Cartilha de fruticultura

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APOSTILA DE FRUTICULTURA GERAL

2 0 MATERIAL DIDÁTICO

1 APRESENTAÇÃO

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FRUTICULTURA GERAL

AUTORES

RAILENE HÉRICA CARLOS ROCHA FRANCISCO TARCÍSIO LUCENA GUILHERME VELOSO DA SILVA IVANDO COMANDANTE DE MACEDO SILVA JACKSON SILVA NOBREGA JERFFESON ARAÚJO CAVALCANTI JOSEANO GRACILIANO DA SILVA NATALI ALMEIDA EVANGELISTA PEREIRA ODAIR HONORATO DE OLIVEIRA PEDRO JORGE DA SILVA SEVERO

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FRUTICULTURA GERAL

Apresentação Nossa primeira apostila da disciplina de fruticultura geral é uma iniciativa da professora Dr. Railene Hérica Carlos Rocha juntamente com o grupo PET Agronomia CCTA/UFCG, que tem por objetivo contribuir com a qualidade do ensino da referida disciplina, auxiliando os alunos no conteúdo teórico e prático. Esta apostila é uma coletânea de informações colhidas na literatura existente e de aspectos práticos do dia a dia, não tem qualquer pretensão de ser um trabalho de pesquisa, apenas aperfeiçoar o conhecimento dos alunos e servir de alternativa além dos livros específicos da disciplina. Assim, esta publicação foi estruturada de forma simples e objetiva com instruções sobre a importância, conceitos, práticas e cuidados relacionados à instalação e manutenção de pomares, além de práticas de colheita e beneficiamento de frutas e outras práticas agrícolas. No momento em que o país promove incentivos a ações sociais voltadas para a melhoria da qualidade alimentar da população, através dos programas do governo federal, o grupo PET Agronomia acredita que esta iniciativa irá contribuir, também, com a melhoria do curso de graduação do Centro de Ciência e Tecnologia Agroalimentar da Universidade Federal de Campina Grande.

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Sumário CAP. 1 - INTRODUÇÃO À FRUTICULTURA .................................................................. 11 1. DEFINIÇÃO ............................................................................................................. 11 2. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA .............................................................. 11 2.1.Importância econômica .......................................................................................... 11 2.2. Importância social ............................................................................................. 18 2.3. Importância nutricional ................................................................................... 18 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................... 20 CAP. 2 – PROPAGAÇÃO DE FRUTÍFERAS E PRODUÇÃO DE MUDAS .................... 23 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 23 2.

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA .................................................................... 24

2.1. Estaquia ................................................................................................................ 24 2.1.1. Técnicas de estaquia ......................................................................................... 37 2.2. Enxertia .............................................................................................................. 40 2.2.1.Finalidades da enxertia ....................................................................................... 41 2.2.2.Fatores que afetam o pegamento do enxerto ..................................................... 43 2.2.2.1. Incompatibilidade .......................................................................................... 43 2.3. Condições ambientais ....................................................................................... 44 2.4. Outros fatores importantes .............................................................................. 44 3. EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS ..................................................................... 46 4. PROCESSOS DE ENXERTIA ............................................................................... 47 4.1. Borbulhia .............................................................................................................. 47 4.2. Garfagem ........................................................................................................... 49 5.3 Garfagem em fenda dupla ou inglês complicado ............................................... 50 4.3. Encostia .............................................................................................................. 51 5.MERGULHIA ........................................................................................................... 52 5.1.Tipos de mergulhia ................................................................................................. 53 5.1.1. Mergulhia no sol ................................................................................................ 53 5.1.2. Mergulhia aérea ................................................................................................ 54 6.

Estruturas especializadas ................................................................................. 55

7. MICROPROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS .................................... 57 8. VIVEIROS PARA PROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS ................. 60 PET - Agronomia UFCG

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8.1. TIPOS DE VIVEIROS ........................................................................................ 61 9. PREPARO DA ÁREA ............................................................................................. 63 9.1. Viveiro de raiz nua .............................................................................................. 63 9.2. Viveiro em recipientes ...................................................................................... 63 10.CAPACIDADE E EXTENSÃO .............................................................................. 63 10.1. Espécie e espaçamento ...................................................................................... 64 11.INSTALAÇÕES ....................................................................................................... 64 12.QUEBRA-VENTOS ................................................................................................ 65 13.RECIPIENTES ........................................................................................................ 66 13.1. Funções dos recipientes ..................................................................................... 66 13.2. Tipos de recipientes........................................................................................... 67 14.SUBSTRATOS ......................................................................................................... 68 14.1. Características físicas ........................................................................................ 68 14.2. Características químicas .................................................................................. 70 15.IRRIGAÇÃO............................................................................................................ 71 15.1. Tipos de irrigação .............................................................................................. 71 16.TRATOS CULTURAIS .......................................................................................... 72 16.1. Transplante ........................................................................................................ 72 16.2. Tratamento da muda, embalagem e classificação .......................................... 72 16.3. Viveirista ............................................................................................................ 73 17.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 73 CAP. 3 – PLANEJAMENTO E INSTALAÇÃO DE POMARES ....................................... 77 1. LOCAL PARA O CULTIVO DE FRUTÍFERAS ................................................ 78 2. Planejamento ............................................................................................................ 79 2.1. Requisitos básicos.............................................................................................. 79 3. INSTALANDO O POMAR ..................................................................................... 80 4. ARAÇÃO E GRADAGEM ..................................................................................... 80 5. INSTALAÇÃO DE QUEBRA-VENTOS .............................................................. 81 6. ESCOLHA DE ESPÉCIES ADAPTADAS ........................................................... 82 7. COLETA DE SOLO ................................................................................................ 82 8. ROTAÇÃO DE CULTURA OU REPLANTIO .................................................... 83 9. Mão-de-obra ............................................................................................................. 83 PET - Agronomia UFCG

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10.Abertura das covas e sulcos de plantio .................................................................. 84 11.DENSIDADE DO POMAR ..................................................................................... 87 12. CUIDADOS PÓS-PLANTIO ................................................................................. 89 12.1. Condução do pomar .......................................................................................... 89 13.ADUBAÇÃO EM FRUTEIRAS ............................................................................. 90 13.1.Análise do solo ....................................................................................................... 91 14.MANEJO DA ADUBAÇÃO EM FRUTÍFERAS ................................................. 91 15.ADUBAÇÃO DE FUNDAÇÃO E ADUBAÇÃO DE COBERTURA ................. 92 16.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 94 CAP. 4 – IRRIGAÇÃO EM FRUTEIRAS ........................................................................... 98 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 98 2. MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO ................................................................................ 99 2.2. Irrigação localizada ............................................................................................ 99 2.1. Irrigação por aspersão .................................................................................... 100 2.2. Fatores que afetam a escolha do sistema de irrigação ................................. 101 CAP. 5 – PODA EM FRUTEIRAS .................................................................................... 103 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 103 2. IMPORTÂNCIA DA PODA ................................................................................. 103 3. OBJETIVO DA PODA .......................................................................................... 104 4. FISIOLOGIA DA PODA ...................................................................................... 104 5. HÁBITOS DE FRUTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES FRUTÍFERAS 105 6. TIPOS DE PODAS ................................................................................................ 106 6.1. Poda de formação .............................................................................................. 106 6.2. Poda de frutificação ........................................................................................ 107 6.3. Poda de rejuvenescimento .............................................................................. 107 6.4. Poda de limpeza ............................................................................................... 107 7. SISTEMAS DE CONDUÇÃO DE PLANTAS .................................................... 108 8. ÉPOCA DE PODA ................................................................................................. 110 8.1. Poda seca ou hibernal ........................................................................................ 110 8.2. Poda verde ou de verão ................................................................................... 110 PET - Agronomia UFCG

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8.3. Poda de outono ................................................................................................ 111 9. INTENSIDADE DE PODA ................................................................................... 111 10. INSTRUMENTOS DE PODA ............................................................................. 111 11.PODA NA GOIABEIRA ....................................................................................... 112 12.PODA NO MARACUJAZEIRO .......................................................................... 114 13.PODA DA MANGUEIRA ..................................................................................... 115 14.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 118

CAP. 6 - COLHEITA E MANUSEIO PÓS-COLHEITA.................................................. 123 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 123 2. PONTOS CRÍTICOS NO MANUSEIO PÓS-COLHEITA ............................... 124 2.1. DANOS MECÂNICOS ................................................................................... 124 2.2. Danos mecânicos por compressão ................................................................. 124 3. COLHEITA MANUAL ......................................................................................... 125 3.1. Colheita mecanizada ....................................................................................... 126 4. ÍNDICE DE MATURIDADE................................................................................ 128 4.1. Métodos de observação prática ...................................................................... 128 5. AVALIAÇÃO DA MATURIDADE ..................................................................... 128 5.1.Métodos Subjetivos ............................................................................................... 128 5.2. Métodos objetivos ............................................................................................ 129 6. AVALIAÇÃO DA MATURIDADE ..................................................................... 130 7. COLHEITA E PÓS-COLHEITA DO MELÃO.................................................. 132 8. OPERAÇÕES NO GALPÃO DE EMBALAGEM ............................................. 136 9. MANGA .................................................................................................................. 138 10.COLHEITA E PÓS-COLHEITA DA GOIABA ................................................ 143 10.4. MANEJO PÓS-COLHEITA.......................................................................... 146 10.5. EMBALAGEM ............................................................................................... 149 10.6. ROTULAGEM ................................................................................................ 150 10.7. ARMAZENAMENTO .................................................................................... 150 11.CAJU ....................................................................................................................... 151 12.REFRERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 152 CAP. 13 – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS ...................................................... 156 PET - Agronomia UFCG

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1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 156 2. DEFINIÇÃO ........................................................................................................... 157 3. SITUAÇÃO ATUAL DO SISTEMA DO SISTEMA DE PRODUÇÃO INTREGRADA DE FRUTAS NO BRASIL............................................................. 157 4. DESAFIOS.............................................................................................................. 159 5. NORMAS TÉCNICAS PARA A PRODUÇÃO INTEGRADA ......................... 160 6. VANTAGENS DA PRODUÇÃO INTEGRADA ................................................ 160 7. CERTIFICAÇÃO .................................................................................................. 161 8. ANÁLISE COMPARATIVA DOS SISTEMAS PRODUÇÃO INTEGRADA, CONVENCIONAL E ORGÂNICO .......................................................................... 161 9. PRODUÇÃO INTEGRADA E A INDÚSTRIA .................................................. 162 10.QUALIDADE DOS PRODUTOS ........................................................................ 162 11. RASTREABILIDADE ......................................................................................... 163 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 164 CAP. 8 – BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS ....................................................................... 168 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 168 2. FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NA QUALIDADE DO PRODUTO NA COLHEITA .......................................................................................................... 168 3. PRÁTICAS SANITÁRIAS NO CAMPO ............................................................ 169 3.1. Manejo sanitário ............................................................................................. 169 3.2. Agravantes ....................................................................................................... 170 4. OPERAÇÕES NO GALPÃO DE EMBALAGEM ............................................. 172 4.1. Recepção e pesagem ........................................................................................ 172 4.2. Limpeza e sanitização ..................................................................................... 172 5. EMBALAMENTO ................................................................................................. 175 6. PRÁTICAS SANITÁRIAS PARA EMBALADORES ....................................... 177 7. TRANSPORTE ...................................................................................................... 179 8. SAÚDE E HIGIENE DOS TRABALHADORES ............................................... 180 9. TREINAMENTO ................................................................................................... 181 10.RASTREAMENTO ............................................................................................... 182 11.CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 183 12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 183 PET - Agronomia UFCG

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CAP. 1 – INTRODUÇÃO A FRUTICULTURA

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CAP. 1 - INTRODUÇÃO À FRUTICULTURA 1. DEFINIÇÃO A fruticultura pode ser conceituada como sendo o conjunto de técnicas e práticas aplicadas adequadamente com o objetivo de explorar plantas que produzam frutas comestíveis, comercialmente (FACHINELLO, 2008). A fruticultura é um ramo da agricultura convencional e difere da mesma por necessitar do tratamento individual de cada planta. Enquanto na agricultura, as plantas recebem um tratamento coletivo, isto é, semeia-se e colhe-se como um todo, na fruticultura, para chegar à colheita, além da semeadura, são necessárias operações como: repicagem, transplante, enxertia, condução, poda desbaste, controle fitossanitário e colheita individual, isto é, fruto a fruto, conservação e embalagem (SIMAO, 1998).

2. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA 2.1.

Importância econômica

A produção mundial de frutas e vegetais tem tido grande avanço nos últimos anos. Só na última década a produção demonstra crescimento a um ritmo anual da ordem de 3 % (três por centos ano-1). Em 2011, quase 640 milhões de toneladas de frutas foram coletadas em todo o mundo. O crescimento da produção mundial foi em grande parte impulsionado pela expansão da área na Ásia, especialmente a China, que emergiu como o maior produtor de frutas do mundo, responsável por 20 % da produção mundial. Altas taxas de crescimento de frutas também foram registradas em regiões de deficiência alimentar e de baixa renda como a África Subsaariana e no Sul da Ásia. A produção frutícola promove altos rendimentos por unidade de terra (kg.ha-1), assegurando perspectivas promissoras de receita, especialmente para pequenos agricultores, sobretudo em áreas onde o valor da terra é alto e a quantidade, escassa. Ademais, a fruticultura pode contribuir para a redução da pobreza, fornecendo oportunidades de postos de trabalho (FAO, 2013). A importância econômica da fruticultura no mundo pode ser verificada nas figuras abaixo (1 e 2).

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Figura 1: Países produtores de frutas, excluindo o melão (milhões de toneladas, em 2010).

Fonte: FAO, Statistics Division (FAOSTAT), 2013.

Figura 2: Produção per capita de frutas, excluindo o melão (2000 - 2010).

Fonte: FAO, Statistics Division (FAOSTAT), 2013.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO, em 2012, o Brasil se destaca entres os grandes produtores mundiais de frutas (excluindo o melão), ocupando a terceira posição do ranking, com 38,3 milhões de PET - Agronomia UFCG

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toneladas produzidas por ano, o que representa 6 % da produção mundial, ficando atrás da China que produz 139,6 milhões de toneladas e da Índia com produção anual de 71 milhões de toneladas. Considerando dados do IBGE de 2012 (Tabela 1), o Brasil produz anualmente (incluindo-se melão) cerca de 40,9 milhões de toneladas de frutas. Da figura 2, constata-se que os continentes América, Oceania e Europa experimentaram ligeira queda da produção per capita (kg/pessoa) entre os anos de 2000 a 2010, enquanto a produção de frutas nos continentes africano e asiático, bem como no mundo, apresentou suave aumento no mesmo período. No Brasil, a fruticultura é praticada em todas as regiões, desde o clima mais temperado da região Sul até o Semiárido Nordestino. A cadeia produtiva da fruticultura brasileira é responsável por boa parte das exportações comerciais, contribuindo para promoção de postos de trabalho e divisas ao país. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) revelam que, em 2013, o volume brasileiro de exportações foi de 778 mil toneladas de frutas (incluindo nozes e castanhas), gerando um montante de mais de 800 milhões de dólares. Observando a evolução das exportações brasileiras de frutas entre os anos de 2003 e 2013, nota-se que a partir do ano de 2008 houve uma queda do volume exportado (Gráfico 1). Essa queda foi decorrente da eclosão da grave crise econômica que atingiu o comércio mundial e persistiu até 2011, onde é possível observar uma discreta elevação das exportações neste e em anos que seguem, reflexo de uma lenta recuperação da economia global. Quadro 1: Exportações de frutas no Brasil – 2012 e 2013. 2012 Produtos

Valor (US$ Quantidade milhões) (mil toneladas)

2013

Valor (US$ Quantidade (mil milhões) toneladas)

Frutas (inclui nozes e

910

765

878

778

582

595

621

611

castanhas) Frutas frescas e secas

Fonte: AgroStat Brasil, a partir de dados da SECEX/MDIC.

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Figua 3:. Evolução da receita e quantidade de frutas exportadas do Brasil – 2003/2013. Exportações brasileiras de frutas (inclui nozes e castanhas) 1.100.000 1.000.000 900.000 800.000

Mil US$

700.000

Toneladas

600.000 500.000 400.000 300.000 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte: AgroStat Brasil, a partir de dados da SECEX/MDIC.

Segundo recentes dados do IBGE (Tabela 1), no Brasil a laranja lidera o ranking de produção anual nacional (18.012.560 ton.), sendo seguida pela produção de banana (6.902.184 ton.) e melancia (2.079.547 ton.). A citricultura é desenvolvida principalmente no estado de São Paulo, que produziu em 2012, mais de 13 milhões de toneladas da fruta. Analisando-se a produção na região semiárida do Nordeste (Tabela 2), a posição de destaque é ocupada pela banana, como principal frutífera cultivada (1.279.937 ton. ano-1), acompanhada da mangicultura (714.184 ton. ano-1) e do melão (545.027 ton. ano-1). Nesta região a fruticultura é fortemente desenvolvida nos perímetros irrigados, a exemplo da Chapada do Apodi (RN), Várzeas de Sousa (PB), Tabuleiro de Russas (CE), Vale do São Francisco (PE e BA) e Vale do Açu (RN), onde se produz frutas de excelência, que ganham cada vez mais o mercado internacional. Abaixo, estão relacionados os dados que dimensionam a cadeia produtiva da fruticultura a nível nacional, regional e local.

Tabela 1 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das principais frutas no Brasil – 2012. Cultura

Área colhida (Hectares)

Abacate

9.568

Quantidade produzida (Toneladas) 159.903

Abacaxi*

65.502

1.697.734

Valor da produção (Mil Reais) 123.057 1.727.858

Rendimento (kg/ha) 16.712,27 25.918,81

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Banana (cacho)

481.116

6.902.184

4.396.349

14.346,20

Cacau

684.333

253.211

1.234.157

370,01

Caqui

8.170

158.241

211.885

19.368,54

Castanha de caju

756.846

80.630

110.743

106,53

Coco-da-baía*

257.742

1.954.354

897.678

7.582,60

Goiaba

15.171

345.332

331.877

22.762,64

Laranja

729.583

18.012.560

4.595.830

24.688,84

Limão

47.349

1.208.275

553.080

25.518,49

Maça

38.688

1.339.771

969.760

34.630,14

Mamão

31.310

1.517.696

1.165.886

48.473,20

Manga

73.310

1.175.735

660.159

16.037,85

Maracujá

57.848

776.097

857.595

13.416,14

Melancia

94.612

2.079.547

998.206

21.979,74

Melão

22.789

575.386

475.676

25.248,41

1.668

21.990

28.964

13.183,45

Pêssego

19.155

232.987

293.858

12.163,25

Tangerina

51.841

959.672

566.374

18.511,83

Uva

82.063

1.514.768

2.042.870

18.458,60

3.528.664

40.966.073

22.241.862

Pera

TOTAL

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.) (*) Quantidade produzida (Mil frutos)

Tabela 2 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das principais frutas no Semiárido Nordestino do Brasil – 2012.

464

Quantidade produzida (Toneladas) 2.555

Valor da produção (Mil Reais) 2.107

9.245

229.635

209.799

24.838,83

102.812

1.279.937

738.510

12.449,30

Cacau

35.286

10.736

52.871

304,26

Caqui

8

32

26

4.000,00

493.852

49.255

70.181

99,74

34.038

337.525

146.590

9.916,12

Cultura

Área colhida (Hectares)

Abacate Abacaxi* Banana (cacho)

Castanha de caju Coco-da-baía*

Rendimento (kg/ha) 5.506,47

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FRUTICULTURA GERAL

Goiaba

6.304

136.623

140.996

21.672,43

Laranja

27.165

364.237

117.564

13.408,32

Limão

2.585

25.916

14.128

10.025,53

45

1.215

1.276

27.000,00

Mamão

6.579

244.801

177.396

37.209,45

Manga

43.527

714.184

391.087

16.407,84

Maracujá

29.887

393.109

412.143

13.153,18

Melancia

22.047

467.855

253.336

21.220,80

Melão

19.778

545.027

438.412

27.557,24

919

6.082

2.864

6.618,06

8.843

279.229

659.466

31.576,28

843.384

5.087.953

3.828.752

Maça

Tangerina Uva TOTAL

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.) (*) Quantidade produzida (Mil frutos)

No estado da Paraíba, as maiores produções de frutas (Tabela 3) são impulsionadas pelo abacaxi (294.640 ton.), banana (141.974 ton.) e coco (57.456 ton.). A banana e abacaxi são cultivados principalmente na microrregião do brejo e litoral norte paraibano, respectivamente. Já a produção de coco é concentrada no perímetro irrigado de São Gonçalo, região de Sousa. O panorama local no município de Pombal – PB revela um discreto desenvolvimento da fruticultura. Dados da produção de 2012 apontam uma área colhida total de apenas 100 hectares, com produção de 1.045 toneladas e receita gerada da ordem de 501 mil reais.

Tabela 3 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das principais frutas no estado da Paraíba – 2012.

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Quantidade produzida (Toneladas) 617

Valor da produção (Mil Reais) 366

9.847

294.640

320.799

29.921,80

Banana (cacho)

12.830

141.974

85.701

11.065,78

Castanha de caju

5.412

818

1.266

151,15

Coco-da-baía*

9.817

57.456

32.122

5.852,70

Cultura

Área colhida (Hectares)

Abacate Abacaxi*

Rendimento (kg/ha) 6.932,58

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FRUTICULTURA GERAL

Goiaba

526

2.866

1.693

5.448,67

Laranja

949

4.393

2.721

4.629,08

Limão

282

1.619

1.150

5.741,13

Mamão

997

43.831

40.755

43.962,89

Manga

1.751

12.199

6.328

6.966,88

Maracujá

670

5.497

8.176

8.204,48

Melancia

206

4.002

1.659

19.427,18

1.726

7.334

4.327

4.249,13

102

1.836

4.399

18.000,00

45.204

579.082

511.462

Tangerina Uva TOTAL

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.) (*) Quantidade produzida (Mil frutos)

Tabela 4 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das principais frutas no município de Pombal, estado da Paraíba – 2012. Quantidade Valor da Rendimento produzida produção (Mil (kg/ha) (Toneladas) Reais) 60 900 430 Banana (cacho) 15.000,00 20 80 37 Coco-da-baía* 4.000,00 5 20 11 Goiaba 4.000,00 15 45 23 Manga 3.000,00 TOTAL 100 1.045 501 Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.) (*) Quantidade produzida (Mil frutos) Cultura

Área colhida (Hectares)

Quadro 2: Ranking dos 10 maiores municípios produtores de frutas (exceto abacaxi e coco da baía) do Brasil – 2012. Município Casa Branca - SP Mogi Guaçu - SP Petrolina - PE Rio Real - BA Itapetininga - SP Itápolis - SP

Quantidade produzida (Toneladas) 724.546 457.607 449.278 432.710 398.087 377.827

Águas de Santa Bárbara - SP

364.100

Brotas - SP Bebedouro - SP

340.829 328.646 PET - Agronomia UFCG

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FRUTICULTURA GERAL

Botucatu - SP

318.240

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.)

2.2. Importância social Atrelado ao importante papel econômico desempenhado pela fruticultura no Brasil existe também um importante papel social, pois gera cerca de 4 milhões de empregos, sendo considerada a atividade que mais emprega no setor agrícola brasileiro (VIEIRA, 2000). O valor da fruticultura é incalculável, já que, tratando-se de cultivo extensivo e intensivo, exige a presença constante do agricultor e ocupa mão-de-obra em grande número (SIMÃO, 1998). A fruticultura é um fator de fixação do homem a terra e possibilita a subdivisão da gleba em pequenas propriedades altamente produtivas. Eleva o padrão de vida do lavrador, dos operários, e sua função estende-se além dos campos, ao integrar milhares de braços na comercialização, distribuição, venda e industrialização dos produtos (SIMÃO, 1998). De acordo com Buainain e Batalha (2007), cada hectare ocupado com fruticultura emprega diretamente cerca de 2 a 5 pessoas ao longo da cadeia produtiva. Esses autores revelam que a manutenção da posição competitiva atual da fruticultura nacional no mercado internacional depende da capacidade do país de enfrentar desafios ligados ao ambiente institucional e à introdução de inovações tecnológicas, tanto na organização, produção como nos segmentos pós-colheita. A fruticultura desempenha um importante papel social na agricultura familiar no Brasil, segundo Lourenzani et al. (2004), a agricultura familiar voltada a fruticultura apresenta grande importância social e econômica, assim como fragilidades e potencialidades. Por um lado, observa-se a capacidade de geração de renda e emprego, além da importante contribuição da agricultura familiar para a produção agropecuária. Por outro, fica claro também que a agricultura familiar ainda é depositária de um grande contingente de pessoas vivendo em condições sociais e de produção extremamente heterogêneas, muitas vezes, formando bolsões de pobreza rural.

2.3. Importância nutricional A nutrição constitui-se no objetivo principal do homem, e a saúde humana, é regulada por uma ingestão equilibrada de alimentos. Estes podem ser divididos em proteínas, carboidratos, lipídeos, sais minerais e vitaminas (SIMÃO, 1998).

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Os elementos minerais reconhecidos como essenciais são comumente divididos entre macroelementos (cálcio, fósforo, potássio, sódio, cloro, magnésio, enxofre) e microelementos (ferro, cobre, cobalto, manganês, zinco, iodo, flúor, molibdênio, selênio, cromo, silício), de acordo com as quantidades maiores ou menores em que são encontrados no organismo humano. A importância de sua inclusão na dieta tem sido amplamente discutida em textos sobre nutrição (SGABIERI, 1987). As frutas desempenham papel importantíssimo na saúde humana, pois, além de elementos energéticos, catalíticos, sais minerais e vitaminas etc., fornecem celulose e água. A celulose constitui o meio mais efetivo para promover o funcionamento normal do organismo, corrigindo preguiça intestinal e a prisão de ventre, tão comuns nos climas quentes (SIMÃO, 1998). O consumo de frutas diário fornece uma quantidade considerável de minerais (potássio, zinco, cálcio, magnésio, cobre, etc.) e de vitaminas especialmente vitamina C. Além disso, as frutas fornecem quantidades relativamente reduzidas de calorias (DIREÇÃO GERAL DE SAÚDE, 2005). Segundo a World Health Organization (2002), o consumo insuficiente de frutas aumenta o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares e alguns tipos de câncer, e entre os 10 fatores de risco que mais causam mortes e doenças em todo o mundo. Tal consumo equivale amenos de 400 g por dia ou cerca de 7% a 8% do valor calórico de uma dieta de 2.200 kcal/dia.

Tabela 5: Valor nutricional de algumas frutas de valor comercial. Frutas

Calorias

Proteínas

Lipídeos

Cálcio

Fósforo

Ferro

(100 g)

(K/cal)

(g)

(g)

(mg)

(mg)

(mg)

Abacate

162

1,8

16

13

47

0,7

Abacaxi

52

0,4

0,2

18

8

0,5

247

3,8

12,2

118

0,5

11,8

Banana

89

1,3

0,3

15

26

0,2

Cacau

562

21,8

52,1

120

72

3

46

0,8

0,2

56

67

0,3

Açaí

Cajá

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Caju

36,5

0,8

0,2

50

18

1

72

1,7

1,6

23

26

2,6

42,5

0,9

0,1

17

30

0,7

60

1,1

0,4

24

28

0,5

Laranja

45,5

0,6

0,4

45

21

0,2

Maçã

63,2

0,4

0,5

7

12

0,3

Mamão

68

0,2

1

21

26

0,8

Manga

64,3

0,4

0,3

21

17

0,78

Mangaba

47,5

0,7

0,3

41

18

2,8

Maracujá

90

2,2

0,7

13

17

1,6

Melancia

31

0,5

0,2

7

12

0,23

29,9

0,84

0,13

17

0,16

0,4

Morango

39

1

0,6

22

22

0,9

Umbu

44

0,6

0,4

20

14

2

Uva

78

1,4

1,4

19

35

0,7

Cupuaçu Goiaba Graviola

Melão

Fonte: www.diariodeumadietista.com

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Estatísticas e Dados Básicos de Economia Agrícola. Brasília: MAPA, 2014. Disponível

em:

<http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/Pasta%20de%20Abril%20%202014.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2014.

BUAINAIN, A. M.; BATALHA, M. O. Cadeia Produtiva de Frutas. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura. Brasília: IICA: MAPA/SPA, 2007.

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DIREÇÃO GERAL DA SAÚDE. Princípios para uma Alimentação saudável – Frutos, legumes e hortaliças. Lisboa, 2005.

FACHINELLO, J.C.; NACHTIGAL, J. C.; KERSTEN, E. Fruticultura: Fundamentos e Práticas. Pelotas, 2008.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION (FAO). Organization United Nations (ONU). FAO Statistical Yearbook 2013: World food and agriculture. Roma: FAO, 2013. 289 p. Disponível em: <http://www.fao.org/docrep/018/i3107e/i3107e00.htm>. Acesso em: 13 jun. 2014.

LOURENZANI, A. E. B. S.; LOURENZANI, W. L.; BATALHA, M. O.

Barreiras e

Oportunidades na Comercialização de Plantas Medicinais provenientes da Agricultura Familiar. Informações Econômicas, São Paulo, v.34, n.3, 2004.

SGABIERI, W. C. Alimentação e nutrição: Fator de saúde e desenvolvimento. Campinas/São Paulo: Unicamp/Almed, 1987.

SIMÃO, S. Tratado de fruticultura. Piracicaba: FEALQ, 1998, 757p.

VIEIRA, F.C. Panorama da fruticultura brasileira. Revista Preços Agrícolas, 2000.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. The world report 2002: reducing risks, promoting healthy life. Geneva: World Health Organization, 2002.

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CAP. 2 – PROPAGAÇÃO DE FRUTÍFERAS E PRODUÇÃO DE MUDAS

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CAP. 2 – PROPAGAÇÃO DE FRUTÍFERAS E PRODUÇÃO DE MUDAS 1. INTRODUÇÃO A propagação vegetativa ou assexuada é um processo de reprodução onde não ocorre a fusão de gametas, deferindo da propagação sexuada, baseando-se na multiplicação e regeneração de partes da planta matriz. A propagação vegetativa é um processo de multiplicação e regeneração de partes da planta-mãe, ocorrendo por processos de divisão e diferenciação celular, baseando-se no princípio de que todas ás células vegetais contém informação genética para a regeneração da planta, a partir de qualquer órgão, processo denominado totipotência (SASSO, 2009). Enquanto que a propagação sexuada ou por sementes, é o principal mecanismo de multiplicação das plantas superiores e de, praticamente, todos os angiospermas. É o processo onde ocorre a fusão dos gametas masculinos e femininos para formar uma só célula, denominada zigoto, no interior do ovário, após a polinização. Esses gametas podem ser provenientes de uma mesma flor, ou de flores diferentes de uma mesma planta (autopolinização) ou, ainda, de flores pertencentes a plantas diferentes (polinização cruzada). A população proveniente da reprodução sexuada apresenta variabilidade genética, devido à segregação e à recombinação de genes (FACHINELLO; HOFFMANN; NACHTIGAL, 2015). Uma característica marcante sobre as sementes é a mono ou a poliembrionia, geralmente observada nas sementes de manga, como se pode observar na figura 1 (SANTOS; PINHEIRO, 2015).

Figura 1. Semente de manga mono (à esquerda) e poliembriônica (à direita).

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Esse tipo de semente resulta em plântulas “anormais”, como se pode observar na figura 2 (SANTOS; PINHEIRO, 2015).

Figura 2: Plântulas de manga monoembriônica (à esquerda) e poliembriônica (à direita).

2. PROPAGAÇÃO VEGETATIVA 2.1. Estaquia A estaquia e um processo de propagação assexuada, onde ocorre a indução do enraizamento adventício em segmentos destacado da planta matriz (planta mãe), que quando condicionado a condições ambientais favoráveis dar-se origem a uma nova planta. A estaquia é um processo simples, podendo ser utilizada para obtenção de porta-enxertos ou as próprias mudas, entretanto, impossibilita a capacidade deformação de raízes das espécies ou cultivares utilizadas (FACHINELO, NACHTIGAK e KERSTEN, 2008). Estaquia é o termo utilizado para a propagação por meio de estacas, utilizando qualquer parte da planta (ramos, raízes ou folhas), que quando colocadas em meio adequado são capazes de formar raízes adventícias e dar origem a uma nova planta (EMBRAPA, 2010). O princípio do método de estaquia baseia-se na regeneração de partes da planta, podendo ser utilizadas ramos, raízes, caules e até mesmo fascículos.

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i. Ciclo de propagação das plantas As fases de propagação e enraizamento adventício nas plantas se dá por meio do processo de desdiferenciação, onde as células diferenciadas não-meristemáticas reassumem a divisão celular e forma novos meristemas; a formação das raízes iniciais: formação de estruturas morfogênicas nas células diferenciadas; o desenvolvimento

dos primórdios

radiculares: são estruturas morfogênicas que se desenvolvem em primórdios radiculares, visualmente, perceptíveis; e o crescimento e emergência radicular: onde ocorre formação radical suficiente para proporcionar a sustentação da nova planta. Esse processo é representado esquematicamente na figura 3.

Figura 3. Ciclo de propagação das plantas (Fonte: XAVIER, WENDING, SILVA, 2009).

 Vantagens da propagação: 

Obtenção de muitas mudas originária de uma única planta – mãe;

Técnica de baixo custo e fácil de ser realizada;

Não ocorre problemas com incompatibilidade como no caso de enxertia;

As plantas originadas de um porta-enxerto possuem maior uniformidade.

