108
A Bíblia
167 - U
B
As Escrituras trazem registros importantes da produção cultural e literária de diversas épocas, mas certas citações, especialmente, trazem algumas coleções de escritos – o que bem mais tarde foi chamado de livros. Dentro do livro da Lei e de outros registros, três deles são especialmente incomuns. No livro de Jeremias, por exemplo, há o registro de que um livro de profecias recebidos de Deus pelo profeta foi rasgado por um canivete e queimado pelo rei Jeoiaquim, justamente o destinatário das palavras divinas (Jr 36).
Em Daniel, texto que é também chamado de o “Apocalipse do Antigo Testamento” pelo seu conteúdo escatológico, o profeta, após ter escrito um livro com revelações sobre os últimos dias (Dn 7.1), teve de o selar “até ao tempo do m”, por ordem de um anjo (Dn 12.4; 9).
No Apocalipse de João, o apóstolo, na ilha de Patmos, recebeu de um anjo um livrinho e a ordem para que o comesse. Como predisse ainda o anjo, aquele livro seria amargo no ventre de João, mas doce como mel na sua boca (Ap 10.8-9).
A doença que faz da nossa alma um ser desgovernado e contra o Criador, a criação e a criatura.
A Bíblia para curiosos
168 - O ?
Pecado é como se denomina a condição a que o homem foi submetido quando da sua queda no Jardim do Éden; uma condição de escravidão aos seus desejos e contrária à vontade e caráter de Deus, o Criador. Seria, por assim dizer, o “defeito zero” do gênero humano.
Adão, o primeiro homem, era totalmente livre e capaz de pecar ou não pecar, mas, submetendo-se à tentação de errar, perdeu o seu estado de graça e comunhão com Deus. A partir dali, o pecado, como uma enfermidade congênita e um legado de corrupção, passou aos seus descendentes, por geração natural. Tal condição lançou o homem a um estado de inimizade contra Deus e o seu propósito eterno e consigo mesmo, estando à mercê de uma alma (vontades, desejos e sentimentos) desgovernada (Rm 3.23; 7.12-24). Esse estado é responsável pelas guerras, desavenças, desequilíbrios sociais, econômicos, políticos e ecológicos (Tg 4.1,2; Rm 1.21-26; 8.20-22).
As Escrituras chamam o homem de “escravo do pecado” (Jo 8.34; Rm 6.20). Ora, não há liberdade de arbítrio no que é escravo. A não ser que alguém o liberte, não há nenhuma possibilidade para ele – nem mesmo a sujeição à lei de Deus, pois, segundo ela própria, o quebrar de uma só das suas regras faz com que o faltoso seja culpado de toda ela (Rm 3.20; Tg 2.9; Gl 3.10,11).
Por isso, as mesmas Escrituras nos dão a ideia que a lei está mais para o diagnóstico – o de que não a conseguimos cumpri-la toda, em todo tempo – do que para a justi cação e salvação do pecador (Rm 3.19,20).
O único meio de libertação e justicação ao homem pecador está na apropriação, pela fé do sacrifício do Cristo de Deus, o Cordeiro que morreu a nossa morte (recebendo a pena pelo nosso pecado) e que “tira o pecado do mundo”, e na submissão ao seu governo (Rm 5.1,2; Jo 1.12, 29).46
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110A Bíblia
169 - É ?
Na realidade, essa a rmação nasceu de Jean-Jacques Rousseau, lósofo do século 18 e deu origem ao mito do “bom selvagem”.
Segundo essa ideia, o homem nasce bom e puro, mas é transformado pelo meio em que vive. Se isso fosse verdade, o meio, a sociedade, seria boa, como são bons os indivíduos que a constroem. Entretanto, as Escrituras mostram o contrário: segundo a Palavra de Deus, o homem é gerado na maldade e já nasce mau e perverso, longe de Deus. E mais: “Não há um homem justo, um sequer, nem há quem busque a Deus – por si só e todos estão indesculpáveis diante dele” (Sl 51.5; Rm 3.10-19; 23). Como a sua natureza é má, o que o homem gera é igualmente mau, e geralmente revestido de um caráter egoísta e auto-indulgente. O homem, na sua condição de escravo do pecado e das suas inclinações naturais, não tem condições, sequer, de ir até Deus, a não ser que o Eterno o busque, como foi o que a cruz de Jesus possibilitou (Jo 15.16; 6.37; 6.44).
170 - M
Mas há algumas exceções, como o que diz: “Quem dá aos pobres, empresta a Deus e ele lhe pagará” (Pv 19.17).
A Bíblia para curiosos 171 – O
C ?
Antes de ser preso e morto pelos seus algozes, Jesus tomou uma ceia diferente, celebrando uma nova aliança. Ele partiu o pão, serviu o vinho e deu-o aos discípulos de maneira especial, referindo-se a tais ingredientes – normais e comuns à mesa de qualquer judeu da época – como a sua carne e o seu sangue. Segundo entendemos pelas Escrituras, esses elementos seriam a base de uma nova relação entre o Eterno Criador e a criatura: a vida, o serviço, o exemplo de Jesus (no pão); e a sua morte sacri cial, o sangue derramado na cruz (o vinho).
A partir dali, não haveria mais a observância e a tentativa inútil da obediência fria às leis, incapazes de transformar pessoas pecadoras em gente limpa diante da exigência moral de Deus, mas uma relação baseada, pela fé, no sacrifício de Jesus – pena que era, por direito, nossa. Ao nal, o Filho de Deus recomendou: “Fazei isto em memória de mim. Toda vez que o zerdes, anunciareis a minha morte, até que eu venha” (1 Co 11.24-26). Por conta disso, e exceto por raras exceções, os cristãos celebram regularmente a Santa Ceia, ou a Eucaristia, em seus serviços até hoje.
