mais de uma pessoa ao mesmo tempo) e são certificados digitalmente em cartório, com validade jurídica reconhecida.
SPED e cursos à distância O 36º Encontro GBrasil teve ainda abordagens sobre o uso de manual de gestão de pessoas específico para o ambiente contábil, com o consultor Durval Luchetti, e apresentação da MXM Manager, com uma solução para as escriturações fiscal e contábil digitais voltadas ao ambiente SPED. Mário Mateus, da Matur Contabilidade (associado GBrasil em Belo Horizonte-BH) fez uma explanação sobre a Escola de Negócios Contábeis, com a qual trabalha em parceria. A instituição, que adota o modelo de ensino a distância, é focada em treinar profissionais que operam em empresas de contabilidade e afins nos novos padrões digitais de contabilização. Os cursos são dados 100% a distância, em plataforma Moodle, facilitando acesso de alunos de qualquer lugar e a qualquer tempo. O propósito é orientar e capacitar sobre a nova realidade do Fisco Digital. Os treinamentos são indicados tanto para empresários, consultores autônomos, jovens empreendedores, como para profissionais e estudantes dos segmentos contábil, jurídico tributário, auditoria, tecnologia da informação e administração.
Próximo Encontro GBrasil acontecerá em maio O próximo encontro GBrasil acontecerá em Natal-RN, de 16 a 18 de maio de 2012 , sob a coordenação da Rui Cadete Consultores e Auditores. FOTOS: (1) Carmelo Farias, da Acene, expõe o sistema GED Kaisen, (2) Ambiente do Encontro GBrasil em São Paulo. Os empresários Roberto Cavalcanti (3) e Anderson Pedrosa (4) relatam a experiência com o uso do sistema de gerenciamento eletrônico de documentos. Mario Mateus (5) apresenta a ENC - Escola de Negócios Contábeis, especializada em treinamentos a distância. (6) Luiz Flavio Cordeiro, da DPC/SP e (7) José Serafim Abrantes, da Orcose Contabilidade
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Organização Silveira de Contabilidade transfere-se para nova sede em Salvador Com área 54% maior do que a que ocupava antes, a Organização Silveira de Contabilidade | GBrasil transferiu-se em novembro para uma nova sede em Salvador-BA. No mesmo edifício em que estava, no Bairro do Comércio, ela passou a oferecer mais conforto para clientes e colaboradores em um espaço de 1.000m2. Nessa nova estrutura foram cuidadosamente planejadas três salas de reuniões equipadas com infraestrutura tecnológica para conferências digitais. A mudança é um reflexo da evolução crescente da empresa contábil, dirigida pelo contador Reinaldo Silveira. Apenas nos dois últimos anos ela cresceu 44% em termos de faturamento. Para 2012, a meta da Organização Silveira é focar na operação e ampliar sua área de consultoria contábil e tributária. “Devemos agregar mais um gerente na área fiscal e um gerente exclusivo para consultoria”, anuncia Silveira. Para ele, a principal mudança na empresa contábil foi mesmo a satisfação dos colaboradores, com instalações muito mais confortáveis e adaptáveis à nova realidade da organização.
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Diretor do GBrasil inova Conescap com agência de notícias multimídia
Qualidade certificada na C&C
A maior convenção nacional de empresários de contabilidade, a Conescap, teve uma participação intensa do diretor do GBrasil, Reinaldo Silveira, que trouxe uma inovação para o tradicional evento da Fenacon. A sua 14a edição, ocorrida no último trimestre de 2011, na Costa do Sauípe-BA, contou com uma agência de notícias multimídia para gerar informações em tempo real. Os objetivos, plenamente alcançados, segundo Silveira, foram integrar os 1.700 convencionais presentes no local e possibilitar a participação/ acompanhamento de internautas no evento de âmbito nacional. Uma sala de imprensa multimídia foi montada em um espaço estratégico da convenção, que, além da presença das equipes de reportagem, atraiu empresários, políticos e autoridades. O site do Sescap Bahia foi a base web que impulsionou a divulgação nas redes sociais – Twitter e Facebook – e vários vídeos de cobertura publicados no Youtube. Entre os maiores índices de acesso esteve a videor repor tagem com os melhores momentos da convenção. O empresário GBrasil, Reinaldo Silveira, atuou como diretor de divulgação da CoAcima, à direita, Reinaldo Silveira ao lado de Dory Azevedo nescap privilegiando e Valéria Azevedo, integrantes da comissão organizadora da o conceito de comu14ª Conescap. Abaixo, a sala de imprensa do evento. nicação integrada.
A C&C Serviços Contábeis foi uma das nove primeiras empresas da Região Norte do País a ser certificada pelo PQNC - Programa Qualidade Necessária Contábil. O programa, apoiado pelo Sescon/PA e acompanhado pelo Grupo Diretiva por um período de nove meses, é o único patenteado e personalizado para o setor contábil. Para a associada GBrasil no Pará, esta foi uma grande conquista, da qual todos os colaboradores da empresa participaram com entusiasmo. “Essa mudança de comportamento dos colaboradores reflete diretamente no feedback dos clientes”, comenta o contador Carlos Correa, diretor da C&C (foto acima). A entrega do Selo de Qualidade Contábil e os certificados aos integrantes das equipes envolvidas aconteceu em alto estilo, no dia 12 de fevereiro de 2012, na sede social da Assembleia Legislativa Paraense.