 Desvantagens: 

Maior risco de contaminação, ao utilizar partes da planta infectada;

As mudas obtidas possuem menor longevidade;

Sistema radicular fasciculado;

Poe se tornar inviável: algumas espécies podem apresentar baixo potencial de enraizamento.

b. Aplicações da enxertia A enxertia pode ser utilizada em diversas aplicações, como: 

Multiplicação de variedades ou espécies com a aptidão para emitir raízes adventícias; PET - Agronomia UFCG

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Na produção de porta enxertos;

Perpetuação de espécies oriundas do melhoramento genético de plantas.

c. Classificação das estacas As estacas podem ser classificadas de acordo com vários critérios, mas o mais utilizado é o critério é a classificação quanto à época, em que são divididas, com o seu estágio de desenvolvimento, em estacas herbáceas, semilenhosas e lenhosas. a) Estacas herbáceas: essas estacas são obtidas geralmente no período de crescimento vegetativo (primavera/verão), período esse que os tecidos apresentam uma alta atividade meristemática e um baixo grau de lignificação. As estacas herbáceas apresentam alto potencial de regeneração, em contrapartida estas apresentam baixa tolerância a desidratação. Normalmente essas estacas são colhidas nos ápices da planta matriz, contendo de um a dois pares de folhas. O tamanho das estacas varia de 10 à 20 cm de comprimento e são frágeis sendo necessários cuidados especiais. As estacas necessitam de um substrato poroso, com boa drenagem e devem ser cultivadas em locais com alta umidade, sendo necessário controle da temperatura e irrigação por nebulização em casa de vegetação ou estufa, a fim de proporcionar as condições adequadas para a sobrevivência e o enraizamento das estacas. As estacas de espécies que apresentam folhas grandes, estas devem ser cortadas ao meio com objetivo de evitar as perdas de água e facilitar o manejo. As estacas levam de três a cinco semanas para enraizarem, após esse período deve ser feito a repicagem e muda-las para um ambiente com menor umidade. b) Estacas semilenhosas: são consideradas intermediárias, ou seja, entre herbáceas e lenhosas. Essas estacas são obtidas no período final do verão e inicio do outono, elas diferem da herbácea por apresentarem um maior grau de lignificação e com um grau menor que as lenhosas. O tamanho das estacas varia de acordo com a espécie, variando de 7,5 à 15 cm de comprimento. Os cuidados a serem tomados com as estacas são principalmente com a desidratação, por isso deve-se utilizar irrigação por nebulização intermitente, evitando o murchamento e a queda das estacas. c) Estacas lenhosas: essas estacas são obtidas no período de dormência (inverno). As estacas lenhosas apresentam alto grau de lignificação e maior taxa de regeneração potencial. Não é necessário cuidados e estruturas especiais, como nebulização e casa PET - Agronomia UFCG

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de vegetação, podendo ser cultivadas no próprio viveiro. O tamanho das estacas varia de 20 à 30 cm de comprimento e com diâmetro de 1,5 à 2,5 cm, devendo ser cultivadas em substrato à base de solo e requerem irrigação controlada. As estacas levam de 5 à 10 semanas para enraizarem, por isso devem ficar do plantio até a formação completa da muda no substrato, este estando devidamente nutrido. d) Estacas de raiz: em algumas espécies possuem grandes dificuldades para enraizarem por estacas, possuindo alto potencial de enraizamento e brotações por meio das estacas do tipo raiz. A melhor idade para colher as estacas é quando a planta matriz estiver com três a quatro anos. A época ideal para retirar as estacas é no fim do inverno e início da primavera, período em que as raízes estarão com maiores reservas, como pode-se observar na figura 3. O tamanho das estacas de raiz varia de 6 à 15 cm, sendo colocados no sentido horizontal no leito contendo substrato, onde enraízam e brotam, dando origem a uma nova planta.

Figura 3. Morfologia da raiz e armazenamento de reservas.

i. Lesão na base da estaca A lesão que deve ser realizada na base da estaca (local que será enterrado) serve para estimular a formação de raízes e pode ser feita apenas retirando uma parta da “casca” da estaca, como se pode observar na figura 4.

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Figura 4. Lesão na base de estacas de figueira e de goiabeira (à esquerda e à direita, lenhosa e semilenhosa, respectivamente).

d. Anelamento A prática de anelamento consiste na retirada de um anel de casca da estaca a ser propagada ou por meio do estrangulamento com um fio de cobre. Isso permite que a seiva elaborada não retorne às raízes, fazendo com que ela seja produzida no local do anelamento (FACHINELLO; LUCCHESI; GUTIRREZ, 1988).

Figura 5. Anelamento por estrangulamento

e. Dobramento dos ramos Esta técnica de condicionamento consiste na dobra manual dos ramos durante a estação de crescimento. Estes ramos ficam presos à planta por uma porção de lenho e casca até a época de utilização das estacas lenhosas (inverno) como se pode observar na figura 6. Este tipo de injúria provoca um aumento da relação C/N e a formação de um tecido pouco diferenciado, resultante da cicatrização, na região da dobra, com aumento da capacidade de emissão de raízes.

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Figura 6. Processo de dobra de ramos para obtenção de estacas de pessegueiro.

f. Nebulização na produção de mudas A nebulização pode ser instalada em telados, estufas plásticas ou mesmo no ambiente externo. O ambiente protegido é o mais adequado para esta técnica, uma vez que permite uma aplicação controlada da água, além de evitar o efeito do vento sobre a irrigação (figura 7).

Figura 7. Nebulização de mudas em ambiente protegido

O controle dos intervalos de acionamento do sistema de nebulização pode ser efetuado através de alguns mecanismos, tais como a folha úmida, na qual há uma superfície de tela, que simula a superfície de uma folha. Quando esta superfície perde água a um nível préestabelecido, é acionado o mecanismo da nebulização.

g. Princípios anatômicos do enraizamento No momento em que se prepara uma estaca, esta consiste de uma ou mais gemas e de uma porção de tecido diferenciado, onde o sistema radicular ainda não está formado. As PET - Agronomia UFCG

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raízes a serem formadas na estaca serão resultado do traumatismo produzido pelo corte, diante disso exista dois aspectos fundamentais para o enraizamento das estacas: a) Diferenciação: é a capacidade das células maduras retornarem as condições meristemáticas e desenvolverem um novo ponto de crescimento. b) Totipotência: é a informação genética que cada célula possui para a reconstrução de uma planta e as suas funções, portanto, as células da planta são responsáveis por conter todas as informações genéticas necessárias para que ocorra a perpetuação das espécies. No momento do preparo das estacas ocorre uma lesão nos tecidos, tanto nas células do xilema quanto do floema, causada pelo corte. O traumatismo causado pelo corte é seguido de uma cicatrização, ocorrendo a formação de uma camada de suberina reduzindo a desidratação da área danificada. Na região danificada ocorre a formação de uma massa de células parenquimatosas, constituindo um tecido pouco diferenciado, desorganizado e em diferentes etapas de lignificação, chamado de calo. O calo é um tecido cicatricial que pode surgir a partir do câmbio vascular, córtex ou da medula, dando início ao processo de regeneração. As células que se tornaram meristemas dando origem aos primórdios radiculares. Logo após as células adjacentes ao câmbio e ao floema iniciam a formação das raízes adventícias. A formação das raízes adventícias ocorre em duas fases, a primeira fase é de iniciação, onde ocorre a divisão celular, e em seguida uma segunda fase em que ocorre a diferenciação das células em um primórdio radicular, resultando no crescimento da raiz adventícia. O processo de iniciação das raízes ocorre basicamente, seguidas de quatro etapas de modificações morfológicas: 

Diferenciação de algumas células adultas;

Formação de iniciais de raízes próximos aos feixes vasculares;

Formação de primórdios radiculares;

Desenvolvimento dos primórdios e emergência, através do córtex e da epiderme da estaca, das raízes adventícias, acompanhado da sua conexão com sistema vascular da estaca.

h. Princípios fisiológicos do enraizamento A capacidade de uma estaca emitir raízes está relacionada a fatores endógenos e as condições ambientais proporcionadas ao enraizamento. Para se obter sucesso na produção de mudas deve ter conhecimento sobre esses princípios, além disso os estudos desses aspectos auxiliam na caracterização de uma espécie sendo fácil ou difícil o enraizamento. Tem sido PET - Agronomia UFCG

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observado que na formação de raízes adventícias vários fatores desempenham papel fundamental, entre eles os reguladores de crescimento:  Auxinas As auxinas que são hormônios que desempenham maior papel na formação das raízes em estacas. O AIA (ácido indolilacético) foi identificado em 1934, constituído na auxina ocorrendo comumente em plantas, onde suas primeiras utilizações foi promover o enraizamento de segmentos de plantas. Posteriormente, outras substâncias de origem exógena, como AIB (ácido indolbutírico) e ANA (ácido naftalenacético), mostraram-se mais eficientes que o próprio AIA na promoção do enraizamento de estacas, mesmo estes sendo de origem exógena. A auxina é sintetizada nas gemas apicais e folhas novas e translocada para a base da planta por um transporte polar. As raízes também produzem auxinas, mas não ocorre o acumulo de auxinas nas raízes, devido a grande quantidade de substâncias inativadoras de auxina nesta parte da planta. O aumento da concentração de auxina exógena na aplicação nas estacas, estimula as raízes até um valor máximo, onde o acréscimo de auxina atua como inibidor. Com a aplicação da auxina, ocorre um aumento na concentração da base da estaca, e se os requerimentos fisiológicos estiverem em condições satisfatórias ocorre a formação do calo, resultante do ativamento das células do câmbio e das raízes adventícias.  Giberelina A giberelina é um hormônio que aumenta o tamanho do caule, onde a mais importante encontrada na natureza é o AG3 (ácido giberélico). As giberelinas podem atuar inibindo o enraizamento se estiver em uma concentração alta, isso pode ocorrer devido a interferência na regulação da síntese de ácido nucléico. Por outro lado alguns inibidores da giberelina, como SADH (ácido succínico 2,2-dimetilhidrazida) ácido abscísico e paclobutrazol, mostram efeitos benéficos ao enraizamento de estacas.  Citocininas A citocinina é um hormônio que atua como estimulador da divisão celular, caso esteja presente a auxina, sendo assim, atuando na formação de calos e na iniciação de gemas. Entretanto espécies com altas concentrações de citocininas imprimem um efeito de difícil enraizamento do que aquelas com concentrações menores. A relação citocinina/auxina em baixas estimula a formação de primórdios foliares, ao passo que uma relação elevada proporciona a formação das raízes. PET - Agronomia UFCG

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 Ácido abscísico O ácido abscísico é um hormônio que ainda está sendo estudado com relação ao seu efeito no enraizamento, mas a princípio ele atua como inibidor do crescimento das raízes adventícias.  Etileno O etileno em baixas concentrações próximas a 10 ppm estimula a formação e o desenvolvimento das raízes, isso pode ocorrer através da interação com a auxina onde o etileno sintetizado quando com a aplicação de auxina explica esse efeito de enraizamento das estacas. O etileno é o hormônio mais dependente entra as interações complexas do que a concentração simples do regulador. Outras substâncias de ocorrência natural atuam no sinergismo com a auxina, sendo necessária para que ocorra o enraizamento, substâncias essas denominadas cofatores do enraizamento. Esses cofatores são sintetizados em gemas e folhas jovens e em maiores concentrações em estacas originadas de plantas jovens, sendo transportados pelo xilema e floema. Devido a isso em algumas espécies deve-se manter as folhas e gemas vegetativas, esses órgãos vão atuar como um laboratório na produção de reguladores de crescimento e nutrientes. As folhas são importantes para a formação das raízes, pois esta atua na síntese de carboidratos. Inicialmente Bouillenne e Went em 1933 adotaram o termo “rizocalina”, que englobava o conjunto de substâncias, além dos reguladores de crescimento que atuam no estimulo do enraizamento, muitas ainda não são conhecidas totalmente. Em 1955 propuseram que a rizocalina era um complexo constituída por três componentes: a) Um orto-dihidroxifenol, atuando como fator específico transporta a partir das folhas; b) A auxina, considerado um fator não específico; c) Uma enzima especifica do tipo polifenoxidase, encontrada em alguns tecidos, com periciclo, floema e câmbio. As reações entre esses três componentes dão origem a rizocalina. i. Fatores que afetam a formação das raízes O conhecimento sobre os fatores que afetam o enraizamento das estacas é de grande importância, para que possa explicar-se por que uma espécie possui facilidade ou ou dificuldade para enraizar, como também, o manejo adequado propicia sucesso na produção de mudas. Esses fatores são classificados em fatores internos e externos:  Fatores internos PET - Agronomia UFCG

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Condição fisiológica da matriz: refere-se ao conjunto das características internas da mesma, tais como o conteúdo de água, condição nutricional, teor de reservas, estado fisiológico, estado fitossanitário, potencial genético e balanço hormonal. As estacas retiradas de uma planta matriz que sofre com déficit hídrico, terão menor capacidade de enraizamento, do que aquelas oriundas de plantas com suprimento de água adequado. A condição nutricional afeta diretamente a capacidade do enraizamento, uma vez que o conteúdo adequado e em equilíbrio de P, K, Ca e Mg, favorecem o enraizamento, o N é um importante componente para a síntese de proteínas e ácidos nucléicos, essenciais para que ocorra o enraizamento, porém, em excesso pode tornar-se prejudicial. Já o Zn atua como ativador do triptofano este percursor da auxina, sendo necessário a sua presença para que ocorra a formação das raízes. Deve-se ter cuidado com teores excessivos, especialmente com o N e Mn na planta matriz, sendo indispensável um manejo adequado da adubação das plantas matrizes que irá fornecer as estacas.  Idade da planta: geralmente as estacas provenientes de plantas mais jovens possuem maior facilidade de enraizamento do que aquelas originadas de plantas mais velhas. Este fator pode estar relacionado com o aumento do conteúdo de inibidores e a diminuição do conteúdo dos cofatores à medida que aumenta a idade da planta.  Tipo de estaca: o tipo adequado de estaca varia de acordo com cada espécie, como a composição química variam ao longo dos ramos, as estacas provenientes do mesmo ramo tendem a diferir quanto a sua capacidade de enraizamento. Assim, em estacas lenhosas, são obtidos melhores resultados quando utiliza-se a porção basal, isso pode ocorrer devido ao acumulo de substâncias de reserva, a um menor teor de N e a inicial presença de raízes pré-formadas nesta região. Já nas estacas lenhosas e herbáceas, ocorre o inverso onde os melhores resultados são obtidos quando se utiliza uma porção mais apical. Podendo ser atribuído a uma maior proximidade com promotores do enraizamento, pela proximidade com os sítios da síntese de auxina, e á menor diferenciação dos tecidos, resultando em uma maior facilidade das células voltarem a se tornar meristemáticas.  Época do ano: a época de ano possui uma estreita ligação com a consistência das estacas, quando coletadas no período de crescimento vegetativo (primavera/verão) as estacas

apresentam-se

mais

herbáceas,

apresentando

maior

capacidade

de

enraizamento em espécies de difícil enraizamento. Já quando as estacas são coletadas PET - Agronomia UFCG

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no inverno possuem um alto grau de lignificação, tornando-se mais dificultoso o seu enraizamento.  Potencial genético de enraizamento: refere-se a potencialidade de uma espécie formar raízes, variando de acordo com cada espécie e/ou cultivar.  Sanidade: a sanidade durante o processo da estaquia é influenciada pelo grau de contaminação do material propagativo, pelo substrato, pela qualidade da água utilizada na irrigação e pelo tratamento fitossanitário que venha ser realizado nesse período. Viroses, fungos e bactérias podem ocasionar a morte das estacas, antes ou após o enraizamento, podendo afetar também a sobrevivência das estacas e a qualidade do sistema radicular da muda.  Balanço hormonal: o equilíbrio entre os regulados de crescimento possui grande influência no enraizamento de estacas. Então é necessário que aja um balanceamento adequado, especialmente entre as auxinas, giberelinass e citocininas. Uma das formas mais comuns para favorecer o balanço hormonal para o enraizamento é a aplicação exógena de reguladores sintéticos, tais como o AIA (ácido indolacético), o ANA (ácido naftalenacético) e o AIA (ácido indolacético), os quais possuem a capacidade de elevar o teor de auxinas nos tecidos.  Oxidação de composto fenólicos: em algumas espécies, especialmente da família Myrtacea, ocorre um forte escurecimento na região de corte das estacas, este proveniente da oxidação de compostos fenólicos. Os diferentes tipos de fenóis ao entrarem em contato com o oxigênio, inicia as reações de oxidação, resultando na produção de produtos tóxicos os tecidos. A minimização das reações de oxidação desses compostos pode ocorrer com a utilização de substâncias oxidantes, tais como o o ácido ascórbico, o PVP (polivinilpirrolidona), o ácido cítrico e o DLECA (dietilditiocarbamato).  Fatores externos  Temperatura: O aumento da temperatura favorece a divisão celular, atuando na formação das raízes, entretanto, especialmente em estacas herbáceas e semilenhosas estimula uma elevada taxa transpiratória, induzindo ao murchamento da estaca. Pode ocorrer também o desenvolvimento de brotações antes que ocorra o enraizamento, aspecto indesejável. Quando busca-se o enraizamento de estacas lenhosas, recomendase manter o substrato aquecido, visando a reduzir a respiração e transpiração na parte exposta ao ar e o favorecimento da divisão celular ne região de formação das raízes. PET - Agronomia UFCG

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Deve-se manter as temperaturas diurnas entre 21 e 26 °C e as noturnas entre 15 e 21°C, sendo consideradas as mais adequadas para o enraizamento.  Luz: a luz desempenha papel importante para o enraizamento, estando relacionada a fotossíntese e degradação de compostos fotolábeis, como as auxinas. A baixa intensidade luminosa na planta matriz antes da coleta das estacas, favorece a formação das raízes, isso ocorre provavelmente pela preservação das auxinas e outras substâncias endógenas. O estiolamento dos ramos de onde serão retiradas as estacas, é uma prática recomendada, especialmente em espécies de difícil enraizamento. É necessário que se mantenha um ambiente escuro na região basal das estacas, região essa onde serão formadas as raízes.  Umidade: para que ocorra a divisão celular, é necessário que as células se mantenha turgidas. O potencial da perda de água nas estacas é muito grande, através das folhas ou brotações em desenvolvimento, especialmente considerando o período em que as raízes não estão formadas. A perda de água é considerada uma das principais causas da morte das estacas. Sendo necessário a prevenção contra o murchamento, especialmente em espécies que exigem um longo período para que ocorra a formação das raízes e nos casos em que as estacas possuem folhas e/ou consistência em herbáceas. É bastante utilizado nebulização imtermitente, permitindo que ocorra a redução da perda de umidade pela formação de uma película de água nas folhas, como também, a redução da temperatura, com a manutenção da atividade fotossintética nas estacas com folhas. A alta umidade favorece ao desenvolvimento de patógenos, sendo necessários cuidados para evitar a ocorrência.  Substrato: o substrato tem a função de sustentar as estacas durante o período de enraizamento, mantendo sua base em um ambiente escuro, úmido e aerado adequadamente. Os efeitos que o substrato exerce sobre o enraizamento e na qualidade das raízes formadas, está relacionado especialmente a porosidade, a qual exerce função no teor de água retido e o seu equilíbrio com a aeração. Podendo ser constituídos de diferentes materiais, como a areia, vermiculita, a cinza de casca de arroz, solo, entre outros. O substrato para ser considero bom deve apresentar as seguintes características: 

proporcionar a retenção do teor de água suficiente para manter as células turgidas prevenir contra o murchamento das estacas;

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permitir uma aeração adequada a base da estaca, de modo que permita a iniciação e o desenvolvimento das raízes;

apresentar uma boa aderência à estaca;

não favorecer à contaminação e ao desenvolvimento de organismos patógenos e saprófitos;

permitir que as estacas sejam removidas com o mínimo de danos as raízes;

é de baixo custo de obtenção e de fácil obtenção;

não conter ou liberar substância que possa exerce efeito fitotóxico ás estacas.

 Condicionamento: em espécies de difícil enraizamento deve-se realizar alguns tratamentos antes de realizar à estaquia, com o objetivo de conseguir bons resultados. Em diversos casos o condicionamento é fundamental para que se possa obter bons resultados no enraizamento das estacas. São exemplos de alguns condicionamentos: 

Tratamento com fitorreguladores: a utilização de fitorreguladores tem como objetivo, aumentar a percentagem de estacas que formam raízes, acelerar sua iniciação, aumentar o número e qualidade das raízes formadas e aumentar aa uniformidade do enraizamento das estacas. Alguns reguladores favorecem ao enraizamento, como as auxinas sintéticas que inibem o desenvolvimento de gemas, e consequentemente dos ramos, exercendo um efeito no balanço hormonal favorecendo o enraizamento. São exemplos de auxinas sintéticas utilizadas o AIA, AIB, ANA e 2,4-D, que visam elevar o conteúdo hormonal nos tecidos da estaca. As citocininas também são utilizadas em tratamentos, atuando no estimulo do desenvolvimento de raízes adventícias, importante em estacas com folhas e de raízes.

Anelamento: consiste na obstrução da casca de um ramo da planta matriz, com a finalidade de bloquear a translocação descendentes de carboidratos, hormônios e cofatores de enraizamento, permitindo que ocorra a acumulação desses composto acima do local onde foi feita a obstrução, região que será a base da futura estaca. Esse acumulo de compostos favorece a formação e o crescimento das raízes, o aumento da quantidade de células parenquimatosas e tecidos menos diferenciados. O anelamento é feito na região basal ou mediana do ramo onde será retirada à estaca, onde realiza-se um corte ou com um anel de arame. O anelamento deve ser realizado no momento em que o comprimento do ramo o permita fazer, durante a fase ativa de crescimento vegetativo, visando assegurar o maior acumulo de compostos.

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Estiolamento: entende-se por estiolamento o crescimento exagerado em altura da planta, quando está com deficiência de luminosidade, o que resulta em brotações alongadas, folhas pequenas e não expandidas e apresentando baixo teor de clorofila. Além disso, são encontrados em tecidos estiolados baixos teores de lignina e altos teores de auxinas endógenas e de outros cofatores do enraizamento, uma vez que esses compostos são sensíveis a incidência de luz, favorecendo o enraizamento.

Dobra de ramos: é uma técnica de condicionamento que consiste em dobrara manualmente os ramos, durante a estação de crescimento. Estes ramos ficam presos a planta por uma porção do lenho e casca até que seja feita a utilização das estacas lenhosas. Esse tipo de injúria provoca um aumento da relação C/N e a formação de um tecido pouco diferenciado, resultado da cicatrização da região onde foi feita a dobra, resultando no aumento da capacidade de enraizamento.

2.1.1. Técnicas de estaquia  Preparo e manejo das estacas Depois de realizada à seleção e coleta das estacas, estas devem ser levadas para um galpão ou estrutura semelhante para que sejam preparadas as estacas. O preparo das estacas pode ser feito com o auxílio de uma tesoura de poda ou com serras elétricas, no caso de estacas lenhosas em grandes quantidades. Feitas as estacas estas devem permanecer embebidas em água até o momento de serem colocadas no substrato. O comprimento e o diâmetro das estacas variam de acordo com o tipo e a espécie, as estacas lenhosas podem ter de 20 à 30 cm de comprimento e um diâmetro de 0,6 á 2,5 cm, já as estacas semilenhosas, em geral, apresentar um comprimento que varia de 7,5 à 15 cm e as estacas herbáceas possuem dimensões que podem ser até menores. Após o preparo, deve-se realizar a separação das estacas de acordo com o tamanho, permitindo uma maior homogeneidade de plantas, facilitando a realização de operações posteriores. Também recomenda-se realizar a identificação dos lotes de estaca por cultivar, de forma que evite a mistura posterior no viveiro. Em estacas lenhosas e herbáceas devem ser mantidas as folhas apicais, em geral 2 ou 3, estas favorecem ao enraizamento, devido a produção de cofatores de enraizamento nas folhas. Nas estacas lenhosas a presença de gemas nas estacas aumenta o enraizamento em diversas espécies. Por outro lado, a presença de folhas nas estacas representa uma superfície transpiratória, onde a perda de água aumenta em condições de elevadas temperaturas. Por isso PET - Agronomia UFCG

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deve ser realizada a nebulização nas estacas folhosas. As folhas que são mantidas na parte superior da estaca podem ser cortadas ao meio, como meio de reduzir a perda de água e facilitar seu manejo. O corte superior da estaca deve ser feito logo acima de uma gema e o corte inferior logo abaixo. Essa recomendação é mais viável com o número baixo de estacas, onde um número grande de estacas torna-se inadequado. É possível realizar o armazenamento de estacas lenhosas durante o inverno, podendo ocorrer a formação de calo ou iniciais de raízes. As estacas podem ser armazenadas em leitos aquecidos ou em substrato umedecido. Em algumas espécies cortes realizados na lateral na base da estaca, favorecem o enraizamento, especialmente em espécies em que o esclerêquima constitui uma barreira física a emissão das raízes. A exposição do câmbio, proporcionados por cortes, podem favorecer ao enraizamento, devido a absorção de substâncias promotoras de enraizamento.  Estaqueamento O plantio das estacas pode ser feito em recipientes (sacos plásticos, vasos, caixa, baldes, etc.), aplicado para as estacas folhosas (semilenhosas e herbáceas), estas que necessitam de alta umidade sobre as folhas. Já as estacas lenhosas podem ser plantadas em estruturas de propagação ou diretamente no viveiro, especialmente em espécies cauducífolias, quando a umidade é propiciada pela chuva ou por irrigações esporádicas. Essa prática é denominada de enviveiramento, destinado principalmente para produção de mudas em larga escala e multiplicação de espécies que possuem facilidade para enraizarem. Neste caso, devese realizar em solos profundos, com boa drenagem e com viabilidade de uso para irrigação. A profundidade de plantio varia de acordo com o tipo de estaca, para estacas de ramos aconselha-se que dois terços sejam enterrados no substrato. Para estacas de raiz é importante mante-las enterradas a uma profundidade de 2,5 à 5 cm, na posição horizontal, de modo a manter sua correta polaridade. Com relação a prevenção de doenças recomenda-se à imersão das estacas em solução fungicida. Para aumentar a sobrevivência das estacas pode fazer a mistura de fungicidas e AIA (ácido indobulrítico). No momento do plantio, é importante que a estaca tenha uma boa aderência ao substrato, uma vez que a presença de grandes espaços porosos pode fazer com que ocorra um aumento na desidratação das estacas.

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 Substrato O substrato é um dos fatores que exerce maior influência no enraizamento, sendo necessário atenção especial na escolha do substrato a ser utilizado. Deve-se levar em consideração no momento da escolha do substrato a espécie que vai ser plantada, observando qual substrato é melhora para determinada espécie, especialmente aquelas que possuem maior dificuldade para enraizamento. Um bom substrato deve ter características desejáveis, como proporcionar retenção de água suficiente, de forma que previna a dessecação da base da estaca e, quando saturado mantenha uma quantidade adequada de espaços porosos para facilitar a entrada de oxigênio, indispensáveis para que se inicie o desenvolvimento radicular e prevenir contra o desenvolvimento de patógenos nas estacas. Deve-se utilizar substratos que não seja inóculos de patógenos saprófitos, evitando assim que ocorra infecção das mudas por estes organismos. Existe vários tipos de substrato utilizados, os mais comuns são areia, vermiculita e solo, e uma diversidade de outros que podem ser utilizados na produção de mudas. Além dos substratos já citados existe outros tipos, como o musgo turfoso, musgo esfagnineo e a água, são bastante utilizados. Na utilização da água é necessário possuir um bom sistema de oxigenação para que permita o desenvolvimento das raízes.  Técnicas de condicionamento Estratificação: é uma técnica que consiste na adição de camadas alternadas de areia grossa e/ou solo, em condições úmidas, visando proporcionar a prévia formação do calo, além de propiciar a conservação da estaca. A intensidade da formação do calo pode ser aumentada, a partir da elevação da umidade e temperatura a certos limites. Devem ser tomados cuidados com para evitar o desenvolvimento de fungos e bactérias, a acumulação de água e o dessecamento, essenciais a formação das raízes. Assim que os calos ou as brotações são formadas é necessário a retirada da estratificação. Lesões na base da estaca: é uma técnica utilizada especialmente em estacas que apresentam madeira velha na sua base, onde os cortes favorecem a formação do calo e das raízes nas bordas da lesão. Nessa região a divisão celular é estimulada pelo aumento na taxa respiratória e nos teores de auxinas, carboidratos e etileno na área lesionada. As lesões permitem que haja uma maior absorção de água e de reguladores de crescimento, aumentando a sua eficiência. Em contrapartida, as lesões permitem que ocorra o rompimento da barreira física, barreira esta formada por anéis de esclerênquima, o que é um fator indesejado, pois, pode impedir que

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ocorra a emergência das raízes. Recomenda-se nessa técnica realizar apenas um ou dois cortes de 2,5 à 5 cm na base da estaca. Uso de nebulização: A nebulização é a aplicação de água em forma de névoa, sobre as estacas, com a finalidade de criar uma atmosfera que propicie menor perda de água pelas folhas. A redução das taxas de transpiração e respiração e a redução da temperatura das folhas é obtida a partir da formação de uma película de água sobre as folhas, proporcionada pela nebulização intermitente, assegurando a destinação dos fotosintatos e nutrientes para a formação das raízes. Deve-se manter intervalos durante as aplicações de água, durante o período diurno, evitando a aplicação em excesso, podendo ser dispensada a nebulização durante a noite. A nebulização pode ser instalada em telados, estufas plásticas ou mesmo em ambiente externo. O ambiente protegido é o mais indicado para utilização dessa técnica, permitindo uma aplicação controlada da água e evitando a ação do vento e solo. O controle dos intervalos de acionamento do sistema de nebulização pode ser feito através de alguns mecanismos, como: - Folha úmida, na qual há uma superfície de tela que simula a superfície de uma folha. Quando esta superfície perde água a um nível pré-estabelecido, é acionado o mecanismo de nebulização; - O temporizador, aparelho que aciona o sistema de nebulização em intervalos regulares de tempo; - controlador eletrônico de umidade, constituído de um sistema computadorizado de acionamento da irrigação, com base na temperatura e umidade relativa do ar.

A

B

Figura 2.3: Sistema de nebulização (A); Lesões em estacas (B).

2.2. Enxertia A enxertia é o método de propagação assexuada que consiste em se unir duas ou mais porções de tecido de modo que a união destas partes venha a constituir-se em uma nova PET - Agronomia UFCG

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planta. É um dos principais métodos de propagação e é largamente utilizado em um grande número de espécies, tais como os citros, pessegueiro, ameixeira, goiabeira, macieira, pereira, abacateiro, entre outros. A grande importância da enxertia deve-se ao fato de que, na verdade são conjugados os aspectos favoráveis (vigor, tolerância a fatores bióticos e abióticos adversos, produtividade, entre outros) de duas ou mais plantas às quais podem ser de uma mesma espécie ou até mesmo gêneros diferentes. A planta propagada por enxertia é composta por duas partes, chamadas de portaenxerto e enxerto. Porta-enxerto ou cavalo é a parte que confere o sistema radicular à planta propagada, podendo ser proveniente de sementes ou de propagação vegetativa. Porta-enxertos oriundos de sementes, em geral, são mais vigorosos e apresentam sistema radicular pivotante e mais profundo. Porta-enxertos oriundos de propagação vegetativa como a estaquia ou a mergulhia podem ser menos vigorosos, porém são geneticamente mais uniformes. Enxerto, borbulha, garfo ou cavaleiro é a parte que irá originar a parte aérea da planta e pode consistir de um segmento de ramo com uma ou duas gemas (garfo) ou de uma gema com uma pequena porção de casca (borbulha). O enxerto deverá ser retirado de uma planta com todas as características da cultivar, bem como que tenha ultrapassado o período da juvenilidade, assim, tão logo haja área foliar suficiente para percepção dos estímulos indutores do florescimento e para sustentação dos frutos, a planta irá produzir, reproduzindo fielmente as características da planta-mãe.

2.2.1. Finalidades da enxertia  Manter as características genéticas de uma espécie, de uma cultivar ou de um clone A enxertia, bem como os demais métodos de propagação assexuada, permite que as características produtivas das plantas sejam mantidas em seus descendentes, garantindo o valor agronômico das mesmas, produzindo plantas mais uniformes quanto ao porte, exigências edafoclimáticas e tratamentos fitossanitários, entre outros.  Propagar plantas que não podem ser multiplicadas por outros métodos Algumas espécies frutíferas produzem sementes com baixo poder germinativo, como é o caso da ameixeira (cerca de 2%), e outras simplesmente não as produzem. Por sua vez, em espécies altamente heterozigotas, a propagação por sementes implicaria modificações

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genéticas nos descendentes. Além disso, a enxertia é utilizada em espécies que apresentam dificuldade de formar raízes.  Obter benefícios do porta-enxerto Embora os porta-enxertos sejam responsáveis apenas pela formação do sistema radicular e sustentação das novas plantas, em muitos casos, podem determinar características importantes como, por exemplo, conferir maior ou menor vigor à copa, como nos casos da macieira, da pereira, da videira e de citros, ou conferir melhor qualidade aos frutos. Além disso, muitos porta-enxertos são tolerantes a condições desfavoráveis, como solos pesados com excesso ou falta de umidade - ataque de pragas ou doenças, entre outras.  Substituir cultivares de plantas estabelecidas Muitas vezes, em pomares estabelecidos com uma determinada cultivar, surgem problemas, como a baixa produtividade, frutos de qualidade inferior, hábito de crescimento inadequado, ou mesmo, suscetibilidade a pragas e doenças. Essas dificuldades podem ser solucionadas com a enxertia de uma nova cultivar mais adequada, sem necessidade de se implantar um novo pomar. Outra situação muito comum de uso da enxertia em plantas já estabelecidas é aquela em que se têm pomares com cultivares que necessitam de polinização cruzada eque, por morte ou número insuficiente de plantas polinizadoras, podem ter a produção comprometida e requerem a presença de plantas ou ramos de uma cultivar polinizadora. Em pequenos pomares domésticos, a enxertia possibilita que, numa mesma planta, tenha-se mais de uma cultivar ou mais de uma espécie. Isso é possível, enxertando-se uma cultivar ou espécie diferente em cada ramo principal. Contudo, nesse caso, deve-se ter o cuidado para que as cultivares enxertadas tenham o mesmo vigor, para evitar a dominância de um ramo sobre outro.  Evitar problemas de juvenilidade Muitas plantas frutíferas, quando propagadas por sementes, necessitam de um período de 5 a 10 anos para superarem o período juvenil e entrarem em produção. Esse período improdutivo pode ser reduzido, enxertando-se segmentos de plantas que já estejam produzindo ou que foram propagadas por métodos assexuados, pois essas plantas já superaram o período de juvenilidade.  Recuperar partes danificadas de plantas

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Fatores como baixas temperaturas, pragas, doenças, ventos, animais e equipamentos agrícolas podem provocar sérios danos às raízes ou à parte aérea das plantas. A recuperação total ou parcial é possível, por meio da enxertia.  Combinar clones ou cultivares A combinação de clones ou cultivares diferentes, numa mesma planta, permite a exploração das melhores características produtivas de uma determinada planta, utilizada como produtora, com as melhores características de um sistema radicular de outra, utilizada como porta enxerto.