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112A Bíblia
173 - C ?
Não existem, rigorosamente, informações sobre como eram os casamentos do povo hebreu. Os textos bíblicos não os mencionam, nem mesmo entre os cristãos do primeiro século. No Antigo Testamento, ca evidente que a celebração do casamento tinha um caráter exclusivamente civil, ou seja, não era sancionado por nenhum ato religioso. Não existia, portanto, uma celebração religiosa do casamento, como aquela realizada hoje nas igrejas; muito menos, uma ordem ou concessão explícita na Bíblia para algo como a a rmação do celebrante de que declara os noivos “marido e mulher”.
Fica claro, entretanto, que o casamento acontecia entre famílias e com o consentimento de ambos os cônjuges.
Em Malaquias 2,14 o profeta chama a esposa como a “mulher da aliança” – e sabemos que “aliança” compreendia essencialmente um pacto religioso. Todavia, em relação ao matrimônio, esse pacto é simplesmente o “contrato de casamento”. A única referência a um
contrato de matrimônio é encontrada no livro deuterocanônico (apócrifo) de Tobias 7.13. Ali, Raguel, pai de Sara, dá sua lha a Tobias como esposa. No verso 12, encontramos: “Raguel chamou sua lha Sara e, quando ela se apresentou, tomou-a pela mão e entregou-a a Tobias, dizendo: ‘Recebe-a, pois ela te é dada por esposa, segundo a lei e a sentença escrita no livro de Moisés’. Toma-a e leva-a feliz para a casa de teu pai. E que o Deus do Céu vos guie em paz pelo bom caminho’. Chamou depois a mãe da moça e mandou que trouxesse uma folha de papiro, e redigiu o contrato de casamento, pelo qual dava a Tobias sua lha por esposa, conforme o artigo da Lei de Moisés. Depois disso, começaram a comer e a beber.”
Sobre o casamento no tempo de Jesus, não há muito o que dizer, apenas o relato das bodas de Caná, célebre relato do evangelho de João (2.1-11), mas que não entra em detalhes sobre a celebração, em si.47
A Bíblia para curiosos
- O “ ”?
A palavra encerra ainda a missão dada por Jesus de pregação dos cristãos ao mundo (Mt 28:18-20) e ainda é usada para nominar cada um dos relatos bíblicos atribuídos aos chamados evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João. 174
A palavra grega evanggelion é traduzida como “evangelho” nas versões em português. Essa palavra, juntamente com suas outras traduções – “novas de alegria”, “boas novas” e “pregar o evangelho” – ocorre mais de uma centena de vezes no Novo Testamento, e signi ca “a salvação consumada” em Cristo, ou seja, tudo o que Jesus ensinou, viveu e fez, especialmente no seu ápice – a morte na cruz –, pagando a dívida que era, por direito, da humanidade (Cl 2.13,14).
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Um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo
A Bíblia para curiosos
175 - A T ?
Um dos maiores mistérios da cristandade é, sem dúvida, a existência de Deus, o Eterno, em três pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Apesar de não encontrarmos a palavra Trindade nas Escrituras, tal ideia é perfeitamente bíblica. Como a rma a Con ssão de Fé de Westminster:
“Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é in nito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o culpado” (Jo 5.26; At 7.2; Sl 119.68; 1 Tm 6.15; At 17.2425; Rm 11.36; Ap 4.11; Hb 4.13; Rm 11.3334; At 15.18; Pv 15.3; Sl 145-17; Ap 5.12-14).
Em toda a Bíblia, esse conceito da Trindade é encontrado, tanto no Novo como Antigo Testamentos. Há dois conceitos na língua hebraica
que, embora traduzidos por um, único ou unidade, em outras línguas têm diferença entre si: echad e yachid. Yachid é usado quando o texto refere-se a uma peça única, como em uma pedra, e usa-se echad quando se fala de uma unidade necessariamente acompanhada de outras – numa comparação muito simples, como em um cacho de uvas. Quando Moisés fala que Deus é único, no chamado à adoração em Deuteronômio 6.4, ele usa a palavra echad. Desta forma, embora seja único, Deus subsiste em três pessoas, igualmente divinas e não divisíveis entre si. O homem, à imagem e semelhança de Deus, não é o indivíduo, mas sim, a comunidade. Como na revelação do Novo Testamento, as pessoas da Trindade são apresentadas não como concorrentes entre si, mas concordantes uma com a outra – o Pai envia o Filho, que envia o Espírito Santo. E o Espírito Santo advoga Jesus no coração do homem, enquanto Cristo o advoga diante de Deus (Jo 12.49; 16.7-14; 1 Jo 2.1).
Talvez a melhor maneira de se compreendeer um Deus que subsiste em três pessoas não seja usar a função matemática de somar, em que 1+1+1=3, mas a de multiplicar, em que um é pelo outro e não há divisão ou competição, sendo, então 1x1x1=1. 48
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Um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo
176 - C
E S , D P D F ?
Em algumas crenças, o Espírito Santo não é uma pessoa, e sim, uma “força ativa de Deus”. Logo, não seria uma Pessoa Divina, sendo algo como um ser usado para executar a vontade de Deus. Entretanto, são muitas as evidências que clari cam essa questão. Por exemplo: nas Escrituras, lemos que o Espírito Santo possui mente, emoções e vontade próprias. Ele pensa, conhece (1 Co 2.10), pode se entristecer (Ef 4.30), intercede por nós (Rm 8.26-27), toma decisões de acordo com a sua vontade (1 Co 12.7-11). O Espírito Santo é Deus, a terceira Pessoa da Trindade segundo o ensino claro dos apóstolos (Mt 28.18,19)
177 - N D
E
•Juiz e Rei (Is 33.22)
•Homem de guerra (Ex 15.3)
• Arquiteto e Edi cador (Hb 11.10)
•Pastor (Sl 23.1)
•Noivo (Is 61.10)
•Marido (Is 54.5)
•Pai (Dt 32.6)
•Médico (Ex 15.26) 40
– e, como Deus, o Espírito Santo pode verdadeiramente agir como o Confortador e Consolador que Jesus prometeu que ele seria (João 14.16,26; 15.26).
