Livro Objeto - Brasilidades

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PORGUI LHERMEBERNARDODOSSANTOS




1969

País Tropical Jorge Ben Jor Moro num país tropical, abençoado por Deus E bonito por natureza (mas que beleza) Em fevereiro (em fevereiro) Tem carnaval (tem carnaval) Eu tenho um fusca e um violão Sou Flamengo Tenho uma nêga Sambaby Sambaby

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Ando Meio Desligado Os Mutantes

1970

Ando meio desligado Eu nem sinto meus pés no chão Olho e não vejo nada Eu só penso se você me quer Eu nem vejo a hora de lhe dizer Aquilo tudo que eu decorei E depois o beijo que eu já sonhei Você vai sentir, mas... Por favor, não leve a mal Eu só quero que você me queira Não leve a mal

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1974

Gita Eu, que já andei pelos quatro Foi justamente num sonho que Às vezes você me pergunta Não falo de amor quase nada Você pensa em mim toda hora Talvez você não entenda Eu sou a luz das estrelas Eu sou as coisas da vida Eu sou o medo do fraco O blefe do jogador (Gita! Gita! Eu sou o seu sacrifício O sangue no olhar do vampiro Eu sou a vela que acende Eu sou a beira do abismo Por que você me pergunta? Que eu sou feito da terra Você me tem todo dia Mas saiba que eu estou em você Das telhas, eu sou o telhado A letra A tem meu nome Eu sou a dona de casa Eu sou a mão do carrasco (Gita! Gita! Eu sou a mosca da sopa Eu sou os olhos do cego

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Mas eu sou o amargo da língua O filho que ainda não veio O início, o fim e o meio


Raul Seixas cantos do mundo procurando... ele me falou por que é que eu sou tão calado nem fico sorrindo ao teu lado me come, me cospe, me deixa mas hoje eu vou lhe mostrar eu sou a cor do luar eu sou o medo de amar a força da imaginação eu sou, eu fui, eu vou Gita! Gita! Gita!) a placa de contramão e as juras de maldição eu sou a luz que se apaga eu sou o tudo e o nada perguntas não vão lhe mostrar do fogo, da água e do ar mas não sabe se é bom ou ruim mas você não está em mim a pesca do pescador dos sonhos, eu sou o amor nos pegue-pagues do mundo sou raso, largo, profundo Gita! Gita! Gita!) e o dente do tubarão e a cegueira da visão a mãe, o pai e o avô o início, o fim e o meio eu sou o início, o fim e o meio

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WN DO

DO WN

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DO WN


Alô, alô, Marciano Elis Regina

1980

Alô, alô, marciano Aqui quem fala é da Terra Pra variar estamos em guerra Você não imagina a loucura O ser humano tá na maior fissura Porque, tá cada vez mais down the high society Down, down, down The high society Down, down, down The high society Down, down, down The high society Down, down, down

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1983

O Descobridor dos Sete Mares Tim Maia Uma luz azul me guia Com a firmeza e os lampejos do farol E os recifes lá de cima Me avisam dos perigos de chegar Angra dos Reis e Ipanema Iracema, Itamaracá Porto Seguro, São Vicente Braços abertos sempre a esperar Pois bem, cheguei Quero ficar bem à vontade Na verdade eu sou assim Descobridor dos sete mares Navegar eu quero Uma luz azul me guia Com a firmeza e os lampejos do farol E os recifes lá de cima Me avisam dos perigos de chegar Angra dos Reis e Ipanema Iracema, Itamaracá Porto Seguro, São Vicente Braços abertos sempre a esperar Pois bem, cheguei Quero ficar bem à vontade Na verdade eu sou assim Descobridor dos sete mares Navegar eu quero

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Uma lua me ilumina Com a clareza e o brilho do cristal Transando as cores dessa


vida Vou colorindo a alegria de chegar Pois bem, cheguei Quero ficar bem Ă vontade Na verdade eu sou assim Descobridor dos sete mares Navegar eu quero sim