2.2.2. Fatores que afetam o pegamento do enxerto 2.2.2.1. Incompatibilidade É um dos principais fatores que prejudicam o rendimento na enxertia. Duas plantas são consideradas incompatíveis quando não formam, entre as partes enxertadas, uma união perfeita. Entre os principais, sintomas de incompatibilidade, podem ser citados: a) quebra no local da enxertia; b) diferenças entre o diâmetro do enxerto e do porta-enxerto; c) amarelecimento e desfolhamento do enxerto; d) pouco crescimento vegetativo; e) morte prematura da planta; f) maior susceptibilidade de planta a condições desfavoráveis de ambientes.

2.2.2.1.1. Fatores que afetam a incompatibilidade:  Afinidade genética Plantas com classificação taxonômica diferente geralmente apresentam problemas de incompatibilidade. Recomenda-se que o porta-enxerto e enxerto sejam pelo menos da mesma família. Quanto mais próximos na classificação botânica, maior a probabilidade de sucesso na enxertia.  Exigências nutricionais As condições nutricionais deve ser as mesmas para porta-enxerto e enxerto, evitando a ação seletiva de determinados nutrientes pelo porta-enxerto.  Espécies caducifólias ≠ Espécies perenifólias

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Geralmente, espécies que perdem folhas em determinada época do ano não podem ser enxertadas sobre espécies que mantém as folhas durante todo o ano.  Afinidade anatômica dos tecidos É importante que as partes envolvidas, enxerto e porta-enxerto, apresentem células com tamanho, forma e consistência semelhantes.

Figura 1: Sintomas de incompatibilidade

2.3. Condições ambientais As condições ambientais antes, durante e depois da enxertia afetam fortemente o pegamento dos enxertos. Temperaturas muito elevadas favorecem a desidratação do enxerto, bem como temperaturas muito baixas não favorecem o processo de cicatrização. A água é essencial para a divisão celular, desse modo, a umidade muito baixa do ar favorece a desidratação e prejudica o pegamento, a baixa umidade do solo dificulta o desprendimento da casca, prejudicando a realização da enxertia, principalmente de borbulhia. As trocas gasosas devem ser mantidas durante a cicatrização, assim, deve-se evitar a completa asfixia na região da enxertia. Excessiva luminosidade pode estar associada à elevada desidratação do enxerto. A realização da enxertia em áreas desprotegidas e sujeitas a ventos fortes pode levar ao insucesso, visto que o vento não apenas favorece a desidratação do enxerto como também ocasiona a quebra na região da enxertia antes do seu completo pegamento.

2.4. Outros fatores importantes  Idade do porta-enxerto

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Quanto maior a idade dos tecidos, menor a atividade celular e a capacidade de cicatrização, é recomendável que tanto o enxerto quanto o porta-enxerto sejam mais jovens.  Época A época mais adequada para a realização da enxertia depende da espécie e do tipo de enxerto a ser realizado.  Classificação botânica Um fator importante que deve ser levado em consideração, quando da escolha das plantas utilizadas como enxerto e porta-enxerto, é o grau de parentesco existente entre elas, sendo que, quanto maior for à afinidade botânica, maiores serão as possibilidades de pegamento. Recomenda-se usar plantas que, no mínimo, pertençam à mesma família. Enxertos feitos em plantas pertencentes a famílias botânicas diferentes dificilmente são executados com sucesso.  Sanidade É necessário que tanto o porta-enxerto quanto o enxerto apresentem as melhores condições fitossanitárias.  Técnica de enxertia Para que haja o pegamento, os câmbios do enxerto e do porta-enxerto devem estar em perfeito contato e representam uma das principais causas de baixo pegamento relativas à técnica da enxertia. Outras causas são: cortes desuniformes, danos mecânicos à gema, demora no amarrio, ferramentas inadequadas ou pouco afiadas, desidratação dos ramos borbulheiros, falta de habilidade do enxertador, erros na polaridade do enxerto (colocação do enxerto invertido) e oxidação de compostos fenólicos nos tecidos selecionados.  Habilidade do enxertador Quanto mais rápido for feito o processo da enxertia, melhor será o índice de pegamento, uma vez que as partes envolvidas sofrerão menor influência dos fatores externos (sol, temperatura, patógenos, etc.). Outro fator relacionado, diretamente, com a habilidade do enxertador é a uniformidade dos cortes, que possibilitam melhor contato entre as partes enxertadas.  Polaridade do enxerto Para que ocorra a união, é extremamente necessário que se mantenha o enxerto na posição normal, principalmente tratando-se da enxertia de garfagem. No caso da enxertia de gema, tanto em T normal como em T invertido, recomenda-se manter a polaridade, mas a inversão da mesma não compromete a formação de uma união satisfatória. PET - Agronomia UFCG

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 Oxidação de compostos fenólicos Muitas plantas frutíferas, principalmente as pertencentes à família das mirtáceas, como a goiabeira, o araçazeiro e a pitangueira apresentam abundante exsudação de substâncias tóxicas ao tecido, por ocasião do corte ou ferimento. Essas substâncias são, principalmente, compostos fenólicos que sofrem oxidação ao entrarem em contato com as condições ambientais, o que dificulta a formação do calo e o processo de cicatrização.

3. EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS Diversos são os equipamentos usados na enxertia. A seguir, são descritos os mais importantes e indispensáveis na realização dessa prática.  Canivete Existe grande variedade de tipos de canivetes que podem ser usados na enxertia. Contudo, o importante é que esses apresentem lâminas de boa qualidade, que possam ser afiadas e que mantenham o fio por maior tempo possível. Essas características são importantes, porque aumentam o rendimento do enxertador e permitem a realização de cortes, com um mínimo de dano às células dos tecidos cortados, o que facilita o processo de cicatrização. As lâminas de aço inoxidável diminuem os riscos de oxidação.  Tesoura de poda A tesoura é um equipamento utilizado para coleta dos ramos fornecedores das gemas, preparo dos porta-enxertos e dos garfos, corte final da copa ou aparação do sistema radicular no momento de arranquio da muda. Por isso, deve ser de boa qualidade e estar sempre limpa e bem afiada.  Máquina de enxertar Quando o enxerto e o porta-enxerto apresentam diâmetros semelhantes, os cortes poderão ser feitos com máquinas manuais ou acionadas por motores. Essas máquinas executam cortes na forma de bisel ou de encaixes, no enxerto e no porta-enxerto.

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 Pedra de afiar É um acessório importante para manter tesouras e canivetes afiados. A pedra de afiar deve apresentar uma textura fina, devendo-se colocar água ou azeite na superfície onde será afiada a lâmina, para impedir um desgaste excessivo da mesma.  Fitas de polietileno As fitas de polietileno são os materiais mais utilizados, pois mantêm a união, impedem a entrada de água, a desidratação da gema, as trocas gasosas e a entrada de microrganismos. A fita de polietileno n° 8 é a mais indicada para fazer a amarração, em função da espessura e da elasticidade, mas pode-se utilizar qualquer fita de polietileno disponível, até mesmo aquelas provenientes de embalagens vazias (sacos de plástico).  Filme de PVC Utilizado para amarração das enxertias, principalmente enxertia de garfagem em videira, e para embalagem de alimentos. Esse material apresenta boa aderência e, por isso, não é necessário darmos, para fixar as extremidades. Dependendo do número de voltas envolvendo o material, também não é necessário retirar o filme, que se decompõe após 2 ou 3 meses.  Etiquetas A identificação dos porta-enxertos, mudas prontas e ramos fornecedores das gemas é uma prática importante, pois a mistura de cultivares poderá causar sérios problemas, muitas vezes só notados quando as plantas entram em produção. As etiquetas podem ser de madeira, de metal, de plástico ou de outro material resistente às intempéries, devendo constar, no mínimo, a cultivar copa e o porta-enxerto utilizados.  Produtos para desinfestação A desinfestação de ferramentas, como canivetes e tesouras, é uma prática que deve ser adotada, a fim de se evitar contaminação com microrganismos. Normalmente, o produto utilizado é o hipoclorito de sódio de 1,5% a 2% (água sanitária).

4. PROCESSOS DE ENXERTIA 4.1. Borbulhia

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Na borbulhia, a prática da enxertia consiste em se destacar uma gema vegetativa ou borbulha da matriz (planta-mãe) que se quer propagar, e introduzi-la em muda da mesma espécie ou de espécie aproximada na classificação botânica que se formou para porta-enxerto. Se a prática for bem sucedida, em pouco tempo (aproximadamente seis meses, variando de acordo com a espécie) tem-se uma planta de qualidade superior a ser cultivada. As modalidades ou métodos de enxertia mais usadas na borbulhia são: 4.1.1. Borbulhia em “T” normal (a) Consiste na incisão do porta-enxerto na forma de um corte vertical de cerca de 3cm de comprimento, em cujo ápice é feito um corte horizontal. Com estes cortes, abre-se um espaço para introdução da gema. Estes cortes normalmente são feitos a uma altura de 20 a 25 cm apartir do colo. A gema é obtida da porção mediana de ramos da última estação de crescimento. Com um canivete bem afiado, retira-se a gema, sem lenho e introduz-se a mesma na incisão feita no porta-enxerto. Deve-se ter o cuidado de fazer a operação o mais rápido possível, para evitar que ocorra a desidratação e a oxidação da gema e do porta-enxerto. Após, faz-se o amarrio, utilizando-se uma fita de polietileno, a qual deverá ser retirada tão logo o enxerto tenha brotado.

4.1.2. Borbulhia em T invertido (b) É feita de modo semelhante ao anterior, porém diferindo quanto à forma da incisão — o corte horizontal é realizado na base do corte vertical.

4.1.3 Borbulhia em janela aberta (c) Consiste em se abrir uma placa quadrada ou retangular no porta-enxerto, bem como em retirar-se uma placa com as mesmas dimensões do ramo com as gemas. Para tanto, usa-se um canivete de lâmina dupla.

4.1.4. Borbulhia em janela fechada (d) O porta-enxerto recebe duas incisões transversais e uma vertical no centro. A borbulha é obtida de maneira semelhante ao tipo anterior. Para assenta-la, levanta-se a casca do cavalo. O enxerto é completado fixando-se com o amarrilho.

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Figura 2: Borbulhia “T” normal (a); Borbulhia “T” invertido (b); Borbulhia em placa ou janela aberta(c); Borbulhia janela fechada (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002).

4.2. Garfagem Garfagem é um método de enxertia que consiste na retirada e transferência de um pedaço de ramo da planta matriz (copa), também denominado garfo, que contenha uma ou mais gemas para outra planta que é o porta-enxerto. O garfo pode ser cortado em forma de bisel ou de cunha, e conter um número variável de gemas A garfagem difere da borbulhia por possuir, normalmente, mais de uma gema e também porque o porta-enxerto tem a sua parte superior decapitada. O enxerto de garfagem é feito aproximadamente a 20cm acima do nível do solo. Para o sucesso da enxertia, é essencial que a região cambial do garfo seja colocada em contato íntimo com a do cavalo.Entre as técnicas de garfagem mais conhecidas, podem ser citadas:

4.2.1. Garfagem em meia fenda O garfo é cortado em bisel duplo. O porta-enxerto é cortado transversalmente, fazendo-se, em seguida, uma incisão igual a largura do bisel. Aprofunda-sea incisão para baixo, por meio de movimentos com o canivete de enxertia, então introduz-se o garfo na fenda, de tal modo que as camadas das duas partes fiquem em contato em pelo menos um dos lados. Esse tipo de garfagem é utilizado quando os garfos são de diâmetros diferentes do porta-enxerto, sendo necessário que pelo menos um dos lados esteja em contato com os tecidos para que ocorra o processo de cicatrização e sobrevivência do enxerto.

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4.2.2. Garfagem em fenda cheia A obtenção do garfo é idêntica ao caso anterior. O porta-enxerto é cortado transversalmente à altura desejada, praticando-se em seguida uma fenda cheia, do mesmo tamanho do garfo que será introduzido nessa fenda, de maneira que os dois lados desse garfo coincidam por completo com o diâmetro do porta-enxerto.

4.2.3. Garfagem em fenda simples ou inglês simples Para a prática da enxertia por inglês simples é necessário que o garfo e o porta-enxerto tenham o mesmo diâmetro. Corta-se o porta-enxerto a uma altura conveniente do solo, talhando-o em um bisel simples enquanto o garfo também é cortado em bisel, exatamente paraencaixar no porta-enxerto, a fim de quepossam coincidir em toda sua extensão. 5.3 Garfagem em fenda dupla ou inglês complicado É realizada como no caso anterior, mas com um encaixe mais perfeito. Coloca-se a lâmina do canivete um pouco acima do meio do bisel do porta-enxerto e, a partir deste ponto, em sentido longitudinal e paralelo ao eixo, fende-se o próprio cavalo, até que a fenda atinja o nível da base do seu bisel.Faz-se o mesmo no bisel do enxerto.Então encaixa-se o garfo no porta-enxerto, tomando o cuidado de fazer comque as cascas de ambos se coincidam.

Figura 3: Garfagem fenda cheia (a); Garfagem meia fenda (b); Garfagem inglês simples (c); Garfagem inglês complicado (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002).

Após a realização da garfagem, éimportante amarrar bem forte o garfo no portaenxerto para manter as partes perfeitamente unidas. Depois, cobre-se o enxerto com um saquinho plástico, os mesmos utilizados para sorvetes, para evitar que ocorra perda ou infiltração de água na região de enxertia.

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Quando iniciar a brotação do enxerto, retira-se o saquinho plástico o que deve ocorrer por volta de 30 dias, dependendo da espécie. Já o fitilho plástico será retirado após 60 dias, para garantir a união das partes enxertadas. Então é só esperar o desenvolvimento da brotação para que as mudas possam ser plantadas em campo.

4.3. Encostia A enxertia de encostia, também chamada de enxertia de aproximação, consiste na união lateral de duas plantas com sistemas radiculares independentes, de modo que enxerto e porta-enxerto sejam mantidos, por seus sistemas radiculares, até que a união esteja completamente formada. É o método mais simples de enxertia, mas é pouco utilizado na propagação comercial de plantas frutíferas. Esse tipo de enxertia pode ser feita em qualquer época do ano, embora seja mais conveniente fazê-la na época de crescimento vegetativo, o que facilitará a cicatrização ea união entre as partes. Há diversas técnicas de encostia, podendo ser citadas as seguintes:  Lateral simples É feito um corte na superfície da casca do enxerto e do porta-enxerto, unindo-se, após, as superfícies com fita de polietileno, ráfia, barbante ou outro material. Quando a união estiver completamente formada, faz-se o corte da parte aérea do porta-enxerto e do sistema radicular do enxerto, de tal maneira que a nova planta fiqueconstituída do sistema radicular e da copa das cultivares desejadas.  Lateral inglesa Semelhante a anterior, porém é feito um segundo corte em ambas as partes, de forma a proporcionar um encaixe entre o porta-enxerto e o enxerto.  No topo simples Semelhante à encostia lateral simples, porém, neste caso, o porta-enxerto é cortado em bisel no seu ápice.

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 No topo inglesa:

Figura. A) Lateral simples; B) Lateral inglesa; C) No topo simples; D)No topo inglesa

 Sobre enxertia Nesse caso o porta-enxerto é uma planta adulta, já previamente formada. A sobre enxertia é útil em casos em que a copa foi seriamente danificada por pragas ou doenças, em caso de necessidade de troca da cultivar-copa e quando da falta de plantas polinizadoras em um pomar. Normalmente é feita por garfagem (fenda cheia ou fenda dupla), substituindo total ou parcialmente a copa. Desta forma, é possível produzir-se, em uma mesma planta, diferentes cultivares. Normalmente, é feita numa ou em todas as pernadas principais, onde se elimina toda a copa por meio de uma poda drástica e enxerta-se a cultivar desejada.

5. Mergulhia Método de propagação assexuada no qual a planta a ser originada só é destacada da planta-mãe após ter formado seu próprio sistema radicular. Baseia-se no princípio de que, pelo sombreamento parcial ou total do ramo ou de outra parte da planta, são proporcionadas condições de umidade, aeração e ausência de luz, que favorecem a emissão de raízes. Os fatores que favorecem a regeneração de plantas através da mergulhia são a ausência de luz (que provoca estiolamento do ramo e, por conseqüência, acúmulo de auxinas e redução dos teores de lignina e de compostos fenólicos), cobertura com solo úmido e poroso, nutrição adequada e elevada atividade fisiológica da planta mãe, pouca idade dos ramos, aplicação de fitorreguladores e prática de anelamento.

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5.1. Tipos de mergulhia A mergulhia pode ser realizada de diferentes formas. Porém, todas elas partem do mesmo princípio, que é a cobertura parcial ou total do ramo, com solo ou outro material semelhante. Esse processo pode ser realizado no solo, que é o mais comumente utilizado, e também fora do solo, ao qual chamamos de alporquia ou mergulhia aérea.

5.1.1. Mergulhia no sol Quando realizada no solo, a mergulhia é classificada em simples (normal e de ponta), contínua (chinesa, chinesa serpenteada) e de cepa;  Mergulhia simples normal: Consiste em curvar-se um ramo, cobrindo uma parte com solo, deixando sua extremidade descoberta e em posição vertical. Para que o ramo não seja deslocado pela ação do vento ou de outros agentes, deve-se fixá-lo ao solo, pois o movimento do ramo poderá danificar as raízes, prejudicando o enraizamento. Assim que o ramo formar raízes suficientes para sua manutenção, deve-se desligá-lo da planta-mãe;  Mergulhia simples de ponta: É semelhante à mergulhia simples normal, mas nesse caso, a ponta ou coberta com solo. Ocorre inversão de polaridade das gemas, que brotarão e formarão uma nova planta (Fig. 3). Do mesmo modo que na anterior, após a formação do sistema radicular, deve-se separar a muda da planta-mãe.  Mergulhia contínua chinesa: Consiste em curvar-se um ramo, cobrindo com solo a maior extensão possível do mesmo, de modo que apenas sua extremidade fique descoberta. Com a cobertura do ramo, as gemas dispostas em sua extensão permanecem sob o solo e emitirão brotações enraizadas. Teoricamente, poder-se-ia obter um número de plantas igual ao número e gemas enterradas, mas isso dificilmente ocorre devido à permanência de algumas gemas no estado de dormência;  Mergulhia contínua serpenteada: É semelhante à mergulhia contínua chinesa, mas a cobertura é feita somente em algumas partes do ramo (e não em toda a sua extensão), ou seja, cobre-se uma parte com solo e deixa-se outra descoberta. A mergulhia contínua, tanto chinesa como serpenteada, permite obter maior número de plantas por ramo, se comparada com a mergulhia simples. Quando as novas brotações emitirem raízes, os ramos devem ser desligados da planta-mãe;  Mergulhia de cepa: A planta matriz sofre, inicialmente, uma poda drástica a cerca de 5cm do solo. Isto estimula a emissão de brotações jovens, as quais serão PET - Agronomia UFCG

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posteriormente cobertas com solo. Após o enraizamento as brotações enraizadas são destacadas da planta-mãe, qual pode ser novamente utilizada para um novo ciclo de produção de mudas. De todas as formas de mergulhia, a de cepa é a mais utilizada em nível comercial, pois apresenta bons resultados, principalmente na propagação de macieiras.

Figura a) Mergulhia simples normal; b) Mergulhia simples de ponta; c) Mergulhia contínua chinesa; d) Mergulhia contínua serpentada; e) Mergulhia de cepa.

5.1.2. Mergulhia aérea Alporquia: É uma prática que consiste em se envolver um ramo com substrato de enraizamento (musgo, solo ou outro material que proporcione boa aderência), acondicionado em plástico ou papel alumínio (Figura 2.1). A adoção da alporquia justifica-se em espécies de difícil enraizamento, quando há dificuldade de levar o ramo até o solo. É uma prática trabalhosa e, portanto, de baixo rendimento. O anelamento e a aplicação de fitorreguladores pode aumentar o percentual de alporques enraizados.

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Figura 2.1. Mergulhia aérea ou alporquia. (Fonte: NACHTIGAL; FACHINELLO; KERSTEN, 2015).

6. Estruturas especializadas Por estruturas especializadas entende-se como sendo os órgãos (caules ou raízes modificados) que podem também atuar como órgãos de reserva de nutrientes e assimilados. Em muitos casos, estes órgãos podem ser utilizados na propagação vegetativa. Embora existam vários tipos de estruturas especializadas que podem ser utilizadas na propagação de plantas, no caso das plantas frutíferas, as principais estruturas utilizadas são: estolões, rebentos e rizomas.  Estolões: utilizados na propagação do morangueiro, são definidos caules aéreos especializados, mais ou menos horizontais. Os estolões surgem em plantas com caules em roseta, nas bases ou na coroa. Estas estruturas são emitidas em fotoperíodos longos (12 horas ou mais). No segundo nó do estolão há formação de uma nova planta, seguida da formação do seu sistema radicular. Esta planta poderá ser utilizada como muda. A propagação através destas estruturas é bastante utilizada em morangueiro (figura 2.2).

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Figura 2.2. Propagação vegetativa por estolões na cultura do morangueiro

 Rebentos: são brotações que surgem em alguma região da planta, como por exemplo, dos rizomas. A propagação através destas estruturas é bastante utilizada em abacaxizeiro e amoreira-preta (figura 2.3).

Figura 2.3. Propagação vegetativa por rebentos na cultura da amoreira-preta

 Rizomas: são utilizados na propagação da bananeira (figura 2.4). Os rizomas são caules subterrâneos que, a partir de suas gemas, formam novas brotações às quais originarão novos pseudocaules e passarão a ter o seu próprio sistema radicular. Na propagação faz-se a divisão dos rizomas, sendo que cada parte dividida deverá ter pelo menos duas gemas.

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Figura 2.4. Diferentes tipos de mudas propagadas por rizoma. A-chifrinho, B-chifre, C-chifrão, D-guarda-chuva, E-muda adulta, F-rizoma com filho, G-pedaço de rizoma, H-muda micropropagada.

7. MICROPROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS Entre as diversas formas de propagação de plantas frutíferas, existe uma que utiliza pequenas partes ou células isoladas das mesmas, cultivando-as de forma controlada, ou seja, fornecendo a esses tecidos ou células, os elementos responsáveis pelo controle do crescimento e desenvolvimento vegetal. O desenvolvimento de uma planta depende da interação de fatores internos, como as substâncias orgânicas, os hormônios, que desempenham importante função na regulação do crescimento, e externos como a luz, a temperatura e o fotoperíodo. Na cultura de tecidos vegetais, as correlações existentes entre os diversos órgãos de uma planta intacta são rompidas, sendo necessário o fornecimento dos fatores que regulem o crescimento e o desenvolvimento: Na micropropagação, é feita o cultivo de plantas ou partes de plantas, também chamados de explantes, em meio de cultura e ambiente asséptico, onde se controlam a temperatura, o fotoperíodo, a umidade e a irradiância, em local apropriado, chamado de sala de crescimento. Essa técnica, também conhecida como propagação in vitro, multiplica plantas dentro de frascos de vidro (resultando daí o termo in vitro), e é a técnica de maior aplicação prática dentro da biotecnologia vegetal, sendo utilizada na produção comercial de plantas.

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Como observado na figura 2.5, o sistema de micropropagação pode ser dividido em diferentes estágios (ULISSES et al., 2010): Estágio I – Seleção da planta mãe ou matriz: Geralmente as plantas matrizes possuem características agronômicas superiores e recebem tratamento fitossanitário, nutricional e hídrico, para aumentar a probabilidade de sucesso nos estágios seguintes da micropropagação; Estágio II – Seleção e tratamento do explante: Nesse estágio retira–se um segmento de tecido (explante) da planta matriz, desinfesta–se e inocula–se em meio nutritivo sob condições assépticas; Estágio III – Fase de multiplicação: Para propagação in vitro utiliza–se principalmente gemas apicais e axilares, além de brotações laterais para realizar os sucessivos subcultivos; Estágio IV – Fase de enraizamento: Transferência das partes aéreas para meio de enraizamento e posteriormente transplantio e aclimatização das plantas em substrato. A etapa de transplantio envolve a transferência das plantas da condição in vitro para telado de aclimatização (condição ex vitro). Essas plantas são transferidas para tubetes, bandejas ou potes plásticos contendo substrato, que pode ser solo, areia entre outros. Após o período de aclimatização, as plantas serão levadas ao campo, onde desenvolvem-se normalmente. A passagem do cultivo in vitro para ex vitro é crítica e representa, em alguns casos, um fator limitante do processo de micropropagação. Isto se deve basicamente aos seguintes fatores: a) a planta passa de uma situação de reduzido fluxo transpiratório, devido à baixa intensidade de luz e à elevada umidade relativa, para um ambiente que demanda um incremento na taxa de transpiração, ficando muito susceptível ao estresse hídrico; b) a planta passa de uma existência heterotrófica, na qual depende de um suprimento externo de energia (sacarose no meio), para um estado autotrófico, no qual precisa realizar fotossíntese para sobreviver; c) a planta passa de uma condição de alta disponibilidade de nutrientes no meio, para uma condição onde precisa rapidamente incrementar a absorção de sais.

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Figura 2.5: Método de micropropagação de plantas in vitro

O aspecto mais interessante da propagação in vitro está justamente no grau de controle que pode ser exercido sobre, praticamente, todos os estágios de desenvolvimento, do estabelecimento até a multiplicação e enraizamento da planta.

7.2. Micropropagação em plantas No Brasil, os trabalhos pioneiros com cultura de tecidos foram desenvolvidos no Instituto Biológico, na década de 1950. A primeira equipe de cultura de tecidos foi formada em 1971, na ESALQ, em Piracicaba, SP. Entre 1975 e 1980 foram criados os laboratórios da Universidade de Campinas e da EMBRAPA. Atualmente, a maioria das instituições de ensino e pesquisa possui infraestrutura nesta área, trabalhando com diferentes metodologias de manipulação de plantas in vitro e com diversas finalidades, como se pode ver na figura 2.6.

Figura 2.6. Laboratório de micropropagação de plantas

A propagação in vitro vem sendo empregada em escala comercial em diversas regiões do mundo, com destaque para a Europa Ocidental, América do Norte, Ásia, Austrália e Israel (CARVALHO et al., 2011). Estes pesquisadores citam ainda, que no Brasil, a

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micropropagação tem encontrado barreiras a sua implementação comercial, pelo elevado custo deste tipo de material propagativo, considerando como base a muda convencional. Temas importantes em termos de aplicação da cultura de tecidos têm demonstrado, através do desenvolvimento tecnológico, o caminho que a propagação in vitro irá permear nas próximas décadas. Grandes avanços vêm sendo obtidos, na utilização de plantas livres de viroses e assemelhados, na propagação em massa (biofábricas), na preservação e intercâmbio de germoplasma (criopreservação), na hibridação interespecífica e intergenérica (superação genética), na obtenção de plantas haplóides, na variação somaclonal e indução de mutação (variabilidade), na produção de metabólitos secundários, na transformação genética e na seleção in vitro. A micropropagação vem se destacando em vários setores agrícolas, tais como: fruticultura, floricultura, horticultura, como também na área florestal, por promover o incremento da produção de mudas vigorosas e livres de patógenos, contribuindo consequentemente, para o aumento da produtividade do setor agrícola. A técnica de micropropagação consiste, basicamente, em cultivar em ambiente asséptico (laboratório) segmentos de plantas (gemas, ápices caulinares, meristemas, fragmentos de folhas e raízes, entre outros), em frascos específicos contendo meio nutritivo adequado, proporcionando a produção de milhares de plantas idênticas a planta mãe como pode-se observar na figura 2.6, vista anteriormente.

8. VIVEIROS PARA PROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS Viveiro é uma área de terreno convenientemente demarcada, onde as mudas frutíferas são obtidas e conduzidas até o momento do transplantio. O objetivo de todo viveirista é produzir mudas de plantas frutíferas com elevado padrão de qualidade (morfológica, fisiológica e fitossanitária). Essa meta é essencial para garantir a competitividade do viveiro e o retorno certo do investimento efetuado no estabelecimento da atividade, além de assegurar ao cliente, a satisfação de suas necessidades e, ao produtor de mudas, a idoneidade e a estabilidade do empreendimento durante anos. A muda é o insumo mais importante na implantação de um pomar – mudas produzidas com qualidade, desde que adequadamente manejadas, originam pomares produtivos e rentáveis. No processo de produção de mudas de boa qualidade, diversos cuidados devem ser tomados, desde a escolha da planta matriz até a comercialização da muda.

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Assim, um dos aspectos de grande importância é a infraestrutura do viveiro, que pode ser variável, conforme as exigências legais, o nível tecnológico e o conhecimento da cultura, a escala de produção de mudas, o tamanho do viveiro, a disponibilidade de recursos do viveirista, o destino das mudas e o grau de exigência do mercado consumidor.

8.1. TIPOS DE VIVEIROS Quanto à duração, podem ser classificados como:  Viveiros permanentes São aqueles com caráter fixo, onde a produção de mudas prolonga-se por vários anos. Por isso, esses viveiros requerem um bom planejamento para a instalação, incluem uma infraestrutura permanente e geralmente apresentam maiores dimensões (figura 2.7). Por mais que o viveiro seja permanente, quando o plantio é feito no solo, uma mesma área pode ser utilizada por, no máximo 2 anos, devido à alta sensibilidade das mudas a pragas, doenças e plantas invasoras, sendo necessária a adoção de rotação de culturas.

Figura 2.7: Tipo de viveiro permanente

Viveiros temporários Destinam-se à produção de mudas apenas durante certo período e, uma vez cumpridas

suas finalidades, são desativados. Embora menos comuns que os viveiros permanentes na produção de mudas frutíferas, esses viveiros podem representar menor custo, já que não é necessária uma infraestrutura muito tecnificada como se pode observar na figura 2.8.

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Figura 2.8: Tipo de viveiro temporário

Quanto à proteção do sistema radicular, os viveiros podem ser classificados em:  Viveiros com mudas de raiz nua São aqueles feitos em área de solo profundo, drenado, com textura média e bem manejado, para que as mudas para comercialização sejam retiradas com raiz nua (mesmo que, em alguns casos, um torrão possa acompanhar a muda). Nesse tipo de viveiro, são feitos canteiros, delimitados por carreadores, por onde transitam os veículos e demais meios de transporte de mudas. A utilização deste sistema está limitada a poucas regiões e, por isso, não é uma técnica bem difundida. No sul do país pode ser encontrada com mais frequência, onde as condições climáticas são mais favoráveis. Neste sistema as mudas são produzidas no próprio solo do viveiro e, posteriormente, retiradas sem substrato nas raízes e levadas para o campo. Praticamente todas as operações podem ser mecanizadas, o que diminui em muito a mão-de-obra e consequentemente, o custo de produção.  Viveiros com mudas em recipientes. Geralmente implicam menor necessidade de área, sendo mais versáteis e permitindo que uma mesma área seja utilizada por muito mais tempo que o tipo anterior, desde que o substrato venha de local isento de pragas, doenças e propágulos de plantas invasoras. Ver imagem 2.9.

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Figura 2.9: Tipo de viveiro com mudas em recipientes

9. PREPARO DA ÁREA 9.1. Viveiro de raiz nua No momento que antecede a instalação dos canteiros, deve-se preparar a área a fim de melhorar as propriedades físicas do solo. Por isto, deve-se arar e gradear até uma profundidade de pelo menos 25 cm. O emprego de enxada rotativa é, na maioria das vezes, indispensável para se destorroar os torrões maiores. Neste período também se efetua a correção da acidez do solo e a aplicação de adubos, onde a quantidade a ser aplicada dependerá da análise de solo que antecede essa prática. O fertilizante, bem como a matéria orgânica são aplicados a lanço sobre toda a área do viveiro e incorporados, por ocasião da aração e gradagem.

9.2. Viveiro em recipientes Os viveiros para produção de mudas em recipientes implicam, em geral, em menor necessidade de área, sendo mais versáteis e permitindo que uma mesma área seja utilizada por muito mais tempo que o tipo anterior, desde que o substrato seja tratado e torne-se isento de pragas, doenças e propágulos de invasoras.

10. CAPACIDADE E EXTENSÃO A extensão da área do viveiro depende de diversos fatores, sendo os principais:  Quantidade de mudas para plantio e replantio, determinada pela capacidade operacional do viveiro e da demanda por mudas pelos produtores;  Densidade de mudas, o que depende da espécie e do tempo de permanência, de modo a proporcionar as melhores condições para o seu desenvolvimento; PET - Agronomia UFCG

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 Período de rotação, que se refere ao tempo que a muda permanece desde o início da sua produção até o seu replantio ou comercialização. Também é dependente da espécie, além de depender do método de propagação e do manejo da muda;  Dimensões dos canteiros e carreadores, que dependem da espécie a ser propagada e do grau de mecanização adotado. Viveiros com maior grau de mecanização requerem canteiros mais longos, maiores distâncias entre linhas e carreadores mais largos.  Dimensões das instalações, que são determinadas principalmente, pela quantidade de mudas que são produzidas, pelo método de propagação adotado e pelo grau de tecnologia empregado;  Áreas para rotação, fundamentais para a produção de mudas sadias, especialmente se a produção de mudas for feita diretamente no solo. O dimensionamento do viveiro deverá considerar a disponibilidade de áreas para rotação, de modo que uma mesma área não seja utilizada para produção de mudas por mais de 2 anos.

10.1. Espécie e espaçamento Um dos aspectos fundamentais a serem considerados no planejamento e dimensionamento dos viveiros é a seleção das espécies a serem propagadas e o espaçamento utilizado entre as mesmas. Há viveiristas especializados em propagar apenas uma espécie, bem como viveiristas extremamente ecléticos, os quais propagam inúmeras espécies.

