Jornal Saúde - Janeiro de 2011

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Jornal do Conselho Municipal

de Saúde de Belo Horizonte

Ano IX Nº 33

Janeiro 2011

Distribuição Gratuita

Câncer do colo do útero e de mama

Proteja sua saúde A prevenção e o diagnóstico precoce podem salvar muitas vidas

Dengue Regionais Venda Nova e Pampulha estão em alerta Pág: 6

Anemia Falciforme

Entrevista Andréa Silveira

Conheça melhor essa doença Pág: 13

O que você deve saber sobre saúde do trabalhador Pág: 14


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ConSaúde

Opinião

Edi EDITORIAL toal ri

AVOZ

DOLEI A VOZ DO LEITOR

8 de março antecipado

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ovidade em curso no país. Ventos perfumosos no ar. Entram em cena cada vez mais entusiasmadas e marcantes. As mulheres podem iniciar o seu 8 de março antecipando as comemorações com a posse de Dilma Rousseff, no dia 1° de janeiro de 2011. A primeira presidente mulher do país. Destacamos o tema nesse editorial e no decorrer desta edição pela sua relevância, em si mesma, dado que, numa sociedade machista como a nossa, no poder mais alto da República, teremos agora uma mulher. De tantos postos que elas já ocupam, outros tantos demarcarão ainda mais a importância desse viés feminino, cuidador por natureza, empenhado agora em conduzir homens e mulheres em um caminho mais avançado e justo socialmente. Outro ponto importante é o fato da nova presidenta ter definido a saúde como sua prioridade de governo (juntamente com a educação e a segurança), demonstrando, de imediato, a sensibilidade de quem percebe onde o cuidado é mais necessário. Que a vida demonstre a sabedoria dessa escolha do povo brasileiro e, particularmente, das guerreiras mulheres brasileiras.

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Este espaço está reservado para você, leitor do ConSaúde. Sua opinião, dúvidas e sugestões são muito importantes para nós. Envie sua mensagem para: comunicacaoconselho@pbh.gov.br Participe também pelo twitter @cmsbh Todos os meses as melhores mensagens serão publicados no jornal. A versão digital do jornal está disponível em: www.pbh.gov.br/cms

Erramos: Composição do CMS (Nº 32, página 6 e 7) faltou o nome da conselheira Ângela Eulália Santos, trabalhadora suplente; Marta Auxiliadora Ferreira Reis é conselheira usuária efetiva e não suplente; Diferentemente do publicado no texto “Conselhos de hospitais: órgão colegiado deliberativo...” o correto é apenas órgão colegiado.

Mesa Diretora CMSBH

Charge: Maíra Alves da Silveira, aluna do 5º ano do Colégio Franciscano Coração de Maria / Venda Nova

EXPEDIENTE

Con S aúde ConSaúde é uma publicação do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte, editado pela Assessoria de Comunicação. É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. O artigo assinado é de responsabilidade de seu autor e não expressa necessariamente a opinião do jornal. Jornalista: Luciane Marazzi MG 14.530/JP Projeto gráfico e diagramação: Ana Tomaselli Estagiários: Diego Santiago e Fernanda Ribeiro Impressão: Rona Editora Tiragem: 20.000 exemplares Capa: Ana Tomaselli Mesa Diretora do CMSBH: Presidente: Sandra Maria dos Santos; Secretário geral: Cléber das Dores de Jesus; 1º Secretário: Paulo César Machado Pereira; 2º Secretária: Walderez Alves Moreira Câmara Técnica de Comunicação - Coordenadora: Valéria de Almeida R. Ferreira; Secretária: Vera Lúcia G. da Silva - Membros: Adolpho von Randow Neto, Aurinho de Matos, Claudete Liz de Almeida, Cléber das Dores de Jesus, José Brandão Maia, Paulo César Machado Pereira e Sandra Maria dos Santos Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte - Av Afonso Pena, 2336, Pilotis, Funcionários, Belo Horizonte MG Cep: 30.130-007 Telefones: (31) 3277-7733 FAX: (31) 3277-7814 Comunicação: (31) 3277-5232 Site: www.pbh.gov.br/cms e-mail: comunicacaoconselho@pbh.gov.br cmsbh@pbh.gov.br


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Artigo

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A mulher que cuida do mundo é capaz de cuidar de si mesma Heliana Moura *

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á várias gerações, a mulher tem sido criada para ser a perfeita dona-de-casa. Cozinhar, lavar, passar, cuidar dos filhos, do marido, enfim, fazer tudo em casa. Hoje essa realidade é diferente. Cuidamos de tudo o que foi citado e ainda trabalhamos fora, pois além da emancipação conquistada, existe também a necessidade de ajudar nas despesas do lar. Nesse contexto de dupla e até tripla jornada não sobra tempo para cuidar de nós mesmas ou até nos esquecemos disso às vezes. A ampliação do conceito da saúde, o fortalecimento do movimento de mulheres, além das conferências e do controle social nestes segmentos, trazem a tona discussões sobre sexualidade, saúde mental, aborto, adolescência, velhice, trabalho, AIDS, violência doméstica e cidadania. Essas áreas exigem avanços urgentes e políticas de enfrentamento. A saúde da mulher é prioridade no contexto da gestão do SUS de acordo com as diretrizes do Pacto pela Saúde, das Metas do Milênio e de diversos acordos nacionais e internacionais. Com todo esse aparato, cabe simplesmente, a nós, mulheres, ter a consciência de nos cuidar sempre, mesmo que a correria do dia-a-dia faça com que nos esqueçamos disso. Portanto, é importante criar hábitos saudáveis, como se alimentar de forma balanceada, dormir bem, fazer atividades físicas, evitar excesso de preocupação, praticar sexo seguro e reservar sempre uma época do ano para ir ao médico e fazer exames preventivos, sem esquecer de cuidar da aparência. De acordo com estatísticas, o câncer que mais mata pessoas do sexo feminino é o câncer do colo do útero, seguido pelo de mama, e para prevenir basta uma ida ao ginecologista. Outra questão importante é o aumento significativo

de casos de AIDS entre as mulheres. A única forma de se prevenir contra o vírus HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST’s) é usar o preservativo em todas as relações sexuais. É fundamental cuidar da nossa saúde física, psicológica e espiritual e, sempre que possível, nos dar oportunidade deliciosa de vivenciar atividades e momentos de lazer.Devemos aproveitar ao máximo nosso dia-adia, sempre com qualidade de vida. Ser protagonista de nossa história, responsáveis pela nossa saúde, pelo nosso bem-estar, para depois pensarmos no outro. Mas também não devemos nos esquecer da participação na construção de políticas que garantam o acesso da mulher a uma saúde integral e de qualidade, estando atentas e atuantes no controle social. Agora, mais que nunca, a mulher tem vez e voz, e ainda temos pela primeira vez no Brasil, uma mulher como presidente. Estamos galgando lugares cada vez mais altos, pois somos competentes e capazes, mas não podemos esquecer que primeiro, devemos cuidar de nós mesmas para depois pensarmos em cuidar do mundo.

