Revista Vidas

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EXPEDIENTE Prefeitura Municipal de Belo Horizonte Secretaria Municipal de Educação Secretaria de Administração Regional Municipal Norte EM Professor Daniel Alvarenga

Equipe técnica

Antônia Umbelina Corrêa Lima Edson Rodrigues Almeida da Silva Maria Carmen Ottoni Marilene Dorothéia de Jesus Neda Miriam de S. Chaves e Chaves Sandra Meira Santos

Supervisão editorial

Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de BH

Impressão

Gráfica da Prefeitura de BH

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA CIRCULAÇÃO DIRIGIDA EM Professor Daniel Alvarenga

Rua Coquilhos, 10 (Conjunto Zilah Spósito), Jaqueline BH – MG – CEP 31787-060


Apresentação

F

alar de vidas é falar de identidades, ambientes, divergências, acertos, combinados, caminhos, decisões, rotas alteradas, sonhos que sonhamos juntos, enfim, memórias... Na perspectiva de valorizar o ser humano que compõe sua história e consequentemente a história da humanidade, nós, educadores da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga, juntamente com os estudantes, decidimos registrar nossas memórias, os fatos que contribuíram para compor nossa personalidade e que marcaram nossas vidas, nesta revista. A história oficial relata a memória de reis, rainhas, capitães, presidentes, etc..., mas a história é composta por diversos olhares, sendo que todos os pontos de vista devem ser considerados para que a compreensão sobre a realidade seja o mais verossímil possível. O ponto de vista desta revista é o do povo que luta, trabalha, estuda, sofre, vive e é feliz. Esta primeira edição traz as memórias dos estudantes da EJA desta instituição, juntamente com os projetos realizados ao longo do ano letivo de 2012, com o objetivo de valorizar e compreender a vida, ao longo da história da humanidade. O objetivo desta publicação é deixar um gostinho de quero mais, pois todos os anos as turmas se renovam e as pessoas têm sempre algo de suas vidas para contar... Marilene D. de Jesus


Editorial

O

ano de 2012 foi mais um ano marcante para a Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga. Episódio esse de uma história construída por muitas mãos: produções coletivas, descobertas, desafios, avanços, dentre os quais, destacamos a Revista Vidas. Em sua primeira edição, essa publicação, produzida pelos alunos com o apoio e a orientação dos profissionais da Educação de Jovens e Adultos desse estabelecimento, tem como objetivo contar um pouco de suas vivências e revelar a beleza que há na verdade que cada um traz consigo. Através dos textos produzidos, os protagonistas se empenharam em transmitir a palavra falada e escrita, permeada por gestos e olhares, que permitiu trilhar os caminhos de suas memórias. Foi um trabalho motivador que, ao utilizar as palavras, reviveu as histórias, as alegrias e tristezas. Aos poucos vamos descobrindo histórias transformadas pela própria esperança da alegria, ações afirmativas que nos motivam a buscar cada vez mais uma razão para estarmos aqui e trabalharmos com essa comunidade. Fazer parte deste grupo, se sentir apoiado, colaborar para melhorar a vida de cada uma dessas pessoas, nos faz sentir melhor, mais vivos. Nos faz descobrir a verdadeira razão de sermos educadores. Desejamos que a edição número 1 da Revista Vidas sirva de estímulo para que os leitores dessa publicação se empenhem na busca de seus ideais, sonhos e realizações. Um abraço Direção da E.M. Professor Daniel Alvarenga


Sumário EJA – Educação de Jovens e Adultos

Conjunto Zilah Spósito

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5 Memória e História

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A

TURMA

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TURMA

TURMA

C

TURMA

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PARQUE LAGOA DO NADO

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D

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MUSEU DE ARTES E OFÍCIOS

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B

21

TURMA IGREJA SANTA BEATRIZ

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GRUTA DA LAPINHA

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Edson Rodrigues Almeida da Silva Coordenador Pedagógico da Educação de Jovens e Adultos

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izer sobre memória é dizer sobre pessoas, sobre vidas que realizam uma travessia entre o passado e o presente, projetando um futuro generoso. Estamos dizendo de vidas que se encontram, de evolução, de porta entreaberta, com passagem garantida para a lembrança e para o esquecimento. A porta – meio aberta, meio fechada – é, por assim dizer, um espaço susceptível de longas latências e de repentinas revitalizações. Trabalhar na Educação de Jovens e Adultos é lidar com o constante acolhimento daqueles que, por uma razão ou outra, se afastaram da escola. Abrir-se a esse processo é conviver com a história latente, com a marca familiar da luta pela sobrevivência, com sujeitos de direitos, com a recuperação de lembranças, com o esforço por aprender, avançar e permanecer interessado pela escolarização e pelo seu ideal de vida. Tudo isso cercado pela esperança em um porvir cheio de satisfação. Pois, saber ler, escrever e falar em um tom adequado a cada situação é uma aposta que não vai haver preço que pague. Encontrar pessoas dispostas a enfrentar as vivências escolares, após tentativas interrompidas, com exposição de sua presença e de sua voz, é uma clara demonstração de querer participar, contribuir, somar, dividir e multiplicar. Aprender é se apropriar de recortes do conhecimento e da realidade, utilizando-os no convívio diário para que se possa participar e cooperar seja com nossa história, com nossa identidade ou com nossa memória.

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Conjunto

ZILAH SPÓSITO

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Conjunto Zilah Spósito está localizado na região Norte da Capital mineira, ocupando uma área de 118.645m2 com aproximadamente 480 domicílios e uma população estimada de 2.108 habitantes. O Conjunto foi criado oficialmente em 1991, em uma área loteada pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (URBEL) para fins habitacionais.

Segundo os moradores mais antigos, o local teria sido doado pela dona da fazenda, chamada Zilah Spósito, para construção de casas populares. Os moradores vieram de áreas consideradas de risco nos bairros Estoril, Mineirão, Jardim Leblon, São Rafael, Taquaril, Alto Vera Cruz e, principalmente, das margens do córrego Sarandi, no bairro Itatiaia. Algumas famílias moradoras de rua também foram assentadas.


Inicialmente conhecido como Capa Preta, dois anos após sua ocupação, um grande incêndio destruiu todos os barracos de lona do local. Segundo Joaquim Ubirajara, um dos moradores mais antigos, a comunidade se mobilizou para que o Governo disponibilizasse recursos para a construção de casas. De acordo com a URBEL, a comunidade era organizada, realizavam assembleias diariamente, não existia uma associação, mas uma equipe de negociação, formada por dez moradores. Após extensa negociação os moradores receberam as casas semi-prontas. Hoje o conjunto conta com escolas públicas, linhas de ônibus, creches, e toda estrutura urbana necessária. A Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga, hoje, representa bem a boa interação entre equipamento público e a comunidade local. Mas, nem sempre foi assim. A mudança no ambiente escolar só foi possível a partir do momento em que a instituição adotou os princípios da gestão democrática, convidando a comunidade a participar das decisões e envolvendo o corpo docente e os demais funcionários nos rumos da instituição. Nos últimos cinco anos, reorganizou sua administração e seu quadro de trabalhadores, estabelecendo a parceria escola-comunidade. Onde havia pichação, hoje há grafite, painéis com imagens de

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alunos e pais, além de mensagens sobre cooperação, divisão de responsabilidades e bem-estar. A escola presta serviços de Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos, Escola Integrada, Escola Aberta bem como a cessão de espaço para manifestações culturais e esportivas. “Queremos uma escola feliz”, diz Andréa Caroline Correia Silva. Ela é a atual diretora, mas chegou à instituição no início de 2007 para desempenhar o difícil papel

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de interventora enviada pela Secretaria Municipal de Educação. Na época, a situação parecia insustentável, uma vez que todo o quadro de professores havia pedido transferência, amedrontado pelo fantasma da violência que assombrava o lugar. Segundo Andréa, uma das suas primeiras iniciativas foi conhecer a comunidade. Assim, descobriu o histórico de lutas por moradia daqueles que ocuparam o bairro na década de 1970. “Muitos moravam debaixo de lona”, conta.

Com sua equipe, a então interventora convidou os responsáveis pelos alunos para uma grande assembleia. Uma farta mesa de café da manhã esperava pelos convidados, que se mostraram surpresos com a recepção, mas não esconderam o descontentamento com a situação da escola. Questionou-se a existência das grades, a deficiência da merenda escolar, a depredação dos espaços e dos materiais de uso comum. A conclusão era óbvia: a insatisfação coletiva apontava para o desejo de uma educação de qualidade em um ambiente acolhedor e, ainda, para a necessidade de normas e medidas objetivas para que a escola pudesse cumprir seu papel. Diante do diagnóstico, também ficou claro que, antes de impor normas, era preciso continuar investindo em integração. Na prática, foi o que Andréa procurou fazer. Com a colaboração dos envolvidos, criou uma campanha para divulgação das normas escolares em que os alunos seriam fotografados como modelos para estampar os panfletos. Segundo ela, em um primeiro momento, houve resistência. Ao procurar por justificativas, descobriu um padrão de baixa autoestima entre os estudantes. E agora? Alguém sugeriu a realização de um dia de beleza na escola. A notícia circulou pelas ruas do bairro e não demorou para que pais e mães também

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se colocassem à disposição para posar ao lado dos filhos. Para muitas famílias, essas foram as primeiras fotografias em que todos os membros apareceram juntos. A voz dos alunos começou a ser ouvida e, a partir daí, todos passaram a sugerir atividades como oficinas de informática, aulas de tae-kwon-do e de futebol. Até a escolha do uniforme escolar foi feita democraticamente. Os estudantes desfilaram os diferentes modelos para uma plateia empolgada que lotou o pátio. Hoje, quem visita a escola encontra espaços bem organizados e escuta os professores falarem de projetos pedagógicos que entusiasmam os alunos. No refeitório impecável, cada um se serve e há sempre um aluno-monitor auxiliando na organização dos colegas. Com a contratação de uma nutricionista, que observou o gosto dos jovens e treinou a equipe da cozinha para preparar pratos nutritivos e saborosos, o desperdício tornou-se mínimo. Se no passado a instituição foi notícia nos jornais porque seus alunos não dis-

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punham sequer de carteiras para se sentar, atualmente a pauta é outra. Em dezembro de 2008, a mídia local divulgou os projetos que receberam o Prêmio Paulo Freire, da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, no qual a Escola Professor Daniel Alvarenga conquistou o segundo lugar na categoria “Qualidade de vida”, com o projeto “Comunidade em Movimento”, cujo objetivo é a formação de líderes comunitários. Além de investir em intercâmbios com outras comunidades que desenvolvem programas de sucesso, a diretoria promove encontros semanais em que todo o corpo escolar discute os problemas da região, faz reivindicações e dialoga com a administração municipal na busca de soluções. Na zona Norte de Belo Horizonte, uma escola tornou-se exemplo de ambiente em que todos participam ativamente da Educação. O cargo de diretora que Andréa Silva ocupa atualmente é mais um exemplo do alcance da democracia. Ela foi eleita duas vezes pela própria comunidade.

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EJA – EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS O QUE É A EJA?

A

proposta pedagógica do Programa EJA-BH, desenvolvida pela Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte (SMED), tem como base a Regulamentação da Educação de Jovens e Adultos nas escolas municipais de Belo Horizonte, do Conselho Municipal de Educação de Belo Horizonte (CME-BH), contida no Parecer CME-BH 093/02 e na Resolução 001/2003, além de inúmeras discussões e conhecimentos acumulados em mais de dez anos de exe-

cução de programas para atendimento das demandas de alfabetização de adultos pela SMED e outras instâncias parceiras. Também são considerados na construção desta proposta apontamentos, demandas, necessidades pedagógicas e levantamentos feitos com educandos em toda a cidade e com os educadores que atuam no Programa.

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Esta proposta tem como princípio a educação como direito e reafirma os princípios apontados pela Resolução CNE 01/00 do Conselho Nacional de Educação que trata a EJA como uma modalidade da Educação Básica, com autonomia para uma organização própria, diferente dos cursos regulares, além do Parecer CEB 11/00 que apresenta: a) Função reparadora: sugere a restauração de um direito negado; b) Função equalizadora: possibilita a reentrada no sistema educacional daqueles/as que tiverem trajetórias escolares desiguais; e c) Função qualificadora: educação permanente e para toda a vida. A política de atendimento ao jovem e adulto adotada pela SMED-BH vem sendo construída com vistas a garantir o direito à educação a todos os cidadãos, com ações que possibilitam a inserção das pessoas jovens e adultas que não tiveram a oportunidade de vivenciar seu processo de alfabetização e/ou escolarização quando crianças ou adolescentes. Como função reparadora, a proposta visa atender aos jovens e adultos, com predominância dos mais velhos, que não vão à escola por vários motivos: a) não se reconhecem como sujeitos de direito; b) dificuldade para sair da proximidade de sua moradia; c) organização rígida de horários nas escolas; d) falta de recursos financeiros para o deslocamento; e) longa jornada de trabalho, e

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f) às vezes, sofrendo doenças crônicas (problemas de visão, hipertensão, diabetes, dentre outros). O público das escolas também apresenta a marca da exclusão, com uma trajetória escolar entrecortada por múltiplas repetências e interrupções. Nas escolas a diversidade geracional é muito grande, as idades variam entre 15 e 80 anos. São objetivos, portanto, do Programa EJA-BH: •• assegurar o direito à educação escolar àqueles que, pelas mais diversas razões, não tiveram oportunidade de frequentar ou concluir a Educação Básica; •• inserir jovens e adultos no processo de escolarização através da oferta do Ensino Fundamental completo, numa perspectiva de educação ao longo da vida; •• intensificar a interação dos educandos em seus contextos sociais e culturais, buscando construir conhecimentos e proporcionar o desenvolvimento pleno para que possam integrar-se ao mundo em que vivem, compreendê-lo e transformá-lo.

