Para Sally Porque vocĂŞ o ama assim como eu
“Não adianta voltar a ontem, porque lá eu era uma pessoa diferente.” - Lewis Carroll
Capítulo Um
E
u passei a conhecer bem as
ilusões. São os fantasmas nos quais me agarro porque não estou pronta para largar o conforto que me dão. A maioria do que me traz consolo e paz não é nada mais do que fantasmas do meu passado, mas eu seguro firmemente para mantê-los comigo no presente, por medo de que sem eles, eu simplesmente possa desaparecer também. Estou tendo medo de ficar sozinha, embora em alguns aspectos, eu sempre esteja. Uma descarga elétrica dispara através do sangue espesso nas minhas veias. É a única coisa que me permite saber a diferença entre realidade e ilusão. A centelha coloca o meu sistema em alerta máximo, forçando o meu coração bater fora do ritmo quando meus olhos se arregalam em uma tempestade de mil perguntas que a minha mente não consegue processar. Eu rastejo para o pé da cama engatinhando, olhando para a TV sobre a lareira. Declan senta-se atrás de mim, mas eu já não sinto-o enquanto eu me esforço para respirar. — Ele está vivo. — é tudo o que posso murmurar quando olho para a tela de ecrã da reportagem. — Quem? — pergunta Declan a um milhão de milhas de distância quando eu tropeço para fora da cama e dou passos irregulares em toda a sala, mais perto da TV. Eu estendo a minha mão para perto da imagem que não pode ser verdade, mas é. Eu passo para a lareira, meus dedos trêmulos quando lentamente pressiono-os na tela. No momento que toco-o, meu coração quebra, e eu grito. Sangue da minha alma ferida inunda meus olhos e derrama pelas minhas bochechas. Minha respiração falha e enche a sala. Mãos fortes apertam os meus ombros, e eu quero entrar em colapso, mas não consigo desviar o olhar da única coisa que procurei por toda a minha vida. — Fale comigo. — diz ele, a voz em pânico.
Pressionando a minha mão com mais firmeza contra a tela, eu imploro para sentir o calor dele na minha pele. — Quem é ele? — Isso é real, certo? — pergunto ao Declan. — Você e eu, nesta sala, é real, não é? — Olhe para mim. Mas eu não posso. Estou com medo de olhar para longe por medo de perdê-lo. Que de alguma forma ele vai desaparecer da tela. — Diga-me que é real. — eu choro. — É real, querida. Eu estou aqui com você. E com suas palavras, um soluço feio sai rasgando do meu peito, mas eu o contenho rapidamente quando Declan caminha para a lareira ao meu lado. Enquanto memórias giram por dentro, uma mistura de emoções nebulosas luta uma com a outra, e quando a raiva reivindica vitória e incha para a superfície, eu viro minha cabeça para olhar para Declan. Seus olhos espelham a minha confusão completa. — Ele está morto. — eu digo a ele, as palavras como navalhas cortando minhas cordas vocais, mas eu falo em meio à dor, enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto. — Eles me disseram que ele estava morto. Por quê? Por quê? — Quem? — Eu vi a sua sepultura. Senti a pedra onde seu nome foi gravado. — eu continuo. — Por que eles mentiriam para mim? Por que ele mentiu para mim? Por que ele nunca veio até mim? Declan puxa-me em seus braços, apertando-me com força contra seu peito enquanto choro mais e mais, clamando por respostas que não me encontram, gritando por conforto em todos os meus porquês. — Quem? — ele questiona novamente, e quando eu viro meu rosto e enterro-o em seu peito nu, eu soluço através de sonhos despedaçados, corações quebrados e almas perdidas. — Meu pai. Eu soco minhas mãos contra o peito de Declan quando seu abraço fica mais apertado. Seu abraço é inabalável e inteiramente duro, enquanto seus músculos se contraem em torno de meu corpo enfraquecido.
— Por que eu sou tão fácil de se afastar? — Não faça isso. — ele repreende. — Não se atreva a se culpar. — Por que não? — eu grito, empurrando meu corpo para fora do seu domínio, chateada com o mundo, e pela primeira vez na minha vida, chateada com o meu pai. Recuando para longe de Declan, eu viro de novo e lanço-me na autopiedade no topo dos meus pulmões. — O que eu fiz para merecer esta vida? — Elizabeth, por favor. Apenas respire fundo. — Não. Ele se move em direção a mim, dizendo: — A última vez que o viu você estava apenas com cinco anos de idade, certo? Como você pode ter certeza de que é mesmo ele? Eu caminho, até ele e fervo entre as minhas lágrimas. — Porque você não esquece o rosto do único homem por quem você passou a vida inteira sofrendo. Não há dúvida de que aquele homem é meu pai. Voltando à TV, meus olhos ficam petrificados com os azuis brilhantes que eu me lembro tão vividamente. Olhos, que eu pensei que me amavam além de qualquer coisa neste mundo. Olhos escurecidos e esburacados que eu pensei que estavam a sete palmos da terra. Mas ele está aqui, e eu nunca me senti tão sozinha. — Elizabeth? Minhas mãos apertam a moldura da lareira para impedir que minhas pernas falhem. — Elizabeth, por favor. Olhe para mim. — Elizabeth? Sua voz é tanto veneno quanto vinho, e ouvi-lo faz com que as minhas pernas dobrem e eu desabe no chão. O cheiro familiar de cigarros de cravo tanto me acalma quanto me atormenta. — É verdade? — pergunto ao meu irmão, Pike, mas Declan responde primeiro. — Eu vou fazer o que puder para descobrir. — Sim, é verdade. Olhando para cima, eu desvio meus olhos de Declan para o canto da sala, onde Pike está. Nós dois sabemos que eu não deveria estar olhando para ele, porque Declan pensa
que eu estou tomando as pílulas que matam as minhas alucinações, mas eu não estou. Eu ainda não posso dizer adeus ao meu irmão. Talvez nunca. Mas lá está ele, vivo, com seu cabelo escuro debaixo do gorro preto, e suas mãos enfiadas nos bolsos da calça, com braços tatuados à mostra. Seus olhos enviam amor e força antes que ele acene com a cabeça para Declan, e eu sigo sua sugestão, sabendo que vou perdê-lo quando eu fizer. Minha garganta incha em tormento, formando bolhas dolorosas ao sentar aqui nos meus joelhos. São todos os sonhos se realizando; eu só não sabia que o sonho vivia dentro de um pesadelo inimaginável. Não importa toda a raiva que eu sinta agora, uma coisa ainda permanece: você pode cortar-me profundamente com mentiras, você pode me jogar nas chamas dos males da vida, mas eu nunca vou desistir do que sempre desejei. Com lágrimas caindo pelo meu rosto em um fluxo constante de angústia, eu sufoco dolorosamente o desgosto da menina perdida dentro de mim. — Eu quero o meu pai. Em dois passos rápidos, Declan está no chão comigo, me segurando, me balançando, me acalmando, e prometendo fazer tudo o que puder para encontrá-lo. Agarrando-me a ele, eu tomo todo o conforto que ele está dando e tento roubar mais, agarrando-o mais apertado e pressionando meus dedos mais profundamente em sua pele. Se eu estou machucando-o, ele não demostra, então eu fecho meus olhos e rastejo para o seu colo, exatamente como uma criança faria. Quando abro os meus olhos novamente, eles ardem por causa do sol totalmente ressuscitado, e minhas bochechas queimam com o bocado de sal. Eu ainda estou envolvida dentro dos braços de Declan, e meu corpo dói, não só de estar nesta posição por Deus sabe quanto tempo, mas também da tortura dos últimos dois dias sendo mantida em cativeiro. — Estou com dor. Declan se levanta e me arrebata do chão antes de me deitar na cama. Ele paira acima de mim, olhando por cima do meu rosto e corpo agredidos com os olhos cheios de raiva e pena. A expressão dele me irrita. — Não faça isso. — O quê? — Olhar para mim assim. Como se você sentisse pena de mim. — Estou preocupado com você. Só isso. — ele, então, me dá um analgésico que eu deslizo na minha boca.
— Eu não entendo. Eu não entendo nada disso. — Eu também não. Mas você já passou por muita coisa ultimamente, então eu não acho que sua mente esteja capaz de clareza. A minha não está. Então, vamos concentrar em uma coisa de cada vez, ok? — Tudo o que posso focar é no rosto de meu pai, que está nessa tela quando não deveria estar. Eu não sei se devo ficar feliz ou com raiva. — eu digo a ele. — Por que ele não me quis? Declan não responde quando me puxa contra ele. Eu tento lutar contra a névoa das pílulas que me arrasta, mas meus olhos ficam pesados, conforme Declan sussurra baixinho no meu ouvido, me confortando. — Shh, querida. Eu cuidarei de você. Vou fazer o que puder para encontrar as respostas. E ao me segurar em suas palavras, eu cedo, liberando uma respiração profunda antes de cair no sono.
(DECLAN) Elizabeth treme em seu sono, enquanto eu seguro-a. Minha mente é um maldito labirinto quando fecho os olhos e tento processar as últimas quarenta e oito horas. É uma tarefa impossível conforme visões correm com uma centena de novas revelações e mil novas perguntas. A única coisa que eu sei é que estou aterrorizado que não vou conseguir impedir que Elizabeth tenha um colapso mental completo. Seu rosto é uma tela de hematomas, equimoses, e lacerações que ilustram o estupro e tortura que ela passou. Dói-me saber que eu tenho um papel em algumas dessas feridas, que foram colocadas lá pelas minhas próprias mãos e as outras porque eu não pude protegê-la daquele idiota – Richard - o homem que eu matei. Eu nem sequer hesitei quando coloquei uma bala em sua cabeça depois que Elizabeth me disse que ele matou a minha mãe. O fato de que eu pude matar tão facilmente me assusta pra caralho. É uma sensação desagradável ficar aterrorizado consigo mesmo. Agora eu sei que sou capaz de qualquer coisa. Eu sou um monstro criado por esta mulher, cujo corpo está envolvido em torno de meu.
Eu quero uma explicação, assim como ela. Quem era Richard? Como ele conheceu a minha mãe? Por que ele a matou? Que papel o meu pai desempenha em tudo isso? Eu quero saber. Eu quero entender, mas por mais que eu esteja fora de controle, ela está mais volátil do que eu. Ela precisa de força, então eu tenho que pôr de lado tudo o que me assombra agora e concentrar-me nela. Quando sua respiração estabiliza, eu escorrego para fora da cama e permito que ela tenha o descanso que seu corpo desesperadamente anseia. Eu paro antes de sair do quarto e olho para Elizabeth deitada na minha cama, enquanto uma onda de contentamento e raiva avolumam-se sob a minha pele. Ela tira o meu controle do eixo, e eu preciso colocá-lo de volta no lugar para mantê-la segura e garantir que nada mais aconteça sem a minha autorização.
Capítulo Dois (DECLAN)
—C
risto. — Lachlan diz com um
sobressalto quando eu bato as portas duplas da biblioteca, fechando-nos do resto da casa. Com as costas de frente para ele, minhas mãos agarram firmemente as maçanetas das portas em uma tentativa idiota de controlar a minha agitação. Há tumulto em meus ossos, causando um suor frio. Recuando para abrir as portas ligeiramente, eu bato-as mais uma vez, grunhindo, martelando a minha palma no mogno envelhecido. — O que eu posso fazer? — pergunta Lachlan do outro lado da sala. Uma série de respostas enche a minha cabeça e envolve o meu pescoço em uma corda apertada. Eu não posso falar quando penso sobre Elizabeth no andar de cima em um sono induzido por drogas. Visões de quando a encontrei noite passada piscam atrás dos meus olhos em detalhes vívidos. Seu corpo nu e ensanguentado, os hematomas e lacerações entre as pernas, que aquele filho da puta fez com ela, traz bile azeda que eu luto para engolir. Tudo o que eu queria dar a ela quando ela acordou esta manhã era o máximo de paz que eu pudesse, mas em vez disso, eu assisti seu mundo explodir em mais caos ainda. Ela não precisa de caos. Estou preocupado que ela não esteja estável o suficiente para lidar. — Declan. Viro-me e enfrento meu amigo, grato que ele passou a noite e está aqui agora, porque não conseguiria de jeito nenhum organizar os meus pensamentos enlouquecidos por conta própria sem esmagar meus punhos nas paredes e destruir esta casa em uma raiva visível. — Como ela está? — ele questiona.
— Dormindo. — a palavra sai estrangulada. Eu ando até o sofá e sento, abaixando a cabeça para encontrar os meus punhos cerrados. Minha respiração hostil é audível. Eu não permitirei que Elizabeth veja isso. Ela precisa acreditar que estou no controle absoluto e que ela está completamente segura comigo. — Como ela está realmente? — ele força uma resposta melhor do que a que acabei de dar. Eu olho para cima e encontro seus olhos preocupados quando ele toma o assento do outro lado da mesa de centro. — Ela não está bem. Eu não vou entrar em detalhes com Lachlan, porque o que é dela é meu e de mais ninguém. — Olha, o que aconteceu ontem à noite, o que você testemunhou... — eu começo a dizer, mas Lachlan interrompe. — Está ignorado. — É melhor que esteja. — eu digo a ele, minha voz revestida com ameaças não ditas. — Você nunca vai falar sobre isso, nem mesmo com ela, entende? — Completamente. — ele responde com um aceno de cabeça. — Eu preciso da sua ajuda. — digo-lhe, mudando a conversa. — Qualquer coisa. — Eu preciso que você encontre alguém para mim. — Quem? — O nome dele é Steve Archer. Com um olhar curioso, ele responde: — Por que esse nome soa familiar? — Ele é o pai de Elizabeth. — O pai dela? — ele reage com surpresa. — Ele está morto. Deparei-me com seu atestado de óbito quando encontrei a mãe dela. — Eu não sei. Nós estávamos lá em cima assistindo a um noticiário americano e ela jura que o viu. — Na TV? É impossível. — Ela está inflexível.
— Declan, sua mente tem que estar uma confusão completa agora. Tenho certeza que ela está vendo o que deseja. — diz ele. — O homem está morto. Encolho os ombros, liberando uma respiração pesada. — Baixe o noticiário e compare os dois homens. Lachlan caminha até a mesa no canto da sala, e eu o sigo, direcionando-o para a página correta do noticiário na internet. Nós encontramos o vídeo, reproduzimos, e quando eu vejo o homem que Elizabeth me fez pausar, estendo a mão e paro o vídeo, congelando no seu rosto. — Ele. Demora alguns minutos para encontrar um artigo arquivado da sua prisão, mas Lachlan finalmente se depara com uma foto. — Aí. — eu digo quando vejo o link. — Clique sobre isso. E com um único clique, eu sei que Elizabeth não está imaginando coisas. Pode ser uma foto antiga, mas não tem jeito de argumentar que não é o mesmo homem. — Puta merda. — Lachlan diz quando compara as duas fotos. — É ele. Diga-me que você está vendo o mesmo que eu. — Eu estou vendo. — Porra! — juntando as minhas mãos no meu cabelo, eu ando até a janela, desejando que nunca tivesse ligado a maldita TV esta manhã. — Eu não posso permitir que alguém a machuque. — Eu sei. — Jesus. Quer dizer, ela acabou de descobrir que a merda da mãe a vendeu quando era apenas um bebê. E agora isso? Eu não acho que ela pode aguentar muito mais. — Diga-me o que você quer que eu faça. Ela não vai deixar isso de lado. Não que eu pudesse esperar isso dela. Mas eu preciso manter a vantagem aqui e permanecer dois passos na frente dela. — Encontre-o. E nada, nem uma única peça de informação é omitida de mim. Entendido? — Entendido. — Você ferrou uma vez. — eu repreendo. — Não faça isso de novo.
Ele se levanta, passa por mim, e assegura: — Você tem a minha palavra. — meu olhar duro não vacila, porque o que está em jogo é muito precioso para brincar. Lachlan vê a dúvida, agarra meu ombro com a mão, e declara com firmeza: — Eu me importo com a menina também. — Então não foda isso. Com um breve aceno de cabeça, ele aperta meu ombro antes de se afastar e puxar o seu telefone. — Eu também quero segurança. — eu grito. — Ela não fica sozinha. — Vou tratar disso agora. — Você vai fazer. — Não sou segurança, McKinnon. — Você está certo. Você é um idiota fodido quando se trata de receber ordens. Mas, depois de ontem à noite, você é o único em quem confio para mantê-la segura quando não estou por perto. — Vou precisar situar algumas coisas em Edimburgo. — Faça isso hoje. — digo a ele. — Você pode ficar na casa de campo ao lado da gruta. — A casa? — ele ri. — Você quer dizer o quarto de empregados? — Essa mesmo, seu punheteiro. — eu respondo com uma risada. — Oh, mais uma coisa. — acrescento, antes de Lachlan sair da sala, trocando as brincadeiras por seriedade. — Obrigado. — Claro. Eu estou disposto a chegar a qualquer ponto para ter certeza que nada chegue perto de tocar Elizabeth, mas as opções são limitadas com a história que nós dois carregamos. Embora o nosso tempo juntos tenha sido curto, é contaminado mais do que o suficiente para nos colocar na prisão. Então Lachlan é o cara por nós. Vagando na cozinha, eu vou até o monitor de segurança na parede e verifico as câmeras na frente. Eu passo por eles e paro na câmara do portão. Estou vendo no momento que o carro do Lachlan se dirige para a estrada principal quando meu celular toca. — McKinnon. — atendo.
—
Boa
tarde,
Sr.
McKinnon. É
Alexander
Stanforth,
da
Stanforth
and
Partners. Como vai? — Eu estou bem. — respondo para Alex, o arquiteto que trabalhará na propriedade de Londres que eu comprei recentemente. — Eu espero que você não se importe de eu ligar no seu celular, mas devido ao seu interesse em acelerar as reuniões iniciais, achei melhor ignorar a secretária do escritório. — É por isso que eu te dei esse número, Alex. — Bom. Bem, então, eu gostaria de marcar uma reunião para discutir o escopo do projeto, junto com cronograma e orçamento. Você está livre na próxima semana? — Eu posso estar livre. Arranje e ligue no meu escritório para colocar na agenda, e eu estarei lá. — digo a ele. — Tudo bem. Vou ver com a equipe e ligo hoje mais tarde no seu escritório. — Obrigado, Alex. Desligo o telefone, pego uma forma de gelo do congelador e vou até Elizabeth. Ela está dormindo profundamente quando entro no quarto e sento-me ao lado dela. O lado do seu rosto está inchado; azul e preto mancham seu olho. Gentilmente, eu coloco o gelo na sua pele e ela recua. — Desculpe. — eu sussurro, quando seu olho se abre. — O inchaço está muito ruim. Seus olhos estão pretos, dilatados e dopados, mas ela não os mantém abertos por muito tempo. Eu observo-a deitada imóvel, respirações suaves preenchendo o espaço ao meu redor. — Nós costumávamos dançar. — sua voz rouca murmura. — Quem? — Eu e o meu pai. Eu não digo nada quando ela enrola mais o seu corpo e coloca a cabeça no meu colo. — Dean Martin era o seu favorito. — diz ela, sonolenta, nunca abrindo os olhos. — 'Volare'... essa é a música. Ele cantava junto, e lembro-me sempre de rir durante as partes italianas. — Ele tinha uma boa voz? — pergunto, mantendo o gelo sobre ela.
— Mmm hmm. — ela responde lentamente em seu estado apático. — Ele me colocava em cima dos seus pés e dançávamos enquanto eu me pendurava nas suas pernas. Ela faz uma pausa, deixando o tempo vacilar, e eu acho que ela voltou a dormir, mas depois ela começa a piscar. Quando seus olhos vidrados me encontram, ela choraminga: — Por que ele me deixou? Nunca na minha vida vi tanta tristeza nos olhos de alguém, e eu odeio que seja nos olhos dela que vejo. Ela quer respostas, mas eu não tenho nenhuma para dar a ela, e isso me mata. — Eu pensei que eu o fazia feliz. Coloco o bloco de gelo na mesa de cabeceira, volto para ela, e com o rosto dela embalado nas minhas mãos eu afirmo: — Eu prometo que vou fazer tudo que posso para lhe dar respostas. Vamos encontrá-lo. — E se ele não quer que eu encontre-o? — Não importa o que ele quer. Não é uma escolha dele. Esta não é a mulher que eu conheço. Ela é algo totalmente diferente. Ela pode ter encenado para me enganar, mas ela sempre teve uma essência ousada e espirituosa, que uma pessoa não pode fingir. Abaixo das mentiras, aquela parte dela era real, mas agora está perdida em algum lugar dentro do seu corpo violado. Ela dá um pequeno suspiro cheio de dor quando mexe seu corpo. — Por que você não fica de molho em um banho quente? — Qual é o ponto? Podridão é podridão. — Isso é besteira. — eu rebato. — Podridão te feriu, mas não a reivindicou. E sugeri um banho para ajudar com a sua dor, não para limpá-la. — minhas palavras são meias verdades; eu quero limpá-la. Limpar toda a sujeira daquele monte de merda que fez isso com ela. Eu quero apagá-lo da sua pele porque o pensamento me enjoa. Eu a quero coberta de mim, do meu cheiro, com as minhas mãos por todo o seu corpo. Eu quero que ela tenha o meu sabor, o meu cheiro. É uma necessidade feroz de marcá-la como minha. Possuir cada pedaço dela. Puxando-a para mim, eu pressiono meus lábios nos dela, beijando-a suavemente quando na verdade quero devorá-la, mas ela está frágil demais. Sua respiração na minha língua faísca um tremor nas minhas veias, fazendo com que o meu pulso acelere. É preciso
controle para não jogá-la, espalhar suas coxas, enterrar meu pênis profundamente dentro dela. Eu quero fodê-la com tanta força, que ela me sinta em seus ossos. Eu me forço a recuar, segurando seu pescoço nas minhas mãos enquanto tomo uma respiração profunda, que solto lentamente. — Eu senti falta de ter o seu gosto na minha boca. — diz ela, suas palavras não fazem muito para ajudar a me acalmar. — Eu quero mais do que apenas o meu gosto na sua boca, mas não posso me permitir ser tão egoísta com você agora. Eu não vou ser capaz de me controlar, e eu só vou te machucar. Saio da cama e vou preparar o banho antes de voltar para ela. — Dê-me suas mãos. — eu digo a ela e, em seguida, ajudo-a a levantar. — Levante os braços. Movendo lentamente, eu dispo-a, cuidando para não machucá-la. Quando eu tenhoa nua na minha frente, tiro rapidamente as minhas roupas e, em seguida, levo-a ao banheiro. Entro na banheira primeiro e depois a segura conforme ajudo-a a entrar na água. Ela senta-se entre as minhas pernas, recostando no meu peito com uma careta de dor. Seu corpo é difícil de olhar. As contusões são suficientes para fazer o meu sangue ferver. Reviro o meu estomago em um vômito de emoções turbulentas. Há uma marca de mordida serrilhada em seu peito esquerdo que eu não percebi ontem à noite quando dei banho nela. — O quê? — ela questiona, olhando para mim. — O que está errado? — O que você quer dizer? — Seu corpo ficou tenso. — Eu sinto muito... eu só... — eu começo, procurando palavras gentis. — O quê? Mas gentil não vem fácil para mim, então opto pela honestidade. — Eu quero tirar todas essas marcas. Todas aquelas que não foram feitas por mim. — Eu sempre serei marcada pelo toque de outra pessoa. Eu sempre fui. — Eu daria qualquer coisa para levá-los embora. — eu digo a ela, sabendo agora que as cicatrizes nas suas costas e pulsos saíram das mãos do seu pai adotivo.
— Você não pode me tornar algo que eu não sou, sabe? — Você não é meu caso de caridade, se é isso que você está insinuando. — respondo irritado. — Eu já fui? Mesmo no começo? — Não. Você nunca foi uma mulher que eu tivesse pena. — Se não era pena, então o quê? — Não há uma resposta fácil. Eu não entendo você ou o seu raciocínio para toda a merda que você fez. Tudo que sei é que devo ser louco por amar você, porque caramba, eu te amo. Eu tentei não amar, eu lutei, mas não posso impedir. — Mas e o que você disse ontem à noite? Você ainda me odeia? — Sim. Ela abaixa os olhos, mas eu trago-os de volta para mim, dizendo: — Eu te amo, Elizabeth. — Realmente? — Claro que sim. Eu matei por você.
Capítulo Três (ELIZABETH)
S
uas palavras, sua verdade, podem
assombrar algumas pessoas, mas para a minha alma decrépita, elas acalmam. É verdade, ele matou por mim, e eu também matei por ele. Eu matei Pike quando achei que ele tivesse matado Declan. E também é um assassinato que eu desejo todo dia que pudesse desfazer. Mas eu não posso. A única maneira que eu posso ter Pike é através de truques da minha mente. Mas, além de Pike, eu estava a meio segundo de distância de matar Richard na noite passada, e teria sido tudo por Declan. De um modo doente, seria o meu presente para ele. Para livrar o mundo do homem que levou a mãe do meu amor. Declan não me deixou puxar o gatilho, no entanto, ele mesmo fez isso, roubando-me a satisfação. Eu queria egoisticamente, mas se havia uma morte que Declan merecia, era aquela. Os olhos de Declan afundam nos meus, e eu sei que toquei em um ponto delicado ao questionar seu amor por mim. — Sinto muito. — digo-lhe, passando minhas mãos sobre a dele, que estão tensas ao redor do meu pescoço. — Eu nunca fui outra coisa, exceto honesto com você. — Eu sei. Eu não tive a intenção de desconsiderar as suas palavras. Seu aperto solta enquanto ele relaxa, apoiando os ombros na curva da banheira. — Eu estou com dificuldade para processar tudo. — acrescento. — Então fale comigo. Não guarde. Declan demonstrou seus sentimentos na semana passada quando li o arquivo da minha mãe. Ele deixou claro que quer que eu lide com os meus sentimentos, em vez de escondê-los e trancá-los, da maneira que fiz toda a minha vida. Devo-lhe qualquer coisa
que ele me pedir, por causa de tudo que eu fiz com ele, mas às vezes é simplesmente mais fácil ficar dormente. — Talvez mais tarde. Eu ainda estou realmente cansada por causa do comprimido para dor. — mas não haverá um depois. Eu não posso me abrir para ele assim, porque não haverá nada capaz de parar o sangue jorrando da ferida. A capacidade de Declan de me conectar com as minhas emoções me assusta pra caralho. Há muito para sentir. Há muito desespero atormentado dentro de mim. Eu preciso que ele vá embora e desapareça para que eu possa encontrar alívio. Eu estou nos braços do homem que eu amo, o homem que eu estive tão desesperada para ter de novo, e aqui está ele. Carne com carne, cada parte minha tocando cada pedaço dele, e aqui estou, assustada e fechada. Ele está envolvido em torno de mim, e eu deveria estar contente, mas, neste momento, eu anseio pelos braços de outro homem. É o Pike que eu gostaria de ter agora. Ele é o único que pode me entorpecer. Ele é segurança. Ele é constante. Ele é o meu remédio para dor. — Você vai descansar melhor se você desabafar os seus pensamentos. — ele sugere. Inclinando-me para frente, quebrando o contato, eu minto. — Eu estou realmente cansada. Você pode me ajudar a voltar para a cama? — Não me deixe de fora, Elizabeth. — Eu não estou. É só que a banheira é desconfortável, e eu realmente estou exausta e não me sinto bem. Eu odeio mentir quando jurei para ele e para mim mesma que nunca iria, mas a alternativa é insuportável para sequer pensar. É melhor para nós dois se eu não for por esse caminho. Declan seca-me, escova os meus dentes, e me veste. Dou-lhe essas coisas, porque ele precisa delas. Eu o conheço bem o suficiente para ver que ele precisa das suas mãos sobre mim, para controlar e cuidar. Ele sempre precisou disso, e eu não posso sequer imaginar o que estes últimos dias fizeram com ele, por não saber onde eu estava, e ter perdido essa autoridade para outro homem. Depois que ele aplica a pomada nos meus cortes, ele pega o frasco da prescrição e tira um comprimido.
— Aqui. — diz ele, segurando o antidepressivo que foi prescrito para mim pelo médico que me examinou na primeira noite cheguei aqui. É a pílula que tenho jogado no vaso, porque não quero perder Pike, e essa pílula o fará desaparecer de mim. Porém, não posso dizer adeus. Não quero. Eu preciso dele. Seu cheiro, sua voz, a sua presença. Eu não estou disposta a deixá-lo ir. Eu pego a pílula da mão dele, e quando ele me dá um copo de água, jogo na bochecha, em vez de engolir. Outra mentira. Outra fraude que eu jurei que não faria. Outra promessa quebrada. — Boa menina. Ele me leva de volta para o quarto e me ajuda a ir para a cama. — Eu vou descer para pegar algo para beber. Você está com sede? Eu aceno com a cabeça e observo quando ele sai do quarto. Quando ouço o ranger na escada sob seus pés, eu cuspo a pílula. Estou com muita dor para sair da cama e jogá-la no vaso sanitário, eu empurro-a para a minha fronha até que possa jogá-la fora. Quando ele retorna, ele desliza sob as cobertas ao meu lado e me puxa para os seus braços. — A propósito, Lachlan vai ficar aqui. — ele me diz. — Eu quero segurança, e com tudo o que ele já viu, ele é o único em quem confio. — Ok. — Você está confortável com isso? — Sim. — eu respondo. — Desde que passei aquele tempo com ele, comecei a gostar dele. — Enquanto você estava dormindo, eu falei com ele sobre o seu pai. Ele está trabalhando na obtenção de informações. Eu aceno com a cabeça contra seu peito, incapaz de falar pela minha garganta apertada. Tenho certeza de que Declan sente meu corpo tenso quando aperta seus braços um pouco mais fortemente ao meu redor. Fechando os olhos, eu inspiro profundamente enquanto ele beija o topo da minha cabeça. — Eu sei que é perturbador, mas eu quero ser transparente com você sobre tudo isso, ok?
— Você não acha que eu sou louca, não é? Ele penteia meu cabelo para trás com os dedos, e eu olho para ele quando ele diz: — Não, querida, eu não acho. Lachlan conseguiu recuperar uma foto antiga do seu pai, e é o mesmo homem do noticiário. O rosto de Declan borra, e eu fecho os olhos rapidamente antes que as lágrimas caiam. Eu não posso pensar sobre isso. É a pior dor que já senti, por isso eu me concentro em blindar-me contra tudo o que ameaça me estripar completamente. — Você é mais forte do que as suas emoções. — ouço Pike me dizer, o timbre da sua voz fornece-me a força que eu preciso para tomar o controle do meu coração. — Você está bem? — Sim. — Há outra coisa que eu preciso falar com você. — O que é? — Quando eu estava em Londres, eu contratei uma empresa de arquitetura para a nova propriedade. As reuniões começam na próxima semana, então você vai comigo. — Londres? — eu questiono, empurrando-me para sentar. — Por quanto tempo? — Durante a construção... alguns anos. — Eu... hum...— eu gaguejo, sem saber o que dizer. Em seguida, a percepção que não tenho outro lugar para ir me bate, e tudo se torna tão terrível. Se de alguma forma eu perder Declan novamente, estaria acabado para mim. Ele é a única pessoa que eu tenho, e sem ele, eu não sei para onde ir. Mesmo que eu esteja agora ciente de que meu pai está lá fora em algum lugar, está dolorosamente claro que ele não me quer, ou então ele teria vindo até mim. — Você não quer ir para Londres? — ele questiona. — Não, não é isso. É apenas... eu realmente não sei. Minha voz racha um pouco, e Declan acalma prontamente. — Você não tem nada para se preocupar. Estou aqui. Eu não vou deixá-la. Onde quer que eu vá, você vai comigo. Eu não respondo quando ele me segura perto dele. Eu não tenho certeza do que dizer, porque, embora ele diga que eu não deveria me preocupar, eu estou. — Eu realmente preciso que você fale comigo. — ele insiste. — Não se feche novamente.
Há um desespero em seus olhos, uma carência que me lembra do nosso tempo em Chicago. Joguei bem com ele, levando-o a acreditar que estava presa em um casamento violento que não podia escapar. Ele exibia o mesmo desespero daquela época. Ele tentou tanto me ajudar, me salvar, mas eu sempre tinha o cuidado de mantê-lo a uma distância controlada. Eu queria que ele acreditasse que ele me tinha por inteiro, e nada de mim ao mesmo tempo. Mas o jogo terminou. Já não quero ver aquele olhar em seus olhos. Uma vez me deu prazer saber que eu o tinha enganado, mas isso fugiu no momento em que penetrou no meu coração. Mas, a fim de manter a minha alma intacta, eu preciso continuar a me mover em passos calculados. — Estou preocupada. — eu admito. — Com o quê? — Com você. Se não houver você... não existe nenhum eu. — Você está com medo de me perder? Eu concordo. — Você não vai me perder, ouviu? Isso não vai acontecer. — Porém, eu perdi uma vez. Foi minha culpa. Confie em mim, eu sei. Mas eu ainda assim o perdi. Eu ainda me lembro da dor, e isso me assusta. — Eu me lembro da dor também. Não foi só você que sentiu. — suas palavras derramam intensidade. — Eu senti na minha medula. Isso é o quão profundo você corre através de mim. — Tanta coisa aconteceu. Eu quis você no segundo que o perdi, e agora que eu tenho você, eu me sinto tão... — O que você sente? Estendendo a mão para o rosto, eu corro meus dedos ao longo do seu queixo e através da sua barba rala, ouvindo-a crepitar na palma da minha mão. — Desligada. — eu revelo e depois solto minha mão junto com a minha cabeça. — Olhe para mim. — ele exige, e eu olho. — Está tudo bem. Estou tendo dificuldade de assimilar tudo o que foi colocado no meu caminho nas últimas semanas, então eu entendo. Vou afastar isso, eu prometo, mas vai levar tempo. Uma coisa que eu preciso que você saiba é que eu estou aqui. Vou lembrá-la todos os dias se precisar. Estou aqui.
Eu permito que suas palavras tentem acalmar a minha ansiedade quando pego a minha mão e cubro a ferida de bala em seu pescoço, a que Pike infligiu com a intenção de matá-lo. Meu polegar passa sobre a carne levantada, e quando olho para cima, seu foco está na minha mão, culpa percorre a minha corrente sanguínea. Seus olhos desviam para encontrar os meus, e eu pergunto: — Doeu? — Não tanto quanto perder você. — ele responde, passando a mão no meu pulso enquanto continuo a correr meus dedos ao longo da minha traição, que agora está marcada sobre ele para a eternidade. — Eu manipulei você. Eu menti. — Sim. E eu te odeio por isso. Eu odeio você pelo que as suas mentiras me transformaram. — Mas você sentiu a minha falta? — Eu não consegui deixar de amar você. Pressionando minha mão espalmada no seu peito, eu sinto a batida do seu coração, e decido rasgar um pedaço do meu próprio coração fora para dar a ele, expor uma pequena parte do que sei que devo proteger na fortaleza da minha alma. Declan sempre teve uma maneira de cortar direto no meu centro. Então, eu entrego a minha oferta na forma de verdade, deixando-o saber. — Você me assusta. Seus batimentos cardíacos aumentam com força, expondo sua frustração com as minhas palavras. — Eu te assusto? — A maneira como você quebra minhas paredes tão facilmente. — Por que você quer paredes entre nós? — Porque eu estou com medo de sentir agora. Há tanta coisa dentro de mim que estou lutando contra. Estou com medo que seja demais. Ele solta uma respiração dura, chateado com o que acabei de admitir para ele. Ele deixa cair a cabeça por um momento, e então, com força controlada, ele agarra meu outro pulso e me empurra para baixo sobre a cama. Eu não resisto a ele quando ele atravessa minhas pernas e fica no topo das minhas coxas. Olhos verdes gritam por obediência, e eu dou-lhe exatamente isso, no momento que ele rasga o meu top, abrindo o tecido e arrebentando os botões para expor meus seios.
O frio do ar endurece meus mamilos instantaneamente, mas não é dos meus seios que ele está atrás. Ele junta rapidamente os meus pulsos com uma mão, restringindo-me, em seguida, leva a outra e pressiona firmemente no centro do meu peito. — Isso é meu. — ele professa. — Você me quer? — Sim. — eu respiro. — Você quer ficar comigo? — Sim. — Então, este pequeno coração tem que ser meu. Ele bate por mim, e eu vou protegê-lo. Você me escuta? Eu concordo. — Você precisa confiar em mim o suficiente para cuidar de você. Nunca vou deixar você partir. A ascensão e a queda do peito aumentam quando eu tomo posse das suas palavras, precisando delas para acalmar meus medos. — Você confia em mim? Concordo com a cabeça novamente. — Diga-me. — Eu confio em você. Outra mentira.
Capítulo Quatro (DECLAN)
E
u
deixo
Elizabeth
lendo
na
biblioteca. Passaram alguns dias desde que a encontrei, e apesar das contusões estarem desaparecendo e o inchaço se dissipando, ela continua distante. Eu ainda tenho que transar com ela, não que não tenha tentado, mas também não tenho forçado. Domar a fera dentro de mim não é algo que eu goste enquanto eu espero, impacientemente, por sua fragilidade minguar. Ter Lachlan aqui tem ajudado. Seja qual for a amizade que surgiu enquanto ela estava hospedada no The Water Lily, tem diminuído o constrangimento para todos nós, deixando apenas algumas reminiscências. Saber o que Lachlan e eu vimos naquela noite, o estado em que encontramos Elizabeth, não parece incomodá-la tanto quanto se poderia supor, por mais que me incomode. Eu acho que sua falta de embaraço decorre da sua infância e o que ela foi forçada a suportar. Há pouco tempo ela admitiu que se via como nada mais do que podridão. — McKinnon. — Lachlan anuncia, redirecionando os meus pensamentos enquanto entro pela porta da casa de hóspedes que ele vai ficar. — Desculpe, pulei o café da manhã, espero que Elizabeth não tenha se ofendido. — De modo nenhum. Ligação importante? — Sim, na verdade. Eu entro mais na casa e me sento na sala de estar. — Eu consegui informações sobre Steve do meu contato. — E? Ele se senta na cadeira ao meu lado e deixa cair alguns papéis sobre a mesa de centro. — E... ele é um homem morto.
— O quê? — Tudo confere. Dê uma olhada você mesmo. Todos os documentos, as informações do funeral com local e sepultamento. Até mesmo o atestado de óbito está lá. É um beco sem saída a partir desse ponto. Steve Archer não existe; ele está morto há dezesseis anos. Eu pego os papéis e folheio todos eles, examinando o rastro que prova de que ele está realmente morto. — O que ele está escondendo? — eu pergunto em voz alta, sem esperar que Lachlan tenha uma resposta para mim. — É isso que estou tentando descobrir. Eu abaixo os papéis, sabendo muito bem que eles não são nada, senão uma propaganda enganosa para embasar a prevaricação da morte, e pergunto: — E sobre a lista de passageiros? — Eu estou trabalhando nisso, mas nós estamos falando sobre a quebra de algumas leis federais restritas. Eu tenho um amigo fazendo algumas chamadas para mim, mas pode ser um tiro no escuro. Eu não sei se alguém vai estar disposto a arriscar o seu trabalho ou comprometer seus valores. — Os valores podem ser comprados pelo preço certo, mas precisamos de mais pessoas em cima disso. — ressalto, com crescente intensidade. — Eu quero tudo o que meu dinheiro pode comprar. Investigadores particulares, hackers, tudo o que podemos pensar. — Eu sei, e confie em mim quando lhe digo, eu estou em cima disso. — ele faz uma pausa enquanto exalo um suspiro de frustração. — Por outro lado, eu tenho tudo arranjado no One Hyde Park, de modo que o apartamento estará pronto no momento em que chegar. — Eu nunca estive mais grato por comprar essa propriedade do que eu estou agora. — Você não deve ter preocupações com a segurança da Elizabeth lá. — Lachlan fala sobre o edifício onde possuo um apartamento. É uma das propriedades mais seguras do mundo, senão a mais segura. No momento em que comecei a considerar construir em Londres, eu fui em frente e reservei um apartamento duplex no One Hyde Park. As medidas de privacidade vão acima e além das expectativas, com janelas à prova de balas e correio com raios X. Depois de ter sido baleado em Chicago, eu não só transferi Brunswickhill para um fundo particular, mas também transformei a propriedade de Londres para um
bem. Ninguém saberá onde Elizabeth e eu estamos, exceto as pessoas que opto por informar. — Eu preciso ir cuidar de algumas coisas. — Vou falar com você logo que obter uma atualização sobre o caso Archer. — diz ele enquanto caminho até a porta da frente. — Não seja preguiçoso nisso, Lachlan. Eu preciso disso resolvido para ontem. — Estou nele. No meu caminho para a casa principal, eu espreito pela biblioteca, mas Elizabeth não está mais lá. Apenas o livro que estava lendo, de bruços no sofá. — Elizabeth. — eu chamo, sem resposta em troca. Desço para o átrio, onde sei que ela gosta de deitar na espreguiçadeira e aproveitar o calor do sol através do vidro. A sala está vazia, embora. Eu fico por um momento, olhando para fora pelo vidro, e, eventualmente, o movimento me chama a atenção. Eu assisto Elizabeth enquanto ela anda sem rumo. Ela adora dar longos passeios para explorar as terras. Eu vou até onde ela está. — O que você está fazendo? — Eu nunca soube que havia uma nascente por aqui. — Há muita coisa que você não conseguiu ver por causa da neve. — eu digo a ela, puxando-a em meus braços e pressionando meus lábios nos dela. Ela geme calmamente, deslizando as mãos sob o casaco envolta da minha cintura. — Você está congelando. — Eu estou bem. — ela responde enquanto eu a aperto ainda mais, com os braços firmemente em torno do seu corpo. — O que você está fazendo aqui? — Eu quero falar com você, mas você não estava lá dentro, onde eu a deixei. — Onde você me deixou? — ela brinca, inclinando a cabeça para trás para olhar para mim. — O que eu sou? Uma bugiganga, que você pode colocar onde quiser? — Algo assim. — eu atiro-lhe uma piscadela amorosa e assisto a seu belo sorriso fluir. — Vem. Sente-se comigo. Nós caminhamos até um banco de cimento ao lado da nascente revestida em gelo.
— Acabei de falar com Lachlan e quero contar onde estamos em relação a encontrar o seu pai. A alegria se desvanece com facilidade e se transforma em esperança ansiosa, margeada por anos de dor. — Você quer falar sobre isso agora? — pergunto no momento que a sua linguagem corporal assume uma mudança repentina. — Sim. — sua voz é cheia de ansiedade, ansiosa por respostas. — O que vocês encontraram? — Evidência da sua morte. — Mas ele não está morto. — sua voz eleva com mais ansiedade ainda. — Eu sei disso. Lachlan está fazendo o que pode para obter uma cópia da lista de passageiros. Quando conseguir isso, podemos seguir de lá. — Bem, quanto tempo vai demorar? — Ele está trabalhando o mais rápido que pode, mas ele não tem quaisquer ligações diretas com a companhia aérea. Frustração marca seu rosto enquanto eu assisto seu corpo tenso, lutar contra a poça de lágrimas nos olhos. Ela fica imóvel, e está tomando todas as suas forças para não perder a compostura. Eu gostaria de poder dar-lhe as respostas que ela está tão ansiosa para receber. É uma visão dolorosa ver a pessoa que amo sofrer tanto. Eu passo meu braço em volta dos seus ombros, e a consolo. — Não há problema em chorar. Não doerá tanto se você desabafar um pouco da dor. — Eu passei a minha vida chorando pelo meu pai, e isso nunca diminuiu a dor. — diz ela, recusando as minhas palavras. — Olhe para mim. — eu exijo, e quando ela olha, eu continuo: — Isso não é bom. Você segurando tudo dessa forma, não está bem. — Por que você quer tanto me ver quebrar? — Você está quebrando agora. — eu rebato. — Você está forçando-se a não sentir a dor. Você está me afastando. Você apresenta um exterior de pedra, mas é apenas uma fachada de toda sua fragilidade interior. Você é o paraíso de um tolo, mas eu não sou idiota. Eu vejo através de você.
— Você é um idiota. — ela fala, chateada por eu expor a sua farsa, mas eu não vou desistir. — Do que você tem tanto medo? De eu vê-la em uma luz que possa se envergonhar? Eu vi você no seu pior. Ou você ainda está preocupada que esse sentimento seja tão grandioso, que uma vez que quebre, não será mais capaz de se recompor novamente? O que é? — Por que você está pressionando tanto? — Se você não conseguir se recompor novamente, então eu farei isso por você. — Pare! — É por isso que você não me deixa tocá-la? Com isso, ela me empurra para longe, mas eu aperto seus braços firmemente. — Solte-me! — Por que você não me deixa te foder? — eu assobio, perdendo meu controle e deixando a frustração e rejeição vomitarem para fora de mim. — Responda-me, pelo amor de Deus! Minha voz expressa meu temperamento enquanto ela luta contra a minha contenção, e eu finalmente afrouxo meu aperto e permito que ela fuja para longe de mim. Ela se levanta e tropeça para trás, fumegando de raiva pura. — É esse o problema? — ela cospe. — Seu ego está ferido porque você não pode entrar nas minhas calças? Eu levanto e caminho até ela, peito a peito. — Você sabe muito bem que se eu quisesse entrar nas suas calças, eu entraria. — Então faça. Eu não dou a mínima. Se isso é tudo que você quer, então pode ter. — as palavras dela me insultam, mas me enfurecem ainda mais. — Você está tão cega. Não é sua boceta que eu quero. É muito mais do que apenas isso. Eu quero tudo de você. Cada pedaço. Eu quero estar dentro de você, porque esse é o único lugar que você estará tão fraca que não terá escolha a não ser entregar tudo de si para mim. Com um leve aceno de cabeça, ela olha profundamente nos meus olhos, confessando em um sussurro: — Eu simplesmente não posso.
Minhas mãos agarram seu rosto e falo com fervor: — Você pode. Eu preciso que você tente. — Mas você me tem. — ela grita. — Estou aqui. Eu não irei fugir. — Pare de me evitar. — Eu não est... — Você está aqui. — digo, cortando-a. — Mas você não está realmente aqui. Você pode estar perto de mim todas as noites, mas na verdade não está lá. Está inteiramente em outro lugar. Em algum lugar dentro do seu corpo, você está se escondendo. Não há nenhuma resposta da parte dela, apenas olhos brilhantes que expõem o quão furiosa ela está. — Quantas vezes eu tenho que dizer-lhe para convencê-la de que você está segura aqui? Que você está segura comigo? — Solte-me, por favor. — ela pede, em um tom uniforme. Eu deixo cair as minhas mãos do seu rosto, e ela se vira imediatamente e caminha para longe de mim sem dizer uma palavra, sem nunca olhar para trás. Não digo nada para impedi-la, eu a deixo ir. E antes que eu permita que meu agravamento cresça ainda mais, eu também encontro o meu caminho de volta para a casa e até o terceiro andar, onde está o meu escritório. Precisando aliviar a minha mente do estresse, ocupo-me com o trabalho. Entre telefonemas para o escritório e check-in na minha propriedade em Chicago, o tempo passa depressa. Lotus está prosperando financeiramente e está provando ser um dos hotéis mais procurados da cidade. Exclusividade é a chave, essa noção que está se revelando. Mas eu não posso pensar em Chicago, sem pensar sobre o meu pai. Eu não falo com ele desde que Elizabeth me contou sobre a sua prisão. Honestamente, eu ainda não mergulhei em seu envolvimento com Richard, o pai de Bennett, ou mesmo o pai de Elizabeth, por medo do que poderia agitar-se dentro de mim. Elizabeth me consideraria um hipócrita, e ela estaria certa, e é por isso que eu não toquei no assunto com ela ainda. Então, só por isso, eu chamo Elizabeth ao meu escritório, e ela leva apenas alguns minutos para aparecer na porta. — O que é tão urgente? — pergunta ela com uma pitada de agitação que é resultado da nossa discussão anterior. — Entre.
Ela entra, encontra um assento na frente da minha mesa. Levanto-me da minha cadeira e caminho ao redor para tomar o assento ao lado dela. — Primeiro, eu não me desculparei por antes, exceto por uma coisa: eu te acusei de ter medo de enfrentar seus medos quando eu venho fazendo a mesma coisa. — O que você quer dizer? — Eu tenho evitado o meu pai, por medo. — eu admito para ela. — Mas vou colocar isso de lado, esperando que você faça o mesmo por mim. Seus olhos amolecem. — Então, você pode me ajudar? — eu pergunto e ela balança a cabeça, dizendo: — Tudo bem. — Na noite em que a encontrei, você me disse que Richard e meu pai estavam trabalhando juntos, usando a empresa de Bennett como uma cobertura para o tráfico de armas. — Isso que Richard me disse. — diz ela. — Você também disse que foi Richard que matou a minha mãe. Ela balança a cabeça. Com a minha garganta apertando diante da visão da minha mãe levando um tiro na cabeça, falo em voz tensa: — Eu preciso saber por que isso aconteceu. Ela segura minha mão na dela, tomando tempo antes de dizer qualquer coisa. — Ele me disse que Cal estava desviando dinheiro para uma conta offshore. Richard falou que queria ensinar uma lição para o seu pai, que garantiria a sua lealdade. — Então, meu pai sabia o que Richard ia fazer? Engolindo duro e com os olhos cheios de pena, ela assente. — Ele sabia. Foi por isso que seu pai deixou a cidade. Ele não queria estar lá quando isso acontecesse. Minha respiração vacila em respirações instáveis enquanto raiva, de medidas vulcânicas, explode e instala dentro do meu peito. Cada músculo do meu corpo endurece por causa da tensão, e eu solto a mão da Elizabeth com medo de rachar seus ossos delicados. Eu saio da minha cadeira e a derrubo. — Aquele desgraçado passou todos os dias, desde a morte dela, me culpando. — falo. As lâminas de cada palavra cortam a minha língua, me enchendo com o sangue de ódio pútrido. — Ele me fez acreditar que a culpa foi minha!
— Não importa como aconteceu, Declan, não teria sido sua culpa. Vou até a borda da janela, aperto as mãos no peitoril e solto a cabeça quando me debruço. É um campo de batalha de emoções, para a qual não há vencedor. Indignação e fúria lutam ao lado de tristeza e saudade. Eu tenho lamentado a minha mãe de um jeito que nenhum homem deveria, exceto eu. Eu permiti que a dor habitasse no meu coração, amargando-o e dando-lhe o poder de me transformar no homem que eu sou hoje. Um homem que não pode abandonar um grama de controle sem ser consumido por medo inquietante. Só Deus sabe o que eu seria se não fosse por este evento. Eu estremeço quando eu sinto a mão de Elizabeth nas minhas costas. Quando me viro para olhar para ela, suas bochechas estão inundadas de lágrimas, e eu as limpo com meus polegares, perguntando: — Por que você está chorando? — Porque ...dói vê-lo sofrer. — Porém, eu preciso que você veja. — minha voz pausada. Ela, então, põe suas mãos no meu rosto, me puxa para ela, e me beija. Ela engole minha respiração irregular, empurrando seu corpo contra o meu, e eu imediatamente fico duro. É uma tempestade de emoções que implora para ser liberada. Com um grunhido, eu a levanto, e ela engasga quando eu a coloco no sofá. Ela observa atentamente, tremendo enquanto eu desato o cinto. — Não faça isso. — Não me diga que não, Elizabeth. — comando. Ela se sobressalta, cambaleando para fora do sofá em pânico. — Eu não posso. Há medo em seus olhos no momento que ela se afasta de mim, indo em direção à porta, como se eu fosse o monstro dos seus pesadelos. — Mentira! Você pode, simplesmente não quer. Ela continua a recuar, recusando-se a conectar comigo e é uma, porra de facada no meu coração! Caralho, eu a amo, mas ela construiu este muro em torno de si para me manter afastado. Isso me irrita pra cacete, e eu explodo em um rugido ensurdecedor quando a vejo sair da sala, me rejeitando. — Apenas me dê um pedaço de você, porra! — minha voz mordaz, reverberando pelas paredes.
Capítulo Cinco (ELIZABETH)
S
eus gritos violentos ecoam pela
casa enquanto eu desço as escadas para o quarto, com medo de que ele leve o que eu tenho pavor de dar. Não que eu não queira ser próxima dele, mas são as ramificações que eu não estou preparada. Fecho a porta, e tento me acalmar. — O que você está fazendo? Eu olho para cima, aliviada por ter Pike aqui comigo agora. — Onde você esteve? — eu digo sem fôlego conforme corro para os seus braços. — Eu senti sua falta. Nunca há qualquer temperatura no seu toque, mas há pressão, e isso é o suficiente para acalmar. — Só porque você não pode me ver não significa que eu não estou sempre aqui. — Não vá. — peço-lhe. — Fique comigo, só por um tempo. Ele afaga meu cabelo, embalando-me e eu aconchego meu rosto contra seu peito. Com uma respiração profunda, eu inalo seu cheiro através das fibras da sua camisa. — Estou preocupado com você. Uma carência esmagadora me consome, e eu finalmente deixo as lágrimas caírem, aquelas que tenho segurado por dias. — Eu sinto muito a sua falta, Pike. — eu choro. — E só piora com o passar do tempo. — É por isso que você não está tomando seus remédios? — Eu nunca vou dizer adeus a você, Pike. Nem sequer pense em pedir, porque nunca vai acontecer. Vou mantê-lo para sempre. — Eu quero que você melhore. — Você me faz melhor. Você sempre fez.
Caminhamos até a cama e deitamos. Eu descanso minha cabeça no centro de seu peito enquanto deitamos juntos, e mesmo que eu esteja nos braços de um homem morto, eu me sinto em casa. Pela primeira vez desde que Declan me encontrou com Richard, sinto-me em paz, nos braços do meu irmão. Ele continua a me segurar enquanto o tempo passa e o sol se põe, escurecendo o ambiente. — Posso te perguntar uma coisa? — Claro. — Por que você está se fechando para o Declan depois de tudo que você passou para estar com ele? — Você sabe por quê. — digo a ele. — Você me conhece melhor do que ninguém. — Por que você está deixando seu medo vencer? — Eu não estou. Estou apenas me protegendo do jeito que você me ensinou. — Eu te ensinei a se proteger das pessoas que te machucam. Declan não está tentando feri-la, mas, definitivamente, você está machucando-o. Sentando, eu olho para Pike e analiso cada traço, incapaz de desviar o olhar. — O que é? O que você quer dizer? — ele questiona, lendo meu rosto e sabendo que estou escondendo alguma coisa. — Você vai achar que sou louca. Ele sorri, e é tão perfeito com a lua lançando seu brilho sobre ele. — Eu já acho que você é louca, Elizabeth. Mas eu sou louco também. Então, me diga o que você está pensando. Minha mente flutua de volta à nossa vida juntos. Ele estava sempre lá para mim de uma forma que ninguém mais estava, dando-me o que eu precisava para escapar e acalmar. — Basta dizer. — Leve minha dor embora — eu peço hesitante. Ele se senta, olhando para mim como se eu tivesse perdido a cabeça ao pedir-lhe para fazer sexo. Talvez eu tenha, mas eu sei o que eu preciso, e é dele. Ele tem o poder de impedir o mundo de ficar muito fora de controle. Mesmo que seja apenas por um momento, eu anseio o adiamento.
— Por favor, Pike. — minha voz, cheia de tanta dor e tristeza invoca, conforme lágrimas pingam do meu queixo. — Eu não sou real. — Para mim você é. — Elizabeth. — ele diz com cautela e, em seguida, repete: — Eu não sou real. — Mas eu sinto você. — digo-lhe, pegando sua mão na minha. — Eu posso sentir você. — Não é real. — É! Ele me envolve em seus braços, e eu me agarro a ele, desesperada por ele. — Eu não sou louca. Eu sinto isso; eu sinto seus braços me segurando. Diga-me que você sente isso também. — Elizabeth, não. Nós não podemos. — Por que não? Pike pega meus braços em suas mãos e se afasta para olhar para mim. — Por causa do Declan. — Mas ele não pode me dar o que você pode. — Ele pode dar-lhe algo melhor. — Contudo, é demais. — Confie nele para conhecer os seus limites. E confie em mim quando digo que ele te ama. Ele vai cuidar melhor de você do que eu, do que eu jamais poderia. — Você cuidou perfeitamente de mim. Ele toma o meu rosto, me beijando suavemente, e o animal egoísta em mim se move para envolver meus braços em torno dele tão apertado quanto puder, para mantê-lo perto, mas meus braços passam através dele. Meus olhos se abrem e eu estou sozinha. Ele foi embora com uma mudança fraca no ar, sussurrando: — Eu nunca estou muito longe de você. — Pike! — eu grito, mas não adianta. Seu perfume evapora lentamente enquanto o do Declan assume, substituindo o conforto do meu passado. Estou dividida entre esta energia polar que me puxa de um lado
para o outro: um cabo de guerra. Pike é a escolha fácil, a escolha segura, porque com ele não há dor, nem medo. Declan é uma história completamente diferente. Ele é um enigma multifacetado com camadas, criando uma profundidade ilimitada. Se mergulho nele, é possível que eu, simplesmente, caia para sempre. Mas se as suas palavras são verdadeiras, ele vai me pegar. É um desconhecido, que é tão inquietante quanto assustador. Com cada rajada de vento do lado de fora, eu lanço meu olhar ao redor do quarto, esperando Pike voltar, mas ele não volta. Incapaz de ficar parada, saio da cama e me encaminho para o lavabo para um copo de água. Depois de baixar o copo, eu o coloco com um tinido ao lado do frasco de remédios. Meu antidepressivo, meu assassino de Pike. Pego um único comprimido, fecho a tampa de volta antes de caminhar para o vaso sanitário e o jogo na água com um pequeno plop. Eu o assisto desaparecer depois que eu dou a descarga e me sinto apaziguada em saber que, com esta fraude, eu dei mais um dia de “vida” para o meu irmão. Voltando para o quarto, eu percebo a porta abrindo e a sombra do Declan quando ele dá um passo para dentro e para. O quarto, revestido em preto, é clemente no rosto do meu amor, lançando um tom azul escuro em suas características. Nenhuma palavra é dita enquanto ambos ficamos parados e nos encaramos, conforme um furacão de palavras gira entre nós. Minha conversa anterior com Pike grita mais alto que tudo. E a possibilidade de ele estar certo sobre Declan, rasga o tecido cicatrizado do meu coração, me enchendo de tristeza pela maneira que eu o tratei. Ele merece amor, compaixão e obediência, todas as coisas que eu estou com medo de entregar. As linhas do seu rosto estão duras e quando eu vejo sua mandíbula contraindo, ele começa a caminhar na minha direção com passos estáveis. Meu corpo fica tenso com o fervor que ele exala. Em movimentos bruscos, ele agarra meu rosto e me beija com controle frio, roubando minha respiração e marcando a minha língua com a sua. Eu suspiro. É desejo. É tristeza. É medo. Medo muito intenso. — Eu não vou permitir que você tenha medo de mim. — ele exige ao se afastar.