* Estudante de Serviço Social no Instituto Izabela

Hendrix , Conselheira Municipal de Saúde e dos Direitos da Mulher e Representante do Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas de MG


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Notícias do Conselho

Texto: Diego Santiago Fotos: Ana Tomaselli

ORGULHO DESER

A comemoração do Dia de Conscientização Racial e a Saúde ressalta a cultura e a beleza do negro no Brasil

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Comissão de Saúde da População Negra e Etnias do Conselho Municipal de Saúde (CMS) promoveu no dia 23 de novembro, a comemoração do Dia da Consciência Negra e a Saúde que, durante todo o dia, mobilizou os participantes em um trabalho voluntário. O dia da consciência negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado a reflexão sobre a presença do negro na sociedade. O objetivo do evento foi salientar medidas que promovam tanto a atenção à saúde, quanto o bem-estar, difundindo políticas públicas que privilegiem a qualidade de vida. Mesmo com o tempo frio e chuvoso, muitas pessoas compareceram ao evento. Ao som da Guarda Municipal de Belo Horizonte, sob a regência do maestro Silvio Francisco Nascimento, o público acompanhou músicas famosas e a execução do Hino Nacional Brasileiro. Os alunos da Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga fizeram uma apresentação de capoeira. Quem passava pela avenida Afonso Pena não resistiu e parou para prestigiá-los. Segundo o mestre de capoeira Faísca, para integrar o grupo o aluno precisa apenas ter boa vontade e estar estudando. Mas só isso não basta. “É preciso tirar boas notas e passar de ano, se não ele sai, perde a vaga”, acrescenta. Daniel dos Santos, 11, é integrante do grupo Unidos do Faísca há um ano e começou a jogar capoeira por gostar dos movimentos mortal, rolê e roda gigante, além, é claro, de se identificar com a prática que une dança e luta. A descontração fez com que o casal de dançarinos Letícia Camargo e Marlon Claiton, que iriam se apresentar no auditório da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) decidisse dançar também na avenida, tudo registrado pelo olhar aten-

to das pessoas que os assistiam. Com fortes batidas, cantos africanos e muitas palmas, eles impressionaram o público com belos movimentos e com a interpretação marcante da dança afro. No período da tarde, a pesquisadora Carolina dos Santos falou da realidade do jovem afro na sociedade brasileira com a palestra “o discurso da adolescente negra na revista Atrevida”. Um espaço reservado na SMSA foi palco de canções sertanejas e músicas de raiz, o que fez com que o público perdesse a timidez e dançasse ao som do músico Wanderson Araújo, que também é funcionário do CMS. Neste clima de alegria, foi realizado o “momento beleza”, feito para ressaltar a identidade da raça negra e suas características mais marcantes. Cabeleireiros e outros especialistas cuidaram do visual das pessoas - as mulheres eram as mais empolgadas. Penteados afro, traças, dreads, black power apontaram a tendência a beleza negra. As cabeleireiras quase não deram conta, mas nenhuma pessoa saiu sem ser atendida e ter o visual repaginado, com um estilo de causar inveja nas pessoas que não puderam fazer um novo penteado, como é o caso do autor desta matéria (falta-me cabelo). As massagens relaxantes também foram alvo do público presente e ocuparam um espaço importante no evento. As pessoas aproveitaram para respirar e descansar da correria do dia-a-dia. Um estúdio de fotografia com adereços da cultura negra fez a festa das pessoas que caprichavam nas poses. Tudo era revelado na hora. Sozinho ou rodeado de amigos, era preciso apenas escolher o objeto que mais agradava e abrir um belo sorriso.


Plenária Nacional de

Conselhos

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Fotos: Adilson Braga

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À esquerda: mesa de abertura da plenária e os conselheiros Claudete Liz (de vermelho), Rui Moreira e Aurinho Matos (no canto à direita)

Financiamento da saúde é o ponto alto das discussões

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ntre os dias 16 e 18 de novembro de 2010, a delegação de 31 conselheiros municipais e distritais de saúde de Belo Horizonte participou da XVI Plenária Nacional de Conselheiros de Saúde, em Brasília. Todos os anos, conselheiros de todo o país se reúnem para discutir e avaliar a atuação dos conselhos, traçando estratégias para o próximo ano. Os temas de maior destaque durante as discussões foram o financiamento e a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS), seguido da aprovação da lei complementar à Emenda Constitucional 29 (EC), que trata justamente do investimento de recursos e do comprometimento de municípios, estados e União com a saúde. Outra reivindicação da plenária foi a necessidade da implementação da Agenda Nacional da Saúde, definida durante a Caravana em Defesa do SUS, que percorreu todos os estados brasileiros em 2009. Na observação da conselheira municipal de Saúde, Ângela Eulália, ficou claro que a agenda pode ga-

rantir um contingente crescente de trabalhadores e o controle dos gastos de recursos públicos destinados à saúde. De acordo com a conselheira, a regulamentação da EC 29 é a melhor ferramenta para isso e o controle social deve se comprometer com seriedade, tendo como foco o cuidado básico com a saúde, por meio do Programa Saúde da Família. Contudo, o conselheiro nacional de saúde, José Marcos de Oliveira, representante do Movimento Nacional de Luta Contra a AIDS, acredita que apesar de todas as dificuldades houve uma melhora significativa como, por exemplo, a redução da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida da população. Mas é preciso fortalecer os princípios de universalidade, integralidade e equidade do SUS. Este ano, conselheiros de todo o país devem discutir estas questões nas conferências de saúde. Os temas serão a seguridade social e o SUS, a participação da comunidade e a gestão do SUS. As etapas municipais devem ser realizadas de março a julho deste ano.