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possuem uma mercado de trabalho e que l ipa nic Mu ola Esc da “Nós, educadores conhecimentos informais, A) acredi- vivência rica em PD (EM nga are Alv l nie Da Professor comum. é somente nascer do senso , devemos tamos que ser cidadão não Como educadores da EJA do, esta , ade (cid ar em um determinado lug ar e valorizar as expedade compreender, partilh uni com a um em r vive sim aluno. Entender, país), mas riências de vida de cada itos suje o com os tad tra ura onde os indivíduos são o Paulo Freire, que a leit antidos pela parafraseand gar itos dire dos esda Um . ura itos leit de dire antes da dar, do mundo acontece estu de o é sil Bra do l era hec nir con iConstituição Fed a. Ou seja, precisamos reu crit são s soa pes itas Mu . dem na leitura ser alfabetizado e letrado mentos prévios que nos aju so. ces pro te des excluídas os, dos conhecimentos ncia do mundo (dos fat sciê con a um a plic im opiniões A cidadania circulam pela sociedade, das que Ela e. dad uni com a de pertencimento a um ), para que não fiquemos socieda- contextualizadas da uos ivíd ind os os tod a avras que, por se estende apenas na leitura das pal ou a raç , ero gên de ção e a de, sem discrimina comunicam. Entre o saber reconhecer a si só, não a a lev nos se Isso s, so. poi gio reli ue, credo linha tên ul- ignorância há uma que , nia ada cid da o açã enific im verdadeira sign rmos a vastidão do conhec . Nascer num considera trapassa a questão geográfica até então, podemos dizer que deste país. to produzido o adã cid ser a ific sign país não de cada coisa, mas aos sabemos um pouco sso ace o pel a eriz act car A cidadania se s também alguma coisa. possibilidade de ignoramo a pel s, ido duz pro aí to em que se s ben A EJA surge em um contex ração que figu con da par tici par e da exclusão solivrement busca vencer as barreiras s. paí e est a dá de cotidianamente se ica, que privam o sujeito ensino que cial e econôm de de ida dal s mo a ico um ból é sim e EJA A s materiais s e re- ter acesso aos ben nte uda est os r lhe aco e, o tes etiv tem por obj s pela coletividade e que, em ção de jovens produzido alizar o processo de escolariza ar à disposição de todos. opriada, por deveriam est apr de ida na , que ltos nte que ine adu Acreditamos que o estuda os er mp erro int que ram tive a expectativa vários motivos, gressa na EJA sai com um da dos sta afa s ano es, estudos. Ficam, às vez à continuidade do processo er e re- positiva quanto end apr por os ent sed tam vol tima já lhe perescola e de escolarização. A autoes sigo con do zen tra o, did per adão, capaz de cuperar o tempo mite se reconhecer como cid as. ativ ect exp is áve incont os dizeres de uma placa e temas ler, por exemplo, em ada bas em é EJA da ta um cruzamenA propos saber qual a função dela em dos ão erç ins a cem ore recer e contextos que fav mesmo tempo, vai lhe ofe de modo que to que, ao , ada letr ade esied ler, soc de na alunos oportunidade rever adiante mais uma esc ler, de e dad aci cap ir -se.” possam adquir expressar, enfim, comunicar o que lê. O con- crever, e calcular, compreendendo Edson Rodrigues Almeida da Silva dos adulde lida rea a a Marilene Dorotheia de Jesus par o tad vol teúdo é de Souza Chaves e Chaves am Miri a no Ned ão inseridos tos ou adolescentes, que est


MEMÓRIA E HISTÓRIA (...) a diversidade dos testemunhos históricos é quase infinita. Tudo o que o homem diz ou escreve, tudo o que fabrica, tudo o que toca pode e deve informar-nos sobre ele. Marc Bloch

A

s palavras memória e história evocam o mesmo tempo – o passado. Contudo, elas não se confundem. A história começa justamente onde a memória acaba. A memória é sempre vivida – física ou afetivamente. A memória é história viva e vivida e permanece no tempo, renovando-se. A memória é a possibilidade de recolocação das situações escondidas que habitam na sociedade profunda, na sensibilidade. A condição necessária para que exista memória é o sentimento de continuidade presente naquele que se lembra. A memória não faz corte ou ruptura entre passado e presente.

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Ela retém do passado somente aquilo que ainda está vivo ou capaz de viver na consciência daquele ou daquela que a mantém. A história não é memória pelo fato de haver descontinuidade entre quem a lê e os grupos, testemunhas ou atores dos fatos ali narrados. A memória nasce de um grupo que ela une. A memória se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto. Já a história pertence a todos e a ninguém. A história só se liga às continuidades temporais, às evoluções e às relações das coisas.

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Edson Rodrigues Almeida da Silva


TURMA

A

Turma

Alfa...

E

ncantador é o ato de ensinar..., mas sublime é perceber o aprender. Há dois anos atuo no Curso de Educação de Jovens e Adultos da Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga (EMPDA). No ano de 2011, estive com as turmas de Certificação. Neste ano de 2012, estive com a Turma A, de Alfabetização, que recebi no início do ano, com grande expectativa. Com o “Projeto Memórias de Minas – Vida” pude conhecer mais de perto meus queridos alunos. Suas histórias os fizeram sujeitos de suas próprias escolhas. É emocionante poder ouvir e atuar como “escriba” para pessoas que viveram histórias emocionantes, tocantes; ora felizes, ora nem tanto... Quantas vezes senti um nó ao reviver em memória - suas histórias. Voltar no tempo trouxe para cada um lembranças que arrancavam suspiros, sorrisos, risadas, lágrimas... Ao mesmo tempo me fazia também retornar à minha infância, à minha adolescência, à minha vida - que não foi tão diferente das relatadas pelos meus amigos.

Antônia Umbelina Corrêa Lima Professora da EJA – EMPDA

Aprendi mais uma vez que ouvir faz a diferença, sobretudo quando nos relacionamos com pessoas que, além de lembranças, alimentam sonhos. Redigir ouvindo nos toca profundamente. E quando lemos para eles o que foi dito por eles, estes ficam fascinados com o resultado. Caem por terra a resistência em contar (relatar), a recusa em participar da edição e o medo da exposição. Foi com imenso prazer que realizamos esta atividade. Somos atores e plateia. A luz e a penumbra. E aguardamos novas oportunidades para continuar este projeto. Dedico cada linha, cada emoção a vocês, meus queridos alunos e amigos.

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Ana Rosa Pereira dos Santos Sou filha de Josefa de Souza e Santos Pereira dos Santos. Nasci em Montebel, município de Joaíma na divisa dos estados de Minas com Bahia. Tenho poucas informações de minha primeira infância. Sei que saí de minha cidade natal muito pequena, quando perdemos meu pai. Minha mãe teve que buscar outras cidades para trabalhar. Eu me lembro que fiz tanta coisa... errada... coisas de criança. Meus brinquedos preferidos eram as bonecas de milho (tinha as lourinhas e as morenas, de cabelos lisos e encaracolados); e os balanços que nós mesmos fazíamos nas árvores. Tinha a tia Margarida e o “Ti-Mi” que eram muito bravos conosco. Eles também tinham filhos e ajudavam a nossa mãe a nos criar. Brincávamos aquele tantão de primos juntos. Como não tínhamos condições de comprar roupas e sapatos novos, eu torrava café para as vizinhas e elas nos retribuíam com roupas e sapatos usados. Quando a gente torra café é preciso ficar algumas horas de resguardo para não “constipar”. Eu, muito “levada”, acabava de torrar o café e, quando minha mãe dava fé, me encontrava na beira do rio... Ela sempre dizia que eu ia entortar. Onde eu morava não existia (nem existe) escola. Eu tinha nove anos quando minha mãe me deixou aos cuidados de um casal de brancos para que eu pudesse estudar. Pelo menos foi este o trato. Deste lugar até a escola mais próxima eu teria que ir a cavalo. Porém, aquelas pessoas diziam que não iriam cansar os cavalos comigo! Eles tinham outros filhos. Aqueles que tinham idade já frequentavam a escola. Eu ficava por conta dos afazeres de casa. Lavar as vasilhas na beira do rio, longe de casa, catar feijão à noite, à luz de lamparina. Apanhava muito! Se eu não concluía as tarefas, apanhava. Se não dava conta da tarefa - por ser pesada ou difícil – apanhava também. Se tinha medo dos bois, tornava a apanhar. Até furada com agulha de coser couro, eu fui, pela dona da casa. Meu horário de levantar pela manhã tinha que ser o mesmo do dono da casa. Um dia tive que acompanhá-lo ao curral para pegar leite. Eu morria de medo dos bois e ele nem ligava para isto. Queria apenas que eu entrasse no meio deles levando um tambor para colocar o leite. Eu fiquei tão amedrontada que deixei o tambor cair e rolar morro abaixo. O tambor rolava e eu corria atrás

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dele. Eu me machuquei no arame farpado e ainda apanhei muito pelo descuido. Sofri muito naquela casa. Quando minha mãe ia me visitar, a dona não deixava que eu chegasse perto da minha mãe. Ela até me ameaçava antes da chegada. Da cozinha, eu acenava para minha mãe para que ela me abençoasse. Quando minha mãe perguntava como estavam as coisas, a patroa dizia que estava tudo bem. Minha mãe ia embora sem nem mesmo me tocar... Aos 12 anos de idade, quando a dona da casa saiu para comprar tecidos na cidade, minha mãe apareceu por lá. Ficamos em casa sob os cuidados de uma senhora muito “puxa-saco” da outra. Aproveitamos e fomos para a cachoeira e lá eu organizei para que as outras crianças se distraíssem e fiquei a sós com minha mãe. Foi a oportunidade de que eu precisava. Ali contei tudo para minha mãe. E ainda pedi: – Me leve embora, mãe, se não me levar, ela vai me arrancar o couro! Minha mãe entendeu e esperou a senhora voltar. Nisso, ela contou sua intenção para a senhora que tomava conta de nós... Quando ouvimos o tropel dos cavalos ela foi ao encontro da dona da casa e disse-lhe: – A Zefa vai levar a menina embora! - e minha mãe confirmou. – Hoje vou levar minha nega embora! A senhora mudou de cor. Muito branquinha, via-se que estava vermelhinha – acho que ela sabia que eu tinha contado a verdade para minha mãe.

Quando ela ia até a cidade, sempre comprava alguma coisinha para mim. Cortes de pano, calcinhas, porém, nesse momento, ela fez questão de não me dar nada. Toda vez que nascia um pintinho doente, mais fraquinho ou aleijado, aquele era meu. Então, eu cuidava deles e eles sempre vingavam. Eu tinha mais de 50 cabeças de galinhas no terreiro. Quando fui embora, ela escolheu um franguinho dizendo ser uma galinha. No meio do caminho, o franguinho cantou. Foi quando soubemos que a galinha era um galo. Meu pai teve três esposas. Minha mãe foi a terceira. Com ela, ele nos teve. Somos cinco filhos. Com a segunda esposa, ele teve dois filhos. Um menino e uma menina. Esta irmã do segundo casamento do meu pai é a pessoa de quem eu gosto mais. Nos damos tão bem que parecemos ser filhas da mesma mãe. O irmão dela, e irmão meu também, vive hoje no interior de São Paulo. Tive pouca convivência com ele. Sei que está muito bem. Tenho quatro irmãos na cidade de Catugi, próximo de Teófilo Otoni – MG. Minha mãe tem 80 anos e consigo visitá-la de vez em quando. Hoje, depois de aposentada ela vive numa casinha própria. Até então ela vivia nas fazendas onde trabalhava. Não desfrutou de heranças de família. Isto eu sei que existiu, mas o meu tio mais velho “torrou tudo no cobre” e não sobrou nada para os outros irmãos.

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Emília de Carvalho Sou filha de José Antônio de Carvalho e Maria Barbosa de Souza. Nasci em Itaperu, Minas Gerais – perto de Almenara. Ali morei até mais ou menos 12 anos de idade com meus pais e mais seis irmãos. Depois nasceram mais quatro. Eu era muito “arteira”! O pai plantava amendoim e nós arrancávamo s as bagas novas e recolocávamos o pé novamente na terra. As melancias nós furávamos no pé e depois as virávamos com o furo para baixo. O pai achava que tava dando bicho na plantação. Lembro-me quando enfrentamos uns ciganos que infernizavam a nossa vida. Meus pais tinham um comércio onde se vendia carnes e quitandas. Não é que os ciganos chegavam e pediam o melhor produto que havia por lá! Aquilo era uma ordem, porque se não déssemos,

tudo desandava. Eles tinham um olho muito ruim! Nós, os filhos mais velhos, não pudemos estudar por causa do trabalho. Mas quando conseguíamos ir à escola, era muita criança para apenas uma professora. O caminho era longo! Atravessávamos o rio e levávamos outra muda de roupas na sacolinha para chegar à escola na hora da merenda. Então, nos misturávamos com os outros colegas e a professora achava que estávamos ali desde o início. Meu pai era muito ciumento! Quando eu estudava à noite ele me buscava e me xingava muito! Achava que eu ia para a escola para namorar... Eu queria apenas estudar. Aos 17 anos, tive meu primeiro namorado, e com ele fui obrigada a me casar. Vivi com ele apenas oito anos e oito meses. Tive três filhos e agora tenho cinco netos. Hoje eu reparo que as pessoas têm tudo nas mãos e estão perdendo tempo.

Eva Barbosa Rosa Sou filha de Noeme Barbosa dos Santos e José Etelvino Ribeiro dos Santos. Nasci em Santo Antônio do Rio Abaixo, Minas Gerais. Passei minha infância na roça, numa casa com os pais e três irmãos. Brincava de casinha, boneca de pano que nós mesmos fazíamos. Montávamos casinha com

uma esteira encostada na parede. Subíamos nas árvores, nadávamos no córrego e ficávamos na cachoeirinha que havia no lugar. Tinha muita fruta: manga, laranja, jabuticaba. Também tinha batata doce para cozinhar e assar no borralho1. Lá pelas 18 horas, íamos dormir para acordar no outro dia, às cinco horas da manhã. Íamos trabalhar na roça. Enxadinha na mão e era o dia inteiro na lida. Parávamos apenas 1 Braseiro, coberto de cinzas

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para almoçar. À tarde, chegávamos e ainda íamos preparar deliciosas quitandas: bolos, biscoitos, roscas, doces, paçocas de amendoim... hummm! O pai não quis que estudássemos para não escrever cartas para namorados. Passei na roça também a adolescência. Trabalhando na roça e na casa de fazendei-

ros. Vim para Belo Horizonte aos 21 anos para trabalhar. Tive meu primeiro namorado. O segundo foi aos 23 anos. Com ele me casei e criei os cinco filhos dele. Tenho hoje nove netos. Meu grande sonho é passear muito! Aproveitar a vida, conhecendo lugares novos, já que estou aposentada.