Em Isaías 48.16 e 61.1, entende-se que o Filho está falando enquanto faz referência a Deus Pai (o Senhor) e ao Deus Espírito Santo. Se compararmos este último texto ao de Lucas 4.14-19, vamos ver que é o Deus Filho falando. Quando do batismo de Jesus, Mateus registra o fato e vê o Espírito Santo descendo e a rmando que é ele que vem como uma pomba sobre Jesus, enquanto uma voz, vinda “de Deus Pai”, a rmava o seu prazer no Filho (Mt 3.16-17).
178 - C
E
•Águia (Dt 32.11)
•Cordeiro (Is 53.7)
•Galinha (Mt 23.37)
•Sol (Sl 84.11)
D
•Estrela da Manhã (Ap 22.16)
•Sombra (Sl 91.1)
•Escudo (Sl 84.11)
•Santuário (Ap 21.22)
116
•Leão (Is 31.4)
•Luz (Sl 27.1)
•Lâmpada (Ap 21.23)
•Fogo (Hb 12.29)
A Bíblia para curiosos
•Manancial (Sl 36.9)
•Rocha (Dt 32.4)
•Refúgio (Sl 119.114)
•Torre (Pv 18.10) 50
179 - A J
Das mais de duas centenas, destacamos alguns:
• Pedra angular (Ef 2.20)
• Primogênito de toda a criação (Cl 1.15)
• Cabeça da Igreja (Ef 1.22, 4.15; 5.23)
• Santo (At 3.14, Sl 16.10)
• Juiz (At 10.42; 2 Tm 4.8)
• Rei dos reis e Senhor dos senhores (1 Tm 6.15, Ap 19.16)
• Luz do mundo (Jo 8.12)
• Príncipe da paz (Is 9.6)
• Filho de Deus (Lc 1.35; Jo 1.49)
• Filho do homem (Jo 5.27)
• Palavra (Jo 1.1, 1 Jo 5.7-8)
• Palavra de Deus (Ap 19.12-13)
• Palavra de vida (1 Jo 1.1)
• Alfa e Ômega (Ap 1.8; 22.13)
• Emanuel (Is 7.14, Mt 1.23)
• “Eu Sou” (Jo 8.58, com Ex 3.14)
• Senhor de todos (At 10.36)
• Verdadeiro Deus (1 Jo 5.20)
• Autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2)
• Pão da vida (Jo 6.35; 6.48)
• Noivo (Mt 9.15)
• Redentor (Rm 11.26)
• Bom Pastor (Jo 10.11,14)
• Sumo Sacerdote (Hb 2.17)
• Cordeiro de Deus (Jo 1.29)
• Mediador (1 Tm 2.5)
• Rocha (1 Co 10.4)
• Ressurreição e a vida (Jo 11.25)
• Salvador (Mt 1.21, Lc 2.11)
• Videira verdadeira (Jo 15.1)
• Caminho, Verdade, Vida (Jo 14.6) 51
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Um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo
180 - A J
É incrível como Jesus transformou a história com tantos escândalos envolvendo a sua gura. O Messias esperado por tantos séculos, aquele que iria levar o povo hebreu à sua glória terrena, vem pobre, nascido na periferia; é torturado e morto de uma forma só preparada para os piores e mais desprezíveis criminosos, numa cruz infame, mas ainda pior: foi chamado por nomes nada gloriosos pelos líderes religiosos da época. Dentre estes, citamos apenas alguns: “comilão e beberrão”, porque parecia ser mais facilmente encontrado à volta de uma mesa, relacionando-se com as pessoas comuns, ordinárias e marginalizadas segundo o juízo da sociedade da época (Mt 11.19), do que nas sinagogas. Ainda, foi tratado como “agente do demônio Bel-
zebu” (Lc 11.15) por fazer coisas em favor do povo que os religiosos não conseguiam. Isso porque, ao invés de rejeitar aqueles que mais o maltratavam, Jesus ainda comia com eles (Lc 7.36).
Apesar de todas essas tentativas de se encontrar um crime ou pecado que pudessem ser atribuídos ao nazareno, os registros asseguram que ele próprio nunca teria se excedido ou transgredido a lei de Deus. E mais: Jesus era um justo cumpridor da lei mosaica, a não ser no que diz respeito ao rigor acético da religião, segundo o qual só se aproximar de um pecador já causava contaminação. O Filho de Deus manteve, o tempo todo, sua integridade e autoridade, distanciando-se do equivocado modo de vida dos doutores da lei (Hb 7.26; Mc 1.22).
A Bíblia para curiosos
- Q O
J B ?
Eram sábios que teriam vindo da Pérsia, Babilônia ou Arábia para homenagear o aguardado Rei dos judeus, o Messias prometido. Eles eram astrólogos, ou estudiosos dos astros, e provavelmente vieram atraídos pela inusitada aparição da chamada estrela de Belém (talvez, um cometa) que prenunciava algo grandioso. Como era costume na época, sobretudo nas regiões de onde teriam vindo, eles eram tidos por sábios – dai a tradução de “magos”, signi cado usado para determinar aquela qualidade, dentre outros sinônimos como sacerdotes, conselheiros etc. Seus nomes nunca, assim como a informação sobre quantos eram, aparecem nas Escrituras. Sabe-se, ape-
182 - O M ?