Ambos respiramos forte, meu corpo treme enquanto olho nos seus olhos dilatados e lascivos. — Eu deixei você construir essa barreira entre nós, porque pensei que você estivesse muito frágil para que eu a proibisse, mas eu a proíbo agora. Sua boca se choca contra a minha antes que eu possa dizer qualquer coisa e ele pega a minha hesitação, engolindo-a em sua alma, soprando uma nova vida dentro de mim. Mas ele deixa um pouco para trás para prolongar. Ele a deixa para eu dar de bom grado. Liberando-me dos seus braços, ele recua e se senta em uma das cadeiras. No comando completo, ele instrui. — Tire suas roupas. O peso do meu coração arde dolorosamente no meu peito e no momento em que eu deixo meus olhos caírem, ele toma conhecimento. — Olhe para mim. Com relutância, eu olho. — Mantenha seus olhos em mim. Cada terminação nervosa está disparando dentro de mim à medida que desabotoo minha camisa e o solto no chão. Então, me movo para tirar a minha calça e vejo como Declan range os dentes. Meu estômago se revira de ansiedade, sem saber o que está por vir, mas eu fico aqui e tento com tudo o que posso acreditar em Pike, quando ele diz que Declan não vai me machucar. — Tudo. — ele pressiona ao se sentar na obscuridade da noite, protegendo-se na sua obsidiana. O ar frio causa arrepios ao longo da minha pele conforme eu desprendo o sutiã e abaixo a calcinha até os tornozelos, expondo o verniz maculado da minha aberração. As contusões se desvaneceram, as lacerações são crostas quase curadas, mas nós dois sabemos o lixo que eu sou. Eu lhe contei o meu passado com todos os detalhes; ele sabe a minha vida no armário e no porão, e ainda assim ele fica duro para mim enquanto se senta e analisa. Ele é bom demais para ser um monstro como eu, bom demais para ficar excitado pelo grotesco. — Na cama. — ele ordena. — Deite-se de bruços. — Não! — eu deixo escapar a humilhação que ainda permanece da última vez que ele me pegou por trás. Embora a minha voz nunca tenha gritado não, cada parte da minha
vitalidade o fez enquanto ele me rasgava e violava além das fronteiras, que eu nunca pensei que tinha. — Na cama! — ele grita. Viro-me e atravesso a sala enquanto meus olhos ardem. Engolindo em seco, decido afastar a vulnerabilidade. Minhas costas endurecem enquanto prendo meu coração em autopreservação. Eu posso fazer isso. Quando eu sento na beira da cama, ele se levanta, seu pau empurrando contra o tecido da sua calça. Ele caminha até mim, tomando meus joelhos em suas mãos e me abrindo para ficar entre as minhas pernas. — Você confia em mim? — Sim. — eu sou rápida para responder, e ele balança a cabeça imediatamente. — Eu vou puni-la por ter mentido, você sabe que eu vou. — ele ameaça. — Vamos tentar isso novamente. Você confia em mim? Com o meu pescoço esticado para trás, para olhar nos olhos dele, dou-lhe a honestidade que ele merece. — Não. Declan desliza os dedos pelo meu cabelo, fechando o punho em um emaranhado e eu estremeço quando ele puxa através da crosta que está quase curada. A crosta que ele me deu quando arrancou meu cabelo. A crosta que eu mantive viva por ficar mexendo, quando eu pensava que nunca mais o teria novamente. Ele mantém suas fortes mãos na minha cabeça, prometendo: — Eu vou mudar isso. Agora mesmo. Esta noite. Eu não vou permitir que você adormeça até que eu tenha terminado. Suas palavras me estrangulam. Entro em pânico. — Tire meu cinto. Eu hesito. — Agora! Meus dedos escorregam enquanto rapidamente desprendo o cinto e puxo o couro pendurado dos passadores da sua calça. Em seguida, ele estende a palma da mão aberta para mim e eu entrego a ele.
— Você está com medo de mim? — Sim. — eu respondo, sem máscara. Com uma mão segurando o cinto e a outra segurando meu cabelo, ele dá a sua próxima ordem. — Tire minha calça e chupe o meu pau. Eu desabotoo, abaixo o zíper e puxo sua calça para baixo. Ele está furiosamente duro, e quando eu o deslizo em minha boca, ele libera um gemido gutural na quietude da sala. Meu coração acelera enquanto eu o chupo profundamente. Minhas mãos seguram ao redor das suas coxas conforme corro meus lábios para cima e para baixo na pele suave do seu pênis. — Poooorra. — ele geme, e quando eu olho para cima, sua cabeça está inclinada para trás. Sua mão aperta em volta do meu cabelo, puxando-o ainda mais, rasgando a crosta quando ele empurra seus quadris, de repente, forçando-se na parte de trás da minha garganta. Eu engasgo um pouco, e reajo com uma engolida, a abertura da minha garganta aperta a cabeça do seu pau quando faço isso. — Jesus Cristo. — suas palavras agarram através do grão de êxtase enquanto ele puxa para fora de mim. Em flashes de segundos, ele joga sua camisa através da sala e arranca suas calças. Estamos inteiramente nus. Ele se ajoelha, dobrando bem as minhas pernas sobre seus ombros e me abre com as mãos. O som dele inalando profundamente toma conta de mim e torna-se muito. Eu fecho os meus olhos, porque a visão por si só é suficiente para me rasgar em pedaços. Por que ele faz isso comigo? Suave, o calor úmido desliza pelo meu centro. É uma única lambida através das minhas dobras que deixa meu pulso fora de compasso e eu me retraio. — Não! — ele grita, e quando eu abro os olhos e olho para ele, ele continua: — Não lute. Não me afaste. — e com nossos olhos conectados, ele se move e fecha a boca em volta do meu clitóris, me sugando suavemente. Minha respiração pesada é alta, cambaleando em êxtase enquanto torço os lençóis em minhas mãos. Ele continua a me encarar enquanto sua língua lambe e massageia, estimulando o meu corpo a se esfregar nele. Ele é suave e deliberado, e em seguida, em uma contradição absoluta, ele raspa seus dentes e morde o meu clitóris, um grito de euforia irrompe de dentro das minhas
entranhas, à medida que a dor rasga minha boceta e minha espinha. Eu caio de costas na cama, meu corpo agora se contorcendo quando os lábios substituem os dentes. Preto e branco enchem meus olhos com cinza. Eu quero gritar para ele parar e, ao mesmo tempo lhe implorar para que ele faça novamente. Eu estou ofegante quando ele enfia sua língua dentro de mim, os espinhos da sua barba entram em atrito com a minha pele macia. Estou destruída, flutuando no ar, incapaz de escapar. Ouço um choramingar e eu sei que tem que estar vindo de mim, mas não é de tristeza que o meu coração sente. Abaixo a mão, carente de algum tipo de âncora e desajeitadamente ele fecha uma mão na minha, segurando-a com força. Seus lábios estão agora nos meus, enquanto seu corpo paira sobre mim e ele mergulha sua língua na minha boca. Eu deslizo minha língua nele, provando a mim mesma, provando-o. É um coquetel potente. — Vire de bruços. — ele me diz, e quando meus olhos se arregalam, ele assegura: — Eu não vou transar com você assim, não esta noite. Eu vacilo por um momento, quando ele me suplica. — Confie em mim o suficiente para ficar impotente. Eu quero você frágil e dependendo de mim, para saber que vou mantê-la segura. Dê-me esse poder de volta. Eu queria Pike naquele momento. Foi uma breve necessidade que correu por mim. Pike sempre foi a escolha segura; Declan veio com tantas incertezas. Eu temia me expor muito para ele, assim como temia distanciar-me muito dele. Eu me perguntava se eu continuasse afastando-o se ele acabaria por me deixar. Eu não podia suportar esse pensamento. Eu o tinha perdido uma vez antes e foi a pior dor da minha vida. Seja qual fosse a direção que eu optasse com Declan, uma coisa era inevitável: medo. Falaram-me no passado para nunca tomar decisões por medo, mas eu estava em uma barricada. Vire à esquerda, medo. Vire à direita, medo. Eu preferia ficar assustada com Declan do que sem ele. A escolha era clara. Pike desapareceu daquele quarto enquanto permiti que Declan preenchesse cada espaço vazio. Virando-me de bruços, eu descanso minha bochecha na cama e tomo a decisão de deixar todos os meus medos virem à tona. Ele toma meus braços e cruza o cinto em volta dos meus pulsos, em seguida me vira para trazer as duas tiras em volta da minha cintura, apertando mais ainda o laço quando passa o cinto em volta do meu estômago. Presa sem nenhuma fuga. Sou completamente dele – totalmente. — Você está com medo? — pergunta ele, abrindo as minhas coxas.
— Sim. — Bom. — ele diz friamente. — Eu quero seus olhos em mim. Eu quero você me observando enquanto eu fodo com todos os seus medos. Antes que eu possa digerir suas palavras, ele bate em mim com força intensa, balançando meu corpo para trás e chutando o ar direto para fora dos meus pulmões. Não tenho nada para agarrar enquanto ele recua e investe dentro de mim novamente. Seguro os lençóis embaixo de mim, seguro firmemente enquanto ele começa a bombear o seu pau escaldante para dentro e fora de mim. Eu me movo para colocar minhas pernas ao redor dos seus quadris, mas ele me impede, agarrando meus joelhos e empurrando-os bem abertos e para baixo no colchão. Seus olhos estão em chamas, pretos e derretidos. — Você sente isso? — ele resmunga. — Você me sente dentro de você? — Sim. Ele então agarra meus ombros com as mãos e enterra seu pênis tão fundo em mim que eu choramingo com o prazer final. Ele mantém um aperto firme em mim, sem ceder conforme empurra tão profundamente quanto pode. É uma dor lancinante na carne macia da minha boceta, mas muito intoxicante. — Diga-me que sente isso — sua voz soa tensa. Concordo com a cabeça, incapaz de recuperar fôlego suficiente para falar. Seu pênis começa a pulsar dentro de mim enquanto ele se pausa, a pressão se tornando demais para eu conter. Ele continua empurrando, cada vez mais fundo até que eu não aguento mais e explodo em um soluço sem fôlego. Não é de dor, porém, é outra coisa. Uma necessidade irresistível de tocá-lo, agarrá-lo e puxá-lo ainda mais profundamente. É um desejo imprudente para ele me penetrar inteiramente, rasgar, me abrir completamente. Ele, por inteiro dentro de mim. Meus braços doem para ser liberada, mas ele me prende. Eu começo a gritar, com lágrimas brotando dos meus olhos, precisando de mais. Mais. Mais. Quando eu acho que a pressão não pode ir mais longe, ela vai, intensificando, cegando a minha visão. Meu peito carrega uma tonelada de emoção e eu grito, implorando por mais.
— É isso aí, querida. Chore. — ele incentiva. — Eu quero você chorando por mim. E eu estou. Cada lágrima é dele, enquanto soluço por mais. Ele me queria frágil, e aqui estou, alegremente fraca e desesperada. Eu estou me debatendo e lutando com a restrição do cinto, mas isso só faz meus músculos queimarem ainda mais. Meu corpo inteiro é um fogo ardente, incinerando todas as minhas dúvidas do seu amor por mim. — Eu não vou soltá-la! — ele grita sobre os meus gritos. — Então pare de lutar. E quando eu finalmente paro de puxar contra o seu cinto e me acalmo, ele se inclina e lambe as lágrimas que cobrem as minhas bochechas. — Você parou de lutar contra mim? Concordo com a cabeça, incapaz de impedir as loucas emoções que transbordam de mim. — Diga. — Eu não vou lutar com você novamente. — minha voz rouca e rachada. Ele lentamente libera a pressão, deslizando o pênis para fora de mim, meus músculos doloridos conforme começo a perdê-lo, mas ele retorna com outro impulso forte, afirmando: — Eu te possuo. Suas palavras proporcionam consolo enquanto ele me fode em cursos longos, duros. Minha visão clareia e seu rosto volta a entrar em foco. Seu corpo está coberto de suor, cada cume, de cada músculo flexiona e contrai como se ele retomasse o controle que eu estive tentando roubar dele. Contudo, isso pertence a ele, então eu dou livremente. Eu o observo mover acima de mim, e ele pega meus quadris quando se ajoelha e puxa minha bunda para fora da cama. Os músculos tensos dos seus ombros e braços destacam com o calor excessivo, enquanto ele toma minha boceta. Todo o meu corpo começa a ascender, formigando, reluzindo, incendiando. — Peça-me. — ele fala de repente, levando a mão às minhas costas para segurar a minha, como ele sempre faz quando eu gozo. Eu fico tensa imediatamente, apertando o meu centro, e ele rosna conforme eu contraio em torno do seu eixo, lutando contra o meu orgasmo. — Deixe-me ouvi-la implorar.
E eu peço, imploro para ele me foder com força, fazer-me gozar e ele faz. Eu estilhaço, explodindo ao redor do seu pau em contrações pulsantes de paixão, amor e confiança enquanto ele aperta a minha mão que continua presa nas minhas costas, me lembrando que ele está aqui para mim, que não estou sozinha na dor que compartilhamos entre nós. E logo que atinjo o meu ápice final, fios vivos despertam as minhas veias, fazendo todo o meu corpo cativo. Ele tira e dispara sua porra toda sobre a minha barriga e seios. Sua mão continua a bombear seu pênis enquanto ele esvazia-se em cima de mim. Lágrimas pintam meu rosto em uma obra de arte que incorpora um amor tão poderoso, que só pode ser nosso. É feio e belo e doloroso, mas é nosso. Nós somos monstros e amantes, animais e assassinos, mas nada pode apagar o que temos quando estamos juntos. Ele estende sua mão e esfrega seu sêmen na minha pele por todo o meu estômago, seios e pescoço antes de soltar a fivela do cinto, libertando meus braços. Eu os atiro imediatamente em torno do seu pescoço. — Sinto muito. — eu choro, lágrimas caindo do meu rosto e rolando para baixo nas suas costas. — Eu sinto muito. — Shhh, querida. — ele consola, sussurrando no meu ouvido enquanto me abraça com força. — Eu tenho você. Você está segura. Ele me partiu bem no meio e eu choro por um longo tempo até que a ferida lentamente se remende. Ele me segura o tempo todo, paciente, sussurrando para mim, acalmando-me. Eu deito em seus braços, coberta por seu cheiro selvagem, e quando ele puxa os lençóis sobre os nossos corpos nus, eu tomo seu rosto em minhas mãos, dizendo-lhe com absoluta certeza: — Eu te amo. — meu coração chora quando digo as palavras e lágrimas fogem, mas eu digo isso de novo porque não quero nenhuma dúvida: — Eu te amo. Ele me beija, e é terno. Lábios pincelando lábios, chupando e lambendo. Ele não está tomando; é doação pura. — Eu não quero que você fique nem mesmo um dia sem saber o quanto eu te adoro. — ele me diz. — Você consome a minha vida. Com as pernas entrelaçadas, corações sangrando e almas acorrentadas, nos agarramos durante toda a noite, desesperados pela simbiose incomparável.
Capítulo Seis
C
arma é muitas vezes lento para
responder, e devido à sua íntima relação com o destino, muitas vezes espera até uma futura encarnação. Eu não vou ter que esperar tanto tempo – já passou tempo suficiente. O destino tornou-se a minha divindade hoje quando recebi um telefonema de um velho amigo que não ouvia falar há algum tempo. Parece que há um cara que precisa colocar as mãos na lista de passageiros de um voo de uma companhia aérea - a mesma companhia aérea que eu tenho trabalhado durante a última década. Não é a primeira vez que sou abordado para fazer algo que implicaria virar as costas para o juramento de honestidade que este trabalho requer. Mas esta é a primeira vez que eu quero virar as costas e eu virei. Bastou um nome. Steve Archer. Ouvi esse nome, pela primeira vez, dezesseis anos atrás, quando meu irmão foi preso por contrabando de armas internacional. Busquei me vingar desse homem depois que eu descobri que ele entregou o meu irmão, mas já era tarde demais, ele já estava morto. Ou assim eu pensava. Eu desliguei o telefone e imediatamente puxei a lista de passageiros do voo em questão. Uma vez que eu trabalho para o departamento de TI da companhia aérea, recuperar o documento levou poucos minutos. Porém, Steve Archer não estava na lista. Mas tudo bem, porque eu tenho o nome do homem que está procurando por ele. Lachlan Stroud, ele servirá como meu mapa, levando-me atrasado pelo longo caminho da retaliação.
Capítulo Sete
A
cordar esta manhã é surreal. É
sobre o que eu costumava fantasiar em Chicago quando Declan me contou sobre esta propriedade. E embora eu esteja hospedada aqui com ele há algumas semanas agora, esta é a
primeira
vez
que
realmente
me
sinto
ligada
a
ele. Ele
demonstrou
seus
sentimentos; deixou bem claro que ele não vai embora. Eu tinha as minhas dúvidas, mas depois de falar com Pike na noite passada e Declan me obrigar a voltar a me conectar e confiar nele, algo mudou entre nós. Estou confortável em seus braços enquanto vejo o sol banhar as paredes. Tudo ao meu redor brilha com o calor. Meu corpo afunda nos braços do meu príncipe enquanto acordamos no nosso castelo. Tento controlar minha exaltação, porque este mundo está cheio de incógnitas que se escondem atrás dos cantos de ruas sinuosas da vida. Mas, por agora, eu estou em paz. Eu observo Declan conforme ele dorme, e, pela primeira vez, eu vejo de perto o estresse que eu infligi. Está nos cabelos brancos extras que não estavam lá em Chicago. Na barba que está um pouco crescida. Nas linhas se aprofundando nos cantos dos olhos. Eu vou e corro a minha mão ao longo da sua mandíbula, através do cabelo eriçado da sua barba. Ela arranha a palma da minha mão, e eu sorrio. Ele começa a despertar, mas eu não paro de tocar, sentir, estudar. Cada toque, olfato, visão, eu cimento na minha memória. Entalho tudo sobre ele na carne delicada do meu coração. Dedos fortes penteiam o meu cabelo quando ele acorda, abrindo os olhos brilhantes verde-esmeralda. — Bom dia, querida. — sua voz está grossa por causa da sonolência. — Mmm. — eu cantarolo baixinho, aninhando a cabeça no seu peito, e afundo mais no seu abraço, e ele aperta os braços em volta de mim. Seu corpo é tão quente contra o meu, e eu me pergunto porque estava com tanto medo. Como eu permiti que a minha mente me fizesse acreditar que era dele que eu tinha
que ter receio? Tantas perguntas vêm à tona, e eu quero me punir por duvidar tanto dele, por ignorá-lo, por não confiar no seu amor. — Diga-me como você se sente. — ele pede, e sem qualquer hesitação, eu respondo. — Segura. Ele rola para cima de mim, se apoiando nas mãos. Eu empurro uma mecha de cabelo para trás, que está caída sobre os seus olhos e mantenho a minha mão fixa em seus cachos grossos. — Isso é tudo que eu queria, sabe? Você, aqui comigo -segura. — Eu estou aqui. — eu sussurro suavemente. Ele dá beijos carinhosos ao longo do meu ombro, em toda a minha clavícula, e sobre a curva dos meus seios. Sinto seu pau endurecer na minha coxa debaixo dos lençóis, e eu abro as minhas pernas para ele se mover contra mim. Seus lábios se movem para baixo no comprimento do meu corpo, e seus beijos suaves intensificam quando ele afunda seus dentes na minha carne. Ele morde, faminto e ganancioso, e eu grito com a dor, mas eu não quero que ele pare. O sangue escorre ao longo do meu estômago e pernas, enquanto ele continua a me morder entre seus beijos suaves. É assim que os selvagens amam. Com seu cheiro da noite passada ainda seco no meu corpo, ele agora me marca de uma forma diferente. Minhas pernas abrem mais quando ele enterra a cabeça entre as minhas coxas. Ele é um animal selvagem, fodendo minha boceta com a boca. Ele deixa as minhas mãos livres para puxar e arrancar seu cabelo enquanto eu mio alto em delírio sexual. O tempo já não existe neste quarto à medida que ele me devora impotente. Ele não para depois que meu corpo explode; ele continua, enviando-me em uma queda livre. Cada osso do meu corpo dói, ambas as mãos segurando as minhas através de cada orgasmo que vibra pelo meu corpo. Fica excessivo, mas eu não nego o seu apetite. Eu o permito me levar mais alto enquanto meu peito se agarra ao amor sobrecarregado de angústia. É só quando eu perco o fôlego e começa a faltar o ar que ele para. Ele se move em cima de mim, mas não consigo distinguir o seu rosto. Tudo está afogado por trás pontos nebulosos de luz, no momento em que me esforço para encher meus pulmões com a sua fonte de vida.
Meu corpo encontra-se flácido sobre os lençóis que estão embebidos com a nossa excitação, suor e sangue. Não há dúvida de que Declan é o mais cru possível, mas é isso que eu amo sobre ele. Este amor é descaradamente púrpuro. Ele está inteiro em mim. Eu estou inteira nele. Não há dúvida de que nós pertencemos um ao outro.
Meu corpo está dolorido quando desço as escadas com Declan. Estamos de banho tomado e vestidos e com extrema necessidade de comida. Entrando na cozinha, Lachlan diz adeus a quem ele está falando no seu celular. — Tarde. — ele cumprimenta quando entramos. Declan começa a tirar comida da geladeira, e eu olho para a xícara de café do Lachlan e para a cafeteira francesa sobre a mesa, e pergunto: — A chaleira ainda está quente? — Sim. Eu pego uma xícara no armário e começo a preparar uma xícara de chá quente. — Tomate assado e torradas? — Parece bom. — eu respondo a Declan enquanto coloco meu chá na mesa para me juntar ao Lachlan. É bom tê-lo por perto. Quando Declan está em cima, no seu escritório trabalhando, Lachlan, muitas vezes, me leva para caminhar lá fora. É um alívio que o seu tratamento comigo nunca mudou depois do que viu na noite em que ele e Declan me encontraram. Suas brincadeiras são bem-vindas para aliviar o estresse recente. — Você está com fome? Ele toma um gole de café antes de responder. — Eu já comi uma tigela de mingau de aveia. Tento esconder meu riso, mas ele me pega, me dando um olhar questionador. — Você come isso todas as manhãs. — É bom. — É comida de velho.
Ele tira os óculos, abaixa o jornal que está lendo, e fala: — Diz a velha senhora que está prestes a comer torradas como refeição. — Touché. — eu admito com um sorriso, e rapidamente mudo o rumo da conversa, perguntando ansiosamente: — Você encontrou alguma pista sobre o meu pai? — Eu fiz chamadas para todos os contatos que tenho e que têm links com as companhias aéreas. Estou esperando-os dar algum retorno. — Bem, quanto tempo nós simplesmente sentamos e esperamos? — Eu sei que você está ansiosa. — ele me diz. — Mas faz apenas um dia. Eu prometo a você que estou fazendo tudo que posso, amor. — Lachlan. — Declan chama quando ele fecha a porta do forno, tendo a atenção de Lachlan. — O que você decidiu sobre Londres? — Um hotel seria melhor. — Um hotel? — pergunto. — Um hotel para quê? Declan pega um assento ao meu lado na mesa. — Lachlan vai conosco para Londres. — Por quê? — Para proteção. — Eu não preciso de uma babá, Declan. — Mesmo? Estreitando os olhos, irritada, eu respondo: — Richard está morto. Você está preocupado com o quê? — Quando se trata de você... tudo. Eu olho para Lachlan e digo-lhe: — Sem ofensa, mas eu não preciso de você vigiando sobre o meu ombro. — Eu concordo com Declan em um ponto. — Nós moraremos em um dos edifícios mais seguros do mundo. — eu argumento. — O que poderia acontecer? — E a Jacqueline? — Jacqueline? A esposa de Richard? — eu praticamente rio. — Ela não é nada. Ela é uma socialite. Uma dona de casa. Uma prostituta. Uma...
— Uma viúva. — Declan interrompe severamente. — Ela sabe que mataram seu marido. — Ela não tem isso nela. Ela é muito fraca. — Eu não seria tão rápida em subestimar. Ela perdeu tudo, e agora seu bebê não tem pai. — Richard não era o pai do seu bebê. — eu revelo. — É filho de Bennett. As sobrancelhas de Declan franzem com o assunto, e eu explico: — Ela engravidou enquanto eu estava casada com ele. Eu não soube até depois que ele morreu. Essa bomba foi jogada em cima de mim quando fui assistir a leitura do testamento. Bennett deixou os negócios ativos para ele. Ele olha rapidamente para Lachlan, dizendo: — Você poderia nos dar um minuto? — Claro. Uma vez que Lachlan sai da sala, Declan continua: — Você pegou o dinheiro dele? Sua voz acusadora tem um pouco de julgamento, o que provocou um formigamento de rebelião de mim. — Sim. — eu rebato. — Peguei. — Quanto? — Não tanto quanto o seu filho bastardo tem, mas o suficiente. Seus dentes moem antes que pressione ainda mais, enfatizando suas palavras: — Quanto, Elizabeth? Minhas mãos ficam tensas quando eu penso sobre o número, mas eu digo-lhe a verdade. — Um ponto dois. Declan libera um suspiro de alívio, e é então que percebo que ele está assumindo menos zeros, então eu esclareço, acrescentando: — Bilhões. — Bilhões? — ele deixa escapar. — Sim, Declan. Um ponto dois bilhões. Certamente você sabia quão rico ele era. Isso não devia ser uma surpresa. A única coisa surpreendente foi o tanto que fiquei com pouco. Minhas palavras são mal-humoradas e me frustra ver a sua indignação. — O quê? — eu questiono com irritação. — Pare de me olhar assim. Se você quiser dizer algo, basta falar.
— Você não pode pegar esse dinheiro. — Por que não? Você tem alguma ideia do inferno que passei para tê-lo? — Mas por quê? Para quê, realmente? Porque a menos que você tenha deixado de fora algum detalhe importante, Bennett era, em todos os aspectos, um homem inocente. — Inocente? — eu grito quando o calor sobe no meu pescoço. — Sua mentira levou meu pai de mim! Sua mentira me colocou naquele lar adotivo! Sua mentira me tirou da vida que eu merecia! — Ele era uma criança, pelo amor de Deus! — Se você quer racionalizar isso, faça com outra pessoa. — Eu vi a maneira como ele olhava para você, Elizabeth. — Pare. — minha voz é fria e dura e descaradamente exigente. — Ele te amou. — Pare. — eu balanço a minha cabeça, bloqueando suas palavras e refuto: — Ele amava uma ilusão. Ele amava a Nina, a mulher que se moldou para ser tudo o que ele sempre quis em uma mulher. Foi um golpe, por isso não me faça sentir culpada. — Mas a fraude acabou. — Pode ter acabado, mas meus sentimentos sobre ele não mudaram. — Eu vejo isso. — ele finalmente conclui. — Eu entendo a sua necessidade de colocar a culpa por tudo isso, é só que... você está culpando a pessoa errada. — O que isso importa? Ele está morto. Não é como se eu pudesse machucá-lo mais, mesmo se eu quisesse. Seus olhos estão severamente focados em mim quando ele repete: — Você não pode ficar com esse dinheiro. Eu o matei; eu não quero isso em minhas mãos. Você não pode ver isso claramente, mas não significa que eu não veja. Eu balanço a minha cabeça, sem querer perder tudo pelo que meu irmão e eu trabalhamos tão duro para conseguir. — É só dinheiro. Um dinheiro que você não precisa, porque você tem a mim. — Esse não é o ponto. — digo a ele. — E, além disso, como é que você sugere me livrar dessa quantidade de dinheiro sem levantar suspeitas? — E os pais dele?
— Você está brincando comigo? — exclamo. — O pai dele levou o meu pai para fora. Eles trabalharam juntos e ele usou a alegação de Bennett para garantir que meu pai ficaria fora do caminho para que ele pudesse subir na cadeia e ganhar mais dinheiro. O pai de Bennett o odiava! Declan abaixa a cabeça e aperta a ponta do seu nariz. Sei que ele está estressado, tentando digerir todas essas informações que eu estou jogando para ele. São gerações ligadas por uma teia torcida de engano e fraude. Todo mundo é um contato na agenda de outra pessoa. — Se eu encontrasse uma maneira de me livrar do dinheiro, você faria isso? Eu olho para ele enquanto minha mente vai para Pike. Eu penso em tudo o que ele desistiu naqueles poucos anos, enquanto eu trabalhava o esquema com Bennett. Eu penso sobre a sua vida naquele trailer de merda, sobre os dias, semanas e às vezes meses, que tivemos que nos separar. É tanto dinheiro dele quanto meu. Vou realmente apenas atirá-lo longe, como se tudo o que sacrificamos não tivesse valido a pena? — Conte-me a sua hesitação. — Pike. — eu digo sem pensar antes. — Seu irmão? — Ele ganhou esse dinheiro também. Declan estende a mão e toma as minhas, e seus olhos suavizam imediatamente. — Elizabeth, você está tomando decisões baseadas em pessoas que não estão mais vivas. — ele me diz tão delicadamente quanto pode, mas suas palavras ainda doem. — Quando as pessoas morrem, o mundo muda, você querendo ou não. Sua recusa em superar isso não está resolvendo nada, exceto impedindo o futuro. Um futuro que você merece. Mas eu estou dizendo a você agora, eu não posso viver no passado, onde você ainda está. Ele faz um gesto para eu ir até ele, e eu vou. Puxando-me para o seu colo, ele me envolve em um abraço forte, e eu o seguro perto. Eu preciso de conforto, porque eu não tenho certeza se posso mais continuar carregando o peso do meu mundo. — Eu preciso que você se desvincule do passado. Eu não estou pedindo para você fazer tudo de uma vez, mas você está comigo agora. Eu sou o seu futuro. Você pode fazer isso? Pelo menos tentar? Eu solto meus braços e recuo para olhar em seus olhos. — Comece com o dinheiro. — ele me diz.
— Não se segure a isso por mim. Deixe o dinheiro ir. Não vale a pena afastar o Declan. — Ok. — eu concordo com uma pedra de relutância, mas Pike está certo. Eu não posso dar um passo para trás com Declan quando estamos finalmente avançando. Ele sorri, repetindo: — Ok.
Capítulo Oito
—C
onsegui o endereço. — meu
amigo me diz quando eu atendo o meu telefone. Eu seria estúpido se enviasse e-mail, fax, ou entregar essa lista por qualquer outro meio eletrônico. Eu não preciso da minha bunda presa por esta quebra de sigilo com a FAA1. Com um endereço, eu posso subornar algum Joe aleatório para enviar isso de qualquer local. Mas o mais importante, agora tenho um ponto de contato. — Obrigado. Vou pegar durante a noite. Agora, eu preciso começar a fazer algumas chamadas, porque eu preciso de um investigador particular, e rápido.
1
Administração Federal de Aviação: entidade governamental dos Estados Unidos, responsável pelos regulamentos e todos os aspectos da aviação civil nos Estados Unidos.
Capítulo Nove
—E
u vou adicionar você nas
minhas contas para que possa ir às compras. Eu não quero mais que você toque no dinheiro de Bennett. — Declan diz enquanto fecho minha bagagem. — Do que você está falando? Ele olha a minha bolsa, perguntando: — Esses são todos os seus pertences, certo? — Sim. Bem, a maioria deles. Deixei tudo para trás em Chicago. Parecia estranho ficar com eles. Aquelas roupas são todas da Nina, não minhas. — É por isso que você precisa ir às compras. Eu tiro a minha bagagem da cama e coloco-a no chão antes de me sentar no colchão. — Eu disse alguma coisa errada? — ele questiona enquanto caminha até mim. — Não, é só... Ele toma um assento na cama ao meu lado. — Diga-me. — Eu nunca tive dinheiro. — eu começo. — Eu vim da pobreza. Era uma coisa gastar o dinheiro do Bennett, porque eu o odiava e me sentia bem. Mas... eu nunca...— eu tropeço sobre minhas palavras, sem saber como dizer o que estou tentando e, finalmente, concluo: — Eu não vim do seu mundo, Declan. Eu posso fingir. Posso me misturar. Mas no final do dia, eu sou apenas uma garota de rua perdida. E você me pedindo para gastar dinheiro... eu não me sinto bem. — Querida. — Eu nem sequer sei o que comprar. Eu não sei o que eu gosto e não gosto. Eu nunca tive o luxo da escolha porque eu usava todos os restos que os brechós e vendas de garagem podiam proporcionar. Era fácil fazer compras com o dinheiro do Bennett, porque eu simplesmente copiava o que as outras mulheres em seu círculo estavam vestindo. — faço uma pausa por um momento antes de admitir: — Eu conheço bem a Nina, mas não
tenho ideia de quem eu sou, porque passei a minha vida enjaulada e isolada. E quando eu estava com Bennett, eu estava simplesmente fingindo ser o que ele queria. — Você tem opções agora. — diz Declan. — E você tem tempo. Use tudo o que você precisa para se encontrar. Essa é uma coisa que não precisa ter pressa para fazer. Mas eu não quero que você se sinta culpada pelas coisas que eu quero dar-lhe. Você pode não ter começado no meu mundo, mas você está aqui agora. — Uma parte de mim ainda não sente que mereça estar. Eu não duvido quando você diz que me ama, mas parece não merecido. — Não é. Se eu pudesse dar-lhe mais, eu daria. Ninguém deveria ter que enfrentar o pesadelo que você viveu. — ele eleva meu queixo, inclinando-me para ele, quando afirma: — Você não é lixo. — Porém, algumas daquelas escolhas eram minhas. — Como o quê? — Pike. Sua mão cai à medida que ele suspira. — Eu tentei dar sentido ao seu relacionamento, e embora eu odeie saber aquele lado de vocês dois, tudo o que posso concluir é que vocês eram apenas duas crianças que tentaram sobreviver em um mundo que era mais profundo do que o inferno. Mas você está certa, foi uma escolha que você fez. Felizmente as nossas escolhas não nos definem. — em seguida, ele embala o meu rosto com as mãos, dizendo: — E você, querida, você nunca foi uma escolha. Você foi colocada na Terra destinada a ser amada por mim. E com suas palavras, na nossa necessidade contínua de reivindicar um ao outro, ele me joga de volta na cama, me despe, me amarra, e me fode. É cru e primitivo e tudo mais que Declan representa.
Mais tarde naquele dia, depois que todas as nossas malas estão prontas e os meninos prepararam a propriedade para a nossa desocupação, estamos prontos para ir para Londres. Eu me sinto como uma criança a caminho da Disneylândia, e eu coloco em meu rosto um sorriso detestável. Lachlan carrega as malas enquanto eu sento com Declan no banco de trás da sua Mercedes SUV. — Você parece levemente animada. — Declan brinca, dando um aperto de mão suave.
Viro a cabeça para ele. — É assim tão óbvio? — Insanamente óbvio. Você pode muito bem pular em vez de andar. — Pular? Eu não tenho certeza que já aprendi a pular. Mas continue brincando comigo, e eu poderia. — Bem, isso é tudo. — Lachlan anuncia quando entra no banco da frente. — Estamos prontos? Declan olha para mim, e eu dou-lhe um aceno de aprovação. — Estou pronta. Lachlan dirige pela estrada sinuosa que leva aos portões que eu costumava me agarrar e chorar quando pensava que Declan estava morto. Ele entra na rua principal, e conforme nos distanciamos, uma parte minha se sente livre. Mesmo que eu ame Brunswickhill, estou pronta para um pouco de distância. Tanta coisa aconteceu nas últimas duas semanas, tantas baixas, tanta raiva misturada com elevações beatíficas de amor e confiança recém-nascida. É uma montanha-russa e eu estou pronta para sair, porque estou almejando a estabilidade de andar com Declan sobre uma superfície sólida. Declan nunca deixa a minha mão. É um gesto simples que me tranquiliza, estou segura com ele durante toda a viagem. — Leve-a sobre Londres. — Declan grita para o piloto que está com o cockpit aberto em seu avião particular. A asa do avião mergulha para baixo enquanto se vira, e Declan me beija. É amor e avidez, devoção e lascívia quando ele toma posse da minha boca, me forçando a respirar o ar dos seus pulmões. Se Lachlan não estivesse neste avião com a gente, tenho certeza que o pênis de Declan estaria enterrado dentro do meu corpo agora. Ele finalmente cede, afastando, deixando-me sem fôlego. — Olha. — diz ele, apontando para fora da janela. Eu olho para baixo e sorrio quando vejo Londres iluminada na escuridão da noite, e é mágico. Nós voamos sobre o rio Tâmisa, onde a ponte da torre brilha intensamente acima da água. Declan aponta os principais marcos históricos enquanto passamos, e eu absorvo cada palavra que ele diz. Parlamento, Big Ben e London Eye estão atrás de nós, num piscar de olhos conforme nós nos preparamos para pousar no Aeroporto Biggin Hill. Uma vez desembarcados, estamos em outro fuso horário em Knightsbridge, Londres. Passamos na frente de estúdios de estilistas e restaurantes sofisticados que adornam as ruas iluminadas. Tudo sobre esta área grita luxo.
— Nós estamos aqui. — Declan me diz quando Lachlan estaciona o carro em uma garagem subterrânea, que é fortemente protegida. — Você está bem? — Hmm Mmm. Apenas um pouco cansada. Lachlan encontra a nossa vaga de estacionamento designada e estaciona o carro. Nós caminhamos através da garagem, e Declan não estava mentindo quando me contou o quanto o lugar é privado. Observo quando Declan se aproxima de uma caixa preta elegante fixada na parede. Ele inclina o rosto, colocando os olhos nas lentes e clica no botão prata. Alguns segundos depois, a porta faz um clique e ele pode abri-la. — O que foi isso? — questiono. — Scanner de íris. — ele me diz. — É a única maneira de passar através do primeiro conjunto de portas. Nós vamos incluir você amanhã no sistema. Eu sigo ao seu lado através do sensor de impressão digital que abre outra porta, e a última porta é aberta por um cartão-chave. Três barreiras de segurança, e finalmente estamos no interior do edifício. Ele pega a minha mão, e com um sorriso sexy, diz: — Bem-vinda em casa. — É praticamente uma fortaleza. — Praticamente. — ele repete antes de parar na portaria para deixar as chaves do carro e instruir a entrega de toda a nossa bagagem. Lachlan fica para trás no lobby enquanto nós passamos para o elevador. Uma coisa para mim é ser a Sra. Vanderwal, morando na cobertura do Legacy, mas isso é em uma escala totalmente diferente. Quando Declan me disse que viveríamos aqui, eu fiz a minha pesquisa. Eu sabia que moraria entre a elite do mundo: magnatas dos negócios da Ucrânia, ex-Primeiro-Ministro do Qatar, magnatas imobiliários russos, entre outros. Podemos não estar vivendo na cobertura, mas o sétimo andar é tão intimidante quanto qualquer cobertura nos Estados Unidos. Para destrancar a porta precisa simultaneamente de leitura digital e cartão-chave. — Depois de você. — Declan diz enquanto faz um gesto para eu entrar. Eu ando pelo grande saguão para a sala de estar impressionante. Tudo são linhas elegantes retas, limpas e simples. Lustres de cristal intrincados em forma de gotas de chuva jogam seu brilho suave em cascata sobre as paredes e móveis brancos, criando um calor para a cor de outra forma gritante. Um rico corte de madeira é um contraste
agradável com o branco, aquecendo o espaço ainda mais. É um design contemporâneo do mais opulento. — O que você acha? Virando a cabeça para olhar por cima do ombro para Declan, que ainda está de pé no hall de entrada, eu respondo com falsa condescendência. — Um pouco demais, não é, McKinnon? — Você está descontente? — Eu deveria. — brinco com um sempre tão ligeiro sorriso, e ele ri, dizendo: — Bem, é toda sua. Vá em frente, querida. Explore. Eu olho em volta, abrindo todas as portas e espreitando em cada quarto. A cozinha é equipada com aparelhos de comercial, e os banheiros são tão exuberantes quanto aqueles que você encontra em spas de luxo. Cada centímetro está alinhado do chão ao teto, parede a parede janelas com vista para Knightsbridge. Há um andar de cima de escritório, que claramente foi mobiliado por Declan porque é preenchido com um sofá Chesterfield e cadeiras, o mesmo que seu escritório em Chicago e sua biblioteca, na Escócia. E dois quartos, um em cada asa do segundo andar, têm grandes suítes, camas estofadas que são mais altas do que a média. — Este é o nosso. — Declan sussurra atrás da minha orelha enquanto eu estou em um dos quartos. Seus lábios pressionam contra o meu ponto de pulso, enviando arrepios até os meus braços. — É perfeito. Nós ficamos em frente à janela, olhando para as luzes da cidade, e eu não posso acreditar que estou aqui, em Londres, com um homem que conhece a minha verdade e me ama independentemente. — Eu li um artigo sobre este edifício no outro dia. Eles disseram que era sem alma e sem vida. Eu sei que estavam se referindo ao sigilo de seus ocupantes e tudo mais, mas se eles soubessem o que estava por trás deste vidro à prova de balas. — E o que é? — ele questiona, e quando eu me viro em seus braços e olho para ele, eu respondo: — Vida.
Ele inclina, beija a minha testa, e eu falo baixinho para ele: — Eu nunca me senti tão viva como quando estou com você. Aqui e agora. Eu nunca pensei que isso fosse possível, me sentir desse jeito. — Eu nunca quis isso com mais ninguém. Mesmo nos meus piores dias sem você, mesmo quando eu pensava que não poderia te odiar mais, eu ainda queria você. Antes que ele possa ter a chance de me beijar, a campainha soa. — Bawbags2. — ele emana irritação com a interrupção, e eu não posso deixar de rir do seu xingamento em escocês. É realmente uma linguagem feia, mas o sotaque é além de sexy. Eu o sigo escada abaixo, para a sala de estar, e quando Lachlan entra com dois funcionários com a nossa bagagem, eu tenho um brilho com entusiasmo. — Você já viu esse lugar? Ele não me responde, mas em vez disso se aproxima de Declan, perguntando: — Posso? — enquanto eu assisto com curiosidade. — Ela é toda sua. — Declan diz a ele. — Ela está tão animada como uma moça em sua primeira festa de chá. Lachlan ri, caminhando na minha direção, e eu não posso evitar a minha própria risada com o seu comportamento. Ele me agarra, me pega como se eu fosse uma menina e me dá um abraço alegre. — Este sorriso que você exibe faz com que lidar com o humor de merda de McKinnon valha o meu tempo. Nós rimos quando ele me abaixa, e estou muito grata por sua lealdade a Declan e a amizade que ele me deu. Ele é vinte anos mais velho, e eu encontro conforto nisso. Como se eu pudesse procurar nele uma orientação que eu não tenho com Declan. De um jeito que uma criança provavelmente olha para um pai. Ele me dá essa sensação, e está estabelecendo. — Obrigada. — Por quê, amor? — Por abrir a porta do carro na noite em que te conheci.
2
De origem escocesa, serve para se referir a alguém irritante, idiota, inútil, estúpido.
— Ah, sim, o nosso primeiro encontro. — ele brinca em uma tentativa descarada de insultar Declan, e Declan não perde um segundo para responder: — Foda-se, Lachlan, e você pode tirar suas mãos dela agora. Você teve o seu abraço, pronto. Suas palavras são duras, mas elas são em tom de brincadeira. Esses meninos voltam para os seus dias em Saint Andrew’s3, então não é nenhuma surpresa que briguem como irmãos, apesar da diferença de idade. — Bem, então, se tudo estiver no lugar aqui, eu acho que eu vou para o meu hotel. — Lachlan, espere. Ele dá um passo mais perto de mim, e eu pergunto. — Você já soube alguma coisa sobre o meu pai? Boa ou ruim? Alguém já te ligou? — Você está comigo todo o dia. — diz ele, mas não importa o quanto me sinta contente, ainda há uma ansiedade inquietante quando se trata do meu pai. — Eu sei, eu só... — Eu prometo a você que estou fazendo tudo que posso, amor. Vamos encontrá-lo para você. Concordo com a cabeça quando sinto o peso do inchaço desconhecido no meu peito, e Declan imediatamente sente isso. Ele rapidamente descarta Lachlan quando vou até as janelas e olho para fora. — Este é um bom dia. — ele me diz quando se move para ficar ao meu lado ao longo da janela. — E se ele estiver lá, bem debaixo do meu nariz, entre todas essas pessoas? — Então não vai ser muito difícil de encontrá-lo. Meus olhos passeiam pelos homens e mulheres que andam ao longo das calçadas, apreciando a noite, quando Declan me afasta. — Eu estou fazendo tudo que posso. Temos várias pessoas nesse momento que estão tentando
encontrá-lo. A aparição
é
apenas um
ângulo
de
muitos que estão
trabalhando. Mas você ouviu Lachlan. — ressalta. — Ele vai nos ligar a qualquer evolução. — Eu sei, eu estou só... — Está no limite. — ele interrompe, terminando meu pensamento, e ele está certo. 3
Universidade escocesa.
Eu quero respostas, e estes últimos dias de espera estão me comendo viva. — Não essa noite. Quero ver aquele sorriso novamente. — Você age como se fosse a primeira vez que você já me viu sorrir. — É a primeira vez que eu vi você realmente sorrir com a sua alma. Você Elizabeth. Você exibe-o de forma diferente da mulher que conheci em Chicago, e eu quero vê-lo novamente. — diz ele e depois me pega, levantando por cima do ombro. — Declan! — eu grito com a brincadeira. — O que você está fazendo? — Vou deixá-la nua, amarrá-la e, em seguida, pedir o jantar. — ele brinca. — Você é um idiota tão romântico.
Capítulo Dez
M
inha primeira manhã aqui no
One Hyde Place foi muito ocupada. Sem tempo para relaxar na cama até à tarde. Declan acordou cedo gritando no telefone com um hacker, que ele contratou para encontrar mais informações sobre o meu pai. Depois que a chamada terminou, eu sentei em seu escritório com ele, enquanto ele passou a fazer mais chamadas sobre o meu pai, ficando cada vez mais impaciente com seu estresse amplificado. Ele está se colocando sob tanta pressão para encontrá-lo, mas eu não queria que ele trabalhasse mais do que já costumava, então eu o convenci a se afastar por um tempo e tomar um banho comigo para acalmá-lo. Depois que estávamos vestidos, encontrei-me com o chefe da segurança no andar de baixo para introduzir todas as minhas informações, juntamente com as minhas íris e leitura de impressões digitais. Declan, em seguida, me apresentou a alguns dos funcionários que eu veria diariamente antes de voltarmos para o apartamento. Alguns minutos depois a mulher que trabalha para o serviço de manutenção chegou com os mantimentos que nós pedimos no início da manhã. E agora eu me sento na sala de estar, lendo “Um Guia de Londres para Turistas”, que eu pedi para Lachlan trazer do seu hotel. Ele deixou aqui mais cedo, juntamente com um novo telefone celular que Declan insistiu para eu ter, em vez do descartável barato que eu estava usando desde que deixei o telefone de Nina para trás, nos Estados Unidos. Lachlan adicionou seu número junto com todos os de Declan antes de voltar para fazer algumas coisas para nós. Mas agora está chegando perto de uma hora, e eu estou ficando com fome. Eu vasculho a geladeira, à procura de algo fácil, e decido por um queijo grelhado simples. É praticamente tudo que eu sei cozinhar, mas é reconfortante e me lembra do meu irmão. — O extintor de incêndio está à mão? — Declan brinca quando entra no cômodo. Eu viro o sanduíche com a espátula e depois mostro a ele o dedo médio.
— Que belo gesto. Se acabamos com as trocas de cortesias, eu gostaria de fazer um pedido. Desligando o fogão, eu deslizo meu queijo grelhado em um prato e caminho ao longo da ilha para sentar ao lado de Declan. Ele entrega um convite gravado no papel de linho pesado com um selo de ouro em relevo na parte superior. — O que é Caledonian Club? — eu pergunto, colocando o convite na bancada fria de pedra-sabão. — Um clube privado que sou associado por toda a minha vida. Tanto o meu pai, quanto o meu avô eram membros. — É este um daqueles clubes chauvinistas apenas masculino, onde todos ficam de pé, fumando, e competindo entre si para provar quem tem o maior pau? — eu o importuno e, em seguida, dou uma mordida na minha comida. — Algo parecido com isso, mas felizmente para você, eles começaram a permitir que as mulheres acompanhassem os membros nos eventos sociais há alguns anos. — Que progressista da parte deles. — Sim, bem, se você acabou de ser implicante, eu confirmei nossa aceitação prazerosa. — ele me informa com um sorriso que acalma. — Quando é? — Esta noite. — Hoje à noite? — eu digo, surpresa. — Declan, eu não tenho nada para vestir. Todos os meus trajes formais estão em Chicago. — Harrods é do outro lado da rua. — ele me diz. — Lachlan pode levá-la. Eu
largo
meu
sanduíche
no
prato,
bufando
em
leve
irritação. —
Lachlan? Sério? Então, eu não estou autorizada a atravessar a rua sozinha, algo que uma criança é capaz de fazer? — Eu pensei que tivesse deixado as minhas preocupações claras antes de virmos. — Você deixou, mas eu não achei que ele estaria ao meu lado em todos os momentos. Ele segura minha bochecha ao dizer: — Você tem que discutir comigo em tudo?
— Tudo bem. — eu desisto. — Vou fazer do seu jeito dessa vez, mas você sabe que ele vai ficar puto com você quando descobrir que está forçando-o a fazer esta incumbência particular. — Aquele velho está sempre com raiva de mim. Eu posso lidar com ele. Eu rio sob a minha respiração, aproveitando a leveza da nossa troca, e em seguida pergunto: — Qual é o traje? — Black tie. — ele, então, me dá um beijo e começa a voltar para seu escritório quando chama por cima do ombro. — Eu vou ligar para o Lachlan. — Aonde ele vai me levar mesmo? — Harrods. — ele grita do seu escritório. Eu pego meu livro de turista, viro para a seção de compras, e leio enquanto termino o meu almoço. Eu não tenho que esperar muito para Lachlan chegar. Ele está um pouco distraído, quieto, conforme o dia avança, mas não o pressiono para conversar. Em vez disso, escolho vestidos para experimentar. Eu não tenho certeza das preferências do Declan, da maneira que conhecia as do Bennett. Eu tive mais tempo para aprender sobre Bennett, para estudá-lo. Então, gasto uma boa quantidade de tempo pegando vestidos, tentando adivinhar, e empurrando-os de volta nos cabides. Graças a Deus por vendedores pacientes. Lachlan fica fora do provador enquanto provo vários vestidos. Um por um, até que finalmente faço a minha escolha quando escorrego num Givenchy verde-militar. Eu decido sair e mostrar para o Lachlan, mas quando faço isso, ele não está lá. Passo pela cadeira vazia e, em seguida, ouço sua voz baixa. Espreito ao virar do canto, vejo-o algumas prateleiras em seu celular e rapidamente recuo quando o vejo olhar na minha direção. Eu me esforço para ouvir o que ele está dizendo, na esperança de que tenha algo a ver com o meu pai, mas quando ouço o seu tom áspero falando: — Calma, Camilla. — sob sua respiração, minha mente começa a girar. Camilla? Volto para o provador e me pergunto por que o nome soa tão familiar. Eu rastreio a minha mente e finalmente lembro. A namorada do Cal.
Eu a conheci há alguns meses, quando acompanhei Bennett em uma viagem para Nova Iorque. Foi a noite que Declan apareceu inesperadamente na casa do seu pai. Mas por que diabos Lachlan está falando com ela? Seja qual for o motivo, ele claramente não quer que eu saiba. Declan teria sua bunda se ele soubesse que Lachlan me deixou sozinha, então, o que quer que ele esteja falando com ela deve compensar o risco. Depois de fazer as minhas compras, ele me leva de volta para casa e sai depois que estou em segurança dentro do edifício. — Como foi? — Declan pergunta quando entro no apartamento, e eu levanto a sacola de roupa, dizendo: — Eu encontrei um vestido. — Bom. — ele diz, e minha inquietação intensifica-se com o conhecimento de que Lachlan, um homem que Declan altamente confia, está falando com a namorada do seu pai. — Tudo certo? Você parece preocupada. Eu coloco o vestido sobre o encosto do sofá e me aproximo de Declan. — Eu ouvi algo estranho hoje, e isso me deixou nervosa. — digo a ele. — O que aconteceu? — ele questiona com preocupação. — Pode não ser nada, mas você sabia que Lachlan conhece a namorada do seu pai? — Camilla? — Sim. — Por quê? O que aconteceu? — Eu o ouvi no telefone com ela. Ele parecia nervoso ou talvez irritado. — O que você o ouviu dizer? — Nada realmente, ele apenas pediu para ela se acalmar, e quando o ouvi usar o nome dela, eu voltei para o provador. Algo sobre o tom que ele usou com ela e o fato de que ele ficou distante o tempo todo em que eu estava comprando me deixou apreensiva. Eu vejo o olhar desagradável em seu rosto e pergunto: — O que é? — Quando estávamos tentando encontrá-la, eu atendi o telefone quando ele não estava no quarto. Era ela e o chamou de baby. Quando ela percebeu que era eu na linha, rapidamente terminou a chamada. — Você perguntou ao Lachlan o que estava acontecendo?
— Ele desconversou como se eles fossem velhos amigos. Honestamente, minha mente estava completamente fodida no momento. — Talvez não seja nada. — digo a ele. — Talvez, mas eu vou resolver isso com ele antes de eu deixá-la sozinha com ele novamente. — Declan... — Não me conteste. Eu não estou disposto a arriscar qualquer coisa quando se trata de você. — Você não pode controlar o mundo. — Não, mas eu a controlo e o que acontece com você. — ele me diz quando pega a minha mão e coloca-a no lado do pescoço. — Você sente isso? Concordo com a cabeça enquanto o pulso bate forte na minha palma. É um sinal exorbitante de ansiedade que ele esconde bem, mas está claramente em guerra com ele, por dentro. — É você. — diz ele. — Você é o meu pulso. Você é a razão pela qual ele bate e me mantém vivo, por isso não me desafie, quando se trata de proteger você, porque me recuso a ser imprudente com a minha essência. Ele é estridente com suas palavras. Conheço o seu desejo de controle total; ele é assim desde o dia em que o conheci, e ele explicou por que ele é do jeito que é. Testemunhar o assassinato da sua mãe sobrecarregou-o na idade adulta e moldou-o para o homem que ele é hoje. Suas maneiras exigentes comigo podem ser duras para outros, mas vêm de um lugar amoroso. — Eu sinto muito. A verdade é que você é a primeira pessoa que não mede esforços para ter certeza que estou cuidada. Eu sei que eu dificulto as coisas, mas a autoridade que você me impõe dá uma sensação boa. Antes de eu perceber, ele me pega em seus braços, e sou rápida em colocar minhas pernas em volta da sua cintura, enquanto ele me leva até o sofá. Atirando-me de costas, ele me manda tirar a camisa e sutiã, e eu faço isso em poucos segundos, ao mesmo tempo, ele tira a calça e camisa. — Mãos sob sua bunda. — ele ordena, e quando eu as tenho de forma segura abaixo de mim, ele sobe no meu corpo, prendendo-me com ele. — Cuspa na minha mão. — é sua próxima ordem, e novamente, eu obedeço.
