vocĂŞ aceita fazer o que deve ser feito? GEAN PAULO NAUE
Na maioria dos casos, a monografia é o último grande trabalho a ser entregue na vida acadêmica do graduando antes da colação do grau. Este trabalho é rodeado por vários mitos (e verdades), mas na realidade, ele representa um marco para os alunos, a última virada da chave para abrir a porta. O processo de criação de uma monografia é um exercício de autoconhecimento, é o ato de virar a cabeça para dentro de si com a intenção de enxergar os trilhos de conhecimentos criados neste tempo todo e escolher um destes caminhos para desenvolver o projeto mais ambicioso da universidade. Comigo, não foi diferente. Custou para decidir qual tema abordar na monografia, o que é relevante? O que é possível? O que ainda não fizeram? Do que eu gosto? E, do que eu não gosto? Depois das várias perguntas, levantadas por mim mesmo, serem respondidas, sobrou uma pedra dourada na peneira que logo ali na frente se tornou o título do meu trabalho de conclusão de curso: “O DESASTRE NA IMAGEM INSTITUCIONAL: O IMPACTO DA CAMPANHA FAZER O QUE DEVE SER FEITO NA RECONSTRUÇÃO DA CREDIBILIDADE DA MINERADORA SAMARCO APÓS A TRAGÉDIA EM MARIANA”. Minha caminhada acadêmica na Universidade de Santa Cruz do Sul gerou uma afinidade por questões institucionais e empresariais, juntamente com meu, excêntrico, interesses em estudar eventos trágicos formaram um caminho natural até a monografia que desenvolvi.
Tendo como base o desastre ocorrido em 5 de novembro de 2015 no município de Mariana em Minas Gerais, buscou-se desvendar se e como a campanha publicitária Fazer o Que Deve Ser Feito, atuou na reconstrução da imagem institucional da Samarco Mineração, empresa responsável pela Barragem de Fundão, que com o seu rompimento liberou uma grande quantidade de rejeitos da atividade extrativa de minério de ferro no meio ambiente, causando diversos danos socioambientais. Dispondo, como tema, a imagem institucional, desejamos compreender o caminho mais apropriado a se seguir na comunicação voltada à manutenção da reputação em meio a uma crise, para isso, foram traçados 3 objetivos: (1) identificar a importância da imagem institucional para uma empresa; (2) mapear as manifestações, feitas em forma de comentários textuais individuais na fanpage da Samarco, correspondente ao filme É Sempre Bom Olhar Para Todos Os Lados a fim de analisar os efeitos que a mesma produziu no público; (3) estudar o filme, relativizando-o com o referencial teórico e com os dados obtidos pelas manifestações da opinião pública, para que seja possível elucidar os elementos que atuam, ou não, na reconstrução da imagem institucional da Samarco presente na peça publicitária. Fez-se o uso de duas técnicas metodológicas: (1) pesquisa bibliográfica, presente ao analisar a importância da imagem institucional e na construção dos conceitos como imagem, reputação, opinião pública, publicidade, propaganda, crise e gerenciamento de crise; (2) análise de conteúdo, significativa na sondagem do filme, bem como da reação do público diante dele. Para descrever o vídeo É Sempre Bom Olhar Para Todos Os Lados, objeto de estudo da pesquisa, foi criado o roteiro invertido,
técnica que transcreve, á partir do resultado final, os elementos audiovisuais da peça publicitária, esta ferramenta é importante partindo do pressuposto de que os indivíduos que opinaram sobre o vídeo previamente o assistiram. Também foram elaboradas 4 categorias para classificar a opinião pública, são elas: comentários positivos, negativos, neutros e respostas da empresa. Essa classificação, juntamente com outras 15 subcategorias que justificam o motivo do indivíduo ser categorizado como tal, geraram dados fundamentais para a obtenção dos resultados. Com a manifestação dos indivíduos na fanpage da Samarco foi possível perceber que se comunicar é necessário em um ambiente de crise, transmitir uma mensagem é proceder e se posicionar, sem deixar que a opinião pública golpeie a empresa livremente e que traçar um gerenciamento de crise é fundamental para transmitir a mensagem de maneira eficaz. Os dados obtidos mostram indignação com o fato de a instituição estar investindo em comunicação enquanto perpassa por uma crise e em fazer uso de funcionários como agentes distribuidores da mensagem, além disso, é perceptível a falta de um histórico comunicacional que, ao longo do tempo, aproximasse a empresa com a sociedade. Assim, pode-se constatar que uma imagem institucional consolidada consegue salvar ou diminuir os danos de um desastre. Em momentos de crise, é preciso se comunicar de uma forma diferente com o público, tendo a transparência como eixo central. É necessário, também, difundir, com cautela, uma mensagem clara e direta, que busque, além da aceitação e da empatia da população, informar corretamente. Fazer uso de um porta-voz experiente e coletivas de imprensa são boas técnicas para se comunicar em meio a crise.