11. INSTALAÇÕES A necessidade de instalações depende de diversos fatores e deve considerar a máxima eficiência no uso das mesmas, economicidade para construção e facilidade no manejo para produção das mudas. O grau de sofisticação das instalações depende da interação entre fatores como a espécie a ser propagada, quantidade de mudas a serem produzidas, o poder aquisitivo do viveirista e cumprimento da legislação vigente. As principais instalações necessárias no viveiro são:  Casa do viveirista;  Casa para higiene pessoal;  Escritório: onde são armazenadas todas as informações referentes à produção de mudas, bem como a centralização das operações de comercialização, contratação de mão-de-obra e comunicação com clientes e outros viveiristas;

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 Depósito para equipamentos e ferramenta: onde são guardados ferramentas e equipamentos;  Depósito para produtos químicos;  Telado: estrutura, de madeira ou metal, coberta com tela de sombreamento, conhecida popularmente como Sombrite. O telado é útil nas seguintes situações: manutenção de plantas matrizes isentas de viroses, aclimatação de mudas e produção de mudas que exigem sobreamento inicial;  Estufa: também conhecida como casa de vegetação, é uma estrutura parcial ou completamente fechada, com estrutura de madeira ou metal (alumínio, aço ou ferro galvanizado), coberta, em geral com plástico especial para esta finalidade. A estufa pode ainda ser coberta de vidro ou fibra de vidro, porém isto acarreta maior custo. A grande vantagem do uso de estufas em viveiros é a possibilidade de controle ambiental de modo a maximizar a produção de mudas, reduzindo o tempo necessário para a propagação e permitindo que as mudas possam ser produzidas em mais épocas do ano. Quando se produz sementes, deve-se ter ainda:  Estufa de secagem;  Abrigo para máquina de beneficiamento;  Câmara fria para o armazenamento de sementes.

12. QUEBRA-VENTOS A ação direta dos ventos sobre as plantas pode acarretar torção e inclinação, trazendo prejuízos no desenvolvimento das mudas. A proteção vegetal deve ficar a uma distância razoável, para evitar o sombreamento excessivo. Os ventos dominantes danificam as plantas, principalmente os ramos novos, aumentando os riscos de doenças pela facilidade na disseminação das mesmas. Durante o período de floração, o vento pode dificultar o trabalho de insetos polinizadores, como, por exemplo, das abelhas, diminuindo a polinização e, consequentemente, a frutificação. As plantas utilizadas para a formação do quebra-vento devem ser de preferência melíferas, que apresentem crescimento rápido, boa ramificação, folhas perenes e sistema radicular pouco agressivo, devendo ser dispostas em filas duplas ou triplas para fornecer melhor proteção. O quebra-vento será mais eficiente quanto maior o número de espécies envolvidas e o arranjo que se dá para a barreira, a exemplo da figura 2.10. PET - Agronomia UFCG

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Figura 2.10: Diversos efeitos conseguidos com diferentes tipos de quebra-ventos. A - Quebra-vento impermeável, protegendo uma área de 15 a 20 vezes a sua altura; B - Quebra-vento impermeável, a área protegida é menor e; C Quebra-vento sem proteção na base.

13. RECIPIENTES Entende-se por recipiente todo e qualquer material destinado a acondicionar o substrato durante a produção de mudas. O uso de recipientes tem acompanhado a evolução tecnológica dos sistemas de propagação, pois são ferramentas indispensáveis na produção intensiva de mudas. Embora, em diversos casos a produção de mudas diretamente no viveiro, dispensando o uso de recipientes, possa ser mais econômica, cada vez mais a produção de mudas embaladas vem sendo adotada.

13.1. Funções dos recipientes  Biologicamente  Propiciar suporte e nutrição das mudas;  Redução da competição entre as mudas;  Proteção do sistema radicular contra danos mecânicos e desidratação;  Proteção da muda contra doenças e pragas de solo, além de facilitar, quando necessário, a prática da esterilização do substrato;  Redução do estresse no momento do transplante.  Moldá-las em forma favorável para o desenvolvimento das mudas, assim como maximizar a taxa de sobrevivência e crescimento inicial após o plantio. PET - Agronomia UFCG

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 Operacionalmente  Redução da utilização de tratores e carretas na área de viveiro;  Redução do tempo necessário para a produção das mudas (em mudas cítricas, no sistema de sementeira, são necessários 18 a 24 meses para produção das mudas, enquanto que, com uso de bandejas ou tubetes, são necessários 12 a 15 meses);  Redução da área necessária de viveiro;  Aumento da facilidade no transporte das mudas;

13.2. Tipos de recipientes Vários são os recipientes utilizados na produção de mudas frutíferas, como os sacos plásticos, tubetes, bandejas plásticas ou de isopor, caixas de madeira ou metal, vasos plásticos, entre outros.  Sacos plásticos: são recipientes que podem apresentar as mais diferentes dimensões. Normalmente, apresentam coloração preta ou escura para impedir o desenvolvimento de algas e invasoras dentro do recipiente e proporcionar melhores condições de desenvolvimento para as raízes. São perfurados na sua base para a drenagem da água. Apresentam a vantagem de serem muito versáteis, adaptando-se a uma grande variedade de situações, além de terem baixo custo de aquisição, serem reutilizáveis e serem de fácil manejo.  Tubetes: são recipientes de formato cônico, construídos em plástico rígido e de cor escura. Internamente, apresentam estrias que impedem o enovelamento das raízes. Podem acondicionar diferentes volumes de substrato. Para o uso dos tubetes, é necessário um sistema de suporte, que pode ser uma bandeja de isopor, de plástico ou metal, bem como uma bancada com fios de arame distanciados de forma a possibilitar a colocação dos tubetes. Assim, os tubetes ficam suspensos, de modo que a sua base fique exposta ao ar, proporcionando a denominada "poda pelo vento" das raízes. Como vantagens são reutilizáveis por muitas vezes, além de permitir a produção de um grande número de mudas por unidade de área. Por serem unidades independentes, os tubetes permitem a seleção das mudas com a embalagem. Por reterem um pequeno volume de substrato, requerem que se retire a muda tão logo as raízes ocupem todo o substrato – por isso, são úteis para a primeira etapa da propagação, além de necessitarem de irrigações periódicas, visto que o substrato facilmente se resseca.

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 Bandejas: podem ser confeccionadas em plástico, normalmente apresentando um espaço único e contínuo para acondicionamento do substrato, bem como podem ser feitas de poliestireno expandido (isopor), constituídas de um número variável de células, nas quais é feita a produção da muda. Na base, a célula apresenta um orifício para escoamento da água. As bandejas podem ser reutilizadas por diversas vezes. Assim como o tubete, as bandejas são úteis na primeira etapa da propagação, pois acondicionam pequeno volume de substrato. Preferencialmente, as bandejas devem ficar suspensas, permitindo a "poda pelo vento".

14. SUBSTRATOS Entende-se por substrato qualquer material usado com a finalidade de servir de base para o desenvolvimento de uma planta até sua transferência para o viveiro ou área de produção, podendo ser compreendido não apenas como suporte físico, mas também como fornecedor de nutrientes para a muda em formação. Geralmente, o termo substrato refere-se a materiais dispostos em recipientes, mas pode incluir, também, o solo da sementeira ou do viveiro, onde muitas vezes se dá o desenvolvimento inicial da muda. O substrato é um dos muitos fatores que condicionam o sucesso na propagação de plantas. Na opção por um determinado material como substrato, objetiva-se otimizar as condições ambientais, para o desenvolvimento da planta numa ou mais etapas da propagação. Inúmeros materiais podem ser usados como substratos na produção de mudas frutíferas. A escolha do substrato - ou mistura de substratos mais adequada para uma determinada situação - é função da técnica de propagação, da espécie (em alguns casos), da cultivar, das características do substrato, do custo e da facilidade de obtenção de cada material.

14.1. Características físicas 14.1.1. Textura A textura é a proporção relativa dos componentes de vários tamanhos ou grãos individualizados contidos na massa de substrato. Compreende as proporções de argila, silte e areia com dimensões menores que 2mm de diâmetro. Devendo apresentar:  Ótimas proporções de ar e umidade, após drenagem natural;  Rápida drenagem do excesso de água; PET - Agronomia UFCG

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 Adequada taxa de infiltração de água proveniente de irrigação ou de chuva;  Alta resistência à compactação;  Baixa adesão às raízes das mudas;  Baixa resistência à força de separação das mudas, para facilitar sua extração dos canteiros.

14.1.2. Estrutura Trata do modo como as partículas são unidas, arranjadas com os poros, em forma de agregados, no substrato. A forma e dimensões dos agregados determinam a estrutura, tendo as funções de assegurar boas condições de drenagem, oxigenação e penetração das raízes. Espaços entre os agregados constituem meios de movimentação, por força da gravidade, do excesso de água no substrato.

14.1.3. Porosidade São os espaços ocupados por ar, água, organismos e raízes. A porosidade é determinada pelo arranjo das partículas sólidas. Substratos porosos são comuns na presença de altos conteúdos de matéria orgânica. Níveis de umidade no substrato: a) Saturação: todos os poros estão repletos de água; b) Capacidade de campo: umidade retida pelo substrato em resistência à força da gravidade; c) Ponto de murcha: é dita temporária se a umidade retida pelo substrato ocasiona murcha, mas as mudas recuperam a turgidez durante a noite. Caso contrário, o ponto de murcha passa a ser permanente.

14.1.4. Densidade aparente É o peso seco do substrato por unidade de volume deste substrato, é expressa em gramas/centímetro cúbico.Chuvas e água de irrigação podem compactar o substrato e aumentar sua densidade aparente. Em viveiros mecanizados de raiz nua, a movimentação de máquinas e equipamentos podem contribuir para o aumento desta densidade. Substratos com altos níveis de matéria orgânica têm valores menores de densidade aparente que substratos minerais.

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14.1.5. Matéria orgânica O húmus tem a propriedade de expansão e retração, em resposta às condições de umidade e de seca, auxiliando na manutenção de uma adequada estrutura do substrato.

14.2. Características químicas 14.2.1. Colóides São partículas extremamente pequenas que possuem propriedades não apresentadas pelas partículas maiores.  As propriedades dos colóides, importantes em viveiros, são:  A grande área de superfície das partículas, em relação ao seu peso;  As cargas negativas das superfícies dos colóides;  As diminutas dimensões das partículas, que passam por um papel de filtro comum, mas não passam por algumas membranas, como as paredes celulares das plantas;  Partículas individualizadas não são visíveis, mesmo com auxílio de um microscópio de pequeno aumento;  As partículas individuais só saem de uma solução muito lentamente, a não ser que sejam submetidas à floculação.

14.2.2. Minerais de argila Os minerais de argila são usualmente classificados em três grupos: Caulinita, montmorilonita e mica (ilita e vermiculita). A vermiculita tem sido usada na mistura com produtos em decomposição, com a finalidade de preparo de substrato para produção de mudas.

14.2.3. Capacidade de troca catiônica (CTC) É a quantidade total de cátions que pode ser adsorvido por um material ativo. Seu valor é expresso usualmente em meq/100g ou meq/100cm3, com base em peso seco. Como muitos cátions existentes no substrato são nutrientes, a capacidade de troca catiônica expressa à potencialidade de retenção desses nutrientes. Constitui também valiosa informação do nível de fertilidade do substrato, pois os cátions retidos não são lixiviados, são disponíveis para o desenvolvimento das mudas. Um aumento na CTC pode ser conseguido, com adição de matéria orgânica ao substrato.

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14.2.4. pH Muitas reações físicas, químicas e biológicas do substrato e, consequentemente, o desenvolvimento das mudas, dependem do pH.O valor do pH é resultado da atividade dos íons de H+ no substrato, não sendo um valor fixo. Depende do complexo coloidal e seus íons associados, CTC, conteúdo de umidade, concentração de dióxido de carbono, etc. O pH talvez seja a mais importante propriedade química do substrato. A acidez influencia a disponibilidade dos elementos nutritivos e também exerce um efeito direto na população microbiana do substrato. Valores de pH podem ser alterados com calagem, uso de certos fertilizantes e aplicações de enxofre. 14.2.5. Matéria orgânica e relação carbono/nitrogênio (C/N) Caso o substrato possua baixa concentração de N, irá ocorrer uma competição entre as mudas e os microorganismos que necessitam do N para o seu metabolismo. Geralmente, os materiais orgânicos ainda não decompostos são ricos em C, apresentando elevada relação C/N, causando deficiência deste elemento para as mudas. Neste caso, uma adição suplementar de fontes nitrogenadas torna-se necessária.

15. IRRIGAÇÃO É o recurso mais importante que deve ser observado para o funcionamento do viveiro, em todas as etapas de produção. Quanto mais próximo da fonte de água estiver, menores serão os custos de implantação, manutenção e funcionamento. Na irrigação dos canteiros de semeadura e das mudas em estágio inicial de desenvolvimento, as regas devem ser mais frequentes do que para as mudas já desenvolvidas. Em geral, a irrigação deve ser executada no início da manhã e/ou no fim da tarde. O substrato deve ser mantido úmido, mas não encharcado. O excesso de rega costuma ser mais prejudicial do que a falta. O excesso de rega dificulta a circulação de ar no solo e/ou no, impedindo o crescimento das raízes, lixivia os nutrientes e propicia o aparecimento de doenças. É interessante ressaltar que a rega eficiente é obtida quando o substrato fica suficientemente umidificado, sem apresentar sinais de encharcamento (poças ou água escorrendo).

15.1. Tipos de irrigação 15.1.2. Manual

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Pode ser efetuado com regadores ou mangueiras. O regador, quando utilizado, deve ter crivo fino para evitar erosão dos canteiros.

15.1.3 Aspersão e micro-aspersão Esses sistemas em geral são os mais indicados, em função da economia da mão-deobra e do maior controle sobre a distribuição da água. Porém necessita-se de um grande investimento inicial e é muito influenciada pelos ventos.

16. TRATOS CULTURAIS 16.1. Transplante Transplante é a retirada da muda do viveiro para o local definitivo. A época de realização do transplante está ligada à biologia da planta e ao tipo de muda utilizada. Para mudas de plantas de folhas caducas que, geralmente, são comercializadas na forma de raiz nua, o transplante é feito no período de inverno, o que coincide com a menor atividade fisiológica. Já as plantas de folhas persistentes, normalmente comercializadas na forma de torrão, o transplante pode ser realizado em qualquer época do ano, porém realiza-se, de preferência, no início da atividade vegetativa. Quando as mudas forem levadas para locais distantes, devem ser embaladas de acordo com a legislação e, se transportadas no mesmo dia, devem ser mantidas em locais sombreados. No arranquio das mudas, deve-se ter o cuidado para não danificar o sistema radicular e a haste principal.

16.2. Tratamento da muda, embalagem e classificação As mudas, depois de desplantadas, deverão ter sua haste reduzida a uma determinada altura (50cm, no caso do pessegueiro); as raízes também são separadas, obedecendo as normas do Ministério da Agricultura. Devem ser protegidas do meio ambiente para evitar desidratação. As mudas de raiz nua podem ter seu sistema radicular mergulhado numa mistura de argila (barro), podendo-se adicionar cobre 2% + fungicida sistêmico à argila. As mudas tratadas poderão ser reunidas em feixes, embaladas com palha e identificadas (espécie, cultivar e porta-enxerto) para serem comercializadas. A parte aérea de mudas de plantas de clima temperado também poderão receber tratamento para superação da dormência (frio ou aplicação de produtos químicos). Em mudas PET - Agronomia UFCG

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de macieira, o armazenamento a temperaturas de 4°C durante 45 dias proporciona mudas de excelente qualidade e com brotação uniforme. As mudas também podem ser desplantadas com uma porção de solo, chamada de torrão, desta forma elas podem ser comercializadas sem maiores problemas de desidratação da parte aérea e do sistema radicular.

16.3. Viveirista Todo viveirista deverá estar registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA) como produtor de mudas e/ou comerciante, conforme Lei 10.711/2003 e Decreto 5.153/2004. Toda muda deverá ser comercializada dentro de padrões estabelecidos para a espécie, de acordo com normas elaboradas pelo MAPA ou pelas comissões estaduais para produção de mudas fiscalizadas ou certificadas. A muda fiscalizada é a que mantém todas as características necessárias a uma boa muda com relação à sanidade e vigor, porém não possui autenticidade quanto a sua origem genética, o que a distingue da muda certificada. Toda pessoa física ou jurídica que pretenda produzir material de propagação e/ou mudas fiscalizadas deverá requerer anualmente o seu credenciamento na Entidade Fiscalizadora ou Certificadora, mediante a apresentação dos seguintes documentos: a) Requerimento solicitando credenciamento; b) Comprovante de registro de produtor de mudas junto ao MAPA; c) Termo de compromisso do Responsável Técnico; d) Projeto técnico de produção de muda fiscalizada ou certificada, com croqui de localização da propriedade, da área destinada ao viveiro e/ou campo de plantas matrizes; e) Compromisso de produzir mais de 10.000 mudas fiscalizadas de duas ou mais espécies ou, no caso do morangueiro, mais de 200.000 mudas.

17. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO NETO, S.E.de. Fruticultura Tropical. Rio Branco – AC. 2012. CARVALHO, A.C.P.P. de; SANTOS, E.O.; RODRIGUES, A.A.J. Panorama da produção de mudas micropropagadas no Brasil. IN: LEE TSENG SHENG GERALD. (ORG.). Biofábrica

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CAP. 3 - PLANEJAMENTO E INSTALAÇÃO DE POMARES

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CAP. 3 – PLANEJAMENTO E INSTALAÇÃO DE POMARES 1. INTRODUÇÃO O Agronegócio no Brasil tem uma expressiva participação na economia do país e representa aproximadamente 22,15% do PIB em 2012 (ECOAGRO, 2015). Atualmente o país ocupa notável posição mundial na produção agroindustrial. O Brasil é um país com vocação natural para o agronegócio devido às suas características e diversidades, principalmente encontradas no clima favorável, no solo, na água, no relevo e na luminosidade. Com seus 8,5 milhões de km o Brasil é o país mais extenso da América do Sul e o quinto do mundo com potencial de expansão de sua capacidade agrícola sem necessidade de agredir o meio ambiente. A instalação de um pomar é, como várias outras, uma prática agrícola que deve ser bem planejada, pois uma vez instalado, será explorado por vários anos. Antes da instalação de um pomar deve-se fazer um estudo do mercado local e regional para verificar a possibilidade de escoar a produção. Do mesmo modo, devem-se verificar as condições climáticas, a disponibilidade de mão-de-obra, assistência técnica, disponibilidade de água para a irrigação e pulverizações, e, se possível, a aquisição de tratores e equipamentos para mecanização das operações culturais. A escolha do local não pode ser feito com descaso, pois questões como histórico da área, quais as espécies antes cultivadas, produções e produtividades obtidas, necessidade de adubação, ocorrência de pragas e doenças e práticas de preparo do solo podem influenciar no desenvolvimento do seu pomar (NEVES, 2014) (ver figura 3.1).

Figura 3.1. Pomar de manga em linha.

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Além disso, o custo inicial para a instalação de um pomar pode ser elevado. Isso faz com que o produtor se veja na obrigação de planejar da melhor forma o seu pomar, evitando gastos desnecessários. No que se refere à agregação de valor ao produto, a verticalização surge como um atrativo a mais na hora de se implantar um pomar, ou seja, ter o direito de dominar todas as etapas da produção (plantar, criar, colher, transformar, embalar e vender o próprio produto). Esses processos agregam valor ao produto final e evita que o atravessador fique com parte desses lucros. Após instalado, as plantas precisaram de um tempo para desenvolver suas partes vegetativas e darem frutos, assim, gerando renda para o produtor. Muitas vezes esse tempo até a colheita e comercialização demora, e quando acontece, não paga de uma só vez a dinheiro aplicado, sendo necessário manter o ciclo de produção e se obter lucro.

2. LOCAL PARA O CULTIVO DE FRUTÍFERAS Temperaturas elevadas durante o dia, e amenas durante a noite propiciam aumento do teor de açucares e melhoria da coloração (ex.: Pessegueiro), muitas cultivares tornamse adstringentes quando se desenvolvem sob condições de verões frescos, as quais, geralmente, ocorrem em áreas de maior altitude (MEDEIROS et al., 2005). Uma boa intensidade de luz proporciona aumento na atividade fotossintética da planta, no entanto, seu excesso pode ser prejudicial, causando danos à produção (MEDEIROS et al., 2005). A incidência da luz solar está relacionada com a topografia do terreno, pois áreas onduladas ou com encostas com declive não muito acentuado são mais convenientes. O cultivo de frutíferas deve ser feito em áreas ligeiramente inclinadas, de forma que haja escoamento superficial das águas da chuva, evitando o alagamento (NEVES, 2007). Sugere-se uma declividade menor que 20%, pois maior que isso, pode ocorrer erosão, escoamento excessivo de água e diminui a infiltração. Algumas práticas podem ser adotadas para minimizar estes danos, como: capinas alternadas entre linhas, roçar as plantas daninhas e fazer capinas na coroa da planta. Em solos planos a uniformidade do pomar é maior, a mecanização pode ser empregada com maior eficiência, e são solos mais férteis devido à menor lixiviação, no entanto, podem encharcar nos períodos de chuva. Nesse caso, pode-se realizar uma drenagem superficial, ou drenagem a uma profundidade de um metro e valetas com espaço de 10 a 15 metros.

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3. Planejamento 3.1.

Requisitos básicos

De acordo com Neves (2014), é necessário obter informações a cerca de temperatura, precipitação, vento, ocorrência de geada e luminosidade para se determinar a cultura a ser implantada e a necessidade de irrigação e outros tratos culturais. O pomar deve estar próximo a uma fonte de água de qualidade capaz de fornecer quantidades suficientes para a realização dos tratos culturais. A declividade do terreno vai influenciar em fatores como a necessidade de adoção de práticas para conservação do solo e da água, como plantio em curvas de nível, construção de terraços, etc. Baseado na declividade do terreno, o pomar deve ser instalado em terrenos mais expostos ao sol, proporcionando alta produtividade e frutos de qualidade (SIMÕES; FENNER, 2010). O bom desenvolvimento das plantas depende muito do seu crescimento radicular, que necessita de solos profundos para se desenvolver e fornecer nutrientes às plantas. Em suma, solos profundos e bem drenados são mais propícios ao desenvolvimento de espécies frutíferas. O espaçamento adotado para a cultura é função da necessidade de luminosidade, disponibilidade hídrica, competição por nutrientes, entre outros fatores, sendo que cada cultura possui um espaçamento determinado. Deve-se levar em consideração o sistema de cultivo a ser usado, se mecanizado, deve possuir espaçamentos maiores que facilitem o trabalho das máquinas nas entrelinhas, assim como, plantas de porte alto necessitam de maiores espaçamentos, do mesmo modo, em solos mais férteis pode-se usar espaçamentos maiores e, ainda, de acordo com o destino da produção, pois plantas destinadas ao consumo in natura necessitam de espaçamentos maiores do que produtos destinados à indústria (NEVES, 2014).

3.2.

Custos na instalação de pomares

Os custos para a instalação adequada de um pomar podem ascender facilmente a 25.000 para macieiras e mangueira, 60.000 para videiras por hectare, dependendo das condições do local. Magalhães et al. (2005) descrevem alguns dos custos de implantação, do primeiro ao terceiro ano, e de manutenção, de um hectare de laranja ‘Pera’ a partir do quarto ano, em PET - Agronomia UFCG

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regime de sequeiro, considerando o espaçamento de 6,00m x 4,00m, com uma densidade de 416 plantas por hectare e uma vida útil do pomar de 17 anos. No primeiro ano (implantação do pomar), os gastos na aquisição dos insumos são os que mais pesam sobre os custos, representando 56,79% do custo total, sendo seguidos dos gastos com preparo do solo, plantio e tratos culturais, com participações de 33,11% e 10,10%, respectivamente. Como não há produção no primeiro e no segundo ano, não há, portanto, custos de colheita. Nos anos seguintes, pode-se observar as participações percentuais dos custos. Mais a diante, a proporção desses custos ao longo da vida útil do pomar pode ser visualizada de maneira ainda mais fácil. O trabalho apresenta uma estimativa de desempenho do pomar considerando o período de produção, as produtividades esperadas para cada ano e as respectivas receitas e custos envolvidos. O indicador margem bruta representa a diferença entre a receita (valor da produção) e o custo total, em cada período. Deve-se chamar atenção para o preço considerado (média histórica informada de R$147,00/ton.), o qual está sujeito à oscilações para maior ou menor, provocadas pela sazonalidade da oferta da fruta.

4. INSTALANDO O POMAR Primeiro faz-se necessário a limpeza da área (a depender da cobertura vegetal existente). Essa limpeza deve seguir alguns procedimentos, como: a) Derrubar a vegetação existente; b) Encoivarar; c) Fazer os aceiros; d) Fazer as coivaras; e) Queimar as coivaras; f) Destocar a área. Deve-se tomar cuidado com a incidência de pragas como formigas e cupins, que podem ser controlados com a aplicação de formicidas em pó e granulados ou pelo processo de termonebulização.

5. ARAÇÃO E GRADAGEM A prática de aração e gradagem é uma das atividades agrícolas que, dependendo da cultura a ser empregada, só será empregada uma vez (antes da instalação do pomar). A aração consiste em revolver o solo com o arado e permite um maior arejamento do solo, enquanto que a PET - Agronomia UFCG

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gradagem é feita com grade niveladora de discos ou de dentes com a finalidade de destorroar e “aplainar” o solo arado (NEVES, 2007). A função básica da grade é complementar a aração embora, em algumas situações, possa substituir o trabalho do arado.

6. INSTALAÇÃO DE QUEBRA-VENTOS O conceito de quebra-ventos está relacionado a um sistema aerodinâmico, artificial ou natural, que serve como anteparo para atenuar o padrão de velocidade média e da turbulência do vento, proporcionando melhorias às condições ambientais através do controle do microclima da área protegida. De acordo com França e Oliveira (2010), algumas funções derivadas dos quebraventos arbóreos, são a proteção quanto à erosão eólica, a conservação da umidade do solo, a diminuição da evapotranspiração, a produção de madeira para lenha ou benfeitoria, a conservação da flora e da fauna, a produção de néctar e pólen para abelhas e, finalmente, a melhoria e embelezamento da paisagem. Na instalação dos quebra-ventos deve-se observar a direção dos ventos predominantes, sendo que no semiárido ocorrem no sentido Leste-Oeste e provocam grandes prejuízos aos agricultores. A altura das plantas a serem usadas como quebra-vento deve ser, pelo menos, duas a três vezes mais alta do que o cultivo a ser protegido (figura 3.3). A distância entre quebra-ventos é proporcional à declividade do terreno e a sua altura. O comprimento deve ser de, no mínimo, vinte vezes a sua altura, acompanhando a direção perpendicular à direção dos ventos predominantes. Um fator importante a ser observado é a porosidade dos quebra-ventos que deve ser de 40% em filas duplas, visando a possibilidade de alguma planta morrer e deixar um espaço maior que o necessário (FRANÇA; OLIVEIRA, 2010).

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Figura 3.3: Quebra-vento na cultura do café

7. ESCOLHA DE ESPÉCIES ADAPTADAS Devido às condições de elevada temperatura, baixa umidade e poucas chuvas, a escolha de plantas adaptadas às condições de clima tropical torna-se uma necessidade básica, visto que elas se comportaram melhor nas condições da região nordeste brasileiro. Dentre as culturas que podem ser cultivadas, destacam-se a bananeira, o cajueiro, abacaxizeiro, mamoeiro, mangueira, maracujazeiro, coqueiro da bahia, entre outras (FACHINELLO; NACHTIGAL, 2014a). Contudo, o fato de serem adaptadas ao clima tropical não despreza a necessidade de serem empregados tratos culturais como irrigação e outras práticas essenciais a qualquer outra planta. As mudas escolhidas devem ser provenientes de viveiros idôneos; elas devem ser encomendadas um ano antes do plantio; devem ser compradas dentro dos padrões estabelecidos pelo MAPA.

8. COLETA DE SOLO As amostras de solo darão informações a respeito da fertilidade do solo e devem ser coletadas de forma aleatória e representativa, sempre seguindo as orientações técnicas para tal procedimento. A área deve ser dividida de acordo com a cobertura vegetal, a inclinação e a cor do terreno. A coleta do solo deve ser feita em vários pontos da área, caminhando-se em ziguezague, utilizando enxadão, cavadeira de boca ou trado (figura 3.2). As amostras devem PET - Agronomia UFCG

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corresponder às profundidades de 0-20 cm e de 21-40 cm, misturadas em baldes e colocadas em sacos plásticos identificados, que serão levados ao laboratório para posterior análise (FURTINI NETO, 2001).

Figura 3.2. Coleta de solo em forma de ziguezague

9. ROTAÇÃO DE CULTURA OU REPLANTIO A rotação de culturas é definida como sendo a alternância ordenada de diferentes culturas, em determinado espaço de tempo (ciclo), na mesma área e na mesma estação do ano. A rotação de culturas, juntamente com a cobertura permanente e o mínimo revolvimento do solo, compõe os princípios básicos do sistema plantio direto (SPD). A ausência dessa prática acarreta o surgimento de alterações de ordem química, física e biológica no solo, que podem comprometer a estabilidade do sistema produtivo (FRANCHINI et al., 2011). O replantio da área nunca deve ser com a mesma espécie de plantas, pois os restos de cultura proporcionaram a proliferação de pragas e doenças que atacaram a cultura seguinte. No entanto, não se trata de apenas remover os restos culturais, pois o solo e o próprio ambiente estarão propícios a dar continuidade ao ciclo de vida dos insetos, a rotação de cultura tem a finalidade também, de interromper esse ciclo.

10. MÃO-DE-OBRA Todas essas práticas culturais, para serem realizadas, precisam de mão-de-obra a depender do tamanho do pomar.

De acordo com Nachtigal, Fachinello e Kersten (2014),

normalmente são necessários de um a três homens por hectare, pois, praticamente todas as atividades que envolvem o manejo da planta, são realizadas manualmente. Para tanto, é necessário que se faça uma pesquisa com antecedência da disponibilidade de mão-de-obra na região, com isso evita-se prejuízos devido a não realização de uma atividade por falta de pessoal, ou mesmo a má realização desta devido à falta de experiência. PET - Agronomia UFCG

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11. Abertura das covas e sulcos de plantio No caso do plantio das mudas ser realizado em terreno inclinado, deve-se fazer a abertura das covas em curvas de nível obedecendo ao espaçamento da cultura. As covas podem ser abertas mecanicamente ou manualmente. As dimensões das covas usadas geralmente são: 40x40x40 cm, sendo que a terra da parte de cima deve ser separada, pois apresenta maior fertilidade, devendo ser colocada junto com o torrão da muda, próximo às raízes, invertendo as camadas de solo (NEVES, 2007). Algumas das formas de se dispor as mudas no campo são: - Em retângulo: proporciona um melhor aproveitamento das adubações; e torna viável o cultivo intercalar de plantas anuais nos primeiros anos de implantação do pomar.

Para melhor ilustração do espaçamento acima, segue um exemplo: Cultura: Mangueira Espaçamento: 5m x 7m 1 _ (5x7)m² X _ 10000m²  X = 285,7 plantas/ha

- Quadrado: Mantém a mesma distância entre as plantas e entre as fileiras; permite o tráfego de máquinas e equipamentos em dois sentidos; diminui a área útil do terreno; dificulta os tratos culturais mecanizados, pois aproxima as linhas das plantas. Este sistema é pouco empregado em pomares comerciais.

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Para melhor ilustração do espaçamento acima, segue um exemplo: Cultura: Mangueira Espaçamento: 10 x 10 1 _ (10x10) X _ 10000m²  X = 100 plantas/ha

- Triângulo: Também é pouco empregado, mas permite uma equidistância entre as plantas; permite o trânsito em três sentidos; utiliza o terreno de maneira uniforme; e permite um aumento de aproximadamente 15% no número de plantas por área, em relação ao sistema quadrado.

Para melhor ilustração do espaçamento acima, segue um exemplo: Cultura: coqueiro anão Espaçamento: 7,5 x 7,5 x 7,5 A determinação do número de plantas é feita da seguinte forma: Número de plantas = S/LxL x 1/0,866 onde: S = área a ser plantada L = lado do triângulo h = Ö3/2 = 0,866 Exemplo: Plantio de 1ha de coqueiro anão no espaçamento de 7,5 x 7,5m. A altura do triângulo é dada pela fórmula h = L. Ö3/2

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h = 7,5 x 0,866 = 6,495 m Número de Plantas = 10.000 m2/7,5x6,6,495m² = 205 plantas ha-1 Quincôncio: É um esquema de sobreposição de dois sistemas quadrados. Ele pode ser aplicado na implantação de pomares em que se consorcia duas espécies frutíferas. O cálculo assemelha-se ao plantio em forma de quadrado.

O espaçamento é definido como sendo a distância existente entre plantas de mesma fileira (espaçamento entre plantas) ou entre plantas de fileiras diferentes (espaçamento entre linhas). Os espaçamentos recomendados para as principais culturas são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1- Espaçamentos recomendados para as principais espécies frutíferas. Cultura Aceloreira Abacateiro Abacaxizeiro Ameixeira Amoreira-preta Araçazeiro Bananeira Caquizeiro Citros Figueira Framboesa Goiabeira Jabuticabeira Quiuizeiro Macieira Mamoeiro Mangueira Maracujazeiro Marmeleiro

Distância entre plantas (m) 2,0 a 5,0 7,0 a 10,0 0,3 3,0 a 4,0 0,3 a 0,7 2,0 a 4,0 2,5 5,0 a 7,0 2,0 a 7,0 2,0 a 3,0 0,3 a 0,7 3,0 a 11,0 4,0 a 7,0 4,0 a 6,0 0,8 a 5,0 2,0 8,0 a 12,0 2,5 3,0

Distância entre linhas (m) 4,0 a 6,0 9,0 a 12,0 0,8 a 1,0 5,0 a 7,0 2,5 a 3,0 2,5 a 6,0 3,0 6,0 a 8,0 5,0 a 8,0 3,0 a 5,0 2,5 a 3,0 6,0 a 11,0 4,0 a 7,0 4,0 a 6,0 4,0 a 7,0 3,0 8,0 a 12,0 3,0 4,0

Espaçamento mais utilizado (m) 4,0 x 5,0 10 x 10 0,3 x 0,9 4,0 x 6,0 0,5 x 3,0 2,0 x 4,0 2,5 x 3,0 7,0 x 7,0 4,0 x 6,0 3,0 x 5,0 0,5 x 3,0 5,0 x 7,0 6,0 x 6,0 5,0 x 5,0 1,25 x 5,0 2,0 x 3,0 10,0 x 10,0 2,5 x 3,0 3,0 x 4,0

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Mirtilo 1,0 a 1,5 Morangueiro 0,3 a 0,4 Nespereira 5,0 a 7,0 Pereira 4,0 a 10,0 Pessegueiro 1,0 a 4,0 Romanzeira 4,0 a 6,0 Videira 1,0 a 3,5 Fonte: Nachtigal; Fachinello; Kersten (2008).