Vigilância sanitária: um compromisso com a saúde Os conselheiros municipais de Saúde Adolpho von Randow Neto, Ana Maria Caldeira, José Brandão Maia e Wilton Rodrigues Oliveira participaram do V Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária (SIMBRAVISA), realizado em Belém, no Pará, de 14 a 17 de novembro de 2010. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), contou com a participação de cerca de 1.400 participantes de todo país. O foco principal do debate foram os desafios da contemporaneidade, face às necessidade de proteção e promoção da saúde no mundo atual. Para facilitar os trabalhos, o tema foi dividido em três eixos: regulação sanitária e proteção da saúde; políticas, sistemas e práticas para a proteção da saúde e participação; e o controle social para a proteção da saúde. De acordo com a conselheira Ana Maria, os participantes foram unânimes em reafirmar a importância da vigilância sanitária como componente indissociável do SUS e o reconheci-

Fotos: Adolpho von Randow e Wilton Rodrigues

mento da urgência de um maior envolvimento desta área com os outros componentes da atenção à saúde. Adolpho von Randow concorda com a conselheira e acrescenta que a vigilância sanitária deve ser reconhecida como um conjunto de ações e serviços imprescindíveis à conquista da saúde, como um valor e direito de cidadania. “Isto requer um Estado democrático e comprometido com os superiores interesses coletivos ou públicos, capaz de interferir nas relações econômicas e sociais, com o objetivo de proteger a vida e o ambiente saudável”, conclui. Como resultado das discussões, os participantes do V Simbravisa aprovaram a Carta de Belém que destaca, entre outras questões, a valorização da participação social, por meio da criação de mecanismos mais democráticos e eficientes de identificação das prioridades e estratégias de enfrentamento dos problemas. Conheça todo o conteúdo da carta de Belém www.pbh.gov.br/cms


Painel

Dengue

ameaça Pampulha e Venda Nova As duas regiões estão em alerta, mas é importante que toda a cidade não descuide do combate ao mosquito

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om a chegada do período de chuvas a proliferação do mosquito da Dengue torna-se ainda mais ameaçadora. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 70% dos casos ocorrem de janeiro a maio. Na capital foram registrados mais de 50 mil casos confirmados da doença em 2010. Dados da Secretaria Municipal de Saúde colocam Venda Nova em alerta com o aumento do número de casos confirmados. A regional apresenta o maior número totalizando 11.415 ocorrências. No dia 17 de novembro de 2010, foi apresentado para aproximadamente 60 pessoa, que participaram da reunião do Conselho Distrital de Saúde Venda Nova, os dados em relação a vulnerabilidade da proliferação do mosquito. Para se ter uma ideia, das 30 áreas prioritárias de Belo Horizonte, 12 são da regional. Segundo o gerente regional de Controle de Zoonoses de Venda Nova, Luiz Otávio de Carvalho, é importante conscientizar os conselheiros das áreas aonde existe o maior risco de proliferação do Aedes Aegypti. “Com isso esperamos que os conselheiros venham fazer parte da mobilização na comunidade junto aos serviços da prefeitura”, acrescenta.

Já a regional Pampulha teve o maior índice de presença do mosquito durante todo o ano de 2010 no LIRAa (Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti), realizado em outubro de 2010. No intuito de conscientizar a população, a Comissão Local de Saúde do Dom Orione promoveu uma mobilização contra a doença no dia 6 de dezembro, na escola municipal do bairro. O evento contou com a presença de aproximadamente 50 pessoas e teve a apresentação do grupo de alunos multiplicadores em DST/AIDS e uma palestra da bióloga Cristina Marques Lopes. Segundo a conselheira local, Sângela Hilarino, é extremamente importante a continuidade de ações como essas, pois o problema só poderá ser resolvido com um maior envolvimento de toda a população. De acordo com o LIRAa, a maioria dos focos do mosquito (77,5%) ainda é encontrada dentro de residências habitadas, onde o poder público não tem fácil acesso. Em 2010, foram realizados 177 mutirões contra a Dengue em Belo Horizonte. Mais de três 3 mil toneladas de lixo e 8.536 pneus foram recolhidas.

Foto: CODISAP

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“Com isso esperamos que os conselheiros venham fazer parte da mobilização na comunidade junto aos serviços da prefeitura.”

Luiz Otávio - Gerente de Zoonoses Venda Nova

Conselheiros locais durante mobilização contra a Dengue na regional Pampulha


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Concurso de poesia mobiliza o Centro de Saúde Santa Rita de Cássia Foto: Altina Carvalho

Jovem D+ Hoje vi um jovem. E comecei a conversar. Percebi que eu estava velho por não saber aproveitar. Hoje ele faz 100 anos e eu nem sei se vou chegar. 1º lugar

Bete Pacheco, 1º lugar no concurso de poesia durante entrega do prêmionascimen

estagiária do programa Posso Ajudar?, Priscila Santos de Moraes e o funcionário da Guarda Municipal, Charles Adriano promoveram um concurso de poesia em comemoração à semana da juventude no Centro de Saúde Santa Rita de Cássia, que fica na região centro-sul de Belo Horizonte. Durante o mês de novembro, usuários e trabalhadores da unidade puderam escrever poesias sobre o tema juventude. Participaram do concurso quarenta candidatos. As quatro melhores poesias foram eleitas com a ajuda de dois médicos do centro de saúde e anunciadas na reunião da comissão local, realizada no dia 7 de dezembro de 2010. O prêmio para os ganhadores foram doados por funcionários da unidade, que junto com os conselheiros, renderam homenagens aos finalistas. A poesia “Jovem D+”, de Elizabete Pacheco ganhou o primeiro lugar e o usuário Wallasi o segundo. Priscila Santos disse que no começo não acreditava que

a dinâmica obtivesse muita participação, mas, segundo ela, basta um incentivo, mesmo que pequeno, para que surjam boas ideias. “Acredito que há muito talento perdido por aí, só temos que ter força de vontade, determinação e entusiasmo. Este trabalho foi uma excelente experiência profissional e fiquei muito emocionada com o resultado obtido”, finaliza. Quando mais precisava de um amigo, Queria ficar só. Quando mais tinha que aprender, Achava que sabia de tudo. Quanto mais amor recebia, a solidão me seguia. Pouco me faltava, mas de tudo queria ter. Hoje sei que tudo era um aprendizado, e sem estas dúvidas e incertezas. Não seria um homem capaz de viver e sonhar com o futuro. 2º lugarnto

Conselheiros distritais de saúde Noroeste visitam centros de saúde

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Conselho Distrital de Saúde Noroeste promoveu visitas técnicas nos centros de saúde da regional, de setembro a dezembro de 2010. O objetivo é aumentar o entrosamento dos conselheiros distritais e locais, além de conhecer a estrutura física e humana das unidades. Os centros de saúde visitados foram o Bom Jesus, Califórnia, Dom Cabral, Santos Anjos, Jardim Alvorada, São Cristóvão, Padre Eustáquio e João Pinheiro. De acordo com a presidente do conselho distrital, Valéria Cruz Nascimento de Oliveira, as demais unidades devem entrar no cronograma de visitas para 2011. “Fomos acolhidos com muita receptividade por funcionários e gestores, que viram nessas visitas uma grande parceria”. Na percepção de Valéria, o ponto de maior relevância foi o incentivo às

Foto: CODISANO

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Conselheiros distritais durante a visita ao Centro de Saúde Califórniae nascimento visitas pelas próprias comissões locais e o reconhecimento desta atitude como uma forma de melhorar o atendimento aos usuários e participação dos trabalhadores. “Fica então a dica para que outros conselhos distritais façam o mesmo”, conclui.