Manoelina Maria de Jesus Sou filha de Judith Maria de Jesus e João José dos Santos. Nasci em Córrego da Taquara, na Região da cidade de Teófilo Otoni - MG. Na minha infância eu brincava de tudo: de roda, cantigas, queimada com bola de palha que nós mesmas fazíamos. Montávamos um tango-balango2 e brincávamos à noite, à luz da lua. Éramos primos e irmãos juntos nas brincadeiras. Quando criança, tinha muito medo do meu pai. Ele era muito bravo. Passei minha infância com minha mãe. Passamos muitas dificuldades, mas com ela nós superamos tudo! Eu e minha mãe sentíamos uma grande paixão. Éramos muito amigas. Tudo ela fazia por mim. Assim eu a respeitava muito! Nunca respondia mal a ela. Quando eu tinha 13 anos, minha mãe faleceu, aí minha vida mudou. Na adolescência, eu adorava namorar. Lembro-me que fui a uma festa e conheci dois irmãos, gêmeos. Meu irmão vigiava a gente como um pai. Naquela festa eu consegui namorar os dois irmãos... foi muito bom!! Depois foram os dois falar com meu irmão, pedindo para namorar comigo. Um chegou primeiro e depois chegou o outro. – Eu? (pensei). Me escondi atrás de umas bananeiras, nos fundos de casa. Só então perceberam que tinham dançado comigo, os dois, na mesma festa! Puxa, que tempo bom foi aquele! Já adulta, vim para a capital. Me casei, separei e tenho duas filhas. Uma delas mora comigo. Já tenho cinco netos! Hoje meu maior sonho é que a nossa vida melhore. Quero estudar para conseguir um bom trabalho! 2 Balanço de dois lugares

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Marcelo dos Santos Sou filho de Geraldo Eustáquio e Alvina Maria Dias dos Santos. Nasci em Belo Horizonte e passei minha infância no Bairro Asteca, em Santa Luzia, com minha mãe e dois irmãos. Gostava muito das brincadeiras. Carrinho de guia era a minha maior diversão! Também jogava bola no campo do Londrina, aos sábados e domingos. Tinha muitos amigos! O que marcou muito minha adolescência foi o meu primeiro emprego aos 14 anos. Comprei um rádio a pilha também com meu primeiro salário. Adorava ouvir música com aquele aparelho, bem alto! No Ziláh (Conjunto Ziláh Spósito) tinha uns coqueiros onde, na sombra, eu curtia músicas ao lado da minha namorada. Hoje me casei, tenho três filhos maravilhosos, os quais jamais penso em abandonar. Trabalho de serralheiro e tenho orgulho desta profissão que aprendi e gosto muito. Meu maior sonho é comprar uma casa para morar com meus filhos. Agradeço muito a Deus a vida que ele me deu.

Maria Floriza Meu nome é Maria Floriza, tenho 45 anos, sou filha de Josefa Tavares. Nasci em Cacimbinha, no estado das Alagoas. Passei minha infância em Cacimbinhas trabalhando na roça, plantando milho, feijão, mandioca... junto com minha mãe e seis irmãos. Sou a caçula. Minha casa tinha água de cisterna. Quando chovia tínhamos que trabalhar mesmo debaixo de chuva. Quando eu tinha um ano de idade, começando a caminhar, fui com minha irmã para a roça e caí numa fogueira onde me queimei bastante. Tenho até hoje marcas daquele acidente comigo. Em minha adolescência, ia para os bailes e dançava bastante! Adorava dançar! Deixei um amor em Alagoas, sempre me lembro com saudades dele e daquele tempo de mocinha. Eu gostava muito dele, mas tive que vir embora para Belo Horizonte com minha família. Hoje levo uma vida boa. Trabalho e tenho minha casa. 18

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Maria Neli dos Santos Sou filha de Francisco dos Santos e Maria das Dores Santos. Nasci na cidade de Cláudio, Minas Gerais. Morávamos numa fazenda onde cuidávamos e plantávamos. Tirávamos leite, pastoreávamos o gado, criávamos porcos... galinhas... Acreditávamos em Papai Noel, sabe? Ficávamos muito felizes quando ganhávamos bonequinhas no Natal. Os vestidos eram feitos de pano de saco ou chitão. Era uma grande felicidade ganhar coisas novas. O patrão era quem trazia os presentes, mas acreditávamos que era Papai Noel. Íamos para a escola a pé. A escola era longe, muito longe. E hoje temos escolas tão perto, não é? Éramos sete irmãs e quatro irmãos. Poucos estudaram, pois precisávamos ajudar os pais. Eu tinha 16 para 17 anos

quando tivemos que sair da fazenda e, então, viemos para a Capital trabalhar. Viemos eu e minha irmã Vicentina. Tínhamos que ajudar nossos pais com mais dinheiro. Alugamos um barracão e trouxemos toda a família para BH Trabalhamos muito!! Meu pai e minha mãe também arranjaram trabalho e pudemos ficar todos juntos. Passado um tempo meu pai adoeceu e faleceu. Depois foi a minha mãe. Daí continuamos a vida. Já com 27 anos tive meu primeiro filho - Kleiton. Depois dele tive mais o Kléber, Edivana e Cristiano. Meus filhos vivem comigo. Cristiano e Edivania se casaram. Kleber continua solteiro. Kleiton faleceu este ano. Hoje eu continuo trabalhando e agora estou aqui na EJA. Meu sonho? Saber Ler! Sem saber ler tudo é muito difícil!

Roberto Márcio da Silva Sou o Roberto Márcio da Silva, tenho 54 anos, filho de Margarida Geralda e Gessi Caldeira da Silva, nasci em Belo Horizonte, no bairro Saudade. Passei minha infância ali, no bairro Saudade, jogando bola, soltando papagaio. Fui muito maltratado por ser muito danado!

Todos me queriam bem longe! De menino eu não levava desaforo para casa. Brigava muito e ainda apanhava! As boas lembranças são das coisas que eu adorava comer: pastel; manga ubá, melancia, mamão... hummm! São alimentos que eu adoro! Em minha adolescência mudei um pouco o comportamento. Fiz judô, tae-kwon-do, caratê, capoeira, música... amo a música!

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Sempre fui bom de ouvido, pois aprendia e tocava percussão só de ouvir os outros. Participei do Grupo Aruanda e, por falta de estudos, de leitura, tive que me afastar – por uma decisão pessoal. Não conseguia acompanhar o grupo. Mas tudo isso me trouxe boas experiências na vida.

Hoje sou mais reservado. Gosto de ficar sozinho. Não gosto de sair, não gosto de tumulto. Meu grande sonho é ganhar na Mega Sena. Quero aprender a ler, aprender a tocar violão, aprender a cozinhar e fazer minha própria comida.

Samuel Andrade Silva Sou filho de Elisângela de Cássia Andrade e José Paulo. Nasci em Belo Horizonte, Minas Gerais. Fui muito mimado na infância. Brincava de bola com coleguinhas. Aos 13 anos, eu entrava na adolescência. Ao surgir as espinhas, meus colegas passaram a zombar de mim, isto gerou grande desavença que separou a todos.

Hoje uso remédio, duas vezes ao dia, para acabar com as espinhas e saio apenas para ir à escola ou à casa de meu pai, aos sábados e domingos. Eu gostaria que voltasse a alegria da minha infância. Gosto de visitar meus colegas da Escola Estadual Paschoal Comanducci. Ninguém tira minha mãe de mim! Um dia serei uma boa pessoa como meus pais. Meu sonho é ser técnico de informática. Gosto muito de computadores.

Silvana Maria de Jesus Sou filha única de Maria de Lourdes Silva. Nasci em Pedra D’Água, no Vale do Mucuri – MG. Lá eu estudava. Mas como eu passava mal, tive que parar de estudar. Viemos morar em Betim – MG, onde minha mãe faleceu quando eu tinha 14 anos. Fiquei

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com minha avó que também faleceu com problemas do coração. Eu não brincava. Só ficava dentro de casa, lavava vasilhas e cuidava das coisas. As coisas que mais gosto de fazer são lavar vasilhas, assistir televisão, ver o “Pica-pau”, “Malhação” e “Sessão da Tarde”. Hoje moro com minha prima no Conjunto Ubirajara e adoro passear!

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TURMA

S

ou a professora Neda e trabalho com Educação de Jovens e Adultos (EJA) há alguns anos. Vim para a Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga (EMPDA) e quando cheguei, fiquei encantada com a escola: imensa, bonita, um grupo docente super bacana e muito organizada. É um privilégio para a comunidade ter uma escola assim. Trabalhar com EJA é uma experiência desafiadora e um rico aprendizado. Minha turma é intermediária, onde há alunos em condições de receber o certificado de conclusão do Ensino Fundamental e um grupo que precisa de um pouco mais de tempo de escolarização. É uma turma adorável na qual impera o respeito, a responsabilidade e o grande desejo de aprender mais, de ter o saber como seu direito. No grupo de professores, planejamos trabalhar produção de texto a partir das memórias que os estudantes tinham das fases de suas vidas. Achei bacana o resgate das lembranças da infância, da adolescência e da vida adulta. Entusiasmada, comentei na sala de aula, falei que começaríamos logo a fazer os registros. `A medida que falava, explicava como seria legal a produção de “memórias”, em que cada um pudesse enfrentar o papel em branco e fazer um esboço textual. Notei uma grande inquietação na sala, alguns murmúrios e comentários como: “não vou falar de minha vida particular”, “não gosto disso”, “não vou escrever nada”, “vou pedir para fazer em casa e não devolvo”. O incentivo foi difícil, houve muita resistência por parte dos alunos. Com muita insistência e cobrança, conseguimos alguns relatos. Numa oportunidade quando escreviam suas lembranças, percebi uma aluna de cabeça baixa, na carteira, chorando. Perguntei o que havia acontecido e ela respondeu que tinha voltado à sua memória

B

Neda Miriam de Souza Chaves e Chaves Professora da EJA – EMPDA

todas as tristezas e dificuldades de sua infância e adolescência... Sei que a vida desses estudantes não é fácil – são trabalhadores, sem tempo para estudar, com um histórico de desolação, exclusão, sofrimento, tarefas acumuladas com questões familiares e rotinas domésticas estafantes. No entanto, alguns lutam com mais afinco, vão vencendo as dificuldades, os obstáculos, e – para nossa alegria – saem vitoriosos e planejam seguir nesse caminho de estudo, convívio, perseverança e aprimoramento cognitivo e comportamental.

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Cecília Alves da Silva Filho Sou filha de Jovina Alves da Silva, tenho 52 anos de idade, nasci em Jaboticatubas - MG. Comecei a trabalhar muito cedo. Aos 7 anos, já trabalhava como babá e como doméstica para ajudar nas despesas de casa. Era tão nova que minha mãe recebia meu dinheiro. Um momento marcante foi quando, na minha adolescência, não tive oportunidade de estudar, pois tinha que trabalhar. Hoje estou estudando e aprendendo muito na escola. Trabalho e cuido dos meus netos.

Cláudia Soares Jardim Sou filha de Geraldo Teixeira e Cejarina Soares Teixeira, tenho 36 anos de idade, nasci em Belo Horizonte, no dia 8 de setembro de 1976. Passei minha infância brincando de boneca, de fazer comida, pulando corda e brincando de peteca com minhas amigas. Um momento marcante foi quando, na minha adolescência, não pude estudar, pois eu tinha que ir trabalhar com minha mãe. Hoje eu estou estudando e aprendendo muito na escola. Estou conseguindo progredir em meus estudos.

Cláudio dos Santos Júnior Sou filho de Fabiana Maara Cláudia dos Santos, tenho 17 anos de idade, nasci em Braga - MG. Passei minha infância brincando de bola, papagaio e andando de bicicleta. Um momento marcante da adolescência é que gosto de jogar capoeira com o professor Faísca, das apresentações de dança e das brincadeiras da escola. Hoje continuo estudando, espero com ansiedade minha certificação para conseguir um bom emprego. Ainda não tenho emprego fixo, mas com todo meu esforço vou conseguir. 22

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Edite de Oliveira Lopes Meus pais se chamam Mariano Ferreira da Silva e Rosalina Ferra da Silva, tenho 46 anos de idade, nasci em Pavão - MG. Passei minha infância trabalhando muito. Tirava água da cisterna e da gruta, levava para casa carregando na cabeça. O que mais marcou minha adolescência foi quando conheci meu namorado, que se tornou meu marido. Logo que me casei, fiquei grávida. Na maternidade fui homenageada, com um buquê de rosas, por ser a mãe mais jovem. Hoje cumpro meus afazeres normalmente. Vou à escola, ajudo minha filha na criação dos meus netos, ajudo minha mãe, levando ela ao médico e também apoio meu marido nas obras da pastoral.

Elena Lopes Barboza Sou filha de Izabela Lopes e José Lopes dos Santos, tenho 80 anos de idade, nasci em Águas Formosas - MG. Passei minha infância brincando muito de boneca e de fogãozinho de lenha. O momento mais marcante foi o meu primeiro casamento, tinha 31 anos. Hoje eu trabalho em uma igreja evangélica. Na escola gosto de tudo, foi muito importante voltar a estudar. Hoje em dia já consigo ler e escrever.