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Toigo Contabilidade, de Caxias do Sul-RS, une-se ao GBrasil A Toigo Contadores Associados, empresa sediada em Caxias do Sul-RS, é a mais nova empresa associada GBrasil. A sua inclusão foi aprovada durante o 36º Encontro do Grupo, em São Paulo. À frente da organização contábil está o contador Renato Francisco Toigo, mestre em Controladoria pela USP/Unisinos e professor de Contabilidade Fiscal Aplicada na Universidade de Caxias do Sul. A empresa, que é referência na área em sua região, possui 35 colaboradores e uma carteira de cerca de 300 clientes, 70% do setor de indústria. Entre seus clientes estão várias empresas do polo metal-mecânico de Caxias, como a Imatron (iluminação automotiva), e ainda, nomes como Nautec Eletrônica (proteção eletrônica de mercadorias), Fotogravura Zeyana e Metagraf Embalagens. O diretor Fabiano Toigo considera como principais desafios da empresa contábil, a médio prazo, a expansão territorial e a destinação automática de todos os produtos elaborados pela empresa em seu site, num ambiente de máxima segurança de dados, com informações gerenciais em tempo real. A Toigo Contadores é certificada pelo PQNC – Programa Nacional de Qualidade Contábil 2011 e recebeu o troféu Top of Mind de 2002 a 2010. Para Fabiano, integrar o GBrasil representa “fazer parte da maior organização privada de contadores do Brasil, com a possibilidade de oferecer aos clientes uma solução completa”.
O diretor Fabiano Toigo sobre a inclusão GBrasil: “A possibilidade de oferecer aos clientes uma solução completa”.
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Utilizando-se de conceitos inovadores e avançados na execução dos serviços contábeis praticados com sucesso nos grandes centros econômicos do País, a TECOL chega aos 35 anos de atividades credenciada como uma das maiores de seu segmento em Minas Gerais. EDIÇÃO 22
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LIVROS
por
Daniel Barros
Entre o poder duro e o poder brando m “O Talento para Liderar”, Joseph Nye Jr., um professor emérito da Universidade de Harvard e considerado referência em assuntos de poder e comando, refuta toda a teoria clássica de liderança que se baseia primordialmente nos conceitos militares. O autor, que trabalhou por cinco anos como secretário-adjunto no Departamento de Estado, no Pentágono, e no setor de inteligência norte-americano, introduz o a noção da tríade de líderes, seguidores e contexto, sendo este último a grande contribuição de sua obra. A inteligência contextual, segundo Nye, é o que diferencia um grande líder de um líder medíocre. O livro surpreende por ser recheado de muitos exemplos da geopolítica, em vez de ater-se aos habituais clichês da General Electric e Microsoft. Nye não é tímido ao discorrer sobre o tópico poder. Aliás, cita Maquiavel pelo menos cinquenta vezes. Porém o autor faz uma distinção entre poder duro e poder brando. Enquanto o poder duro consiste em controlar os seguidores através de intimidação ou bônus, o poder brando envolve a habilidade do líder em inspirar os outros. Contudo, Nye não acredita que deter o poder brando seja suficiente. Ele acredita que saber equilibrar os dois tipos de poder é a chave para a liderança efetiva. Outro aspecto central de sua obra está na distinção entre dois tipos de líderes: o transacional e o transformacional. O primeiro faz seu trabalho através de meios específicos tais como
prêmios, punições ou outros motivos pessoais, enquanto o segundo é mais ambíguo, confundindo os fins com os meios. Líderes podem usar métodos transacionais ou transformacionais para atingir seus objetivos, assim como Lyndon Johnson conseguiu passar o Ato de Direitos Civis em 1957 usando táticas de pressão nos EUA, mas com resultado transformacional. Mais interessante é a ideia de inteligência contextual introduzida por Nye. Líderes precisam entender e se adaptar de acordo com os seguidores no contexto em que operam. Isso torna discutível o mito comum de que um líder eficiente em um domínio é automaticamente eficiente em qualquer outro. O autor apresenta diversos exemplos de líderes que tiveram dificuldades em transferir suas habilidades para ambientes culturais diferentes. Segundo Nye, a inteligência contextual é uma habilidade extremamente complexa e cheia de nuances. Talvez o leitor brasileiro encontre alguma dificuldade em se identificar com os exemplos e anedotas apresentadas pelo autor – quase todas elas americanas. Mesmo assim o conteúdo de “O Talento para Liderar” é universal e oportuno. Título: O Talento Para Liderar ( The powers to lead) Autor: Joseph S. Nye Jr. Número de páginas: 238 Editora: Record/Editora Best Business
Encare o leão de frente A declaração de Imposto de Renda Pessoa Física exige exatidão, profissionalismo, confiança e credibilidade. Encontre seu contador na aliança GBrasil. São 32 empresas de contabilidade em todos os estados brasileiros, nas capitais e principais cidades do interior do País
30 de Abril é o prazo final de entrega do IRPF 2012
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