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1990

Flores Titãs Olhei até ficar cansado De ver os meus olhos no espelho Chorei por ter despedaçado As flores que estão no canteiro Os punhos e os pulsos cortados E o resto do meu corpo inteiro Há flores cobrindo o telhado E embaixo do meu travesseiro Há flores por todos os lados Há flores em tudo que eu vejo A dor vai curar essas lástimas O soro tem gosto de lágrimas As flores têm cheiro de morte A dor vai fechar esses cortes Flores, Flores As flores de plástico não morrem Olhei até ficar cansado De ver os meus olhos no espelho Chorei por ter despedaçado As flores que estão no canteiro Os punhos e os pulsos cortados E o resto do meu corpo inteiro Há flores cobrindo o telhado E embaixo do meu travesseiro Há flores por todos os lados Há flores em tudo que eu vejo A dor vai curar essas lástimas O soro tem gosto de lágrimas As flores têm cheiro de morte A dor vai fechar esses cortes Flores, Flores As flores de plástico não morrem Flores, Flores As flores de plástico não morrem

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Olhos Coloridos Sandra de Sá

2002

Os meus olhos coloridos Me fazem refletir u sempre na minha o t s e Eu E não posso mais fugir Meu cabelo enrolado Todos querem imitar Eles estão baratinados Também querem enrolar Você ri da minha roupa Você ri do meu cabelo Você ri da minha pele Você ri do meu sorriso A verdade é que você (Todo brasileiro tem!) Tem sangue crioulo Tem cabelo duro Sarará crioulo Sarará crioulo Sarará crioulo Sarará crioulo Sarará crioulo

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2009

Tempo de Pipa Cícero Quando você vem, ou não? O que você quer de mim? Deixo por aí O que você tem? De onde você é? Pode me esquecer Se você quiser Ou se deixar chover Se você vier Eu vou te acompanhar de fitas Te ajudo a decorar os dias Te empresto minha neblina Vamos nos espalhar sem linhas Ver o mundo girar de cima No tempo da preguiça Mas tudo bem O dia vai raiar Pra gente se inventar de novo Mas tudo bem O dia vai raiar Pra gente se inventar de novo

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O que você é, enfim? Onde você tem paixão? Segue por aí Eu não sou ninguém demais E você também não é É só rodopiar Em busca do que é belo e vulgar


Vamos onde ventar, menina Foi bom te encontrar lรก em cima Odeio despedidas Mas tudo bem O dia vai raiar Pra gente se inventar de novo Mas tudo bem O dia vai raiar Pra gente se inventar de novo E o mundo vai nascer de novo



Um Corpo no Mundo Luedji Luna

2016

Atravessei o mar, um sol Da América do Sul me guia Trago uma mala de mão Dentro uma oração, um adeus Eu sou um corpo, um ser, um corpo só Tem cor, tem corte ia do meu lugar, ô r ó t s E a hi Eu sou a minha própria embarcação Sou minha própria sorte Atravessei o mar, um sol Da América do Sul me guia Trago uma mala de mão Dentro uma oração, um adeus Eu sou um corpo, um ser, um corpo só Tem cor, tem corte E a história do meu lugar, ô Eu sou a minha própria embarcação Sou minha própria sorte Cada rua dessa cidade cinza sou eu Olhares brancos me fitam Há perigo nas esquinas E eu falo mais de três línguas E palavra amor, cadê? Je suis ici, ainda que não queiram não Je suis ici ,ainda que eu não queira mais Je suis ici, agora Je suis ici E a palavra amor cadê?

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2020

Forçar o verão Céu Uma nuvem se aproxima do cartão postal Feito um convidado que ninguém quer receber Mas quando ele vem, não quer mais sair No sorriso debochado, estaciona ali Ouviram do Ipiranga, quem foi que ouviu? Eu não vi Estava a sombra de um coqueiro num céu azul anil E o tempo fechou e ninguém viu Derrubando a rima, fez-se então frio no Brasil Parem de forçar o verão, oh! Parem de forçar o verão! Parem de forçar o verão! Parem de forçar o verão!

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Mús i casdi s poní vei sno Spot i f ynapl ayl i s t‘ Br as i l i dades ’




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