Seu pênis é uma rocha dura, e eu observo enquanto ele se masturba sobre mim, usando minha saliva como lubrificante. Ele é mau e ele sabe disso, me provocando assim. Ele se entrega aos seus desejos, enquanto me obriga a reter o meu. Ele se recusa a alimentar a minha fome, deixando-me sem tocar, enquanto ele bombeia seu comprimento. Eu quero tocá-lo, mas ele está testando a minha obediência, então eu junto as minhas coxas em uma tentativa idiota de criar o atrito muito necessário para o meu clitóris palpitante. Eu não posso me conter quando o vejo olhar para mim conforme se entrega ao seu desejo. Sua respiração começa a cambalear de forma desigual e um brilho de suor cobre sua testa. Cada gemido que escapa da sua garganta me estimula mais longe, e eu aperto mais as minhas coxas. No momento em que meu corpo se contorce no calor total, ele me pega. — Abra suas pernas. — ele vocifera, e eu faço. Em seguida, ele se inclina para frente e coloca a mão livre ao redor do meu pescoço para me manter sob controle. Minha boceta dói por ele, para encher-me, mas eu sei que ele não tem intenções. Quando vejo os músculos do seu abdômen começar a contrair, ele está chegando perto. Ele engasga com um sopro de ar, seu aperto no meu pescoço aumenta, e então, ele explode em cima de mim, me marcando com seu sêmen. Sua mão sai do meu pescoço, e ele me beija duramente antes de sair do sofá. Eu fico deitada e olho quando ele diz: — Não limpe isso, e não use qualquer perfume hoje à noite. Sento-me, e algumas gotas do seu sêmen rolam para baixo entre meus seios. — Para minha sorte, meu vestido não tem um decote. — eu brinco com um sorriso, sabendo que ele fica fora de si deixando a sua marca em mim. — Eu vou tomar um banho quente. — diz ele e, em seguida, beija a minha testa. Admiro sua bunda firme quando eu o vejo caminhar para o quarto. Enquanto ele está no chuveiro, eu tomo meu tempo fazendo a minha maquiagem e cabelo. O vestido pode não ter uma frente com decote profundo, mas a parte de trás tem, então eu enrolo meu cabelo e prendo-o em um rabo de cavalo na base do meu pescoço para que minhas cicatrizes fiquem cobertas. Eu mantenho a minha aparência simples, sem jóias. Eu sorrio quando olho para Declan, que agora está prendendo seu kilt. O Caledonian Club é um clube escocês privado aqui em Londres, o que eu fiquei satisfeita em saber, porque Declan em um kilt é a coisa mais sensual que eu já vi.
Este é o primeiro evento que vamos como um casal, e é bom aprontar e compartilhar esse momento juntos - um momento que tivemos que lutar muito para conseguir - um momento que muitos provavelmente não dariam valor. Entro no meu vestido e aliso o tecido que contorna bem o meu corpo. Possui uma gola alta, escondendo o sêmen seco que está sobre o meu peito, e flui para o chão em uma bainha extensa, plissada. O verde profundo lisonjeia meu cabelo vermelho, e também complementa o verde no kilt de Declan. Eu fico na frente do espelho e me olho de novo, com as mãos inquietas. — Por que você está inquieta? — Declan pergunta quando vem atrás de mim. — Você parece nervosa. — Eu estou. — admito, conforme ele passa as mãos para cima e para baixo no comprimento dos meus braços. — Por quê? Você deve ter ido para centenas de eventos como este em Chicago. Você é uma profissional. — Sim, mas eu estava sempre fingindo. Sou uma boa atriz, mas esta é a primeira vez que me misturo entre a alta sociedade como eu. Não estou mais me escondendo atrás de uma fachada. Ele dá um beijo no meu ombro. — A verdadeira você é muito melhor do que a mentira. — Eu não sei nada sobre isso. — Eu sei. — diz ele e, em seguida, me gira. Ele me olha por cima, da cabeça aos pés. — Você está incrivelmente impressionante. Eu tomo a mão do Declan para acalmar meus nervos quando chegamos à mansão, que foi construída no início de 1900. Ele sorri para mim conforme caminhamos para a entrada. Quando damos um passo para dentro, meus olhos tomam o ambiente ornamentado. As paredes são pintadas de marfim com detalhes em ouro rico, e cortinas de rubi pesadas caem do teto ao chão. Pinturas a óleo penduradas nas paredes brilham sob os candelabros opulentos. Os pisos de madeira que se encontram abaixo do tapete rangem sob os meus pés quando Declan me conduz através do clube, que tem uma riqueza de história aqui em Londres. Eu olho os homens vestidos em seus kilts e mantas esvoaçantes e as mulheres em seus vestidos elegantes. E de repente, sem a minha máscara, eu me sinto como uma impostora - lixo envolto em seda - e meu estômago revira. Então, eu decido rapidamente
que mesmo que eu não tenha ideia de quem eu sou, eu vou fazer o meu melhor para fingir. A última coisa que eu quero é mostrar para o Declan mais uma fraqueza. À medida que caminhamos para a festa, eu endureço minha espinha e finjo meu lugar na sociedade com a cabeça erguida como faço há anos. — Declan. — um cavalheiro que parece estar na casa dos cinquenta chama. — Faz muito tempo que não o vejo. Os dois apertam as mãos. — É bom ver você, Ian. Como você está? — Ocupado, como sempre. — diz ele antes de voltar sua atenção para mim, perguntando a Declan. — E quem é esta senhora encantadora? — Você é um sedutor. — eu flerto levemente e, em seguida, apresento-me. — Elizabeth Archer. — Homem de sorte. — Ian observa, ao que Declan responde olhando para mim. — Extremamente sortudo. Continuamos a nos misturar e Declan me apresenta a velhos amigos e alguns homens de negócios e suas esposas. Ele bebe seu uísque típico e eu bebo champanhe, partilhamos algumas danças, e quando Declan não pode evitar, ele sussurra seus pensamentos obscenos no meu ouvido. — Eu quero levá-la para outra sala e chupar seu lindo pequeno clitóris até que você goze na minha boca. Eu apoio a minha testa em seu ombro quando ele fala comigo, meu pescoço acendendo com o calor com cada uma das suas obscenidades. — Só de pensar no sabor da sua boceta deixa o meu pau... — Declan! — uma mulher alta, com cabelos longos e escuros diz, interrompendo o nosso momento privado. — Eu não tinha ideia que ia estar aqui! — aborrecimento inflama quando ela puxa Declan para um abraço. — Mudança de última hora. — ele diz a ela, composto como sempre. — Mudança? Você está morando aqui agora? — Eu estou. — Então, eu presumo que você comprou o terreno para construir? — ela pergunta, e uma trilha de ciúme se arrasta viva em mim com o quanto ela sabe. — Davina, esta é Elizabeth. — ele apresenta.
— Sim, eu me lembro de você. Você estava na festa de caridade em Edimburgo no mês passado, certo? E então, eu me lembro. Ela era o encontro de Declan naquela noite, pendurada em seu braço e constantemente ao seu lado. — Está certo. E você é...? — Uma velha amiga da família. — Declan responde por ela. — Praticamente irmão e irmã. — acrescenta ela com um grande sorriso. — Embora eu lembre com carinho do nosso casamento. Com quantos anos nós estávamos? — Dez. Onze, talvez. Vê-los ir e voltar com tanta facilidade transforma o ciúme em rancor completo. — Parece encantador. — eu digo com zombaria, e quando falo, eu posso sentir os olhos de Declan lançando punhais em mim, mas eu não dou atenção. Davina continua a usar seu sorriso pretensioso, acrescentando: — A recepção com bolachas e compotas não era tão elegante, mas ainda traz boas lembranças. — Bem, por mais que eu adore ouvir sobre essa recepção humilde de vocês, vocês vão ter que me dar licença. Quando me afasto de ambos, eu me pergunto se os sentimentos que tumultuam dentro de mim é qualquer coisa como o que Declan sente, porque se eu pudesse colocar a minha marca nele como um cão demarcando território, eu faria. Eu quero prendê-lo e fingir que ele nunca teve uma vida antes de mim. E então, tenho que questionar o quão amigável eles eram, porque apenas algumas semanas atrás, ela estava em seu braço, como seu encontro. Calor vermelho desliza até meu pescoço, e antes que eu exploda, eu corro para fora das portas e para o frio da noite. Nuvens de vapor escapam com a minha respiração pesada. Nunca na minha vida me senti ameaçada e com ciúme de um homem, mas, em compensação, nunca me apaixonei. Eu amava o meu irmão, mas de uma forma muito diferente. Eu sabia que ele fodia outras mulheres - muitas outras mulheres, mas nunca me importei. E só de saber que esta mulher passou mais tempo com Declan do que eu, é suficiente para inflamar essa fagulha dentro de mim. — O que você está fazendo aqui? — Declan pergunta atrás de mim.
— Você transou com ela? — eu falo com raiva e bem baixo para os transeuntes não ouvirem. Ele leva-me pelo braço e quase me arrasta em torno do edifício para o estacionamento na parte de trás, me empurrando contra um carro aleatório. Ele não está feliz com a minha pergunta, mas eu pergunto novamente. — Você transou? — Isso deixaria você louca? Minha raiva cresce. — Hmm? Responda-me. — Sim. — eu cuspo em hostilidade. Ele aperta o peito contra o meu, fúria agitando por trás dos seus olhos quando ele pergunta: — Diga-me como isso te faz sentir, pensar sobre meu pau na boceta de outra mulher. Em um súbito clarão, eu lhe dou um tapa forte no rosto, mas ele mal se encolhe. — Continue. Bata-me outra vez. — Vá para o inferno. — Essa indignação que você sente. — diz ele com os dentes cerrados. — Essa raiva misturada com paixão e ciúme nunca poderia chegar perto do que você me fez sentir. Você me deixou te foder, me apaixonar por você, ao mesmo tempo sabendo que você estava transando com seu marido. E então, eu descobri que você também deixava o seu irmão te foder. E você tem a coragem de me questionar! — ele faz uma pausa, apertando os olhos com força, antes de abri-los de novo e continuar. — Preciso lembrá-la de todas as maneiras fodidas que você me destruiu? — Não. — Eu achava que não. E para responder sua pergunta, não, eu nunca a fodi. Nunca quis. — Ela era seu encontro. — Sim. — ele responde. — Ela era. Como eu lhe disse, ela é uma velha amiga. Nossas famílias eram próximas e nós crescemos juntos. Ela participou de muitos eventos comigo no passado, então eu não precisaria ir com mulheres aleatórias. Mas agora eu tenho você. Culpa eclipsa o ciúme.
— Eu sinto muito. — Não deve haver nenhuma dúvida em seu coração que você pertence a mim. Todos naquela sala sabem disso. Minha porra está por toda a sua pele, e ainda assim você se sente ameaçada por outra mulher. — Você apenas... — Você quer conhecer o meu passado? Porque ele não é tão interessante. Eu nunca apaixonei. Nem uma única vez. Já namorei menos de cinco mulheres na minha vida, mas eu nunca amei nenhuma delas. Eu transei com elas? Sim. Eu fodi outras? Sim, mas não muitas. Sexo casual não é realmente minha praia. Passei minha vida trabalhando duro, tentando corresponder às expectativas do meu pai. O trabalho sempre foi o meu foco principal. E então aconteceu você. Você entrou na minha vida e virou tudo de cabeça para baixo. — Eu não sei o que estou fazendo. — eu admito. — Eu odeio que você já viu muitos dos meus pontos fracos. Eu te amo, não há dúvida, mas eu não sei como fazer isso da maneira certa. — Você não me engana. Você é a mulher mais forte que eu conheço. — ele pega meu rosto em suas mãos, mergulha a cabeça para baixo, para o meu nível, e olha profundamente nos meus olhos, acrescentando: — Mas você é fraca também, e quando você me deixa ver essa sua parte, só me faz te amar mais. Você e eu passamos pelo inferno e voltamos, e não vai ser fácil para qualquer um de nós. Eu deslizo meus braços ao redor da sua cintura e descanso minha cabeça contra seu peito. Declan pressiona os lábios na minha cabeça em um beijo terno. — Você não tem nada para se preocupar, está me ouvindo? — Sim. — Vamos lá. — diz ele. — Vamos para casa. — Nós podemos voltar para lá. — Eu tive socialização suficiente para uma noite. Vamos sair daqui. A viagem de volta para o apartamento é curta, e quando passamos pela porta, eu tiro os meus saltos. Declan acende a lareira e nós simplesmente abraçamos um ao outro, deitados no sofá. Nós nos acomodamos no silêncio e na escuridão, com preguiça de tirar a
nossa roupa de festa. Eu mergulho no calor do seu corpo enquanto ele passa as pontas dos dedos ao longo da minha espinha. Depois de um tempo, o telefone de Declan toca. Eu estou caindo no sono quando ele atende a chamada. — McKinnon... sim. Deixe-o subir. — ele termina a chamada e gentilmente escova meu cabelo para trás. — Lachlan está aqui. — ele me diz, e eu gemo, sem querer me levantar. Alguns minutos mais tarde há uma batida abrupta na porta, e quando Declan abre, Lachlan se precipita. — Eu consegui. — ele anuncia urgentemente, segurando uma folha de papel. — O quê? — eu questiono, de pé e caminhando na direção dele. Ele vem direto para mim, passando por Declan, e me entrega o papel. — A lista de passageiros.
Capítulo Onze
—I
sso não podia ter dado mais
certo. — o investigador particular que eu contratei há poucos dias me diz. — Você conseguiu plantar o dispositivo nele? — Melhor ainda. Segui Stroud do seu hotel para um edifício residencial. Não demorou muito para que ele saísse direto pelas portas da frente do edifício, com uma mulher. Eu os segui quando entraram em uma loja de departamento, ele conta de novo enquanto fico sentado no meu cubículo negligenciado e escuto. — A mulher estava no provador, quando ficou distraída com um telefonema. Assim que a mulher saiu para as prateleiras de compras, achei que seu telefone serviria uma vez que não via uma maneira de chegar ao do Stroud. Levou apenas trinta segundos para encontrar o seu telefone celular na sua bolsa, retirar o cartão SIM, e substituí-lo com o SIM rastreador. — Por que diabos estamos nos preocupando com uma garota? Você devia plantálo no telefone do Stroud. — É quando você vai me agradecer. — diz ele com um ataque de orgulho. — Eu puxei os dados armazenados em seu telefone, a mulher é filha do Archer. — Ele tem uma filha? — Elizabeth Archer. Ela é exatamente quem precisamos seguir. Tem que ser ela que está procurando o Archer. Eu a pesquisei, e parece que ela foi direto para um orfanato quando Archer foi preso. — Puta merda. — murmuro com espanto. — Digo que temos que manter a calma e permitir que ela nos leve ao nosso ponto de contato. — Eu concordo. — Agora estou ajustando a minha vigilância em Stroud e na filha. Ligo para você para qualquer atualização.
Capítulo Doze
H
oras se passaram desde que
Lachlan entregou a lista de passageiros, que eu já tinha vasculhado completamente. Meu coração afundou um pouco quando não vi o nome de Steve Archer. Eu sabia que o seu nome não estaria nela, mas todo o pensamento razoável tinha desaparecido naquele momento. Declan imediatamente empurrou Lachlan para fora quando minhas emoções começaram a levar o melhor de mim. Tentei controlá-las o melhor que pude, uma vez que Declan acha que estou tomando o remédio que me foi receitado, que supõe-se ajudar esses colapsos induzidos pelo estresse. Mas eu não podia ensurdecer meu próprio toque estridente na minha cabeça. Era doloroso e me causava um pânico moderado. Depois que me acalmei, Declan sugeriu que eu fizesse uma pausa, tivesse uma boa noite de sono, e olhasse a lista de novo pela manhã. Mas eu não posso fazer isso. Meu pai está nesta folha de papel, eu sei, e eu não vou conseguir dormir até que eu ache o nome que é dele. Sentada no escritório de Declan, enquanto ele está dormindo no outro quarto, eu continuo a entrar em cada nome em um banco de dados de localização de pessoas. Eu nem tenho certeza do que estou procurando para me guiar em uma direção ou outra, mas eu anoto qualquer informação que aparece para cada passageiro do sexo masculino. Havia cento e vinte e dois homens naquele avião. Cento e vinte e dois caminhos diferentes para seguir, mas apenas um vai me levar até o meu pai. Este voo em particular saiu de um grande centro de Dallas, por isso, o avião era composto por passageiros de todo os Estados Unidos. Eu marco com asterisco os que têm um endereço de casa em Illinois, mas a verdade é que é mais provável que ele esteja em outro lugar se está se escondendo. Meus olhos ardem por causa do brilho do laptop no quarto escuro, mas eu continuo, inserindo o próximo nome: Dennis Lowery — O que você está fazendo?
A voz de Declan me assusta, e quando ele acende as luzes, eu protejo os olhos por um momento enquanto se ajustam à luminosidade. — Eu não consegui dormir. Ele caminha até mim, contornando a mesa para ver o que estou fazendo, e quando olho para ele, ele está irritado. — Eu lhe disse para esperar até de manhã. — Eu sei... — O quê? Quer ter outro ataque de ansiedade, porque deixe-me dizer uma coisa, o episódio que você experimentou antes... — as palavras dele vacilam, e posso dizer o quanto meu ataque de pânico o afetou. — Você não pode tratar o seu corpo assim. Você está desgastada e quase não dormiu. — Então me ajude, porque eu não vou conseguir dormir sabendo que estou segurando o nome dele na minha mão. A última vez que eu estive tão perto dele, foi há vinte e três anos. Como é que eu vou dormir? Como é que eu vou ser paciente? Passando a mão pelo cabelo revolto, de quem acabou de acordar, ele libera uma respiração pesada e sucumbe à minha ansiedade. — Você coloca a água para o café? Aliviada e grata pela sua ajuda, eu salto para cima e o deixo sentar, então vou para a cozinha para encher a chaleira e moer os grãos para a cafeteira francesa. Eu me mexo em torno da cozinha e coloco algumas coisas na bandeja de café. Quando a chaleira apita, eu derramo a água na garrafa de vidro e sobre a bandeja. Eu volto para o escritório e coloco a bandeja sobre a mesa. — Venha aqui, querida. — Declan diz, a voz ainda rouca de sono. Ele me puxa para o seu colo e continua trabalhando. Eu sorrio para ele, confortada de saber sua necessidade de estar perto de mim. Seus dedos digitam, inserindo outro nome na ferramenta de busca, e então, ele transfere os detalhes para a planilha em que fui colocando as informações. — Há alguma coisa em particular que você está procurando? — pergunta ele. — Não. Eu estava apenas começando pelos endereços e números de telefone e vendo se eu reconhecia qualquer dos parentes listados. — Se ele mudou seu nome e está se escondendo, eu duvido que você vá se deparar com alguém do seu passado.
— Sim. — eu suspiro. — Você provavelmente está certo. Eu estendo a mão e pego uma caneca da bandeja e derramo o café. — Obrigado. — ele toma um gole e depois acrescenta: — Existem alguns sites de redes sociais voltados para negócios grandes de profissionais online. Podemos pesquisar todos os nomes através desses bancos de dados. A maioria dos perfis contém imagens. Eu pego meu telefone, ansiosa para encontrar o homem que eu tenho sonhado por toda a minha vida. — Dê-me o nome de um desses sites. Vou procurar enquanto você está terminando com as informações de contato. Segundos depois, estou na maior rede de negócios do mundo, pesquisando os nomes, começando no topo da lista. O incessante tique-taque do relógio cumprimenta o sol que se ergue por trás do céu coberto de nuvens. Olho do sofá, que agora estou sentada, para o Declan, que está terminando o seu último café enquanto ainda está na sua mesa. Sons do relógio, toques nas teclas do laptop, e pingos de chuva contra a janela são os únicos ruídos na sala. — Como você está indo? — Não há nada. — eu respondo em frustração. — Metade dessas pessoas nem sequer estão nesses sites, e as que estão, nem sequer têm foto no perfil. — Também não estou chegando a lugar algum. Embora eu me sinta derrotada, não estou desesperada, porque ele sempre foi meu pai que manteve a esperança viva quando eu queria desistir. Mesmo que fosse apenas um pedaço minúsculo de esperança que permanecesse no meu coração, eu não podia largá-la, e a força de persistir sempre foi por ele. — Eu tenho que fazer uma pausa. — Declan, eventualmente, diz, empurrando a cadeira para trás da sua mesa. Ele esfrega os olhos, e eu posso ver a fadiga avermelhada neles. Ele estende a mão para mim, dizendo: — Vamos. Você precisa de uma pausa também. — Eu não posso. — Elizabeth, desligue o telefone. Você vai se cansar a ponto de ficar doente. Se você quiser encontrá-lo, precisa descansar um pouco para que o seu corpo não sinta tanto. — Mas...
— Não é um pedido, Elizabeth. — afirma com firmeza, e não se destina a ser um teste de sua autoridade, mas sim uma demonstração de preocupação comigo. Está claro que eu o preocupo, então não protesto novamente. Eu pego sua mão e permito que ele me leve de volta para a cama. Ele enrola seu corpo no meu enquanto deito de costas para o peito dele, mas não consigo pegar no sono. Minha mente não acalma o suficiente para eu relaxar. Memórias me invadem, rebobinando o meu passado: festas de chá, histórias antes de dormir, beijos de barba arranhando, e passeios de scooter ao redor do bairro. Ele é tão vivo na minha cabeça, seus olhos eram estranhamente brilhantes, e seu sorriso... apenas o pensamento me dá pontadas no coração. Lágrimas suaves escorregam e rolam sobre o travesseiro debaixo da minha cabeça, e eu me pergunto se ele me procurou durante os anos. Ele simplesmente desistiu quando eu estava vivendo como Nina? Ele sabe que eu dediquei tantos anos da minha vida para destruir o homem que o destruiu? Será que ele quer me encontrar, tanto quanto eu? — Shh, querida. — Declan respira no meu cabelo, e eu fico, de repente, ciente dos meus gemidos. — Você acha que vamos encontrá-lo? — pergunto em soluços fracos. — Sim. Pode levar tempo, mas vou encontrá-lo para você. — Você sabe, quando eu era pequena, depois que ele foi tirado de mim, eu passei os primeiros anos sendo expulsa de cada lar adotivo em que fui colocada. — eu começo a dizer-lhe. — Por quê? — Achava maneiras de fugir no meio da noite. Na maioria das vezes, saindo pelas janelas do quarto. — Mas você tinha apenas cinco anos. Aonde você ia? — Qualquer lugar. Eu olho para trás agora e me sinto tão mal pela menina que eu fui. Uma menina tão desesperada por seu pai que vagava pelas ruas no meio da noite. Declan se move para sustentar de lado para olhar para mim e enxugar as lágrimas. — Quando o lar adotivo percebia que eu não ia parar de fugir, não importa o quanto eles tentassem se prevenir, eles chamavam a assistente social para me pegar e entregar-me para a próxima família que estivesse disposta a ficar comigo. Eventualmente, eu passei por muitas casas, e fui enviada para viver em Posen, onde fiquei para sempre. — Por que você não tentou deixar a casa como você fez em todas as outras?
— Por causa do Pike. Porque, pela primeira vez, desde meu pai, eu tinha alguém que me amava e se preocupava comigo. — eu explico através da dor lamentável. — Eu tinha mais medo de perdê-lo do que de ser trancada e torturada. Os músculos de Declan se contraem quando ele fecha os olhos. É uma demonstração de angústia que ele não pode controlar, e de repente eu me sinto culpada por colocar esse peso em cima dele. Eu estendo a mão para tocar o braço dele e ele quase recua, me levando a recolher a mão. — Eu sinto muito. — Não. — ele fala com raiva, abrindo os olhos. — Nunca se desculpe. — Eu não queria te chatear. — Eu quero que você fale comigo. — diz ele, me cortando. — Eu quero que você se sinta segura o suficiente para descarregar toda a sua dor, porque eu quero tirá-la de você. Eu quero sua alma livre, para que eu possa enterrá-la profundamente dentro da minha. Eu toco seu rosto angustiado e digo: — Eu não quero ser o seu martírio. Eu quero ser a única coisa que te faz feliz. — Você me faz feliz. — afirma. — Você faz. Sou mais feliz quando eu estou com você, sempre. Mesmo em nossa escuridão, eu sou mais feliz do que quando estou sem você. — ele abaixa a cabeça, beijando-me, deslizando a língua sobre os lábios. E com as minhas mãos emaranhadas em seus cabelos, ele olha fixamente para mim. — Você não é meu martírio. Você é a minha devassidão.
(DECLAN) Eu escuto Elizabeth enquanto ela continua a se abrir mais para mim. Ela me conta uma história sobre a vez que seu pai deixou que ela aplicasse maquiagem nele. Ela ri em meio às lágrimas conforme ouço, penteando seu cabelo com os dedos e lambendo os sais que cristalizam a sua mágoa. Cada fragmento granulado, eu tomo para mim, libertando-a de um pequeno pedaço de cada vez.
Depois de um tempo, sua guarda está baixa o suficiente, que quando eu sugiro que ela durma, ela aceita sem discussão. Eu me deito com ela, observando-a dormir em um sono tranquilo antes de ir tomar banho e me vestir. Ela ainda permanece na cama, em meus lençóis. Seu cabelo vermelho espalhado sobre o travesseiro, sua pele leitosa com lembretes fracos do seu sequestro, seu corpo mignon enrolado em uma bola. Pode-se olhar para ela e nunca acreditar a vida titânica a qual ela resiste. Ela se coloca como forte, mas são as suas rachaduras que me fazem tropeçar e cair, fazendo-me amá-la ainda mais. Eu sou um homem ganancioso, e conhecer suas fraquezas, torná-la mais dependente de mim alimenta minha avareza. Mas, ao mesmo tempo, eu descarrego sobre ela meu mau humor e a minha agressividade. Ela é uma mistura que agrada a todas as minhas facetas e me permite entrar livremente nas minhas necessidades nefastas que outras mulheres considerariam como alta ofensa. Mas Elizabeth tem esta forma única de se submeter a mim, sem ser submissa na natureza. Ela é enigmática. Meu telefone toca, me puxando para longe do quarto onde meu amor dorme. Quando atendo, é a segurança precisando de permissão para Lachlan subir. Liguei para ele assim que Elizabeth adormeceu porque preciso falar com ele sobre por que ele está se comunicando clandestinamente com Camilla. — Bom dia. — ele cumprimenta quando eu abro a porta. — Nós precisamos conversar. — eu digo e, em seguida, me viro para levá-lo para o escritório. Eu sento na escrivaninha e ele toma um dos assentos opostos. — Você parece uma merda, McKinnon. — Longa noite, como você pode imaginar. — eu respondo. — Como está Elizabeth? — Ansiosa. Estressada. Confusa. — digo a ele. — Ela está dormindo agora, por isso que eu te chamei para conversar. — Vamos conversar. — Camilla. — afirmo, e quando eu pergunto, noto uma pitada de nervos no Lachlan – mãos inquietas. — Continue.
— Na semana passada, quando atendi o telefone, ela pensou que eu era você. Ela o chamou de baby. Quando eu confrontei-a sobre como ela o conhecia, ela me disse que eu deveria te perguntar. Assim, como um homem que eu contratei por causa da confiança implícita que tenho em você, me diga por que a confiança não deve ser afetada por isso. — Como eu disse antes, Camilla e eu temos uma longa história. — ele para suas mãos nervosas e enrola no seu colo. — Ela é realmente a razão de eu ter parado de trabalhar para o seu pai. Tivemos um longo relacionamento e estávamos envolvidos quando eu descobri que ela estava dormindo com Cal. Ela não teve coragem de me dizer, mas a proximidade com que eu trabalhava com o seu pai, isso ia vir à tona. — Jesus. — murmuro sob a minha respiração, desconfortável que eu esteja tendo que ouvi-lo divulgar este constrangimento. Mas se vou colocar não só a minha vida e confiança em suas mãos, mas também as da Elizabeth, eu preciso saber de tudo para me certificar de que não há esquemas escondidos. — Sem dúvida, eu a chutei para fora da minha casa, e aconteceu sem nenhuma surpresa, que ela passou da minha casa para a do Cal. — continua ele. — Esse foi o último dia em que eu trabalhei para ele. Isto é, até que muito tempo depois de tudo que aconteceu, meu telefone tocou. Para minha surpresa, ela ainda estava com o bastardo, e uma surpresa ainda maior, eu descobri que ele nunca se casou com ela. — Por que ela te ligou? — Para pedir ajuda. Seu pai tinha acabado de ser preso. — Espere. — eu digo, parando-o. — Você quer dizer recentemente? — Pouco mais de um mês atrás. Eu me agito e me lanço para ele. — Você sabia que ele estava na prisão o tempo todo e nunca me disse? Que porra é essa, Lachlan? — Ele não queria que você soubesse. Disse que os dois trocaram algumas palavras muito duras antes de você se mudar de volta para a Escócia, saindo de Chicago. — Então, explique como partiram de uma amizade dissolvida para ele confiar em você da prisão? — Ele precisava da minha ajuda. Dei-lhe mais de uma década da minha lealdade. Sangue ruim ou não, ele achava que eu era seu último recurso de confidencialidade. — E você simplesmente deu a ele? Isso não cola, Lachlan.
— Talvez fosse a curiosidade. — ele defende. — Eu desprezei profundamente o seu pai e Camilla por aquilo que tinham feito bem debaixo do meu nariz. Então, imagine minha surpresa quando eu descubro que ele está na cadeia e ela o deixou na mão. O carma tinha feito seu trabalho, mas eu queria desfrutar no rastro da sua conquista. Eu fui simpático com ele e forneci o falso conforto de uma velha amizade. — Funesto. — É por isso que eu não lhe disse. — Porque ele é meu pai? — ele balança a cabeça, e eu inclino para trás em minha cadeira, segurando minhas mãos na minha frente. — Ele é um pedaço de merda. — eu falo em ódio. — Ele passou toda a sua vida virulentamente criticando cada movimento meu neste mundo. — Ele é um bastardo narcisista, mas eu não tinha conhecimento de qualquer desacordo entre vocês dois, até que ele me contou sobre o confronto que tiveram depois que você levou um tiro. — Nossos problemas são de longa data. — eu digo. — Isso não explica por que Camilla está ligando para você. — Ela acha que pode correr de volta para mim. Ela liga, soluça sua história patética, e acha que vou simpatizar com ela. Ela é delirante. — E a sua lealdade? Ele se inclina para frente com um olhar de chumbo, afirmando categoricamente: — Minha lealdade está com você e aquela garota no quarto ao lado. Eu, então, me inclino para frente também, descansando os antebraços sobre a mesa e ameaço brutalmente: — É melhor que esteja, porque se eu descobrir de outra forma, eu prometo a você, sua cabeça vai ser a próxima que vou colocar uma bala. Minhas palavras não lhe causam nenhuma hesitação, nem mesmo um piscar, um sinal constante da sua integridade. Este homem sabe do que sou capaz, ele viu com seus próprios olhos, então ele está plenamente consciente das repercussões se eu descobrir que há uma falha na sua palavra.
Capítulo Treze (ELIZABETH)
O
cheiro do lombo com pimenta
preta que Declan está preparando enche o apartamento, fazendo com que a minha barriga ronque. Nos últimos dias tenho me esforçado para comer e até para dormir. Eu continuo passando pela lista incessantemente. Às vezes acho que estou ficando louca, mas não consigo parar. Declan praticamente teve que forçar-me um comprimido para dormir na noite passada apenas para que eu pudesse descansar um pouco. Eu estava chateada e atacando-o. — Por que você não está tentando mais encontrá-lo? — eu gritei enquanto ele lutava para me segurar. — Eu estou fazendo tudo que posso, mas não sei onde ele está escondido ou da ameaça que enfrentaremos quando nós o encontrarmos. Então, ele me prendeu no sofá e empurrou o comprimido para dormir na minha garganta. No processo de engasgar com ele, eu acidentalmente engoli. Quando ele soltou meus braços, eu comecei a atacá-lo, irada por ele roubar-me tempo que eu poderia ter usado para chegar mais perto de encontrar o meu pai. Eu acordei esta manhã, depois de permitir que o sono alimentasse o meu corpo com energia restauradora e uma cabeça clara, e desculpei-me com Declan. Mas no momento em que ele me deixou para ir a uma reunião com o escritório de arquitetura, eu voltei para ela, dissecando a lista. Já passaram cinco dias desde que recebi esta lista de passageiros, e não estou mais perto de encontrar uma pista. O que é ainda mais desanimador é o fato de que tanto Lachlan, quanto Declan, estão começando a sentir esgotados, como se tivessem viajado por todo os Estados e batido em todas as cento e vinte e duas portas. E o tanto que Declan afirma que vai encontrá-lo, eu não duvido que ele realmente chegasse a fazer isso.
Enquanto Declan está no outro cômodo cozinhando, eu aproveito o meu tempo me preparando. Quando estou aplicando um pouco de gloss nos meus lábios, eu ouço o zumbido do meu celular. Ele me pega desprevenida, já que ninguém, além de Declan e Lachlan, tem o número. Quando entro no quarto, vejo o telefone em cima da cômoda e pego-o. DESCONHECIDO, lê-se em toda a tela. — Olá? — eu questiono curiosamente enquanto atendo a chamada. — Ei, gatinha. Sua voz me atordoa por uma fração de segundo. — Matt? — Você sente a minha falta? Deus, ele é tão nojento. — Como você conseguiu esse número? — pergunto em uma voz calma enquanto entro no banheiro e fecho a porta para que Declan não possa ouvir. — Todo mundo é rastreável. Mesmo você, minha querida. — O que você quer? — eu rebato irritada. — Isso não é maneira de cumprimentar um velho amigo. — Corte a merda, Matt. — Bem. Preciso da sua ajuda. — Esqueça. — Preciso lembrá-la do seu lugar nesta equação? Você me deve. Ele tem razão. Eu poderia muito bem estar sentada na prisão se ele não tivesse encoberto o assassinato de Pike para mim, então eu engulo de volta o meu ódio por seus caminhos viscosos. — O que você precisa? — Bem, parece que estou em uma situação um pouco ruim com um agiota. — Que diabos você está fazendo negócios com um agiota? — O assassinato de Pike sendo a face de meu negócio, não deu boa sorte, gatinha. Ninguém queria ser associado a mim com a ameaça de policiais assistindo. Eu precisava de dinheiro. — O que aconteceu com isso?
— Se foi. Eu apostei na esperança de aumentar meus lucros. — Você é um idiota, sabe disso? — O idiota que a salvou de uma vida atrás das grades. — ele lembra com crescente acidez, e depois solta a bomba. — Eles vão me matar. — ele faz uma pausa. — Eu não posso comprar mais tempo com eles. Coloco a mão na borda da pia e solto minha cabeça. Eu poderia socorrê-lo, com certeza, mas ele nunca vai me deixar em paz. A ameaça desse cara vai continuar pendurada sobre a minha cabeça, e como tenho alguma merda de chance de avançar nesta vida se meu passado está sempre me seguindo? Matt é nada mais que um corrosivo, ele sempre foi. Sem querer permitir-lhe a oportunidade de um dia me derrubar com ele ou correr o risco de ele me entregar para os policiais por todos os crimes que tenho sobre as minhas costas, eu retomo o controle. — Você quer que eu banque você? — Eu preciso que você transfira o dinheiro. Meu tempo acabou. — pânico se infiltra nas suas palavras, quanto mais ele fala. — Muito em breve, vai haver uma recompensa pela minha cabeça. — Se eu fizer isso, você vai me deixar em paz? — Sim. Eu espero um momento para deixá-lo suar um pouco, aproveitando a vantagem e ouvindo-o contorcer por ajuda. — Eu não acredito em você. — Elizabeth, que porra? Vamos! — Não me ligue de novo. — Você é uma puta fodida! — Deixe-me dizer-lhe quem é puta. — eu fervo por entre os dentes, injetando cada palavra com o veneno do meu coração enferrujado. — Você não consegue me foder mais. Eu não sou um brinquedo que você pode brincar. Portanto, essa puta está farta de você, seu merdinha. Deixe-os matá-lo; vão me fazer o favor de dissipá-lo da minha vida. Antes de eu dar-lhe a oportunidade de responder, eu desligo a chamada e meu telefone. Com ambas as mãos segurando a bancada, eu olho para mim mesma no espelho e cumprimento o monstro que olha de volta para mim, mas não antes dizer adeus. Eu dou
algumas respirações profundas e controlo a besta que eu venho tentando domar – por Declan – por nós. Minutos passam, e meu coração se instala em um ritmo saudável. Eu aplico um pouco mais de brilho antes de pegar o telefone e empurrá-lo no fundo da minha bolsa que está no armário. Viro-me para o espelho e me dou uma última olhada, paranoica que Declan veja através de mim. Caminho para fora do quarto e observo Declan por alguns segundos. Ele está gritando com alguém no telefone, enquanto panelas estão cozinhando e fervendo. Ele me surpreendeu com o anúncio hoje mais cedo que Davina, sua amiga de infância, iria se juntar a nós para o jantar. Eu não fiquei exatamente feliz com isso, mas me recusei a deixar Declan notar meu desagrado. Ele diz que quer que eu dê uma chance para ela, que é hora de eu parar de excluir-me de pessoas e me expor para fazer amigos. O pensamento não se coaduna comigo, embora. Eu nunca tive amigos. As mulheres com quem eu socializava em Chicago era apenas uma farsa que eu encenava para apaziguar Bennett e desempenhar o meu papel por inteiro. Porém, aquelas mulheres não eram minhas amigas. As únicas duas pessoas que já foram verdadeiramente bem-vindas na minha vida são Pike e Declan. Eu nunca vi o ponto em ter amigos; eu ainda não vejo. Mas Davina é parte da vida de Declan e é importante para ele que eu a conheça. Assim, com o meu sorriso falso, eu vou fazer o meu melhor para abafar qualquer ciúme que possa surgir, para acalmá-lo. — Alguém está em apuros? — pergunto quando entro na sala depois de Declan terminar a sua chamada, afastando o resíduo do telefonema de Matt. — Eu acho que vou ter que fazer uma viagem para Chicago para lidar com alguns negócios a respeito do Lotus. — Está tudo bem? — Sim, está tudo bem. A Forbes vai fazer uma reportagem sobre mim para a próxima edição e eles querem tirar fotos minhas na propriedade Lotus. — Você está brincando. Declan, isso é incrível! — exclamo. — Parabéns! Ele ri da minha reação, mas não posso evitar. Declan passou a vida tentando comparar o seu sucesso com o do seu pai, de modo que ter uma matéria na Forbes é uma validação incrível. Eu pego seu rosto nas minhas mãos e olho para ele com um sorriso enorme. — Estou tão orgulhosa de você.
— Você está? — ele flerta, içando-me para cima do balcão. — Sim. E você deveria estar mais animado. — Estou animado. — sua voz é baixa e até calma, me provocando. — Estou falando sério. Isso é incrível. — Você é incrível. Ele pega as minhas mãos do seu rosto, apoia-as na bancada por baixo das dele, e move-se para beijar o meu pescoço. Os pelos da sua barba recém-aparada me arranham, e eu inclino minha cabeça para tirar meu pescoço dele. Declan desaprova com um gemido e força meu pescoço com a cabeça. Ele continua a beijar e beliscar, e de vez em quando afunda seus dentes na pele sensível. Eu deixo cair a cabeça para trás com um gemido de prazer e abro as minhas pernas para convidá-lo a aproximar, mas antes que ele se pressione contra mim, seu telefone toca. — Ignore-o. — eu digo, precisando mais dele. — Eu não posso, Davina está aqui. Ele se afasta de mim e atende a chamada. Deslizo para fora do balcão, pressiono as minhas coxas para ajudar a aliviar a dor pulsante de excitação que foi construída dentro de mim, graças a Declan. — Você é uma provocação. — eu digo com uma cotovelada nas suas costelas quando passo por ele. — Isso vai ter troco. — Isso é uma ameaça? — Não. É uma certeza. Logo há uma batida na porta, e quando Declan abre para deixá-la entrar, a “amiga” de cabelos negros, cumprimenta-o com um abraço demasiado afetuoso. Eles trocam amabilidades antes de Declan apontar sua mão para mim, dizendo para Davina: — Você se lembra da Elizabeth? — É tão bom vê-la de novo. — o sorriso dela é muito grande quando ela me entrega uma garrafa de vinho. — Eu achei que isso poderia ser útil, uma vez que você está vivendo com o homem mais tenso que eu conheço. — Isso é bom. — Declan diz em ressentimento simulado enquanto volta para a cozinha, deixando-me sozinha com ela na sala de estar.
— Obrigada. — eu digo a ela, empurrando minhas inseguranças para longe, substituindo por uma segurança fictícia. — É extremamente atencioso. Eu costumava comer e beber com a crosta superior de Chicago para a satisfação de Bennett, de modo Davina deve ser tão fácil quanto vender creme faciais de merda para as donas de casa da alta sociedade. — Por favor sente-se. Aceitaria uma taça? — pergunto, segurando a garrafa. — Eu nunca digo não a vinho. Ela é alegre e feliz demais, ou talvez seja eu apenas sendo muito desconfiada. De qualquer maneira, eu cerro os dentes enquanto ando para a cozinha e abro a garrafa de Sangiovese. — Declan. — diz ela ao se aproximar e tomar um assento na ilha. — Quanto tempo temos que esperar para a sua nova propriedade? — Anos. Estamos construindo a partir do zero. — ele fala para ela. — Estive em reuniões durante todo o dia de hoje analisando orçamentos e cronogramas. Nós ainda nem sequer começamos o projeto. — Quanto tempo você planeja ficar em Londres? — Até a conclusão. Mesmo tempo que a propriedade de Chicago. Então, três, talvez quatro anos. Eu entrego-lhe o copo de vinho e ela segura. — Bem, saúde aos novos vizinhos. — e então, ela toma um gole. — Então, Elizabeth, eu sei que você não pode ser daqui com esse seu sotaque. — Não, eu sou dos Estados Unidos. Illinois. — digo a ela. — De onde Declan era? Chicago? — Sim. — Então, me mime. Diga-me como se conheceram. Assim que a pergunta sai da sua boca, eu sinto um formigamento nas palmas das minhas mãos, mas nem me estresso por mais de um segundo, quando Declan começa a responder. — Ela estava na inauguração do Lotus. — diz ele, virando a comida. — Eu a vi imediatamente naquele vestido longo azul-marinho. Não demorou muito tempo para eu
me apresentar, e para minha sorte, ela precisava de um lugar para um evento, e eu oferecilhe o espaço no hotel. — ele pega dois pratos, acrescentando: — O resto é história. Eu pego o terceiro prato e sigo para a sala de jantar. Todos nós sentamos para comer, e eu escuto, enquanto os dois compartilham algumas histórias engraçadas de infância comigo. Eu sorrio e rio em todos os lugares certos na conversa conforme domo a inveja que sinto por ela ter tido mais tempo e dividido mais memórias com Declan do que eu. Ela tem um passado profundamente enraizado com ele, conhece seus hábitos irritantes que ainda não percebi, e pode praticamente terminar suas frases para ele. — Elizabeth. — ela aborda, mudando sua atenção de Declan para mim. — O que você faz? Eu engulo o gole de vinho que acabei de tomar, então esclareço: — O que eu faço? — Você trabalha? — Oh, hum, não. Não no momento. — nunca, a não ser ajudar o meu irmão a pesar e ensacar as drogas que ele e Matt costumavam vender nas esquinas como trabalho. Eu me sinto como uma fraude sentada aqui com ela. Como se este fosse o meu padrão de vida. — Isso é sempre bom. Você já tinha vindo para Londres? — Não. Esta é a primeira vez que saio dos Estados Unidos, acredite ou não. — Eu tenho muito a mostrar-lhe então. — ela diz com entusiasmo. — Você já fez alguma exploração? — Não se você considerar atravessar a rua para Harrods. — eu brinco. — Declan. — ela repreende. — Por que você está mantendo essa mulher trancada? Leve-a para fora! — Droga! Por que você está pulando no meu pescoço? — diz ele, demonstrando indignação do jeito que eu e Pike fizemos muitas vezes um com o outro, da maneira que a maioria dos irmãos e irmãs provavelmente fazem. — Nós estivemos ocupados tentando nos adaptar. Voltando-se para mim, ela continua. — Bem, você deve deixar-me mostrar-lhe tudo, algum dia na próxima semana. Eu tenho algumas reuniões com clientes, mas depois disso, estou livre. — Reuniões com cliente?
— Oh, desculpe meus maus modos. Eu sou uma decoradora de interiores. Estou trabalhando em três casas no momento. Duas estou terminando, por isso a minha carga de trabalho será diminuída em breve. — Parece um trabalho divertido. — Tudo o que envolve compras com dinheiro de outra pessoa é divertido. — ela ri. Quando terminamos o jantar, eu fico e recolho os pratos, levando-os para a cozinha para que ela e Declan possam continuar a conversar. Quando coloco a chaleira no fogão para ferver água para o chá e café, vejo o telefone de Davina no bar, onde ela estava sentada antes, iluminar e vibrar com uma chamada recebida. Enquanto espero a água aquecer, eu pego o telefone dela e levo até ela. — Eu acho que alguém está tentando falar com você. — eu digo enquanto entrego para ela. — Oh, muito obrigada. — ela pega o telefone e olha para ver quem ligou, murmurando. — Idiotas. — O que há de errado? — Declan pergunta quando me sento. — É William. — Eu não achava que você dois se falavam ainda. — Nós não, mas, aparentemente, eu tenho uma joia que pertencia à sua mãe e que ele está exigindo. Eu falei para ele que não há nada na casa que pertence a ele e para verificar o seu cofre, mas ele afirma que não está lá. Ele continua me perseguindo por causa disso. — Diga a ele para deixar os advogados lidarem com isso. — Eu disse, mas o bastardo se recusa. — ela diz a Declan antes de virar para me esclarecer. — Ex-marido. — Oh. — Nós nos divorciamos por motivos religiosos. Ele pensava que era Deus, e eu não. De todas as piadas que ela fez, esta é a primeira em que não posso evitar o meu riso. — Você já foi casada? — ela pergunta, e minha risada diminui. Eu mordo meu lábio e viro para Declan quando quase deixo escapar um sim sem pensar. Ela me pegou desprevenida, e quando Declan vê, ele fala por mim.
— Não. Ela nunca foi casada. Davina olha entre mim e Declan com uma expressão curiosa em seu rosto, provavelmente se perguntando por que a pergunta me fez engasgar e Declan se intrometer para responder por mim. Ela sabe que algo está errado, e eu agradeço a Deus pela chaleira no fogão começar a assobiar alto na hora certa. — Licença. — eu digo, levantando e correndo para a cozinha. Eu dou uma respiração profunda, doente e cansada de todas as perguntas. Eu vivi tantos anos fingindo ser Nina que ela parece uma parte de mim, e quando há perguntas, eu esqueço que sou apenas Elizabeth e eu não posso estar a trilhar entre as duas vidas. — Você está bem? — Declan pergunta em voz baixa quando ele se junta a mim na cozinha. — Ela sabe que estou mentindo. Você viu o olhar em seu rosto? — Ela não sabe. Está tudo bem. — diz ele. — Pare de se preocupar. — Aqui. — eu lhe entrego a cafeteira francesa. — Leve isso para a mesa, por favor. Ele leva, e eu sigo com o meu chá. A noite voa enquanto nós terminamos nossas bebidas, e quando Davina anuncia que ela deve ir, eu acalmo-a com algumas brincadeiras vazias antes de agradecer-lhe por ter vindo, e ela me lembra de ligar para ela. — Nós vamos fazer compras ou encontrar-nos para um bom almoço. — diz ela, e eu respondo mentindo. — Isso soa muito bom. — Você pode obter o meu número com Declan. Nós dizemos nosso adeus, e quando ela está fora da porta, Declan diz: — Isso não foi tão ruim, foi? — Não. — eu minto. — Ela é muito amável. Ele me olha com desconfiança. — O quê? — eu questiono. — Você não está com ciúmes ainda, está? — Não, eu não estou com ciúmes ainda. — minto novamente. — Você é muito cheio de si. — Eu gosto quando você está com ciúmes. — ele aproxima de mim, mas eu esquivo do seu toque. — Traga seu traseiro de volta para cá.
— Sonhe, McKinnon. Você quer me tocar? — Sempre. — Vingança é uma cadela. — eu insulto. — Você não deveria ter me provocado mais cedo. — Você está redondamente enganada se pensa que vai dar as ordens por aqui. Ele move-se na minha direção de novo, mas a cada passo em frente, eu dou um passo para trás, mantendo a distância entre nós. Ele exibe um sorriso quase tão grande quanto o meu, que tento conter o riso. Eu amo esse nosso lado juntos, um lado que ainda temos que explorar um com o outro. É jovem e de espírito livre e um olhar raro de charme pueril de Declan. Há um brilho de alegria nos olhos dele que me faz querer correr para ele. Mas onde está a diversão nisso? Que ele me pegue!
Capítulo Catorze
—E
u agendei o avião para sair
amanhã à tarde. — Declan me diz quando entra na sala de estar. — O que você está fazendo? Eu levanto o meu lápis do papel e olho para as letras misturadas, percebendo o quão louco deve parecer para ele. — Eu tenho que continuar tentando. — Eu não estou te acusando, querida. Estou apenas curioso sobre o que todas essas letras significam. — Eu não sei. — admito com um encolher de ombros. — Eu acho que queria ver se havia algo nos nomes. Que talvez se eu colocasse as letras novamente e reorganizasse eu tivesse uma ideia... — eu deixo as minhas palavras desaparecerem quando fico ciente de como eu estou soando maluca. — Eu só... eu só não posso desistir. — Eu nunca iria pedir-lhe para desistir, mas... — Deixe-me esgotar esta tentativa antes de você me falar que estou perdendo meu tempo. — Ok. — saindo do tópico ele continua: — Então, amanhã à tarde... — Estarei pronta. Eu não tenho muito para embalar, por isso não deve me levar muito tempo. — Pensei que talvez você pudesse sair daqui por um tempo. Vá fazer compras. Você não tem quase nenhuma roupa. — Você quer dizer gastar o seu dinheiro? — O nosso dinheiro. — contesta. — Mas se você se sentir estranha por gastá-lo, deixe para a Davina. Não seria a primeira vez. — O que isso significa? — Uma vez ela roubou meu cofrinho para comprar para si um par de patins vagabundo.
Eu rio da sua raiva dissimulada. — Então, ela roubou você? — Praticamente, aquela idiota imperdoável. Eu estava economizando aquele dinheiro há muito tempo. Meu sorriso se dissolve quando a inveja se insinua. — O que está errado? Eu tenho um momento, não tenho certeza sobre o que dizer, quando finalmente falo. — Você realmente teve uma infância feliz, não é? A emoção é nítida no seu rosto quando ele vê a tristeza abrigada nos meus olhos. Ele não me responde de imediato até que eu o pressiono. — Sim. Eu fui uma criança feliz. Há um ressentimento que apodrece dentro de mim, mas não é por Declan. É por todas as pessoas que traíram a mim, meu pai e Pike. Eu não odeio Declan porque ele teve uma vida boa, mas eu estaria mentindo se dissesse que não ficava com inveja, porque estou, porque não é justo. — Você tem todas essas histórias maravilhosas para compartilhar comigo, e eu não tenho nada para compartilhar com você. — Vamos lá, você deve ter algumas boas memórias com o seu irmão. — Honestamente. — eu começo e depois faço uma pausa para segurar firmemente para conter as lágrimas que ameaçam. — Dói muito lembrar. — Faz apenas alguns meses que você o perdeu. Dê um tempo. Eu penso nas palavras que ele escolheu: o perdeu. Como se Pike fosse um conjunto de chaves perdidas. Meu estômago afunda quando penso na realidade feia. Eu não o perdi. Eu o matei. Duvido que qualquer quantidade de tempo irá fazer desaparecer a agonia que me atormenta por causa do que eu fiz. — Hey. — diz ele em voz baixa. — É por isso que você deve sair de casa. Você precisa de uma pausa de tudo. Ar fresco e um pouco de distração vai fazer bem para você. — Você vai me deixar ir sozinha? — Não.
— Eu achei que não. — deixo escapar uma risada fraca. — Vou ligar para Lachlan. — Por que você não chama Davina? Eu coloco o meu lápis e bloco de notas na mesa de centro e expiro profundamente. — Posso apenas chamar Lachlan? — Por que você tem tanto medo de fazer amigos? — Primeiro, eu não tenho medo. E segundo, porque eu preciso de amigos quando tenho você? Eu não sou uma daquelas garotas que tem essa necessidade incessante de fofocar e bater papo sobre coisas que considero de nenhuma importância. — explico com um pouco de aborrecimento. — As mulheres são cruéis e maliciosas, todos sabem disso. — Se isso fosse verdade, o que isso diria sobre você? Reviro os olhos para ele, mas ele apenas sorri. — Eu sou cruel, mas eu não sou maliciosa. Ele balança a cabeça para mim. — Faça-me um favor. Alegre-me. — Por que eu deveria? — Porque ela é praticamente a única família que tenho. — ele me diz. — Ela é uma boa pessoa. Com um lado um pouco borbulhante, mas ela é boa e é confiável. Eu também acho que seria bom para você começar a se aventurar, fazer uma amiga. — Eu nunca tive amigos. — E quando você era uma criança na escola? — Todas as meninas estavam muito ocupadas tirando sarro de mim. Eu era provocada todos os dias. — encolho os ombros, quando eu me lembro da vergonha e embaraço. — Eu nem saberia como ser uma amiga para alguém. Ele pega minhas mãos, dizendo: — Basta ser você mesma. — Essa é uma ideia. — minha voz enche de dor. — Pena que não tenho a menor ideia de quem eu sou. — Você pode não ver, mas eu posso. Eu vejo partes de você que são novas e nada como a menina que conheci em Chicago. Seu sorriso, alegria juvenil que lhe escapa de vez em quando, pertencem a você – Elizabeth. — ele fala com certeza. — Nina nunca teria corrido ao redor deste apartamento, rindo e fazendo-me persegui-la do jeito que você fez na outra noite. Com o passar do tempo, mais do que você é, vai se revelar. Mas se você
precisar saber quem você é, porque não consegue se encontrar dentro de você, então venha até mim e eu vou lhe falar. Concordo com a cabeça, incapaz de falar por causa do excesso de emoção. Olhando em seus olhos, fico perplexa com o amor que ele sente por mim. Sua paciência e confiança começam a formar uma base sólida em mim. Eu confio nele, mas ainda reprimo tantas inseguranças, algumas das quais eu ainda tenho que compartilhar com ele. Contudo, suas intenções são boas; ele só quer me ver prosperar e ser feliz. Ele nunca me colocou intencionalmente em uma situação prejudicial ou insegura. — Então você vai ligar para ela? Por ele, vou tentar do seu jeito. Ele me dá o número dela, e quando ligo, ela fica emocionada com a menção de compras e concorda em passar para me pegar. Depois que desligo o telefone com a Davina, vou para o escritório, onde Declan está. — Eu queria falar com você sobre algo. — Você conseguiu convencê-la? — Sim. Ela está a caminho para me pegar. — O que você quer falar? — ele pergunta ao se levantar da sua mesa e eu movimento-me para acompanhá-lo no sofá de couro que fica no canto da sala, ao lado das grandes janelas. — A cobertura em Chicago. Eu quero vendê-la. — digo a ele. — Eu nunca mais vou morar lá. Eu gostaria de poder apagar todas as suas memórias, mas não posso, então vamos simplesmente nos livrar dela. — Eu vou cuidar disso. De tudo. — ele me garante, sem qualquer pergunta. — Embora eu precise voltar. Há algumas coisas que eu preciso e que foram presentes do Pike. — Ok. Vou fazer uma ligação para Sotheby para ver o que precisa ser feito para colocá-la à venda. — diz ele, tirando toda a pressão de eu ter que lidar com isso por conta própria. — Nós podemos ir direto para lá quando pousarmos para acabar com isso e não ficar pesando tanto em você. — Você tem certeza? Quero dizer, você não tem que ir comigo.
— Aquele lugar está cheio de memórias horríveis para mim também. Memórias que eu também gostaria de poder apagar, mas não posso concordar que você vá lá para enfrentar tudo sozinha. Eu passo os meus braços ao redor dele, tão grata porque ele está certo, eu sei o quão doloroso vai ser entrar por aquelas portas novamente. É o santuário contaminado de fantasmas dos últimos anos. É Bennett, são as rosas roxas, são todos os momentos repugnantes em que eu dei o meu corpo àquele pedaço de merda, é onde eu vi o monstro nos olhos do meu irmão pela primeira vez, é onde meu bebê morreu, e é onde o espírito de Declan mudou para sempre quando ele assassinou Bennett com raiva cega. É o caixão que contém tantos esqueletos. Eu o queimaria até as cinzas se eu pudesse. — É um capítulo do nosso passado que podemos encerrar. Basta olhar dessa forma. — mais uma vez, ele está fazendo o que pode para eliminar a dor que ambos sentimos sobre esse lugar, o lugar que ele temia me mandar de volta depois do nosso tempo juntos, achando que Bennett me batia com violência. Tantas mentiras. Tanto derramamento de sangue. Mas sem isso, eu nunca teria encontrado Declan. Então, vou aceitar que essa tortura queime o meu coração.