Parece lógico imaginarmos que sim, embora as Escrituras não mencionem isso, tampouco que foram visíveis a José Maria naquele momento.
nas, que mais de um deles veio visitar o menino Jesus, já que os termos utilizados para de ni-los está no plural. Mais tarde, por conta do número de presentes que trouxeram – ouro, mirra e incenso – ao pequeno Messias, a tradição a rma que eram três, e ainda atribuiu-lhes os nomes de Gaspar, Melquior e Baltazar. Passou a dizer-se, até, que eram “reis”. Essa mesma tradição espalhou até o suposto signi cado dos presentes que trouxeram ao Cristo: ouro, para o Rei que nascera; incenso, para honrar sua divindade; e mirra, como referência à sua encarnação. Em algumas regiões, como na Espanha, o Dia de Reis, que celebra aquele encontro, é mais comemorado ainda do que o Natal.
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Um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo
183 - H
B ?
É provável, mas a Bíblia não a rma especi camente que os anjos cantaram. Apenas relata que primeiro um anjo apareceu e falou. “E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus” (Lc 2.13).
184 - H J E ?
Excetuando-se uma profecia sobre o Senhor no Antigo Testamento, não há qualquer registro sobre a sua aparência. Mas é perfeitamente aceitável que, como homem nascido na região da Palestina, Jesus, nem de longe, se parecia com o biotipo europeu difundido por séculos em gravuras e pinturas, retratando-o louro, com olhos azuis e pele clara. Isaías o descreve da seguinte maneira: “(...) como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos” (Is 53.2).
185 - J ?
É certo que o Cristo dos evangelhos era alguém que não possuía algum atributo especial que o destacasse dentre os seus contemporâneos. É razoável, portanto, pensar-se que o Filho de Deus encarnado era um homem comum. Caso contrário, Judas não precisaria valer-se de um código – no caso, um beijo –, para identi cá-lo perante os soldados que o prenderam no Jardim do Getsêmani (Mt 26.48,49). Suas características restringiam-se mais ao seu caráter do que à sua aparência, sendo que muitos se surpreendiam por ele ensinar com autoridade, e não como faziam os fariseus e doutores da lei – de maneira hipócrita e sem misericórdia (Mt 7.29).
A Bíblia para curiosos
186 - O J , ?
Não há nenhuma indicação exata sobre o local onde Cristo nasceu. A Bíblia relata apenas que ele foi colocado numa manjedoura porque não havia lugar para ele no “quarto de hóspedes” (kataluma, termo grego que signi cava quarto de hóspedes, alojamento ou hospedaria). Quando esta palavra ocorre no Novo Testamento, normalmente é traduzida para designar um amplo quarto mobiliado de um sobrado ou casa particular. Em Marcos 14.14 e 15, é traduzida como um quarto de hóspedes e não como um hotel. Alguns peritos em arqueologia e história bíblicas creem que Jesus nasceu, na verdade, na casa de parentes de Maria e José.
187 - J , ?
Não. As Escrituras não especi cam quando ele nasceu, mas é certo que, pelo rigor do clima na região, dezembro é uma época fria o bastante para haver gente “pastoreando nos campos” e pastos improdutivos e secos, conforme descrição de Lucas 2.8. As atividades pastoris eram mais comuns da primavera ao outono, que no Hemisfério Norte ocorrem entre março e novembro. Além disso, é pouco provável que a família de Jesus tenha se dirigido a um lugar distante mais de 100 quilômetros de Nazaré debaixo do frio de inverno. Mais do que se ater a datas, no entanto, o mais importante é reverenciar o evento em si, ou seja, a encarnação do Deus Eterno entre nós. 52
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Um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo
188 – J ?
Algumas pessoas ainda têm dúvidas sobre a natureza de Jesus, o Cristo de Deus e nosso advogado diante do Pai. Tudo se resume a uma questão – é verdade que ele teve negado de Deus algum pedido seu?
A resposta é não. Se, em algum dia, o Salvador, que recomendou que tudo o que pedíssemos em seu nome, ele o faria (Jo 14.14); que foi conhecido como o “único intermediário entre Deus e os homens” (2 Tm 2.5); e que se apresentou como ele se apresentou, como o advogado do que nele crê, teve uma só petição negada, então não haveria qualquer esperança para o ser humano. Muitos creem que, no jardim,
189 - É J
Sem dúvida. Numa sociedade como a judaica, em que os rabinos comumente oravam benzidendo a Deus porque não os “ zera mulher”, e onde a mulher sequer recebia os ensinos da Torá, Jesus revolucionou essa ordem social. Desta forma, ele se antecipou a uma discussão que perdurou durante séculos, nos tempos medievais, sobre se o gênero feminino tinha ou não uma alma.
quando o Senhor orou pedindo que, se possível, Deus afastasse o cálice da amargura que lhe havia sido preparado, tendo Cristo enfrentado todo o suplício e, en m a cruz, logo teria o sumo sacerdote (como nos a rma o livro de Hebreus) falhado.
Na realidade, a sua oração não terminou aí, e sim, num esclarecedor “contudo, faça-se a tua vontade”. Cristo, na sua agonia ao antever o Calvário, confessou, sim, a sua dor; mas, de maneira nenhuma, negou-se a cumprir com rigor a sua missão. Assim, todo o que crê pode esperar ser atendido e representado, diante do Todo-Poderoso, a sua causa.
?
A lei mosaica declarava impura a mulher que estivesse no seu período de menstruação. Entretanto, Jesus, ao ser tocado por uma mulher que sofria com uma hemorragia por mais que uma década – e, possivelmente, era repudiada pela própria família – não a repreendeu por isso; antes, curou-a do seu mal (Mc 5.25,34).