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Especial

A Saúde Responda rápido! Qual a melhor maneira de combater os dois tipos de cânceres que mais acometem as mulheres brasileiras e possuem 100% de cura se tratados a tempo? Se você respondeu que é a prevenção acertou. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama corresponde a 22% dos novos casos a cada ano e estimase que em 2010 e 2011 ocorrerão no país mais de 18 mil casos de câncer de colo do útero. Evitar essas doenças é fácil e pode ser feito por meio do conhecimento do próprio corpo e de exames, como a mamografia e o Papanicolau, oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Texto: Luciane Marazzi e Fernanda Ribeiro Fotos: Ana Tomaselli

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em suas mãos

os 55 anos, a artesã e conselheira local de saúde, Osvaldina de Souza Silva, 63, descobriu o câncer de mama com a apalpação. Na época, o médico pediu que ela só fizesse o acompanhamento, pois o nódulo era benigno. No final de 2004, durante um exame admissional, a mamografia revelou uma calcificação. Encaminhada ao mastologista para fazer novos exames, constatou-se um nódulo atrás da calcificação. Em fevereiro do ano seguinte, com a demora para agendar o tratamento, novos exames mostraram que os nódulos tinham aumentado. Como a cirurgia só foi realizada em julho, o nódulo já era maligno. Foram retirados os gânglios linfáticos da axila e toda a mama, o que ocasionou na perda dos movimentos do braço direito. Histórias como a da conselheira Osvaldina são comuns no Brasil, onde as taxas de mortalidade por câncer de mama são bastante elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. Contudo, de acordo com o ginecologista e coordenador de Atenção à Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde, Virgílio Queiroz, todos os pacientes do SUS têm o acesso à prevenção nos centros de saúde. O trabalho desenvolvido pelo Programa Saúde da Família (PSF) promove a abordagem e a vigilância da regularidade com que as pacientes são acompanhadas. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maior as chances de cura, ressalta. No caso do câncer de colo do útero a situação é um pouco diferente, pois a doença demora muitos anos para se desenvolver. Mesmo assim, as alterações das células que podem desencadeá-lo

são descobertas facilmente no exame Papanicolau, conhecido também como preventivo. A infecção pelo Papiloma Vírus Humano, o HPV, é o causador de 80% dos casos, explica André Murad, médico e professor de Oncologia da Universidade Federal de Minas Gerais. “Existe uma fase em que o câncer do colo do útero não apresenta sintomas e a detecção de lesões que antecedem o aparecimento da doença pode ser feita por meio de exame preventivo”, explica. Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura são de 100%. Toda mulher que tem ou já teve vida sexual deve submeter-se ao exame, em especial aquelas que têm entre 25 e 59 anos. Inicialmente, o exame deve ser feito todo ano. Após dois resultados normais, o preventivo pode ser feito a cada três anos. Mesmo assim, Virgílio Queiroz esclarece que a paciente deve submeter-se a consulta anual com seu ginecologista para a avaliação de rotina, verificando, por exemplo, possíveis infecções. Pacientes que já foram submetidas a algum tratamento, seja na mama ou no colo do útero, como biopsia, cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, devem manter o cuidado e o controle permanente. Com o PSF foi possível estabelecer o público alvo por faixa etária e área de abrangência, evitando a lógica da paciente que, muitas vezes, por medo, procura o cuidado no centro de saúde em fases avançadas da doença. Isso tem feito a diferença, principalmente em relação ao câncer de colo do útero, diz Virgílio. O médico informa ainda que o SUS-BH ampliou a cobertura da coleta do exame preventivo e de mamografias em número suficiente. Porém, entre mulheres de 45 a 55 anos, o câncer do colo do útero ainda é o que mais mata em


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Belo Horizonte. Ainda assim e devido ao cuidados existentes hoje, Virgílio Queiroz ressalta ser inadmissível que uma mulher morra em decorrência do câncer de colo do útero.

Atenção redobrada A idade é um dos principais fatores de risco para o surgimento do câncer de mama. Mulheres a partir dos 50 anos devem procurar o médico periodicamente para fazer a mamografia. A hereditariedade é outro fator determinante. Se a mulher possui parentes diretos diagnosticados, como por exemplo, mãe ou irmã, é necessário que a partir dos 35 anos seja realizado o exame de rotina. O oncologista André Murad é enfático ao dizer que o tabagismo, a obesidade, o sedentarismo e a má alimentação são os grandes vilões. Mas deixa claro que uma mudança de comportamento é fundamental. “Evitar o cigarro, ter uma dieta saudável rica em legumes, verduras e frutas, aliada a prática regular de exercícios físicos, diminuiria drasticamente tanto a incidência quanto a mortalidade”. Um estudo divulgado no final de 2010 pelo Instituto Americano para a Pesquisa do Câncer revelou que a adoção destes hábitos poderia evitar facilmente cerca de 30% dos casos de câncer no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, 29% das mulheres com câncer no colo do útero e 14% com câncer de mama têm problemas com a obesidade. Em relação ao câncer do colo do útero, Virgílio Queiroz esclarece que o início precoce da atividade sexual e os múltiplos parceiros favorecem o contato com mais tipos de HPV diferentes, sendo que alguns deles possuem um potencial de malignidade maior. “Por isso, o uso do preservativo é indispensável”, afirma. Cristina*, 30, é adepta do uso da camisinha em todas as relações sexuais. Aos 22 anos, a comerciante descobriu pelo exame preventivo que era portadora do HPV. “Na época tinha um bebê de 8 meses e tomava somente o contraceptivo oral. Como a menstruação não vinha, procurei o médico e o exame deu positivo. O tratamento indicado no meu caso, foi a remoção do colo e do útero. Foram mantidos as trompas e os ovários. Foi muito doloroso para mim, pois tinha perdido uma tia há um ano com a mesma doença. Hoje estou curada e agradeço a Deus por isso. Continuo o controle médico e me previno sempre com a camisinha.”