3,0 a 4,0 0,3 a 0,4 5,0 a 7,0 5,0 a 10,0 5,0 a 7,0 4,0 a 6,0 2,5 a 4,0

1,0 x 4,0 0,3 x 0,4 6,0 x 6,0 4,0 x 4,0 4,0 x 6,0 4,0 a 6,0 2,0 x 3,0

12. DENSIDADE DO POMAR A utilização de maiores ou menores espaçamentos irá resultar em pomares de baixa ou alta densidade, respectivamente. Com isso, surgem termos importantes, com significados diferentes, que muitas vezes são fonte de grandes equívocos (figura 3.3 e 3.4), entre eles: a) Densidade de implantação - definida como sendo o número de plantas por unidade de área. A densidade de implantação fica constante durante toda a vida do pomar se não forem feitos desbastes; b) Densidade do pomar propriamente dita - definida como a percentagem da área do pomar coberta pelas copas das plantas. Quanto maior a área útil do pomar, maior sua densidade. Pomares jovens apresentam baixa densidade inicial, que vai aumentando com desenvolvimento das plantas. Para classificar os pomares quanto à densidade, pode-se estabelecer parâmetros para definir baixa, média e alta densidade, conforme mostra a Figura 3.3. a) Baixa densidade - quando não há correlação entre o aumento do número de plantas por unidade de área e o vigor das mesmas, representado pelo diâmetro do tronco medido a 30 cm do solo. b) Média densidade - quando há correlação entre aumento do número de plantas por unidade de área e o vigor, porém esta correlação não é linear. c) Alta densidade - quando há correlação linear entre o aumento do número de plantas por unidade de área e o seu vigor.

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Figura 3.3: Efeito do aumento do número de plantas/ área, no vigor do tronco das mesmas.

A

B

Figura 3.4: Pomares implantados em alta (A) e baixa densidade (B).

Dessa forma, a alta densidade de plantas por área aumenta a competição por nutrientes e luz, fazendo com que o tronco seja mais fino e menos vigoroso. 11.1. Vantagens da baixa densidade de implantação a) Menor custo de implantação por unidade de área; b) Maior longevidade do pomar; c) Melhores condições de luminosidade e arejamento; e d) Condução da planta mais livre, o que proporciona menor necessidade de mão-deobra.

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11.2. Vantagens da alta densidade de implantação a) Melhor aproveitamento do solo, fertilizações e mão-de-obra; b) Maior produção por unidade de área; c) Maior facilidade do manejo das plantas por apresentarem porte mais reduzido; d) Maior precocidade, devido ao menor período improdutivo; e) Sombreamento diminui a ocorrência de plantas invasoras; f) Torna viável o uso de terrenos excepcionais que tenham necessidade de tratos culturais de alto custo, como irrigação, controle de granizo, etc. As desvantagens do sistema de alta densidade são os altos custos de implantação, as técnicas de manejo da planta e solo devem ser mais apuradas e o controle fitossanitário deve ser mais rigoroso.

11.3. Condições que determinam o espaçamento e a densidade do pomar: a) Que se dispõem: custo das mudas, clima, solo, equipamentos, mão-de-obra, conhecimento técnico do fruticultor e preço da terra; b) Que se vai adotar: espécie frutífera, cultivar, porta-enxerto, tipo de condução, adubação, irrigação, tipo de colheita e tempo de exploração.

12. CUIDADOS PÓS-PLANTIO As mudas devem ser tutoradas e receber irrigação permanente, conforme forem as condições de umidade do solo. Outro cuidado que deve ser tomado é o de eliminar os ramos ladrões, principalmente os originados do porta-enxerto, e dar uma condução de planta conforme o desejado. No início da brotação, deve-se ter cuidado com o controle de formigas, plantas daninhas no pomar e alguns

roedores

que

poderão

causar

danos

na

casca

das

mudas.

Normalmente, a percentagem de reposição das mudas é da ordem de 5%. Este percentual deve ser adquirido com antecedência para reposição em ocasião oportuna.

12.1. Condução do pomar Após o plantio, é necessário realizar algumas práticas culturais, como: 

Raleio: aumenta a disponibilidade de espaço, água, luz e nutrientes por planta. Faz-se eliminando as plantas em excesso; PET - Agronomia UFCG

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Poda: Ato de se retirar parte de plantas, arbustos, árvores, cortando-se ramos, rama ou braços inúteis, o que pode ser periódico e que favorece o seu crescimento. Os tipos de poda mais comuns são: poda de formação, poda de renovação e poda de frutificação;

Capinas: a função desse trato cultural é eliminar a concorrência entre as ervas daninhas e a cultura plantada, ocorrendo com relação à água, aos nutrientes e à luz;

Irrigações: devem ser frequentes, seguindo a orientação de um profissional qualificado, com base em dados de evaporação e com os devidos sistemas de irrigação. De acordo com dados da AESA (2009), a quantidade de chuva que cai no estado da

Paraíba, principalmente entre os meses de Março e Junho, é de 1400 mm. Sendo que na maior parte do ano as chuvas são escassas, fazendo-se necessário armazenar essa água para que ela possa ser utilizada na irrigação ao longo do ano. 13. ADUBAÇÃO EM FRUTEIRAS A adubação é componente essencial para a construção de um sistema de produção eficiente. A disponibilidade de nutrientes deve estar sincronizada com o requerimento da cultura, em quantidade, forma e tempo. Na fruticultura brasileira não é diferente a necessidade de utilizar-se de insumos agrícolas em especial a adubação torna-se cada vez mais crescente, uma vez que plantas bem nutrida respondem bem em termos de produtividade (COELHO et al., 2007) . Diante disso se faz necessário adotar um manejo de adubação que proporcione maior eficiência tanto do ponto de vista produtivo como econômico. Para ter êxito no desenvolvimento de qualquer cultura, deve-se antes de realizar a implantação da mesma realizar uma análise de solo para identificar o estado nutricional do solo, e as exigências nutricionais que a planta apresenta, para que com isso adote-se um plano de manejo nutricional eficiente. Levando-se em consideração esses fatores deve-se prosseguir com a análise de solo. É importante ressaltar que nos últimos anos, a agricultura brasileira, de um modo geral, vem passando por importantes mudanças tecnológicas resultando em aumentos significativos da produtividade e produção. Dentre essas tecnologias destaca-se a conscientização dos agricultores da necessidade da melhoria na qualidade dos solos, visando uma produção sustentada. Essa melhoria na qualidade dos solos está geralmente relacionada ao manejo adequado, os quais incluíram entre outras práticas, a rotação de culturas, o plantio PET - Agronomia UFCG

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direto e o manejo da fertilidade através da calagem, gessagem e adubação equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos e/ou orgânicos (estercos, compostos, adubação verde, etc.) (COELHO et al., 2008).

13.1.

Análise do solo

Na implantação de qualquer que seja a cultura, deve-se sempre que possível realizar a análise da área na qual a mesma vai ser implantada, essa técnica consiste na coleta de amostras da área a ser estudada buscando sempre coletar amostras de áreas homogêneas como mostrado na figura 3.2. A coleta deve ser realizada em zigue-zague com um auxílio de um trado holandês ou trado de rosca, balde e sacos plásticos. Depois de realizar todas as coletas simples junta-se as mesmas em um único balde formando a amostra composta que posteriormente deve ser identificada com o nome da propriedade, proprietário e se possível um relato do histórico da área que está sendo cultivada e em seguida encaminhar para um laboratório de solos. Deve-se ater para o numero de amostras que deve ser acima de 20 amostras.

14. MANEJO DA ADUBAÇÃO EM FRUTÍFERAS O aspecto nutricional é particularmente importante para os frutos, visto a influência que os elementos minerais exercem sobre sua qualidade, requisito imprescindível à exportação. O consumo de frutas in natura e de seus sucos naturais é uma tendência mundial, que pode ser aproveitada como incentivo para uma produção com qualidade. O uso de fertilizantes é uma das práticas de maior efeito na produção das fruteiras, porém, quando o solo apresenta condições adversas como reação ácida, salinidade ou mesmo desestruturação física, a eficiência de aproveitamento é baixa e parte do investimento em adubação não tem o retorno esperado. O uso de corretivos e adubos nas culturas deve permitir uma boa nutrição das plantas, manter ou mesmo melhorar a fertilidade natural do solo e ser uma prática economicamente rentável. A aplicação de fertilizantes em plantas frutíferas é praticamente uma imposição para a produção, visto as grandes quantidades de elementos que são imobilizados pela parte vegetativa ou exportados a cada safra (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO, 2004). Quanto à essencialidade dos nutrientes os mesmos são classificados em dois grupos são eles macronutrientes e micronutrientes. Macronutrientes são os elementos requeridos em maiores quantidades pela planta. São eles Nitrogênio (N); Fósforo (P); Potássio (K); Cálcio PET - Agronomia UFCG

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(Ca); Magnésio (Mg) e Enxofre (S). Já os micronutrientes são aqueles requeridos em menor quantidade pela planta. São eles Cobre (Cu); Zinco (Zn); Manganês (Mn); Boro (B); Ferro (Fe); Cloro (Cl) e Molibdênio (Mo). Na tabela abaixo estão inseridos os macro e micronutrientes bem como a forma disponível no solo para planta e em quais tipos de adubos estão contidos(MARENCO; LOPES, 2009).

Elemento

Forma disponível no solo para planta

Adubos

Molibdênio

MoO42-

Molibdato de amônio

Cobre

Cu +, Cu 2+

Sulfato de cobre

zinco

Zn 2+

Sulfato de zinco

Boro

H3BO3

Bórax

Manganês

Mn 2+

Sulfato de magnésio

Ferro

Fe 2+, Fe 3 +

Sulfato de ferro

Cloro

Cl-

Cloreto de potássio

Enxofre

SO42-

Sulfatos

Fósforo

H2PO4-

Monoamoniofosfato

Magnésio

Mg 2+

Sulfato de magnésio

Cálcio

Ca 2+

Calcário ou ureia

Potássio

K+

Cloreto de potássio

Nitrogênio

NO3-

Nitrato de potássio

15. ADUBAÇÃO DE FUNDAÇÃO E ADUBAÇÃO DE COBERTURA Neste tipo de adubação os fertilizantes minerais e orgânicos são colocados na cova e misturados com a terra da própria cova, antes de se fazer o transplantio das mudas. A quantidade de matéria orgânica ou mesmo adubo químico vai depender da analise de solo (FARIA; SILVA, 2004). É indispensável a adoção dessa prática em qualquer que seja a cultura principalmente nas frutíferas, pois, as mesmas requerem quantidades significativas de nutrientes para sua máxima produção. Conforme a EMBRAPA (2008) baseados na análise de solo procura-se incorporar os corretivos na camada de 0 a 40 cm. Para isso, utiliza-se subsolagem, para que os nutrientes PET - Agronomia UFCG

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possam ser bem distribuídos, horizontal e verticalmente, no solo. A adubação de plantio pode ser aplicada em toda a área, na faixa de plantio ou em covas. Quando a adubação for realizada em toda a área, não é necessário realizá-la nas covas de plantio. No caso da área não ter sido corrigida totalmente, aplica-se o calcário e os demais corretivos de acordo com análise de solo, levando-se em conta o volume de solo a ser adubado, ou seja, a quantidade de adubos depende do tamanho da cova. Na fase de plantio deve-se ter o cuidado com a adubação na cova, principalmente adubos potássicos (salinidade). As fontes de fósforo utilizadas devem ser, de preferência, naturais ou parcialmente aciduladas, para que o nutriente possa ser aproveitado à medida que for sendo liberado (EMBRAPA., 2008). Levando-se em consideração a cultura do cajueiro a adubação em cova realizada da seguinte forma no fundo da cova aplicar 100 g de calcário dolomítico e misturar com a terra de lá retirada. As dimensões das covas vão depender da textura do solo, a exemplo da figura 3.5. Nos solos com textura leve ou arenosa, as covas devem ter as seguintes dimensões: 0,30 m x 0,30 m x 0,30 m: em solos com textura argilosa, as dimensões das covas devem ser de 0,40m x 0,40m x 0,40m a 0,50m x 0,50m x 0,50m. Em seguida, encher a cova com uma mistura de terra superficial + superfosfato simples, de acordo com a análise do solo, mais 100 g de FTE BR (formulação de adubo contendo em sua composição micronutriente) + 10 litros de esterco animal bem curtido. Deixar a cova assim preparada, por um período de 30 dias antes do transplante da muda, e posteriormente efetuar o transplante seguida da irrigação. Veja a imagem abaixo.

Figura 3.5. Abertura de cova para o transplantio de caju (EMBRAPA Semiárido).

Adubação de cobertura: Esta técnica baseia-se no principio da lei do mínimo, ou seja, mesmo que a grande maioria dos nutrientes essenciais esteja presentes se um estiver PET - Agronomia UFCG

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ausente ou em baixas concentrações a planta tenderá a apresentar deficiência nutricional em virtude do elemento menos concentrado ou mesmo por desequilíbrio nutricional em virtude do elemento ausente. A adubação de cobertura é uma prática que complementa a adubação de plantio. A aplicação de insumos tais quais adubos sintéticos, fungicidas e inseticidas aliado às técnicas agrícolas adequadas, até o momento são essenciais para que a demanda por alimentos seja suprida, bem como a maximização da produção agrícola. A base para o sucesso em qualquer atividade agrícola é o manejo adequado do solo, pois, o mesmo é o meio para o desenvolvimento da planta (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO, 2004). Na cultura da mangueira a adubação em cobertura é realizada da seguinte forma: a partir de três anos ou quando as plantas entrarem em produção, os fertilizantes deverão ser aplicados em sulcos, abertos ao lado da planta. A cada ano, o lado adubado deve ser alternado. A localização destes sulcos deve ser limitada pela projeção da copa e pelo bulbo molhado, por ser esta a região com maior concentração de raízes. Após a colheita, se aplica 50% do nitrogênio, 100% de fósforo e 25% do potássio. Antes da indução, se aplica 20% do potássio. Na floração, se aplica 15% do potássio. Após pegamento dos frutos, se aplica 30% do nitrogênio e 15% do potássio. Cinquenta dias após o pegamento dos frutos, se aplica 20% do nitrogênio e 15% do potássio (CRISÓSTOMO; NAUMOV, 2009). Veja a figura 3.6.

Figura 3.6. Formas de aplicação do adubo na cultura da manga.

16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COELHO, RUIMÁRIO INÁCIO et al. Resposta á adubação com ureia, cloreto de potássio e ácido bórico em mudas de abacaxizeiro ‘Smooth Cayenne. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal-sp, p.161-165, 11 fev. 2007.

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CAP. 4 - IRRIGAÇÃO EM FRUTEIRAS

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CAP. 4 – IRRIGAÇÃO EM FRUTEIRAS 1. INTRODUÇÃO A expansão da fruticultura no Brasil, especialmente na Região Nordeste, vem provocando uma crescente demanda por tecnologias na área de irrigação voltadas para o manejo de solo, água, planta e nutrientes. O potencial existente para a exploração da fruticultura faz desta atividade um ótimo negócio para o desenvolvimento da agricultura no Nordeste brasileiro e consequentemente para a economia do país. A irrigação na fruticultura visa, sobretudo, suprir as necessidades hídricas das plantas. Não funciona em separado, mas integrada a outras práticas agrícolas de forma a beneficiar a cultura e o produtor em particular. É necessária em regiões onde o regime pluvial não atende às necessidades das plantas durante todo o seu ciclo ou em parte dele, permitindo ampliar o tempo de exploração, o número de colheitas ou ainda melhorar a produção já existente (SIMÃO; MANTOVANI; SIMÃO 2015). No fornecimento da água para irrigação das frutíferas é necessário que se conheça os métodos de manejo da irrigação que será utilizado para cada cultura. As escolhas corretas irão refletir na produtividade das culturas. Compreende-se que a água se torna um fator limitante para o desenvolvimento das culturas, visto que sua falta ou excesso pode afetar as suas atividades metabólicas a sanidade e a produção. Caruso (1998) relata que a água doce disponível o mundo para consumo humano e produção de alimentos não passa de 1% do total de água líquida encontrada (97% é água salgada e 2% gelo). Atualmente a atividade agrícola utiliza mais de 70% do volume de água doce consumida no mundo, dessa forma, observa-se a grande necessidade do uso racional da água para produção de alimento. A irrigação é uma tecnologia imprescindível no processo de ampliação da produção de bens agrícolas, sendo a sua adoção dependente da disponibilidade hídrica de cada região. Em regiões desérticas e áridas, onde a precipitação anual é inferior a 250 mm, ou seja, muito baixa ou nenhuma, a irrigação é tida como obrigatória, pois nenhum tipo de cultura pode se desenvolver sem receber água. É o caso de países no Golfo Pérsico, na África subsaariana e de algumas regiões do México, Chile e Argentina, e outras zonas desérticas do globo terrestre (TESTEZLAF, 2011). Para que aja um uso eficiente da água disponível é necessário um adequado manejo das irrigações, que tem por objetivo maximizar a produção agrícola racionalizando o uso de PET - Agronomia UFCG

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mão-de-obra, energia e água, evitando a ocorrência de problemas fitossanitários relacionados às aplicações excessivas ou deficientes de água e o desperdício de fertilizantes (PIRES et. al., 1999).´

2. MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO Segundo Pires (1999) a irrigação pode ser desempenhada por diferentes métodos: aspersão, localizada, superfície e subsuperficial. Com relação à escolha do método de irrigação, não existe um melhor que o outro, e sim o que mais se adapta a cada situação em particular. Existem vantagens e limitações no emprego de cada um deles. Para escolha do método adequado de irrigação, alguns aspectos devem ser considerados, como a disponibilidade e qualidade da água, energia e mão-de-obra despendida, a topografia e o tipo de solo, o custo de implantação, o clima e a cultura. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA, 2009), mostra que Brasil tem cerca de 4,6 milhões de hectares irrigados em 2009, o que corresponderia a 6 % da área agrícola explorada com lavoura no país.

2.2. Irrigação localizada Na irrigação localizada a água é aplicada sobre o solo, buscando atingir somente o volume de solo explorado pelo sistema radicular da planta. Esses sistemas utilizam pequenas vazões, quando comparados a outros sistemas de irrigação, devidas o emprego de emissores com diâmetros de saída reduzidos submetidos a baixas pressões e com alta frequência de aplicação. Em função do tipo de emissor utilizado, os sistemas de irrigação localizada podem ser classificados em: Sistema por gotejamento: a água é aplicada no solo de forma constante com baixa vazão através de pequenos emissores denominados gotejadores (Figura 4.1). Sistemas de microaspersão: estes sistemas utilizam microaspersores ou sprays, que aplicam a água, preferencialmente, na área sombreada pela copa da planta (Figura 4.2). Esses sistemas possuem vazões e áreas de aplicação maiores que o gotejamento.

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Figura 4.1.Sistema por gotejamento.

2.1.

Figura 4.2. Sistema por microaspersão

Irrigação por aspersão

Nestes sistemas, a água é distribuída na forma de gotas sobre a cultura e superfície do solo, imitando o efeito da chuva. A formação das gotas é obtida pela passagem da água sob pressão através de orifícios existentes em dispositivos mecânicos chamados aspersores ou sprays. Os sistemas de irrigação por aspersão podem ser divididos basicamente em dois tipos: Sistemas convencionais: são os sistemas que utilizam os componentes convencionais de aspersão (moto bombas, tubulações, aspersores), que podem se movimentar pelo campo (móveis), cobrindo em cada posição um setor da área irrigada ou permanecer parados (fixos) na mesma posição ao longo do período de produção e cobrindo toda a área irrigada ou setores específicos ao mesmo tempo. Sistemas mecanizados: são sistemas onde os aspersores ou sprays são montados em estruturas metálicas que se movem ao longo da área para efetuar a irrigação. Estes sistemas podem se movimentar com o auxílio de um trator, ou de sistemas elétricos automatizados com movimentos lineares ou circulares, ou ainda, com a utilização da pressão existente na tubulação. Enquadram-se no sistema mecanizado, um dos mais conhecidos no Brasil, e o carretel enrolador.

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Figura 4.3. Sistema de aspersão convencional.

2.2.

Figura 4.4. Sistema de aspersão mecanizado

Fatores que afetam a escolha do sistema de irrigação

Vários são os fatores que devem ser levados em conta para a deliberação de irrigar ou não e de qual método utilizar, Porém existem fatores que podem afetar a escolha do melhor sistema de irrigação, fatores estes que podem diminuir a sua produtividade, causar erosões, salinidade e entre outras limitações, o quadro abaixo relata todas as limitações impostas por esses fatores.

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CAP. 5 - PODA EM FRUTEIRAS

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CAP. 5 – PODA EM FRUTEIRAS 1. INTRODUÇÃO A história da poda em plantas é tão antiga quanto à existência da humanidade e nos leva a um passado bem distante e os curiosos fatos. Há relatos antigos de que na Grécia nos indicam ser um ano, e suas dentadas em ramos os “inventores” da poda. Outras versões indicam serem ovelhas e cabras as responsáveis pela descoberta. Há quem diga também que foram eventos naturais como chuvas de granizo que naturalmente “podaram” os ramos das árvores. A partir de observações no campo, os agricultores da época puderam notar que as plantas que apresentavam os ramos cortados, seja por mordida de animal ou por evento natural, tinham um incremento singular, diferente das plantas não podadas. Posteriormente, procurando imitar tais eventos, o homem passou a fazer uso de tesouras e facas, estabelecendo assim a prática da poda, sendo que cada povo desenvolveu em sua diversidade de plantas, um estilo próprio de realizar a poda (SCARPARE FILHO et al. 2011). Para que a poda seja bem executada, é importante conhecer alguns princípios básicos. Da fisiologia e morfologia das plantas. A poda irá influenciar de forma marcante algumas funções como crescimento, absorção de água e nutrientes, entre outras (SCARPARE FILHO et al. 2011).

2. IMPORTÂNCIA DA PODA A importância de se podar modifica de espécie para espécie, portanto poderá ser decisiva para uma, enquanto que para outra, ela é praticamente dispensável. Com relação à importância, as espécies podem ser agrupadas em: 

Decisiva: Videira, pessegueiro, figueira, nespereira.

Relativa: Pereira, macieira, caquizeiro, oliveira.

Pouca importância: Citros, abacateiro, mangueira, nogueira.

Na realização de uma poda visa obter a produção de plantas sadias, vigorosas e mecanicamente fortes. Levando a obtenção de plantas com copas bem formadas e equilibradas. Uma maior distribuição uniformidade da área de frutificação em toda a copa. Promover a obtenção de frutos de boa qualidade e de tamanho adequado. E manter a regularizar e a sucessão de safras, evitando-se a alternância de frutificação (CRESTANA, 1996). PET - Agronomia UFCG

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3. OBJETIVO DA PODA A poda tem como objetivo alterar a forma natural das plantas, modificar a arquitetura da planta a fim de torná-la de menor porte, proporcionando melhor iluminação e arejamento no interior da copa. Regularizar a produção, com a obtenção de produções regulares anualmente, com frutos de boa qualidade. Manter a forma, a sanidade e o vigor das plantas, que é realizada principalmente após a colheita em plantas adultas para controlar seu vigor e sanidade (SCARPARE FILHO et al. 2011).

4. FISIOLOGIA DA PODA O desenvolvimento da planta ocorre pela retirada de água e sais minerais do solo através de suas raízes. Essa seiva (bruta) é transportada até as folhas onde é transformada em seiva elaborada pelo processo da fotossíntese. Outra parte da água retirada do solo é utilizada na respiração realizada nas folhas. A seiva elaborada é utilizada nos processos vitais de crescimento e frutificação. O crescimento vegetativo das plantas, de ramos e folhas é proporcional ao crescimento de suas raízes. À medida que a planta cresce, aumenta o número de ramos e folhas, e consequentemente a fotossíntese e, com isso, há maior produção de seiva elaborada. Quando a planta acumula reserva suficiente, entra em frutificação, reduzindo seu crescimento e direcionando a seiva para a formação dos frutos. Parte dessa reserva é armazenada em outros órgãos, como as raízes. Após a colheita, a planta volta a crescer normalmente, aumentando seus ramos e folhas ao mesmo tempo em que aumenta suas raízes. Quando as reservas são novamente acumuladas, uma nova frutificação ocorre. Um dos princípios fisiológicos fundamentais é que o excesso de crescimento vegetativo reduz a quantidade de frutos e o excesso de frutos reduz a qualidade dos mesmos, ou seja, existe uma relação inversa entre vigor e produtividade. Outros princípios fisiológicos da poda são citados na literatura: 

Os ramos geralmente apresentam dominância apical;

O vigor dos brotos depende de sua posição e quantidade no ramo;

Há uma relação direta entre o desenvolvimento da copa e do sistema radicular. O equilíbrio entre estes, afeta o vigor e a longevidade;

As condições de clima e solo afetam o vigor e a fertilidade das gemas;

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Ramos que recebem mais luz são mais produtivos e apresentam maior circulação de seiva;

Há espécies que frutificam em ramos do ano e outra em ramos de um ou mais anos;

A poda drástica retarda a frutificação, pois exige crescimento vegetativo que é antagônico às funções reprodutivas;

A redução da área foliar pode debilitar a planta;

Ramos posicionado verticalmente propicia o crescimento vegetativo, enquanto que ramos horizontais favorecem as gemas reprodutivas. Para a prática de poda é interessante conhecer a classificação das gemas com relação

às suas funções, que são: vegetativa, florífera e mista. Denomina-se gema vegetativa (Figura 5.1 A e B) aquela que se desenvolve e forma ramos, folhas e outras estruturas, sem formar flores. A gema florífera, quando se desenvolve, forma uma flor ou inflorescência e a gema mista é aquela que se desenvolve e forma ramos que trazem botões florais.

B

A

Vegetativa Florífera

Florífera Figura 5.1: Gemas de pessegueiro, que produz em ramos do ano anterior, antes (A) e após a brotação (B)

5. HÁBITOS DE FRUTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES FRUTÍFERAS Os hábitos de frutificação das espécies frutíferas são divididos conforme a natureza dos ramos que possuem e podem ser divididas em três grupos: 1. Plantas com ramos especializados são aquelas que só produzem frutas sobre ramos específicos. Os demais ramos dessa planta só produzem brotos vegetativos e folhas. Esses ramos especializados são geralmente curtos e denominados de esporões, em contraposição aos vegetativos, que são mais longos e vigorosos. Este é o caso das macieiras, pereiras, cerejeiras etc.

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2. Plantas com ramos mistos são geralmente aquelas que, além de frutificarem sobre esporões, frutificam também sobre os ramos do ano anterior. Estas fruteiras possuem, consequentemente, ramos mistos, já que seus ramos dão flores e frutos, como também crescimento vegetativo. Este é o caso dos pessegueiros e das ameixeiras japonesas. 3. Plantas em que as flores nascem sobre os ramos da brotação nova isso é o fato das cítricas em geral. Nelas, o ramo frutífero, ao oposto de ser formado no inverno, nasce na primavera e floresce mais ou menos abundantemente, conforme as condições que lhe são mais ou menos propícias. Os ramos especializados se originam, como todos os ramos de uma gema vegetativa, onde um da origem ao o outro. Para que se forme um Dardo é necessário que uma gema se alongue e encomprida-se em um eixo pontiagudo, na ponta do qual se forma outra gema foliar. Geralmente para um dardo virar lamburda, leva, entorno de um ano com boas condições ambientais, o dardo deixa de ser pontiaguda e torna-se robusta e gorducha. Jamais poderá podar as lamburdas, pois elas representam a safra em potencial. Entretanto, com as frutificações sucessivas, as lamburda vão se enchendo de tortuosidade, pela acumulação de pedúnculos donde se inserem os frutos. Essa tortuosidade constituem obstáculos à livre circulação da seiva, circunstância que, com o andar do tempo, determina a formação nas velhas lamburdas de engrossamento bojudos, os quais atingem por vezes consideráveis tamanhos e forma globulosa, tomando então o nome de Bolsas.

6. TIPOS DE PODAS 6.1. Poda de formação Tem por fim, orientar a planta de modo a notificar uma maior resistência aos agentes atmosféricos (principalmente o vento) e proporcionar boas produções, diminuindo as possibilidades de tombamentos ou quebras dos ramos. Estes, pela poda, adquirem posição simétrica, beneficiando, pela sua melhor distribuição, o arejamento interno da copa e reduzindo, em consequência, os focos de infecção (Figura 5.2). A poda de formação além de reduzir o porte da árvore, favorece os tratos culturais do solo, o controle fitossanitário, o ensacamento, e a colheita dos frutos, além de possibilitar o plantio de um maior número de árvores por unidade de área.

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Figura 5.2. Poda de formação vista de cima: a) pernada; B) braços; C) ramos. (Fonte: Simão, 1998).

6.2. Poda de frutificação Tem por objetivo regulariza e melhorar a frutificação, quer refreando o excesso de vegetação da planta, que pelo contrário, reduzindo os ramos frutíferos para que haja maior intensidade de vegetação, evitando-se, dessa maneira, a superprodução da planta, que abaixa a qualidade da fruta e acarreta a decadência rápida das arvores. Desse modo, a poda de frutificação é controladora da produção, uniformizando-a, regularizando-a, dando-lhe mais qualidade e consistência.

6.3. Poda de rejuvenescimento Tem por objetivo livrar as plantas de seus ramos doentes, praguejados, improdutivos e decrépitos ou, se mais energeticamente executada, reformada inteiramente a copa, renovandoa a partir das ramificações principais, eliminando os focos de doenças e pragas que venham a prejudicar o desenvolvimento da planta, reconstituindo a ramagem já estéril, reativando assim a produtividade perdida. Esse tipo de poda é radical é frequentemente usado no transplante de grandes árvores frutíferas adultas e no rejuvenescimento de pomares abandonados, mas de vigor ainda razoável.

6.4. Poda de limpeza É uma poda leve, quase simples visita geral a que anualmente a que se procede anualmente nos pomares, com tesoura em punho, consistindo na retirada de um eventual ramo doente ou inconveniente. É poda sumária, aplicada às plantas adultas daquelas frutíferas que requerem pouca poda, como laranjeiras, abacateiros, jabuticabeiras, mangueiras etc.

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7. SISTEMAS DE CONDUÇÃO DE PLANTAS Livres: As plantas são sustentadas pelo seu próprio tronco. Neste sistema, as plantas basicamente são formadas de três maneiras:  Vaso, cone invertido ou centro aberto: esses sistemas não tem um ramo central que lidera o crescimento da copa e sim uma série de ramos laterais chamados pernadas, bem espaçados entre si (Figura A). O equilíbrio entre eles é mantido através de podas. Neste sistema, normalmente são deixadas 4 a 6 pernadas que irão servir de base para os ramos de produção.

Os primeiros ramos devem ficar a partir de uma altura de

40cm do solo, sendo aconselhável não deixar os ramos principais partirem do mesmo ponto. Nas plantas em formação pode-se deixar 1 ou 2 ramos a mais, devido à possibilidade de ocorrerem perdas devido a ruptura pelo vento, máquinas, animais, entre outros. Este sistema de condução é utilizado para pessegueiro e ameixeira, porém pode ser utilizado para diversas frutíferas, como macieira, pereira e marmeleiro. A vantagem principal é a penetração de ar e de luz, além de manter a planta num porte baixo, o que facilita os tratos culturais, como poda, raleio, colheita e pulverizações.  Líder central: Este tipo de desenvolvimento de plantas tem um ramo principal dominante e uma série de ramos laterais bem afastados. A principal vantagem é o desenvolvimento de bifurcações fortes, porém o seu interior pode ficar muito sombreado. Para algumas espécies, este sistema constitui-se num fator indispensável, como é o caso da macieira e da pereira, proporcionando, à planta, uma forma piramidal. Todos os ramos laterais são conduzidos em posição quase horizontal e claramente subordinados ao eixo central (Figura 5.3). Os ramos laterais não ultrapassam 1/3 do diâmetro do tronco e devem partir de pontos diferentes do tronco, distribuídos na forma de espiral.

Figura 5.3: Sistemas de condução: Líder central no cultivo da macieira (Foto: J. C.Fachinello)

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Guia Modificado: Durante o momento de formação da planta o guia central é despontado, evitando que ele chegue a ser dominante. O guia modificado difere da forma de vaso por consagrar a gema apical para dar prolongamento ao tronco e aos ramos laterais, que sobre ele se formam. A planta adulta também fica com forma de pirâmide e se assemelha ao sistema de líder central. Este sistema pode ser utilizado para macieira e pereira. O guia principal é cortado a 80 cm do solo, ao final do primeiro ano a planta terá um líder e 3 a 5 pernadas laterais. No segundo ano, o líder novamente é despontado, ficando com 60 cm e com ramificações laterais. Esta operação é realizada até o terceiro ano. Apoiados: nesse sistema as plantas são apoiadas sobre um tutor ou sobre uma armação de arame ou mesmo de madeira. As principais formas de condução de plantas apoiadas são a latada (Figuras E1 e E2) e a espaldeira (Figuras F1 e F2), como acontece com a videira e com o quivi. Em macieiras são utilizadas as formas de cordão vertical, horizontal, oblíquo, entre outros.A direção em que as plantas na forma de latada tomam também é conhecida por pérgola ou caramanchão, consiste em desenvolver a copa das mesmas em um plano horizontal, formado através de uma malha de fios de arame sustentada por moirões ou postes. A altura do solo até a copa, neste sistema, varia em torno de 1,80 a 2,0m. A condução das plantas na forma delatada apresenta algumas vantagens, como, por exemplo, permite uma maior extensão vegetativa da planta e proporciona uma maior produtividade, porém impede a realização dos tratos culturais e favorece o ataque de doenças fúngicas. É o sistema mais utilizado para produção de uvas americanas e híbridas no Rio Grande do Sul. No sistema de condução em espaldeira, as plantas são conduzidas na forma vertical, deforma semelhante a uma cerca. Sua construção é mais simples do que a latada, pois se utiliza de 3 ou 4 fios de arame, sendo que o primeiro é colocado a 1,0m do solo e os demais a cada 0,30a 0,40m. Para sustentá-los, utilizam-se postes individuais, distanciados de 5 a 6m. Este sistema não permite altas produtividades, pois restringe a expansão da copa, porém promove a realização dos tratos culturais, aumenta a ventilação e possibilita a penetração dos raios solares, o que melhora a qualidade das frutas. Este sistema é o mais recomendado para a produção de uvas finas.