De outra feita, ao ser interpelado por uma mulher adúltera e, ainda por cima, sama-
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A Bíblia para curiosos ritana (um povo odiado por Israel), o Filho de Deus não a evitou, reprendeu ou sequer estabeleceu qualquer juízo sobre a sua condição moral, enfatizando apenas a sua sede por vida (Jo 4.1-30). Note-se que até os seus discípulos se admiraram por seu Mestre ter falado com uma mulher (Jo 4.27). Cristo chegou ao ponto de deixar seus pés serem lavados por lágrimas de uma prostituta (Lc 7.36-50) e a defendeu diante dos fariseus que a recriminavam pelo seu pecado.
190 - J ?
Ao contrário do que muitos pensam e a rmam, Jesus, o Filho de Deus, não teve posses. Nem mesmo os parcos recursos de que dispunha eram administrados por ele. Segundo ele mesmo a rma, “as raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8.20).
Contrariando a época, os costumes e o rigor religioso e moral de então, Jesus teve mulheres que o acompanharam e a ele serviram durante o seu ministério terreno (Lc 8.2,3), não antes terem sido discipuladas na sua doutrina. Foi a elas que, primeiro, o Senhor voltou após a sua ressurreição – Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago (possivelmente, a mãe de Jesus), viram o Cristo ressurreto antes dos homens.
O Salvador não possuía sequer um animal de montaria, pois precisou pedir um jumento emprestado ao entrar em Jerusalém (Mt 21.1-7). Ele viveu como carpinteiro grande parte da sua vida e nunca teve casa ou alguma riqueza. E foi ele quem ensinou seus discípulos a observarem as ores do campo e os animais que não tecem nem plantam, numa lição de dependência de Deus (Mt 6.26-33). Além disso, o Mestre foi claro quanto a efemeridade dos bens terrenos e ao valor de se ajuntar “tesouros no céu”, bem como a termos cuidado com as riquezas (Mt 6.19-21).
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Um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo
191 - J ?
Segundo o apóstolo João, Jesus batizava com os seus discípulos (Jo 3.22), e o fez até mais do que João Batista (Jo 4.1). Porém, no verso 2 do mesmo capítulo, o apóstolo esclarece que o Senhor mesmo não o fazia, mas sim, por meio dos seus discípulos.
192 – T J ?
Na sua caminhada, Jesus atestou algo que muitos já sabem: o fato de que um profeta não tem autoridade entre os seus próximos, como pais, irmãos, familiares e conterrâneos (Lc 4.14-30). Na sua própria cidade, onde cresceu e viveu boa parte da vida, Jesus quase chegou a ser linchado. Na Galileia, nem realizou muitos milagres por conta da descon ança e incredulidade das pessoas. Ali, o Mestre fez sua declaração sobre a falta de consideração até mesmo por parte dos que nos viram crescer (Mt 13.54-58). Entretanto, alguns familiares de Jesus, como o seu tio e tia, vieram a segui-lo. Ele, chamado Cléopas, era, possivelmente, um dos “discípulos do caminho de Emaús (Lc 24.13-18); e ela, um das mulheres que estiveram com Maria, mãe do Salvador, diante da cruz (Jo 19.25).
193 – S J
Uma das passagens bíblicas que muitos conversadores prefeririam retirar das Escrituras diz respeito ao primeiro milagre do Senhor Jesus. Nele, o Cristo, convidado
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C “ ”?
A Bíblia para curiosos a um casamento, ao perceber o constrangimento dos noivos, em cuja festa acabara o vinho – algo imprescindível numa celebração da época –, não só transforma água naquela bebida como, ainda, serviu-a aos convidados quando estes já estavam “alegres”, como se diz. Pelo menos, é isso que se supõe a partir da a rmação feita pelo mestre-sala (o chefe do cerimonial) de que Jesus não só havia servido o melhor vinho como o zera quando todos já haviam bebido bastante(Jo 2:10) essa descrição, no vocábulo grego, é methysthosin – que era usado para
designar também alguém “embriagado, ou cambaleante”).
194 - S D , , J ?
Na realidade, quando Deus a rmou a Moisés que ele mesmo havia criado os surdos e mudos, o personagem bíblico estava sendo repreendido por recusar-se a cumprir a tarefa divina, baseando-se em suas próprias limitações – coisa que nunca deveria ser apresentada como desculpa para desobedecer ao Altíssimo. É claro, também, que tal soberania de Deus sobre a condição humana –seja qual for – é explicitada quando Jesus se encontra com o cego de nascença e a multidão lhe pergunta se este ou os seus pais pecaram, para que lhe sobreviesse aquela enfermidade. Je-
Entre um e outro registro, ca claro que nem todos os que padecem com doenças as têm de nascença.
sus a rmou, ali, que a cegueira daquele homem acontecera por conta de um plano divino (Jo 9.1-3). Noutra ocasião, Jesus cura um homem, atribuindo ao diabo a causa de um mal que travara a sua capacidade de ouvir e falar. Entre um e outro registro, ca claro que nem todos os que padecem com doenças as têm de nascença. Muitas enfermidades, com efeito, podem ser adquiridas ao longo da vida ou decorrer de um acidente. Não se pode, ainda, desprezar a possibilidade de que alguma doença, de fato, seja decorrente de alguma condição de ordem espiritual.
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195 – Q , J ,
D , ?