O dia está quente o suficiente para sair sem um casaco. Eu inclino a cabeça para trás, olhando para o céu azul brilhante. Os raios do sol aquecem meu rosto enquanto respiro o ar fresco profundamente, e eu juro que sinto suas partículas me limpando. — Lindo dia, não é? — Davina pergunta enquanto nós estamos no meio da Piccadilly Circus. Declan estava certo, eu precisava sair dos limites do One Hyde Place. Precisava de sol e ar fresco. Precisava sentir essa brisa balançando o meu cabelo, para ver que mesmo que a vida pareça ter dado uma pausa, na verdade, ela nunca para. As ruas são uma cascata de pessoas andando em todas as direções. Davina atende um telefonema e eu subo os degraus da fonte Shaftesbury. Uma onda de liberdade irrompe em mim quando alcanço o degrau mais alto. Eu já vi os grandes marcos dos Estados Unidos, mas apenas com Bennett ou por causa dele. Embora ele me desse toda a liberdade
que eu queria, eu não era verdadeiramente livre. Eu estava vivendo na sua vida, como sua esposa. Mas aqui estou eu. Sem ter que fingir mais. Não sou mais uma prisioneira de meu próprio jogo. E mesmo que Declan me mantenha com segurança sob o polegar, eu nunca me senti mais sem limites. Tanto é assim que, se eu levantasse os meus braços agora, aposto que poderia voar. — E só vai ficar melhor a partir deste ponto. Eu faço uma varredura da multidão de pessoas, buscando, e então, eu o avisto. Eu suspiro. Ele não está com trinta e dois anos de idade. Ele está com doze anos de idade, o menino da nossa infância. Ele está sob as luzes coloridas dos outdoors, olhando para mim. Agudamente consciente da presença de Davina na parte inferior da fonte, eu deslizo os meus óculos de sol para proteger a dor do meu coração que empoça os meus olhos. Davina está distraída no seu telefone no momento. Eu quero correr para ele, mas todo mundo iria pensar que sou louca. Meu coração salta para a vida. Eu estou dando-lhe isso, algo que ambos fomos privados quando éramos crianças, e porque eu o mantenha vivo, eu agora posso dar-lhe todas as alegrias que vêm na minha direção. Nós podemos compartilhá-las. Ele olha para as luzes brilhantes, seus olhos de menino cheios de admiração, e eu sorrio. Vira-se para olhar para mim, exaltação estampada em seu rosto, ele acena para mim a uma distância. Em troca, dou ao menino que fez tudo o que podia para me salvar do diabo no porão, um aceno sutil de volta. — Desculpe por isso. — diz Davina, chamando minha atenção para longe do meu irmão enquanto empurra seu telefone na sua bolsa. Eu sorrio, escondendo minha dor por trás das lentes escuras. — Está pronta? — Sim. — eu respondo, descendo a escada e dando uma última olhada no Pike, mas ele se foi. Digo a mim mesma que ele vai voltar, porque ele sempre volta.
Davina e eu caminhamos juntas para Bond Street, onde ela me assegura que há lojas maravilhosas, e ela conhece. E são todos os designers que ainda pairam no meu armário no The Legacy. Amigos familiares cumprimentam-me enquanto eu passo. Chanel, Jimmy Choo, Hermés. Eles estão todos aqui, lembrando-me de como eu os usei para enganar os outros. — Aqui estamos. — diz ela, abrindo a porta para Fenwick. Eu ando dentro da loja de departamento luxuosa, que Davina insiste que tem uma boa seleção de designers menos caros também. Eu lhe disse que não precisava de nada extravagante, apenas o usual, de todos os dias. Eu tiro meus óculos de sol e começo a olhar as prateleiras e pegar itens que estou precisando. Davina vagueia para comprar mais em algumas prateleiras. Eu encho meus braços com jeans, calças, camisas casuais e suéteres de cashmere macios, antes de um vendedor levá-los para achar um provador para mim. Nós mantemos uma conversa leve conforme experimentamos roupas. Ela fala comigo sobre uma cliente dela, que é uma viúva de um aristocrata, que ela jura estar drenando a herança da família em uma remodelação. — Seus filhos vão ficar loucos e sangrentos quando descobrirem que ela está jogando todo o dinheiro fora. — diz ela. — Quanto dinheiro você suspeita? — pergunto, lançando outro top na pilha do sim. — Cerca de duzentos e cinquenta mil libras! — ela exclama. — A velha ficou louca. Uma vez que nos vestimos, fazemos nossas compras e vamos para o segundo andar, onde Davina conseguiu reservas em cima da hora para o Bond & Brook. O restaurante é fascinante, brilhando em branco completo e prata. Sentamos em uma mesa ao lado das janelas, que dão vista para a rua cheia de pessoas ansiosas para gastar dinheiro. — Eu só consegui assento para o chá da tarde, espero que esteja tudo bem para você. — Claro. Nosso garçom arruma prontamente nossa mesa com chá quente e champanhe Pommery Rosé, junto com pequenos petiscos, que consistem em tortinhas de caranguejo, carolinas de pera, e corvette de pepino. — Isso parece incrível. — eu digo. — Obrigada por ter feito isso.
— Claro. Estou feliz de ver Declan compartilhar sua vida com alguém. Eu estava começando a me preocupar que ele ficaria sozinho para sempre. — ela dá uma risada discreta, mas sei que ela fala sério. — Deve ter sido amor à primeira vista, então? — Por que você diz isso? — Ele disse que os dois se conheceram na abertura do Lotus. Isso foi no início de dezembro, não foi? — Sim. — eu respondo e, em seguida, tomo um gole de chá. — É abril, e vocês já moram juntos. — Eu acho que você está certa. — fico um pouco surpresa, mas escondo. Parece como se muito mais tempo tivesse passado desde a noite em que o conheci. — Eu não posso acreditar que só faz quatro meses. — E eu não posso acreditar que ele manteve isso em segredo de mim. — ela brinca com um sorriso antes de morder uma das tortinhas. — Bem, eu sei que você não está trabalhando aqui em Londres, mas o que você fazia quando morava no exterior? — Hum... — Declan me disse para apenas responder às perguntas como Elizabeth, mas não posso fazer isso. Eu toco minha boca com o guardanapo, gasto o tempo enrolando, mas avanço independentemente. — Eu fiz um pouco de... — lembro de quando conheci Bennett e continuo: — Eu trabalhei em serviços de bufê por um curto período. Eu não tenho certeza se ela percebe a minha hesitação, mas ela continua, dizendo: — Isso é tão engraçado. Trabalhei nesse reino após a universidade. Eu era uma bartender para uma empresa de bufê em Edimburgo. — Sério? — Meus pais não são como a maioria. Eles pagaram o meu caminho através dos meus estudos, mas uma vez que me formei, eles cortaram os cartões de crédito, e eu estava por minha conta. Levei um tempo para encontrar trabalho, então nesse meio-tempo, fui bartender. — explica ela. — Você era colega do Declan na faculdade? — Não. Declan era um estudante impecável. — eu nem tanto. Eu estudei na Universidade de Dundee. — Onde é?
— Apenas ao norte de Saint Andrews, onde Declan estudou. Menos de uma hora de carro, na verdade. — ela me diz. — E você? Qual Universidade você frequentou? — Onde frequentei? — não posso lhe dizer a verdade, então defendo o meu lado e minto. — No Estado do Kansas. — é a universidade que falei para Declan que Nina frequentou, mas eu me chuto imediatamente por mentir quando Declan deixou claro para não fazer isso, e quando continuo, eu tropeço em minhas palavras, sabendo que preciso corrigir a mentira. — Bem, eu quero dizer... — foda-se! — Está tudo bem? Ela vê através de mim. Quando ela está olhando, eu me pergunto se de alguma forma ela sabe que eu sou uma fraude. Ela vem para se sentar ao meu lado. — Deixe-me desculpar. — ela começa, e eu não respondo. Eu deixo-a continuar. — Eu não quero me intrometer. Eu posso ver que a deixei desconfortável. — Não. — eu digo, tentando disfarçar. — Eu sou apenas um pouco reservada. — Eu posso entender isso. É só que, bem, depois da morte de Lillian, Declan mudou muito. Ele isolou-se de quase toda a família. Nós dois conseguimos mantermos próximos, contudo, e temos permanecido dessa forma. — ela revela. — Eu o amo muito, e quando eu falei com ele após o jantar na outra noite, ele me disse que você era uma extensão dele. Então, não posso evitar, exceto amá-la também por causa disso. Suas palavras são sinceras e me deixam surpresa. Eu posso ver que há outras motivações da parte dela, além de realmente querer me conhecer. Declan estava certo quando me disse que ela era uma boa pessoa, porque é exatamente essa impressão que ela está me dando agora. — Eu nunca fui para a faculdade. — eu admito para ela, a necessidade de apagar a mentira. — Desculpe-me por mentir. Acho que fiquei com vergonha. — discutir as minhas verdades não é o que eu estou acostumada. Eu sou uma mentirosa, uma manipuladora, uma impostora. Ou eu era. Mas eu sempre estive correndo de alguma coisa, uma fugitiva com a idade de quatorze anos. Sempre esquivando-me da lei, de uma forma ou de outra. Mas hoje, agora, eu vou optar por dar um passo adiante como Elizabeth. Se Davina, como Declan, acreditar que sou uma extensão dele, ela não vai julgar. — Eu fui uma criança adotada. Não vim do dinheiro, então, faculdade nunca foi uma opção para mim. Ela sorri e coloca a mão em cima da minha, em um gesto que é simultaneamente reconfortante e estranho. — Obrigada por confiar em mim com isso.
Eu aceno, e depois que ela dá um aperto de mão leve, ela se move de volta para seu assento na minha frente. Ela toma um gole de champanhe, sorri, e, em seguida, acrescenta em tom de brincadeira: — Devemos pedir mais champanhe... por conta do Declan. — ela pisca, puxa um dos seus cartões de crédito e ri. — Ele me deu quando eu fui te buscar, no caso de você se recusar a usar o outro cartão dele. Eu balanço a minha cabeça. — Aquele desgraçado! — Bem, aquele canalha vai pegar a nossa conta. A conversa é menos estressante agora que o tijolo de preocupação e sigilo foi tirado dos meus ombros. Ela pergunta sobre a nossa viagem de volta para os Estados Unidos, e eu digo-lhe tudo sobre Chicago. Eu não estou prestes a contar-lhe a minha história de vida inteira de jeito nenhum, mas por agora, estou gostando da conversa leve com alguém que não seja Declan ou Lachlan. Aqueles dois já conhecem muito da minha escuridão, mas com Davina, sinto um pouco... de novo e até mesmo um pouco normal.
Capítulo Quinze
E
nfio a lista de passageiros junto
com o meu bloco de notas e lista de contatos em um envelope pardo e guardo na minha mala. A noite passada foi mais uma longa noite de esforço comprometido. Eu sei que Declan pensa que é um absurdo, e talvez seja, mas me recuso a ficar ociosa e esperando. Eu sempre vou encontrar uma maneira de me manter em movimento, porque tenho que fazer, porque preciso encontrá-lo. — Você sabe onde está a sua mochila? Eu preciso dela para as minhas roupas de ginástica e de treino. — pergunta Declan. — Está na prateleira de cima do meu lado do closet. Sento-me na cama e espero que ele termine de embalar suas coisas. Ele sai do closet com a mochila, e o admiro na sua camisa de botão sob medida, que está muito bem enfiada em sua calça preta. Sempre tão polido e refinado, mesmo quando ele está vestido com jeans e uma camisa de algodão. — Você quer limpar a baba do seu queixo e me ajudar? — ele diz enquanto me espia e me pega de boca aberta. — Você é tão cheio de si. — eu falo ao descer da cama para pegar seus sapatos. Quando volto e coloco os sapatos na cama ao lado da mala, eu o vejo pegar um porta-retrato. Ele segura-o com ambas as mãos, e me lembro que é a mesma foto que encontrei com ele no quarto da Isla no The Water Lily. — Eu esqueci que isso estava aqui. — diz ele. — Você já tinha visto? — Quando você estava sumida, eu mexi em todos os seus pertences, e me deparei com isso. — ele me diz. Seus olhos permanecem na fotografia de quando ele era menino, e então ele olha para mim, perguntando: — Onde você conseguiu isso?
— Na pousada onde eu estava hospedada. Eu encontrei-a no quarto da proprietária. — faço uma pausa por um momento, e quando ele não fala, eu pergunto: — É você, não é? Quer dizer, tem seu nome escrito na parte de trás. — Sim. Sou eu. Eu olho para ele confusa e ele reflete a confusão para mim. — Você conhece ela? Isla? — Não. Você perguntou para ela quando você o encontrou? — Ela não estava lá. Eu achei quando você estava em Londres, e eu tinha voltado para arrumar o resto das minhas coisas. Foi o dia em que Richard me sequestrou. — Esta foto foi tirada na casa dos meus pais. Esta era a lagoa que tinha na propriedade. Ela enchia com flores de lótus, e minha mãe passava horas lá fora. — Talvez ela fosse uma amiga da sua mãe. — sugiro. — Ela nunca disse nada. Eu a vi todas as vezes que fui lá para visitá-la. Se ela me conhecia, por que não mencionou algo? — Você quer falar com ela? Ele entrega a foto para mim, dizendo: — Nós não temos tempo. Precisamos chegar ao avião. Eu vou lidar com isso quando voltarmos. — Você tem certeza? Você parece incomodado com isso. — Eu não estou incomodado. — ele afirma e, em seguida, joga suas roupas e sapatos na mala antes de fechar. — Você provavelmente está certa. Ela deve ter sido amiga da minha mãe. Ele pega a mala dele e a minha, e sem outra palavra, sai do quarto, deixando-me sozinha. Encontrar aquela foto despertou algo dentro dele. Seus olhos expuseram demais para mim, mais do que ele pretendia. Talvez fosse apenas a lembrança pura da sua mãe, então vou respeitar o seu pedido para evitar o assunto até depois da nossa viagem. Nós fechamos o apartamento antes de sair de carro para Biggin Hill Airport, onde o piloto já está nos esperando. Além dele, nós somos os únicos no avião. — Há quanto tempo você tem essa coisa? — pergunto enquanto me sento na minha poltrona ao lado da janela. — Isso é mais do que apenas uma coisa. É um jato G450 da Gulfstream. — ele fala sério, e rio para ele e aceno com a cabeça.
— Eu vejo que ofendi o seu brinquedo. — eu falo para incomodar. Ele toma o assento ao meu lado, em vez de na minha frente. — Apertem os cintos, porque este brinquedo está prestes a decolar. — diz ele com um sorriso sexy e depois estende a mão para apertar meu cinto de segurança, puxando a alça para ajustá-lo. O avião é extravagante com seus assentos de couro branco, acabamentos em madeira que adicionam um contraste masculino, assentos duplos à esquerda e individuais à direita, com uma estação de bebidas na parte de trás, ao lado de um lavatório de tamanho decente. Há uma televisão de tela plana acima da mesa de jantar pequena na frente do avião, ao lado do cockpit. — Bem, por mais que não importe. — digo enquanto ele aperta o cinto de segurança. — Eu gosto do seu brinquedo. — Desde que o meu bebê esteja feliz. O piloto olha por cima do ombro do seu assento no cockpit, dizendo: — Nós já estamos liberados para decolar, Senhor. Vocês estão prontos? — Estamos prontos, William. — Gostariam de privacidade durante o voo? — Sim. Eu olho para ele, perplexa com um sorriso, e pergunto: — Você não quis privacidade da última vez? — É porque Lachlan estava conosco. Seus flertes despertam o material inflamável dentro de mim, mas ele simplesmente pisca e pega a minha mão na dele, enfiando os dedos nos meus quando a aeronave começa a se mover. — Preparem-se para a decolagem. — a voz do piloto anuncia através do alto falante. Aperto a mão de Declan com mais força quando o avião acelera. — Você está nervosa? Eu olho para fora, na janela, enquanto o avião começa a levantar voo. — Elizabeth?
Eu viro a minha cabeça para ele e aceno concordando, meus dedos presos nos dele. Ele enfia uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, e fecho meus olhos quando me inclino ao seu toque. — Fale comigo. Eu abro os meus olhos. — É estranho voltar. Todo mundo lá me conhece como Nina. Eu não posso ser qualquer coisa, exceto ela naquela cidade. — Eu sei. — diz ele, a voz se afogando em compaixão. — Isso te incomoda? Porque isso me incomoda. — É parte de quem somos. — Mas não te incomoda? — pergunto novamente. Encolhendo os ombros, ele admite. — Um pouco. Mas nós estamos nisso juntos. Vou fazer o que puder para tornar esta viagem curta e sem incidentes. Meu estômago está em nós, ansiando por um dos meus muitos desejos intermináveis, que é extinguir as memórias que são invencíveis. Quero sair dessa teia de aranha em que estou presa, como areia em uma pérola. Eu não sou nenhuma pérola, porém, mais parecida com a gosma que reveste a pérola dentro da ostra. E eu tenho que saber, se sob o meu escudo protetor, se cavar fundo o suficiente através do lodo, haverá um bocado de pureza? Lembro-me de uma das minhas conversas com Isla – ela disse que somos todos envolvidos com fibras sagradas. Talvez. — Venha aqui. — Declan diz depois de um período de tempo. Ele levanta o braço da poltrona entre nós, enquanto eu solto o cinto de segurança e, em seguida, me puxa para o seu colo. Com meus braços ao redor do seu pescoço e o dele em volta da minha cintura, eu descanso minha cabeça contra a sua. — Nós vamos ficar bem. — ele sussurra profundamente. Eu concordo. Sua mão desliza sob os meus ombros e trilha pela minha espinha, enviando uma onda de arrepios na minha pele. Com os olhos abertos, nos observamos intensamente. Minhas mãos encontram o caminho para o seu cabelo, e eu agarro mechas dele, à medida que sua mão move-se para deixar um rastro no meu estômago. — Diga-me o que você quer. — ele fala em uma respiração rouca.
Ele passa a mão sobre o meu seio e puxa a renda do meu sutiã para baixo, debaixo da minha blusa. — Você. Cru e firme. Toque-me como se eu fosse inquebrável. Ele aperta meu mamilo com força entre os dedos. Eu relaxo, e meu corpo se encolhe com a dor súbita que dispara através das terminações nervosas que movem debaixo da minha pele. — Sim. — eu murmuro. Preto engole o verde conforme a luxúria enche o ar em torno de nós, e ele aperta o meu mamilo novamente, torcendo com tanta força que tenho que segurar a respiração enquanto meus dedos agarram seus ombros. — Assim? — pergunta ele, me liberando dos seus dedos. — Mmm hmm. — eu respondo com os lábios fechados conforme o meu seio pulsa, diminuindo a dor que ele infligiu. Ele sorri, mas é preenchido com satisfação imperiosa. — Boa menina. Ele me tira do seu colo, ergue-me, e depois se junta a mim. Lentamente, ele pega a barra da minha blusa e puxa-a sobre a minha cabeça antes de remover meu sutiã, meus mamilos duros por causa do seu ataque. Ele remove o resto das minhas roupas até que estou de pé ali, completamente nua e exposta, enquanto ele continua vestido em sua calça e camisa. — Vire-se, afaste as pernas, e curve-se. — ele instrui, e eu obedeço a sua palavra. Viro-me, separo os meus pés, e curvo-me, segurando minhas mãos nos braços da poltrona para me equilibrar. Ele então toma uma extremidade do cinto de segurança e dá um nó ao redor do meu pulso esquerdo e, em seguida, faz o mesmo com o direito, com a outra extremidade do cinto de segurança. Ele recua atrás de mim, e eu posso sentir seus olhos em mim, mas ele não me toca. Fecho os olhos e espero, e depois do que parecem alguns minutos, eu o ouço mover. Abrindo os olhos, vejo entre as minhas pernas para me deparar com ele de joelhos, e então, eu fecho-as novamente, assustando quando ele finalmente me toca. Seus dedos afundam nos meus quadris, e eu sinto sua respiração quente na minha boceta, segundos antes da sua língua quente deslizar ao longo da minha fenda. E então, ele mergulha entre as minhas dobras e encontra o meu clitóris. Eu choramingo quando ele pressiona a ponta da sua língua nele de um lado até o outro. Minha respiração acelera e
meus olhos abrem quando os meus joelhos começam a ceder. Há tanta pressão e tanta fricção, que rapidamente me levam a um orgasmo. Ele é implacável, e em seguida, se afasta abruptamente, deixando meu centro necessitado e mendigando. Em seguida, ele ataca a minha bunda com força com a mão, dando um tapa alto. Imediatamente sinto a pele maltratada irradiar em um calor abrasador. Mas antes que os arrepios comecem, ele abaixa a mão em outro golpe cruel. — Ai! O ar frio encontra a minha bunda quando ele me espalha. Gotas de suor escorrem pelo meu pescoço e os braços começam a tremer. Sua boca está de volta na minha boceta, lambendo com sua língua, comendo-me como um animal selvagem. Ele corre a boca pelo meu clitóris todo o caminho até o meu ânus. Ele me arrebata, provando tudo de mim, e a sensação me faz gozar mais, obscurecendo a minha visão enquanto sinto o puro êxtase. Ele me devora inteiramente de frente para trás e de trás para frente, tocando-me de maneiras que eu nunca tinha experimentado antes. Ele fode minhas duas aberturas com a língua, e precisa de todas as minhas forças para me manter em pé. Arrastando sua boca para o lado da minha bunda, ele afunda seus dentes em mim, me mordendo como um bárbaro antes de me espancar mais uma vez com uma mão forte. — De joelhos. — ele exige. Quando abaixo para o chão, ele me agarra e vira meu corpo para encará-lo, torcendo os meus braços dolorosamente, cruzando um sobre o outro. Eu grito, mas a dor da mudança se dissolve. Minha bunda pulsa debaixo de mim enquanto eu sinto a carne maltratada. Ele começa a desabotoar sua camisa e a retira. Admiro seu corpo, à medida que ele fica nu na minha frente. Músculos tensos envolvem os seus ombros largos e descem para os braços. Seu peito é definido em partes rígidas que gravam o seu caminho até o V profundo que leva ao seu pau grosso. Além do ferimento de bala no peito, sua pele é lisa, mas nele, a falha é impecável; cada parte do seu corpo é transcendental. Ele ajoelha entre as minhas pernas e levanta meus quadris para ele, descansando minha bunda em cima das suas coxas com os meus pés plantados em cada lado dele. A cabeça do seu pênis empurra contra mim, e ele me provoca quando arrasta-o para cima e para baixo entre os lábios da minha boceta, molhando-o com a minha excitação. — Diga-me quem é o seu dono. — diz ele enquanto se segura na mão e puxa minha abertura com a ponta do seu pau.
— Você. — Eu quero mais. — Então pegue. — eu murmuro, todo o meu corpo gritando de histeria por ele, por ele inteiro. — Você me tem inteiramente. Eu te amo, então pegue tudo, porque já é seu. — Foda-se, eu te amo. — ele rosna enquanto enterra até as bolas, profundamente dentro de mim. Meus seios saltam enquanto ele me fode com golpes poderosos e segura meus quadris levantados. Carne pulsante e braços queimando deixam de existir conforme me permito ficar perdida neste homem. Eu estou tão apaixonada por ele. Eu me contorço contra ele a cada vez que ele entra em mim, ansiando por mais. Ele estende a mão e aperta o meu seio rudemente antes de tirar a mão e dar um tapa. O castigo contundente em uma pele tão macia batalha contra o prazer entusiástico, e eu grito em puro calor carnal quando ele dá um tapa no meu seio novamente, antes de se inclinar para lamber e chupar a ondulação suave do meu peito. Os cabos dos cintos de segurança cortam meus pulsos enquanto Declan me domina, fazendo o que quer com o meu corpo, porque ele pode, porque dou-lhe esse direito. Ele diminui o seu ritmo, quando se afasta de mim beijando e perguntando: — Você confia em mim? — Eu confio em você. Então, ele coloca as duas mãos em volta do meu pescoço frágil. — Você confia em mim agora? Eu concordo. — Dê-me as palavras. — Eu confio em você. — Não entre em pânico. — diz ele com firmeza, e quando o faz, um tremor de medo me atravessa em um flash. Seus olhos estão fixos nos meus, e sinto os seus dedos apertarem enquanto suas mãos ficam mais fortes, fechando em torno de minha garganta. Ele começa a pegar o ritmo, bombeando seu pênis dentro e fora de mim. Minhas mãos em punho apertadas enquanto o seu aperto no meu pescoço se torna mais intenso. A pressão aumenta e aumenta à medida que as mãos se contraem ao meu redor.
Eu ofego por ar quando ele detona a minha traqueia. Ele está me sufocando! Seus braços forçam ainda mais, cortando a minha via aérea completamente, enquanto ele olha nos meus olhos grandes inundados de lágrimas. Meu corpo cambaleia à medida que engasgo freneticamente, desesperada por ar. Entro em pânico. Meu Deus! Eu não consigo respirar!!! — Isso é confiança. — ele resmunga enquanto me fode descontroladamente, batendo em mim. Ele é brutal. — Não tenha medo. Minha visão embaça e eu puxo os cintos de segurança ferozmente. Minhas mãos e pés começam a formigar, e a sensação se arrasta através dos meus braços e pernas, fazendo-me de refém. Arrepios arruínam o meu corpo. Não há mais ar. Tudo fica preto. E depois... Tudo ao meu redor explode em uma erupção em chamas de todas as forças da natureza que se possa imaginar, quando suas mãos me soltam. Explosões de luz irrompem, prejudicando minha visão, cegando-me de tudo em torno de mim, enquanto meu corpo contrai violentamente, fragmentando cada osso meu. Tenho espasmos em um orgasmo debilitante, diferente de tudo o que poderia existir na Terra. Eu gozo violentamente duro, gritando em um inferno de paixão selvagem. Prazer rola em ondas através de cada músculo, cada tendão, cada célula. Ele me atinge uma e outra vez, recusando-se a me largar. Ouço Declan gemendo profundamente ao longe, eu sinto o seu corpo quente me envolver. O calor embebe na minha pele, e parece remédio quando se espalha através da minha corrente sanguínea. Acalma, trazendo-me de volta. Concentro-me no seu conforto quando meus olhos começam a se focar. Todo o meu corpo fica mole, e quando posso ver Declan claramente, sou consumida por uma enorme necessidade de proximidade. — Solte-me. — grito com urgência. — Agora, Declan. Desamarra-me. Minha voz treme e falha, e ele se move rapidamente para me libertar, e com cada braço que libera, eu envolvo firmemente em torno dele. Ele me segura conforme me
escarrancho em seu colo, e enterro o meu rosto para o lado de seu pescoço. Nossos corpos estão úmidos e nos agarramos um ao outro. — Eu tenho você, querida. — ele sussurra uma e outra vez. — Você está bem; estou com você. E eu sei que ele está. Eu não achava que era possível ficar mais íntima do Declan, poder estar mais perto dele. Mas o que ele fez... juro por Deus que eu o senti dentro de cada molécula do meu corpo. Eu nunca me senti mais exposta, mais vulnerável, mais nua do que estou agora, neste exato momento. Ele tem-me no meu estado mais fraco. Eu finalmente levanto a cabeça e olho para ele, nossos corpos ainda ligados, e beijoo, saboreando cada parte minha na sua língua, como o animal selvagem que eu sou. — Nunca me deixe. — eu começo a chorar. — Prometa-me que nunca vai me deixar. — Eu nunca vou deixar você. — ele afirma. — Você é a cor do meu sangue.
Capítulo Dezesseis
N
o
momento
em
que
desembarcamos e chegamos no Lotus na noite passada, eu estava completamente esgotada. Assim que me arrastei para a cama, adormeci. Nós levamos o nosso tempo para acordar e ficar por aí esta manhã, mas agora que estamos limpos e tomamos um café da manhã tardio, vamos para The Legacy. Até este momento, estou bem. Mas enquanto Declan dirige pelas ruas conhecidas da cidade, eu me sinto mal do estômago. Nós entramos na garagem e estacionamos o carro ao lado da SUV do Bennett. Declan sai do carro, mas fico congelada conforme olho para o veículo Baldwin, que costumava me levar aos lugares. — Vamos acabar com isso. — Declan diz quando abre a minha porta. Ele me alcança e retira o cinto de segurança. — Vamos. Eu tomo sua mão e seguro firmemente ao entrarmos no prédio e subirmos até o último andar. Quando o elevador se abre e entramos no apartamento, tudo vem à tona. Cada cheiro, cada conversa, cada encontro sexual que eu experimentei com o inimigo. Eu olho para Declan, ele está rangendo os dentes. Sua única memória deste lugar é de quando ele invadiu e disparou em Bennett, matando-o instantaneamente. — O quarto é por aqui. — murmuro, tirando-o do seu transe. Ele anda ao redor, enquanto entro no closet. Subo em um banquinho para alcançar a caixa na prateleira de cima. Quando a puxo para baixo, eu arranco a fita e vejo uma pilha de roupas que usava para esconder o que se encontra abaixo. Cavo e pego o caderno que Pike sempre usava para esboçar. Página após página está preenchida com arte criada por suas próprias mãos. Algumas são de estranhos aleatórios, algumas são visões dos seus sonhos, mas a maioria são de mim. Procuro embaixo e puxo alguns outros itens que guardei quando me mudei para cá com Bennett. Eu tinha que ter sempre pedaços do Pike comigo.
Eu despejo as roupas e coloco todas as posses de Pike de volta na caixa. Tento não pensar muito. Estar neste espaço já é bastante difícil. Quando caminho de volta para o quarto que dividia com Bennett, Declan está de pé em frente ao armário grande. Quando ando até ele, vejo que ele está segurando uma foto emoldurada minha e de Bennett, do dia do nosso casamento, e meu coração afunda dolorosamente no poço profundo de tristeza. — Não era real. — eu digo, mantendo minha voz suave, porque parece que ele está prestes a explodir. — Eu odiava aquele homem. Ainda odeio. Ele não fala, os nós dos dedos estão tensos e brancos com o aperto na armação de metal. Eu estendo a mão devagar e toco seu ombro. — Por favor, não olhe para isso. — Você parece tão feliz. — diz ele, suas palavras despejando ácido no meu coração. — Fiquei feliz porque eu estava a um passo de destruí-lo. É isso que está por trás do meu sorriso. — digo a ele. — Não amor. — Você o deixou tocar em você. — Não faça isso. — Ele tocou cada parte sua. — Não. Ele envia a foto voando pelo quarto e o quadro se choca contra uma lâmpada, fazendo ambos cair no chão, quebrando a lâmpada. — Declan, por favor. — eu chamo. — Se você pensa que eu dava para ele o que eu te dou, você está errado! — É isso que eu odeio em você. — ele ferve quando volta sua animosidade para mim. É uma lembrança dolorosa que ele ainda abrigue esses sentimentos para mim. Ele esconde bem, mas eu não posso fingir que uma parte dele já não me odeia. — Eu olho para a cama, porra, e tudo que eu posso ver é o seu corpo nu trepando com ele! — Não era real. Ele agarra meus braços e me gira, me empurrando contra a parede, e cospe suas palavras venenosas para mim: — Foi real! O que você fez foi real, então pare de mentir para si mesma!
Ele protege a sua dor com a raiva, e isso me dilacera. Eu posso aguentar o seu temperamento, mas não posso lidar com saber o quanto ele está sofrendo. Essa parte me corta profundamente. Veias capilares explodem debaixo da minha pele sob o seu aperto extenuante em meus braços, que certamente terão uma contusão. Ele me empurra para frente e, em seguida para trás, soltando-me antes de se virar. Sua mão se fecha com raiva em seu cabelo enquanto sai do quarto e bate a porta atrás dele, me deixando sozinha no covil do mal. Eu não vou atrás dele imediatamente. Eu permito-lhe tempo para se refrescar enquanto sento junto à janela e olho para baixo, ao longo do Millennium Park. — Você está bem? Eu olho para Pike, que está ao meu lado enquanto ele se inclina contra a janela, e eu aceno, porque tenho receio que se eu falar, Declan pode ouvir. — É natural que ele se sinta assim, sabe? — Eu sei. — sussurro fracamente. — No fundo, ele está sofrendo. Você tem que ajudá-lo a carregar o peso da dor. — Pike se inclina e beija o topo da minha cabeça. — Vá falar com ele. Levanto e dou um abraço no meu irmão, agradecida que ele esteja sempre aqui comigo. — Eu te amo. — murmuro em seu ouvido. — Eu também te amo. Pegando a caixa, eu ando até a porta e abro suavemente. Dou um passo para fora do quarto e vejo Declan sentado no sofá na sala de estar. Os cotovelos estão apoiados sobre os joelhos e ele está descansando sua testa em suas mãos em punhos, olhando para o chão. Coloco a caixa na mesa de centro e sento-me ao lado, de frente para ele. Minhas mãos se fecham em torno dos seus punhos, e ele olha para mim com vergonha em seus olhos, dizendo: — Desculpe-me, eu me descontrolei. — Não. — eu recuso seu pedido de desculpas com um aceno de cabeça. — Você tem todo o direito de deixar sua raiva sair. Eu sou a pessoa que deve todos os pedidos de desculpas, não você. — Eu pensei que esses sentimentos estivessem desaparecendo porque temos ficamos muito mais próximos estas últimas semanas, mas ver a foto...
— Você poderia me odiar para sempre, e estaria bem. Eu amo-o de qualquer maneira. Ele solta suas mãos e coloca ao longo da minha mandíbula, enquanto ainda seguro os pulsos. Eu posso ver suas emoções atormentando-o quando ele confessa: — Eu não quero te odiar. — Está bem. Eu sou inteiramente sua. Eu pulo quando o telefone toca alto, pondo fim à nossa conversa. Eu corro para atender e digo ao Manuel para deixar subir o agente da Sotheby. Quando desligo, Declan caminha para mim e me abraça. Eu abraço de volta e ouço seu coração, esperando que eu o tranquilize o suficiente para levar a culpa dos seus sentimentos para longe dele. Até o momento que a batida na porta vem, nós dois estamos calmos e em um lugar melhor desde a explosão. — Bom dia. — o agente diz, apertando as mãos de Declan e as minhas. — Eu sou Ray; prazer em conhecê-los. — Obrigado por terem vindo em tão pouco tempo. — diz Declan. — Estamos simplesmente pressionados pelo tempo e precisamos fazer a bola rolar nessa propriedade. — Claro. Se vocês não se importarem, eu posso dar uma olhada? — Por favor. Declan aguarda na sala de estar enquanto mostro a cobertura para o Ray, ele toma notas e faz algumas perguntas aqui e ali. Em seguida, se junta a nós à mesa de jantar. — Quantas unidades eram originalmente? — pergunta Ray. — Eram quatro unidades antes de ter sido renovado em uma só. Depois de mais algumas perguntas, ele pega a folha de comodidades e começa a digitar números na sua calculadora. — Primeiro, eu posso perguntar que número você tem em mente? — Eu não tenho nenhum em mente. Eu não sei nem o que meu marido pagou. — eu respondo, quase estremecendo com a palavra marido, e deve estar corroendo Declan também. — Juntando tudo. — Ray começa. — Acho que um bom ponto de partida é algo perto de dez pontos e nove milhões para esta unidade.
Não me importa por quanto este lugar seja vendido; eu só quero me livrar. Não manterei o dinheiro de qualquer maneira. — Parece bom. Quando é que podemos colocá-lo na lista? — Honestamente, depende de vocês. Assim que estiverem prontos, eu posso enviar o fotógrafo para tirar fotos. Uma vez que isso tenha sido providenciado, podemos colocar esta propriedade no nosso site no prazo de vinte e quatro horas. — Ótimo. — Nós precisamos fazer alguns arranjos primeiro. — Declan acrescenta. — Claro. Cuidem do que precisarem e me liguem quando estiverem prontos para seguir em frente. Levantamos, apertamos as mãos, e eu acompanho Ray para a porta, agradecendolhe pelo seu tempo. — Que arranjos? — eu questiono depois de fechar a porta. — Precisamos contratar um serviço de embalagem para limpar tudo daqui. — O que vamos fazer com tudo isso? — E os pais dele? Você pode ligar e contar que você está vendendo o apartamento e ver se eles gostariam que mandássemos tudo para uma unidade de armazenamento? — Eu acho que sim. — eu respondo, pavor afundando. — Tem que ser feito. — Eu sei. — eu suspiro. — E você? — O que você quer dizer? — Eles vão insistir em me ver. Quer dizer, para todos os efeitos, eu sou apenas a nora, e só Deus sabe o que eles estão pensando de mim depois que eu saí do país imediatamente após o funeral do Bennett. Se eu for encontrá-los, você não pode vir comigo. — Você não vai vê-los. — o decreto dele não é algo com que quero discutir. — Vá em frente e ligue para eles. Vou para a cozinha e ligo o telefone antigo de Bennett para que eu possa pegar o número da sua mãe. Antes de fazer a chamada, eu dou uma respiração profunda. — Coloque-o no viva-voz. — instrui Declan.
Após alguns toques, a chamada atende. — Olá? — Carol, sou eu, Nina. — Nina! — ela exclama. — Meu Deus, todos nós ficamos tão preocupados com você. Você está bem, querida? — Sim, estou bem. — Onde na Terra você estava? — Só viajando. — digo a ela. — Desculpe-me, eu corri tão rapidamente sem dizer nada, eu só tinha que ir embora. — Onde você está agora? — De volta a Chicago, na verdade, mas apenas por um curto período de tempo. — Posso ir vê-la? Eu olho para Declan, e ele está balançando a cabeça. — Hum, eu não acho que seja uma boa ideia, Carol. — Nina, você ainda é uma parte da nossa família. — diz ela, sua voz oscilando em lágrimas. — Eu sei, mas é apenas mais fácil dessa maneira. Mas escute, eu queria falar com você sobre algo. — Sim. O que é? — Vou colocar a cobertura à venda. — Você vai vender? — o tremor da sua voz se transforma em choque. — É muito, e eu nem estou aqui para usar o espaço de qualquer maneira. Eu não posso viver mais aqui, é muito doloroso. Tudo aqui me lembra ele. — eu digo a ela fingindo minha tristeza como uma viúva. — Eu entendo, é simplesmente difícil ver algo dele ir. — Eu tenho nas malas algumas coisas para me lembrar dele. — eu minto. — Mas todo o resto, a mobília, as roupas... eu estava pensando se você poderia me ajudar. — O que você precisar. — diz ela. — Como posso ajudar?
— Estaria tudo bem se eu embalasse e enviasse para uma unidade de armazenamento? — Tem certeza que não quer nada disso? — Tenho certeza. Eu não posso mais olhar para quaisquer dessas coisas, dói muito. — eu digo com uma voz transbordando de tristeza. — Eu tenho que me esforçar para seguir em frente. — Seguir em frente? — ela chora. — Sinto muito, mas preciso... por mim. — Por favor, deixe-me te ver, querida. Deixe-me dizer adeus a você corretamente e não por telefone. — Sinto muito, Carol. Simplesmente não posso. Eu vou te enviar mensagem com os detalhes da unidade de armazenamento uma vez que conseguir arranjar tudo. — digo rapidamente e depois desligo antes de algo possa ser dito. Estou com medo de olhar para Declan, com medo de ver sua reação a todos os meus enganos. Eu mantenho meus olhos para baixo quando saio da cozinha e vou para a sala de estar. Pego minha caixa e vou para a porta, onde ele me encontra. — Olhe para mim. — diz ele, e quando eu faço, eu respondo grossa: — Eu odeio todos eles. — Eu sei que sim, mas você pode respirar agora. Está acabado e você nunca mais vai ter que ser uma parte dessas pessoas novamente. — Eu estou pronta para ir. — digo enquanto ele pega a caixa dos meus braços e saímos, trancando a porta de todas as memórias do assombro que permanecem naquele apartamento.
Capítulo Dezessete
U
ma vez vi um cartaz que dizia: A
arte é uma tentativa de pôr ordem no caos. Eu não me lembro onde eu vi isso, mas por alguma razão, eu sempre lembrava. Talvez por isso o meu irmão voltou-se para o desenho. Nossas vidas eram além de caóticas. Ele não começou a desenhar até que ele estivesse com seus vinte e poucos anos. Nós costumávamos andar de ônibus. Não era porque precisávamos ir a algum lugar; nós subíamos e sentíamos como se estivéssemos indo para algum lugar. Eu sentava ao lado dele e via quando ele esboçava passageiros aleatórios. Ele era talentoso. Nós dois sabíamos que seu talento nunca nos tiraria das favelas, mas ele não fazia isso porque tinha expectativas; ele fazia isso para escapar. Enquanto Declan está com o colunista da Forbes, eu folheio o caderno de esboços do Pike. Pairo os meus dedos sobre as suas linhas, sobre suas sombras, sobre cada centímetro de papel que sua mão tocou. Ele desenhava-me mais bonita do que o que reflete no espelho. Cada imagem é incrível, e eu gostaria que as pessoas pudessem tê-lo visto como eu via. Ele era muito mais do que um traficante de drogas coberto de tatuagens que os pais protegiam seus filhos quando o viam andando pela calçada. Ele era um salvador. Meu Salvador. O som da abertura das portas me chama a atenção, e eu estou feliz de ver Declan. — Desculpe por demorar tanto. — ele anuncia quando entra e retira o paletó. Ele afrouxa a gravata que está enfiada no terno marinho sob medida que ele usou para as fotos. Caminhando para mim, ele se inclina sobre o sofá que estou enrolada e me beija. — O que é isso? — Bloco de esboços do Pike.
Ele toma um assento ao meu lado, perguntando: — Posso? — enquanto estende a mão. Eu passo o bloco e observo conforme ele olha através de alguns desenhos. — Não são ruins. — observa antes de virar para a próxima página que acontece de ser um esboço meu dormindo em um sofá surrado que encontramos no Exército da Salvação. Ele para e olha a imagem por um tempo antes de dizer: — Ele a amou, não foi? — quando não respondo, ele olha para mim e acrescenta: — Ele desenhou cada detalhe perfeitamente, até a pequena cicatriz que você tem bem abaixo da sua sobrancelha esquerda. — em seguida, ele traça a cicatriz na minha pele com o dedo. — Como você conseguiu? — Eu fui jogada por um lance de escadas. — Seu pai adotivo? — Ele estava com raiva de mim por... — eu paro, quando vergonha constrói. — Por quê? — ele pressiona, e quando ainda não respondo, ele diz. — Eu não quero que você esconda nada de mim. Eu já contei para ele toda a sujeira do meu passado, então não sei por que essa onda de embaraço surgiu, mas eu forço e respondo: — Eu tinha sido amarrada e trancada no armário por alguns dias. Eu estava doente naquele dia e acabei não só defecando em mim mesma, mas também vomitando. Quando ele me soltou, ele ficou furioso. Ele começou a me chutar nas costelas e depois me jogou pelas escadas do porão. Ele joga o bloco de desenho na mesa de centro e me puxa para os seus braços rapidamente. Eu não choro, mas isso não significa que as memórias não inflijam dor. Declan me mima, como se eu fosse uma criança, e eu deixo, porque é bom ser mimada por ele. Seu abraço é duro sob seus músculos flexionados, mas eu encontro uma maneira de fundir-me a ele de qualquer maneira. Sei que ele está chateado com o que eu contei, porque posso sentir a tensão em seu corpo, então eu mantenho a calma para permitir que ele se acalme, e ele finalmente relaxa. — Eu nunca cheguei a ver onde Pike foi enterrado. — digo depois que uma boa quantidade de tempo já passou. — Por que não?
— Eu estava assustada. Eu estava com medo de me ligarem a ele e ser presa pelo meu golpe. — explico. — Quando Bennett e Pike morreram, e quando eu pensei que você estivesse morto também, eu fiquei abatida. Mas desde que voltamos, eu não posso parar de pensar sobre onde ele está. — Você tem certeza de que quer fazer isso? — Sim. Ele não merecia morrer daquele jeito e ser deixado sozinho. — eu digo através do nó pesado de tristeza na minha garganta. — Você acha que pode descobrir onde ele foi enterrado? Ele enfia a mão no colete para pegar seu celular, e sem perder um minuto, pergunta: — Onde aconteceu? — Ele estava morando no Justice. Mesmo município daqui. — Qual é seu nome completo? — Pike Donley. — eu digo a ele. Ele procura o número do Condado de Cook e é redirecionado para o escritório do legista. Ele fica de pé para pegar um pedaço de papel e uma caneta quando eu o ouço perguntar: — Quem reivindicou o corpo? — ele continua a tomar notas e fazer perguntas conforme o meu intestino revira e emaranha ao ouvir um lado dessa conversa. Paciência me escapa, e ando até onde ele está de pé para que possa ler as notas que ele tomou. O nome de Matt está escrito no papel. Declan termina a chamada e guarda o seu telefone. — Por que você anotou o nome do Matt? — Foi ele que reivindicou o corpo. Quem é ele? — Hum... apenas um dos amigos do Pike. — Você o conhece? — Sim, ele era amigo de Pike desde que éramos crianças. — digo a ele enquanto ainda escondo o fato de que não faz muito tempo que ele me ligou para livrá-lo de uma dívida. — Bem, já que nenhum parente mais próximo reivindicou o corpo dentro do prazo estipulado, Matt conseguiu fazê-lo antes da cremação. Ele pagou a taxa de Estado para um enterro de indigente. — O quê? — eu deixo escapar, chateada. — Então, o que isso significa?
— Nada. Só que o Estado foi responsável pelo enterro, isso é tudo. — Onde ele está? — minhas palavras aumentam com a ansiedade conforme a necessidade de ver seu túmulo amplifica. — Mount Olivet, aqui em Chicago. — Eu tenho que ir. — Elizabeth, você está chateada. Por que não esperamos um pouco e... — Não! — eu berro. — Eu acho que você devia só... — Declan. — eu digo, interrompendo suas palavras, recusando-me a esperar mais para ver onde meu irmão foi enterrado. — Se fosse a sua mãe, e eu lhe dissesse para “esperar um pouco”, você seria capaz de fazer isso? Ele não me respondeu. — Achei que não. — digo a ele e ele vê o meu ponto, quando diz: — Vou ligar para o manobrista tirar o carro. Coloco minha jaqueta antes de descer para o átrio, onde a Mercedes do Declan já está esperando por nós lá na frente. Eu observo enquanto a leve garoa bate sobre o parabrisa e, em seguida, é enxugada pelos limpadores e, de repente, a urgência que eu estava sentindo no Lotus se dissipou. Pike está morto, e não estou indo para o cemitério para despedir, porque ele ainda está comigo. Mas é um sentimento profundo, talvez uma parte de mim ainda esteja em negação, mas é o pensamento de ver seu nome em uma sepultura que eu temo. Declan começa a acelerar quando viramos para a I-90 e, eu olho para ele, pedindo sombriamente: — Você pode desacelerar? Ele retira o pé do acelerador, retardando o carro. — Está tudo bem? Eu olho para fora da minha janela, pingos de chuva distorcendo meu ponto de vista, e admito: — Estou com medo. Ele pega a minha mão, mas eu mantenho minha cabeça virada. — Nós não temos que fazer isso agora mesmo, se você não estiver pronta. — Algum dia estarei pronta? — a pergunta é pesada entre nós e me viro para encarálo.
Ele segura a minha mão com mais força e não responde. — Ele precisa de flores. — digo a ele. — Podemos parar e levá-lo algumas flores? — Certamente, querida. Eu retiro o meu telefone e encontro uma floricultura não muito longe da interestadual, e quando chegamos, o meu pedido é simples. — Eu preciso de todas as margaridas cor-de-rosa que você tiver em estoque. — Margaridas? — pergunta Declan quando a funcionária vai para o refrigerador nos fundos. — São minhas favoritas. — Eu me lembro. — diz ele com um sorriso sutil e, em seguida, beija o topo da minha cabeça, descansando seus lábios ali por um momento, enquanto esperamos a senhora reaparecer. — Qualquer tom de rosa? — a mulher grita dos fundos. — Sim. Misturados. — eu grito de volta para ela. — Todos eles. Eu espero com o braço de Declan em volta de mim, me apoiando na sua lateral, e quando a funcionária ressurge na parte de trás, meus olhos se arregalam. — Cristo, isso é um monte de flores. — Declan observa com surpresa. — Cento e sessenta e três hastes. — ela diz. — Você dizimou o meu estoque. Observo quando ela envolve as margaridas em enormes folhas de papel pardo e amarra-as com várias cordas de ráfia natural. — Está perfeito. Obrigada. Declan paga e leva as flores em seus braços. Segurando pelo tronco, ele coloca o buquê embaixo e nós rimos um pouco quando enchem o carro todo. Continuamos a nossa viagem, passando por tráfego leve, e, finalmente, chegamos às portas do Mount Olivet. Ele estaciona o carro na casa funerária que está na entrada. — Eu vou pegar um mapa. Volto já. Um frio sinistro se arrasta ao longo dos meus braços e leva apenas um minuto para Declan reaparecer com um mapa na mão. — Onde ele está?
— Segundo quarteirão. — ele murmura enquanto sai da vaga do estacionamento e dirige através do cemitério. Eu olho para as lápides cinzentas enquanto passamos, e antes de eu perceber, ele está estacionando o carro ao longo da borda da grama. — É isso. — diz ele, desligando o carro. Eu olho pela janela e engasgo, sabendo que em algum lugar, entre todas estas lápides está o meu irmão. E ele está sozinho. Eu batalho entre não querer sair deste carro e saltar do carro para correr para ele. Estou com tanto medo de ver a evidência do que fiz. Lágrimas derramam pelo meu rosto sem esforço, e Declan coloca o braço por cima para me consolar. — Isto é tudo culpa minha. — eu falo em uma voz rouca cheia de angústia. Viro-me para enfrentar Declan, e ele não diz uma palavra. Eu sei o que ele está pensando; é a mesma coisa que eu. Ninguém pode argumentar que isso é totalmente culpa minha, e Declan não é um homem que mente por conforto. Nós dois conhecemos a minha parte em tudo isso, e torna muito pior quando não há verdade lá fora que pode tirar qualquer quantidade da minha responsabilidade. — Você quer que eu vá com você? — ele pergunta, e eu aceno, porque eu sei que não posso fazer isso sozinha. Nós saímos do carro, e ele pega as flores pelas hastes, colocando-as nos meus braços. Com o braço em volta do meu ombro, ele lidera o caminho. Nós andamos em torno, olhando para os nomes nas lápides conforme minhas lágrimas escorrem para a massa das margaridas. Nós vagamos pelo que parecem horas, mas provavelmente é apenas um minuto antes de Declan parar. — Elizabeth. Eu olho e ele inclina a cabeça para uma pedra plana, e quando vejo, suspiro em horror. — Meu Deus. E aí está. Seu belo nome gravado na pedra, marcando sua morte. Eu passo na frente dele, meu corpo tremendo em dor atormentada. Cada punhal que eu já joguei voltando direto para mim como facada no meu peito, e Declan tem que vir para trás de mim com ambas as mãos segurando meus ombros.
— Como eu pude ter feito isso? — eu choro e depois caio de joelhos e das mãos de Declan conforme aperto as flores contra o meu peito. — Ele era meu melhor amigo, Declan. — Eu sei. — sua voz terna consola enquanto, agora, se senta atrás de mim. Eu coloco as flores na grama ao meu lado e inclino para frente de joelhos, apoiando as mãos em cima do seu nome. — Sinto muito, Pike. Eu deveria ter simplesmente me matado. — minhas palavras se perdem dentro do meu choro angustiante e vacilam quando não posso me concentrar em nada além da culpa debilitante e remorso. — Deveria ter sido eu! Deveria ter sido eu! — eu lamento repetidamente. Declan segura em volta da minha cintura e me puxa para longe, me tira dos meus joelhos e do chão, e eu caio de volta para ele. Eu seguro em seus braços cruzando o meu peito, e enfio minhas unhas neles à medida que eu choro, desejando que tivesse me baleado naquele dia. — Ele não merecia morrer. — Shh. — Declan sussurra no meu ouvido. — Eu sei, baby. Eu sei. — Deveria ter sido eu. — eu continuo dizendo enquanto Declan continua a tentar me consolar. Seu poder sobre mim é implacável conforme permito que cada emoção me engula, e quando ele finalmente cede e me solta, eu estou totalmente gasta. O sol mergulhando mede o tempo que estivemos aqui. Meu corpo dói quando me movo para sentar, e quando eu volto a olhar para Declan, noto os olhos injetados de sangue. Ele estava chorando comigo. — Sinto muito. — eu digo, minha garganta seca e áspera. — Não sinta. Você precisava tirar isso. Você segura tanto dentro de você. — Eu sou uma pessoa horrível. — Você não é. — ele me diz. — Você fez escolhas horríveis, mas você não é uma pessoa horrível. — Eu não acredito em você. — Talvez não hoje, mas um dia você vai. Eu vou fazer você acreditar em mim. Ele se levanta e chega até mim, me ajudando a levantar. Quando estou firme em meus pés, eu viro e coloco as flores para descansar sobre onde Pike reside. Eu tomo um momento, drenada de todas as minhas lágrimas, não para dizer adeus, mas para pagar o respeito à pessoa mais altruísta que eu já conheci.
Capítulo Dezoito
O
tempo congela, e ainda, o sol
nasce e se põe, só para subir mais uma vez. Acordei ontem, mas fui incapaz de sair da cama. Muita culpa. Muita tristeza em um mundo cheio de remorsos. Então, eu me escondi debaixo das cobertas e dormi e acordei, e dormi. Declan me verifica durante todo o dia, permitindo-me chafurdar na miséria das minhas transgressões. Ele pediu comida da cozinha, mas eu não consegui comer. Não podia arriscar alimentar a dor, por medo que ela me devorasse totalmente. O vazio é o meu companheiro, enquanto fico aqui de pé e olho para fora da janela, para o céu azul. Já se passaram dois dias desde que enfrentei o lugar de descanso do Pike, e embora eu não tenha visto ou ouvido a voz dele, eu senti seus braços em volta de mim desde então. — Você está acordada. — Declan diz quando entra no quarto, vestido com jeans escuro e uma camiseta de algodão lisa. — Como você está se sentindo? — Entorpecida. Ele caminha até mim, dizendo: — Eu vou fazer você sentir alguma coisa hoje. — antes de me beijar. — Vista-se. — O que vamos fazer? — Tudo o que nós queremos. — ele sorri e depois fecha a porta atrás de si. Depois que eu tomo banho e arrumo o meu cabelo, eu combino com o seu traje de lazer e opto por calças jeans e uma blusa justa. Quando vou para a sala, ele já está com a minha jaqueta nas suas mãos. — Você não está para coisa boa. — eu brinco. — Você está deslumbrante. — Sim. — eu brinco. — Você definitivamente não está para coisa boa.
Uma vez que chegamos ao lobby, ele me leva para as ruas movimentadas do The Loop4 e chama um táxi. — Um táxi? Onde está seu carro? — Nós vamos fazer coisas baratas hoje. Confie em mim. — diz ele, quando abre a porta para mim. Entro no banco de trás e Declan fala para o taxista. — Navy Pier5. — Navy Pier? — Você já foi? — Estranhamente, não. Você? — pergunto. — Não. — Então, por que estamos indo? — Por que não? Sua espontaneidade me faz sorrir, e eu faço a escolha consciente de entregar-me a ele hoje. Porque, afinal de contas, ele é a razão de eu continuar. Estamos entre todos os turistas quando saímos do táxi. Duas pessoas que se misturam com todos os outros. Entramos de mãos dadas em uma loja de souvenirs e olhamos todas as bugigangas, e Declan acha que ele é fofo quando compra para mim uma camiseta de Chicago extravagante escrita: É melhor na arquibancada na frente. — Dinheiro desperdiçado. Ele pega a camisa e desliza-a sobre a minha cabeça, dizendo: — Então, é melhor você usar e não deixá-la desperdiçada. Ele puxa para baixo, e quando eu coloco meus braços para fora das mangas, ele dá um passo para trás e sorri. — Você está feliz agora? Ele ri. — Você está bonita. Com um revirar de meus olhos, eu junto-me com uma risada leve. Ele está jovial e alegre, e é refrescante ver esse lado dele. Nós tivemos tantos dias cheios de nuvens escuras e emoções sufocantes, mas ver que os raios de luz podem romper essas nuvens me dá esperança para nós.
4
Centro de compras em Chicago. Localizado no Near North Side, em Chicago, possui atrações para a família toda. Lojas, restaurantes e até a famosa roda-gigante que tem uma vista incrível da cidade. 5
Nós caminhamos ao longo da água, apreciando a brisa da primavera. Ele me compra um bolo de funil quando conto que nunca provei, e então lambe o açúcar em pó dos meus lábios depois que eu consumo o deleite frito. Quando completamente tonta com carboidratos doces, ele me leva até a roda-gigante. — Vamos. — De jeito nenhum, Declan. É muito alto. — O que você está dizendo? Elizabeth durona-como-pregos tem medo de altura? — Umm... sim. — eu admito com a minha cabeça esticada para trás, olhando para a enorme roda. — É uma roda-gigante! — ele exclama. — Sim. Eu sei disso. — eu digo, e com o meu braço para cima em direção a ela, eu exaspero: — E é uma armadilha! Ele balança a cabeça, rindo: — É o passeio mais suave aqui. — Não importa. Você não vai me colocar nessa coisa. Ele solta um suspiro pesado e sucumbe: — Tudo bem. Nenhuma roda-gigante. — tomando minha mão, ele diz. — Eu tenho algo melhor em mente. Nós caminhamos para um pavilhão de um pequeno vendedor de peixe no cais norte. Com iscas e varas na mão, nós encontramos um local para lançar nossas linhas. — Dê-me a tua vara e coloco a isca para você. — Eu consigo colocar sozinha. — digo com um ar confiante. — Vá em frente, querida. Os seus olhos assistem quando enterro a minha mão no balde de isca, pego um peixe, e passo o anzol através dele. Olho para ele, segurando sua vara, eu provoco: — Você precisa que eu ajude? — Estou impressionado. — Eu vim das ruas, Declan. Colocar uma isca em um anzol não é nada. — eu digo a ele com um sorriso e, em seguida, lanço a minha linha na água. — Então, eu imagino que você já pescou antes.