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8. ÉPOCA DE PODA 8.1. Poda seca ou hibernal Realiza-se no período de baixa atividade fisiológica da planta, no final do outono e início do inverno. Em grandes pomares ela se prolonga até o início da brotação. A melhor época de poda, para o pessegueiro, é 15 dias antes da floração. Após o início da floração e especialmente após a plena floração há uma queda na produção, não só no total de quilos produzidos por planta, como também no peso médio das frutas. Principalmente em pomares grandes, é recomendável iniciar a poda logo após a queda das folhas até o início da floração.

8.2. Poda verde ou de verão Isto é, desbrotas, desnetamentos, despontas, desbastes de frutos, desfolha que são executadas à medida das necessidades. Esta forma de poda é importante e conclui a poda de inverno, pois permite uma seleção mais criteriosa dos ramos, facilita a penetração de luz e canaliza as energias para os ramos remanescentes.

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8.3. Poda de outono Tem por intenção reduzir o crescimento da copa, ou seja, é realizada quando se deseja aumentar o crescimento das ramificações secundárias e terciárias.

9. INTENSIDADE DE PODA Estar sujeito à idade da planta, número de pernadas, vigor e hábito de vegetação, da distância entre as gemas e do estado nutricional da planta. Quanto à amplitude a poda pode ser classificada em: Poda longa: quando o ramo, depois de podado, ainda permanece com mais de cinco gemas ou olhos; Poda média: quando o ramo, depois de podado, permanece com três ou cinco olhos; Poda curta: quando o ramo podado fica com uma ou duas gemas apenas. Geralmente, inicia-se o procedimento de poda pela eliminação dos ramos secos, doentes, quebrados ou mal posicionados. Depois, eliminam-se os ramos dispostos para cima ou para baixo, os ramos “ladrões”, ramos cruzados, colaterais ou muito próximos, os ramos que estão em forquilha ou que formam um ângulo muito unido com o tronco. Como última operação, faz-se o desponte dos ramos que permaneceram. Este desponte depende muito da cultivar, uma vez que, principalmente, a distância entre as gemas floríferas e a frutificação efetiva são atributos determinantes da produção e próprias de cada cultivar.

10. INSTRUMENTOS DE PODA Inúmeros são os instrumentos e ferramentas usadas na execução das diferentes modalidades de poda, alguns deles são apresentados nas figuras A, B, C, D e E. Para que seja realizada uma boa poda, é necessário que se disponha de alguns instrumentos, como, por exemplo, tesoura de poda, serrote apropriado, escada, canivete, entre outros. Em alguns países, principalmente naqueles que apresentam alto grau de desenvolvimento tecnológico e com escassez de mão-de-obra, a poda pode ser realizada com máquinas apropriadas, o que apresenta um grande rendimento. O uso de máquinas não permite que se tenha uma poda seletiva de ramos. É de enorme importância que os instrumentos de poda estejam limpos e afiados. É imprescindível que, juntamente com os instrumentos, se disponha de pasta bordalesa, que deve ser pincelada sobre os cortes acima de 3,0cm de diâmetro para evitar a penetração de patógenos que venham a danificar a planta. PET - Agronomia UFCG

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A) Tesoura de poda

D) Serrote de poda

B) Escada

C) Canivete

E) Tesourão de poda

11. PODA NA GOIABEIRA Existem, basicamente, três tipos de podas em goiabeiras: poda de formação, poda de limpeza e poda de frutificação. Poda de formação: É composta em duas fases: na primeira, deve-se fazer a poda do ramo apical quando o local do corte, à altura de 40 a 60 cm, dependendo da variedade, estiver lenhoso. Nesta fase, a casca tem coloração acastanhada. Na segunda fase, após ramificação abundante ocasionada pela poda apical, escolhem-se de três a cinco ramos bem distribuídos, saindo de pontos diferentes do tronco. Poda de frutificação: Como a goiabeira produz em ramos, em crescimento, a poda de frutificação consiste no encurtamento dos ramos que já produziram, de modo a manter a planta em atividade, pelo estimulo à nova brotação, que devera ser frutífera. Para que isso aconteça, o ramo devera ser podado no comprimento correto. Ramos vigoroso, podados em esporão, resultaram em crescimento vegetativo, enquanto a poda longa de ramos fracos tende a enfraquecer a nova brotação. A poda pode ser continua ou total. Na poda continua cada ramo é podado individualmente a cada repasse do pomar, quando é realizado o encurtamento dos ramos produtivos primários cerca de um mês apos a colheita dos últimos frutos para que produzam uma segunda safra, de forma que cada planta produza continuadamente ao longo de todo o ano. PET - Agronomia UFCG

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É importante que se dê ao ramo esse período de repouso de pelo menos trinta dias, par que haja acumulo de reservas, tanto nutritivas quanto hormonais, necessárias a uma brotação e frutificação adequada. Na poda total, todos os ramos são podados de uma só vez, de forma que a produção ocorra ao mesmo tempo. Essa poda deve ser feita em duas etapas. Na primeira é deixado um ramo pulmão por planta, para a finalidade de manter a transpiração, assegurando a uniformidade da brotação e a produção de maior número de ramos frutíferos. Na segunda com inicio da brotação resultante da primeira poda, é feita a poda do ramo pulmão. Em lavouras irrigadas, a época de poda define a época de colheita, sendo possível planejar a safra para qualquer mês do ano (6 a 7 meses após a poda ocorrem à maturação dos frutos). Na execução da poda de frutificação, podem-se adotar certas regras úteis, por estabelecerem uma sequência lógica para a operação: Remova os ramos quebrados, mortos, e doentes; - Remova os ramos “ladrões”, os ramos que, por estarem encostados, se atritam com o movimento da planta, removam os ramos que crescem em direção ao centro da planta ou que cruzam na copa, os ramos que crescem para baixo, pois, geralmente são improdutivos, execute a poda dos ramos remanescentes com o objetivo de manter o equilíbrio entre as funções reprodutivas e vegetativas da planta, baseando, dentro dos limites do possível, realçálas ao máximo. - Nos pomares destinados à produção de goiabas de mesa, após as intervenções anteriormente relacionadas, devem-se submeter os ramos remanescentes a uma poda de diminuição. Esta diminuição, que depende do vigor dos ramos, é realizados em ramos normais deixando de 2 a 3 pares de folhas. A intensa brotação que ocorre após a poda, deve ser reduzida através de sucessivas desbrotas, deixando-se em média dois brotos, em posições distintas, por ramos podados. Os frutos que se desenvolvem nestes brotos devem ser desbastados, quando apresentam de 2 a 3cm de diâmetro, deixando-se em média 2 frutos por broto. Com o objetivo de se obter uma sobre colheita que irá prolongar o período de safra, muitos produtores costumam despontar estes ramos deixando no mínimo 6 pares de folhas acima dos frutos. Deste desponte, que possibilita nova brotação na extremidade dos ramos, deixam-se apenas dois brotos localizados em posições opostas por ramo, para que frutifiquem.

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Durante todo o período de crescimento da brotação devem ser feitas sucessivas desbrotas para reduzir os ramos em excesso e manter o centro da copa aberto, a fim de assegurar adequada penetração de ar e luz no interior da planta, garantindo assim a sua sanidade e a qualidade de sua produção. De tal maneira o desbaste como o encurtamento são praticas importantes na formação e manejo da goiabeira. O encurtamento é mais importante na fase de formação, tendo por finalidade obtenção de uma copa bem formada, enquanto o desbaste favorece a produção de ramos frutíferos e a sua manutenção em boas condições. A medida que a planta vai ficando mais velha, há maior necessidade de mais desbaste e menos encurtamento. Entre outras formas de supressão de ramos ou de suas partes os mais importantes são: - Desponte: é o encolhimento praticado em verde, sobre a extremidade do ramo novo. Sua prática diminui o vigor da planta. - Desbrota: é a intercessão que se faz em verde, para eliminar ramos supérfluos e concorrentes. - Poda em coroa: é o encurtamento total do ramo, que fica reduzido à "coroa", que é a porção mais grossa existente em sua base e onde existe um cordão de gemas. - Poda em esporão: é o encurtamento deixando-se apenas a base do ramo, geralmente com duas ou três gemas, ou com quatro a seis centímetros de comprimento. - Poda em vara: é o encurtamento em que se deixa o ramo com um número maior de gemas, em geral com 10 a 20 cm de comprimento.

12. PODA NO MARACUJAZEIRO A poda em plantas de maracujá busca promover conformidades no seu desenvolvimento. Pois, quando uma parte da planta é cortada, a seiva refluirá para as remanescentes aumentando o vigor vegetativo. Do mesmo modo essa técnica pode ser dividida em quatro tipos distintos: poda de formação, frutificação, renovação e limpeza que são realizadas de acordo a necessidade ao longo do ciclo de vida da planta. Assim, objetiva-se nesta revisão de literatura expor as características necessárias para a realização deste manejo cultural e as consequências na produtividade dos frutos. Na poda de formação do maracujazeiro, com cerca de 15 dias após o plantio inicia-se a operação de poda de formação, eliminando-se todos os brotos laterais, deixando-se apenas o ramo mais vigoroso, que será conduzido por um tutor até o fio de arame. Quando a planta ultrapassar o arame (cerca de 10 cm) deve-se eliminar o broto terminal para forçar a emissão PET - Agronomia UFCG

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de brotos laterais que serão conduzidos para os dois lados do arame. Posteriormente estes brotos deverão ser despontados a fim de forçar o desenvolvimento das gemas laterais que formarão os ramos produtivos. As ramificações que aparecem dos dois ramos laterais em direção ao solo devem ficar livres para facilitar o arejamento e a penetração de luz, fatores muito importantes no processo produtivo e na diminuição do ataque de pragas e doenças. A poda de limpeza é realizada de leve com a tesoura de punho, que consisti na retirada de eventuais ramos doentes, quebrados, secos, praguejados, mal localizados ou inconvenientes da planta. Geralmente, todas as fruteiras necessitam deste tipo de poda, sendo executada normalmente em períodos de baixa atividade fisiológica da planta, ou seja, durante o inverno ou logo após sua colheita como se pode observar nas figuras 5.4 e 5.5. Após a poda de limpeza, geralmente se faz um tratamento químico (normalmente cúprico) das partes cortadas para reduzir a aparecimento de doenças (MENDONÇA; MEDEIROS, 2011).

Figura 5.4: Poda de formação no maracujazeiro

Figura 5.5: Poda de limpeza no maracujazeiro

13. PODA DA MANGUEIRA A mangueira se inclui naquele grupo de fruteiras que necessitam de muito pouco dos recursos da poda. Uma vez plantada uma muda de boa qualidade, em situação propícia, mangueira produz com abundância sem poda alguma. Aconselha-se apenas a poda de formação (Figura 5.6), que determina o rebaixamento das variedades de crescimento alto e muito ereto, de maneira a deixar as árvores de copa baixa e esparramada, facilitando a colheita. A poda de formação na mangueira permite acelerar a maturidade sexual, para isso é necessário produzir uma estrutura muito ramificada, despontando os brotos vegetativos no primeiro e no segundo entrenó. A poda de formação consiste em cinco ou seis operações para forma uma planta com esqueleto equilibrado e robusto. A primeira poda é feita a uma altura PET - Agronomia UFCG

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de 60 a 80 cm do solo. O local do corte do ramo deve ser abaixo do nó e o momento de se fazer a poda é quando este local já se encontra lignificado. Após a brotação selecionam-se três ramos, se possível em localizações diferentes na copa, que serão as pernadas da planta, e os demais ramos serão eliminados. Os cortes deverão ser tratados com uma pasta, que ira impedir o desenvolvimento de doenças.

Figura 5.6. Poda de formação da mangueira (1ª poda). Desenho: EMBRAPA Semiárido.

Exemplos da segunda e terceira poda de formação da mangueira estão apresentados nas figuras 5.7 e 5.8.

Figura 5.7: Segunda poda de formação da mangueira (Desenho: EMBRAPA Semiárido).

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Figura 5.8. Terceira poda de formação da mangueira (Desenho: EMBRAPA Semiárido).

13.1. Raleio Entende-se como a intervenção que elimina parte das frutas ou até mesmo das flores, tendo em vista melhorar a qualidade das frutas remanescentes e evitar a alternância de produção. Presentemente, não se pode pensar em comercializar frutas, principalmente para consumo “in natura”, sem que se disponha de um produto de boa qualidade. Por sua vez, a qualidade é determinada por um conjunto de características, principalmente pelo tamanho, cor, estado fitossanitário e sabor. Muitas destas características são específicas da cultivar, porém algumas delas são afetadas diretamente pela operação do raleio. O raleio é uma das operações fundamentais para a maioria das espécies frutíferas e é, também, uma das operações mais delicadas e que exige uma grande quantidade de mão-de-obra, o que representa uma elevação considerável nos custos de produção. O raleio tem como objetivo evitar alternância de produção, melhorar a coloração e qualidade da fruta, evitar o rompimento dos ramos, reduzir o numero de frutas com defeitos graves, melhora a resistência da planta, reduz o custo da colheita, são a parti dessas características que o raleio se torna essencial parle a que obtenha um ótimo rendimento no pomar. Ao pensarmos em que época deve-se fazer o raleio, vale lembrar que a época de raleio varia de espécie para espécie, porem pode se considerar de 30 a 40 após a plena floração. Então quanto mais cedo for efetuado o raleio maiores serão os benefícios obtidos, assim sendo, os resultados será melhores se ralearmos flores ao invés de frutas ou botões florais ao

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invés de flores. Porém, isso é inviável economicamente em grandes pomares, além de que os riscos com perdas posteriores são muito grandes nesse caso. É importante salientar que, quando o raleio é realizado dentro do período de divisão celular da fruta, ocorre formação de um maior número de células, com consequente maior tamanho da fruta, comparado com o raleio realizado após a fase de divisão celular, na qual o tamanho da fruta é dado somente pelo aumento do volume das células. Assim, os efeitos benéficos do raleio serão tanto maiores quanto mais cedo for realizada esta operação. Em relação à intensidade do releio vai depender do destino final do produto. Se a objetivo é obter frutos de bem vigorosos e grandes, o número de frutos por gemas tem que ser menor e a intensidade do raleio é bem maior, caso a necessidade é obter uma quantidade maior de frutos a intensidade do raleio é menor. Vale ressaltar que a intensidade pode varia de acordo com a espécie. Para a cultura do pessegueiro, é de acordo com superfície foliar por frutas, ou seja, deixando uma fruta para cada 30-35 folhas, Deixando-se uma distância mínima de 8 a 10 cm entre as frutas em ramos vigorosos e de 12 a 15 cm, em ramos forem de menor vigor. Existem três tipos de raleio o mecânico e químico. O raleio manual consiste na eliminação do excesso de frutas da planta manualmente ou através de tesouras apropriadas. O raleio manual é, sem dúvida, o que permite uma melhor quantificação e seleção das frutas que devem permanecer na planta. O raleio mecânico pode ser efetuado através de diversas formas, porém o mais utilizado é o jato de água que consiste em aplicar um jato de água com alta pressão, produzido por um pulverizador turbinado, durante a floração ou logo após. Já no raleio químico consiste na aplicação de substâncias que causam queda de flores e/ou de frutas.

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CAP. 6 - COLHEITA E MANUSEIO PÓS-COLHEITA

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CAP. 6 - COLHEITA E MANUSEIO PÓS-COLHEITA

1. INTRODUÇÃO Colheita é a retirada dos produtos do campo, em níveis adequados de maturidade, com o mínimo de danos ou perdas (figura 6.1). As operações de pós-colheita envolvem uma série de etapas importantes como transporte, recepção, beneficiamento, embalagem e armazenamento. Para reduzir o índice de perdas e obter um produto de alto valor comercial, desde o transporte até o armazenamento, algumas medidas devem ser consideradas. (FONSECA; SILVA, 2006). Os frutos podem ser colhidos por torções do pedúnculo arranquio ou por meio de tesouras ou alicates de colheita recomendados. O arranquio é o método mais rápido, mas o que promove maior grau de danos aos frutos principalmente na região peduncular, favorecendo a entrada de patógenos e a perda de água. A colheita com tesoura é a mais delicada e recomendada na PIC, exatamente por causar menos danos aos frutos e ampliado a possibilidade de frutos com melhor classificação (PEREIRA et al., 2006). Apesar dos esforços realizados no sentido de reduzir as perdas um resultado só será favorável quando grande maioria dos responsáveis pela produção, pelo transporte e pela armazenagem conhecer os fatores biológicos e ambientais envolvidos na deterioração, passando a utilizar técnicas de pós-colheita que permitam manter a qualidade por um tempo mais prolongado. (PEREIRA et al., 2006).

Figura 6.1. Colheita de frutas em níveis de maturação adequada

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2. PONTOS CRÍTICOS NO MANUSEIO PÓS-COLHEITA 2.1. Danos mecânicos Danos mecânicos são uma das principais causas de perdas na pós-colheita de frutas e hortaliças, podendo provocar uma série de alterações metabólicas e fisiológicas. Desta forma o entendimento deste processo é fundamental para a redução das perdas pós-colheita. Danos físicos podem ser ocasionados devido a forças de impacto, compressão e vibração. A força de impacto é em geral causada pela queda em uma superfície dura ou impacto com outro fruto. A compressão no ato de pressionar um fruto, por exemplo com as mãos, no momento da escolha em uma banca de supermercado, e a vibração pode ocorrer no momento do transporte, causada por impactos frequentes e repetitivos. Neste item são apresentados artigos e textos para melhor entendimento da fisiologia do dano físico, suas implicações e formas para mensurar e estudar esta importante fonte de perdas, com especial enfoque para as forças de compressão e impacto (FERREIRA, 2008).  Fatores que afectam a sucetibilidade  Massa do fruto;  Densidade;  Inversamente com o volume da pisadura;  Estagio de desenvolvimento;  Evidencia não exclusiva;  Ausència de correlação generalizada entre maturação e pisadura;  Turgencia;  Perda de água reduz a sucetibilidade;  Temperatura;  Evidencia não conclusiva;  Algumas evidencia de danos por impacto são inversamente proporcional a temperatura.

2.2. Danos mecânicos por compressão Danos provocados por forças pequenas aplicada durante longos períodos de tempo operações plásticas.  Trabalho efetuado pela energia aplicada  Extrusão de água das células;  Deslocação das células no interior dos tecido; PET - Agronomia UFCG

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 Deslocação de microfribilas de celulose;  Deformação permanente das células;  Energia restante ruptura das células através da pisadura;  Fatores que aumentam a suscetibilidade  Manuseio a granel;  Presença de pendicelos;  Falta de resistência estrutural das embalagens.

3. COLHEITA MANUAL A colheita manual baseia-se na sensibilidade do colhedor principalmente em termos de visão e tato (figura 6.2). Possui vantagens e desvantagens. Apresenta como vantagens: a possibilidade de o ser humano bem treinado utilizar bem os sentidos (visão, tato, olfato), com melhor sucesso da tarefa; a de colhedores mais cuidadosos, em campo ocasionar menos injúrias aos produtos; a de a seleção e empacotamento serem realizados no campo, portanto com menor número de etapas.

Figura 6.2. Colheita manual de morangos.

As desvantagens são: o alto custo da mão-de-obra em algumas regiões, muitas vezes destreinada e desqualificada para tal operação, o que pode ocasionar problemas diversos; o possível desafio, para diversas regiões, da sazonalidade relacionada a oferta de mão-de-obra. Para algumas culturas, ocorre mais comumente a colheita manual do que em outras, como a do morango destinado ao consumo fresco, cuja colheita e classificação são concomitantes. A principal razão apontada para a realização da colheita manual em morangos é a sensibilidade dos frutos a danos físicos. Morangos destinados à indústria são normalmente colhidos por meio de máquinas, devido ao menor custo e rapidez no processamento. Equipamentos PET - Agronomia UFCG

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diversos podem auxiliar na colheita manual, por exemplo, carriolas (Figura 6.3) e sacolas de colheita (Figura 6.4). A colheita pode ser manual ou realizada por meio de equipamentos dependendo do país. No Brasil, a colheita das folhosas (alface, repolho, etc) é realizada manualmente pelo fato de o cultivo dessas culturas ocorrerem em pequenas propriedades, com uso intensivo de mão-de-obra. Nos Estados Unidos, a colheita de alface ocorre predominantemente com o uso de plataformas móveis de auxílio à colheita (CALBO et al., 2008).

Figura 6.3. Colheita manual, por carriolas

Figura 6.4. Colheita com uso de sacolas

As variações na colheita podem ocorrer devido ao: 1) tipo de cultivar utilizada, por exemplo, cultivares mais enfolhadas de tomate dificultam a colheita; 2) período de colheita, muitas frutas e hortaliças são submetidas a colheitas múltiplas durante um período em que ocorrem alterações na qualidade do produto relacionadas ao clima e ao desenvolvimento, nutrição e senescência da planta; 3) acessórios de colheita como sacolas, cestos e embalagens determinam o rendimento da colheita. Transposição de produtos de uma embalagem para outra, como normalmente ocorre com o tomate de mesa e algumas frutas, ocorrência em que o produto é colhido em cestas de bambu e transferido para caixas plásticas, além de aumentar o tempo de realização da colheita, inflige danos físicos (FERREIRA et al., 2004; FERREIRA et al., 2005a, FERREIRA et al., 2005b; FERREIRA et al., 2006).

3.1.

Colheita mecanizada

De acordo com Calbo et al. (2008) colheita totalmente mecanizada é aquela que caracteriza-se pelo baixo uso de mão-de-obra, situação em que a máquina desenvolve todas as operações necessárias de colheita: corte ou retirada do produto da planta, limpeza e embalagem ou ensaque do produto. A utilização de máquinas para colheita possui a limitação PET - Agronomia UFCG

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de algumas culturas não se adaptarem a este tipo de colheita, devido principalmente à sensibilidade dos frutos como morango que apresenta uma sensibilidade maior necessitando de do processo de colheita manual ressaltando que o uso de maquinas pode diminuir o custo de mão de obra, porém, sempre se fará necessário a presença de colhedores para frutas que não se adaptam ao sistema mecanizado isso sendo caracterizado de acordo com a finalidade do fruto. A adequação da planta a essa finalidade. a utilização de máquinas pode proporcionar redução de custos e aumento no rendimento de colheita superior a dez vezes. Frutas e hortaliças são em geral produtos sensíveis ao manuseio, cuja aparência externa e ausência de defeitos são importantes atributos no momento da comercialização. Por essa razão, a colheita mecanizada de hortifrutícolas geralmente é utilizada para produtos destinados para processamento, como citros, tomate indústria e morango. Possui como potencialidades viabilizar colheita mais rápida, possibilitando melhores condições de trabalho, com redução nos custos com mão-de-obra. A colheita mecanizada tem como desafio realizar a colheita sem danificar permanentemente a planta, sendo rápida e econômica (ver figura 6.5 e 6.6). Portanto, é importante ressaltar que a substituição de mão-de-obra por maquinários já que as maquinas desempenham grandes números de atividades de forma autônomas, pode gerar impactos sociais graves, com o desemprego de colhedores.

Figura 6.5. A colheita é totalmente mecanizada de tomate

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Figura 6.6. A colheita é totalmente mecanizada cenoura

4. ÍNDICE DE MATURIDADE Segundo Sañudo et al. (1997) as perdas em quantidade e qualidade ocorrem nos produtos agrícolas desde a colheita até o consumo, especialmente pela alta perceptibilidade. Para determinar o grau de maturação, utilizam-se vários métodos, nos quais, devem-se levar em conta as características próprias de cada variedade de Frutas.

4.1.

Métodos de observação prática

 Computação do tempo (dias) entre a florada e a colheita;  Computação com base na média de unidades de calor durante o desenvolvimento do produto;  Desenvolvimento da camada de abscisão ou da morfologia superficial e estrutura do produto

5. AVALIAÇÃO DA MATURIDADE 5.1.

Métodos Subjetivos i. Formato do fruto

De acordo com Lima (2007) O reconhecimento do início da maturação a partir do formato e do aspecto do fruto tem importância prática bastante considerável já que depende simplesmente de uma observação visual. Contudo, assim como outros indicadores de colheita, o formato do fruto não pode ser usado isoladamente. O emprego de mais de um indicador fornece uma informação mais segura e reduz o risco de problemas decorrentes da aplicação de tratamentos pós-colheita ou do armazenamento de frutos imaturos. PET - Agronomia UFCG

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5.1.2. Cor do fruto As mudanças na coloração da casca e da polpa dos frutos são elementos importantes para o reconhecimento do ponto de colheita. Na polpa, a cor evolui desde creme até laranja durante a maturação. Na transição entre os dois extremos, a maioria das variedades de importância econômica para o Brasil passa por fases em que até 30% da polpa apresenta-se amarelada, 30 a 60% e mais de 60% apresenta cor amarela característica. No último caso, os 30% restantes já exibem cor laranja. Comparando o emprego da cor da casca e da polpa como indicadores de colheita, a vantagem do primeiro é o fato de que, para a observação, não há necessidade de destruir o fruto. Por outro lado, o grau de exposição dos frutos ao sol pode resultar em diferenças de coloração de casca mesmo naqueles que apresentam estádios de maturação equivalentes. (LIMA, 2007).

5.1.3. Tamanho do frutos Os fatores genéticos determinam o tamanho do fruto de cada espécie: muito grandes (110 a 170 mm de diâmetro)- toranjas; grandes (50 a 130 mm)-pomelos e cidras; médios (50 a 90 mm)- laranjas doces, azedas, limões, tangerinas e satsumas; pequenos (40 a 60 mm)tangerinas ‘Cleopatra’ e Poncirus trifoliata; e muito pequenos (menos de 40 mm), calamondin e kumquat (AGUSTÍ et al., 1996). O tamanho dos frutos cítricos apresenta margem bastante ampla para a mesma variedade. Assim, árvores jovens produzem frutos de maior tamanho, com casca mais grossa e rugosa. Em geral, quando o tamanho do fruto é grande demais, esse se afasta muito do tipo característico, podendo apresentar caracteres indesejáveis (casca grossa e rugosa, pouco rendimento de suco) (AGUSTÍ et al., 1996).

5.2.

Métodos objetivos

São avaliações como textura da fruta, concentração de compostos fenólicos, pH Pectinas Teores de açúcares, Cor através da avaliação de carotenoides, quantidade de ácidos, aroma e outros.

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6. AVALIAÇÃO DA MATURIDADE 6.1.

Textura

A firmeza da polpa dos frutos pode ser determinada através de um penetrômetro manual. Por este equipamento é possível medir a resistência da polpa à penetração, o que, do ponto de vista prático, representa seu grau de resistência à movimentação, a danos e ao desenvolvimento de microrganismos. Uma vez que esta avaliação consiste na retirada da casca e na introdução da ponteira do equipamento na polpa, destruindo o fruto, há a necessidade de que se faça uma amostragem da área cuja colheita está próxima. Nos frutos amostrados, são realizadas as determinações de firmeza (Figuras 6.7 e 6.8). Porém, para a escolha dos frutos que constituirão a amostra, deve-se observar que uma mesma planta geralmente apresenta frutos em diferentes estádios de maturação. Portanto, para que a avaliação seja confiável, é fundamental a observação de outras características, principalmente visuais, como forma de garantir que os frutos integrantes da amostra tenham praticamente o mesmo grau de maturidade. Quando os frutos colhidos são destinados a mercados mais distantes, a colheita deve ser realizada quando ainda estão firmes. Dependendo da variedade, a firmeza que caracteriza o ponto de colheita ideal pode ser bastante diferente (LIMA, 2007).

Figura 6.7. medição da firmeza da polpa.

6.2.

Figura 6.8. Durômetro para medir a firmeza da polpa.

Teor de sólidos solúveis

Os sólidos solúveis presentes na polpa dos frutos incluem importantes compostos responsáveis pelo sabor e pela consequente aceitação por parte dos consumidores. Os mais importantes são os açúcares e os ácidos orgânicos. Caracteristicamente, durante a maturação da manga, como ocorre com a maioria dos frutos, o teor de sólidos solúveis PET - Agronomia UFCG

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aumenta. Esta resposta pode ser acompanhada para fins de determinação do momento da colheita. Como indicador de maturidade do fruto, o teor de sólidos solúveis pode ser determinado através de equipamento denominado refratômetro (Figuras 6.9 e 6.10), que fornece os valores em ºBrix. Dependendo do intervalo de tempo entre a colheita e o consumo, algumas recomendações podem ser feitas a cerca do teor de sólidos solúveis da manga. Quando o consumo do fruto ocorrer em intervalo de tempo reduzido, a colheita pode ser realizada quando o teor de sólidos solúveis for de aproximadamente 10ºBrix. Mas quando o objetivo é o armazenamento para posterior comercialização para mercados distantes, a manga deve ser colhida com teor de sólidos solúveis em torno de 7ºBrix. Indicadores químicos, como o teor de sólidos solúveis, podem ser mais precisos para a caracterização dos estádios de maturação e posterior definição do ponto de colheita. Porém, à semelhança da firmeza e da cor da polpa são utilizados em sistema de amostragem, o que implica na destruição dos frutos (LIMA, 2007).

Figura 6.9. Refratômetro portátil

6.3.

Figura 6.10. Refratômetro Digital Automático

Acidez total

A acidez total dos frutos cítricos é um importante fator de qualidade e também na determinação do ponto de colheita. Os ácidos aumentam no início de desenvolvimento dos frutos, permanecem constantes nas fases iniciais e decrescem na maturação, devido à diluição pelo aumento do tamanho do fruto. O método básico de se calcular a acidez baseia-se na titulação de uma dada quantidade de suco conhecida, empregando-se hidróxido de sódio (NaOH), e como indicador a fenolftaleína. O resultado é expresso em % de ácido cítrico. Quanto à maturação, a acidez se diferencia dos sólidos solúveis, pois há uma grande variação na acidez total e uma variação menor no total de sólidos solúveis (SINCLAIR, 1960; PET - Agronomia UFCG

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MAcLLISTER, 1980; TING, 1983; KIMBALL, 1991; DAVIES & ALBRIGO, 1994; AGUSTÍ et al, 1994).

6.4.

Relação sólidos solúveis acidez “ratio” SS/ATT

A relação solúveis/acidez é o principal fator de maturação e pode ser calculado pela divisão da quantidade de sólidos solúveis, expressa em ° Brix, pela acidez total, expressa em %, o que resultará numa relação adimensional. O teor de °Brix deve ser corrigido para a temperatura de 25 ºC e acidez, conforme descrição de KIMBALL (1991). O “ratio” pode ser utilizado como um teste de maturação, porque os sólidos solúveis aumentam e os ácidos diminuem, durante o crescimento e maturação dos frutos (BARTHOLOMEW & SINCLAIR, 1943). Apesar da relação sólidos solúveis/ acidez somente descrever o sabor da fruta, é o melhor índice de maturação disponível, pois é de fácil determinação e se aproxima do grau de maturação real (TING, 1983). 7. COLHEITA E PÓS-COLHEITA DO MELÃO Segundo Filgueiras et al. (2006) em melão observa-se que durante o período de colheita, se os frutos permanecem no campo, devido à liberação de etileno, aceleram o amadurecimento dos outros. O melão cultivado no Nordeste brasileiro tem o ciclo muito curto quando comparado com outras culturas. O intervalo entre o plantio e a colheita é, em média, de 60 a 65 dias, enquanto que na Espanha, um dos principais concorrente do Brasil o ciclo dura de 120 a 140 dias. Durante a colheita, na primeira passa da, o colhedor deve ter cuidado com a rama do meloeiro, pois os outros frutos que serão colhidos nos cortes seguintes ainda vão necessitar dos produtos da fotossíntese para que atinjam sua maturação. Assim, se não houver cuidado com a rama durante o primeiro corte, a qualidade dos frutos dos cortes seguintes será consideravelmente afetada, a exemplo de colheita como na figura 9. É comum observar que em uma planta que chega com a terceira folha, a contar do colo, em bom estado no período de colheita, os resultados são melhores em relação ao conteúdo de açúcar dos frutos.

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Figura 6.11. Colheita e cuidado com as ramas no meloeiro

7.1.

Cortar pedúnculo com 3 a 5 cm de comprimento

A colheita é feita com o uso de facas ou tesouras de poda na colheita deve-se manter o pedúnculo com 1 a 3 cm de comprimento como na figura 6.12. Desde a operação do corte até a embalagem devem-se evitar, golpes arranhões machucaduras e exposição ao sol, pois tudo isso e prejudicial a conservação ( FILGUEIRA, 2000).

Figura 6.12. Colheita e tamanho do corte do pedúnculo do melão

7.2.

Lavagem dos frutos

As frutas devem ser lavadas com água corrente e detergente neutro para retirar as sujeiras da superfície e reduzir a carga microbiana inicial (Fig. 11). O tempo mínimo para essa operação deve ser de 10 minutos, devendo-se enxaguá-las em seguida, com água corrente. A combinação de água com ação mecânica de escovação promove a redução dos microrganismos. Esse procedimento é recomendado principalmente para o melão, cuja superfície rendilhada favorece a adesão de microrganismos (BASTOS, 2006). Geralmente, a água corrente reduz a carga microbiana das superfícies de frutas. Entretanto, é preciso certificar-se de que a qualidade microbiológica da água utilizada é adequada, pois, do contrário, a própria água será fonte de contaminação (BASTOS, 2006). PET - Agronomia UFCG

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Figura 6.13. Lavagem das frutas em água corrente

7.3.

Transporte dos frutos De acordo com Bastos (2006) para a manutenção das qualidades físicas, químicas e

biológicas, o transporte das frutas para a área de processamento deve ser feito logo após a colheita, ou nas horas mais frescas do dia. Os frutos colhidos são recolhidos manualmente (Figura 6.14) e colocados em pequenas carretas forradas com revestimento antiimpacto. Este revestimento pode ser, por exemplo, palha coberta com sacos de ráfia. Apesar de as carretas serem revestidas e o melão ter uma resistência razoável ao transporte a pequenas distâncias, o técnico deve orientar o motorista do caminhão para transportar os frutos com bastante cuidado, evitando velocidade alta e estradas ruins (Figura 6.15), pois nesta etapa ocorrem os maiores problemas de danos mecânicos.