Como toda criança, Jesus também deu dor de cabeça aos seus pais terrenos – sem contar o sofrimento por que passou, as oposições, as perseguições, a prisão e a morte de cruz, que certamente causaram muita dor a sua mãe. A Bíblia relata que, quando tinha 12 anos, o menino Jesus sumiu da caravana onde iam seus pais, sendo encontrado, dias depois, no Templo em Jerusalém, fazendo perguntas e rodeado por mestres da religião, maravilhados pela sua sabedoria (Lc 2.42-48). Ao ser indagado pelos pais acerca do ocorrido, perguntou-lhes: “Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?” (Lc 2.49). Apesar disso, no mesmo trecho encontramos a informação de que Jesus “era-lhes obediente” (v. 51).
196 – D ?
A Palavra de Deus a rma que o Senhor nunca dorme ou cochila “Ele não permitirá que você tropece; o seu protetor se manterá alerta; sim, o protetor de Israel não dormirá, ele está sempre alerta” (Sl 121.3,4). Entretanto, o salmista – e muitos que se afastam da comunhão e da amizade com Deus, ou que estão em meio a provações e lutas, bem como no calor das tragédias – imagina que sim, principalmente quando já não o ouve ou quando não percebe mais a sua presença, conforme registra, por exemplo, o Salmo 44.23: “Desperta, por que dormes, Senhor? Acorda, não nos rejeites para sempre.”
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A julgar por expressões como a de que, no sétimo dia da criação, “Deus descansou” (Gn 2.2; Ex 31.17; Hb 4.4), é justo supor que, sendo Deus o Senhor Criador e Sustentador da vida, ele jamais se fatiga. Em muitas passagens, as Escrituras utilizam-se de expressões e palavras antropomór cas com nalidades didáticas, para o ensino do homem sobre valores e princípios elevados. É por isso que, mesmo sen-
do Espírito e não possuindo um corpo físico, encontramos na Bíblia expressões tais como: a boca do Senhor o disse, a mão de Deus o fez etc. Também encontramos ocorrências pontuais, como esta: “Nunca ouviu falar? O Senhor é o Deus eterno, o Criador de toda a terra. Ele não se cansa nem ca exausto; sua sabedoria é insondável. Ele fortalece ao cansado e dá grande vigor ao que está sem forças.” (Is 40.28,29).
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Ao lermos a declaração de Jesus de que já não chamaria seus discípulos de servos, mas de amigos, porque tudo o que ouviu de seu Pai ele “lhes tornei conhecido” (Jo 15.15), e outra, dando conta de que, embora ainda tivesse muito a lhes dizer, não o faria, porque eles “não o podem suportar agora” (Jo 16.12), podemos supor que há uma contradição entre uma e outra afirmação. A verdade é que ambas as declarações são complementares. Jesus estava repartindo com os seus tudo o que podiam suportar até aquele momento, passo a passo na caminhada. Prova disso é que, mesmo
afirmando que passaria por provações terríveis, seus amigos – em especial, Pedro – ainda não criam que a cruz seria o destino do seu amado Senhor. No desenrolar da história, como na nossa caminhada cristã, vamos descobrindo, ou entendendo melhor, tudo aquilo que foi revelado já na Palavra de Deus e que, pela ajuda do Espírito Santo, o Consolador prometido, que “nos conduz a toda a verdade” (Jo 16.13,14), nos vai sendo esclarecido. Jesus revelou tudo em carne, mas na caminhada, tudo o mais foi sendo – e o é ainda hoje, aplicado à vida dos que são seus, segundo as promessas bíblicas.
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Na Bíblia, sempre que uma manifestação de Deus é tangível aos sentidos humanos, dá-se o nome de teofania, ou, no caso de Jesus, cristofania, sobretudo no Antigo Testamento. Com frequência, termos como a “glória do Senhor”(Ex 24.1618), a “nuvem” (Ex 33.9) ou fatos registrados com um em que “o Senhor desceu” (Gn 11.5; Ex 34.5; Nm 11.5 e 12.5) são creditados por comentaristas, ao longo dos séculos, a uma manifestação do próprio Deus. Registros que dão conta de que algum personagem bíblico recebeu a visita de “o anjo do Senhor”, seriam, na verdade, uma manifestação do Cristo, antes da sua vinda em carne, tais como em Gênesis 16.7-14 e 22.11-18; Juízes 5.23, 2 Reis 19.35 e vários outros. Há também estudiosos que creditam esses termos a uma angelofania, ou aparições de anjos. De qualquer modo, com ou sem concordância em todas elas, essas manifestações nas quais Deus toma a forma humana pre guram, por certo, a vinda corpórea do Messias predito nas profecias. Segundo João, aquele que “estava no princípio com Deus”, por meio de quem “todas as coisas foram feitas” e que “sem ele nada do que foi feito se fez”, a saber, é Jesus Cristo (Jo 1.1-3).
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Não bastasse o costume judeu que impedia que uma mulher se aproximasse e conversasse sozinha com um homem, Jesus quebrou os paradigmas da época, ao gastar tempo com uma mulher samaritana que seria condenada pela sua vida moral, pois estava no sexto relacionamento amoroso. Entretanto, em toda a narrativa daquele
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A Bíblia para curiosos inusitado encontro, situado à beira do poço de Jacó, Jesus joga os holofotes à sede existencial daquela mulher (Jo 4.5-30) e ainda mostra a natureza de um ministério inclusivo, que não faz acepção de pessoas e que, por mais pecadora que uma pessoa fosse (ou socialmente desprezada, como todo samaritano), o Senhor tinha sua palavra de vida eterna. A condição moralmente condenável daquela mulher, adúltera, era nada perto da verdade de que aquele que a ela se apresentava, que se denominava “a Água Viva”, podia lhe saciar a sede de uma vez por todas. E aquela mulher, que tivera tantos homens, curiosamente, acabou por anunciar – com êxito – a toda a sua cidade que conhecera “um homem”, Jesus, o Messias prometido.