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Lucas Lucindo Gonçalves Filho Filho de Maria e José Lucindo Rosa, tenho 16 anos de idade, nasci em Belo Horizonte. Gosto de jogar videogame e de ajudar minha mãe arrumar a casa. Gosto também de ficar conversando com meus colegas. Trabalho de mecânico. Em dias de folga, gosto de jogar bola e brincar na rua. Um dia serei jogador de futebol ou fazendeiro. Mas o meu sonho mesmo é ser jogador de futebol, que seja o que Deus quiser! Na escola, o que mais gostei foi o dia em que teve rua de lazer. Foi muito bom! Meu retorno à escola, aos estudos, representa muito para mim, pois preciso do estudo em minha vida para conseguir o que quero.

Marcilene Gomes Maciel Sou filha de Maria Gomes dos Santos e João Francisco dos Santos, tenho 24 anos de idade, nasci em Teófilo Otoni - MG. Passei minha infância no sítio dos meus avós, na cidade em que nasci. Um momento marcante foi quando fiz 15 anos, estava muito triste, pois minha irmã não estava comigo. Quando, de surpresa, ela apareceu e me deu um conjunto de roupa usada, a alegria voltou. Hoje sou casada com um homem maravilhoso, moro no Zilah, trabalho e estudo. Cuido da minha casa e amo a vida que Deus me deu. Gostei de ter conhecido os professores, que me ensinaram muito bem. Aprendi muitas coisas novas e fiz novas amizades também. Voltar para a escola foi muito importante para mim, porque quando eu estava sem estudar ficava muito triste. Com meu retorno aos estudos estou muito feliz.

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Maria de Fátima S. de Almeida Eu, Maria de Fátima S. de Almeida, sou filha de Maria Aparecida S. e Jair de Almeida, tenho 45 anos de idade, nasci em Belo Horizonte.

Marlon Douglas da Silva Rufino Sou filho de Jucélia Rezende da Silva, tenho 14 anos de idade, nasci em Belo Horizonte. Vivo minha adolescência trabalhando de servente, carregando massa no sol quente. Gosto de jogar futebol e mexer no computador. Ando de bicicleta e moto Shineray. Um dia serei policial civil ou do GATE.

Sinvaldo de Souza Caridoso Meus pais são Joaquim de Souza Caridoso e Madalena Maria Nascimento. Tenho 56 anos de idade, nasci na cidade de Itamaraju - BA. Passei minha infância na minha terra natal. Do mesmo modo que meu pai, não tive oportunidade de estudar. O momento marcante da adolescência foi quando, aos 14 anos, comecei a trabalhar por conta própria e recebi meu primeiro pagamento. Fiquei muito feliz, pois pude comprar uma calça e uma blusa, que era um sonho de consumo: calça de tergal e camisa azul. Hoje estudo à noite, trabalho por conta própria e quero muito realizar meus sonhos: tirar carteira de habilitação e comprar um carro.

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TURMA

C

Marilene Dorothéia de Jesus

E

Professora da EJA – EMPDA

m minha trajetória como professora, sempre busquei a valorização dos convívios. Quando convivemos, marcamos e somos marcados pelas pessoas. Acredito que somos partes fundamentais na construção de um mundo melhor, mais justo e igualitário. Pensando desta forma, iniciei o ano letivo com a proposta de produzir um livro sobre as memórias das vidas dos alunos. Meus colegas de trabalho: Antônia, Edson, Maria Carmem, Neda e Sandra abraçaram a proposta e definimos que realizaríamos um trabalho de memórias com todas as turmas da EJA da EM Professor Daniel Alvarenga. Como estava lecionando Português, História e Geografia, fiz um casamento perfeito com as memórias históricas e geográficas e com a parte mais técnica da escrita. Realizei o trabalho com as turmas EJA-C e EJA-D. Mas minha turma referência é a EJA-C. 26

Passamos por um processo de construção coletiva: inicialmente propomos que os estudantes escrevessem o que quisessem sobre suas vidas, mas esta escrita tornou-se longa e cansativa. Em reunião, eu e meus colegas, decidimos delimitar mais o processo de escrita. Elaboramos um roteiro sobre cada fase da vida: infância, adolescência e fase adulta. Quando os estudantes se sentavam para escrever seus relatos, as emoções afloravam, muitos se recusaram, outros choraram, outros sorriram, mas, no fim, todos escreveram. A princípio havíamos feito um cronograma... que foi todo modificado, pois a construção coletiva demanda ouvir o outro, aceitar as opiniões e fazer com que as colocações de todos proporcionem uma criação mais rica e profunda. Diante disso, o término da escrita dos alunos que estava prevista para 30 de agosto de 2012, só aconteceu no final de novembro. Por fim, também me recusei, acreditando que não conseguiríamos concluir o trabalho. No entanto, chorei de emoção ao ler o texto de alguns e ri com as alegrias da vida de muitos. Para completar o processo de construção, um designer gráfico sugeriu que o nosso livro se transforme em uma revista. Amei a ideia, pois um livro poderia ter mais algumas publicações, mas a revista em si já sinaliza uma continuidade. Nosso ano de trabalho foi muito produtivo, nos firmamos, contribuímos uns com os outros, nos conhecemos, nos marcamos. Ficarão gravados em nossas memórias os momentos que passamos juntos. O registro ajuda a memória, então vamos nos deliciar com ele.

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Adilson Rodrigues de Oliveira Júnior Filho de Josilene Vieira Amorim e Júlio César de Vasconcelos, tenho dezesseis anos de idade, nasci em Ibiá – MG. Vivo minha adolescência de maneira muito alegre, porque brinco muito com meus colegas, curto demais as brincadeiras que faço. Minha adolescência é muito importante pra mim, eu aproveito muito ela.

Gosto de andar de bicicleta, sair com meus amigos, gosto de curtir a vida. Faço trabalhos durante o dia e estudo à noite. Um dia serei engenheiro ambiental. Se Deus quiser! E eu vou me esforçar para ter um futuro bom para mim e para minha família. O que significa escola na minha vida? A escola significa o meu futuro, porque a escola garante um bom futuro, quem não estuda não tem um bom futuro.

Allan Weksley Martins Ferreira Contando um pouco da minha vida... Sou filho de Elizângela Aparecida Martins Ferreira e Anderson Rodrigues Martins, tenho um irmão que se chama Wendell. Nasci em Sabará (MG), vivo minha adolescência de um jeito risonho, alegre, gosto muito de fazer amizades, quero ter um futuro bom, com um emprego. Espero poder fazer curso superior. Gosto de brincar, zoar, curtir, trabalhar e comprar. Eu trabalho, brinco, estudo e gosto muito de jogar bola e videogame.

Um dia serei engenheiro, policial ou advogado, só que para isso precisaria do estudo, que é muito importante na minha vida. Sem o estudo não há como sobrevivermos no mundo trabalhista, pois instrução é fundamental na nossa vida. O que significa a escola na minha vida? A escola significa várias coisas, como vida digna, trabalho, respeito, crescimento pessoal e profissional, e ainda, convivência. Sem a escola como a gente viveria neste mundo globalizado, capitalista? Seríamos analfabetos, não saberíamos escrever nem ler, nem o que a natureza tem a nos oferecer. Com a escola, o mundo é bem melhor. E assim sou quem sou: Allan Weksley.

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Aline Cristina de Jesus Maciel Tenho 15 anos de idade, sou filha de Ana Flávia e José Raimundo. Nasci em nasci em Belo Horizonte - MG. Vivo minha adolescência estudando e ajudando minha mãe em casa, cuidando do meu filho. Também gosto muito de ficar conversando com minhas colegas, de ficar em casa vendo televisão e de ficar bem perto da minha família. Faço todos os dias as mesmas coisas: arrumo casa, olho um menino, vou para a escola e nos finais de semana fico em casa vendo filme, mas o que eu gosto mesmo e de ficar o tempo todo com meu filho e vendo televisão.

Um dia serei uma advogada de acordo com o que meu pai quer, mas eu mesma não sei o que quero ser, porque não penso muito no futuro, gosto mesmo é de viver o presente. Já tive muitos momentos ruins, mas, graças a Deus, agora estou muito bem e muito feliz. Como todas as pessoas, eu também já tive problemas. Já tive muitos problemas por causa do pai do meu filho, porque meu pai não aceitava meu namoro, que acabou. Agora tenho um filho com ele. Apesar de não estarmos mais juntos, mesmo assim gosto muito dele. Espero um dia ser muito feliz com ele e minha família. E, se Deus quiser, esse sonho vai ser realizado!

Ana Paula Pereira de Andrade Eu, Ana Paula, filha de Marlene, tenho 24 anos de idade, nasci na cidade de São Paulo – SP. Tenho cinco irmãos: Kássia, Alex, Vanessa, Patrícia e Maria Eduarda. Minha mãe cuidou de três filhos basicamente sozinha. Meu pai morreu quando eu tinha dois anos e meu irmão tinha um ano. Minha mãe estava grávida de sete meses. Morávamos em São Paulo nessa época. Depois que ela ganhou neném, ela co-

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meçou a trabalhar e a neném ficava com a minha avó. Com muita luta, ela criou todos nós e comprou uma casinha. Minha mãe achou melhor vir embora pra casa de meus avós, porque com três crianças pequenas, ela sozinha não daria conta. Viemos embora pra uma cidade bem pequena, que fica entre Conceição do Mato Dentro e Guanhães, chamada Dom Joaquim - MG. Bem conhecida pelo carnaval que, na minha opinião, é o melhor da região. Fiz muitos amigos, quase todos os dias brincávamos de queimada. Minha infância foi bem tranquila, apesar disso

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tudo. Só na adolescência que eu tive alguns problemas, mas eu sei que minha mãe estava certa na maioria das vezes. Mas eu queria sair e ela não deixava, proibia algumas coisas, mas agora eu entendo que era para o meu bem. Hoje Tenho 24 anos, um filho com 4 anos, que é a pessoa que me faz sorrir nos meus dias tristes, e nos dias felizes me faz

mais feliz ainda, sou apaixonada por ele. Sou casada faz 8 anos. Um momento marcante da minha adolescência foi uma vez em que viajei para Carmésia. Lá conheci uma tribo de índios, foi muito legal, gostei demais. Hoje eu trabalho de manicure, tenho minha casa, amadureci muito com o nascimento do Riquelme.

Cintia dos Santos Silva Meus pais se chamam Adão Teixeira da Silva e Izabel Cristina dos Santos Silva. Tenho 18 anos de idade, nasci em Santa Luzia – MG. Passei minha infância brincando muito na rua com os meus amigos, colegas e minhas primas e primos. Nós brincávamos muito de pega-pega e esconde-esconde até anoitecer, era muito bom. Um momento marcante da adolescência foi quando eu engravidei com apenas 16 anos. Tive filho muito cedo, perdi grande parte da minha adolescência, além de ficar muito desesperada, pois não tinha maturidade suficiente para cuidar de um filho sozinha. Hoje eu sou casada, moro com meu marido tem três meses. Moramos no lote da minha mãe, em casa separada. Estou tentando levar uma vida de mulher casada, o que não é fácil. Mas eu vou conseguir. Sou muito feliz. Apesar de ter casado muito nova, eu me acostumo. O que mais gostei na escola? Bom, gostei do jeito que os professores ensinam. Um pouco acelerado, mas a gente pega o jeito. Adoro a Marilene, ela já foi minha professora algum tempo atrás na EJA. Adorei nossa festa junina, adorei montar no boi, adorei ser a mãe do noivo e também gostei muito do dia das mães. Foi uma das minhas maiores felicidades, foi a minha primeira de muitas homenagens do dia das mães que receberei, fiquei muito emocionada.

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Edméia Morais Pereira de Souza Eu, Edméia Morais Pereira de Souza, filha de Dimas Alves Pereira e Sebastiana Morais Pereira, tenho 49 anos de idade, nasci em Governador Valadares - MG. Passei minha infância trabalhando para ajudar minha família porque éramos muitos irmãos e tinha que ajudar no orçamento da família. Um momento marcante da adolescência foi quando ganhei minha primeira festinha de aniversário, foi muito legal, convidei todos meus colegas. Hoje, sou muito feliz, realizada, graças a Deus! Tenho uma família maravilhosa, meus filhos, netos e marido são uma benção.

O que significa a escola em minha vida: Foi maravilhoso aqui na EJA – Daniel Alvarenga! Aprendi muitas coisas boas. Conheci pessoas ótimas, fiz muitas amizades. Aprendi muito com os professores. Momentos marcantes que vivi este ano de 2012, na escola: Poder aprender coisas novas, rever matérias que já havia esquecido e de poder voltar a estudar depois de tanto tempo. Para mim foi inesquecível. Não esquecerei de forma alguma destes momentos que passei na escola juntamente com meus colegas e professores. Obrigado a todos por tudo!! “Respeite o seu Professor! Ele é uma das poucas pessoas que acreditam em você!“

Eliane de Lima Martuchello Garcia Eu, Eliane de Lima Martuchello Garcia, Sou filha de Sidrach Martuchello e Severina Lima Martuchello, tenho 43 anos de idade, sou casada, mãe de cinco filhos. Nasci em Belo Horizonte - MG. Passei a minha infância aqui na capital até os nove anos, até que meu pai conseguiu um bom emprego e no mesmo ano nos mudamos para o interior. Moramos em Três Marias e Pirapora, lá ficamos por três anos e depois, em João Monlevade. As experiências foram boas:

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conhecemos lugares bonitos e pessoas interessantes, amizades ótimas. Quando me mudei para João Monlevade, já tinha 13 anos. Fiz ótimas amizades que tenho até hoje. O que me marcou foi que aos 14 anos de idade tomava medicamentos controlados, por causa de uma disritmia cerebral. Um certo dia, eu não estava me sentindo bem, aí chegou um pastor amigo de meu pai e perguntou se eu queria receber uma oração e se eu acreditava em receber cura. Eu disse que sim e que confiava em Jesus. Ele orou por mim e naquele momento já me senti curada, sentia meu corpo leve e o mal-estar já tinha

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passado. Depois de uns meses, fiz exames e foi constatado que eu estava curada. Dou graças a Deus até hoje! Jesus me curou. Depois daquele dia não tomei mais nenhum medicamento, foram doze anos tomando remédios para não passar mal. Hoje sou uma pessoa realizada, casada e mãe de cinco filhos e tenho um marido companheiro maravilhoso. De uns tempos pra cá me sentia muito mal em ficar mentindo a respeito da minha escolaridade, nunca dizia que não tinha o Ensino Fundamental incompleto, sentia muita vergonha. Depois que tive meus filhos ficou mais difícil, hoje eles já estão maiores, e um pouco independentes. Então comecei a sentir a necessidade de voltar a estudar e sempre sentia saudades de tudo que envolve esse mundo escolar, até de ter materiais.