Conhecendo o próprio corpo Em 2004 a secretária Arlete Soares da Silva, 63, trabalhava como guia de turismo, o que a impediu de ir ao médico por três anos. Arlete já não se lembrava mais da última vez que tinha feito o autoexame quando, durante uma consulta, o médico percebeu um nódulo na mama. Ela recebeu o diagnóstico do câncer pela mamografia. Na época com 52 anos, a secretária assustou-se ao saber que se tratava de um câncer grave. Após a retirada de parte da mama, Arlete teve o seio reconstruído. “Graças a Deus que não precisei retirar todo o seio”. O restante do tratamento foi concluído com a radioterapia. “Como eu estava obesa não pude fazer a

quimioterapia”, relembra. O desfecho da história de Arlete poderia ter sido diferente. No caso do câncer de mama, a apalpação dos seios é a primeira regra. De cada dez nódulos mamários, nove são detectados pela própria paciente. Em mulheres jovens, devido à densidade, os raios da mamografia não ultrapassam tão bem a mama, como nas mulheres de 50 anos, por exemplo, o que torna o exame pouco conclusivo. Por isso, o ginecologista Virgílio Queiroz é categórico quando diz que “a postura do autocuidado é fundamental”.

Estigma O câncer é uma doença estigmatizada. Anos atrás não existia cura, hoje com o diagnóstico precoce é 100% curável. Como a mama é o órgão sexual externo da mulher, a possibilidade de perdê-la ainda assusta. Osvaldina sabe bem o que é isso. “O marido tem medo que mulher faça a cirurgia e perca o símbolo de sua feminilidade. Então, ela perde todo o seu valor. A família nunca entende a situação da mulher, por falta de informação. É preciso mais apoio”. A secretária Arlete confirma. “A presença da família é muito importante. No meu caso, a sala do oncologista estava cheia no dia da entrega dos exames. Isso fez toda a diferença para mim”. De acordo com Virgílio Queiroz outro agravante é que muitas mulheres têm medo da mamografia, por receio da dor. Mas Osvaldina acredita que apesar de tudo, o melhor é se cuidar. “A gente nunca espera esse tipo de coisa. Como conselheira de saúde há mais de 10 anos, passar por esse sufoco não foi fácil. Não escondi a careca ou a doença, fui para a academia de dança, não tive preconceito, se ele existiu veio de outras pessoas. Gosto é de dançar, de namorar. Eu não me escondi atrás do problema, me joguei na vida. Minha grande vitória em 2010 foi descobrir que estou curada”. Em 2007, Osvaldina passou a fazer parte do projeto “De peito aberto”, uma exposição com depoimentos de mulheres de todo o Brasil que tiveram câncer de mama. O resultado se transformou em um livro, que será lançado em Belo Horizonte, em fevereiro deste ano.

Vacina contra o HPV

O Ministério da Saúde ainda não liberou a vacina contra o HPV devido ao custo beneficio. Cada dose custa cerca de 350 reais, sendo necessárias três doses antes do início da vida sexual. Depois da primeira relação, a vacina não tem indicação. Por isso, o uso do preservativo e tão importante. Hoje, no Brasil, dependendo do fabricante, cada um sai por menos de um centavo para a rede pública de saúde e em Belo Horizonte o SUS possui quantidade suficiente para atender à população. * O nome foi trocado a pedido da entrevistada


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Histórias que dariam um livro

AMOR

À SEGUNDA

VISTA

A ex–conselheira que não mudou o mundo, mas ajudou a construir a história de Venda Nova

Texto: Diego Santiago e Luciane Marazzi Fotos: Ana Tomaselli

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ara quem não conhece Lúcia César Santos, a senhora de 76 anos engana bem. Sua primeira frase para esta entrevista foi: “Estou muito nervosa”. Fotografia? D. Lúcia disparou: “Eu detesto fotografia, gosto só de fotografar os outros”. Mas a história que estava prestes a ser revelada precisou de um tempo a mais para mostrar uma personagem dedicada à comunidade, que aprendeu essa lição cedo, influenciada pela família. O pai, que era barbeiro e foi dono do primeiro salão de beleza da cidade, na rua da Bahia, o Salão Santos, era também pioneiro em atividades assistenciais. Fundou no final da década de 20, o primeiro sanatório para pessoas pobres que tinham Tuberculose, chamado Flávio Marques Lisboa - em homenagem ao médico que atendia os pacientes - onde hoje funciona o Hospital Madre Teresa. ”Ele fundou algumas casinhas, não tem comparação com que é hoje. Até Manoel Rosa veio tratar de Tuberculose em Belo Horizonte. Havia a Santa Casa, mas não se podia levar uma pessoa com Tuberculose para lá. Na época, não tinha tratamento, as pessoas morriam. Eu venho de uma família engajada”. Mas não era só isso. Com a ajuda do chefe de polícia da época, o pai distribuía alimentação para as pessoas necessitadas. “Nós viemos mesmo para somar”, recorda orgulhosa. Com a morte do “Seu” José, a mãe Maria José Guimarães Santos, até então dona de casa, assumiu o trabalho no abrigo. Com esses exemplos, D. Lúcia escreveu sua própria história como mobilizadora cultural, vice-presidente da Associação dos Moradores de Venda Nova, conselheira distrital e local de saúde.


Foto: Arquivo Pessoal

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Eu amadureci um pouco e foi este meu pensamento. Não daria para melhorar o mundo, mas procurei mudar o pouco que eu podia.”

Vida Nova

Nascida na região oeste de Belo Horizonte, mudou-se para Venda Nova aos 17 anos, quando se casou. Nessa época o lugar se resumia a rua Padre Pedro Pinto e a rua Santo Antônio. Tudo ficava ao redor da igreja. “Foi um suplício vir morar aqui. Era longe da mamãe e dos meus amigos”. Mas, a blusa que ela usava no dia da entrevista revela que esse tempo ficou para trás e que o amor pela região onde mora há quase 60 anos cresceu. “Eu amo Venda Nova intensamente”, na cor vermelha que representa ainda mais forte o tamanho desse sentimento. Casada durante trinta anos, mãe de cinco filhas - Maria Lúcia, Maria Laís, Maria Cecília, Maria Regina e Maria Cláudia ou “minhas 5 Marias” – e avó de seis netos e uma bisneta. “Graças a Deus é uma família grande”, afirma com orgulho. Agora, mais tranquila, D. Lúcia revela que

Foi esse processo que fez com que eu me apaixonasse perdidamente por Venda Nova. Antes eu detestava, não foi amor a primeira vista.”