Eu o observo arremessando a sua linha e respondo: — Não, não realmente. Apenas uma vez com o meu pai. Ele segurava a vara para mim, e quando fisgava, ele me deixava puxar. E você? — O tempo todo. Quando estava morando aqui, eu tirava um tempo durante a minha folga, o que não era muito frequente, mas saía quando podia e arremessava uma ou duas linhas. — Eu tenho alguma coisa! — praticamente grito quando algo puxa a minha linha. Eu rio com entusiasmo infantil, e então um pequeno peixe vem para a superfície. — É um perca. — ele pega o pequeno peixe e puxa o anzol, o tempo todo sorrindo para mim. — Eu estou ganhando. — eu me gabo, e quando ele joga o peixe de volta na água, ele diz: — Eu não estava ciente que isso era uma competição. — Bem, agora você está. E você está perdendo. Pego outro peixe do balde e lanço a minha linha. — Diga-me uma história: — eu peço. — Algo bom. — Minha querida quer uma história. — ele diz para si mesmo e, em seguida, espera um momento, espremendo os olhos por causa da luz solar que reflete na água. — Eu fiz minha graduação na Universidade de Edimburgo e morava na casa da minha fraternidade. Nós costumávamos dar um monte de festas. Eu nunca fui de beber muito, mas era o final de uma semana de provas, e eu estava sob um monte de estresse. A garota que eu estava vendo no momento estava na festa naquela noite, e fiquei muito bêbado. Ela me disse que ia finalizar a noite e ficar no meu quarto, uma vez que ela tinha bebido demais. Ela estava longe de estar tão bêbada quanto eu, mas ainda assim, bebeu o suficiente para que soubesse que era melhor não dirigir. Ele faz uma pausa quando sua vara afunda. Outro pequeno perca. — Um a um. É um empate. — diz ele com um sorriso, e depois continua quando pega outra isca. — De qualquer forma, eu fiquei acordado por mais algumas horas antes de tropeçar para o meu quarto. Eu estava tão perdido, e tudo o que posso lembrar é de tirar a minha roupa, enquanto tudo ao meu redor estava girando. Eu puxei os lençóis para trás e deitei atrás, do que eu presumi que era a minha namorada. — Não era? — Cada quarto hospedava três caras.
Eu começo a rir e não demora para que ele se junte a mim. — Passei a noite toda de cueca aconchegado com o meu companheiro de quarto... Feijão. — Feijão? — Uh, sim, ele tinha um pouco de problema de flatulência. Comecei a rir. — Uma vez que eu percebi que não estava abraçando a minha namorada, já era tarde demais. Alguns dos meus irmãos da fraternidade estavam de pé na porta, tirando fotos da suposta indiscrição. — O que a sua namorada disse? — Ah, bem, ela ficou chateada por eu ter ficado bêbado e a ignorado durante toda a noite, e esse foi o fim dela. — Você é um idiota. — eu rio, ao que ele responde: — Então, já me falaram. Eu assusto e agarro a minha vara de pesca quando ela é quase arrancada das minhas mãos. Agarrando o molinete, eu me esforço para fazê-lo girar. — Preciso de ajuda. — eu chamo, e Declan abaixa a sua vara, move-se atrás de mim, e agarra a vara. — Você tem algo grande. — diz ele, quando coloca a mão sobre a minha e me ajuda a bobinar a linha, exatamente como meu pai costumava fazer. Eu deixo-o assumir o controle e movo a minha mão com a sua. O peixe luta um pouco conosco, e quando se aproxima da superfície da água, vejo o quão substancial ele é. — O que é? — pergunto animada. Ele puxa-o, anunciando: — É a porra de um robalo enorme. — ele se ajoelha, prendendo o peixe com o pé, e removendo o anzol. — Você quer ficar com ele? Nós poderíamos pedir para o chef da cozinha prepará-lo para o jantar hoje à noite. Olhando para o peixe se debatendo redor, eu digo-lhe: — Não. Deixe-o viver. — Tem certeza? — Tenho certeza. Declan joga o robalo na água, olha sobre a borda do cais, e observa-o enquanto ele nada para baixo, desaparecendo dentro do lago.
Eu coloco isca no meu anzol e volto à nossa conversa, dizendo: — Uma parte de mim sempre quis fazer essa coisa toda da faculdade. — Você ainda podia. Com vergonha, confesso-lhe: — Eu nunca nem me formei no ensino médio, Declan. Ele olha para mim e há uma pitada de surpresa em seus olhos. — Quão longe você conseguiu? — Eu nunca terminei a nona série. Quando Pike completou dezoito anos, eu fugi com ele, então a escola estava fora de questão, porque eu seria presa pelo Estado. Eu sempre fui uma boa aluna, porém, tirava notas excelentes. Eu adorava ler e aprender, assim fiz Pike me comprar todos os materiais para conseguir o meu GED 6, mesmo que nunca fosse oficial. Uma vez que eu ainda era menor de idade e no sistema não poderia usar meu nome verdadeiro para qualquer coisa. — E quando você era maior? — Nessa época não tinha importância. Eu sabia que nunca teria os meios para ir para a faculdade, então qual era o ponto de voltar para obter o meu GED? — digo. — Contudo, fiz o que pude. Eu escolhia disciplinas que me interessavam fora do catálogo de aulas da faculdade local e Pike comprava livros usados para mim. Eu os lia, e de uma forma patética, dava a sensação como se eu estivesse fazendo algo de mim. — Você estava. — Tudo que consegui foi fazer uma bagunça de mim. — Isso também. — ele responde em tom de brincadeira leve. — Mas você é brilhante e fala bem. Ninguém jamais suspeitaria que você só chegou à nona série. Você é uma mulher incrível que está lutando arduamente para fazer as coisas direito. — As coisas nunca vão se acertar. — Talvez o passado não vá, mas aqui, neste momento, este é o lugar onde tudo muda. — diz ele. — Você pode fazer qualquer coisa que queira. Sua confiança em mim é poderosa, faze-me sentir como se houvesse um futuro para ansiar. Que as escolhas que faço não serão em vão. E talvez ele esteja certo, talvez eu precise focar no aqui e agora para seguir em frente. Eu sempre corri, e agora, pela primeira vez, eu já não preciso. Eu posso ficar aqui, em um único lugar, e sei que com Declan do meu lado, eu vou ficar bem. 6
Substitui o diploma do ensino médio, nos EUA e Canadá.
Assim, com um pouco de otimismo, digo-lhe: — Eu quero terminar o ensino médio. Ele sorri, orgulho em seus olhos, e diz: — Nós podemos obter todos os detalhes sobre o que precisa ser feito amanhã. Mas esta noite, vou levá-la para sair. — Um encontro? — Será um primeiro para nós. Depois de pegar muitos percas para contar, eu decido que ganho com base apenas no robalo. Poder sair com Declan, livre de mentiras e jogos, nesta cidade onde costumávamos esconder, é muito bom. Este é o lugar onde nós nos apaixonamos, mas que a vida sempre era contaminada, e agora... agora podemos criar algo novo.
Com a camiseta estúpida que Declan comprou para mim amassada no chão do banheiro, eu termino o último detalhe da minha maquiagem após um longo banho. Entrando no quarto, posso ver Declan na sala de estar bebericando um uísque. Ele está bonito, enquanto espera por mim, vestido com seu traje habitual - terno de um designer elegante, sob medida para a perfeição. Eu escolho um vestido tubinho azul-marinho bonito, que comprei no meu passeio de compras com Davina. Depois que coloco, calço par de saltos nude e me junto ao Declan. Em seguida vamos para o lobby, onde seu conversível está esperando na frente. Nós dirigimos durante a noite para Cité, um restaurante sofisticado que é localizado no topo de Lake Point Tower. Sentamos junto às janelas, que oferecem vistas deslumbrantes do lago e da cidade, e Declan pega a cadeira ao meu lado, em vez do outro lado da mesa. Ele estava certo, este é um primeiro para nós. Nós nunca tivemos um encontro, e então me bate que eu nunca estive em um encontro. Não um de verdade, não com um homem que eu amo. O pensamento me faz sorrir e Declan percebe. — Por que todo esse sorriso? — Nada. — digo-lhe, sentindo-me um pouco juvenil. — Não é nada atrás desses seus olhos azuis. Desembuche. — Você é agressivo, sabe disso? — Estou ciente. E eu estou esperando.
— Tudo bem. — deixo escapar. — Eu estava apenas sentada aqui, pensando... é realmente bobo. — Alegre-me. — Além das falácias... este é o meu primeiro encontro. — De sempre? — diz ele com curiosidade. — Sempre. Ele desliza a mão por baixo da mesa e coloca-a na minha coxa, me dando um aperto suave. Pedimos vinho e ele insiste no serviço de caviar Siberian, prometendo que vou amar - e eu amo. — Você é bastante divergente, você sabe disso? — digo, abaixando o meu copo de vinho. — Por quê? — Lembro-me de você me levar para tomar café da manhã naquela lanchonete quando eu te conheci. Café e panquecas dormidas. — O Over Easy Café não tem café requentado. — ele defende imediatamente, e eu rio, gracejando: — Se você diz. Mas, agora, você me traz aqui, para beber uma garrafa de vinho que é tão cara, que é obscena. — Você não gosta? — Eu nunca disse isso; é apenas um contraste com o café requentado e o cachorroquente que você comeu do vendedor ambulante hoje. — Então, o que você prefere? — ele se inclina para perto de mim e desliza a mão na minha coxa. — Eu gosto das suas contradições. — eu admito conforme ele passa a mão sob a bainha do meu vestido. Meu corpo fica tenso e eu movo meus olhos ao redor da sala, perguntando-me se alguém sabe o que está acontecendo sob as toalhas da mesa. — Você está nervosa? Dando-lhe a minha atenção, eu pergunto: — Você gosta de me deixar nervosa? — Sim. — Por quê? — minha voz treme quando seus dedos chegam na renda da minha calcinha e então ele empurra a minha coxa para eu descruzar as pernas - e eu descruzo.
— Porque eu gosto de testar você. — confessa, afastando ainda mais a minha calcinha. — Para ver o quão longe você me deixa pressioná-la. — Quando foi que eu já parei você? — Nunca. — ele sussurra em uma voz rouca, ao mesmo tempo que empurra um dos seus dedos dentro da minha boceta. Eu suspiro. Ele sorri. Orgulho e dominação colorem seus olhos em preto aquecido. — Você quer que eu pare? — Não. — eu murmuro, e ele arrasta seu dedo para fora de mim e revira meu clitóris em círculos lentos. — Diga-me por que você rende-se desse jeito para mim. — Porque eu amo você. Ele empurra o dedo de novo para dentro de mim. — Diga isso de novo. Minha respiração acelera, gaguejando de forma desigual conforme resisto à tentação de moer na sua mão, quase choramingando as palavras: — Eu amo você. Ele puxa abruptamente para fora de mim, deixando-me ansiando, e desloca minha calcinha de volta para me cobrir. Meu peito sobe e desce visivelmente à medida que observo-o levar a mão à boca e chupar a minha excitação do seu dedo. Insatisfeita e dolorida, passo pelo jantar, e quando a conta é paga, eu sou rápida para sair. O sorriso arrogante de Declan devia me irritar, mas isso só me faz querer foder mais com ele. Ele pega a minha mão, e uma vez que estamos no elevador, ele ainda me testa ao se recusar a me tocar. Meu corpo está em alerta máximo, sensível a todos os elementos, implorando para ser tocado, mas ele não me ataca. — Idiota. — murmuro sob a minha respiração, e ele sorri. As portas do elevador se abrem e assim que saio do prédio, os meus passos param no momento em que vejo-a. Ela para abruptamente, logo que me vê, seus olhos se estreitando em punhais. É um olhar que eu nunca a tinha visto exibir, mas não passa despercebido por mim. — Você está de volta. — ela afirma.
— É bom ver você também, Jacqueline. — digo condescendente. — Jacqueline? — Declan questiona para si, mas todos ouvimos. — Você. — ela acusa, olhando para Declan. — Seu filho da puta! — Você está muito enganada. — eu intrometo. — O seu marido... — Está morto! Por causa de vocês dois. — ela acusa. Sua voz chama a atenção de um transeunte casal, mas eles continuam se movendo. Ela, então, olha para minha mão junto com a do Declan. — E quão rápido você seguiu em frente, Nina. — Você tem muita coragem. Vindo da mulher que não só deu para o meu marido, mas foi estúpida o suficiente para engravidar. Assim, não se atreva a ficar aí como se fosse uma maldita princesa de gelo. — ataco enquanto Declan me permite lidar com ela sozinha. Lágrimas surgem e depois caem pelas suas bochechas quando ela explode: — Você matou o meu marido! Não tenho nada porque você levou para longe de mim! — Eu não aceito merda de você. Eu te libertei daquele babaca. Aquele caralho me estuprou e torturou-me! E olhe para você. — eu menosprezo. — Aí de pé como se você fosse a vítima, quando deveria estar me agradecendo por livrar o mundo daquele pedaço de merda. Além do que ele fez para mim, meu sangue ferve quando penso no que Richard fez com a mãe de Declan e o papel que ele desempenhou na vida do meu pai. — Como se atreve a manchar o nome dele com as suas mentiras. Ele nunca... — Você não pode ser tão ignorante. Certamente você já sabe o homem que ele era, mas você é tão fraca que você ainda está defendendo-o. — O que eu deveria fazer? Minha vida acabou! Meu nome não significa mais nada. E por causa de você, eu estou sem nada. Tudo o que eu já tive foi apreendido. Fui condenada ao ostracismo por todos e estou enterrada em dívidas. — E ainda assim você me culpa. — eu digo. — Eu acho que você teve o que mereceu por se casar com aquele idiota e trepar com um homem casado. Parece tudo que você tem é a esperança de que o seu filho bastardo não cresça para odiá-la, já que ele agora carrega toda a riqueza. — meu sorriso aumenta. — Deve ser um saco saber que todo o dinheiro que está ao alcance, e ainda assim Bennett proibiu-a de tocá-lo, porque ele a odiava. — Sua cadela!
— Você acabou por aqui. — Declan grita, pisando entre nós. — Aquele homem com quem você se casou era um assassino a sangue frio. Aceite ou não, eu realmente não dou a mínima, mas não coloque a culpa onde ela não pertence. Não permitindo que nem mais um segundo passe, ele me leva até o carro, deixandoa chorando, sozinha, na calçada. Declan fecha a minha porta, e eu olho para ela através da janela, odiando-a apenas pelo fato de que ela amou e apoiou um homem tão mau. Um homem que me deixou nua por dias enquanto degradava e me humilhava, me batia e sodomizava. Um homem que levou tanto da minha vida, quanto da do Declan. Declan acelera, e eu recuso a deixar as memórias do que Richard me fez vir à tona. — Você está bem? — Eu não quero falar sobre isso. — falo nervosa. Eu não posso falar porque tudo que posso fazer agora é concentrar em forçar essas memórias de volta para a caverna profunda da minha alma. Fechando os olhos com força, lutando contra mim, ouço o toque na minha cabeça, e parece como um machado no meu crânio. Eu aperto as mãos sobre os ouvidos, e eu nem sequer noto Declan estacionar o carro. Ele estende a mão para mim e toca no meu braço, e quando abro meus olhos, eu vejo o rosto presunçoso do Richard, em vez do de Declan. Meu corpo recua, balançando para longe dele, e eu grito: — Não me toque! — Elizabeth, está tudo bem. — ele insiste, desafivelando meu cinto de segurança e unindo os braços em volta de mim conforme eu luto contra o som agudo tocando na minha cabeça. Eu libero um grito miserável, minha voz sangrando. — Faça parar! — Abra os olhos e olhe para mim. — ele exige em uma voz dura. Ele agarra a minha cabeça e me obriga a concentrar nele. — Respire. Eu preciso que você respire comigo. Tudo ao meu redor e dentro de mim é um caos demente de sons, vozes, visões. Um furacão girando com força inconcebível, mas seus olhos permanecem parados e firmes. Ele é o único elemento inabalável neste turbilhão, e leva todo o meu esforço para concentrar nele - nas suas palavras. — É isso aí, querida. Apenas respire. — ele incentiva quando sinto meus pulmões inflarem.
Meus olhos nunca vacilam, e logo tudo desvanece em um zumbido baixo que finalmente sou capaz de silenciar. Ele conseguiu afugentar os demônios com os quais não pude lutar por conta própria. E é aqui, no escuro da noite, em uma rua deserta, que devo enfrentar o fato de que eu, sem dúvida, preciso do Declan.
Capítulo Dezenove
A
pós meu desentendimento com
Jacqueline, tudo que eu quero fazer é dormir. O estresse do meu ataque de pânico deveria ter me nocauteado, mas tenho me virado e mexido desde que a minha cabeça bateu no travesseiro. Quando meu celular acende, eu o agarro na mesa de cabeceira. A tela lê: DESCONHECIDO, e eu sei que é Matt ligando. Eu recuso a chamada e desligo o telefone. Minha mente corre em um milhão de direções diferentes, mexendo ainda mais nas memórias. Recusando-me a ficar aqui na cama por mais tempo, eu pego a lista de passageiros e meu bloco de notas e vou para o escritório para dirigir toda a minha atenção a esta lista. Eu já passei da metade dos nomes, trocando as letras uma e outra vez, sem saber o que eu estou procurando, mas esperando que eu encontre alguma coisa. Passo mais três nomes. Parker Moore Dorrance Riley Quentin Malles Todos são becos sem saída, e antes do sol começar a subir, eu caio de volta na cama, sem Declan perceber. Eu consegui ter algumas horas de sono, e quando acordo, Declan já tinha um pequeno café da manhã preparado. O cheiro de café e croissants frescos enchem o ar, antes que eu esteja totalmente acordada, ele me serve uma xícara de água fumegante e me entrega um saquinho de chá. — Obrigada. Enquanto nós nos sentamos na cama, Declan lê o jornal e eu assisto a faixas marrons atravessando a água translúcida na minha xícara de chá. Sono ainda embaça minha cabeça à medida que continuo a enterrar o saco de chá para cima e para baixo até
que a água se transforme em uma delicada cor âmbar, infundida com ervas aromáticas que me ajudam a acordar. — Ele está no jornal. — murmura Declan. — Quem? Ele me entrega o Chicago Tribune , e lá está ele -Callum. Ele está em seu macacão laranja de uniforme da prisão com a manchete — Participante do Círculo de Tráfico de Armas é indiciado. Eu olho para Declan enquanto toma um gole de café, e ele diz: — Você sabe que é apenas uma questão de tempo até que sejamos envolvidos nisso. — O que você quer dizer? — Nosso envolvimento. Você foi casada com Bennett, correu no mesmo círculo de Richard, e passou um tempo com o meu pai. Isso, junto com o sequestro e assassinato, nós dois vamos ser obrigados a testemunhar. — ele me diz antes de jogar os papéis de cima dele e sair da cama às pressas. — Esta é a última coisa que eu preciso, que esse homem manche o meu nome. — ele fala com raiva. Ele está chateado com a atenção que isso irá chamar para ele e sua empresa. — Declan. — eu chamo em pânico, meu coração começa a correr quando de repente me bate. — E quanto a mim? Ele se vira para olhar para mim, tornando-se consciente quando ele vê a ansiedade nos meus olhos. — Eles vão cavar a minha história e Nina vai longe. Eles saberão que eu sou uma fraude. — eu digo em voz estridente. — Serei acusada de roubo de identidade e fraude, juntamente com qualquer outro crime que possa cair sobre mim. — Porra. — ele range os dentes. Acho que era inevitável que o meu golpe acabasse por me apanhar. Minha mente fica veloz, pensando em como eu poderia achar uma maneira de sair disto, como eu poderia explicar, mas não consigo chegar em nada. — O que nós fazemos? — Eu vou fazer uma chamada para o meu advogado. — ele me diz. — Eu não quero que você se preocupe; nós temos tempo. Pode levar até um ano para que isso até mesmo vá a julgamento.
— E você? — O que tem eu? Eu escorrego para fora da cama e caminho até ele. — É você que me diz que não devo me esconder das coisas que me machucam. — Ele não me machuca. — ele defende imediatamente, mas eu quebro seu blefe, dizendo: — Ele nem sequer tentou impedir o assassinato da sua mãe. Ele deu um passo para o lado e apenas deixou acontecer. Então, não me diga que não te machuca, Declan. Eu sei que sim. — eu estendo a mão para ele e a coloco sobre o seu coração. — Você e eu compartilhamos o mesmo ponto fraco, a mesma ferida, a morte de um pai. Ele cobre a minha mão com a sua, e está cheia de tensão, apertando-me demasiado forte. Ele está com dor.
(DECLAN) Seus ossos são frágeis em meu aperto conforme luto contra a agonia que marca a minha alma em feridas que se recusam a curar. E ela está certa. Minha mãe sempre foi o elo mais fraco na minha armadura. Ela é a parte mais suave do meu coração e tudo o que vem perto de tocar isso me dói. Mas a dor está contaminada pela fúria que sinto pelo meu pai, agora que eu sei o papel que ele desempenhou. Eu olho para baixo, nos olhos da Elizabeth, e vejo tristeza neles. Ela me chamou a atenção, então só há uma opção, a menos que eu quero que ela me veja como um hipócrita. — Vamos para Nova Iorque, então. — Você vai vê-lo? — pergunta ela com surpresa. — Sim. E então, estarei acabado com ele. Deixo Elizabeth bebendo o chá, enquanto faço a chamada para organizar o voo, e me dizem que podemos sair mais tarde esta noite. Quando volto para o quarto, vejo-a com aquele bloco de notas de merda. Ela acha que é discreta e que eu não percebo quando ela
sai da minha cama à noite, mas eu noto. No momento em que eu perco o calor do corpo dela, acordo. Eu escolhi não dizer nada e dar-lhe o tempo que ela sente que precisa. Verdade seja dita, Lachlan e eu estamos atingindo obstáculo após obstáculo. Este homem claramente não quer ser encontrado, mas de uma forma ou de outra, eu vou encontrá-lo - para ela. Ela coloca o bloco de notas e lápis na mesa de cabeceira quando me vê. — O avião estará pronto às sete.
Eu sento e espero, olhando ao redor da sala de concreto branco preenchida com as desgraças da cidade e seus entes queridos. Guardas ficam e assistem as interações, certificando-se que as regras que foram explicadas em detalhes estão sendo respeitadas. A porta de metal no canto da sala se abre, e desta vez é o meu pai que caminha por ela. Vestido em laranja, ele é escoltado para o cômodo, e o guarda que está com ele remove as algemas enquanto os olhos do meu pai encontram os meus. Ele está inexpressivo. Uma vez libertado das correntes, ele caminha pela sala. Ele parece duro, barba por fazer, e magro. — Filho. — observa ele uniformemente quando se aproxima da mesa. Animosidades faíscam quando olho para este homem que se senta à minha frente. Memórias de todo o desprezo que ele cuspiu no meu caminho ao longo da vida, só para fugir dos seus próprios erros cometidos, inflamam a raiva dentro de mim. — Como foi que você descobriu? — Você não soube? — eu respondo e ele balança a cabeça. — Seu chefe? — Meu chefe? — Continue se fazendo de bobo comigo. — eu insulto. — Eu sei de tudo. Eu só quero ouvir você dizer a verdade, por uma vez na sua vida. — Pare com os enigmas, criança, e apenas me diga o que você acha que você sabe. Minhas mãos em punho; é uma tentativa fútil de controlar a minha fúria, e eu olho para ele. — Eu sei sobre a mamãe. Eu sei que ela morreu por sua causa. — Eu amei aquela mulher...
Suas palavras, a flagrante mentira me desligam, e eu soco a mesa, perdendo o controle. — Seu filho da puta! — Hey! — um guarda grita, repreendendo-me. — Ela morreu por sua causa. — eu fervo, abaixando a voz. — Por causa da sua ganância, ela teve que pagar as consequências. — Você não sabe de nada, garoto. — Admita. — eu digo. Ele encolhe os ombros, como se fosse ignorante e inocente, e eu não posso ficar e olhar para o seu rosto presunçoso por mais tempo, então eu acelero o processo. — Você sabia que Richard ia matá-la. É por isso que deixou o país, porque você não queria estar lá quando isso acontecesse. Você estava correndo da culpa, não é? — Como você sabe sobre Richard? — Você sabe que ele está morto, certo? — eu pergunto e ele concorda. — Eu o matei. — seus olhos se arregalam quando eu lhe digo isso, e eu sorrio com orgulho. — Não se preocupe, pai. Policiais já sabem o que eu fiz. Ele não responde ao que acabei de admitir. Ele simplesmente me olha, pasmo. — Por causa dele, eu sei tudo o que você está escondendo de mim. Tudo. Ele engole duro e abaixa a cabeça, sucumbindo à verdade, porque ele não tem outra escolha neste momento. Ele não pode me enrolar por mais tempo. — Eu sei tudo, pai. — eu sussurro duramente, cravando a faca nele ainda mais profundamente, e quando ele finalmente obtém as bolas de levantar a cabeça para me olhar nos olhos, ele diz: — Então você sabe o que estou enfrentando. — Está tudo no noticiário. Sua voz humilhante desloca-se para a voz de carência. — Eu preciso da sua ajuda, meu filho. — Admita em primeiro lugar. Admita que você foi o único responsável pela morte da mamãe. — Eu preciso da sua ajuda. — ele desvia, falando rapidamente em um tom abafado. — Camilla é meu único contato com o mundo exterior, além do meu advogado, mas eu não falo com ela há uma semana. Preciso de sua ajuda para entrar em contato com Lachlan.
— Por quê? — Eu não posso te dizer porque, mas eu preciso falar com ele. — Sobre a Camilla? — Camilla? Por que eu iria falar com ele sobre ela? — ele questiona em total confusão. — O que você sabe? — Só que a sua namorada tem fidelidades conflitantes. — Eu estou começando a ter a sensação de que ele também. — ele murmura, mandíbula apertada com raiva. — O que isso deveria significar? — Pergunte a ele. — Eu estou perguntando a você. — eu digo enquanto a minha irritação cresce em sincronia com as suspeitas de que estou perdendo alguns detalhes importantes sobre Lachlan. — Eu precisava ficar de olho em você quando você deixou Chicago. — ele diz enigmaticamente. — Diga-me o que eu preciso saber, quem é Elizabeth Archer e o que diabos ela está fazendo no The Water Lily? Que filho da puta. Eu vou matar Lachlan quando eu voltar para Londres, porque agora é evidente que qualquer que seja o envolvimento que ele me disse que tem com o meu pai, é uma mentira. A única forma que meu pai poderia obter essa informação seria dele. Mas é a sua menção ao The Water Lily que me deixa curioso quando lembro da foto que Elizabeth encontrou lá. — Vou lhe dizer o que você quer saber. — eu digo. — Mas, primeiro, me diga o que devo saber sobre The Water Lily. Ele olha para mim com desconfiança, sem dizer nada. — Por que há uma foto minha lá? — eu pergunto, dando-lhe um pouco de informação para tentar estimulá-lo em uma resposta. — Porque. — ele suspira, inclinando para frente. — Diga-me a verdade. Ele olha para mim por um momento antes de revelar: — A mulher que trabalha... — Isla.
— Sim. — diz ele. — Ela é sua avó. — O quê? — Isla é a mãe da sua mãe. — Isso não faz sentido. — murmuro. — Por que ela nunca se aproximou? — Porque ela nunca me aprovou para namorar sua filha. Foram anos de altos e baixos, e quando me casei com sua mãe, foi o que finalmente rompeu - o fato de que sua mãe me escolheu. — E mesmo quando a minha mãe morreu, você nunca me disse. — O que havia para dizer? Estou incapaz de continuar essa conversa ou olhar para este homem que encheu a minha vida com inúmeras mentiras. — Filho... — Pare de evitar e diga-me. Ele permanece sentado, olhando para mim. Por um momento, acho que ele não vai responder, e minha raiva queima. Em seguida, ele abre a boca para falar: — Sim, eu sabia que sua mãe iria morrer, e eu não fiz nada para impedi-lo. E esse é o punhal que Elizabeth fala que atinge “a parte mais suave de mim”. O sangue do ferimento que foi criado no dia que eu a assisti morrer derrama, me afogando, me entorpecendo, me debilitando. Minhas mãos tremem à medida que seguro na borda da mesa e digo: — Você nunca vai me ver de novo. — Declan... — Você vai morrer neste buraco de merda sozinho, seu filho da puta. Eu não olho para trás quando ando até o guarda que fica na saída, e eu juro que deixo um rastro de sangue no despertar da minha ferida que abriu com um rasgo. Quando o guarda puxa as chaves para abrir a porta, eu ouço meu pai chamar: — Declan, vamos lá. Volte. — e, em seguida, diante da comoção, um guarda grita: — Sente-se, McKinnon! — Declan! Mais comoção. — Sai de cima de mim!
— Coloque a sua bunda no chão, preso! — Declan!
— Outra. — digo ao bartender no lounge do hotel, e ele me serve uma dose de uísque. Eu simplesmente não posso voltar para o quarto ainda, estou muito volátil. Eu passei a minha vida inteira tentando me medir pelos padrões do meu pai e provar para ele que eu sou homem o suficiente para perseverar sozinho neste mundo. E para quê? Foi tudo uma mentira. Uma mentira que custou a minha vida e a da minha mãe. Eu perdi uma grande parte minha quando ela morreu e fiquei com cicatrizes que ninguém deveria ter que suportar. No momento em que ela morreu, eu fui culpado. Eu que não fui homem o suficiente para salvá-la, e meu pai passou toda sua vida tendo certeza que eu soubesse que eu era o maricas que ele me via. Ele destruiu tudo e me deixou nesse pesadelo de enganos. — Como foi? — Elizabeth pergunta quando finalmente caminho através da porta do quarto do hotel. Eu estou nada, exceto revestido em raiva e fúria e agonia que nem o álcool pôde curar. Estou com ossos quebrados e ferimentos sangrando, vazios e sentindo falta da minha mãe como nunca antes. Meu exterior duro e gelado mascaram o veado que me sinto. Ele protege o homem inseguro em mim que quer cair de joelhos e ter sua menina segurando-o, enquanto ele chora por todos os anos em que ele se escondeu atrás de um controle rigoroso. E, ao mesmo tempo, eu quero atacar, socar meus punhos nas paredes, e vomitar o veneno das minhas veias por tudo o que o filho da puta fez na minha vida. — Você está bem? — eu a ouço perguntar através da estática da veemência correndo sob a minha pele. — Declan? Ergo meus olhos para ela, implorando silenciosamente para usá-la para expulsar a minha ira. Minhas mãos em punho, e eu sinto as vibrações nos meus músculos flexionados, quando tudo se torna muito para segurar. Suas mãos tocam a minha mandíbula cerrada e ela corre para baixo, nos meus braços trêmulos, olhando o tempo todo para mim com tanto carinho, enquanto estou derramando pura fúria. Ela é uma dádiva de Deus maldita quando percebe a minha reticência e dá-me a permissão que estou precisando tanto.
— Toque-me. — Eu vou te machucar. — Está tudo bem. — diz ela docemente pra caralho. — Dê-me a sua dor para que você não tenha que sentir. Eu beijo-a com brutalidade, e ela permite. Eu sou um lobo, devorando-a, agarrandoa, rasgando suas roupas em uma tempestade de violência. Ela tropeça para trás quando forço meu corpo contra o dela, empurrando-a para o chão. Me mantenho em seu corpo nu e respiro em suas calças abertas. Sua carne branca é tão pequena, leitosa, e seu cabelo vermelho, e ela deve ser louca por se submeter a mim agora, mas ela faz, dizendo: — Não se segure. Eu tiro dela o relógio, convidando a besta para sair e jogar. Eu já estou duro, e quando ela se senta e envolve a mão delicada em torno do meu pau, ele pulsa e salta em seu aperto. Seguro seu braço. Ela deita para trás, e eu alcanço abaixo e a viro. Ajoelhado sobre ela, eu pego um punhado do seu cabelo, puxo-o, e ataco sua bunda com a minha mão. Ela grita, provocando uma excitação inebriante de poder em mim. Alcanço as minhas calças, rasgo o cinto para fora dos passantes e fixo firmemente em torno dos seus braços, acima dos cotovelos. Ela se contorce e emite pequenos suspiros esfarrapados, e eu levanto a minha mão, deixando-a cair em um tapa afiado por toda a sua bunda novamente. Vergões aparecem imediatamente conforme o sangue corre para a superfície, deixando meu pau ainda mais duro e quente, necessitado. Ela não resiste quando eu estendo a mão para a sua cintura e levanto a sua bunda para o ar apoiando-a em seus joelhos, assim ela fica parada como uma beleza fodida. Emaranho minhas mãos em seu cabelo, empurro o lado do rosto para o chão, e quando coloco a ponta do meu pau através do seu calor escorregadio, percebo que ela está pronta para mim, toda molhada. Bato meu pau dentro dela com força furiosa, e sem qualquer restrição, fodo com ela licenciosamente duro. Agarro o cinto e o uso como alavancagem, e a cada impulso batendo, eu dirijo o seu corpo para o chão. Minha pele está coberta por uma camada de suor quando empurro meu quadril acentuadamente, bombardeado por um milhão de sensações de uma só vez, borrando os limites de dor e prazer. Uivos de Elizabeth são abafados pelo chão à mediada que gemo livremente no ar.
Eu puxo para fora e empurro-a de costas, observando-a estremecer contra a dor por estar deitada em cima dos seus braços, mas eu vejo o seu gozo escondido. Ela, então, lança as unhas no meu coração, fazendo-me amá-la ainda mais quando os lábios levantam em um leve sorriso e ela abre as pernas mais amplamente para mim, convidando-me a tomar mais. Eu não posso deixar de tê-la agora. Eu seguro meu pau e deslizo em sua boceta inchada, vermelha. Eu pauso, seu corpo carente começa a apertar em torno do meu eixo. Tirando de novo, rosno enquanto transo com ela freneticamente e a sala se enche com um réquiem de gemidos, suspiros e gemidos. Elizabeth inclina seu corpo ágil até o meu em uma tentativa de me foder de volta. Ela é uma porra de um paradigma. Meu pau começa a inchar dentro dela, a construção em um vigor de êxtase, ao mesmo tempo que sinto o corpo de Elizabeth tenso, hesitante no ritmo. Ela olha para mim, e eu alcanço debaixo dela e encontro a sua mão. Eu seguro com força na minha, precisando que ela saiba que está segura para permitir-se a desmoronar comigo, que nós estamos nisso juntos em nossos estados mais vulneráveis. Seus olhos ficam fora de foco, e ela libera uma respiração tensa antes de soltar um gemido inebriante, carnal e cru. Sua vagina aperta em espasmos em torno de meu pau; eu gozo dentro dela, explodindo meu tiro profundamente dentro dela, gemendo em sincronia com o seu prazer. Sua mão aperta a minha enquanto montamos os nossos orgasmos juntos. Ela se contorce sob meu corpo, extraindo tanto prazer quanto pode de mim, e eu amo o quanto ela fica gananciosa comigo nesses momentos. Quando estamos suados, saciados, e completamente sem fôlego, nos rolamos para o lado e desato o cinto, e como todas as vezes, ela agarra com os braços em volta do meu pescoço. Meu pau contrai conforme o mantenho enterrado nela e meus braços em torno do seu corpo enquanto ela se agarra a mim. Tenho certeza que ela está inconsciente de que eu preciso que ela me abrace, mais do que ela precisa de mim no momento. Ela me acalma em uma maneira que ninguém foi capaz, levando as toxinas para fora dos meus ossos e substituindo com o seu amor. Ela me enche completamente, entregando-se de bom grado para eu tomar o que preciso, e ela faz isso tão perfeitamente. Eu puxo minha cabeça para trás para olhar para ela, e ela pressiona sua testa contra a minha, mantendo os olhos fechados. Quando eu me inclino e a beijo, aberta e
profundamente, pegando-a completamente em meus braços. Ela se torna desesperada, e eu encontro a urgência de estar mais perto. Eu a machuco, batendo meus lábios nos dela, e nós sangramos. Como canibais, que se alimentam mutuamente, compartilhando o sangue dos nossos corações, unindo-nos ainda mais.
Capítulo Vinte (ELIZABETH)
D
eclan está sentado em desespero
silencioso à medida que voamos de volta para Chicago. Eu sou muito esperta para tê-lo forçado para conversar quando ele voltou para o hotel na noite passada. Eu podia ver o tormento nos seus olhos, então eu mantive a minha boca fechada e entreguei-me, para que ele pudesse me usar para o conforto. Passamos a noite inteira no chão juntos, nus e enrolados nos braços um do outro. Ele ficou quieto durante toda a manhã, e eu seguindo o exemplo, devolvo o silêncio. Eu não sei o que foi dito entre ele e Cal ou como terminou, mas duvido que terminou bem. Quando olho para ele, sentado ao meu lado, encontro-o me olhando atentamente. Quero perguntar-lhe se ele está bem, mas não faço isso. Em vez disso, simplesmente dou-lhe um sorriso sutil e aperto sua mão que está segurando a minha. Ele beija o topo da minha cabeça, e eu fecho meus olhos, usando seu ombro como travesseiro durante o restante do voo.
Declan está no seu escritório no andar térreo do Lotus desde que voltou de Nova Iorque, enquanto eu fico na parte de cima da cobertura. Ele ainda tem que falar comigo, e eu tenho me ocupado com a lista de passageiros. Michael Ross William Baxter Clint Noor Ben Wexler Passei algumas horas nesses nomes e não consegui nada. Decidi parar e me dar uma pausa, desço para a cozinha e peço um pouco de comida e, em seguida, sem pensar, folheio
algumas revistas. Minutos dissolvem-se em horas, e quando o sol começa a descer, eu sento na borda da cama e olho para o relógio. Quando o sol beija o horizonte, a cama afunda ao meu lado. Nós nos sentamos juntos em silêncio até que o dia muda para a noite. — Ela é minha avó. Sua voz relaxada corta a escuridão, e quando viro a cabeça para olhar para ele, seus olhos estão focados no céu. — Quem? — pergunto gentilmente. — Isla. — ele revela. — Ela é a mãe da minha mãe. — Ele te disse isso? Declan assente. — Eu tive um pedaço de minha mãe aqui o tempo todo e ele nunca me disse. Há saudade na sua voz, um sentimento que não me é estranho. — Eu não vou falar com aquele homem nunca mais. — ele me diz quando finalmente olha na minha direção. Seus olhos estão inundados de dor, e me mata vê-lo assim quando ele é sempre tão composto. E, em um raro momento, ele fica de pé na minha frente, antes de ficar de joelhos, e depois agarra meus quadris e coloca a cabeça no meu colo. Meu Declan inegavelmente forte, morto no núcleo. Inclinando-me, eu protejo seu corpo com o meu.
Eu não consigo dormir. Declan foi para a cama horas atrás, mas tudo o que posso fazer é girar na cama. Minha mente continua à deriva, de volta para o passado, e lembranças do meu pai brincam na minha cabeça. Olhando para Declan, ele parece tão pacífico. Observo enquanto ele dorme, mas é impossível ignorar o meu estômago quando ele rosna para mim. Escorrego para fora da cama, atravesso o quarto e fecho a porta silenciosamente atrás de mim. Caminho para a cozinha e pego uma fatia de cheesecake que o serviço de quarto entregou anteriormente. Agarrando o meu bloco de notas e a lista de passageiros, eu tomo um assento no sofá na sala de estar e começo a trabalhar no próximo nome. Asher Corre
Olhando para o nome, pego um pedaço do morango da torta e como, e outra memória do meu pai me encontra novamente. — Feliz aniversário princesa. — Papai. — eu gemo enquanto rolo na cama, esfregando a poeira de sono dos meus olhos com as mãos. — Acorda, dorminhoca. Abro os olhos para ver meu pai sentado na beira da minha cama com um grande pacote, balões cor de rosa e um sorriso no rosto. — Eu faço cinco hoje? — Sim. Você está ficando tão grande, baby. — Então você não pode me chamar mais de bebê, se sou tão grande. — Vou te chamar de bebê mesmo quando tiver a minha idade. — diz ele. — Vamos, saia da cama. Eu gemo de novo, ainda sonolenta, e ele coloca o peso que está ligado ao fundo dos balões no chão e, em seguida, estende as mãos em um gesto de grandes dimensões. Grito imediatamente e jogo as cobertas sobre minha cabeça. — O monstro das cócegas vai te pegar. — ele brinca com a voz de monstro brincalhão, e começo a rir antes mesmo dele me pegar. Quando seus dedos me seguram eu grito e me contorço com risos altos. — Papai, pare! — Diga a palavra mágica. — diz ele com uma voz cantante enquanto continua a me fazer cócegas. — Abracadabra... por favor... Hocus Pocus... — divago, dizendo tudo o que consigo pensar, e então ele para. Minha barriga dói inteira de rir, e tenho que recuperar o fôlego. — Vai levantar? — Sim, papai. — Café da manhã em dez minutos, princesa. Prepare-se e não se esqueça de escovar os dentes. — ele me diz quando caminha até a porta do quarto. — Oh, espere. Eu esqueci alguma coisa.
Eu saio da cama à medida que ele caminha de volta para mim. Ele levanta-me, e eu envolvo meus braços e pernas em volta nele, como um macaco, quando ele começa a beijar meu pescoço. Os espinhos da sua barba me arranham, e eu rio. — Amo você, papai. — Eu também te amo, feliz aniversário, garota. — diz ele, antes de me voltar para os meus pés. — Agora, vá se vestir. Porque é meu aniversário, eu decido usar tantas cores quanto posso encontrar no meu armário, e quando estou pronta e os dentes estão escovados, eu corro para a cozinha. — Panquecas! — E chantilly. — acrescenta. Eu tomo um assento na mesa em frente a uma pilha de panquecas gigante, mas antes dele colocar o chantilly sobre elas, ele diz: — Abra. Ele segura a lata sobre a minha cabeça, então eu inclino para trás, abro a minha boca, e ele enche a minha boca de chantilly. — Quando é que a minha festa começa? — Seus amigos vão estar aqui ao meio-dia, então preciso começar a fazer o seu bolo de aniversário assim que terminar com o café da manhã. — Você vai fazer o bolo de morango, certo? — Claro. É o seu favorito, não é? — Sim! Morangos são meu super hiperfavoritos! — exclamo. Eu começo a comer a minha torre de panquecas, mas não demora muito para a minha barriga ficar cheia. Brinco com as minhas bonecas na sala de estar, enquanto papai limpa, e quando ele termina, ele me chama de volta para a cozinha. — Você quer me ajudar com o bolo? — Sim! — digo com entusiasmo e arrasto uma das cadeiras da ilha até o balcão e subo. Ele pega todos os ingredientes da despensa e geladeira e me ajuda a encher copos de medição que despejo em uma tigela grande. Uma vez que a massa de bolo está feita, ele me deixa lamber a colher e a bacia enquanto ele coloca a panela no forno.
Enquanto está assando vamos jogar Go Fish7 e ver os desenhos animados de sábado de manhã. O temporizador desliga e voltamos para a cozinha. — É hora da calda de morango? — pergunto. — Sim! Enquanto papai prepara a gelatina de morango, ele deixa-me fazer os buracos no bolo com um palito. Quando a gelatina começa a engrossar um pouco, eu ajudo a derramar sobre o bolo. Ele coloca na geladeira para esfriar antes de irmos para fora para brincar no quintal dos fundos. — Você vai me empurrar forte? — pergunto quando corro para o balanço. — Você não quer fazer com os seus próprios pés? — Hoje não. Ele me empurra, e quando grito: — Mais alto. — ele diz. — E se eu empurrá-la para as nuvens? — Isso é bobagem, papai. Não pode acontecer. Nós passamos uma boa quantidade de tempo brincando fora, e quando paramos o bolo está pronto, ele me deixa fazer a cobertura de morango. — Você é a melhor coisa que já aconteceu para mim, sabe disso? — ele me diz enquanto cubro o topo do bolo. — Eu sou a sua favorita? — Minha Super Hiperfavorita, mas preciso que você me faça uma promessa. — diz ele. — Eu preciso que você me prometa que vai parar de crescer tão rápido. — Como faço para parar de crescer? — Bem. — ele diz com animação. — Eu acho que vou ter que parar de alimentá-la. Eu rio. — Você não pode fazer isso! E se eu ficar com fome? — O que nós vamos fazer então? — Eu não quero ser pequena para sempre. Eu quero ser bem grande, assim como você. — Assim como eu?
7
Jogo com baralho.
— Sim! Assim como você, porque você é a minha pessoa favorita no mundo inteiro. — digo a ele e, em seguida, inclino-me para beijar seu nariz. — Você é minha favorita também, torta de princesa. — ele me diz e me dá um beijo no nariz também. — Então, eu acho que você não vai morrer de fome. Aqui. — ele diz, pegando a espátula de silicone fora da minha mão. — Eu sempre fico com a primeira lambida. Eu rio quando ele lambe um pouco do glacê rosa. Ele entrega de volta para mim, dizendo: — Aproveite. — e eu começo a lamber o glacê de morango. Eu pego outro pedaço do morango conforme meu coração dói com a lembrança do último aniversário que tive com ele, e volto para o próximo nome na lista. ASHER CORRE Eu fico olhando para as letras e começo a misturá-las. SHORE RARE C HERO CRASER Eu dou uma mordida do cheesecake e continuo. Eu sei que isso é um absurdo. Eu nem tenho certeza do que estou tentando decodificar, mas me faz sentir melhor do que não fazer nada. Eu continuo a olhar para as letras. — Minha pequena torta de princesa. — diz ele novamente enquanto lambo o glacê. — Minha pequena Elizabeth Archer. _ S _ _ _ _ _ O RE AHERCR — Oh, meu Deus. — murmuro e depois decifro as letras. ARCHER Meu pulso acelera ao olhar para as letras que soletram o meu sobrenome, o sobrenome dele. Eu, então, olho para as letras restantes. SORE Lágrimas picam meus olhos e minhas mãos tremem.
Tomo outro pingo do glacê doce, e ele acaricia meu cabelo com a mão, continuando amoroso, dizendo: — Minha pequena Elizabeth Rose Archer. ROSE ASHER CORRE ROSE ARCHER — Oh, meu Deus! — eu deixo escapar ao sair do sofá, cobrindo a boca com as duas mãos. Meu coração bate rápido quando olho para baixo em choque com o bloco de notas onde o meu nome do meio e sobrenome olham para mim. Isso não pode ser uma coincidência. É ele! E, de repente, eu posso ouvir sua voz tão claramente. — Minha pequena Elizabeth Rose Archer. — Declan! — grito, agarrando o bloco de notas e correndo por toda a cobertura. Abro a porta do quarto com um empurrão, acordando-o quando ela bate contra o batente da porta. — Declan, é ele! É ele! Ele salta para fora da cama, ainda meio dormindo. — O que está acontecendo? — É o meu pai! — eu grito. — Veja! Eu lhe mostro o bloco de notas, e ele pega da minha mão. — O que estou olhando? — ele questiona o papel que está cheio de tantos nomes, e eu aponto para ASHER CORRE. — Esse é ele! As letras do nome formam ROSE ARCHER. — Quem é Rose? Eu olho para ele, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, e mal posso respirar quando lhe digo: — Eu. Ele olha para mim, confusão grava seu rosto, e eu afirmo sem um pingo de dúvida. — Meu nome é Elizabeth Rose Archer, e esse homem é o meu pai.
Capítulo Vinte e Um
—H
á um A. CORRE na lista em
Washington. — Declan fala por trás do seu laptop. — Gig Harbor, Washington. Não há mais informações. — Em Washington? É ele? — Só há uma maneira de descobrir. — diz ele. — Eu tenho o avião agendado para nos levar de volta à Londres, então vou esperar até de manhã para ligar e remarcá-lo. Adrenalina me intoxica, colocando meu corpo em alerta máximo. Meu coração bate acelerado, me implorando para amarrar meus sapatos e correr por todo o país para chegar ao meu pai, porque esperar parece ser um feito impossível. Eu ando pela sala, quando fica tedioso, faço minhas malas e, quando termino, vou ao computador de Declan e procuro em todos os meios de comunicação social locais e verifico pessoas em cada banco de dados de site de mídia para ver se alguma coisa aparece. Nada, além do que Declan encontrou. Cidade e estado. É isso aí. A noite se arrasta, testando cada pingo de paciência em mim. Segundos parecem horas e horas parecem anos, e depois de uma eternidade, o sol nasce. Declan é além de exigente, quando liga para reagendar o avião, e eu sinto pena do pobre coitado que está do outro lado da linha. Ele berra suas ordens, e quando desliga, me diz: — Pegue as malas. — Nós vamos agora? — Sim. Movemos na velocidade da luz à medida que pegamos nossos pertences, mas ainda não é rápido o suficiente para a minha ansiedade crescente. Graças a Deus pelo seu jato particular, porque o voo leva menos de quatro horas. Uma vez que estamos instalados na nossa suíte de hotel em Tacoma, eu pergunto: — E agora? — Agora precisamos encontrar uma maneira de conseguir o endereço dele. — Quanto tempo Gig Harbor fica daqui?
— Vinte minutos mais ou menos. Não muito longe. — ele me diz. Eu sento e penso, e não leva mais que alguns minutos para a ideia se formar na minha cabeça. — Você pode procurar nas empresas de utilidade pública nessa cidade? — pergunto ao Declan, que já está em seu laptop. Eu ando e fico atrás dele, enquanto ele procura as informações para mim. Ele puxa um número, e eu rapidamente teclo no meu telefone celular e aperto chamar. — Cidade de Gig Harbor. — uma senhora atende. — Sim, estou ligando em nome do meu irmão, Asher Corre. Ele se envolveu em um acidente e está atualmente no hospital e sem sensibilidade. Não sabemos quando ele vai sair do seu estado atual, então eu queria ter certeza que sua conta está paga em dia. — eu minto, e quando olho para Declan, ele me dá um sorriso pelo meu raciocínio rápido. — Qual era o nome de novo? — Asher Corre. Ouço-a digitando em seu teclado antes de dizer: — Sim. Nossos registros mostram que há atualmente um saldo zero. — Ah, que bom. — eu respondo. — Enquanto isso, seria possível ter uma cópia em papel da sua conta enviada pelo correio para a casa. Eu sei que ele paga on-line, mas como não tenho acesso às suas senhas, eu quero ter certeza de que posso pagar via correio tradicional. — Claro. Sim. Podemos definitivamente enviar a segunda via para você. — Ótimo. E só para ter certeza, você pode me dizer o endereço que tem no arquivo? — Aqui aparece como 19203 Fairview Lane, com um código postal de 98332. — Está correto. Muito obrigada pela sua ajuda. Eu desligo, e Declan pergunta: — Você conseguiu? — Foi muito fácil, a mulher estava muito confiante. —respondo e, em seguida, entrego-lhe o papel com o endereço. Ele pesquisa em seu computador. — Aí está. — Vamos! — digo com entusiasmo, ansiosa para ver se é realmente ele.
— Espere. — diz ele. — Não podemos simplesmente ir aparecendo na sua porta. Ele está se escondendo de algo ou alguém, por isso temos que ter cuidado, por causa dele e de você também. Ele tem razão. Eu preciso abrandar por um segundo e pensar nisso. — Eu acho que devíamos entrar no carro e dirigir até lá. Verificar o lugar. Precisamos ver se é realmente o seu pai, antes de qualquer coisa. — Ok. — vou concordar com qualquer coisa neste momento. Estamos de volta no carro nos dirigindo para o endereço que nos foi dado, e em breve, entramos em um agradável bairro suburbano, com grandes casas costeiras no estilo da Nova Inglaterra ao longo das ruas. As crianças estão fora andando de bicicleta e brincando, e as pessoas estão passeando com seus cachorros. Todo mundo parece feliz, apreciando as últimas horas da tarde, antes de o sol se por. Declan desacelera o carro quando vira para Fairview, mas não para quando passamos pela casa. — É essa. A colonial de dois andares. — diz ele. Eu olho pelo para-brisa, para a bela casa, e meu estômago revira quando penso que essa casa é de meu pai. — Faremos assim, esperamos duas horas, deixamos anoitecer, e depois voltamos. Talvez possamos pegá-lo voltando para casa do trabalho. Ansiedade misturada com todas as outras emoções se manifestam na boca do meu estômago. Como isso pode estar possivelmente acontecendo quando eu passei a minha vida inteira lamentando a sua morte? E agora há uma possibilidade de que eu possa vê-lo hoje à noite, ele pode estar vivo. É demais para mim, entender e digerir. — Elizabeth? Minha garganta aperta como um vício em torno da tristeza, e simplesmente olho para ele e aceno a minha concordância com o seu plano. Nós matamos tempo em um café local. Declan faz algumas ligações de negócios, enquanto saboreio um chá quente e leio alguma revista local, Gazette, com todos os acontecimentos da cidade. Nós dirigimos ao redor um pouco antes de parar aqui, e parece ser um lugar pitoresco para se viver. Não há muito, e tudo é realmente espalhado, mas os bairros são agradáveis. — Devemos ir. — Declan diz, e eu rapidamente peço outro chá para viagem.
Pouquíssimas palavras foram ditas hoje; minhas emoções estão em alta demais para falar, e Declan não está forçando uma conversa, o que eu aprecio. Eu preciso do silêncio agora. Pulando de volta para o carro de quatro portas discreto que Declan alugou, nos dirigimos para a casa. Desta vez, quando entramos no bairro, as calçadas estão vazias e as luzes da rua se encontram acesas. Janelas estão iluminadas enquanto as famílias que vivem no interior estão provavelmente comendo seus jantares, e quando viramos para onde pensamos ser a casa do meu pai, alguns quartos estão iluminados também. Nós estacionamos ao longo do meio-fio, no lado oposto da rua, e olho para as janelas, na esperança de ver alguma coisa. — Alguém está lá. — eu sussurro. — Eu não vejo nenhum movimento, mas concordo. São muitas luzes acesas para ninguém estar em casa. Nenhum carro está na entrada, mas isso não significa que não há nenhum na garagem. — O que fazemos? — Vamos esperar. — responde Declan. — Ver se alguém sai ou se alguém chega em casa. Então é isso que fazemos. Sentamos. Esperamos. Porém, a minha mente não acompanha. Ela continua girando em torno de pensamentos,
arrancando
pedaços
do
meu
coração. Eles
rodam
em
um
caleidoscópio. Tantos que não consigo mantê-los dentro, por isso pergunto ao Declan. — E se ele for casado? — minha voz treme em desespero. — Quero dizer, essa é uma casa muito grande para apenas uma pessoa, certo? Declan olha para mim e pega a minha mão, com o rosto manchado de tristeza, e depois de um período de silêncio, ele responde: — É possível. Eu olho para o relógio; passa das oito. Estamos sentados aqui há horas quando feixes de faróis brilham em nosso caminho. — Elizabeth. — murmura Declan urgentemente quando a SUV sobe na calçada.
Prendo a respiração enquanto o meu coração bate rapidamente contra meu peito, o som enchendo meus ouvidos. Inclinando-me para frente, vejo a porta do lado do motorista aberta, e quando um homem sai, suas costas estão viradas para mim. Ele se inclina para dentro do carro e tira uma pasta ao mesmo tempo que a porta da frente abre e uma jovem menina vem correndo. E quando esse homem se vira, eu sufoco um suspiro audível, agarrando a mão de Declan firmemente. — É ele. — ele expressa com um olhar de puro espanto, mas eu estou em estado de choque quando vejo meu pai puxar esta criança para os seus braços e abraçá-la. — Pai, por que você chegou tão tarde? — eu ouço sua voz abafada de fora do carro perguntar para ele, e as lágrimas forçam seu caminho pelo meu rosto como facas. — Sinto muito, princesa. Eu fiquei amarrado com um cliente. — diz ele, e me lembro da sua voz como se o tivesse ouvido pela última vez apenas esta manhã. Mas, eu era a sua princesa. Tudo acontece em câmera lenta, e quando olho para o rosto do outro lado da rua, não há um pingo de incerteza de que ele seja o meu pai. É o mesmo rosto, os mesmos olhos, o mesmo sorriso que me visita nos meus sonhos. Só que agora ele está mais velho, com cabelos brancos. A última vez que o vi, ele estava na casa dos trinta anos, e agora ele está se aproximando de sessenta. Mas aquele sorriso... O sorriso que ele dá para essa menina – filha dele - era meu. Sempre foi meu, e agora é dela. Jurei a mim mesma que se eu o encontrasse, eu correria para ele, o agarraria, e nunca o deixaria ir. Mas quando vejo uma mulher e um menino caminhando para fora da casa, é outro tapa na minha cara, ele já não é meu para correr. Ele é deles. Torna-se muito. Não posso acreditar que a vida faria isso comigo. Eu quero morrer. — Dirija. — eu choro, minha voz trêmula e irreconhecível. Mas Declan não liga o carro. — Elizabeth... — Tire-me daqui. — eu imploro.