Gosto muito da Escola Daniel Alvarenga, meus colegas de sala, conheci pessoas bem legais aqui. Gosto das professoras que são atenciosas, carinhosas e bastante dedicadas. E também do pessoal que trabalha na escola, são todos atenciosos. Isso é bom porque nos sentimos valorizados. Bom, eu mesma não acreditava que poderia voltar a estudar. Estou achando tudo ótimo, me sinto uma pessoa incluída na sociedade e estou confiando mais em mim. Que sou realmente capaz de muita coisa! Só depende do meu esforço e ele pode me levar aonde eu não imaginava chegar, isso - é claro - com Deus me ajudando. Não confunda jamais conhecimento com sabedoria! Um o ajuda a ganhar a vida; o outro a construir uma vida.

Jefferson Souza Fernandes Eu, Jefferson Souza Fernandes, filho de Maria Elza Souza Fernandes e Mário Gilberto Fernandes, tenho 31 anos de idade, nasci em Belo Horizonte. Passei minha infância muito feliz, um momento muito agradável para mim, muitas brincadeiras, amizades boas, escolas boas. Teve um momento muito marcante na adolescência. Naquela época o que marcou mesmo foi quando conheci uma garota no

colégio. Essas coisas que lembramos nos fazem sentir vivos de um jeito ou de outro. Hoje consegui ter responsabilidades, ter uma linda família, uma bela esposa, duas filhas: uma de nove anos e outra de vinte. Me considero satisfeito com o que sou hoje, o resto pensamos em resolver depois. Teve um momento no colégio que mais me chamou a atenção - foram os professores “de bom nível, de boas maneiras na posição de ensinar e respeitar cada aluno”. Em relação aos “bons ensinos”, o melhor lugar de se aprender é na escola. Isso

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você poderá explicar a um filho, a seus netos, a importância de estudar. Uma coisa boa que representa na minha vida hoje, na volta à escola, foi aprender mais e mais com cada um. Na minha forma de pensar, é ter sabedoria, respeito com os colegas da escola, entender e ser entendido na sua forma de pensar. Através da escola você aprende muito mais.

Hoje tenho uma mente muito mais aberta, consigo ter uma perspectiva de pensar mais longe. Aprender faz parte de viver bem. Errar faz sentido na vida de alguém. Ser humano é ser você mesmo. Uma boa escola é fundamental na vida de alguém que queira aprender e ensinar algo produtivo a alguém. É assim que me sinto em relação ao aprendizado.

Jesuíta Francisca da Silva Ribeiro Eu, Jesuíta Francisca da Silva Ribeiro, sou filha de André Ribeiro da Silva e Santa Francisca da Silva, tenho 38 anos de idade, nasci em Brasília de Minas - MG. Passei minha infância em Brasília de Minas, em um vilarejo que se chama Vila de Fátima. Morei em uma casa feita de pau a pique junto com os meus dez irmãos: dois por parte de pai e mãe; e oito por parte somente de pai. Um momento marcante da adolescência foi quando descobri que a presença da mãe é muito importante, pois não tive a minha em nenhum momento. Ela faleceu quando eu nasci. Hoje eu sou casada, meu marido se chama Iramar Aparecido Ribeiro, tenho

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duas filhas: Josiane, de 16 anos e Ana Maria, de 12 anos. Somos uma família feliz e abençoada por Deus. Eu gosto muito de poder estudar aqui na Escola Daniel Alvarenga, gosto muito das aulas, das explicações das professoras. E sou grata por Carmem e Marilene fazerem parte de minha vida e, desde já, lhes agradeço e peço a Deus pra abençoar muito vocês! Agradeço também a todos os funcionários desta escola. Estou muito feliz por retornar à escola. Pretendo continuar meus estudos e, se Deus quiser, fazer uma faculdade. Quem sabe me formo em Enfermagem ou em Radiologia... Assim espero e, com fé em Deus, vou conseguir, com o meu esforço e a ajuda da minha família. Com isso, vou ajudar muita gente...

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Juraci Fernandes Quaresma Nasci em São Domingos do Prata – MG. Sou filha de Sebastião e Carolina, tenho quatro irmãos. Como meus pais eram muitos pobres, eles não tinham nada para nos oferecer, a não ser muito amor. Meus pais são pessoas de caráter. Minha família é como falar do ar que eu respiro, ela é meu alicerce, minha pedra preciosa. Meus melhores amigos são meus irmãos. Meu brinquedo era uma bola e minha brincadeira favorita era caí no poço. Um momento feliz foi quando completei meus 15 anos. E quando meu avô morreu fui tomada por uma grande tristeza. O acontecimento mais marcante de que eu me lembro foi o nascimento de três filhos da professora que me ensinou a caminhar. Para minha vida, minha primeira escola era muito legal. Minha 5ª série não foi completa. O mais importante era que éramos felizes, porque tinha uma vida abençoada por Deus. Crescemos junto com a dificuldade, mas nem por isso roubamos, matamos e nem vivemos no mundo das drogas, sempre respeitando os outros. A melhor coisa do mundo é você ser respeitado como ser humano. Um dia somos filhos, outro dia somos pais. Não tive estudo por falta de condição. Reconheço que perdi muitas coisas, mas não o meu caráter. A vida não foi fácil para mim. Na escola, não fui aquilo tudo por motivo de muito cansaço, por falta de ônibus. Tinha que ir a pé. Eu e meus irmãos íamos descalços para a escola. Nossa infância foi assim. Aos 12 anos, minha vida começou a melhorar. Hoje olho para o céu e agradeço a Deus pela vida, posso oferecer aos meus filhos aquilo que não tive no meu tempo. Devido às várias dificuldades que enfrentei, dou o meu melhor para que meus filhos tenham o que eu não tive. E assim a minha vida continua... A vida me deu o que eu mais precisava - um grande amor, que hoje é a minha riqueza. Nunca mais enfrentei as mesmas dificuldades na vida, sou uma mulher realizada, tenho na vida um grande Deus misericordioso. Somente ele ilumina meu caminho e me faz crescer a cada dia, é Ele quem me dá forças pra lutar e me tornar uma vencedora. O que eu penso e sou hoje em dia? O que importa na vida é a felicidade... Educação de Jovens e Adultos – EJA • Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga

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Leandro Alexandre de Matos Eu, Leandro Alexandre de Matos, filho de Marcelio Aleixandre Madeira e Virlene Rodrigues de Matos Garcia, tenho 18 anos. Meus irmãos são Warley Aleixandre de Matos, Gabriel Rodrigues Almeida e Silva e Ketllen Rodrigues Garcia, só que de pais diferentes. Nasci em Belo Horizonte, acho a cidade muito legal, tem vários lugares para sair e se divertir como o Museu de Artes e Ofícios, o Parque Municipal, cinemas e outros. Meus irmãos eram muitos bagunceiros, não gostavam de estudar. Ficavam só na rua sem se preocupar com nada. Meu melhor amigo era o Douglas, só andávamos juntos. Brincávamos e nos divertíamos muito. Minhas brincadeiras favoritas eram futebol e basquete, esportes esses que são, para mim, os melhores. Momentos felizes: Dia das Crianças, viagens etc. Minha primeira escola foi a E.M. Marina Viana de Castilho. Quando eu morava no Rio de Janeiro, eu, minha mãe e meus irmãos passamos muitas necessidades financeiras. Fomos largados no Rio de janeiro pelo marido anterior da minha mãe, com quem ela teve um filho. Vendo minha mãe sem condição de trabalhar por causa do meu irmão recém-nascido, fui para as ruas: catei latinha, papelão, trabalhei de flanelinha, muitas vezes para colocar mantimento dentro de casa. E assim fui levando a vida, tudo isso com 10 anos de idade. Ao longo desses anos, tenho aprendido e adquirido novos conhecimentos na escola. Devemos usar estes conhecimentos para o presente e buscar melhoria para o futuro, a cada dia buscamos novos aprendizados. Espero que todas as pessoas tenham os mesmos pensamentos que eu: pensamentos bons, sinceros, de melhorias para o futuro, de preservação do meio ambiente, das águas dos rios e mares. Eu trabalho de servente de pedreiro, estudo e faço curso. Os finais de semana, eu passo com a minha namorada e jogo bola. Gosto de sair de vez em quando e de ficar em casa assistindo filme. Um dia serei policial militar ou advogado, espero que um dia eu consiga realizar esse sonho, que é muito importante para mim. Também acho que mereço muito porque me acho muito responsável, exemplo de vida, de determinação, de força de vontade, de perseverança e de muita fé em Deus. Lutamos para um mundo melhor!!!!! 34

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Marcelio Aleixandre Madeira Eu, Marcelio Aleixandre Madeira, sou filho de Etelvina Aleixandre Madeira e Benedito Severiano Madeira, tenho 37 anos de idade, nasci em Conceição de Tronqueira - MG. Passei minha infância no Bairro Asteca até 1986, quando ocupamos um terreno que pertencia ao Atlético Mineiro, na região de Santa Luzia. O movimento foi organizado por um padre chamado Dércio, que teve a ajuda da Dona Nanci. Um momento marcante da adolescência foi quando consegui o meu primeiro emprego. Foi muito importante porque eu começava a ter minha independência financeira, foi bastante marcante. Atualmente, moro na Vila Santa Beatriz, onde passei minha adolescência. Hoje sou casado com Sulamita - uma mulher maravilhosa que foi importante e mudou a minha vida. Da minha adolescência até hoje, minha vida mudou muito (graças a Deus!) para melhor e continua melhorando a cada dia que passa. Sou muito feliz e na vida não devemos de maneira alguma desanimar, temos que sempre acreditar e eu acreditei que eu poderia ter uma vida melhor. Hoje minha vida, a cada dia que passa, fica sempre melhor.

Maria Carolina de Amorim Figueredo Santos Sou filha de Antônio Martins e Maria da Conceição de Amorim. Tenho quatro irmãos: Maria Raimunda, Maria Luiza, Maria Elena, Geraldo Martins. Nasci em Santana do Pirapama – MG. Saí de lá com 6 anos de idade. Meus brinquedos favoritos eram: pular cordas, cinco marias, caracol, esconde-esconde, e rodas. Meus pais eram muito sofridos e meus irmãos eram como se fossem meus pais. Melhores amigos não tenho, só tenho colegas. Momentos felizes foram aqueles...

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Ronaldo Adriano Neves da Cruz Sou filho de Maria de Lurdes Neves e Jesus da Cruz e tenho quatro irmãos: Júnia, Elisângela, Lílian e Ricardo. Nasci em Belo Horizonte, no dia 19 de março de 1974. Acho a cidade ótima para se viver. Meus pais eram muito corretos. Meus irmãos eram muito bagunceiros. Meu melhor amigo é o Magno. O futebol é o meu esporte favorito. Tanto que considero como momentos felizes os muitos sorrisos que dei quando o meu Cruzeiro ganhou de 6x0 do Galo. Nesta vida já tive muitas perdas familiares. Mas, a alegria faz parte do momento mais marcante da minha vida que foi quando me casei. Minha primeira professora foi Maria Paula, uma morena de olhos castanhos, 1,70m de altura e 65 quilos de peso.

Wellington de Oliveira Pinto Sou um cara muito humilde e muito legal. Nasci em 4 de fevereiro de 1996, sou filho de Luciene e Wilson. Estou com 16 anos. Vivo minha adolescência da maneira que gosto: só zoando com meus amigos e minha família. Gosto de dançar funk e dança de rua, jogar bola e videogame. Estudo à noite na EJA e, durante o dia, não tenho feito nenhum trabalho. Um dia serei trabalhador, terei uma família linda como eu tenho hoje. O que eu mais gostei na escola foi o jeito que as professora me trataram, com o maior carinho. Muito obrigado por tudo que vocês fizeram por mim! Que Deus ilumine o caminho de cada um na Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga!

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TURMA

Q

ue saudades da turma EJA-D, esses alunos ficaram guardados no meu coração! Eram esforçados trabalhadores e trabalhadoras. Estavam sempre de bom humor, faziam as atividades com interesse e prazer. Mesmo com os obstáculos, superados com garra, muitos persistiram, lutaram, não abandonaram a escola e por fim venceram, se formando. Vários artistas estudavam nessa sala, como cantores, compositores, poetas e desenhistas, todos tinham algo para mostrar e eu aprendi muito com esse grupo que misturava a experiência dos adultos e a aventura dos adolescentes. Cada um tinha uma história de vida que mexia com a minha emoção e meu modo de ver a vida. Agradeço a Deus por essa experiência de ter convivido com a turma EJA-D.

D

Maria Carmen Ottoni

Professora da EJA – EMPDA

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Aline Renata Batista de Oliveira Eu, Aline Renata Batista de Oliveira, filha de Vânia Lúcia Batista e Paulo Luiz de Oliveira, tenho 26 anos de idade, nasci em Belo Horizonte - MG. Minha infância até 10 anos era normal, foi quando quis conhecer o mundo, só que não foi do jeito que imaginei. Acabei “quebrando a cara” e voltei para casa e para minha família, pois só eles poderiam me ajudar naquele momento. Um momento mais marcante da minha adolescência foi quando descobri que estava grávida. Eu ainda era uma criança, por isso voltei para casa. Descobri que sem o apoio da minha família eu não iria conseguir cuidar nem de mim quanto mais do bebê que eu estava esperando. Hoje eu voltei para a escola para que mais tarde eu possa dar para minha filha uma educação digna e melhor do que a que tive, porque eu não quero que ela passe pelo que passei. Hoje posso dizer que sou uma pessoa digna e melhor, pois abri os olhos e vi que meu caminho não era o caminho da destruição e sim, da vitória!