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andava em uma Harley Davidson, quando chegou em Venda Nova, e ainda questiona: “Imagine uma mocinha de 17 anos andando na garupa de um rapaz de 21”. Ela mesma dá a resposta: “Oh que escândalo! (risos). Tem muita gente antiga que ainda lembra, mas ninguém sabia que éramos casados e tínhamos acabado de nos mudar”, diz.

Memórias Segundo D. Lúcia, Venda Nova tinha a sua história, mas ninguém havia contado. E no intuito de resgatar a memória da região, ela começou a bater de porta em porta pedindo fotos, relatos e documentos para os moradores mais antigos. Para se ter uma ideia, D. Lúcia conseguiu fotografias até do pároco que antecedeu ao padre Pedro Pinto. “Foi esse processo que fez com que eu me apaixonasse perdidamente por Venda Nova. Antes eu detestava, não foi amor à primeira vista”. O ano de 1991 foi decisivo devido ao apoio da prefeitura em pagar pesquisadores durante um ano e resgatar as informações. Porém, não foi fácil conseguir o mapa de Venda Nova, D. Lúcia pagou 13 dólares por ele. “Assim descobrimos os primeiros donos da região e conseguimos fazer o livro Venda Nova: uma história regional”. Outra contribuição de D. Lúcia foi o engajamento e a mobilização popular, o que uniu os moradores e construiu o conceito de comunidade. As crianças eram as mais beneficiadas por essa iniciativa. No Natal, nas festas juninas e religiosas, a pracinha, na época em que o bairro ainda era uma chácara, acolhia a todos os que tivessem vontade de se divertir. A falta de dinheiro era substituída pela alegria e pela confraternização mútua. As festas eram livres, os moradores podiam vender seus produtos em barraquinhas e ganhar um dinheiro extra. Para a criançada D.Lúcia distribuía ticktes que podiam ser trocados por guloseimas e brincadeiras. “Eu amadureci um pouco e foi este meu pensamento. Não daria para melhorar o mundo, mas procurei mudar o pouco que eu podia”. Quando questionada sobre o seu passado, ela diz sentir saudades em tom de nostalgia. Para encerrar D. Lúcia deixa uma mensagem: “Participe, lute por você, por sua microrregião. As pessoas reclamam no jornal, na televisão, mas não participam e nem tentam mudar a situação”, afirma com a sabedoria que a idade traz.


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ConSaúde

Intersetorialidade e Agenda

8 passos para mudar

A

o mundo

prefeitura e o Observatório do Milênio da Secretaria Municipal de Planejamento lançaram no mês de dezembro a cartilha popular “Belo Horizonte e os Objetivos do Milênio 2010”. A proposta é mostrar como está a realidade da cidade e o seu desempenho em relação às metas estabelecidas, com uma linguagem mais simples. A cartilha pretende também orientar as ações governamentais para o cumprimento dos objetivos e compartilhar com a sociedade a evolução desses resultados. Em 2000, nos Estados Unidos, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma reunião com representantes de 189 países para discutir os principais problemas da população mundial. Foi constatado que 1 bilhão de pessoas no mundo viviam em situação de pobreza e passavam fome. Foi estabelecido então, o Pacto do Milênio para eliminar a pobreza e a fome no mundo até 2015. De acordo com o Instituto Brasileiro de Estatística e Pesquisa (IBGE) a porcentagem da população na capital que vive m situação de pobreza caiu 11% no período de 2001 a 2008. Entre os oito objetivos do milênio (ver quadro), três deles estão diretamente relacionados à área da saúde. Em Belo Horizonte, a prefeitura assumiu a meta de reduzir em 2/3 a mortalidade infantil e em 3/4 a razão de mortalidade materna até 2015. Para se ter uma ideia, entre 1993 e 2009, a cada grupo de 1.000 habitantes, o número de crianças que morrem antes de completar um ano caiu de 35 para 12. Quanto à saúde da mulher, o número de mulheres que morrem em consequência da gravidez ou do parto, para cada 100 mil crianças nascidas, passou de 53 para 43, entre 1997 e 2007.

A GEN DA

Para o combate ao HIV/AIDS e outras doenças, foram eleitas como foco as enfermidades que mais prejudicam a população local, no caso de Belo Horizonte a AIDS, a Dengue, a Leishmaniose e a Tuberculose. Entre as várias formas de combate a estas doenças apresentadas na cartilha está a participação da comunidade em reuniões e atividades dos conselhos e comissões locais de saúde. A coordenadora do projeto Observatório do Milênio da Secretaria Municipal de Planejamento, Haydée Frota, acredita que para avançarmos na democracia é preciso compartilhar conhecimentos, fazer com que eles ultrapassem os muros da universidade, para que todos possam, de fato, participar com mais segurança da gestão da cidade. “Foi com essa perspectiva que o Observatório do Milênio de Belo Horizonte elaborou a cartilha”, finaliza. Os oito Objetivos do Milênio são: 1.Acabar com a extrema pobreza e a fome 2.Atingir o ensino básico fundamental 3.Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres 4.Reduzir a mortalidade infantil 5.Melhorar a saúde materna 6.Combater o HIV/AIDS e outras doenças 7.Garantir a sustentabilidade ambiental 8.Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento Para saber mais sobre como você e a sua comunidade podem ajudar acesse http://observatoriodomilenio.pbh.gov.br e conheça a cartilha.

O Conselho Municipal de Saúde parabeniza Belo Horizonte pelos 113 anos, completados no último 12 de dezembro. A coordenadora de Atenção ao Idoso da Secretaria Municipal de Saúde, Karla Giacomin, foi eleita por unanimidade, presidente do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, para o biênio 2010/2012. A Comissão Especial de Trabalho, que tem como objetivo elaborar as alterações do regimento interno do Conselho Municipal de Saúde (CMS), se reúne toda sexta-feira, às 14h, até a votação final pelo plenário do CMS.


