‘Memórias da Vila’ Travis Knoll1 O objetivo deste trabalho A Fundação Municipal da Cultura viu a necessidade imediata de recordar as histórias dos residentes das Vilas São Tomás e Aeroporto, nos tempos de grandes mudanças por causa do Programa ‘Vila Viva’, uma ação da Prefeitura de Belo Horizonte de urbanização dessas áreas. Este texto tem por objetivo documentar as histórias que logo se perderam com a saída dos residentes da Vila, a partir das entrevistas realizadas pelo Projeto “Memórias da Vila” 2, tanto quanto fazer uma crítica construtiva da intervenção, trazendo à luz certos aspectos comunitários da intervenção que talvez não cheguem a ser salientados nas análises do PGE – Plano Global Específico - e ‘Vila Viva’ particularmente. Darei uma explicação breve da necessidade da memória histórica, bem como nossa forma de criar e preservá-la. Depois descreverei o projeto e as percepções dos mesmos afetados pela implementação desta política pública. Desse modo, esperamos avaliar os prós e contras da intervenção, e guardar as histórias para gerações seguintes. A memória histórica A memória pessoal e comunitária, ou acesso à identidade individual, é um direito de todos os cidadãos e, caso perdida, pode trazer prejuízos tanto para uma localidade específica quanto à sociedade inteira.
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O objetivo é estabelecer a
memória por meio do que será destruído por uma ação, tão necessária que seja, violenta. Até certo ponto, nosso objetivo é examinar os ‘custos do sistema 1
Supervisão do estagiário: Henrique Willer de Castro, Técnico de Nível Superior – Patrimônio Cultural, da Fundação Municipal de Cultura, Centro Cultural São Bernardo. 2
No decorrer do texto, trarei alguns marcos conceituais e metodológicos do Projeto em questão.
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Uma negação ou suprimir da identidade é uma violação do direto internacional. ‘Enforcing the Child's Right to Know Her Origins: Contrasting Approaches Under the Convention on the Rights of the Child and the European Convention on Human Rights’ Int J Law Policy Family (2008) 22(3): 393-420. 4
Esconder a identidade é destruir uma parte dessa pessoa. Veja Estela de Carlotto em ‘Quién Soy Yo? http://www.abuelas.org.ar/areas.php?area=peliculas.php&der1=der1_mat.php&der2=der2_mat.php.