Débora Rayane de Souza Lemos Eu, Débora Rayane de Souza Lemos, filha de Cláudia de Souza Lemos, tenho 16 anos de idade, nasci em Belo Horizonte. Vivo minha adolescência da maneira melhor maneira possível, gosto muito de sair, ir ao parque, shopping e muitas outras coisas. Todas as vezes que saio me divirto muito, gosto de curtir a vida e ser feliz. Gosto de dançar funk, de ir a shows de funk, bailes. Gosto de estar com minhas primas, nós nos divertimos muito. Estudo à noite, faço curso toda segunda-feira em Venda Nova. Curso de manicure na Embeleze para que eu possa me tornar uma profissional muito bem qualificada. Tenho um sonho que é ser advogada e, se Deus quiser, eu vou conseguir realizar esse sonho. Estou batalhando muito por isso e com o apoio de todos os meus familiares e com minha dedicação irei conseguir.

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Denise Aparecida Ciriaco da Silva Eu, Denise Aparecida Ciriaco da Silva, filha de Adriana Antônia Ciriaco e Cléber Martins da Silva, tenho 16 anos de idade, nasci no dia 16 de setembro de 1996, em Belo Horizonte - MG. Vivo minha adolescência da melhor maneira que posso. Saio bastante com as minhas colegas e com minha mãe para lugares legais que dá pra conversar e dançar bastante. Mas, às vezes, gosto de ficar dentro de casa, ainda mais agora que estou trabalhando, fico muito cansada. Gosto de dançar funk e amo pagode tipo: nosso sentimento, tá na mente, Belo, Rodriguinho, Sorriso Maroto, Thiaguinho e vários outros tipos de músicas. Gosto de gritar e implicar, mas só quando estou com muita raiva e nervosa. Gosto também de namorar muito. Faço cursos na ASSPROM (Associação Profissionalizante do Menor) e trabalho lá também. Bom... é assim que vivo minha adolescência. Espero que um dia eu seja uma bela advogada ou uma enfermeira... em nome de Jesus! Mas vou me esforçar muito para ter um futuro bom.

Flávio Graciano dos Santos Meu nome é Flávio Graciano dos Santos, sou filho de Marlene das Graças Santos, tenho 36 anos de idade, nasci em 6 de maio de 1976, em Belo Horizonte - MG. Na minha infância, minha mãe procurou outra família para me criar. Eu só tinha 10 dias. A outra família me pegou com tanto carinho que eu não queria sair mais de perto deles. Eles me levavam para todos os lugares e eu fui muito feliz nessa fase de bebê. Eu não entendia nada. Para mim, estava tudo bem. Quando fiz meus cinco anos, foi muito bom, eu corria para os braços do meu pai e da minha mãe. Eles me davam o mesmo carinho que davam para o meu irmão. Isso foi muito importante para mim porque eu via que eles não tinham vergonha de mim. Quando eu fiz 10 anos, eu comecei a entender muitas coisas. Eles me davam muitos presentes, além de atenção, carinho, amor, segurança, paz etc. Eu só tenho a agradecer a essa família que me criou até que eu me tornasse homem.

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OBRIGADO, DEUS, POR ESSA FAMÍLIA!! Um momento marcante da adolescência foi quando eu tive a certeza que minha família só gostava do meu serviço. Quando eu precisei da minha mãe comprar um barracão para mim, ela me virou as costas e não quis me emprestar dinheiro. Hoje, eu me conformei e sei que Deus vai me ajudar na minha vida. Todos nós somos merecedores para Deus. Eu sei que Deus vai me dar força para vencer essa luta, que não é fácil. Deus vai me abençoar imensamente! Essa minha volta para a escola foi muito importante. Eu agradeço a toda a escola pela oportunidade! Estou firme e não perdi a esperança, quero estudar e formar para dar um futuro melhor para minha filha. Espero que eu consiga realizar meus planos: me formar e ser um homem com muita capacidade e eficiência. Senhor Deus, Me dê força e saúde para trabalhar e vencer no estudo! Porque quero ser um professor de Educação Física. Para minha filha se espelhar em mim, pois eu a amo muito. Peço ao Senhor que eu consiga ser um ótimo professor. Que o Senhor seja misericordioso e abençoe a todos nesta escola! Amém!!

Israel Eugênio Costa Santos Sou filho de Leandro Costa e Andréia Ferreira do Santos, tenho 15 anos de idade, nasci em Belo Horizonte - MG. Vivo minha adolescência da maneira que posso aproveitar as coisas enquanto sou novo e posso fazer. Levo a sério minha namorada, dou valor à minha família. Gosto de jogar bola e videogame. Faço curso de auxiliar de escritório na empresa Vaccinar. Um dia serei professor de Educação Física ou auxiliar de escritório e diretor de empresa.

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Ivonete Cardoso de Araújo Meus pais se chamam Modesto Ferreira Costa e Clemência Cardoso Costa. Tenho 35 anos de idade. Nasci em 11 de janeiro de 1977. Passei minha infância morando na Avenida Brasília, em casa de aluguel. Aproveitando brinquedos dos outros, porque não tinha condições de comprar. Um momento marcante da adolescência foi quando tive que largar os estudos para ir trabalhar em casa de família para complementar a renda familiar. Hoje eu voltei para a escola porque atualmente é necessário ter estudo. O estudo faz muita falta e sem ele a gente não consegue nada. O que mais gostei na escola? O retorno aos estudos, resgatar o tempo perdido. É muito bom, pois a gente se diverte muito e adquire novos conhecimentos. O que representa na minha vida voltar a estudar? A importância de ter cultura, saber conversar, ler e ser uma pessoa inteligente.

João Victor Pereira da Costa Eu, João Victor Pereira da Costa, filho de Solange Pereira da Costa, tenho 15 anos de idade, nasci em 28 de novembro 1997. Vivo minha adolescência da melhor maneira possível. Eu brinco muito, jogo muita bola, gosto de jogar videogame, de namorar e de estudar. Sou bastante brincalhão, saio muito com meus colegas pra jogar bola. Gosto de incluir frutas e verduras no meu cardápio. Para me divertir, gosto de dançar funk e pagode. Faço curso à tarde, estudo à noite. Um dia serei um homem que trabalha muito na profissão de jogador de futebol. Se eu não conseguir ser jogador, serei policial, bombeiro ou cozinheiro.

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Ramon Kerley Ferreira Dias Eu, Ramon Kerley Ferreira Dias, sou filho de Rodrigo Luciano Ferreira e de Estael Fernandes Dias, tenho 15 anos de idade, nasci em Belo Horizonte - MG. Vivo minha adolescência de maneira tranquila, estudando, curtindo bastante e, lógico, com Deus na minha vida, que é o essencial. Gosto de viajar bastante e de jogar bola. Faço academia, trabalho, estudo e namoro um pouco. Um dia serei um policial militar ou federal. O que mais me agrada na escola são os projetos e as amizades que eu vou levar para a vida toda. Alguns professores são bem legais e os passeios que realizamos juntos também merecem ser lembrados. Na minha vida passei por muitos momentos inesquecíveis. Olha! O momento mais marcante da minha vida - com certeza! - foi quando meu pai e minha mãe se separaram. Mas, existiram alguns momentos mais felizes que também me marcaram muito, como quando, pela primeira vez, vi um tio que eu não conhecia. E isso me marcou muito. Namoros? Quanto a namoro, eu nunca tive muita sorte. Porém, é coisa de adolescente: tem momentos bons e ruins. Eu entrei no mercado de trabalho agora e não tenho muito a dizer. Acho um pouco cansativo, mas se depender de mim, vou crescer no meu primeiro emprego. Atualmente considero que estou em uma fase boa, em que tenho a oportunidade de aprender, conhecer pessoas novas e formar um bom caráter, para que mais adiante eu venha a colher coisas boas. Como todo mundo, tive alguns problemas com a família, sim. A separação de meus pais, algumas brigas com a minha mãe são exemplos que posso citar. Mas eu acho que não tem família perfeita. Por mais simples que sejam os problemas, sempre tem um probleminha. Eu, com certeza, fiz muitas travessuras, coisa que já nem me lembro mais. A que eu mais me lembro, foi quando eu e meu irmão estávamos brincando de cabeleireiro. Ele aleijou o meu cabelo e eu o dele, essa é a maior travessura de que eu me lembro.

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Stive Amorim Gonçalves Memórias... Filho de Rosângela das Dores Gonçalves, tenho 16 anos, nasci em Belo Horizonte - MG. Vivo minha adolescência da melhor forma possível, me divertindo muito e sendo muito consciente no que faço. Gosto de sair com os amigos para o shopping, curtir um cinema com as amigas e namoradas. Faço muitas brincadeiras e faço muitos esportes. Gosto principalmente de futebol. Um dia serei um homem responsável, cuidadoso, humilde, mas além de tudo estudioso. O que mais gostei na escola foi quando tivemos campeonato de futsal. Na Olimpíada de Matemática fiz várias amizades novas e os professores foram muito legais. Minha volta aos estudos significa que estou voltando a abrir novos mundos e vou aprender bem mais na vida.

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TURMA

IGREJA

SANTA BEATRIZ

A Sandra Meira Santos

Professora da EJA – EMPDA

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í estão, queridas e queridos estudantes, os textos de vocês! As histórias de vida, narradas e registradas por vocês. Ao propor que escrevessem estes textos, minha intenção era exercitar com vocês o registro de algo significativo. E nada mais significativo para nós que nossa própria vida, não é mesmo? Sei que as lembranças muitas vezes são doloridas e que vocês têm uma tendência a pensar que suas histórias não são importantes, mas vejam agora como ficou bacana! Escrever é mostrar para o outro um pouquinho de nós, é ter coragem de se expor. É também o exercício do desapego, pois dividimos com os outros, aquilo que é só nosso, nossa história. Ela deixa de nos pertencer e passa a ser de todos que lerem estes textos. Isso é a escrita! Parabéns a todas e todos que encararam esse desafio! Que vocês aceitem outros e continuem, como diz Zé Geraldo, escrevendo “sua história pelas suas próprias mãos”.

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Agustinha Pinheiro da Fonseca A minha infância era muito boa, brincava de pular corda, nadava no rio escondido da minha mãe, porque ela era muito brava. Não estudava, só brincava. Gostava de peteca, fazia boneca de pano, gostava de brincar. Nasci em Santa Maria do Suaçuí. Me casei aos dezesseis anos, tive meu filho aos dezessete. A minha vida de casada era difícil. Me mudei para Santa Luzia, comecei a trabalhar e me separei do meu marido. Com dois filhos, tive que trabalhar para conseguir tudo que tenho hoje. Consegui uma casa própria e carro. Tudo com a força do meu trabalho. Hoje estou aposentada e agora quero aprender a ler e escrever, porque naquela época não tive a oportunidade de estudar. Estou com sessenta e dois anos e estou aproveitando tudo de bom que consegui na minha vida.

Floripes de Jesus dos Santos Eu nasci no bairro Jardim América. Minha mãe morreu de Leishmaniose quando eu era bem pequena. Eu brincava de boneca, de esconde-esconde e pega-pega com minha prima chamada Luana. Comecei a namorar com doze anos e me casei quando tinha treze anos. Fiquei casada cinquenta e um anos com o Pedro Barbosa. Tive seis filhos, uma mulher e cinco homens. Eu saía com o meu marido para dançar. A gente se dava muito bem. Tem 14 anos que eu fiquei viúva. Meus filhos se casaram, só o mais novo mora comigo. Atualmente estou com 81 anos. Eu estudo e cuido de casa.

Francisca Mares Eu trabalhava na roça, fazia farinha, cozinhava arroz, não tive tempo para estudar. Perdi minha mãe muito cedo, com onze anos. Foi a pior coisa que me aconteceu. Eu sofri muito até aparecer a melhor coisa da minha vida, que são meus filhos. Na juventude eu era muito feliz e gostava muito de namorar. Todos os finais de semana eu ia para a boate dançar discoteca e beijava muito. Tomava muita cachaça. Eu nunca me esqueço de que gostava muito de pular carnaval. Gosto muito das festas de São João. Educação de Jovens e Adultos – EJA • Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga

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Eu não tive tempo para estudar, agora que estou lutando para aprender. Com dez anos, eu cuidava da minha mãe porque ela era muito doente. Eu pedia esmola para comprar remédio. Esse foi o pior momento da minha vida. Aí fui quebrar a cabeça, mas Deus estava comigo. Eu me casei com dezoito anos e tive nove filhos. No começo foi muito bom, depois começaram as brigas. Aturei muito tempo, vivi vinte e oito anos com o pai dos meus filhos. Agradeço muito a Deus por ter me dado a bênção que ele me deu, meus filhos. Hoje vivo sozinha com eles e é muito bom! Eu fui viver! Posso sair na hora que eu quiser, posso trabalhar, viver a minha vida. Para completar, preciso arranjar um amor, aí eu ficarei mais feliz.

Geni Maria Martins Eu ajudava a cuidar dos irmãos, lavava roupa, cortava e juntava lenha, fazia comida, passava roupa, tratava dos animais. Eu me casei com 15 anos. Não saía para passear. Só trabalhava e ajudava minha mãe a cuidar dos meus irmãos. Tinha algumas amigas que moravam longe. Não namorei. Meu pai é que escolheu meu marido, com quem estou casada até hoje. Tive meu primeiro filho com 16 anos. Com vinte anos já tinha três filhos. Só cuidava da casa e dos filhos. Sempre trabalhei em casa. Olhava criança dos outros, lavava, passava roupa para fora e pagava INSS. Pensava em dar formação, estudo para meus filhos, para eles não ficarem iguais a mim.

Gerolina Fernandes Na minha infância, trabalhava na roça, fazia farinha de mandioca e brincava de peteca e baralho. Quando me casei, tinha dezenove anos. Meu pai falava que tinha que casar porque ele não podia ficar em casa olhando eu e minha irmã. O meu pai era muito ciumento, não gostava que a gente saísse. Quando eu me casei, tinha seis meses que minha mãe tinha morrido. Eu ainda estava muito triste. Eu me casei em Itaobim e fui morar em Itinga. Quando eu estava grávida de seis meses, recebi a notícia de que meu pai estava morto. Tinha levado um tiro.