Saiba Mais

ConSaúde

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Anemia Falciforme A Anemia Falciforme é uma doença comum no Brasil e no mundo, mas a desinformação pode fazer com que muitas pessoas não sejam diagnosticadas e procurem tratamento Texto: Diego Santiago Foto: Ana Tomaselli

I

rani Júnia de Oliveira soube que é portadora da Anemia Falciforme aos 27 anos, depois do nascimento do primeiro filho. “A dúvida após o diagnóstico foi: o que é isso? Não sabia do que se tratava e meu maior medo foi enfrentar um desconhecido. A doença foi descoberta no teste do pezinho e os médicos quiseram saber de quem meu filho tinha herdado o traço da doença, e descobriram que era da mãe”. Em 2010, o mundo relembrou os 100 anos da descoberta do primeiro diagnóstico da Anemia Falciforme. No Brasil, cerca de 3,5 mil crianças nascem a cada ano com Anemia Falciforme e outras 200 mil com o traço da doença. A incidência é maior que a de doenças como a AIDS e a Dengue segundo o Ministério da Saúde. A Anemia Falciforme é uma doença do sangue, de origem genética. As hemácias (glóbulos vermelhos) são destruídas e adquirem o formato de foice, por isso o nome falciforme. Os sintomas são os mesmos de uma anemia comum. O fator agravante é a dor, devido à obstrução da circulação do sangue. Por causa desse problema, as crianças que desenvolvem a doença têm complicações no baço, órgão de defesa contra bactérias. Com isso, o paciente tem um atraso no desenvolvimento, cresce menos, porém, a inteligência não é afetada. As pessoas portadoras da Anemia Falciforme devem fazer controle médico periódico. O tratamento pode ser feito gratuitamente pelo SUS. Segundo Anna Bárbara Proietti, médica hematologista e presidente da Fundação Hemominas, o Brasil é uma referência mundial no tratamento da doença. O estado de Minas Gerais foi o primeiro do país a fazer no período neonatal, o chamado “teste do pezinho”, que possibilita a descoberta da doença ainda na infância. “Desde 1992, é impossível que uma criança tenha a doença e que os pais não saibam. É preciso que a mãe e o pai tenham o traço para que a criança nasça com Anemia Falciforme. Mas é comum pais que chegam ao consultório sem saber que têm o traço da doença”, afirma. Maria Zenó Soares, 44 anos, começou o tratamento aos 32, quando descobriu a doença. “Na época, já sofria as sequelas como a baixa taxa de hemoglobina. O tratamento com um hematologista é muito importante e em caso de cri-

se, o paciente deve procurar o serviço de urgência”, ensina. A doença falciforme é comum em países do Oriente Médio, Índia e Mediterrâneo, porém, a maior incidência ocorre na população negra e o continente africano é o mais atingido. Para se ter uma ideia, por ano, 250 mil crianças nascem com a doença. Anna Bárbara Proietti revela que o Hemominas foi escolhido pelo governo federal para ajudar a montar um hemocentro e um centro de acompanhamento da Anemia Falciforme em Gana, parecido com o que temos aqui. O principal tratamento segundo Anna Bárbara é a prevenção e ao menor sinal de crise, caracterizada por dor e febre, o paciente deve procurar um hospital, já que às vezes, apenas o soro e um analgésico resolvem o problema e no caso dos sintomas persistirem o paciente deve ser submetido ao uso de antibióticos. Na ausência do tratamento adequado a doença pode levar à morte. A única possibilidade de cura da Anemia Falciforme é o transplante de medula. O tema ainda é muito debatido pelos especialistas, pois essa técnica oferece riscos muito grandes para a vida do paciente. Alguns transplantes já são realizados pelo SUS, mas ainda não existem condições de oferecer o tratamento para todos os pacientes, devido a grande quantidade de portadores da doença. Outra alternativa é a terapia celular, que consiste no tratamento de uma célula do próprio paciente para corrigir a hemoglobina. “Este tratamento ainda está em fase de estudos. É uma perspectiva muito boa, mas temos que ter o pé no chão”, finaliza a médica.

Cuidados do paciente falciforme • Evitar alimentos que contenham ferro, devido a sobrecarga da substância no organismo; • Por causa da alta produção de sangue, deve-se fazer uso do ácido fólico; • A hidratação é fundamental para que a hemácia flua melhor na micro circulação, diminuindo a viscosidade do sangue; • Os tratamentos citados nesta matéria devem ser realizados com a indicação do médico especialista; • Lembre-se sempre que antibióticos são vendidos somente com receita médica.


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Entrevista

O estresse no trabalho está muito relacionado às jornadas longas, a pressão por produtividade, a competitividade, às exigências crescentes de qualificação para se ter acesso e para manter bons empregos e aos estilos de gestão autoritários, cujas atitudes e comportamentos podem ser caracterizados como assédio moral aos trabalhadores ”. Por Luciane Marazzi Foto: Ana Tomaselli

TRABALHO COM SAÚDE E DIGNIDADE

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ormada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em Medicina Preventiva e Social na área de Saúde dos Trabalhadores, Andréa Maria Silveira, coordena atualmente o Centro de Referência Estadual em Saúde dos Trabalhadores de Minas Gerais – CEREST/MG e é diretora de Ensino, Pesquisa e Extensão do Hospital das Clínicas. Aqui a professora da Faculdade de Medicina da UFMG fala do trabalho não só como uma fonte de geração de renda, mas como gratificação pessoal, garantida por meio de direitos e da relação respeitosa junto aos empregadores.

Jornal ConSaúde: O que as pessoas precisam saber sobre saúde do trabalhador? Andréa Silveira: O trabalho constitui não apenas uma forma de garantir renda, mas também uma importante fonte de gratificação pessoal. No trabalho as pessoas interagem com outras pessoas, fazem amizades, aprendem e transformam a natureza. Afinal de contas o mundo, tal como o conhecemos hoje, é fruto do trabalho das pessoas. Infelizmente, o trabalho também pode constituir uma fonte de sofrimento. Este sofrimento pode vir sob a forma de doenças e acidentes. As doenças podem ser específicas e diretamente provocadas pelo trabalho ou terem outras causas e serem agravadas por ele. Assim, um trabalhador que trabalha na mineração da pedra São Thomé, pode ser acometido de uma doença pulmonar chamada silicose, provocada diretamente pela poeira gerada durante o trabalho. É importante que o trabalhador seja capaz de identificar os riscos presentes no seu trabalho, as doenças que podem resultar desses riscos e, as formas de reduzir a exposição a eles.

JC: Quais são as principais políticas voltadas para esta área? AS: Uma das estratégias mais conhecidas da política implementada pelo SUS é a Rede Nacional de Atenção Integral a Saúde dos Trabalhadores – RENAST, que prevê ações educativas para trabalhadores e para a comunidade, pesquisas, capacitação de recursos humanos e articulação com outras políticas dentro da própria esfera da saúde e com outras áreas como a Previdência Social e o meio ambiente. JC: Quais são hoje as principais doenças que acometem os trabalhadores brasileiros? AS: Existem variações regionais, mas no geral não podemos esquecer dos Distúrbios Osteomusculares relacionados ao trabalho (Lesões por Esforços Repetitivos – LER), que são encontrados em praticamente todos os ramos de produção e que se associam com as formas contemporâneas de organização do trabalho, decorrentes da repetição, jornadas muito longas e as crescentes exigências de produtividade.