Voltando as questões sobre o TCC, existe uma banca que avali e acertos e no final discute a sua nota e a entrega. A banca na professores para fazerem parte desse capítulo importante da Pois é, esses dois professores, que compõe a banca avaliativa se trata disso, de mostrar o convite elaborado por mim, o próp
ia o seu trabalho, que faz sugestões, aconselha, aponta erros UNISC é livre, ou seja, o aluno pode convidar quaisquer dois sua vida. da monografia, precisam ser convidados, esta apresentação prio pesquisador, que foi entregue a banca avaliativa do TCC.
PRECISEI: Argila Papel artístico “C” à grain de gramatura 200 Elaborar um texto para o convite Diagramar os elementos textuais e artísticos
VOCÊ ACEITA
Compor a banca avaliativa do meu trabalho de conclusão de curso? QUERO TE MOSTRAR SE A CAMPANHA PUBLICITÁRIA:
FAZER O QUE DEVE SER FEITO DA MINERADORA SAMARCO INFLUENCIOU O PÚBLICO NA Reconstrução DA CREDIBILIDADE INSTITUCIONAL DA EMPRESA APÓS O DESASTRE EM MARIANA/MG.
A EMPRESA, A OPINIÃO PÚBLICA, A MÍDIA, AS ESTRATÉGIAS, A PROPAGANDA, OS BENS INTANGÍVEIS, O POSICIONAMENTO, A COMUNICAÇÃO, ENTRE TANTAS OUTRAS COISAS QUE VOCÊ ME ENSINOU, ESTARÃO PRESENTEs NESSE TRABALHO ENCONTRANDO O DESASTRE, A RECUPERAÇÃO, A LAMA, O RIO DOCE, A CRISE, A REPUTAÇÃO, O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE. POR MAIS TRÁGICO QUE SEJA, O FIM CHEGOU E QUERO VOCÊ ESCREVENDO ESTE ÚLTIMO CAPÍTULO COMIGO. O QUE TEM A ME DIZER? GEANPAULONAUE@HOTMAIL.COM
UM: Após comprar argila e papel, me concentrei no texto, ele deveria resumir dois pontos principais: 1. Do que se trata o trabalho 2. O motivo do professor ser escolhido
DOIS: Pedaรงos de argila no papel
TRĂŠS: Argila sendo espalhada com os dedos sobre o papel.
QUATRO: Texto protegido para não ser alvo da destruição
CINCO: Convite ďŹ nalizado, pronto para colocar no envelope.
A intenção, do convite, é causar desconforto aos professores.
Fazer reetir sobre o desastre assim que o receberem.
A estética se assemelha a destruição real que a lama causou.
Mas nĂŁo se compara ao que, de fato, aconteceu em Mariana.
Marcas de pegadas na destruição. Quem passou por aqui?
Os destroรงos deixados pela lama. Como voltarei a viver neste lugar?
O convite atingiu o seu objetivo, os dois professores aceitaram compor a banca avaliativa do TCC e relataram que, ao abrir o envelope, a argila seca causou sujeira. E eu lhes disse: “Este punhado de terra não chega perto de ser 1% da lama que atingiu as cidades em Minas Gerais e Espírito Santo, se isso sujou as suas casas, imaginem o que não deve ter sido aquele dia 5 de novembro de 2015, e todos os dias que se seguiram, até hoje”.