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Tive dezenove filhos, mas “de tempo” são dez. Nunca trabalhei fora, vontade eu tinha, mas o marido não deixava. Não pude estudar, pois morava na roça, longe do comércio. Meu pai achava que era “bestage” moça estudar. “Estudar para escrever bilhete para namorado” - ele falava. Hoje faço serviço de casa, não gosto muito de passear, por causa da criação que recebi. Gosto de fazer minha comida. Meu sonho é aprender a ler, para ler a palavra de Deus.

Irani Maria da Conceição Eu não tive infância, pois com sete anos eu já cozinhava na roça. Eu não tinha tempo para brincar. Minha mãe não me deixava sair, eu ficava dentro de casa com ela e minha irmã mais velha. Me casei aos quatorze anos. Trabalhava na carvoaria. Aos dezoito anos, me separei, comecei a sair e, aos vinte anos, arrumei outro companheiro. Eu trabalhava em casa de família e sonhava em ficar solteira, morando com minha mãe. Tive o primeiro filho com vinte e um anos. Eu saía para dançar e ir ao cinema. Com vinte e dois anos, eu arrumei outro companheiro e vivi com ele por dezenove anos. Tive cinco filhos com ele, mas me separei porque eu queria trabalhar e ele falou para eu escolher entre o trabalho e ele. Eu escolhi o trabalho. A partir daí, eu não me casei mais. Trabalhei até aposentar.

Jeane da Cruz Eu gostava de brincar muito quando era criança. Tinha muitas amigas. Eu estudava e arrumava a casa e minha mãe trabalhava fora. Eu olhava a casa e cuidava da minha irmã. Muito alegre, gostava de brincar com minha amiga. Não gostava de ir à escola, não gostava de conversar com ninguém. Tive um namorado e logo terminei. Olhava minha irmã, não saía quase nada. Eu era muito tímida. Morávamos em Montes Claros, onde minha mãe vendia bala. Quando eu era moça, não namorava. Perdi meu pai, fiquei doente. Depois que meu pai morreu, minha mãe veio para Belo Horizonte e então eu vim junto. Não vi minha vó quando ela faleceu.

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Eu tenho cinco irmãos e me dou bem com eles. Gosto de ir à casa dos meus irmãos. Gosto muito do meu padrasto porque ele é bom para mim, é trabalhador e ajuda minha mãe. Gosto de ir à igreja e gosto de assistir televisão.

Joaquim Martins de Souza Eu brincava de cavalinho de pau, trabalhava capinando, serrando cerca na fazenda, eu tinha quatorze anos de idade. Assumi a responsabilidade de casa, levantava cedo para ir para o trabalho. Quando era jovem, trabalhava na roça, passeava, namorava e tinha amigos. A cidade que eu nasci se chamava Itanhomi - MG. Com trinta anos, já morava na capital Belo Horizonte, trabalhava muito e gastava tudo que ganhava. Eu não trabalho mais. No momento atual da minha vida eu só dedico a Deus. Estudo a bíblia. Eu gosto de estudar, gosto muito da minha família e dos meus filhos.

Luzia Rocha dos Santos Quando eu era criança, eu cozinhava, costurava, bordava, trabalhava no engenho, fazia rapadura, brincava de boneca, saia com meus pais para o baile. Eu conheci um rapaz na casa do meu padrinho, comecei a namorar e me casei com quatorze anos. Eu vivia muito bem com meu marido. Eu tive dois filhos no primeiro casamento. Fiquei viúva durante três anos, depois me casei e convivi treze anos com meu segundo marido, com quem tive cinco filhos. Eu saía com meu marido para dançar. Criei meus filhos trabalhando na cozinha de um restaurante. Atualmente estou com setenta e cinco anos. Vou à igreja, estudo e cuido do lar.

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Maria Alice dos Santos No meu tempo de criança não fiz nada, pois sendo órfã, não aprendi, não tive o que eu queria, pois as dificuldades eram tantas quanto as que enfrento hoje. Minha mãe morreu muito nova, minha irmã Maria estava com dois anos de idade. Fui viver com minha avó e minhas tias. Dou graças a Deus por elas terem me acolhido. No meu tempo de criança a gente tinha muito medo. Eu tinha vinte anos de idade quando me casei. Tive uma filha. Hoje vivemos sozinhas, lutando entre Deus e os amigos para viver. Faço o que eu posso fazer, não tenho que pedir. Dou graças a Deus por meu tempo de vida. Hoje luto para aprender a leitura.

Maria de Assis dos Santos Na minha infância, brincava, trabalhava na roça, cozinhava, passava roupa, juntava lenha, tratava dos animais e brincava com meus irmãos. Morava com meu pai e minha mãe na fazenda do meu avô. Na minha juventude, a minha diversão era tomar banho no rio com minhas irmãs. Andava a cavalo, dançava muito com minhas primas. Não estudei. Eu me casei com quinze anos de idade. No meu casamento, não fui feliz, mas dei a volta por cima e venci. Voltei para a casa do meu pai. Eu conheci outra pessoa e me casei. Tenho uma filha e vivo feliz.

Maria Creusa dos Santos Era uma criança muito feliz no começo. Morava com minha mãe e meu pai, até que minha mãe adoeceu e começou a tristeza na nossa casa. Eu tinha que fazer o serviço de casa e olhar meus irmãos. Minha mãe faleceu e minha vida virou de cabeça para baixo. Não dava para ir à escola todo dia, pois tinha que fazer o serviço da casa. Já não brincava mais. Quando minha mãe era viva, eu brincava de pegador, corda e cantava. Depois da morte da minha mãe, eu fiquei triste demais e parei de cantar. Éramos cinco irmãos e foi cada um para a casa de um parente. Educação de Jovens e Adultos – EJA • Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga

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Nós morávamos em Itaobim e até hoje não consegui falar da infância com ninguém. Vim morar com minha vovó. Comecei a trabalhar e estudar. Ia um dia e faltava muitos, por isso não terminei os estudos. Conheci meu primeiro namorado e me casei. Hoje tenho dois filhos e trabalho.

Mariana de Cassia Canuto Eu nasci no bairro Jardim América. Minha mãe morreu de Leishmaniose quando eu era bem pequena. Eu brincava de boneca, de esconde-esconde e pega-pega, com minha prima chamada Luana. Hoje estou com 17 anos, moro com meu pai. Minhas irmãs moram com minha avó. Eu gosto de dobrar roupa e assistir televisão. Quero continuar estudando.

Marta Luiza Moraes Quando criança não podia brincar, pois meu pai não deixava. Tinha que trabalhar na fazenda. Na escola faltava muito. Quando minha mãe adoecia, eu cuidava dela, pois meus irmãos eram pequenos. Comecei a trabalhar com 10 anos e a namorar somente com 19. Saía para passear na praia. Tinha algumas amigas. Comecei a trabalhar de carteira assinada com 20 anos. Casei-me aos 22 anos e tive quatro filhos. Quando eu era solteira, trabalhava fazendo faxina. Continuei neste mesmo serviço depois de casada. Fiquei viúva, com os filhos pequenos. Com a pensão, eu sustentei meus filhos. Hoje eu tenho três netos que são minha paixão. O meu maior sonho é terminar os estudos, ter uma casa boa e bonita e ter um carro. Não trabalho fora. Trabalho arrumando minha casa e olhando meus netos. Quando acabo, vou dar umas voltinhas. Não gosto de assistir televisão. Gosto de ir para a igreja. Vou para a escola pela manhã. No final de semana saio um pouco para fazer compras.

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Suzamar Alves do Nascimento Eu andava a cavalo, jogava bola, peteca, brincava de pique. Quando eu tinha sete anos, eu ia na lavoura com meu pai e enquanto ele trabalhava, eu brincava nas covas de café, derrubava todos os sacos de café. Eu estudava e brincava com meus amigos, jogava bola, namorava muito. Já trabalhei em casas de família. Meu pai se mudou para a cidade de Entre Folhas – MG. Eu estava com 13 anos e lá eu fiz novas amizades. Peço a Deus que proteja todas as minhas amigas.

Eu adoro sair para me divertir com os amigos, dançar. Foi num dia de sábado que eu e minhas amigas saímos para ir à praça de noite. E de repente nós tivemos a ideia de ir à uma festa na cidade vizinha, sem avisar ninguém. Quando chegamos em casa, era de madrugada. Nós levamos a maior bronca das nossas vidas... Estou solteira, em busca de um grande amor. Eu estudo, faço EJA, penso no meu futuro: estudar, fazer uma faculdade e me tornar uma grande arquiteta. Eu também penso em me casar com um homem maravilhoso e ter filhos com ele. Eu estudo e, quando chego da escola, arranjo coisas lá em casa e depois vou ver a novela das duas.

Viviane Ferreira Pinto Na minha infância, eu era e sou até hoje especial porque vejo e já testei que sou diferente. Fui criada com minha avó, pai e tios. Sou a neta mais velha. Tenho uma memória impressionante! Me lembro de coisas de quando eu tinha dois anos de idade. Fui crescendo e continuei me lembrando. Aos dez anos, eu gostava de jogar bola, jogo de botão, bolinha de gude e andar de bicicleta. De vez em quando, ficava chateada por não ter mãe. Mas cresci e percebi que tenho tudo, saúde, sou feliz, então conclui que não tenho que pensar nisso não! Vou equilibrar minha vida! Sou uma pessoa muito nervosa e séria. Não gosto muito de ter amizade com qual-

quer pessoa. Os vizinhos, eu nem conheço. Não dou importância para as coisas mínimas. Acho que tenho a vida normal porque melhora a cada dia que passa. Fiz o curso de cabeleireira e manicure e hoje trabalho com isso. Voltei a estudar para dar um equilíbrio melhor em minha vida. Pretendo fazer mais cursos, aprender outra profissão. Conheci uma pessoa maravilhosa, que nos momentos difíceis de minha vida, sempre está lá. Tem um ano que a gente namora. Temos planos de nos casar e ter filhos. Tenho vinte e seis anos e ele tem vinte e nove. Um fortalece o outro, somos muito felizes e animados. Vamos equilibrar nossas vidas!

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PARQUE LAGOA DO NADO

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ocalizado na região Norte de Belo Horizonte, entre os bairros Planalto e Itapuã, o Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado possui uma área de aproximadamente 311 mil metros quadrados e foi implantado em 1994. Com uma infraestrutura composta por biblioteca, sala multimeios, teatro de bolso, teatro de arena, quadras poliesportivas, campo de futebol, pista para caminhadas e viveiro de mudas, o parque realiza diversas atividades de educação ambiental, cultura e esporte com o apoio da Fundação Municipal de Cultura e da Secretaria Municipal de Esportes. Sua vegetação é composta por espécies do Cerrado e por uma Mata Ciliar que circunda uma lagoa de 22 mil metros quadrados,

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formada pelo represamento de três nascentes. O córrego do Nado é um afluente do córrego Vilarinho, que deságua no ribeirão do Onça, unindo-se ao rio das Velhas, integrante da bacia do rio São Francisco. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificaram no local cerca de 130 espécies de árvores, sendo 75% nativas, com destaque para o Ipê, Aroeira Branca, Urucum, Jatobá, Barbatimão, Quaresmeira e Goiaba Brava. Dentre os animais de sua fauna destacam-se as aves, como pica-pau, biguá, coruja, frango d’água, anu, alma de gato, trinca ferro e mamíferos, como mico-estrela, gambá, esquilo-caxinguelê, tatu, morcego, além de lagartos, cágados, anfíbios e peixes.

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Foto: Adão de Souza

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Os alunos do EJA da Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga foram convidados a participar de um Sarau Literário no “Dia no Parque”, com uma programação diversificada: lançamento de livros, shows e apresentações culturais. Estudamos diversos poemas, letras de músicas e outros gêneros textuais.

Os alunos produziram seus textos preparando-se para as apresentações próprias e de poemas de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira entre outros. O passeio no parque foi muito prazeroso, adultos e adolescentes cantaram e brincaram...

Foto: Adão de Souza

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MUSEU DE

ARTES E OFÍCIOS

O

Museu de Artes e Ofícios (MAO) é um espaço cultural que abriga e difunde um acervo representativo do universo do trabalho, das artes e dos ofícios do Brasil. Seu acervo consiste numa rara e valiosa coleção de cerca de 2.500 peças reunidas ao longo de décadas e doadas ao patrimônio público federal pela empreendedora cultural Ângela Gutierrez, dando continuidade

ao trabalho iniciado há mais de 50 anos por seu pai, o engenheiro Flávio Gutierrez. Essa coleção apresenta ao público as tecnologias de produção que deram origem a muitas das profissões contemporâneas. Ao visitarem o local, os estudantes da EJA fizeram uma empolgante viagem aos fazeres, ofícios e artes dos últimos três séculos. Observaram objetos de grande, médio e pequeno porte, confeccionados

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em madeira, ferro, couro, cerâmica - desde um alambique até minúsculas formas para confecção de joias. Entre as principais áreas temáticas, puderam reconhecer os ofícios da madeira, da cerâmica, da lapidação e ourivesaria, do comércio, da mineração, do couro e da terra. Entre as profissões, presenciaram as de barbeiro,

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carpinteiro, vendedor, cozinheira, dentista, funileiro, mineiro, ourives, queijeiro e tecelã. O museu promove o encontro do trabalhador consigo mesmo, com sua história e com seu tempo. Assim, cada estudante – adolescente, adulto ou idoso – deu sentido a cada objeto, a partir de sua vivência, memórias e referências.