ConSaúde

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A política nacional de saúde dos trabalhadores prevê a capacitação de membros do controle social para lidarem com as questões que dizem respeito a essa política”.

As intoxicações por agrotóxicos são muito frequentes e os transtornos mentais relacionados ao trabalho também vêm se mostrando um problema crescente no nosso meio, onde ainda persistem doenças relacionadas ao trabalho muito antigas como a silicose (endurecimento dos pulmões decorrente da inalação de poeiras), a perda de audição provocada pela exposição ao ruído e as doenças de pele, desencadeadas principalmente pela exposição a produtos químicos no trabalho. JC: Existem políticas de sensibilização dos conselhos de saúde sobre questões relacionadas à saúde do trabalhador? AS: Sim. A política nacional de saúde dos trabalhadores prevê a capacitação de membros do controle social para lidarem com as questões que dizem respeito a essa política. JC: Quanto às normas reguladoras para que as empresas garantam o bem estar físico e mental dos seus funcionários, como é feito a fiscalização? Existe alguma dificuldade para isso? AS: Na verdade a fiscalização e vigilância dos ambientes de trabalho no Brasil constitui em uma atribuição tanto do Sistema Único de Saúde quanto do Ministério do Trabalho. O Ministério do Trabalho tem como instrumento para realizar essas fiscalizações as Normas Regulamentadoras e o Sistema Único de Saúde se utiliza dos Códigos Sanitários. As dificuldades enfrentadas dizem respeito ao tamanho do país e ao pequeno número de profissionais dedicadas a esta atividade. JC: Em relação à saúde mental, sabe-se que o estresse tem grande ocorrência no mercado de trabalho moderno. É possível, com medidas simples, diminuir ou até evitar este tipo de ocorrência? AS: O estresse no trabalho está muito relacionado às jornadas longas, a pressão por produtividade, a competitividade,

às exigências crescentes de qualificação para se ter acesso e para manter bons empregos e aos estilos de gestão autoritários, cujas atitudes e comportamentos podem ser caracterizados como assédio moral aos trabalhadores. É difícil falar em medidas simples de prevenção, até porque os trabalhadores têm pouca governabilidade sobre a maior parte dessas situações, principalmente em cenários de desemprego, quando sob o açoite da fome, se sujeitam a qualquer tipo de trabalho. Mas é fundamental que busquem apoio dos seus sindicatos, que podem negociar diretamente com os empregadores, a melhoria das condições de trabalho. Além disso, devem procurar ajuda especializada tão logo detectem o problema.

As mulheres em busca de seu reconhecimento e autonomia no mercado de trabalho são mais vulneráveis ao apelo da propaganda.”

JC: A emancipação feminina abriu as portas do mercado de trabalho e fez com que muitas mulheres aderissem aos hábitos pouco saudáveis como o tabagismo, álcool e na alimentação. Quais danos isso tem causado às mulheres? AS: As mulheres em busca de seu reconhecimento e autonomia no mercado de trabalho são mais vulneráveis ao apelo da propaganda. Quanto aos riscos para a saúde das mulheres a lista é extensa. Doenças pulmonares (enfisema, bronquite e câncer), aumento dos casos de outros cânceres, comprometimento da gravidez e da saúde do feto (no caso de grávidas fumantes), comprometimento dos dentes, doenças vasculares e cutâneos são algumas que podemos citar.


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Conta-gotas Foto: Ana Tomaselli

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100% SUS

o dia 13 de dezembro de 2010, a Comissão de Acompanhamento do Contrato da Santa Casa de Belo Horizonte, da qual fazem parte os conselheiros Welson Alexandre dos Santos e Levi dos Anjos Mota, promoveu uma visita para verificar o desenvolvimento da reforma no hospital central, que é o objeto do Termo de Adesão 100% SUS. A comissão aprovou o cronograma das alas a serem reformadas e o repasse do montante de cerca de 3 milhões de reais. Segundo Welson, diante do tamanho do investimento as mudanças ainda são tímidas, visualmente o impacto ainda é pequeno. Mas o esperado é que as mudanças que a população espera sejam realizadas. No dia 17, em comemoração aos 113 anos do hospital, foram inaugurados mais 30 novos leitos do Centro de Tratamento Intensivo Cybele Pinto Coelho, como parte do “Projeto Santa Casa mil leitos, 100% SUS”. O evento foi realizado no au-

À esquerda: aprovação pelo plenário do CMS de leitos 100% SUS e inauguração de 30 novos leitos na Santa Casa

ditório da Santa Casa e contou com a presença de várias autoridades, como o prefeito Márcio Lacerda, o provedor da Santa Casa, Saulo Levindo Coelho, o secretário adjunto de Estado de Saúde, Wagner Eduardo Ferreira, e o secretário municipal de Saúde, Marcelo Gouvêa Teixeira, além da 2° secretaria do CMS, Walderez Alves Moreira. Na tarde do dia 7, o plenário do CMS aprovou o Termo de Adesão 100% SUS do Hospital Universitário São José e Hospital São Francisco de Assis. Ao todo a população poderá contar com mais 238 leitos clínicos, de UTI e de Ortopedia.

Ação contra o Diabetes Foto: Fernanda Ribeiro

Quem passou pela rodoviária de Belo Horizonte no dia 12 de novembro, pode conferir as atividades do Dia de Luta e Controle do Diabetes, promovido pela Secretaria Municipal de Saúde. Foram oferecidos por profissionais de saúde testes de glicose e diagnóstico da doença. O principal objetivo desta ação, segundo o médico da rede SUS, Sidney Maciel Santos, é a conscientização sobre o diagnóstico precoce. “O diabetes é uma doença silenciosa, muitas pessoas não sabem que são portadoras”, alertou. Foram oferecidos testes de Diabetes aos usuários da rodoviária

Conselheiros participam de capacitação Nos meses de outubro e novembro de 2010, 37 conselheiros, entre veteranos e calouros, participaram do Curso de Capacitação de Conselheiros Municipais de Saúde, promovido pelo Conselho Estadual de Saúde. O projeto tem a intenção de socializar informações e conhecimentos para o trabalho no controle social desenvolvidos pelos conse-

lheiros. Para Wallace Xavier, conselheiro pela primeira vez, “o curso de capacitação é um momento de esclarecimento que elucida sobre o papel do conselho de acompanhar, fiscalizar e planejar ações, além de conhecer toda a legislação que rege o SUS”, completa.

Foto: Ana Tomaselli

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Foto: Ana Tomaselli

Hospitais


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