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Certamente que sim. E não só a arte concreta, a representação el do que se vê e registra as formas presentes na natureza ou feitas pelo homem. Ao contrário do que podemos supor, ao menos uma vez, na Bíblia, há até o registro de uma ordem de Deus para que os artí ces da construção do tabernáculo no deserto usassem a arte, e não apenas para efeitos didáticos – como a cristandade a utilizou, por séculos, para ensinar pontos fundamentais da fé a pessoas analfabetas ou pouco instruídas por meio de vitrais e afrescos. Na ordem para a elaboração dos adornos do templo ou do tabernáculo dos hebreus (no Antigo Testamento), vemos um Deus que parece se comprazer no belo e na arte. Na confecção da estola sacerdotal que os judeus deveriam usar, dentre outros, havia um requisito: a de que fossem feitas nas suas bordas “romãs azuis, e púrpura, e carmesim; e campainhas de ouro no meio delas ao redor” (Ex 28.33). Ora, romãs, frutos muito conhecidos no Oriente, nunca fora azuis. Por que motivo, então, os artesãos não deveriam representá-los segundo a cor natural, senão para embelezar os artefatos? Também na construção do Templo de Salomão, Deus ordenou que se zessem duas colunas que só tinham função ornamental, sem qualquer ligação com a estrutura do prédio ou sustentação do seu teto (1 Rs 7.15).
Embora Deus proíba ao seu povo a adoração a qualquer imagem, por certo também aprova – e gosta – da manifestação da arte nas suas mais diversas expressões, tais como a dança, a escultura, a música etc, como vemos pelas Escrituras. É ele (e não outro) quem dá o talento
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Um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo para os artistas, como o fez em relação a Bezalel: “E o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência, em todo o lavor, para elaborar projetos, e trabalhar em ouro, em prata, e em cobre, e em lapidar pedras para engastar, e em entalhes de madeira, para trabalhar em todo o lavor” (Ex 31.3-5). Como a rmou o apóstolo Tiago, Deus, e não o diabo ou o próprio homem, é a raiz de tudo aquilo que é bom e perfeito (Tg 1.17). 53
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Em todo o Antigo Testamento, há descrições sobre a morada de Deus. Por vezes, a rmam as Escrituras que ele vive em Sião (Sl 9.11; 76.2; Jl 3.17, 21); noutros trechos, diz que a morada do Senhor são os céus (Sl 115.16; 123.1; Ec 5.2; 2 Sm 22.10; Mt 6.9 e 16.19; Jo 13.3). Porém, muito mais importante do que de nirmos onde o Altíssimo tem uma morada é saber que ele habita no seu el e na comunhão dos seus lhos, conforme João 14.23 e Mateus 18.20.
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O Antigo Testamento está cheio de previsões sobre a vinda e o sofrimento do Messias esperado de Israel. No Salmo 22.16-17, lemos: “(…) Traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos (...)”. Trata-se de uma profecia, uma clara descrição do martírio a que Jesus seria submetido. Na época em que esse salmo foi escrito, cerca de mil anos antes do ocorrido, a cruci cação era uma punição desconhecida pelos judeus, que só viria a ser instituída séculos depois, como um método romano de condenação dos seus inimigos e criminosos. Para um judeu comum, o lógico seria apedrejá-los ou matá-los à espada. Segundo pesquisadores, mais de 300 profecias extremamente exatas e especí cas referentes ao Messias sofredor se cumpriram literalmente por ocasião da primeira vinda de Cristo. 54
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Esta é uma das maiores confusões e razões para muitos duvidarem da morte e ressurreição de Jesus. Segundo havia predito a respeito do seu próprio sacrifício, Jesus a rmou: “(...) Estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra.” (Mt 12:40). Acontece que a contagem ocidental tradicional não considera as datas móveis das festividades cerimoniais dos judeus o que, aliado à tradição de se comemorar a Sexta-feira como sendo o dia da morte do Cristo, faltam horas para que a profecia se cumpra.
Com uma simples comparação de textos, podemos ver que, na semana da morte de Jesus, houve dois sábados (o shabat cerimonial dos hebreus): o primeiro, o dia dos pães asmos, que caía no dia 15 do mês de nisã – e que, neste caso, aconteceu quinta-feira para além do sábado do Eterno, o sétimo dia da semana. Para melhor entendermos, tomemos um fato ocorrido naquele período, ou seja, a compra de material e o preparo das especiarias com que seria ungido o corpo do Mestre. Vejamos quando isso ocorreu, segundo o relato de Lucas 23.54-56: “E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galileia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e unguentos, e no sábado repousaram, conforme o mandamento.”
Por esta passagem ca clara a ordem de acontecimento das coisas:
a) Já estava terminando o dia da preparação, com o pôr do sol, e começando o sábado. Já não havia mais tempo para comprar e preparar as especiarias para ungir o corpo de Jesus, pois já era sábado.
b) O verso 54, no entanto, fala que elas, as mulheres, prepararam tudo antes do sábado e que repousaram naquele dia, conforme ordenava o mandamento.
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Como entender isso? Se já estava se iniciando o sábado, como e quando as mulheres compraram e zeram os preparativos, se o verso nal nos prova que elas observaram o sábado? Comparemos, agora, o mesmo assunto com o descrito em Marcos 16.1 “E, passado o sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo”. Este trecho parece complicar ainda mais as coisas; todavia, é aqui que se esclarecem os fatos, pois o texto fala que as mulheres foram comprar as especiarias depois do sábado. Lucas, no verso 54, nos disse que este preparo ocorreu antes do sábado; já Marcos a rma que foi depois.