Figura 6.14. Colheita manual e transporte.

7.4.

Figura 6.15. Estradas danificadas

Recepção dos frutos

Os carregamentos devem ser mantidos na sombra e processados na ordem de chegada ao galpão de embalagem (Figura 6.16). Os frutos estragados devem ser retirados da área em

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torno do galpão para evitar a contaminação dos frutos sadios. Os frutos devem ser recebidos em superfícies acolchoadas para reduzir os danos mecânicos

Figura 6.16. Recepção

7.5.

Procedimentos na recepção

A limpeza pode ser feita com panos úmidos, limpos e macios, sempre que os melões vierem do campo com resíduos de terra, de folhas etc. (Figura 6.17). A maioria dos produtores não emprega a limpeza por lavagem (FILGUEIRAS, 2000).

Figura 6.17. Limpeza

7.6.

Seleção e Classificação

Nesta etapa separam-se os melões que não apresentam os atributos mínimos de qualidade exigidas pelo mercado (figura 6.18), esses são eliminados da linha para exportação. A classificação é feita de acordo com os desvios em relação aos atributos mínimos para cada categoria de melão, se os defeitos não condenarem o fruto para consumo.

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Figura 6.18. Inspeção de defeitos em melão

7.6.1. Calibração A calibração é feita por tamanho ou peso. Em geral são usadas mesas calibradoras com balanças. Conforme o calibre, os melões vão sendo colocados nas caixas. Os tipos de melão são definidos de acordo com o tamanho ou peso, e esses tipos correspondem ao número de melões que uma caixa comporta. Por exemplo, na classificação por tamanho, o Tipo 5 identifica os melões de tamanho tal que em uma caixa cabem cinco frutos, e assim sucessivamente até 14 como na caixa com capacidade para 10 kg (figura 6.19). Essa linguagem comercial, em que os melões são identificados por tipo, facilita as operações comerciais, já que cada mercado tem preferência por frutos de determinado tamanho (FILGUEIRAS, 2000).

Figura 6.19. Classificação dos frutos de melão de acordo com o tamanho.

8. OPERAÇÕES NO GALPÃO DE EMBALAGEM O carregamento destinado ao galpão de embalagem deve estar acompanhado de uma ficha de controle da produção, contendo, pelo menos, as seguintes informações:  Nome da empresa;  Variedade/ cultivar; PET - Agronomia UFCG

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 Número do corte, quantidade;  Encarregado de campo;  Área;  Data. Essa ficha facilitará a identificação de qualquer problema pós-colheita que venha a ser registrado nas diferentes etapas da comercialização (FILGUEIRAS, 2000).

8.1.

Código Rastreabilidade

Cada caixa destinada ao mercado externo, geralmente, recebe um código do operador da linha de embalagem e um código geral que identifica vários aspectos do campo e do cronograma de produção da empresa exportadora. Como exemplo de código geral, podemos ter o seguinte exemplo:

8.2.

Embalagem e Paletização

São usadas caixas abertas tipo peça única confeccionadas em papelão ondulado de parede dupla. Ainda hoje existem diferenças nas embalagens e paletes (figuras 6.20 e 6.21), utilizados para a exportação de melões brasileiros porque também existem diferenças nas exigências dos importadores. No entanto, a maior parte das transações adota as caixas para melões Amarelo (white e yellowhoney dew) e Pele de Sapo com capacidade para 10 kg ou 5 a 14 frutos e 12 kg ou 3 a 5 frutos e caixas para melões Orange Flesh, Galia, Cantaloupe e Charantais com capacidade para 5 kg ou 4 a 9 frutos para exportação. A arrumação dos frutos depende do tamanho, sendo que quanto menor for o fruto mais vertical é a sua posição na caixa (FILGUEIRAS, 2000).

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Figura 6.20. Frutos de melão nas caixas

Figura 6.20. Transporte das caixas de melão

9. COLHEITA E PÓS COLHEITA DA MANGA A decisão sobre o ponto de colheita ideal para a manga, que resulte no menor nível de perdas, deve conciliar a vida útil pós-colheita desejada, o amadurecimento normal da fruta e o máximo benefício das técnicas de conservação e processos no galpão de embalagem. Alguns destes processos são, inclusive, exigências de importantes mercados, como o tratamento hidrotérmico para controle de moscas-das-frutas, que é exigido pelos importadores americanos e japoneses. Considerando o caso do tratamento hidrotérmico, ele representa uma situação de choque que repercute na fisiologia do fruto. Seus efeitos, contudo, podem ser prejudiciais à qualidade uma vez que frutos colhidos nos estádios iniciais de maturação e submetidos ao tratamento podem sofrer alterações no amadurecimento, comprometendo a comercialização.

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9.1.

Colheita dos frutos de manga

Aspectos externos

Aspectos internos

Químicos: SS= 7-8º Brix (mercado distante) SS = 10º Brix (consumo rápido) Acidez: 0,65-0,70% acido cítrico Os frutos devem ser colhidos manualmente, usando-se um instrumento de corte ou tesoura de poda sanitizados. Os frutos da parte alta da planta devem ser colhidos com vara de colheita, contento cesta, evitando-se danos por corte. O corte do pedúnculo deve ser feito com pelo menos 3 cm, para evitar vazamento de látex (Figura 6.21). Os frutos manchados com látex devem ser enviados para o galpão de embalagem, em contentores separados (figura 6.22), para não estragarem os frutos limpos (ASSIS, 2004).

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Figura 6.21. Colheita de manual de manga

Figura 6.22. Armazenamento do fruto pós-retirado da árvore

9.1.1. Transporte para o galpão de embalagem Os frutos devem ser transportados em contentores (figura 6.23). O técnico deve orientar o motorista do caminhão para transportar os frutos com bastante cuidado, evitando velocidade alta, pois nesta etapa ocorrem os maiores problemas de injúrias mecânicas nos frutos. Os caminhões que estão aguardando o descarregamento devem ser mantidos na sombra (ASSIS, 2004).

Figura 6.23. Transporte dos frutos

9.2.

Operação no galpão de embalagem

9.2.1. Recepção Cada lote de fruta que chega ao galpão deve ser identificado, com informações sobre a procedência, manejo antes e durante a colheita e a hora de chegada, para processar por ordem cronológica (ASSIS, 2004).

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9.2.2. Lavagem Os contentores devem ser esvaziados manualmente, em água tratada com hipoclorito de sódio ou hipoclorito de cálcio, na concentração de 100ppm de Cloro. Se forem utilizados detergentes, deve-se usar água sem clorar antes do tratamento hidrotérmico, já que os detergentes neutralizam a ação germicida do cloro. 9.2.3. Tratamento fitossanitário As instalações para tratamento fitossanitário hidrotérmico devem contar com capacidade adequada para o aquecimento da água, com isolamento térmico e um controle termostático que permita manter uma temperatura determinada, ou maior que esta, durante o tempo de tratamento estabelecido.

9.2.4. Tratamento para controle de fungos Este tratamento é recomendado para a manga destinada à Europa e Canadá. É usado para evitar problemas de podridão. O tratamento é feito mantendo as frutas imersas em água a 52ºC, por 5 minutos. O controle da temperatura e do tempo de imersão deve ser extremamente rigoroso, pois se as condições forem abaixo das recomendadas, não haverá controle, e se forem acima, poderá haver danos na casca (ASSIS, 2004).

9.2.5. Tratamento para controle de mosca das frutas Este tratamento é aplicado à manga destinada aos Estados Unidos, Japão e Chile. O tratamento hidrotérmico consiste na imersão do fruto em água quente (46,1ºC) durante 75 minutos (frutos com peso inferior a 425 g) ou 90 minutos (frutos com peso acima de 425 g). Para a aplicação deste tratamento é importante que a temperatura da polpa esteja próxima a 21ºC, nunca mais baixa, caso contrário poderá haver efeitos negativos sobre a qualidade da polpa (ASSIS, 2004).

9.3.

Aplicação de cera

A formulação mais usada no Brasil é uma emulsão aquosa de grau alimentício à base de cera de carnaúba, que é aplicada em frutos limpos e secos, através de bicos de aspersão, à medida que os frutos passam por esteira com roletes. A secagem é feita em túnel de ar, aquecido a 45ºC, com o fluxo de ar, em sentido contrário ao dos frutos, como observado na figura 6.24. Após a secagem, o polimento é feito com escovas de crina (ASSIS, 2004). PET - Agronomia UFCG

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Figura 6.24. Revestimento com cera

9.4.

Embalagem

As exigências básicas do material de embalagem para manga são: proteger contra danos mecânicos; dissipar os produtos da respiração, ou seja, permitir ventilação para evitar acúmulo de gás carbônico e calor; ajustar-se às normas de manejo, tamanho, peso e ser fácil de abrir; ser de custo compatível com o do produto (ASSIS, 2004), a exemplo da figura 6.25. A embalagem deve ter conteúdo homogêneo, com frutos da mesma origem, variedade, qualidade e tamanho. A parte visível da embalagem deve ser representativa de todo o conteúdo. Na caixa devem vir descritos, no mesmo lado, por extenso e de forma legível a identificação comercial, natureza e origem do produto (ASSIS, 2004).

Figura 6.25. Caixas contendo frutos tipo 7, 8, 9, 10, 12 e 14

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10. COLHEITA E PÓS-COLHEITA DA GOIABA 10.1. Colheita O cuidado com o manuseio da fruta durante a colheita é essencial para que sua boa qualidade seja mantida. Ter colhedores e operadores adequadamente treinados para evitar todo e qualquer tipo de dano aos frutos durante o manuseio é imprescindível, uma vez que dela depende, em grande parte, o sucesso da sua comercialização “in natura”. A colheita é feita manualmente, com auxílio de escada leve em forma de tripé, cesta para colocar os frutos e tesoura de poda. Os frutos devem ser colhidos com a tesoura de poda, cortando-se o pedúnculo no comprimento próximo a 1 cm, e colocando-os cuidadosamente na cesta que deve ser forrada ou revestida com uma manta de espuma de 0,5 cm, tendo-se o cuidado de não colocar mais de três camadas de frutos nas cestas, para evitar danos por compressão dos mesmos (BLEINROTH, 1996).

10.2. Ponto de colheita e qualidade do fruto O ponto de colheita da goiaba com destino à comercialização “in natura” varia de acordo com o destino do consumo final. Para a comercialização próxima da área de produção, devem-se colher somente os frutos firmes, de coloração verde passando para o mate, com a base ligeiramente amarela. Os destinados aos mercados mais distantes devem ser colhidos ainda verdes, mas fisiologicamente maduros e com polpa firme (figura 6.26). A determinação da fase de maturação com base apenas na aparência dos frutos é falha, por ser uma medida subjetiva, sujeita ao erro humano.

Figura 6.26. Ponto de colheita da goiaba

A utilização de métodos físicos e químicos tem auxiliado muito para se conseguir determinar o ponto ideal de colheita. Este pode ser conseguido por diferentes análises, tais PET - Agronomia UFCG

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como teor de sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT), relação SSS/ATT, firmeza da polpa (textura), densidade do fruto e cor da casca Entre os métodos físicos, tem-se a medida de textura da polpa, com auxílio de penetrômetro. Através do valor indicado, pode se avaliar se o fruto está fisiologicamente desenvolvido isto é, com maturação suficiente para atingir o seu completo amadurecimento após a colheita. A densidade também pode ser utilizada para determinar a fase de maturação da goiaba, cujo peso específico deve estar entre 0,980 e 1,00 g/cm3, por ocasião da colheita (BLEINROTH, 1996).

10.2.1. Índices de maturação a) Firmeza  Resistência ao transporte, conservação e a taque de microrganismos;  Redução perda da integridade da parede celular;  Redução na pectina total e solúvel durante o amadurecimento.

b) Cor  Importante para definir o estádio de maturação;  Mudanças na coloração: Degradação de clorofila Síntese de pigmentos: carotenóides e antocianinas. Cuidado ao se utilizar a cor como índice de maturação: Raios solares coloração intensa: falsa indicação do estádio de maturação.

Firmeza: 85N ----- goiabas verdes 51-66N ------- goiabas verde-amarelas

10.2.2. ESCALA DE CORES

1 – Totalmente verde 2 – Verde-claro 3 – Verde-amarelo 4 – Mate 5 – Amarelo

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c) Vitamina C O teor de vitamina C em goiaba é influenciado por:  Condições climáticas;  Temperatura;  Umidade do solo;  Manejo de nutrientes;  Variedades. Danos mecânicos, apodrecimento e senescência oxidação do ácido ascórbico (Durigan et al., 2006) Aumento: estádios iniciais de desenvolvimento do fruto até a maturação total. Redução: fruto completamente maduro até a senescência.

d) Teor de sólidos solúveis  Aumenta durante a maturação;  Principais açúcares Frutose: 59,93% (variedade branca) 52,85%(variedade vermelha). e) Acidez titulável Ácidos orgânicos; Tendem a diminuir com a maturação; Consumo: ciclo dos ácidos tricarboxílicos Fundamentais na síntese de: compostos fenólicos, lipídios e aromas voláteis

10.3. COLHEITA E EMBALAGEM  Frutos colhidos manualmente por torção ou tesoura;  Dispostos em caixas plásticas;  30‐40 caixas/homem/dia – indústria;  15‐25 caixas/homem/dia – mercado in natura;  São muito sensíveis a danos mecânicos e muito perecíveis;  Seleção é feita por tamanho e cor da casca.

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Figura 6.27. Embalagem de goiabas

10.4. MANEJO PÓS-COLHEITA As perdas durante a pós-colheita são fatores limitantes na produção de alimentos hortifritícolas. Apesar de o Brasil se caracterizar como um país altamente produtor é também um dos países onde mais se perdem alimentos durante essa etapa. Nos países em desenvolvimento como o Brasil, as perdas pós-colheita de frutas e hortaliças ainda são uma realidade. Estas perdas poderiam ser reduzidas se práticas adequadas desde o cultivo até o seu destino final fossem adotadas. A falta de conhecimento dos processos fisiológicos dos frutos, a falta de infra-estrutura adequada e de uma logística de distribuição são os principais fatores responsáveis pelo elevado nível de perdas pós colheita observadas no Brasil. (AZZOLINI, 2002). CLASSIFICAÇÃO:  Grupo ou cor de polpa

Branca

Vermelha

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 Sub-grupos ou cor da casca

Amarela

Verde amarelada

Verde clara

 Classe ou calibre

(de 5 a 6 cm)

(de 6 a 7 cm)

(de 8 a 9 cm)

( de 9 a 10 cm)

(de 7 a 8 cm)

(> 10 cm)

São toleradas 20% das embalagens do lote que estejam fora das especificações acima.

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 Tipos ou categoria

*Acima de 10% de podridão a goiaba não deverá ser reclassificada. (Fonte: CEAGESP)

 Defeitos graves

(Imaturo)

(Dano profundo)

(Alterações fisiológicas)

(Podridão)

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 Defeitos leves

(Lesão cicatrizada)

(Umbigo mal formado)

(Dano superficial)

(Manchas)

(Lesão cicatrizada)

(Deformação)

10.5. EMBALAGEM  Comercialização in natura Papelão: 3,0 a 3,5 Kg Frutos: Envolvidos em papel de seda, fitas de papel ou redes de polietileno, acondicionados na caixa em uma só camada (figura 6.28). Podem ser comercializados em embalagem a vácuo (figura 6.29).

Figura 6.28. Frutas acondicionadas em caixa

Figura 6.29. Frutas acondicionadas à

vácuo PET - Agronomia UFCG

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10.6. ROTULAGEM Deve ser feita da seguinte forma:

O rótulo é o certificado de origem do produto, garantindo a rastreabilidade do produto. A rotulagem possui características importantes: 

Exige uma embalagem com tara constante;

Estabelece responsabilidade;

Muda a postura do produtor na comercialização;

Diminui a fragilidade comercial do produtor;

Melhora o preenchimento da nota fiscal do produto;

Diminui a inadimplência;

Melhora a informação de mercado;

Premia o bom produtor;

Aumenta a procura pelo produto;

Caracteriza o frescor do produto.

10.7. ARMAZENAMENTO Varia em função do estádio de maturação e da cultivar. Sob condições ambiente: Paluma: Coloração externa verde-escura: 8 dias Coloração externa verde-amarelada: 2 a 3 dias PET - Agronomia UFCG

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Pedro Sato: Coloração externa verde-escura: 6 dias ambiente Coloração externa verde-amarelada: 2 dias

11. COLHEITA E PÓS-COLHEITA DO CAJÚ Os melhores indicadores do ponto de colheita do pedúnculo são a coloração, a firmeza e composição (figura 6.30). Na prática, contudo, a colheita é realizada quando o pedúnculo está completamente desenvolvido, ou seja, com o tamanho máximo, textura firme e com a coloração característica do clone.

Figura 6.30. Coloração do pedúnculo de cajú no ponto de colheita.

A colheita deve ser feita nas horas de temperatura mais amenas. Para que o fruto seja colhido corretamente, deve ser feita uma leve torção para que o pedúnculo se solte do ramo da panícula. Caso o pedúnculo ofereça resistência para soltar-se, ainda não alcançou o estádio de maturação para colheita. O contato direto com a palma da mão também deve ser evitado por elevar a temperatura da polpa, acelerando a deterioração. Ainda no campo, pode ser feita uma pré-seleção, para separar os cajus destinados ao mercado de mesa daqueles que serão destinados a indústria, inclusive fazendo o descastanhamento. Estas operações devem ser realizadas à sombra e no menor tempo possível. Os cajus devem ser acondicionados, em uma única camada, nas caixas plásticas de colheita (47 cm x 30,5 cm x 12 cm), revestidas internamente por uma camada de espuma de aproximadamente 1 cm de espessura, para não danificar o pedúnculo. O caju deve ser colhido diretamente na planta com o máximo cuidado para que não sejam derrubados frutos jovens, flores e botões florais. Devem ser retirados os pedúnculos que apresentem doenças, deformações, defeitos ou ferimentos, formato ou cor não característicos do clone, tamanhos inadequados, verdes ou demasiadamente maduros. São

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considerados inadequados os pedúnculos de formato alongado, globoso e os muito pequenos (MONTENEGRO; CARBAJAL; MESQUITA, 2003).

11.1. Classificação No galpão, será observada a seguinte sequência de operações: seleção e classificação, embalagem, paletização e armazenamento refrigerado. A classificação é feita com base no número de cajus por bandeja (variando de quatro a oito). Os tipos quatro e cinco (4 ou 5 cajus por bandeja, respectivamente) são os que alcançam os melhores preços. (MONTENEGRO; CARBAJAL; MESQUITA, 2003).

11.2. Embalagem Os cajus devem ser dispostos em bandejas de 21 cm x 14 cm, envolvidas com filme plástico flexível e autoaderente de PVC. A colocação em bandejas diminui os danos por manuseio excessivo nos locais de comercialização.As bandejas devidamente etiquetadas, em número de três ou quatro, variando de acordo com a exigência do mercado consumidor, devem ser acondicionadas em caixas de papelão tipo peça única, sem tampa, que favoreçam o encaixe e a paletização. Cada bandeja deve conter entre 550 g a 800 g.

11.3. Armazenamento refrigerado A vida útil pós-colheita do pedúnculo quando armazenado em temperatura ambiente não ultrapassa 48 horas; sob refrigeração, a 5ºC e com 85% a 90% de umidade relativa, e devidamente embalado (atmosfera modificada), a vida útil do caju é de cerca de dez a quinze dias. (MONTENEGRO; CARBAJAL; MESQUITA, 2003).

12. REFRERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUSTÍ, M. F.; ALMELA, V.; JUAN, M.; PRIMO-MILLO, E.;TRENOR, I.; ZARAGOZA, S. Effect of 3,5,6-trichloro-2-pyridyloxyacetic acid on fruit size and yield of ‘Clausellina’ mandarin (Citrus unshiu Marc.). Journal of Horticultural Science, Ashford Kent, v. 69, n. 2, p. 219-223, 1994.

ASSIS, JOSTON SIMÃO. Cultivo da Mangueira: Socioeconomia Clima Adubação Manejo do Solo Cultivares Propagação Plantio Irrigação Poda Floração Plantas Invasoras Doenças Pragas Mercado Custos e Rentabilidade Referências bibliográficas Glossário Expediente PET - Agronomia UFCG

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CAP. 7 - PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS

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CAP. 13 – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS 1. INTRODUÇÃO A produção mundial de frutas está em torno de 540,0 milhões de ton, correspondendo ao montante de US$162,0 bilhões. O Brasil com 43 milhões t, depois da China e Índia (55,6 milhões e 48,1 milhões de toneladas, respectivamente), é o 3° maior produtor de frutas do mundo. A Produção Integrada teve seus primórdios na década de 70. A partir de 1980 é que tomou impulso em alguns países da Comunidade Europeia com base nos preceitos da Organização Internacional para o Controle Biológico e Integrado Contra os Animais e Plantas Nocivas – OILB. No Brasil, por imposição do mercado Europeu (movimento dos consumidores e das cadeias de distribuidores e de supermercados na busca de alimentos seguros) mobilizou, inicialmente, a cadeia produtiva da maçã na busca de elevar os padrões de qualidade e competitividade da fruticultura brasileira ao patamar de excelência requerido pelo mercado internacional, em bases voltadas para o sistema de produção integrada (PORTOCARRERO, 2014). Neste sentido, a Produção Integrada é apontada como uma alternativa para a produção de frutas de qualidade, pois utiliza práticas de manejo do solo e da planta de forma integrada, procurando equacionar os problemas através de uma visão multidisciplinar e não na aplicação de práticas isoladas, como ocorre na fruticultura convencional (FACHINELLO et al., 2001). No Brasil, técnicos da Embrapa Uva e Vinho perceberam a necessidade brasileira de também responder aos apelos da sociedade para se obter produtos agrícolas dentro dos critérios de sustentabilidade, o que fundamentou a decisão de propor um processo para a maçã. Para isto, convidaram no fim de 1996 instituições públicas e privadas para desenvolver no Brasil este sistema e ofereceram à Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) e a quatro empresas e uma cooperativa de pequenos produtores a parceria para implantar, em cada uma delas, a primeira versão de um sistema de Produção Integrada no Brasil (SANHUEZA, 2007). O conceito de Produção Integrada foi criado na Europa na década de 70. Nesta época, manifestaram-se nos círculos científicos preocupações quanto ao alcance restrito do manejo integrado de pragas, como estratégia utilizada para racionalização e redução de uso de agroquímicos e de sustentabilidade da atividade frutícola. Nessa ocasião, visualizou-se a necessidade de adequar todos os componentes do sistema produtivo para diminuir a demanda de uso dos agroquímicos de maior risco, preservando a produção e a produtividade da cultura PET - Agronomia UFCG

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para se obter produtos de alta qualidade de consumo. Como consequência dessa proposta, criaram-se grupos de trabalho, com especialistas de diferentes países, visando obter a definição, alcance e organização dos Sistemas de Produção Integrada de Frutas, o primeiro alvo desses estudos. Assim, em 1989, estabeleceu-se um regulamento e este foi aceito e reconhecido pela Organização Internacional de Luta Biológica de pragas (IOBC).

2. DEFINIÇÃO A produção integrada de frutas é definida pela IOBC, como “o sistema de produção que gera alimentos e demais produtos de alta qualidade, mediante a aplicação de recursos naturais, a regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes e a garantia da sustentabilidade da produção agrícola; enfatiza o enfoque do sistema holístico, envolvendo a totalidade ambiental como unidade básica; o papel central do agroecossistema; o equilíbrio do ciclo de nutrientes; a preservação e o desenvolvimento da fertilidade do solo e a diversidade ambiental como componentes essenciais; métodos e técnicas biológicas e químicas cuidadosamente equilibradas, levando-se em conta a proteção ambiental, o retorno econômico e os requisitos sociais” (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008). Assim, a PIF procura reduzir o uso de agroquímicos, eliminar outros produtos considerados perigosos para a saúde humana ou prejudicial para o meio ambiente, e ao mesmo tempo, fomentar as boas práticas de manejo agrícola. Este sistema viabiliza a produção de frutas com qualidade alimentar e segurança ambiental, consequentemente, à certificação, permitindo, desta forma, que as mesmas possam competir no mercado externo. Esta visão diferenciada da PIF, com tecnologias que não contaminam o ambiente, colocará os produtores em condições de competir com comércio mundial. (FARIAS; MARTINS, 2002).

3. SITUAÇÃO ATUAL DO SISTEMA DO SISTEMA DE PRODUÇÃO INTRIGADA DE FRUTAS NO BRASIL. Todos os principais países produtores da Europa, além da Austrália, da Nova da Zelândia e da África do Sul, têm o sistema de Produção Integrada em funcionamento, especialmente para maçãs, para outras frutas de clima temperado e para alguns produtos derivados, tais como o vinho. Esta estratégia de produção também está sendo implementada para hortaliças e cereais. No ano de 1998, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento concebeu o programa geral de Projeto de Produção Integrada de Frutas como forma de melhorar o padrão de qualidade das frutas brasileiras e dinamizar as exportações, PET - Agronomia UFCG

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bem como atender o crescente anseio da população brasileira – mercado interno – por frutas mais saudáveis e produzidas com base em boas práticas agrícolas. O programa foi expandido para além da fruticultura e transformou-se em Sistema Agropecuário de Produção integrada – SAPI, abrangendo 56 projetos e incorporando culturas e criações diversas (CRUZ, 2008). Nesse sentido, a produção integrada foi uma excelente alternativa para a produção de frutas de qualidade (tabela 1), pois preconiza o uso de práticas de cultivo de forma integrada, procurando equacionar os problemas pela visão multidisciplinar e não na aplicação de práticas isoladas como ocorre na fruticultura convencional. Este sistema de produção está em uso em vários países, com resultados animadores e com o reconhecimento do consumidor por este tipo de fruta diferenciada (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).

A segurança alimentar e a redução de riscos ambientais e para o homem que a Produção Integrada outorga, vem fazendo que os governos de diferentes países incentivem esse sistema e que o setor de comercialização privilegie a compra desses produtos. Recentemente, grupos de supermercados europeus tem manifestado a intenção de dar preferência para compra de fruta proveniente da Produção Integrada para ser vendida nos seus estabelecimentos (SANHUEZA, 2014). Para o desenvolvimento e êxito do programa de fruticultura integrada, é de fundamental importância o trabalho conjunto entre as instituições, na busca de soluções

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técnicas e econômicas, garantindo o sucesso dos empreendimentos e sustentabilidade do setor com a produção de frutas de qualidade (FACHINELLO et al., 2000).

4. DESAFIOS Todo o arcabouço legal e organizacional da Produção Integrada está estruturado e encontrasse em plena expansão. A consolidação dos produtores que optaram pela adesão ao sistema deverá ser coroada com a aprovação do selo de certificação. Como na PI não existe uma certificação para transição do sistema convencional, a adesão deve se completar com a plena adequação ao sistema, em todos os seus quesitos, exigindo esforço adicional dos produtores rurais, o que será plenamente compensado pelo posterior ganho em termos de controle e das demais vantagens relatadas neste artigo. Portanto, o momento atual baseia-se na centralização de esforços na expansão do número de produtores efetivamente certificados, gerando volume expressivo de produtos de qualidade aos consumidores, sem perder o foco na inserção de novas culturas ao sistema, inclusive para o atendimento da demanda crescente e estratégica em setores como o da agroenergia. Pode-se citar como aspectos positivos da adoção de Sistema de Produção Integrada de frutas o ganho de competitividade, a agregação de valor aos produtos e o desenvolvimento social. No entanto, sob a ótica da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável, o maior beneficiário com a melhoria do sistema produtivo, respeitando os aspectos ambientais, sociais e outros da produção agropecuária, sem dúvida nenhuma, será o próprio homem. Conforme o conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (GOMES JUNIOR, 2007), a “assimetria de renda e preços dos alimentos à segurança e qualidade e sanidade dos produtos, ao manejo adequado na produção, ao emprego de culturas e meios não hostis ao ambiente, à manutenção da diversidade cultural” são fatores que necessariamente devem ser abordados para o pleno estabelecimento da segurança alimentar das populações. Esses fatores estão contemplados nos princípios e nas práticas adotadas pelo SAPI. Existe a necessidade da formulação e, principalmente, da implementação de políticas públicas que possibilitem o estabelecimento da Segurança Alimentar e do Desenvolvimento Sustentável, em particular do Sistema Agropecuário de Produção Integrada, no âmbito das atribuições das diversas instituições federais, estaduais e municipais, envolvendo a iniciativa privada em suas mais diversas representações e comprometendo as forças sociais para a satisfação das necessidades básicas no seu sentido mais amplo. A atuação conjunta e concomitante desses órgãos governamentais associados aos organismos particulares em áreas PET - Agronomia UFCG

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como agricultura, saúde, meio ambiente, relações internacionais, educação, desenvolvimento tecnológico, cultura, entre outros, possibilitará o estabelecimento dos direitos inalienáveis ao cidadão para uma vida com sentido (GOMES JUNIOR, 2007).

5. NORMAS TÉCNICAS PARA A PRODUÇÃO INTEGRADA A Produção Integrada objetiva, principalmente, estabelecer uma relação de confiança para o consumidor de que o produto está conforme os requisitos especificados nas Normas Técnicas Específicas de cada produto agropecuário. (ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2003) As Normas Técnicas Específicas (NTEs) são normas básicas de Boas Práticas Agrícolas que servem de base para o sistema produtivo das propriedades cadastradas ao sistema de certificação em Produção Integrada (TARREGA et al., 2009). As NTEs a serem seguidas pelos produtores são construídas em uma parceria entre pesquisa, extensão, ensino e produtores rurais. (MAPA, 2012). As Normas Técnicas Específicas (NTE) são as normas básicas de Boas Práticas Agrícolas que servirão de referencial para a adequação do sistema produtivo das propriedades candidatas ao sistema de certificação oficial em Produção Integrada. Elas se subdividem em diferentes áreas temáticas (capacitação, organização de produtores, recursos naturais, material propagativo etc.) e contemplam normas obrigatórias, recomendadas, proibidas ou permitidas com restrição, de acordo com a realidade de cada cultura. Além das NTE, a estrutura técnicooperacional de suporte ao sistema também é composta por Grade de Agrotóxicos, Cadernos de Campo e Pós-Colheita e Listas de Verificação de Campo e de Empacotadora (BRASIL, 2008). É importante ressaltar que a adesão ao sistema é voluntária e passível de ser adotada por qualquer produtor, independentemente do seu porte, pois a certificação de pequenos e médios produtores na PI Brasil pode ser custeada por entidades parceiras do MAPA. É necessário, porém, que o produtor verifique se o produto que deseja produzir já possui norma 14 técnica publicada. Se houver, o Inmetro fornecerá a lista de empresas credenciadas para certificar aquele produto em produção integrada. Se não, o MAPA analisará a proposta do setor e, junto com colegiados formados por especialistas de órgãos públicos e privados, construirá diretrizes que deverão ser seguidas pelos credenciados. (MAPA 2012).

6. VANTAGENS DA PRODUÇÃO INTEGRADA De acordo com o Mapa (2011), as vantagens da PIF seriam as seguintes: PET - Agronomia UFCG

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Para

o

produtor:

produtos

de

melhor

qualidade;

Produto

diferenciado;

Competitividade; Permanência nos mercados; Organização da base produtiva; Diminuição dos custos de produção; Maximização do lucro. Já para o consumidor: Garantia de alimentos seguros, de alta qualidade e saudáveis; Índice de resíduos de acordo com padrões brasileiros e internacionais; Sustentabilidade dos processos de produção e de pós-colheita. A Produção Integrada constitui uma proposta intermediária entre a Produção Orgânica e a Produção Convencional, sendo factível a todas as estruturas de exploração agrícolafamiliar, pequenos, médios ou grandes glomerados, pois só utiliza os agroquímicos em casos imprescindíveis. (TARREGA, 2009).

7. CERTIFICAÇÃO Trata-se de um processo de certificação voluntária no qual o produtor interessado tem um conjunto de normas técnicas específicas (NTE) a seguir, as quais são auditadas nas propriedades rurais por certificadoras acreditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).Ao certificar, os produtores rurais têm a chancela oficial do MAPA e do Inmetro de que seus produtos estão de acordo com práticas sustentáveis de produção e consequentemente mais saudáveis para o consumo, garantindo ainda menor impacto ambiental do que produtos convencionais e a valorização da mão de obra rural (MAPA, 2014).

8. ANÁLISE COMPARATIVA DOS SISTEMAS PRODUÇÃO INTEGRADA, CONVENCIONAL E ORGÂNICO Fachinello (2003), na tabela 2, salienta a diferença principal entre a produção convencional e a integrada, a segunda utiliza práticas de manejo do solo e da planta de forma integrada, procurando equacionar os problemas através de uma visão multidisciplinar e não na aplicação de práticas isoladas, como ocorre na fruticultura convencional. Quanto a diferenciação Básica entre o sistema integrado e o orgânico está no uso de substância de síntese, onde no primeiro é permitido o uso com restrição, no segundo não é permitido, somente o uso de substâncias naturais, sejam químicas ou orgânicas.

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FRUTICULTURA GERAL

TABELA 2. Diferenças fundamentais entre os sistemas de produção convencional, integrado e orgânico de frutas. Prática cultural

Convencional

Integrada

Orgânica

Manejo do solo

Intenso

Mínimo

Mínimo

Agroquímicos

Pouco controle

Restritos

Naturais

Pós-colheita

Usa agrotóxicos

Não usa

Não usa

Fertilização

Sem controle

Orgânicos e químicos

Só orgânicos

Defesa da planta

Calendário

Monitoramento

Monitoramento

Legislação

Não dispõe

Portaria 447 MAA

MAA/007/99

FONTE: (FACHINELLO, 2008).