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Foi realizado um estudo sistematizado com diversos gêneros textuais sobre o tema “trabalho”, enfocando principalmente a importância e o desenvolvimento do trabalho ao longo da história da humanidade. Desenvolvemos um estudo etimológico da palavra ofício. Houve também uma exposição para os alunos e alunas sobre a estrutura do Museu. A visita ocorreu tranquilamente num sábado à tarde. Todos ficaram encantados com a estrutura física e organizacional do museu. Inicialmente assistimos a um documentário sobre a história de Belo Horizonte, em seguida visitamos as dependências do museu. Cada seção é destinada a um ofício. O que impressionou a todos foi a associação harmoniosa entre tecnologia e objetos antigos, além dos ambientes recriados que proporcionam uma visão clara do desenvolvimento técnico de diversos ofícios ao longo dos anos.

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GRUTA DA

LAPINHA 58

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agoa Santa é uma pequena cidade mineira, localizada a 35 km de Belo Horizonte. Seu nome atual origina-se do valor curativo das águas da lagoa central do município. Conta-se que o bandeirante Felipe Rodrigues, ao lavar as feridas de sua perna, sentiu-se aliviado de suas dores e obteve cicatrização. A notícia da cura milagrosa logo se espalhou, passando a receber peregrinos em busca da cura para seus males. Em meados do século XIX, o paleontólogo e naturalista dinamarquês Peter W. Lund catalogou cerca de 120 espécies de fósseis e 94 classificações de fauna em grutas da região (destacando os primeiros restos do homem americano). A cidade assumiu, então, visibilidade em nível internacional. O Parque Estadual do Sumidouro localiza-se em Lagoa Santa, onde é possível visitar a Gruta da Lapinha, com seus 511 metros de extensão e 40 metros de profundidade, abertas à visitação, com acompanhamento de um guia (chamado de condutor ambiental). É uma interessante caverna, iluminada em vários pontos, criando uma atmosfera propícia à contemplação. Caminhar pela Gruta da Lapinha é uma experiência enriquecedora. Os pingos de água carregam minerais dissolvidos que vão se juntando, formando as estalagmites (quando formadas no solo da caverna) e as estalactites (formas que aparecem no teto). Assim surgem as fantásticas colunas, pingentes, figuras de pessoas,

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animais e plantas, criando um ambiente único e trazendo uma sensação de volta às origens no túnel do tempo. É possível perceber a grandiosidade e ao mesmo tempo, a fragilidade da natureza. Suas galerias abrigam formações de rochas e cristais, esculpidas pela ação das águas subterrâneas, que no passado existiram, deixando-nos uma visão espetacular de configurações que lembram as mais diversas formas do nosso universo imaginário. Cada parada para apreciação nos salões da gruta trouxe-nos um novo desafio, do estranhamento à familiarização e também a ideia de uma viagem ao centro da terra e ao nosso próprio interior, tornando possível a coexistência entre os espaços interno e externo, num processo gradual de transformação do nosso ser. A natureza precisa ser preservada, pois ela contém o segredo da vida e esta ação depende de cada um de nós.

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Retomando o fio da memória, fomos verificar as descobertas feitas pelo Dr. Peter Lund (1801-1880), considerado “o pai da paleontologia brasileira”. Na Gruta da Lapinha e nos museus adjacentes as visitas foram orientadas por monitores capacitados, cujas informações eram ricamente detalhadas sobre a formação da gruta e os artefatos dos museus. Os alunos ficaram encantados com a beleza do local, a simplicidade e a riqueza da história de Minas Gerais no campo da arqueologia. Um grande nível de conhecimentos adquiridos de forma prazerosa... Nosso passeio monitorado terminou com um delicioso almoço caseiro. Depois de relatados os fatos sobre os “passeios monitorados”, só nos resta concluir que o conhecimento pode ser adquirido em diversos locais e de diferentes formas, cabendo à escola proporcionar o desenvolvimento dos estudantes de modo que alcancem a cidadania de forma rica e prazerosa.

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A brasilidade presente em Gonçalves Dias nos motiva a pensar qual é o nosso papel no resguardo das nossas riquezas. Se muitos já se dedicaram à preservação de bens de nossa cultura, por que não refletir sobre aquilo a que nos aventuramos a dirigir nosso olhar, deixando uma pequena marca? Chamar a atenção para a relação entre as coisas, retomando o fio da história, da pesquisa, da memória, do trabalho incessante – por meio da escrita e da ação -, é isso que nos tira do lugar de costume. A retomada do discurso ufanista de Gonçalves Dias nos permite estabelecer um diálogo atualizado com a necessidade de se propor um esforço conjunto, cada vez mais fortalecido, para a preservação de nossas belezas naturais, como é o caso da Gruta da Lapinha, na cidade de Lagoa Santa (MG). Edson Rodrigues Almeida da Silva

Canção do exílio

Canção da Lapinha

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

Minha terra tem grutas, Sítios arqueológicos e muito mais As aves, que aqui passeiam, São resistentes como os pardais.

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.

Nos abrigos sob rochas, Nossos parentes registravam suas dores, As pinturas que ali se vê, São mais que animais e flores.

Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Nossa cisma, nossa curiosidade Nos levam a estudar; Minha terra tem cavernas, Onde podemos pesquisar.

Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar sozinho, à noite Mais prazer eu encontro lá;

Minas tem primores e primatas, Câmaras subterrâneas e rotas naturais; Seu povo e seu tesouro, São mais ricos que os carnavais.

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;

Minas tem Lapinha, Onde fala a cultura regional. Permita Deus que o canário-chapinha, Cante em tom natural.

Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras,

O Cerrado e a Mata Atlântica As lagoas e os mananciais Organizar, sustentar, desenvolver

Onde canta o Sabiá.

Sem abandonar Minas Gerais. Gonçalves Dias, 1843 Coimbra (Portugal)

Edson Rodrigues Almeida da Silva, 2013 Belo Horizonte (MG)

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O acolhimento aos alunos na EMPA é realizado com carinho e espírito de grupo com o objetivo de criar um ambiente de amizade. Agimos dessa forma para, em seguida, promover atividades pedagógicas relevantes. Assim percebemos que os estudantes desejam estar no espaço escolar. Ao longo do ano, esse laço de amizade se amplia e se fortalece, na medida em que nos conhecemos mais e crescemos juntos, a partir de projetos e ações que permitam utilizar outros espaços educativos da cidade. Acreditamos que o conhecimento se propaga para muito além dos muros da escola. As pessoas tornam-se letradas ao longo da vida e a cada oportunidade de conhecer lugares e pessoas diferentes, seja no trabalho, em viagens, em passeios ou visitas monitoradas. Professores da Educação de Jovens e Adultos – EJA

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Recepção e acolhimento dos alunos da EJA – Fevereiro/2013 “Para mim, foi maravilhoso o primeiro contato aqui na escola, no início do ano.”

Edméia Souza

“Foi bom por que recebemos material escolar para que todos os alunos tivessem condições de estudar.”

Leandro Alexandre de Matos

“No meu primeiro contato, pensei que não iria gostar. Até mesmo achei que fosse desistir de início; aos poucos mudei de ideia.”

Marcélio Aleixandre Madeira

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Elizangela Arlinda de Matos

Programa Saúde na Escola. Palestra sobre alimentos e seu aproveitamento. Atividade física no pátio. Março/2013

“Foi bom. Aprendi sobre alimentação saudável, como aproveitar as sobra s da alimentação. O exercício no pátio também foi muito bom.” Eliane C. dos Reis Oliveir a

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“Eu achei esse dia muito especial por que foi um ato sincero dos professores e de todos os funcionários”.

. Achei “Foi bom cana a muito ba empre s É . palestra r o que é bom sabe e não u o bom e q úde sa ra p m o b é da gente.”

“A palestr a foi de extrem a importân cia a todos, ap rendemo s a ter uma alimentaç ão melhor.” Eliz

ias Silva e Ketly Mat

En

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angela A. de

Matos

o boa “Foi muit e as a palestra s sobre e õ ç ta orien mento a o aproveit s, o to n e m li dos a no pátio, io íc rc xe e ótimo”. então, foi Souza Edméia


3

Assembleia do Orçamento Participativo 2013/2014. Votação de obras de interesse do bairro, na cantina da escola. Maio/2012

ento é “O sentim ue rq o p a iv ra de e ficar temos qu s Ene Ketly Matias Silva) ria falando vá les e ra a vezes p ossa n a e u q o ade comunid sando.” ci re p á st e s “Me senti muito bem, entendi aria Martin M a ic ôn M a importância de fazer parte da mudança da comunidade.”

“Foi legal pra quebrar um pouco da rotina e ficar por dentro das notícias.”

4

5

Aline Renata de Oliveira

Adriana Figueiredo

Mensagem às Mães. Jantar na cantina. Leitura de mensagens. Apresentação de vídeo, música, coral. Maio/2012

“Esse dia o mais foi impor tante pra m im espera e o mais do de todos, pois e u cantei, participei, e que o xpressei o m mando eu coração u muito . Me dediqu a esse e dia tão i especia l, que foi o D das M ães.” ia Ene Ke

“Foi muito legal porque é muito importante o cidadão saber o que ele tem de direito na melhoria do seu bairro.”

tly Mati

as Silva

)

“Me emocionei bastante e fiquei feliz de ver a participação dos alunos e funcionários da escola. Ah! E o jantar estava muito gostoso...”

Ivonete Cardoso de Araújo

“Uma emoção enorme, pois foi tudo muito simples, porém de muito bom gosto e de coração.” Adriana Figueiredo

“Adorei! Até participei do coral para homenagear todas as mães e principalmente à que não estava pessoalmente, mas estava no meu coração...”

gem mena “A ho a, muito im foi ót nsada, pe bem da, feita , iza organ ito carinho u m ! o com tei muit gos todas ou a Alegr ães.” as m A. de Matos gela

Elizan

Aline Renata de Oliveira

Festa Junina / Jantar de Confraternização ao término do ano letivo Formatura/ Cerimônia de certificação. 2012

ãe do l de m ito e p a iz o p ento mu . m rei. F do u ado i um casa provisa E “ “Eu fiq . Fo oi im camos f o uei mu e iv u o q n rin ito ans que se a por oeb iosa ei. ria Silva bacan mos muit ais!” form ara nós. antos Lembr muito bom. , pois eu sab m a e e eu ç p d dos S u n o-me d i Dance ia a q a ia e r s t t D o o s ín C im os e nós d eliz, p maravilh dado esta o. Go f it o u ançand meninos can uito forró. it a m tando o. Tive maravil ei mu ras a fest or ter “fu mo h “Fiqu la fez um escola p professo com as oso, com dire s um jantar nk” a s o a c o s it e u o uit ito a so profess Ae ço m am m a mim ficar b oras M grade idade par . Elas for om, vou arilene remesa. Dan A b cei m n e Carm s!” e u o e oport ne e Carm . Foi muit o pra todo antos Silva Cíntia d m.” S o e ã s il ij o ig r d os Santo e Ma com ades. B Cíntia s Silva ntes d pacie uitas sau m com Educação de Jovens e Adultos – EJA • Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga

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NINGUÉM IGNORA TUDO NINGUÉM SABE TUDO* Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Pedro, por exemplo, sabe colher cacau muito bem. Aprendeu, na prática, desde menino, como colher a cápsula do cacau sem estragar a árvore. Basta olhar e Pedro já sabe se a cápsula está em tempo de ser colhida. Mas Pedro não sabe imprimir jornal. Antônio aprendeu, na prática, desde, muito cedo, como se deve trabalhar para imprimir jornal. Antônio sabe imprimir jornal, mas não sabe colher cacau. Colher cacau e imprimir jornal são práticas igualmente necessárias à reconstrução nacional. Os conhecimentos que Pedro ganhou da prática de colher cacau não bastam. Pedro precisa conhecer mais. Pedro tem o direito de conhecer mais. Pedro pode conhecer mais.

A mesma coisa podemos dizer de Antônio. Os conhecimentos que Antônio ganhou da prática de imprimir jornal não bastam. Antônio precisa conhecer mais. Antônio tem o direito de conhecer mais. Antônio pode conhecer mais. Estudar para servir ao Povo não é só um direito mas também um dever revolucionário. Vamos estudar!

A PRÁTICA NOS ENSINA* Não podemos duvidar de que a nossa prática nos ensina. Não podemos duvidar de que conhecemos muitas coisas por causa de nossa prática. Não podemos duvidar, por exemplo de que sabemos se vai chover ao olhar o céu e ver as nuvens com uma certa cor. Sabemos até se é chuva ligeira ou tempestade a chuva que vem. Desde muito pequenos aprendemos a entender o mundo que nos rodeia. Por isso, antes mesmo de aprender a ler e a escrever palavras e frases, já estamos “lendo”, bem ou mal, o mundo que nos cerca. Mas este conhecimento que ganhamos de nossa prática não basta. Precisamos de ir além dele. Precisamos de conhecer melhor as coisas que já conhecemos e conhecer outras que ainda não conhecemos. Seria interessante se os camaradas escrevessem numa folha de papel algumas das coisas que gostariam de conhecer. Faríamos um outro Caderno tratando os assuntos que os camaradas e as camaradas nos sugerissem. Estudar é um dever revolucionário! Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 – São Paulo, 2 de maio de 1997). Educador e Filósofo, é o Patrono da Educação Brasileira. *Artigos da obra de FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 26. ed. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1991, p. 66 – 68. (Coleção polêmicas do nosso tempo. V. 4) Ilustração extraída do cartaz da 5° Semana Pedagógica Paulo Freire do FDI 2011.



RECOMEÇAR Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou, o que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar". Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo. É renovar as esperanças na vida e o mais importante: acreditar em você de novo. Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado. Chorou muito? Foi limpeza da alma. Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia. Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora. Pois é! Agora é hora de iniciar, de pensar na luz, de encontrar prazer nas coisas simples de novo. Que tal um novo emprego? Uma nova profissão? Um corte de cabelo arrojado, diferente? Um novo curso, ou aquele velho desejo de apender a pintar, desenhar, dominar o computador, ou qualquer outra coisa? Olha quanto desafio. Quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando. Recomeçar! Hoje é um bom dia para começar novos desafios. Onde você quer chegar? Sonhe alto, queira o melhor do melhor, queira coisas boas para a vida. Se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar na nossa vida. Paulo Roberto Gaefke


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