Ele solta a minha mão e liga o carro, e assim que ele começa a dirigir, eu quebro em soluços altos e feios. — Oh, meu Deus, Declan. Ele tem uma filha. Ele tem uma família inteira! Ele chega até mim e puxa minha mão para o seu colo, enquanto todos os anos de saudade queimam, rugindo em chamas. Eu fui descartada pelo meu pai; eu não existo na sua vida. Como ele pôde fazer isso? Como ele pôde me substituir? Não só a minha mãe não me quis, mas nunca pensei que meu pai se sentiria da mesma maneira. — Eu pensei que ele me amava. — eu choro, e as lágrimas parecem salpicos quentes de ácido enquanto cascateiam pelas minhas bochechas e gotejam no meu queixo. A dor me oprime como um cutelo em meu coração, e tudo o que eu achava que sabia parece engano puro. Eu me sinto inútil e mal-amada, pelo homem por quem cheguei a matar, por ele. Eu nunca desisti da vida por causa dele. Eu continuei por causa dele. Foi tudo em vão, embora. Ele seguiu em frente, enquanto vinte e três anos mais tarde, eu ainda estou vivendo por ele, sonhando com ele, ansiando por ele. Sentir como um ninguém para a pessoa que é todo o seu mundo é um prego irregular que espeta o tecido da cicatriz de cada um dos golpes da vida e que marcam uma ferida permanente na minha alma. De repente, este carro está sufocante. Está muito pequeno. Minha pele está muito esticada. O ar é muito espesso. Eu não consigo respirar. — Encoste! — exijo, e ele faz instantaneamente. Arrancando o cinto de segurança, eu salto para fora do carro e corro. Eu não sei para onde estou indo. Mas eu corro tão rápido quanto consigo.
Eu corro forte, pés batendo na grama enquanto cruzo um campo aleatório. — Elizabeth! — a voz de Declan ecoa atrás de mim, mas eu não abrando. Minhas pernas começam a queimar, meus pulmões estão em chamas, mas eu continuo. Eu posso ouvir os pés de Declan correndo atrás de mim, e empurro com mais força, gritando a minha dor. Forçando meus pulmões na noite. O ar chicoteia através do meu cabelo, e as lágrimas no meu rosto frio contra o vento. — Elizabeth! — ele chama novamente antes das suas mãos agarrarem meu braço, fazendo-me cair no chão. Com minhas mãos pressionadas contra a terra, eu inclino minha cabeça para o céu, no qual já não acredito, e grito. Eu grito tão forte que dói, rasgando minhas cordas vocais, queimando-as, cortando-as. Declan envolve todo o seu corpo em torno da mim, cada um dos seus músculos flexionando, me segurando em um aperto de ferro. Enquanto meus gritos tencionam em uma agonia insuportável sangrenta, eu derreto e deformo no corpo quente de Declan. E eu choro. Eu choro como eu fiz quando tinha cinco anos de idade e vi meu pai enquanto ele estava sendo algemado e levado de mim. Eu choro porque é isso que você faz quando a pessoa que você mais ama neste mundo não te ama de volta. Declan acaricia meu cabelo, dando-me carinho enquanto aperta os lábios na minha orelha, sussurrando suavemente: — Shh, baby. Eu permito que minha mente se concentre em seu toque, em seu cheiro, e no som da sua voz. Ele me acalma em um balanço lento, me confortando, e agarro suas costas com as mãos, segurando sua camisa com os dedos. E através dos meus gritos, eu pergunto: — Por que ele fez isso comigo? — Eu não sei, querida. — ele responde. — Mas nós vamos descobrir. Vou buscar respostas. — Eu não entendo por que ele nunca veio até mim. Ele está vivo, toda a minha vida, e ele nunca veio até mim.
— Talvez não seja o que você pensa. — diz ele, e eu olho em seus olhos e choro. — Como você pode não voltar para o seu filho? Ele não diz mais nada, provavelmente está com medo que vá cravar a faca mais profundamente. Em vez disso, ele se levanta e me apanha em seus braços, embalando-me contra seu peito. Enquanto ele nos leva de volta para o carro, eu descanso minha cabeça na curva do pescoço dele e deixo as lágrimas caírem. Ele me coloca no carro, afivela-me, e nenhuma outra palavra é dita. Quando voltamos ao nosso quarto de hotel, ele assume. Estou morta por dentro, então ele me banha, escova os dentes, e me põe na cama, tudo em silêncio, o tempo todo estou agarrada a ele. Porque sem ele, eu não existo e eu preciso existir.
Capítulo Vinte e Dois
E
stou andando ao longo de uma
rua movimentada da cidade. Não tenho certeza em que cidade estou, mas ela é cheia de carros barulhentos e muitas pessoas para contar. Eu não sei para onde estou indo, mas vou. Sigo as multidões. Talvez eles saibam aonde estão indo. Todos nós paramos em um cruzamento e esperamos que o sinal da faixa de pedestres acenda. Encostado a um grande canteiro que abraça o perímetro de um edifício alto, eu olho para baixo e vejo margaridas cor-de-rosa. Pego uma das hastes, arranco-a do solo, e avisto uma lagarta pequena emergir. Eu sorrio ao fitar o meu amigo. — Aí está você, Elizabeth. — ele cumprimenta em seu sotaque britânico. — Carnegie! Eu abaixo a minha mão para ele engatinhar nela e depois levanto-a para o meu rosto. — Senti sua falta. — digo a ele. — Faz muito tempo. Eu tropeço quando um ciclista quase me atinge. Olhando de novo para a minha mão, Carnegie não está mais lá. Eu me movo, passando meus olhos ao longo da calçada, girando em círculos. — Carnegie? — grito, mas ele está longe de ser encontrado. Sou empurrada novamente, desta vez por um homem, que passa apressado por mim. — Hey! — grito, e quando o homem se volta para pedir desculpas, vejo seu rosto. — Pai? — Desculpe, senhorita. — diz meu pai como se ele não me reconhecesse. — Pai! Sou eu!
Ele se vira, sem me reconhecer, e vou atrás dele. — Pai, espere! Sou eu! Ele só está andando, mas de alguma forma a distância entre nós aumenta, e estou perdendo-o. Viro a esquina e quase tropeço. Quando me endireito, vejo o meu reflexo no vidro espelhado de um edifício. Tenho cinco anos de idade e ainda estou usando o meu vestido de princesa brilhante da nossa última festa do chá. Virando na direção que meu pai estava indo, eu corro enquanto continuo a chamá-lo. Teço através das multidões, acotovelando e forçando o meu caminho. — Papai! Finalmente alcanço-o quando ele está preso em uma faixa de pedestres. — Pai. — eu digo quando caminho até ele. Ele olha para mim com uma cara mais velha e cabelos grisalhos. — Menina, você está perdida? — Não, papai. Sou eu, sua filha. Ele balança a cabeça. — Não, menina. — ele então, aponta seu dedo para uma criança loira do outro lado da rua, que está acenando para ele. — Aquela lá é a minha filha. Eu acordo com um sobressalto. O quarto está escuro. Minha respiração pesada é o único som que ouço. Rolo, meu corpo dormente. Declan está dormindo, e quando deslizo para fora da cama para pegar um copo de água, vejo que são cinco horas da manhã. Estou abalada com o meu sonho ao dar goles em uma garrafa de água enquanto me sento na sala de estar. Olho para fora da janela, para a lua cheia, e parece estranho saber que apenas a 20 minutos de distância, a mesma lua paira acima do meu pai. Embora eu duvide que alguma vez passei pela sua cabeça como ele na minha. Eu penso sobre a menina no meu sonho, a mesma garota que eu o vi chamar de princesa na noite passada na sua entrada. Ela era jovem, talvez oito ou algo assim. E quanto
mais
penso
sobre
ela,
mais
minhas
mãos
formigam
em
amargura
mordaz. Pensamentos vis se formam desenfreadamente, pensamentos de raptá-la, pensamentos de matá-la. Minhas pernas tremem de forma irregular, saltando para cima e para baixo em um ritmo acelerado. Eu não posso ficar parada. Eles estão lá fora - ele está lá - e eu estou presa neste quarto de hotel. Pensamentos sobre sua nova família deteriorada. Espio Declan através da porta do quarto, e ele ainda está dormindo. Gentilmente, fecho a porta depois de vestir calça e uma blusa. Agarrando as chaves do carro, calmamente esgueiro para fora do quarto. Ele vai ficar puto quando acordar e descobrir que saí, mas se eu disser a ele o que estou prestes a fazer, ele recusaria. E eu não posso simplesmente sentar naquele cômodo e enlouquecer. Uma vez que estou no carro, eu dirijo de volta para Gig Harbor e estaciono ao longo da rua, algumas casas para baixo da do meu pai. Sua SUV não está mais na entrada, onde ele estacionou na noite passada. Eu nem tenho certeza do que estou fazendo aqui. O tempo passa, o sol faz sua aparência, e, eventualmente, a porta da garagem se abre. Um carro começa a sair e depois para no meio da entrada. Afundo, preocupada em ser vista, mas continuo assistindo. A janela do lado do motorista rola para baixo e a mulher que eu vi ontem à noite enfia a cabeça para fora e grita. — Vamos, crianças! Alguns minutos depois, a garota loira e o menino de cabelos castanhos correm para fora da garagem com mochilas penduradas nos ombros. Eles sobem no banco de trás, e quando o carro começa a afastar, eu sento e sigo. Quando saímos do bairro, certifico-me de seguir com um carro entre nós. Ódio sobe na minha alma, por estas pessoas que meu pai escolheu em vez de mim. Bem ou mal, eu não dou a mínima - quero prejudicá-los. Eu quero levá-los para longe dele, então talvez ele se torne tão solitário que finalmente me queira. Meus dedos estão brancos conforme minhas mãos estrangulam o volante com tanta força que ele podia simplesmente se partir. O carro vira para um shopping aberto, e eu sigo, estacionando várias vagas para baixo da deles. As crianças saltam para fora do carro, o dinheiro em suas mãos, e correm para uma loja de vitaminas, enquanto a mulher permanece no veículo. Sem pensar muito, e honestamente, apenas sem me importar, saio do meu carro. Passo pela mulher e vejo que ela não está prestando atenção, enquanto está conversando no seu telefone. Ela é loira também e parece muitos anos mais jovem do que o
meu pai, e eu gostaria de ter um tijolo para jogar através do seu para-brisa para esmagar seu rostinho bonito. O sino acima das portas soa quando entro na loja de vitaminas. As duas crianças estão assistindo os liquidificadores misturarem as suas bebidas. — O que posso fazer por você esta manhã? — o cara atrás do caixa pergunta em um tom enérgico demais para logo cedo desse jeito. Escolho uma bebida aleatória a partir do cardápio na parede e empurro algum dinheiro. — Hailey. — um dos empregados chama, e a menina corre para agarrar sua bebida. O nome dela é Hailey. Que preciosidade de merda. Quando eu vejo-a caminhar para a porta, finjo falta de jeito e choco com ela, fazendo sua bebida batida espalhar por todo o chão. — Oh, eu sinto muito. Não estava prestando atenção de jeito nenhum. — Está tudo bem. — diz ela. — Acidentes acontecem. Pego um maço de guardanapos, e com a sua ajuda, nós fazemos o nosso melhor para limpar a bagunça pegajosa. — Deixe-me comprar outra bebida para você. Que sabor você pediu? — eu ofereço. — Você não tem que fazer isso. Eu posso pegar mais dinheiro com a minha mãe. — Eu insisto. Ela me diz a sua bebida e eu faço o pedido. Estendo a minha mão e me apresento. — Sou Erin, por sinal. Ela aperta minha mão com entusiasmo, e ri, dizendo: — Meu nome é Hailey. — Eu vou voltar para o carro. — seu irmão anuncia ao levar sua vitamina com ele até a saída. — Apresse-se; eu não quero chegar atrasado na escola. — E aquele. — Hailey diz. — É o meu irmão mais velho chato, Steve. Steve. Meu pai deu o seu nome para aquele merdinha. — Você parece que está toda pronta para a escola. Que série você está? — pergunto enquanto esperamos a sua bebida. — Quinto ano.
— Uau. Menina grande no campus. Então, quantos anos você tem? — Onze. Sua voz perfeita, com o cabelo perfeito, suas roupas perfeitas, tudo me faz querer levantar o meu punho e bater nesse seu sorriso perfeito. — Hailey. — o funcionário chama, e eu luto contra o impulso irresistível de agarrá-la e correr. — Eu tenho que ir. Obrigada pela vitamina, Erin. — ela é tão educada que me irrita a ponto de querer arrancar a minha própria carne dos meus ossos. Ela praticamente salta para fora da porta, deixando-me assistindo o carro conforme ele sai e vai embora. Viro de repente quando há um toque no meu ombro. — Desculpe-me, eu não queria assustá-la. — o empregado diz, enquanto estende um copo. — Eu chamei seu nome, mas acho que você não me ouviu. Sem dizer uma palavra, dirijo-me para longe dele e saio pela porta enquanto ele fica lá, como um idiota, ainda segurando a minha bebida. Eu odeio todo mundo nesta cidade de merda. Sentada no meu carro, não consigo fazer-me dirigir ainda. Ela tem onze anos de idade e tem a vida que devia ter sido minha. Era para ser eu a garota borbulhante e educada, que usava as roupas bonitas e pegava uma vitamina antes de ir para a escola. Era para eu ser ela. Em vez disso, quando eu tinha onze anos, eu estava amarrada a um cabide e trancada em um armário por dias a fio. Eu estava na escuridão, sem comida ou água, deixada para mijar e cagar em mim. E quando não estava no armário, eu estava naquele porão úmido sendo molestada, estuprada, sodomizada, mijada, espancada e chicoteada. Eu não estava pulando pela maldita porta com a minha vitamina de framboesa paradisíaca. Seu maior problema na vida é ter um irmão mais velho chato. Eu deveria tê-la agarrado quando tive a chance. A raiva não faz nada, exceto fermentar nos meus ossos. Dói e pica de dentro para fora, fecho minhas mãos em punho, batendo-as no volante, conforme rosno entre os meus dentes cerrados. Quando olho para cima, vejo uma senhora idosa me olhando conforme ela passa. Ela não tem ideia de que está olhando para um monstro.
Tirando o cabelo da testa, eu me endireito e ligo o carro. Está aproximando das oito horas, e eu preciso voltar para o hotel. Estou de pé, fora do nosso quarto e me preparo para a ira do Declan antes de abrir a porta. — Onde diabos você estava? — ele ferve assim que entro. — Diga-me que não é o que estou pensando. Diga-me que você não voltou para aquela casa. Mantendo a calma, para não irritá-lo mais do que ele já está, eu admito: — Eu voltei para a casa. — Jesus Cristo! O que você estava pensando? — ele fala com raiva, agarrando meus braços e me sacudindo. — Eu não sei, mas tinha que ir. Sabia que você não deixaria, então fugi. Ele me empurra para o sofá e para baixo, liberando meus braços. Eu vejo como ele anda pelo quarto algumas vezes antes de caminhar de volta para mim. Ele senta na mesa de centro e me encara. Sua mandíbula está cerrada, um sinal da sua raiva imensa. Eu sabia o quanto a minha fuga o afetaria. Declan tem que segurar todo o poder para se sentir seguro, e eu roubei isso dele esta manhã. — Não é o que você pensa. — tento acalmá-lo. — Diga-me, uma vez que você parece saber tudo sobre mim. Diga-me o que é que estou pensando. — ele joga suas palavras de escárnio na minha cara. — Eu tinha que vê-los. Eu tinha que saber mais. — Los? — ele questiona, cada vez mais irritado. — Você quer dizer os filhos dele? Concordo. — Cristo, Elizabeth. — ele berra de pé e caminhando para longe de mim. — Pare de gritar comigo! — falo irritada, saio do sofá e vou até ele. — Você está puto, eu entendo! Mas a expectativa que você tem para mim de apenas sentar e ser paciente é algo que não posso fazer. — Você não pode ou você não vai? — Eu não vou pedir desculpas, se é disso que você está atrás. Eu vejo-o ranger os dentes enquanto me encara com raiva, e eu viro o jogo para ele, dizendo: — Por que você não me conta uma coisa... se isso fosse invertido, e se fosse a sua
mãe nesta situação, me diga que você ficaria bem apenas esperando. Diga-me que não agiria com cada um dos seus instintos. Seus olhos perfuram os meus, e eu pressiono-o ainda mais. — Diga-me você poderia conter-se e ficar longe. Nós enfrentamos a oposição um do outro, nenhum de nós recuando. — Ele é meu pai, então não se atreva a gritar comigo e me menosprezar por agir em meu desespero, porque você faria a mesma coisa. Viro-me para afastar dele, e quando faço isso, ele finalmente fala. — Você não vai me desafiar novamente. Entende? Eu olho de novo para ele e respondo: — Então, preciso que você seja flexível e confie em mim. Eu escapei, porque sabia que você se recusaria a me deixar ir. Tudo o que estou pedindo é que você, pelo menos, tente ver as coisas do meu jeito de vez em quando. — Venha aqui. — ele ordena, e eu obedeço, caminhando de volta para ele. Ele toma o meu rosto com as mãos, dizendo: — Eu vou tentar e ser mais flexível com você. — Obrigada. — respondo com um sorriso apaziguado. — Você vai ser punida, então eu não estaria sorrindo se fosse você. — ele ameaça, e eu não contesto. Declan precisa disso para se sentir no controle, e eu quero dar isso a ele porque é o que lhe dá segurança. Ele depende disso. Ele não pode funcionar sem isso. — Eu quero você no chão, de quatro, com as calças puxadas até os joelhos. Ele ataca com a sua voz com raiva, e eu viro as costas para ele, posicionando-me como instruído. Pode ser degradante para a maioria, mas eu entendo a sua necessidade. É como a sua vida moldou-lhe para ser, e eu sou aquela que é perfeita para dar este escape, do qual ele foi privado no passado. Tenho certeza de que as mulheres com quem ele esteve antes valorizavam os seus corpos de uma maneira que eu não. E porque eu o amo muito, não tenho nenhum problema em entregar-me a ele dessa maneira. Eu ouço-o mover ao redor do quarto, e então ele se ajoelha na minha frente para amarrar meus pulsos juntos com uma das suas gravatas. — Diga-me porque eu estou punindo você. Levanto meu pescoço para olhar para ele, e respondo: — Porque fugi e levei o controle para longe de você.
— Você sabe o que isso fez comigo? — Sim. Então, ele se levanta e se move por trás de mim. — Mantenha seus olhos no chão. — ordena ele, e eu ouço algo barulhento antes de ser presa no chão. — Espalhe seus joelhos. Espalho, e sou instantaneamente saudada pela dor penetrante de um cubo de gelo sendo empurrado na minha boceta. E depois outro e outro e outro e outro. Eu grito com a dor lancinante e, então ele começa a bater na minha bunda com uma força tão grande que preciso enrijecer todo o meu corpo para me impedir de cair. O gelo dá a sensação de ser cortada com lâminas de barbear por dentro, e eu sei que devia estar concentrada na dor que está irradiando do meu traseiro, porque é tão mínima em comparação com o que está acontecendo dentro da minha boceta. A cada açoite que ele dá, eu grito à medida que o gelo começa a derreter e a água vazar para fora de mim e correr pelas minhas coxas. — Diga-me que você é minha propriedade. — ele range, e eu respondo imediatamente: — Eu sou sua propriedade. PORRADA! — Diga-me quem é seu dono. — Você me possui. PORRADA! — Diga que me ama. — Eu amo você, Declan. PORRADA! — Em seus cotovelos. — ele berra, e no momento que eu me abaixo, a boca está na minha boceta, sugando o gelo que derreteu dentro de mim. Sua língua quente é um contraste erótico com os cacos de gelo, e eu deixo escapar um gemido inebriante enquanto ele enterra o rosto entre as minhas pernas. Minha mente corre em ondas de obsessão, devido à imposição de uma multiplicidade de sensações, que eu nem sequer percebo que agora ele está me fodendo com seu pau.
Eu fecho meus olhos quando o mundo inteiro borra, e tudo o que importa Ê este momento – em que os nossos dois corpos fundem em um - e apenas juntos, nós somos um todo.
Capítulo Vinte e Três
O
balde de gelo e a gravata de mais
cedo ainda permanecem no chão. Declan se recusou a me deixar limpar tudo, então estou sentada e esperando, enquanto ele termina seu banho. Eu decido fazer login no laptop e procurar para ver se Hailey tem alguma conta nas mídias sociais. Quando nenhum resultado aparece, eu passo a procurar seu irmão, Steve, o que me leva a um link para um Steve Corre em Gig Harbor, Washington. Clicando o link, eu carrego a página dele. A foto de perfil é ele e alguns amigos. Eu começo a clicar em abas diferentes na sua página, mas não há nenhuma informação real, além do seu aniversário, o que me permite saber que ele tem treze anos de idade. Não é até eu abrir um dos seus álbuns de fotos que o ódio vil de mais cedo ressurge. Eu passo foto após foto de família, meu pai na maioria delas. Fotos de férias em família, festas de aniversário, feriados, enchem os álbuns, todas as coisas que eu nunca tive a chance de experimentar. Quando estava em Posen com Pike, eu nunca tive uma festa de aniversário, e a maioria dos feriados fui trancada no armário para Carl e Bobbie não terem que lidar comigo. Pike sempre arrumava um jeito de roubar ou usar seu dinheiro da droga para me comprar algo pequeno, mas além daquelas trocas de presentes privadas no meu quarto, nunca celebrei qualquer coisa. Eu desprezo essas crianças pela vida que meu pai lhes deu, a vida que nunca tive. Olho para os seus sorrisos, e eu quero cortar suas gargantas. E depois há o meu pai. Ampliando uma foto com ele, eu aproximo seu rosto. Seus olhos ainda são os mesmos, embora as rugas nos cantos que aparecem quando ele sorri tenham se aprofundado. Ele não tem mais a barba por fazer, trocou-a por um rosto bem barbeado. Quando fecho meus olhos, posso vê-lo mais jovem em cores vivas. Posso ouvir o seu riso. Posso sentir seu perfume. Deus, eu sinto muita falta dele.
Abrindo os olhos, eu sou cumprimentada por este estranho que usa a mesma face. Eu não conheço esse homem - Asher Corre. Meu coração bate indeciso, entre amor e raiva. Eu amo meu pai, o homem que dançou comigo, cantou para mim e riu comigo. Mas eu odeio esse homem na tela do computador. Eu o odeio por estar usando a máscara do meu pai, porque ele não é nada como o meu pai. Meu pai me amava além do amor, e este homem, eu nem sequer existo no seu mundo. Eu não sou nada, além de uma memória evaporada. — O que você está olhando? — pergunta Declan quando entra na sala, fresco do banho vestido com calça azul-marinho, uma camisa de botão azul justa, e o mesmo cinto preto com o qual ele me prendeu uns dias atrás. — Olhando os retratos da família. — eu respondo, e ele inclina a cabeça com curiosidade. Quando ele se senta ao meu lado, posso sentir o cheiro de gengibre do seu shampoo. Mesmo no meio de tudo acontecendo conosco e da nossa discussão desta manhã, sinto a necessidade de estar perto dele. Ele já está deslizando o computador do meu colo quando pergunta: — Onde você encontrou isso? — É a página de mídia social do filho dele. — O filho dele? Como você sabe como encontrar isso? — Porque eu os segui. Eu descobri o nome dele e da sua irmã, Hailey. — Eu preciso que você me diga o que aconteceu esta manhã. — Você pode controlar a sua raiva? — falo com ironia, ao que ele responde: — Você está testando seus limites hoje com essa sua boca inteligente. Diga-me o que aconteceu. Eu digo tudo que aconteceu, desde seguir o carro para o que foi dito entre Hailey e eu. — Você não deve nunca se aproximar daquela garota. — ele repreende. — Ela é apenas uma criança. — Há monstros piores lá fora do que eu, Declan. Se eu consegui lidar com a minha vida aos onze anos, então certamente ela pode lidar com uma conversa em uma loja de vitamina. — Essa menina é uma parte do seu pai.
Eu olho para ele, irritada por ele chegar a isso e falo: — Mas eu sou toda dele. — Eu estou do seu lado aqui. — Então pare de defender aquela família. — Eu preciso que você veja as coisas racionalmente, contudo. — diz ele. — Nada sobre toda esta situação é racional, Declan. Ele recua e volta sua atenção para o computador, percorrendo as fotos. Quando há uma que eu quero olhar, digo-lhe para parar. Não é até mais algumas fotos passarem que eu percebo que o garoto marca sua localização quando ele posta. — Passe lentamente. — murmuro para Declan quando inclino para olhar mais atentamente. — O que você está fazendo? — Ele marca sua localização nas fotos. — eu digo a ele, e nós encontramos ouro. — Pare. Clique naquela. Declan amplia uma foto do meu pai e do seu filho que tem o comentário: Passando o dia no trabalho com o papai. — Enterprise Brokerage and Realty. — Declan lê. Declan abre outra janela e digita o nome da empresa na barra de pesquisa, e aparece o site da empresa com a imagem do meu pai na página principal. — Ele dirige sua própria empresa. — diz ele. — Nós temos um ponto de contato agora. — Simplesmente ligamos para ele? — Não. Precisamos encontrar uma maneira de fazê-lo vir até nós. Mas, ouça, temos que ter cuidado com isso. O que quer que ele esteja escondendo é grande. Quero dizer, quem estava no seu caso, um funcionário do Estado foi até você e lhe disse que ele morreu. O homem ainda tem uma sepultura, certo? — Sim. Em Illinois. — eu digo. — Fui no cemitério. Ele tem uma lápide e tudo. — Então, este não é um homem que simplesmente saiu da cidade. Este é um homem que precisava matar a sua identidade. — Como vamos fazer isso?
Declan leva um momento para pensar e, em seguida, pega o telefone. — Eu só vou agendar uma reunião com ele. Não há nada que ligue você e eu que ele seja capaz de descobrir. Nós nunca fomos fotografados juntos. Eu aceno, e quando ele disca, digo-lhe: — Coloque-o no viva-voz. — porque eu preciso ouvir a sua voz. A cada toque, meu pulso acelera e, em seguida, a linha conecta. — Enterprise Brokerage and Realty, como posso ajudá-lo? — Asher Corre está disponível? — Declan pergunta, seu sotaque aparentemente pega a mulher desprevenida. — Oh... hum, sim. A quem anuncio? — ela diz, e eu reviro os olhos para Declan, quando toda a sua voz muda em reação à voz dele. — Você pode dizer a ele que é Declan McKinnon da McKinnon International Development. — Apenas um momento. Estou praticamente prendendo a respiração enquanto esperamos, e então, ele pega a chamada, sua voz clara e cristalina. — Asher Corre. Levanto as minhas mãos para cobrir a minha boca quando ouço a voz que nunca pensei que iria ouvir novamente. — Boa tarde. Aqui é Declan McKinnon, dono da McKinnon International Development. Eu tenho que desculpar pelo curto prazo, mas estou na cidade por alguns dias e esperava discutir uma possível compra de terras para desenvolvimento comercial. — Que linha de desenvolvimento comercial você está? — Hospitalidade, na escala mais elevada. — Entendo. Eu o procurei no meu computador. McKinnon, é de ascendência escocesa? — ele pergunta a Declan, e eu não posso acreditar que ele está, na verdade, tendo uma conversa com o meu pai. Declan responde, em seguida, meu pai continua: — Eu posso começar a selecionar alguns locais para enviar por e-mail? — Chame-me de antiquado, mas espero que você não se importe com a minha preferência para realizar negócios pessoalmente, em vez de através do telefone. Quero garantir que você é o homem certo para trabalhar. Afinal, se uma compra for feita, você
poderá receber uma comissão substancial. Eu quero ter certeza de que vai ser alguém com integridade. — Eu não poderia concordar mais com você. Vou dizer-lhe que, você tem planos para hoje à noite? — Eu tenho alguns e-mails que precisam ser respondidos, além disso, eu estou livre. — Seis horas está bom? — Sim. Esses últimos dias foram cansativos, então por que não nos encontramos no The Pearl’s onde estou hospedado. Estou na suíte presidencial. Ele nem hesitou quando respondeu. — Eu te vejo às seis, Sr. McKinnon. Eu assisto Declan encerrar a chamada e abaixar o telefone. — A voz dele... — eu começo e depois perco minhas palavras. — Você está bem? Eu não posso falar por um tempo enquanto tento digerir ouvir meu pai ao telefone. Nem parece real, e saber que ele estará aqui em apenas algumas horas é algo que sou incapaz de processar. — Querida? — Eu nunca pensei que ouviria aquela voz novamente. Acreditava que ele tinha ido embora para sempre, e agora... — Eu sei. Você não tem que tentar colocar isso em palavras. — Eu nem sei o que sentir. Um minuto estou aliviada que ele está vivo, e no próximo estou tão furiosa. Mas agora, ele vem aqui, e eu estou animada e aterrorizada. — Não há nenhuma maneira certa de se sentir. Acho que a coisa mais importante é permitir-se sentir tudo. — diz ele. — Eu só preciso de você para me segurar agora. — digo a ele. Eu me enrolo em seus braços e fecho os olhos enquanto ele corre as mãos para cima e para baixo nas minhas costas. Eu me abro para o seu conforto e pego tudo que eu posso. É uma miríade de extremos no meu coração e cabeça, mas de alguma forma, Declan é poderoso o suficiente para controlar a tempestade em mim. Seu calor é capaz de me relaxar o suficiente para que, eventualmente, eu durma, e quando acordo, ele ainda está me segurando. Eu olho para fora das janelas e vejo o céu manchado em ondas cor-de-rosa e laranja.
— Como está se sentindo? — Declan pergunta baixinho. Minha voz está rouca de sono quando eu respondo: — Essa é uma pergunta difícil de responder. Ele se inclina e me beija. — Por que você não se refresca antes que ele chegue aqui? O que uma pessoa veste quando vai encontrar seu pai, dado como morto, pela primeira vez depois de vinte e três anos? Depois do banho, procuro através das minhas malas, que nunca cheguei a desarrumar, e puxo um par de calças pretas e uma blusa verdeclaro. Eu me ocupo, focando em ter certeza de que fique bonita para ele; talvez esteja me distraindo inconscientemente ou talvez seja porque eu sinceramente quero ficar bonita para o meu pai. Eu realmente não sei. Eu seco meu cabelo e ajeito-o em ondas fluidas e, em seguida, aplico a minha habitual maquiagem leve e passo um pouco de brilho nos lábios. Calço um par de sapatilhas pretas antes de me olhar no espelho. Meu estômago torce em nervosismo. Eu não tenho ideia do que vou dizer a ele ou como vou reagir. Sonhei interminavelmente sobre ter meu pai magicamente de volta, e agora que está aqui e é real, de repente, estou aterrorizada. — Você está perfeita. Quando olho para Declan encostado no batente da porta, dou-lhe um sorriso tenso. — Tem certeza? — pergunto, de repente me sentido tímida. — Eu sei que você está nervosa e preocupada, mas tente não surtar. — E se eu não puder fazer isso? — E se você puder? — ele contraria. — Venha aqui. Eu ando até seus braços e me seguro a ele. — Você está tremendo. — observa ele. — Por que não tomamos uma bebida para ajudar com seus nervos? Eu o sigo para a sala e antes de nós irmos para o bar, há uma batida na porta. Parando sobressaltada, todo o ar é sugado para fora dos meus pulmões, e estou momentaneamente paralisada. Declan olha para trás, para mim, e estou em choque. — É ele.
Capítulo Vinte e Quatro
M
eu corpo inteiro congela, e eu
juro que meu coração falha uma batida ou duas. Estou com os olhos arregalados quando Declan olha para mim. Eu não posso falar. Minha pele toda arrepiada. Declan coloca suas mãos no meu rosto e me diz com a intensidade certa. — Você pode fazer isso. Balançando a cabeça, eu falo através do nódulo apresentado na minha garganta. — Não me solte. — Eu não vou. De mãos dadas, nós caminhamos até a porta. Cada passo que dou parece que corri uma maratona. Meu coração treme, bombeando de forma irregular debaixo dos meus ossos. Outra batida. Eu estendo minha mão nervosa, e uma onda de náusea bate forte quando prendo a respiração e abro a porta. É ele. Seus olhos encontram os meus, e eu não posso falar. Posso literalmente estender a mão e tocá-lo, mas não faço isso. Estou com muito medo que ele possa desaparecer se eu fizer algum movimento brusco. Ele olha para mim em confusão. Seus olhos vacilam um pouco, e me pergunto, se talvez, há uma pitada de reconhecimento. — Pai. Minha voz vacila e seus olhos arregalam com curiosidade, mas é quando esse olhar se transforma em espanto que eu sei que ele sabe. Em um movimento fluido, ele dá um passo em minha direção e me puxa para os seus braços. — Oh, meu Deus. — ele respira em descrença, e eu envolvo o meu braço livre em torno dele enquanto as lágrimas começam a cair. — Elizabeth?
— Sou eu, papai. — eu digo a ele quando minhas emoções incham em proporções ímpias. Seu poder sobre mim é o mais forte que senti em toda a minha vida. E, de repente, meus medos, minhas reservas, o meu ódio, desaparecem. Declan solta a minha outra mão e me agarro ao redor do meu pai. Suas costas tremem com o meu abraço, e eu ouço o clique da porta sendo fechada por Declan enquanto nós dois choramos. Ele embala minha cabeça com sua mão hábil, da mesma maneira que ele fazia quando eu era uma garotinha, e fala sufocado: — Minha princesa bebê. Ele recua, apoiando a cabeça em suas mãos, e verifica meu rosto. — Meu Deus, você é tão bonita. — diz ele densamente. Suas palavras consertam feridas, e quando meu rosto enruga em soluços, abaixo a minha cabeça e ele me puxa de novo contra o seu peito. Meu corpo se ergue à medida que libero anos e anos de agonia. Eu quero falar mais que mil palavras, mas não consigo parar de chorar. Não consigo parar de agarrar. Simplesmente não posso soltar. — Deixe-me olhar para você de novo. — diz ele, quando puxa para trás e mergulha a cabeça para baixo, para o meu nível. Ele está em cores e linhas borradas, e quando pisco, ele entra em clareza apenas para ser dissolvido mais uma vez. As lágrimas continuam a inundar e cair conforme ele enxuga as minhas bochechas com os polegares. Minhas mãos agarram suas laterais, e eu choro dolorosamente: — Senti tanta saudade, pai. — Oh, querida, eu senti ainda mais. A dor de perder você... eu sinto a cada segundo de cada dia. — Então por quê? Por que nunca foi até mim? — Oh, princesa. — ele suspira, abaixando a cabeça. — Eu quis. Tantas vezes eu quis. — Então, por que não? Algo dentro de mim se desloca, e toda a dor e raiva começam a superar a enorme alegria que sinto de estar em seus braços. Colidem e batalham, e quando ele olha para mim, eu dou um passo para trás e saio dos seus braços. — Você me deixou! Declan pega a minha mão quando meu pai me olha, se afogando em vergonha visível. — Querida...
— Eu precisava de você. — eu destilo para ele. — Eu precisei de você desde o dia em que perdi você! — Sinto muito, querida. Por que não vamos sentar e conversar? Viro-me para Declan, balançando a cabeça, e ele incentiva: — Nada que você diga vai estar errado. Eu não vou deixá-la desmoronar, ok? Inclinando a cabeça no seu peito, ele acaricia meu cabelo para trás e beija a minha cabeça, antes de colocar a mão nas minhas costas. — Vamos sentar. Nós caminhamos até a sala de estar, e eu tomo um assento ao lado de meu pai no sofá, enquanto Declan se senta do meu outro lado, estendendo a mão para o meu pai, dizendo: — Eu sou Declan, prazer em conhecer. Meu pai balança a mão, respondendo. — Asher. — Esse não é o seu nome. — eu acuso, minha voz ainda trêmula por causa das emoções consumindo quando olho em seus olhos. Eu tento me recompor com tudo que tenho, mas não consigo parar o dilúvio de novas lágrimas que cai. Declan coloca a mão na minha perna, e meu pai segura as minhas duas mãos. Observo quando ele respira profundamente antes de dizer: — Eu não tenho certeza do que dizer ou por onde começar. Eu nunca pensei que estaria sentado ao seu lado de novo, olhando em seus olhos, segurando suas mãos, ouvindo a sua voz. — Você poderia ter. Todos esses anos, você poderia ter me tido. Mas em vez disso, você me deixou para batalhar neste mundo por conta própria. — Você tem que acreditar em mim quando digo que essa é a última coisa que eu queria fazer. — Mas você fez isso de qualquer maneira. Ele deixa cair a cabeça novamente, e eu posso ver seus olhos lacrimejando. — Eu preciso que você me diga o porquê. — insisto. — Preciso saber por que você me abandonou. — Eu não abandonei você, querida. Ele pisca e um par de lágrimas desliza pelo seu rosto envelhecido. — Você abandonou! — eu ataco, arrancando minhas mãos das dele. — Você está aqui! Vivo! E vivendo uma mentira do caralho! — sugo uma respiração irregular, levanto e caminho por toda a sala antes de gritar: — Você tem uma família inteira! Eu os vi! Um filho
e uma filha, porra! — segurando minha cabeça com as minhas mãos, de pé, encaro-o. — Você simplesmente... acabou me substituindo como se eu nunca tivesse existido. Como se eu sequer importasse. — Ninguém poderia nunca substituí-la. — afirma ele, levantando-se e caminhando até mim. — Eu sou apenas um alguém esquecido. — Eu nunca esqueci de você. — diz ele quando começa a desabotoar a parte superior da sua camisa. — Você sempre esteve comigo. Conforme seu colarinho e camisa começam a abrir, eu vejo uma tatuagem, e quando ele expõe seu peito, eu paro de respirar. Há em toda a extensão do seu peito, de ombro a ombro, o meu nome marcado em sua pele, em grande dimensão. — Mesmo se eu quisesse, eu nunca poderia esquecer de você. Eu me aproximo e corro meus dedos sobre as letras do meu nome. — Quando você...? — Pouco tempo depois de ter sido enviado para a prisão. Eu pedi para o meu companheiro de cela fazê-la. Pressiono minha mão em seu peito e sinto seu coração batendo na minha palma. — Eu não entendo. Disseram-me que você morreu lá. Ele fecha os botões da sua camisa, perguntando: — Você me deixa explicar? Eu aceno e ele segura a minha mão enquanto caminhamos de volta para o sofá, onde Declan ainda está sentado. Meu pai mantém a minha mão na sua e Declan envolve seu braço na minha cintura, enquanto enfrento o meu pai. — Disseram-lhe por que eu fui para a prisão, certo? — Por tráfico de arma. Ele balança a cabeça. — Sete anos depois da minha sentença, os federais vieram encontrar comigo. Parece que uma das armas foi usada para assassinar quatro funcionários do governo da Força Tarefa de tráfico de armas dos Estados Unidos, enquanto eles estavam na Argentina para arrebentar um dos seus maiores cartéis de drogas. — explica. — Todas as armas que passavam por mim eram inspecionadas para garantir que os números de série tinham sido devidamente raspados, mas quando você
está trabalhando com os caras de rua, os erros são suscetíveis de acontecer. De qualquer forma, os federais me ofereceram um acordo judicial. Eu entregava os nomes em troca de uma libertação imediata. Eu conhecia o risco, mas enfrentaria um pelotão de fuzilamento para ter você de volta. — diz ele fervorosamente, e eu aperto mais a sua mão. — Então, o que aconteceu? — Aconteceu que era um ardil. — revela ele. — Uma vez que entreguei os nomes, era isso, foi me dada duas opções: ir imediatamente para proteção de testemunhas, ou voltar para a minha cela. Se eu voltasse para a minha cela, eu teria sido morto em uma questão de dias; eu era um informante da polícia e alguns dos caras que estavam lá eram de alguma maneira relacionados aos nomes que tinha acabado de dar aos federais. — ele pega a minha mão na sua e me olha atentamente. — Usaram você para chegar até mim, princesa. Eu soube, a partir daquele momento, que eu nunca a veria novamente, e parecia que eu estava sendo assassinado de qualquer maneira, porque a minha vida não existia sem você nela. — E o seu túmulo? — Uma vez que o nível de ameaça sobre a minha vida ficou muito grande, os federais acharam melhor forjar a minha morte. Implorei para que me deixassem levá-la para o programa comigo, mas eles recusaram. Minhas mãos estavam atadas. Contudo, uma parte de mim pensou que seria melhor para você que eu fosse embora. Pensei que lhe daria o encerramento, em vez de simplesmente desaparecer sem deixar vestígios. — ele espera um momento para se recompor antes de dizer: — E aqui está você. Crescida e tão linda. Eu continuo a derramar lamentos, das lembranças do dia que me foi dito que ele morreu, pelos meus olhos e pelo meu rosto. Lembro-me de estar deitada na cama com Pike. Ele me segurou por horas enquanto eu soluçava. — Eles me garantiram que estava em uma boa casa e que você ainda tinha um irmão de criação. A mão de Declan de repente contrai na minha perna; ele acha que vou contar para o meu pai sobre o meu sofrimento. Uma parte de mim quer, porque era uma mentira, eu não estava em uma boa casa, e o ressentimento de que poderia ter sido me corrói. Eu quero dizer a ele sobre a tortura que sofri para que eu possa lhe dar um tapa na cara. Estou furiosa que fui enganada pela boa vida que ele achava que eu tinha.
Mas não vou falar para ele, eu não posso. Eu tenho que mentir, porque lhe dizer a verdade não teria nenhuma utilidade. O passado está acabado, e não pode ser alterado, só iria machucá-lo se conhecesse, e, no final, eu só quero o seu amor. — Eles me disseram que você era feliz e próspera. Eu reúno um sorriso. — Sim, eu era feliz. — E seus pais adotivos... eles eram bons para você? — Mmm hmm. — eu respondo e aceno. — Eu fui bem cuidada. A mentira é um espinho enferrujado nas minhas veias; é quase debilitante para ver o alívio nos seus olhos. — Vocês ainda são próximos? — Não. Na verdade, morreram. — digo a ele. — Assim como o meu irmão. — e as lágrimas que empoçam nos meus olhos na simples menção de Pike, são consideradas pelo meu pai como tristeza por toda a minha família adotiva. Não são - são apenas pelo Pike. O que ele não sabe e nunca vai saber é que todos os três morreram por minha causa, pelas minhas mãos. — Eu sinto muito. Você tem outra família? — Só Declan. — eu digo a ele. — Vocês dois estão casados? — Não. — responde Declan. — Mas nós moramos juntos. — Perto? — A casa de Declan é na Escócia, mas recentemente mudamos para Londres. — Uau. Isso parece incrível. — diz ele com uma expressão carrancuda. — Posso perguntar como você me encontrou? — Eu vi seu rosto no noticiário. — digo a ele. — Alguém que trabalha para Declan conseguiu obter os registros da lista de passageiros. Levou um tempo para eu descobrir que Asher Corre era você – era eu. — Rose Archer. — ele murmura. — Como eu disse, você sempre esteve comigo. Meu queixo treme, e eu tenho que perguntar: — Aqueles são os seus filhos biológicos, não são? — Sim.
Eu olho para longe do meu pai. Dói muito pensar que eles estão recebendo tudo o que me foi privado. — Eu conheci Gillian logo depois que entrei no programa. Eu estava tão derrotado depois de perder você, e ela me ajudou a ficar bem. — Ela sabe sobre mim? — Eu tive que mentir para ela. Ela sabe que eu tinha uma filha chamada Elizabeth, mas tive que lhe dizer que você... — as palavras dele param, e eu pego-as, certa do que são e completo para ele: — Você disse a ela que morri, não é? Ele balança a cabeça. — Eu nunca faria isso, mas a tatuagem... é o que fui instruído pelo governo para dizer às pessoas se alguém perguntasse. — Você a ama? — Amo. — E você deu o seu nome para o seu filho, seu verdadeiro nome. — Sim. — E a sua... sua fi... — eu gaguejo através da angústia acumulada. — Sua filha... você a... — Ela não pode substituí-la. — ele insiste. — Mas você a ama? — Amo. Mas não ouse pensar por um segundo que é o mesmo amor que tenho por você. Não é. Eu não amo ninguém como te amo. — Você a chama de sua princesa. — afirmo. — Eu ouvi você chamá-la de princesa. — Você me ouviu? — Eu estava estacionada na frente da sua casa na noite passada. — confesso. — Você chegou tarde em casa. — Querida. — ele começa e depois para quando abaixo a minha cabeça e começo a chorar. Ele envolve a mão atrás da minha cabeça, e eu me inclino contra ele, enquanto Declan descansa suas mãos tranquilizadoras sobre os meus ombros. Os lábios do meu pai pressionam o topo da minha cabeça, da mesma forma que Declan faz frequentemente, e eu aperto as mãos do meu pai.
Como posso finalmente estar com ele e, ao mesmo tempo me sentir tão perdida? Sentir tão excluída? Eu quero gritar com a injustiça, seria assim que uma criança faria, mas isso seguro no interior. — Você poderá contar para eles sobre mim, não é? — Não. Eu olho de novo para ele e, com um encolher de ombros derrotado dos meus ombros, pergunto: — E agora? Ele aperta minhas mãos no seu peito, afirmando: — Você é a minha filha. Nada vai mudar isso. Você é a batida do meu coração. Sempre foi você. Levantando-me de joelhos, eu transpasso meus braços em volta do pescoço dele e agarro-me a ele à medida que ele me abraça forte. — Eu te amo tanto, papai. — Eu também te amo, menina. — ele responde. — Eu também te amo. Nós abraçamos um ao outro durante o tempo que é preciso para eu chorar todas as lágrimas que o meu corpo tem para dar, e ele nunca afrouxa seu domínio sobre mim. Ele permanece constante, sem tentar se afastar de mim, o tempo todo repetindo o quanto ele me ama, o quanto me quer, e quanto sentiu falta, sonhou comigo. E quando nada mais resta, a não ser os olhos inchados e bochechas vermelhas, eu largo seu pescoço. — Posso vê-la amanhã? — ele pergunta. — Estou com medo de deixá-lo ir. — digo a ele. — E se você não voltar? — Eu voltarei. Eu coloco minha vida nessa promessa, ok? — Ok. — eu respondo, mas o medo continua. Com medo de que essa possa ser a última vez que o vejo, eu o agarro e beijo sua bochecha. Eu sei muito bem o quanto a vida pode mudar em um instante. — Estarei aqui às nove horas da manhã. Ele se levanta e me puxa para cima com ele, dando-me outro abraço forte. Desta vez, ele beija minha testa e, em seguida, minha bochecha e depois a minha testa novamente.
— Sem mais lágrimas. — ele diz, enquanto caminha até a porta comigo debaixo do braço. — Prometa-me que você vai voltar. Ele levanta meu queixo, dizendo: — Eu prometo. — e, em seguida, dá um beijo no topo da minha cabeça novamente. — Declan. — meu pai pede: — Cuide dela esta noite, está bem? — Todos os dias da minha vida, senhor. Meu pai dá tchau para Declan e para mim, e eu troco o calor do meu pai pelo calor do meu amor. Não posso tolerar o pensamento de vê-lo sair pela porta, então enterro minha cabeça no peito de Declan até ouvir o clique da porta fechando.
Capítulo Vinte e Cinco
Q
uando você faz um pedido a uma
estrela e ele se realiza, e ela serve ao seu propósito, então o que acontece? Ela morre? Passa para servir o desejo de outra pessoa? Talvez se alegre, explodindo em milhões de brilhos cintilantes, que caem através da estratosfera. Pode ser que essas mesmas partículas são as que criam esperança neste mundo. E talvez seja por isso que eu sempre carreguei um pedacinho daquela estrela comigo. Por mais que eu quisesse desistir da esperança, que pensasse que a noção disso era um monte de merda, um pedaço minúsculo sempre permaneceu em mim. É uma manhã chuvosa quando me remexo, mais uma vez cheia de nervos agitados, e preparo-me para ver o meu pai, o meu desejo para uma estrela. Declan pediu uma bandeja de comida, mas estou muito tensa para comer. Estaria mentindo se dissesse que não estava também com medo de que ele não aparecesse. Estou muito familiarizada com a Lei de Murphy. Essa lei tem atormentado a minha vida de forma contínua, então por que não fazer o mesmo agora? Nada neste mundo é resistente à mudança. Pode acontecer em uma fração de segundo, sem qualquer aviso. Mas o meu humor muda assim que eu ouço a batida na porta. Eu olho para Declan, e ele termina a chamada de trabalho que está. Desta vez, eu não sinto como se fosse desmaiar. Em vez disso, há um ar de efervescência quando abro a porta e vejo meu pai lá com um buquê de margaridas cor-derosa. Eu sorrio muito satisfeita quando ele entra e fecha a porta. — Eu espero que você ainda goste de margaridas. — diz ele ao entregá-las para mim, e estou em seus braços no segundo seguinte, respondendo: — São as minhas favoritas. Nenhum de nós apressa o abraço. Ficamos nele e nos permitimos aproveitar o conforto que foi roubado de ambos há mais de vinte anos. Aspiro, absorvendo o seu cheiro, que me lembra do passado. Como é que eu ainda me lembro do jeito que ele cheirava todos aqueles anos atrás? Mas eu me lembro, e é o mesmo agora como era na época. Meus olhos se fecham conforme aprecio o momento, um momento que a maioria ignoraria
completamente. No entanto, quando alguém foi tão privado, entende a importância que um simples toque pode conter. — Eu não consegui dormir na noite passada. — ele me diz, ainda me segurando em seus braços fortes, permitindo-me decidir quando soltar, mas não estou pronta ainda. — Nem eu. Após um minuto ou mais assim, finalmente relaxo os meus braços e recuo. Seus olhos percorrem meu rosto por um momento antes dele finalmente dizer: — Simplesmente não consigo superar o quanto você cresceu e quanto tempo realmente passou. — Você está dizendo que estou velha? — brinco, fazendo-o rir, e é um som tão belo. — Velha? Você está de brincadeira. Você já viu este esfregão cinza sobre mim? Eu sorrio grande. — Você fica muito bem de cinza. — Distinto? — Muito distinto. — Bom dia, senhor. — Declan cumprimenta quando se aproxima de nós. — Declan. — ele responde, apertando a mão estendida do Declan. — Por favor, me chame de Asher. Viro a minha cabeça para o meu pai, e ele percebe a mudança imediatamente, pedindo desculpas. — Sinto muito. Hábito, depois de quase 15 anos. — ele então olha para Declan novamente e corrige para me apaziguar. — Chame-me de Steve. — Eu pedi algo de café da manhã. — Declan diz e leva o meu pai para a mesa de jantar que acomoda oito. — Esta sala é impressionante. — ele observa conforme tomamos nossos lugares ao lado um do outro. Eu coloco as margaridas em cima da mesa na minha frente, de repente sentindo-me nervosa. Meu pai sente minha inquietação imediatamente, pega a minha mão na sua, e sorri para mim. — Estou nervoso também. — Está? — Sim. — ele diz com um riso estranho. — Steve, você gostaria de um café?
— Parece ótimo, Declan. Obrigado. Declan derrama uma caneca de café para o meu pai, uma xícara de chá com água quente para mim, e, em seguida, toma um assento na nossa frente. Eu pego um croissant amanteigado do prato na frente e depois enterro um saco de chá na minha xícara. O silêncio entre nós é pesado, e quando eu olho para cima, o meu pai está olhando para mim por cima da borda de sua caneca, o que me faz pausar. — O quê? Com um sorriso no rosto, ele balança a cabeça e responde: — A última vez que te vi, você estava tomando chá de faz de conta, e agora você está aqui, toda crescida, bebendo a coisa real. Eu sorrio com as memórias comoventes daquele dia. — E eu me lembro de você lambendo cobertura imaginária do seu cupcake imaginário. Você nem sequer usava um guardanapo. — Você se lembra disso? Concordo com a cabeça quando a dor inflama. — Lembro-me de cada detalhe daquele dia. Meus olhos enchem-se de lágrimas, e eu luto muito para impedi-las de cair. — Eu sinto muito por ter acontecido na sua frente. Matava-me saber que aquela foi a última imagem que teve de mim. — Você está aqui agora. — preciso abster-me do que acabará por me quebrar se eu pensar muito. — E por incrível que pareça. — acrescento eu com um sorriso. — Isso meio que me lembra da última festa do chá. Quer dizer, eu não tenho uma princesa brilhante para vestir, mas tenho minhas margaridas rosa, chá, lanches e você. — Verdade. — diz ele. — Mas naquela época, eu era o seu príncipe. E parece que a posição não está mais disponível. Viro-me para Declan que comicamente levanta a xícara de café no orgulho realizado e dignidade exagerada, e eu rio. — Ele parece ser um substituto adequado, certo? — meu pai brinca. — Ele se encaixa perfeitamente no papel. — Uma vez que esse é o caso, um interrogatório está na ordem, você não acha? — diz meu pai.
— Estou pronto para o desafio, Steve. Tomo um gole do meu chá, gostando do fato de que nós três podemos extrair luz da situação em mãos e, ao mesmo tempo, saber que posso partilhar este enorme pedaço do meu passado com Declan. — Então, realmente fiz uma pesquisa na Internet. Você é muito talentoso para estar em seus trinta e poucos anos. — Eu sou um trabalhador. — O que o levou da Escócia para Chicago? — Meu pai tinha feito alguns desenvolvimentos nos Estados Unidos antes, eu me formei com meu mestrado. Sempre fui interessado no negócio, então mudei para cá e trabalhei com ele por um tempo antes de ficar por conta própria. Achei uma excelente localização em Chicago e decidi optar por ela. — Lotus, certo? — É isso mesmo. — diz Declan. — É um hotel requintado. — falo para o meu pai. — Mas agora você está em Londres? Declan toma um gole de café antes de responder. — Sim. A construção não começará por mais um ano ou assim. Acabei de comprar a propriedade e estou atualmente trabalhando com os arquitetos sobre o âmbito e conceito que estou querendo ver no edifício. — Você gosta do que faz? — Eu amo. Sou um homem que põe a mão na massa e o trabalho se presta a cumprir a sua capacidade. É também uma grande sensação ver o processo do começo ao fim. — Eu só posso imaginar o orgulho que você tem, a sensação de ver as suas ideias ganhando vida. — diz ele antes de perguntar: — Diga-me, como é que os dois se conheceram? — Eu o conheci na grande inauguração de gala. — digo a ele. Parecendo satisfeito depois de questionar Declan, ele então se vira para mim. — E você? O que você faz? Você foi para a faculdade? Eu já menti para ele e permiti-lhe acreditar que eu tive uma boa infância e vivi em um lar adotivo amoroso, que ingenuamente considerou verdade, mas preciso que ele
acredite em mim. Eu me recuso a puni-lo com a minha realidade, uma vez que ele não é o culpado por sua ausência em minha vida. Nós dois fomos afastados um do outro e enganados, mas eu mantenho as mentiras vivas e digo-lhe algumas meias-verdades. — Meus pais adotivos morreram antes de eu ser velha o suficiente para cursar faculdade. Eu morei com o meu irmão a maioria da minha vida por causa da situação financeira que nós dois nos encontramos. Eu tomei algumas aulas aqui e ali, mas em última análise, nunca tive a chance de buscar qualquer coisa séria que pudesse me levar a uma carreira. — Bem, você deve ter feito algo certo para estar no meio das pessoas que estavam presentes nesta noite de gala. Não parece ser algo que qualquer um que estivesse nas ruas poderia simplesmente participar; o hotel parece bastante exclusivo e privado. — diz meu pai. — Eu tinha alguns amigos nesse círculo. — minto. — Então, há quanto tempo foi isso? — Um pouco mais de quatro meses. — responde Declan. — Isso é rápido. — Talvez para alguns. — Declan diz para ele. — Mas olhe para ela, eu seria um tolo se não a sequestrasse. — Você faz parecer quase como uma situação de reféns. — eu brinco. — É amor, querida. — diz ele e acrescenta, fingindo um sorriso maligno. — Deixa todos reféns. Continuamos a conversar, e meu pai e eu fazemos o nosso melhor para não debruçar sobre tudo que foi roubado de nós e desfrutamos de que temos um do outro agora. Sugiro sair e ir para uma caminhada, e ele me informa que, mesmo depois de todos esses anos, ele ainda está em risco e tem vigilância aleatória como uma guarda-costas, um serviço prestado pela proteção a testemunhas para aqueles a quem o governo vê o ajuste. — Mesmo depois de todos esses anos? — pergunto-lhe. — As pessoas no círculo que eu trabalhava não consideraram o que eu fiz de ânimo leve. Vidas foram perdidas depois que eu dei aos federais o que eles queriam. Virei as costas para eles, e agora estou marcado na vingança para a vida. As pessoas afetadas vão procurar sua vingança até que um de nós esteja morto.