A grande e esclarecedora verdade é que, naquela semana, houve dois sábados:
Assim que Jesus morreu, numa quarta-feira, também considerado o “dia da preparação”, foi sepultado no nal deste dia, próximo ao pôr do sol – portanto, já quase na virada para a quinta-feira, que por sua vez era o dia dos asmos, um sábado cerimonial e festivo. Foi depois deste sábado cerimonial (ou quintafeira), que as mulheres compraram e prepararam as especiarias, o que se harmoniza com o relato de Marcos 16.1.
A grande e esclarecedora verdade é que, naquela semana, houve dois sábados: Um cerimonial, ocorrido na quintafeira, ou seja, o primeiro dia da grande festa dos asmos; e o outro, o sétimo dia da semana, o Sábado citado pelo quarto mandamento do decálogo divino.
Uma vez preparado o material para ungir o corpo do Messias, o que certamente se aprontou na sexta-feira, no Sábado do Eterno elas repousaram, conforme o preceito da lei (os primitivos cristãos que vieram do Judaísmo ainda observavam e respeitavam o Shabat) e no primeiro dia da semana foram cedo para fazer a santa unção. Isso harmoniza também Lucas 23.54 e 24.1 com Marcos 16.1,2. Portanto, ca claro que, naquela semana, houve dois sábados, dissipando-se assim quaisquer possíveis dúvidas no assunto. 55
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Uma das maiores realidades oferecidas à humanidade, segundo os relatos bíblicos, é o fato de Deus, o Eterno, falar com as pessoas. É comum, nas Escrituras, encontrarmos o registro de que “Deus falou” (Gn 8.15; Gn 31.29, Ex 6.2; Js 23.14; 1Sm 3.17; Sl 50.1; Jr 26.13; Mc 12.26; Jo 9.29; At 3.21, por exemplo). Na Bíblia, há muitos relatos de profetas que falaram por Deus. Na maioria das vezes, entretanto, não se sabe se tal tipo de comunicação foi algo sonoro, percebido pelos ouvidos, algum tipo de voz interior ou, ainda, uma impressão na alma do homem. Não podemos nunca excluir o fato de Deus se comunicar de qualquer modo sobrenatural – mas, via de regra, isso acontece, na maioria das vezes, como um fato interior.
Deus continua a falar, hoje, por meio das Escrituras, ou a Palavra de Deus (2Tm 3.16,17). Ele fala, também, por meio de impressões, acontecimentos e pensamentos, moldando nossa mente para que pensemos como ele pensa (Rm 12.2). O Senhor fala conosco, ainda, por meio da permissão de experiências, para que aprendamos e cresçamos espiritualmente (Tg 1.2-5, Hb 12.5-11).
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Apesar de os outros evangelistas nada dizerem sobe isso, Mateus é o mais enfático ao descrever o “espetáculo” (como chamou Marcos) sobre a morte de Jesus na cruz. Ele cita tremores de terra, rochas que se fenderam e, também, a ressurreição de mortos. Segundo o relato, assim que o Messias rendeu seu espírito, “abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos, que dormiam, ressurgiram.” (Mt 27.52). Antes desse acontecimento, Jesus já havia, segundo os relatos bíblicos, ressuscitado Lázaro, seu amigo (Jo 11.1-45); o lho de uma viúva de Naim (Lc 7.11-16); e a menina Talita, lha de Jairo (Mc 5.22-42).
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De maneira alguma. Os registros bíblicos a rmam que não foram apenas uns poucos discípulos que viram o Senhor após a sua volta dos mortos. Primeiro, ele apareceu a Maria Madalena no sepulcro, sem que ela o reconhecesse de início, e com ela conversou (Jo 20.14-18). Em seguida, o Messias ressurreto apareceu aos discípulos, apesar de eles estarem escondidos e com as portas trancadas, com medo dos judeus (Jo 20.19).
Oito dias depois, Jesus surge novamente no meio deles – sem que as portas estivessem abertas –, e revela-se ao incrédulo Tomé (Jo 20.24). João deixa claro que após essa volta dos mortos, o Cristo fez ainda mais milagres (Jo 20:30). No caminho em direção a Emaús, Jesus apresenta-se a Cleópas e a outro homem. A princípio, eles não o reconheceram, apesar de lhes parecer familiar o que lhes dizia. Só deram por si sobre quem é que com eles andara após o Senhor partir o pão (Lc 24.13-35). Após essas aparições, o Filho de Deus volta a aparecer a Simão Pedro, Tomé, Natanael, os lhos de Zebedeu e outros dois, cujos nomes não são mencionados, numa praia de Tiberíades (Jo 21.1,2).
Por m, cerca de 500 crentes viram o Cristo glori cado, conforme registro de Paulo, em uma de suas cartas à igreja de Corinto (1 Co 15.6).
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Os espiritualistas são unânimes em a rmar que os espíritos dos mortos podem aparecer e falar com as pessoas. Todavia, ainda que eles pudessem voltar – possibilidade totalmente rechaçada pelas Escrituras em passagens como as de Hebreus 9.27 e Lucas 6.20-31, por exemplo –, eles jamais poderiam comer algum alimento físico. Os evangelhos relatam o fato de Jesus ter comido com os seus seguidores após a ressurreição, já em um corpo glori cado e não limitado por barreiras como paredes e portas trancadas. Em uma das mais celebradas passagens das escrituras, o Cristo ressurreto aparece aos seus discípulos em uma praia de Tiberíades (Jo 21.4-15) e come pão e peixe em sua companhia.
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897185853643 7> cód. do produto: 157.03 ISBN 978-85-8064-066-3 192 páginas em papel offset 90 gr/m2 Formato: 16 x 23 cm *esta medida pode sofrer variação de até 0,5 cm www.geograficaeditora.com.br