9. PRODUÇÃO INTEGRADA E A INDÚSTRIA De acordo com Oliveira (2012), o selo de conformidade também pode ser utilizado por indústrias de alimentos, empresas empacotadoras e distribuidoras do produto em sua forma original ou já processado, desde que cumpridas as seguintes regras gerais:  Utilizar linhas de empacotamento distintas daquelas utilizadas para produtos produzidos em outros sistemas de produção;  Adquirir produtos agrícolas de produtores credenciados a PI;  Possuir responsabilidade técnica relativa a sua linha de atuação e credibilidade junto ao consumidor;  Apresentar pessoal técnico capacitado e em constante reciclagem em PI no seu quadro funcional;  Seguir normas relativas a tratamentos ou manejo pós-colheita associadas a PI;  Possuir e disponibilizar, para inspeções e auditorias, um livro de registro de controle de procedência dos produtos, assim como com informações de operações e tratamentos realizados, principalmente, nas etapas de processamento do produto;  Permitir livre acesso às suas instalações de pessoal qualificado pertencentes ao governo ou a empresas certificadoras, credenciadas em PI.

10. QUALIDADE DOS PRODUTOS A qualidade interna e externa da fruta garante ao setor a competitividade de toda a cadeia produtiva, gerando empregos e viabilizando as pequenas propriedades que estão envolvidas com as frutas de caroço no Sul do Brasil. A produção de frutas, dentro de um PET - Agronomia UFCG

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FRUTICULTURA GERAL

modelo que garanta a saúde do trabalhador, respeito ao ambiente e que traga retornos econômicos, é uma proposta que será prontamente aceita pelos produtores e terá, principalmente, um respaldo da sociedade com a valorização e aceitação dos produtos (FACHINELLO, 2008). Ainda de acordo com Fachinello (2008), os resultados destas ações de pesquisa estão contribuindo para avaliar e demonstrar ao setor e à sociedade, a possibilidade de produzir frutas de caroço com o mínimo uso de agroquímicos, mantendo a qualidade e a rentabilidade desta atividade agrícola. Frutas comercializadas com garantia de origem, com níveis aceitáveis de resíduos tóxicos e com controle quanto ao manejo correto da água de irrigação, do solo e das plantas, contribuem para que o Brasil possa competir com vantagens, tanto no mercado interno como no externo.

11. RASTREABILIDADE A rastreabilidade é a capacidade de recuperar o histórico da aplicação ou da localização e da utilização de um produto, por meio de identificações registradas (Figura 7.1).

Figura 7.1 – Esquema mostrando a rastreabilidade das frutas, desde o pomar até o consumidor. (FONTE: FACHINELLO, 2008).

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A rastreabilidade permite, tanto às empresas de produção como às de distribuição, estarem preparadas para responder a qualquer tipo de emergência e que, ao mesmo tempo, permita a garantia de uma resposta imediata ao consumidor. A metodologia proposta para a identificação das frutas consta de três etapas: A primeira é o controle na colheita, realizado nos pomares divididos em talhões identificados, a fim de proporcionar controle mais efetivo das frutas a serem colhidas. Todas as atividades referentes aos talhões são registradas em cadernos de campo nos moldes da Produção Integrada de Frutas, para posterior controle. Na segunda etapa são realizados diversos controles dentro da empacotadora ou processadora para garantir segurança no processo. A terceira etapa é a avaliação da eficiência do sistema, com o acompanhamento de todo o processo de produção da fruta através da página Web de livre acesso (Internet), por parte dos atacadistas, importadores e consumidores (FACHINELLO, 2008).

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Produção integrada no Brasil: agropecuária sustentável alimentos seguros / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretária de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – Brasília: Mapa/ACS, 2009. 1008 p.: il. color. ; 28 cm + 1 CD-ROM.

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FACHINELLO, J.C.; GRUTZMACHER, A.D.; FARIA, J.L.; HERTER, F.G.; FORTES, J.F.; AFONSO, A.P.S.; TIBOLA, C.S. Avaliação agronômica de um pomar de pessegueiro conduzido no sistema de produção integrada. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, SP, v. 23, n.1, p.138-142, 2001.

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FARIAS, ROSELI DE MELLO; MARTINS, CARLOS ROBERTO. Produção integrada de frutas: revisão bibliográfica. Revista da FZVA, Uruguaiana, v. 9, n. 1, p.1-15, jan. 2002.

GOMES JUNIOR, NEWTON N. Segurança alimentar e nutricional como princípio orientador de políticas públicas no marco das necessidades humanas básicas. Tese de doutorado. UnB, 2007. MAPA (Brasil). Produção Integrada Agropecuária – PI Brasil. Esplanada dos Ministérios, Bloco D, Anexo B, Sala 128 Cep 70043-900 Brasília/DF – Brasil: ., 2011. 21 p.

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CAP. 8 - BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS

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CAP. 8 – BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS

1. INTRODUÇÃO A segurança da saúde do consumidor de produtos vegetais, em especial os consumidos crus, está diretamente relacionada com a presença de contaminantes, principalmente os de natureza química e biológica. As indústrias enfrentam maiores dificuldades para garantir a segurança do produto final, sempre e quando a produção primária não é conduzida cumprindo as Boas Práticas Agrícolas (BPA). Ainda assim, várias práticas agrícolas, como manejo, armazenamento e secagem inadequadas de grãos (café, especiarias, milho, amendoim e outros), podem facilitar contaminação e, em especial, a produção de micotoxinas. O efeito potencial das atividades da produção primária na segurança do alimento e na adequação para seu consumo deve ser uma preocupação constante. Inclui a identificação de qualquer etapa específica na qual existe grande probabilidade de contaminação e a tomada de medidas que minimizem esta probabilidade. A segurança dos alimentos é consequência do controle de todas as etapas e de cada elo da cadeia produtiva, desde a produção primária (campo), até à mesa do consumidor. A identidade e qualidade é também o objetivo de produtores conscientes. Entretanto, a técnica de produção usada e os respectivos parâmetros de avaliação devem ser estruturados, visando à garantir a qualidade do produto. Os produtos agrícolas são cultivados e colhidos sob uma variedade de sistemas e condições climáticas e geográficas, com o uso de vários insumos agrícolas e tecnologias e em fazendas de diferentes dimensões. Os procedimentos usados na produção primária devem ser conduzidos sob boas práticas de higiene e devem minimizar os perigos potenciais à saúde pela presença e ocorrência de contaminantes.

2. FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NA QUALIDADE DO PRODUTO NA COLHEITA  Evitar realizar a colheitas após a ocorrência de chuvas pesadas;  Não provocar qualquer dano mecânico aos frutos, utilizando mão de obra que seja treinada evitando perdas;  Realizar a colheita os horários mais frescos, colocando os frutos colhidos em local protegido da exposição do sol; PET - Agronomia UFCG

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 Se possível utilizar embalagens adequadas para cada tipo de fruto;  Em plantas altas utilizar escadas para evitar que ocorra balanço dos galhos fazendo com que ocorra queda dos frutos no chão, possibilitando a contaminação pela entrada de patógenos;  Deve-se realizar desinfecção do material utilizado na hora da colheita;  Manter o fruto após colhido o menor empo possível do seu destino final, tendo em vista ser um produto perecível.

3. PRÁTICAS SANITÁRIAS NO CAMPO 3.1.

Manejo sanitário

É qualquer medida aplicada na proteção da vida ou da saúde humana e de outros animais no âmbito do território do país membro, de riscos oriundos da presença de aditivos, contaminantes, auxinas ou microrganismos patogênicos. Segundo Tibolae e Fachinello (2004), novas estratégias para o setor frutícola estão surgindo para atender a sua demanda, onde o mercado mundial consumidor de frutas, estabelece requisitos sanitários mais rigorosos, exigindo medidas que garanta a qualidade e inocuidade, requerendo a adoção de uma visão diferenciada, que priorize a qualidade das frutas e o meio ambiente.

a) Riscos Microbianos As boas práticas agrícolas são indispensáveis para se obter matérias prima com qualidade, visando principalmente do ponto de vista de contaminações por produtos químicos e de natureza biológica (SCHENEIDER, 2013). A contaminação microbiana pode acontecer facilmente no momento das atividades de pré-colheita e colheita, principalmente pelo contato com o solo, os fertilizantes, a água, os trabalhadores e os equipamentos utilizados na colheita. Esses fatores podem atuar como fonte de microrganismos patógenos ou deterioradores, afetando diretamente a qualidade dos produtores, resultando em prejuízos. Microrganismos deterioradores são aqueles capazes de deteriorar os alimentos, eles produzem compostos voláteis que resulta em desagradáveis características sensoriais nos produtos (EMBRAPA, 2006). Cenci (2006), afirma que a contaminação biológica pode ocorrer com facilidade durante a etapa de colheita, onde o trabalhador possui contato direto com o produto, como PET - Agronomia UFCG

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também, a dificuldade de controlar o ambiente físico, contribuindo com muitas fontes potenciais de contaminação, como, o solo, a água, o ar, as mãos dos trabalhadores e os recipientes.

Exemplos de contaminações afetando a inocuidade dos vegetais Vegetais

Contaminantes

Café

Ochratoxina-OTA

Tomate

Escheria coli.

TangorMurcott

Penicillum sp.

Manga, mamão e melão

Salmonela sp.

Pimenta do reino

Salmonela sp.

Cacau

Aflatoxina

Hortaliças cruas

Parasitos

Vegetais crus

Shigella sp.

Abacaxi

Salmonela sp.

Cenoura e pimentão vermelho

Microrganismos Psicotróficos

3.2. 

Agravantes

Os patógenos possuem grande capacidade de internalização em frutas. Ex: Salmonela spp. em mamão e tomate.

Capacidade de multiplicação de patógenos (Salmonela spp, Listeria monocytogenes), em fruas que possuem acidez reduzida (pH > 4,5), como no caso do melão, melancia e mamão papaya.

Alguns patógenos podem contaminar através da dispersão por água (Escheriaspp, Salmonela spp, Shigellaspp), contaminando frutos como tomate, manga e vegetais crus.

b) Controle de riscos potenciais 1) Considerações gerais sobre a colheita 

As instalações de armazenamento devem ser lavadas antes de serem usadas;

Os recipientes a serem usados devem ser feitos de materiais não tóxicos evitando contaminação; PET - Agronomia UFCG

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Evitar encher em excesso as caixas com frutos evitando danos mecânicos que possam servir de entrada para patógenos;

Eliminar recipientes que estejam danificados e de difícil limpeza, visando a redução da possibilidade de contaminação por microrganismos;

Garantir que os produtos que estão sendo lavados no campo, estejam livres de contaminação;

Antes da remoção dos hortifruticolas do campo, deve-se remover a terra e lama.

2) Manutenção de equipamentos 

Utilizar equipamentos e embalagens para colheita de maneira adequada, mantendo-os limpos e higienizados, antes e após ouso para eventuais usos posteriores;

Não utilizar equipamentos para o transporte de hortifruticolas, equipamentos que são usados para o transporte de estercos, lixo e outros entulhos, sem que estejam cuidadosamente limpos e sanitizados;

Manter os equipamentos de colheita sempre limpos evitando contaminação cruzada;

Limpar os equipamentos após cada carregamento e antes de serem reutilizados para a colheita;

Não utilizar equipamento que são usados no transporte de substâncias tóxicas;

Equipamentos utilizados para lixo, subprodutos, produtos estragados e substâncias perigosas devem ser devidamente identificados e construídos com materiais apropriados,

3) Transporte do campo ao galpão de embalagem Os produtos hortifruticolas frescas após colhidas devem ser acondicionadas e transportadas em condições apropriadas, visando evitar e minimizar os riscos de contaminação química, física ou microbiana, sendo necessárias adotar uma série de medidas (MORETTI, 2003). Medidas a serem tomadas: 

Utilizar veículos para transporte que possuam sistema de refrigeração sempre que possível;

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Os veículos abertos utilizar lonas de cor clara para cobrir os produtos, deixando espaço livre para ventilação;

No empilhamento das caixas evitar que o fundo da caixa tenha contato com os frutos da caixa de baixo;

Retirar os produtos impróprios para consumo antes de transportá-los para a casa de embalagem;

Retirar ao máximo o excesso de materiais (solo, pedaços de madeira, pedras, etc.), que possam causar sujeira na casa de embalagem, antes do transporte;

Realizar o transporte em horários frios pela manhã cedo ou a tardinha e fazer em um intervalo de tempo menor possível;

Minimizar ao máximo danos mecânicos no momento do transporte;

Evitar colocar produtos que estão com temperatura elevada no interior do veículo.

4. OPERAÇÕES NO GALPÃO DE EMBALAGEM 4.1. Recepção e pesagem A chegada dos produtos hortifruticolas deve-se passar por procedimentos que serão responsáveis pela ordem de processamento dos produtos, onde são identificados a procedência, o manejo adotado antes e durante a colheita e a hora de chegada dos produtos, a parir dessas informações os produtos passarão para as etapas de processamento. Os produtos ao chegarem ao galpão de embalagem devem ser obrigatoriamente identificados e registrados, as informações são anotadas em uma planilha de recepção, onde são anotadas as informações sobre o número de identificação, a data de colheita e recepção, o código do produtor, a variedade, o peso (Kg) e em que embalagem recebeu o carregamento (EMBRAPA, 2006).

4.2.

Limpeza e sanitização

São realizadas a limpeza e sanitização dos produtos hortifruticolas em algumas etapas, onde os equipamentos usados na casa de embalagem deve estar em bom estagio de conservação, facilitando as etapas de limpeza e desinfecção, como se pode observar na figura 1. Os equipamentos e contentores que são reutilizados devem ser mantidos limpos e desinfetados antes de entrarem em contato com os produtos (MORETTI, 2006).

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Figura 1: Etapas de limpeza e sanitização dos produtos Hortifruticolas (remoção de resíduos sólidos, lavagem, enxague, sanitização e secagem).

A remoção de resíduos sólidos consiste na retirada de frutos que estão em estão em estado de podridão e que possuam sinais de infecção, geralmente essa etapa é realizada manualmente. Após a remoção dos resíduos sólidos é realizado a lavagem e enxague dos produtos utilizando água clorada ou detergente, podendo ser utilizadas sistemas de imersão, aspersão ou a combinação dos dois sistemas. 

Por imersão com agitação: onde são utilizados tanques de ar comprimido usados para lavar produtos sensíveis como morango e hortaliças folhosas;

Por aspersão: é um sistema de maior eficiência, onde são bicos aspersores que jogam água na superfície dos produtos, onde o material e deslocado para que seja possível atingir toda a superfície dos produtos. São utilizados equipamentos como tambor rotativo onde o ciclo de lavagem é controlado pela velocidade de rotação e o ângulo de inclinação do tambor; e esteiras, cilindros ou roletes onde ocorre o deslocamento dos produtos sob a ação de jatos de agua. A sanitização consiste na redução da população de microrganismos encontrados em

uma superfície higienizada, para níveis próximos de zero, esses microrganismos podem estar presentes em resíduos imperceptíveis eu permanecem na superfície mesmo após a limpeza (MORETTI, 2006). Diversos produtos podem ser utilizados na sanitização como amônia quaternária, compostos inorgânicos de cloro, idofóro, ácido paracético e peróxido de hidrogênio. Também são utilizados tratamentos com calor e raios ultravioleta. PET - Agronomia UFCG

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A secagem e a última etapa onde os produtos hortifruticolas são secados a partir da circulação de ar, em seguida, realiza-se a aplicação de cera com a finalidade de melhorar a aparência dos produtos, diminuir a taxa de respiração e reduzir a perda de peso dos frutos.

a) Boas práticas para minimizar a contaminação microbiana causada pela água de beneficiamento A água utilizada para a limpeza dos produtos deve ser de boa qualidade, onde deve-se realizar o gerenciamento da qualidade da água, evitando contaminação cruzada através da utilização da água nas etapas de limpeza e lavagem dos produtos. Algumas medidas a serem tomadas em relação ao uso da água: 

Amostragem da água utilizada nas operações para a condução de testes microbianos periodicamente;

Desenvolvimento de SOP (Procedimento Operacional Sanitário) - onde são feitos cronogramas de mudanças de água para todos os processos;

Controlar a temperatura da água de forma que ela seja refrigerada para remover o calor de campo;

A água utilizada no enxague final dos produtos, deve ser de melhor qualidade;

Caso a água seja reutilizada deve-se monitorar sua qualidade microbiológica e química de forma que não constitua riscos a contaminação dos produtos;

Em caso de água reutilizada o fluxo da água deve ser contrário ao dos produtos;

Deve ser feita limpeza e sanitização das superfícies em contato com a água, como tanques de descarga, condutores de água, tanques de lavagem e hidro-refrigeradores;

Instalar aparelhos de contra fluxo e espaçamento de ar para prevenir contaminação da água limpa pela água contaminada;

Inspecionar rotineiramente e manter equipamentos para ajudar na manutenção da qualidade da água, como injetores de cloro, sistemas de filtro e aparelho contra fluxo.

a) Tratamentos especiais 

Quaternária: é utilizado principalmente em frutos destinados à exportação, como manga melão e mamão. Onde é feita a imersão em água quente a 55 °C por cinco minutos ou em 46 °C por 75 minutos, podendo adicionar fungicida anágua de tratamento, com a finalidade de combater a mosca das frutas.

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Aplicação de cera: tem a finalidade de melhorar a aparência dos frutos, diminuir a taxa de respiração e reduzir a perda de peso dos frutos. São realizadas emulsões à base de cera (carnaúba, parafina), sendo aplicados em frutos que foram limpos por aspersores. Em seguida realiza-se a secagem em túnel aquecido à 45°C e polimento com escova de crina.

4.3.

Padronização e classificação

Padronização é o processo de caracterização do produto a partir de uma série de atributos quantitativos e qualitativos. Os atributos quantitativos refere-se a características como tamanho, peso etc. Os atributos qualitativos referem-se a características como forma, turgidez, desordens, danos causados por pragas, entre outros (EMBRAPA, 2006). A padronização vaia de acordo com a região ou de acordo com os padrões de identidade do Ministério da Agricultura. Os produtores devem se adequar aos padrões estabelecidos, de acordo com as normas que definem características como identificação, qualidade, acondicionamento, embalagem, rotulagem e apresentação do produto e uniformização. Classificação é a comparação dos produtos com os atributos estabelecidos, permitindo que os produtos se enquadrem em um grupo de atributos semelhantes (EMBRAPA, 2006). Sendo enquadrados em um grupo, classe e categoria tornando possível uma única interpretação. 

Grupo e sub-grupo: ligados a variedade e coloração;

Classe e sub-classe: referentes a características morfológicas, tamanho, peso, calibre e comprimento;

Tipo ou categoria: referente a qualidade do produto e tolerância aos defeitos.

5. EMBALAMENTO Após realizada a higienização e classificação dos produtos hortifruticolas, devem ser acondicionadas em embalagens apropriadas, de forma que suas qualidades sejam preservadas. O embalamento é uma etapa importante, está ligado diretamente ligado com o setor de vendas e com o controle de estoque, após a chegada de cada lote no embalamento os produtos já passaram por uma pré-classificação sendo definias definidos o calibre e a categoria dos produtos (BEM, 2012).

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A embalagem é um instrumento importante, servindo na proteção, identificação, na movimentação e exportação. Onde a escolha correta da embalagem vai depender de acordo com alguns critérios adotados, como, resistência mecânica da embalagem, o número de camadas dos produtos hortifruticolas acomodadas em cada caixa e a facilidade de higienização. As embalagens retornáveis, como as plásticas são boas opções de uso, devendo passar por um rígido processo de limpeza, não sendo feito isso as etapas anteriores de higiene tornam-se anulados, as embalagens descartáveis como as de papelão tornam-se viáveis, favorecendo a não contaminação dos produtos (HENRIQUE, et al, 2014).

a) Tipos de embalagem A uma diversidade de matérias primas para confecção das embalagens, podendo ser de origem natural ou sintética, com características importantes no momento de escolha da embalagem correta para cada produto, como forma, variedade e tamanho. As embalagens vão das mais simples como caixas, caixotes, engradados, bandejas, cestas e sacos, até as mais sofisticadas utilizadas principalmente para longas distâncias e exportação como caminhões, trailers, vagões, entre outros. As embalagens podem ser: 

Descartável: como embalagens de madeira e papelão, uma forma viável de minimizar e controlar o rico de contaminação. Tendo como desafio formas de reciclagem desses materiais;

Retornável: como as embalagens de plástico, são uma boa opção para o produtor, minimizando custos e preservando o meio ambiente. É imprescindível que essas embalagens passem por um processo rígido de limpeza, preservando a qualidade dos produtos e as etapas anteriores de higiene;

Reutilizável: como as embalagens de madeira, importante para os produtores em razão da diminuição dos custos com embalagens. Deve-se seguir as normas da portaria 127.

b) Rotulagem O rótulo é uma parte importante no processo de embalagem, é nele que está contendo informações que chegarão até os consumidores. No rótulo devem vir exposta informações sobre o produtor, como o nome, endereço e inscrição do produtor ou CNPJ, informações sobre o produto como o nome e data de embalamento (exemplo abaixo) e informações sobre a PET - Agronomia UFCG

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quantidade do produto, no caso, peso liquido. Essas informações estão contidas na legislação para embalagens, a partir das instruções normativas da SARC/ANVISA/IMETRO 09, de dezembro de 2002. Exemplo de rótulo

6. PRÁTICAS SANITÁRIAS PARA EMBALADORES As pessoas responsáveis pelo embalamento dos produtos devem manter o ambiente de trabalho limpo e higienizado. É imprescindível manter os prédios, equipamentos e demais instalações físicas e seus terrenos em boas condições, visando reduzir e minimizar os riscos eminentes de contaminação microbiana dos produtos hortifruticolas.

a) Riscos microbianos A contaminação por microrganismo patogênicos, pode ocorrer no momento de embalamento dos produtos, a partir de patógenos encontrados nos pisos e ralos das instalações, como também, na superfície dos equipamentos utilizados na classificação e embalamento dos produtos, constituindo-se como uma fonte de contaminação quando em contato com os produtos a serem embalados, sendo necessário que seja feita limpeza e higienização desses ambientes evitando posteriores contaminações dos produtos. A adoção dessas práticas tem um grande impacto na qualidade microbiológica dos produtos, mostrando a preocupação do produtor com o bem-estar do consumidor e com o meio ambiente (HENRIQUE, et al, 2014).

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b) Controle de riscos potenciais 1) Considerações gerais sobre a embalagem 

Os recipientes que se encontram danificados devem ser consertados ou jogados fora;

Os recipientes utilizados para transportar os produtos hortifruticolas frescos como estrados, caixas ou cestas, devem ser mantidos limpos e higienizados, evitando contaminação por microrganismos patogênicos;

As embalagens retornáveis e novas que não estejam sendo utilizadas, devem ser protegidas de contaminação por microrganismos patógenos no armazenamento, mantendo-os limpos e higienizados.

2) Considerações sobre a manutenção das instalações 

Os equipamentos utilizados na classificação e no embalamento dos produtos, devem ser mantidos sempre limpos;

As áreas e instalações de embalagem devem ser limpos diariamente;

Manter o sistema de refrigeração adequado, visando garantir o funcionamento do equipamento no momento de sua utilização.

3) Controle de pragas 

Manter os terrenos em boas condições, fazendo com que estejam livres de resíduos e restos de lixo evitando a existência de pragas no ambiente;

Realizar monitoramento e manutenção periodicamente das instalações contra o ataque de pragas, insetos e roedores, visando controlar a contaminação dos produtos;

Bloquear o acesso de pragas as instalações internas;

Usar um controle de pragas.

c) Condições de saneamento Deve ser realizado limpeza e higienização nas câmaras de armazenamento, onde é utilizado soluções a base de hipoclorito ou fosfato trissódico realizando a remoção com o enxague com a água, em seguida realiza-se pulverizações com lisol a uma concentração de 5% ou com formol a 2%, com o intuito de eliminar microrganismos patógenos. As caixas e os equipamentos levados ao campo, devem ser limpos utilizando hipoclorito de cálcio a uma concentração de 0,25% ou pela exposição a vapor super-aquecido por dois minutos.

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Deve-se manter preocupação com relação ao manuseio durante a classificação e o embalamento dos produtos, visando evitar a disseminação de esporos por microrganismos patógenos, a partir da constatação de unidades contaminados, os mesmos devem ser removidos e descartados imediatamente, evitando posteriores contaminações.

7. TRANSPORTE Sabe-se das grandes dificuldades de transporte de produtos agrícolas, devido as estradas que muitas vezes se encontram em condições precárias e quando não é possível dispor de insumos necessários para manter a qualidade dos produtos obtidos no campo, tornando o trabalho árduo realizado nas etapas anteriores, no monitoramento da produção em campo, na colheita, na lavagem e embalagem tornam-se irrelevantes se não existirem condições apropriadas para o transporte dos produtos (MORETTI, 2003). O transporte adequado dos produtos hortifruticolas para o mercado é de fundamental importância para a manutenção da qualidade dos produtos e redução do potencial de contaminação microbiana. Vários fatores podem influenciar na qualidade dos produtos hortifruticolas durante o transporte, como: 

Injúrias e danos mecânicos por amassamento no momento de empilhamento dos produtos;

Abrasões ou vibrações contra superfícies ásperas durante o transporte;

Manuseio inadequado no carregamento e descarregamento dos produtos;

Variações de temperatura, umidade e gases.

A partir desses fatores é importante ter cuidados essenciais, que visam a manutenção da qualidade dos produtos e redução da potencial contaminação microbiana, tais cuidados como: 

Minimizar a frequência do manuseio dos produtos;

Disponibilizar proteção continua de temperatura e umidade relativa;

Assegurar boas condições de higiene ao produto;

Os trabalhadores devem ter cuidados no manuseio minimizando as perdas por danos mecânicos;

Utilizar veículos refrigerados para o transporte dos produtos;

Retirar os produtos dos armazém e depósitos o mais rápido possível.

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8. SAÚDE E HIGIENE DOS TRABALHADORES A saúde e o asseio de todos os trabalhadores envolvidos nas etapas de produção e que possuem contato direto com os produtos hortifruticolas, devem possuir monitoramento constante (MORETTI, 2003). Em relação ao recebimento de visitantes nos ambientes, como em casas de embalagem devem usar materiais que tenha função de evitar contaminação dos produtos, tai equipamentos como aventais, tocas, gorros, luvas entre outros (HENRIQUE, et al, 2014). É necessário que haja instalações sanitárias próximos ao campo, a fim de que os trabalhadores possam realizar higiene pessoal, fazendo com que evite que os produtos sejam contaminados ao entrarem em contato direto com os trabalhadores. É importante salientar que trabalhadores que possuem algum tipo de moléstia, como, ferimentos superficiais, gripes, diarreias e vômitos, não entrem em contato com os produtos hortifruticolasevitando a sua contaminação, esses trabalhadores devem avisar a seus supervisionadores e serem afastados das atividades. Outros fatores devem ser levados em consideração como unhas cortadas, cabelos e barbas curtos, entre outros aspectos preservando a qualidade dos produtos (MORETTI, 2003). Os trabalhadores devem estar cientes de suas obrigações ao que se diz respeito aos regulamentos estaduais e federais referentes á saúde, higiene e práticas sanitárias que são de sua responsabilidade, durante as fases de cultivo, retenção, embalagem e transporte dos alimentos que são destinados ao consumo humano.

a) Riscos microbianos Os riscos de contaminação microbiana pelo contato dos trabalhadores com os produtos hortifruticolas, aumentam quando esses trabalhadores estão infectados por alguma doença, sendo indispensável que eles estejam livres de infecções para que não ocorra contaminação dos produtos. Doenças infecciosas servem de fonte para microrganismo que contaminam os produtos, onde trabalhadores que apresentem sintomas como vômitos, diarreias ou lesões abertas não devem ter contato com os produtos, evitando que ocorra contaminação e preserve a qualidade dos produtos.

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b) Controle de riscos potenciais A adoção de medidas que evitem contaminação dos produtos e necessária, de forma que ocorra medidas de prevenção a contaminação dos produtos a partir do contato com os trabalhadores, medidas essas como: 

Os trabalhadores devem ter o conhecimento prático de princípios higiênicos e sanitários;

Os trabalhadores devem possuir um bom nível de compreensão sobre as práticas de higiene de acordo com cada operação executada pelos mesmos;

O produtor é responsável por desenvolver treinamentos sanitários com seus trabalhadores;

Os treinamentos devem abordar pontos essenciais como apresentações formais sobre o assunto, instruções individuais, entre outros;

Os trabalhadores devem possuir um comportamento que evite contaminações dos produtos como cuspir, fumar, mascar chicletes, espirrar ou torci sobre os produtos que não foram embalados;

Trabalhadores que apresentarem sintomas típicos e doenças causadas por patógenos com Salmonellatyphi, Sigella, E. coli e Hepatite A deve ser afastado de suas funções que acarretem contato direto ou indireto com os produtos hortícolas;

Os trabalhadores devem lavar sempre as mãos e braços e utilizar equipamentos como luvas, tocas botas, aventais, etc.

Os trabalhadores devem possuir equipamentos de proteção que evite lesões;

Certificar-se de que visitantes estejam realizando as boas práticas de higiênicas do local de produção, unidades de embalagem ou meios de transporte e sempre que tiverem contato com os produtos hortifruticolas frescos.

9. TREINAMENTO O treinamento dos funcionários que executam atividades nas várias etapas de produção é de grande importância. O produtor deve se responsabilizar por passar treinamentos que enfatiza os cuidados com higiene e sanitização, visando a aprendizagem dos trabalhadores sobre o assunto e a partir daí evitar a contaminação dos produtos hortifruticolas. Os trabalhadores devem compreender a importância de se ter uma boa higiene no ambiente de trabalho, onde práticas simples como lavar as mãos antes de começar o trabalho

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ou após usar o sanitário, fazem com que os riscos de contaminação sejam minimizados, onde a não limpeza pessoal pode causar impactos na segurança alimentar. O incentivo de boas práticas de manuseio e processamento atingindo os consumidores também é de grande importância, onde a conscientização dos clientes sobre atitudes simples como lavar minunciosamente as frutas e hortaliças que vão ser consumidas cruas, evitando que ao consumir esses produtos in natura os consumidores acabem se contaminando.

10. RASTREAMENTO Rastreamento é a capacidade de identificar a fonte de um determinado produto, como produtor, embaladores etc., servindo como um complemento das boas práticas agrícolas, onde as informações que são obtidas a partir de uma fonte de rastreamento poder ser de grande utilidade para identificar e eliminar uma serie de riscos. A rastreabilidade é fundamental especialmente em casos que ocorre impacto causado por incidentes que envolve a segurança dos produtos, além de possíveis danos que podem ser causados aos consumidores (TIBOLA; FACHINELO, 2004). Os produtores de hortifruticolas tem a obrigação de manter os dados atualizado sobre as práticas de produção, colheita e distribuição de seus produtos, onde esses dados devem ser mantidos por um período superior ao de comercialização ou de vida útil de prateleira de seus produtos, dando credibilidade ao produtor e facilitando a condução de um programa de segurança alimenta (MORETTI, 2003).

a) Resumo do processo de rastreamento 

Deve-se obter no ponto de serviço, ou seja, no local onde o produto é vendido informações sobre o produto, incluindo tipos de produto, embalagem, etiquetagem e número de lotes;

Os funcionários de saúde pública devem determinar os procedimentos de rotação de estoque, inventário, manuseio e despacho, recolhendo registros junto aos fornecedores durante a vida de prateleira dos produtos hortifruticolas;

Os dados de distribuição dos produtos implicados são colocados em dados e posteriormente analisados, dados esses obtidos de lotes ou de linha cronológica de entrega de carregamentos;

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Os distribuidores são entrevistados e os dados são coletados, onde as análises são repetidas para cada nível de distribuição, até que os funcionários da saúde pública identifiquem a fonte do produto.

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS A segurança alimentar é uma preocupação que vem aumentando ao passar dos tempos, os consumidores buscam cada vez mais alimento mais saudáveis. As boas práticas agrícolas reforçam cada vez mais a importância de se ter uma segurança alimentar sobre os produtos hortifruticolas, adotando uma série de medidas que buscam melhorar a qualidade dos produtos. É essencial o trabalho conjunto de produtores e todos os trabalhadores envolvidos nas várias etapas de produção de alimentos, desenvolvendo tecnologias (códigos de barras, selos, adesivos, etiquetas, etc), para identificar a fonte dos produtos é um grande aliado na rastreabilidade e na execução das boas práticas agrícolas. A descoberta de novas tecnologias que permitam a distribuição dos produtos hortifruticolas, desde o produtor até o consumidor levando em consideração a qualidade dos produtos, onde a busca por minimizar os riscos de contaminação é um fator indispensável na busca por alimentos mais saudáveis.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEM, B.; P. Fruticultura de clima temperado: organização e controle da qualidade da cadeia produtiva de maça e uva para a elaboração de vinhos finos de altitude na cooperativa SANJO, São Joaquim-SC. 2012, 95f. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC, 2012.

CENCI, S.A. Boas Práticas de Pós-colheita de Frutas e Hortaliças na Agricultura Familiar. In: NETO F.N. (Org.). Recomendações Básicas para a Aplicação das Boas Práticas Agropecuárias e de Fabricação na Agricultura Familiar. 1 ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p. 67-80, 2006.

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Frutas Minimamente Processadas: aspectos de qualidade e segurança, Fortaleza – CE, 2006. Disponível em:

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<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/frutasminimamenteprocessadas>. Acesso em: 16 de outubro de 2014.

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Procedimentos Pós-colheita na Produção Integradas de Citros, Cruz das Almas BA, 2006. Disponível em: <http://hortibrasil.org.br/>. Acesso em: 18 de outubro de 2014.

FACHINELLO, J. C.; NACHTIGAL, J. C Situação da fruticultura no Brasil. Fruticultura: fundamentos e práticas, Brasília, 2007. Disponível em: <http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/download/livro/fruticultura_fundamentos_pratica/ 1.1.htm>. Acesso em 14 de setembro de 2014.

HENRIQUE, C.; M.; PARISI, M.; C.; M.; PRATI, P. Contaminação microbiológica póscolheita. Pesquisa e Tecnologia, v. 11, n. 1, 2014.

MORETTI, C.; L. Boas práticas agrícolas para a produção de hortaliças. Horticultura Brasileira, v. 21, n. 2, 2003.

SCHNEIDER, E.; P. Contaminação química e microbiológica na cadeia produtiva do pêssego: contribuição à análise de risco. 2012. 110f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas-RS, 2012.

TIBOLA, C. S.; FACHINELLO, J. C. Tendências e estratégias de mercado para a fruticultura. Revista Brasileira de Agrociência, v. 10, n. 2, p. 145 – 150, 2.

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