Eu não duvido dele, porque sou um deles. Vou sempre carregar a tocha da vingança para aqueles que me injustiçaram e roubaram de mim. Mesmo que eu tenha meu pai aqui em carne e osso, eu ainda vou me vingar daqueles que o tiraram de mim em primeiro lugar. Seu telefone toca, e quando ele o puxa do bolso, olha para mim com uma expressão de desculpas. — Eu sinto muito. Eu tenho que atender. Ao mesmo tempo, Declan também recebe uma chamada e se desculpa para ir ao quarto. Meu pai caminha para o outro quarto quando aceita a chamada, mas não é o suficiente para me impedir de escutar partes de sua conversa. — Estou com um cliente... não estarei... eu sei... também te amo. — Era a sua esposa? — questiono com um tom de desdém pingando após ele desligar. Quando ele olha para mim do outro lado da sala, está visivelmente desconfortável. — Umm... sim. Levanto e não digo nada. O humor leve de mais cedo, agora é vexatório, quando a vida real se intromete na nossa reunião clandestina. — Eu vou ter que sair logo. — Por quê? — meu peito chia em irritação quando o ciúme eleva sua cabeça feia. — Hailey tem um recital hoje. Como é fodidamente amável. — Você perdeu um milhão de coisas na minha vida, você não pode perder uma da dela? Sua testa tem vincos de conflitos, mas meu ressentimento não poupa leniência. — Não é justo. — digo densamente. — Concordo, mas é o que temos para lidar. — Então... — começo e, em seguida, faço uma pausa quando Declan caminha de volta para a sala. — Está tudo bem? — pergunta ele, sentindo a tensão, e meu pai responde: — Eu tenho que ir.
— Parece que sua outra filha tem um recital que ele não pode perder. — digo a Declan, mantendo meus olhos no meu pai. Declan coloca uma mão de apoio na parte inferior das minhas costas, e eu continuo o que estava dizendo. — Então, como isso tudo vai funcionar? Quer dizer, se você não pode contar para eles sobre mim... — Eu realmente não sei, querida. — Quero dizer, quando eu for embora, não vou poder ligar para você, a menos que você arranje um telefone sem rastreio, mas então é apenas uma questão de tempo antes que sua esposa o acuse de um caso, e então o que acontece? Você vai guardar rancor de mim? — falo engasgada, permitindo que os meus pensamentos levem o melhor de mim. — Nós não temos que descobrir isso tudo hoje. — Declan diz, tentando me tranquilizar, mas estou bem ciente de como o tempo é sensível e deixo escapar: — Volte com a gente. — Princesa... — Quando formos, entre no avião com a gente. Declan é proprietário do avião; ninguém sequer sabe quem está nele. Ele se move na minha direção, dizendo gentilmente: — Eu não posso deixar a minha família. Suas palavras queimam como ácido, e eu rebato: — Eu sou sua família! — Você é. — diz ele rapidamente. — Mas eles também são, e eu não posso simplesmente desaparecer. — Como você fez comigo? — Não é o mesmo. Meu corpo se aquece com raiva e ciúme. Estou dando-lhe uma escolha, e ele está escolhendo errado. — Eles tiveram você! — eu grito. — Eles tiveram mais anos com você do que eu já tive! — Hey. — Declan diz suavemente, tentando chamar minha atenção, mas eu ignoro-o e lanço-me para o meu pai. — Então, é com isso que sou deixada? Recortes? Isso é tudo que consigo de você, o tempo que você pode gerenciar a esgueirar-se da sua pequena preciosa família?
— Elizabeth. — Declan diz em outra tentativa de chamar a minha atenção enquanto o meu pai fica lá sem palavras. — Você costumava ser meu. — eu digo ao meu pai em uma voz trêmula. — Era você e eu, e nós não tínhamos que compartilhar com ninguém. — E agora nós temos. — a tristeza em seus olhos reflete na sua voz. — Mas eles vêm em primeiro lugar. — Eu sei que não é justo. Eu quero o máximo de tempo que puder ficar com você, mas tenho outras três pessoas que me amam e dependem de mim, e não posso me afastar deles e causar ainda mais dor do que lhe causei. — Por que não? Está tudo bem para mim a sofrer, mas não eles? — Não está tudo bem você sofrer. Nunca foi bom, mas não me foi dada uma escolha. Não importava o que eu fizesse, era inevitável que você fosse sofrer. Não importava se eu fosse para o programa e vivesse ou se voltasse para a prisão e morresse. Quando olho para ele, eu posso sentir a carência expandindo na minha alma. Seu crescimento dá a sensação de que tenho muito espaço vazio que precisa ser preenchido. Sou oca e carente de uma coisa que fui privada, e é uma sensação horrível ser forçada a suportar. — Posso voltar hoje à noite? Por volta das dez mais ou menos? Eu aceno, porque vou começar a chorar se eu falar. Recuso-me a chorar, mas as lâminas de desespero estão abatendo-me por dentro. — Declan? — meu pai se vira de mim, buscando a permissão do homem que eu amo. — Claro. Venha a hora que precisar. Com as mãos nos meus ombros, ele olha nos meus olhos, com sinceridade, dizendo: — Sinto muito. E eu aceno novamente antes de ele me puxar para me abraçar. Aceito o seu abraço, e com uma respiração profunda, absorvo seu cheiro mais uma vez, porque o mesmo medo, de que ele possa simplesmente não voltar, permanece. — Eu te amo. — Sinto muito. — é a minha resposta. — Olhe para mim. Você não tem nada neste mundo para se desculpar. Não há problema em estar com raiva; estou com raiva também. Estou chateado e amargo. Eu
quero pegar você e te roubar, fazer tudo em meu poder para compensar o tempo que perdemos. Mas você entende por que eu não posso? — Entendo. Não. — Eu sei que não torna mais fácil, e eu sinto muito. Se eu soubesse que havia uma chance nesta vida de vê-la novamente, eu teria esperado sozinho de modo que nada pudesse ficar no meu caminho e desaparecer com você. Eu preciso que você acredite nisso. Diga-me que você acredita nisso. Engolindo duro, forço as palavras através de toda a dor que está me sufocando. — Eu acredito em você, papai.
Capítulo Vinte e Seis
M
eu pai voltou mais tarde na noite
passada, assim como ele prometeu. Ele e Declan falaram de negócios e de política enquanto bebiam uísque. Eu gostei de observar os dois juntos, debatendo e rindo como se fossem amigos há anos. Papai queria saber como era a vida para nós, na Escócia, e agora em Londres, e, embora o nosso tempo lá tenha sido atormentado por tanta escuridão, Declan conseguiu se virar muito bem. Quando o papai perguntou sobre a casa na Escócia, contei tudo sobre o meu tempo em Brunswickhill: a história da propriedade, todos os pedaços incríveis da terra que a rodeia, a gruta de tijolo, o átrio, a biblioteca. Falei e falei, porque sinceramente, eu amo tanto a casa; é o que a maioria das meninas sonham em um palácio. Quanto mais ficamos perto um do outro, mais confortáveis nos tornamos. A facilidade de ontem à noite pareceu tão natural e tão promissora. Ter os dois homens que tanto amo no mesmo quarto comigo é incrível. Eu tento não focar nas porcas e parafusos e em como isso vai avançar. Declan me disse depois que o meu pai foi embora ontem à noite para simplesmente desfrutar os momentos que podemos compartilhar no aqui e agora, e que vamos descobrir os detalhes mais tarde. Eu aceitei a sua sugestão de viver o momento. Meu pai voltou algumas horas atrás com outro buquê de margaridas cor-derosa. Estamos passando tempo no sofá, assistindo a um filme antigo de James Bond, que meu pai diz é um dos seus favoritos. Uma vez que o filme termina, pedimos um almoço, e agora estamos comendo enquanto sentados na sala de estar juntos. — Declan, me diga, sua mãe e seu pai ainda moram na Escócia? Agora, é a minha vez de dar um aperto primitivo no Declan como ele fez quando o meu pai me perguntou sobre a minha infância. Eu não tenho certeza do que Declan vai dizer, mas eu preciso que ele saiba que estou aqui. — Não. Minha mãe, na verdade, faleceu quando eu era adolescente.
Ele não diz nada sobre seu pai, e quando ele se afasta do meu pai, eu sei que ele não vai. Antes que meu pai possa fazer outra pergunta, eu chamo a atenção do meu pai para mim. — Pai, eu humm... achei que você deveria saber que eu pedi para um amigo meu procurar a minha mãe. Ele olha para mim nervosamente. — Você pediu? — Sim. — eu digo a ele e, em seguida, acrescento: — Eu sei o que ela fez. — Querida, eu sinto muito. Eu nunca quis que você soubesse sobre ela, porque eu não queria que você achasse... — Que ela não me ama? — corto. — Pai, ela não me amava. O negócio que ela estava doente e deprimida quando me vendeu é uma coisa, mas ela é uma mulher livre há muito tempo e nunca entrou em contato comigo. — Eu não quero dar desculpas para essa mulher e o que ela fez. Foi um período difícil nas nossas vidas – um que eu tive que superar - por isso quando você era pequena e me perguntava se você tinha uma mãe, eu sempre desviava. E uma vez que você era tão jovem, era fácil fazer isso. Eu posso falar sobre essa mulher sem ficar nervosa, porque me fechei para essa parte da minha vida, mesmo que isso vá contra a palavra de Declan. Ele deixou claro que não quer que eu evite o que me machuca. Mas a verdade da minha mãe sobre o que ela fez comigo, quando eu era um bebê, é muito dolorosa para eu pensar, e com tudo que aconteceu, Declan não abordou o assunto da minha mãe desde então. — Você acha que você nunca vai vê-la ou falar com ela? — Não. — afirmo com certeza. — Ela nunca foi uma parte da minha vida e eu não vejo necessidade disso agora. — Eu não quero te dizer o que fazer nesta situação, mas acho que ficar longe é a melhor escolha. Eu fico com medo que ela só pudesse machucá-la. — Você falou com ela desde aquilo tudo? — Não. Assim que eu te tive de volta nos meus braços, ela acabou para mim e, além do dia que precisei depor em seu julgamento, nunca mais falei com ela ou a vi novamente. Quando não há mais nada a ser dito, nós nos sentamos em um curto espaço de silêncio antes do meu pai tentar aliviar o clima. — Me fale alguma coisa boa. Algo engraçado da sua infância.
Ele não tem ideia de que não há nada engraçado sobre a minha infância, mas Declan pega a conversa antes que ela caia e conta para o meu pai. — Melhor ainda, por que você não me diz mais sobre Elizabeth. Como ela era como uma menina? Obrigada, Declan. O rosto do meu pai instantaneamente acende-se com um sorriso quando ele reflete sobre o passado. — Ela era uma menina cabeça-quente, mas da maneira mais agradável possível. — Então, eu vejo que parte dela não mudou. — a voz do Declan é cheia de humor, mas eu mantenho minha atenção no meu pai enquanto ele continua. — Ela não tinha nenhuma mulher em sua vida, era só eu e alguns bons amigos meus que a rodeava. — diz ele, e então se vira para olhar para mim. — Mas, de alguma forma, você era tão suave e rosa e tudo o que uma menina deve ser. Ele diz isso com um sorriso amoroso, que me faz sorrir também. Ele se vira para Declan e lhe diz: — Eu costumava ter uma barba curta, quase o mesmo comprimento que a sua, e uma coisa que ela sempre fazia era esfregar suas pequenas mãos sobre ela. Ela ria e me dizia como gostava da sensação quando ela arranhava as palmas das suas mãos. Eu olho para Declan quando meu pai diz isso, porque faço exatamente a mesma coisa com a barba do Declan todo dia. E eu faço isso porque sempre me fez lembrar do meu pai, e simplesmente me faz sentir bem. Declan olha nos meus olhos e me dá um pequeno sorriso quando junta essas duas peças do quebra-cabeça. — Mas, por mais feminina que ela fosse, ainda queria ser meu braço direito. — continua ele com uma risada. — Lembro-me quando nos mudamos para a casa em Northbrook... — Nós não moramos sempre lá? — Não. Depois de tudo com a sua mãe, decidi que seria melhor que você e eu tivéssemos um novo começo juntos. Eu comprei essa casa para nós. — Eu nunca soube. — murmuro. — Você tinha apenas três anos de idade na época, mas você insistiu em ter um pequeno cinto de ferramentas, assim você poderia me ajudar a pendurar as cortinas e obras de arte nas paredes. Acabei achando um em uma loja de brinquedos nas proximidades, e você usava com orgulho enquanto me seguia ao redor da casa.
Eu rio ao ouvir e falo: — Não me lembro disso. — Bem, você era tão jovem, mas, sim, você puxava o seu martelo de plástico e o colocava contra a parede toda vez que eu ia martelar um prego. — ele para por um momento e sorri para mim antes de continuar: — Teve uma vez que tinha dois amigos meus em casa, Danny e Garrett. Você se lembra deles? Eu faço o meu melhor para pensar e lembro vagamente. — Você quer dizer o Tio Danny? — Você realmente se lembra. — diz ele alegremente. — Danny era um bom amigo meu e ele insistiu que desde que você não tinha nenhuma tia ou tio, que devia chamá-lo de tio Danny. — Não me lembro do seu rosto ou qualquer coisa, mas eu me lembro de um tio Danny. — eu digo a ele. Ele se vira para Declan e explica: — Danny e eu nos conhecemos desde os nossos vinte anos, e quando era apenas Elizabeth e eu, ele começou a ir em casa com mais frequência para passar tempo com ela. Mas de qualquer maneira. — diz ele, mudando sua atenção para a história. — Eu estava no sótão, colocando o isolamento porque estava inacabado, e eu queria transformá-lo em uma dispensa. Você estava lá embaixo brincando com o tio Danny, e eu tropecei e meu pé escorregou da viga que eu estava de pé, e uma perna minha caiu por entre o chão. — ele começa a rir. — Eu gritei para baixo, para vocês dois, e em vez do Danny vir para me ajudar, ele te levou para a garagem, onde a minha perna estava pendurada no teto. Ele pegou você para que pudesse chegar a mim e a encorajou a pegar o meu sapato e fazer cócegas no meu pé. Declan e eu nos juntamos no riso do meu pai quando ele conta essa história, que não tenho nenhuma lembrança. — Quanto mais eu ria, mais você fazia cócegas, e quanto mais eu comecei a deslizar. Mas eu podia ouvi-la rindo, e você estava tendo o melhor momento da vida. — Bem, parece que a perna sobreviveu àquela provação. — eu brinco. — Sim. — diz ele e depois enfrenta Declan. — Mas se você realmente quer saber como ela era como uma criança, ela era perfeita. Ela tinha o coração mais suave e sempre queria agradar as pessoas. Se eu lhe dissesse para fazer algo, ela sempre fazia e nunca discutia comigo. Ela era gentil e sensível. — diz ele e, em seguida, olha para mim, terminando: — E ela era todos os meus sonhos tornando-se realidade.
Ele continua contando algumas histórias mais engraçadas, e quando terminarmos nosso almoço e limpamos, ele se vira para mim e pergunta: — Como você se sente sobre sair daqui? — Eu pensei que você não podia... — Esqueça o que eu disse. Você quer ir para uma caminhada? — Hum... sim. Isso soa muito bem, papai. — Está um pouco frio lá fora, mas por que não posso levá-la até Owen Beach? Com um sorriso, eu respondo: — Tudo bem. Deixe-me ir trocar de roupa, e vou estar pronta. — dou um sorriso para o Declan quando passo por ele, indo para o quarto. Fechando a porta, eu corro para dentro do closet como uma criança prestes a ir para sua loja de doces favorita. Deslizo o cabide de calça e pego um jeans antes de agarrar uma capa de chuva com capuz. Mexo na roupa de Declan, à procura da sua jaqueta, e quando a encontro, faço uma rápida parada na frente do espelho para colocar o meu cabelo em um coque no topo da minha cabeça. Quando saio do quarto, observo os dois de pé fora, perto da porta, falando em voz baixa um com o outro. — O que vocês estão falando? — anuncio quando me aproximo, e quando Declan se vira para mim, estendo seu casaco e espero pela sua resposta. — Você com certeza. Eu estreito meus olhos para ele em aborrecimento simulado e depois rio quando ele me beija. — Eu não tenho um monte de tempo antes de ter que ir embora, então por que não vamos em dois carros por causa do tempo, e eu simplesmente vou embora da praia? — Não é um problema, Steve. Vamos apenas segui-lo. A viagem é curta, e muito em breve, nós estamos dirigindo entre os brotos florescendo e frescos da primavera. O céu pode estar úmido e cinza, mas as flores de cerejeira cor-de-rosa deixam a melancolia bonita. Pressiono minha mão contra a janela, absorvendo seu frio amargo, enquanto Declan entra em uma vaga de estacionamento que se debruça sobre a praia deserta. Meu pai abre a porta ao lado do nosso carro, e quando abre a porta e pega a minha mão, Declan diz: — Vou esperar aqui.
Eu olho por cima do ombro. — Tem certeza? — Eu preciso fazer algumas chamadas. — diz ele. — Vá compartilhar um passeio com o seu pai. De mãos dadas nós caminhamos ao longo dos montes de madeira flutuantes na praia e para baixo, para a beira da água. As rajadas de vento criam uma névoa de spray de mar que combina com o chuvisco que cai do céu. Estendo a minha mão livre para trás e puxo o capuz da minha capa de chuva sobre a minha cabeça enquanto passeamos pela areia densa, molhada de água. — Foi para cá que você veio quando saiu da prisão ou morou em outros lugares? — Só aqui. Eu amo isso. As montanhas, a água, o cinza. Eu amo o frio. — Eu também. Inverno sempre foi o meu favorito por algum motivo. Talvez seja porque ele esconde a verdade da morte da Terra sob um manto de falsa pureza. — Falsa pureza? — A neve macia branca parece tão inocente, mas na realidade, é a arma que mata o que está abaixo. Ele olha para mim, perguntando com ligeiro humor: — Você sempre pensa tanto assim? — Às vezes. — Eu também. Eu paro e viro o rosto para ele, e o vento bate contra nós quando pergunto: — Sobre o quê? — Você, principalmente. Ele enrola o braço em volta de mim, me colocando contra o seu lado enquanto olhamos para a água. Com os olhos distantes, ele diz: — Eu sempre tive uma alma perdida. Nós não olhamos um para o outro enquanto conversamos, meu braço agora pendurado na sua cintura. — Eu também.
— Às vezes, quando vejo uma menina com cabelo vermelho, por uma fração de segundo, eu me sinto esperançoso de que seja você, mas então percebo que você não seria tão garotinha. — Eu costumava me esgueirar pelas janelas no meio da noite, quando ia para um lar adotivo. Você me contou sobre Carnegie no último dia em que estávamos juntos. Eu costumava pensar que se eu andasse longe o suficiente para encontrar uma floresta, você estaria lá. Minhas lágrimas se misturam com a névoa que acumula no meu rosto e escorre por ele enquanto falamos. Ele se vira para mim, suas mãos correndo por meus braços, e seus olhos se enchendo de anos de dor inconsolável que eu conheço muito bem. — Sinto muito, princesa. Eu tenho tantos arrependimentos na minha vida, mas nenhum maior do que perdê-la. Vejo suas lágrimas também. — Eu fui descuidado. — Não, papai. — Eu fui. Eu nunca deveria ter me envolvido com as pessoas com quem eu trabalhava. Eu olho nos olhos avermelhados do meu pai enquanto lâminas cortam o meu coração. — Eu nunca poderei me desfazer de todos os meus erros, por deixá-la órfã, por lhe causar tanta dor. — ele engasga em vergonha. — Eu não culpo você, pai. — Você devia. — Mas eu não culpo. — eu digo a ele, e ele me puxa para seus braços amorosos que eu ansiei desde que eu tinha cinco anos de idade. — Tudo o que eu queria era isso. Você me segurando. Eu precisei tanto dos seus braços. — digo, as palavras envolvendo a minha garganta, tornando difícil de falar. — Eu preciso que você me ouça. — diz ele insistentemente, e eu olho para ele. — Eu preciso que você saiba o quanto eu te amo. Eu preciso que você saiba que sem você meu coração é incapaz de ser completo. Você... você é a própria fibra do meu ser.
Eu descanso a minha cabeça contra o seu peito e ouço seu coração enquanto ele continua. — Eu me lembro do dia em que nasceu. A enfermeira colocou você nos meus braços, e eu fui transformado para sempre. Você amoleceu meu coração instantaneamente, e eu sabia que nunca mais seria o mesmo. Eu nunca estive tão apaixonado como eu estive por você. Eu preciso que você nunca se esqueça disso. — Eu não vou. — Deixe-me olhar para você. — ele pede quando toma meu rosto e o levanta para ele. Ele balança a cabeça, dizendo: — Eu simplesmente não posso acreditar como você é linda. Meu bem, você está crescida. Erguendo a minha mão, eu passo ao longo de sua mandíbula, onde a barba costumava ficar. — Não posso acreditar que o encontrei. — Você encontrou. E eu serei grato para sempre por isso. Por vê-la, e saber que você está bem. Ele se inclina para baixo, empurra o capuz da minha capa de volta, e beija o topo da minha cabeça. Suas costas estremecem de tristeza contra as minhas mãos, enquanto ele continua a dar beijos no meu cabelo. — Você e eu. — ele finalmente diz. — Somos inquebráveis, mesmo quando quebrados. — Eu nunca o deixei morrer, mesmo quando acreditei que você estava morto. Nós ficamos ali, juntos na chuva fina, e somos almas inundadas de lágrimas, finalmente unidas, quando o mundo nos manteve separados por tanto tempo. — Não posso acreditar que eu o tenho de volta. — eu choro. Ele limpa o rosto com as mãos. — Sem mais lágrimas, ok? Eu aceno e inspiro profundamente para me acalmar. Quando ele vira a cabeça para olhar para cima, onde os nossos carros estão estacionados, diz ele: — Aquele homem lá em cima... ele é dos bons. Observo Declan, que está falando no telefone, e sorrio. — Ele é muito bom para mim, pai. Eu não o mereço. — Você merece. Vocês merecem um ao outro. Eu vejo como ele olha para você, como se fosse a última vez que ele fosse vê-la. — ele se move para ficar na frente da minha visão de Declan. — Esse é o olhar de um homem que está desesperadamente apaixonado. — diz
ele. — Mesmo que eu te ame de uma forma muito diferente, é a mesma maneira que eu olho para você. Suas palavras confortam de maneiras que não posso explicar, e eu sorrio para ele. — Aí está, essa luz maravilhosa. — ele adula, e, em seguida, beija minha testa. — Amo o seu sorriso. — Eu amo você pai. Tanto. — Eu também te amo, princesa. Quando ele olha para o relógio, ele geme. — Eu tenho que correr. Ele pega a minha mão e me leva de volta para o carro, e quando ele abre a porta, ele se inclina e olha para o Declan, dando-lhe um aceno de cabeça. Declan retorna o gesto sem palavras faladas. — Obrigada, pai. — eu digo a ele. — Eu precisava disso. — Eu também, querida. Ele se inclina e beija minha bochecha, e eu beijo a sua antes que ele passe a mão para baixo no comprimento do meu rosto. — Dirija com cuidado, ok? — Você também. — Eu nunca vou amar alguém do jeito que eu te amo. — ele me diz, antes de fechar a porta. Declan, em seguida, pega a minha mão e a puxa em seu colo depois de sair do estacionamento e começar a voltar para o hotel. Reflito sobre as palavras que meu pai me disse, as palavras que ansiei por ouvir, saber que nunca fui descartada. Saber que ele sofreu por mim como sofri por ele, dissolve todo o ressentimento. E ele está certo, mesmo quando estávamos separados, ainda estávamos juntos como um, porque nenhum de nós deixou o outro se desvanecer das nossas almas. Ninguém pode nos quebrar. Passando pela porta do nosso quarto de hotel, uma onda de inquietação me bate. Nós esquecemos de fazer planos para nos ver novamente. — Declan, meu pai disse quando voltava? Ele tira a jaqueta dos ombros e a joga sobre uma cadeira, dizendo: — Não.
Observo Declan enquanto ele se move sem rumo em torno da suíte quando um sentimento me importuna. — Declan? — Sim. — ele grita ao ir para o quarto, e eu o sigo. — Algo não está certo. — O que você quer dizer? — Ele nunca disse quando ele vai voltar. — Talvez ele apenas esqueceu. — Não. Não parece certo para mim. Ele passa as mãos pelos meus braços e coloca minhas mãos nas dele. — Querida... — Declan, algo está errado aqui, e eu não confio. — eu digo quando uma onda de medo toma conta de mim. Minhas mãos começam a tremer. — Você pode me levar na casa dele? — Por quê? — Eu não sei, mas meu instinto me diz que algo está acontecendo aqui e eu que não sei o que é. — eu digo a ele em voz trêmula, paralisada de terror. — Eu não acho que é uma boa ideia. — Ou você me leva ou vou sozinha. Você não pode me parar e você sabe disso. — Elizabeth, não. — Por que você está discutindo comigo sobre isso? — Eu só não acho que seja seguro. — diz ele, e eu imploro: — Você me prometeu que seria maleável. Eu preciso que você seja maleável. Ele libera uma respiração profunda. — Ok. Declan pega as chaves, e eu corro para fora da porta. Ele dirige com os nós dos dedos brancos de apertar o volante. — Por que você está tão tenso? Ele não fala, só alcança para segurar a minha mão, que não faz nada para a minha ansiedade. Eu o encaro quando entramos no bairro, e há um olhar em seus olhos que eu
nunca vi antes. Meu estômago mantém o peso de uma tonelada, e eu quero gritar no topo dos meus pulmões para ele dirigir mais rápido! No momento em que ele entra na Fairview, eu vejo o sinal. Eu nunca soube que reviravolta o destino faria comigo aquele dia. Mas quando lembro, devia ter notado. Era demais. Liberdade demais. As palavras eram muito fortes. Os sentimentos eram intensos demais. A verdade estava toda ao meu redor, mas eu estava muito consumida com o meu sonho para perceber que o castigo maligno não podia simplesmente me deixar ser. Se eu tivesse prestado mais atenção, eu teria dito mais para ele. Teria tido certeza que ele conhecesse cada batida do meu coração, as profundezas em que eu sempre o amei, e quão perfeito eu sempre achei que ele fosse. Ele foi egoísta, porém, e eu não posso culpá-lo. Porque relembrando, eu sei que ele queria ver o meu sorriso, puro e verdadeiro, uma última vez. Eu nunca poderia ter dado a ele se eu soubesse o que estava por vir. Eu abro a porta antes de Declan parar o carro e corro até a casa, agora vazia. Em um pânico absoluto, puxo a porta da frente com força, e quando não cede, perscruto as janelas. Meu coração está solto dentro do meu peito e cai nas profundezas do inferno de fogo. Mais uma vez, eu sou confrontada com o cheiro de tragédia. — Onde ele está? — eu grito conforme Declan caminha até a entrada circular. — Onde ele está? — Querida, por favor. Ele chega até mim, mas não é o seu toque que eu quero, então eu dou um tapa na mão dele, fervendo: — Não me toque! Ele cheira a culpa. — Diga-me onde ele está! Ele olha para mim com pena. — Ele se foi. — Para onde? — Vamos voltar para o carro. — NÃO! Não posso me mover. Não posso respirar.
Tudo o que posso fazer é ficar aqui, uma confusão sangrenta à medida que cada parte do que me faz humana borbulha em agonia monumental. Elas crescem, enchendo com o ácido de dor só para estourar e me entristecerem de dentro para fora. — Você sabia. — acuso amargamente, minhas mãos o socando nas suas laterais. — Você sabia, não é? — Sim. — Bastardo inimaginável! — grito, batendo-lhe no rosto dele, e ele aceita. Eu o esbofeteio novamente, e então martelo meus punhos contra o seu peito, fazendo-o tropeçar para trás. Ele não luta contra mim enquanto grito com ele através das minhas lágrimas. — Como você pôde? Outro tapa lancinante. — Você terminou de me bater? — Não! — cuspo enquanto bato a palma da mão em seu ombro, e é aí que ele segura o meu pulso. — Como você pôde não me contar? Ele empurra meu pulso, obrigando-me a ir para os seus braços, mas eu não quero seu abraço, eu quero o meu pai. Eu luto contra o seu aperto, mas ele domina a minha força e me obriga a voltar para a calçada e entrar no carro. Choque flui no meu sistema quando olho para a placa de venda no jardim da frente. Declan entra no carro e fala em um tom uniforme e controlado. — Eu sinto muito, baby. O sal da minha dor corrói minha carne quando viro o rosto para ele. — Eu preciso de respostas. — Ele foi pego. — confessa. — Não, ele não foi. — eu choro, não querendo acreditar nele. — Eles lhe permitiram ter este último dia com você, enquanto esvaziavam a casa. — Não. — Ele se foi.
— NÃO! E foi nesse momento que o mundo saiu do seu eixo e caiu no nada. Eu só existia em um reino de espaço em branco. Eu não sei o que aconteceu depois. Não me lembro da viagem de volta para o hotel. Não me lembro de ir para a cama. Nada existia naquela noite. Suponho que a dor deve ter sido tão incrivelmente dolorosa que eu não pude tolerar e todos os meus sentidos desligaram. Talvez tenha sido algo maior que estivesse me
poupando
de
ter
que
carregar
essa
memória
em
mim
por
vida. Independentemente do que me salvou do horror daquela noite, obrigada.
toda
a
Capítulo Vinte e Sete
E
u sento no meu carro com minha
arma e observo Archer e sua filha na praia. Estou longe o suficiente dos seus carros, para que eles não tomem conhecimento de mim, mas os meus olhos nunca os deixam. Estou ansioso desde que recebi o telefonema sobre o seu novo paradeiro, e a ansiedade está em um ponto mais alto agora que eu estou aqui. Quando alguém faz algo errado com você, não desaparece simplesmente. Acumula e fica marinando, crescendo como um incêndio. Penso no meu irmão que perdeu a liberdade. Ele está na prisão há mais de uma década. Sua mulher perdeu o marido. Seus filhos perderam o pai. Meus pais perderam o filho. É uma onda de destruição, e Archer vai pagar por tudo o que ele destruiu. Mas este não é o meu reembolso, é o do meu irmão. Conforme esta pequena reunião de família se desenvolve, eu vou em frente e puxo o meu carro para fora e espero na rua o carro do Steve passar. Não demora muito tempo para ele sair, e eu cautelosamente arrasto atrás dele. Uma vez que chegamos no Gig Harbor, o tráfego diminui. Sinuoso através das ruelas fortemente arborizadas, é hora de agir. Enfio meu pé no acelerador, e desvio através das faixas duplas. Quando meu carro nivela com o dele, eu empurro a roda e jogo-o para fora da estrada em uma vala. Com movimentos rápidos, eu vou até seu carro com a minha arma apontada para ele. — Abra a porta do caralho. Ele abre, implorando: — Leve o que quiser, mas po... — Sem falar. — eu enfio o cano em sua testa conforme ele olha para mim com horror. — Esta é a vingança para o meu irmão. Você entregou o Carlos Montego para os federais, e agora ele está passando o resto de sua vida atrás das grades. — seus olhos vacilam quando eu menciono o nome do meu irmão. — Ele me disse para matá-lo, mas eu vou dar-lhe uma escolha. — eu digo a ele, fodendo com ele, porque não importa o que ele diga, ele vai morrer. — Eu sei que sua filha está aqui e no The Pearl´s Edge.
— Não, por favor, não... — Escolha. Você ou ela morre. Você tem cinco segundos. Deslizo o martelo para trás e o tambor gira, quando ele pede com urgência. — Mate-me. Não machuque minha... BANG. BANG. Eu disparo dois tiros em sua cabeça, e ele cai sem vida no chão, o sangue escorrendo escarlate para fora dele. Guardo rapidamente a minha arma, olho em volta, mas ainda não tem um carro à vista. Eu agarro-o sob seus braços e arrasto o corpo para fora, para a floresta. A adrenalina bombeando nas minhas veias me ajudam a mover a uma velocidade alta. Jogo este filho da puta por trás de uma pilha de arbusto, corro de volta para o meu carro e saio de lá acelerado com a emoção da vingança turvando por mim. Está acabado.
Capítulo Vinte e Oito
A
chuva cai contra a janela, suas
partículas sozinhas e desoladas, à espera de serem acompanhadas por outros pingos de chuva. E uma vez unidas, caem, escorrendo pelo vidro. Eu deito na cama do meu lado e assisto esse padrão infinito repetir-se uma e outra vez. Estou assim há um tempo, não sei quanto tempo, mas o suficiente para perceber que a tempestade se intensifica a cada poucos minutos ou assim. As nuvens sombrias se penduram como um véu - encobertas na escuridão da mudança repentina. Eu sei que o sol está lá fora em algum lugar longe, muito longe. Ele se recusa a fazer brilhar sua luz sobre mim, mas tudo bem. Eu não quero isso de qualquer maneira. Prefiro me afogar na minha miséria do que ser ridicularizada por brilho esplendoroso. O peso do braço de Declan enquanto ele o enrola sobre meu quadril me alerta que ele está acordado. Uma parte de mim está com raiva que ele sabia e não me contou que ontem seria a última vez que veria meu pai. Mas, ao mesmo tempo, eu preciso dele perto e que não haja nenhuma animosidade entre nós. Ele continua provando ser o único homem que posso contar. Ele é tudo que me resta. Deito de costas, confortavelmente contra ele, e o vejo me observando. — Sinto muito. — falo rouca por causa da pressão na minha garganta, um atestado do quanto eu provavelmente gritei e chorei a noite passada. — Você bate com força. — seus lábios se comprimem em um sorriso sutil, e então ele se desloca, falando mais a sério: — Nunca se desculpe pela maneira que você se sente. Está tudo bem. Eu não digo mais nada, trocando as palavras por reticência. Eu fecho meus olhos e busco a solidão no calor do corpo de Declan. Continuamos na cama durante a maior parte da manhã, entrando e saindo do sono, porque o sono é muito mais atraente do que ter que enfrentar a verdade. Realidade pode ir se foder por mim; eu prefiro brincar entre a fantasia dos sonhos.
Eventualmente, Declan decide que é hora de acordar. Eu permaneço sob os lençóis, enquanto ele prepara café e chá. Em seguida, ele vai até minha bolsa de higiene e encontra a frasco de medicação. Eu tomo a pílula que ele me dá, e novamente, a escondo na bochecha. Uma vez que ele está no banheiro e eu ouço a torneira aberta, eu largo a pílula por trás da cabeceira da cama. — Ele vai ficar furioso se ele descobrir. — Ele não vai. Pike se levanta e inclina contra a janela coberta de névoa, olhando para a tempestade. — Tudo o que me disse sobre o meu pai era uma mentira, sabe? — sussurro, mantendo minha voz baixa para Declan não ouvir. Pike caminha até mim, se ajoelha ao lado da cama, e segura a minha mão. — Eu sei. — Ele era tudo o que eu pensei que fosse depois de todos esses anos. — Você está com alguma fome? — Declan pergunta quando caminha de volta para o quarto, e de repente Pike some. Eu balanço a minha cabeça, quando olho para ele por cima do meu ombro e, em seguida, de volta para a janela. Declan encoraja-me a sair da cama e refrescar-me, e como uma máquina, faço isso, todo o tempo dormente. A noite passada realmente aconteceu ou foi uma miragem? Quando escorrego de volta para a cama e sento-me contra a cabeceira, Declan me entrega uma xícara de chá. Eu a seguro em minhas mãos e observo os filetes de vapor no ar, eventualmente, evaporando em uma exibição metafórica. Declan senta ao meu lado com o seu café na mão. Ele toma um gole e depois interrompe o silêncio. — Fale comigo. Eu mantenho meus olhos no meu chá. — O que há para dizer? — Diga-me como você está se sentindo? — Eu não sei como me sinto agora. — respondo desanimada. — Você quer saber como eu me sinto? Quando olho para ele, seu rosto está marcado pelo sofrimento.
— Eu sinto que falhei com você. — suas palavras pesam no ar entre nós. — Eu prometi que nunca a deixaria cair. E quando seu pai me puxou de lado e disse que era o último dele dia com você, eu sabia que a melhor coisa que aconteceu com você iria resultar na sua pior queda possível. — ele descansa sua caneca de café na mesa de cabeceira e, em seguida, volta-se para mim: — Eu estava impotente para salvá-la, e me mata saber que não pude protegê-la da dor. Fui colocado na pior posição na noite passada, e eu sinto muito. Declan é um homem que nunca pede desculpas, por isso, ouvir a sinceridade dele é um reflexo evidente do seu sofrimento. Eu quero dizer algo, dizer que eu entendo, dizer-lhe que está tudo bem, mas dói demais falar. Ele se inclina e abre a gaveta da mesa de cabeceira, puxa para fora um envelope e entrega para mim. — Seu pai me deu isso ontem. Eu o mantenho em minhas mãos por um momento antes de romper o selo e abrilo. Suas palavras escritas cobrem o papel inteiramente, e agonia conquista a dormência e assume. — Eu não sei se posso fazer isso, Declan. — Pode ajudar. — ele sugere. Respirando fundo, eu o solto lentamente antes de abaixar os olhos para suas palavras. Declan envolve seus braços nos meus ombros e me segura contra ele quando começo a ler a carta para mim. Minha linda menina, Eu sei que você deve estar sofrendo, porque eu estou morrendo por dentro. Eu gostaria de poder estar aí para te confortar e enxugar suas lágrimas, mas também sei que você está em boas mãos com Declan. Eu não quero que você fique chateada com ele. Eu pedi para ele para não contar que eu a deixaria. Se eu te dissesse, sabia que nunca seria capaz de deixá-la. Eu não podia passar nosso último dia juntos, com você em lágrimas. Espero que você possa entender isso. O problema é que o governo descobriu que você e eu fizemos contato. Eles entraram em cena, e, por mais que eu odeie isso, tenho que concordar com eles. Sua associação comigo nos coloca em um risco inacreditável, e se alguma coisa acontecesse com você, eu nunca seria capaz de viver comigo mesmo. Você é muito preciosa para mim para colocá-la em um caminho perigoso. Egoisticamente, eu quero você, mas por causa dos erros que cometi no meu passado, é assim que tem que ser.
Eu não sei onde será minha realocação ou o qual minha nova identidade, mas preciso que você me deixe ir. Por favor, não tente me encontrar. Eu não digo isso porque eu não te amo. Digo para te salvar. Depois de ler esta carta, eu preciso que você a destrua, porque ninguém pode saber que estou vivo. Estes últimos dias foram um presente. Nunca deveriam acontecer, mas aconteceram, e eu serei para sempre grato por ter uma filha que abriu caminhos para me encontrar. Você é forte, bonita e inteligente, e você está destinada a fazer grandes coisas. Prometa-me, que não vai deixar meus erros ficarem no seu caminho. Eu não quero que você esqueça, nunca, o quanto eu te amo. Não houve um único segundo que você não estivesse no meu coração. Você é insubstituível e inesquecível. Eu preciso que você acredite nisso. Vou levá-la para a praia amanhã. Eu vou segurar sua mão. Eu vou fazer você sorrir. E o que quer que eu acabe dizendo a você, preciso que você se segure firmemente a essas palavras e as leve com você através da sua vida. Você é minha princesa para sempre. Eu te amo, Papai Eu largo o papel que está coberto de lágrimas e caio contra Declan. Ele me envolve enquanto soluço. Não há nada para dizer, então deixo a dor me devorar. Ela me estrangula e me paralisa, abrindo feridas frescas em minha alma, me marcando com essa dor para a vida. Quero me afogar nela. Quero fugir dela. Está em todo o lugar. O vazio dentro de mim está prestes a superar a elasticidade do meu corpo, e me desespera saber que se o vazio me preencher será a minha morte. Eu me agarro ao Declan, atirando minha perna sobre o seu quadril e puxando-o contra mim enquanto nós escorregamos para baixo na cama. Levanto minha cabeça, e vejo através das minhas lágrimas seu rosto desfocado. — Respire. — sua voz baixa me serena, e enquanto ele enxuga as lágrimas que continuam a cair, eu me dou o tempo que preciso para me acalmar.
A batida do meu coração transita dentro da carência, eu puxo a cabeça de Declan para mim e o beijo. Ele me permite controlá-lo, e eu mantenho suave e movo-me lentamente. Meus lábios se fundem com os dele, e ele puxa o meu corpo ainda mais para perto. Sinto algumas lágrimas persistentes escorregarem e caírem ao lado do meu rosto e no meu cabelo. Ele rola para cima de mim, abrindo meus lábios com a língua e mergulhando-a na minha boca. Minhas mãos se perdem em seu cabelo, eu o puxo para mim, precisando sentir seu peso. Continuamos a beijar neste novo caminho. Não há nenhuma urgência ou necessidade de controle. Declan arrasta seus lábios dos meus e os leva ao pescoço antes de interromper o beijo e olhar para mim. Eu olho para ele, desesperada por essa proximidade, e faço o meu pedido: — Mostre-me o quanto você pode ser carinhoso. Eu sei que estou pedindo muito. Declan não é aquele que se sente seguro quando se abre para a vulnerabilidade, mas eu preciso disso. Neste momento, preciso que ele me ame com caminho despojado e livre das barreiras que ele gosta de manter em cima de mim. Eu vejo quando seus olhos amolecem, e quando ele me dá um aceno, ele deixa cair os lábios de volta nos meus. Minhas mãos andam livremente, algo que ele nunca permite porque estou sempre presa. Eu as deslizo sob a camisa e sinto seu abdômen com o meu toque. Despimos um ao outro, lentamente, e logo nossas roupas estão no chão. Carne contra carne, sua pele aquece a minha. Ele mantém seus toques suaves, tomando meus seios em suas mãos. Sua respiração paira sobre eles e sobre os meus mamilos franzidos antes de tomar um deles entre os lábios. Ele suga carinhosamente e a sensação faz com que minhas costas se curvem para fora da cama e na direção dele. Meus olhos se fecham, minhas mãos correm ao longo das depressões dos seus braços musculosos, e eu solto um gemido ofegante. Ele se move para o meu outro mamilo, mostrando o mesmo carinho antes de arrastar a sua língua quente no meu estômago. Quando ele atinge a curva da minha boceta, ele coloca uma mão em cada coxa e espalha as minhas pernas. — Deus, eu amo essa parte em você. — ele sussurra com uma voz rouca. Eu movo meus olhos para ele e vejo como ele olha para minha boceta. Estendo as minhas duas mãos na direção dele e ele pega-as, entrelaçando os dedos nos meus. E antes que ele faça o seu movimento, ele levanta os olhos e fixa nos meus. Nós assistimos um ao
outro enquanto ele segura minhas mãos e mergulha sua língua na fenda da minha boceta. Isso envia uma corrente escaldante por todo o meu corpo. Ele move-se dolorosamente lento. Eu abro mais as minhas pernas enquanto ele dá voltas, beijos e suga. Cada movimento, mais suave do que o anterior. Ele geme de dentro do seu peito, e quando penetra a língua no meu corpo, eu não posso segurar. Eu explodo em puro êxtase e esfregome sobre o seu rosto, apertando os dedos em torno das suas mãos. Eu fico mais quente quando ele acende o fio vivo na minha alma, que dói incessantemente por ele. Ele move os lábios para as minhas coxas, dando beijos sussurrantes, sobre cada centímetro da minha pele e solta minha mão e arrasta a excitação molhada de dentro de mim com o dedo e a usa para esfregar meu clitóris. Nossos corpos se movem juntos e estamos sem pressa, sem máscara e completamente expostos. Quando ele encontra o seu caminho de volta até mim, eu seguro o rosto no meu e o beijo profundamente, fundindo os meus lábios à medida que deslizo minha língua ao longo dele. Ele instala-se entre as minhas pernas, seu pau duro pressionando contra mim. — Eu quero que seja bem devagar. — digo a ele. — Quão lento, baby? — Tão devagar que eu possa sentir você entrando na minha alma. Ele se abaixa e apoia-se nas mãos. Nunca tive uma sensação mais intensa do que neste momento, quando ele empurra dentro de mim. É requintado. É torturante. É felicidade efervescente. E quando ele está totalmente imerso em mim, estou salva. Livre da minha úlcera miserável, me seguro em Declan, e ele me fode em lenta agonia. Seus gemidos se misturam com os meus, os nossos corpos unidos como nunca antes. Nossas almas amarradas em uma. Ele nos vira e eu rolo meus quadris sobre seu pênis. Ele senta-se e beija o meu pescoço, meus seios, minha boca conforme eu empunho minhas mãos em seu cabelo e
balanço em cima dele. Quando ele inclina a cabeça para trás, eu olho em seus olhos enquanto monto seu pau. — Eu te amo. — minhas palavras saem quebradas. Ele geme com os lábios sorrindo antes de levar suas mãos em torno das costas, em meus ombros, e me empurrar mais para baixo em seu pênis. Eu posso senti-lo pulsando dentro de mim, e então ele o tira. Deitada de lado com ele atrás de mim, ele puxa a minha perna para cima e enterra-se profundamente dentro de mim. Ele desliza seu braço debaixo da minha cabeça, e eu seguro sua mão enquanto ele usa a outra para virar minha cabeça para ele. Nós nos beijamos, e eu alcanço entre as minhas pernas para sentir seu pênis enquanto ele me fode. — Toque-se. Pegando a minha umidade do seu pau, eu passo a esfregar meu clitóris em círculos lentos, e meus quadris se movem enquanto o faço. Ele enrola meu cabelo para trás do meu ombro e beija as veias no meu pescoço, enviando arrepios pelo meu corpo. Não demora muito para que a minha boceta fique mais molhada e o ataque de um orgasmo comece a se construir dentro de mim. Declan vira de costas comigo em cima dele, minhas pernas dobradas e os pés plantados na cama, e ele empurra em mim por trás. Minhas costas estão contra seu peito, e ele está agora massageando o meu clitóris ao lado dos meus dedos. Nossas mãos ficam molhadas enquanto ele continua deslizando para dentro e fora de mim. — Oh, Deus, Declan. — É isso aí, baby. Eu quero sentir você em cima de mim. Com a minha mão presa na sua, eu balanço meus quadris em cima dele, incapaz de parar-me e ávida para que ele me preencha com seu esperma. — Foda-me. — eu digo a ele, e com os nossos dedos misturados na minha boceta, ele bombeia seus quadris para cima. Meus olhos se fecham conforme a minha bunda desliza para frente e para trás por cima dele. Nervos começam a romper, os membros começam a formigar. Ele aperta os dedos para baixo no meu clitóris, e eu cedo. Ele bate seu pau grosso dentro de mim, extraindo o meu orgasmo. Eu me contorço contra ele, puxando cada pedaço de prazer que ele tem para dar, e então eu o sinto. Ele geme fortemente, jorrando a sua fonte de vida
dentro do meu corpo, agarrando minha boceta com a mão e me moendo rudemente contra ele. Nós montamos, absorvendo cada parte um do outro que podemos. Minha cabeça desliza em seu ombro, e ele me beija profundamente, nossas línguas degustam e se lambem. Quando ele nos rola de novo para ficar de lado, ele puxa para fora de mim, sêmen escorre para as minhas coxas quando viro para encará-lo. Ele planta seus lábios na minha testa suada. — Obrigada. — Eu te amo. — ele me diz. — Se é disso que você precisa, eu vou dar a você quantas vezes você precisar. Nós ficamos na cama a maior parte do dia, nus e enrolados nos braços um do outro. Se eu não estou dormindo, então estou chorando. Se não estou chorando, então estamos nos beijando e tocando. E se não estamos nos beijando e tocando, então estou dormindo. O ciclo dá voltas enquanto as horas passam. Eventualmente Declan toma um banho, deixando-me sozinha com a chuva que ainda teima em cair. Com os cobertores dobrados em torno de mim, sinto-me em paz aqui no quarto do hotel com Declan e longe de qualquer coisa que possa ter o potencial de me machucar. Um zumbido me alerta. Sento-me e olho ao redor da sala, sem saber o que é o ruído. Então, quando localizo a minha bolsa no chão ao lado do armário, me bate. Eu escorrego para fora da cama e enfio a minha mão pela minha carteira e pego meu celular. DESCONHECIDO está em toda a tela. Aceito a chamada. — Olá? — Ei, gatinha.
Capítulo Vinte e Nove
—E
u achei que tivesse falado
para não me ligar. — minha voz é muito incisiva, mas eu a mantenho baixa, porque Declan está no chuveiro. — Eu não te ligaria se não estivesse desesperado. Preciso da sua ajuda, então é hora de você descer do salto e lembrar-se de onde você veio e das pessoas que tomaram conta de você. Enquanto me ajoelho, encostada na parede, ao lado do closet, eu respondo. — Cuidou de mim? — Quem ajudou Pike a salvá-la dos seus pais adotivos? Quem dirigiu o carro? Que deixou você morar com eles? — Vamos deixar uma coisa bem clara, você era amigo do Pike, não meu. — Você vai me ajudar ou não? — Não. Como eu disse, você morre e eu tenho a garantia de que posso avançar sem ter que olhar por cima do meu ombro. — Você vai morrer também. — ele diz, suas palavras me pegando desprevenida. — Do que você está falando? — Foi a única maneira de assegurar a minha vida. — Do que diabos você está falando? — digo com raiva ao me levantar. — Você acha que está gerenciando este show? Pense de novo. Você pode não valorizar a minha vida, mas eu não estou disposto a perdê-la por causa de uma puta nervosa como você. Eu tento não tremer a voz. — O que você fez? — Eu dei o seu nome para eles. Contei que tinha o dinheiro. Então você não tem escolha, exceto me ajudar. Afinal, sua vida também está em jogo agora.
O choque e fúria que surgem nas minhas veias são combustíveis desenfreados, e eu nem penso em manter um tom abafado quando cuspo a minha fúria. — Seu filho da puta! Ele ri, dizendo: — Da próxima vez não brinque comigo quando eu pedir ajuda, gatinha. Sobressalto quando a porta do banheiro abre e Declan sai correndo com apenas uma toalha pendurada na cintura. — Você está bem? — suas palavras saem rapidamente. — Quem está no telefone? — ele não espera que eu responda e pega direto da minha mão. — Quem diabos está falando? — ele faz uma pausa e, em seguida, afasta o telefone e clica no viva-voz. — Ela pode me ouvir? — Matt pergunta. — Ela pode ouvi-lo. — Eles sabem que você está em Washington. Assim que ele diz essas palavras, eu estendo a mão para terminar a chamada. — Que porra está acontecendo, Elizabeth? — Declan exige ferozmente. Conto sobre Matt, sobre ele me ligar quando estávamos em Londres, e sobre o agiota. E então, eu lhe digo que Matt me entregou para salvar sua vida. — Há uma recompensa pela minha cabeça agora. Raiva domina Declan de uma forma mortal, que me assusta pra caralho. Ele fica em silêncio absoluto enquanto me olha ameaçadoramente, e quando suas narinas exaltam-se com raiva, ele fala enfurecido e em um tom uniforme. — Por que você não me contou sobre isso antes? — Eu pensei que tivesse lidado com isso. Achei que estava sob controle. — Você pensou errado, droga! E agora você tem uma recompensa sobre você! — sua voz ecoa nas paredes, o pescoço mancha de vermelho de raiva incandescente. — Simplesmente vou pagá-los, Declan, — Você acha que isso vai resolver este problema com Matt? A facilidade com que ele foi capaz de colocar a sua vida à disposição não é algo para ignorar. E o que acontece quando ele se encontrar em apuros mais adiante? Você realmente confia nele quando ele diz que vai deixá-la em paz depois disso?
Declan passa a mão pelo cabelo molhado e anda de um lado para o outro no quarto. Eu observo enquanto a frustração e raiva fervem, e eu sou rápida para tomar a minha decisão. — Eu vou matá-lo. — eu digo muito rápido e muito ansiosa. Declan vira a cabeça para mim com um olhar de horror em seu rosto. Talvez eu devesse ter me preocupado em como ele reagiria ou o que pensaria de mim ao saber que posso acabar com a vida de alguém tão facilmente, mas eu não estou. Declan sabe que tenho três mortes nas costas. Inferno, ele mesmo tem duas. Ele conhece o piche que o meu coração negro bombeia. E quando ele fala, eu sei que somos um e iguais - dois monstros ligados por uma só alma. — Não. — ele afirma. — Eu vou matá-lo. — Declan, não. Eu não posso deixar você fazer isso. Matt é problema meu. Ele caminha até mim em passos rápidos. — Eu não vou deixar você matar mais ninguém, está me ouvindo? Eu não quero mais as suas mãos marcadas pelo sangue de alguém. Eu cuidarei disso. — Declan... — Eu não vou discutir com você sobre isso. Minha palavra é final. — afirma categoricamente. — Arrume sua mala. Eles sabem onde estamos, por isso vamos dar o fora daqui. — Vamos voltar para Chicago? — Sim. Vamos cuidar desse problema agora e, em seguida, voltaremos para Londres. — ele diz. — Mas me escute... o dinheiro do Bennett... vamos despejá-lo no agiota. Não só vamos finalmente nos livrar dele, mas será o suficiente para fazer essas pessoas esquecerem que você já existiu. Engulo com força, eu sei que em última análise essa é a melhor resolução para nós. E agora, mais uma vez, sou atormentada pelo meu passado, que agora está forçando o homem que eu amo a tirar outra vida. Declan consegue agendar um voo para hoje, e com a eventualidade que agora enfrentamos, não há tempo para que eu lamente a perda do meu pai. Nós movemos com urgência, garantindo que nossos pertences estejam embalados e prontos para ir antes de nós. Nós nos sentamos de mãos dadas durante a viagem de avião.
— Declan, você não tem que fazer isso. — Não está em discussão. O avião aterrissa e nós dirigimos direto para o Lotus. Cada passo que Declan dá tem propósito, sem desperdiçar um segundo. A tensão é medonha enquanto observo Declan pegar o revólver com o qual ele sempre viaja. Ele libera o cilindro e dá uma olhada antes de girá-lo e travá-lo de novo. — Declan? Colocando-o sobre a mesa, na frente de onde estou sentada no sofá, ele olha para mim. — Você vai ligar para ele do seu telefone. — Ele está ligando de um número desconhecido. — Há um serviço de identificação que eu pedi para o Lachlan instalar no seu telefone. Grava os números de todas as chamadas restritas que o seu telefone recebe. Eu pego o meu telefone para que Declan possa me mostrar onde recuperar o número, e com apenas alguns cliques, ele aparece. — O que eu digo? — Fale para ele que está aqui em Chicago e quer acabar com isso esta noite. Passa das duas da manhã e minha frequência cardíaca acelera. — É meio da noite. Desconsiderando a minha hesitação, ele continua a me instruir sobre tudo o que preciso dizer. — Você entendeu tudo? Respirando fundo, sabendo o que está prestes a acontecer, eu me preparo para o inevitável enquanto digito o número de Matt. — Olá? — Matt atende após dois toques. — Sou eu. — Como você conseguiu esse número? — Todo mundo é rastreável. Mesmo você, imbecil. — digo-lhe, atirando para ele as mesmas palavras que ele usou quando fez contato comigo pela primeira vez. — Estou aqui em Chicago. — Você se move rápido. — Você quer viver, não é?
— Sim. — Estou aqui para salvar sua vida, então preciso que você faça isso do meu jeito. — estou firme no meu tom e um pouco chocada por ele manter a boca fechada e escutar. — Eu não quero nenhum erro ou você ficando ganancioso para cima de mim. Vamos nos encontrar hoje à noite. Você liga para o agiota nos encontrar. Eu vou fazer a transferência do meu telefone e esperar até que tenhamos o comprovante da conta do agiota que o dinheiro foi transferido com sucesso. — Venha sozinha. A última coisa que eu preciso é do seu namorado fodendo tudo porque não consegue manter a calma. — Não se preocupe. Estarei sozinha. — eu minto. — Você tem dez minutos para me ligar de volta para me dizer a localização do nosso ponto de encontro. Eu desligo antes que ele possa responder e olho para Declan. Ele sorri. — Boa menina. Ele toma um assento ao meu lado enquanto esperamos no quarto escuro, a única luz vem do brilho de uma lâmpada sobre a mesa de entrada. Declan coloca o braço em volta do meu ombro, e quando viro a cabeça para ele, ele me olha com os olhos dilatados, expondo o diabo interior. Ele é a criação da minha monstruosidade. Eu toco seu rosto, e ele me beija com paixão venenosa antes de afastar quando o meu celular vibra em cima da mesa de madeira. — Sim? — eu atendo. — Vinte minutos. Pátio da Metra8. Encontro embaixo do viaduto Roosevelt. — Quantos irão? — Só eu e Marco, o agiota. — Vinte minutos. Eu desligo a chamada e falo para Declan onde vamos encontrar. Ele pega sua arma e, em seguida, vai até o closet da entrada, onde fica o cofre. Eu posso ouvir os bipes do teclado enquanto ele digita o código e, quando a porta de aço fecha, ele volta com outro revólver. — Apenas no caso. — ele fala ao me entregar a arma.
8
Transporte ferroviário da área metropolitana de Chicago, opera em 241 estações.
É pesada e fria na minha mão, e quando eu libero o cilindro, vejo que cada câmara está carregada. — Sabe o plano? Eu concordo. — Diga-me. — Eu sei o plano. — Você não saca a sua arma a menos que seja absolutamente necessário, ok? Sangue nada rapidamente através do meu corpo, e quando coloco a arma no cós de trás da minha calça, abaixo a minha blusa e ponho o meu casaco no ombro para esconder. — Pronta? — Sim. — eu digo a ele e depois vou para os seus braços em busca de mais conforto e força. Ele me abraça, beija o topo da minha cabeça, e assegura: — Mantemos o plano, então tudo estará acabado e podemos voltar para casa, ok? — Vamos acabar com isso. Declan vai primeiro, me deixando para trás até que eu recebo a sua chamada. Espero ansiosamente enquanto ele vai desligar as câmeras de segurança. Depois de alguns minutos andando pelo quarto, meu telefone toca. — Estou no meu escritório. — afirma. Eu movo rapidamente, fazendo meu caminho até ele, e saímos do edifício pelos corredores dos fundos que levam para a garagem. Antes que eu perceba, estamos costurando pelas ruas de Chicago em nosso caminho para o rio. A viagem é tensa. Palavras não são ditas. Nós dois conhecemos a nossa parte e o que temos que fazer. Virando no pátio ferroviário, Declan apaga as luzes. Tudo fica preto enquanto nós tecemos através de fileiras de vagões de trem. Quando chegamos mais perto da água, vejo Matt com um homem alto e grande com músculos volumosos. — É ele. — eu sussurro. Declan para o carro e fecha-o. — Está pronta? Nossos olhos bloqueiam. — Sim.
No momento que Declan abre a porta, Matt saca sua arma e dispara. É um tiro mal dado, mas me coloca em modo defensivo instantaneamente. Sem poupar um segundo, todas as armas são sacadas em uma explosão de caos. — Que porra, Elizabeth? — Matt grita, mas o meu foco está na automática de Marco apontada para mim, enquanto Declan marca Matt como alvo. Muitas palavras são ditas ao mesmo tempo, enquanto faíscas de medo inflamam dentro de mim. — Em seus malditos joelhos. — grita Declan. — Foda-se! — Matt rebate. É um frenesi em torno de mim, mas o meu único ponto de concentração está bem na minha frente, Marco e sua arma. — Elizabeth. — a voz de Declan chama por trás preocupada, a qual eu respondo em uma voz firme. — Eu estou bem. — O que diabos está errado com você? — o agiota grita para o Matt repreendendo-o, enquanto ele mantém a arma apontada para mim. — Marco. — cumprimento com uma voz forte, precisando que ele me veja como nada além de uma mulher no controle completo. Ele é uns bons trinta centímetros mais alto do que eu e a lua reflete na sua careca brilhante. Ele é intimidante pra caralho, mas eu me recuso a demonstrar. — Eu não quero merda hoje à noite. O fato de que a minha pistola está apontada para você é um mero resultado do seu cliente disparando a sua arma. É evidente que ele é tão idiota quanto parece, porque sem nós, você não recebe o seu dinheiro e ele é um homem morto. — com a arma de Marco em cima de mim, eu instruo: — Você precisa do dinheiro desse imbecil, e tenho a intenção de cobrir a sua parte, juntamente com o suficiente para fazer você esquecer que essa noite aconteceu. Mas vou precisar que guarde a sua arma. Faça isso e acontece o mesmo com a minha. Mas você precisa colocar esse merdinha sob controle também. — Você é meu tipo de garota. Elizabeth, certo? — É o que você quer que seja; eu não estou aqui para fazer amizade. — Eu gosto de você. — diz ele antes de tirar a arma de cima de mim e balançar o braço ao redor de Matt. — Você é um idiota de merda! — ele repreende e, em seguida, puxa o gatilho, enviando uma bala direto para a perna de Matt, derrubando-o no chão em um
instante. Marco nem pisca quando coloca a arma no coldre e se vira para mim, conforme Matt grita em agonia. Observo Declan apanhar a arma de Matt antes de eu olhar de novo para o Marco e enfiar minha pistola no cós da calça. — Eu lhe dou a minha palavra de que não temos a intenção de fazer-lhe qualquer mal. Aquele homem bem ali. — eu digo a ele, balançando a cabeça para Declan. — Ele não está muito feliz que o seu cliente tenha me colocado em perigo. Então, deixe-me falar como será esta noite. Você me dá o número da conta para a qual você quer que eu transfira o dinheiro. Sugiro que seja qualquer conta offshore que seja absolutamente segura, porque tenho a intenção de despejar um monte de dinheiro de merda nela. Então vamos esperar. Quando o dinheiro for transferido, meu amigo segurando a arma vai ensinar uma lição para o Matt. Você é mais que bem-vindo para assistir, mas vou deixar essa escolha para você. Então, planejo ir para casa e dormir um pouco. Minhas ordens são diretas. — Você é boa. — ele elogia. — Já me envolvi em inconvenientes suficientes para uma vida. — Elizabeth! — a voz de Matt está aterrorizada. — Que diabos está acontecendo aqui? — Cale a boca, idiota! — Declan grita, e quando olho para Matt por cima do ombro, eu digo-lhe com um sorriso. — Quem é a puta agora? — Por favor, cara. Não me mate! Declan aproxima e pressiona o cano da arma na testa do Matt. — Eu falei para calar a porra da boca. Matt continua abrindo a sua boca patética, implorando Declan para poupar sua vida, mas eu viro para o Marco. — Vamos acelerar o processo; eu tive um dia longo. — Meu telefone está no meu bolso. — ele me diz para que eu não suponha que ele vá pegar uma arma. — Eu pego. — não confio em ninguém. Eu retiro-o e entrego para ele antes de recuperar o meu próprio telefone. Espero enquanto ele procura a conta bancária que quer usar para a transferência. Ele passa a fornecer todas as informações que preciso para enviar o dinheiro, e uma vez que o código e
os números do país estão todos inseridos, nós esperamos o crédito. Demora cerca de 15 minutos para a conta bancária de Marco atualizar e refletir o depósito. — Foda-me. — seu rosto aumenta a satisfação quando ele vê a quantidade de zeros na transação. — Já terminamos aqui? Seus olhos encontram os meus, e ele empurra seu telefone de volta no bolso. — Feito e esquecido. — Marco, vamos lá, cara! Não me deixe aqui. — Matt implora através da dor na sua perna sangrenta. — Eu não vou embora. Ainda não de qualquer maneira. — Marco move-se para trás, e quando viro para olhar para ele, ele tira seu casaco e diz com uma piscadela: — Não posso sujar o meu casaco novo. Quando foco de volta em Matt, seus olhos reviram fora de controle conforme ele continua a implorar: — Vamos lá! Eu te juro, eu vou deixá-la em paz, Elizabeth. Não atire em mim. — Você jogou a minha vida fora para manter a sua, e agora você está me implorando para salvá-lo? Você não tem salvação, Matt. Nunca teve. — Sou eu, Elizabeth! Vamos lá! — seu corpo treme em medo inexorável. O seu rosto revertido com uma camada de suor. — A única coisa que devo a você antes de morrer é um agradecimento. — Que porra é essa? — Obrigada por me entregar o fósforo na noite em que queimamos Carl e Bobbi. Foi o melhor presente que você me deu. — Você fodeu tudo no momento em que colocou a vida dela em perigo. — a voz de Declan é gutural, seus olhos impiedosos. — Não faça isso, cara. Por fav... BANG. O sangue do Matt espirra em toda a lateral do meu rosto e roupas enquanto o barulho de tiros ecoa pela noite. Seu corpo entra em colapso e sangue escuro derrama para fora do buraco na sua cabeça. Pedaços do seu cérebro sujam o cascalho que nos
rodeia. Declan está acima do seu corpo imóvel, aponta a arma para baixo, e assegura a sua morte. BANG. BANG. Atrás do zumbido nos meus ouvidos, ouço a voz distante de Marco: — Isso vai ser uma merda para limpar. — seguida por pedras triturando debaixo dos seus pés e a batida da porta do carro. Os pneus da sua SUV rolam sobre as pedras do pátio, e assim, ele se foi. Declan permanece fixo sobre o corpo morto de Matt; ele é uma fênix cruel, já não é o homem que conheci em Chicago. Ele é a criação da minha monstruosidade, alterado para sempre, resultado da minha alma demente. Apaixonou-se pelo diabo quando se apaixonou por mim. Quando seus olhos desviam para mim, eu vou até ele, pego o rosto manchado de sangue, e afirmo: — Eu amo você. — antes de beijá-lo através do gosto metálico da morte.
Capítulo Trinta
—P
elo menos você pôde vê-
lo. Você sempre disse que faria qualquer coisa para tê-lo de volta por apenas mais um segundo. Você teve isso e muito mais. — Ainda dói. — Eu sei. Pike aperta os braços em volta de mim quando coloco minha cabeça no peito dele. Ele esteve comigo desde que Declan saiu mais cedo para fazer uma visita ao Lachlan. Eu não tenho conseguido sair da cama desde que retornei a Londres ontem. Tudo congelou quando embarcamos no avião em Chicago. De repente, não havia mais distrações, e o peso dos últimos dias desabou sobre mim. Estou triste. Sinto falta do meu pai. — Ele está vivo, apesar de tudo. — Isso deveria ser uma coisa boa? Seus dedos penteiam meu cabelo enquanto eu agarro um monte da sua camiseta branca, na qual o cheiro dos seus cigarros de cravo está incorporado. — O que você quer dizer? — Quero dizer, se a vida dele é atormentada com a agonia que ele me disse que carrega com ele todos os dias, a morte não seria melhor? Este mundo obriga as pessoas a suportar uma dor incrível. É como se nós todos fôssemos um bando de masoquistas porque continuamos a escolher a vida em vez da morte. — Esse é um pensamento mórbido. — Mas é verdade, certo? — eu inclino a cabeça para trás para olhar o seu rosto bonito - bonito e livre de estresse. — Você sente alguma coisa agora que você está...
— Morto? — ele fala, escolhendo a palavra que dói muito dizer. — Eu sinto sua falta, mas não é a mesma sensação de quando eu estava vivo. É difícil descrever. De alguma forma, estou sempre em paz, mesmo que eu sinta sua falta. — Sentir sua falta é insuportável. — Eu gostaria de poder tirar isso de você, mas você tem muito para viver. Você tem uma vida com Declan. Ele é bom para você. Ele protege-a. Não há limites para ele quando se trata de proteger você – ele faria qualquer coisa. Eu movo para sentar na cama, e quando Pike faz o mesmo, nos encaramos. — Você está bravo com o que fizemos com Matt? — Não. Concordo com Declan; não tinha outra coisa a fazer no momento que o filho da puta colocou a sua vida em risco. Eu olho em seus olhos e libero uma respiração profunda antes de lhe dizer: — Eu não sei o que faria sem você. Sua mão sobe para encontrar o meu rosto, e eu noto seus olhos mudando para uma expressão carregada. — Você acha que eu me aproveitei de você? — O quê? Ele deixa cair a cabeça por um instante antes de voltar para mim, e ele finalmente fala pela primeira vez, o que eu sempre soube. — Eu fui apaixonado por você toda a minha vida. — seus olhos vidrados, cheios de lágrimas, e ele me diz: — Tudo o que eu queria era fazer você feliz. Não importava o que você me pedisse, eu dava - mesmo quando eu sabia que era errado. — Você não se aproveitou de mim, Pike. — eu pego a mão do meu rosto e seguro-a com a minha. — Fui eu. Eu me aproveitei de você. Eu sabia que você era apaixonado por mim, e eu usava isso para roubar de você. Eu peguei o seu amor, e o usei para confortar a minha dor. E sinto tanto por ter brincado com as suas emoções desse jeito. — Não se desculpe. Ele me pega em seus braços, e enquanto estamos abraçados, eu pergunto: — Você ainda se sente assim em relação a mim? — Não. — Dói me ver com Declan?
Relaxando o abraço, ele se afasta e passa as mãos pelos meus braços. — Não. — ele segura minhas duas mãos e senta na cama, me encarando. — Eu te amo, sempre amarei e nada vai mudar isso. Mas algo aconteceu quando eu morri. A maneira como eu te amava mudou. Sei que Declan é bom para você. Ele é capaz de amar e cuidar de você de uma maneira que eu nunca pude fazer. Ver vocês dois juntos me conforta. Eu sei que você vai ficar bem nesta vida por causa dele. — Você e Declan são as melhores coisas que já me aconteceram nesta vida de merda. — E você é a melhor coisa que já me aconteceu quando eu estava vivo. E Declan é a melhor coisa que me aconteceu na minha morte, porque ele está dando-lhe tudo o que eu queria, mas não podia. Você é a melhor parte de mim, sabe? Eu olho nos olhos do meu salvador, e embora eu deseje poder voltar no tempo e não puxar o gatilho, pelo menos eu sei que ele mudou-se para um lugar melhor. E agora, em sua morte, ele continua a servir como minha força neste mundo cruel. Ele afirma que é apenas Declan que me dá segurança e conforto, mas são ambos que misturam o elixir que pode simplesmente ser a minha graça salvadora.
(DECLAN) Eu odeio ter deixado a Elizabeth no apartamento, mas não me sinto seguro para lidar com esta situação com Lachlan perto dela. Entre as chamadas dele para Camilla e as insinuações do meu pai, que Lachlan está omitindo informação de mim, a confiança está agora cheia de incertezas. Eu sou um fusível faiscando pendurado sobre a gasolina quando vou para o hotel. Quente depois do assassinato do outro dia, eu tenho sido incapaz de conter o animal mordaz dentro de mim. Está cuspindo para eu dar um jeito no meu próprio problema não resolvido - do jeito que eu resolvi o da Elizabeth. Mas vou o quão longe possível para garantir a segurança da Elizabeth. Eu falhei em protegê-la do Matt, que colocou um alvo nela - não vou falhar novamente. Com a minha pistola no coldre debaixo do meu paletó, saio do elevador e vou até o seu quarto. Depois de algumas batidas rápidas, a porta se abre, e eu saco a minha arma, pressionando o cano na testa de Lachlan. Eu uso a força da arma para empurrá-lo para o quarto e, em seguida, fecho a porta com um chute.
— Que diabos? — seus olhos arregalados estão consumidos com horror e medo. Eu o faço andar para trás e ele levanta as mãos em sinal de rendição, e quando ele cai para trás em uma cadeira, eu assobio venenosamente: — Eu vou lhe dar mais uma chance de me dizer o que diabos você está fazendo conversando com a Camilla e meu pai antes de eu colocar uma bala na sua cabeça. Você me viu fazer isso antes, então não se engane, eu vou fazer de novo. — O que eu contei era a verdade. — as palavras dele tremem, assim como as suas mãos. — E agora eu estou exigindo toda verdade. Levanto o meu polegar e envolvo o martelo, giro o tambor, e ele se entrega para o medo como um maricas. — Jesus! Ok! Ok! — Eu não estou de brincadeira! — Merda, tudo bem. Por favor, relaxe com a arma, homem. — ele deixa escapar, em pânico. — Eu vou contar tudo, apenas... — Comece a falar! — meu grito é puro enxofre, e ele está apavorado quando se contorce, escorregando na cadeira. — Agora! — Eu estou roubando o Cal. — ele tagarela instantaneamente. — Que porra você está falando? — Eu estou... é... o negócio é... — Droga! — Eu não consigo pensar com uma arma de merda na minha cabeça! — ele grita da sua posição largada na cadeira, e eu recuo a arma, mantendo o alvo sobre ele. Seus olhos nunca desviam da minha arma. Estou de pé alguns centímetros para trás e observo quando ele se senta desajeitadamente. — Comece a falar. — Camilla me ligou quando seu pai foi preso. Quando ela percebeu que as provas estavam empilhadas contra ele, ela soube que ia ser deixada para secar sem um centavo. Ela me chamou, me contou sobre o seu esquema louco para roubar o dinheiro dele. Ela tinha tudo planejado. Disse-me para entrar em contato com ele. Ela imaginou que ele estaria desesperado para ter alguém ao seu lado, e além dos problemas que tivemos
quando descobri sobre os dois, eu era, de fato, um homem que ele tinha confiado completamente por anos. — Acelera. — Entrei em contato com ele com a ajuda da Camilla, e antes que eu percebesse, ele estava querendo que eu mantivesse um olho em você, que foi quando comecei a reportar para ele as coisas sobre você. — ele confessa. — Você falou para ele sobre Elizabeth? — Sim. — Chegue na parte que vai salvar a sua vida e poupar-me a dor de cabeça de limpar o seu assassinato. — ameaço. — Camilla convenceu-o a confiar em mim para lavar seus ativos ocultos através da sua fundação de caridade. Ela prometeu que ia dividir meio a meio, mas eu tinha meus próprios planos. Eu prometo a você que nunca lavei nada desse dinheiro em qualquer das suas empresas. — Cadê? — Com um junket9 em Macau. Eu desarmo o martelo e abaixo a minha pistola, e Lachlan deixa cair suas mãos e libera uma respiração pesada de alívio. — Eu nunca menti quando te assegurei que você tem a minha lealdade. Você e Elizabeth, mas nunca o seu pai, e se isso é um problema com a gente, então... — Não é um problema. Ele está acabado. — digo a ele e, em seguida, pego um momento para processar o fato de que este homem tomou sob sua responsabilidade abalar o meu pai e sua namorada por ganho financeiro em nome da vingança. — É por isso que Camilla continua ligando. Eu tinha que mantê-la acreditando que estávamos nos acertando e trabalhando juntos, mas eu só soube outro dia que ele foi indiciado. É apenas uma questão de tempo antes que ele confesse. Ele sabe que é mais seguro na prisão do que fora. Se ele permitir que isso vá para julgamento, não importa se ele ganhar ou perder, ele é um homem morto. Ele tem razão. Eu sei que se ele admitir sua culpa, adiantar o julgamento será inevitável. Um julgamento significaria testemunhas e entregar nomes. Seria ele virando as
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Intermediários nos jogos de pôquer que angariam apostadores e cobram dívidas.
costas para aqueles que apenas um homem com um desejo de morte faria. É por isso que eu me recuso a permitir que Elizabeth fique perturbada sobre seus crimes virem à tona. — Eu preciso que você volte. Você disse que o dinheiro estava com um junket? — pergunto. — Eu não sou especialista no mundo da fraude, então eu preciso que você me diga o que está acontecendo. Sem mais mentiras. — Trabalhando no mundo das finanças toda a minha vida, eu conheci um monte de gente desonesta. Um deles foi capaz de contratar um junket para mim na China. Por uma taxa de vinte por cento, ele troca o meu dinheiro por fichas de pôquer. Com Macau sendo a capital mundial do cassino e Hong Kong tendo tantos intermediários que estão dispostos a transferir fundos para qualquer lugar, sem fazer muitas perguntas, era a minha opção mais segura. — O que acontece com os chips? — Meu junket joga um pouco e depois desconta junto com fichas legítimas dos outros jogadores. O contador do cassino, em seguida, libera meu dinheiro como prêmios pagos. — Para onde o dinheiro vai? — Os fundos são transferidos eletronicamente, de tal forma que o dinheiro atravessa várias fronteiras para frustrar a detecção. — Explique. — eu exijo, precisando saber exatamente como ele planeja transferir o que eu suponho que seja milhões. — Por exemplo. — continua ele. — O dinheiro pode acabar em um fundo fiduciário americano, gerido por uma empresa de fachada em Grand Cayman, de propriedade de um outro fundo em Guernsey, com uma conta em Luxemburgo, gerida por um banqueiro suíço ou de Cingapura ou do Caribe que não sabe quem é o dono. É um turbilhão, basicamente. — Você ia me contar isso algum dia? Ele se inclina para frente, apoiando os cotovelos sobre os joelhos, e em seguida, olha para mim. — Não há nenhuma maneira de responder isso. Se eu disser que sim, você vai pensar que sou um mentiroso. Se eu disser não, você vai pensar que eu sou um mentiroso pelo simples fato de nunca ter dito. Mas se você precisar de confirmação de onde estão os meus interesses, então vou prestar as contas. Você vê, o dinheiro era simplesmente um bônus para Camilla se foder, suja, pobre e sozinha. O último detalhe.
Para testá-lo, eu abro o tambor e despejo as balas. Vou até ele, coloco a arma sobre a mesa, e digo: — Quero todas as contas. — Agora? — Agora. Ele se levanta e vai para o seu laptop ao lado da minha pistola descarregada. Sigo, e quando ele se senta na cadeira, eu fico por cima do ombro. Observo quando ele ignora a Internet e acessa a deep web através do Tor, que é uma rede de anonimato que garante que nada que ele faça será indexado. Em poucos cliques rápidos no teclado, números e códigos começam a aparecer. — Aí está. — diz ele e, em seguida, aponta para a tela, explicando: — Esta coluna lista os códigos de país, esta aqui lista números de conta e roteamento e esta coluna aqui é... — Feche-a. Ele olha para mim em confusão, mas faz como eu instruí e começa a desconectar. Estou convencido de que, sem a ameaça da força, ele entregou toda a informação sem um indício de hesitação. — Eu não quero o dinheiro dele. Você pode fazer o que quiser com ele. Lachlan fecha a tampa do seu laptop, pega a arma, uma bala do chão, e desliza-a em um dos cilindros. Ele então dá um giro antes de bloquear no lugar. — Aqui. — diz ele em um tom calmo enquanto me entrega a arma. — Eu tomaria um tiro por Elizabeth. Você, por outro lado... preciso superar você empurrando aquele cano na minha cabeça, mas eu tomaria um tiro por você também. Você quer que eu prove a minha lealdade para você? — ele dá alguns passos para trás. — Puxe o gatilho. Um homem sensato aceitaria a sua palavra nisso, mas o gesto não é suficiente para mim, não depois de tudo que aconteceu na minha vida e da Elizabeth. Ela é muito preciosa para aceitar a palavra de alguém pelo valor nominal. Então eu estico meu braço na minha frente, mas com um ligeiro ajustamento, que Lachlan não será capaz de detectar, eu marco seu braço direito como o meu alvo. Ele ofereceu este teste de integridade, e quando eu puxo o martelo para trás, deslizo o dedo sobre o gatilho, e sigo adiante. Eu aperto e fogo, mas tudo o que soa é o clique do tambor rodando. O rosto de Lachlan cai, atordoado que eu tenha puxado o gatilho e, em seguida, aliviado quando ele percebe que seu jogo de roleta russa simplesmente jogou a seu
favor. Ele cai para trás na cadeira enquanto coloco a minha arma no coldre. E agora que tenho a confirmação de que a única razão pela qual ele reteve informação de mim foi para foder mais com a Camilla e meu pai, eu viro e vou para a porta. — Faça uma visita esta tarde. Elizabeth gostaria de vê-lo agora que estamos de volta. — eu digo sem virar. E então eu saio.
Capítulo Trinta e Um (DECLAN)
E
lizabeth
ainda
está
na
cama
dormindo quando chego em casa depois de um longo dia de reuniões. Há dias é a mesma coisa. Ela está com o coração partido e tentando lidar com a perda do seu pai pela segunda vez na vida, então eu não quis pressioná-la muito. Mas estou preocupado. Ela está morando em tons de escuridão desde que retornou dos Estados Unidos. Porém, o que me preocupa é mais do que o lastimar por aí. Após minha conversa com Lachlan no outro dia, cheguei em casa e ouvi a voz dela vindo do quarto. Mas ela estava lá sozinha. Quando eu abri a porta, eu pude perceber que ela estava chorando, então decidi não questioná-la. Eu tenho que me lembrar o quão frágil ela ainda é. Não faz muito tempo que ela quebrou completamente depois que descobriu sobre a sua mãe e teve que ser medicada. Ela simplesmente experimentou um amontoado de acontecimentos desde aquela noite, mas nenhum que comparasse em magnitude. Andando até a beira da cama, eu a assisto enquanto ela dorme pacificamente. O rosto dela está doce e sua respiração é constante. Eu corro as costas dos meus dedos ao longo da sua bochecha, sentindo sua pele suave e aquecida contra a minha. Finalmente posso olhá-la sem o passado alimentando o meu ódio por ela. Já não quero lhe causar dor e sofrimento. Já não quero puni-la. Vê-la com seu pai ajudou a costurar as feridas que ela infligiu com suas manobras enganosas. Pela primeira vez, eu vi através de todas as paredes que ela passou a vida inteira construindo dentro do âmago de quem ela é. Observá-la com ele, ouvir suas histórias e aprender sobre quem ela era quando menina, de repente a tornou transparente, e eu pude finalmente ver a pureza e suavidade que está envolta sob os anos que a endureceram.
Eu deixo-a dormir enquanto vou até o closet para pendurar o meu paletó, e quando vou ao banheiro para salpicar o rosto com água fria, percebo que esqueci de pegar uma toalha de mão. Desligo a torneira, entro no banheiro e puxo uma toalha do armário. Nesse momento eu olho para baixo e noto algo acomodado no fundo do vaso sanitário. Acendo a luz e encontro uma pequena pílula azul, meio-dissolvida na água. Eu vou até a sua pia e pego o frasco com a prescrição para confirmar que é a mesma pílula. Ela está mentindo para mim. Eu tenho que saber por que ela dá descarga na pílula em vez de tomá-la, porque ela precisa tomá-las todos os dias. Volto para o quarto, sento na beirada da cama, onde ela ainda está dormindo. O colchão afundando embaixo de mim faz com que ela acorde agitada. Seus olhos abrem, e eu lido com ela delicadamente. — Você está dormindo há muito tempo? Ela olha para o relógio na mesa de cabeceira e responde: — Não muito. Como foi o seu dia? — Ocupado. E o seu? Ela suspira quando se senta e se inclina novamente na cabeceira. — O mesmo que ontem. — Você se lembrou de tomar a pílula hoje? — Sim. — ela responde com uma expressão curiosa em seu rosto. — Por quê? — Você sabe o quanto é importante que você tome todos os dias, não é? Aborrecimento pinta seus olhos. — Sim, Declan. Eu sei. Por que você está me contando isso? — Porque eu quero que você se cuide. — Eu estou. — Então me diga por que a pílula está no fundo do vaso sanitário. Seus olhos piscam, arregalando por um segundo fugaz, mas eu noto. — Você quer me explicar por quê? Sua garganta contrai quando ela engole forte, e ela balança a cabeça lentamente. Ela está assustada.
— Há quanto tempo você vem fazendo isso? — Eu posso cuidar de mim. Eu não preciso que você me controle como um pai. — ela rebate. Eu endureço a minha voz, exigente. — Quanto tempo? — Estou bem. Não preciso delas. — Quanto tempo, Elizabeth? Ela toma uma respiração profunda, equilibrando-se para me enfrentar quando admite: — Desde que as recebi. Meus dentes rangem em uma tentativa de moderar a minha raiva, e quando ela percebe a minha mudança de humor, ela tenta me persuadir. — Declan, eu estou bem. — Você não está bem. — Estou. — Eu ouvi você falar com alguém na outra noite, mas ninguém estava aqui. — eu digo, chamando a sua atenção. — Do que você está falando? Levanto e dou alguns passos para trás conforme a minha irritação cresce. — Você estava no quarto com a porta fechada. Você estava falando com alguém. Quem era? E não se atreva a me alimentar com uma mentira. Seus olhos desviam para o canto da sala, e quando olho para a janela, onde ela está se concentrando, a verdade me bate. Pike. Eu viro e dou alguns passos na direção dela. — O que você está olhando? Seus olhos, agora cheios de lágrimas, voltam para mim. — Eu preciso que você fale comigo. — eu imploro quando sento na cama ao lado dela. — É o seu irmão? Você está vendo-o novamente?
(ELIZABETH) — Não minta para ele.
Sou completamente pega. Ele vai correr agora se souber que sou louca e que estive mentindo para ele. Pânico dá pontadas através do meu corpo enquanto Declan olha para mim. — Confie em mim, Elizabeth. Confie em mim o suficiente para me dizer. Ele coloca as minhas mãos nas dele, e eu posso ver a preocupação derramando dele. — É isso que você está olhando? Ele está aqui? Eu fecho meus olhos, com medo de qual será a sua reação, mas não posso esconder a verdade, ele sabe agora. Minhas mãos tremem nas dele, quando finalmente aceno com a cabeça que sim. — Ele está aqui? Concordo com a cabeça novamente, e quando arrumo a coragem para abrir os olhos, confesso: — Eu preciso dele. — Baby. — ele respira, cobrindo meu rosto com a mão. — Você não pode fazer isso para si mesma. Não é saudável, e eu preciso de você saudável. — Mas... ele é meu irmão. — Ele está morto. Eu pisco e as lágrimas caem. — Eu sei disso. Mas eu ainda preciso dele. — Precise mais de mim. Suas palavras expõem uma insegurança que eu não estava ciente. Eu olho em seus olhos, realmente olho - e vejo o que eu nunca vi antes, insegurança. O verde em seus olhos ilumina com vitalidade, o efeito das lágrimas não derramadas que ameaçam a cair. — Eu preciso de você. — digo a ele. — Não é o suficiente. — Não se atreva a me escolher em vez dele. Eu viro para Pike, enquanto Declan mantém os olhos em mim. — Isso tem que acabar, Elizabeth. Você tem que começar a tomar as suas pílulas. Eu preciso de você também. Eu não olho para ele quando ele diz isso, em vez disso, fico focada no Pike conforme minhas lágrimas caem. — Ele tem razão.
— Não. Pike caminha até mim e se arrasta para a cama, sentando do meu outro lado, de frente para o Declan. — Não! — repito fervorosamente ao sentir as fibras da minha alma retalhando. — Você não pode continuar se apoiando em mim assim. — Mas eu preciso de você. — Eu não posso mais deixar você fazer isso para si. — Declan diz, e quando olho de novo para ele, eu grito: — Mas eu preciso dele. — E eu preciso de você. Você tem que deixá-lo ir. — ele insiste. — Você tem que tomar suas pílulas e melhorar. Viro-me para Pike novamente, e quando faço isso, Declan acrescenta em uma voz incisiva. — Por mais que você precise dele, eu preciso mais de você. — Eu não quero perder você, Pike. — Vai ficar tudo bem. — Não está bem. Nada disso está bem. — É hora de me deixar ir. Seu pedido queima pedaços do meu coração até as cinzas. Eu posso sentir – calor escaldante e bolhas dentro de mim, e não consigo chorar com força suficiente para temperar as chamas. Como deixá-lo quando não conheço um dia de sobrevivência sem ele? — Não me deixe! — eu soluço freneticamente. — Baby, está me matando ver você assim. — Declan diz, quebrando ao meu lado. — Diga adeus para mim, Elizabeth. Meu rosto enruga à medida que a agonia de perder meu irmão para sempre estrangula o meu coração, paralisando os ventrículos. Lágrimas forçam seu caminho pelo meu rosto, me cortando como cacos de gelo. — Não me deixe. — Você é a melhor irmã que alguém poderia ter, e eu tive tanta sorte que você foi a minha. — Não se atreva a dizer adeus, Pike. — Olhe para Declan. Olhe para o que estamos fazendo com ele.
Viro-me para o meu outro lado e vejo a cabeça de Declan em sua uma mão enquanto a outra está estendida para mim, e ele está chorando. Oh, meu Deus, ele está chorando. — Declan, por favor não ch... — Eu preciso de você. — ele suplica desesperadamente. — Nós não podemos continuar isso. Eu vejo as lágrimas caírem pelo rosto de Declan, e é um soco no meu estômago ver quanta dor ele está sentindo. Um homem que nunca quebra, agora está desmoronando diante de mim, por minha causa. Cada lágrima dele é uma fissura no meu coração quebradiço, cortando ainda mais profundamente nos tecidos delicados. Eu não posso fazer isso com ele. Eu amo Pike. Ele sacrificou-se uma e outra vez, toda a minha vida, só para me proteger, e não existem palavras para expressar o quanto ele significa para mim. Mas agora é a minha vez de proteger. E é do Declan que eu preciso cuidar, porque preciso dele forte para que ele possa cuidar de mim em troca. Por mais que isso me mate, eu cavo fundo dentro de todas as minhas feridas podres para agarrar a força que eu preciso para dizer adeus. — Eu nunca teria sobrevivido neste mundo sem você, Pike. — Mas você sobreviveu. E você vai ficar bem sem mim. — Eu te amo. — Eu preciso que você me prometa que vai ouvir Declan, que vai começar a tomar suas pílulas e ficar saudável. Ele é inflexível, e eu dou-lhe a minha palavra através da pressão na minha garganta. — Eu prometo. Eu vejo quando sua forma sólida fica opaca, e eu choro mais. — Eu te amo. — Pike! Opacidade transfunde em uma nebulosidade. — Vou sentir saudade. — Eu vou sentir sua falta também.
Nebulosidade desaparece no nada. E quando os vapores remanescentes do seu cheiro desaparecem, eu caio em Declan. — Ele se foi. — eu lamento em meio ao trauma de feridas recém-abastecidas que sangram dentro de mim. — Eu vou cuidar de você. Eu preciso que você acredite em mim. — Eu acredito em você. Só machuca deixá-lo ir. — Olhe para mim. — ele exige, e quando olho, seu rosto está marcado por lágrimas derramadas. — Eu te amo a ponto de doer, mas eu saboreio a dor, porque ela me lembra que o que temos corre profundamente dentro de mim. E eu te juro, eu nunca vou deixar de amá-la. Eu limpo o rastro de lágrimas do seu rosto. — Diga-me que dói em você me amar também. Apoiando minhas mãos ao longo da sua mandíbula para sentir sua barba contra as palmas das mãos, dou-lhe a minha parte mais pura. — Não há ninguém neste mundo por quem eu poderia doer mais. Pike me ajudou a sobreviver, mas é você que me ajuda a viver. Eu nunca fui capaz de fazer isso até você. E na loucura do lamento e profundo amor, Declan toma-me como dele, me segurando, me fodendo, me curando. Lágrimas nunca param de cair dos meus olhos inchados quando abro meu coração e dou liberdade para que Declan escale dentro de mim e assuma plenamente a propriedade de tudo o que eu sou feita. Já não sei onde eu termino e ele começa conforme cimentamos as linhas amorfas entre nós. Somos serpentes que se alimentam um do outro para exclusiva sobrevivência. Nós somos tudo que o amor é destinado para ser.
Capítulo Trinta e Dois
L
ágrimas cristalizam em sal, sal
vira pó, e pó é varrido para o céu sem fim. E no final, ficamos com uma escolha: nadar ou afogar. A escolha certa é muitas vezes a mais difícil. O afogamento é tão fácil de fazer e não exige nenhum esforço, você simplesmente fraqueja e flutua no mais profundo desespero que consome. Mas Pike não iria querer isso para mim, e eu preciso lutar por Declan. Então eu peguei a mão do meu amor e comecei a lutar, confiando que, juntos, eu encontraria meu caminho para a superfície. Isso foi há duas semanas, e hoje me sinto esperançosa. Foi há quatro dias que ri pela primeira vez desde que disse adeus ao meu irmão. Uma parte de mim achava que nunca iria rir de novo, mas eu ri, e estranhamente, foi Davina que tirou isso de mim. Declan achou que seria bom tê-la para jantar. Ele não contou qualquer coisa que tínhamos passado, mas ela sabia que algo estava errado quando entrei na sala de estar uma bagunça desgrenhada. Alguém poderia pensar que um convidado seria um pouco reservado, mas não Davina. Ela me chamou a atenção, me dizendo que eu parecia uma merda. Não foi apenas a sua honestidade crua, o olhar terrível no rosto, foi em seu tom de voz, que de alguma forma ela conseguiu expressar de forma carinhosa. E eu ri. Foi tudo que precisou. Por algumas semanas Declan adiou todos as suas reuniões e deu folga para o Lachlan. Declan e eu precisávamos ficar juntos neste momento para consertar. Sinto-me curando pouco a pouco. Declan tem me mostrado os arredores da cidade. Jantamos em todos os lugares, do The Tipperary ao premiado Michelin, Le Gavroche. Eu alimentei os patos no St. James Park, e Declan não conseguiu segurar seu riso quando dois gansos começaram a me perseguir. No dia seguinte, optamos pela Hyde Park, onde pudemos tomar sol, envoltos nos braços um do outro. Nós nos beijamos e conversamos por horas naquela tarde. E
então, houve a London Eye. Apesar do meu medo de altura e de roda-gigante, eu joguei o cuidado ao vento e topei. Embora eu não tenha saído do banco no centro da cápsula de vidro, Declan apreciou o meu esforço. Estávamos desesperados por este tempo juntos, e agora que temos, queremos mais. — Se você pudesse ir a qualquer lugar no mundo, aonde você iria? — Declan pergunta enquanto estamos deitados na cama, corpos nus e pegajosos com o cheiro do nosso sexo no ar. — De volta para Brunswickhill. — De todos os lugares, você escolhe a nossa casa na Escócia? — Eu amo aquilo lá. Correndo os dedos preguiçosamente pelo meu cabelo, ele comenta: — Você ama tanto assim? Com minha cabeça debaixo do seu queixo, eu aceno, e então beijo seu pescoço enquanto coloco a minha perna sobre o seu quadril. Declan agarra a minha bunda e me puxa para mais perto dele, forçando a minha boceta a moer contra o seu pau duro. Ansioso para ele me preencher de novo, eu estendo a mão para baixo, pego-o na minha mão, e guio para dentro de mim. — Foda-me, baby. — ele rosna com necessidade, e quando ele rola de costas, eu estendo as minhas mãos para trás para agarrar suas coxas. Abrindo o meu corpo para ele ainda mais nesta posição, fodo com ele, enquanto suas mãos tocam cada parte minha, acariciando, apertando, beliscando. Ele me deixa louca, fazendo-me gozar em cima dele inteiro, o tempo todo reafirmando o meu lugar no seu mundo - em seu coração. — Vamos para lá. — diz ele em uma respiração pesada, enquanto nossos corações desaceleram. — Aonde? — Para o seu castelo de conto de fadas. — ele me dá um sorriso sexy, e eu solto uma risada suave quando a animação aumenta com o pensamento de voltar para a Escócia.
Algo acontece comigo fisicamente quando dirigimos através dos portões do Brunswickhill. Eu não posso explicar totalmente, mas talvez seja essa a sensação de estar
em casa. Somos apenas nós dois, de mãos dadas, e pela primeira vez em muito tempo, meu coração não se sente tão pesado. Quando chegamos na parte íngreme da estrada sinuosa, eu pulo para fora do carro, jogo a cabeça para trás, respiro profundamente, e sorrio. — O que você está fazendo? Declan envolve seus braços na minha cintura, me puxando para perto, e com os meus lábios ainda pintados com alegria, digo-lhe: — É bom estar de volta. — Esta é a sua casa agora. — Eu nunca tive isso antes. Eu nunca conheci casa até agora, exatamente aqui com você. — É a primeira vez para mim também, querida, mas eu não iria querer isso com ninguém além de você. Seus lábios pousam nos meus, absorvendo-me em um beijo reivindicatório, enquanto as minhas mãos se perdem no seu cabelo. Eu saboreio a sua felicidade quando ele mergulha sua língua dentro da minha boca e desliza junto com a minha. Este sentimento estranho que gira dentro de mim me domina e risos me escapam. Ele não para de me dar beijos, porém, e é apenas uma questão de segundos, quando ele começa a rir também. — Qual é a graça? — ele resmunga contra a minha boca. Eu afasto e olho para ele. — Estou apenas feliz. Declan caminha de volta para a Mercedes e abre a porta traseira da SUV para pegar a nossa bagagem, e enquanto ele faz isso, eu me viro para olhar para a fonte grande, majestosa. — Declan, olha! — espantada com as flores, eu ando até a fonte enorme e inalo o cheiro de terra. — Elas sempre florescem aí. — ele me diz enquanto olho com espanto para todas as flores de lótus. Branco misturado com todos os matizes de rosa, cada uma impecável, apesar da água escura na qual se elevam. Elas tanto brilham quanto se expõem sob o sol. — Elas são tão bonitas.
— Venha aqui. — diz ele. — Eu quero mostrar-lhe uma parte da casa que você nunca viu. Nós entramos pelas portas duplas, e ele deixa a nossa bagagem no hall de entrada, pegando a minha mão e me levando até as escadas, todo o caminho até o terceiro andar e em seu escritório. — O que você está fazendo? — eu questiono quando ele passa a mão ao longo da parede. Quando ele para de se mover, ele lança os olhos para mim e, com um sorriso dá um empurrão na parede. — Você está brincando comigo? — eu rio surpresa quando é revelado que uma parte da parede é uma partição oculta acionada por mola, que se abre para uma escada em espiral secreta. — Vamos. Eu sigo-o pelas escadas estreitas, e quando chegamos ao topo, há outra porta que se abre. Meus olhos se arregalam com espanto quando saio para o telhado, que expõe uma vista panorâmica de toda a Galashiels. Declan estende a mão para mim, sabendo do meu medo de altura, e me leva para a beirada da parede. — Você vê aquele o rio? — ele pergunta ao apontar. — Sim. — É o rio Tweed. Ele divide Galashiels de Abbottsford. E você vê aquela propriedade de castelo lá embaixo? — Sim. — É a casa de Sir Walter Scott. — O poeta? — Sim. — Aquilo não é casa. — eu noto enquanto olho para a propriedade majestosa que está situada abaixo de onde a propriedade de Declan fica, no alto da colina. — É um palácio! Ele ri. — É um museu agora. Há também um restaurante pitoresco que é conhecido pelos seus minibolos.
Andamos na beira do telhado, e eu olho para os jardins abaixo, admirando todas as flores coloridas que estão vindo à vida conforme o tempo aquece. Os últimos dois meses da primavera fizeram maravilhas, expondo mais riachos com pedras que fluem descendo várias colinas. Há também muitas flores para contar, junto com poucos bancos de pedra alguns descansam sob as árvores e outros são descobertos. Daqui de cima, posso ver os caminhos de grama, que levam de um recanto de jardim para o outro, para o próximo, e para o próximo. Uma parte minha tem a sensação de estar me traindo do desejo de viajar, de explorar e me perder no labirinto lá em baixo. Meu próprio país das maravilhas. — É impressionante, não é? — É de tirar o fôlego. — eu digo e, em seguida, viro o rosto para ele, pressionando meu corpo contra o dele com os meus braços em volta da sua cintura. — Eu nunca imaginei que algo assim pudesse existir neste mundo. — Eu sinto o mesmo quando olho para você. Nós
estamos
aqui,
na
cobertura
do
nosso
próprio
castelo
pessoal,
e
abraçados. Declan aconchega a minha cabeça no seu peito enquanto me dá beijos. Nós abraçamos; é tudo o que precisamos fazer neste momento de paz tão necessária e, finalmente, eu posso respirar. O peso das aflições do mundo estão se tornando menos e menos sufocantes à medida que continuo a mover ao longo deste caminho que Declan está me proporcionando. É claro que uma parte de mim ainda dói pelo meu pai e pelo meu irmão, mas essa é uma tristeza que terei que enfrentar para o resto da minha vida. Simplesmente
não
há
cura
para
corações
partidos
que
superam
a
agonia
insondável. Algumas feridas correm tão profundas que não há nenhuma possibilidade de cura. Mas aqui, com Declan, tenho esperança que um dia a dor vai se tornar mais tolerável. — Eu estava pensando em algo durante a viagem de avião para cá. — Declan diz, quebrando o silêncio entre nós. — Devíamos ir ao The Water Lily. Eu sorrio quando penso em Isla. Ficar com ela quando estava no meu ponto mais baixo, achando que Declan tinha morrido pelas mãos de Pike, foi provavelmente o melhor lugar que eu poderia ter acabado. Tivemos tantas conversas maravilhosas, e eu percebo agora que sei muito sobre sua avó, quando ele nunca realmente falou com ela. — Isla tem um coração bonito. — digo a ele. — Eu sinto falta dela. — Por que você acha que ela nunca me disse nada? Ela tem uma foto minha no quarto dela e sabe quem eu sou.
Eu vejo o menino perdido no fundo dos seus olhos quando olho para ele. — Talvez ela estivesse com medo. Talvez ela não soubesse o que dizer. — Talvez. — ele responde. — Que tal fazer-lhe uma visita amanhã? Vamos tirar o resto do dia para nós. — ele se inclina e me beija antes de dizer: — Dê um passeio comigo. Nós descemos a escada oculta e, em seguida, para o piso principal da casa. Saímos passando pelo átrio. — Tudo parece tão diferente do que era quando saímos há alguns meses. — digo conforme passeamos sem rumo pelas flores. Nós vamos até um caminho de pedra que corre ao lado da gruta de tijolo e, em seguida, andamos ao longo de outro caminho gramíneo, tecendo através das árvores e passando por cima de um riacho estreito murmurante. Eu olho para baixo, para a casa, e rio sozinha quando vejo as enormes lacunas que ainda permanecem nos arbustos agora floridos, que acompanham a parede exterior. — O que é tão engraçado? — Eu ainda não acredito que você arrancou todos os arbustos roxos. — eu digo a ele, e quando ele olha para a casa para ver as lacunas, ele encolhe os ombros. — Minha querida odeia roxo. — ele diz com indiferença e continua a andar. — Sente-se comigo. — diz ele quando nos encontramos cercados por narcisos amarelos brilhantes. Eu me acomodo entre as pernas de Declan e de costas para o seu peito enquanto ele se senta atrás de mim. Nós dois olhamos para as flores, conforme afundo no seu abraço. — Diga-me que você está feliz. — diz ele, e eu respondo honestamente: — Eu estou feliz. — Você sabe, a primeira vez que eu te vi, eu sabia que tinha que ter você. — descanso a minha cabeça contra ele enquanto ouço-o falar. — Eu nunca tinha sentido algo tão intensamente por alguém antes. Ainda me lembro o quão bonita você estava naquela noite com o seu vestido de seda e cabelo vermelho longo. Eu fiquei além de fascinado por você. — E eu me lembro de você, sem gravata no seu próprio evento black-tie. — eu brinco. — Eu sei que o nosso início foi fodido, mas eu não mudaria. Porque sem ele, não teríamos isso. — Porém, eu nunca vou me perdoar.
— Eu preciso que você saiba uma coisa. — a gravidade em sua voz me faz sentar e virar o rosto para ele. — Eu preciso que você saiba que eu te perdoei, e que o ódio que eu costumava sentir em relação a você... não está mais lá. Suas palavras suavizam, e quando ele começa a mudar de cor, eu pisco para clarear. Mas estas lágrimas não machucam, curam. Ele coloca as mãos no meu rosto e me beija novamente. — Você se entrega para mim de uma maneira que nenhuma outra mulher conseguiu. E mesmo que conseguissem, eu não as quero. Eu não sou perfeito - você mesma apontou as minhas falhas algumas vezes, mas nunca jogou na minha cara com escárnio. — ele diz com gratidão. — E quando eu te digo que preciso de você, falo sério. Eu não posso lutar contra este mundo sem você ao meu lado. Você é a mulher mais corajosa que eu conheço. — Eu não sou. — Você é. Meu Deus, a vida com a qual você lidou, tudo o que você teve que suportar, e aqui está você, ainda lutando. Ainda tentando. — Por sua causa. — digo a ele. — Cada respiração é uma escolha, e eu opto por mantê-la por você. — Eu vou dar-lhe uma longa vida cheia de respirações então. — ele afirma antes de tomar o meu rosto com as mãos e olhar fixamente nos meus olhos. — Uma vez eu lhe disse que a parte mais verdadeira de uma pessoa é a mais feia. — Lembro-me daquela noite. — As suas partes mais feias são as suas mais escuras. E confie em mim quando eu lhe digo que quero amar todas as suas partes mais escuras. — ele enfia a mão no bolso, e meu coração salta de um jeito que nunca senti antes, quando ele puxa para fora um anel. — E eu prometo a você que vou amar toda a sua escuridão se você prometer amar a minha também. — Declan... — Case comigo. E esse foi o momento que todos os meus sonhos se tornaram realidade. Ficamos ali sentados no jardim de narcisos enquanto ele segurava aquele anel, que encarnava exatamente o que éramos entre os seus dedos - duas pessoas que abrigavam muita escuridão. O corte do diamante era brilhante e tão preto com facetas intrincadas,
cercado com pequenos diamantes brancos, espumantes, que também adornavam a faixa da platina delicadamente fina. Mas não era o anel, era ele. Sempre foi ele. O único forte o suficiente para me amar por mim. Ele aceitou toda a minha podridão e todas as minhas cicatrizes, e de alguma forma me fez sentir como uma verdadeira princesa. Toda a minha vida, eu estive à espera de alguém para me salvar, e ele salvou. Eu soube naquele momento que eu nunca deixaria de me amar, nunca seria abandonada, e eu nunca seria deixada para lutar contra os monstros sozinha. — Sim! Meus olhos nunca deixam seu belo rosto enquanto ele desliza o anel no meu dedo, e uma vez no lugar, eu me jogo em seus braços, derrubando-o chão. E nós nos beijamos, como nunca outras duas pessoas já se beijaram. Eu derramo a minha alma em sua boca enquanto suas mãos me agarram com força – somos tão necessitados de proximidade. Mas essa proximidade é interrompida no momento em que ouço o clique. Eu pulo para trás e viro em um instante para me encontrar olhando para o cano de uma pistola. — Você se move, eu mato-a. — o homem rosna para Declan. Mas eu sei que Declan não está armado no momento. Nós estamos impotentes. Estou congelada no lugar. Não consigo nem sentir meu coração batendo mais. — Isso é vingança. Seu pai fodeu com a família errada no momento em que entregou o nome do meu irmão para os federais dezesseis anos atrás. Mas porque eu sou sádico, eu vou dar-lhe a escolha. Ou você morre ou o seu pai morre. Você tem cinco segundos. Viro-me para Declan, já sabendo a minha escolha quando faço com a boca eu te amo através de lágrimas afiadas. — Elizabeth, não! — Não machuque o meu pai. Mate-me. — Eliz... BANG.
Epílogo
E
u olho para o céu azul brilhante,
rico. Não há uma nuvem à vista à medida que o sol brilha com raios de calor cintilante. Eu olho em volta e descubro que estou cercada por copas gigantescas verde-limão, mas quando dou outra olhada, percebo que não são copas, mas em vez disso, grama. Carnegie? Meus olhos abaixam para revelar o meu corpo brilhante sanfonado cor-de-rosa. Estou de volta. — Olá? — eu grito, perguntando-me por que estou sozinha, e quando ouço um farfalhar longe, grito de novo. — Carnegie? É você? — Elizabeth! — ele grita de volta, mas seu sotaque não está certo. — Elizabeth! Não. Não pode ser. — Declan? — olho ao redor para ver uma lagarta azul emergir atrás de uma folha de grama. — Elizabeth. — ele exclama em seu sotaque escocês inconfundível conforme se aproxima de mim. — O que você está fazendo no meu sonho? — Sonho? — seus olhos atenciosos esmorecem com alarme. — O que está errado? — Querida... — O que está acontecendo? — questiono com medo. — Você morreu. Horror dispara dentro de mim quando olho para ele. — Então... então o que você está fazendo aqui? — Não entre em pânico.
— Meu Deus! — Estamos juntos, Elizabeth. Isso é tudo que importa. — Se estou morta, então... — Estou também. — ele me diz. — Ele atirou em mim logo depois de atirar em você. — NÃO! — eu grito, e ele está bem aqui ao meu lado, confortando. — Está tudo bem, querida. Nós ainda estamos juntos. Nada pode nos machucar agora. — Mas você está... você está morto por minha causa! — Não, querida. Você fez a escolha certa. Aquele cara estava lá por vingança, e não importava o que você dissesse, ele teria nos matado de qualquer maneira. — ele me diz. — Mas olhe ao seu redor. Este lugar é incrível. Eu fico olhando para ele em choque total e pergunto: — Como você está tão calmo? — Nós dois estamos aqui por um tempo, alguns dias mais ou menos, mas você esteve dormindo. Eu tive tempo para digerir tudo, mas este lugar não permite que o estresse dure muito tempo. — ele aproxima mais, correndo seu corpo junto do meu, e no momento em que sinto o seu toque, meu coração se acomoda pacificamente. — Nós estamos bem? Ele balança a cabeça e depois me diz: — Também não estamos sozinhos. — Você está falando de Carnegie? Você o conheceu? — Sim, mas não há outra pessoa que você vai querer ver. — Quem? — Seu irmão. — Pike? — eu animo com espanto. — Ele está aqui? — Ele está fora com Carnegie agora recolhendo bagas. — Você falou com ele? — Sim, mas não se preocupe. Nós tivemos um monte de tempo para chegar a um entendimento um com o outro. — Ele não é um cara mau. — eu defendo imediatamente, e ele me interrompe. — Eu sei disso agora. Vamos. Vamos encontrá-los.
Nós rodeamos enorme hastes de flores e até troncos de árvores das mais gigantescas atravessamos juntos, lado a lado. De tempos em tempos, Declan olha para mim e sorri, o que me faz rir. Ele está certo, o estresse não dura muito tempo. Conforme entro na brincadeira, eu me sinto leve, exuberante, eu me sinto... livre. — Por aqui. — Declan diz-me antes de virar e tecer nosso caminho através de arbusto de bagas. — É um atalho. Eu olho para as frutas cor-de-rosa que são tão grandes quanto bolas de basquete, e quando chegamos a uma abertura e saímos, eu vejo Carnegie. E ao lado dele está uma lagarta vermelha e brilhante. — Pike? — Você está acordada! — Pike! Eu vou até ele, tão rapidamente quanto posso, e ele faz o mesmo. — Eu pensei que nunca mais iria vê-lo. — digo a ele. — Você não pode se livrar de mim. — ele brinca enquanto esfrega sua cabeça redonda do lado do meu corpo tubular. — Você sabe, quando prometeu que faria qualquer coisa para conseguir uma vida melhor para nós, eu não achei que teríamos que ser lagartas do caralho para isso. Nós dois rimos e Declan junta-se, enquanto desliza para o meu lado. — Língua, jovem. — Carnegie repreende em seu sotaque britânico elegante. Eu aproximo do meu amigo de toda uma vida. — Carnegie... — Faz muito tempo, minha querida. — O que é tudo isso? — Ora, esta é a sua vida após a morte. Nada vai te machucar novamente, porque a dor não existe mais. Este é o lugar onde os sonhos são realidade. — Eu disse que tudo iria ficar bem, querida. — reafirma Declan. Eu solto um suspiro satisfeito e inclino minha cabeça contra Declan. Carnegie olha para nós, perguntando: — Então, isso é o amor? Olhando nos olhos de Declan, eu respondo: — Isso é o amor.
Declan e eu continuamos a nos acariciar com ternura enquanto Carnegie e Pike saem para a beira da lagoa. Um movimento me chama a atenção, e quando eu viro para um arbusto alto ao meu lado, uma lagarta laranja aparece. Ela para e olha para mim com curiosidade, e então os olhos redondos arregalam. — Princesa? Meu corpo faísca em confusão. — Pai? Ele corre para mim, sua boca pequena lutando para dar o maior dos sorrisos. — O que está fazendo a... Meu Deus. Ele está morto. E, de repente, eu vejo seu sorriso esmorecer quando ele percebe que estou morta também. Ele para de se mover, e quando seus olhos desviam dos meus, ele olha para Declan. — O que aconteceu com vocês dois? Prendo a respiração, sem querer que meu pai sinta alguma culpa por eu ter escolhido pagar o preço pelo seu passado, assim como Declan. — Conte-me primeiro. Ele aproxima mais antes de dizer: — O irmão de um dos caras que entreguei aos federais me pegou na estrada, logo depois que deixei a praia no último dia que estivemos juntos. Ele me deu uma escolha. Ele me disse que eu poderia viver e que ele iria matá-la, ou ele poderia me matar. — minha boca fica embasbacada em choque. — Obviamente, eu dei a minha própria vida. — Nunca houve uma escolha. — Declan fala para ele. — O que você quer dizer? — Esse mesmo homem fez uma visita para mim e sua filha com o mesmo ultimato. Os olhos do meu pai voltam rápido para mim, e eu digo-lhe: — Eu lhe disse para não machucá-lo e me matar em seu lugar. — Você sacrificou a sua vida por mim? Eu concordo. — Amada... — Está tudo bem, papai. — asseguro-lhe. — Mas posso te perguntar uma coisa? — Qualquer coisa.
— Qual foi o seu maior desejo quando estava vivo? Os cantos da sua boca elevam. — Você. — diz ele. — Eu sempre quis ter você na minha vida. Meu coração flutua como uma pluma. — E o meu desejo sempre foi você, papai. — meus olhos nublam em puro deleite. — Nossos desejos se tornaram realidade. — viro para encarar Declan e dizer-lhe com espanto: — Este é todo o meu desejo se tornando realidade. Nós três olhamos um para o outro quando a verdade cristaliza. Somos uma teia de desejos se tornando realidade. Nós já não temos que rastejar nas sombras daqueles que nos querem mal. Estamos finalmente livres de tudo o que já nos assombrou. Eu sei que Declan e eu nunca conseguiríamos encontrar esse tipo de liberdade entre os vivos. Isso só existe aqui. Eu olho em volta para as flores magnificamente coloridas que balançam por causa da brisa acima de nós, vejo Pike montando nas costas de uma libélula - feliz e lunático, e então há Carnegie, que nunca terá que ficar sozinho novamente, pois ele nos tem agora. Eu rio conforme ele assiste alegre o meu irmão voando ao redor. E meu pai, transbordando de alegria sem limites enquanto beija o topo da minha cabeça. — Isso é tudo que eu sempre quis. — ele me diz. Eu, então, viro o rosto para Declan - assustada que nosso amor seja tão forte que nem mesmo a morte possa nos separar. E então nos beijamos, um beijo que nunca existiu até agora. É sereno e alegre e amoroso e completamente mágico. É de tudo isso que os sonhos são feitos. Este é o meu conto de fadas.